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24/06/2021 TRT-2 23/06/2021 - Pg.

527 - Judiciário | Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região | Diários Jusbrasil

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Diários Oficiais  Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região  23 Jun 2021  Judiciário 


Página 527

Página 527 da Judiciário do Tribunal


Regional do Trabalho da 2ª Região
(TRT-2) de 23 de Junho de 2021
Publicado por Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
ontem

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pelas partes. Tais cláusulas não podem ser suprimidas, a menos que a
supressão não provoque quaisquer prejuízos ao empregado (art.468,
CLT). (...) Por outro lado, a aderência contratual tende a ser apenas
relativa no tocante às normas jurídicas. É que as normas não se
incrustam nos contratos empregatícios de modo permanente, ao
menos quando referentes a prestações de trato sucessivo. Ao
contrário, tais normas produzem efeitos contratuais
essencialmente apenas enquanto vigorantes na ordem jurídica.
Extinta a norma, extinguem-se seus efeitos no contexto do
contrato de trabalho. Tem a norma, desse modo, o
poder/atributo de revogação, com efeitos imediatos -
poder/atributo esse que não se estende às cláusulas contratuais. O
critério da aderência contratual relativa (ou limitada) é claro com respeito
a normas heterônomas estatais (vide alterações da legislação salarial, por
exemplo). As prestações contratuais já consolidadas não se afetam, porém
as novas prestações sucessivas submetem-se à nova lei. Prevalece, pois,
quanto às regras oriundas de diploma legal, o critério da aderência
limitada por revogação (lei federal, é claro)..." (Curso de Direito do
Trabalho, 12ª Ed., São Paulo: LTr, 2013, págs.234/235, destaques no
original).

Posto isso, considerando que a presente ação foi distribuída


posteriormente à vigência da Lei n. 13467/17, e que o contrato teve
início anterior, porém encerrado já na sua vigência , fica
estabelecido que até 10/11/2017 aplica-se a lei anterior, e a partir de
11/11/2017, aplica-se a lei nova, a fim de prestigiar a irretroatividade da lei

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e também observar o princípio “Tempus regit actum”, já que os


direitos previstos em lei não se incorporam de forma absoluta ao contrato
de trabalho.

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

A reclamante pleiteou o recebimento de adicional de insalubridade, e para


fins de prova foi determinada perícia técnica no local apontado pelas
partes, facultado o acompanhamento pelo reclamante, pela reclamada.

O perito constatou as condições de trabalho do reclamante mediante


verificação do trabalho de um paradigma indicado pela reclamada e
examinou o ambiente de trabalho.

Registre-se que o perito elaborou laudo instruído por fotos e detalhes


relativos às condições a que foi exposto o trabalhador, concluindo o
quanto segue:

“O Anexo 14 da NR-15 contempla a relação das atividades que envolvem


agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação
qualitativa.

De acordo com o Anexo 14 da NR-15, faz jus ao direito do recebimento do


adicional de insalubridade em grau máximo os “trabalhos ou operações,
em contato permanente com pacientes em isolamento por doenças
infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente
esterilizados”.

Ainda, o mesmo Anexo determina o direito ao recebimento do adicional


de insalubridade em grau médio nos “trabalhos e operações em contato
permanente com pacientes, animais ou com material infecto-contagiante,
em: hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos
de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde
humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os
pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes,
não previamente esterilizados)”.

De acordo com as partes, não fazia parte das atividades habituais da


reclamante o contato direto com os pacientes ali internados, porém, esta
circulava diariamente pelos diversos setores de internação do hospital da
reclamada para levar ou retirar materiais e medicamentos solicitados
pelos médicos.

Com relação a existência de pacientes com a necessidade de isolamento


no local, de acordo com o relatório de doenças de notificação compulsória
do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) apresentado a este
Perito, em todo hospital da reclamada verifica-se as seguintes
quantidades por ano:

•2016 –3 casos;

•2017 –9 casos;

•2018 –6 casos.

Logo, entende-se que os casos de pacientes com necessidade de


isolamento por doenças infectocontagiosas eram eventuais.

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Cabe ressaltar que o contato permanente com pacientes não se trata


apenas de contato dermal ou físico, podendo se dar através de contato
indireto, conforme atividades desenvolvidas pela reclamante próximo aos
pacientes que ali circulavam, sendo que um dos vetores para
contaminação do ambiente seria a saliva destes, expelida ao tossir,
espirrar ou se comunicar, não sendo necessário o contato físico para que
possa haver contaminação.

Portanto, verifica-se que ao atuar de maneira habitual e permanente em


estabelecimento destinado aos cuidados da saúde humana a reclamante
estaria exposta aos riscos biológicos ali presentes, em função da grande
quantidade de pacientes que circula diariamente no local, fazendo jus ao
direito do recebimento do adicional de insalubridade por exposição a
agentes biológicos, em grau médio (20%), nos termos do Anexo 14 da NR-
15”.

Por se tratar de matéria eminentemente técnica, embora o juiz não esteja


adstrito ao laudo, este tem valor probatório relevante, e em conformidade
com o exame, condeno a Reclamada ao pagamento de adicional de
insalubridade a favor do reclamante, em grau médio , à razão de 20%
sobre o salário mínimo, em conformidade com o disposto no artigo 192 da
CLT.

Tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal que

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