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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

“ANÁLISE CRÍTICA DA NBR ISO 9001:2000 X NBR 6118:2003 PARA


APROVAÇÃO DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO”

HARLEN NUNES

São Carlos
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

“ANÁLISE CRÍTICA DA NBR ISO 9001:2000 X NBR 6118:2003 PARA


APROVAÇÃO DE EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO”

HARLEN NUNES

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Construção Civil da
Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em
Construção Civil.

Área de Concentração: Sistemas


Construtivos de Edificações

Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust


Carvalho

São Carlos
2011
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar

Nunes, Harlen.
N972ac Análise crítica da NBR ISO 9001:2000 x NBR 6118:2003
para aprovação de execução de estruturas de concreto
armado / Harlen Nunes. -- São Carlos : UFSCar, 2011.
149 f.

Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São


Carlos, 2011.

1. Concreto armado. 2. ISO 9001. 3. I. Título.

CDD: 624.18341 (20a)


Agradecimentos

- Primeiramente a Deus, pela possibilidade de concretizar a realização deste sonho;


- A minha esposa Andrea, pelo incentivo e compreensão em todo o tempo deste estudo.
- Ao meu querido filho Lucas, mesmo que muito novo, compreendeu a importância das horas
dedicadas a este sonho.
- Ao Prof. Dr. Roberto Chust de Carvalho, pela orientação paciente, segura e, sobretudo, pelo
entusiasmo transmitido durante a elaboração deste trabalho;
- Aos demais professores do Departamento de Engenharia Civil, pela dedicação nos
ensinamentos das disciplinas deste programa;
- Aos amigos integrantes desta turma de Mestrado;
- A todos os funcionários do Departamento de Engenharia Civil, pela eficiência e simpatia e
cordialidade no atendimento;
- A todos aqueles que direta ou indiretamente sonharam e concretizaram a criação deste curso
e, principalmente, pelo ambiente cordial, descontraído e de amizade formado nesta
comunidade acadêmica;
- Ao amigo Eng.º Prof. Msc. Francisco Márcio de Carvalho, pelo auxílio na elaboração deste
trabalho, e pelas incontáveis horas de lazer que foram disponibilizadas para finalização deste
trabalho;
- Ao Eng° Msc. Carlos Francisco Minari Junior, pelas intermináveis dúvidas esclarecidas e
pelo apoio e incentivo constantes neste período de pesquisa;
- Aos meus pais, Sr Geraldo e Dona Maria José, pela constante presença em minhas decisões;
- Aos meus sogros, Sr. Ivan e Dona Iracema, pelo incentivo incessante e pelas orações
dedicadas a mim.
A Deus, por tornar este sonho
possível.
A minha esposa Andrea, pelo
incentivo e compreensão.
Ao meu filho Lucas, mesmo que muito
jovem, compreendeu a importância
das horas dedicadas a este sonho.
Aos meus pais, meus sogros e meus
irmãos pelo constante incentivo e
apoio.
Sumário

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. iv


LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. vi
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS ........................................................................................ vii

RESUMO ................................................................................................................................. xi
ABSTRACT ............................................................................................................................ xii

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17
1.1. Generalidades .................................................................................................................... 17
1.2. Objetivos............................................................................................................................ 17
1.3. Justificativas ...................................................................................................................... 18
1.4. Metodologia ....................................................................................................................... 19
1.5. Apresentação do trabalho .................................................................................................. 20

2. A ISO 9001 APLICADA AO CONCRETO ARAMADO .............................................. 22


2.1. Breve histórico do concreto armado .................................................................................. 22
2.2. Breve histórico das normas ISO ........................................................................................ 24
2.3. Conceitos básicos do concreto armado .............................................................................. 27
2.3.1. Resistência do concreto endurecido ............................................................................... 30
2.3.1.1. Resistência à compressão ............................................................................................ 31
2.3.1.2. Resistência à tração ..................................................................................................... 32
2.3.2. Aderência entre aço e concreto ....................................................................................... 33
2.4. Conceitos básicos da NBRNBR ISO 9001:2000............................................................... 35
2.4.1. Objetivo .......................................................................................................................... 35
2.4.1.1. Generalidades .............................................................................................................. 35
2.4.2. Aplicação ........................................................................................................................ 36
2.4.2.1. Requisitos de documentação ....................................................................................... 36
2.5. Sistema de gestão da qualidade ......................................................................................... 36
2.5.1. Requisitos gerais ............................................................................................................. 36
2.5.2. Requisitos de documentação .......................................................................................... 37
2.5.2.1. Generalidades .............................................................................................................. 37
2.5.3. Manual da qualidade ....................................................................................................... 38
2.5.4. Controle de documentos ................................................................................................. 38
2.5.4.1. Controle de registros da qualidade .............................................................................. 39
2.5.5. Responsabilidade da administração ................................................................................ 39
2.5.5.1. Comprometimento da administração ........................................................................... 39
2.5.5.2. Foco no cliente ............................................................................................................ 40
2.5.5.3. Política da qualidade .................................................................................................... 40
2.5.6. Produção e fornecimento de serviço ............................................................................... 41
2.5.6.1. Controle de produção e fornecimento de serviço ........................................................ 41
2.5.6.2. Controle de dispositivos de medição e monitoramento ............................................... 41

3. ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO ..................................................................................... 44


3.1. Fundação ............................................................................................................................ 44
3.2. Conceitos básicos de tubulão............................................................................................. 45
ii

Sumário
_______________________________________________________________________

3.3. Dimensionamento do tubulão ............................................................................................ 47


3.3.1. Dimensionamento do fuste ............................................................................................. 47
3.3.2. Dimensionamento da base .............................................................................................. 48
3.3.2.1. Capacidade de carga .................................................................................................... 51
3.3.2.2. Método empírico de Terzaghi para estimativa da tensão de ruptura ........................... 51
3.3.2.3. Correlação entre spt e tensão admissível no solo ....................................................... 53
3.4. Verificação de projeto ....................................................................................................... 54
3.5. Exemplo numérico............................................................................................................. 55
3.6. Verificações durante a execução ....................................................................................... 57
3.7. Considerações sobre locação ............................................................................................. 57

4. PILARES ............................................................................................................................. 62
4.1. Introdução .......................................................................................................................... 62
4.2. Discussão das verificações para aceitamento dos pilares .................................................. 62
4.3. Locação dos pilares ........................................................................................................... 63
4.4. Montagem das fôrmas ....................................................................................................... 67
4.5. Dimensões mínimas dos pilares segundo a NBR 6118:2003 ............................................ 72
4.6. Detalhamento de armadura ................................................................................................ 72
4.6.1. Conceitos básicos para detalhamento da armadura longitudinal de pilares ................... 74
4.6.2. Diâmetro mínimo e máximo da armadura longitudinal ................................................. 75
4.6.3. Armaduras mínimas e máximas em pilares .................................................................... 76
4.6.3.1. Valores mínimos .......................................................................................................... 76
4.6.3.2. Valores máximos ......................................................................................................... 77
4.6.4. Distribuição transversal e distâncias máximas e mínimas entre as barras longitudinais 78
4.6.5. Emendas por transpasse de barras comprimidas ............................................................ 79
4.6.6. Armadura transversal (estribos) ..................................................................................... 81
4.6.7. Diâmetro mínimo dos estribos........................................................................................ 81
4.6.8. Espaçamentos entre estribos ........................................................................................... 82
4.6.9. Proteção das barras longitudinais contra a flambagem .................................................. 82
4.6.10. Arranjos dos estribos .................................................................................................... 84
4.7. Toerâncias prescritas pela NBR: 14931:2003 ................................................................... 85
4.8. Procedimentos de verificação de aceitação de execução de pilares com rebatimento
técnico....................................................................................................................................... 87
4.8.1. Procedimento de verificação sumária de detalhamento de pilares..................................88
4.8.2. Registro de inspeção de serviços para pilares ................................................................ 88
4.8.3. Sugestão para registro de inspeção de serviço para pilares ............................................ 91

5. VIGAS ................................................................................................................................. 93
5.1. Introdução .......................................................................................................................... 93
5.2. Algumas considerações sobre projeto e xecução de vigas ................................................ 93
iii

Sumário
_______________________________________________________________________

5.3. Critérios para escolha da altura de vigas de um pavimento ......................................... .... 93


5.4. Introdução cargas atuantes................................................................................................. 95
5.4.1. Execução de formas ........................................................................................................ 97
5.4.2. Armação ......................................................................................................................... 99
5.4.3. Armadura longitudinal na seção transversal ................................................................... 99
5.4.4. Armadura longitudinal ao longo da vida ...................................................................... 105
5.4.5. Cálculo de armadura transversal................................................................................... 107
5.4.5.1. Prescrições para o detalhamento da armadura transversal ........................................ 110
5.4.6. Quantidade mínima de estribos .................................................................................... 110
5.4.7. Espaçamento mínimo entre estribos ............................................................................. 112
5.4.8. Detalhes típicos de estribos retangulares ...................................................................... 113
5.5. Tolerâncias prescritas pela NBR; 14931: 2003 ............................................................... 115
5.6. Procedimentos de verificação de aceitação de execução de vigas com rebatimento técnico
................................................................................................................................................ 117
5.6.1. Procedimento de verificação sumária de detalhamento de vigas ................................. 117
5.6.2. Registro de inspeção de serviço para vigas .................................................................. 118
5.6.3. Sugestão para registro de inspeção de serviço para vigas ............................................ 121

6. LAJES ................................................................................................................................ 123


6.1. Introdução ........................................................................................................................ 123
6.2. Algumas considerações sobre projeto e xecução de lajes maciças ................................. 124
6.3. Execução de formas ......................................................................................................... 125
6.4. Formas ............................................................................................................................. 126
6.5. Valores limites mínimos de espessura ............................................................................. 127
6.6. Detalhamento de armadura .............................................................................................. 130
6.6.1. Espaçamento entre barras ............................................................................................. 130
6.6.2. Armaduras longitudinais máximas e mínimas.............................................................. 131
6.6.3. Armadura de distribuição e secundária de flexão ......................................................... 132
6.6.4. Espaçamento e diâmetro máximo ................................................................................. 132
6.6.5. Quantidade e comprimentos mínimos de armaduras em bordas livres e aberturas ...... 133
6.6.6. Armadura de tração sobre os apoios ............................................................................. 134
6.6.7. Armadura nos cantos de lajes retangulares................................................................... 135
6.6.8. Apresentação da armadura positiva e negativa............................................................. 135
6.7. Procedimentos de verificação de aceitação de execução de lajes com rebatimento ....... 137
6.7.1. Procedimento de verificação sumária de detalhamento de lajes .................................. 137
6.7.2. Registro de inspeção de serviço para lajes ................................................................... 138
6.7.3. Sugestão para registro de inspeção de serviço para lajes ............................................. 141

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 143


7.1. Considerações finais ........................................................................................................ 143
7.2. Sugestões ......................................................................................................................... 145

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................. 147


Lista de Figuras
Figura 1 – Preenchimento de uma fôrma metálica com concreto aderente à armadura ........... 28
Figura 2 – Fissuras de Armadura Tração.................................................................................. 29
Figura 3 – Modos de ensaios de resistência do concreto à tração... ......................................... 32
Figura 4 – Esquema de reações na aderência por adesão... ...................................................... 34
Figura 5 – Esquema de reações na aderência por atrito... ........................................................ 34
Figura 6 – Esquema de reações na aderência por engrenamento (mecânica) ......................... 35
Figura 7 – Perspectiva e corte longitudinal de um tubulão com base alargada ........................ 45
Figura 8 – Base de tubulão em planta, com base circular e falsa elipse... ................................ 46
Figura 9 – Detalhes de base circular e falsa elipse em planta... ............................................... 49
Figura 10 – Detalhes em corte transversal de um tubulão ........................................................ 50
Figura 11 – Profundidade do Bulbo de pressão com a sondagem tipo SPT............................. 54
Figura 12 – Detalhe pilar em L... .............................................................................................. 55
Figura 13 – Detalhamento de base, altura e fuste de um tubulão... .......................................... 56
Figura 14 – RIS de Locação de Obra... .................................................................................... 58
Figura 15 – RIS de Tubulão á Céu Aberto. .............................................................................. 59
Figura 16 - Eixos de vigas e pilares ......................................................................................... 69
Figura 17 – Locação dos gastalhos a partir dos eixos principais.............................................. 67
Figura 18 – Gastalho de pilar de borda fixado à laje recém concretada .................................. 67
Figura 19 – Montagem de fôrma de pilar com conferência de prumo ..................................... 68
Figura 20 – Armaduras posicionadas ....................................................................................... 68
Figura 21 – Esquema de uma forma de pilar ............................................................................ 69
Figura 22 – Pilares executados a esquerda com prumadas coincidentes (mesmo eixo vertical)
e a direita com desvio de e no eixo vertical .............................................................................. 70
Figura 23 – Imperfeições geométricas locais em pilares .......................................................... 71
Figura 24 – Desenho esquemático de armadura de um pilar .................................................... 73
Figura 25 – Seções transversais típicas de pilares em concreto armado de edificações de
múltiplos andares com arranjos de armaduras e estribos ......................................................... 74
Figura 26 – Luvas para emendas de aço ................................................................................... 75
Figura 27 – Emendas de barras na transição de pavimentos .................................................... 80
Figura 28 – Estribos adicionais: garantem as barras longitudinais contra a flambagem .......... 83
Figura 29 – Proteção contra flambagem das barras .................................................................. 83
Figura 30 – Arranjos de estribos para pilares retangulares ...................................................... 84
Figura 31 – Arranjos de estribos para pilares quadrados.......................................................... 84
Figura 32 – Seção de um pilar destacando a armadura transversal .......................................... 85
Figura 33 – Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas de borda .......................... 98
Figura 34 – Esquema geral de fôrmas em edificações ............................................................. 99
Figura 35 – Detalhamento das seções transversais de uma viga ............................................ 100
Figura 36 – Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas ....................................... 100
Figura 37 – Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas ....................................... 101
Figura 38 – Espaçamentos entre barras, valores mínimos...................................................... 101
Figura 39 – Distribuição da armadura de pele ........................................................................ 104
Figura 40 – Forma do pavimento, esquema estrutural da viga 101 ........................................ 106
Figura 41 – Geometria dos ganchos de barras tracionadas, em ângulo reto .......................... 106
Figura 42 – Principais tipos de estribos .................................................................................. 113
Figura 43 – Detalhamento dos estribos da viga V101 ............................................................ 114
v

Lista de Figuras
_______________________________________________________________________

Figura 44 – Representação de uma laje .................................................................................. 123


Figura 45 – Comportamento das placas ................................................................................. 124
Figura 46 – a) Laje nivelada b) Laje com contra-flecha f ...................................................... 126
Figura 47 – Esquema geral de estrutura de um edifício ......................................................... 127
Figura 48 – Altura total e altura útil da laje ............................................................................ 128
Figura 49 – Armaduras em bordas livres e aberturas ............................................................ 133
Figura 50 – Dimensões limites para aberturas de lajes ......................................................... 134
Figura 51 – Exemplo de armadura positiva em uma laje ....................................................... 136
Figura 52 – Exemplo de armadura negativa em uma laje ...................................................... 136
Figura 53 – Esquema geral de estrutura de um a residência .................................................. 137
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Fatores de Carga - Terzaghi .................................................................................... 52
Tabela 2 – Fatores de Forma - Terzaghi ................................................................................... 52
Tabela 3 – Variação da excentricidade de segunda ordem com o aumento do comprimento de
flambagem do pilar ................................................................................................................... 66
Tabela 4 – Dados do pilar ......................................................................................................... 71
Tabela 5 – Coeficiente adicional (tabela 17, NBR 6118:2003) ................................................ 72
Tabela 6 – Relação e comprimento das barras das armaduras do pilar P1 ............................... 74
Tabela 7 – Taxas mínimas de armadura de pilares ................................................................... 77
Tabela 8 – Tolerâncias dimensionais para seções transversais de elementos estruturais lineares
e para espessura de elementos estruturais de superfície ........................................................... 85
Tabela 9 – Tolerâncias dimensionais para o comprimento de elementos estruturais lineares . 86
Tabela 10 – Tolerâncias dimensionais para o posicionamento da armadura na seção
transversal ................................................................................................................................. 86
Tabela 11 – Verificação sumária de detalhamento de pilares .................................................. 88
Tabela 12 – Formulário de RIS típico de uma construtora Brasileira para aceitação de pilar . 90
Tabela 13 – Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003 ................... 92
Tabela 14 – Valores de ψ2 ........................................................................................................ 94
Tabela 15 – Valores de ψ3 ........................................................................................................ 94
Tabela 16 – Taxas mínimas de armadura de flexão para viga................................................ 103
Tabela 17 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) dos ganchos (valores de i) ................. 107
Tabela 18 – Tolerâncias dimensionais para seções transversais de elementos estruturais
lineares e para espessura de elementos estruturais de superfície............................................ 115
Tabela 19 – Tolerâncias dimensionais para o comprimento de elementos estruturais ........... 115
Tabela 20 – Tolerâncias dimensionais para o posicionamento da armadura na seção
transversal ............................................................................................................................... 116
Tabela 21 – Verificação sumária de detalhamento de vigas .................................................. 118
Tabela 22 – Formulário de RIS típico de uma construtora Brasileira para aceitação de viga 120
Tabela 23 – Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003 ................. 122
Tabela 24 – Valores de 2 utilizados no pré-dimensionamento da altura das lajes ............... 129
Tabela 25 – Valores de 3 utilizados no pré-dimensionamento da altura das lajes .............. 129
Tabela 26 – Taxas mínimas de armadura de flexão para viga................................................ 131
Tabela 27 – Verificação sumária de detalhamento de lajes.................................................... 138
Tabela 28 – Formulário de RIS típico de uma construtora Brasileira para aceitação de laje . 140
Tabela 29 – Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003 ................. 142
Lista de Abreviaturas, siglas e símbolos.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AQAP – Allied Quality Assurance Publication
BS 5750 – British Standard
CEB – Comitê Europeu de Concreto
DEF.STAN – Defense Standards
FIP – Federação Internacional da Protensão
ISO – International Standardization Organization
IT – Instrução de Trabalho
OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte
PBQP-h – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
RIS – Registro de Inspeção de Serviço
a/b – Relação a e b
ah – Espaçamento livre entre faces da barra horizontalmente
av – Espaçamento livre entre faces da barra verticalmente
Asmin – Armadura mínima
A – Área bruta de seção
A nec.fuste – Área necessária do Fuste
As.máx.tot – Armadura máxima total

As – Armadura de tração

Aś – Armadura de compressão

Ac – Área de concreto

As pele – Armadura de pele

Ac alma – Área de concreto da alma da viga

Asw – Área da seção transversal dos estribos

bw – Largura média da alma

CG – Centro de Gravidade
C – Coesão do solo
d² – Diâmetro ao quadrado

D – Diâmetro
viii

Lista de Abreviaturas, siglas e símbolos


_______________________________________________________________________

Amáx – Diâmetro máximo


dmáx.agr – Diâmetro máximo do agregado
Es – Módulo de elasticidade do aço
Ec – Módulo de elasticidade do concreto
ELU – Estado Limite Último
e2 – Excentricidade de segunda ordem
Espess – Espessura
Fcj – Resistência à compressão do corpo de prova de concreto em (j) dias.
Fct.sp – Resistência à tração indireta
Fct.f – Resistência à tração na flexão
Fct – Resistência à tração direta
Fctm – Resistência à tração média
Fctk.inf – Resistência à tração inferior
Fctk.sup – Resistência à tração superior
Fck – Resistência característica do concreto
Fcd – Resistência à compressão de cálculo do concreto
Fywd – Tensão na armadura transversal passiva
F – Contra flecha
fywk – Valor característico da resistência ao escoamento do aço da armadura transversal
Htot – Altura total
h – Altura
lbnecess – Comprimento b necessário
l – Vão
lo – Comprimento inicial
le – Comprimento equivalente de flambagem
MPa – Megapascal
Mdmín – Momento fletor mínimo
N – Esforço de compressão
Nd – ação normal de cálculo
N1 – Coeficiente de coformação superficial de armadura passiva
P – Carga
ix

Lista de Abreviaturas, siglas e símbolos


_______________________________________________________________________

P1A – Pilar 1 A
P1B – Pilar 1 B
Pd – Pé direiro
PP – Peso próprio
PT – Peso total
P – Carga concentrada atuante sobre a viga (Kg).
PV – Carga concentrada de outra viga (Kg).
QP – Carga de parede
QT – Carga total
Qi – Carga distribuída inicial atuante sobre a viga.
QL – Carga proveniente de laje(s) (Kg/m).
QP – Carga de parede apoiada sobre a viga (Kg/m).
q – Pressão específica
RN – Referência de Nível
s – Espaçamento entre os estribos, medido segundo o eixo longitudinal da peça
SPT – Standard Penetration Test
Ttot – Tolerância cumulativa da edificação ou tolerância total

V – Força normal
Vsw – Força cortante do aço
Vrd3 – Força cortante resistente de cálculo
Vsd – Força cortante solicitante de cálculo
Vc – Força cortante do concreto
VRI - Força cortante resistida correspondente à taxa de armadura transversal mínima,
VRd2 – Força cortante resistente de cálculo
X – Alongamento da base
α – Ângulo de inclinação da armadura transversal
τc – Tensão do concreto
Yc – Coeficiente de majoração do concreto
σs – Tensão admissível
Ø – Diâmetro
x

Lista de Abreviaturas, siglas e símbolos


_______________________________________________________________________

σr – Tensão de ruptura
γ – Peso específico
θmáx – Diâmetro máximo
θbarra – Diâmetro da barra
ψ1 – Coeficiente 1 de deformação
ψ2 – Coeficiente 2 de deformação
ψ3 – Coeficiente 3 de deformação
ρmin – Taxa mínima de armadura
ρ – Taxa de armadura
ωmin – Taxa mecânica mínima de armadura longitudinal de flexão para vigas
ωo – Módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra mais
tracionada.
Resumo

Nunes. Harlen. Análise Crítica da ISO 9000 x NBR 6118:2003, para aprovação de
execução de Estruturas de Concreto Armado. 2010. 149 fl. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011.

Este trabalho mostra a metodologia de padronização dos programas de qualidade do


tipo NBR ISO 9001:2000 empregada em construções de estrutura de concreto armado para
edifício de múltiplos pavimentos, bem como relação desta norma com a NBR 6118:2003 e a
NRB 14931, que regem as prescrições e metodologia para projeto e execução das estruturas
em concreto armado. Procurou-se, portanto, apresentar as principais recomendações da NBR
6118:2003 e da NBR14931 com interface à norma NBR ISO 9001:2000 para procedimento
de recebimento de aprovação de estruturas de concreto armado. Este trabalho foi concebido
através de uma metodologia de apresentação das diretrizes dos programas de qualidade e das
normas pertinentes ao concreto armado, tentar compatibilizar as tabelas e orientações usadas
para as verificações de serviços preconizadas pelos programas de qualidade, com as técnicas
normativas definidas em normas. E, finalizando, propõe um novo tipo de concepção para
estas verificações e padronizações propostas pelos programas de qualidade, já de forma
compatibilizada com as prescrições das normas que definem e orientam os projetos, a
execução e o recebimento de estruturas em concreto armado. Este novo tipo de concepção se
faz por meio de uma simples verificação com auxílio de tabelas que garantem que as normas
sejam atendidas à nível de projeto, execução e aspecto visual desta estrutura.

Palavra-Chave: Estruturas de Concreto, NBR ISO 9000, NBR 6118:2003


Abstract

Nunes, Harlen. Critical Analysis of NBR NBR ISO 9001:2000 X NBR 6118:2003, for
Approval of Implementation of Concrete Structures. 2010. 149 pages. Dissertation
(Master´s degree in Civil Construction). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos,
2010.

This work shows the methodology for standardization of quality programs like NBR ISO
9001:2000 employed in construction of reinforced concrete structure for multi floor building,
and relationship of this standard to the NBR 6118:2003 and 14931 NRB, governing the
requirements and methodology for design and execution of concrete structures. It was,
therefore, present the main recommendations of ISO 6118:2003 and NBR14931 interface
with the NBR ISO 9001:2000 standard procedure for receiving approval of reinforced
concrete structures. This work was conceived through a methodology of presenting guideline
of quality programs and standards pertaining to the concrete, trying to match the tables and
guidelines used for verification of services advocated by quality programs, with the technical
regulations defined by the rules. And finally, proposes a new type of design for these checks
and standards proposed by quality programs so now rendered compatible with the
requirements of the standards that define and guide the design, implementation and receipt of
reinforced concrete structures. This new design is done through a simple check with the help
of tables which ensure that standards are met will the project level, performance and visual
appearance of this structure.

Keywords: Concrete structure, NBR ISO 9001:2000, NBR 6118:2003.


INTRODUÇÃO 1
1.1 Generalidades

Este trabalho é uma análise sobre os documentos usados em obras que seguem
o padrão da NBR ISO 9001:2000. Para a execução de estruturas de concreto armado procura-
se criar uma metodologia, com o objetivo de orientar os profissionais da obra e manter um
padrão uniforme no produto final, confeccionar instruções gerais de trabalho e especificações
de medições para recebimento (ou não) de serviços executados.
Este trabalho procura fazer uma análise crítica de uma documentação típica
para este fim. Tenta explicar os porquês das exigências e ao mesmo tempo apontar as
possíveis falhas ou ausências de considerações que proporcionariam uma economia de tempo,
material e mão de obra, ou simplesmente prescrições que assegurariam a qualidade final.
A maneira de fazer esta análise será a de usar os conhecimentos teóricos
acumulados sobre os materiais e comportamento estrutural referindo-se sempre que possível
às Normas Brasileiras respectivas. Assim, se espera por meio de um texto didático auxiliar os
engenheiros a compreender as prescrições e a concluir quais efeitos serão obtidos a partir de
uma tomada de decisão.

1.2 Objetivos

O principal objetivo deste trabalho é fazer uma análise crítica das instruções de
trabalho incentivando assim os engenheiros a usarem os conhecimentos técnicos e científicos
adquiridos no estudo teórico de estruturas de concreto para o seu trabalho na construção
fazendo uma análise técnica científica no âmbito de execução de obras.
18

Capítulo 1- Introdução
_______________________________________________________________________

Definir critérios ou valores a serem usados em documentos de aceitação de


estruturas de concreto armado no padrão NBR ISO 9001:20001 e que reflitam as premissas da
NBR 6118:2003.

1.3 Justificativas

A crescente concorrência no mercado da construção civil tem levado tanto os


projetistas de estruturas de concreto armado quanto as construtoras, à uma constante busca
por soluções que, além de simples e eficazes, tragam diminuição de custos (material e/ou
mão-de-obra), rapidez, versatilidade nas aplicações ou que ainda proporcionem um aumento
na relação custo-benefício.
Deve-se ressaltar que nessa busca, ao contrário do que ocorreu em tempos
passados, a preocupação com a qualidade e durabilidade das construções tem sido maior,
porém, ainda não há preocupação das empresas construtoras em orientar os engenheiros de
como deve ser feito uma análise crítica, científica e normativa na forma de executar as
estruturas, exigindo muito mais de um engenheiro uma administração bem feita do que
aplicação de conceitos técnicos na execução de estrutura.
A importância deste estudo, portanto, que contempla a forma da qual as
empresas devem analisar e receber serviços de clientes internos e externos com base na NBR
ISO 9001:2000, mas primordialmente no que estabelece a NBR 6118:2003, além de
contemplar a rentabilidade econômica e qualidade, procura-se também manter a segurança
estrutural.
Concomitantemente e não menos importante, ao orientar os engenheiros
executores de obras de como é importante entender de que forma as estruturas funcionam e
como devem atender as prescrições das respectivas normas, esta então é a importância
fundamental deste estudo.
A importância faz mais sentir, levando em conta a NBR ISO 9001:2000, por
ser uma norma genérica, não estabelece critérios e valores de execução de estruturas de
concreto.

1
Neste trabalho a versão da ISO usada é de 2000, por ser esta versão a que a maioria das construtoras se certificou, e seus
documentos inerentes ao programa de qualidade estão baseados.
19

Capítulo 1- Introdução
_______________________________________________________________________

Assim cabe as empresas construtoras determinarem o formato e os valores a


serem considerados em relatórios de inspeção de serviços.
Desta forma verifica-se a necessidade do uso da metodologia da NBR ISO
9001:2000 que estabelece que seja efetuada uma padronização e verificação de serviços com
as indicações de projeto da NRB 6118:2003.
Neste caso devem ser definidos:

 O que verificar;
 Como medir e a precisão desta medida.
 Qual o critério ou valor para aceitar um elemento (tolerância).

1.4 Metodologia

O método para se alcançar o objetivo será o de se fazer inicialmente ampla


revisão sobre o assunto especialmente o uso da NBR ISO 9001:2000, ou seja, a norma que
trata do Sistema para Gestão e Garantia da Qualidade nas empresas no caso em questão para a
construção civil.
Serão levantadas as prescrições normativas sobre o assunto nas Normas
Brasileiras e quando for o caso em normas estrangeiras. Procurar-se a fazer um levantamento
dos principais processos ou mecanismos fundamentais do concreto armado que estão ligados
as ações preconizadas pelos documentos de base NBR ISO 9001:2000.
Compõem-se um texto básico com o material teórico fundamental, procurando-
se fazer exemplos de aplicação dando preferência a um exemplo de documentação.
Por fim cada etapa de serviço especificado (fundação, pilares, vigas e lajes)
procura-se manter um documento do tipo RIS (relatório de Inspeção de Serviços), que
definirá o aceite ou não do serviço e será usado para medir a qualidade.
Assim de uma maneira geral o trabalho será desenvolvido em etapas distintas,
de modo a organizar as atividades e proporcionar um encadeamento lógico.
20

Capítulo 1- Introdução
_______________________________________________________________________

Constará, em princípio, das seguintes fases:

Introdução, histórico NBR ISO 9001:2000, fundação, pilares, vigas, lajes,


conclusão e bibliografia, que serão analisadas da seguinte forma:

 Estudo bibliográfico dos fundamentos básicos das normas e documentos


necessários.
 Estudo bibliográfico dos procedimentos fundamentais do funcionamento do
concreto armado.
 Estudo das recomendações da NBR 6118: 2003 e outras específicas.
 Estudo de uma documentação (estudo de caso) com exemplos discutidos.
 Rebatimentos para casos práticos e deficiências encontradas na documentação.
 Análise dos resultados e conclusões.

Com as conclusões, esperam-se auxiliar projetistas, calculistas e,


principalmente construtores no processo de qualidade das estruturas.

1.5 Apresentação do trabalho

No capítulo 2 é feito um breve histórico das estruturas de concreto armado bem


como o das normas ISO, seu surgimento e difusão, para que o leitor tenha uma visão básica
dos itens a serem estudados.
No capítulo 3 são mostradas a definição de fundações com o uso de tubulão a
céu aberto, seus conceitos, verificações de cálculo e algumas considerações sobre locação de
obra.
No capítulo 4 estudam-se os pilares, alguns conceitos básicos, classificações
dos mesmos, conceito das excentricidades e considerações de tolerâncias quanto aos
prescritos pela NBR 6118:2003 e as tolerâncias padronizadas pela NBR ISO 9001:2000. E
algumas sugestões de planilhas de conferência para aplicação.
21

Capítulo 1- Introdução
_______________________________________________________________________

No capítulo 5 estudaremos vigas, seus conceitos básicos, modelo de cálculo,


suas classificações e considerações de tolerâncias quanto aos prescritos pela NBR 6118:2003
e as tolerâncias padronizadas pela NBR ISO 9001:2000, e no final do mesmo apresenta-se
modelo de relatórios para verificação de estruturas levando sempre em conta as premissas das
normas citadas.
No capítulo 6 estudaremos lajes, seus conceitos básicos, modelo de cálculo,
suas classificações e considerações de tolerâncias quanto aos prescritos pela NBR 6118:2003
e as tolerâncias padronizadas pela NBR ISO 9001:2000.
No capítulo 7 será abordado as considerações finais, as conclusões do trabalho
e as sugestões de um método de análise de projetos de estruturas. No capítulo 8 por fim a
bibliografia utilizada para a elaboração da dissertação.
A ISO 9001 APLICADA AO CONCRETO ARMADO 2
Neste item apenas para entendimento do leitor, são colocados de maneira
resumida os aspectos históricos do concreto armado e as principais normas brasileiras
respectivas e a criação da norma ISO.
Em seguida de forma também resumida são colocados alguns conceitos básicos
do material concreto armado que serão empregados neste trabalho.

2.1 Breve histórico do concreto armado

O processo construtivo mais utilizado para execução de edifícios de múltiplos


pavimentos no Brasil é a do Concreto Armado. Com o passar do tempo o mercado
consumidor vem mostrando cada vez mais uma necessidade de melhoria da qualidade no
processo e execução.
No que tange o problema da durabilidade, isto culminou na grande implantação
de sistemas de qualidade na indústria da construção civil, sendo este o caso da NBR ISO
9001:2000, bem como reformulações e atualizações de normas pertinentes, como a NBR
6118:2003.
Na história da humanidade a pedra e o tijolo foram os materiais mais
importantes para as construções humanas, sendo que a arquitetura grega foi consequência do
emprego de vigas e placas de pedra. A baixa resistência á tração da pedra obrigou á utilização
de pequenos vãos, daí decorrendo as colunatas típicas dessa arquitetura.
A civilização romana desenvolveu o tijolo cerâmico e com isso escapou das
formas retas, podendo desta forma criarem os arcos em alvenaria. Porém, a construção
romana de obras portuárias exigiu uma solução diferente. E tal solução foi encontrada da
fabricação de um verdadeiro concreto, cujo cimento era constituído de pozolanas naturais ou
obtido pela moagem de tijolos calcinados. A cal com adição de pozolana é chamada de cal
hidráulica, por sofrer endurecimento por reação química com a água.
23

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Com o enfraquecimento e a subsequente queda do império romano, o mundo


ocidental voltou a ser uma civilização rural. As cidades renasceram somente em fins da Idade
Média.
Com a Revolução Industrial, que trouxe à luz o cimento Portland e o aço
laminado, surge o concreto armado em meados do século XIX.
Considera-se como a primeira peça de concreto armado o barco construído por
Lambot, na França, no ano de 1849. Essa data é hoje admitida internacionalmente como a
data do nascimento do concreto armado.
A invenção do concreto armado não pode ser atribuída somente a uma pessoa,
muitos foram seus pioneiros, dente os quais, além de Lambot, se têm Monier e Coignet,
franceses, e Hyatt, norte-americano. Deles, apenas Coignet era engenheiro; Monier era
encarregado dos jardins de Versailles e Hyatt, advogado.
Em 1902, Mörsch publica a primeira edição de sua monumental obra sobre a “
Teoria e Prática do Concreto Armado”, que em muitos aspectos ainda é válida.
Em 1940 nasce a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, como
conseqüência da elaboração da própria NB-1(1) – Norma para o projeto e execução de
estruturas de concreto armado.
Após a 2a Guerra Mundial, se inicia o desenvolvimento dos estudos de H.
Rusch e F. Leonhardt na Alemanha e os de Freyssinet na França. Surge o concreto
Protendido, que permitiu o emprego de aços estruturais da maior resistência. Na década de
cinquenta cria-se o CEB – Comitê Europeu do Concreto, do qual o Brasil passa a fazer parte.
Surge concomitantemente a FIP – Federação Internacional da Protensão.
Em trabalho conjunto coordenado pelo CEB, abordando os mais variados
temas técnicos e científicos ligados à estrutura de concreto, foi realizada a revisão total de
todas as idéias referentes ao concreto estrutural.

Nesse sentido, cabe lembrar que as ciências básicas têm por finalidade o
entendimento da natureza, formulando teorias baseadas em princípios admitidos
como válidos até prova em contrário. As ciências profissionais têm por finalidade o
entendimento dos comportamentos dos sistemas materiais de interesse á vida
humana, sendo baseadas nas ciências básicas, com a adoção de hipóteses
simplificadoras para a formulação de suas próprias teorias. As técnicas têm por
finalidade encontrar soluções práticas para as necessidades da vida, ou seja, elas
procuram estabelecer os procedimentos de elaboração correta das coisas. (FUSCO,
2008, p.11)
24

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

A primeira síntese dos resultados obtidos pelo trabalho coordenado pelo CEB
foi realizada em 1970, com a publicação das Recomendações Internacionais CEB-FIP/1970.
Em 1973 é realizado, em Lisboa, o Curso Internacional CEB-FIP para a
divulgação sistemática dos novos conhecimentos, ministrado para 50 pessoas do mundo, que
pudessem retransmiti-los aos seus respectivos países, sendo desta forma agentes
multiplicadores destes conhecimentos.
Em 1978 surge a segunda sistematização de conhecimentos, com a publicação
do Código Modelo CEB-FIB para estruturas de concreto armado. Neste mesmo ano, já sob
forte influência dessas idéias, é finalizada a revisão NB-1/78, que exerceu influência sobre a
engenharia nacional de estruturas.
No ano de 1990 dá-se a divulgação de uma nova sistematização, consolidada
pela publicação do Código Modelo CEB-FIP/90.
Em 1998, juntaram-se as duas associações, CEB e FIP, formando a FIB,
Fédération Internationale du Béton, que permanece até hoje liderando o desenvolvimento das
estruturas do concreto.
Finalmente em 2003 a NBR 6118:1978 (NB-1) é reformulada a aplicada os
novos conceitos e análises trazendo uma nova abordagem á esta norma, surgindo então a NBR
6118-2003.

2.2 Breve histórico das normas ISO

Conforme citado em Paula (2004), “Com o objetivo de entender o que é a série


de normas intituladas ISO 9000, sua importância para as empresas e o motivo de sua
existência, é de suma importância, num primeiro momento, investigarmos sua história”.
Andrade e Xavier (1996) colocam que nos anos pós Segunda Guerra Mundial,
a situação da indústria bélica na Europa e nos Estados Unidos da América era precária, isto
porque a prioridade de produção visando à quantidade deteriorou profundamente a qualidade
dos armamentos e serviços, comprometendo a segurança e integridade do seu próprio pessoal,
tendo em vista à falta de confiabilidade dos fornecedores.
25

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

No final da década de quarenta, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos


reconheceram os benefícios de um Sistema de Gestão que transformou a indústria japonesa. O
sistema de padronização desenvolvido pelo Departamento de Defesa foi chamado de Quality
Assurance segundo o qual as organizações envolvidas estabeleciam procedimentos para
gerenciar todas as funções que afetavam a qualidade dos produtos manufaturados.
Seguindo a busca pelo desenvolvimento de padrões da qualidade foi criado as
Normas Allied Quality Assurance Publication (AQAP) em 1970, as quais foram utilizadas
pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Com base nos benefícios obtidos
com as Normas da AQAP, o Ministério da Defesa da Inglaterra e seus fornecedores
observaram que a necessidade da aplicação de padrões para Sistema da Qualidade não se
restringia apenas a armamentos e demais materiais bélicos. Era necessário abranger as demais
indústrias fabricantes de bens de consumo e bens de capital.
No Reino Unido surgiram as Defense Standards (DEF.STAN.) normas das
Forças Armadas sobre Sistemas da Qualidade, que deram toda a base para a BS 5750 (British
Standard) publicada em 1979.
Ainda neste ano, nasce o grupo ISO TC 176 (Technical Committee da ISO para
a qualidade), para elaborar Normas sobre Qualidade que procura uniformizar conceitos,
padronizar modelos para garantia da qualidade e fornecer diretrizes para implantação da
gestão da qualidade nas organizações. Em 1987 as normas são aprovadas constituindo a série
9000. Esta foi baseada na última versão da norma BS 5750 (1987) e aceita rapidamente como
um padrão mundial para Sistemas da Qualidade.
Souza (1997) ainda coloca que tais normas eram utilizadas por grandes clientes
compradores para qualificação de empresas fornecedoras. Entretanto, com o decorrer do
tempo, a proliferação de normas dessa natureza e a crescente importância dada pelos clientes
à questão da qualidade começaram a provocar sérios distúrbios nas trocas comerciais, uma
vez que empresas fornecedoras se viram obrigadas a atender requisitos de sistemas da
qualidade diferentes, conforme a norma utilizada para cada cliente. De acordo com Souza
(1997), os sistemas da qualidade foram utilizados inicialmente somente em situações
contratuais, seguindo diversas normas que estabeleciam requisitos para os sistemas,
adequados para países e setores industriais específicos.
26

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Desta forma surgiram, em diversos países, normas de sistemas da qualidade


para o setor nuclear, aeronáutico, petrolífero e outros.
No final da década de oitenta, as normas da série ISO 9000 entraram no
primeiro processo de revisão.
Com a intenção de melhorias decorrentes a erros observados com a respectiva
utilização. Resultou desse trabalho a série de normas ISO 9000, lançada em 1987 que teve
uma pequena revisão em 1994 e em 2000 passou por uma reestruturação bem mais complexa.
Para manter a eficácia da série ISO 9000, as normas são periodicamente
revisadas buscando a evolução gradual no campo do gerenciamento da qualidade. O ISO/TC
176 monitora os usuários das normas para determinar como elas podem ser aprimoradas,
conhecendo as necessidades e expectativas destes usuários, visando à próxima revisão das
normas, que se dá aproximadamente a cada cinco anos. (ISO, 2010).
A exemplo do que aconteceu com outros aspectos do universo empresarial, a
década de 90 representou um grande avanço para a qualidade no Brasil. Essa década iniciou-
se no Brasil com a tradução em 1990 pela ABNT das normas ISO 9000, as quais haviam sido
lançadas internacionalmente em 1987. Neste primeiro momento, houve por parte das
empresas (inclusive das grandes multinacionais) muito interesse e curiosidade, porém poucos
possuíam informações confiáveis sobre estas normas.
Porém, rapidamente, as normas ISO 9000 alcançaram um destaque muito
grande, mercê da feliz confluência de alguns fatores. Um deles foi o Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade – PBQP, o qual também nascia na década de 1990. De forma
inteligente, o PBQP articulava as diversas empresas estatais e governamentais – Petrobrás,
empresas dos sistemas Eletrobrás e Telebrás, entre outras, utilizando seu poder de compra
para alavancar o desempenho dos fornecedores, via exigência de sistemas de garantia da
qualidade conforme as normas ISO 9000. Para mostrar a importância dessa articulação, o
governo brasileiro era, na época, o maior comprador em todos os segmentos industriais.
A NBR ISO 9001:2000 especifica requisitos do Sistema da Qualidade e,
segundo Souza (1997), é utilizada quando um contrato entre duas partes exige a demonstração
da capacidade do fornecedor para projetar e fornecer produtos. Os requisitos especificados
nesta norma destinam-se, primordialmente, à prevenção de não conformidades em todos os
estágios, desde o projeto até a assistência técnica.
27

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

De acordo com Reis (1998), esta Norma é a mais abrangente de todas e


destina-se a contratos cujo interesse é proporcionar proteção e garantia da Qualidade em todas
as fases das atividades técnicas da empresa, desde o projeto até a assistência técnica.
Andrade e Xavier (1996) apontam ainda que esta norma é o padrão para os
sistemas da qualidade relativos a projeto, desenvolvimento, produção, inspeção e ensaios,
instalação e serviços associados. Em outras palavras, esta norma é adequada para
organizações que fornecem produtos com base em projeto próprio; que produzem e entregam
seus produtos aos clientes. Se a organização também agrega às suas atividades a instalação e
os serviços associados, estes também são cobertos pela norma.

2.3 Conceitos básicos do concreto armado

De acordo com Bastos (2006) o concreto é um material que apresenta alta


resistência às tensões de compressão, no entanto, apresenta baixa resistência à tração (cerca de
10 % da resistência à compressão). Sendo assim, é imperiosa a necessidade de juntar ao
concreto um material com alta resistência à tração, com objetivo deste material, disposto
convenientemente, resistir às tensões de tração atuantes. Com esse material composto
(concreto e armadura – barras de aço), surge então o chamado “concreto armado”, onde as
barras da armadura absorvem as tensões de tração e o concreto absorve as tensões de
compressão, no que pode ser auxiliado também por barras de aço.
Afirma Bastos (2006), que o conceito de concreto armado envolve ainda o
fenômeno da aderência, que é essencial e necessário e deve obrigatoriamente existir entre o
concreto e a armadura, pois não basta juntar os dois materiais para se ter o concreto armado.
Para a existência do concreto armado é imprescindível que haja solidariedade entre o concreto
e o aço, e que o trabalho seja realizado de forma conjunta.
Resumindo, podemos definir o concreto armado como a união do concreto
simples e de um material resistente à tração (envolvido pelo concreto) de tal modo que ambos
resistam solidariamente aos esforços solicitantes.
28

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

De forma esquemática pode-se indicar que concreto armado é:

Concreto armado = concreto simples + armadura


convenientemente posicionada onde seja necessária + aderência.

(2.0)

De acordo com Bastos (2006), com a aderência, a deformação Es (2.0) num


ponto da barra de aço e a deformação (2.0) no concreto que a circunda, deve ser iguais,
isto é: . A Figura 1 mostra uma peça de concreto com o concreto sendo lançado e adensado,
devendo envolver e aderir à armadura nela existente.

Figura 1 – Preenchimento de uma fôrma metálica com


concreto aderente à armadura.
(BASTOS, 2006).

Elementos de concreto armado: aqueles cujo comportamento estrutural


depende da aderência entre concreto e armadura e nos quais não se aplicam alongamentos
iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência.
Armadura passiva: Qualquer armadura que não seja usada para produzir forças
de protensão, isto é, que não seja previamente alongada. NBR 6118:2003 (item 3.1.3).
29

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

A armadura do concreto armado é chamada de armadura passiva, significando


que as tensões e deformações nela aplicadas devem-se exclusivamente aos carregamentos
aplicados nas peças onde está inserida.
Como armadura tem-se que ter um material com altas resistências mecânicas,
principalmente resistência à tração. A armadura não tem que ser necessariamente de aço,
podendo ser constituída de outra tipologia de material, como fibra de carbono, bambu, basta
ter aderência.
O trabalho conjunto entre o concreto e a armadura fica bem caracterizado na
análise de uma viga de concreto simples (sem armadura), que rompe bruscamente logo surge
a primeira fissura, após a tensão de tração atuante alcançar e superar a resistência do concreto
à tração (Figura 2a).
Entretanto, colocando-se uma armadura convenientemente posicionada na
região das tensões de tração, eleva-se significativamente a capacidade resistente da viga
(Figura2b).

Figura 2 - Viga de concreto simples (a) e armado (b)


(PFEIL, 1989).

O trabalho conjunto do concreto e do aço é possível porque os coeficientes de


dilatação térmica dos dois materiais são virtualmente iguais.
Outro aspecto positivo é que o concreto protege o aço da oxidação (corrosão),
o que garante a durabilidade do conjunto.
30

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

No entanto, a proteção da armadura contra a corrosão só é garantida com a


existência de uma espessura de concreto entre a barra de aço e a superfície externa da peça
(cobrimento), entre outros fatores também importantes relativos à durabilidade, como a
qualidade do concreto, por exemplo.
Para que se possa iniciar o comparativo entre o prescrito pela norma NBR
6118:2003 e a NBR ISO 9001:2000, teremos que definir os procedimentos gerais de projeto.
Para este trabalho utilizaremos os elementos estruturais utilizados em uma
tipologia de edifícios de múltiplos pavimentos com as seguintes características: edifício
plurifamiliar, sendo composto por um subsolo, dezesseis pavimentos tipo, sendo quatro
apartamentos por andar, caixa d água e ático, sendo utilizados os seguintes processos:
Locação com gabarito de madeira, fundação do tipo tubulão a céu aberto, pilares, vigas e lajes
de concreto armado; fechamento em alvenaria de blocos cerâmicos. Para tanto é importante
que se entenda cada um desses processos.

2.3.1 Resistência do concreto endurecido

No concreto endurecido conforme descreve Carvalho e Figueiredo (2005), as


principais características de interesse são as mecânicas, destacando-se a resistência à
compressão e à tração. Não é possível estabelecer uma lei única para determinar todas as
resistências dos materiais para as diversas solicitações possíveis, porém no estágio atual de
desenvolvimento do concreto armado, considera-se uma aproximação razoável que a
resistência do concreto para diversos tipos de solicitações ocorra em função de sua
compressão. A NBR 6118:2003, no item 8.2, a qual trata das propriedades do concreto,
apresenta uma série de expressões a partir das quais se obtêm, em função da resistência à
compressão, as resistências do concreto para diversos tipos de solicitações. De forma geral
estas expressões são empíricas.
De acordo com descrito por Carvalho e Figueiredo (2005) a resistência do
concreto é também função do tempo de duração da solicitação; os ensaios em geral são
realizados rapidamente, ao passo que, em construções, o concreto é submetido a ações, em
sua maioria, permanentes, reduzindo sua resistência ao longo do tempo.
31

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Além disso, a resistência medida é influenciada pela forma do corpo de prova e


pelas próprias características dos ensaios.

2.3.1.1 Resistência à compressão

A principal característica do concreto é sua resistência à compressão, a qual é


determinada pelo ensaio de corpos de prova submetidos à compressão centrada; esse ensaio
também permite a obtenção de outras características, como o módulo de deformação
longitudinal (na NBR 6118:2003 passa a ser novamente chamado de módulo de elasticidade).
Vários fatores influenciam a resistência do concreto endurecido, os principais
sendo a relação entre as quantidades de cimento, agregados e água (chamada de traço), e a
idade do concreto.
A resistência à compressão, obtida por ensaio de curta duração do corpo de
prova (aplicação de carga de maneira rápida), é dada pela expressão 2.1.

(2.1)

Sendo:

– Resistência à compressão(c) do corpo de prova de concreto na idade de (j) dias;

- carga de ruptura do corpo de prova;

A – área da seção transversal do corpo de prova.

No Brasil conforme descrito por Carvalho e Figueiredo (2005), são utilizados


corpos de prova cilíndricos, com diâmetro de base de 15 cm e altura de 30 cm. A resistência à
compressão do concreto deve ser relacionada à idade de 28 dias (NBR 6118:2003, item 8.2.4)
e será estimada a partir do ensaio de uma determinada quantidade de corpos de prova. A
moldagem dos cilindros é especificada pela NBR 5738:1994, e o ensaio deve ser feito de
acordo com a NBR 5739:1994.
32

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

2.3.1.2 Resistência à tração

Carvalho e Figueiredo (2005) enfatizam de que o concreto se trata de um


material que resiste mal à compressão, geralmente não se conta com a ajuda dessa resistência.
Entretanto, a resistência à tração pode estar relacionada com a capacidade resistente da peça,
como aquelas sujeitas a esforço cortante, e, diretamente, com a fissuração, por isso é
necessário conhecê-la.
Existem três tipos de ensaios para obter a resistência à tração: por flexo-tração,
compressão diametral e tração direta (fig. 3).

a) Flexo-tração b) Compressão diametral c) Tração pura

Figura 3 – Modos de ensaios de resistência do concreto à tração (MONTOYA, 1991).

A resistência à tração pura é aproximadamente, 85% da resistência à tração por


compressão diametral e 60% da resistência obtida pelo ensaio de flexo-tração.
Esse último método não é prático, dada à dificuldade do ensaio. O ensaio de
compressão diametral é conhecido como Ensaio Brasileiro de Resistência à Tração, tendo sido
sistematizado elo engenheiro L.F. Lobo Carneiro.
Segundo a NBR 6118:2003, item 8.2.5, a resistência à tração indireta ea
resistência à tração na flexão devem ser obtidas em ensaios realizados segundo a NBR
7222:1994 e a NBR 12142:1991, respectivamente. Ainda de acordo com o item 8.2.5, a
resistência à tração direta pode ser considerada igual a 0,9. ou 0,7. ou, na falta de
ensaios para obtenção de e , pode ser avaliado o seu valor médio ou característico
por meio das expressões 2.2, 2.3 e 2.4 :
33

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

(2.2)

(2.3)

(2.4)

Com e expressos em MPa. Sendo, ≥ 7 MPa, essas expressões


também podem ser usadas para idades diferentes de 28 dias. A escolha do uso dos valores de
e é determinada pela norma particular de cada situação particular.

2.3.2 Aderência entre aço e concreto

Conforme descrito por Carvalho e Figueiredo (2005), a aderência é o fenômeno


que permite o funcionamento do concreto armado como material estrutural. Sem aderência as
barras da armadura não seriam submetidas aos esforços de tração, pois deslizariam dentro da
massa de concreto e a estrutura se comportaria como sendo apenas de concreto simples. A
aderência faz com que os dois materiais, de resistências diferentes, tenham a mesma
deformação e trabalhem juntos, de modo que os esforços resistidos por uma barra de aço
sejam transmitidos para o concreto e vice-versa. Segundo Leonhardt (1977), a aderência é
composta de três parcelas:

 Adesão: de natureza físico-química, com forças capilares na interface entre os


dois materiais; o feito é de uma colagem provocada pela nata de cimento na
superfície no aço; (fig. 4);
 Atrito: é a força que ocorre na superfície de contato entre os dois materiais, e se
manifesta quando há tendência ao deslocamento relativo entre a barra de aço e o
concreto, impedindo-o; é variável com o tipo de superfície das barras e devido à
penetração da pasta de cimento nas irregularidades das mesmas; é tanto maior
quanto maior é a pressão exercida pelo concreto sobre a barra (por isso, o atrito é
maior nos apoios e nas partes curvas das barras e também é favorecido pela
retração); (fig. 5);
34

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado

_______________________________________________________________________

 Engrenamento: resistência mecânica ao arrancamento devida à conformação


superficial as barras, e que as mossas e as saliências funcionam como peças de
apoio, aplicando formas de compressão no concreto, o que aumenta
significativamente a aderência; (fig. 6).

Embora, esses três efeitos, na prática, não possam ser avaliados separadamente,
analiticamente ou por meio experimental, o estudo da aderência é fundamental para
quantificá-la.

Figura 4 – Esquema de reações na aderência por adesão


(FUSCO, 1994)

Figura 5 – Esquema de reações na aderência por atrito


(FUSCO, 1994)
35

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Figura 6 – Esquema de reações na aderência por engrenamento (mecânica)


(FUSCO, 1994)

2.4 Conceitos básicos da NBR ISO 9001:2000

Aqui são descritos alguns conceitos básicos da NBR ISO 9001:2000.

2.4.1 Objetivo

Demonstrar as generalidades da NBR ISO 9001:2000.

2.4.1.1 Generalidades

Esta Norma tem como objetivo especificar requisitos para um sistema de


gestão da qualidade quando uma organização:

a) Necessita demonstrar sua capacidade para fornecer de forma consistente


produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitos regulamentares
aplicáveis, e
b) Pretende aumentar a satisfação do cliente por meio da efetiva aplicação do
sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema e a garantia da
conformidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis.

Desta forma a organização utiliza-se desta norma quando possuem uma


necessidade de melhorar seu processo executivo e consequentemente atestar aos seus clientes
uma determinada qualidade agregada em seus produtos, que através de uma certificação esta
qualidade pode ser garantida e formalizada junto á órgãos específicos.
36

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

2.4.2 Aplicação

Todos os requisitos desta norma são genéricos e se pretende que seja aplicável
para todas as organizações, sem levar em consideração o tipo, tamanho e produto fornecido.
Quando algum requisito(s) desta norma não puder ser aplicado devido à
natureza de uma organização e seus produtos, isso pode ser considerado para exclusão.
Quando são efetuadas exclusões, reivindicação de conformidade com a norma
NBR ISO 9001:2000 não são aceitáveis a não ser que as exclusões fiquem limitadas aos
requisitos contidos na seção 7 desta norma, e que tais exclusões não afetem a capacidade ou
responsabilidade da organização para fornecer produtos que atendam aos requisitos dos
clientes e requisitos regulamentares aplicáveis.
Fica claro que esta norma pode ser aplicável à qualquer atividade produtiva,
sendo ela industrializada ou não, de grande ou pequeno porte, podendo assim ser aplicada à
construção civil em todos seus diversos ramos, o que demonstra que deve haver adequações
para cada atividade.

2.4.2.1 Requisitos de documentação

Para que uma organização possa ser certificada pela NBR ISO 9001:2000, ela
necessita obrigatoriamente para implantação desta norma, implementar o que estabelece no
item 4 da mesma, como é demonstrado ao longo deste trabalho.

2.5 Sistema de gestão da qualidade

2.5.1 Requisitos gerais

A organização deve instituir, documentar, implementar, manter e melhorar


continuamente a eficácia de um sistema de gestão da qualidade de acordo com os requisitos
desta Norma. A organização deve:
37

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

a) Identificar os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade e sua


aplicação por toda a organização;
b) Determinar a sequência e interação desses processos;
c) Determinar critérios e métodos necessários para assegurar que a operação e o
controle desses processos sejam eficazes;
d) Assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias para apoiar a
operação e o monitoramento desses processos;
e) Monitorar, medir e analisar esses processos, e
f) Implementar ações necessárias para atingir os resultados planejados e a melhoria
contínua desses processos.
Esses processos devem ser geridos pela organização de acordo com os
requisitos desta Norma.2
Quando uma organização optar por adquirir externamente algum processo que
afete a conformidade do produto em relação aos requisitos, a organização deve assegurar o
controle desse processo. O controle de tais processos deve ser identificado no sistema de
gestão da qualidade.

2.5.2 Requisitos de documentação

Definem quais são as documentações necessárias para a manutenção e


certificação da NBR ISO 9001:2000.

2.5.2.1 Generalidades

A documentação do sistema de gestão da qualidade deve incluir:

a) Declarações documentadas da política da qualidade e dos objetivos da qualidade;


b) Manual da qualidade;
c) Procedimentos documentados3 requeridos por esta Norma;

2
Convém que os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade acima referenciados incluam processos para
atividades de gestão, provisão de recursos, realização do produto e medição.
38

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

d) Documentos necessários à organização para assegurar o planejamento, a


operação e o controle eficazes de seus processos, e
e) Registros da qualidade requeridos por esta Norma.

A abrangência da documentação do sistema de gestão da qualidade de uma


organização pode diferir da outra, devido aos seguintes itens:

a) Tamanho da organização e ao tipo de atividades;


b) À complexidade dos processos e suas interações, e
c) À competência do pessoal.

A documentação pode estar em qualquer forma ou tipo de mídia.

2.5.3 Manual da qualidade

A organização deve instituir e manter um manual da qualidade que inclua o


seguinte:

a) O escopo do sistema de gestão da qualidade, incluindo detalhes e justificativas


para qualquer exclusão;
b) Os procedimentos documentados instituídos para o sistema de gestão da
qualidade, ou referência a eles, e
c) A descrição da interação entre os processos do sistema de gestão da qualidade.

2.5.4 Controle de documentos

Os documentos requeridos pelo sistema de gestão da qualidade devem ser


controlados. Registro da qualidade é um tipo especial de documento e devem ser controlados
de acordo com os requisitos apresentados na NBR ISO 9001:2000.
3
Onde o termo “procedimento documentado“ aparecer nesta Norma, significa que o procedimento é instituído, documentado,
implementado e mantido.
39

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Um procedimento documentado deve ser instituído para definir os controles


necessários para:

a) Aprovar documentos quanto a sua adequação, antes da sua emissão;


b) Analisar criticamente e atualizar quando necessário, e reaprovar documentos;
c) Assegurar que alterações e a situação da revisão atual dos documentos sejam
identificadas;
d) Assegurar que as versões pertinentes de documentos aplicáveis estejam
disponíveis nos locais de uso;
e) Assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis;
f) Assegurar que documentos de origem externa sejam identificados e que sua
distribuição seja controlada, e;
g) Prevenir o uso não intencional de documentos obsoletos, e aplicar identificação
adequada nos caso em que forem retidos por qualquer propósito.

2.5.4.1 Controle de registros da qualidade

Registros da qualidade devem ser instituídos e mantidos para prover evidências


da conformidade com requisitos e da operação eficaz do sistema de gestão da qualidade.
Registros da qualidade devem ser mantidos legíveis, prontamente identificáveis
e recuperáveis. Um procedimento documentado deve ser instituído para definir os controles
necessários para identificação, legibilidade, armazenamento, proteção, recuperação, tempo de
retenção e descarte dos registros da qualidade.

2.5.5 Responsabilidade da administração

2.5.5.1 Comprometimento da administração

A alta administração deve fornecer evidência do seu comprometimento com o


desenvolvimento e com a implementação do sistema de gestão da qualidade e com a melhoria
contínua de sua eficácia mediante:
40

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

a) A comunicação à organização da importância em atender aos requisitos dos


clientes como também aos requisitos regulamentares e estatutários;
b) A instituição da política da qualidade;
c) A garantia de que os objetivos da qualidade são instituídos;
d) A condução de análises críticas pela administração, e;
e) A garantia da disponibilidade de recursos.

2.5.5.2 Foco no cliente

A alta administração deve assegurar que os requisitos do cliente são


determinados e atendidos com o propósito de aumentar a satisfação do cliente.

2.5.5.3 Política da qualidade

A alta administração deve assegurar que a política da qualidade:

a) É apropriada ao propósito da organização;


b) Inclui um comprometimento com o atendimento aos requisitos e com a melhoria
contínua da eficácia do sistema de gestão da qualidade;
c) Proporcione uma estrutura para instituição e análise critica dos objetivos da
qualidade:
d) É comunicada e entendida por toda a organização, e;
e) É analisada criticamente para manutenção de sua adequação.

Fica claro que conforme anteriormente descrito, apesar do sistema de qualidade


ser uma ferramenta importante para a padronização e melhoria da qualidade de uma
organização, e mencionar que a alta administração faça parte integrante de todo o processo,
não fica evidenciado nenhum aspecto técnico do produto em questão, não é mencionado de
que forma tal produto deva ser verificado e que padrões e quais normas técnicas deva seguir.
41

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Pode-se citar, por exemplo, que em uma auditoria de certificação na norma


NBR ISO 9001:2000, o respectivo auditor jamais verifica, no caso da construção civil, um
pilar fora do prumo, e sim apenas um registro no qual se pode ou não fazer esta verificação,
porém se realmente este problema verificado foi realmente resolvido será uma incógnita.
Estes problemas acontecem porque o programa de qualidade na verdade foi
desenvolvido como um padrão para qualquer tipo de organização, desta forma se não há
preocupação com uma orientação normativa de execução de projetos e produtos, este
programa de qualidade fica sem função técnica. Outro problema verificado é que a NBR ISO
9001:2000 preconiza o uso de equipamentos adequados e aferidos para fazer as conferências
em obra, desta forma as empresas deveriam dar tais condições para estas verificações.

2.5.6 Produção e fornecimento de serviço

2.5.6.1 Controle de produção e fornecimento de serviço

A organização deve planejar e realizar a produção e o fornecimento de serviço


sob condições controladas. Condições controladas devem incluir, como aplicável:

a) A disponibilidade de informações que descrevam as características do produto;


b) A disponibilidade de instruções de trabalho;
c) O uso de equipamento adequado;
d) A disponibilidade e uso de dispositivos para monitoramento e medição;
e) A implementação de monitoramento e medição, e;
f) A implementação da liberação, entrega e atividades pós-entrega.

2.5.6.2 Controle de dispositivos de medição e monitoramento

A organização deve determinar as medições e monitoramentos a serem


realizados e os dispositivos de monitoramento e medição necessários para evidenciar a
conformidade do produto com os requisitos determinados.
42

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

A organização deve instituir processos para assegurar que medição e


monitoramento podem ser realizados e são executados de uma maneira consistente com os
requisitos de medição e monitoramento.
Quando for necessário assegurar resultados válidos, o dispositivo de medição
deve ser:

a) Calibrado ou verificado a intervalos especificados, ou antes, do uso, contra


padrões de medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou
nacionais; quando esse padrão não existir, a base usada para calibração ou
verificação deve ser registrada;
b) Ajustado ou reajustado, como necessário;
c) Identificado para possibilitar que a situação da calibração seja determinada;
d) Protegido contra ajustes que invalidariam o resultado da medição;
e) Protegido de dano e deterioração durante o manuseio, manutenção e
armazenamento.

Adicionalmente a organização deve avaliar e registrar a validade dos resultados


de medições anteriores quando constatar que o dispositivo não está conforme com os
requisitos. A organização deve tomar ação apropriada no dispositivo e em qualquer produto
afetado. Registros dos resultados de calibração e verificação devem ser mantidos.
Quando usado na medição e monitoramento de requisitos especificados, deve
ser confirmada a capacidade do software de computador para satisfazer a aplicação
pretendida. Isso deve ser feito antes do uso inicial e reconfirmado se necessário.
Fica claro mais uma vez que os documentos da NBR ISO 9001:2000,
preconiza o uso de equipamentos adequados para a execução de serviços e medições, bem
como calibração dos equipamentos de verificação, porém não especifica para cada tipo de
organização os equipamentos que devam ser utilizados, pois esta norma é genérica, deste
modo deve haver um corpo técnico que designe a auditoria.
43

Capítulo 2 – A ISO9001 aplicada ao concreto armado


_______________________________________________________________________

Desta forma o modo em que as organizações definem seus padrões de aferição


nem sempre refletem a real necessidade de verificações dos seus produtos, tendo em vista que
as empresas construtoras não possuem uma política de fornecerem equipamentos adequados
para a verificação das diversas etapas pertinentes à execução dos seus serviços, mas sim em
formalizar equipamentos para uma certificação.
Não há preocupação também em desenvolver tecnologias para procurar
minimizar problemas quanto às discrepâncias de projetos e real executado, e isto será
melhorado quando seus clientes começarem a exigir uma execução criteriosa e com
qualidade, a qual reflita de forma realista o que lhe são propostos em projeto e seguindo as
especificações do memorial executivo que lhes são apresentados.
Desta forma a técnica da engenharia será mantida e melhorada continuamente
com rege o programa de qualidade.
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO 3
Neste capítulo procura-se inicialmente conceituar o que vem a ser fundação.
Em seguida colocam-se os conceitos de tubulão a céu aberto, para mostrar
depois as verificações geométricas da fundação e características do solo. Neste trabalho
apenas este tipo de fundação será abordado.
Finalmente mostra-se a título de exemplo o cálculo do fuste e verificação da
base de um tubulão em um exemplo numérico.

3.1 Fundação

Consideram-se fundação os elementos da estrutura que transmitem as ações da


edificação para o solo. Normalmente as fundações podem ser classificadas como superficiais
e profundas. A primeira é usada quando o solo superficial tem resistência adequada, caso
contrário opta-se por uma fundação profunda. Neste trabalho é enfocado apenas um tipo de
fundação: a profunda.

Segundo a NBR 6122:1996, (item 3.8 Fundação profunda). Fundação profunda –


Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de
ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das
duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão
em planta, e no mínimo 3m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as
estacas, os tubulões e os caixões.

Para se entender a metodologia de recebimentos de serviços em obras entende-


se que é preciso saber a prescrição técnica e compará-las com as especificações da NBR ISO
9001:2000. Neste trabalho estudam-se as fundações do tipo tubulão a céu aberto que é
bastante comum nas edificações de múltiplos andares da região de Ribeirão Preto.
45

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

3.2 Conceitos básicos de tubulão

De acordo com a definição de Alonso (1983). Tubulões a céu aberto são


elementos estruturais de fundação constituídos de um fuste e de uma base alargada. É
executado através da abertura de um poço no terreno, a execução do alargamento da base e
efetuando-se a concretagem do mesmo. (figura 7)

Figura 7 – Perspectiva e corte longitudinal de um tubulão


com base alargada. (ALONSO, 1983).

Conforme afirma Alonso (1983), este tipo de tubulão geralmente é executado


acima do nível da água natural ou rebaixado, ou, em casos especiais, em terrenos saturados
onde seja possível bombear a água sem risco de desmoronamentos. Se esta estrutura
apresentar apenas carga na direção vertical, este tipo de tubulão não precisa ser armado,
colocando-se apenas uma ferragem de topo para ligação com o bloco de coroamento ou de
capeamento, conforme figura 8. Fusco (1995) afirma que mesmo em estaca (tubulão
também), cuja ação predominante é vertical, não há necessidade de se prover armadura no seu
corpo (excetuando-se na sua parte inicial - topo). Acrescenta ainda que a base de um tubulão
está submetida a um campo de tensões tais que não há necessidade de colocação de armadura.
Frisa ainda que estes casos (fuste e base sem armadura) são duas das poucas exceções de
elementos de concreto que não necessitam armadura.
46

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

De acordo Alonso (1983), o fuste, normalmente, é de seção circular, adotando-


se como diâmetro mínimo de 60 cm (para entrada e saída de operários), porém a projeção da
base poderá ser circular ou em forma de falsa elipse conforme é mostrado na figura 8. Neste
caso, a relação a/b deverá ser menor ou igual a 2,5.

Figura 8 – Base de tubulão em planta, com base circular e falsa elipse. (ALONSO, 1983).

De acordo com Joppert Junior (2007), tecnicamente a adoção de tubulões para


a fundação é uma excelente opção de fundação, pois ela possibilita a verificação “in loco” do
solo de apoio e das dimensões finais da escavação do fuste e da base. Deve-se levar em
consideração a viabilidade para executar este tipo de fundação já que problemas relacionados
a desbarrancamentos, excesso de água, gases e matacões de grande porte podem inviabilizar a
sua execução. Aconselha ainda que se realize sempre a abertura de poço de prova para que
seja verificada a estabilidade das futuras escavações do terreno em análise.
Conforme descrito por Joppert Junior (2007), devido às grandes dimensões da
base em relação ao fuste, os tubulões trabalham por ponta, ou seja, toda a carga vertical da
estrutura é distribuída uniformemente na base sem ser levada em consideração a resistência
lateral que existe entre o fuste e o solo. Neste respectivo cálculo é desprezado também o peso
próprio do concreto de enchimento do tubulão, de tal modo que, para o dimensionamento do
fuste e da base, utiliza-se a carga proveniente da estrutura. Esta afirmação mostra que em
termos geométricos, a garantia de um bom funcionamento de um tubulão está ligada apenas as
dimensões da base do mesmo.
47

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

3.3 Dimensionamento do tubulão

É apresentada de forma sumária como podem ser calculados o fuste e a base de


um tubulão sujeito apenas à ação vertical.

3.3.1 Dimensionamento do fuste

Como já relatado o fuste do tubulão é dimensionado para que o concreto de


enchimento trabalhe a compressão simples, sem a necessidade de armação. Como a tensão
atuante é baixa, pois a dimensão do fuste tem valor mínimo para entrada e saída dos
operários, e ainda as condições de cura são favoráveis pode-se neste caso usar concreto com
baixa resistência de compressão. (ver norma de fundação).
Ainda afirma Joppert Junior (2007), que normalmente se utiliza o concreto de
enchimento do tubulão com fck 13,5 MPa que resulta, após a aplicação dos coeficientes de
majoração de carga e minoração de resistência do concreto, tensão de trabalho do concreto de
= 5000 kN/m2. Respectivamente esta tensão pode ser aumentada caso se utilize concreto
com resistências maiores. O ideal é a utilização de concreto auto adensável para garantir o
total preenchimento do tubulão sem vazios. Assim, para dimensionar o fuste de um tubulão,
segundo Joppert Junior efetua-se os seguintes passos:

 Considera-se concreto com fck 13,5 Mpa:


 Obtém o diâmetro pelas expresses 3.0, 3.1 e 3.2:

(3.0)

P P  d2
A fuste    (3.1)
c 5000 4

4P
d (3.2)
  5000
48

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Onde:

d - Diâmetro do fuste (mínimo = 70 cm)


P - Carga no Pilar (kN)
- Tensão de trabalho do concreto (kN/m2)
c (A dimensão mínima do fuste escavado manualmente é de 70 cm)

Segundo Carvalho e Pinheiro (2009) os elementos confinados de concreto


simples, como é o caso de estacas e fuste de tubulão, podem ser dimensionados à compressão
segundo a NBR 6118:2003 (item 24.5.2), que estabelece que a tensão máxima para esforços
majorados não deve exceder os valores das tensões resistentes de cálculo. Os esforços de
compressão atuantes N devem ser majorados por coeficiente, γc = 1,2.1,4 = 1,68 e as tensões
resistentes à compressão são limitadas a σrRd = 0,85. Fcd, resultando, sendo A estaca ou A
fuste a área da seção transversal da estaca ou do fuste pode ser dada pelas expressões 3.3, 3.4
e 3.5:

N d   c  N  1,4  1,2  P  1,68  P (3.3)

Nd 0,85  f ck 1,68  P 0,85  f ck


  cRd  0,85  f cd    (3.4)
A fudte 1,4 A fuste 1,4

4  1,68  P 1,8  P
d  (3.5)
  0,85  f ck  1,4 f ck

3.3.2 Dimensionamento da base

A base do tubulão é dimensionada para trabalhar com a tensão admissível do


solo ( ), sem a necessidade da utilização de armadura.
O formato da base em planta pode ser circular ou em falsa elipse como já
descrito.
49

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

É mostrada na figura 9 os detalhes da cada uma destas bases:

Figura 9 – Detalhes de base circular e falsa elipse em planta. (JOPPERT JUNIOR, 2007).

Portanto, a área necessária do tubulão para cada base é dada pelas expressões
3.6 e 3.7:

Base circular
(3.6)

Onde:
P - Carga do pilar (kN)
- Tensão admissível no solo (kN/m2).

Base em falsa elipse

(3.7)

Onde:

D - diâmetro do trecho circular (m)


X - alongamento da base (m) (ver figura 2.2)
50

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Conforme descrito por Joppert Junior (2007), para que a base não necessite de
armação na sua parte inferior, o concreto utilizado para o enchimento deve absorver as
tensões de tração geradas nesta região.
Tal fato ocorre para os tubulões preenchidos com concretos de fck 13,5 Mpa,
600, tensões no solo de 200 600 kN/m² e ângulo do disparo com a horizontal
60°. O tubulão também deve contar com um rodapé para garantir que na base o concreto
possua uma espessura mínima de 20 cm, conforme mostra a figura 10.

Figura 10 – Detalhes em corte transversal de um tubulão (JOPPERT, 2007).

Desta forma, a altura da base do tubulão é obtida pelas expressões 3.8 e 3.9:

Base circular

( )
h= (3.8)

Base em falsa elipse

( )
h= (3.9)
51

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

(Por razões de segurança devido a desmoronamentos, recomenda-se uma altura


máxima de 2,00 metros.)

3.3.2.1 Capacidade de carga

A capacidade de carga dos tubulões, conforme descreve Joppert Junior (2007),


pode ser obtida por meio de fórmulas empíricas, com algumas restrições, e por meio de
correlações de ensaios de campo (SPT e CPT).

3.3.2.2 Método empírico de Terzaghi para estimativa da tensão de ruptura

Para se estimar a capacidade de carga pelo método de Terzaghi, deve-se


utilizar as expressões 3.10 e 3.11:

Solos argilosos rijos a duros e arenosos compactos a muito compactos - ruptura


geral

 Tensão de ruptura (3.10)

Solos argilosos moles e arenosos fofos - ruptura local


 Tensão de ruptura (3.11)

Onde:

C - Coesão do solo (kN/m²)


y - Peso específico médio efetivo abaixo da cota de apoio do tubulão até a profundidade
B (kN/m³).
(Se houver água ).
B - menor dimensão do tubulão (m)
q - Pressão efetiva na cota de apoio do tubulão (kN/m²), limitada a um valor máximo
calculado de "10 x d" de profundidade.
52

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Tabela 1 - Fatores de Carga - Terzaghi


Ruptura geral Ruptura local
(°)
Nc Ny Nq N´c N´y N´q
0 5,70 0,00 1,00 5,70 0,00 1,00
15 12,90 2,50 4,40 9,70 0,90 2,70
20 17,70 5,00 7,40 11,80 1,70 3,90
25 25,10 9,70 12,70 14,80 3,20 6,60
30 37,20 19,70 22,50 19,00 5,70 8,30
35 57,80 42,40 41,40 25,20 10,10 12,60
(JOPPERT JUNIOR, 2007)

Tabela 2 - Fatores de Forma - Terzaghi


Tubulão Circular Tubulão Falsa Elipse
1,30 1,10
0,60 0,90
1,00 1,00
(JOPPERT JUNIOR, 2007).

Pode-se concluir que:

Para solos argilosos ( )


a. Tensão de ruptura do tubulão independe da sua largura (B).
b. Tensão de ruptura independe da presença de água abaixo do apoio do tubulão.
c. A tensão de ruptura está relacionada ao embutimento do tubulão no solo.
Para solos arenosos ( )
a. A tensão de ruptura do tubulão depende da sua largura (B).
b. A presença de água abaixo da cota de apoio do tubulão influencia na capacidade de carga
do tubulão.
c. A tensão de ruptura está relacionada ao embutimento do tubulão no solo.

Recomenda-se que seja adotado para a estimativa da tensão admissível do solo


fator de segurança FS = 3, conforme mostrado na expressão 3.12.

(3.12)
53

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

3.3.2.3 Correlação entre spt e tensão admissível no solo ( )

A correlação que existe entre o número de SPT e a tensão admissível no solo


( ) podem ser verificadas nas expressões 3.13 e 3.14:

 Para tubulões "longos":

Tensão admissível (  s )

(KN/m²) ou (Kg/cm²) (3.13)

 Para tubulões "curtos":

Tensão admissível (KN/m²) ou (Kg/cm²) (3.14)

Onde:

- média aritmética dos SPTs na região localizada entre a cota de apoio do


meio do tubulão e o término do bulbo de pressão, conforme mostrado na figura 11.
O bulbo de pressão obedece a expressão 3.15.

(3.15)

L - Profundidade do bulbo de pressão

Ainda afirma Joppert Junior (2007), que não se aconselha usar tensões acima
de 600 kN/m² para argila e 800 kN/m² para areias sem uma análise mais profunda deste valor
no que se refere a recalques e ruptura.
54

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Figura 11 - Profundidade do Bulbo de pressão com a


sondagem tipo SPT. (JOPPERT JUNIOR, 2007).

3.4 Verificação de projeto

Joppert Junior (2007) descreve que o projeto de fundações em tubulões deve


passar necessariamente pela verificação dos seguintes itens:

 Análise da viabilidade técnica e executiva da solução adotada, observando-se os


seguintes aspectos:

Estabilidade das escavações do fuste e da base


Presença de água aliada a silte e/ou areia
Presença de água em excesso
Presença de matacões
Presença de solos de baixa resistência abaixo da cota de apoio do tubulão

 Adoção de tensões admissíveis corretas, verificadas pelos métodos expostos (verificar


capacidade de carga e recalques).
 Área da base deve ser maior ou igual à relação entre a carga do pilar (P) e a tensão
admissível ( ), conforme mostrado na expressão 3.16.

(3.16)
55

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

 O disparo da base deve formar um ângulo de 60° com a horizontal.


 O tubulão deve estar centrado no centro de gravidade ou no centro de força dos
pilares.
 Devem ser verificados deslocamentos e armação dos tubulões submetidos à flexo-
compressão e esforços horizontais de acordo com a sua rigidez (tubulão curto ou
longo).

A seguir demonstra-se o cálculo de um tubulão sob um pilar em L.(figura 12)

3.5 Exemplo numérico

Para exemplificarmos projetaremos a fundação em tubulão a céu aberto com


taxa do solo igual a 0,6 MPa para o pilar demonstrado abaixo na figura 12.

Figura 12- Detalhe pilar em L. (ALONSO, 1983).


Sendo:
P1A = 1400 KN/m (ao longo do eixo)
P1B = 1000 KN/m (ao longo do eixo)

Solução:

Calculamos o centro de carga pelas expressões 3.17, 3.18, 3.19 e 3.20:


56

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

P1A = 1400 x 0,5 = 700 KN (3.17)


P1B = 1000 x 1 = 1000 KN (3.18)

(3.19)

(3.20)

Base diâmetro (D) pode ser obtida pela expressão 2.25:

√ (3.21)

Diâmetro do fuste ( ), pode ser obtido pela expressão 2.26:

√ (3.22)

Desta forma adotamos 70 cm.


Então: H = 0,866 (190 – 70) = 104 adotado 105 cm < 200cm

Sendo assim segue na figura 13 as características do tubulão anteriormente calculado.

Figura 13 - Detalhamento de base, altura e fuste de um tubulão. (ALONSO, 1983).


57

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Um dos principais problemas encontrados na execução de tubulões são as


tolerâncias aceitas para a locação das peças à serem executadas, conforme as IT´s (instruções
de trabalhos) preconizadas em empresas que são certificadas em ISO 9001 2000.

3.6 Verificações durante a execução

Segue abaixo as verificações que devem ser feitas conforme o item 7.9.7.4.1 da
norma de Projeto e Execução de Fundação NBR 6122:1996, e havendo alguma anormalidade
em algumas destas verificações ou discrepância com o informado ou o orientado no projeto, o
projetista deve ser consultado.

a) Cotas de apoio e de arrasamento;


b) Dimensões reais da base alargada;
c) Material de apoio;
d) Equipamento usado nas várias etapas;
e) Deslocamento e desaprumo;
f) Consumo de material durante a concretagem e comparação com o volume previsto;
g) Qualidade dos materiais;
h) Anormalidades de execução e providências tomadas;
i) Inspeção por profissional responsável do terreno de assentamento da fundação.

3.7 Considerações sobre locação

Uma empresa X, apresenta em sua RIS (Registro de Inspeção de Serviço) de


Locação de Obra e Tubulão a Céu Aberto que a tolerância para locação de peças estruturais é
de +/- 2 mm e centro de tubulões zero respectivamente, conforme figuras 14 e 15 a seguir.
58

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Figura 14 – RIS de Locação de Obra. (Arquivo do autor).


59

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Figura 15 – RIS de Tubulão á Céu Aberto. (Arquivo do autor).


60

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

As tolerâncias quanto à prumada e excentricidade de tubulões serão,


respectivamente, 1% e 10% do diâmetro do fuste. No caso de confirmadas, essas
discrepâncias deverão ser avaliadas caso a caso pelo projetista da fundação e da estrutura, que
deverão informar aos executores as ações para correções.
Segundo a norma de Projeto e Execução de Fundação NBR 6122:1996, item
7.9.7.5.1, é tolerado um desvio, sem qualquer correção, entre os eixos de estacas e o ponto de
aplicação da resultante das solicitações do pilar de 10% do diâmetro do fuste ou do tubulão.
No que tange as tolerâncias preconizadas pelas RIS (Relatório de Inspeção de
Serviços, NBR ISO 9001:2000), mesmo dos serviços de Locação de Obra e Tubulão a Céu
Aberto, elas se contradizem e não deixam claras as necessidades preconizadas pela norma de
Projeto e Execução de Fundação NBR 6122:1996, ou a possibilidade de se fazer tais
verificações

a) No item da RIS do serviço de Locação de Obra-Marcação de elementos estruturais


pede-se:

Com auxílio de trena metálica a partir da planta de locação, verificar eixos X e


Y (Tolerância de +/- 2 mm)
Comentários:
Como normalmente a locação ou a verificação final é feita a partir de uma
trena manual e arames ou linhas da locação de obra, a precisão de 2mm é impossível de se
obter.
A norma NBR 6122:1996 deixa claro que se houver uma excentricidade de até
10% do diâmetro do fuste, teoricamente a estrutura já está calculada para tal falha executiva.

b) No item da RIS do serviço de Locação de Tubulão a Céu Aberto-Centro, diâmetro e


altura base pede-se:
Fazer a conferência utilizando prumo de centro e um metro de madeira.
(Tolerância de ***) – Não define tolerância, subentende-se que é zero, ou seja, não admite
erro algum.
61

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Comentários:

Primeiro não existe a possibilidade de em obra a partir de um prumo de centro


ao ar livre com interferências de intempéries, um metro de madeira e arames ou linhas da
locação do respectivo elemento de se fazer uma verificação com a precisão exigida, tendo em
vista principalmente que a tolerância é zero, ou seja, não admite erro algum.
Segundo, a norma NBR 6122:1996 deixa claro que se houver uma
excentricidade de até 10%, teoricamente a estrutura já está calculada para tal falha executiva.
Sendo assim para os itens referentes às locações de elementos estruturais tanto
para locação de obra e para execução de tubulão a céu aberto o que podemos entender é que a
exigência da NBR ISO 9001:2000 por meio das RIS, a qual foi feita pelo gestor, pode indicar
determinadas tolerâncias que são inexeqüíveis e/ou desnecessárias, pois, se a própria norma
NBR 6122:1996 já faz menção para o projeto no que se refere á excentricidade, porque não
aumentar tais tolerâncias para que as mesmas reflitam de forma real o que acontece no
canteiro de obra? E por que não facilitar o processo de recebimento de tal serviço de forma
que esteja realmente de acordo com o prescrito tecnicamente?
É óbvio que a tolerância perto de zero, sem nenhum desvio do valor do projeto, é um valor a
se perseguir, o que se coloca é que um valor compatível com a realidade de obra e abaixo do
normativo que possa ser usado.
PILARES 4
4.1 Introdução

Em seu item 14.4.1.2, a NBR 6118:2003 define pilares como elementos


lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de
compressão são preponderantes.
Segundo Carvalho e Pinheiro (2009), os pilares têm forma prismática ou
cilíndrica (usualmente com seção transversal quadrada, retangular ou circular), sendo uma das
dimensões (comprimento) bem maior que as outras duas; são tratados como elementos
lineares, geralmente, isolados.
O cálculo de tais elementos envolve teorias específicas e também análise da
estrutura como um todo. Percebe-se que em diversos processos simplificados, permitidos por
normas, o cálculo é feito através da determinação de excentricidade vertical. Em outras
palavras definido: a seção transversal, a forma de distribuição da armadura, e esbeltez do pilar
através da normal e excentricidade obtêm-se a armadura do mesmo.

4.2 Discussão das verificações para aceitamento dos pilares

A discussão que se faz a seguir e em quais aspectos a execução pode alterar


significativamente os esforços atuantes no pilar.
Imaginando que a seção do pilar e a armadura de cálculo sejam executadas
fielmente ao projeto, resta analisar a possibilidade de desvio de locação do pilar.
Estando o centro do pilar fora da posição haverá uma excentricidade, porém a
NBR 6118:2003, o cálculo já prevê esta situação através da excentricidade mínima ou de
desaprumo. Estes seriam os limites superiores para a aceitação do elemento. No caso do
desaprumo, percebe-se que se mede também a verticalidade do pilar.
Desta forma a verificação para a aceitação de um pilar resume-se:
63

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

a) Geometria: dimensões da seção (base e largura) e posição do centro de gravidade do


mesmo;
b) Armação: conferência de armadura longitudinal e transversal;
Nos itens seguintes são detalhadas estas verificações.

4.3 Locação dos pilares

Embora formalmente exista um engenheiro responsável na obra, algumas


vezes, em obras sem acompanhamento de profissional habilitado, os pilares de um edifício
são locados inicialmente em sua fundação por meio de topografia através de um gabarito,
tendo-se por base o projeto de formas com suas coordenadas x e y, porém os pilares
subsequentes são locados tendo como base os pilares já fundidos logo abaixo, sendo que
geralmente são verificados seus prumos através de prumo de face e um arame com um peso
em sua ponta inferior dando assim uma noção de sua verticalidade.
Este tipo de locação pode acarretar erros (que podem se acumular), se no caso
no primeiro nível de pilares alguns de seus elementos estiverem fora de prumo, e tendo em
vista que estes pilares não serão marcados com o uso de topografia, pode-se então acumular
erros, levando assim a estrutura sofrer maiores solicitações para qual foi realmente calculada.
Assim, em cada etapa após a execução dos pilares é preciso tentar identificar estes erros,
informando o calculista para tomada de decisão para sua regularização, pois esta
excentricidade com certeza não foi calculada pelo projetista.
Uma maneira, porém, de se fazer uma locação mais precisa, seria realizada
através de topografia, fazendo a marcação dos eixos dos pilares, andar por andar, e com
aparelhos específicos.
As excentricidades que podem cobrir estes erros são as excentricidades
mínimas ou a acidentais (o calculista usa a maior entre as duas). Desta forma pode-se já
definir um valor limite superior para estes erros, ou seja, a excentricidade mínima ou
acidental. A maneira correta de se locar os pilares é transferir primeiramente os eixos
principais do edifício do nível onde já existe a estrutura para o nível da laje em execução,
tomando-se todos os cuidados para que fiquem com posições corretas com a melhor precisão
possível.
64

Capítulo 3 - Estruturas de Fundação


_______________________________________________________________________

Sempre que permitido, todos os eixos devem ser riscados, com lápis de vídea,
na laje e os mesmos devem ser liberados pelo engenheiro da obra.
Para que os pilares sejam marcados com precisão, o projetista deve fornecer
uma planta exclusiva de forma de pilares com seus respectivos eixos. Isto pode facilitar
bastante a locação na obra, pois os eixos dos pilares, na maioria das vezes, não coincidem
com, por exemplo, os das vigas e paredes (considera-se que os eixos estão sempre passando
pelo conjunto dos “cg” das seções transversais dos elementos – meio da viga, meio da seção
pilar). A figura 16 mostra um trecho de formas com os eixos citados mostrando que se os
eixos forem desenhados separadamente a clareza do desenho é maior.

Figura 16 - Eixos de vigas e pilares: a) desenho dos eixos em uma mesma planta.
b) eixos das vigas separados; c) eixos dos pilares. (Arquivo do autor).

Nesta fase, às vezes, é interessante marcar eixos secundários, que não


contenham elementos estruturais para servir de referencia para outros serviços de acabamento.
Isto quer dizer que uma vez terminada a estrutura, e mesmo as paredes, se não existirem estes
eixos a locação seria feita a partir das faces dos elementos estruturais, o que pode levar a um
acúmulo de erros. Estes eixos secundários servem para efetivação de taliscamento, para
execução e conferencia de esquadro (ex. áreas com piso frio), etc.
O nível de referência deve ser transferido para a laje em execução, com um
ponto localizado no centro do pavimento, em geral, próximo à caixa de escada ou ao poço do
elevador.
65

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Este ponto deve ser marcado a uma altura de 1 m, 1,1 m ou ao nível da


primeira emenda do painel de pilar. É recomendado realizar um controle dos níveis de cada
pavimento na torre do guincho ou na grua.
O nível de referência da primeira laje a ser executada é marcado nos citados
locais e acrescidos do “pé direito”, à medida que a estrutura vai sendo executada da RN da
obra. Se houver erro neste tipo de locação em relação a segurança estrutural pode-se ter:

a) altura do pé direito real menor que o do projeto: em princípio não aumento esforço no pilar
(no ELU – estado limite último). Aqui a grande perda é a de conforto, pois o volume de ar no
domicílio será menor.
b) altura do pé direito real maior que o do projeto: em princípio há um aumento no esforço no
pilar (no ELU – estado limite último). Como é visto na NBR 6118:2003 a excentricidade de
segunda ordem (supondo o pilar medianamente esbelto) é dada pela expressão 4.0.

 2e 0,005
e2   (4.0)
10   0,5  h

Com

e2 - excentricidade de segunda ordem (pilar padrão medianamente esbelto e com curvatura


máxima).
 e - comprimento equivalente de flambagem.

Nd
 (4.1)
bhf cd

Nd – a ação normal de cálculo no pilar


b, h as dimensão da seção do pilar (supondo retangular)

Fcd – resistência à compressão de cálculo do concreto


66

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Assim, considerando que o comprimento de flambagem é dado pela distância


entro os eixos das vigas de dois pavimentos consecutivos e supondo esse valor igual a 300 cm
e para efeito de raciocínio considerando Nd=1500 kN, h=0,20 e 0,70. Imaginando erros de
5,00 7,50 10,00 12,50 e 15,00 pode-se escrever:

Nd 1,4 x1500
=   0,98 (4.2)
bhf cd 20000
0,2  0,75 
1,4

 2e 0,005  2e 0,005
e2   
10   0,5  h = 10 0,98  0,5  0,20  0,00168   e .
2
(4.3)

E finalmente analisar como varia o efeito de segunda ordem no pilar quando se


altera os valores do comprimento de flambagem. Na tabela 3 mostra-se que se pode chegar a
um valor de até 10% de acréscimo na excentricidade. Pelo que é visto na NBR 6118:2003 este
acréscimo não é previsto em cálculo e sua existência pode diminuir a segurança do elemento.
É possível, porém, que mesmo como pequena mudança da excentricidade de segunda ordem a
armadura requerida seja a mesma, pois na escolha do detalhamento da armadura pode haver
um arredondamento da armadura necessária.
Em outras palavras ao realizar o cálculo a armadura detalhada, em geral, é
ligeiramente superior à necessária. Assim a informação deste aumento de pé direito deve ser
repassada ao calculista para verificação se a armadura detalhada suporta este erro de medida.

Tabela 3 - Variação da excentricidade de segunda ordem com o aumento do comprimento de


flambagem do pilar.
e 300 cm 3,05 cm 3,075 cm 3,10 cm 3,125 cm 3,15 cm

e2 1,52 cm 1,57 cm 1,59 cm 1,62 cm 1,65 cm 1,68 cm

e2 correto 1,52 cm 1,52 cm 1,52 cm 1,52 cm 1,52 cm 1,52 cm

e2 / e2 correto 1,00 cm 1,03 cm 1,05 cm 1,07 cm 1,09 1,11


67

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

4.4 Montagem das fôrmas

O conjunto de elementos que servem para locar a base das formas dos pilares
são chamados de gastalhos. Eles devem ser marcados no dia seguinte a concretagem da laje,
sob a supervisão e participação do engenheiro da obra. A figura 17 ilustra a locação dos
gastalhos a partir dos eixos principais.

Figura 17 - Locação dos gastalhos a partir dos eixos principais (Arquivo do autor).

Durante a marcação dos gastalhos, deve-se evitar o trânsito de pessoas


estranhas ao serviço e de materiais e equipamentos no pavimento em questão. A locação dos
gastalhos deve ser liberada pelo engenheiro da obra, utilizando-se sempre a mesma trena
metálica.
O uso de gastalhos não nivelados é o procedimento usual. O gastalho deve
estar bem fixo, solidarizado diretamente à laje ou encunhado, conforme indicado na figura 18.

Figura 18 - Gastalho de pilar de borda


fixado à laje recém concretada
(recomenda-se que possível colocar
protetores). (Arquivo do autor).
68

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

O procedimento para a montagem das formas prossegue com o apicoamento do


concreto da base dos pilares, removendo a nata de cimento depositada na superfície. Isto deve
ser feito para garantir a melhor aderência entre os concretos da parte superior do pilar (a
executar) com a parte inferior (já executada). Em seguida fixam-se dois pontaletes-guia de
mesma medida, aprumando-os e travando-os com mãos-francesas, nas duas direções do pilar .
Os ajustes necessários devem ser feitos na junção entre a base da mão-francesa
e o chumbador da mão francesa (gastalho “maluco”) fixado na laje. No final do processo
deve-se verificar a perfeita imobilidade do conjunto, tanto da mão-francesa como do
chumbador.

Figura 19 – Montagem de fôrma de Figura 20 - Armaduras posicionadas, com as


pilar com conferência de prumo. faces da fôrma do pilar devidamente travadas.
(Arquivo do autor).
(Arquivo do autor).

Antes do início da montagem das formas é preciso aplicar desmoldante nas faces internas das
mesmas com pincel, broxa ou rolo. Em seguida marca-se nos pontaletes-guia o nível que deve
chegar à extremidade superior do primeiro painel do pilar, para conferência durante o
processo de montagem. Montam-se as faces laterais menores e uma das maiores (chamada em
geral de fundo) dos pilares, pregando-as no pontalete-guia.
69

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Deve ser conferido o encontro das faces no topo do pilar com um esquadro
metálico, de forma a garantir a perpendicularidade entre elas.
Terminado os procedimentos anteriores nivelam-se as faces montadas,
verificando a abertura na base do pilar para a colocação ou não de enchimentos (pequenos
elementos de madeira-mosquito) em frestas existentes, em função de problemas de
nivelamento da laje já concretada. Verifica-se agora o prumo do conjunto, conforme ilustra a
19.
Uma vez que a forma está praticamente terminada deve-se posicionar a
armadura, conferindo espaçadores (para garantir o cobrimento das armaduras) e posicionando
as galgas (para impedir o estrangulamento da seção interna da fôrma), figuras 20 e 21.
Um esquema da galga é mostrado na figura 21.

Figura 21 – Esquema de uma forma de pilar, com


as galgas evitando o estrangulamento de forma.
(Arquivo do autor).

Pela descrição feita do serviço de execução dos pilares pode-se perceber que o
posicionamento dos pilares entre um andar e outro está ligado a precisão das marcações dos
eixos. Na descrição feita procurou-se manter o processo tradicional em que se usam trenas e
as referências físicas de dois eixos. É claro que se trocar este procedimento por um serviço
com aparelhagem de topografia, a precisão tende a ser muito maior. Quanto maior as
dimensões em planta da edificação, mais necessário se torna o uso da topografia.
70

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

laje laje
hl hl

e
pilar pilar

0 

viga viga

pilar pilar

hv hv
viga viga

Figura 22 - Pilares executados a esquerda com prumadas coincidentes (mesmo


eixo vertical) e a direita com desvio de e no eixo vertical. (adaptado de
CARVALHO e PINHEIRO (2009)).

O erro nas medições dos eixos em planta pode acarretar um desvio do eixo
vertical dos pilares como indica a figura 22 (o valor de e na figura é propositalmente grande
para aspecto de visualização).
Este tipo de erro causaria, para efeito de cálculo, uma excentricidade de forma.
Assim os primeiros eixos marcados (os de referência) devem ser feitos com toda precisão para
evitar este erro de forma.
No caso da existência desta excentricidade o calculista deve ser informado para
avaliar, com possível recálculo se o conjunto de pórticos consegue absorver este efeito com
ou sem reforço. Em outras palavras o calculista pode reprocessar a estrutura com o trecho do
pilar na posição real e fazer uma análise da situação.
Os demais cuidados descritos na execução visam garantir o prumo do pilar no
andar (excentricidade acidental da norma NBR 6118:2003) previstos como indica a figura 23,
assim como, a dimensão correta da seção. Neste caso o uso das galgas é importante, pois
qualquer variação, principalmente para um valor menor pode significar uma diminuição no
esforço.
71

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

ea ea

1


/2

1
Figura 23 - Imperfeições geométricas locais em pilares
(figura 14, capítulo 11, NBR6118: 2003).

Só para mostrar o que pode ocorrer em relação à diminuição da seção, imagine


um exemplo com a seguinte situação: Pilar a ser executada com fck=30 MPa, Aço CA50,
dimensões de seção b=20 cm, h=100 cm, ação normal de cálculo Nd= 4282 kN e
excentricidade de cálculo total de 5 cm. Considera-se inicialmente que o pilar é executado
com a seção correta e calcula-se a armadura requerida, em seguida imagina-se o pilar
executado com b=19 cm e calcula-se a armadura para este caso. Para a resolução considera-se
d’/b=0,15 nas duas situações com d’- distância da armadura principal a face do pilar e o ábaco
2 de flexão composta de Carvalho e Pinheiro (2009).

Tabela 4 – Dados do pilar.


Seção    As
20x100 cm 1,0 0,25 0,87 85 cm2
19x100 cm 1,05 0,276 1,00 98,57 cm2

Com:

Nd
 (4.4)
b  h  f cd
Nd  e e
   (4.5)
b  h  f cd b
2

As f yd
  (4.6)
bh f cd
72

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

v – força adimensional da força normal;


µ - forma adimensional do momento na direção x;
W – taxa mecânica de armadura em relação à área da seção;
Nd - esforço normal de cálculo;
As - área da seção do aço;
b - base total da seção transversal na direção considerada;
h – altura total da seção transversal na direção considerada;
fyd – resistência de cálculo do aço;

Fcd – resistência de cálculo do concreto;

e – excentricidade

4.5 Dimensões mínimas dos pilares segundo a NBR 6118:2003

As dimensões limites de pilares e pilares parede são tratadas no item 13.2.3 da


NBR 6118:2003, e de maneira geral a seção transversal de pilares não deve apresentar
dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais, permite-se a consideração de dimensões
entre 19 cm e 12 cm, desde que os esforços solicitantes finais de cálculo, a serem
considerados no dimensionamento dos pilares, sejam majorados por um coeficiente adicional
n, de acordo com o indicado na Tabela 5, porém com área mínima de 360 cm2.

Tabela 5 - Coeficiente adicional (tabela 17, NBR 6118:2003).


Menor dimensão da seção transversal do pilar (b)
b 19 18 17 16 15 14 13 12
n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35

4.6 Detalhamento de armadura

Quando se executa uma estrutura parte-se do pressuposto que o projeto


estrutural existente é seguido fielmente.
No caso de estruturas de concreto a armadura (conjunto de elementos de barras
de aço) deve ser colocada em quantidade igual ou superior a projetada, com o formato
indicado e nas posições estabelecidas.
73

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Por mais que seja detalhado o projeto de estrutura deve ser executado pela
supervisão de um engenheiro, pois algumas indicações que porventura possam faltar ou
dúvidas devem ser dirimidas, em princípio, por este profissional, ou então pelo autor do
projeto. No caso de pilares de concreto armado as principais armaduras constituintes são: a
longitudinal e a transversal. Para que o engenheiro que supervisiona a execução do projeto
possa fazê-lo com qualidade é preciso um mínimo de conhecimento do assunto. Assim nos
próximos itens são, de forma concisa, enumerados alguns conceitos básicos de detalhamento
de armadura de pilares. Entre estes podem ser citadas as dimensões mínimas de bitola de
armadura, quantidades mínimas e máximas de armadura, espaçamentos máximos e mínimos
de armadura e outros. Segundo Carvalho e Pinheiro (2009)

O detalhamento da armadura de um pilar deve contemplar a quantidade e o


posicionamento correto da armadura longitudinal e transversal, além de indicar
claramente as distâncias entre as barras, os traspasses e as barras de espera. O
detalhamento deve ser apresentado em um desenho em que fique clara a disposição
das armaduras longitudinais e transversais, indicando bitolas, formatos,
comprimentos e quantidades.

Um exemplo é apresentado na figura 24

PILAR P1(20X75) (12X)

ELEVAÇÃO SEÇÃO TRANSVERSAL

4 4
12
N2Ø6,3 -165
4
22N2Ø6,3 -165 c/15
22N3Ø6,3 -30 c/15

6
14N1Ø16,0-365

21,5
310

N3Ø6,3 -30
75

67

12
21,5
6
6

12
20

Figura 24 - Desenho esquemático de armadura de um pilar. (adaptado de CARVALHO e


PINHEIRO (2009)).
74

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

A lista (quantitativo de armadura) deve acompanhar o desenho do pilar. Um


exemplo é mostrado na tabela 6.

Tabela 6 - Relação e comprimento das barras das armaduras do pilar P1 (12 andares).
Num. (mm) Quant. Comp. unitário (cm) Comp. total (cm)

1 16,0 168 365 61320


2 6,3 264 165 43560
3 6,3 264 30 7950

4.6.1 Conceitos básicos para detalhamento da armadura longitudinal de pilares

O projetista após dimensionar a armadura necessária na seção transversal,


escolhe uma bitola (diâmetro) da armadura longitudinal e define a sua distribuição ao longo
do perímetro do pilar (concentra-se a armadura sempre na parte externa do pilar) de acordo
como foi conduzido o cálculo, respeitando ainda o espaçamento máximo e mínimo entre as
barras.
Dois tipos de arranjos de armadura longitudinal podem ser vistos na figura 25.

4 4 4 4
12 12
4

4
6
6
8,5

21,5
16,5
16,5

21,5
8,5

6
8,5

Figura 25 - Seções transversais típicas de pilares em concreto armado de edificações de


múltiplos andares (adaptado de CARVALHO e PINHEIRO (2009) com arranjos de
armaduras e estribos.
75

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Em relação ao comprimento das barras é preciso levar em conta o processo de


execução dos pilares, em que cada andar é produzido por vez e, desta forma, barras precisam
ser emendadas, sendo necessário calcular o traspasse entre as barras de um andar e outro.
Em algumas situações a emenda das barras de um andar para outro é feita por
luvas, (Figura 26), soldas etc.

Figura 26 - Luvas para emendas de aço, (http:// www.macprotensao.com.br).

As barras da armadura longitudinal normalmente são distribuídas ao longo da


periferia da seção ou, em caso de pilares retangulares, nas situações de flexão compostas
normal e oblíqua, devem ser dispostas conforme especificado no processo de cálculo;
geralmente são colocadas simetricamente em faces opostas e, no mínimo, em quatro barras
(uma em cada vértice do estribo).
Não devem ser colocados ganchos nas extremidades das barras longitudinais
comprimidas (NBR 6118:2003, item 9.4.2.1), pois estes podem forçar a camada de concreto
que serve de proteção à armadura.

4.6.2 Diâmetro mínimo e máximo da armadura longitudinal

O diâmetro das barras não deve ser inferior a 10 mm nem superior a 1/8 da
menor dimensão da seção transversal do pilar (NBR 6118:2003, item 18.4.2.1).
76

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Alguns autores e normas indicam diâmetro mínimo igual a 12 mm (FUSCO,


1994; EUROCODE, 1992; CEB-FIP, 1990). Usando a menor dimensão do pilar de 20 cm o
valor da bitola máxima fica em:

20
máx =  2,5 cm (4.7)
8

Assim, para pilares de largura de 20 cm a maior bitola a ser empregada é a de


1” (uma polegada).

4.6.3 Armaduras mínimas e máximas em pilares

Na NBR 6118:2003, item 17.3.5, estão relacionados princípios básicos que


norteiam a adoção de armaduras mínimas e máximas nos elementos estruturais, e os valores
correspondentes aos pilares estão no item 17.3.5.3:

 Armaduras mínimas: a ruptura frágil das seções transversais, quando da


formação da primeira fissura, deve ser evitada, considerando-se, para o cálculo das
armaduras, um momento mínimo dado pelo valor correspondente ao que produziria a ruptura
da seção de concreto simples.

 Armaduras máximas: a especificação de valores máximos para as armaduras


decorre da necessidade de se assegurar condições de ductilidade e de se respeitar o campo de
validade dos ensaios que deram origem às prescrições de funcionamento conjunto aço-
concreto.

4.6.3.1 Valores mínimos

Para as armaduras longitudinais de pilares e tirantes, a armadura longitudinal


mínima deve ser:
77

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

 N 
A s,min   0,15  d   0,004  A c (4.8)
 f yd 

Onde

Nd é o valor da força normal de cálculo e Ac é a área da seção do pilar.

Essa expressão (4.8) pode ser escrita em termos da taxa de armadura  (


  A s A c ) e de  (   N d A c  f cd ), valor da força normal em termos adimensionais:

f cd
 min  0,15     0,40% (4.9)
f yd

A Tabela 7 fornece alguns valores para min, para aço CA-50, c = 1,4 e
s = 1,15.

Tabela 7 - Taxas mínimas de armadura de pilares.


Valores de min (%) para CA-50,  c  1,4 e  s  1,15
fck 20 25 30 35 40 45 50
Valores de 
0,1 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400
0,2 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400
0,3 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400
0,4 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,444 0,493
0,5 0,400 0,400 0,400 0,431 0,493 0,554 0,616
0,6 0,400 0,400 0,444 0,518 0,591 0,665 0,739
0,7 0,400 0,431 0,518 0,604 0,690 0,776 0,863
0,8 0,400 0,493 0,591 0,690 0,789 0,887 0,986

4.6.3.2 Valores máximos

A maior armadura possível em pilares deve ser de 8% da seção real,


considerando-se inclusive a sobreposição de armadura existente em regiões de emenda, ou
seja:
78

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

8,0
A s, máx , tot   Ac (4.10)
100

4.6.4 Distribuição transversal e distâncias máximas e mínimas entre as barras


longitudinais

O texto a seguir se refere à NBR 6118:2003. No item 18.4.2.2, as armaduras


longitudinais de pilares não cintados devem ser dispostas na seção transversal de forma a
garantir a adequada resistência da peça. Em seções poligonais deve existir pelo menos uma
barra em cada vértice; em seções circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do
perímetro.
O espaçamento livre entre as faces das barras (e), medido no plano da seção
transversal, fora da região de emendas, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes
valores:

20 mm

e    (4.11)
1,2  d
 max, agr. (mesmo em emendas )

Onde  e dmax,agr. são o diâmetro das barras da armadura longitudinal e o diâmetro


máximo do agregado respectivamente.
Quando estiver previsto no plano de concretagem o adensamento através de
abertura lateral na face da forma, o espaçamento das armaduras deve ser suficiente para
permitir a passagem do vibrador.
O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de
barras, deve ser menor ou igual a 2 vezes a menor dimensão no trecho considerado, sem
exceder 400 mm. Considera-se que faz parte da qualidade obedecer estes valores de
espaçamentos máximos e mínimos e a sua verificação (como será visto na folha proposta
neste trabalho) acaba também servindo de verificação do detalhamento do projeto.
79

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Desta forma o que se preconiza é que o engenheiro de obra verifique em cada


pilar se o detalhamento está atendendo as prescrições normativas.
Assim, em um primeiro momento, pode-se fazer um levantamento nas folhas
de desenho para verificar se todas as questões aqui colocadas são atendidas (bitola mínima,
bitola máxima, espaçamento mínimo e máximo) para depois, atendidas estas condições de
projeto, verificar na execução se os valores de projeto estão sendo seguidos.

4.6.5 Emendas por transpasse de barras comprimidas

Quando se executa obras de múltiplos andares, é comum considerar uma etapa


de concretagem para os pilares de um andar, depois das vigas e lajes do andar imediatamente
superior e assim sucessivamente.
Desta forma a armadura dos pilares acaba sendo interrompida no nível da laje
imediatamente superior. Para estabelecer a ligação entre um andar e outro a forma mais
comum é considerar as barras longitudinais sendo emendadas por transpasse como mostra a
figura 29.
Na transição entre pavimentos, quando não houver mudança na seção
transversal do pilar, as barras do tramo inferior posicionadas nos cantos devem ser dobradas
ligeiramente para dentro de modo a se efetuar a emenda (Figura 27 a).
Quando houver diminuição da seção do pilar devem-se prolongar apenas as
barras possíveis e necessárias na emenda (Figura 27 b); quando a diminuição da seção for tal
que não permita o prolongamento, devem ser usadas barras complementares, que servirão de
arranque para a parte superior do pilar (Figura 27 c).
O ACI 318 (1992) determina que a máxima inclinação das barras para se
efetuar a emenda deve estar na proporção 1:6.
80

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Figura 27 - Emendas de barras na transição de pavimentos (FIORIN, 1998)

O usual é fazer as emendas por traspasse logo após a face superior da viga,
assim o esforço de uma barra longitudinal passa para outra, através do concreto (por isso é
importante que as barras estejam afastadas uma das outras da distância mínima recomendada).
Também é comum emendar as barras em uma única região, isto é permitido desde que todas
as barras estejam comprimidas.
Recomenda-se que as emendas sejam feitas no terço inferior ou superior da
altura do pilar, pois em caso de ocorrência do efeito de segunda ordem, o momento máximo,
na região central da altura do pilar, não romperá a emenda; o melhor é que as emendas sejam
feitas no nível do pavimento, e dessa forma o tamanho final de uma barra será igual à
distância de piso a piso mais o comprimento da emenda. É conveniente também que na região
da emenda a distância entre os estribos, respeitados os espaçamentos dados no próximo item,
não seja maior que 4. Não é permitida emenda por traspasse em barras de diâmetro maior
que 32 mm (item 9.5.2 da Norma).
Em barras comprimidas isoladas, segundo o item 9.5.2.3 da Norma NBR
6118:2003, o comprimento do trecho do traspasse deve ser igual ao comprimento de
ancoragem 0c = b,nec, com o mínimo de 200 mm ou 15  ou ainda 0,6b, e todas podem
ser emendadas na mesma seção. O valor de b,nec é dado pela expressão:
81

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

A s,nec
 b,nec  1   b  (4.12)
A s,ef

Para finalizar este item recomenda-se que o comprimento de traspasse seja um


dos itens a se verificar no projeto antes de iniciar sua execução

4.6.6 Armadura transversal (estribos)

No caso da armadura transversal, cuja função principal é evitar a flambagem


das barras longitudinais, terá sua quantidade na seção transversal e ao longo do comprimento
do pilar definida a partir desta função.
Segundo o item 18.4.3 da NBR 6118:2003, a armadura transversal de pilares,
constituída por estribos e, quando for o caso, por grampos suplementares, deve ser colocada
em toda a altura do pilar, sendo obrigatória sua colocação na região de cruzamento com vigas
e lajes.
Essa armadura deve ser calculada para:

a) Garantir o posicionamento e impedir a flambagem das barras longitudinais;


b) Garantir a costura das emendas de barras longitudinais;
c) Resistir aos esforços de tração decorrentes de mudanças de direção dos esforços, de forças
cortantes e de momentos torçores aplicados;
d) Confinar o concreto e obter uma peça mais resistente ou dúctil.

4.6.7 Diâmetro mínimo dos estribos

De acordo com o item 18.4.4 da NBR 6118:2003, o diâmetro dos estribos em


pilares não deve ser inferior a 5 mm nem a 1/4 do diâmetro da barra isolada ou do diâmetro
equivalente do feixe que constitui a armadura longitudinal.
82

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

4.6.8 Espaçamentos entre estribos

Também conforme o item 18.4.3 da Norma 6118:2003, o espaçamento


longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do pilar deve, principalmente para
garantir o posicionamento e impedir a flambagem das barras longitudinais, ser igual ou
inferior ao menor dos seguintes valores:

a) 200 mm;
b) menor dimensão da seção;
c) 24 para CA-25, 12 para CA-50.

Permite-se adotar t   / 4 desde que as armaduras sejam constituídas do


mesmo tipo de aço e o espaçamento respeite também a limitação:

  f1
Smáx  90 000   t 2 /    (fyk em MPa). (4.13)
yk

4.6.9 Proteção das barras longitudinais contra a flambagem

Sempre que houver possibilidade de flambagem das barras da armadura


situadas junto à superfície da peça, devem ser tomadas precauções para evitá-la, conforme o
item 18.2.4 da NBR 6118:2003. De acordo com esse item, admite-se que os estribos
poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais posicionadas em suas quinas
e as por eles abrangidas e situadas no máximo à distância 20t do canto, se nesse trecho não
houver mais de duas barras, não contando a da quina. Quando houver mais de duas barras
nesse trecho, ou barras fora dele, deverá haver estribos suplementares (estribos ou fateixas); a
eles se aplica a mesma regra (Figura 28).
83

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Figura 28 - Estribos adicionais: garantem as barras longitudinais contra a flambagem.


(CARVALHO e FIGUEIREDO, 2005).

Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em


ganchos, ele deve atravessar a seção da peça e os seus ganchos devem envolver a barra
longitudinal; se houver mais de uma barra longitudinal a ser protegida junto à mesma
extremidade do estribo suplementar, seu gancho deve envolver um estribo principal em ponto
junto a uma das barras, o que deve ser indicado no projeto de modo bem destacado
(Figura 29).

Figura 29 - Proteção contra flambagem das barras (Figura 18.2, NBR 6118:2003).

No caso de estribos curvilíneos cuja concavidade esteja voltada para o interior


do concreto, não há necessidade de estribos suplementares; se as seções das barras
longitudinais se situarem em uma curva de concavidade voltada para fora do concreto, cada
barra longitudinal deve ser ancorada pelo gancho de um estribo reto ou pelo canto de um
estribo poligonal.
84

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

4.6.10 Arranjos dos estribos

Na Figura 30 estão esquematizados diversos arranjos de estribos para pilares


retangulares com barras longitudinais apenas nos quatro cantos e também distribuídos em
faces opostas, e na Figura 31 estão alguns arranjos possíveis para pilares quadrados com
armadura longitudinal distribuída nas quatro faces.

Figura 30 - Arranjos de estribos para pilares retangulares (FIORIN, 1998).

Figura 31 - Arranjos de estribos para pilares quadrados (ACI 318, 1992).

Na Figura 32 está indicada a seção de um pilar, com destaque para os detalhes


da armadura transversal (estribos principais e suplementares).
85

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Figura 32 - Seção de um pilar destacando a armadura transversal


(ACI 318, 1992).

4.7 Tolerâncias prescritas pela NBR 14931:2003.

Tanto para a execução de pilares, como visto neste capítulo e vigas e lajes,
deve atender as prescrições da norma NBR 14931:2003 Execução de estruturas de concreto.
Conforme o item 9.2.4 da NBR 14931:2003.
A execução das estruturas de concreto deve ser a mais cuidadosa, a fim de que
as dimensões, a forma e a posição das peças e as dimensões e posições da armadura obedeçam
às indicações do projeto com a maior precisão possível.
Ainda conforme a NBR 14931:2003; devem ser respeitadas as tolerâncias
estabelecidas nas Tabelas 8 e 9, caso o plano da obra, em virtude de circunstâncias especiais,
não as exija mais rigorosa.

Tabela 8 - Tolerâncias dimensionais para seções transversais de elementos estruturais lineares


e para espessura de elementos estruturais de superfície, (Tabela 2 NBR 14931:2003).
Dimensão (a) cm Tolerância (t) mm
a≤60 +/- 5
60 < a ≤120 +/- 7
120 < a ≤ 250 +/- 10
a>250 +/- 0,4 % da dimensão
86

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Tabela 9 - Tolerâncias dimensionais para o comprimento de elementos estruturais lineares,


(Tabela 3 NBR 14931:2003).
Dimensão (L) m Tolerância (t) mm
L≤3 +/- 5
3<L≤5 +/- 10
5 < L ≤ 15 +/- 15
L>15 +/- 20
NOTA – A tolerância dimensional de elementos lineares justapostos deve ser considerada sobre a
dimensão total.

Para fins de liberação dos gastalhos de pilares de um pavimento, a tolerância


para posição dos eixos de cada pilar em relação ao projeto é de ± 5 mm. A tolerância
individual de desaprumo e desalinhamento de elementos estruturais lineares deve ser menor
ou igual à L/500 e a tolerância cumulativa deve obedecer à seguinte relação:

t tot  0,6. htot (4.14)


Onde:

ttot é a tolerância cumulativa ou total da edificação, em milímetros;


Htot é a altura da edificação, em metros.

Na Tabela 10, estão descritas as tolerâncias dimensionais para o


posicionamento da armadura na seção transversal, que se trata da tabela 4.5 da NBR
14931:2003.

Tabela 10 - Tolerâncias dimensionais para o posicionamento da armadura na seção


transversal, (Tabela 4.5 na NBR 14931:2003)
Dimensão (s) (cm) Tolerância 1) . 3) (t) (mm)
Tipo de elemento estrutural Posição da verificação
Elementos de superfície Horizontal 5 5
Vertical 202)
Elementos lineares Horizontal 10
Vertical 1 10
1)
Em regiões especiais (tais como: apoios. ligações, intersecções de elementos estruturais, traspasse de
armadura de pilares e outras) essas tolerâncias não se aplicam, devendo ser objeto de
entendimento entre o responsável pela execução da obra e o projetista estrutural.
2)
Tolerância relativa ao alinhamento da armadura.
3)
O cobrimento das barras e a distância mínima entre elas não podem ser inferiores aos estabelecidos na NBR
6118:2003.
87

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

O nivelamento das fôrmas, antes da concretagem, com relação às cotas de


projeto, deve respeitar a tolerância estabelecida a seguir:

5mm  t  L / 1000  10mm (4.15)


Onde:

t é a tolerância do nivelamento da fôrma, em milímetros;


L é a maior dimensão da fôrma, em metros.

O nivelamento do pavimento, após a concretagem (ainda escorado) e


exclusivamente devido ao peso próprio, com relação às cotas de projeto, deve respeitar a
tolerância estabelecida a seguir:

5mm  t  L / 1000  40mm (4.16)

Onde:

t é a tolerância do nivelamento do pavimento, em milímetros;


L é a maior dimensão do pavimento, em metros.

4.8 Procedimentos de verificação de aceitação de execução de pilares com


rebatimento técnico

Como já foi escrito para poder aceitar a execução dos pilares considera-se que
será preciso em um primeiro momento se inteirar do projeto dos mesmos, através de suas
plantas de desenhos e fazer uma verificação sumária de detalhamento e depois o que seria a
RIS (registro de inspeção de serviço).
88

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

4.8.1 Procedimento de verificação sumária de detalhamento de pilares

Considerando o que foi escrito anteriormente e para assegurar que não haverá
erros básicos na execução dos pilares recomenda-se verificar para cada pilar apresentado na
planta de projeto aos itens discutidos através da Tabela 11.

Tabela 11 - Verificação sumária de detalhamento de pilares (Elaborado pelo autor).


Pilar Valor Diretrizes à seguir Atendido
Largura > mínimo = 20 cm
Dimensões Altura > mínimo = 20 cm
Dimensão vertical Diferença de cota igual
Diâmetro > mínimo = 10 mm
< máximo = 1/8 menor dimensão
Diâmetro
transversal do pilar
> mínimo = 0,004 . área da seção do
Taxa de armadura
pilar
Armadura < máximo = 8 % da seção real do
Taxa de armadura
longitudinal pilar
> mínimo = e ≥ 20 mm ou ΦL ou
Distância entre barras
1,2 . Φ.max.agr
< máximo = e ≤ 2 . L menor ≤
Distância entre barras
400 mm
Comprimento de emenda Coincide com valor teórico =
Diâmetro > mínimo = 5 mm
Diâmetro < máximo = 1/4 Φ do da barra
Armadura ≤ 200 mm ou menor dimensão da
transversal Espaçamento seção ou 24 ΦL para CA-25, 12ΦL
para CA-50.
Distância 20Φt Atendida

De posse dos desenhos de projeto e com uma tabela do tipo da tabela 13,
podem-se verificar as questões mais simples de detalhamento. Desta forma para que o pilar
possa ser considerado aprovado para execução à coluna da direita, no item atendido, deve
apresentar todos os itens como atendidos.

4.8.2 Registro de inspeção de serviços para pilares

Para o recebimento do serviço de execução de pilares as empresas que são


certificadas pela NBR ISO 9001:2000 costumam empregar formulários de aceitação do
serviço como a indicada na tabela 12.
89

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Estes formulários são denominados nesse caso de Registro de Inspeção de


Serviços.
No prosseguimento deste item é discutida cada etapa de uma RIS de uma
construtora Brasileira, que possui certificação e atua na região Sudeste, com os conceitos já
colocados.
Em primeiro lugar é preciso ficar claro que melhor seria se o aceite do pilar
fosse por etapas como, por exemplos: Formas, armação, concretagem e desforma. Na RIS
apresentada os serviços estão misturados.
Comentando a RIS pode-se notar que a preocupação com o gastalho,
provavelmente é relativa ao posicionamento (locação dos pilares) além da definição da sua
seção transversal (largura e altura da seção).
Na verdade como pede-se apenas para verificar o gastalho em si, pressupõe-se
que a locação está correta, não há nenhuma excentricidade de forma como a indicada no item
4,4. Pode-se até considerar que o erro de locação dos pilares seja pequeno se o
posicionamento for executado com auxílio de topografia.
Mesmo neste caso haveria já a se considerar a tolerância dos equipamentos
empregados. A medição dos lados do gastalho permite verificar o tamanho da seção
transversal cuja tolerância indicada é de 3 mm.
No exemplo ilustrativo feito no item 4.4 mostra que uma variação de 10 mm
como a considerada leva a um aumento maior que 10% de armadura. Assim, parece que o
valor de 3 mm é razoável para este caso.
No segundo item da RIS (armação) pede-se que seja feita uma verificação se o
que foi executado corresponde ao projetado. Se este item for feito após a aplicação da tabela
13, (Verificação sumária de detalhamento de pilares) pode-se considerar como aceitável pela
norma de estrutura.
90

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Tabela 12 - Formulário de RIS típico de uma construtora brasileira para aceitação de pilar.
91

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

O item seguinte que verifica o prumo do pilar está ligado à questão das
excentricidades acidentais. Parece que este item deveria aparecer duas vezes. Uma vez antes
da concretagem em que a tolerância deve ser a menor possível (talvez 1 mm). Na segunda
verificação o prumo deve ser tomado com o pilar já concretado (acabado). Neste caso o limite
normativo superior, já comentado, é o da excentricidade acidental ou mínima. Recomenda-se
neste como aceitável o valor normativo divido por um numero (2 ou 3) dependo da excelência
que se deseja e não 2mm como o indicado.
Para o item concretagem a RIS indica uma série de cuidados que devem ser
tomados na concretagem. Após este item a RIS indica que deve ser feita uma inspeção visual.
Neste caso além da questão de “bicheiras”, que são espaços da peça onde a argamassa de
cimento do concreto não preencheu os espaços entre os agregados, formando vazios, pede
para que seja verificada variação da geometria. A norma NBR 6118:2003 contempla este item
na excentricidade acidental como indicado na tabela 12. (Imperfeições geométricas locais em
pilares - figura 12, capítulo 11, NBR 6118:2003). Este seria o limite superior para aceitação.
Neste caso deveria se considerar uma porcentagem deste valor para o pilar ser aceito, caso
contrário o calculista seria contatado para tomar uma decisão. A medição nesta situação não
deve ser visual e seria feita pelo menos com um prumo e trenas metálicas.

4.8.3 Sugestão para registro de inspeção de serviço para pilares

O que se sugere neste trabalho é que para o controle ou registro de inspeção de


serviço para pilares, usa-se sempre que possível, a NBR 14931:2003, que está em
conformidade com a NBR 6118:2003, e a tabela 13 que se baseia na mesma norma, e não
puro e simplesmente o que preconiza o controle sugerido pela RIS baseada na NBR ISO
9001:2000, que muitas vezes não são analisadas por profissionais que levam em consideração
a NBR 14931:2003 e a NBR 6118:2003 respectivamente.
Uma maneira de se verificar a aceitação dos serviços de execução de pilares
em conformidade com as duas normas pertinentes é, portanto, como já informado o uso da
tabela 11 e a tabela 13 mostrada a seguir:
92

Capítulo 4 - Pilares
_______________________________________________________________________

Tabela 13 - Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003.


VIGAS 5
5.1 Introdução

Usualmente as etapas de execução de vigas e lajes de um pavimento de um


edifício são feitas simultaneamente. Para efeito de discrição, este trabalho separa os serviços
de lajes e vigas.

5.2 Algumas considerações sobre projeto e execução de vigas

Assim como nos pilares, na execução das vigas que compõem um pavimento a
rotina de trabalho é dada pela montagem de formas, colocação de armadura e concretagem da
mesma. Para execução de pavimento inicia-se a execução pela montagem das vigas
prosseguindo posteriormente com a montagem das lajes. Por esse motivo deu-se preferência
em separar as duas atividades de serviço (vigas e lajes) utilizando este capítulo para discussão
das vigas.
Vigas são “elementos lineares em que a flexão é preponderante” (NBR 6118:
2003, item 14.4.1.1). Portanto, os esforços predominantes são: momento fletor e força
cortante.
Nos edifícios, em geral, as vigas servem de apoio para lajes e paredes,
conduzindo suas cargas até os pilares. Como neste capítulo o efeito do vento não será
considerado, as vigas serão dimensionadas para resistir apenas às ações verticais.

5.3 Critérios para escolha da altura de vigas de um pavimento

Conforme descreve Carvalho e Figueiredo (2005), a altura das lajes de um


edifício é função da deformação-limite ou do momento no estado-limite último, o mesmo
ocorre com as vigas de pavimentos de edifícios.
94

Capítulo 5 - Vigas
______________________________________________________________________

Como na NBR 6118:2003 não há recomendação sobre a altura inicial a ser


adotada para vigas, decidiu-se manter, apenas como indicação, a recomendação da NBR
6118:1980, item 4.2.3.1. C, de que a altura útil d(distância do centro de gravidade da
armadura tracionada à borda do concreto comprimido) a ser utilizada para evitar a verificação
de deformação excessiva pode ser determinada por:

(5.0)

Sendo l o vão da nervura, (nas lajes armadas nas duas direções l é o menor
vão); os valores de estão indicados nas Tabelas 14 e 15, respectivamente.
Na tabela 16 foi mantido o aço CA-40, embora não seja mais fabricado.

Tabela 14 - Valores de .
Vigas
Simplesmente apoiadas 1,0
Contínuas 1,2
Duplamente engastadas 1,7
Em balanço 0,5

Tabela 15 - Valores de .
Aço
CA-25 25
CA-40 20
CA-50 17
CA-60 15

De acordo com o descrito por Carvalho e Figueiredo (2005), como o valor


dado pela equação 5.1 é apenas indicativo, sempre será necessário avaliar as flechas em vigas,
de acordo com o item 17.3.2.1 da NBR 6118:2003, e compará-las com os valores-limite
especificados no item 13.3 da mesma norma.
95

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Os procedimentos para avaliação de deslocamentos e os conceitos de valores-


limite foram bastante ampliados nessa nova versão da norma, apresentadas no capítulo 4, na
seção 4.8 de Carvalho e Figueiredo (2005).
É importante salientar que o valor da altura da viga obtido pelo procedimento
da NBR 6118:1980 serve apenas de pré-dimensionamento para avaliar o peso próprio inicial
da viga. Depois é necessário proceder as verificações do estado-limite de deformações
excessivas e estado-limite de abertura de fissuras (estados-limites de serviço) e as verificações
de equilíbrio e resistência no estado-limite último.
Também podemos utilizar como pré-dimensionamento de altura de vigas, uma
estimativa, que é dada pelas expressões, respectivamente:

a) tramos internos:
b) tramos externos ou vigas biapoiadas:

(5.1)

c) balanços:

(5.2)

5.4 Introdução de cargas atuantes

Borges (2007) mostra que vigas são estruturas normalmente horizontais, que
podem receber cargas verticais concentradas ou distribuídas ao longo do seu comprimento,
normalmente apoiadas sobre pilares, descarregando sobre eles seus carregamentos.
O Cálculo de vigas consiste em dimensionar a altura e largura de sua seção
reta, avaliar a quantidade necessária para a confecção das armaduras e detalhar as dimensões
de cada ferro utilizado. Este procedimento baseia-se em parâmetros iniciais impostos pelas
condições de apoio, número de vãos, materiais utilizados, interação entre vãos, condições de
estabilidade e, principalmente, pelo carregamento solicitante.
As vigas podem ser de três tipos: isoladas, contínuas ou em balanço.
96

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

A) Vigas isoladas são as que possuem apenas um vão com dois apoios.
B) Vigas contínuas são sustentadas por vários apoios formando dois ou mais vãos.
C) Vigas em balanço são sustentadas por apenas um apoio engastado.

Borges (2007), em seus estudos demonstra que atuam sobre as vigas,


principalmente, as cargas distribuídas provenientes das lajes apoiadas sobre elas, cargas
concentradas de outras vigas que descarreguem sobre as mesmas ou cargas distribuídas
provenientes de paredes apoiadas ao longo do seu comprimento que, no caso de tijolos
vazados, podem ser calculadas como destacado na seguinte fórmula:

Qp = 1300 x Espess x PD
Onde:
Pd = Pé direito (m).
Qp = Carga de paredes (kg/m).
Espess = Espessura da parede acabada (m).

Tendo-se estes valores, podem-se calcular as cargas atuantes por vão:

Qi = QL + QP e (5.3)
P = PV

Onde:
Qi = Carga distribuída inicial atuante sobre a viga.
QL = Carga proveniente de laje(s) (Kg/m).
QP = Carga de parede apoiada sobre a viga (Kg/m).
P = Carga concentrada atuante sobre a viga (Kg).
PV = Carga concentrada de outra viga (Kg).

Estas cargas são subsídios para o cálculo do momento inicial, necessários para
o dimensionamento da seção transversal da viga. A este carregamento inicial deve ser
acrescentado o valor do peso próprio da viga, conforme mostrado na fórmula a seguir:
97

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

PP = 2500 x b x h. (5.4)

Onde:

b = Base da seção reta (m).


h = Altura da seção reta (m).
PP = Peso próprio do vão de (kg/m).

De posse do peso próprio, pode-se calcular o valor total das cargas sobre todos
os vão da viga, destacados nas seguintes fórmulas:

QT = QL + QP +PP e (5.5)
PT = PV.

Neste item são feitas algumas considerações que relacionam conceitos de


projetos e funcionamento com algumas técnicas de execução. Para organização dos assuntos
separam-se a descrição de execução de formas e armaduras.

5.4.1 Execução de formas

As plantas de projeto fornecidas para se executar um pavimento normalmente


são a de forma e armações. Na planta de forma devem ser indicadas todas as informações
geométricas. Destacam-se neste caso as dimensões da seção transversal (altura e largura) da
viga, os níveis da face superior nas mesmas bem como os respectivos eixos.
Também nesta planta devem ser indicadas todas as passagens verticais ou
horizontais de tubulação, também as caixas de passagens de elétricas ou similares devem estar
apresentadas nesta prancha. Caso as instalações elétricas ou hidráulicas estejam apresentados
em outra prancha (o que é usual), uma nota a respeito deve comunicar este fato, e seria
importante que o engenheiro de obra proceder à compatibilização e verificação de execução
de projetos.
98

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Carvalho e Figueiredo (2005) descrevem que assim como as lajes, muitas vezes
a condição determinante de projeto de vigas passa a ser a de deformação excessiva, uma
grande parcela desta deformação deve-se á fluência do concreto, que ocorre ao longo do
tempo.
No item posterior mostra-se como se pode usar o efeito da contra flecha para
minimizar este efeito.
A primeira verificação à ser feita nos serviços de execução de forma das vigas
é verificação do nível de fundo da forma. Assim, verifica-se o nivelamento e o alinhamento
do fundo de viga a partir de uma linha nivelada esticada no fundo e outra na lateral da viga,
respectivamente.
O erro de posicionamento de vigas que pode ser notado mais facilmente (parte
estética) é aquele que ocorre no contorno externo do prédio, pois estarão visíveis, (Figura 33).
Por este motivo deve-se começar fazendo o alinhamento do painel das vigas de borda. Deste
modo, a partir dos eixos principais da obra, deve-se fixar uma linha nas extremidades das
vigas de borda e a partir dessa, verificar o alinhamento dos painéis das mesmas, procedimento
similar é repetido para todas as vigas internas. Após desta etapa deve-se travar o painel de
viga, verificando-se a colocação de barra de ancoragem e/ou cunhas de madeira para seu
travamento. Nos garfos de madeira, verificar a colocação de mão francesa e/ou tensor visando
o travamento do centro do vão, (Figura 34).

Figura 33 - Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas de borda, autor projeto Engº
Francisco Márcio de Carvalho, CAD TQS Unipro V14.
99

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

guia
longarina Painel da
laje
garfo
gravata tensor
cunha

escora Mão-francesa
prumo

tirante
Sarrafo
nivelamento

cunha
gastalho

Fonte: Madeirit

Figura 34 - Esquema geral de fôrmas em edificações (Fonte Madeiranit).


Obs.: Nesta figura estão indicadas as cunhas, os tensores (barras de ancoragem) as mãos-francesas dentre outros
mecanismos de travamento de formas.

5.4.2 Armação

Inicialmente apresentam-se alguns conceitos básicos sobre a armadura


longitudinal e transversal de vigas para em seguida especificar os critérios de aceitação dos
serviços. Normalmente em uma viga usa-se amaduras longitudinais para absorver tração
oriunda do momento fletor e armadura transversal para absorver os esforços cortantes.
Carvalho e Figueiredo (2005) definem o detalhamento de armadura longitudinal a partir do
estudo do posicionamento na seção transversal e ao longo da viga. Desta forma maiores
detalhes sobre o assunto pode-se se encontrado nos capítulos 4 e 5 no livro de Carvalho e
Figueiredo (2005).

5.4.3 Armadura longitudinal na seção transversal

Carvalho e Figueiredo (2005) demonstram que assim como no caso dos pilares
toda a viga tem a posição da armadura longitudinal detalhada na seção transversal, como, por
exemplo, pode ser observado, (Figura 35).
100

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

7,84
4,3

4,28
4,3
4,28
25 cm
3,0
4,28 3.0 N16Ø6,3-217
N17Ø6,3-204 3,5
N17Ø6,3 3,5
3,5 L N
5,5

5,5

5,5

5,5 3 84
armadura
5,5
de pele 3,0 90 cm 3,0
5,5
90 cm
5,5
L N

19

3,5
4,28
4,28 4,28
4,3
25 cm 4,3
7,84

a)seção do apoio b)seção do tramo

Figura 35 - Detalhamento das seções transversais de uma viga, (CARVALHO e


FIGUEIREDO, 2005).

Apenas para ilustrar, (Figura 36) e (Figura 37), podem ser observados em
esquema 3D, estruturas típicas de um edifício, onde podem ser observadas as armaduras
transversais e seus respectivos estribos, em intersecção com outros elementos estruturais.

Figura 36 - Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas, pilares e lajes,


autor projeto Engº Francisco Márcio de Carvalho, CAD TQS Unipro V14.
101

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Figura 37 - Esquema geral de estrutura de um edifício, com vigas, pilares e lajes, autor
projeto Engº Francisco Márcio de Carvalho, CAD TQS Unipro V14.

A primeira informação importante destas seções é verificar quais barras de aço


são as positivas e quais são negativas, sendo que as primeiras são sempre junto à face superior
das vigas e a segunda na face inferior.
Em Carvalho e Figueiredo (2005), é orientado que para análise preliminar do
projeto, na seção transversal pode-se verificar se as dimensões mínimas entre as barras
(Figura 38) e taxas máximas e mínimas estão atendidas.


  

Figura 38 - Espaçamentos entre barras, valores mínimos, (CARVALHO e


FIGUEIREDO, 2005).
102

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras, medido horizontalmente


(ah) e verticalmente (av) no plano da seção transversal, deve ser, em cada direção, o maior
entre os três valores seguintes, já indicados, (Figura 40):

 20 mm

a h  diâmetro da barra , do feixe ou da luva
 1,2  d máx ,agregado
 (5.6)

 20 mm

a v   diâmetro da barra , do feixe ou da luva
 0,5  d máx ,agregado
 (5.7)

Nas barras com mossas ou saliências, conforme Fusco (1995), deve-se


    0,04  
acrescentar ao diâmetro das mesmas o valor 0,04   , ou seja, barra .

Para feixes de barras, deve-se considerar como diâmetro do feixe  n    n ,


sendo n o número de barras do feixe de diâmetro  cada uma.
Os valores mínimos de espaçamentos devem ser obedecidos também em
regiões em que houver emendas por traspasse das barras. Estas distâncias são consideradas
para evitar problemas de formação de vazios no concreto e também permitir a perfeita
aderência o concreto.
Carvalho e Figueiredo (2005), mostra que conforme o item 17.3.5.1 da NBR
6118:2003, "A ruptura frágil das seções transversais, quando da formação da primeira fissura,
deve ser evitada considerando-se, para o cálculo das armaduras, um momento mínimo dado
pelo valor correspondente ao que produziria a ruptura da seção de concreto simples, supondo
que a resistência à tração do concreto seja dada por fctk,sup, devendo também obedecer às
condições relativas ao controle da abertura de fissuras que podem ser verificadas no item
17.3.3." Seção 4.7 do capítulo 4 de Carvalho e Figueiredo (2005).
103

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

A armadura mínima de tração em uma viga, ou em qualquer outro elemento


estrutural de concreto armado ou protendido, deve ser determinada dimensionando a seção
para um momento fletor mínimo dado pela expressão 4.1, respeitando sempre uma taxa
mínima absoluta de 0,15% (item 17.3.5.2.1 da NBR 6118:2003):

M d, min  0,8  W0  f ctk,sup (5.8)

Onde:

W0 = módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra mais


tracionada;

fctk,sup = resistência característica superior do concreto à tração (ver Capítulo 1, Seção 1.6.2.4.
equações 1.5 e 1.7 de Carvalho e Figueiredo (2005).

O dimensionamento para Md,min será considerado atendido se forem


respeitadas as taxas mínimas de armadura (min) da Tabela 16 (Tabela 17.3 da norma); min
é a taxa mecânica mínima de armadura longitudinal de flexão para vigas
min  (As,min  f yd) /(Ac  fcd ).
A taxa mínima, portanto, deve obedecer ao prescrito na norma brasileira
conforme Tabela 16, e servem para evitar a ruptura frágil em uma seção. Mais detalhes podem
ser verificados em Carvalho e Figueiredo (2005).

Tabela 16 - Taxas mínimas de armadura de flexão para viga.


Valores de min (As,min/Ac) em porcentagem para CA-50
Forma min Resistência característica do concreto (fck) em MPa
da seção 20 25 30 35 40 45 50
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
T (mesa comprimida) 0,024 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada) 0,031 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
Circular 0,070 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
104

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Quanto a taxa de armadura máxima a norma prescreve que a soma das


armaduras de tração e compressão A s  As'  não deve ter valor maior que 4% da área de
concreto da seção (Ac), calculada em região fora da zona de emendas (item 17.3.5.2.4 da
NBR 6118:2003). Finalmente em relação às armaduras longitudinais, para vigas com altura
superior á 60 cm, há necessidade de se colocar armadura de pele.
A função dessa armadura é, principalmente, minimizar os problemas
decorrentes da fissuração, retração e variação de temperatura. Serve também para diminuir a
abertura de fissuras de flexão na alma das vigas. A armadura de pele (armadura lateral) deve
ser colocada em cada face da alma da viga, com área, em cada face, não menor que a dada
pela equação abaixo.

A s,pele  0,10% de A c,alma  0100


,10
 A c,alma (5.9)

Em que a Ac, alma é área de concreto da alma da viga. A armadura de pele


deve ser composta por barras de alta aderência (coeficiente de conformação superficial de
armadura passiva 1  2,25 ). Deve ser disposta de modo que o afastamento entre as barras
não ultrapasse, além de 20 cm, também a d/3. É conveniente que o espaçamento, na zona
tracionada da viga, seja menor que 15 . Alguns destes detalhes estão indicados na Figura 39.

Figura 39 - Distribuição da armadura de pele, (CARVALHO e


FIGUEIREDO, 2005).
105

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

5.4.4 Armadura longitudinal ao longo da viga

O comprimento das barras longitudinais ao longo na viga é regido pelo


diagrama de momento fletor da viga. Assim uma viga pertencente a um pavimento, por
exemplo, viga V101 na Figura 40, após o cálculo do seu diagrama de momento fletor e
armaduras longitudinais correspondentes apresenta o desenho de armadura como indicado na
Figura 40 na parte inferior. A maneira de se efetuar este cálculo é mostrada em Carvalho e
Figueiredo (2005), onde se retirou a figura em questão. Percebe-se, portanto, que o
comprimento das barras é função do diagrama de momento fletor, sendo, portanto necessário
sua verificação quando da execução, para que os esforços solicitantes sejam realmente
resistidos.







 

 

 

 

 

 

 
106

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Figura 40 - Forma do pavimento, esquema estrutural da viga


101, diagrama de momentos fletores V101 (meia viga); desenho
da armadura longitudinal da viga v101(CARVALHO e
FIGUEIREDO, 2005).

Além da questão da bitola e quantidade, comprimento das barras, dois itens


devem ser verificados previamente no projeto de armação, o transpasse por emenda e a
ancoragem por gancho.
Para o traspasse das emendas pode-se ser usado o comprimento de ancoragem
já visto no capítulo de pilares. Em relação aos ganchos deve-se atender a geometria indicada
na Figura 41 e a Tabela 17.




Figura 41 - Geometria dos ganchos de barras tracionadas, em ângulo


reto, quarenta e cinco graus interno e semicircular(CARVALHO e
FIGUEIREDO, 2005).
107

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Tabela 17 - Diâmetro dos pinos de dobramento (D) dos ganchos (valores de i).
Bitola da barra CA25 CA50 CA60
  20 mm 4 5 6
  20 mm 5 8 

5.4.5 Cálculo de armadura transversal

A teoria para o cálculo de armadura transversal de vigas fletidas é baseada no


modelo da treliça de Mörsch, cujo modelo pode ser visto em Carvalho e Figueiredo (2005). A
seguir faz-se um breve resumo da expressão de cálculo da armadura transversal para um dos
modelos (I) indicados na referida bibliografia.
Para o cálculo da armadura transversal, a parcela da força cortante (VSW) a ser
absorvida pela armadura, pode ser escrita por:

Vsw  VRd3  Vc (5.10)

Sendo que a força cortante resistente de cálculo VRd3 dever ser no mínimo
VRd3  VSd
igual à força cortante solicitante de cálculo VSd ( ), e, assim,

Vsw  VSd  Vc (5.11)

Portanto, a parcela da força cortante a ser resistida por armadura transversal é a


diferença entre a força cortante solicitante de cálculo e a parcela de força cortante absorvida
por mecanismos complementares ao modelo de treliça, ou seja, a parcela resistida pelo
concreto íntegro entre as fissuras.
O valor de Vc (5.12) é obtido para diversas situações de solicitações; no caso
de flexão simples e flexo-tração com a linha neutra cortando a seção, vale:

Vc  0,6  f ctd  b w  d (5.12)


108

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Em que:

f ck ,inf 0,7  f ct ,m 0,7  0,3


f ctd    f 2/3
 0,15  f 2/3

c c 1,4 ck ck

(valor de cálculo da resistência à tração do concreto);

d = altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade da


armadura de tração;

bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d.

A força cortante resistida pela armadura transversal em uma determinada seção


é dada por:

A 
Vsw   sw   0,9  d  f ywd  (sen   cos ) (5.13)
 s 

Em que:

s = espaçamento entre elementos da armadura transversal ASW, medido segundo o eixo


longitudinal da peça;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a
70% desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores
superiores a 435 MPa
 = ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural, podendo-se tomar 45    90
No caso de estribos verticais, que é o usualmente empregado, a Expressão 5.14
torna-se:

A 
Vsw   sw   0,9  d  f ywd (5.14)
 s 
109

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Do que foi exposto percebe-se que o esforço cortante, em principio, poderia ser
absorvido todo pelo concreto, para tanto bastaria que Vd < Vc, porém, para evitar rupturas
bruscas mesmo nessas situações em se tratando de vigas a norma estabelece quantidade de
armadura transversal mínima.
Somente no caso de lajes e elementos similares que é possível evitar armadura
transversal. As Expressões 5.12, 5.13 e 5.14, podem ser escritas em termos de tensões e taxa

de armadura transversal. Dividindo ambos os membros da expressão 5.15 por b w  d resulta:

Vsw V Vc (5.15)
 Sd    sw  Sd   c
bw  d bw  d bw  d

A Expressão 5.13 pode ser colocada em função da taxa de armadura transversal


 sw,
(ver equação 6.17), dividindo os dois termos por ( b w  d  sen  ):

Vsw  A sw 
    0,9  d  f ywd  (sen   cos )
b w  d  sen   b w  d  sen   s 
(5.16)

A sw Vsw 1
 
b w  s  sen  b w  d  sen  0,9  f ywd  (sen   cos )
(5.17)

A sw V
Como   sw, , e sw   sw , resulta:
b w  s  sen  bw  d
(5.18)

Vale lembrar que nesta dedução a tensão a ser combatida pela armadura é -
 sw (  sw  Sd   c ), referente à treliça generalizada. No caso de estribos verticais resulta:

1,11  sw
sw,90 
f ywd
(5.19)
110

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

5.4.5.1 Prescrições para o detalhamento da armadura transversal

Como visto as armaduras destinadas a resistir aos esforços de tração


provocados por forças cortantes podem ser constituídas por estribos e barras dobradas.
Para detalhar a armadura transversal de uma viga devem ser observadas
diversas recomendações, estabelecidas pela NBR 6118:2003, algumas das quais já tratadas em
outros capítulos, tais como:

 Cobrimento, que são os já indicados para as demais armaduras.


 Ancoragem, tratada no item 9.4.6 da NBR 6118:2003.
 Ganchos e diâmetros internos de dobramento, tratados no item 9.4.6.1 da norma.

5.4.6 Quantidade mínima de estribos

A quantidade mínima de estribos deve ser verificada, pois nos elementos


lineares submetidos à força cortante, deve sempre existir uma armadura transversal mínima.
Fazem exceção: os elementos em que bw  5  d (d é a altura útil da seção), que devem ser
tratados como laje; as nervuras de lajes nervuradas espaçadas de menos de 65 cm; e alguns
casos particulares de pilares e elementos lineares de fundação.
Carvalho e Figueiredo (2005) definem que particularmente no caso das vigas,
conforme o item 17.4.1.1.1 da NBR 6118:2003, deve haver sempre uma armadura transversal
mínima, constituída por estribos colocados em toda a sua extensão, com a seguinte taxa
geométrica:

Asw f
sw,   sw, min  0,2  ctm
b w  s  sen  f ywk
(5.20)
Em que:

Asw = área da seção transversal dos estribos;


s = espaçamento entre os estribos, medido segundo o eixo longitudinal da peça;
111

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

 = inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal da peça;


bw = largura média da alma;
fywk = valor característico da resistência ao escoamento do aço da armadura transversal;

fctm  0,3  3 f ck
2
= resistência média à tração do concreto.

Assim, considerando uma seção em que o concreto tenha fck = 20 MPa e a


armadura transversal seja composta somente por estribos verticais ( = 90) de aço CA-50
(fywk = 500 MPa), o valor da taxa geométrica mínima será:

0,3  3 202
 sw,90  0,2   0,00088
500

É possível determinar a força cortante resistida correspondente à taxa de


armadura transversal mínima, para uma determinada seção e conhecidos o aço e o concreto;
isso possibilita armar a viga apenas com a armadura transversal mínima em toda a sua
extensão, complementando-a nos trechos em que a força cortante solicitante for maior que a
resistida. O cálculo pode ser feito a partir das equações do modelo de cálculo I.

Modelo I:

 f 2 / 3
VRI, min  644  b w  d  0,2  ctm  f ywd  sen   (sen   cos )  0,1  f 
 f ywk ck
 (5.21)
 0,3  f
2/3 
 ck f ywk 2 / 3
 644  b w  d  0,2    sen   (sen   cos )  0,1  f
ck 
VRI, min
 f ywk 1 ,15 
 

VRI, min  644  b w  d  0,0522  f


2/3 2 / 3
 sen   (sen   cos )  0,1  f 
 ck ck
112

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

E, para estribos verticais:

VRI, min  644  b w  d   0,1522  f


2 / 3 2/3
  98  b w  d  f ck
 ck 

Com VRI, min em kN, bw e d em metros e fck em MPa.

5.4.7 Espaçamento mínimo entre estribos

O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do


elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um
bom adensamento. O espaçamento máximo (smáx) deve atender às seguintes condições, de
acordo com o item 18.3.3.2 da NBR 6118:2003:

0,6  d  300 mm se VSd  0,67 VRd 2


smáx   (5.22)
0,3  d  200 mm se VSd  0,67 VRd 2

O espaçamento transversal (st,máx) entre ramos sucessivos de estribos não


deverá exceder os seguintes valores:

d  800 mm se VSd  0,20 VRd 2


st ,máx  
0,6  d  350 mm se VSd  0,20 VRd 2 (5.23)

Sendo VRd2 a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das


diagonais comprimidas de concreto; pode ser calculada pelas Expressões 5.24, para o modelo
I.

VSd  VRd 2,I  0,27   v2  f cd  b w  d (5.24)


113

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

 
Com  v2  1  f ck / 250 , sendo fck em MPa, e VRd2,I a força cortante
resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas, no modelo I.

VRd 2,II  0,54   v2  f cd  b w  d  sen 2   cot   cot  (5.25)

5.4.8 Detalhes típicos de estribos retangulares

Finalmente os principais tipos de estribos para vigas retangulares podem ser


vistos na Figura 42 e depois de feitos todos os cálculos o resultado é um desenho com o
aspecto mostrado na Figura 43 (usualmente sem a representação de cortante).

Figura 42 - Principais tipos de estribos. (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2005).


114

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Figura 43 - Detalhamento dos estribos da viga V101. (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2005).


115

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

5.5 Tolerâncias prescritas pela NBR 14931:2003

Tanto para a execução de vigas, como visto neste capítulo e pilares e lajes,
deve atender as prescrições da norma NBR 14931:2003 Execução de estruturas de concreto.
Conforme o item 9.2.4 da NBR 14931:2003, a execução das estruturas de
concreto deve ser a mais cuidadosa, a fim de que as dimensões, a forma e a posição das peças
e as dimensões e posições da armadura obedeçam às indicações do projeto com a maior
precisão possível.
Ainda conforme a NBR 14931:2003; devem ser respeitadas as tolerâncias
estabelecidas nas Tabelas 18 e 19, (já informadas no capítulo 4 deste trabalho), caso o plano
da obra, em virtude de circunstâncias especiais, não as exija mais rigorosas.

Tabela 18 - Tolerâncias dimensionais para seções transversais de elementos estruturais


lineares e para espessura de elementos estruturais de superfície, (Tabela 2 NBR 14931:2003).
Dimensão (a) cm Tolerância (t) mm

a≤60 +/- 5

60 < a ≤120 +/- 7

120 < a ≤ 250 +/- 10

a>250 +/- 0,4 % da dimensão

Tabela 19 - Tolerâncias dimensionais para o comprimento de elementos estruturais lineares,


(Tabela 3 NBR 14931:2003).
Dimensão (L) m Tolerância (t) mm
L≤3 +/- 5
3<L≤5 +/- 10
5 < L ≤ 15 +/- 15
L>15 +/- 20
NOTA – A tolerância dimensional de elementos lineares justapostos deve ser considerada sobre a dimensão
total.
116

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Para fins de liberação dos gastalhos de vigas de um pavimento, a tolerância


para posição dos eixos de cada viga em relação ao projeto é de ± 5 mm. A tolerância
individual de desaprumo e desalinhamento de elementos estruturais lineares deve ser menor
ou igual à L/500 e a tolerância cumulativa deve obedecer à seguinte relação:

t tot  0,6. htot

Onde:

ttot é a tolerância cumulativa ou total da edificação, em milímetros;


Htot é a altura da edificação, em metros.

Na Tabela 20, (já informada no capítulo 4 deste trabalho), estão descritas as


tolerâncias dimensionais para o posicionamento da armadura na seção transversal, que se trata
da tabela 4.5 da NBR 14931:2003.

Tabela 20 - Tolerâncias dimensionais para o posicionamento da armadura na seção


transversal, (Tabela 4.5 na NBR 14931:2003)
Dimensão (s) (cm) Tolerância 1) . 3) (t)
Tipo de elemento estrutural Posição da verificação (mm)
Elementos de superfície Horizontal 5 5
Vertical 202)
Elementos lineares Horizontal 10
Vertical 1 10
1)
Em regiões especiais (tais como: apoios. ligações, intersecções de elementos estruturais, traspasse de armadura de
pilares e outras) essas tolerâncias não se aplicam, devendo ser objeto de entendimento entre o responsável pela execução
da obra e o projetista estrutural.
2)
Tolerância relativa ao alinhamento da armadura.
3)
O cobrimento das barras e a distância mínima entre elas não podem ser inferiores aos estabelecidos na NBR
6118:2003.

O nivelamento das fôrmas, antes da concretagem, com relação às cotas de


projeto, deve respeitar a tolerância estabelecida a seguir:
117

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

5mm  t  L / 1000  10mm


Onde:

t é a tolerância do nivelamento da fôrma, em milímetros;


L é a maior dimensão da fôrma, em metros.

O nivelamento do pavimento, após a concretagem (ainda escorado) e


exclusivamente devido ao peso próprio, com relação às cotas de projeto, deve respeitar a
tolerância estabelecida a seguir:

5mm  t  L / 1000  40mm

Onde:

t é a tolerância do nivelamento do pavimento, em milímetros;


L é a maior dimensão do pavimento, em metros.

5.6 Procedimentos de verificação de aceitação de execução de vigas com


rebatimento técnico

Como já foi escrito, para poder aceitar a execução das vigas considera-se que
será preciso em um primeiro momento se inteirar do projeto dos mesmos, através de suas
plantas de desenhos e fazer uma verificação sumária de detalhamento, e depois o que seria a
RIS (registro de inspeção de serviço).

5.6.1 Procedimento de verificação sumária de detalhamento de vigas

Considerando o que foi escrito anteriormente e para assegurar que não haverá
erros grosseiros na execução das vigas recomenda-se verificar para cada viga apresentado na
planta de projeto aos itens discutidos através da Tabela 21.
118

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Tabela 21 - Verificação sumária de detalhamento de vigas(Elaborada pelo autor)


Viga Valor Diretrizes à seguir Atendido
h est > = L0 / 12 p/ (tramos
inernos)
Dimensão Altura (h estimado) h est > = L0 / 10 p/ (tramos
externos ou biapoiadas)
h est > = L0 / 5 p/ (em balanço)
> = 20 mm
Dimensões mínimas
entre as barras > = Diâmetro da barra, do feixe ou da luva
(horizontalmente)
> = 1,2 x d máx do agregado
Armadura > = 20 mm
Dimensões mínimas
longitudinal entre as barras > = Diâmetro da barra, do feixe ou da luva
na seção (verticalmente)
transversal > = 0,5 x d máx do agregado
Taxa mínima > = σ min (As,min/Ac) Tabela 5.3
Taxa máxima < = 4% área de concreto da seção
Área de armadura pele = 0,010% da área de
Viga c/ h > = 60cm
concreto da alma da viga
Diâmetro > mínimo = 5 mm
Diâmetro < máximo = 1/4 Φ do da barra
Armadura
transversal ≤ 200 mm ou menor dimensão da seção ou 24 ΦL
Espaçamento
para CA-25, 12ΦL para CA-50.
Distância 20Φt Atendida

De posse dos desenhos de projeto e com uma tabela do tipo da tabela 21,
podem-se verificar as questões mais simples de detalhamento. Desta forma para que a viga
possa ser considerada aprovada para execução à coluna da direita, no item atendido, deve
apresentar todos os itens como atendidos.

5.6.2 Registro de inspeção de serviço para vigas

Para o recebimento do serviço de execução de vigas as empresas que são


certificadas pela NBR ISO 9001:2000 costumam empregar formulários de aceitação do
serviço como o indicado na tabela 22. Estes formulários são denominados nesse caso de
Registro de Inspeção de Serviços.
No prosseguimento deste item é comentada cada etapa de uma RIS de uma
construtora Brasileira, que possui certificação e atua na região Sudeste, com os conceitos já
colocados.
119

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Em primeiro lugar é preciso ficar claro que melhor seria se o aceite da viga
fosse por etapas como, por exemplos: Formas, armação, concretagem e desforma. Na RIS
apresentada os serviços estão misturados.
Comentando a RIS pode-se notar que a preocupação com o nivelamento e
alinhamento, provavelmente é relativa ao posicionamento (locação das vigas) além da
definição da sua seção transversal (largura e altura da seção).
Na verdade como pede-se apenas para verificar o nivelamento e alinhamento
em si, pressupõe-se que a locação está correta, não há nenhuma excentricidade de forma.
Pode-se até considerar que o erro de locação das vigas seja pequeno se o
posicionamento for executado com auxílio de topografia. Mesmo neste caso haveria já a se
considerar a tolerância dos equipamentos empregados. A medição das laterais e o fundo das
vigas permite verificar o tamanho da seção transversal cuja tolerância indicada é de 3 mm.
Como indicado no exemplo ilustrativo feito no item 4.4 mostra que uma
variação de 10 mm em pilares como a considerada leva a um aumento maior que 10% de
armadura. Assim, parece que o valor de 3 mm é razoável para este caso mesmo sendo em
vigas, cuja discrepância é bem menor.
No segundo item desta RIS (Alinhamento), achamos que da forma que está
explícito no procedimento, de que a partir dos eixos principais da obra, fixar uma linha nas
extremidades das vigas de borda e a partir dessa, verificar o alinhamento dos painéis das
mesmas, é inexeqüível; pois a tolerância é de três milímetros, o que achamos que com os
equipamentos disponíveis em uma obra, não é suficiente para se fazer uma marcação que
retrata a realidade, a não ser se para o alinhamento com os eixos sejam utilizados de
topografia e não uma linha.
120

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Tabela 22 - Formulário de RIS típico de uma construtora brasileira para aceitação de viga.
121

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

No terceiro item é pedido apenas para se atentar com os travamentos das vigas,
com a utilização de artifícios bastante utilizados em obras.
Nos itens 4 e 5, mesmo se tratando de vigas é possível observar que nesta
mesma RIS são mencionados apenas serviços para as lajes, que veremos no capítulo 6.
No sexto item da RIS (condição de início/armação) pede-se que seja feita uma
verificação se o que foi executado corresponde ao projetado. Se este item for feito após a
aplicação da tabela 21, (Verificação sumária de detalhamento de viga) pode-se considerar
como aceitável pela norma de estrutura. Nos itens 7 e 8 está sendo verificado escoramento e
inspeções finais, que devem seguir os projetos específicos, bem como a limpeza e colocação
de espaçadores e reforços no caso de existência de caixas de passagem, conforme descrito em
projetos.
Para o item concretagem a RIS indica uma série de cuidados que devem ser
tomados na concretagem. Após este item a RIS indica que deve ser feita uma inspeção visual.
Neste caso além da questão de “bicheiras” (vazios sem argamassa) pede para que seja
verificada variação da geometria. A norma NBR6118:2003 contempla este item na
excentricidade acidental. Este seria o limite superior para aceitação. Neste caso deveria se
considerar uma porcentagem deste valor para a viga ser aceita, caso contrário o calculista
seria contatado para tomar uma decisão. A medição nesta situação não deve ser visual e seria
feita pelo menos com um prumo e trenas metálicas.

5.6.3 Sugestão para registro de inspeção de serviço para vigas

O que se sugere neste trabalho é que para o controle ou registro de inspeção de


serviço para vigas, usa-se sempre que possível, a NBR 14931:2003, que está em
conformidade com a NBR 6118:2003, e a tabela 21 que se baseia na mesma norma. Não
concordamos considerar o que é sugerido pelo comitê gestor da qualidade baseado na NBR
ISO 9001:2000, ou seja fazer uma descrição de atividades e estabelecer valores de controle
que muitas vezes não são analisadas por profissionais que não levam em consideração a NBR
14931:2003 e a NBR 6118:2003 respectivamente. Uma maneira de se verificar a aceitação
dos serviços de execução de vigas em conformidade com as duas normas pertinentes é,
portanto, como já informado o uso da tabela 21 e da tabela 23 que está demonstrada a seguir:
122

Capítulo 5 - Vigas
_______________________________________________________________________

Tabela 23 - Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003.


LAJES 6
6.1 Introdução
Concreto A
Lajes são elementos estruturais bidimensionais planos com cargas
preponderantemente normais ao seu plano médio, (Figura 44). Considerando uma estrutura
convencional, as lajes transmitem as cargas do piso às vigas, que as transmitem, por sua vez,
aos pilares, através dos quais são as cargas transmitidas às fundações, e daí ao solo.

Figura 44 – Representação de uma laje (FUSCO)

O comportamento estrutural primário das lajes é o de placa, que por definição,


é uma estrutura de superfície caracterizada por uma superfície média (S) e uma espessura (h),
com esforços externos aplicados perpendicularmente a S. As lajes possuem um papel
importante no esquema resistente para as ações horizontais, comportando-se como diafragmas
rígidos ou chapas, compatibilizando o deslocamento dos pilares em cada piso
(contraventando-os), (Figura 45).
124

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Neste trabalho somente serão abordadas as lajes maciças de concreto armado


moldadas no local e apoiadas em vigas.

Figura 45 – Comportamento das placas, comportamento como placa e como diafragma


(FUSCO)

Outros conceitos básicos à respeito das placas maciças são apresentadas em


Carvalho e Figueiredo (2005) para que o leitor que achar a necessidade de complementar seu
conhecimento do assunto possa consultá-lo.

6.2 Algumas considerações sobre projeto e execução de lajes maciças

Assim como no pilares na execução das lajes que compõem um pavimento a


rotina de trabalho é dado pela montagem de formas, colocação de armadura e concretagem da
mesma. Todo procedimento descrito anteriormente é feito concomitante à montagem das
vigas que serão descritas mais detalhadamente no capítulo posterior.
125

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Neste item são feitas algumas considerações que relacionam conceitos de


projetos e funcionamento com algumas técnicas de execução.
Para organização dos assuntos separam-se a descrição de execução de formas e
armaduras.

6.3 Execução de formas

As plantas de projeto fornecidas para se executar um pavimento normalmente


são a de forma e armações. Na planta de forma devem ser indicadas todas as informações
geométricas. Destaca-se neste caso a espessura da laje e os níveis da face superior nas
mesmas. É importante que nesta prancha fique bem claro a indicação de rebaixos e a região
que os mesmos se estendem.
Também nesta planta devem ser indicadas todas as passagens verticais de
tubulação ou orifícios (Shafts) que devem ser executados, também as caixas de passagens de
elétricas ou similares devem estar apresentadas nesta prancha.
Caso as instalações elétricas ou hidráulicas estejam apresentados e outra
prancha, nota à respeito deve indicar a este aspecto e cabe ao engenheiro de obra proceder a
compatibilização e verificação de execução de projetos.
Como o pavimento é a parte da estrutura que mais consome concreto, há uma
tendência de se projetar as lajes com a menor espessura possível. Desta forma muitas vezes a
condição determinante de projeto passa a ser a de deformação excessiva, uma grande parcela
desta deformação deve-se á fluência do concreto, que ocorre ao longo do tempo. Uma técnica
interessante para minimizar este situação é utilizar a contra flecha. Uma maneira de fazer isto
é executar toda forma nivelada e introduzir as contra flechas previstas em projeto (deverá
constar da forma da laje), (Figura 46b).
É importante salientar que neste caso a concretagem deve ser executada com a
verificação da espessura através de galgas/gabaritos colocadas à distâncias apropriadas, pois
nem a superfície inferior e como a superior da laje se encontrará plana. (estarão encurvadas).
126

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

6.4 Formas

Para o início da execução da forma de laje, as formas de pilar ou cabeça de


pilares e vigas devem estar montadas. Caso a laje esteja apoiada diretamente sobre alvenaria,
esta deve estar concluída com seu respaldo executado. As longarinas deverão ser apoiadas por
escoras ou quadros metálicos conforme projeto de escoramento. O uso de escoras telescópicas
metálicas facilita o posterior nivelamento da laje.
Lançar, quando possível, o assoalho da laje no andar superior, sobre as
longarinas, seguindo a identificação do projeto. Deve-se riscar a posição das paredes no
assoalho da laje, a fim de facilitar o trabalho e evitar erros de locação de tubulações de
elétrica e hidráulica e gabaritos de furação ou rebaixo. Deve-se transferir o eixo da obra para o
andar onde está sendo montada a fôrma de laje, de maneira a permitir a realização de
conferências.
Pregar o assoalho nos painéis das laterais das vigas. Este encontro de peças
deve ser perfeito, sem folga. Pregar o restante do assoalho nas longarinas. Nivelar os panos de
laje. Após a realização de nivelamento executar as contra flechas que deve estar especificado
no projeto de lajes. O nivelamento deve ser feito ajustando-se a altura das escoras de apoio da
forma. A conferência do nivelamento é feita com nível e linha, colocados na parte superior ou
inferior da forma. Por meio dos eixos já transferidos a este andar, checar os painéis das lajes
para que não haja folgas entre eles, desta forma então faz-se uma verificação com a utilização
de uma trena metálica a partir do eixo até a borda da laje para finalizar o processo de
checagem das dimensões das lajes.
a) Laje nivelada

b) Laje com contra-flecha f

Figura 46 a) Laje nivelada b) Laje com contra-flecha f (arquivo do autor).


127

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

A primeira verificação á ser feita nos serviços de execução de forma das lajes é
verificação do nível de fundo das mesmas. Apenas para verificação das interferências entre as
formas de lajes, vigas e pilares de uma estrutura, segue Figura 47 onde estas situações são
demonstradas.

Figura 47 - Esquema geral de estrutura de um edifício, com interferências entre vigas,


pilares e lajes, autor projeto Engº Francisco Márcio de Carvalho, CAD TQS Unipro V14.

6.5 Valores limites mínimos de espessura

O cálculo dos valores limites mínimos de uma laje se faz necessário tanto
quanto ao próprio dimensionamento resistente ás ações de cargas, pois a altura final de uma
laje é função da deformação limite ou do momento no estado limite último, e antes do cálculo
dos esforços é necessário estimar a altura para a determinação das cargas, e efetuar correções
posteriores se necessário. Da mesma forma que para as vigas, na NBR 6118:2003 não existe
recomendação sobre a altura inicial a ser adotada, decidiu-se, desta forma, manter apenas
como indicação o que preconiza a NBR 6118:1980, no seu respectivo item 4.2.3.1.C, de que
para vigas de seção retangular ou “T” e lajes maciças retangulares de edifícios, as condições
de deformações limites estariam atendidas quando o valor da altura útil respeitar à seguinte
condição:
128

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

 (6.0)
d
2  3

Em que:

2 – coeficiente dependente das condições de vinculação e dimensões da laje (Tabela 24);


3 – coeficiente que depende do tipo de aço (Tabela 25, onde foi mantido o CA-32 e o CA-
40);
 – menor dos dois vãos da laje.

Com isso, o valor da altura h da laje poderá ser determinado (Figura 48),
somando-se ao valor de d, o cobrimento c a ser considerado mais uma vez e meia o diâmetro
 h  d  c     
 da armadura empregada 
2
.

Figura 48- Altura total e altura útil da laje. (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2005).

Como o valor dado pela expressão 6.0 é apenas indicativo (serve


exclusivamente como pré-dimensionamento), sempre será necessário proceder às verificações
do estado limite de deformação excessiva, da mesma maneira que para as vigas, de acordo
com os itens 19.3.1 e 17.3.2 da NBR 6118:2003. Para maior entendimento, os procedimentos
para avaliação de deslocamentos estão apresentados no capítulo 4 em Carvalho e Figueiredo
(2005). A NBR 6118:2003, item 13.2.4.1, estipula valores limites mínimos para a espessura
que devem ser respeitados:

a) 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;


b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
129

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
e) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, /42 para lajes de piso biapoiadas e
/50 para lajes de piso contínuas;
f) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.

Tabela 24 - Valores de 2 utilizados no pré-dimensionamento da altura das lajes.


 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9
1,00 1,50 1,70 1,70 1,80 1,90 1,90 2,00 2,00 2,20
1,05 1,48 1,67 1,69 1,78 1,87 1,89 1,97 1,99 2,18
1,10 1,46 1,64 1,67 1,76 1,83 1,88 1,94 1,97 2,15
1,15 1,44 1,61 1,66 1,74 1,80 1,87 1,91 1,96 2,13
1,20 1,42 1,58 1,64 1,72 1,76 1,86 1,88 1,94 2,10
1,25 1,40 1,55 1,63 1,70 1,73 1,85 1,85 1,93 2,08
1,30 1,38 1,52 1,61 1,68 1,69 1,84 1,82 1,91 2,05
1,35 1,36 1,49 1,60 1,66 1,66 1,83 1,79 1,90 2,03
1,40 1,34 1,46 1,58 1,64 1,62 1,82 1,76 1,88 2,00
1,45 1,32 1,43 1,57 1,62 1,59 1,81 1,73 1,87 1,98
1,50 1,30 1,40 1,55 1,60 1,55 1,80 1,70 1,85 1,95
1,55 1,28 1,37 1,54 1,58 1,52 1,79 1,67 1,84 1,93
1,60 1,26 1,34 1,52 1,56 1,48 1,78 1,64 1,82 1,90
1,65 1,24 1,31 1,51 1,54 1,45 1,77 1,61 1,81 1,88
1,70 1,22 1,28 1,49 1,52 1,41 1,76 1,58 1,79 1,85
1,75 1,20 1,25 1,48 1,50 1,38 1,75 1,55 1,78 1,83
1,80 1,18 1,22 1,46 1,48 1,34 1,74 1,52 1,76 1,80
1,85 1,16 1,19 1,45 1,46 1,31 1,73 1,49 1,75 1,78
1,90 1,14 1,16 1,43 1,44 1,27 1,72 1,46 1,73 1,75
1,95 1,12 1,13 1,42 1,42 1,24 1,71 1,43 1,72 1,73
2,00 1,10 1,10 1,40 1,40 1,20 1,70 1,40 1,70 1,70

Tabela 25 - Valores de 3 utilizados no pré-dimensionamento da altura das lajes.


Aço Vigas e Lajes Nervuradas Lajes Maciças
CA 25 25 35
CA 32 22 33
CA 40 20 30
CA 50 17 25
CA 60 15 20
130

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Com estas verificações tem-se, portanto o atendimento das lajes quanto aos
valores mínimos de espessura conforme a NBR 6118:1980

6.6 Detalhamento de armadura

Nos próximas seções serão apresentadas as recomendações da


NBR 6118:2003, e outras pertinentes, para o detalhamento das armaduras longitudinais
positiva e negativa em lajes maciças de concreto armado, destacando que as armaduras devem
ser dispostas de forma a garantir seu posicionamento durante a concretagem, principalmente
das barras negativas, conforme Carvalho e Figueiredo (2005).

6.6.1 Espaçamento entre barras

De acordo com Carvalho e Figueiredo (2005), é preciso, inicialmente, para


uma determinada área necessária de aço As (cm2/m), por unidade de largura da laje,
determinar o espaçamento (s) entre as barras, para uma barra escolhida de área As (cm2). A
quantidade n de barras por metro de laje é:

As (6.1)
n 
A s

E o espaçamento será a largura unitária (1 m) dividida pelo número de barras:

1m 1 1(m)  A s (cm 2 ) A s (6.2)


s    ( m)
n As 2 As
A s A s (cm )

Ou seja, para se determinar o espaçamento s das barras, basta dividir a área da


barra escolhida pela área total de armadura, por metro de laje, encontrada.
131

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

6.6.2 Armaduras longitudinais máximas e mínimas

As quantidades mínima e máxima de armaduras longitudinais em lajes, seguem


o mesmo princípio básico apresentado para os elementos lineares, conforme o item 17.3.5.1
da NBR 6118:2003. Além do mais, como as lajes armadas em duas direções têm outros
mecanismos resistentes, os valores mínimos das armaduras positivas são reduzidos em relação
aos dos elementos lineares.

a) Armaduras mínimas.

Segundo o item 19.3.3.2 da NBR 6118:2003, a armadura mínima em lajes tem


a função de melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão e punção, bem como controlar a
fissuração.
Ela deve ser constituída preferencialmente por barras com alta aderência
(b  1,5) ou por telas soldadas.
Os valores mínimos de armadura passiva aderente devem atender a:

 Armaduras negativas: s  min


 Armaduras positivas de lajes armadas nas duas direções: s  0,67min
 Armadura positiva (principal) de lajes armadas em uma direção: s  min

As
Em que  s  é a porcentagem de armadura passiva aderente (se As for
bw  h
por metro de laje, a largura b será igual a um metro), e min, o valor dado na Tabela 26
correspondente ao concreto adotado.

Tabela 26 - Taxas mínimas de armadura de flexão para viga.


Valores de min (As,min/Ac) em porcentagem para CA-50
Forma min Resistência característica do concreto (fck) em MPa
da seção 20 25 30 35 40 45 50
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
T (mesa comprimida) 0,024 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada) 0,031 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
Circular 0,070 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
132

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

b) Armaduras máximas

A armadura máxima de flexão em lajes é prescrita pela NBR 6118:2003 no


item 19.3.3.3, a qual indica que deve ser respeitado o limite dado no item 17.3.5.2.4 e
17.3.5.3, o qual define que a soma das armaduras de tração e compressão As  As'  não deve
ter valor maior que 4% da área de concreto da seção (Ac), calculada em região fora da zona
de emendas.

6.6.3 Armadura de distribuição e secundária de flexão

A quantidade armadura positiva de distribuição (secundária) de lajes armadas


em uma direção, segundo Tabela 19.1 da norma, tendo s o mesmo significado anterior, deve
atender a:

 A s / s  20% da armadura principal e 0,9 cm 2 / m ;


  s  0,5   min .

Em lajes armadas em duas direções, a armadura secundária de flexão, por


metro de largura da laje, segundo o item 20.1 da norma, deve ter área igual ou superior a 20%
da área da armadura principal, mantendo-se, ainda, um espaçamento entre barras de, no
máximo, 33 cm. A emenda dessas barras, se necessária, deve respeitar os mesmos critérios de
emenda das barras da armadura principal, que por sua vez seguem as recomendações
referentes às vigas.

6.6.4 Espaçamento e diâmetro máximo

O espaçamento máximo (s) entre barras da armadura principal de flexão, na


região dos maiores momentos fletores (item 20.1, NBR 6118:2003) deve respeitar,
simultaneamente, aos dois limites seguintes, sendo h a espessura da laje:
133

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

20 cm
s
2  h (6.3)

O diâmetro máximo de qualquer barra da armadura de flexão, também segundo

o item 20.1 da norma, deve ser:  max  8 .


h

6.6.5 Quantidade e comprimentos mínimos de armaduras em bordas livres e aberturas

Em bordas livres e junto às aberturas das lajes, as armaduras interrompidas


devem respeitar a quantidade e comprimentos mínimos e o detalhamento estabelecidos no
item 20.3 da norma, (Figura 49).

Figura 49 - Armaduras em bordas livres e aberturas


(Figura 20.1, NBR 6118:2003).

Além da questão da armadura, a NBR 6118:2003 trata da questão da abertura


nas mesmas, considerando que aberturas que atravessam lajes na direção de sua espessura não
precisam ter verificação de resistência e deformação se verificadas simultaneamente as
seguintes condições:

a)as dimensões da abertura devem corresponder no máximo a 1/10 do vão


menor (lx) (figura 50);
134

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

b) a distância entre a face de uma abertura e uma borda livre da laje deve ser
igual ou maior que 1/4 do vão, na direção considerada; e
c) a distância entre faces de aberturas adjacentes deve ser maior que a metade
do menor vão.

Figura 50 - Dimensões limites para aberturas de lajes com dispensa de


verificação(CARVALHO e FIGUEIREDO, 2005).

6.6.6 Armadura de tração sobre os apoios

Esta recomendação não foi mantida na versão final da NBR 6118:2003, mas
julgou-se interessante manter o que prescrevia a NBR 6118:1980, no item 3.3.2.7, sobre a
armadura negativa sobre os apoios. Quando não se determinar o diagrama exato dos

momentos negativos em lajes retangulares de edifícios com carga distribuída e q  g , as


barras da armadura principal sobre os apoios deverão estender-se de acordo com o diagrama
de momentos (considerado já deslocado) de base igual ao valor indicado:

a) Lajes atuando em duas direções ortogonais.

 Em uma borda engastada: 0,25 do menor vão, sendo cada uma das outras três bordas
livremente apoiada ou engastada.
 Nos dois lados de um apoio de laje contínua: 0,25 do maior dos vãos menores das lajes
contíguas.
135

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

b) Lajes atuando em uma direção.

 Em uma borda engastada: 0,25 do vão.

6.6.7 Armadura nos cantos de lajes retangulares

No projeto de revisão da NBR 6118 (versão de 1999), havia recomendações


sobre a colocação de armadura nos cantos das lajes para combater os momentos volventes, e
também eram apresentadas diversas possibilidades para arranjo das armaduras longitudinais
de flexão, quando não se conhecia a distribuição de momento; essas recomendações não
constam da versão definitiva de 2003. Recomenda-se, portanto, quando o diagrama de
momentos não for determinado, que em lajes de edificações correntes, as armaduras positivas
sejam colocadas com comprimento igual ao do vão em cada direção, pois embora acarrete
uma quantidade maior de aço, facilita a execução e diminui a possibilidade de erros na
montagem da armadura.
Nas barras da armadura longitudinal positiva das lajes, não devem ser
utilizados ganchos.

6.6.8 Apresentação da armadura positiva e negativa

Todo o projeto deve trazer descrito de forma clara as armações positivas e


negativas, todos os detalhes de execução e posicionamento das armaduras devem bem como
as dimensões estar bem claras para a execução.
Qualquer dúvida gerada em obra o calculista deve ser imediatamente avisado
para que não ocorra a execução fora dos padrões que tal projeto fora concebido.
Geralmente os projetos de armaduras negativas e positivas são enviados a obra
em desenhos separados, exatamente para evitar erro quanto à execução, (Figuras 51 e 52).
136

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Figura 51 - Exemplo de armadura positiva em uma laje. (arquivo do autor).

Figura 52 - Exemplo de armadura negativa em uma laje. (arquivo do autor).

Apenas para ilustrar, segue a Figura 53 mostrando em 3D uma laje com suas
armaduras positivas e negativas, inclusive as interferências com pilares e vigas.
137

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Figura 53 - Esquema geral de estrutura de um a residência, com detalhes da armadura positiva


e negativa de uma laje, autor do projeto Engº Harlen Nunes, CAD TQS Unipro V14.

6.7 Procedimentos de verificação de aceitação de execução de lajes com


rebatimento técnico

Como já foi escrito, para poder aceitar a execução das lajes considera-se que
será preciso em um primeiro momento se inteirar do projeto dos mesmos, através de suas
plantas de desenhos e fazer uma verificação sumária de detalhamento, e depois o que seria a
RIS (registro de inspeção de serviço).

6.7.1 Procedimento de verificação sumária de detalhamento de lajes

Considerando o que foi escrito anteriormente e para assegurar que não haverá
erros básicos na execução das lajes, recomenda-se verificar para cada laje apresentada na
planta de projeto aos itens discutidos através da Tabela 27.
Vale lembrar que o modelo de laje utilizada para elaboração da Tabela 27, se
trata de laje armada nas duas direções, por se tratar do modelo que mais se é utilizado para
execução de lajes em edifícios com estrutura de concreto armado.
138

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Tabela 27 - Verificação sumária de detalhamento de lajes.


Laje Valor Diretrizes à seguir
5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
7 cm para lajes de piso ou de cobertura em
balanço;
10 cm para lajes que suportem veículos de peso
total menor ou igual a 30 kN
Altura mínima. Verificar 12 cm para lajes que suportem veículos de peso
Dimensão
para cada um dos casos. total maior que 30 kN;
15 cm para lajes com protensão apoiadas em
vigas, l/42 para lajes de piso biapoiadas e l/50
para lajes de piso contínuas;
14 cm para lajes-cogumelo.
16 cm para lajes lisas.
Armaduras negativas: ρs > = ρ min
Armadura principal mínima Armaduras positivas de lajes armadas nas duas
direções: ρs > = 0,67.ρ min
Armadura
Taxa máxima armadura principal < = 4% área de concreto da seção
principal
Espaçamento máximo entre barras s < = 20 cm
armadura principal, h=espessura da
s < = 2.h
laje:
Área > = à 20% da área da armadura principal,
Armadura Armadura secundária
com espaçamento entre barras máximo, 33 cm.
secundária
Taxa máxima armadura secundária < = 4% área de concreto da seção
Diâmetro Φ < = h/8
Diâmetro máximo
máximo < máximo = 1/4 Φ do da barra
Possuem armadura negativa? Se não houver o
detalhamento desta armadura, há necessidade de
Pontos de encontro de lajes
se colocar uma quantidade mínima, checar com
Armadura calculista.
negativa Armaduras em balanço Checar se estão bem detalhadas e coerentes.
(Posicionamento) Checar se há especificações para a colocação de
elementos de posicionamento ou suportes para a
Suportes para armação negativa
armadura negativa (tais como caranguejos
treliças de aço etc).

De posse dos desenhos de projeto e com uma tabela do tipo da tabela 27,
podem-se verificar as questões mais simples de detalhamento. Desta forma para que a lajes
possam ser consideradas (ou o pavimento possa ser) aprovadas para execução à coluna da
direita, no item atendido, deve apresentar todos os itens como atendidos.

6.7.2 Registro de inspeção de serviço para lajes

Para o recebimento do serviço de execução de lajes, as empresas que são


certificadas pela NBR ISO 9001:2000 costumam empregar formulários de aceitação do
serviço como o indicado na tabela 28.
139

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Estes formulários são denominados nesse caso de Registro de Inspeção de


Serviços. No prosseguimento deste item é comentada cada etapa de uma RIS de uma
construtora Brasileira, que possui certificação e atua na região Sudeste, com os conceitos já
colocados.
Em primeiro lugar é preciso ficar claro que melhor seria se o aceite da laje
fosse por etapas como, por exemplo: Formas, armação, concretagem e desforma. Na RIS
apresentada os serviços estão misturados.
Comentando a RIS pode-se notar que a preocupação com a laje surge apenas
no terceiro item, que reza sobre as dimensões de pano de laje, que pede-se para verificar as
medidas do pano de laje e a locação do poço dos elevadores a partir dos eixos principais da
obra, pressupõe-se que a locação das demais dimensões estão corretas, não havendo nenhuma
excentricidade de forma. Pode-se até considerar que o erro de locação das lajes seja pequeno
se o posicionamento for executado com auxílio de topografia. Mesmo neste caso haveria já a
se considerar a tolerância dos equipamentos empregados. A medição dos panos das lajes
permite verificar as dimensões totais da laje, cuja tolerância indicada é de 3 mm. Como
indicado no exemplo ilustrativo feito no item 4.4 mostra que uma variação de 10 mm em
pilares como a considerada, leva a um aumento maior que 10% de armadura.
Assim, parece que o valor de 3 mm é razoável para este caso mesmo sendo em
lajes, cuja discrepância é bem menor.
No quinto item desta RIS (nivelamento), achamos que da maneira que está
explícito no procedimento, de que deve-se verificar o nivelamento da laje a partir de linhas
niveladas, fixadas nas extremidades da mesma é inexequível, pois a tolerância é de três
milímetros, o que achamos que com os equipamentos disponíveis em uma obra, não é
suficiente para se fazer uma marcação que retrata a realidade, a não ser se para o nivelamento
sejam utilizados de topografia e não uma linha.
140

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

Tabela 28 - Formulário de RIS típico de uma construtora Brasileira para aceitação de laje.
141

Capítulo 6 - Lajes
_______________________________________________________________________

No sexto item da RIS (condição de início/armação) pede-se que seja feita uma
verificação se o que foi executado corresponde ao projetado.
Nos itens 7 e 8 estão sendo verificados escoramentos e inspeções finais, que
devem seguir os projetos específicos, bem como a limpeza e colocação de espaçadores e
reforços no caso de existência de caixas de passagem, conforme descrito em projetos.
Para o item concretagem a RIS indica uma série de cuidados que devem ser
tomados na concretagem. Após este item a RIS indica que deve ser feita uma inspeção visual.
De uma só vez pede-se para verificar a existência de “bicheiras” e depois a verificação da
geometria e o posicionamento. Os três itens devem ser separados. O posicionamento dos
pilares já foi discutido anteriormente assim como o das vigas em que pode-se usar raciocínio
análogo. O posicionamento das lajes se reflete na tabela a ser apresentada no item posterior
em que há limites para a tolerância para os vãos.
A variação das dimensões da mesma está contida nas tolerâncias da
NBR14931:2003 lembrando que no caso das lajes o maior problema é erros (para valores
menores) nas espessuras das mesmas. No caso das bicheiras a ideia é sempre procurar
restaurar o concreto, mas prestando bastante atenção se a zona de ocorrência da bicheira (na
laje) está situada em regiões de momentos máximos. Se assim o for ou a dimensão da bicheira
for muito grande (por exemplo, maior que 10% do vão) é preciso consultar o calculista para se
fazer ou não um reforço especial.

6.7.3 Sugestão para registro de inspeção de serviço para lajes

O que se sugere neste trabalho é que para o controle ou registro de inspeção de


serviço para lajes, usa-se sempre que possível, a NBR 14931:2003, que está em conformidade
com a NBR 6118:2003, e a tabela 27 que se baseia na mesma norma.
Não concordamos considerar o que é sugerido pela NBR ISO 9001:2000, ou
seja fazer uma descrição de atividades e estabelecer valores de controle que muitas vezes não
são analisadas por profissionais que não levam em consideração a NBR 14931:2003 e a NBR
6118:2003 respectivamente.
142

Capítulo 6 - Lajes
______________________________________________________________________
Uma maneira de se verificar a aceitação dos serviços de execução de lajes em
conformidade com as duas normas pertinentes é, portanto, como já informado o uso da tabela
27 e da tabela 29 que está demonstrada a seguir:

Tabela 29- Proposta de RIS adequada a NBR 6118:2003 e a NBR 14931:2003


CONSIDERAÇÕES FINAIS 7
7 Considerações

Dentro das considerações finais espera-se colocar algumas conclusões e


sugestões para que o trabalho possa ser aplicado na prática.

7. 1 Considerações finais

Neste trabalho procurou-se apresentar as principais recomendações da NBR


6118:2003 e da NBR14931:2003 com interface à norma NBR ISO 9001:2000 para
procedimento de recebimento de aprovação de estruturas de concreto armado.
Trata-se, portanto, de uma crítica sobre os documentos usados em obras que
seguem o padrão NBR ISO 9001:2000.
Para a execução de estruturas de concreto armado procura-se criar uma
metodologia, com o objetivo de orientar os profissionais da obra e manter um padrão
uniforme no produto final, confeccionar instruções gerais de trabalho e especificações de
medições para recebimento (ou não) de serviços executados baseados não só em relatos de
ações repetitivas, mas de tentar sempre fazer uma análise lógica da existência de
discrepâncias entre execução e projeto, até identificando aquelas que não são importantes.
Este trabalho procura fazer uma análise crítica da documentação típica para
este fim. Tenta explicar os porquês das exigências e ao mesmo tempo apontar as possíveis
falhas ou ausências de considerações que proporcionariam uma economia de tempo, material
e mão de obra, ou simplesmente prescrições que assegurariam a qualidade final.
A maneira que foi desenvolvida esta análise foi a de usar os conhecimentos
teóricos acumulados dos materiais e comportamento estrutural referindo-se sempre às Normas
Brasileiras respectivas. Assim, tenta-se através de um texto didático auxiliar os engenheiros a
compreender as prescrições, concluindo quais efeitos serão obtidos a partir de uma tomada de
decisão.
144

Capítulo 7 – Considerações finais


_______________________________________________________________________

Espera-se com este trabalho incentivar os engenheiros a buscarem os


conhecimentos técnicos e científicos adquiridos no estudo teórico de estruturas de concreto
para o seu trabalho na construção fazendo uma análise técnica científica no âmbito de
execução de obras não se limitando a uma análise burocrata e apenas gestora.
Como já descrito, a crescente concorrência no mercado da construção civil tem
levado tanto os projetistas de concreto armado quanto às construtoras à uma constante busca
por soluções que, além de simples e eficazes, tragam diminuição de custos (material e/ou mão
de obra), rapidez, versatilidade nas aplicações.
Mas, na realidade avaliar se isto está sendo executado de forma correta na obra
parece ser o cerne da confecção de instrução de trabalho e recebimento de serviços.
A importância deste estudo, portanto, que contempla a forma da qual as
empresas devem analisar e receber serviços e materiais de clientes internos e externos com
base não só dos programas de qualidade como NBR ISO 9001:2000 e PBQP-H, mas
primordialmente o que estabelece as normas regulamentadoras tais como NBR 6118: 2003 é
importante não só para a rentabilidade econômica e qualidade, mas principalmente no que
tange a segurança estrutural. Assim, é proposto neste trabalho, planilhas e tabelas, com base
principalmente nas normas NBR 6118:2003, NBR14931:2003 e a NBR ISO 9001:2000, que
podem auxiliar aos engenheiros de obras, de como devem atender as primícias da qualidade,
mas principalmente, de como analisar criticamente e tecnicamente as estruturas de concreto
armado baseada na norma pertinente. Desta forma, são listadas a seguir as principais
conclusões a que se chegou, para que sirvam como subsídios para aqueles que pretendam se
utilizar deste sistema nas edificações:

1. Chega-se à conclusão de que, geralmente, os programas de qualidade ajudam apenas a


padronização dos serviços em uma empresa, o que não garantem a qualidade final do produto
em relação à NBR 6118:2003. Com isso pode-se verificar se realmente a empresa que
implantar sistemas de qualidade, atentou-se para que as verificações de campo não fiquem em
nível de simples verificações para apenas padronizar atividades e formalizar estas ações, mas
sim utilizar este padrão para garantir que os engenheiros envolvidos na execução destas obras
possam analisar criteriosamente e tecnicamente o projeto e a execução da estrutura conforme
preconiza a NBR 6118:2003.
145

Capítulo 7 – Considerações finais


_______________________________________________________________________

2. Também se pode verificar que as planilhas e tabelas utilizadas para verificar a


execução das estruturas, não refletem o preconizado pela NBR 6118:2003, então, se propõe a
utilização de novas e diferentes planilhas e tabelas mostradas neste trabalho, a fim de que
possa orientar os profissionais de engenharia em verificar se realmente o recebimento ou não
das estruturas de concreto armado estão atendendo os preceitos da norma pertinente; e se a
execução da mesma está realmente refletindo o que está sendo formalizado nas planilhas de
conferência do tipo preconizada pela NBR ISO 9001:2000.
3. Conclui-se também que normalmente, não há preocupação em se fazer uma
verificação, mesmo que sumária, dos projetos de estruturas de concreto armado. Esta ação, na
verdade é importante para não só obrigar que o engenheiro de obra “perceba” melhor o
projeto (através das taxas e outras recomendações), mas, como evitar erros básicos ou ainda
consiga levantar informações erradas, confusas ou mesmo se há alguma que não foi
apresentada. O recebimento destas estruturas pelo engenheiro da obra, após aplicação das
planilhas de serviço e aceitação desta forma garantiria a qualidade desta estrutura. Tendo em
vista esta situação se propôs neste trabalho que seja utilizada principalmente a tabela de
verificação sumária de estruturas, que desta forma, se atendida, estará retratando de forma real
e confiável se aquela estrutura a ser executada está atendendo os preceitos da norma que às
rege, a NBR 6118:2003.
4. Verifica-se também que os comitês gestores da qualidade ao aplicar as instruções da
NBR ISO 9001:2000, não se atentam como verificado no trabalho, para as normas técnicas
pertinentes, tais como a NBR 6118:2003 e outras.

7. 2 Sugestões

O estudo deste assunto é bastante amplo e exigiria o trabalho de mais outras


pessoas de maneira que se pudessem ampliar as análises para outros sistemas estruturais que
passam a ter a suas peculiaridades. Também um grande esforço em número poderia ser feito
para verificar, por exemplo, quando lajes maciças com ações verticais usuais (de prédios
residenciais) podem ter seu vão alterado de maneira que o momento fletor não defira de 10%
do correspondente a dimensão original.
146

Capítulo 7 – Considerações finais


_______________________________________________________________________

Estes estudos embora trabalhosos podem evitar que a cada pequena variação de
dimensionalidade em uma obra fosse necessário repetir os cálculos da estrutura. As
tolerâncias apresentada na NBR14931:2003, aparentemente, não se baseiam nestes quesitos.
Finalmente a sugestão é que as planilhas propostas devam ser colocadas a
disposição de diversos engenheiros e profissionais para que seja possível ampliá-las e
melhorá-las com a opinião de outros profissionais que podem contribuir com a experiência em
obra ou até com procedimentos melhores que o citados aqui.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 8
8 Bibliografia

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Capítulo 8 – Bibliografia
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931:2003: execução de


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Cálculo de estruturas de Edificações. Rio de Janeiro, 1980.

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