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Estácio do Amazonas

Victor Hugo de Oliveira Moraes / Matrícula: 202002701196

SUPORTE BÁSICO À VIDA E PRIMEIROS SOCORROS

ACIDENTES OFÍDICOS, FERIMENTOS POR ARMA BRANCA E DE FOGO

Acidentes ofídicos
Envenenamento causado pela inoculação de toxinas, através das presas de
serpentes (aparelho inoculador), podendo determinar alterações locais (na região da
picada) e sistêmicas. No Brasil, quatro tipos de acidente são considerados de interesse
em saúde: botrópico, crotálico, laquético e elapídico. Acidentes por serpentes não
peçonhentas são relativamente frequentes, porém não determinam acidentes graves, na
maioria dos casos, e, por isso, são considerados de menor importância médica.
Agentes causais
A presença de fosseta loreal, órgão termorregulador localizado entre o olho
e a narina, caracteriza o grupo de serpentes peçonhentas de interesse médico no Brasil,
onde se incluem os gêneros Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca), Crotalus
(cascavel) e Lachesis (surucucu, pico-de-jaca); como exceção de serpente peçonhenta, o
gênero Micrurus (coral verdadeira) não possui fosseta loreal. O gênero Bothrops
(jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca) representa o grupo mais importante de serpentes
peçonhentas, com mais de 60 espécies encontradas em todo território brasileiro
(incluindo os gêneros Bothriopsis e Bothrocophias).
As principais espécies são: Bothrops atrox: é o ofídio mais encontrado na
Amazônia, principalmente, em beiras de rios e igarapés; Bothrops erythromelas:
abundante nas áreas litorâneas e úmidas da região Nordeste; Bothrops jararaca: tem
grande capacidade adaptativa, ocupa e coloniza áreas silvestres, agrícolas e periurbanas,
sendo a espécie mais comum da região Sudeste; Bothrops jararacussu: é a espécie que
pode alcançar maior comprimento (até 1,8m) e a que produz maior quantidade de
veneno dentre as serpentes do gênero, predominante no Sul e Sudeste; Bothrops
moojeni: principal espécie dos cerrados, capaz de se adaptar aos ambientes modificados,
com comportamento agressivo e porte avantajado; e Bothrops alternatus: vive em
campos e outras áreas abertas, desde a região Centro-oeste até a Sul.
As serpentes do gênero Crotalus (cascavel) são identificadas pela presença
de guizo ou chocalho na extremidade caudal. São representadas no Brasil por uma única
espécie (Crotalus durissus), com ampla distribuição geográfica, desde os cerrados do
Brasil central, regiões áridas e semiáridas do Nordeste, campos e áreas abertas do Sul,
Sudeste e Norte. Para o gênero Lachesis (surucucu, pico-de-jaca), as espécies que se
encontram no Brasil são Lachesis muta (bacia Amazônica) e Lachesis rhombeata (mata
Atlântica, do norte do Rio de Janeiro até a Paraíba), podendo alcançar até 4,0m de
comprimento. O gênero Micrurus (coral verdadeira) é o principal representante de
importância médica da família Elapidae no Brasil. Com cerca de 22 espécies, seis são
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principais para saúde pública no Brasil: Micrurus corallinus (anéis pretos simples,
regiões Sudeste e Sul e litoral da Bahia); Micrurus frontalis (sete espécies de anéis em
tríades, regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste); Micrurus ibiboboca (focinho branco,
interior da região Nordeste); Micrurus lemniscatus (pode alcançar 1,5m de
comprimento, presente na bacia Amazônica, cerrado central, litoral do Nordeste até o
Rio de Janeiro); Micrurus spixii (bacia Amazônica) e Micrurus surinamensis (hábitos
aquáticos, habita a bacia Amazônica). Os hábitos fossorais (vivem enterradas,
habitando, preferencialmente, buracos), os reduzidos tamanhos das presas inoculadoras
de veneno e a pequena abertura bucal podem explicar o reduzido número de acidentes
registrados por esse gênero.
Diversos gêneros de serpentes consideradas não-peçonhentas ou de menor
importância médica são encontrados em todo o país, sendo também causa comum de
acidentes: Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus (falsa-coral), Waglerophis
(boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri) e Boa (jibóia), dentre outras.
Mecanismo de ação
Os venenos ofídicos podem ser classificados de acordo com suas atividades
fisiopatológicas, cujos efeitos são observados em nível local (região da picada) e
sistêmico.
Suscetibilidade e imunidade
A maioria das serpentes de interesse em saúde pública tem hábito terrícola e
noturno. Alimenta-se, principalmente, de roedores (ratos, camundongos, preás, etc.),
que geralmente se reproduzem em locais próximos a residências, devido aos depósitos
de lixo e entulho e ao armazenamento de grãos, que se constituem seu alimento. Os
acidentes são facilitados pelo comportamento das serpentes peçonhentas de ficarem
enrodilhadas, imóveis e camufladas às margens de trilhas, próximas a roças, galpões e
bambuzais, em busca de roedores. Em ambientes onde existem roedores, é favorecida a
existência de serpentes. Também são encontradas nas cercanias de centros urbanos e
áreas residenciais próximas a parques, matas, veredas, rios, córregos, lagos e áreas
destinadas ao plantio e à criação de animais.
A suscetibilidade está relacionada com condições ambientais favoráveis à
existência das serpentes, como disponibilidade de alimento. A gravidade depende da
quantidade de veneno inoculada, região atingida e espécie envolvida. Não existe
imunidade adquirida contra o veneno das serpentes. Pode haver casos de picada em que
não ocorre envenenamento (“picada seca”) e, nessas circunstâncias, não há indicação de
soroterapia.
Aspectos clínicos e laboratoriais
Manifestações clínicas
Na maioria dos casos, o reconhecimento das manifestações clínicas e a história
epidemiológica do acidente permitem o diagnóstico do tipo de envenenamento. O
diagnóstico por meio da identificação do animal é pouco frequente.
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Acidentes por Animais Peçonhentos


Acidente botrópico
Manifestações locais – se evidenciam nas primeiras horas após a picada com
a presença de edema, dor e equimose na região da picada, que progride ao longo do
membro acometido. As marcas de picada nem sempre são visíveis, assim como o
sangramento nos pontos de inoculação das presas. Bolhas com conteúdo seroso ou
serohemorrágico podem surgir na evolução e dar origem à necrose cutânea. As
principais complicações locais são decorrentes da necrose e da infecçãosecundária que
podem levar à amputação e/ou déficit funcional do membro.
Manifestações sistêmicas – sangramentos em pele e mucosas são comuns
(gengivorragia, equimoses à distância do local da picada); hematúria, hematêmese e
hemorragia em outras cavidades podem determinar risco ao paciente. Hipotensão pode
ser decorrente de sequestro de líquido no membro picado ou hipovolemia consequente a
sangramentos, que podem contribuir para a instalação de insuficiência renal aguda.
Acidente laquético
As manifestações, tanto locais como sistêmicas, são indistinguíveis do
quadro desencadeado pelo veneno botrópico. A diferenciação clínica se faz quando, nos
acidentes laquéticos, estão presentes alterações vagais, como náuseas, vômitos, cólicas
abdominais, diarreia, hipotensão e choque.
Acidente crotálico
Manifestações locais – não se evidenciam alterações significativas. A dor e
o edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são
comuns.
Manifestações sistêmicas – o aparecimento das manifestações
neuroparalíticas tem progressão craniocaudal, iniciando-se por ptose palpebral, turvação
visual e oftalmoplegia. Distúrbios de olfato e paladar, além de ptose mandibular e
sialorreia podem ocorrer com o passar das horas. Raramente a musculatura da caixa
torácica é acometida, o que ocasiona insuficiência respiratória aguda. Essas
manifestações neurotóxicas regridem lentamente, porém são totalmente reversíveis.
Pode haver gengivorragia e outros sangramentos discretos. Progressivamente, surgem
mialgia generalizada e escurecimento da cor da urina (cor de “coca cola” ou “chá
preto”). A insuficiência renal aguda é a principal complicação e causa de óbito.
Acidente elapídico
Manifestações locais – dor e parestesia na região da picada são discretos, não havendo
lesões evidentes.
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Manifestações sistêmicas – fácies miastênica ou neurotóxica (comum ao acidente
crotálico) constitui a expressão clínica mais comum do envenenamento por coral
verdadeira; as possíveis complicações são decorrentes da progressão da paralisia da face
para músculos respiratórios.

Ferimentos por arma branca


Designa-se arma branca um objeto que possa ser utilizado agressivamente,
para defesa ou ataque, mas cuja utilização normal é outra, geralmente para trabalho.
Machados, facas e martelos são armas brancas; já outras armas como pistolas e rifles,
por exemplo, não se incluem nessa categoria, pois são armas de fogo e a sua finalidade
primária é ferir um oponente.
Noutra definição, arma branca é todo objeto criado para ferir alguém,
independentemente de levar a morte ou não, como espada; soco inglês; chuço; punhal;
nunchaku; etc. Nesta definição, objetos como faca, facão, foice, tesoura, etc., não são
armas brancas em virtude de seu fim não ser ferir a alguém, mas funções diversas, como
cortar carnes, legumes, madeira, panos, etc. Agora, se estes objetos forem utilizados
para ferir a alguém, serão chamados de "instrumentos do/de crime".
Os ferimentos causados por arma branca afetam principalmente os tecidos
moles da face e assumem um papel de destaque no atendimento a paciente
politraumatizados nas emergências, já que essas lesões podem comprometer
definitivamente a vida do ser humano, pois, quando mal abordadas, deixam sequelas,
marginalizando o indivíduo social, resultando, muitas vezes em incapacidade de
trabalho, condenando-o ao segregamento econômico. Portanto, é de suma importância a
correta abordagem dos ferimentos de face. É essencial, para um resultado satisfatório a
médio e longo prazo, a observância de princípios básicos como remoção de tecidos
inviáveis e a regularização das bordas do ferimento diminuindo, respectivamente o risco
de infecção e a possibilidade de cicatrizes sem esquecer-se das necroses teciduais;
suturas por planos a fim de evitar espaços mortos e, com isso, a possibilidade de
proliferação bacteriana à custa da formação de hematomas, além de suturas sem tensão
e sobre tecido ósseo íntegro com o intuito maior de evitar deiscências das mesmas.
O objetivo é o somatório de detalhes que determina o sucesso no tratamento
desses ferimentos, devolvendo, assim, o paciente a seu convívio social.
Ferimentos por arma de fogo

O ferimento por arma de fogo, também conhecido como trauma balístico, é


uma forma de trauma físico ocasionado por projéteis disparados por armas de fogo. Os
traumas balísticos mais comuns derivam de armas usadas em conflitos armados,
esportes civis, atividades recreativas e atividades criminosas. Os ferimentos por armas
de fogo podem, pois, ser intencionais ou não intencionais.
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Quando a bala atravessa os tecidos, inicialmente esmagando-os e depois
dilacerando-os, o espaço deixado forma uma cavidade. Balas de alta velocidade criam
uma onda de pressão que força os tecidos para longe, criando uma cavidade temporária
ou cavidade secundária, que muitas vezes é maior que a própria bala.
O grau de rompimento dos tecidos causado por um projétil está relacionado
à cavitação que o projétil cria ao passar pelos tecidos. Uma bala com energia suficiente
terá um efeito de cavitação maior que a lesão penetrante. A cavidade temporária é dada
pelo alongamento radial do dano ao tecido em redor da ferida da bala, que
momentaneamente deixa um espaço vazio causado por altas pressões em torno do
projétil.
A velocidade da bala é o determinante mais importante da lesão tecidual,
embora a massa do projétil também contribua para a energia total que danifica os
tecidos. A velocidade inicial de uma bala é amplamente dependente do tipo da arma de
fogo. As balas geralmente viajam em uma linha relativamente reta ou fazem uma volta
se um osso for atingido. Mais comumente, as balas não se fragmentam, mas os danos
secundários causados por fragmentos de osso quebrado são uma complicação comum.
Quais são as principais características dos ferimentos por armas de fogo?
Os danos ocasionados por projéteis disparados por armas de fogo dependem
da potência da arma, das características da bala, da sua velocidade, do ponto de entrada
no corpo e das estruturas atingidas por ele. As feridas de bala podem ser devastadoras,
porque a trajetória e a fragmentação das balas podem ser imprevisíveis após a entrada.
Além disso, ferimentos por arma de fogo envolvem um grande grau de destruição do
tecido nas proximidades, devido aos efeitos físicos do projétil.
O efeito prejudicial imediato de uma bala é tipicamente uma hemorragia
grave e com ela o risco potencial de choque hipovolêmico. Isso é tanto mais verdadeiro
quando o projétil rompe algum vaso sanguíneo de grande calibre. Efeitos devastadores e
às vezes letais podem ocorrer quando uma bala atinge um órgão vital, como o coração,
os pulmões ou o fígado, ou danifica um componente do sistema nervoso central, como a
medula espinhal ou o cérebro.

Causas comuns de morte após ferimento por arma de fogo incluem


hemorragia, hipóxia causada por pneumotórax, lesão catastrófica no coração e vasos
sanguíneos maiores e danos no cérebro ou em outras partes do sistema nervoso central.
Ferimentos por arma de fogo, quando não são fatais, frequentemente deixam sequelas
severas e duradouras e, por vezes, incapacitantes.
Como o médico trata os ferimentos por armas de fogo?
O manejo pode variar conforme o caso, desde observação e tratamento de
feridas locais até intervenção cirúrgica urgente. As atenções iniciais para uma ferida por
arma de fogo são as mesmas que para qualquer outro caso de traumatismo agudo.
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Para assegurar que as funções vitais estejam intactas, deve-se avaliar e
proteger as vias aéreas e a coluna cervical, manter ventilação e oxigenação adequadas,
avaliar e controlar o sangramento para manter a perfusão orgânica, realizar exame
neurológico básico, expor todo o corpo e procurar por outras lesões, pontos de entrada e
pontos de saída e manter a temperatura corporal.
O conhecimento do tipo de arma, número de disparos, direção e distância do
tiro, perda de sangue e avaliação dos sinais vitais podem ser úteis para direcionar o
gerenciamento.
Os efeitos dos ferimentos por arma de fogo dependem da região atingida.
Um ferimento de bala no pescoço pode ser particularmente perigoso devido ao grande
número de estruturas anatômicas vitais existentes (laringe, traqueia, faringe, esôfago,
vasos sanguíneos importantes, tireoide, medula espinhal, nervos cranianos, nervos
periféricos, cadeia simpática e plexo braquial).
Tiros no tórax podem causar sangramento grave, comprometimento
respiratório, hemotórax, contusão pulmonar, lesão traqueobrônquica, lesão cardíaca,
lesão esofágica e lesão do sistema nervoso. Isso porque a anatomia do tórax inclui a
parede torácica, costelas, coluna vertebral, medula espinhal, feixes nervosos
intercostais, pulmões, brônquios, coração, aorta, grandes vasos, esôfago, ducto torácico
e diafragma.
As atenções iniciais são particularmente importantes, devido ao alto risco de
lesões diretas nos pulmões, no coração e nos grandes vasos. O primeiro exame deve ser
uma radiografia de tórax. Adicionalmente podem ser feitas ultrassonografia, tomografia
computadorizada de tórax, ecocardiograma, angiografia, esofagoscopia, esofagografia e
broncoscopia. Pessoas assintomáticas com radiografia normal de tórax podem ser
observadas com repetição de exames clínicos e de imagem a cada 6 horas, para garantir
que não haja desenvolvimento de pneumotórax ou hemotórax.
No abdômen estão o estômago, o intestino delgado, o cólon, o fígado, o
baço, o pâncreas, os rins, a coluna vertebral, o diafragma, a aorta descendente e outros
vasos e nervos abdominais. Os tiros no abdômen podem, pois, causar sangramento
grave, liberação do conteúdo intestinal, peritonite, ruptura de órgãos, comprometimento
respiratório e déficits neurológicos. A avaliação inicial mais importante de uma ferida a
bala no abdômen é se há sangramento descontrolado, inflamação do peritônio ou
derrame de conteúdo intestinal. A ultrassonografia ajuda a identificar sangramento
intra-abdominal e radiografias podem ajudar a determinar a trajetória e a fragmentação
da bala. No entanto, o modo preferido de geração de imagens é a tomografia
computadorizada.
Os quatro principais componentes das extremidades são ossos, vasos, nervos
e tecidos moles. As feridas de bala podem, assim, causar sangramentos graves, fraturas,
déficits nervosos e danos aos tecidos moles. Dependendo da extensão da lesão, o
tratamento pode variar desde o cuidado superficial da ferida até a amputação do
membro.
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Pessoas com sinais graves de lesão vascular também requerem intervenção
cirúrgica imediata, no entanto, nem todas as pessoas feridas por tiros no peito exigem
cirurgia. Para pessoas sem sinais graves de lesão vascular, deve-se comparar a pressão
arterial no membro lesionado à do membro não lesionado, a fim de avaliar melhor a
possível lesão vascular. Se os sinais clínicos forem sugestivos de lesão vascular, a
pessoa pode ser submetida à cirurgia. Além do manejo vascular, as pessoas devem ser
avaliadas quanto a lesões nos ossos, tecidos moles e nervos.

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