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Trabalho apresentado à Sessão de Temas Livres.
Lenize Villaça Cardoso2
Universidade Presbiteriana Mackenzie, docente.
Resumo:
Verificar como os jornalistas de rádio utilizam a Internet no dia–a-dia da redação para
acessar várias fontes de informação e compor as notícias. A pesquisa partiu da hipótese
de que os jornalistas estariam repetindo com a Internet a mesma relação de busca de
informações já mantida com outros meios de comunicação, como o próprio rádio, a
televisão e o jornal, em que a checagem e a confirmação das fontes teriam de ser o
primeiro critério adotado pelos profissionais antes de “darem” a notícia, mas que nem
sempre acontece.O método aplicado foi o da pesquisa de campo juntamente com a
observação da elaboração dos programas Jornal da CBN e o informativo Repórter CBN.
Percebemos que a consulta virtual está sendo realizada nas mesmas mídias tradicionais
que já dominam rádio, televisão e jornal, só que agora pela Internet.A relação se repete.
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Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes, ECA/USP, professora das disciplinas
Radiojornalismo I e II. Autora dos textos O rádio e o fluxo global: o desafio do jornalista no início do século XXI.
Revista Mackenzie: educação, arte e história da cultura. São Paulo: Mackenzie. Ano2, nº2. p.107-10 e Rádio também
tem repórter investigativo In: Jornalismo Investigativo. São Paulo: Publisher, 2003, p.179-91. e-mail:
lenize@mackenzie.com.br
Apresentação
No Brasil, pesquisas sobre o uso da Internet por jornalistas ainda são incipientes.
No entanto, esta situação deve se modificar rapidamente, tendo em vista que muitas
emissoras de rádio, além de utilizar os meios já tradicionais de informação, como a
televisão, o rádio, o fax, o telefone, os ouvintes, o jornal, a assessoria de imprensa etc.,
estão cada vez mais utilizando a nova ferramenta tecnológica como meio de captação de
informações, além de reafirmar novos caminhos de comunicação com o seu público
através do e-mail. As opções na rede de informações parecem, como vemos, não cessar:
ainda há os muitos sites de emissoras de rádio na rede mundial de computadores que,
além de transportar seu som, divulgam seu conteúdo na web. Aqui, porém, esses meios
de transmissão de informação não são aprofundados, uma vez que eles não compõem
nosso objeto de estudo.
Para alcançar o objetivo maior desta pesquisa, porém, foi necessária a definição
de objetivos específicos como averiguar as preferências de consulta de site por parte dos
jornalistas; os sites mais apreciados/acessados; os assuntos mais apreciados/acessados e
o porquê; a opinião do jornalista sobre os sites que consulta; a freqüência que o site é
consultado em um dia de trabalho; como são encontrados novos sites; se a Internet é
usada como fonte principal ou de apoio; o tratamento dado pelo jornalista à notícia do
site para a linguagem radiofônica; o quanto o jornalista domina o uso da Internet como
ferramenta de trabalho; o tempo que o jornalista dispõe para pesquisa na Internet; como
é produzido o Repórter CBN voltado para a relação específica com a Internet; a opinião
dos jornalistas sobre os e-mails; o tratamento dado pelos jornalistas aos e-mails; se há
chamadas para a participação do ouvinte, divulgando o endereço eletrônico; como
acontece a participação do ouvinte em relação ao e-mail.
A observação foi feita entre 06h e 20h, tendo os horários sidos escolhidos com
base nos seguintes critérios: observamos, dentro do estúdio, a transmissão do Jornal da
CBN das 06h às 9h30min. Em seguida, na redação, observávamos a elaboração do
Repórter CBN pelo redator do horário, podendo variar das 10h às 20h. Tal variação se
dava, geralmente, por dois motivos: primeiramente, porque a partir das 10h a escuta de
rádio cai abruptamente, cedendo lugar aos canais de televisão; e, em segundo lugar,
porque entre as 20h30min.E 23h, o informativo passa a ser feito pelo chefe de
reportagem da noite, com o acúmulo de duas funções, fato que descaracterizaria nosso
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KIENTZ, Albert. Comunicação de massa: análise de conteúdo. Rio de Janeiro: Eldorado,
1985. p.61.
estudo e outro de nossos objetivos, qual seja, o de pesquisar quem é contratado para a
função, especificamente.
A análise dos dados foi feita com suporte teórico. Além disso, levamos em
consideração observações anotadas durante a realização da pesquisa e das entrevistas,
incluindo a apresentação de um relatório final.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
JORNAL DA CBN
REPÓRTER CBN
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo, observamos que a procura pela notícia via web funciona como
apoio para o Jornal da CBN e é imprescindível para o Repórter CBN. Apesar de serem
programas diferentes dentro da Rádio CBN a busca e geração de notícias são feitas da
mesma forma: consulta-se sites noticiosos de “confiança”, faz-se a checagem virtual
entre os mesmos, transforma-se para a linguagem radiofônica e veicula-se a informação.
Essa seqüência só é mudada para a checagem convencional através de telefonemas,
acompanhamento de emissoras de televisão (escuta), ou até in loco, quando é uma
notícia de impacto.
Apreendemos ainda nesse estudo que a Internet se tornou uma fonte tão
importante quanto repórteres, releases, radioescutas, ouvintes e, que no caso do
Repórter CBN e Jornal da CBN, as fontes nacionais virtuais consultadas são as mesmas:
www.globonews.com.br, www.uol.com.br e www.oglobo.com.br, pertencentes a grandes
conglomerados de comunicação(que podem manter uma fonte viciada de informação e
muitas vezes defendendo interesses de suas próprias empresas). Outro detalhe é que
tanto www.globonews.com.br como www.oglobo.com.br, são sites pertencentes às
Organizações Globo, assim como a Rádio CBN, circulando as mesmas informações já
veiculadas nos jornais e televisões da Globo. Com isso, percebemos que até o momento
não houve espaço significativo para novas fontes na Rádio CBN, as fontes de
informação vêm do próprio grupo para depois outros como a Folha de São Paulo e O
Estado de S. Paulo. Portanto, a consulta virtual está sendo realizada nas mesmas mídias
tradicionais que já dominam rádio, televisão e jornal. O que mudou então foi a
recepção, a Internet é uma nova mídia por onde chega a notícia, mas apresenta o mesmo
domínio de conteúdo conhecido nas fontes impressas e televisionadas.
MOREIRA, Sônia Virgínia. O rádio no Brasil. Rio de Janeiro: Mil Palavras, 2000.
______________________; DEL BIANCO, Nélia R. (orgs). Desafios do rádio no
século XXI. São Paulo: INTERCOM; Rio de Janeiro: UERJ, 2001.
TAVARES, Reynaldo C. Histórias que o rádio não contou. São Paulo: Negócio
Editora, 1997.