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HARVEY, David; SOBRAL, Adail Ubirajara.

 Condição pós-moderna. Edições Loyola, 1992.

Parte I – Passagem da modernidade à pós-modernidade na cultura contemporânea

Introdução

“o que há de comum com esses exemplos é a rejeição às metanarrativas”( citando Kuhn,


Feyerabend, Focualt) (19). Romper, segundo Eagleton a a questão da modernidade de criar
metanarrativas, e, portanto, assumir a história humana como uma única história e narrativa.

Modernidade e modernismo

Modernidade está ligada e efemeridade e mudança.

Através de Berman “tudo que é sólido se desmancha no ar” descreve a sensação dos autores
da época de como tudo estava se fragmentando (Goethe, Marx, Baudelaire, Dostoiévski,
Biely), mundo, um mundo efêmero (22).

A conceituação de modernidade pode ser rastreada a partir do iluminismo, com a crença que
partir da ciência, da investigação, do trabalho de pesquisa de cada homem, seria possível
romper com passado, e livrar-se dos males da natureza e da sociedade. O século XX, e a
experiência das duas guerras mundiais deitou por terra essa crença. (23).

Para Harvey, o cerne é entender que o pós-modernismo está em abandonar por completo o
projeto iluminista, (para mim: e portanto, seus desdobramentos modernista de racionalmente
projetar e construir a sociedade). (24)

Destruição Criativa (26). Processo na qual a modernidade surge e cresce, o faz sobre a ruína de
outras estruturas. Talvez isso também seja novo no pensamento ocidental. Que não há
“espaço novo”, que para algo surgir, incluindo uma estrutura social, ela deve fazer-se sobre
uma outra. É o melhor exemplo disso no modernismo, materializada é a operação de
Haussman, e por consequência, todo o urbanismo conseguinte, no século XIX e começo do XX
(Brasília é inédita nesse sentido). Ele forma o conceito a partir de Nietzsche. Cita Schumpeter,
reconhecendo que esta já utilizou o conceito, mas não o formula partir dele, CHUPA DPCT

Quando, na virada do século e após as guerras, a racionalidade como a ser colocado em


cheque, em especial para Nietzsche, a estética como a ganhar força. Contudo a ideia de
progresso permanece, principalmente quando reconhecemos o conceito de Vanguarda; aos
artistas cabem o dever de reconhecer o espírito do tempo, e adianta-lo, fazer o motor da
civilização mover-se. (29). A arte, mais do que uma expressão subjetiva individual, passa a ser
uma expressão universal da sociedade. Quando falamos de arte e arquitetura moderna,
estamos em algo entre 1920-1960.

O Modernismo pré-guerra é uma grande resposta as novas condições de produção, circulação


e consumo. Artistas, arquitetos, escritores, se debruçavam sobre os novos materiais e
tecnologias, e invariavelmente reagindo a elas: negando-as, reforçando-as, extrapolando-as.

Não obstante arquitetos e urbanistas ganham tanto destaque na experiência moderna, a “A


cidade, observa Certeau (1984, 95) é simultaneamente o maquinário e o herói da
modernidade” (34)

Projeto Iluminista: “única resposta possível a qualquer pergunta” organizar e controlar o


mundo pela razão. Encontrar e empregar as respostas corretar. Voltaire, D’Alembert, Diderot,
Condorcet, Hume, Adam Smith, Saint-Simon, Comte, Matthew Arnold, Jeremy Bentham e John
Stuart Mill.
1848: universidade da “resposta” começa a ruir. O início do século XX é marcada pelas
vanguardas artísticas e a experimentações de diversificação de linguagem. 1848 por conta das
revoluções (primavera dos povos) e a publicação do Manifesta Comunista. A linha iluminista de
“divide”, abrindo o caminho da tradição marxista. Somou-se a isso as “sementes de Nietzsche”
e o reconhecimento das necessidades humanas para além da racionalidade. Tais questões que
foram adicionadas ao modernismo o complexificaram bastante.

“Em resumo, o modernismo assumiu um perspectivismo e um relativismo múltiplos como sua


epistemologia, para revelar o que ainda considerava a verdadeira natureza de uma realidade
subjacente unificada, mas complexa” (38). ELA AINDA NÂO É MULTIPLA!!

É marcado nos anos 20 a questão de se atingir a emancipação humano (ou do proletariado)


através do ordenamento racional, e de aproximação ao positivismo, fortemente presenta na
arquitetura moderna, culminando da concepção, por exemplo da “máquina de habitar”

A arte, se volta para a necessidade de dar conta de uma “mitologia que pudesse aprumar a
sociedade” (41) no entre guerras. Tais mitologias também procuraram superar a luta de classe
por exemplo, o que resultaria na facismo. Assim, o fascismo e o nazismo mostraram o lado
mais trágico do que a modernidade poderia produzir.

(p.41, chamou o Le Corbusier de fascista na lata)

O alto modernismo, pós segunda guerra, é assim mais “harmônico” entre sí, quando visto
sobre a hegemonia norte-americana fordista. (42). Um modernismo “positivista, tecnocêntrico
e racionalista”) feito como “obra planejada” de uma elite técnica ou artística. A reconstrução
da Europa é feita com grande velocidade e eficiência, demandas de trabalhadores foram
atendidas (embora seja necessário contextualizar essas conquistas). O que se viu também foi a
necessidade de afastar o nazismo do pensamento modernista, como que a segunda guerra
fora a luta “da civilização contra a barbárie”, mas também precisava espantar os ideias
socialistas com quem havia divido espaço nos anos 30. O modernismo é despolitizado, nos EUA
com o expressionismo abstrato. Caras como o Pollock conseguiam demonstrar uma arte
despolitizado, mas “liberta”, que dava aval aos anseios humanos, se opondo ao “totalitarismo
soviético” (43). A cultura moderna é pretensamente global, “neutra” politicamente, e
abastecida pelo consumo, com as verdadeiras experimentações ao alcance apenas da elite.

O esgotamento desse processo é que culmina nos movimentos de contracultura nos anos 60
(44). Se voltando contra a burocracia, a tecnocracia, as formas coorporativas e
governamentais. Busca a “auto realização do indivíduo” (44). Esse movimento falha, mas é o
que funda o pós-modernismo na década subsequente.

Pós-modernismo 45

Debate dos arquitetos, era necessário construir para as pessoas, e não mais para o Homem.
Começam a escrever sobre o “fim dos planos de grande-escala”, como por exemplos os planos
cheios de uso de tecnologia e quantificadores para o planejamento metropolitano. A
revitalização urbana substituiu renovação urbana.
Onda pós-estruturalista e pós marxista com “raiva do humanismo e seu legado do Iluminismo”
(46). É a aversão a qualquer projeto único de emancipação do homem, seja pela razão,
tecnologia ou ciência.

(48) Tabela do Hassan (aquela da prova de Estética) entre termos “antagônicos” entre
modernismo e pós-modernismo. Se para Baudelair o modero é efêmero e fragmentado, na
busca do eterno e imutáveis, o pós-modernismo abraçará o efêmero sem buscar por sua
contraparte enterna (49). Para o pós-modernismo, a mudança é tudo o que há.

Foucault e Lyotard atacam as metalinguagens, metanarrativas e metateorias, bem como as


verdades eternas e universais. Foucault aponta para a “pluralidade de formações de poder-
dircuso” e Lyotard “define o pós-modernismo simplesmente como incredulidade diante das
metanarrativas” (50).

Foucault faz uma “história” do poder, indo de sua maior escala até as de dominação global,
teorizando sobre sua intima relação com os dicursos (sistemas de conhecimento). Diversas
manifestações do poder, como asilos ou pisquiatrias, não podem ser explicadas pela lógica
totalizadora da luta de classes. Assim, culmina em afirmar que numa pretensão utópica pode
escapar de relações de discurso repressivas. A repressão soviética é inevitável quando
reproduzia os mesmo sistemas de conhecimento que o capitalismo. O único caminho seria
então atuar sobre o sistemas conhecimento. O ataque deverá ser multifacetado contra as
formas de exploração do capitalismo, de maneira a não reestabelecer em seu lugar outros
discursos que não contestassem as formas de poder. Lyotard tem argumentos semelhantes, no
âmbito da lingusitica.

Surge assim o discurso sobre as “comunidades interpretavias”, grupos de pessoas que


consumem e produzem a mesma linguagem. A aprtir dessa perspectiva, foi produzida uma
“”esquerda”” que se preocupasse em dar voz ao que não tinham voz, ao invés de falar por eles
em uma pertensa universalidade do Homem Iluminista. Palavra chave é ALTERIDADE. (52).

Os artistas então se derução sobre a fragmentação, o pluralismo, as infinitas possibilidades de


produzir e transmitir o conhecimento.

Chegasse á uma conclusão que não é possível agir de forma global, e o pragmatismo toma
conta do discurso (56).

“Há, no pós-modernismo, pouco esforço aberto para sustentar a continuidade de valores, de


crenças ou mesmo de descrenças” (58).

(62) O movimento pós-modernista se relaciona com a vida cotidiana se integra a ela. A arte e a
arquitetura então passam a “dar a pessoas o que elas querem” e experimentar observar as
“produções populares”. Uma manifestação disso é o artigo “Mickey Mouse ensina os
arquitetos”, onde Venturi afirma que a Disneylândia tem muito a ensinar aos arquitetos o que
as pessoas querem.

Chambers já sinaliza que o pós-modernismo advem da capacidade de consumo das massas no


pós-guerra. A capacidade de consumir, sob a influência da propaganda acabou por fazer com
que os jovens procurassem transmitir identidade prórpia nesse consumo, criando as culturas e
expressões urbanos a partir da década de 60.

Para Crimp (64) o pós-modernismo está ralacionado com a tomada das artes pelas
corporações. Também há o fenômeno da comercialização da história e das formas culturais
“industria da herança” segundo Jameson, terminado “o pós modernismo é a lógica culturral do
capitalismo avançado” (65). O debate então fica entre se os movimentos contraculturais nos
anos 60 exprimiram uma demanda individual não atendida, que o mercado correu para
satisfazer com suas produções; ou se o capitalista em sua necessidade de avançar sobre novos
mercados criou nas pessoas novas demandas, e portanto instisfação individual (65).

O pós-modernismo na cidade: arquitetura e projeto urbano

Para o pós-modernismo, o tecido urbano é um palimpsesto. Abondona a projeto, em larga


escala, de formas universais e austeras. (Aula do Espallargas x Aula do Tramontano). O projeto
urbano deseja então reconhecer as necessidades locais, exprimi-las e dar potencialidade a seu
desenvolvimento. Ela pode variar desde o espaço íntimo até a monumentalidade.

Na inglaterra se destaca Leon Krier, membro da gabinete do Principe


Charles, com um discurso forte com a planejamento de zoneamento
monofuncional modernista. “distância a pé compatíveis e
agradáveis”. A forma urbana deve crescer pela multiplicação. (69).
Contexto de reabilitação e revitalização da cidades.

A produção urbana no pós toma rumos diferentes dentro do


contexto do modernismo. Enquanto na Europa, como o caso citado da Inglaterra, a
reconstrução e expansão das cidade tinha alto controle do Estado e buscava uma maior
densidade. Já nos EUA desenvolveu-se o modelo dos suburbios, com forte poder exercído
pelas construturas.

O pós-modernismo então procura reconhecer a autodiversificação contida nas cidades, e


exprimir sua estética. A arquitetura pós-moderna é antivanguardista (não deseja impor
soluções) (77).

Em grande parte, as preocupações e problemas do pós-modernismo está em Morte e Vida de


grandes cidades de Jane Jacob. Contudo, Harvey argumento que os arquitetos se rendem a um
certo “populismo”, em grande parte submetido ao mercado, e não resolve problemas
levantamos como por exemplo o zoneamento “ela tem muita probabilidade de substituir o
zoneamento do planejador por um zoneamento de mercado baseado na capacidade de pagar”
(77). “populismo de mercado”.

Bourdieu, capital simbólico, novo consumo dos ricos (79).

A produção é fragmentada, uma colagem, e a concepção das cidades acaba por também ser
fragmentada.

A referência ao passado também é feita no pós-modernismo mas de certa maneira,


descompromissada, ela passa por um catálogo de referências e estilos e momentos. (84).
Também a produção segue para a “indústria da herança”, e se expande as preocupações com a
“origem do eu”. O passado se torna uma criação contemporânea de imagens e referências.

Arquitetura do espetáculo, os projetos se voltam para equipamentos coletivos e de


entretenimento (90). Tinham a importante função de criar uma imagem distinta da cidade. Os
equipamentos de consumo e entretenimento, junto com os financeiros, formam as imagens
das cidades em uma competição mundial.

O próprio desconstrutivismo (95), que deixa de lado o ecletismo e as referências, deixa de


tratar o próprio edifício como único, tratando cada um de suas partes como texto.
Modernização (96)

Marx modernização capitalista: a era da burguesia é diferente de todas as passadas por


destruir as relações e formas sociais com força e velocidade, como nunca antes feito. “tudo
que é sólido se desmancha no ar”. A dissolução desses vínculos e relações é dado pelo dinheiro
e sua capacidade de representar o valor das mercadorias. Passa-se de uma situação onde se
depende das relações de pessoas conhecidas, para as relações com pessoas desconhecidas. O
dinheiro “mascaram as relações sociais entre as coisas” (97), que é o fetichismo da
mercadoria. “todos os vestígios de exploração são obliterados do objeto”. O dinheiro então
precisa cada vez mais tornado símbolo, e lhe são transferidos os “males da sociedade”. A
preocupação do pós-modernismo com o signo reforça o papel do dinheiro descrito por Marx
(98).

Nesse jogo, o capitalismo busca por exacerbar as necessidades e demandas individuais, e


próprio dinheiro torna-se objeto dessa luxúria. Funde o político e o econômico na economia
política de poder. O dinheiro é o “grande nivelador cínico”, através de sua capacidade de
acomodar o individualismo (99).

A ruptura total com o passado, presente no modernismo, é essencial para separação entre
trabalho e capital. A “alteridade” é fundamental no capitalismo, no processo de apagar o
reconhecimento do trabalhar no outro e fortalecer sua luta (100). EU: contudo, a resposta
média talvez tenha sido fraca a responder a isso como o “trabalhar homem universalizado”.

Mais do que isso, o homem é reduzido à apêndice da máquina.

“O capitalismo é necessariamente tecnologicamente dinâmico, não por causa das míticas


capacidades do empreendedor inovador (como Schumpeter viria alegar), mas por causa das
leis coercitivas da competição e das condições de luta de classes endêmicas no capitalismo”
(101). Esta, destrói as capacidades produtivas do trabalho anterior.

PÒS-modernISMO ou pós-MODERNismo? (107)

Há algo positivo no pós-modernismo. As metanarrativas tendiam a apagar individualismo e


diferenças importantes, reconhecendo as formas que emergem das diferenças de
subjetividade entre raça, sexualidade, classe.

Contudo, as críticas do pós-modernismo em geral são caricaturescas. E não observam aquilo


que se apreende nos detalhes as metanarrativas como o Marxismo. Os problemas do
modernismo em conter as mazelas do capitalismo, recai sobre os modernistas, quando devia
cair sobre o próprio capitalismo.

Há mais continuidade do que ruptura entre a história moderna e o movimento pós-


modernista. Parece melhor encarar o segundo como crise do primeiro. Se volta para o efêmero
e fragmentado, enquanto é cético na capacidade de conceber e exprimir o eterno e imutável.

Enquanto celebra a fragmentação, desconstrução e a legitimação, acabam por atacar as


metateorias (valor do dinheiro, divisão internacional do trabalho, mercado) que se
aprofundam cada vez mais sob sua superfície. (110) Enquanto celebra a alteridade de minorias
e povos oprimidos, nivela as relações de poder, e não dá nenhuma capacidade destas
populações de exerce-lo. É perigoso, pois evita o enfrentamento da realidade política e
econômica.

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