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QUENTAL, Pedro de Araujo. A latinidade do conceito de América Latina.

 GEOgraphia, v. 14,
n. 27, p. 46-75, 2013.

1. Modelo de fichamento de leitura

2. Tema central

3. Objetivos do texto (o que o autor pretende mostrar analisar)

4. Tese/ideia/hipótese defendida pelo autor

5. Metodologia utilizada (trata-se de um estudo de caso, de um histórico, de um estudo

comparativo, de uma análise teórica, um ensaio, análise de dados e estatísticas)?

6. Argumentação/demonstração da tese/hipótese

7. Temas/teses com que o autor/a polemiza (quando for possível identificar)

8. Questões suscitadas pelo texto

Tópicos:

Introdução

Uma categoria de análise?

A visão cristã tripartida de mundo

América e formação do sistema-mundo moderno-colonial

América e a Colonialidade do Poder

A “latinidade” da América Latina

Elite criolla, “latinidade” e colonialismo interno

Considerações finais

Partem da conceituação do CEPAL da Teoria da dependência, usando autores como Cardoso e


Falleto (1969). O subdesenvolvimento não falta de desenvolvimento, mas sim produto de
relações sociais e históricas. Subdesenvolvimento e desenvolvimento são faces da mesma
moeda. Para além disso, o pensamento decolonial busca entender as estruturas herdadas da
colonização presentes atualmente na sociedade, para supera-las. Estruturas estas que estão
presentes nas estruturas do saber.

(53) conceituação de Novo Mundo dá a América uma dimensão temporal, que a coloca num
lugar da história dos povos cristãos europeus: “América sempre foi concebida como um
continente que não coexistia com os outros três, mas que apareceu mais tarde na história do
planeta, razão pela qual se lhe dá o nome de ‘Novo Mundo”. (Mignolo,2007, p. 51). Já o
conceito de “índias Ocidentais” dá a dimensão de centralidade da Europa, e sua possessão.
Até o século XV, não havia um sistema-mundo. Os grandes circuitos de comércio se
conectavam na Ásia, África e Europa. O que haviam na América estavam isolados. É com a
tomada do continente americano que as surgem as bases para o sistema-mundo que
conhecemos, e para o sistema capitalista. Para os autores Quijano e Wallerstein, o controle
europeu sobre a américa foi decisivo para a formação do sistema capitalista mundial. (58)

As violências que asseguraram a colonização não devem ser entendidas apenas na perspectiva
militar e administrativos, mas como aponta Fraz Fanon (1965) nos discursos de inferiorização
dos colonizados, reproduzidas em seus referentes culturais.

Já segunda Quijano (2005) é na colonização de América, na divisão de conquistadores e


conquistados que surge o conceito de raça como virá a ser feita a partir daquele momento e que
chega até os dias de hoje. Antes os Europeus não eram considerados brancos, ou os africanos
negros. Não era esse tipo de divisão que se levava em consideração (59). Mais do que isso, com
o avança do capitalismo, as raças se associam a divisão do trabalho: “Os índios, portanto,
passam a estar associados à estrutura social da servidão, os negros, à escravidão e o europeu, ao
trabalho assalariado (60). A hierarquia das raças também atendeu a divisão dos lugares, com a
centralidade da Europa, e, portanto, seu modelo civilizatório "em critérios como o domínio da
escrita alfabética, o sistema de governabilidade e a língua de um povo (Mignolo, 2007) (61).

A definição de Quijano (2003) para Colonialidade seriam as estruturas de dominação sobre um


povo que não se esgotam no colonialismo, nas funções metrópole-colônia, mas sim uma
estrutura de poder nas formas culturais e de pensamento, que legitima posições assimétricas de
poder e trabalho, em que populações e territórios são localizados no mundo contemporâneo
(62).

Para Dussel, a modernidade se funda com o “descobrimento” da América (62). E externaliza os


processos europeus.

O conceito de América Latina está relacionado com uma divisão da Europa, em algo norte,
protestante, anglo-saxão/ e outra ao sul, católica, latina, uma divisão que produz repercussões na
américa: “foi introduzida pela intelectualidade política francesa e usada na época para traçar as
fronteiras, tanto na Europa, como nas Américas, entre anglo-saxônicos e latinos” (Mignolo,
2003:59). (64). Surgiu os intelectuais franceses, embora há seu uso entre os espanhóis, e
normalmente utilizado para a defesa de se conter o avanço estadunidense. Já entre os da
América do Norte, uma superioridade da raça anglo-saxã. O que torna forma inclusive no
momento pós-colonial, com discursos da incompatibilidade de governos livres e a religião
católica. Assim, a expressão Latin America, tinha um conteúdo muito racista, e defendiam os
interesses de expansão dos EUA, como traduzido na doutrina expansionista do Destino
Manifesto (1823) (67).

Há também um outro contexto, das elites crioulas, que desejam criam uma territorialidade
própria, que não mirasse no passado colonial, portanto Espanha e Portugal, mas na França e
seus pensadores como ideal civilizatório e modernidade (69). Negam a metrópole por não serem
reconhecidos como europeus, mas o desejam ser, e aparentemente tomam um outro caminho.
Para Mignolo: “

Colonialismo interno se efetiva, justamente, com a reprodução da colonialidade do poder no


âmbito dos Estados Nacionais em formação. Esse é um dos principais horizontes de
expectativas que o conceito de América Latina ergue a partir de sua apropriação pela elite
criolla de origem hispânica e portuguesa” (70)

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