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Estão faltando as respostas:

● 14, 15 e 16 de Walras na Lista 1;


● 3, 14, 15 e 16 de Menger na Lista 2.

Se alguém puder contribuir colocando as respostas, seria ótimo. Valeu!

P2 HPE II

Lista 1

Questões de Marshall

8) Como Marshall conceitua a Economia e qual o conceito de riqueza desenvolvido por ele?

Para o autor, a Economia é o estudo dos homens nos assuntos ordinários da vida. Examina a ação no
que diz respeito à obtenção de bens materiais. Como vivem, agem e pensam e quais os motivos que
afetam a conduta comercial. Ela deve se preocupar com os motivos que impelem (estimulam) os
homens no comércio e lidar com fatos que podem ser observados e com quantidades que podem ser
medidas e registradas. Só interessam à Economia ações que são resultados de um cálculo deliberado
do esforço despendido e do resultado por ele obtido, onde os pesos de cada parte são atribuídos em
dinheiro.

“Ela é, portanto, uma ciência ao mesmo tempo pura e aplicada, mais do que uma ciência e uma arte.
E é melhor, para designá-la, servir-se da expressão lata de “Economia”, do que da mais restrita
“Economia Política”, escreve.

O autor define riqueza como “conjunto de bens econômicos externos a uma entidade que lhe
pertencem e não a qualquer outra e são susceptíveis de avaliação em dinheiro, embora considere
tolerável que se fale ocasionalmente em riqueza da pessoa como incluindo a sua própria, não
externa, capacidade produtiva”.

9) Como Marshall justifica o emprego da hipótese metodológica do Ceteris Paribus na análise


econômica?

Marshall foi o fundador da análise de equilíbrio parcial. O objetivo principal da teoria é mostrar como
se comportam os preços e quantidades de equilíbrio produzidas nos mercados. Para tal, desenvolveu
o conhecido diagrama de oferta e demanda, cujo cruzamento resulta no ponto de equilíbrio de
mercado. É criado assim o instrumento de análise mais utilizados pelos economistas. O método
consistia em isolar algumas poucas variáveis de análise, enquanto mantinha o resto dos fatores
constantes – a famosa condição ceteris paribus. Assim, a renda e os gostos dos consumidores, o
poder de compra da moeda ou as técnicas produtivas ficavam inalteradas durante a análise.
Marshall utiliza a ideia de Ceteris Paribus com o intuito de começar analisando um mercado em
particular sob o suposto de que variáveis afetadas pela ação de outros mercados não se alteram.
Depois, pelo método de composição, acrescentam-se mais elementos à análise com o objetivo de
elucidar problemas maiores.

De acordo com o autor, ao proceder assim, ele não faz mais do que empregar o procedimento
rotineiro de análise dos homens práticos. Segundo descreve ele: “As forças a serem encaradas [na
análise econômica] são tão numerosas que o melhor é tomar poucas de cada vez e elaborar um certo
número de soluções parciais como auxiliares de nosso estudo principal. Começamos assim por isolar
as relações primárias de oferta, procura e preço em relação a uma mercadoria particular. Reduzimos
as outras forças à inércia com a frase “todos os outros fatores sendo iguais”: não supomos que sejam
inertes, mas por enquanto ignoramos sua atividade. Esse expediente científico é bem mais velho do
que a ciência: é o método pelo qual, conscientemente ou não, homens sensatos trataram desde
tempos imemoriais cada problema difícil da vida ordinária”.

10) Identifique as principais filiações intelectuais de Marshall em filosofia e teoria econômica.

Economicamente, Marshall nutre suas ideias do mercantilista W. Petty e do economista clássico J.S.
Mill, do alemão Von Thunnen, e do francês Cournot. Também deve-se atribuir importância do
evolucionismo de Darwin em sua obra, além de uma atração inicial pelo historicismo alemão de
Roscher.

Até Marx, F. Lassale e outros socialistas eram lidos por ele em sua fase mais madura, apesar de nunca
aderir ao arcabouço socialista.Tendo a economia como opção prioritária, Marshall não abandonou o
interesse por Filosofia, especialmente pelos filósofos alemães Hegel e Kant, apesar de, com o tempo
se afastar dos aspectos mais metafísicos desses sistemas filosóficos. Além disso, aproveitava o
descanso de sua profissão de professor para ler literatura alemã, especialmente Goethe, e Herbert
Spencer. Em suma, herdou todo o conhecimento de economistas e pensadores do século XVIII e XIX
dentro e fora da Inglaterra.

11) Marshall acredita que no estudo de questões econômicas deve-se separar metodologicamente
análise de exposição de ideias. Em que aspecto a matemática teria um maior papel? O que para
ele é importante em teoria: a abstração ou a solução de problemas econômicos concretos?

Marshall considerava que o uso da matemática na economia deveria ser feito de uma forma
convincente e equilibrada. Embora ela fosse o principal instrumento analítico e metodológico, era
contra seu uso abusivo. Para ele, trata-se de um método válido de análise, mas não de exposição de
ideias. “Um bom teorema matemático relativo a hipóteses econômicas é altamente improvável de
ser boa economia.” Para Marshall, a matemática deve expressar de modo preciso os métodos de
análise e raciocínio que as pessoas comuns adotam, mais ou menos inconscientemente, nos
negócios do dia-a-dia.

Embora melhor matemático que Jevons ou Walras, tinha uma posição mais balanceada sobre o papel
da mesma na análise. Marshall relegava as deduções matemáticas e gráficos a notas de rodapé ou
apêndices dos seus Princípios, tornando o texto acessível ao leitor comum. A obra mostrava uma
grande preocupação com o realismo e com os problemas concretos que a Economia poderia ajudar a
entender. Em uma carta, Marshall escreve:

Mas eu sei que eu tinha uma crescente sensação nos últimos anos do meu trabalho no assunto que é
altamente improvável que um bom teorema matemático relativo a hipóteses econômicas seja boa
Economia; e eu segui mais e mais as regras – (1) Use a matemática como uma linguagem resumida,
em vez de como um instrumento de investigação. (2) Utilize-a até terminar. (3) Traduza para o inglês.
(4) Então ilustre por exemplos importantes no mundo real. (5) Queime a matemática. (6) Se não obter
sucesso em 4, queime 3. Este último passo eu segui freqüentemente.

12) Descreva o ambiente inglês em que Marshall se formou e seus ideais sociais e humanos.

Marshall está inserido em uma influência de ideias vindas da era Vitoriana, histórica e culturalmente
falando, o que reúne neles valores éticos do protestantismo e da Igreja Anglicana, aliados ao espírito
vitoriano típico com sua crença no papel civilizatório do vasto império britânico. Sua preocupação
social deve-se, em parte, a influência de Henry Sidgwick e seu círculo intelectual em Cambridge. Essa
sensibilidade também deve-se creditar as influências de escritos filosóficos de Mill e Herbert
Spencer, bem como aspectos do utilitarismo de J. Bentham.

13) Liste as principais contribuições de Marshall em análise econômica.

A grande contribuição de Marshall foi introdução da análise do equilíbrio parcial estático (ceteris
paribus). Marshall apresenta também uma contribuição importante pela articulação de conceitos já
propostos por outros autores agora dentro de uma roupagem analítica mais completa, casos da ideia
de elasticidade da procura, noção de margem e substituição, e teoria da utilidade e produção, além
do conceito de excedente do consumidor.

14) De que forma Marshall acreditou ter reconciliado a teoria do valor clássico com o
marginalismo? Comente a analogia da tesoura utilizada por ele.

Se a quantidade ofertada for inferior a de equilíbrio, o preço que os consumidores pagariam (preço
de demanda d) seria superior ao preço de oferta s, tornando lucrativo para as firmas expandir a
produção, até o ponto de equilíbrio. Com essa teoria da determinação do preço de equilíbrio,
Marshall pretendeu sintetizar as contribuições dos autores clássicos (oferta) com as dos autores
neoclássicos (demanda). De fato, desagradava a Marshall a crítica que Jevons fazia aos autores
clássicos, adotando por sua vez uma atitude conciliadora:

Seria tão razoável discutir se é a parte superior ou inferior de uma tesoura que corta o papel como
determinar se o valor é dominado pela utilidade ou o custo de produção.
Para entender melhor quem determina os preços, mencionaremos a divisão da análise de Marshall
em períodos. No curtíssimo prazo, um dia para o mercado de um produto perecível como peixes, a
oferta não pode variar. A curva de oferta é vertical. O preço é determinado totalmente pelas
condições da demanda. Este caso é representado pelo gráfico mais a esquerda. No curto prazo, tanto
a oferta quanto a procura podem variar. A oferta ainda está limitada pela quantidade fixa de capital,
que representa um custo fixo. Aqui se aplica o princípio de produto marginal decrescente: um
aumento de capital circulante ou trabalho aumentam a produção, só que de maneira menos
eficiente. A curva de oferta é positivamente inclinada, como vemos no segundo gráfico. No outro
extremo, temos o longo prazo, no qual as firmas têm condições de se adaptar a demanda através da
variação de todos os insumos. Neste caso, os custos médios de produção são fixos, determinando o
preço. Observa-se que variações na curva de demanda não influenciam o preço de equilíbrio, apenas
o volume produzido.

15) Marshall aderiu totalmente a teoria do salário determinado pelo valor da produtividade
marginal? Se não, comente mais sobre a interpretação marshalliana da questão dos salários.

Nas palavras de Marshall, “os salários tendem a ser iguais ao produto líquido do trabalho”. A
remuneração justa do fator trabalho surge como algo determinado entre o custo de criação do
trabalho eficiente (oferta) e a produtividade limite deste trabalho (demanda). Desse modo, conclui o
autor, “os salários não são governados pelo preço de procura nem pelo preço de oferta, mas todo
conjunto das causas que governam a oferta e a procura”.

16) Por que Marshall não aceita a ideia do homueconomicus?

Marshall não aceita a ideia do homueconomicus simplesmente porque, para ele, esse indivíduo é
insuficiente no sentido de não levar em conta o papel da ética na análise econômica.

17) Explique o significado da expressão natura non facit saltum no contexto das ideias de Marshall.

Essa expressão aparece no prefácio da oitava e última edição da obra mais importante do autor,
Princípios de Economia, onde Marshall diz que a indústria e o comércio seriam a continuação dessa
obra, que a natureza não dá saltos (natura non facit saltum), e que a Meca da economia está na
biologia. Basicamente, Marshall, com essa expressão busca dizer que a Ciência econômica vinha se
desenvolvendo naturalmente, e que suas ideias seriam apenas mais um passo nessa sua evolução.

18) Por que para Marshall a Economia é uma ciência mais quantitativa do que as demais ciências
sociais? De que modo o teórico poderia medir a força dos motivos que comandam as ações dos
agentes econômicos?
Devido ao maior poder de mensurar a tendência de ação humana. Poderia medir as forças pelo
dinheiro, através da remuneração pecuniária, força dos motivos que impele o homem à atividade
econômica.

19) Se os indivíduos são diferentes entre si, como fica a resposta da questão anterior?

Uma mesma quantia de dinheiro representará “uma intensidade de força” diferente para cada
indivíduo, mas ao se analisar um grupo grande de indivíduos, uma quantia específica de dinheiro
para este grupo, tenderá a representar uma força de intensidade semelhante a que a mesma quantia
representaria a outros grupos de mesmo tamanho.

20) Explique o conceito de normal em Marshall.

Normal é o que se espera sob certas condições. O caso normal ocorre quando predominam certas
tendências mais ou menos firmes e persistentes sobre outras excepcionais e intermitentes. Assim a
ação econômica normal é a que se pode esperar no longo prazo.

21) Explique o conceito de preço de demanda em Marshall.

Quanto à demanda, Marshall declara que desenvolveu o princípio de utilidade marginal decrescente
anteriormente e de forma independente de Jevons, Walras ou Menger, embora não tenha publicado
a respeito antes deles. Marshall adotava as hipóteses simplificadoras de que a utilidade do consumo
de um bem independe da quantidade consumida dos demais bens, além de assumir constante a
utilidade marginal de uma unidade monetária. Com essas hipóteses, podemos relacionar a utilidade
marginal decrescente com a curva de demanda: o preço que um consumidor estaria disposto a pagar
por um bem reflete sua utilidade marginal, quanto mais bens se consome, menor é a utilidade
marginal e menor o preço que se está disposto a pagar.

22) No argumento de Marshall, como a teoria econômica pode focalizar o problema de


maximização individual de utilidade e ao mesmo tempo não ser adepta do hedonismo moral?

23) O que é o preço normal de oferta na definição de Marshall?


Preço normal de oferta é aquele determinado pelas despesas normais de produção, as quais já
incluem o ganho bruto da direção do negócio. Quanto a oferta, Marshall também aplica o princípio
marginalista, embora não utilize o princípio subjetivista. A curva de oferta é derivada com o auxílio
do conceito de custo marginal crescente no curto prazo. Ao ignorar o elemento subjetivo na
construção da oferta, o autor acaba adotando a teoria objetiva do valor dos clássicos.

O custo no longo prazo é dado pela quantidade de trabalho empregada, que tem o seu valor dado
pelo custo de produzir o trabalho. No curto prazo, à maneira de Jevons, os "custos reais" refletem o
sofrimento com o dispêndio de trabalho. Além do custo do trabalho, Marshall adiciona outro custo
real, adotando a teoria de Senior que relaciona os juros com a abstinência dos capitalistas, ou seja,
com a inconveniência da espera pelos frutos futuros de um investimento presente. A determinação
do preço e quantidade de equilíbrio é dado pela intersecção das curvas de oferta e demanda.

24) Explique como se dá o processo de equilibração entre oferta e demanda no modelo de


Marshall.

A determinação do preço e quantidade de equilíbrio é dado pela intersecção das curvas de oferta e
demanda. Com essa teoria da determinação do preço de equilíbrio, Marshall pretendeu sintetizar as
contribuições dos autores clássicos (oferta) com as dos autores neoclássicos (demanda). De fato,
desagradava a Marshall a crítica que Jevons fazia aos autores clássicos, adotando por sua vez uma
atitude conciliadora: Seria tão razoável discutir se é a parte superior ou inferior de uma tesoura que
corta o papel como determinar se o valor é dominado pela utilidade ou o custo de produção.

Para entender melhor quem determina os preços, mencionaremos a divisão da análise de Marshall
em períodos. No curtíssimo prazo, um dia para o mercado de um produto perecível como peixes, a
oferta não pode variar. A curva de oferta é vertical. O preço é determinado totalmente pelas
condições da demanda. Este caso é representado pelo gráfico mais a esquerda. No curto prazo, tanto
a oferta quanto a procura podem variar. A oferta ainda está limitada pela quantidade fixa de capital,
que representa um custo fixo. Aqui se aplica o princípio de produto marginal decrescente: um
aumento de capital circulante ou trabalho aumentam a produção, só que de maneira menos
eficiente. A curva de oferta é positivamente inclinada, como vemos no segundo gráfico. No outro
extremo, temos o longo prazo, no qual as firmas têm condições de se adaptar a demanda através da
variação de todos os insumos. Neste caso, os custos médios de produção são fixos, determinando o
preço. Observa-se que variações na curva de demanda não influenciam o preço de equilíbrio, apenas
o volume produzido.

25) Marshall tenta reconciliar a teoria do valor clássica com a teoria do valor apregoada pelos
subjetivistas. Demonstre graficamente como o valor é determinado na teoria dele. Para tanto
pede-se que sejam observados alguns pontos: desenhar dois gráficos: um para o curto prazo e
outro para o longo prazo. Em cada um, desenhar curvas de preço de oferta e preço de demanda,
explicando o significado de cada curva e o porquê de seus formatos e inclinações. Mostrar por que
a oferta ou a demanda não pode determinar, simultaneamente em ambas as situações de curto e
longo prazo, por si mesmas o valor do preço de equilíbrio.

Considerando bens normais, a inclinação negativa da curva de demanda tanto no curto como no
longo prazo é assegurada pela teoria da maximização individual da utilidade, em que a utilidade de
um bem cai com o seu maior consumo, logo fazendo com que o preço relativo também caia.

Tendo em vista que a oferta dos fatores de produção interfere diretamente na oferta dos bens, então
a curva de oferta no curto prazo dos bens, em que os estoques de mercadorias são rigorosamente
fixos, será inelástica. No Longo prazo, no entanto, todos os insumos são dados como variáveis, logo o
preço de oferta é dado como sendo igual ao custo mínimo médio de longo prazo, sendo assim, a
curva de oferta de Longo prazo é perfeitamente elástica.

Por esses motivos, e como se pode observar nos gráficos, enquanto a demanda tem um papel
importante na determinação dos preços no curto prazo,não desempenha mesma importância no
longo prazo, que é exclusivamente desempenhado pela oferta, essa que por sua vez não possui esse
papel crucial na determinação dos preços no curto prazo.

Questões de Walras

1) Quais as condições requeridas para o equilíbrio subjetivo e o equilíbrio dos mercados no modelo
de Walras?

Condição subjetiva: as condições de maximização para cada indivíduo em particular. São as


seguintes:

O total de gastos deve ser igual à soma da renda dos consumidores individuais. As condições para a
satisfação máxima dos indivíduos implicam que, para os serviços produtivos (fatores de produção):

Φt(qt - ot) = ptΦa(da),


Φt’(qt’ - ot’) = pt’Φa(da), ...;
Φp(qp - op) = ppΦa(da),
Φp’(qp’ - op’) = pp’Φa(da), ...;
Φk(qk - ok) = pkΦa(da),
Φk’(qk’ - ok’) = pk’Φa(da), …
E para os bens finais Φb(db) = pbΦa(da), Φc(dc) = pcΦa(da), ....
Onde Φ(.) é uma função de rareté. “q” são dotações iniciais dos fatores. “o” são quantidades
oferecidas dos fatores. “d” são as quantidades demandadas dos fatores. Linha (‘) indica sequência
temporal. t, k e p se referem respectivamente a terra capital e trabalho. Elege-se uma mercadoria A
como numerário, onde pa = 1. A notação “a” se refere a tal numerário.

Condição objetiva: É a compatibilização das condições de máximo nos mercados. Equilíbrio entre
oferta e demanda para todos os mercados da economia. Walras enunciou 5 condições de equilíbrio
geral nos mercados e também as expressou algebricamente. São elas: Primeiro, a oferta e demanda
global dos fatores são a soma horizontal das ofertas e demandas individuais. Segundo, em termos
agregado, podemos expressar as ofertas de fatores e as demandas de bens finais como função do
preço. O = F(p) e D = F(p). No agregado, deve-se impor equilíbrio global entre oferta e demanda.
Terceiro, a quantidade de serviços oferecidos deve ser igual ao montante empregado, de modo que
não subsistam recursos ociosos. Quarto, o empresário não aufere lucros ou perdas. Quinto, em seu
sistema de equações, pa é o numerário (pa = 1).

2) O que é equilíbrio estável e equilíbrio instável no modelo de Walras?

A teoria de EQUILÍBRIO GERAL de Walras, por ser um modelo matemático que pretende chegar a um
conjunto determinado de preços e quantidades transacionadas de equilíbrio, faz uma série de
simplificações. Entre elas, admite-se que os agentes têm conhecimento perfeito sobre as realidades
do mercado, que as preferências são estáveis, que os mercados são competitivos, que os produtos
são dados, que as tecnologias de produção são conhecidas e que as quantidades totais de fatores de
produção (insumos, trabalho) são dados. Cada pessoa possui um conjunto de fatores produtivos que
são ofertados para as firmas, que os transforma em produtos, que por sua vez são vendidos a outras
firmas ou aos consumidores.

Cada produto tem um mercado, com sua oferta e sua demanda. Os mercados se encontram em
equilíbrio quando a oferta se iguala a demanda, ou seja, cada demandante ou ofertante é capaz de
realizar suas trocas planejadas ao preço corrente. Isto significa que em equilíbrio não existe excesso
de demanda ou oferta. Para se atingir o equilíbrio Walras imagina um processo de tentativas e erros,
chamado tateamento (tâtonnement), pelo qual um "leiloeiro walrasiano" estabelece inicialmente um
preço qualquer. As quantidades que seriam hipoteticamente demandadas e ofertadas sob aquele
preço são anotadas e calcula-se os excessos de demanda (oferta). Se houver excesso de demanda, o
leiloeiro aumenta o preço, do contrário, abaixa, até que os mercados entrem em equilíbrio,
igualando oferta e demanda.

Dados os preços de equilíbrio, as trocas são realizadas. O artifício do leiloeiro é importante para
chegarmos em um conjunto de preços de equilíbrio, pois se ocorrerem trocas a preços "errados", ou
seja, fora do equilíbrio inicial, teremos uma nova distribuição de dotações e portanto um novo
resultado final em termos de preços de equilíbrio. Isso tornaria o sistema indeterminado, não
poderíamos prever o estado da economia a partir de seus fundamentos: preferências, tecnologias e
recursos. Em equilíbrio, os consumidores maximizam sua utilidade e as firmas maximizam seus
lucros. A alocação de recursos é dita eficiente.
Embora eficiente, a situação de equilíbrio não precisa ser justa: o resultado das trocas depende da
dotação inicial de recursos de cada um. Uma pessoa sem propriedades ou capacidade de trabalhar
não teria o que trocar, terminando o processo com zero bens de consumo. Ao alterarmos a dotação
inicial, o resultado final também se altera, chegando-se em um novo equilíbrio eficiente.

3) Por que na solução do problema da troca simples em Walras há a possibilidade de equilíbrios


múltiplos?

Walras demonstrou que o equilíbrio dependerá do formato das curvas de oferta e demanda e do
preço em que se começa a troca. Para Walras, a curva de oferta tem formato de sino. No modelo de
troca simples de Walras, há possibilidade de equilíbrios múltiplos, mas pela configuração do mercado
apenas alguns deles são possíveis. Veja o exemplo abaixo:

No gráfico da esquerda vemos 3 equilíbrios (A, A’ e A’’). Mas Apenas A’ e A’’ são estáveis. Em A, as
forças equilibradoras são divergentes. (Não há explicação clara para isso, nem no livro, nem nos
slides). → explicação:
http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rem/article/download/4774/4241

4) Sejam duas mercadorias, A e B. Walras define duas ofertas, Oa e Ob, e duas demandas Da e Db,
sob o suposto de que as quantidades ofertadas resultam das quantidades demandadas no
fenômeno da troca “in natura” de duas mercadorias uma pela outra . Como alpha é uma
constante positiva e Pa e Pb os preços relativos de A e B, tal que Pa.Pb = 1, deduza as seguintes
relações:

A) Oa = Pb x Db
B) Ob = Pa x Da
C) Se Da = alpha x Oa, prove que sempre que ocorrer excesso de oferta num dos mercados
existirá, ao mesmo tempo, excesso de demanda no outro mercado e vice-versa.
D) Se Da = alpha x Oa, quando alpha=1, ambos os mercados de A e B estarão em equilíbrio

a) Essa relação se explica, pois, ao preço p b demanda-se uma quantidade D b e oferta-se a


contrapartida O a.

b) Situação análoga ao item anterior.

c e d) Sabemos que:
Então, se α > 1, Ob>Db (excesso de oferta) e Da >Oa (excesso de demanda), se α < 1,
Ob<Db (excesso de demanda) e Da < Ao (excesso de oferta) e se α = 1, Ob = Db e Da = Oa.

5) Descreva o funcionamento circular da economia descrita por Walras.

Os consumidores oferecem fatores e recebem em troca renda usada para comprar bens e serviços ou
para poupar. A poupança retorna às firmas pela atividade dos intermediários financeiros. A renda do
consumidor depende das quantidades de bens e serviços que ele vende a outros e dos respectivos
preços. A firma usa o estoque de fatores fixos que possui de início e compra também outros fatores
de outras firmas ou dos consumidores. A venda do produto final possibilita as receitas. Subtraindo-se
os custos, temos o lucro das firmas. Parte do lucro é repartida e parte é investida. Os consumidores
possuem, direta ou indiretamente, todos os fatores. A renda nacional equivale ao poder de compra
dos consumidores. A produção total do sistema é a somatória das produções líquidas de cada firma e
a renda global ganha pelos fatores é o total pago a eles por todas as firmas.

6) Como Walras define os conceitos de “capital fixo” e “capital circulante”? Quais são os fatores de
produção no modelo de Walras e porque não se pode dizer que os fatores são diretamente
empregados na produção.

Capital fixo: “Qualquer bem durável, qualquer espécie de riqueza social que não é consumida ou
apenas é consumida a longo prazo, qualquer utilidade limitada em quantidade que sobrevive à
primeira utilização que se faz dela, em uma palavra, que serve mais de uma vez: uma casa, um
móvel.”

Capital circulante: “Qualquer bem fungível, qualquer espécie de riqueza social que é consumida
imediatamente, qualquer coisa rara que não mais subsiste depois do primeiro serviço que presta, em
suma, que serve apenas uma vez: pão, carne etc.”

Os fatores de produção são terra, trabalho e capital. Porém, o empresário utiliza os serviços
oferecidos por tais fatores a cada período. Utiliza serviços dos fatores, e não fatores em si mesmos

7) Quais são as condições requeridas para a maximização individual no equilíbrio geral subjetivo?
Usando a função de Lagrange, mostre que para cada bem e serviço produtivo, as raretés são
proporcionais aos respectivos preços.

Walras tinha a ambiciosa tarefa de mostrar como a interação das pessoas por meio dos mercados
redunda em um conjunto de preços que gera uma alocação dos recursos e da sociedade condizente
com as preferências de seus participantes. Por isso, diz-se a teoria de Walras procura explicar a mão
invisível de Smith.

Condições já foram apresentadas no exercício 45. A solução da maximização individual condicionada


leva à equação algébrica ui = λpi, onde a constante de Lagrange λ representa a utilidade marginal da
renda.

Se a mercadoria A é o numerário, λ
pa = 1 e λ = Φa(da)

Walras não demonstra suas equações desta maneira, pois, não utilizara a moderna técnica
matemática de maximização condicionada

8) Mostre que, no sistema walrasiano de equações que descrevem o equilíbrio subjetivo, o número
de incógnitas é igual ao número de equações.

No sistema walrasiano, fica evidente que o custo de produção, ou o valor dos bens com utilidade
indireta, refletirá a utilidade dos demais bens que poderiam ser feitos com aqueles recursos. O
sistema permite ver a interdependência de todos os bens envolvidos: como a diminuição do estoque
de uma matéria prima leva a ajustes na produção de centenas de bens. Temos n equações de oferta
de fatores, m equações de demanda de bens finais, n equações que igualam demanda com oferta
dos serviços e m equações que igualam os preços dos bens finais aos respectivos custos. Somam-se,
portanto, 2n + 2m equações. Uma das equações do sistema é linearmente dependente, de forma
que podemos eliminá-la. Isto resulta em 2(m+n)-1 equações. Temos, o mesmo número de incógnitas:
n quantidades ofertadas de serviços produtivos, m quantidades demandadas de produtos
terminados, n preços de serviços e m – 1 preços de produto.

9) Descreva as equações requeridas no modelo walrasiano de equilíbrio geral dos mercados e


mostre que o número de equações corresponde ao número de incógnitas

Oferta e demanda: soma horizontal das ofertas e demandas individuais.É possível expressar as
demandas e as ofertas de bens finais como função dos preços:

O=F(p) Ot = Ft (pt, pt’,..., pp, pp’, ..., pk, pk’, ..., pb, pc,...)
D=F’(p) Db = Fb(pt, pt’,..., pp, pp’,..., pk, pk’, ... , pb, pc, ...)

O valor demandado, no agregado, corresponde à renda total ganha com o emprego dos fatores:

Da = Otpt + ... + Oppp + ... + Okpk + ... - (Dbpb+ Dcpc + Ddpd + ...)

A quantidade de serviços oferecidos deve ser igual ao montante empregado desses serviços, de
modo a não subsistirem recursos ociosos. Assim temos que:

Ot = atDa + btDb + ..., Ot’ = at’Da + bt’Db + ..., ...;


Op = apDa + bpDb+ ..., Op´ = ap’Da + bp’Db+ ..., ...;
Ok = akDa + bkDb + ..., Ok’ = ak’Da + bk’Db +...

O empresário não aufere lucros ou perdas, assim temos:

pa = atpt + at’pt’+ ...; pb = btpt + bt’ pt’ + … , sendo a1, b1, c1, ... coeficientes técnicos
è pa é o numerário, pa = 1

10) Porque usamos a expressão empresário sísifo para descrever a função dos empresários no
modelo de Walras?
O Empresário Sísifo atua como mero coordenador que organiza a produção tomando as técnicas e os
preços como dados. Segundo a lenda grega, Sísifo, rei de Corinto, tendo escapado astuciosamente a
Tânatos, o deus da morte, enviado por Zeus para castigá-lo, foi levado por Hermes ao Inferno, onde o
condenaram ao suplício de rolar uma rocha até o cimo de um monte, donde ela se despencava,
devendo o condenado recomeçar incessantemente o trabalho.

Enquanto a receita exceder ou estiver abaixo dos custos, haverá respectivamente lucros e perdas que
afetarão a escala de produção de modo a eliminar-se os excessos. No equilíbrio, o lucro econômico é
zero, apenas subsiste o lucro contábil, semelhante a um juro pago pelo uso do serviço do capital. No
caso, remunera-se o proprietário do capital e não a função empresarial. Parece não existir uma
identidade socioeconômica para o Empresário Sísifo.

No entanto, na interpretação de William Jaffé, o maior especialista em Walras, haveria um papel para
o empresário, neste modelo, na situação de desequilíbrio. Ele age quando há diferença entre preços
de venda e custo de produção.

11) Na análise walrasiana da troca simples, como ele deduz o formato da curva de oferta do bem
dado em troca com base na curva de demanda do bem desejado?

As curvas de oferta são obtidas a partir das curvas de demanda do outro bem. A dedução da curva
de oferta não é feita com base nos custos de produção, isso pois os estoques iniciais são dados.
Simplesmente é dito que as curvas de oferta e demanda traduzem as disposições a trocar dos
agentes e que isto é suscetível de determinação rigorosa. As curvas de demanda são meros
resultados empíricos. Walras não esclarece como os levantamentos empíricos deveriam ser feitos a
fim de determinar a curva de demanda.

12) Descreva a atuação do leiloeiro walrasiano. É possível descrever o processo de convergência ao


equilíbrio sem a hipótese do leiloeiro?

Cada pessoa possui um conjunto de fatores produtiv dos para as firmas, que os transforma em
produtos, que por sua vez são vendidos a outras firmas ou aos consumidores. Cada produto tem um
mercado, com sua oferta e sua demanda. Os mercados se encontram em equilíbrio quando a oferta
se iguala a demanda, ou seja, cada demandante ou ofertante é capaz de realizar suas trocas
planejadas ao preço corrente. Isto significa que em equilíbrio não existe excesso de demanda ou
oferta. Para se atingir o equilíbrio Walras imagina um processo de tentativas e erros, chamado
tateamento (tâtonnement), pelo qual um "leiloeiro walrasiano" estabelece inicialmente um preço
qualquer. As quantidades que seriam hipoteticamente demandadas e ofertadas sob aquele preço são
anotadas e calcula-se os excessos de demanda (oferta). Se houver excesso de demanda, o leiloeiro
aumenta o preço, do contrário, abaixa, até que os mercados entrem em equilíbrio, igualando oferta e
demanda.

Dados os preços de equilíbrio, as trocas são realizadas. O artifício do leiloeiro é importante para
chegarmos em um conjunto de preços de equilíbrio, pois se ocorrerem trocas a preços "errados", ou
seja, fora do equilíbrio inicial, teremos uma nova distribuição de dotações e portanto um novo
resultado final em termos de preços de equilíbrio. Isso tornaria o sistema indeterminado, não
poderíamos prever o estado da economia a partir de seus fundamentos: preferências, tecnologias e
recursos.

Em equilíbrio, os consumidores maximizam sua utilidade e as firmas maximizam seus lucros. A


alocação de recursos é dita eficiente. Embora eficiente, a situação de equilíbrio não precisa ser justa:
o resultado das trocas depende da dotação inicial de recursos de cada um. Uma pessoa sem
propriedades ou capacidade de trabalhar não teria o que trocar, terminando o processo com zero
bens de consumo. Ao alterarmos a dotação inicial, o resultado final também se altera, chegando-se
em um novo equilíbrio eficiente.

13) Comente a passagem em que se escreve: “Em Walras, os preços não são nada além de uma
medida das relações de equivalência técnica e psicológica entre vários bens presentes no sistema
de produção e troca.

Os preços refletem o equilíbrio tanto com relação à utilização dos fatores como também envolvendo
fatores mais abstratos, como por exemplo a questão da Utilidade. Quando temos a relação de
igualdade entre TMST e TSM, encontra-se o equilíbrio walrasiano, prevalecendo o preço estabelecido
no mercado concorrencial.

14) Na passagem abaixo, comente porque a equação abaixo, de fato, representa uma situação de
maximização da utilidade para o permutador de que fala Walras.

15) Na passagem que começa com “É bem verdade...” (transcrita abaixo):


a) Por que ao determinarmos o preço de C poderemos destruir o equilíbrio em relação a B?
b) Comente a parte em que Walras escreve “estaremos provavelmente sempre mais perto do
equilíbrio”. Por que ele escreve “provavelmente” e não “certamente”?
16) Com base na passagem abaixo, por que Walras escreve que “apenas os axiomas são evidentes
e esse não é um axioma”. Então o que Walras oferece? Um teorema? Se for o caso, o que ele
procura demonstrar nesse teorema?

Lista 2

Questões de Carl Menger

1. Construa uma tabela com a escala de importância das necessidades atendidas pelo mesmo
bem homogêneo e mostre como é determinada a alocação de parcelas dele entre os diferentes
usos e o valor de uma unidade do bem em questão.

A alocação dele entre os diferentes usos do bem se dará de forma a maximizar a soma das utilidades
marginais envolvendo os modos de uso e as quantidades do bem utilizadas em cada uso. Para isso,
tendo em vista a tabela, a alocação será aquela associada ao maior triângulo retângulo possível dado
a restrição de quantidade, tendo a máxima utilidade marginal na ponta do vértice com ângulo reto, e
a hipotenusa transcorrendo as menores utilidades marginais possíveis de cada uso, sendo estes
iguais entre eles, e um dos outros vértices em cima do uso com quantidade única. Notando-se que
por trás disso está a ideia de igualdade nas utilidades marginais das quantidades utilizadas para cada
uso do mesmo bem, como pode ser demonstrado na figura: Neste exemplo tem-se uma restrição de
10 unidades do bem:
2. Em Menger, o que o leva a acreditar que o valor é a essência e o preço, a aparência do
fenômeno?

O valor dos bens, para Menger, se relaciona a satisfação de necessidades: Valor é a importância que
determinados bens concretos - ou quantidades concretas de bens - adquirem para nós, pelo fato de
estarmos conscientes de que só poderemos atender às nossas necessidades na medida em que
dispusermos deles.

Pela definição apresentada, apenas os bens econômicos possuem valor para os indivíduos: Menger
apresenta o exemplo de uma habitante das selvas que necessita de no máximo 20 árvores por ano
para obter lenha. Se um incêndio destruir 1000 árvores, o que restar vai ser mais do que suficiente
para o uso do indivíduo; a satisfação das suas necessidades não depende de uma árvore específica.
Uma árvore a mais não tem valor algum, embora possua utilidade (esta definida como a capacidade
de satisfazer uma necessidade). Desta discussão percebe-se que o valor, para Menger, é subjetivo:
Conclui-se, pois, que o valor não é algo inerente aos próprios bens; não é uma propriedade dos
mesmos e muito menos uma coisa independente, subsistente por si mesma. O valor é um juízo que as
pessoas envolvidas em atividades econômicas fazem sobre a importância dos bens de que dispõem
para a conservação da sua vida e de seu bem-estar; portanto só existe na consciência das pessoas em
questão.

As necessidades variam em importância. As pessoas atribuem maior importância à satisfação das


necessidades de cujo atendimento depende a conservação da vida, em seguida se preocupam com a
saúde, habitação, lazer e assim por diante. Desta forma, cada indivíduo apresenta uma ordenação de
alternativas de consumo conforme a importância relativa das mesmas. Menger utiliza o diagrama
abaixo para ilustrar a ordenação de preferências de um consumidor:
Os algarismos romanos representam as diversas necessidades (I pode representar a necessidade de
alimentos e V representa a necessidade de fumo). Os números de 10 a 0 representam o grau de
importância do atendimento das necessidades, em ordem decrescente (o primeiro cigarro tem
importância dez, o segundo nove, etc.)34. Vemos pela tabela que a pessoa só escolherá consumir
(comprar) uma unidade de fumo (que tem importância “6”) depois de consumir pelo menos quatro
unidades do bem alimentação, três unidades do bem dois e assim por diante. Isto porque cada
unidade adicional do bem um tem valor progressivamente menor para o agente econômico. Se cada
unidade de cada bem custar um real, um consumidor com $6 comprará 3 unidades para satisfazer I,
duas para satisfazer II e 1 para III. Em equilíbrio, da mesma forma que para Jevons, a utilidade
marginal de todos os bens adquiridos é a mesma.

Após estudar o fundamento da troca, Menger se dedica ao estudo da formação de preços nos
mercados. O autor não deriva da sua teoria do valor curvas de demanda e oferta, como fazem
Marshall e os demais autores neoclássicos. A razão disto pode ser encontrada no interesse de
Menger: este quer explicar os fenômenos econômicos como fruto da ação humana. Curvas de oferta
e demanda escondem os processos reais de escolha e ação humana que são a causa dos fenômenos.
Menger se preocupa mais com o processo de formação dos preços do que estabelecer um preço final
de equilíbrio. A preocupação com o processos de mercado, e não com o estado final de equilíbrio
virá a caracterizar toda a Escola Austríaca depois de Menger.

Na sua explicação da formação dos preços, Menger parte de uma situação de monopólio bilateral:
um comprador paga um preço máximo de $80 por um cavalo ofertado por um vendedor que o vende
por um preço mínimo $10. O preço realizado na prática estará situado entre 10 e 80, sendo
determinado por fatores não explicados pela teoria econômica, como a habilidade de barganhar dos
envolvidos ou mesmo sorte. O próximo passo é introduzir um número maior de compradores para
aquele cavalo. Cada novo comprador em potencial tem um preço máximo que estaria disposto a
pagar. Digamos que o segundo comprador paga no máximo $60. A competição entre os dois fará com
que o primeiro ofereça no mínimo $61, a fim de garantir para si o cavalo. A competição estreita a
faixa de preços possíveis para algo entre 61 e 80. Da mesma forma, se o número de cavalos ofertados
aumentar, o estreitamento da faixa de preços possíveis pode ser deduzido, empregando a mesma
lógica de exclusão de ofertas concorrentes. No limite, com muitos concorrentes nos dois lados do
mercado, teríamos um preço único para o bem

3. A investigação econômica para Menger subdivide-se em pelo menos três partes: história e
estatística, teoria exata e ciência aplicada. O que estuda cada uma delas e qual a relação entre
essas áreas?

A história estuda
A estatística estuda

A teoria exata estuda

A ciência aplicada estuda

Todas essas áreas se relacionam como

4. Quais foram as principais influências intelectuais que contribuíram para a formação de Carl
Menger no plano da teoria econômica e de seus fundamentos filosóficos?

Entre as influências para a formação de Menger encontra-se o pensamento alemão. A escola


histórica alemã influenciou os Princípios, apesar de este trabalho ter sido criticado posteriormente
por Menger, que contrapôs sua ideias metodológicas às alemãs. As críticas voltaram-se
principalmente ao pensamento de Gustav Schmoller de que seria possível identificar leis históricas.
Menger consolidou seus pensamentos no contexto do espírito do pensamento romântico-historicista
típico do século XIX, fato importante para entender particularidades de suas ideias.

5. Qual o papel da introspecção (Verstehen), em Menger, no estudo dos fatos econômicos?

É a ideia de que a interpretação de significados culturais pode ser obtida pela ampla vivência do
observador, que pelo uso da introspecção alcança o entendimento desses significados. O uso da
introspecção é o exame subjetivo de quando o agente volta-se aos fenômenos psíquicos de sua
própria consciência. Em outras palavras, o observador resgata todos seus conhecimentos obtidos em
experiências pessoais para analisar um fenômeno social.

6. Discuta o conceito de valor em Menger.

O valor subjetivo de qualquer coisa é dado pela dependência da satisfação à posse dela medida por
dois fatores: depende do desejo que a coisa é capaz de satisfazer e do estado da provisão já existente
que atende o desejo.

A análise de Menger se diferencia das demais a partir do momento em que é aplicada a ideia do
valor subjetivo em situação em que a satisfação de um desejo é apenas parcialmente dependente de
um único bem de ordem elevada em particular. O valor de troca objetivo é apenas a superestrutura
dos valores subjetivos individuais. O valor subjetivo de qualquer coisa é dado pela dependência da
satisfação à posse dela, medida por dois fatores: o desejo que o bem é capaz de satisfazer e o estado
da provisão já existente que atende o desejo.

7. O que são bens de primeira, segunda e demais ordens?

Se uma coisa útil não for percebida, não fará parte de qualquer plano de ação e não será utilizada
para satisfazer nenhuma necessidade, perdendo assim a sua relevância econômica. Quando a relação
entre o bem e a satisfação da necessidade é direto, temos um bem de primeira ordem, ou bem de
consumo (cigarro). Os bens de segunda ordem são aqueles utilizados para produzir os primeiros
(terra, folhas do tabaco, trabalho), enquanto os de terceira (fertilizantes, sementes, trabalho) são
utilizados na produção dos de segunda ordem e assim por diante. Um bem de segunda ordem é um
bem na medida em que possa ser transformado em um bem de primeira ordem. Se faltar um bem
complementar necessário ou se o bem de primeira ordem se tornar inútil, os bens de ordem superior
perdem seu caráter de bem.

8. Mostre que no esquema de Menger o fator tempo desempenha necessa­riamente um papel


fundamental.

A noção de ordens de bens leva Menger a introdução do fator tempo na análise do capital. Leva
tempo para transformarmos bens de ordem superior nos respectivos bens de ordem inferior. Os bens
de ordem superiores existentes agora atenderão à necessidades futuras. O processo de
transformação leva a incerteza em relação a qualidade e quantidade das mercadorias resultantes do
processo produtivo e apontam para a importância do conhecimento (expectativas) dos agentes sobre
as condições futuras. O progresso econômico é marcado pela utilização de bens de ordem cada vez
mais elevado: enquanto um índio caça apenas para suprir as necessidades do dia, uma sociedade
moderna se dedica agora a fabricação de máquinas que só redundarão em bens de primeira ordem
muito mais tarde. Ocorre uma "divisão do capital" semelhante a divisão do trabalho de Smith.

9. Em Menger, se o valor dos bens de ordem elevada não é apenas a transfe­rência integral do
valor do respectivo bem de primeira ordem, que elementos adicionais devem ser considerados
para se chegar ao valor do capital?

Na ausência de conhecimento completo e de controle completo sobre a natureza, o futuro não é


certo e, como a utilização do bem de ordem superior sempre consome tempo, é o desejo antecipado
pela satisfação que o bem de ordem elevada trará, no final do processo de produção, que determina
a sua qualidade de bem.

Conforme a demanda de um bem seja maior ou menor do que a quantidade total existente, temos
bens econômicos ou não econômicos, respectivamente. Uma pequena vila pode usar toda água que
quiser. Não há escassez e necessidade de economizar água. Quando um bem serve para diversas
coisas, mas sua disponibilidade é pequena, surge a necessidade de escolher quais necessidades
serão atendidas e quais não têm tanta importância. A escassez resulta no ato econômico de escolha
entre alternativas. A propriedade privada surgiu juntamente com os bens econômicos: um bem
escasso precisa ser economizado, não pode ser gasto sem critério, enquanto que não tem sentido a
propriedade sobre um bem abundante, como o ar e a água.

O valor dos bens, para Menger, se relaciona a satisfação de necessidades: Valor é a importância que
determinados bens concretos - ou quantidades concretas de bens - adquirem para nós, pelo fato de
estarmos conscientes de que só poderemos atender às nossas necessidades na medida em que
dispusermos deles.

10. Comente duas influências aristotélicas em Menger: a causalidade e o realismo filosófico.

O aristotelismo de Menger leva-o à ênfase na abordagem causal e à rejeição da matemática. Os


modelos matemáticos de acordo com as ideias do realismo filosófico não focalizam a essência
econômica. O realismo filosófico diz que qualquer conhecimento pressupõe um objeto que está fora
da mente e que pode ser tocado, copiado e refletido por ela.

11. O que foi a Batalha dos Métodos?

O segundo livro de Menger, Investigations, trata de questões metodológicas. Esse livro foi o estopim
de um dos mais acalorados debates na história da economia: a batalha dos métodos (Metodenstreit)
entre os economistas austríacos e alemães.

Trata-se da discussão metodológica entre o cientista político-econômico alemão Gustav von


Schmoller e o economista teórico austríaco Carl Menger, que foi qualificada na literatura como
Methodenstreit ou Batalha dos Métodos, porque os dois economistas representaram opiniões
fortemente divergentes quanto a questões fundamentais sobre objetivos, deveres e problemas na
ciência econômica. Seus trabalhos representaram programas de pesquisa bastante contrastantes.
Schmoller defendia que apenas com a ajuda do método indutivo, histórica e empiricamente
fundamentado, seria possível alcançar os objetivos do conhecimento na economia. Menger,
diferentemente, acreditava que somente através do método dedutivo, com forte base teórica,
poderia se chegar ao conhecimento na ciência econômica.

12. Mostre situações em que os preços ficam indeterminados dentro de uma faixa de variação,
baseado em um exemplo com n compradores e m vendedores de uma mercadoria homogênea. É
correto dizer que não há nada em Menger para explicar os preços e que ele só trata teoricamente
os valores? Preço é apenas um fenômeno histórico ou a teoria exata prediz sua faixa de variação?

Para ilustrar o caso com n compradores e m vendedores, tomamos o exemplo do livro com seis
compradores e cinco vendedores de caixas de maçã de igual qualidade e ofertadas simultaneamente.

Os primeiros três compradores aceitam o preço de qualquer um dos vendedores. Mas não pagarão
mais do que o necessário. A transação começa com baixas ofertas de preços dos compradores:
Os preços de 16,1, 16,6 e 16,8 representam a faixa em que há tantos compradores quanto
vendedores. Nela ocorre a troca e o preço é determinado, no caso de variações contínuas, entre $16
e $17. Se p ≥ 17 o quarto comprador se retirará e se p ≤ 16 sairá o quarto vendedor, não se
estabelecendo a igualdade entre oferta e demanda.

O preço do mercado (a teoria não permite determinar o seu valor exato) estará entre a avaliação
subjetiva do último comprador e a do último vendedor, que determinam respectivamente o limite
superior e o limite inferior do intervalo de variação dos preços.

Preços, ou as proporções em que os bens são trocados, são fenômenos acidentais. São apenas os
sintomas que se manifestam no domínio dos fenômenos, refletindo a essência da atividade
econômica que consiste na melhoria de provisões para satisfação das necessidades através da troca.
Os preços não podem ser determinados, só podem ser localizados dentro de uma certa região de
indeterminação cujos limites são dados pelos valores subjetivos dos participantes das trocas. Essa
região pode, no entanto, ter seus limites estreitados com um número maior de participantes.

13. Por que se considera a filosofia de Menger como “naturalista”?

Do livro Economia e Filosofia na Escola Austríaca: Menger, Mises e Hayek, do próprio Feijó: “Menger
concebe o conjunto de instituições sociais que configura a sociedade como uma ordem natural que
advém de relações causais que operam a partir dos elementos constituintes mais simples da
sociedade. Para ele, a existência de necessidades humanas, o desejo pela satisfação delas e o
encadeamento dos bens que possibilitam tal satisfação são os elementos simples que permitem a
emergência de uma totalidade complexa organicamente estruturada a partir deles”.
14. Sobre o capítulo V dos Princípios de Menger, com base na passagem abaixo explique:
a) Há uma teoria de preço em Menger? O que ele diz a respeito dos preços?
b) Por que os agentes se envolvem na troca?
c) O que ele quer dizer quando afirma que os preços são fenômenos acidentais?

15. Sobre o capítulo V dos Princípios de Menger, na passagem abaixo, por que Menger afirma que
“não existem mercadorias equivalentes”? Explique por que, para esse autor, não se pode dizer que
equivalentes são trocados quando se efetua uma transação de compra e venda?

16. Na passagem abaixo:


a) Por que as quantidades de bens permutadas estão determinadas pela situação econômica?
b) Em que situação os preços tendem para a média? Que média é essa?
c) Como os preços se desviam dessa média e até quanto eles podem se desviar dela? Explique.
Lista 3

Questões sobre Keynes

1. Keynes pode ser considerado um gênio em matemática. Como o capítulo avalia os dotes
intelectuais dele nesse campo do saber?

Quando criança recebeu um prêmio pelo desempenho em matemática. Além da matemática,


demonstrava uma variedade extraordinária de interesses e aptidões: era bom em filosofia, literatura
e história, e também conseguiu o respeito dos atletas da escola.

Embora tenha alcançado menção honrosa (Tripos) no diploma de matemático conseguido em 1905,
os estudos nessa disciplina não lhe proporcionavam grande prazer e ele passava a maior parte do
tempo em outras atividades, estudando filosofia e lógica.

2. O Tratado sobre a probabilidade desenvolve uma crítica à teoria da probabilidade


tradicional. Que teoria é essa? Descreva o teor da proposta de Keynes em probabilidade. A teoria
subjetiva da probabilidade implica que a probabilidade é uma atribuição arbitrária de chances aos
eventos em função da vontade individual?

A possibilidade de racionalização quanto ao curso dos eventos é questionada. Com ela, as novas
teorias em probabilidade passam a enfocar a questão da incerteza quanto às consequências das
ações. Keynes tentou expandir o campo do argumento lógico para abranger os casos em que as
conclusões eram incertas. Ele desmantelou a teoria clássica da probabilidade e lançou o que se
tornou conhecido como a teoria subjetiva ou relacional da probabilidade.

A compreensão da ação humana requer algo mais que a mera observância de freqüências em
eventos passados. É preciso adentrar a lógica da tomada de decisões. Keynes em seu trabalho em
probabilidade busca compreender a conduta humana para derivar os meios de influenciá-la.
Não há um padrão preestabelecido que controle as ações humanas. Tais ações dependem do
conjunto prévio de crenças e opiniões que comanda a racionalidade individual de quem age. No
estudo do comportamento humano, contra a aplicação da visão causal, típica da Física clássica,
Keynes enfatiza a visão não determinista. O ensaio em probabilidade busca um ponto de partida na
tentativa de fundamentação probabilística das crenças individuais.

Keynes rejeitou a utilização por Pearson de métodos indutivos para estabelecer verdades sociais.A
oposição ao indutivismo refletia seu ceticismo quanto ao valor das deduções estatísticas, o que
acompanhava sua rejeição da teoria da probabilidade estatística, ou de freqüência.

3. A ética de Moore está baseada no bem do ponto de vista individual. Quais os valores que
caracterizam o bem? O que Keynes acrescenta a esses valores? Como é possível avaliar o bem
coletivo e qual a relação disso com o apego de Keynes às artes?

Buscavam se apoiar na filosofia moral em troca da religião. A refutação ao idealismo não implicava
em definir termos como “bem” apenas em função de propriedades naturais como propunha o
naturalismo ético O bem não é um espírito, como o concebia o idealismo, mas ainda assim é uma
idéia, distinta da realidade material e algo indefinível. Embora o bem possa ser identificado e
reconhecido em experiências, os conceitos morais em si mesmos são apreendidos pela intuição.
Como não é possível inspeção direta do estado de espírito dos outros, não se pode concluir quais
atos aumentam a bondade do universo como um todo. Só se pode julgar a bondade de um estado de
coisas referindo-se ao tempo e a objetos da experiência.
A totalidade é decomposta por Keynes em estados de espírito intrinsecamente bons e objetos
convenientes ou desejáveis. Tais objetos não precisam ter um valor ético próprio, mas a existência
deles valoriza a experiência individual.Melhorando a qualidade dos objetos da experiência
aumenta-se a bondade ética do universo. Segue-se que a bondade aumenta por um aumento na
quantidade de beleza Keynes também imaginou que se poderia elevar os padrões da educação e do
conforto visando a melhoria da inteligência, da sensibilidade e boa aparência da população, e com
isso da bondade coletiva.Se apegando assim a arte e ao incentivo dela.

4. Qual a origem, em termos de influências pessoais, da ênfase dada por Keynes na questão
do acaso, das probabilidades e da incerteza?

A teoria da probabilidade de Keynes é o resultado de uma reflexão filosófica que pretende conciliar
duas tradições ligadas cada qual a um dos dois maiores filósofos da língua inglesa John Locke e David
Hume.
O primeiro apega-se a um tipo de empirismo no qual apenas pela experiência se permite conhecer a
verdade. A ordem do mundo é pressuposta e o filósofo examina então os atributos da mente
humana que lhe permite a compreensão da máquina invisível do mundo.
David Hume parte de outra questão, ele rejeita o empirismo, isto é, a crença em uma base racional
para a análise de probabilidades, e rejeita também a existência de uma base racional para o estudo
da ética.
Com efeito, Hume aproxima a ciência positiva da ética apenas por rebaixar ambas ao status de
conhecimento incerto; enquanto Locke afasta uma da outra ao manter a certeza do conhecimento
apenas no campo da ciência, negando-a à filosofia moral, um conhecimento assumidamente incerto
para ele.
Keynes toma elementos das filosofias de ambos os filósofos. Ele rejeita o empirismo de Locke, mas
aceita a sua teoria da mente e das conexões causais do mundo. De Hume, ele aceita a aproximação
entre ciência e ética, sem deixar de inverter a perspectiva dele: tanto um quanto outro ramo da
investigação é passível de conhecimento seguro e assentado em base racional. As raízes da filosofia
de Keynes estão em G. E. Moore. Para este filósofo, a intuição é necessária para explicar os fatos do
mundo (o que é) e os ideais (o que deve ser). Porém, enquanto que em Moore a intuição não se
relaciona com a ação humana, mas apenas com a explicação do mundo, Keynes discorda dele e tenta
aplicar o conceito no estudo da ação. Nesse âmbito, Keynes tenta resolver o problema da indução.

5. Qual a principal crítica que Keynes fazia em relação à política do padrão-ouro? Por que
suas ideias tornaram-se mais conhecidas, já que outros autores também defendiam a intervenção
do governo para conter a crise econômica?

No Tratado sobre a Reforma Monetária, Keynes argumenta que flutuações no valor da moeda,
provocadas por variações no preço do ouro, acarretam flutuações de curto prazo nos negócios
porque alteram a participação relativa das diferentes classes de renda e afetam as expectativas dos
agentes. Com salários nominais fixos, preços declinantes reduzem as expectativas de lucros,
perturbando a produção de mercadorias. Era importante, portanto, a estabilidade monetária e esta
não poderia ser obtida com a volta ao padrão-ouro. Para Keynes, a volta do padrão-ouro só
favoreceria uma elite e não representaria remédio eficaz para a perda da supremacia industrial da
Inglaterra e o desemprego em massa verificado nos anos 1920. A falta de competitividade dos
produtos ingleses acarretaria uma saída líquida de ouro no financiamento às importações. Nas novas
condições do pós-guerra, o padrão-ouro só seria sustentável com a queda dos preços internos de
modo a restabelecer a competitividade dos produtos britânicos no comércio internacional.

As ideias de Keynes se tornaram mais difundidas, pois suas previsões, de fato, verificaram-se anos
depois com a ascensão do Nazismo e a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ao final desta guerra,
britânicos e americanos relembraram as admoestações de Keynes, décadas atrás, evitando assim
repetir o erro anterior. Keynes ajudou a construir a percepção de que o caminho seguro para a paz
consistia em ajudar a reerguer a economia destruída.
ipou, posicionava-se em relação aos valores da sociedade vitoriana?

Os membros do círculo de Bloomsbury eram seguidores das crenças filosóficas de G.E. Moore. Com o
desmoronamento da moral vitoriana que acompanhou o declínio do império, Keynes e seu grupo
buscavam novos valores que poderiam substituir as antigas crenças associadas ao status quo, à
monarquia, Igreja, enfim, aos valores da Inglaterra vitoriana. Keynes e seus amigos eram todos ateus
militantes, porém o abandono das crenças que acreditavam falsas não havia removido a necessidade
de crenças que pudessem considerar verdadeiras. Buscavam-se apoiar na filosofia moral em troca da
religião e encontraram o que desejavam em Moore.

O conceito ético central de bem foi definido por Moore em oposição ao idealismo e ao naturalismo
ético. A crítica ao idealismo tem como alvo os escritos de McTaggart, membro de Bloomsbury O
idealismo foi identificado como linguagem obscura e que não resistiria a um exercício de
esclarecimento de conteúdos. A arte da conversação identifica critérios para a busca de clareza na
linguagem. Conceitos como amor, amizade e arte podem ser dissecados por meio de análise de
significados.

7. Comente as críticas de Keynes ao Tratado de Versalhes.

As Consequências Econômicas da Paz. Nele, discute os paradoxos das pesadas reparações de guerra:
círculo vicioso de destruir a base produtiva e forçar o pagamento de indenizações. Os alemães não
poderiam pagar o que os vitoriosos estavam demandando. Para ele as reparações manteriam a
Alemanha empobrecida e representaria uma ameaça para toda a europa. Keynes ajudou a construir
a percepção de que o caminho seguro para a paz consistia em ajudar a reerguer a economia
destruída.

8. Comente: “O caminho seguro para a paz consiste em ajudar a reerguer a economia


destruída.” Como essa ideia de Keynes influenciou as negociações dos Aliados com os países
derrotados depois da Segunda Guerra?

Keynes ajudou a construir a percepção de que o caminho seguro para a paz consistia em ajudar a
reerguer a economia destruída. Assim , no período pós segunda guerra ,foram feitos investimentos
em larga escala pelos países Aliados nos países derrotados , criando –se assim parceiros comerciais
que seriam compradores potenciais de exportações dos vencedores , construindo uma sólida classe
média com ideais democráticas nos países derrotados.

9. Descreva a teoria quantitativa da moeda (TQM) nas versões de Cambridge e em I. Fisher.


Tais versões são idênticas.

À época, a TQM era explicada de duas maneiras: a versão transacional de I. Fisher e o enfoque de
Marshall dos saldos monetários. Até 1914, Keynes usava ambas as versões em suas aulas.

A equação de trocas de Fisher, MV = PT, diz que o volume de moeda M multiplicado pelo número
médio de vezes em que a moeda é gasto por período (a velocidade de circulação da moeda V), é
igual ao preço médio por transação vezes o número total de transações T.

A teoria dizia que a moeda afeta os preços indo a causalidade no sentido da moeda para os preços;
acreditava também que a velocidade de circulação é determinada exogenamente pelo nível de renda
da sociedade e hábitos de pagamento. For fim, dizia que somente variáveis reais afetariam o volume
de transações na economia.

Na versão marshalliana escreve-se: M = k.PT, onde k representa a fração média da renda total retida
na forma de moeda em cada período. Matematicamente, se escrevermos k= 1/v as duas equações
anteriores seriam a mesma coisa, no entanto o enfoque é um pouco diferente em cada caso.

A equação de Cambridge não enfatiza o gasto da moeda, mas o papel da moeda enquanto pouso
temporário de poder de compra e se preocupava em explicar porque os indivíduos retêm ativos
líquidos.
Keynes aceita os postulados da TQM, mas de modo intuitivo ele reconhecia que variações nos preços
teriam efeitos temporários em V e na situação dos negócios.

Keynes pensava que a versão marshalliana tornava mais explícito o mecanismo de transmissão da
moeda para os preços. Tal mecanismo seria descrito, simplificadamente, da seguinte forma: o
aumento das reservas de ouro reduz as taxas de juros, aumentam os empréstimos contraídos pelos
empresários e o gasto deles leva à elevação dos preços, reduzindo assim o volume real de transações
financiado por unidade de ouro.

10. O que é o mecanismo de transmissão da TQM? Como a moeda pode afetar o lado real mesmo
aceitando-se a TQM?

À época, a TQM era explicada de duas maneiras: a versão transacional de I. Fisher e o enfoque de
Marshall dos saldos monetários. Até 1914, Keynes usava ambas as versões em suas aulas.

A equação de trocas de Fisher, MV = PT, diz que o volume de moeda M multiplicado pelo número
médio de vezes em que a moeda é gasto por período (a velocidade de circulação da moeda V), é
igual ao preço médio por transação vezes o número total de transações T.

A teoria dizia que a moeda afeta os preços indo a causalidade no sentido da moeda para os preços;
acreditava também que a velocidade de circulação é determinada exogenamente pelo nível de renda
da sociedade e hábitos de pagamento. For fim, dizia que somente variáveis reais afetariam o volume
de transações na economia.

Na versão marshalliana escreve-se: M = k.PT, onde k representa a fração média da renda total retida
na forma de moeda em cada período.
Matematicamente, se escrevermos k= 1/v as duas equações anteriores seriam a mesma coisa, no
entanto o enfoque é um pouco diferente em cada caso.

A equação de Cambridge não enfatiza o gasto da moeda, mas o papel da moeda enquanto pouso
temporário de poder de compra e se preocupava em explicar porque os indivíduos retêm ativos
líquidos.

Keynes aceita os postulados da TQM, mas de modo intuitivo ele reconhecia que variações nos preços
teriam efeitos temporários em V e na situação dos negócios.

Keynes pensava que a versão marshalliana tornava mais explícito o mecanismo de transmissão da
moeda para os preços. Tal mecanismo seria descrito, simplificadamente, da seguinte forma: o
aumento das reservas de ouro reduz as taxas de juros, aumentam os empréstimos contraídos pelos
empresários e o gasto deles leva à elevação dos preços, reduzindo assim o volume real de transações
financiado por unidade de ouro.

11. Quais as críticas que Keynes fazia à volta ao padrão-ouro na Inglaterra em 1925?

No Tratado sobre a Reforma Monetária Keynes argumenta que flutuações no valor da moeda,
provocadas por variações no preço do ouro, acarretam flutuações de curto prazo nos negócios
porque alteram a participação relativa das diferentes classes de renda e afetam as expectativas dos
agentes. Com salários nominais fixos, preços declinantes reduzem as expectativas de lucros,
perturbando a produção de mercadorias. Era importante, portanto, a estabilidade monetária e esta
não poderia ser obtida com a volta ao padrão-ouro.

Para Keynes, a volta do padrão-ouro só favoreceria uma elite e não representaria remédio eficaz para
a perda da supremacia industrial da Inglaterra e o desemprego em massa verificado nos anos 20. A
falta de competitividade dos produtos ingleses acarretaria uma saída líquida de ouro no
financiamento às importações. Nas novas condições do pós-guerra, o padrão-ouro só seria
sustentável com a queda dos preços internos de modo a restabelecer a competitividade dos
produtos britânicos no comércio internacional.

Keynes intuiu que os processos naturais e auto-regulados de obtenção do equilíbrio na economia


inglesa não estavam se verificando e que era ilusória a crença em um ajuste harmônico entre o
câmbio e preços internos. A queda de preços só poderia ser alcançada com doses cavalares de
recessão e desemprego. Ao longo dos anos 20, Keynes permaneceu ativo nos debates sobre políticas
públicas.

12. Descreva as teses principais encontradas no Tratado sobre a moeda. Por que a taxa de juros
não garante o equilíbrio automático entre poupança e investimento? Qual foi a principal crítica
que se fez ao Tratado e que levou Keynes a reelaborar seu pensamento?

Keynes delineia sua versão da teoria wickselliana do ciclo de crédito. Menos de um ano após a
publicação do Tratado sobre a Reforma Monetária Keynes já vinha procurando teorizar sobre a
moeda no contexto de ciclo de créditos. As idéias do artigo de 1913 foram retomadas agora para
atacar o problema da composição dos saldos monetários e as causas de suas flutuações. O ponto
central da análise recaia na relação entre poupança e investimento.

No novo livro, Keynes, acreditando agora que as discrepâncias entre poupança e investimento não
dependem da ação explícita do sistema bancário. Keynes afastou-se também da TQM acreditando
que ela não explicaria as flutuações de curto prazo na economia

No Tratado sobre a Moeda poupança e investimento são efetuados por classes distintas de pessoas
com motivos diferentes, não havendo numa economia monetária de crédito algum mecanismo
automático que as equipare.

Keynes usa os conceitos de taxa natural de Wicksell, a produtividade do capital, e taxa de juros de
mercado. Se mantida em seu valor natural, a taxa de juros não teria impacto inflacionário. A taxa de
mercado almejada pelos emprestadores pode estar acima ou abaixo da taxa de lucro esperada pelos
investidores. Se as primeiras são demasiadamente elevadas, o investimento fica aquém daquilo que
a comunidade deseja poupar. A insuficiência do investimento pode ser combatida se o banco central
puder intervir fazendo baixar as taxas de juros.No entanto, sob o padrão-ouro há uma rigidez para se
fixar uma taxa baixa o suficiente para permitir a igualdade entre investimento e poupança desejada.
A conseqüência disto é o desemprego em massa.
Há diversos outros aspectos interessantes no Tratado sobre a Moeda, lá aparecem os rudimentos da
teoria da preferência pela liquidez e outras importantes definições. Embora Keynes estivesse
interessado em mostrar o efeito das taxas de juros elevadas na persistência da recessão, o foco foi
colocado nas variações do nível de preços e não nas variações do produto.

Keynes chegou a considerar o Tratado sobre a Moeda sua magnumopus. No entanto, ele cedeu as
críticas de F.A. Hayek e Sraffa na revisão da obra. O Tratado levou a formação de um grupo de
leitores, conhecido como “O Circo”, composto por jovens economistas de Cambridge: Joan Robinson,
Richard Kahn, Piero Sraffa, Austin Robinson e James Meade.
Kahn entregou a Keynes o conteúdo resultante da discussão nos encontro do Circo. Keynes utilizou
muitas destas propostas na re-elaboração de suas idéias. Ele considerou particularmente relevante a
crítica quanto à ausência de uma teoria de determinação do emprego e da produção agregada, um
problema muito importante dado o elevado desemprego da época. Um pequeno artigo de Richard
Kahn, de 1931, proporcionou a Keynes uma idéia chave: a teoria do multiplicador do gasto da renda.

13. Quais as raízes econômicas da crise de 1929?

A crise de 1929 foi em parte um fenômeno monetário e financeiro, mas ela refletia também
problemas no lado real da economia. Os anos 20 foram de fusões entre empresas e expansão da
produção em massa apoiada nas indústrias de aço, vidro, máquinas, petróleo e outras. Esta base
produtiva vinha crescendo na medida em que as expectativas eram favoráveis. Ampliava-se a
capacidade produtiva para a conquista de novos mercados. As empresas buscavam recursos externos
emitindo ações ou contraindo empréstimos.

O crédito ampliava-se no financiamento aos investimentos. A partir de um certo ponto, a capacidade


produtiva se tornou suficiente para atender a demanda e daí em diante tornar-se-ia cada vez mais
difícil encontrar novas oportunidades para reinvestir os lucros. Os excedentes eram atraídos para
aplicações financeiras e em ações. Com a queda no investimento produtivo, parte dos recursos era
desviada e passava a ser orientada para a especulação. Como resultado, ocorre a elevação nos
preços das ações e crescente onda especulativa. Os lucros crescem a despeito da crescente
fragilidade da base produtiva. Dada a capacidade ociosa, o desemprego no setor de bens de capital
reduzia o consumo. Queda no consumo afetava as indústrias de bens de consumo gerando nova
onda de desemprego e assim por diante até a ruptura do sistema de produção. Enquanto isso, o
setor financeiro acenava para a ilusão de prosperidade.

A forte restrição monetária levava os agentes a saldarem dívidas com novos papéis. A restrição
monetária implicava o aumento na velocidade de circulação da moeda e queda nos preços. O
estreitamento dos recursos das empresas e a notícia de falências impulsionavam a corrida ao resgate
das aplicações. Muitos aplicadores foram à falência total. Uma avenida de fatos preocupantes como
a queda no consumo e no investimento, a falência bancária e a fuga de capital conduzia
inexoravelmente à depressão.

14. Qual a ideia econômica básica de Keynes na Teoria Geral?

A ideia básica de Keynes é simples. A fim de manter o pleno-emprego na economia, o governo deve
gerar déficits orçamentários quando a economia entrar em recessão. A baixa atividade econômica de
então se deve ao fato de o setor privado não estar investindo o suficiente. Os empresários tinham
reduzido os investimentos ao perceberem que o mercado estava saturado, entrando a economia
num círculo recessivo de menos investimento, menos trabalho, menos consumo e novos motivos
para se investir menos. A economia poderia alcançar algum equilíbrio, mas a custa de elevado
desemprego e miséria social. Assim, o governo deve antecipar a fim de evitar maior sofrimento,
complementando os investimentos ao sinal de insuficientes iniciativas do setor privado

Ele mantém uma certa linha de continuidade com o Tratado sobre a Moeda, como a separação dos
planos de poupança dos de investimento, a ausência de equilíbrio automático na economia e a
função da moeda como reserva de valor. O novo livro, no entanto, vai além do Tratado ao propor um
mecanismo unificador apoiado no princípio da demanda efetiva. Este princípio insere-se em uma
teoria abrangente sobre demanda e oferta agregada que explica que se a demanda estiver abaixo da
oferta a produção deve diminuir para que ambas se equilibrem, o que acarreta a possibilidade de
equilíbrio estável abaixo do pleno-emprego. O esquema de demanda e oferta agregadas de Keynes
parecia não apenas explicar a recessão como mostrava as formas de se escapar dela.

15. Comente as semelhanças metodológicas entre Keynes e os neoclássicos de Cambridge.

Keynes via a sua teoria como uma total ruptura com a ortodoxia corrente a que denominou de
“teoria clássica”. Os autores clássicos a que ele se refere eram simplesmente os neoclássicos da
Universidade de Cambridge, seguidores de Alfred Marshall que representava a consolidação da
Revolução Marginalista no mundo de fala inglesa. Marshall procurou integrar os trabalhos de
Ricardo, Mill e outros economistas britânicos “clássicos” (no sentido usual) ao marginalismo radical
de Jevons, mais próximo da tradição continental.

Keynes foi discípulo de Marshall, ao lado de Arthur Pigou e Dennis Robertson, e até então comungou
na mesma cartilha dele. Como os neoclássicos de Cambridge, Keynes confiava em argumentos
práticos e intuitivos, mais do que no formalismo matemático. Ele levava em consideração certos
aspectos como tempo histórico, estrutura institucional e industrial e fenômenos do mundo real tais
como incerteza, moeda e ciclo dos negócios.

Esta estratégia de análise era típica de Cambridge. Também o era o enfoque dando ênfase às
condições representativas no lugar da análise sob condições ideais, típica dos economistas
continentais. Diferentemente do liberalismo mais radical da escola de Manchester, os marshallianos
alimentavam uma certa crítica ao laissez-faire, que era aceito somente com numerosas qualificações.
Muitos deles eram utilitaristas e como tais tendiam a julgar o livre mercado com base em seus
resultados.

Keynes não era utilitarista, mas o seu filósofo social Moore guarda alguma proximidade com o
utilitarismo. A doutrina marshalliana era a articulação teórica das estruturas social, política e
econômica da era vitoriana, um antídoto às correntes marxistas e socialistas do período. A nova visão
da economia proposta por Keynes ajudou a afundar o navio da economia marshalliana nos anos 30.
À crítica de Keynes se somam também os ataques desferidos por Sraffa em 1926 minando a teoria da
firma de Marshall e a ascensão de V. Pareto neste período, agora estabelecido na London School of
Economics.
16. Interprete esta frase nossa: “Keynes ousou qualificar o desemprego em massa como uma
situação de equilíbrio, rompendo com a crença na eficiência dos mercados.”

Havia a clara percepção de que o laissez-faire parecia agravar o problema, mas não se sabia
exatamente porque. O diagnóstico tradicional imputando a responsabilidade da crise nos salários
elevados acima do equilíbrio não mais convencia. A teoria ortodoxa supunha uma economia
tendendo para o pleno-emprego, no entanto a economia real insistia em manter a recessão.

17. O que é o “paradoxo da parcimônia”?

Keynes interpretava esses acontecimentos históricos como um indício de que as instituições


financeiras e a moeda podem ser danosas ao capitalismo. Ele enfatiza então o papel das expectativas
e da incerteza, mostrando que a ilusão de riqueza pode levar a ruína da economia. Crítica o
pensamento ortodoxo que só supõe a austeridade na solução da crise. Keynes apresenta então o
“paradoxo da parcimônia”, em que a contenção do consumo e o aumento da poupança ao invés de
serem benéficos podem ser danosos ao capitalismo, pois a renda poupada deixa de gerar emprego,
esfria a economia e aprofunda a crise. O jogo das forças econômicas deveria então ser suplementado
pela ação do Estado e o dispêndio ser estimulado em momento de depressão econômica

18. Para Keynes, qual o papel da preferência pela liquidez na determinação da taxa de juros?

A ênfase da teoria é explicar a determinação da produção agregada e, portanto, do emprego. A idéia


central era de que o equilíbrio é determinado pela demanda e que em certos casos é possível o
desemprego prolongado. Os preços flexíveis não seriam capazes de curar o desemprego. Do lado
monetário, Keynes também forneceu uma nova interpretação. As taxas de juros não seriam
determinadas no mercado de fundos emprestáveis, mas no mercado de moeda onde a demanda de
moeda dependeria da preferência pela liquidez.

19. Que postulado da Economia clássica foi rejeitado por Keynes e qual a relação entre esse
postulado e a ideia de desemprego involuntário?

Keynes contesta a teoria clássica do emprego. Analisa o que define como os dois postulados
clássicos: concorda com o primeiro deles de que o salário real seja determinado pela produtividade
marginal do trabalho, mas resiste a certas implicações do outro postulado que diz ser o salário real
igual à desutilidade marginal do trabalho existente.

Ele argumenta que não é verdadeiro o corolário derivado do segundo postulado de que não existe
desemprego involuntário, isto é, de que todos os empregados poderiam conseguir emprego
simplesmente aceitando uma queda nos salários. Argumenta Keynes que se o salário real iguala-se à
desutilidade marginal do trabalho, isto implica que o indivíduo pode aumentar as horas trabalhadas
revendo a sua noção de desutilidade marginal do trabalho e aceitando um salário mais baixo. A nível
Macroeconômico, se os trabalhadores como um todo concordarem com redução dos salários
monetários mais empregos estariam disponíveis.

Alguns economistas de Cambridge, como Pigou, aceitavam o desemprego involuntário fora do


equilíbrio, uma situação em que mesmo com a queda dos salários reais o desemprego estaria
aumentando. Entretanto, Keynes argumenta que os clássicos não levam em conta o papel da moeda
e que os salários monetários não evoluem da mesma maneira que os salários reais.

20. Qual o teor da crítica de Keynes à Lei de Say?

Keynes critica a Lei de Say: a idéia de que a oferta agregada cria a sua própria demanda para todos os
níveis de preço e emprego. Keynes relaciona esta lei com a tese do equilíbrio de pleno-emprego:

“A lei de Say, segundo a qual o preço de demanda agregada da produção em conjunto é igual ao
preço da sua oferta agregada para qualquer volume de produção, equivale à proposição de que não
há obstáculo para o pleno-emprego. Contudo, não sendo esta a verdadeira lei que relaciona a
demanda agregada e as funções da oferta, falta ainda escrever um capítulo da teoria econômica,
cuja importância é decisiva e sem o qual é inútil qualquer discussão a respeito do volume do emprego
agregado.”

21. Como Keynes define a noção de “custo de uso”?

“Definimos o custo de uso como sendo a redução de valor sofrida pelo equipamento em virtude de
sua utilização, comparada com a que teria sofrido se não tivesse havido tal utilização, levando em
conta o custo de manutenção e das melhorias que conviesse realizar, além das compras a outros
empresários.”

22. Como é a função consumo proposta por Keynes?

O Livro Terceiro introduz os novos conceitos de propensão marginal a consumir (pmc) e multiplicador
dos gastos da renda. Keynes supõe uma função de consumo estável que só depende da renda
corrente e uma pmc que varia com o nível de renda, sendo menor no patamar elevado de renda.
Com essa hipótese ele retoma a noção de multiplicador da renda de Kahn estabelecendo
formalmente a idéia de que variação nos gastos da renda produz um efeito na renda de equilíbrio
tanto maior quanto mais elevada for apmc.

23. Como a função de investimento relaciona-se com o conceito de eficiência marginal do capital?

Apresenta dois outros conceitos chaves na construção analítica de Keynes: a eficiência marginal do
capital e a teoria dos juros com base na preferência pela liquidez.

● O primeiro conceito relaciona o preço de oferta do capital com as expectativas dos


investidores e permite determinar uma curva de demanda de investimento, suposta estável
no curto prazo, onde o volume de investimento decresce com o aumento da taxa de juros.
● Na ideia de preferência pela liquidez a demanda de moeda depende da escolha de estoques
de ativos, além de depender de fluxos de renda e despesas.
● Os indivíduos demandam moeda como ativo, dada a existência de incerteza quanto ao futuro
da taxa de juros.
● Na ideia de preferência pela liquidez a demanda de moeda depende da escolha de estoques
de ativos, além de depender de fluxos de renda e despesas.
● Os indivíduos demandam moeda como ativo, dada a existência de incerteza quanto ao futuro
da taxa de juros.

A uma certa taxa de juros, os especuladores podem entrar no mercado vendendo papéis, quando
esperam uma alta nos juros, reduzindo os preços de títulos da dívida ou o valor de outras aplicações.
Em face do risco de “perda de capital” de se reter aplicações financeiras, os agentes mantêm parte
de sua riqueza, ou até a totalidade dela, em ativo líquido. A preferência pela liquidez determina a
taxa de juros:

“A taxa de juros em qualquer instante do tempo, sendo ela a recompensa de se abdicar da liquidez, é
uma medida do desejo daqueles que possuem moeda de abandonar o controle sobre ela. A taxa de
juros não é o preço que equilibra a demanda de recursos para investimento com a disposição de se
abster do consumo presente. Ela é o preço que equilibra o desejo de manter a riqueza na forma de
moeda com a quantidade disponível dela”.

O nível de emprego depende do comportamento dessas variáveis. A propensão a consumir e o


investimento em novos equipamentos fixam um teto para o nível de atividade econômica. A moeda
desempenha o papel de ser um elo entre o presente e o futuro ao refletir as incertezas acerca do
futuro por parte de emprestadores e tomadores de empréstimo e transferi-las para a taxa de juros e
o nível de investimento.

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