Você está na página 1de 20

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Poesia Lírica

Fátima Mussa
Vateva

708205717

Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa


Língua Portuguesa II
2º Ano, IIo Grupo, Turma: A
Nampula, Maio, 2021
Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Poesia Lírica

Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Trabalho de carácter avaliativo apresentado na


cadeira de Língua Portuguesa II, 2º Ano, IIo
grupo, Turma: A, orientado pelo:

Docente: Baptista Paulo

Nampula, Julho, 2021


Folha de Feedback

Classificação

Categorias Indicadores Padrões Nota


Pontuação do
Subtotal
máxima tuto
r
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia

ii
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

iii
Índice
Introdução....................................................................................................................................................5
1. Poesia lírica..........................................................................................................................................6
1.1. Conceitos......................................................................................................................................6
1.2. Características do género lírico.....................................................................................................8
1.2.1. Eu lírico................................................................................................................................8
1.2.2. Versos/metrificação............................................................................................................10
1.2.3. Estrofes...............................................................................................................................11
1.2.4. Rimas..................................................................................................................................11
1.2.5. Linguagem..........................................................................................................................12
1.3. Classificação da poesia...............................................................................................................12
1.3.1. Poesia satírica.........................................................................................................................12
1.3.2. Poesia camoniana...................................................................................................................14
1.3.2.1. Características Gerais da Poesia Camoniana...................................................................14
1.3.2.2. Recursos Estilísticos Utilizados por Camões..................................................................15
1.4. Acentuação, classes gramaticais e elementos vocálicos e consoantes na poesia lírica.....................15
Conclusão...................................................................................................................................................17
Referências Bibliográficas..........................................................................................................................18

iv
Introdução
O género lírico originou-se na Grécia Antiga, época em que a manifestação poética era
apresentada ao público oralmente, em forma de canto, o qual era acompanhado por um
instrumento musical chamado lira. Sua manifestação em forma de canto perdura até o final da
Idade Média, momento a partir do qual o género lírico passa a ter na palavra escrita seu principal
meio de composição e de difusão.

Salientar que, tais registros desempenharam um papel importantíssimo, contribuindo para que
cada vez mais os poetas experimentassem formas mais sofisticadas de composição, como o uso
da métrica, a construção de rimas, a seleção vocabular e a disposição das palavras no espaço
gráfico. Essas características, porém, isoladamente, não definem o gênero lírico, que também
apresenta como traço principal a manifestação da subjetividade.

Objectivo Geral:

 Abordar a poesia lírica.

Objectivos específicos:

 Dar conceitos de género lírico ou poesia lírica;


 Descrever as características da poesia lírica;
 Mencionar os tipos de poesia lírica;
 Frisar os pontos relevantes de cada tema em abordagem.

Metodologia:

Para concretização deste trabalho, foi usada uma Pesquisa Bibliográfica que consiste desenvolver
o trabalho a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos.

5
1. Poesia lírica
1.1. Conceitos
Género Lírico é um género literário escrito em versos que tem como foco mostrar as emoções,
sensações, sentimentos e impressões pessoais do poeta.

Os textos líricos são marcados pela subjetividade, onde o poeta expressa sua opinião, por isso,
eles são escritos na primeira pessoa (eu).

O género lírico recebe esse nome, pois faz referência ao instrumento musical, a lira, que
acompanhava a declamação de poesias na antiguidade.

Alguns subgéneros de textos líricos são:

1) Soneto - poema de forma fixa, formado por catorze versos (dois quartetos e dois tercetos).
2) Poesia - texto poético formado por versos que se agrupam em estrofes.
3) Ode - poema de exaltação composta para ser declamada ou cantada.
4) Haicai - poema de forma fixa de origem japonesa, formado por três versos.
5) Hino - poema que homenageia alguém ou venera algo.
6) Sátira - poema que ridiculariza pessoas ou costumes.

Exemplo de texto do género lírico

O Soneto da fidelidade, de Vinicius de Moraes, é um poema de forma fixa composto por catorze
versos (dois quartetos e dois tercetos). Nele, o autor expõe seus sentimentos relacionados com o
amor e a fidelidade.

“De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

6
Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei-de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa-me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure”.

Poesia lírica é aquele estilo poético que se destaca especialmente porque seu autor declarou,
sentimentos muito profundos ou uma intensa reflexão sobre uma questão. Basicamente, poesia
lírica que transmite os humores são o produto de tal estado de absoluta introspecção que então ele
levou a intensa comunicação de sentimentos ou pensamentos, ou seja, é um género em que a
matéria-prima é a subjetividade. 

A questão de ser constantemente expressar sentimentos e Estados interiores de quem escreve,


poesia lírica faz realmente um culto de amor e amar submete, mas não se limita apenas a
expressão do mesmo, obviamente não se pode negar que é a questão que mais recorrentemente
autores dominar, no entanto, qualquer outra expressão das emoções do autor mesmo não tendo a

7
ver com um motivo sentimental, é considerada como a poesia lírica, a penalidade, fracasso,
medo, solidão, entre outras questões.

Esta manifestação de sentimentos e emoções não é difícil, mas que sofre uma séria e rigorosa
limpeza ambos estéticos e técnica, então por que é tão formalmente a característica mais
proeminente deste é isto está escrito em forma de versos. Mas o versículo não é a única maneira
de comunicar uma poesia, também muitos autores recorrem a prosa poética, na qual dispensa
curso do formulário do verso, mas permanecem as outras funcionalidades que tornam a escrita
uma verdadeira poesia. Entre os principais elementos que se juntam na montagem de poesia lírica
são os seguintes: expressão de sentimentos, acúmulo de imagens e elementos com elevado valor
simbólico, logo que possível, concentração, densidade, geralmente escrito em primeira
pessoa. Alguns fiéis expoentes deste tipo de poesia são Rubén Darío, Federico García Lorca,
Gustavo Adolfo Bécquer e António Gala, entre outros.

1.2. Características do género lírico


1.2.1. Eu lírico
Como uma das principais características do gênero lírico é a manifestação da subjetividade, ou
seja, a manifestação de aspectos ligados à interioridade de um sujeito, dá-se o nome de eu lírico à
voz que se expressa no poema. No entanto, há que se atentar para o fato de que o eu lírico não
necessariamente corresponde à voz do poeta, afinal, ele pode materializar em seu poema um eu
lírico distinto de seu eu biográfico.

O poeta português Fernando Pessoa, por exemplo, tornou-se famoso pelos heterônimos que criou,
o que fez com que sua obra expressasse vozes poéticas distintas de sua personalidade. Assim, é
possível que um poeta com uma identidade masculina crie em seu poema um eu lírico com
identidade feminina, ou vice e versa, bem como um poeta adulto pode expressar a voz poética de
uma criança ou a de um ser inanimado. Além disso, há poemas em que o poeta tenta ao máximo
apagar qualquer marca subjetiva. Observe os exemplos:

O relógio

Ao redor da vida do homem

há certas caixas de vidro,

8
dentro das quais, como em jaula,

se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;

mais perto estão das gaiolas

ao menos, pelo tamanho

e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas

vão penduradas nos muros;

outras vezes, mais privadas,

vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola

será de pássaro ou pássara:

é alada a palpitação,

a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,

não pássaro de plumagem:


9
pois delas se emite um canto

de uma tal continuidade.

NETO, João Cabral de Melo. Obra completa. São Paulo: Ediouro, 2003.

Nesse poema de João Cabral de Melo Neto, observa-se uma tentativa de apagamento do eu lírico,
já que não se evidencia marcas de subjetividade ao longo de seus versos e de suas estrofes. O
predomínio da descrição do objeto relógio, comparado a jaulas e a gaiolas, contribui para que ele
seja o centro da expressão poética, não sobrando espaço que as impressões subjetivas humanas
sejam manifestadas.

Porquinho-da-índia

Quando eu tinha seis anos

Ganhei um porquinho-da-índia.

Que dor de coração me dava

Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

Levava ele pra sala

Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,

Ele não gostava:

Queria era estar debaixo do fogão.


Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…

— O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.”

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. São Paulo: Nova Aguilar, 1977.

10
Nesse poema de Manuel Bandeira, observa-se o eu lírico como uma voz masculina que rememora
o amor que tinha por seu pequeno bicho de estimação: um porquinho-da-índia. Os verbos na
primeira pessoa do discurso e os pronomes “eu”, “meu” e “minha” evidenciam um eu lírico bem
marcado subjetivamente.

Diálogo de peixes

nara tem um aquário

redondo no centro da mesa

em vez de uma fruteira

ou um abajur

nara gosta de assistir

à conversa dos peixes.

outro dia reclamavam

do calor e nara

foi para o chuveiro

se refrescar de madrugada

é um péssimo hábito

o peixe vermelho disse

dormir de cabelos molhados

SANT’ANNA, Alice. Dobradura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008.

Nesse poema de Alice Sant’Anna, tem-se um eu lírico em terceira pessoa, espécie de narrador,
que vai descrevendo aspectos da rotina de uma mulher chamada Nara. O inusitado acontece
quando essa voz poética atribui o domínio da fala ao peixe, o qual se manifesta subjetivamente ao

11
tecer uma crítica ao fato de sua dona dormir com o cabelo molhado. Esse estilo de poema em que
o eu lírico desprende-se de sua concepção tradicional tem-se tornado uma constante nas
produções poéticas contemporâneas.

1.2.2. Versos/metrificação
Verso é o nome atribuído a uma sucessão de sílabas ou fonemas que formam uma unidade
rítmica e melódica correspondente a uma linha do poema. Metrificação ou métrica, por sua vez, é
o nome que se dá à medida de um verso, que é definida pelo número de sílabas poéticas.

Para determinar-se a medida de um verso, divide-se o verso em sílabas poéticas, procedimento


que recebe o nome de escansão. Nesse procedimento, que é diferente da divisão silábica
gramatical, as vogais átonas são agrupadas em uma única sílaba, sendo que a contagem das
sílabas deve ser feita até a última sílaba tónica.

1.2.3. Estrofes

Estrofe é o nome dado ao agrupamento de versos em um poema. Como o número de versos em


cada estrofe pode variar, a depender da quantidade, as estrofes podem ser denominadas da
seguinte forma:

 Dístico: dois versos


 Terceto: três versos
 Quarteto ou quadra: quatro versos
 Quintilha: cinco versos
 Sexteto ou sextilha: seis versos
 Sétima ou septilha: sete versos
 Oitava: oito versos
 Nona: nove versos
 Décima: dez versos

A medida que regula o número de sílabas longas ou breves (sílabas pronunciadas) de cada verso
chama-se metro. Essas sílabas que correspondem aos sons dizem-se sílabas métricas e denomina-
se escansão a sua divisão no verso. Conforme o número de sílabas métricas (de uma a doze), os
versos podem ser classificados como monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo

12
ou redondilha menor, hexassílabo, heptassílabo ou redondilha maior, octossílabo, eneassílabo,
decassílabo, hendecassílabo e dodecassílabo ou alexandrino.

1.2.4. Rimas
Nomeia-se rima o recurso musical baseado na semelhança sonora das palavras situadas ou no
final ou no interior dos versos. Classificam-se como rimas interpoladas (ABBA), alternadas
(ABAB) e emparelhadas (AABB) as que são compostas no final dos versos.

1.2.5. Linguagem
No género lírico, normalmente é utilizada a linguagem conotativa, ou seja, quando as palavras
empregadas estão em seu sentido figurado, em seu sentido poético. Assim, o poeta tende a alterar
o sentido de palavras cristalizadas no cotidiano para atribuir-lhe um sentido mais amplo. O leitor,
por sua vez, vê-se, no movimento de leitura e de interpretação, como alguém que precisa
decodificar as palavras presentes no poema para além de seu sentido denotativo, tendo como
auxílio o contexto em que cada vocábulo aparece.

No género lírico, o uso das figuras de linguagem, como a aliteração (repetição de consoante), a
assonância (repetição de vogal) e o paralelismo (repetição de frases e orações), contribui para o
alcance da linguagem poética.

1.3. Classificação da poesia

A poesia pode ser:


a) De critica e/ou satrica
b) De intervenção social e/ou politica
c) Poesia sobre outras realidades e/ou acontecimentos

1.3.1. Poesia satírica


" A sátira é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema (indivíduos,
organizações, estados), geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objetivo
de provocar ou evitar uma mudança. ... - ou seja, uma poesia satírica seria uma poesia que
ridiculariza algo.

A literatura medieval portuguesa testemunha uma vocação satírica cultivada desde os


cancioneiros primitivos até à poesia palaciana. Na lírica trovadoresca galego-portuguesa, as
cantigas de escárnio e maldizer, visando com frequência certas personagens como jograis,
13
soldadeiras, clérigos, fidalgos, plebeus nobilitados, satirizam certos aspetos da vida da corte,
circunstâncias políticas, situações anedóticas e picarescas que apresentam uma ridicularização do
amor cortês. Menos licenciosa, a poesia satírica do Cancioneiro Geral, assumindo também a
sátira à sociedade do tempo, moteja costumes, indumentárias, constrangimentos da vida da corte;
assume, frequentemente, uma postura antiexpansionista; denuncia a desordem social e apresenta,
num ataque às damas, o reverso do amor cortês, privilegiando as composições coletivas de tom
jocoso. https://www.infopedia.pt/$poesia-satirica.

 Principais Características

A sátira tem como característica principal a forte carga de ironia e sarcasmo. Embora nem sempre
ela tem como objetivo induzir ao riso, geralmente, este estilo literário se aproxima da comédia.

Trata-se, portanto, de uma crítica social feita às pessoas e aos costumes de maneira caricata. Por
este motivo, muitas sátiras têm como alvo os políticos, artistas e pessoas de relevância social.

Assim, ela é usada como instrumento para expor ideias e ainda, como ferramenta lírica. Nesse
sentido, a sátira nada mais é que uma poesia usada para ridicularizar costumes, figuras públicas,
instituições, etc.

Vale notar que nem sempre ela é literária, sendo também usada no cinema, na música e na
televisão.

Também como marca da sátira está a denúncia de assuntos que supostamente seriam tratados de
maneira séria.

No entanto, devemos lembrar que nem toda sátira é destrutiva, embora tenha forte ação no ataque
e na desmoralização.

Ela aplica de maneira cômica o texto aos personagens, ressaltando defeitos e carências morais e
de caráter. É assim que usa o humor para censurar práticas danosas.

É comum a sátira apresentar diálogos com mistura de estilos. O uso de recursos que vão da
maledicência à obscenidade são notórios quando representa tipos quase deformados e cheios de
vícios.

 Técnicas satíricas

14
A sátira utiliza técnicas como a "redução ou diminuição" e a "inflação ou aumento".

Na redução, por exemplo, uma chanceler pode ser chamada de “garota”; e na inflação, um buraco
de “cratera”.

Assim, podemos notar que esse estilo literário recorre, muitas vezes, ao uso de elementos como a
hipérbole e a justaposição.

 Origem e principais representantes


A maioria dos autores divergem sobre a origem da sátira. A intenção de crítica social aparece até
mesmo em desenhos da pré-história.

Foi a literatura, contudo, que popularizou o estilo a partir da comédia, já no século V, em Atenas.
Entre os autores de maior destaque está o grego Epicarmo, cujo texto cômico ironizava os
intelectuais de seu tempo.

1.3.2. Poesia camoniana


1.3.2.1. Características Gerais da Poesia Camoniana
 Características da corrente tradicional

As formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas... Uso da medida
velha: redondilha menor e maior.

Temas tradicionais e populares; a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o
amor simples e natural; a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; o ambiente cortesão com as
suas “cousas de folgar” e as futilidades; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil,
de olhos pretos e tez morena (a “Barbara, escrava”); a infelicidade presente e a felicidade
passada.

 Características da corrente renascentista


 O estilo novo: soneto, canção, écloga, ode, entre outros.
 Medida nova: decassílabos.

O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água
e o fogo, a esperança e o desengano;

15
A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a
temática amorosa e com o tratamento dado à Natureza (“locus amenus”), oscila igualmente entre
o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior), representado pelo modelo de
Laura e o modelo renascentista de Vénus.

Camões traz-nos uma conjunção dessas duas correntes, de uma maneira bem subtil, que quase
não conseguimos notar.

O soneto clássico (que é o que Camões segue) segue a forma de duas quadras e dois tercetos, e
nestes, a chave do poema geralmente se encontra no último verso do segundo terceto. Os versos
são decassílabos e a rima segue o esquema abba / abab. Camões seguiu esta forma e adicionou
certos aspectos que verificamos em vários dos seus sonetos. Ele usa nas duas primeiras quadras o
exemplo da natureza, nos dando um exemplo concreto, e logo depois, nos dois tercetos ele
interioriza (para o eu lírico) os sentimentos implícitos nas quadras. Usando muitas figuras de
estilo, ele finaliza o soneto, classicamente, com a chave de ouro.

1.3.2.2. Recursos Estilísticos Utilizados por Camões


Anáfora: Repetição intencional de uma palavra ou palavras no início de frases ou versos
seguintes, para destacar o que se repete.

Antítese: Consiste no contraste entre dois elementos ou ideias.

Comparação: Consiste em estabelecer uma relação de semelhança através de uma palavra, ou


expressão comparativa, ou de verbos a ela equivalentes.

Enumeração: Consiste na apresentação sucessiva de vários elementos (frequentemente da


mesma classe gramatical)

Eufemismo: Consiste em transmitir de forma atenuada uma ideia ou realidade que é


desagradável.

Hipérbole: Consiste no emprego de uma expressão que exagera o pensamento para dar mais
ênfase ao discurso.

Ironia: Consiste em atribuir às palavras um significado diferente daqueles que na realidade têm.

16
Metáfora: Consiste em designar um objecto ou uma ideia por uma palavra (ou palavras) de outro
campo semântico, associando-as por analogia. Se, no contexto, essa analogia é por vezes fácil de
identificar, outras vezes permite interpretações diversificadas...

Paradoxo: Expressa uma contradição, através da simultaneidade de elementos contrários.

Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas
uma.

Personificação: Consiste na atribuição de propriedades humanas a animais irracionais ou a seres


inanimados.

1.4. Acentuação, classes gramaticais e elementos vocálicos e consoantes na poesia lírica

Quanto à acentuação, as rimas são agudas ou masculinas (se o acento tónico recai na última
sílaba), graves ou femininas (se o acento tónico recai na penúltima sílaba) e esdrúxulas (se o
acento tónico recai na antepenúltima sílaba).
Quanto às classes gramaticais das terminações ou frequência de uso, as rimas podem ser pobres
(se acontece com palavras da mesma categoria gramatical ou com terminações demasiado
frequentes) ou ricas (se acontece com palavras de diferente categoria gramatical).

Quanto aos elementos vocálicos e consonânticos das terminações, as rimas dizem-se toantes ou
vocálicas (se a partir da vogal da sílaba tónica rimam apenas os sons de vogais) e consoantes ou
soantes (se, nas terminações dos versos que rimam, as vogais e consoantes a partir da vogal da
sílaba tónica são iguais).

17
Conclusão
A produção lírica é centrada no eu e sua matéria-prima são as experiências individuais e
subjetivas do artista, sendo temáticas recorrentes: a dor, o sofrimento, a angústia, a alegria, a
felicidade, tudo o que possa expressar emoção e sentimento é utilizado pelos poetas. Como o
lirismo não pretende ser um diário da rotina do escritor, mas tratar dos seus sentimentos e das
suas emoções, surge o conceito de eu-lírico que representa uma espécie de voz que ecoa das
impressões e sensações escritas pelo poeta.

Salientar que, texto lírico é aquele que, recorrendo a um discurso denso, expressivo, breve e
conciso, permite, artisticamente e com musicalidade e ritmo, exprimir as emoções, os
sentimentos, os desejos ou os pensamentos íntimos que nascem ou se apresentam ao espírito, ou
seja, ao mundo interior do "Eu".

No texto lírico, predomina uma voz central, um "Eu" que, sem preocupações espácio-temporais,
revela o seu olhar sobre o mundo, com que se funde, e aprofunda as suas vivências emocionais,
os seus estados de alma, reflexões, conceções e sentimentos. Usualmente, recorre à enunciação na
primeira pessoa, podendo traduzir entusiasmos individuais e coletivos.

18
A poesia é a forma de literatura que melhor e com mais frequência privilegia o lirismo, embora
também o possamos encontrar em diversos textos de prosa. O verso e os recursos sonoros e
textuais, como rima, métrica, ritmo, musicalidade e figuras de linguagem favorecem, na poesia, o
tratamento desta expressão de sentimentos, das emoções e pensamentos. Isto não invalida a
presença da efusão lírica em belíssimos textos de prosa, cuja estrutura frásica, o predomínio da
linguagem conotativa e das funções poética e emotiva, o vocabulário marcadamente afetivo, ou
as imagens permitem exprimir a mensagem individual e íntima. O que interessa é a criação onde
dominam as preocupações do "EU" que procura comunicar os seus estados de alma e as suas
reações.

Referências Bibliográficas
Bandeira, Manuel. Poesia completa e prosa. São Paulo: Nova Aguilar, 1977.

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-lirico.htm Acesso no dia 02 de julho de 2021

https://www.infopedia.pt/$poesia-satirica Acesso no dia 14 de julho de 2021

Leminski, Paulo. La vie en close. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.126.

Neto, João Cabral de Melo. Obra completa. São Paulo: Ediouro, 2003.

Sant’anna, Alice. D0obradura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008.

19

Você também pode gostar