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Sumário
01. Introdução 02
Introdução
O Ciclo Gravídico Puerperal é marcado por alterações
emocionais, características deste período, com possibilidade de
desencadear conflitos psíquicos, comprometendo a saúde
mental da mulher.
Tais alterações, frutos de fatores sociais e psicológicos, podem
influenciar o desenvolvimento da gestação, assim como o bem-
estar e saúde da mãe e do feto. Entre os fatores psicológicos que,
geralmente, implicam em complicação durante gestação, parto
e puerpério estão os sintomas de estresse, ansiedade e
depressão.
A autora deste e-book Rafaela de Almeida Schiavo, pretende
apresentar aos leitores, a prevalência dos sintomas de ansiedade,
estresse e depressão de gestantes no final da gravidez e desta
forma mostrar a importância de se realizar uma boa avaliação do
estado psicológico de gestantes, pois, sabe-se que a maternidade
é um período potencial de crise, entretanto, poucos profissionais
têm se preocupado em investigar o estado emocional de
mulheres nessa fase, negligenciando o fato de que nem todas as
gestantes vivenciam este momento como o momento mais
pleno e feliz de suas vidas, como a mídia divulga.
É necessário que profissionais da saúde tenham consciência
de que o período gestacional é sim, um momento potencial de
crise. Portanto, merece maior e melhor atenção à saúde e saúde
mental nesta etapa.
Psicologia da Gravidez
A gravidez é uma trajetória que faz parte do processo normal
do desenvolvimento. Este é um período na vida da mulher de
transição e ansiedade. Além das mudanças corporais, também
ocorrem mudanças psíquicas e sociais. Este fato é acentuado
quando é a primeira gestação. Nesta fase, a mulher deixa o status
de filha e esposa passando a desempenhar o papel de mãe.
Estar na condição de grávida não é vivido com o mesmo
sentido emocional por todas as gestantes, tomar conhecimento
de que se está grávida, pode ser bem ou mal recebido
dependendo da mulher e a partir de então várias mudanças
podem ocorrer na vida desta e, independentemente de como é
recebida a notícia ou de como esta encara a gravidez, não estará
livre da ambivalência de amor e ódio pela gestação.
O primeiro desejo de ter um bebê ocorre ainda na infância. O
brincar de boneca serve como identificação com sua mãe, a
menina pode fazer com a boneca tudo o que sua mãe faz com
ela, a boneca-bebê se torna um filho para ela. A relação da
gestante com seu bebê, portanto, inicia-se muito antes da
fecundação, antes mesmo de engravidar as mulheres fantasiam
um filho, criando sobre ele expectativas.
Primigestas e multíparas
ansiedade no terceiro trimestre
A gravidez é uma trajetória que faz parte do processo normal
do desenvolvimento. Neste período é esperado que a mulher
apresente ansiedade em decorrência das mudanças próprias
desta fase, e dependendo de como estas vivenciam tais
mudanças, podem apresentar níveis alterados de ansiedade. Este
trabalho pretendeu averiguar a proporção de ansiedade-estado
no terceiro trimestre de gestação de primigestas e multíparas e
averiguar se existe relacionamento entre a ansiedade-estado e
variáveis sociodemográficas e da gestação.
Método: Investigou-se 159 gestantes, sendo 98 primigestas e
61 multíparas, no terceiro trimestre de gestação, todas usuárias
do SUS de uma cidade do interior paulista. Aplicou-se o
Inventário de Ansiedade-Estado (IDATE), utilizando-se, como
indicativo de sintomas de alta ansiedade, o critério de corte de
escore igual ou acima do percentual 75. Aplicou-se também uma
entrevista inicial para coleta de dados sóciodemográficos (idade,
estado civil, escolaridade, número de gestações) e dados à
respeito da gestação (saúde, ameaça de aborto, abortamento
anterior, planejamento da gravidez, desejo da gestante e do
parceiro pela gravidez). Os dados foram analisados usando o
programa estatístico SPSS for Windows, versão 17.0. Para as
análises de diferenças entre duas condições utilizou-se o Teste t
independente, adotando-se p < 0.05 como nível crítico e as
Indicadores de Estresse e
Ansiedade entre
primigestas e multíparas
no terceiro trimestre de
gestação
Estresse e ansiedade são condições normais no final da
gestação, pois é um momento de inseguranças e expectativas
quanto ao futuro. O problema ocorre quando o estresse e/ou
ansiedade são vivenciados de forma intensa nesse período, pois
em níveis elevados tanto o estresse quanto a ansiedade podem
tornar prejudiciais para a saúde materno-infantil.
O presente trabalho buscou comparar os indicadores de
estresse e ansiedade entre primigestas e multíparas no terceiro
trimestre e investigar a associação entre tais indicadores com
variáveis sociodemográficas e dados da gestação. Para essa
pesquisa utilizou-se os instrumentos Inventário de Ansiedade
Traço/Estado (IDATE), Inventário de Sintomas de Stress de Lipp
(ISSL) e uma Entrevista Inicial com perguntas referentes a
gestação e expectativas com a gravidez.
Estresse e Ansiedade no
terceiro trimestre de
gestação
O ciclo gravídico puerperal é marcado por alterações
emocionais características desse período, no entanto, há
possibilidade de desencadear transtornos psíquicos significativos
comprometendo a saúde mental da mulher. Fatores sociais e
psicológicos maternos podem influenciar o desenvolvimento da
gestação, bem como o bem-estar e saúde da mãe e do feto. Os
fatores psicológicos que geralmente implicam em complicação
durante gestação, parto e puerpério são o estresse e a ansiedade
vivenciados na gravidez.
A presença de altos níveis de ansiedade e de estresse durante
a gestação pode ser um fator de risco para o equilíbrio
emocional materno e para o desenvolvimento do bebê, inclusive
durante o período fetal. O objetivo deste trabalho foi identificar o
estresse e ansiedade em primigestas após o sexto mês de
gestação.
Participaram da pesquisa 54 primigestas, 16 estavam com seis
meses, 16 com sete meses, 14 oito meses e oito com nove meses.
Para realização dessa investigação foi utilizado os instrumentos
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e o Inventário de
Sintomas de Stress de Lipp (ISSL).
Indicadores de estresse
na gestação
O estresse pode ser entendido como uma resposta
fisiológica, psicológica e comportamental, de um indivíduo que
procura se adaptar e se ajustar às solicitações internas e/ou
externas ao organismo (MARGIS et al., 2003). Santos e Castro
(1998) em uma revisão da literatura encontraram descrições de
estresse a partir de três conceituações distintas. A primeira é
centrada no ambiente reunindo acontecimentos ou
circunstâncias percebidas como ameaçadoras ou perigosas,
provocando sentimentos e situações de tensão; a segunda
concepção encara o estresse como uma resposta, centrando-se
nas reações das pessoas aos acontecimentos estressores e, a
terceira concepção inclui acontecimentos estressores e respostas
de tensão, descrevendo a relação entre a pessoa e o meio que a
envolve.
Estresse é um estado que é percebido como uma ameaça ao
equilíbrio fisiológico do sujeito. Em geral, a resposta ao estresse é
projetada para ter uma duração limitada e as mudanças
resultantes desta atividade hormonal e de neurotransmissores,
são rapidamente restauradas aos níveis pré-estresse. Por este
motivo, o estresse foi denominado por Selye (1936) como
Síndrome de Adaptação Geral (SAG).
No entanto, quando o estresse é de natureza crônica e o
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o estresse de
gestantes no terceiro trimestre de gestação e investigar se existe
diferença no nível de estresse entre primigestas e multíparas.
Método
Este trabalho tem caráter de pesquisa exploratória, onde os
dados foram analisados usando o programa estatístico SPSS 17.0.
Realizando-se análise descritiva e estatística.
Participantes:
Participaram desta pesquisa, 147 gestantes, usuárias do SUS
(Sistema Único de Saúde), que estavam no terceiro trimestre de
gestação. Das participantes 58% eram primigestas e a idade
média foi de 21 anos para primeigestas e 27 para as multíparas.
Quanto ao estado civil das primigestas, 66% residiam com o pai
Local:
A coleta de dados foi feita em um Núcleo de Saúde Central,
de uma cidade de médio porte, do interior paulista.
Materiais:
Foi utilizada uma Entrevista Inicial, elaborada para esse
estudo, para a coleta de informações demográficas das
participantes e informações sobre a gestação.
Para a avaliação de sintomas de estresses utilizou-se o
Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) (Lipp, 2000) para
adultos acima de 15 anos. O inventário é composto por quatro
quadros (quadro 1: 24 horas; quadro 2: uma semana e quadro 3:
um mês). Este instrumento pode ser aplicado em grupo de até
20 pessoas ou individualmente. O ISSL contém 15 itens para o
quadro 1, sendo 12 itens relacionados a Sintomas Físicos e três
itens relacionados à Sintomas Psicológicos; outros 15 itens para o
quadro 2, sendo 10 itens relacionados à Sintomas Físicos e cinco
Procedimento
a) Para coleta dos dados:
Todas as gestantes, no terceiro trimestre, foram identificadas
no Núcleo de Saúde, junto ao setor de agendamento no dia em
que estas tinham consulta marcada com o obstetra ou
ecografista. Eram então, convidadas a participar do presente
projeto. O projeto era, explicado e dirimidas as dúvidas. Em caso
de aceite, depois de cumpridos os protocolos éticos previstos
pelo CONEP (1996) Assinatura do Consentimento Livre e
Esclarecido, elas respondiam ao Inventário de Sintomas de Stress
de Lipp (ISSL) e a Entrevista Inicial, antes da consulta médica. Ao
final da aplicação estas foram informadas quanto ao resultado.
Resultados
Os dados coletados na Entrevista Inicial sobre aspectos da
gestação indicou que, 12% das primigestas tinham história de
aborto anterior, 9% tiveram ameaça de aborto, 15%
apresentavam problemas de saúde durante a gestação e 41%
planejaram a gravidez. Quanto às multíparas, 28% tinham
história de aborto anterior, 8% tiveram ameaça de aborto, 13%
apresentaram problemas de saúde durante a gestação e 34%
planejaram a gravidez.
Observa-se que a frequência de abortos anteriores foi maior
para o grupo das multíparas, enquanto que as primigestas
planejaram mais esta gestação do que as multíparas. Nas demais
variáveis analisadas não se observou diferenças entre os grupos.
A Tabela 1 mostra o resultado da avaliação do estresse de
gestantes no terceiro trimestre de gestação. Os dados indicam
que 85% das participantes apresentaram estresse no terceiro
trimestre de gestação, sendo mais frequente nas multíparas
(95%).
Conclusão
Com os resultados encontrados é possível afirmar que
grande parte das gestantes no terceiro trimestre de gestação,
estão estressadas. Ser mãe de pelo menos um filho é uma
condição favorável ao aparecimento dos sintomas de estresse. A
fase de resistência é a mais frequente entre as gestantes que
apresentam estresse no terceiro trimestre e a fase de alerta é a
que surge com menor frequência, sendo os sintomas
psicológicos o mais presente no estresse manifestado pelas
gestantes.
É possível dizer que há diferença significativa entre o estresse
apresentado por primigestas e multíparas, sendo as multíparas
mais propensas a manifestação do estresse, verificou-se também
que a fase de resistência é mais frequente em primigestas e a
fase de quase exaustão é mais frequente em multíparas. Os
sintomas de estresse manifestados por primigestas e multíparas
são significativamente diferentes, sendo as multíparas mais
propensas a apresentar sintomas físicos e físicos e psicológicos
concomitantemente.
Tais resultados apontam a grande necessidade de que mais
pesquisas em relação ao estresse na gestação, sejam realizadas
em nosso país, é importante que haja trabalhos que investiguem
os motivos pelos quais gestantes apresentam estresse no ultimo
trimestre, existem muitos trabalhos que levantam alguns pontos
que em geral, levam grávidas a apresentarem alterações do
humor, mas há poucos trabalhos que investigaram quais
poderiam ser os possíveis eventos estressores durante a gestação.
É importante frisar que há poucos estudos psicológicos
nacionais que investigam o estresse gestacional, mas há muita
literatura estrangeira, principalmente apontando os prejuízos que
o estresse pode causar na mãe, no feto, e ao longo do ciclo vital
do sujeito que foi exposto na vida uterina ao estresse materno.
Pesquisas estrangeiras não revelam números tão altos de
participantes com estresse, como os encontrados neste trabalho.
Algumas hipóteses em relação aos possíveis eventos estressores
no final da gestação poderiam ser o fato, de que existe uma
preconcepção sociocultural sobre o parto, onde as mulheres
imaginam que sentirão uma dor terrível, o medo da mudança da
rotina de vida após nascimento do bebê, a alta ansiedade,
preocupação financeira, profissional, conjugal, entre outras.
Infelizmente no Brasil não é dada a devida atenção pré-natal,
às gestantes, o pré-natal psicológico não é realizado na maioria
dos atendimentos. Sabe-se hoje que a maternidade é um
período potencial para o desenvolvimento de crise, mas parece
que a maioria dos profissionais da saúde, tem negligenciado este
fato, a fase onde mais há ocorrências de internações e
Referencia
ARAUJO, D. M. R; PEREIRA, N.L; KAC, G.. Ansiedade na gestação,
prematuridade e baixo peso ao nascer: uma visão sistemática da
literatura. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.4,
p.747-756, abr. 2007.
Estresse no terceiro
trimestre de gestação
Gestantes que são expostas por longo prazo a eventos
estressores, são candidatas potenciais a apresentarem riscos à
sua saúde e a do feto, tais como, nascimento prematuro, baixo
peso, complicações obstétricas, pré-eclâmpsia, mecônio, asfixia
fetal, depressão no período puerperal, entre outras.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o estresse de gestantes
no terceiro trimestre de gestação. Para esta pesquisa utilizou-se o
Inventário de Stress de Lipp. As 135 gestantes participantes foram
identificadas em uma Unidade Básica do Sistema Único de
Saúde de uma cidade do interior paulista, sendo 81 primigestas e
54 que já tinham pelo menos um filho. Os resultados indicaram
que 84% (114) apresentaram estresse e 15% (21) não apresentaram
sintomas de estresse. Das que apresentaram sintomas de
estresse 3% (3) estavam em fase de alerta, 66% (75) em fase de
resistência, 28% (33) na fase de quase exaustão e 3% (3) em fase
de exaustão, destas 11% (13) apresentaram sintomas físicos, 82%
(93) sintomas psicológicos e 7% (8) apresentaram igualmente
sintomas físicos e psicológicos.
Com os resultados obtidos é possível afirmar que no terceiro
trimestre de gestação grande parte das grávidas encontra-se
estressadas, em sua maioria na fase de resistência com
prevalência de sintomas psicológicos. Tais resultados apontam
Estresse na gestação
um problema de saúde pública
Gestantes que são expostas por longo prazo a eventos
estressores, são fortes candidatas a apresentarem riscos à sua
saúde (complicações obstétricas, pré-eclâmpsia, além da
depressão no período puerperal) e à do feto (mecônio no líquido
amniótico e asfixia fetal, nascimento prematuro e/ou abaixo do
peso). O objetivo deste trabalho foi avaliar o estresse de gestantes
no terceiro trimestre de gestação. Foram avaliadas 135 gestantes,
identificadas em uma Unidade Básica do Sistema Único de
Saúde, que estavam no terceiro trimestre de gestação, onde 81
eram primigestas e 54 já tinham pelo menos um filho.
Para esta pesquisa exploratória utilizou-se o Inventário de
Stress de Lipp (ISSL). Os resultados encontrados indicaram que,
das 81 primigestas, apenas 18 (22%) não apresentaram sintomas
de estresse e das 54 gestantes que já tinham pelo menos um
filho, apenas 3 (6%) delas não apresentaram sintomas de
estresse. Das primigestas que apresentaram sintomas de
estresse, 45 (56%) estavam na fase de resistência, 16 (20%) na fase
de quase exaustão e 2 (2%) na fase de exaustão, sendo que 54
(67%) apresentavam sintomas psicológicos, 6 (7%) sintomas
físicos e 3 (4%) apresentaram sintomas físicos e psicológicos. Das
gestantes que já tinham pelo menos um filho e que
apresentaram sintomas de estresse, 3 (6%) estavam na fase de
alerta, 30 (56%) na fase de resistência, 17 (31%) na fase de quase
Sintomas de Estresse,
Ansiedade e Depressão no
Terceiro Trimestre de
Gestação
O ciclo gravídico puerperal é marcado por alterações
emocionais características desse período, mas em alguns casos
podem ocorrer alterações emocionais significativas,
comprometendo a saúde mental da mulher.
Encontram-se na literatura vários estudos referentes á
depressão puerperal, com índices de 10 a 15% de mulheres com
depressão pós-parto, em vários países, no entanto, os distúrbios
psíquicos que acometem a mulher durante gestação, seja a
depressão, a ansiedade ou o estresse, têm sido pouco estudados
e precisam ser melhores investigados pelas consequências que
podem ter para o parto e puerpério.
Este trabalho, de delineamento transversal, teve por objetivo
avaliar sintomas de estresse, ansiedade e depressão em
mulheres no terceiro trimestre de gestação. Foram avaliadas 301
gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde, em três cidades
do interior paulista. A avaliação ocorreu nos locais onde as
gestantes realizavam o pré-natal.
Depressão Gestacional
um estudo exploratório
Sintomas de depressão são comuns durante a gestação, e
podem ser indicativos de depressão pós-parto. O objetivo desse
trabalho foi avaliar sintomas de depressão em gestantes usuárias
do Sistema Único de Saúde e associar com variáveis de uma
entrevista.
Participaram 34 gestantes usuárias do Sistema Único de
Saúde de uma cidade do interior paulista. As participantes foram
identificadas junto o setor de agendamento de uma Unidade
Básica de Saúde no dia de consulta pré-natal, não houve critério
de exclusão para participar da pesquisa, as gestantes que
aceitaram contribuir assinaram um termo de consentimento livre
e esclarecido e foram informadas quanto à ausência de ônus para
sua participação e sobre o sigilo das informações por elas
prestadas.
Após responderem ao instrumento, essas foram informadas
sobre o resultado do teste e as que apresentaram sintomas
significativos de depressão, foram orientadas a procurarem um
profissional da saúde mental. Para a coleta de dados utilizou-se o
Inventário de Depressão de Beck (BDI) e uma Entrevista para
coleta de informações sociodemográficas e da gestação.
Os resultados indicaram que 24% (n=8) apresentaram
sintomas significativos de depressão. Das participantes 47% (n=16)
eram primigestas e 53% (n=18) multíparas, 9% (n=3) estavam no
Ansiedade, Estresse e
depressão no terceiro
trimestre da gravidez
Na gravidez, a ansiedade é uma das desordens mentais
comuns (SILVA et al., 2010) com índices superiores aos do
puerpério (SCHIAVO; RODRIGUES, 2011; BREITKOPF et al., 2006).
Altos níveis de ansiedade na gestação podem, desencadear
depressão no período gestacional (ROSS et al., 2003; HERON et
al., 2004) além de ser indicativo para ansiedade e depressão
puerperal (FAISAL-CURY; MENEZES, 2006; ROSS et al., 2003;
HERON et al., 2004).
Já o estresse na gestação, em geral, está associado a eventos
específicos como aborrecimentos diários no inicio da gravidez e
ao medo do parto em meados da gestação (BUITELAAR et al.,
2003). Segundo Esper e Furtado (2010) a média de eventos
estressores durante a gestação é de cinco eventos por gestante e
o quadro pode se agravar se no contexto familiar houver situação
econômica difícil, violência doméstica, uso de drogas, depressão,
pânico e complicações pré-natais (COSTA, et al., 1999; SEGATO et
al., 2009; WOODS et al., 2010). Pesquisas apontam que mais de
75% das gestantes, apresentam sinais significativos de estresse
(SCHIAVO; RODRIGUES, 2010; SEGATO et al., 2009; WOODS et al.,
2010).
Método
Participaram da pesquisa 205 gestantes usuárias do Sistema
Único de Saúde SUS, todas estavam no terceiro trimestre de
gestação. Os dados foram coletados em Unidades Básicas de
Saúde de três cidades do interior paulistanas. Aplicou-se uma
Entrevista Inicial para obter dados sociodemográficos. Para a
avaliação de ansiedade foi utilizado o Inventário de Ansiedade
Traço/Estado - IDATE. Para a avaliação de stress foi utilizado o
Inventário de Sintomas de Stress de Lipp – ISSL e para a avaliação
de depressão foi utilizado o Inventário de Depressão de Beck –
BDI.
Discussão
Os resultados apresentados indicam que a maioria das
gestantes entrevistadas, moram junto com o parceiro, possuem
ensino médio completo e renda familiar entre um e três salários
mínimos. É possível observar também que uma porcentagem
considerável de gestantes apresentam alta ansiedade no terceiro
trimestre da gravidez. Em relação ao estresse observamos que
esse é um fenômeno marcante no terceiro trimestre de gestação,
mais da metade das participantes apresentaram estresse em
alguma fase, sendo a de maior frequência a fase de resistência
com marcante presença de sintomas psicológicos.
Já em relação aos sintomas depressivos, observamos que há
também uma porcentagem considerável de gestantes que
apresentam sintomas de depressão, pesquisas indicam que 10 a
20% das mulheres manifestam Depressão Pós-Parto (HANNA;
JARMAN; SAVAGE, 2004; RIGHETTI; BOUSQUET; MANZANO,
2003) e com os dados encontrados nessa pesquisa é possível
pensar que essa porcentagem também vale para mulheres ainda
gestantes, o que sugere que a depressão pós-parto realmente
Conclusão
Podemos concluir que o terceiro trimestre de gestação
merece atenção especial por parte da equipe de saúde que
atende a gestante, uma vez que temos alta frequência de
grávidas que apresentam algum problema de saúde mental
nesse período como exposto aqui. Programas de atenção a
gestante poderiam ser implantados nas Unidades Básicas de
Saúde, tais programas poderiam ajudar não só no diagnóstico e
encaminhamento para tratamento como também para
prevenção de tais problemas de saúde mental na gestação.
Referência
BREITKOPF, C. R et al. Os sintomas de ansiedade durante a
gestação e pós-parto. J. Obstet. Gynaecol. Psychosom., v.27, n.3,
p.157-162, set. 2006.
Metodologia
Participaram da pesquisa 131 mulheres, no terceiro trimestre
gestacional, usuárias do Sistema Único de Saúde, que foram
contatadas em uma Unidade Básica de Saúde de uma cidade do
interior paulista quando em sala de espera para o pré-natal ou
ultrassom obstétrico. As gestantes responderam a uma Entrevista
Inicial para coleta de dados sociodemográficos, de saúde e sobre
suas expectativas em relação ao parto e ao filho e ao Inventário
de Depressão de Beck- BDI.
Para analisar os resultados empregou-se analise descritiva e
estatística, utilizando os testes Qui-quadrado, Teste F de Fisher e
adotou-se o nível de 5% de significância.
Os resultados indicaram que, da amostra como um todo
42% das gestantes eram primigestas; 76% moravam junto com o
parceiro, 49% tinham ensino fundamental completo ou
incompleto, 47% ensino médio completo e 4% superior
completo, 73% estavam desempregadas. A maioria das
mulheres tinha uma baixa renda familiar, para 41% delas era de
até um salário e 53% tinham uma renda de 2 a 3 salários.
Conclusões
Neste estudo, gestantes com menor escolaridade, com
problemas de saúde física ou mental, que passaram no início da
gestação atual por ameaça de abortamento e que não
desejavam a gestação, tinham mais chance de apresentar
depressão gestacional, sendo estas variáveis, potenciais fatores
de risco.
Outros estudos já haviam demonstrado que dificuldades
financeiras, baixa escolaridade, desemprego, dependência de
substâncias, violência doméstica e ambivalência com relação ao
feto são fortes fatores de risco para depressão durante a gravidez
e no pós-parto (ENGLE, 2009) e sugerem algumas direções para o
planejamento dos serviços de saúde.
Referências
COX, J. L; CONNOR, J. L. C. Y; KENDELL, R. E. Prospective study of
the psychiatric disorders of childbirth. Brit. J. Psychiat., v.140,
p.11-117, 1982.