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Werther Holzer**
Place is, undoubtedly, one of the relationship with other concepts such
key concepts in the field of geography. as space, landscape and scale. With the
However, its relevance has only been help of geographers like Edward Relph
fully recognized in the J 980s, and until and Eric Dardel, as well as of the
now there are some problems and philosopher Martin Heideg g er. this
questions regarding its importance for paper aims at clarifying some of these
human exp erience, as well as its questions.
lugares e não dos homens" (LA BLACHE, 1913; citado por RELPH, 1976).
Definição que perdurou por 50 anos: "As integrações que a geografia deve
analisar são aquelas que variam de lugar para lugar" (HARTSHORNE, 1959;
citado por RELPH, 1976).
* Este artigo é uma versão de capítulo da tese "Um estudo fenomenológico da paisagem e do lugar:
a crônica dos viajantes no Brasil do século XVI", apresentada em novembro de 1998 à FFLCHI
USP, para obtenção do título de doutor em Geografia.
** Professor da FAU - UFF.
68 Revista Território. Rio de Janeiro. ano IV, n° 7. p. 67-78. jul./dez. 1999
•.
Antes dos humanistas já se formulava esta questão; PRINCE (1961) dizia que
a Geografia deve evocar o "gênio do lugar". A personalidade, ou espírito, é
resultante das qualidades físicas do sítio e das modificações que lhe imprimem
as sucessivas gerações humanas (TUAN, 1979). Outro autor, no entanto, nos
lembra que apesar de há muito tempo se reconhecer que os lugares possuem
personalidades, estas: "[...] são complexas e mudam segundo os que perce-
bem. Existe um evidente contraste entre aquele que percebe como visitante,
que observa - que vê a cena superficialmente (sight-seeing) - e aquele que
está 'em casa' e que experimenta o lugar." (POCOCK, 1981: 342).
O sentido do lugar também seria It[ ...] demonstrado quando as pessoas
aplicam seu discernimento moral e estético aos sítios e localizações" (TUAN,
1979: 410). Mas, para que se constituam efetivamente em lugares é necessário
um longo tempo de residência e um profundo envolvimento emocional.
Estas reflexões nos remetem à questão do "lugar" colocada em termos
fenomenológicos. Segundo RELPH (1976: 42-43): a essência do lugar é a de
ser o centro das ações e das intenções, onde são experimentados os eventos
mais significativos de nossa existência. Assim:
"Lugares são os contextos ou panos de fundo para a intencional idade
definir objetos ou eventos, ou seja, eles podem ser objetos da intenção em seu
sentido primordial [...] [pois] toda consciência não é meramente consciência de
algo, mas de algo em seu lugar, e [...] esses lugares são definidos geralmente
em termos dos objetos e de seus significados. Como objetos, no seu verdadeiro
sentido, lugares são essencialmente focos de intenção, que têm usualmente
uma localização fixa e traços que persistem em uma forma identificável."
(RELPH, 1976: 42-43).
Duas outras características dos lugares foram destacadas por diversos
autores: a identidade e a estabilidade. A identidade refere-se ao espírito, ao
sentido, ao gênio do lugar. Ela provém das intenções e experiências
intersubjetivas, que resultam da familiaridade (RELPH, 1976). Estas ligações,
que se iniciam com o nosso nascimento e se aprofundam com a experiência
(TUAN, 1983), implicam em um conhecimento detalhado do lugar, e na cons-
tituição de raízes, de um centro de significados que se tome insubstituível.
Existiriam diversos tipos de identidades do lugar, como foram descritos
por RELPH (1976: 64-65). Todas estas identidades possuindo como caracte-
rística comum a de que: "[...] não podem ser entendidas simplesmente em
termos de padrões físicos e de traços observáveis, nem só como produtos de
atitudes, mas como uma condição indissociável destes." (RELPH, 1976: 59).
A estabilidade, assim como a convivência temporal prolongada, seria um
fator fundamental na constituição dos lugares, segundo TUAN (1979: 411):
"Uma cena pode ser um lugar, mas a cena em si não é um lugar. Falta-
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