___VARA CÍVEL DA
COMARCA DO RECIFE – ESTADO DE ____________ (Conforme art. 319, I, NCPC e
organização judiciária da UF)
NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade, estado civil (ou a existência de
união estável), profissão, portador da carteira de identidade nº xxxx, inscrita no CPF/MF sob o
nº xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu
advogado abaixo subscrito, com endereço profissional (completo), para fins do art. 106, I, do
Novo Código de Processo Civil, vem a este Juízo, com fulcro no CDC (Lei 8.078/90), na Lei
9.099/95 e no art. 5a., XXXV da CF/88, propor a presente:
AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, COM LIMINAR – INAUDITA ALTERA PARTE –
nos termos do Art. 300 do NCPC
- DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
Em face de sua avançada idade, a Autora, uma anciã de 71 (setenta e um) anos de
idade (doc. 02), requer a Vossa Excelência, que se digne de conceder prioridade na tramitação
de todos os atos processuais e diligências, em consonância com a redação do Estatuto do Idoso
(Lei nº 10.741/03).
Desse modo, requer que sejam priorizados os atos relacionados ao presente feito,
perante a Secretaria do Cartório, espeque deliberação do Art. 1.048, I, do Novo Código de
Processo Civil.
1
Requer a Autora a Vossa Excelência os benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos
da Lei n. 1060/50 e do art. 5º, caput e incisos XXXIV, LXXIV, LXXVI e LXXVII da CF, bem
como dos arts. 98 e ss. do NCPC, por não dispor de condições de arcar com as custas
processuais sem prejudicar o orçamento familiar, conforme declaração de pobreza que segue
junto a esta (doc. 03).
Ressalte-se que o benefício da gratuidade da justiça é direito conferido a quem não tem
recursos financeiros de obter a prestação jurisdicional do Estado, sem arcar com os ônus
processuais correspondentes. Trata-se de mais uma manifestação do princípio da isonomia ou
igualdade jurídica (CF, Art. 5º, caput), pelo qual todos devem receber o mesmo tratamento
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Assim, requer a Autora que Vossa Excelência defira o presente pedido de gratuidade
com base e fundamento nas normas legais acima elencadas, por ser questão de direito e de
justiça.
II – DOS FATOS
A medida judicial ora impetrada visa a proteger direito inconteste da AUTORA,
consubstanciando-se na utilização de assistência médica - hospitalar e auxiliares de diagnóstico
e terapia, objeto do contrato firmado com a operadora ____________.
A AUTORA era beneficiária como dependente do plano de saúde, através do contrato
firmado entre sua falecida tia, Sra. ____________ e a operadora de plano de saúde ré.
Ocorre que, o referido contrato foi firmado desde ____________, conforme contrato de
adesão nº ____________em anexo (doc. 04), tendo a autora o código de identificação n.
____________ (doc. 05). Por se tratar de um típico contrato de adesão foram elaborados
unilateralmente pela empresa ré, sem que fosse dada a Autora, o direito de discuti-las
previamente, como de praxe são os contratos desta natureza.
Ressalte-se que o art. 14º, §§1, e 02 do contrato firmado com a autora após o óbito da
sua tia prevê a vigência do contrato por doze meses, com a renovação AUTOMÁTICA do
contrato por mais doze meses (ver doc. 06).
Vale ressaltar que desde o início da vigência do presente contrato, em nenhum momento
a de cujus deixou de cumprir com sua parte na avença, pagando religiosamente as parcelas ora
avençadas no referido instrumento de contrato. Assim, ficou a Autora pagando a título de
contribuição o valor de R$ ____________, conforme atestam os boletos anexos (docs.
07/09)
Ocorre que a autora foi informada de que teria seu plano CANCELADO no dia
____________, pois findaria o período de dois anos referente à extensão contratual
concedida à Autora após o falecimento de sua Tia, antiga titular do contrato.
2
Acontece que a Autora não pode ficar desassistida em momento algum de seu plano de
saúde, por já ser idosa, contando com 71 (setenta e um) anos de idade, estando sujeita a uma
série de enfermidades ligadas à idade. Além de que, há previsão contratual da renovação
automática do contrato, conforme art. 14º, §§ 1 e 2.
(doc. 10)
DECLARAÇÃO
Ora, do relato médico resta claro que a autora está EM TRATAMENTO PARA
COMBATE DA CATARATA QUE ACOMETE AMBOS OS OLHOS, NECESSITANDO
SUBMETER-SE A CIRURGIAS CORRETIVAS, o que demonstra cabalmente a
necessidade de continuidade do plano.
Assim, o argumento de que deve ser cancelado o contrato da Autora não deve
prevalecer, tanto pela necessidade da segurada, que é idosa e esta em tratamento de catarata,
como por estar a manutenção prevista no contrato firmado entre as partes, devendo assim ser
respeitado e cumprido.
Como visto, a Autora NÃO PODE FICAR SEM PLANO DE SAÚDE, além disso,
não existe a menor possibilidade da segurada ser aceita por outro plano de saúde, primeiro pelo
fato de a mesma ser uma IDOSA DE 71 ANOS E ESTAR EM TRATAMENTO DE
CATARATA, e terá que cumprir os 24 meses e carência para tratamento de doença
preexistente.
3
Ora, não é justo que a ré, ao talante, decida quando e como vai cumprir as disposições
contratuais que elaborou e submeteu a adesão da Autora, vez que sabemos que tais contratos
de adesão tornam seus aderentes/contratantes “clientes cativos”, sendo esta relação mais
duradoura que perduram anos e anos a fio.
Isto posto, a autora vem perante Vossa Excelência, para ter seu direito restaurado, a fim
de que a Operadora Ré seja compelida a MANTER A AUTORA NO SEU QUADRO DE
VIDAS, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava, sem período
carencial a ser cumprido, assumindo o pagamento integral das mensalidades . Medida esta
que pleiteia junto ao Poder Judiciário como única via restante para garantir a dignidade e a
integridade do bem maior de todo ordenamento jurídico, que é a VIDA.
III – DO DIREITO
A Lei 8.078, de 1990 que dispõe sobre a proteção do Consumidor, no art. 83, assegura o
ajuizamento de qualquer tipo de ação, sempre que tiver em jogo e em risco o direito de um
consumidor.
É sabido por todos que nosso País dispõe de uma rede pública de saúde bastante
precária, faltam medicamentos, materiais básicos, máquinas essenciais, etc. sem falar no caos
que impera nos Hospitais Públicos.
4
Sendo assim, levando em consideração a má prestação do Serviço Único de Saúde –
SUS, o brasileiro é compelido a pactuar com uma empresa de Saúde Suplementar, justamente
objetivando a obtenção de uma prestação de serviço médico digna.
Desta forma, como todo contrato as partes têm obrigações e direitos, no caso, fica a
empresa contratada obrigada a prestar os serviços que correspondam ao campo da saúde, ao
passo que o contratante, usuário/ associado, tem o dever de arcar com pagamento da
contraprestação de tais serviços, gerando com isso, uma RELAÇÃO DE CONSUMO!!!
Entretanto, é importante frisar que a simples existência e o uso do Contrato de Adesão por
si só não quer dizer que seus termos estão eivados de legalidade, muito pelo contrário, visto que
comumente são eivados de cláusulas qualificadas como abusivas e, dignas de Ilegalidades.
Desta feita, em sede judicial quando o magistrado profere decisão qualificando uma cláusula de
abusiva, sabe-se que seus efeitos são EX TUNC, ou seja, RETROAGEM ao momento de sua
aplicabilidade para que possam favorecer o consumidor parte mais frágil da relação de
consumo!!!!
Além de todo o direito acima invocado, faz-se mister ressaltar que o contrato de
manutenção celebrado pela suplicante com a empresa requerida, em seu ART. 14º, §§ 1, e 2,
garante o DIREITO da Autora em continuar com o plano de saúde por tempo indeterminado,
mesmo com a morte do titular, como pode-se no contrato sub judice, anexo à peça inaugural.
Portanto, deve ser cumprido o estabelecido no contrato em comento, pois, além de estar
previsto contratualmente, está embasado no CDC e na CF/88, que dão plena garantia ao
consumidor em caso de abusividade, como foi observado na conduta da suplicada.
5
condições, arcando com as mensalidades de forma integral e por tempo indeterminado,
tudo conforme previsão no contrato.
- DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
Posto isso, não é cabível à Ré limitar o direito quanto à prestação do serviço de saúde, à
Autora. Ou seja, não lhe cabe agir ARBITRARIAMENTE contra a parte mais frágil que é o
consumidor!!!
A Carta Magna estabelece ser a saúde essencial a pessoa humana, cabendo ao Estado ou
a quem lhe substitua a prestação adequada e suficiente à eliminação do risco. Dessa forma, é
límpida a inconstitucionalidade da norma que exclui direitos garantidos constitucionalmente.
Corroborando com tal entendimento segue abaixo transcrito o artigo 170 da CF/88:
6
- DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Conforme disposto no art. 6º, do CDC (Lei 8.078/90), são direitos básicos do
consumidor à proteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos ou serviços, e a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
- DA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA
7
A jurisprudência pátria tem se manifestado no sentido de não admitir, por ser abusiva, a
conduta de cancelamento unilateral dos contratos firmados com idosos. Destarte, pedimos vênia
a Vossa Excelência para trazer a colação as seguintes decisões:
8
“ X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; ” (original sem grifos).
Neste mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor, Lei n.º 8.078/90, assegura
ao consumidor de serviços a efetiva prevenção e reparação de danos morais – conforme
disposto no art. 22, parágrafo único, entre outros tantos direitos considerados básicos pelo
Diploma Legal em foco, transcrito acima.
A exposição fática demonstra que houve o dano moral, decorrente do prejuízo resultante
de uma lesão a um bem juridicamente tutelado pelo direito, “expressão especial do direito à
honra”, nas palavras de ERNST HELLE1.
Assim, a Autora, conforme os fatos narrados na análise fática acima realizada sofreu
gritantes prejuízos de ordem moral, perceptíveis sem muito esforço, vez que diante da idade
avançada, está sofrendo com a notícia de que terá seu plano de saúde cancelado de forma
abusiva, pois prevê no próprio contrato firmado entre há a previsão da continuidade do contrato,
simplesmente porque a ré, a seu talante quer cancelar o plano de saúde da autora.
Ademais, resta claro que a Ré ABUSOU DO SEU DIREITO de parte mais forte na
relação contratual para limitar o direito da Autora, cancelando seu contrato de plano de saúde,
quando há previsão contratual para a manutenção.
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” (g.n.).
“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pela parte Autora do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (g.n.).
Logo, tem-se que o DANO MORAL no caso em tela, possui CARÁTER PUNITIVO,
ou seja, deve ser imposto como forma de coibir ou limitar qualquer tipo de abuso de direito por
parte das Operadoras, Seguradoras, Cooperativas dentre outras que estejam aptas a prestarem
serviços essenciais como é o de saúde, diminuindo com isso, inclusive, a demanda tanto na
esfera administrativa quanto na judicial, eis que terão que agir com mais decoro e respeito à
Legislação aplicada.
1
IN, Der Schutz Der Persönlichen Eher Und Des Wirtschftlichen Rufes Im Privatrecht, 1, 2, Apud,
Responsabilidade Civil e Sua Interpretação Jurisprudencial, de Rui Stoco, 3ª Edição, 1997, Editora
Revista dos Tribunais, pág. 537.
9
IV – DOS FUNDAMENTOS DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
Diante de tudo o que acima se expôs, cumpre seja concedida, inaudita altera parts, em
caráter de urgência, MEDIDA LIMINAR a título de TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA pleiteada, para determinar seja a Ré compelida a MANTER O CONTRATO
DA AUTORA NAS CONDIÇÕES ATUALMENTE OFERECIDAS PELA RÉ,
CONFORME PREVISÃO CONTRAUAL, SEM CUMPRIMENTO DE NENHUMA
CARÊNCIA, porquanto trata-se de uma pessoa idosa sujeita as fragilidades trazidas
naturalmente pela sua idade, não podendo ficar desassistida pela Ré.
“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.”
Parágrafo 1º e 2º omissis;
Parágrafo 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder
a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu”.
10
Desta forma, não há dúvida de que presentes, no caso em tela, a fumaça do bom e
cristalino direito, a verossimilhança do alegado, haja vista a farta documentação comprobatória
anexada pela AUTORA, a comprovarem a existência da doença, todos os supedâneos legais
invocados, a emergência que a medida requer, e a necessidade da manutenção do contrato pela
empresa demandada, bem como a flagrante violação dos dispositivos legais supra invocados,
além do perigo da demora, que poderia resultar na ineficácia do pleito.
V – DOS PEDIDOS
Ex positis, requer a Autora que Vossa Excelência se digne a:
a) Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO, conforme
previsto no art. 334 do NCPC;
c) Determinar uma multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para o caso de
não cumprimento da decisão judicial por parte da Ré.
11
a, também, nas custas judiciais e honorários advocatícios, estes a base de 20% (vinte por
cento), sobre o valor da condenação ou causa.
Medidas estas que pleiteia a Autora junto ao Poder Judiciário como única via restante
para garantir a dignidade e integridade do bem maior que é a sua saúde e, consequentemente,
sua vida!!!
Nestes Termos
Pede e Espera Deferimento.
Local, data.
12