VLADMIR TAVARES
MESTRE EM ENGENHARIA ELÉTRICA E ELETRÓNICA
Especialização em Energia e Controlo
Índice
1- Sistemas de Energia Renovável: Visão Geral e Perspetivas da Tecnologia.......................... 5
1.1- Estado da Arte ............................................................................................................... 6
1.2- Exemplos de Pesquisa e Desenvolvimento Recentes .................................................. 13
1.3- Desafios e Tendências Futuras .................................................................................... 18
FIGURA 1.1 - DEMANDA MUNDIAL DA ENERGIA DESDE 1970 E A ESTIMATIVA ATÉ 2030. (COM BASE EM
DADOS DO AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA (IEA), WORLD ENERGY OUTLOOK 2004, OECD,
PARIS, FRANCE, 2004. .......................................................................................................................... 6
FIGURA 1.2 - EVOLUÇÃO ANUAL (2000-2014) DA CAPACIDADE MUNDIAL INSTALADA DA GERAÇÃO DE
ENERGIA RENOVÁVEL COM BASE NOS DADOS DISPONÍVEIS DAS ESTATÍSTICAS IRENA (ENERGIA
HIDRELÉTRICA TAMBÉM INCLUI ARMAZENAMENTO BOMBEADO E CENTRAIS MISTAS; ENERGIA
MARINHA ABRANGE A ENERGIA DAS MARÉS, DAS ONDAS E DO OCEANO). ............................................. 6
FIGURA 1.3 - INSTALAÇÕES MUNDIAIS ANUAIS DE CAPACIDADE DA GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL COM
BASE EM DADOS ACESSÍVEL DAS ESTATÍSTICAS IRENA. (A ENERGIA HIDRELÉTRICA TAMBÉM INCLUI
ARMAZENAMENTO BOMBEADO E CENTRAIS MISTAS; ENERGIA MARINHA ABRANGE A ENERGIA DAS
MARÉS, DAS ONDAS E DO OCEANO.) ...................................................................................................... 7
FIGURA 1.4 - INSTALAÇÕES ANUAIS DA ENERGIAS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS COMO PARCELA DAS
ADIÇÕES TOTAIS LÍQUIDAS COM BASE NOS DADOS DISPONÍVEIS NAS ESTATÍSTICAS IRENA................. 8
FIGURA 1.5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DUM SISTEMA DE ENERGIA MODERNO, QUE INCORPORA
FONTES DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS, GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E FUNÇÕES DA REDE INTELIGENTE. A
INTEGRAÇÃO É POSSÍVEL ATRAVÉS DO USO EXTENSIVO DA ELETRÔNICA DE POTÊNCIA (G2V: REDE
PARA VEÍCULO; V2G: VEÍCULO PARA REDE). ........................................................................................ 9
FIGURA 1.6 - SISTEMA DE CONVERSÃO DE ENERGIA DE TURBINA EÓLICA HABILITADO PARA ELETRÔNICA DE
POTÊNCIA, ONDE O GERADOR PODE SER INDUÇÃO, ÍMÃ PERMANENTE OU GERADORES SÍNCRONOS DE
CAMPO MAGNÉTICO. ........................................................................................................................... 10
FIGURA 1.7 - VISTA DE CIMA DA CABINE DUMA TURBINA EÓLICA MULTI-MW, INCLUINDO GERADOR
ELÉTRICO E CONVERSORES ELETRÔNICOS DE POTÊNCIA. (VESTAS WIND SYSTEMS A/S.)................... 10
FIGURA 1.8 - DUAS TECNOLOGIAS DE GERADOR DA ENERGIA SOLAR: (A) TECNOLOGIA SOLAR
FOTOVOLTAICA E (B) TECNOLOGIA COM CONCENTRADOR FOTOVOLTAICO. ........................................ 11
FIGURA 1.9 - SISTEMA DE CONVERSÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA HABILITADO PARA ELETRÔNICA DE
POTÊNCIA COM CONVERSORES DC/DC E DC/AC, ONDE A TECNOLOGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
MOSTRADA NA FIGURA 1.8A É ADOTADA............................................................................................ 11
FIGURA 1.10 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INSTALADOS NO TELHADO: (A) CAMPO FOTOVOLTAICO COM A
FAIXA TOTAL DE 60KW INSTALADOS NO TELHADO DA AALBORGHUS HIGH SCHOOL NA DINAMARCA E
(B) CONVERSORES ELETRÔNICOS DE POTÊNCIA COM ESQUEMA MOSTRADO NA FIGURA 1.9 ESTÁ
INSTALADA DENTRO DO PRÉDIO E ESTÁ CONECTADA À REDE CA. ...................................................... 12
FIGURA 1.11 - SISTEMAS DE ENERGIA SOLAR CONCENTRADA (CSP): (A) SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA, (B) CENTRAL TORRE SOLAR COMO UM RECETOR PARA GERAÇÃO DE CALOR , E (C) LUZ
SOLAR CONCENTRADA POR UMA ESTRUTURA DE LINHA DE CANAL PARABÓLICA, ONDE O CALOR
TAMBÉM PODE SER UTILIZADO PARA ALIMENTAR REAÇÕES TERMOQUÍMICAS DEPENDENDO DO TIPO DE
FLUIDO. .............................................................................................................................................. 13
FIGURA 1.12 - O MAIOR PARQUE EÓLICO OFFSHORE DA DINAMARCA DE 400MW INSTALADO EM ANHOLT.
(DONG ENERGY WIND POWER.) ......................................................................................................... 14
FIGURA 1.13 - SISTEMA DE CÉLULA DE COMBUSTÍVEL COM CONVERSORES ELETRÔNICOS DE ENERGIA
CC/CC E CC/CA PARA CONEXÃO À REDE DE ENERGIA CA. ............................................................... 15
FIGURA 1.14 - CONFIGURAÇÃO DE CÉLULA DE COMBUSTÍVEL PEM DE BAIXA TEMPERATURA NA
UNIVERSIDADE DE AALBORG COM CAPACIDADE ELÉTRICA APROXIMADA DE 1,2KW (28 CÉLULAS DE
43W CADA) E HIDROGÊNIO COMO COMBUSTÍVEL. .............................................................................. 15
FIGURA 1.15 - SISTEMA DE ENERGIA DAS ONDAS, INCLUINDO UM GERADOR ELÉTRICO E ELECTRONICA DE
ALIMENTAÇÃO CA/DC E DC/AC CONVERSORES PARA LIGAÇÃO À REDE DE ENERGIA CA. ................ 16
FIGURA 1.16 - GERADOR DE ENERGIA DAS ONDAS DE WAVE STAR LOCALIZADO NO LOCAL DE TESTES DE
HANSTHOLM NA DINAMARCA. (WAVE STAR COMPANY.) .................................................................. 17
FIGURA 1.17 - SISTEMA DE PRODUÇÃO DE HIDROGÉNIO UTILIZANDO UM ELETRÓLITO ALIMENTADO COM
ELETRICIDADE A PARTIR DAS FONTES AC DA REDE OU ENERGIA RENOVÁVEL. O HIDROGÉNIO PODE
SER ARMAZENADO SOB PRESSÃO E/OU UTILIZADO COM PILHAS DE COMBUSTÍVEL.............................. 17
Figura 1.1 - Demanda mundial da energia desde 1970 e a estimativa até 2030. (Com base em dados do
Agência Internacional de Energia (IEA), World energy outlook 2004, OECD, Paris, France, 2004.
Figura 1.2 - Evolução anual (2000-2014) da capacidade mundial instalada da geração de energia
renovável com base nos dados disponíveis das estatísticas IRENA (energia hidrelétrica também inclui
armazenamento bombeado e centrais mistas; energia marinha abrange a energia das marés, das ondas e do
oceano).
Figura 1.3 - Instalações mundiais anuais de capacidade da geração de energia renovável com base em
dados acessível das estatísticas IRENA. (A energia hidrelétrica também inclui armazenamento bombeado
e centrais mistas; energia marinha abrange a energia das marés, das ondas e do oceano.)
É de verificar que em 2014, o vento juntamente com a geração solar deram a maior
contribuição com aproximadamente 50GW e 40GW, respetivamente, e ainda está
crescendo. É interessante notar na Figura 1.3 que de 2011 a 2014, a instalação mundial
anual da capacidade renovável ultrapassou 100GW. Notável também é que recentemente
mais da metade da nova geração anual as instalações baseiam-se em energias renováveis
e esta tendência é crescente, conforme indicado na Figura 1.4.
Por trás dessas conquistas estão anos de trabalho dedicado, que resultaram em novos
dispositivos e sistemas que reduziu continuamente o custo da energia renovável calculado
em um ciclo de vida completo de sistemas de geração. A capacidade de geração instalada
em 2013 para PV é maior do que para eólica, refletindo, entre outras coisas, a recente
evolução da tecnologia e reduções substanciais de custos.
No entanto, em 2014, a energia eólica volta a ser o número um em termos de instalações
anuais, como se mostra na Figura 1.3.
Na Europa, a Dinamarca agora tem 60% da sua eletricidade fornecida a partir de recursos
renováveis, principalmente vento e um pouco de solar. Este é o resultado de esforços
pioneiros iniciados na década de 1970 e da política governamental sistematicamente
favorável ao longo das décadas até agora. Dois outros países, Portugal e Espanha geram
hoje cerca de 30% da sua eletricidade a partir das fontes renováveis.
Alguns dos primeiros desenvolvimentos tecnológicos das células fotovoltaicas, turbinas
eólicas e parques, e grandes centrais da energia solar térmica tiveram origem nos Estados
Unidos. Embora a sua contribuição nas energias renováveis permanece relativamente
baixo, em apenas 10% do fornecimento total de eletricidade no setor de energia em 2010.
Extensos estudos foram feitos com foco para aumentar em 80% toda a geração da
eletricidade nos EUA a partir das fontes renováveis em 2050.
Em todo o mundo, a mudança de direção para as energias renováveis é muito
significativa.
Entre as tecnologias que apoiaram o crescimento das energias renováveis, a eletrônica de
potência tem sido apresentada como um importante facilitador no desenvolvimento
Figura 1.5 - Representação esquemática dum sistema de energia moderno, que incorpora fontes das
energias renováveis, geração distribuída e funções da rede inteligente. A integração é possível através do
uso extensivo da eletrônica de potência (G2V: rede para veículo; V2G: veículo para rede).
Figura 1.6 - Sistema de conversão de energia de turbina eólica habilitado para eletrônica de potência,
onde o gerador pode ser indução, ímã permanente ou geradores síncronos de campo magnético.
Figura 1.7 - Vista de cima da cabine duma turbina eólica multi-MW, incluindo gerador elétrico e
conversores eletrônicos de potência. (Vestas Wind Systems A/S.)
A energia solar pode ser usado de diferentes formas. A geração de energia é baseada no
efeito PV, onde o nível de tensão ou corrente é muito baixo para uma única célula solar
fotovoltaica. Portanto, em aplicações práticas, uns números consideráveis de células
solares fotovoltaicas serão conectados em paralelo e em série para formar painéis
fotovoltaicos. A Figura 1.8a mostra o uso convencional das células solares fotovoltaicas,
Figura 1.8 - Duas tecnologias de gerador da energia solar: (a) tecnologia solar fotovoltaica e (b)
tecnologia com concentrador fotovoltaico.
Figura 1.9 - Sistema de conversão de energia fotovoltaica habilitado para eletrônica de potência com
conversores DC/DC e DC/AC, onde a tecnologia solar fotovoltaica mostrada na Figura 1.8a é adotada.
CSP pode se concentrar luz solar usando componentes reflexivos (por exemplo,
tipicamente espelhos) para recetores, (por exemplo, uma torre ou postes), podem
transportar ou transferir o calor gerado. Então, o calor pode acionar um motor que é ainda
conectado a um gerador elétrico para produzir eletricidade; ou o calor pode ser usado para
alimentar térmico-reações químicas.
Figura 1.12 - O maior parque eólico offshore da Dinamarca de 400MW instalado em Anholt. (Dong
Energy Wind Power.)
Para a energia solar, também houve muitos desenvolvimentos recordes. Esses incluem,
por exemplo, a conclusão em 2015 da central da energia solar fotovoltaica de 550MW
Desert Sunlight construída pela First Solar perto do Parque Nacional Joshua Tree, na
Califórnia, que gera a eletricidade suficiente para alimentar 160.000 residências.
Outro exemplo é no deserto do Atacama no Chile, América do Sul, onde a Abengoa
desenvolveu um central solar térmica de 110MW usando tecnologia de torre. Interessante
deste projeto é a inclusão dum armazenamento de energia térmica de 17,5 horas usando
Figura 1.13 - Sistema de célula de combustível com conversores eletrônicos de energia CC/CC e CC/CA
para conexão à rede de energia CA.
Figura 1.15 - Sistema de energia das ondas, incluindo um gerador elétrico e Electronica de alimentação
CA/DC e DC/AC conversores para ligação à rede de energia CA.
As velocidades são muito baixas e existe uma elevada variação de potência que requer
uma solução especial que pode resultar em uma eficiência de conversão de energia
relativamente reduzidas. O sistema possui uma fiabilidade ao longo prazo, nas condições
ambientais muito severas e continuidade de fornecimento dos serviços durante as
tempestades são uns dos grandes desafios que encarece o investimento, a operação e
esforços de manutenção vem refletindo no custo final da energia do sistema. Embora os
sistemas como mostrado na Figura 1.16 estão em funcionamento há anos, grande parte da
tecnologia de energia das ondas ainda é considerado demonstração e possui custo muito
elevado.
Figura 1.17 - Sistema de produção de hidrogénio utilizando um eletrólito alimentado com eletricidade a
partir das fontes AC da rede ou energia renovável. O hidrogénio pode ser armazenado sob pressão e/ou
utilizado com pilhas de combustível.
Notas: O LCOE das centrais de combustíveis fósseis é tipicamente de USD 0.045 a USD 0,14/kWh.
Abreviaturas: LCOE, custo medio de energia; MV, média tensão; USD, dólares americanos; DFIG,
gerador de indução com duplamente alimentação; PMSG, gerador sincronizado de íman permanente; PV,
fotovoltaico; FCV, veículos com células de combustível; PEMFC, células de combustível de membrana de
troca de protões; SOFC, células de combustível de óxido sólido; MCFC, células de combustível de
carbonato fundido; UPS, alimentação ininterrupta; DG, geração distribuída.