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Pavimentos de

Concreto-Cimento

Jorge Soares
PAVIMENTOS RÍGIDOS

O pavimento rígido é constituído de placa de concreto de cimento portland


(camada desempenha o papel de revestimento e base ao mesmo tempo) e
subbase (camada empregada com o objetivo de melhorar a capacidade de
suporte do subleito).
Subbase é chamada de base, e não se menciona a subbase para o pavimento.
Por causa da alta rigidez do concreto, a placa distribui o carregamento para
uma grande área de solo. A maior parte da capacidade estrutural é provida
pela própria placa, ao contrário de pavimentos flexíveis onde a capacidade
estrutural é atingida através de camadas de subbase, base e revestimento.

Devido à importância da placa de concreto no pavimento rígido, a resistência


do concreto é o fator mais importante no projeto (principalmente a
resistência à tração).
Pequenas variações na subbase ou subleito têm pouca influência na
capacidade estrutural do pavimento. Bases e subbases podem ser flexíveis
(granulares: estabilização granulométrica ou macadame hidráulico) ou semi-
rígidas (estabilizada: com cimento, com cal, com betume) e servem para
controlar bombeamento (erosão do material granular da subbase através das
juntas), controlar expansão e contração do subleito, drenagem e acelerar a
construção.
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

1. INTRODUÇÃO

Problemática:

•  Geometria Computação Gráfica

•  Contorno Relação Carga Solicitante/Carga admissível

•  Materiais Estudo das características físicas


e químicas dos materiais
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

2. CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO
Nos pavimentos de concreto-cimento, a espessura necessária de placa está
diretamente ligada às tensões de tração na flexão produzidas pelas cargas
solicitantes e à relação entre aquelas e a resistência do concreto à tração na
flexão.
A medida da resistência à tração na flexão do concreto é feita pela
determinação do módulo de ruptura (MOR) de corpos prismáticos.
Recomenda-se o ensaio dos dois cutelos conforme esquematizado abaixo:
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

2. CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO

Uma peça de concreto submetida a ciclos reiterados de carregamento pode


vir a romper após um certo número de repetições de cargas, ainda que a
tensão máxima produzida por estas seja inferior à resistência do material ao
esforço.
Chamando de relação de tensões a razão entre a tensão de tração na flexão
produzida no pavimento pela passagem de uma carga qualquer e a resistência
característica à tração na flexão do concreto, haverá um número limite de
aplicações da carga considerada, acima do qual o concreto romperá por efeito
do fenômeno de fadiga.

σsolicitante << σadmissível


PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

2. CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO

σ solicitante << σ admissível


Relação de
Tensões
N° admissível
de repetições
0,50 Ilimitado

Pesquisas sobre o assunto mostram que: 0,51 400.000


0,52 240.000
0,53 180.000
• O numero admissível de aplicações de cargas 0,54 130.000
que produzem relações de tensões iguais ou 0,55 100.000
inferiores a 0,50 é, praticamente, ilimitado. 0,56 75.000
0,57 57.000
0,58 32.000
• O concreto tem sua resistência à fadiga
aumentada quando ocorrem períodos de 0,60 24.000

descanso entre as passagens das cargas. 0,61 18.000


0,62 14.000
0,63 11.000
0,64 8.000
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

3. SUPORTE DA FUNDAÇÃO

Concepção de WESTERGAARD:
A pressão exercida em qualquer
ponto da fundação é diretamente
proporcional à deflexão da placa
naquele ponto.

k = coeficiente de recalque, MPa/m;


q = pressão transmitida à fundação, MPa;
w = deslocamento vertical da área carregada, m.
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

3. SUPORTE DA FUNDAÇÃO
Coeficiente de recalque: Correlação entre o índice de suporte Califórnia
(CBR) e o coeficiente de recalque do solo de subleito.

Índice de Suporte Coeficiente de


Califórnia, CBR (%) recalque, k(MPa/m)
2 16
3 24
4 30
5 34
6 38
7 41
8 44
9 47
10 49
11 51
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

3. SUPORTE DA FUNDAÇÃO
Adoção de uma sub-base

Aumento do coeficiente de recalque (subleito/sub-base)

Economia na espessura da placa de concreto

Coeficiente de recalque do subleito


Coeficiente de recalque do
Tipo de material
sistema subleito-sub-base
Espessura da sub-base
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

Coeficiente de recalque no topo do sistema


Valor de suporte do subleito (MPa/m), para espessuras de sub-base de
solo-cimento iguais a
CBR k 10 cm 15 cm 20 cm
(%) (MPa/m)
2 16 50 66 89
3 24 69 91 122
4 30 81 108 145
5 34 90 119 160
6 38 98 130 174
7 41 103 138 185
8 44 109 146 195
9 47 115 153 205
10 49 119 158 212
11 51 122 163 218
12 53 126 168 225
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

Coeficiente de recalque no topo do sistema


Valor de suporte do subleito (MPa/m), para espessuras de sub-base de
concreto rolado iguais a
CBR k 10 cm 12,5 cm 15 cm
(%) (MPa/m)
2 16 65 77 98
3 24 87 101 126
4 30 101 118 145
5 34 111 128 158
6 38 120 138 169
7 41 127 145 177
8 44 133 152 186
9 47 140 159 194
10 49 144 164 199
11 51 148 168 204
12 53 152 173 209
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

4. TRÁFEGO
Espessura das placas de concreto

Ábacos

Coeficiente Tensão de
Carga
de recalque tração na flexão
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

4. TRÁFEGO
•  Fatores de segurança:
a) auto-estradas, rodovias com mais de duas faixas por pista, ou em
qualquer projeto para tráfego ininterrupto ou de grande volume de caminhões
pesados: Fsc=1,2;

b) rodovias e vias urbanas, submetidas à trafego moderado de


caminhões pesados: Fsc=1,1;

c) estradas rurais, ruas residenciais e vias em geral, submetidas a


pequeno tráfego de caminhões: Fsc=1,0.

•  Período de projeto
- ABCP recomenda 20 anos no mínimo.
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

4. TRÁFEGO
•  Projeção do Tráfego (método simplificado):
Conhecendo-se:
•  o volume inicial diário no 1° ano do período de projeto (V1);
•  a taxa de crescimento do tráfego (t), %;
•  o período de projeto (P), anos;
•  a distribuição estatística dos diversos tipos de veículos
solicitantes (Pi), %;

é possível calcular:
•  o tráfego médio diário final (Vp):
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

4. TRÁFEGO
•  o tráfego médio durante o período de projeto (Vm):

•  o número total de veículos durante o período de projeto (Vt):

•  o número de solicitações de eixo, por classe de veículo (N):

•  a freqüência das cargas por eixo, por classe de veículo (Nji):


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5. PROJETO A
- Cálculo pelo processo do Consumo de Resistência à Fadiga
(aplicável quando se tem disponível levantamento estatístico
completo de tráfego, inclusive as cargas por eixo)

EXEMPLO:
Dimensionar um pavimento de concreto destinado a uma rodovia de pista
simples, com 2 faixas de tráfego, para um tráfego inicial médio diário,
em um sentido, igual a 1972 veículos comerciais; taxa aritmética de
crescimento do tráfego será de 5% ao ano, durante o período de projeto
de 20 anos.
A região é chuvosa e tem solos de subleito predominantemente argilosos
e moderadamente expansivos, com índice de suporte califórnia
característico igual a 6%.
Espessura escolhida da placa, a priori: 19cm
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

Carga por eixo (tf) Freqüência no período de


projeto(eixos)
Eixos Simples
13 128.051
12 496.279
11 538.963
10 779.138
9 1.954.534
8 3.329.969
7 1.824.409
6 27.353.271
Eixos tandem duplos
22 141.430
21 184.114
20 282.860
19 1.259.492
17 933.947
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

5. PROJETO A

Considerando a construção de uma sub-base de solo-cimento com 10 cm


de espessura, temos:
CBR = 6% k = 38 MPa/m (tabela)

Valor de coeficiente de recalque no topo da sub-base:


e = 10 cm Ksc10 = 98 MPa/m (tabela)

Concreto: fctM,k = 4,5 MPa

Fator de segurança: Fsc = 1,2 (tráfego de caminhões pesados)


PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


Carga Carga Tensão No No Consumo de
Relação
por eixo por eixo × na placa de repetições de repetições resistência
de tensões
(tf) FSC (tf) (MPa) admissíveis previstas à fadiga (%)
EIXOS SIMPLES

13 15,6 2,38 0,53 240.000 128.051 53,4

12 14,4 2,15 <0,50 ilimitado 496.279 0

SUBTOTAL 53,4

EIXOS TANDEM DUPLOS


22 26,4 2,30 0,51 400.000 141.430 35,4

21 25,2 2,23 < 0,50 ilimitado 184.114 0

SUBTOTAL 35,4
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6. PROJETO B
- Cálculo pelo processo da Carga Máxima
(aplicável quando não se dispõe de levantamento estatístico
completo de tráfego)

EXEMPLO:
O pavimento a dimensionar destina-se ao acesso rodoviário de um pólo
industrial em construção, do qual não é possível determinar o volume de
tráfego. Pesagens de controle de entrada e saída de caminhões
efetuadas nas indústrias já instaladas indicam as cargas máximas na
tabela a seguir. Adota-se o índice de suporte califórnia (CBR) igual a 10%
para o solo de subleito.

Tipo de eixo Carga máxima (tf)


Eixo Simples 11
Eixo tandem duplo 19
Eixo tandem triplo 30
PAVIMENTOS DE CONCRETO-CIMENTO

6. PROJETO B

Considerando a construção de uma sub-base de concreto rolado com 10


cm de espessura, temos:
CBR = 10% k = 49 MPa/m (tabela)
Valor de coeficiente de recalque no topo da sub-base:
e = 10 cm KCR10 = 144 MPa/m (tabela)

Concreto: fctM,k = 4,5 MPa


Fator de segurança de tensão:
FST = 2, valor no qual a relação de tensões resultará em 0,50 (número de
solicitações de carga ilimitado)
Fator de segurança de carga: Fsc = 1,2 (tráfego de caminhões pesados)
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6. PROJETO B
Entrando com esses valores no ábaco mostrado
anteriormente, obtemos o seguinte dimensionamento:

Tipo e Espessura necessária de concreto


espessura de Tipo de eixo (cm)
sub-base Por tipo de eixo Final
Concreto rolado Simples 17
10 cm Tandem duplo 17 17
Tandem triplo 16

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