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ESTADO DO MARANHÃO

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO


ASSESSORIA ESPECIAL DO PROCURADOR-GERAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL

Distribuição por dependência às ACOs nºs 3.484/CE e 3.487/BA

O ESTADO DO MARANHÃO, neste ato representado pela


Procuradoria Geral do Estado, situada na Avenida Presidente Juscelino, Lote 25, Quadra
22, Loteamento Quintas do Calhau, São Luís (MA), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA

COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representada pela


Advocacia Geral da União, com endereço no Setor de Autarquias Sul, Quadra 03, Lote
5, Ed. Sede, inscrita no CNPJ nº 26.994.558/0001-23, endereço eletrônico
pgu@agu.gov.br, pelos fundamentos a seguir expostos:

Av. Presidente Juscelino, Lote 25, Qd. 22, Loteamento Quintas do Calhau, São Luís (MA).
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I - QUADRO SINÓTICO

A Lei nº 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc), dispõe sobre ações


emergenciais de apoio ao setor cultural a serem adotadas durante a pandemia. A regra foi
regulamentada pelo Decreto nº 10.464/2020.
A norma impôs que as ações incentivadas e/ou financiadas por
meio dos recursos fornecidos neste programa deveriam ser realizadas somente durante
o período de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, isto é,
com termo final em 31/12/2020.
Contudo, os recursos foram disponibilizados ao Estado do
Maranhão somente em 10/09/2020, o que inviabilizou o uso de todo o montante
repassado ao Estado.
Assim, neste momento, há recursos relativos ao programa,
já repassados ao Ente Federativo, cujo uso está impedido por força da limitação
temporal imposta pela Lei nº 14.017/2020, que, embora tenha, expressamente,
indicado que visava amparar o setor cultural durante o período da pandemia,
desarrazoadamente, vinculou o uso desses valores ao prazo de vigência do
Decreto Legislativo nº 6/2020.
De outro lado, o Decreto nº 10.464/2020, que regulamenta a Lei
Aldir Blanc, impôs às Unidades Federativas a obrigação de prestação de contas dos
recursos do programa no prazo de 180 dias após o término do estado de calamidade
previsto no Decreto Legislativo nº 06/2020. Em razão disso, os Entes Federativos
poderiam efetuar a prestação de contas até 29/06/2021.
No entanto, com o advento da Medida Provisória nº
1.019/2020, a execução do programa instituído pela Lei nº 14.017/2020 teve nova
roupagem, admitindo que os recursos já empenhados no exercício de 2020 fossem
liquidados e pagos para os agentes culturais durante o exercício financeiro de 2021.
Ocorre que não houve o ajuste da norma regulamentar, que
mantém a exigência de prestação de contas no prazo de 180 dias contados de
31/12/2020, o que gera descompasso entre as fases da execução orçamentária e cria uma

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inexequível obrigação de prestar contas antes do término do período de repasse dos


recursos.
Em razão desses fatos, o Estado do Maranhão vem perante essa
Suprema Corte requerer tutela de urgência e, alfim, julgamento de mérito, que
compatibilize a execução da norma com a situação de continuidade da crise sanitária
autorizando que o saldo dos recursos recebidos por meio da Lei Aldir Blanc ainda
disponíveis, sejam executados (empenhados, liquidados e pagos) durante o ano de 2021.
Subsidiariamente, solicita a compatibilização do Decreto nº
10.464/2020 com o texto atual da Lei nº 14.017/2020, por meio da prorrogação do prazo
para a apresentação do relatório de gestão final acerca da execução dos projetos e ações
financiados e/ou apoiados pela Lei Aldir Blanc para momento posterior ao período de
liquidação e pagamento.

II - DA DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA

Tendo em vista a conexão da presente ação com as ACOs


nº 3.484/CE e nº 3.487/BA, em razão da identidade de pedidos e causa de pedir,
com fundamento no art. 55 do Estatuto Processual e no art. 69 do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal, pugna o requerente pela distribuição por
dependência à Excelentíssima Ministra CÁRMEN LÚCIA, relatora da ação
acima indicada.

III – DA NATUREZA FEDERATIVA DO CONFLITO

TRADUZIDO NESTA DEMANDA

A competência constitucional originária do Supremo Tribunal


Federal para a ação prevista no art. 102, inc. I, alínea f, da Constituição Federal, refere-se
às “causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou
entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta”.

Ao intepretar o dispositivo constitucional, esta Corte firmou

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entendimento no sentido de que a Ação Cível Originária exige a demonstração de que a


lide judicializada tenha potencialidade para violar o pacto federativo.

O conflito federativo está presente no caso em exame, uma vez


que repousa sobre os Entes Federados a responsabilidade de executar uma política
pública e efetuar a prestação de contas dos recursos relacionados a ela em período e de
modo incompatíveis com o próprio objetivo da norma que institui o programa.

Como será demonstrado abaixo, a União entregou ao Entes


Federativos montante para a execução de políticas de apoio ao setor cultural (i) fixando
prazo exíguo para o uso dos recursos, (iii) exigindo prestação de contas de modo a
inviabilizar a boa gestão desses recursos e, via de consequencia (iii) impondo o risco de
responsabilização dos agentes públicos encarregados do ato, da própria Unidade
Subnacional, por meio de procedimentos fiscalizatórios do Tribunal de Contas da União
e do registro do Estado em cadastros capazes de restringir o patrimônio jurídico e
material da Unidade Federativa.

A Corte, com frequência, tem processado e julgado ações


repressivas relativas à inserção das unidades subnacionais em cadastros do gênero (v.g.
ACO nº 1.995, Rel. Min. Marco Aurélio; ACO nº 3.339, Rel. Min. Luiz Fux),
contudo, na visão do Autor, maiores justificativa existem para a admissão de
ações que visem evitar o cadastro indevido.

Adicionamente, importante destacar que o tema versado nesta


ação foi objeto de demanda idêntica, proposta pelo Estado do Ceará (ACO nº 3484),
ocasião na qual a Ministra Relatora, Carmen Lúcia, reconheceu o caráter federativo da
lide, nos termos seguintes:

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. LEI ALDIR BLANC. AÇÕES


EMERGENCIAIS. SETOR CULTURAL. PANDEMIA. MEDIDA
PROVISÓRIA N. 1.019/2020. PRORROGAÇÃO DE PRAZO
PARA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIO DE GESTÃO
FINAL E DE EXECUÇÃO DOS PROJETOS AO MINISTÉRIO
DO TURISMO. TUTELA DE URGÊNCIA DEFERIDA.
PROVIDÊNCIAS PROCESSUAIS. (...)

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3. Este Supremo Tribunal assentou ser necessário examinar os


aspectos políticos e institucionais da lide para aferir se há, na
questão judicializada, conflito real ou potencial capaz de tocar a
questão relativa ao equilíbrio federativo, fragilizando a harmonia
nas relações estatuídas entre as pessoas estatais. Esses os elementos
balizadores da fixação da competência originária estabelecida na
al. f do inc. I do art. 102 da Constituição da República. Na espécie
em exame, o Ceará busca obrigar a União a prorrogar o prazo para
a apresentação do Relatório de Gestão Final e o de execução dos
projetos ao Ministério de Turismo.
4. A questão posta, de inegável relevo e urgência, no atual contexto
econômico e social, severamente impactado pela pandemia
desencadeada pelo novo Coronavírus (Covid-19) e suas
repercussões, a continuidade dessas condições pela ocorrência da
denominada “segunda onda” e a grave situação experimentada
pelos Estados e pelos profissionais da cultura revelam conflito de
caráter político-federativo nos termos postos na al. f do inc. I do art.
102 da Constituição da República, a justificar a competência
originária deste Supremo Tribunal.
(...)

Convém destacar que o Estado da Bahia apresentou Ação Cível


Originária com objeto semelhante (ACO nº 3.487), que, também, foi admitida e
processada por esta Corte, reforçando a existência de controvérsia federativa na lide.

Por todos os argumentos acima expendidos, na visão do Estado


proponente, está demonstrado o caráter federativo da demanda e a competência do
Supremo Tribunal Federal para processá-la e julgá-la.

III – DETALHAMENTO DOS FATOS E


FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A presente ação visa a prorrogação do prazo da política


pública instituída por meio da Lei Aldir Blanc para garantir o apoio ao setor
cultural durante o período de pandemia, possibilitando que os recursos já
transferidos pela União por meio deste programa sejam empenhados, liquidados
e pagos durante todo o ano de 2021 ou enquanto durar o período excepcional de
crise sanitária e ocorra a prestação de contas desses recursos a partir do final deste lapso

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temporal.

Subsidiariamente, caso não acatado o pedido resumido no


parágrafo anterior, solicita seja proferida decisão que corrija o descompasso entre o
período para pagamento dos recursos relativos aos projetos culturais executados com
recursos da Lei Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), já empenhados em 2020, o qual se
estende durante todo o ano de 2021, conforme o art. 14-A, inserido por meio da Medida
Provisória nº 1.019, de 29 de dezembro de 2020, e a obrigação de prestação de
contas destes recursos, a qual deve ocorrer em prazo anterior ao próprio período
de liquidação e pagamentos, nos termos do art. 16 do Decreto nº 10.464, de 17 de
agosto de 2020.

Os fatos e fundamentos que subsidiam o pedido são


especificados nos itens abaixo.

3.1. NECESSIDADE DE PRORROGAÇÃO DO PRAZO


PARA A EXECUÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA.

DESCOMPASSO ENTRE O PRESSUPOSTO FÁTICO


E A REALIDADE SANITÁRIA

A Lei nº 14.017, de 29 de junho de 2020, dispôs sobre ações


emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Nesse sentido, esclarecedor o art. 2º da Lei, que possui o seguinte teor:

Art. 2º A União entregará aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios, em parcela única, no exercício de 2020, o valor de R$
3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) para aplicação, pelos Poderes
Executivos locais, em ações emergenciais de apoio ao setor cultural
por meio de:
I - renda emergencial mensal aos trabalhadores e trabalhadoras da
cultura;
II - subsídio mensal para manutenção de espaços artísticos e
culturais, microempresas e pequenas empresas culturais,

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cooperativas, instituições e organizações culturais comunitárias que


tiveram as suas atividades interrompidas por força das medidas de
isolamento social; e
III - editais, chamadas públicas, prêmios, aquisição de bens e
serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos
destinados à manutenção de agentes, de espaços, de iniciativas, de
cursos, de produções, de desenvolvimento de atividades de
economia criativa e de economia solidária, de produções
audiovisuais, de manifestações culturais, bem como à realização de
atividades artísticas e culturais que possam ser transmitidas pela
internet ou disponibilizadas por meio de redes sociais e outras
plataformas digitais.

A distribuição dos recursos ocorreu mediante repasse da União


aos Estados e Municípios, cabendo a esses aplicação dos recursos por meio de
fornecimento de renda mínima aos agentes culturais, subsídio a instituições
culturais (lato sensu) e editais, chamadas públicas ou outros instrumentos
destinados à manutenção de agentes, espaços e iniciativas culturais.

Ao Estado do Maranhão foi ofertado o montante R$


61.466.556,42 (sessenta e um milhões quatrocentos e sessenta e seis mil,
quinhentos e cinquenta e seis reais e quarenta e dois centavos), de acordo com as
informações prestadas pela Secretaria de Estado de Cultura (DOC. 1).

Conforme as informações da Secretaria Especializada, além


da distribuição da renda emergencial prevista no inciso I do artigo 2º da Lei nº
14.017/2020, foram publicados e executados pela Secretaria de Estado da Cultura
do Maranhão, com base no inciso III, 6 (seis) editais destinados aos mais variados
seguimentos.

Na execução destas ações, o Estado do Maranhão dispendeu o


valor de R$ 34.240.105,25 (trinta e quatro milhões, duzentos e quarenta mil, cento e cinco
reais e vinte e cinco centavos), de sorte que restou um saldo não executado no
montante de R$ 27.226.451,17 (vinte e sete milhões, duzentos e vinte e seis mil,
quatrocentos e cinquenta e um reais e dezessete centavos).

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A existência deste saldo remanescente de recursos se deve ao


prazo exíguo para o planejamento e a execução das medidas.

Com efeito, a Secretaria de Estado de Cultura informou que a


efetiva disponibilidade dos recursos para utilização pelo Estado do Maranhão ocorreu
em 10/09/2020 e, como já foi sublinhado acima, nos termos do art. 1º da norma, a
execução das ações financiadas pelos recursos previstos na Lei 14.017/2020 deveria
ocorrer durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº
6, de 20 de março de 2020, isto é, até 31/12/2020.1

A fim de afastar qualquer dúvida quanto à limitação temporal ao


uso dos recursos, a Lei nº 14.017/2020 foi alterada pela Lei nº 14.036/2020, que alterou
o art. 14, § 2º, daquela norma, a fim de exigir que os recursos que não fossem objeto de
programação no prazo de 120 dias contados do recebimento fossem devolvidos à União,
litteris:

Art. 14. Para as medidas de que trata esta Lei poderão ser utilizados
como fontes de recursos:
(...)
§ 2º Os recursos repassados na forma prevista nesta Lei, observado
o disposto no § 2º do art. 3º desta Lei, que não tenham sido
destinados ou que não tenham sido objeto de programação
publicada pelos Estados ou pelo Distrito Federal no prazo de 120
(cento e vinte) dias, contado da data da descentralização realizada
pela União, serão restituídos na forma e no prazo previstos no
regulamento.

1
Art. 1º Fica reconhecida, exclusivamente para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de
maio de 2000, notadamente para as dispensas do atingimento dos resultados fiscais previstos no art.
2º da Lei nº 13.898, de 11 de novembro de 2019, e da limitação de empenho de que trata o art. 9º da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública, com efeitos
até 31 de dezembro de 2020, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por
meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020.

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A norma foi secundada pelo Decreto nº 10.464/2020, cujo art.


13 dispõe:

Art. 13. Os recursos não destinados ou que não tenham sido objeto
de programação publicada no prazo de cento e vinte dias após a
descentralização aos Estados serão restituídos no prazo de dez dias
à Conta Única do Tesouro Nacional por meio da emissão e do
pagamento de Guia de Recolhimento da União eletrônica.

Essa limitação temporal fere a razoabilidade, uma vez que não é


compatível com os fins do instituídos pelo programa e, menos ainda, com a realidade
fática de continuidade de crise sanitária.

A leitura da Lei nº 14.017/2020 demonstra que o programa


instituído por ela possui uma teleologia clara: prover recursos para amparar ações
emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de
calamidade pública decorrente da crise sanitária. Dessa sorte, não há sentido em vincular
a realização dessas ações estritamente ao prazo do Decreto Legislativo nº 6/2020
e não, efetivamente, à situação que pretende remediar.

Infelizmente, a previsão de que a situação de calamidade pública


decorrente da crise sanitária encerraria ao final do ano de 2020, que orientou a criação da
lei, revelou-se errônea. É fato notório que o mês recém-encerrado (março de 2021)
produziu o maior número de mortes desde o início da pandemia até o presente momento.
A crise sanitária não foi debelada ao final do ano de 2020, mas, contrariamente, tem seu
momento mais acentuado no corrente ano de 2021.

A norma, neste caso, não poder ser extraída mediante mera


subsunção dos fatos ao texto, uma vez que Lei Aldir Blanc possui um caráter
explicitamente teleológico, finalístico e não foram confirmados os pressupostos com
base nos quais o texto foi editado, o que impediu o alcance dos objetivos da norma.

A literatura especializada, desde muito, advoga que a


interpretação possui implicitamente uma possibilidade de exceção, aplicável às

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situações nas quais, mesmo que presente a correspondência entre a hipótese


abstratamente descrita e o seu suporte fático, deveria ocorrer o seu afastamento
em razão da incompatibilidade entre o contexto fático e a teleologia normativa.

No caso dos autos, impõe-se uma interpretação criadora da


norma jurídica que supere parcialmente o texto para afastar a limitação temporal de uso
dos recursos públicos, levando em consideração o objetivo expressamente declarado pela
própria norma.

Requer-se, portanto, a construção de raciocínio jurídico que


considere a excepcionalidade, em razão da continuidade da crise sanitária, e
autorize a prorrogação do uso dos recursos fornecidos por meio da Lei nº
14.017/2020 durante o ano de 2021 ou enquanto durar a crise sanitária decorrente
da pandemia de Sars-Cov-2.

Curial destacar que o Ministério da Saúde, órgão especializado na


gestão sanitária, editou a Portaria nº 188/2020 (DOC. 2), por meio da qual reconheceu
a situação de Emergência de saúde pública de importância nacional (ESPIN) em
razão da epidemia de Sars-Cov-2 e instituiu o Centro de Operações de Emergências
em Saúde Pública (COE-nCoV) como mecanismo nacional da gestão coordenada da
resposta à emergência no âmbito nacional.

Esse órgão possui entre suas atribuições decidir sobre o


momento adequado de declarar encerrada a Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional, litteris:

Art. 1º Declarar Emergência em Saúde Pública de Importância


Nacional conforme Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011;
Art. 2º Estabelecer o Centro de Operações de Emergências em
Saúde Pública (COE-nCoV) como mecanismo nacional da gestão
coordenada da resposta à emergência no âmbito nacional.
(...)
Art. 3º Compete ao COE-nCoV:
(...)

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d) o encerramento da ESPIN.

Até o presente momento, o órgão competente não reconheceu o


fim da situação de emergência em saúde pública de importância nacional, o que
demonstra o equívoco da vinculação do uso dos recursos da Lei Aldir Blanc à uma data
certa e não ao término efetivo da pandemia.

Importa registrar e louvar que essa Suprema Corte, no período


excepcional de crise sanitária, tem exercido a jurisdição constitucional de modo
desassombrado, proferindo decisões que asseguram direitos fundamentais e a correta
mecânica da estrutura estatal.

No sentido do pleito desses autos, destaca-se a decisão cautelar


proferida pelo Ministro Ricardo Lewandowski na ADI nº 6.625 – posteriormente
ratificada pelo Plenário - em que o Exmo. Ministro estendeu a vigência de dispositivos
da Lei nº 13.979/2020, que estabelecem medidas sanitárias destinadas ao combate à
pandemia do coronavírus para além de 31 de dezembro de 2020, data prevista pelo
Decreto Legislativo nº 06/2020 para o encerramento do estado de calamidade
pública decorrente da pandemia. Na ocasião assentou o Ministro:

Na espécie, embora a vigência da Lei n° 13.979/2020, de forma


tecnicamente imperfeita, esteja vinculada àquela do Decreto
Legislativo n° 6/2020, que decretou a calamidade pública para fins
exclusivamente fiscais, repita-se, vencendo em 31 de dezembro de
2020, não se pode excluir, neste juízo precário e efêmero, próprio da
presente fase processual, a conjectura segundo a qual a verdadeira
intenção dos legisladores tenha sido a de manter as medidas
profiláticas e terapêuticas extraordinárias, preconizadas naquele
diploma normativo, pelo tempo necessário à superação da fase mais
crítica da pandemia, mesmo porque à época de sua edição não lhes
era dado antever a surpreendente persistência e letalidade da
doença.
Tal fato, porém, segundo demonstram as evidências empíricas,
ainda está longe de materializar-se. Pelo contrário, a insidiosa
moléstia causada pelo novo coronavírus segue infectando e
matando pessoas, em ritmo acelerado, especialmente as mais
idosas, acometidas por comorbidades ou fisicamente debilitadas.

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Por isso, a prudência - amparada nos princípios da prevenção e da


precaução,14 que devem reger as decisões em matéria de saúde
pública - aconselha que as medidas excepcionais abrigadas na Lei
n° 13.979/2020 continuem, por enquanto, a integrar o arsenal das
autoridades sanitárias para combater a pandemia.
(...)

Provimento semelhante requer o Estado do Maranhão nesta


demanda, por meio do proferimento de decisão aditiva que autorize o Ente Subnacional
a programar os recursos que lhe foram repassados até o final do exercício de 2021, bem
como apresentar o relatório de gestão final até 180 dias após o encerramento do exercício
de 2021.

3.2. SUBSIDIARIAMENTE:

PRORROGAÇÃO DO PERÍODOS PARA EXECUÇÃO E PRESTAÇÃO DE


CONTAS DOS RECURSOS EMPENHADOS NO ANO DE 2020

Caso não acolhido o pedido apresentado no item anterior, far-se-


á necessária a correção da incompatibilidade entre as normas da Lei nº 14.017/2020 e do
decreto que a regulamenta quanto aos prazos para liquidação, pagamento e prestação de
contas dos recursos da Lei Aldir Blanc já empenhados pelo Estado no ano de 2020.

O art. 16 do Decreto nº 10.464/2020, instrumento que


regulamenta a Lei Aldir Blanc, previu que os Entes Federativos responsáveis pela
execução das ações realizadas com recursos do programa deveriam apresentar prestação
de contas por meio do relatório de gestão final, fixando, para tanto, o prazo de prazo
180 (cento e oitenta) dias contados de 31/12/2020, termo final do estado de
calamidade pública previsto pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020, litteris:

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apresentarão


o relatório de gestão final a que se refere o Anexo I à Secretaria-
Executiva do Ministério do Turismo no prazo de cento e oitenta

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dias, contado da data em que se encerrar o estado de calamidade


pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020.

Dessarte, o prazo para a apresentação do Relatório de gestão final


encerraria em 29/06/2021.

Nos termos do art. 9º, § 2º, do Decreto nº 10.464/2020, o


relatório de gestão final é instrumento relativamente complexo, devendo conter as
seguintes informações:

I. os tipos de instrumentos realizados pelos quais foram


realizadas as transferências aos beneficiários;

II. a identificação do instrumento;

III. o total dos valores repassados por meio de cada um


dos instrumentos;

IV. o quantitativo de beneficiários;

V. cópias da publicação em Diário Oficial dos resultados


dos certames em formato PDF;

VI. a comprovação do cumprimento dos objetos


pactuados nos instrumentos;

VII. na hipótese de não cumprimento integral dos objetos


a identificação dos beneficiários e as providências adotadas
para recomposição do dano.

De modo sintético, além da prestação de contas sobre a utilização


dos recursos, o relatório final deve incluir uma auditoria dos casos em que não foram
alcançados os objetivos do programa e apontar quais medidas ressarcitórias foram
adotadas.

Emerge claro que o atendimento dessas exigências pressupõe o


encerramento do ciclo de execução da despesa previsto nos arts. 58, 63, 63 e 65 da Lei

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nº 4.320/1964, ou seja, somente pode ocorrer após o empenho, a liquidação e o


pagamento dos recursos.

Em razão da necessidade de obediência deste ciclo, a Lei nº


14.017/2020 foi alterada pela Medida Provisória nº 1.019, de 29 de dezembro de
2020, que inseriu o art. 14-A, com o seguinte teor:

Art. 14-A. Para fins de liquidação e pagamento dos recursos no


exercício financeiro de 2021, serão considerados apenas os recursos
que tenham sido empenhados e inscritos em restos a pagar pelo
ente responsável no exercício 2020.

O dispositivo em exame admitiu que os recursos já empenhados


no exercício de 2020 fossem liquidados e pagos para os agentes culturais, no exercício de
2021. Contudo, não houve modificação do prazo da prestação de contas do Estado
para com a União.

A contradição emerge do fato de que, havendo a possiblidade de


que os recursos empenhados em 2020 sejam liquidados e pagos durante todo o ano
de 2021, não há sentido em ser mantida a exigência de que a prestação de contas relativa
a esses mesmos recursos ocorra até 29/06/2021, data em que encerra o prazo previsto
no art. 16 do Decreto nº 10.464/2020.

Observa-se que há impossibilidade material do atendimento


da norma do Decreto em razão da omissão da União em editar instrumento que
compatibilizasse a alteração realizada pela medida provisória e o decreto regulamentador
da lei.

Em razão desta omissão, é viável a interferência judicial para que


ocorra a adequação entre as fases de realização de despesa e prestação de contas e, ao
final, seja concretizado o direito social à cultura, cujo exercício deve ser garantido,
apoiado e incentivado pelo Estado, nos termos do art. 215 da Constituição Federal.

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IV - DA TUTELA PROVISÓRIA

O Código de Processo Civil, no seu artigo 300, caput, indica os


requisitos para a concessão de tutela provisória de urgência, quais sejam a probabilidade
do direito, o perigo da demora e a reversibilidade dos efeitos da decisão.

Na espécie, a probabilidade do direito pode ser extraída da


evidência de incongruência entre os pressupostos fáticos sob os quais foi editada a Lei
nº 14.017/2021 e a realidade. Repise-se que a norma em exame possui finalidade
declarada, consistente em apoiar determinado setor da sociedade durante o
período da pandemia.

Contraria a razoabilidade admitir que o legislador pretenderia


instituir política pública com a finalidade de fornecer apoio a setor submetido a
vulnerabilidade em razão de uma determinada circunstância, mas determinar o
encerramento do apoio e a devolução ao erário dos recursos remanescente mesmo antes
de encerrada a situação que ensejou a política de apoio.

No que diz respeito ao pedido subsidiário, importa sublinhar a


incompatibilidade entre o prazo previsto no art. 14-A da Lei nº 14.017/2020, inserido
pela Medida Provisória nº 1.019/2020, que autoriza a liquidação e o pagamento dos
recursos durante todo o ano de 2021 e, de outro lado, a exigência de prestação de contas
dos recursos do programa em período anterior àquele prazo.

Quanto a esse ponto, destaca-se que a Suprema Corte, quando da


análise do pedido de tutela provisória apresentado na Ação Cível Originária nº 3.384,
proposta pelo Estado do Ceará, que versa sobre este tema, reconheceu a plausibilidade
do direito daquele Estado ante a inexequibilidade da obrigação prevista no art. 16 do
Decreto nº 10.464/2020.

Ainda quanto ao pedido subsidiário, é crucial destacar que, em


17/03/2021, o Ministério do Turismo, por meio da Secretaria Nacional da Economia
Criativa e Diversidade Cultural emitiu o Comunicado nº 2/2021 (DOC. 3), por meio
do qual, no Item 7, reconhece a necessidade de adequação do cronograma de
prestação de contas e informa que está em tratativas com o Ministério da Economia

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com o objetivo de definir um modo de compatibilizar o Decreto nº 10.464/2020 à nova


redação da lei, litteris:

COMUNICADO Nº 2/2021
Lei Aldir Blanc: Orientações iniciais sobre os procedimentos para
prestação de contas dos recursos recebidos por força da Lei
14.017/2020 - Lei Aldir Blanc.
(...)
7) Sobre o prazo para envio do Relatório de Gestão Final, a
Secretaria Especial de Cultura está em tratativas com o Ministério
da Economia e demais órgãos envolvidos para nova definição, em
consonância com a MP 1.019/2020.

Contudo, até o presente momento, não foi editada qualquer


norma nesse sentido.

O perigo de dano, quanto ao pedido principal, exsurge da


vulnerabilidade manifesta do setor cultural nacional, que foi reconhecida pelo
Congresso Nacional e pelo Poder Executivo por meio da criação da política pública que
ora é examinada.

Também é notório que, no período atual, as restrições


sanitárias à circulação e à reunião, elementos essenciais para as manifestações
culturais como são usualmente concebidas e executadas, são ainda maiores do
que aqueles aplicadas no ano de 2020.

Quanto ao pedido subsidiário, o risco de dano é evidenciado


pela possiblidade de a União aplicar sanções pelo descumprimento do prazo para
apresentação do relatório de gestão final impactando o Estado demandante, os servidores
responsáveis pelo programa e os profissionais da cultura.

Neste ponto – embora com certa tautologia – o legislador


pretendeu reforçar a responsabilidade dos agentes públicos envolvidos na gestão dos
recursos repassados por meio da Lei nº 14.017/2020, inserindo no Decreto nº
10.464/2020 o art. 9º, § 4º, que dispõe:
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Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


elaborar e publicar editais, chamadas públicas ou outros
instrumentos aplicáveis, de que trata o inciso III do caput do art. 2º,
por intermédio de seus programas de apoio e financiamento à
cultura já existentes ou por meio da criação de programas
específicos.
(...)
§ 4º O agente público responsável pelas informações apresentadas
no relatório de gestão final, a que se refere o Anexo I, poderá ser
responsabilizado nas esferas civil, administrativa e penal, na forma
prevista em lei.

Quanto ao Ente Federativo, a sanção eventualmente aplicável


poderá ter como resultado o bloqueio de transferências voluntárias em razão do registro
no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC), sistema de
gestão por meio do qual a União busca dar efetividade ao art. 25, § 1º, inc. IV, alínea a,
da Lei Complementar nº 101/2000.2

Finalmente, sublinhe-se que os efeitos da decisão, acaso não


confirmada quanto ao mérito, são meramente jurídicos e podem ser revertidos, pois
deles não emergem consequências econômicas ou materiais capazes de gerar
prejuízos à demandada.

Assim, estando demonstrados a probabilidade do direito, o


perigo da demora e a reversibilidade da tutela a qualquer tempo, faz-se necessária à
concessão de tutela antecipada a fim de garantir que o prazo de prestação de contas por

2
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de
recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao
Sistema Único de Saúde.
§ 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias:
(...)
IV -comprovação, por parte do beneficiário, de:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao
ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;

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meio do relatório de execução dos projetos seja prorrogado para que tenha início em
momento posterior ao encerramento do exercício financeiro de 2021.

V - DOS REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) Seja liminarmente concedida a tutela


provisória de urgência antecipada, inaudita altera pars, para que sejam
prorrogados até o final do ano corrente os prazos que lhe foram concedidos
para executar (empenhar, liquidar e pagar) os recursos que lhe foram
repassados por meio da Lei Aldir Blanc, bem como seja autorizado a
apresentar o relatório de gestão final em até 180 (cento e oitenta) dias após o
encerramento do exercício de 2021, afastando-se quaisquer ônus ou
penalidades para o Estado do Maranhão ou para os agentes culturais apoiados
com recursos da Lei nº 14.017/2020

b) Subsidiariamente, a concessão, inaudita altera


pars, da tutela provisória de urgência antecipada para que o prazo para
apresentação do Relatório de Gestão Final ao Ministério de Turismo
relativo aos recursos repassados por meio da Lei nº 14.017/2020 seja
contado a partir do término do período de liquidação e pagamento dos
recursos, isto é, a partir do final do ano de 2021, sem nenhum ônus ou
penalidades para o Estado do Maranhão, servidores públicos ou para
os agentes culturais apoiados.

c) A citação da União, por meio de sua


Advocacia-Geral da União, no endereço constante da qualificação, para
responder à presente ação.

d) Ao final, requer a integral procedência da


ação, convolando-se em definitivas todas as medidas requeridas em sede de
tutela antecipada.

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e) A condenação da União Federal ao


pagamento das despesas processuais e dos honorários de sucumbência, a
serem fixados nos termosda legislação processual pertinente.

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),

São Luís, 6 de abril de 2021.

RODRIGO MAIA ROCHA


Procurador-Geral do Estado do Maranhão

LORENA DUAILIBE CARVALHO


Procuradora-Chefe da Assessoria Especial
do Procurador-Geral do Estado

OSEIAS AMARAL DA SILVA


Procurador do Estado do Maranhão

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