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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 

___VARA CÍVEL DA
COMARCA DO RECIFE – ESTADO DE ____________ (Conforme art. 319, I, NCPC e
organização judiciária da UF)

Com Prioridade de tramitação,


71 anos

Com pedido de benefício da


Gratuidade da Justiça

 
NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade, estado civil (ou a existência de
união estável), profissão, portador da carteira de identidade nº xxxx, inscrita no CPF/MF sob o
nº xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu
advogado abaixo subscrito, com endereço profissional (completo), para fins do art. 106, I, do
Novo Código de Processo Civil, vem a este Juízo, com fulcro no CDC (Lei 8.078/90), na Lei
9.099/95 e no art. 5a., XXXV da CF/88, propor a presente:

 
AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, COM LIMINAR – INAUDITA ALTERA PARTE –
nos termos do Art. 300  do NCPC
                                       

pelo rito comum, em face da ________________, pessoa jurídica de direito privado,


estabelecida na Rua ________________, endereço eletrônico, inscrita no CPNJ sob o nº
____________, pelos fundamentos de fato e de direitos a seguir aduzidos:

I - DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS

- DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

Em face de sua avançada idade, a Autora, uma anciã de 71 (setenta e um) anos de
idade (doc. 02), requer a Vossa Excelência, que se digne de conceder prioridade na tramitação
de todos os atos processuais e diligências, em consonância com a redação do Estatuto do Idoso
(Lei nº 10.741/03).

Desse modo, requer que sejam priorizados os atos relacionados ao presente feito,
perante a Secretaria do Cartório, espeque deliberação do Art. 1.048, I, do Novo Código de
Processo Civil.

- DO REQUERIMENTO DOS BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

1
Requer a Autora a Vossa Excelência os benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos
da Lei n. 1060/50 e do art. 5º, caput e incisos XXXIV, LXXIV, LXXVI e LXXVII da CF, bem
como dos arts. 98 e ss. do NCPC, por não dispor de condições de arcar com as custas
processuais sem prejudicar o orçamento familiar, conforme declaração de pobreza que segue
junto a esta (doc. 03).

Ressalte-se que o benefício da gratuidade da justiça é direito conferido a quem não tem
recursos financeiros de obter a prestação jurisdicional do Estado, sem arcar com os ônus
processuais correspondentes. Trata-se de mais uma manifestação do princípio da isonomia ou
igualdade jurídica (CF, Art. 5º, caput), pelo qual todos devem receber o mesmo tratamento
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Assim, requer a Autora que Vossa Excelência defira o presente pedido de gratuidade
com base e fundamento nas normas legais acima elencadas, por ser questão de direito e de
justiça.

II – DOS FATOS
 
A medida judicial ora impetrada visa a proteger direito inconteste da AUTORA,
consubstanciando-se na utilização de assistência médica - hospitalar e auxiliares de diagnóstico
e terapia, objeto do contrato firmado com a operadora ____________.
 
A AUTORA era beneficiária como dependente do plano de saúde, através do contrato
firmado entre sua falecida tia, Sra. ____________ e a operadora de plano de saúde ré.

Ocorre que, o referido contrato foi firmado desde ____________, conforme contrato de
adesão nº ____________em anexo (doc. 04), tendo a autora o código de identificação n.
____________ (doc. 05). Por se tratar de um típico contrato de adesão foram elaborados
unilateralmente pela empresa ré, sem que fosse dada a Autora, o direito de discuti-las
previamente, como de praxe são os contratos desta natureza.

A titular da apólice, a Sra. ____________faleceu no dia ____________, desse modo, a


Autora, sobrinha da titular, continuou no plano de saúde através do contrato de adesão
____________, firmado em ____________ (doc. 06).

Ressalte-se que o art. 14º, §§1, e 02 do contrato firmado com a autora após o óbito da
sua tia prevê a vigência do contrato por doze meses, com a renovação AUTOMÁTICA do
contrato por mais doze meses (ver doc. 06).

Vale ressaltar que desde o início da vigência do presente contrato, em nenhum momento
a de cujus deixou de cumprir com sua parte na avença, pagando religiosamente as parcelas ora
avençadas no referido instrumento de contrato. Assim, ficou a Autora pagando a título de
contribuição o valor de R$ ____________, conforme atestam os boletos anexos (docs.
07/09)

Ocorre que a autora foi informada de que teria seu plano CANCELADO no dia
____________, pois findaria o período de dois anos referente à extensão contratual
concedida à Autora após o falecimento de sua Tia, antiga titular do contrato.

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Acontece que a Autora não pode ficar desassistida em momento algum de seu plano de
saúde, por já ser idosa, contando com 71 (setenta e um) anos de idade, estando sujeita a uma
série de enfermidades ligadas à idade. Além de que, há previsão contratual da renovação
automática do contrato, conforme art. 14º, §§ 1 e 2.

Ademais, a autora está em tratamento oftalmológico há três meses, conforme relatado


pela sua médica no laudo anexo (doc. 10), necessitando de atendimento contínuo, conforme
transcrevemos a seguir:

(doc. 10)

DECLARAÇÃO

Declaro que ____________encontra-se em tratamento para catarata há


03 (três) meses, tendo sido submetida a procedimento cirúrgico no
olho esquerdo em ____________evoluindo com posteriorização da
lente intraocular que causa surpresa e inadequação refracional que
requer obrigatoriamente novo procedimento corretivo, assim que a
recuperação ocular permitir. Além disso, necessita operar o olho
direito.

Ora, do relato médico resta claro que a autora está EM TRATAMENTO PARA
COMBATE DA CATARATA QUE ACOMETE AMBOS OS OLHOS, NECESSITANDO
SUBMETER-SE A CIRURGIAS CORRETIVAS, o que demonstra cabalmente a
necessidade de continuidade do plano.

Assim, o argumento de que deve ser cancelado o contrato da Autora não deve
prevalecer, tanto pela necessidade da segurada, que é idosa e esta em tratamento de catarata,
como por estar a manutenção prevista no contrato firmado entre as partes, devendo assim ser
respeitado e cumprido.

Além do mais, a Autora é aposentada, e necessita ainda arcar com os custos


medicamentosos todos os meses, além de seus gastos pessoais, o que compromete boa parte de
sua aposentadoria.

Por último, saliente-se que, a Autora NÃO PODE FICAR DESAMPARADA DE


ASSISTÊNCIA MÉDICA/HOSPITALAR, pois a mesma é IDOSA, estando sujeita a uma
série de doenças relacionadas à idade e podendo necessitar de atendimento emergencial a
qualquer momento, além de estar em tratamento de CATARATA EM AMBOS OS OLHOS!!

Como visto, a Autora NÃO PODE FICAR SEM PLANO DE SAÚDE, além disso,
não existe a menor possibilidade da segurada ser aceita por outro plano de saúde, primeiro pelo
fato de a mesma ser uma IDOSA DE 71 ANOS E ESTAR EM TRATAMENTO DE
CATARATA, e terá que cumprir os 24 meses e carência para tratamento de doença
preexistente.

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Ora, não é justo que a ré, ao talante, decida quando e como vai cumprir as disposições
contratuais que elaborou e submeteu a adesão da Autora, vez que sabemos que tais contratos
de adesão tornam seus aderentes/contratantes “clientes cativos”, sendo esta relação mais
duradoura que perduram anos e anos a fio.

Além do direito à continuidade da assistência médico-hospitalar estar embasada no


contrato firmado e na legislação pátria, é essencial que essa assistência médica é de suma
relevância para proponente, como asseverado acima, vez que já é idosa e teria que cumprir a
carência de um novo plano.

De plano percebe-se a abusividade da conduta da Ré, sendo esta INCONCEBÍVEL face


ao ordenamento jurídico pátrio, e até mesmo o pacto firmado entre as partes, que faz coisa
julgada. De forma alguma poderíamos compreender a atitude da requerida em simplesmente
querer dar continuidade ao contrato da idosa nestas condições desproporcionais, uma vez que o
contrato sob comento é claro ao estabelecer que com a morte do titular os dependentes podem
continuar no plano de saúde, e foi firmado contrato de manutenção que prevê a renovação
automática do contrato no fim de doze meses, por igual período, indefinidamente.

Portanto, A DESOLAÇÃO e a PREOCUPAÇÃO da Autora são no mínimo


vexatórias e desesperadoras, visto que no momento crucial da vida, encontrando-se com 71
(setenta e um) anos de idade e em tratamento de catarata, se vê numa situação constrangedora,
humilhante e degradante, vendo todo seu direito negado, dês que a vida tem que ser preservada
com dignidade e respeito, porquanto, é um direito inconteste e constitucional de qualquer ser
humano, não podendo ficar a mercê da incúria do Sistema Único de Saúde.

Isto posto, a autora vem perante Vossa Excelência, para ter seu direito restaurado, a fim
de que a Operadora Ré seja compelida a MANTER A AUTORA NO SEU QUADRO DE
VIDAS, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava, sem período
carencial a ser cumprido, assumindo o pagamento integral das mensalidades . Medida esta
que pleiteia junto ao Poder Judiciário como única via restante para garantir a dignidade e a
integridade do bem maior de todo ordenamento jurídico, que é a VIDA.
 
III – DO DIREITO

A Lei 8.078, de 1990 que dispõe sobre a proteção do Consumidor, no art. 83, assegura o
ajuizamento de qualquer tipo de ação, sempre que tiver em jogo e em risco o direito de um
consumidor.

Com base no dispositivo supracitado, a Autora propôs a presente Ação visando o


restabelecimento do seu direito negado pela Ré - uma Operadora de Serviço Médico, que presta
serviços de assistência a saúde, haja vista a ilegalidade do ato cometido pela mesma.

É sabido por todos que nosso País dispõe de uma rede pública de saúde bastante
precária, faltam medicamentos, materiais básicos, máquinas essenciais, etc. sem falar no caos
que impera nos Hospitais Públicos.

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Sendo assim, levando em consideração a má prestação do Serviço Único de Saúde –
SUS, o brasileiro é compelido a pactuar com uma empresa de Saúde Suplementar, justamente
objetivando a obtenção de uma prestação de serviço médico digna.

Desta forma, como todo contrato as partes têm obrigações e direitos, no caso, fica a
empresa contratada obrigada a prestar os serviços que correspondam ao campo da saúde, ao
passo que o contratante, usuário/ associado, tem o dever de arcar com pagamento da
contraprestação de tais serviços, gerando com isso, uma RELAÇÃO DE CONSUMO!!!

Sabe-se que o consumo depende do desenrolar da economia de mercado, e visto que os


contratos são “instrumentos de circulação de riquezas”, o mundo globalizado não “suportaria”
que todos eles ensejassem uma discussão prévia entre as partes, motivo pelo que fez com que o
mercado econômico adotasse o CONTRATO DE ADESÃO eis que, esses podem proporcionar
maior uniformidade, rapidez, eficiência e dinamismo às relações contratuais, especialmente as
de Consumo.

Entretanto, é importante frisar que a simples existência e o uso do Contrato de Adesão por
si só não quer dizer que seus termos estão eivados de legalidade, muito pelo contrário, visto que
comumente são eivados de cláusulas qualificadas como abusivas e, dignas de Ilegalidades.
Desta feita, em sede judicial quando o magistrado profere decisão qualificando uma cláusula de
abusiva, sabe-se que seus efeitos são EX TUNC, ou seja, RETROAGEM ao momento de sua
aplicabilidade para que possam favorecer o consumidor parte mais frágil da relação de
consumo!!!!

Indubitavelmente, denota-se, que o Contrato sob comento tem roupagem de


CONTRATO DE ADESÃO, cujas cláusulas inseridas não sofrem discussão prévia, pelo
simples fato da parte (Autora/consumidor) não ter acesso a seu conhecimento. Sendo, o referido
contrato deliberado de forma UNILTERAL e EXCLUSIVA pela Operadora Ré.

- DA GARANTIA DA APLICABILIDADE DO ART. 14º, §§ 1, e 2 DO CONTRATO DE


MANUTENÇÃO SOB COMENTO, FIRMADO EM 10/09/2012.

Além de todo o direito acima invocado, faz-se mister ressaltar que o contrato de
manutenção celebrado pela suplicante com a empresa requerida, em seu ART. 14º, §§ 1, e 2,
garante o DIREITO da Autora em continuar com o plano de saúde por tempo indeterminado,
mesmo com a morte do titular, como pode-se no contrato sub judice, anexo à peça inaugural.

Desta feita, é direito da autora que a Ré mantenha o contrato de plano de saúde da


Autora, nas mesmas condições, como titular do plano de saúde, arcando com as mensalidades
de forma integral e por tempo indeterminado. Sendo assim, não há justificativa para tal
negativa.

Portanto, deve ser cumprido o estabelecido no contrato em comento, pois, além de estar
previsto contratualmente, está embasado no CDC e na CF/88, que dão plena garantia ao
consumidor em caso de abusividade, como foi observado na conduta da suplicada.

Requer-se, portanto a garantia da aplicabilidade do ART. 14º, §§ 1, e 2 do contrato sob


comento, para garantir a permanência da Autora no plano de saúde, nas mesmas

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condições, arcando com as mensalidades de forma integral e por tempo indeterminado,
tudo conforme previsão no contrato.

- DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL

Os fatos relatados se apresentam como materialização de uma relação jurídica


estabelecida entre as partes a partir do contrato de prestação de serviços de Assistência Médico-
Hospitalar.

Na linguagem comum, trata-se de contratação do chamado “seguro” de saúde pela


Autora, no qual a Ré está obrigada a prestar os serviços necessários à saúde do mesmo e de seus
dependentes, ou através de rede credenciada de médicos e hospitais, ocasião em que a Ré paga
diretamente aos respectivos profissionais e prestadores, ou mediante o reembolso das despesas
efetuadas junto a médicos e/ou hospitais não credenciados.

Há de serem ressaltadas, de início, os dispositivos constitucionais acerca da questão,


como segue:

“Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”

“Art. 197 – São de relevância Pública as ações e serviços de saúde, cabendo


ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.”
(g.n.).

Dessas normas explicitadas, subsume-se facilmente ser a prestação de serviços de saúde


uma atividade essencial. Assim sendo, eventual solução de continuidade ou interrupção da
execução em caso específico deverá atender a critérios puramente técnicos.

Posto isso, não é cabível à Ré limitar o direito quanto à prestação do serviço de saúde, à
Autora. Ou seja, não lhe cabe agir ARBITRARIAMENTE contra a parte mais frágil que é o
consumidor!!!

A Carta Magna estabelece ser a saúde essencial a pessoa humana, cabendo ao Estado ou
a quem lhe substitua a prestação adequada e suficiente à eliminação do risco. Dessa forma, é
límpida a inconstitucionalidade da norma que exclui direitos garantidos constitucionalmente.

Corroborando com tal entendimento segue abaixo transcrito o artigo 170 da CF/88:

“Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
(...)
V – defesa do consumidor:
(...).” (g.n.).

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- DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

De início, informar-se que o Superior Tribunal de Justiça – STJ já pacificou o


entendimento de que aos contratos de plano de saúde é aplicável o que prescreve o Código de
Defesa do Consumidor – CDC, através da edição da Súmula 469 do STJ, como se verifica ipsis
litteris:

Súmula 469: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos


contratos de plano de saúde.

Conforme disposto no art. 6º, do CDC (Lei 8.078/90), são direitos básicos do
consumidor à proteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos ou serviços, e a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

O referido dispositivo garante a proteção dos consumidores de serviços em geral,


particularmente dos serviços públicos latu sensu, abrangendo o respeito e proteção à vida, saúde
e segurança por parte dos prestadores de serviços, assegurando de maneira correlata o direito a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais originários das ditas relações de
consumo.

Nesse contexto, insere-se a regra do art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, que,


alicerçado-se no que dispõe o § 6º, do art. 37, da CF, prevê a responsabilidade dos prestadores
de serviços públicos (incluindo a saúde), ainda que por delegação.

Assim, nos termos do dispositivo legal supracitado, o descumprimento de cláusula


contratual pela empresa Ré, prestadora de serviço contínuo e essencial, por ter como objeto de
seu comércio a saúde, fere o princípio da continuidade do serviço, acarretando danos
irreparáveis à parte consumidora, que, no caso da Autora está relacionado ao
CANCELAMENTO DO CONTRATO DE FORMA UNILATERAL, inclusive, existindo
dispositivo legal que dá prioridade absoluta, garantia a todos os direitos fundamentais inerentes
a pessoa humana e a facilitação a saúde e vida, dessa forma prevalecendo o direito à vida e à
saúde da Autora em face da iminente rescisão do contrato por parte da Ré, com fulcro no art.
5º, caput, da LEX MATER.

Caracterizada a prestação de serviço contínuo cuja natureza é essencial à vida e a saúde


da Autora, bem como a lesão ao direito que lhe assiste por parte da Ré, não há como negar a
plena incidência do Código de Defesa do Consumidor à relação contratual em tela, tendo esta a
obrigação de manter a relação contratual em questão, mediante os termos legais acima referidos,
principalmente por ser idosa, necessitando urgentemente da MANUTENÇÃO DA APÓLICE
NOS MESMOS TERMOS!!!

Assim, nos termos do dispositivo legal supracitado, o cancelamento do contrato de


plano de saúde da Autora de forma UNILATERAL, fere o princípio da continuidade desse
serviço, acarretando danos irreparáveis à parte consumidora, além de que há previsão
contratual de que a dependente, ora Autora tem o direito continuar no plano de saúde por
tempo indeterminado, arcando com as mensalidades.

- DA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA

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A jurisprudência pátria tem se manifestado no sentido de não admitir, por ser abusiva, a
conduta de cancelamento unilateral dos contratos firmados com idosos. Destarte, pedimos vênia
a Vossa Excelência para trazer a colação as seguintes decisões:

Plano de saúde. Morte do titular. Manutenção da viúva, de 87 anos de


idade, nas mesmas condições contratuais. Observância dos princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana e da proteção da segurança
jurídica. O término da remissão não extingue o contrato de plano familiar.
Recurso não provido. (3004257422009826 SP 3004257-42.2009.8.26.0506,
Relator: Daniela Menegatti Milano, Data de Julgamento: 03/07/2012, 1ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 07/07/2012, undefined)

APELAÇÕES CÍVEIS. SEGUROS. SEGURO-SAÚDE.


APOSENTADORIA, POSTERIOR RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO E MORTE DO TITULAR. MANUTENÇÃO DO
CONTRATO DE SAÚDE. REQUISITOS DO ART. 31 DA LEI 9.656/98
PREENCHIDOS. AUTORIZADOS OS MESMOS REAJUSTES DO
CONTRATO A QUE A AUTORA ESTÁ VINCULADA. RECÁLCULO
DO PRÊMIO DE ACORDO COM O NÚMERO DE USUÁRIOS DO
SEGURO.
- O segurado já estava aposentado à época da rescisão do contrato de trabalho
e contribuiu por mais de 10 anos para o plano de saúde, de forma que
preencheu os requisitos do art. 31 da Lei 9.656/98. Benefício estendido aos
familiares, por força do disposto nos parágrafos dos artigos 30 e 31 da
referida lei, desde que pague com a integralidade dos prêmios.
- Autorização de reajuste dos prêmios no mesmo patamar dos reajustes do
contrato a que a autora está vinculada.
- Deve ser recalculado o valor da contraprestação ao número de usuários,
com a devolução do que foi pago a maior, limitado ao prazo de três anos.
APELO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO, APELO DA AUTORA
PROVIDO. POR MAIORIA. (70048400352 RS , Relator: Gelson Rolim
Stocker, Data de Julgamento: 25/07/2012, Quinta Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 31/07/2012, undefined)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO COMINATÓRIA. PLANO DE


SAÚDE. MORTE DO TITULAR. RESCISÃO UNILATERAL DO
CONTRATO.
1. Em sede de cognição sumária, em não se vislumbrando situação que
autorize a rescisão unilateral ou o rompimento do contrato, revela-se
prudente a sua manutenção nos termos pactuados, presumindo-se a boa-
fé das partes. Inteligência do artigo 13, parágrafo único, II, da Lei dos
Planos de Saúde.
2. Hipótese em que a rescisão do contrato poderia causar prejuízos
irreversíveis à saúde da parte agravante. Presença dos requisitos
autorizadores da antecipação de tutela. Art. 273 do CPC. RECURSO
PROVIDO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (70049386709 RS,
Relator: Isabel Dias Almeida, Data de Julgamento: 13/06/2012, Quinta
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 15/06/2012,
undefined)

- DO DIREITO À INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL SOFRIDO

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tornou expresso o direito à


honra e sua proteção, ao dispor, em seu artigo 5º, inciso X:

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“ X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; ” (original sem grifos).

Já o “caput” do artigo 186 do Código Civil Brasileiro, assim prescreve:

“Art. 186 - Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a
reparar o dano.” (original sem grifos).

Neste mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor, Lei n.º 8.078/90, assegura
ao consumidor de serviços a efetiva prevenção e reparação de danos morais – conforme
disposto no art. 22, parágrafo único, entre outros tantos direitos considerados básicos pelo
Diploma Legal em foco, transcrito acima.

A exposição fática demonstra que houve o dano moral, decorrente do prejuízo resultante
de uma lesão a um bem juridicamente tutelado pelo direito, “expressão especial do direito à
honra”, nas palavras de ERNST HELLE1.

Assim, a Autora, conforme os fatos narrados na análise fática acima realizada sofreu
gritantes prejuízos de ordem moral, perceptíveis sem muito esforço, vez que diante da idade
avançada, está sofrendo com a notícia de que terá seu plano de saúde cancelado de forma
abusiva, pois prevê no próprio contrato firmado entre há a previsão da continuidade do contrato,
simplesmente porque a ré, a seu talante quer cancelar o plano de saúde da autora.

Ademais, resta claro que a Ré ABUSOU DO SEU DIREITO de parte mais forte na
relação contratual para limitar o direito da Autora, cancelando seu contrato de plano de saúde,
quando há previsão contratual para a manutenção.

Rezam os dispositivos do Código Civil que:

“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” (g.n.).

“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pela parte Autora do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (g.n.).

Logo, tem-se que o DANO MORAL no caso em tela, possui CARÁTER PUNITIVO,
ou seja, deve ser imposto como forma de coibir ou limitar qualquer tipo de abuso de direito por
parte das Operadoras, Seguradoras, Cooperativas dentre outras que estejam aptas a prestarem
serviços essenciais como é o de saúde, diminuindo com isso, inclusive, a demanda tanto na
esfera administrativa quanto na judicial, eis que terão que agir com mais decoro e respeito à
Legislação aplicada.

1
IN, Der Schutz Der Persönlichen Eher Und Des Wirtschftlichen Rufes Im Privatrecht, 1, 2, Apud,
Responsabilidade Civil e Sua Interpretação Jurisprudencial, de Rui Stoco, 3ª Edição, 1997, Editora
Revista dos Tribunais, pág. 537.

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IV – DOS FUNDAMENTOS DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Ressalte-se, o art. 300 do NCPC, que preconiza o pedido de Tutela Antecipatória,


como segue:

Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,


exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Diante de tudo o que acima se expôs, cumpre seja concedida, inaudita altera parts, em
caráter de urgência, MEDIDA LIMINAR a título de TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA pleiteada, para determinar seja a Ré compelida a MANTER O CONTRATO
DA AUTORA NAS CONDIÇÕES ATUALMENTE OFERECIDAS PELA RÉ,
CONFORME PREVISÃO CONTRAUAL, SEM CUMPRIMENTO DE NENHUMA
CARÊNCIA, porquanto trata-se de uma pessoa idosa sujeita as fragilidades trazidas
naturalmente pela sua idade, não podendo ficar desassistida pela Ré.

Dispõe, ainda, o CDC, em seu art. 84, parágrafo 3º, que:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.”
Parágrafo 1º e 2º omissis;
Parágrafo 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder
a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu”.

Ademais, impõe-se a concessão da medida liminar, porque se não bastassem os


relevantes motivos acima descritos, basta ressaltar o simples fato de que a AUTORA é idosa,
não pode ficar sem plano de saúde, aliado ao fato de que no contrato prevê a manutenção do
contrato, e constitui o objeto do seu contrato e até de sua existência como pessoa jurídica,
colocando a autora em humilhante situação de desamparo total, uma vez que contratou com a
Empresa Ré justamente para, se um dia precisasse, pudesse contar com um tratamento de saúde
digno, sem ter de recorrer às humilhantes filas do serviço público de saúde e, o que é pior,
tomando a vaga daqueles que sequer têm condições de pagar um plano de saúde.

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Desta forma, não há dúvida de que presentes, no caso em tela, a fumaça do bom e
cristalino direito, a verossimilhança do alegado, haja vista a farta documentação comprobatória
anexada pela AUTORA, a comprovarem a existência da doença, todos os supedâneos legais
invocados, a emergência que a medida requer, e a necessidade da manutenção do contrato pela
empresa demandada, bem como a flagrante violação dos dispositivos legais supra invocados,
além do perigo da demora, que poderia resultar na ineficácia do pleito.

Por tudo o exposto, faz-se necessário compelir a EMPRESA RÉ manter o contrato de


plano de saúde da autora, nas mesmas condições, como única via restante de continuar
assistida por um plano de saúde sem ter que cumprir desnecessariamente as carências de um
novo plano, pagando altíssimas mensalidades, e se ainda fosse aceita nele, além de ser direito da
Autora.

V – DOS PEDIDOS
                       
Ex positis, requer a Autora que Vossa Excelência se digne a:
 
a) Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO, conforme
previsto no art. 334 do NCPC;

b) LIMINARMENTE, e sem audição da parte contrária, conceder a TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA pleiteada, para que a Empresa Ré seja compelida a
MANTER A AUTORA NO SEU QUADRO DE VIDAS, nas mesmas condições de
cobertura assistencial de que gozava, sem período carencial a ser cumprido, assumindo o
pagamento integral das mensalidades, sem qualquer exclusão, restrição ou limitação ,
SENDO GARANTIDA A CONTINUIDADE DO CONTRATO, NAS MESMAS
CONDIÇÕES AVENÇADAS, POR TEMPO INDETERMINADO.

c) Determinar uma multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para o caso de
não cumprimento da decisão judicial por parte da Ré.

d) Após a concessão da medida liminar pleiteada, requer a Autora a Vossa Excelência, a


citação da Operadora Ré, para que, querendo, conteste a presente no prazo legal, sob as penas
da lei.

e) No Mérito seja julgada inteiramente PROCEDENTE a presente AÇÃO, para que a Ré


seja condenada a MANTER A AUTORA NO SEU QUADRO DE VIDAS, nas mesmas
condições de cobertura assistencial de que gozava, sem período carencial a ser cumprido,
assumindo o pagamento integral das mensalidades, sem qualquer exclusão, restrição ou
limitação, SENDO GARANTIDA A CONTINUIDADE DO CONTRATO, NAS MESMAS
CONDIÇÕES AVENÇADAS, POR TEMPO INDETERMINADO.

f) Requer a GARANTIA DA APLICABILIDADE do ART. 14º, §§ 1, e 2 DO


CONTRATO SOB COMENTO.

g) E, ainda, seja a Empresa Ré condenada a indenizar a Autora por danos morais,


decorrentes do ato ilícito perpetrado, de acordo com o Art. 6º, VI do 14 do CDC, e/ou nos
termos do art. 186 do CC, cujo quantum deverá ser arbitrado por V.Exa., e por fim condenando-

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a, também, nas custas judiciais e honorários advocatícios, estes a base de 20% (vinte por
cento), sobre o valor da condenação ou causa.

h) Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos


369 e seguintes do NCPC, em especial as provas: documental, pericial, testemunhal e
depoimento pessoal da parte ré.

Medidas estas que pleiteia a Autora junto ao Poder Judiciário como única via restante
para garantir a dignidade e integridade do bem maior que é a sua saúde e, consequentemente,
sua vida!!!

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes Termos
Pede e Espera Deferimento.
Local, data.

Nome do Advogado - OAB

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