FACULDADE DE ECONOMIA
MATERIAL DE AUDITORIA
FINANCEIRA
UÍGE – 2020
António Kinanga Paulo João, Docente. _
Índice
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 7
OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 8
GERAL ....................................................................................................................................... 8
ESPECÍFICOS ............................................................................................................................ 8
PLANO PROGRAMÁTICO .............................................................................................................. 8
Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... 9
CAPÍTULO I- Noções gerais ....................................................................................................... 10
1. Introdução. ...................................................................................................................... 10
2. Conceitos e objectivos de uma auditoria financeira ................................................... 10
2.1. Conceitos ..................................................................................................................... 10
2.2. O objectivo da Auditoria ............................................................................................. 11
2.3. O objecto da Auditoria ................................................................................................ 12
3. O Papel e perfil de umauditor ....................................................................................... 13
3.1. O auditor ..................................................................................................................... 13
3.2. Papel do auditor .......................................................................................................... 13
3.3. Perfil do auditor .......................................................................................................... 14
4. Fraudes e erros ............................................................................................................... 15
4.1. Definição de fraude e erro .......................................................................................... 15
4.2. Responsabilidade pela detecção de fraudes e erros................................................... 16
4.3. Limitações inerentes à auditoria ................................................................................. 17
4.4. Risco de fraudes e erros .............................................................................................. 18
4.4.1. Procedimentos quando há indício de que possam existir fraudes ou erros ........... 18
4.4.2. Necessidade e limitações de uma auditoria............................................................ 19
5. Evolução da auditoria .................................................................................................... 21
5.1. A auditoria até ao início do séc. XXI ............................................................................ 21
CAPÍTULO II- Auditoria interna vs Auditória externa ........................................................... 26
1. Auditoria interna ............................................................................................................. 26
1.1. Definição ..................................................................................................................... 26
1.2. Objectivo ..................................................................................................................... 26
1.3. Cumprimento das Normas............................................................................................... 27
1.4. Posição do auditor interno na organização ................................................................ 28
APRESENTAÇÃO
Ao longo de nossa vida académica, são grandes as novidades e os desafios que se colocam
diante de nós.
Esse universo desconhecido desperta, a um só tempo, curiosidade e temor. A final será que
conseguiremos dominar todas essa novidades e sobreviver a elas? Esse material foi organizado
com o intuito de lhe apresentar algumas dessas normas e linguagens e, assim, ajudá-lo a
descobrir parte desse universo desconhecido.
Espero, com as palavras-chave que seguem oferecer-lhe algumas ferramentas úteis para o
seu desenvolvimento académico. Você só aprenderá tudo o que aqui está contido à medida que
for empregando cada uma das ferramentas. No início lhe parecerão complexas, com o passar do
tempo você aprenderá a decodificá-las e a utilizá-las correctamente, de modo que elas passarão
a fazer parte tanto do seu vocabulário quanto de seu repertório de práticas.
O objectivo deste material é preparar o estudante (futuro auditor) para a vida académica,
despertando-lhe o desejo de aprimorar seus conhecimentos, de conhecer, pesquisar e investigar
os mais diferentes aspectos da realidade em que vive. Vale salientar que este material faz parte
de um conjunto de textos, baseados em livros, e outros materiais, que foram e continuam sendo
aperfeiçoados com o tempo.
Este material serve apenas como complemento para o estudante a fim de facilitar a sua
compreensão, dessa forma, não substitui, em hipótese alguma, a pesquisa em livros ou
materiais específicos de Auditoria Financeira.
OBJETIVOS
GERAL
ESPECÍFICOS
A disciplina tem como especificidade de:
PLANO PROGRAMÁTICO
I. Noções gerais
V. Amostragem em Auditoria
Lista de abreviaturas
AFT –Activos fixos tangíveis
AI – Activos intangíveis
DF – Demonstrações financeiras
IF – Investimentos financeiros
PI – Propriedades de investimento
2.1. Conceitos
O termo auditoria, que é de origem latina (vem de audire), foi usado pelos ingleses para
titular a tecnologia de contabilidade da revisão (auditing), que hoje se tem um sentido mais
abrangente.
Segundo Crepaldi:
Obtém provas sobre a adequada apresentação das demonstrações financeiras à luz das
normas contabilísticas;
É independente em relação ao órgão de gestão e aos terceiros;
Tem conhecimento sobre os riscos subjacentes à actividade da empresa.
comunicando as suas conclusões aos utilizadores da informação financeira. Daqui resultam três
conceitos-chave: recolha de provas, a avaliação das asserções e a comunicação dos resultados.
Por asserções entende-se uma afirmação, de forma explícita ou não, sobre uma acção,
acontecimento, condição ou performance relativa a um determinado período. Quando o órgão de
gestão prepara as demonstrações financeiras, afirma que as mesmas estão apresentadas
correctamente de acordo com as normas contabilísticas aplicáveis. Assim, são as normas
contabilísticas os critérios pelos quais a imagem verdadeira e apropriada da empresa é avaliada.
No entanto, não é de todo incomum, os auditores depararem-se com situações em que a
aplicação dos princípios contabilísticos geralmente aceites não reflectem a realidade económica
da empresa, ou seja, é a sua derrogação que permite à empresa apresentar uma imagem mais
adequada.
Por exemplo, durante a realização de uma auditoria o auditor testa as asserções do órgão de
gestão, e que o balanço da organização evidencia um saldo de activo fixos tangíveis de
Akz42.991.889, o que está a afirmar o órgão de gestão? Está a afirmar que o activo fixo tangível
existe, que tem direitos sobre ele, que a sua totalidade está evidenciada nas demonstrações
financeiras, que está correctamente valorizado e que o saldo demonstrado apenas diz respeito a
este tipo de activo. Assim, o auditor deve recolher prova para cada uma dessas afirmações.
3.1. O auditor
O termo auditor de origem latina (aquele que ouve, o ouvinte), que na realidade provém
da palavra inglesa “ to audit ” (examinar, ajustar, corrigir, certificar), esse termo não é exclusivo
do ramo da contabilidade, usa-se a mesma nomenclatura em outras actividades diferentes,
porém exercidas com objectivos semelhantes. (William, 1998).
Para Crepaldi (2007, p. 6) “O papel primeiro do Auditor não é detectar fraudes, mas se
no decurso de seu trabalho ele as descobre, comunica, através de seu relatório, os efeitos
correspondentes”. Assim ao identificar erros e fraudes no decorrer do seu trabalho, o auditor
deve comunicar a administração imediatamente para que sejam tomadas as devidas
providências.
Portanto o auditor não corrige os problemas, mas os aponta ele não executa o trabalho e
não toma decisões. Seu papel é examinar a integridade e a adequação das informações da
entidade, assistir a empresa no cumprimento dos objectivos e principalmente auxiliar e dar sua
opinião a cerca dos dados colectados.
O código de ética dos auditores estabelece normas de condutas que devem ser
seguidas para o bom desempenho de sua actividade. O trabalho do auditor deve nortear de
alguns dos requisitos que são:Honestidade, lealdade e objectividade.
Para Hoog e Carlin (2008, p.72), “O auditor para ter credibilidade, quando do
cumprimento do exercício profissional, deve obrigatoriamente seguir alguns princípios inerentes
a sua profissão”:
Todas as atitudes do auditor devem ser tomadas com o objectivo de alavancar os resultados
da organização e não somente exercer o controlo.
A cordialidade com as pessoas cujo trabalho irá examinar é fundamental para que o
auditor conquiste o respeito e a confiança factores esses, essenciais para a quebra da imagem
de que o auditor é um “dedo-duro” e está ali apenas para apontar falhas e erros passíveis de
punição. Daí a importância do profissional ter um bom relacionamento com todos, para que ele
não seja visto apenas como um fiscalizador, mas sim como alguém capaz de adicionar ideias,
expor sua opinião e apresentar soluções a fim de alavancar a organização.
4. Fraudes e erros
A auditoria tem auxiliado cada vez mais a administração no combate a fraude e
identificação de erros. Esta apuração de erros e fraudes demanda uma revisão completa dos
registos contabilísticos e dos documentos, uma vez que muitos são dissimulados na escrituração
e outros não são contabilizados
A auditoria deve ser vista como um apoio à gestão, e não como uma “dificultadora”, que
está ali apenas para apontar erros. Em seu relatório o auditor deve justificar suas conclusões e
recomendações a serem seguidas.
Para Hoog e Carlin (2008, p. 91) “ Fraude é acto intencional de omissão ou manipulação
de transacções, adulteração de documentos, registos e demonstrações financeiras”.
As fraudes podem ser definidas como a falsificação ou alteração dos documentos. Elas
são faltas graves, indo contra as normas e os princípios éticos. Os fraudadores se utilizam de
meios ilícitos com o intuito de enganar ou lesar o fisco com dados contabilístico falsos e irreais.
Vale frisar que essas irregularidades poderão ser descobertas no decorrer de seu
trabalho, mas não é obrigação do auditor descobri-las. A descoberta poderá se dar pelos
procedimentos de auditoria interna e pelos métodos de observação dos controles internos. “Os
procedimentos de auditoria interna são os exames, incluindo testes de observância e testes
substantivos, que permitem ao auditor interno obter provas suficientes para fundamentar suas
conclusões e recomendações”.
Cabe ao auditor realizar o seu trabalho com planejamento, de forma que, ao se deparar
com possíveis erros e fraudes, comunique imediatamente a administração para que tome as
medidas cabíveis.
Mas, para formar a sua opinião o auditor deve levar a efeito diversos procedimentos que
lhe dêem alguma segurança sobre se a informação financeira está devidamente suportada em
todos os aspectos materialmente relevantes.
Como a auditoria das contas tem a si associada algumas limitações inerentes pode
acontecer que o auditor nãotenha detectado distorções materialmente relevantes resultantes de
fraude ou de erro.
Se tal acontecer, isso não significa desde logo que o auditor falhou na aplicação dos
princípios básicos que regem a auditoria de contas. Pois esta questão é determinada pela
adequação dos procedimentosempreendidos nas circunstâncias e pela conformidade do relatório
do auditor baseada nos resultados desses procedimentos.
fraudes que envolvam uma combinação entre empregados ou fraudes cometidas pela
Administração.
Se o auditor julgar que a fraude ou erro suspeitado podia ter um efeito materialmente
relevante na informação financeira, deve levar a efeito os procedimentos adicionaisque julgue
serem apropriados. A extensão destes procedimentos depende do julgamento do auditor quanto
a:
Probabilidade de que certo tipo de fraude ou erro pudesse ter um efeito materialmente
relevante na informação financeira.
A execução de procedimentos adicionais faz quase sempre com que o auditor confirme
ou afaste a suspeita de fraude ou de erro. Se confirmar a existência, o auditor deve certificar-se
de que o seu efeito está devidamente reflectido na informação financeira ou que o erro está
corrigido. No entanto, o auditor pode não conseguir obter prova suficiente de auditoriaseja para
confirmar seja para afastar a suspeita de fraude ou de erro.
Conflito de interesses: o órgão de gestão pode ter interesse em adulterar a seu favor as
demonstrações financeiras, por exemplo, no caso de as suas remunerações estarem
ligadas à rentabilidade da empresa. Pode assim existir um conflito de interesse entre os
investidores que procuram saber a real situação da empresa e o órgão de gestão que
procura deixar uma boa imagem aos investidores;
Complexidade das transacções: A crescente complexidade das demonstrações
financeiras leva os utilizadores da informação financeira a dependerem do órgão de
gestão e dos auditores para lidarem com essa complexidade. À medida que a
complexidade cresce aumenta o risco de distorções, intencionais ou não, e a
compreensão das demonstrações financeiras, pelos seus utilizadores, diminui. Assim,
confiam nas capacidades e na opinião independente do auditor para avaliar a qualidade
das demonstrações financeiras;
Risco de auditoria: o risco que o auditor corre de emitir uma opinião inapropriada
sobre as demonstrações financeiras.
5. Evolução da auditoria
civilizações egípcia, grega e romana, como forma de controlo dos oficiais aos quais eram
confiados os dinheiros públicos.
Após 1884 a detecção de fraude é aceite com um objectivo primário da auditoria. Este
facto pode ser constatado nos textos da época, ao afirmarem que o objectivo da auditoria é
decomposto na detecção de fraudes e de erros técnicos. Salienta-se que a procura do auditor
por fraudes deve ser incansável e constante, devendo este ser o objectivo básico de uma
auditoria.
Durante este período era requerido aos auditores que conduzissem as auditorias com
uma destreza razoável, e com o cuidado adequado às circunstâncias. Na ausência de
circunstâncias suspeitas não lhes é exigido que procurem a existência de fraude, no entanto, se
essas suspeitas existirem, é-lhes sugerido que as investiguem minuciosamente.
Nos anos 60, a negação de qualquer responsabilidade por parte dos auditores na
detecção de fraudes e erros começou a ser criticada de uma forma generalizada. A este respeito
Morrisson (1970) realça o facto de tanto a imprensa como o público em geral não partilharem da
opinião dos profissionais de auditoria, para os quais a detecção de fraudes não se enquadra no
seu âmbito de actuação. O mesmo autor refere ainda que, se uma auditoria não tem como
objectivo a detecção de fraudes, então a sua utilidade é reduzida.
Nesta altura é referido que a detecção de fraudes como um objectivo da auditoria foi
destituída pelos profissionais e não pelos utilizadores da informação financeira.
A partir dos anos 80 verificou-se uma mudança contínua na posição dos auditores em
relação à fraude. Esta mudança foi provocada pelos cada vez mais frequentes casos de fraudes
nas empresas, e pelo crescente criticismo por parte da sociedade em relação ao papel e
responsabilidades do auditor na detecção e relato de fraudes.
Durante o Boom do fim dos anos 90, muitas empresas de auditoria aproveitaram as
condições de mercado para passarem a fornecer serviços extra-auditoria aos seus clientes.
Muitos deles, à luz das actuais normas, colocavam em causa a independência dos auditores,
pelo facto dos rendimentos derivados destes serviços ultrapassarem os rendimentos dos
serviços de auditoria.
A crise do subprime teve a sua origem em 2006 com a valência de várias instituições de
crédito que concediam empréstimos hipotecários de alto risco. Mais uma vez os olhos do mundo
financeiro voltaram-se para os auditores que não tinham alertado para o risco de falência das
instituições financeiras. Sikka (2009) refere que “uma característica marcante da actual crise
financeira é que ela foi incubada pelo financiamento das economias ocidentais, principalmente
da economia dos EUA, o que criou uma abundância de crédito e incentivou tomada excessiva de
risco através de complexos instrumentos financeiros (derivativos, swaps de crédito), de
complexos estruturas organizacionais e de ineficiência mecanismo de regulação…. O
agravamento da crise financeira coloca questões sobre o papel das auditorias. Os mercados não
parecem ter segurança nos relatórios de auditoria limpo, muitas instituições financeiras
colapsaram, ou tiveram que ser resgatadas após terem recebido um relatório de auditoria limpo.
Os eventos alimentam as suspeitas de que falta aos auditores uma maior especialização.”
Este documento salienta que a auditoria deve contribuir para a estabilidade financeira,
uma vez que dá garantias sobre a real saúde financeira das empresas, considerando-a, ainda,
como um sólido elemento para restabelecer a confiança nos e dos mercados, contribuindo,
assim, para a protecção dos investidores e para reduzir o risco da informação e do custo de
capital das empresas.
A auditoria interna é executada por funcionários da própria entidade, que deve estar
subordinado a mais alta autoridade administrativa de empresa, de modo a permitir ampla
liberdade de acção e máxima independência de julgamento. Constitui erro subordiná-lo ao
director financeiro, à contabilidade. Pois que estes cargos têm funções que serão fiscalizados
pelo auditor interno. É mais adequado que o auditor interno pertença a órgãos de assessoria
ligados a uma vice-presidência ou ao próprio presidente, dependendo da organização.
1.1. Definição
A declaração emitida em 1956 pelo Instituto dos Auditores Internos dos Estados Unidos
assim definiu a auditoria interna:
1.2. Objectivo
O objectivo geral da auditoria interna consiste em prestar assistência a todos os
membros da administração no cumprimento eficiente de suas responsabilidades,
proporcionando-lhes análises objectivas, avaliações, recomendações e comentários pertinentes
às actividades examinadas.
Avaliação
Verificação
cujo trabalho ele revisa.O auditor interno deve ter liberdade de revisar e avaliar
políticas, planos procedimentos e registos; porém essa revisão ou avaliação de
forma alguma isenta as outras pessoas na organização das responsabilidades
às elas atribuídas.
Independência
Educação e treinamento
Embora o profissional, em seu próprio interesse seja o responsável pelo seu progresso
individual, a organização deve empreender todo o esforço possível para orientá-lo, treiná-lo e
promover seu desenvolvimento técnico. Como parte integrante do planejamento das atividades
de um corpo de auditoria interna é imprescindível um programa lógico e sistemático de
desenvolvimento técnico, incluindo treinamento através de cursos, seminários, palestras,
pesquisas, etc.
Relações humanas
O auditor, pela própria natureza de suas actividades e por formação tem normalmente
nível pessoal francamente superior. Devido a esse fato o auditor é o primeiro responsável em
manter um clima de cordialidade com seus colegas de organização. É responsabilidade do
auditor retirar os obstáculos ou barreiras defensivas normalmente formadas pelos auditados.
Somente em 1956 aquele Instituto emitiu a declaração que veio definir a extensão das
funções e responsabilidades da auditoria interna, segundo um modelo adequado ao
desenvolvimento técnico-administrativo actual.
2. Auditória externa
2.1. Definição
Os usuários externos das demonstrações contabilísticas exigem que elas sejam
revisadas por uma pessoa habilitada, sem qualquer ligação hierárquica ou funcional com a
organização que está prestando informações de natureza económica, como tivemos
oportunidades de examinar anteriormente.
Esta função é exercida por um auditor externo, não sendo empregado da organização
cujas demonstrações contabilísticaestão sendo revisados, o auditor independente actua como
um profissional liberal, a exemplo do que ocorre com advogados, médicos ou qualquer outro
profissional autónomo.
2.2. Objectivos
A auditoria externa é feita por um profissional totalmente independente da empresa
auditada. O objectivo do auditor externo é emitir uma opinião (chamado parecer) sobre as
demonstrações financeiras.
Observe que o parecer deve ser emitido por um profissional, o mais independente
possível da empresa auditada. Um banco por exemplo, para ceder um empréstimo a uma
sociedade quer ter segurança de que as demonstrações financeiras apresentadas são
confiáveis. O banco teria dúvidas caso a opinião fosse emitida por um profissional que tivesse
vínculos com a empresa.
As demonstrações financeiras que para as quais o auditor deve emitir seu parecer,
segundo a lei das S/A são:
Balanço patrimonial
Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados ou Demonstração das mutações de
património líquido;
Demonstração das origens e Aplicações de recursos;
Demonstração do Resultado de Exercício.
Depois de aplicar testes de observância de acordo com a relevância de cada item a ser
considerado, o auditor emite sua opinião sobre a situação patrimonial e financeira das empresas.
Esta é a auditoria externa ou auditoria independente.
Não obstante o terreno comum entre os tipos de auditoria, pode estabelecer algumas
distinções, sendo as principais:
Auditoria Interna:
Auditoria Independente:
A revisão das operações e do controle interno é A revisão das operações e do controle interno é
principalmente realizada para desenvolver principalmente realizado para determinar a extensão do
aperfeiçoamento e para induzir ao cumprimento de exame e a fidedignidade das informações contábeis.
políticas e normas; sem estar restrito aos assuntos
financeiros.
O auditor deve ser independente em relação às O auditor deve ser independente em relação à
pessoas cujo trabalho ele examina, porém subordinado administração contábeis.
às necessidades e desejos da alta administração.
A revisão das atividades da empresa é contínua. O exame das informações comprobatórias das
demonstrações é periódica, geralmente anual.
Apesar das diferenças, tanto a auditoria interna quanto a externa, ambas cada uma ao
seu modo produzem informações a cerca dos elementos contabilísticos, elas visam dar
credibilidade desses dados.
As normas de auditoria diferem dos procedimentos de auditoria, uma vez que eles se
relacionam com acções a serem praticadas, enquanto as normas tratam das medidas de
qualidade na execução destas acções e dos objectivos a serem alcançados através dos
procedimentos. As normas dizem respeito não apenas às qualidades profissionais do auditor,
mas também a sua avaliação pessoal pelo exame efectuado e do relatório emitido.
As normas emitidas pelo PCAOB são de aplicação obrigatória para todas as empresas
de auditoria que auditem as demonstrações financeiras das public companies.
Em 1947 a AICPA emitiu 10 normas de auditoria geralmente aceites, que foram sendo
modificadas ao longo do tempo para corresponder às exigências da auditoria, tendo sido
adoptadas pelo PCAOB em 2003. Estas normas, designadas de normais gerais, dividem-se em
três categorias: normas gerais, normas de trabalho de campo e normas de relato. Estas normas
são desenvolvidas em normas mais específicas designadas de Statements on Auditing
Standards, actualmente existem 63 SAS. As normas de auditoria geralmente aceites, ver anexo
nº.2 pág.65
Para além das ISA o IAASB também emite as International Standards on Quality Control
(ISQC) que se aplicam a todas as entidades que fornecem seviços de auditoria, as International
Standards on Review Engagements (ISER) que se aplicam aos exames simplificados, as
International Standasds on Assurance Engagements (ISAE) relacionadas com os trabalhos de
garantia de fiabilidade, as International Standards on Related Services (ISRS) que se aplicam
aos serviços relacionados (trabalhos em que realizam procedimentos acordados com a
empresa).
Relatórios
Procedimentos
Planeamento
substantivos
Testes aos
controlos
em termos teóricos, há clientes que o auditor não deveria aceitar. Neste risco é
importante salientar que o auditor opera num mercado livre e assim a escolha de um
auditor é baseada nos seus honorários, no serviço prestado, no pessoal que com ele
trabalha no conhecimento que tem do mercado em que a empresa opera e na
capacidade de tender às solicitações do cliente.
Risco de auditoria:o risco do auditor expressar uma opinião inapropriada sobre as
demonstrações financeiras. O auditor precisa de avaliar as necessidades dos
utilizadores da informação financeira para minimizar o risco de auditoria e formular um
julgamento sobre a materialidade.
Risco do negócio: o risco que afecta as operações e os resultados das organizações (ex.
conjuntura económica favorável ou desfavorável, mudança tecnológicas, concorrentes,
localização geográfica, complexidade das transacções, etc.). Todas as organizações têm
subjacente um risco de negócio, o órgão de gestão pode majorar ou mitigar esse risco.
Risco das demonstrações financeiras: o risco relacionado com as transacções e a
apresentação das demonstrações financeiras (ex. subjectividade na contabilização de
imparidade dos activos, estimativas de vida útil, contabilização de provisões, bem como
a eficácia do controlo interno na prevenção e detecção de erros e de fraudes, etc.)
Risco de amostragem: o risco que o auditor corre ao explorar as conclusões, com base
numa amostra, para a população. Como a auditoria é efectuada com base em amostra o
auditor não consegue assegurar a 100% que as demonstrações financeiras não
apresentam distorções materialmente relevantes. Assim, existe sempre o risco de
distorções materialmente relevantes não serem detectadas pelo auditor.
Estes riscos estão todos interligados entre si. O risco do negócio e o risco das
demonstrações financeiras influenciam-se mutuamente, por ex. resultados aquém das
expectativas podem motivar o órgão de gestão a controlar o sistema de controlo interno ou tirar
partido de transacções financeiras complexas para atingir os resultados esperados. Por sua vez,
estes riscos influenciam o risco de compromisso, a probabilidade dos auditores serem
processados após declarações de falência ou perdas substanciais, quando antes emitiram um
relatório que não alertava essas eventuais, é maior.
Por sua vez, os três riscos descritos anteriormente, aliados ao risco de amostragem,
influenciam o risco de auditoria, que pode ser controlado de duas maneiras:
1. Condições de compromisso
Uma das decisões mais importantes com que os auditores se deparam é a de aceitarem
ou não um cliente. Os normativos de auditoria (ISQC 1) requerem que as empresas de auditoria
definam políticas e procedimentos a serem seguidos na aceitação de novos clientes e na
manutenção de actuais clientes. O objectivo é minimizar a possibilidade do auditor ser associado
a clientes em relação aos quais pode ser colocada em causa independência, falte integridade ao
órgão de gestão ou que este aceite um compromisso para o qual não dispõe de recursos
humanos e / ou materiais, diminuindo assim as possibilidades de distorções materiais não serem
detectadas.
Obrigações de relato: o auditor pode rever relatórios enviados por entidades reguladoras, como
é o caso da CMVM, do Banco Nacional de Angola e do Instituto de Seguros de Angola, bem
como os relatórios de auditoria produzidos internamente, determinando qual foi a reacção do
órgão de gestão aos problemas identificados.
Valores éticos: o auditor não deve aceitar clientes em relação aos quais possa estar em causa
a sua dependência;
1
Como pré-condições a norma elenca: o referencial de relato financeiro, determinar aceitabilidade do
referencial do relato financeiro, referenciais com finalidade geral, acordo quanto às responsabilidades da
gerência, controlo interno, preparação das demonstrações financeiras entre outras.
Caso uma auditoria não seja adequadamente planeada o auditor corre o risco de realizar
uma auditoria ineficiente e ineficaz, conduzindo à emissão de uma opinião inapropriada sobre as
demonstrações financeiras. A ISA 200 refere que o auditor deve planear e executar uma
auditoria com cepticismo profissional, reconhecendo que podem existir circunstancias que
originam que as demonstrações financeiras estejam materialmente distorcidas.
3. Risco em Auditoria
Segundo a ISA 200, o risco em auditoria é o risco de o auditor expressar uma opinião
inapropriada quando as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas. Este risco
pode ser de dois tipos, o risco Tipo I, ou seja, a suscetibilidade do auditor emitir uma opinião
referindo que as demonstrações financeiras apresentam uma imagem verdadeira e apropriada
quando na realidade não apresentam, e o risco Tipo II, que se refere à suscetibilidade do auditor
emitir uma opinião referindo que as demonstrações financeiras não apresentam uma imagem
verdadeira e apropriada quando na realidade elas não estão distorcidas.
Quando o grau de certeza que o auditor pretende correr ao expressar a sua opinião,
menor será o risco de auditoria que está disposto a aceitar. Ao determinar o risco de auditoria o
auditor tem que ter em atenção o balanceaemento entre o custo de expressar uma opinião
inapropriada e o custo de realizar procedimentos adicionais necessários para minorar esse risco.
RA = f(RI; RC) ∗ RD
Da mesma forma certas contas e classes têm risco inerente mais elevado que outras,
por exemplo a caixa é mais susceptível a desvios que, por exemplo os activos fixos tangíveis.
2
Entidades públicas 2%, empresas cotadas 5%, empresas familiares 10%. Como interpretar este risco?
Um risco de auditoria de 5% significa que em cada 100 relatórios emitidos o auditor está disposto a correr
o risco de 5 não corresponderem à realidade.
Risco de controlo: é a susceptibilidade de uma distorção, que possa ocorrer num saldo de
conta ou numa classe de transacções e que possa ser materialmente relevante, considerada
individualmente ou quando agregada com distorções em outros saldos ou classes, não vir a ser
prevenida ou detectada e corrigida atempadamente pelo sistema de controlo interno.
O risco de controlo nunca pode ser zero, uma vez que os controlos implementados pela
empresa não podem assegurar a 100% que erros materialmente relevantes sejam detectados, é
sempre necessário ter em atenção que o factor humano, a fadiga e o descuido podem originar
que os controlos internos implementados pela empresa, em determinadas situações, não
estejam em funcionamento.
Os auditores não podem controlar este risco, podem influencia-lo. A influência do auditor
no risco de controlo está relacionada com as recomendações ao órgão de gestão relativamente
ao seu funcionamento. No entanto, esta influência tem duas limitações:
A avaliação inicial do risco de controlo está relacionada com dois aspectos: em primeiro
lugar com a eficácia do desenho do controlo interno, em segundo se os controlos desenhados
estão devidamente implementados. A avaliação que o auditor faz da f (RI;RC) permite-lhe
relacionar esses riscos com as transacções, com os saldos e com a apresentação e divulgação,
avaliando assim o risco de distorções materiais.
Podemos assim dizer que o risco de auditoria é o risco da chuva (distorções); passarem
ambos os filtros e chegarem ao solo (demonstrações financeiras).
Exercício
No quadro seguinte como pode variar o nível de risco de detenção com base nas avaliações do
risco inerente e do risco de controlo.
Explicação do quadro: Podemos verificar que existe uma relação inversa entre a função risco
inerente e risco de controlo e o risco de detenção. Assim, se o risco inerente e o risco de controlo
forem avaliados como baixos, o auditor estará disposto a correr um maior risco de detenção
(possibilitando assim uma redução das provas substantivas). Por outras palavras podemos dizer
que: o risco inerente e o risco de controlo têm uma relação inversa com o risco de detenção e
direta com a quantidade de prova a recolher. Ou seja, se o risco inerente e de controlo for alto, o
risco de detenção tem de ser baixo, para o risco de auditoria se manter como baixo e assim as
provas a recolher serão maiores.
Assuma que está a auditar uma empresa que efectua muitas transacções complexas e que
possui fracos controlos internos. Assim, a função risco inerente e risco de controlo é
qualificada em 100%. O risco de auditoria que o auditor pretende correr é de 2%. Qual será
o efeito no risco de detenção?
RD = RA/f(RI;RC)
RD = 0,02/1 = 0,02 = (2%) neste caso o risco de auditoria e o risco de detenção são o
mesmo, uma vez que o auditor não pode confiar nos controlos internos para a
prevençãp e deteção de distorções materialmente relevantes. Podemos dizer que
controlos fracos e uma grande probabilidade de existirem distorções materialmente
relevantes levam a uma extensão dos procedimentos substantivos de modo a manter
o risco de auditoria num nível aceitavel.
Assuma que está a auditar uma empresa que não tem transacções complexas, possui um
controlo interno eficiente e que a actividade da empresa não oferece grande dificuldade. O
auditor assume que a função risco inerente/risco de controlo é baixa, 50%, e que o risco de
auditoria que pretende correr é de 5%. Qual o efeito no risco de detenção?
Neste caso o risco de detenção é de 20%, significando que o auditor pode correr um
maior risco, uma vez que face à baixa avaliação da função risco inerente/risco de
controlo, os procedimentos substantivos não necessitam de ser tão extensivos. Como
refeem Cossert e roda (2009) «é importante ter em atenção que a quantificação do
risco não tem um significado real, a quantificação é utilizada para facilitar a
consistencia na aplicação do julgamento do auditor. Uma avaliação do risco de
controlo em 50%, não quer dizer que o sistema de controlo não detecta 50% dos erros,
da mesma forma quando o auditor qualifica o risco de auditoria em 5%, não significa
que uma opinião errada é emitida em cada 20».
O auditor deve obter provas em quantidade apropriada que lhe permita avaliar se as
demonstrações financeiras apresentam, ou não, uma imagem verdadeira e apropriada da
empresa. Estas provas são obtidas através do conhecimento do negócio, da empresa e da sua
envolvente, da realização de procedimentos analíticos, da realização de testes aos controlos e
da realização de testes substantivos-às transacções e aos saldos. Assim, a quantidade de prova
necessária é afectada pelo risco de distorções (quanto maior é o risco, maior é a necessidade de
prova) e pela qualidade da mesma (prova de menor qualidade, requer mais quantidade).
O auditor deve obter prova suficiente para manter o risco de auditoria num nível baixo,
pelo quanto o risco de auditoria aumenta, o auditor aumenta a extenção da prova, ou seja,
recolhe mais prova, para assim reduzir esse risco. No entanto para evitar a recolha de uma
elevada quantidade de prova, o auditor, sempre que possível, opta pela realização de
procedimentos de auditoria mais eficazes. Por exemplo, o auditor pode recorrer à prova gerada
externamente em detrimento da prova gerada internamente, ou a prova pode ser recolhida
realizando mais procedimentos perto ou depois do fim do exercício, em detrimento de
procedimentos ao longo do ano.
como é o caso de indicios de fraudes, situações que resultem num aumento do risco inerente
(como é o caso da empresa ter intenções de ser admitida a cotação em bolsa), prova de
auditoria que contradiga outra prova de auditoria obtida, circunstncias que surgiram a
necessidade de procedimentos de auditoria adicionais e informação que ponha em causa a
fiabilidade de documentos.
3
A AS nº 15, $11 identifica 5 tipos de asserções, não as relacionando especificamente com as classes de
transacções, com os saldos finais ou com a apresentação e divulgação. Essas asserções são:
existencia/ocorrência, direitos e obrigações, apresentação e divulgação, plenitude e
valorização/imputação.
Rigor e valorização
Rigor (accuracy) Valorização e imputação (accuracy and valuation)
-valores e outros (valuation and imputation) - a informação está adequadamente
dados relacionados - activos, passivos e interesses divulgada e pelas quantias
com transacções e no capital próprio estão apropriadas.
acontecimentos foram registados nas demonstrações
apropriadamente financeiras pela quantia
registados. apropriada. Os rendimentos e
os gastos foram correctamente
imputados.
Corte (cut-off)
- transacções
e acontecimentos foram
registados no período
Contabilístico a que dizem respeito.
Classificação e compreensibilidade
Classificação (classification) (classification and understandability)
- transacções e - a informação financeira foi
acontecimentos foram apresentada e relatada de forma
registados nas contas apropriada, e as divulgações no ABDR
apropriadas. encontram-se descritas com clareza.
Plenitude: está relacionada com o facto de todos os activos, passivos e capital próprio,
que deveriam ter sido incluídos nas demonstrações financeiras à data de encerramento terem
sido de facto incluídos, Por exemplo, o órgão de gestão afirma que o saldo de fornecedores á
data do balanço representa todas as obigações perante fornecedores que existem a essa data;
o órgão de gestão afirma que todas as divulgações materialmente relevantes foram divulgadas
no anexo ABDR.
2. Prova em auditoria
A prova em auditoria é toda a informação utilizada pelo auditor para chegar às
conclusões que servem de suporte à sua opinião.
1. Avaliar o risco Risco inerente Identificar factores que possam colocar em causa a
de distorções Risco de controlo confiança na informação fornecida pelo cliente
materiais, Sistema informático Fazer um levantamento e avaliação do sistema de
asserção para controlo interno
cada área de
risco do cliente.
2. Testes aos Que quantidade? Efectuar procedimentos analíticos e testes aos saldos e
saldos e Que procedimento? às transacções, corroborando a informação financeira e
transacções Quando deverá outras informações sobre o desempenho da empresa
ser realizado?
3. Avaliar se a Necessidade de ajustamentos Realizar procedimentos analíticos finais e
provarecolhida Deficiências dos sistemas procedimentos adicionais se necessário
éadequada e Decidir qual o tipo de relatório a emitir tendo por
emitiro relatório base a prova recolhida.
de auditoria
Mais credível
Menos credível
O quadro seguinte mostra os itens das demonstrações financeiras que são alvo de
pedido de confirmações:
Como vemos pelo quadro acima os pedidos de confirmação são utilizados para testar os
saldos de uma variedade de rubricas. No entanto, as confirmações não constituem prova para
todas as asserções, regra geral são mais eficientes na obtenção de prova para testar a asserção
da existência, não sendo tão eficientes para testar as asserções da plenitude e da valorização.
Os pedidos de confirmação devem ser enviados pelo auditor e as respostas devem-lhe ser
directamente remetidas, evitando que sejam intercetada e adulteradas pela empresa.
Inspeção física: Esta prova é obtida através da inspeção física dos activos, sendo a
melhor prova para confirmar a existência de inventários, edifícios, terrenos,
Material de Apoio de Auditoria Financeira-FEUNIKIVI 2020/2021 Página 58
António Kinanga Paulo João, Docente. _
Observação, oral
Baixo
3. Procedimentos de auditoria
O auditor executa procedimentos de auditoria de modo a obter prova que lhe permita,
com uma certeza aceitável, pronunciar-se sobre se às demonstrações financeiras estão
apresentadas de uma forma verdadeira e apropriadas em tendo atenção os princípios
contabilísticos geralmente aceites. Concretamente, o auditor pode efectuar três tipos de
procedimentos:
Os testes de detalhe aos saldos são orientados para verificar se os saldos finais
possuem ou não distorções materialmente relevantes; os testes de detalhe às transacções
destinam-se a verificar se as transacções ocorridas ao longo do ano forma adequadamente
contabilizadas; por último, os testes de detalhe à apresentação e divulgação destinam-se a
verificar se as demonstrações financeiras estão corretamente apresentadas, bem como verificar
se todas as divulgações estão espelhadas de forma apropriada.
interinos aumenta o risco de auditoria, uma vez que distorções materialmente relevantes podem
ocorrer entre a data do trabalho interino e o final do ano. Este risco pode ser reduzido através da
realização de mais procedimentos substantivos durante o período remanescente ou pelo facto do
auditor ter confiança de que o controlo interno previne e/ou detecta distorções materiais e que
estes continua em funcionamento nesse período.
Quanto maior for o risco inerente e o risco de controlo mais procedimentos substantivos
são realizados. Para uma auditoria ser eficiente em termos de custos, necessáriamente envolve
a selecção de amostras, cuja dimensão deve ser suficiente para reduzir o risco de auditoria a um
nível baixo. Apesar do custo não ser o principal factor de decisão relativamente ao tipo de prova
que o auditor deve obter, é um importante aspecto a ter em consideração.
A ISA 520 define procedimentos analíticos como «avalições da informação financeira por
meio de análises de relacionamento plausíveis entre dados de informação finaceira, bem como
de informação não financeira. Os procedimentos analíticos também abrangem a investigação de
flutuações e de relacionamentos identificados que sejam inconsistentes com outra informação
relevante ou que difiniram de valores esperados por uma quantia significativa».
dos negócios, a situação financeira da empresa, para identificar áreas de risco, assim como para
analisar as demonstrações financeiras na perespectiva dos utilizadores de infomação financeira,
permitindo orientar o auditor para procedimentos susbtantivos adicionais em áreas consideradas
de risco.
1. Rácios financeiros
2. Rácios de económico-rentabilidade
3. Rácios de económicos-financeiros
4. Rácios de gestão/actividade
No primeiro passo o auditor decide qual é a variável que vai estimar (varíavel dependente) e
a varíavel que serve de base à estimativa (varíavel independente). Como exemplo, podemos
ilustrar a relação hipotética entre o custo das mercadorias vendidas (variável dependente) e o
número de horas de mão-de-obra directa (variável independente).
O segundo passo é obter dados a partir dos quais obtenha o valor de β e de α. A nossa base
de dados são os custos das mercadorias vendidas e o número de horas de mão-de-obra directa,
verificados nos dois últimos exercícios para prever o custo das mercadorias vendidas no
exercício corrente. A qualidade da base de dados vai ter um impacto directo na qualidade das
previsões. A informação deve ser fiável e em quantidade suficiente, ou seja, a informação, de
preferencia, deve ter sido auditada, e quanto maior for a sua quantidade melhor. Tendo por base
o exemplo infra, calculamos o valor de β e de α.
N-2
Janeiro 142 9.03
Fevereiro 175 8.80
Março 181 10.91
Abril 150 8.47
Maio 160 9.30
Junho 142 7.17
Julho 154 9.22
Agosto 172 8.98
Setembro 162 6.61
Outubro 179 7.52
Novembro 178 10.84
Dezembro 149 6.42
N-1
Janeiro 169 6.87
Fevereiro 178 10.5
Março 150 10.98
Abril 157 7.49
Maio 173 6.93
Junho 155 7.64
Julho 171 8.96
Agosto 164 9.24
Setembro 162 10.49
Outubro 163 10.85
Novembro 178 10.51
Dezembro 167 10.58
Soma
Média
1. Definições
Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados a eles
atribuídos:
Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em amostra, pudesse
ser diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de
amostragem pode levar a dois tipos de conclusões erróneas:
Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor chegue a uma conclusão errónea
por qualquer outra razão que não seja relacionada ao risco de amostragem.
Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que constituem uma população.
Material de Apoio de Auditoria Financeira-FEUNIKIVI 2020/2021 Página 66
António Kinanga Paulo João, Docente. _
No entanto, a amostragem não estatística não fornece quaisquer meios para quantificar
o risco de amostragem, pelo que os auditores podem realizar um trabalho superior ao que seria
necessário, resultando assim numa auditoria mais dispendiosa e mais demorada.
Podemos então concluir que quer a amostragem estatística quer a amostragem não
estatística podem dotar o auditor de prova suficiente e apropriada.
3. Amostragem aleatória
O princípio subjacente à amostragem aleatória é o de todos os itens da população têm a
mesma probabilidade de serem seleccionados. No entanto, a amostragem ainda existe, ou seja,
há o risco da amostra seleccionada não possuir as mesmas características essenciais da
população.
A amostra também pode não ser representativa da população real simplesmente porque
a amostra da população é diferente da população real. Os auditores seleccionam uma amostra
com base numa representação material da população. Por exemplo: uma amostra das contas a
pagar pode ser seleccionada a partir de uma listagem obtida do programa de contabilidade
(representação material). Quaisquer conclusões baseadas nessa amostra estão apenas
relacionadas com a população obtida através do programa de auditoria, as conclusões do auditor
não têm atenção que credores podem estar omissos nesta listagem; é essencial que os
auditores se assegurem de que a representação material corresponde a população real, ou seja,
testar as asserções da plenitude e da existência.
O conceito de amostra aleatória tem subjacente que a pessoa que efectue a selecção
não influencie a amostra consciente ou inconscientemente; assim, é requerido que sejam
utilizadas técnicas de selecção imparciais, de modo a obter-se uma amostra verdadeiramente
aleatória.
Casual: elementos são retirados ao acaso da população. Deste modo todo elemento da
população tem igual probabilidade de ser escolhido para a amostra.
Números aleatórios: um dos métodos mais acessíveis para seleccionar itens aleatórios é
o uso de uma tabela de números aleatórios. Exemplo: suponha-se uma população de
facturas de venda, numerada de 1 a 7.000, das quais o auditor pretende extrair
uma amostra aleatória de 65 facturas. Usando uma tabela de números aleatórios
gerada em Excel, o auditor, começando na primeira célula e seguindo o sentido
descendente, selecciona 65 facturas de vendas.
Quando o auditor realiza testes aos controlos preocupa-se com dois aspectos:
Avaliar o risco de controlo demasiado alto: quando a amostra dos testes aos controlos
leva o auditor a avaliar o risco de controlo mais alto do que ele é, o auditor realizará mais
testes substantivos do que aqueles que são necessários. Estes testes, desnecessários,
reduzem a eficiência da auditoria mas não a sua eficácia (detectar distorções materiais
nas demonstrações financeiras).
Avaliar o risco de controlo demasiado baixo: caso o auditor avalie o risco de controlo
mais baixo do ele realmente é, estará a reduzir, indevidamente, a extensão dos
procedimentos substantivos, podendo estar em causa a eficácia da auditoria.
Risco de amostragem: o risco de concluir que os controlos são eficientes quando não o
são. Frequentemente este risco é determinado em função do risco de auditoria, uma vez
que a avaliação do controlo interno vai influenciar a natureza, extensão e oportunidade
dos procedimentos substantivos.
Taxa de desviotolerável:É uma taxa a partir da qual o auditor concluir que o controlo
não funciona. Esta taxa deve ser estimada a priori de modo a determinar a dimensão da
amostra.
Taxa de desvio esperada: è natural que por vezes o controlo falhe ou seja
ultrapassado. Estas distorções acontecem quando os funcionários são descuidados, não
são competentes ou então não têm a formação adequada para realizar as funções que
desempenham. Esta taxa é determinada com base na experiencia do auditor e com
base nas distorções encontrados em exercícios anteriores caso se trate de uma
auditoria recorrente.
O atributo é uma característica que proporciona prova de que um determinado controlo está a
funcionar. Vários atributos podem ser testados, no entanto o auditor apenas testa os
procedimentos de controlo mais significativos. Por exemplo: o auditor decide testar a revisão das
facturas de vendas por parte do funcionário da contabilidade, que inclui os seguintes
procedimentos:
Os desvios nos procedimentos de controlo devem ser detalhados de modo a que possam ser
corrigidos pelos funcionários. Partindo do exemplo supra podemos dizer que existe um desvio
quando:
Estimar a taxa de desvio esperada é importante, pois permite que o controlo não seja rejeitado
quando se verifica que ocorrem um reduzido número de distorções.
Exemplos
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Quadro 5.5 – Efeitos do risco de amostragem, da taxa de desvio tolerável e da taxa de desvio
esperada no tamanho da amostra
Uma vez determinada a dimensão da amostra, o auditor deve assegurar-se de que ela seja
representativa. Nas amostras aleatórias cada item da população tem a mesma hipótese de ser
seleccionado. A amostragem estatística requer que a selecção seja aleatória, uma vez que
assim é eliminada a hipótese de enviesamento não intencional e maximizada a hipótese da
amostra ser representativa. Na amostragem não estatística o auditor usa o seu julgamento para
seleccionar uma amostragem representativa. Na amostragem aleatória podem ser utilizadas a
amostragem por números aleatórios ou a amostragem por intervalos.
Ao testar os itens da amostra, o auditor procura evidência do atributo. Caso não contenham
evidência do atributo é considerado como um desvio.
A avaliação dos resultados da amostra requer que o auditor projecte esse resultado para a
população antes de retirar as suas conclusões. Se a distorção da amostra não é maior que a
taxa de desvio esperada, o auditor pode concluir que o controlo é eficiente, podendo assim
avaliar o risco de controlo de acordo com o que foi inicialmente previsto. Se a taxa de distorções
na amostra exceda a taxa de desvio esperada, o auditor deve avaliar se a projecção da distorção
da amostra na população excede, ou não, a taxa de desvio tolerável, utilizando para o efeito
tabelas estatísticas. Caso a distorção projectada para a população exceda a taxa de desvio
tolerável, o auditor deve ajustar a natureza, a extensão e a oportunidade dos procedimentos
substantivos, uma vez que assume que os controlos não são satisfatórios.
- O auditor não espera encontrar muitas distorções. O auditor estima que o controlo não esteja a
operar com eficiência 1% das vezes. Esta estimativa é baseada na sua experiência.
Na avaliação dos resultados da amostra o auditor deve considerar não só o número de desvios
encontrados mas também as suas características qualitativas. A avaliação do auditor
compreende os seguintes passos:
Exemplo
Ao concluir que os testes aos controlos não são eficientes o auditor necessita de modificar a
extensão, a oportunidade e a natureza dos procedimentos substantivos.
Por último, os auditores documentam todos os aspectos significativos dos oito passos aqui
descritos nos seus papéis de trabalho.
Na avaliação dos resultados, o auditor compara a taxa de desvio da amostra com a taxa
de desvio tolerável. Caso a taxa de desvio da amostra seja inferior à taxa de desvio tolerável,
pode concluir que o risco de controlo é baixo; à medida que a taxa de desvio de amostra se vá
aproximando da taxa de desvio tolerável, é a cada vez mais provável que a taxa de desvio da
população seja superior à taxa de desvio tolerável. Neste caso o auditor deve usar o seu
julgamento profissional para determinar a partir de que ponto o risco de controlo deve deixar de
ser o inicialmente planeado.
Exemplo
A numeração interna das facturas de compra inicia em 7.641 e termina em 11.024. após os
testes foram encontrados 3 desvios.
1) Podemos concluir que o controlo funciona de forma eficiente porque a taxa de desvio
da amostra é inferior à taxa de desvio tolerável.
2) Dado que o intervalo obtido, 5.1% - 3.9%, o auditor deverá reavaliar a sua avaliação
preliminar do risco de controlo, concluindo que o controlo não está funcionar, a natureza,
a extensão e a oportunidade dos testes substantivos terá que ser revista.
Quando são encontradas falhas nos controlos para além da análise quantitativa, o auditor
deve ter igualmente em atenção o aspecto qualitativo. O auditor deve determinar se a falha
foi intencional ou não, se foi ocasional ou recorrente e qual impacto nas demonstrações
financeira. Caso o auditor apure que a falha foi intencional poderá estar perante um indício
de fraude; no entanto é importante realçar que o facto de o controlo não ser exercido não
implica directamente que o saldo ou as transacções estejam distorcidos.
5. Testes substantivos
Os procedimentos substantivos são desenhados com finalidade de detectar distorções
causadas por erros ou fraudes, que possam existir nas demonstrações financeiras e que não
tenham sido detectados pelo sistema de controlo interno. Os passos que envolvem a
amostragem em testes substantivos são os mesmos, quer o auditor utilize uma abordagem
estatística ou não estatística:
Podemos definir distorções como uma diferença que afecta a exactidão das demonstrações
financeiras. Se a venda a um cliente foi contabilizada na conta de clientes errada, não deve ser
considerada uma distorção, pois o saldo da conta clientes, no global, está correcto. No entanto,
pode indiciar uma debilidade na estrutura de controlo interno, se por exemplo, foi contabilizada
uma venda em relação à qual não houve qualquer pedido de aquisição por parte do cliente.
Então a rubrica de vendas e de dívidas de clientes estará sobreavaliada, originando uma
distorção nas demonstrações financeiras.
Entendemos por população a rubrica das demonstrações financeiras que o auditor pretende
testar. Uma vez que os resultados da amostragem apenas podem ser projectados para a
população a partir da qual a amostra foi estraída, é importante para o auditor definir a população.
Por exemplo, uma empresa que possua vários armazéns de mercadorias, se o auditor assistir às
contagens de um armazém apenas pode retirar conclusões sobre a população desse armazém,
não poderá tirar ilações sobre a população dos outros armazéns.
Muitas rubricas do balanço são construídas por número reduzido de itens de grande valor e por
grande número de itens de pequeno valor. Assim, o auditor opta por uma abordagem
A amostrgem deve ser aleatória, dando assim hipótese a todos os elementos da população de
serem seleccionados.
4
De referir que a SAS 111-Audit Sampling Salienta que a dimensão da amostra para uma amostragem
não estatística deve ser consistente com a dimensão apurada numa amostragem estatística.
as inicialmente previstas na fase de planeamento leva o auditor a concluir que a sua estimativa
inicial era optimista e que os controlos não são tão eficientes como o inicialmente previsto. Neste
caso, o auditor reequaciona o planeamento inicialmente efectuado e planeia o resto da auditoria
de acordo com os novos factos.
Todos os passos anteriormente descrito e todas as decisões tomadas pelo auditor devem estar
apropriadamente documentadas, permitindo uma adequa supervisão e servindo de suporte às
conclusões do auditor.
O factor de confiança é apurado com base na tabela seguinte em atenção a avaliação conbinada
do risco de controlo e do risco inerente e do risco de outros procedimentos susbstantivos de
auditoria falharem na deteção de distorções materiais.
Solução:
𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓𝒅𝒂𝒓𝒖𝒃𝒓𝒊𝒄𝒂𝑿𝒇𝒂𝒄𝒕𝒐𝒓𝒅𝒆𝒄𝒐𝒏𝒇𝒊𝒂𝒏ç𝒂
Tamanho da amostra = ( )
𝑫𝒊𝒔𝒕𝒐𝒓çã𝒐𝒕𝒐𝒍𝒆𝒓á𝒗𝒆𝒍
𝑨𝒌𝒛𝟗.𝟔𝟐𝟓.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎 𝐗 𝟏,𝟐
Tamanho da amostra = ( )
𝑨𝒌𝒛𝟐𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎
Apesar de utilizar amostragem não estatística, é apropriado o auditor efectuar uma amostra com
base em valores estratificados.
População Amostra
Número Valor Número Valor Distorção
≥ 250.000 15 2.350.000,00Akz 15 2.350.000,00Akz 3.000,00Akz
˂ 250.000 225 7.275.000,00Akz 31 500.000,00Akz 2.500,00Akz
𝟐.𝟓𝟎𝟎,𝟎𝟎
Projecção da distorção: (𝟓𝟎𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎) 𝑿 𝟕. 𝟐𝟕𝟓. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 = 𝟑𝟔. 𝟑𝟕𝟓, 𝟎𝟎.
caso acima explanado verificamos que a distorção projectada multiplicada por 3 é de:
Akz109.125,00. Como este valor é cerca de 44% da distorção tolerável, o auditor conclui
que o saldo da rubrica é aceitável. À medida que a projecção da distorção se aproxima da
distorção tolerável o auditor conclui que o risco da rubrica apresentar distorções
materiais é grande. Neste cenário o auditor não aceita a rubrica como estando isenta de
distorções materiais, propondo ao órgão de gestão que efectue ajustamentos às
demonstrações financeiras ou efectuando testes adicionais à população para confirmar,
ou não, essa avaliação.
𝐷𝑇−(𝐷𝐸X𝐹𝐸𝐷)
Intervalo da amostra= 𝐹𝐶
Em que:
O número de itens a seleccionar (a amostra) é dado pelo quaciente entre o valor da população e
o intervalo da amostra.
esperar encontrar qualquer distorção e impedir, desta forma, que as conclusões não permitam
aceitar o saldo quando este é correcto.
Fator de expansão da distorção 1,90 1,60 1,50 1,40 1,30 1,25 1,20 1,10
Factor multiplicativo do erro de
amostragem
Erro
1 1,03 0,75 0,58 0,48 0,39 0,31 0,23 0,00
Exercício
Solução:
𝑨𝒌𝒛𝟏.𝟐𝟎𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎
Assim, o tamanho da amostra é de: ( ) = 𝟖𝟒
𝑨𝒌𝒛𝟏𝟒.𝟑𝟑𝟑,𝟑𝟑
1. Definição
O controlo interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos,
métodos ou rotinas com os objectivos de proteger os activos, produzir dados contabilístico
confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.
2.1. Responsabilidade
As atribuições dos funcionários ou sectores internos da empresa devem ser claramente
definidas e limitadas, de preferência por escrito, mediante o estabelecimento de manuais
internos de organização.
Cabe destacar que o acesso aos activos pode ser de forma directa (fisicamente) ou de
forma indirecta, por meio da preparação de documentos que autorizam sua movimentação.
Cumpre ressaltar que esse procedimento de controlo deve ser efectuado por funcionários
que não têm acesso aos activos. Esse fato é evidente, já que o funcionário custodiante poderia
desviar o bem e informar à administração da empresa que os activos existentes concordam com
os registos contabilísticos.
Devido aos pontos relatados, mesmo no caso de a empresa ter um excelente sistema de
controlo interno, o auditor externo deve executar procedimentos mínimos de auditoria.
Memorandos narrativos;
Questionários padronizados;
Fluxogramas.
seja diferente do descrito nos manuais internos, o auditor deve alterar as informações sobre o
sistema, anteriormente levantadas, de forma a ajustá-las à situação real existente. Isso quer
dizer que o auditor deve avaliar o sistema que efectivamente está sendo praticado no controle
dos activos da empresa e na produção de dados contábeis confiáveis. O auditor normalmente
cumpre esse procedimento mediante a observação da execução dos trabalhos pêlos
funcionários e da inspecção de documentos e registos contabilísticos.
Um tipo de erro que poderia ocorrer seria as vendas serem contabilizadas fora da época
devida;
O segundo passo seria verificar se existem controlos que assegurem que todas as
vendas sejam imediatamente registadas na contabilidade, como por exemplo:
Emissão de nota fiscal por ocasião da venda de mercadoria e envio de cópia desta para
a contabilidade;
Funcionário na contabilidade controlando a sequência numérica das notas fiscais e
verificando se todas foram devidamente contabilizadas;
Guardas no portão da fábrica observando se existe nota fiscal para toda mercadoria que
sai;
Caso não existam controlos que eliminem a possibilidade de erro mencionada, o auditor
deve estudar com mais detalhe a situação. Se nessa análise ficar evidenciado que a
7.1. Geral
As atribuições e responsabilidades dos funcionários, sessões, divisões, departamentos,
gerência e/ou filiais estão claramente definidas nos manuais internos
de organização?
Os procedimentos sobre as principais actividades da empresa (vendas, recebimentos,
compras, pagamentos, salários, registos contabilísticos etc.) estão também definidos nos
manuais internos da organização?
- A empresa utiliza um manual de contabilidade (estrutura das contas, quando cada conta deve ser
debitada e creditada, modelos padronizados das demonstrações financeiras e relatórios
gerências internos e as práticas contábeis utilizadas) a fim de permitir o registo ordenado e
consistente de suas transacções?
Os valores incorridos são comparados com os orçados, sendo analisadas as variações anormais
e/ou significativas?
As transacções e os controles estão sujeitos a uma verificação periódica por parte de um sector
de auditoria interna?
7.2. Vendas
É feito um estudo para concessão do crédito ao cliente antes de ser processada a venda
a prazo (a fim de minimizar as perdas de contas a receber com clientes duvidosos)?
As informações nas notas fiscais (quantidades, preços, cálculos, impostos, nome e
endereço do cliente etc.) são conferidas de forma a reduzir a possibilidade de ocorrência
de erros?
Existem controlos que assegurem que todas as vendas sejam imediatamente
contabilizadas? Considere:
As notas fiscais são numeradas sequencialmente?
As notas fiscais são emitidas por ocasião da venda?
Os guardas no portão da fábrica impedem que saiam mercadorias sem as
correspondentes notas fiscais?
Uma cópia das notas fiscais é enviada para a contabilidade?
A contabilidade confere a sequência numérica das notas fiscais, verificando se todas
foram recebidas e devidamente contabilizadas?
Os custos das vendas são registados de forma a não permitir que uma venda seja
contabilizada sem seu custo correspondente? Considere:
Os custos das vendas são contabilizados concomitantemente ao lançamento de vendas
(apuração dos custos das vendas com base nas quantidades de produtos vendidos
mencionadas nas notas fiscais de vendas)?
O lucro bruto por produto é analisado em base mensal?
7.3. Recebimentos
Os controlosactuais asseguram que sejam tomadas providências para as contas a
receber em atraso (análise das contas em base mensal por idade de vencimento)?
Os controlos existentes garantem que os recebimentos de vendas a prazo sejam
imediatamente depositados na conta corrente bancária da empresa? Considere:
É limitado o acesso dos funcionários aos recebimentos?
São segregadas as funções de manuseio de recebimentos e registos contabilísticos?
Os recebimentos são controlados independentemente por outras pessoas que não os
manuseiam (custódia independente das duplicatas; conferência da sequência numérica
7.4. Compras
O sistema de controlos assegura que sejam formalizadas apenas as compras
previamente aprovadas e nas melhores condições de mercado? Considere:
Os sectores internos da empresa emitem requisição de bens ou serviços pré-numerada
e devidamente aprovada e a remete para o sector de compras?
O sector de compras confere a sequência numérica das requisições e a aprovação?
O sector de compras tem um cadastro de fornecedores actualizado por natureza de bem
ou serviço?
É feita cotação de preços junto aos fornecedores, a fim de obter as melhores condições
comerciais?
7.5. Pagamentos
Existe segurança de que somente as compras efectivamente recebidas e de acordo com
seus instrumentos formalizadores são liberadas para pagamento? Considere:
É dada evidência no verso da nota fiscal de que o bem foi recebido ou de que o serviço
foi prestado?
Existe um sector de contas a pagar, cujo objectivo é habilitar notas fiscais para
pagamento?
Esse sector, antes de liberar a nota fiscal para pagamento, confere o documento fiscal
(incluindo somas, multiplicações etc.) com ordem de compra ou contrato e inspecciona
evidência do recebimento dos bens ou da prestação dos serviços?
Os controlos internos asseguram que os documentos sejam pagos na época devida?
Considere:
Os vouchersde lançamento contabilístico são emitidos em sequência numérica?
A área financeira controla a sequência numérica dos vouchers?
Existem controlos adequados na guarda, preparo e assinatura de cheques? Considere:
Os talonários de cheques são mantidos em lugar seguro (cofre, por exemplo)?
Os talonários de cheques são acessíveis apenas às pessoas que os utilizam no curso
normal de suas funções?
Os cheques são emitidos somente para os documentos habilitados para pagamento pelo
sector de contas a pagar?
5
Não são de incluir os instrumentos financeiros que devem ser mensurados ao custo, custo amortizado ou
método de equivalência patrimonial.
O saldo de caixa deve ser constituído apenas pelos meios líquidos de pagamento;
Os descobertos bancários devem ser registados na conta financiamentos obtidos
descobertos bancários, sendo apresentados nos passivos;
Os instrumentos financeiros que não sejam mensurados ao custo, ou ao custo
amortizado, devem ser mensurados ao justo valor;
As variações do justo valor são levadas directamente a resultados em perdas em
instrumentos financeiros ou em ganhos em instrumentos financeiros;
Uma transacção em moeda estrangeira deve ser registada no momento do recebimento
inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia de moeda estrangeira da taxa de
câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transacção;
À data do balanço os itens monetários em moeda estrangeira devem ser transpostos
pela cotação à data de fecho;
Caso seja adquirido um instrumento financeiro que tenha incorporado juro no valor de
aquisição, este não deve fazer parte do custo de aquisição, devendo ser refletido numa
conta de outras contas a receber ou a pagar.
O objectivo da auditoria nesta área é determinar se os saldos das contas existem, são
legítimos e razoáveis, estão devidamente valorizados, contabilizados, se o seu acesso e
montante foi recebido e contabilizado, mas pode ter havido uma reteção indevida desses
fundos por parte de funcionários.
Por outro lado, a prática de operações que são ocultadas à administração fiscal, e
provavelmente nas demonstrações financeiras, gerará fundos de tesouraria que não estão
espalhados de “saco azul”, são normalmente distribuídos aos proprietários da empresa.
O trabalho do auditor nesta área irá permitir detectar a existência de erros materialmente
relevantes em áreas relacionadas, como é o caso das vendas e das compras.
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Liquidez imediata: (caixa + depósitos + Instrumentos financeiros)/Passivo circulante.
a) Estrutura da empresa
b) Pagamento por caixa
c) Recebimentos por caixa
d) Operações com instituições financeiras
e) Fundo fixo de caixa
f) Segregação de funções
g) Custódia dos fundos e de títulos
h) Reconciliações bancárias
i) Outsourcing de tesouraria.
Perante um indício de fraude o auditor deverá avaliar o seu impacto sobre o sistema de
controlo interno e comunicar a vulnerabilidade detectada aos responséveis da empresa. Deverá
efectuar inspeções documentais mais exaustivas e formular as perguntas que considere
necessárioas para dissipar quaisquer dúvidas que possam pairar sobre as provas recolhidas
anteriormente.
a) Contagem de caixa
A contagem da caixa é a inventariação física dos fundos que constituem a caixa. Esses
fundos podem ser: notas, moedas, documentos comprovativos de despesas efectuadas e
excepcionalmente, cheques que ainda não tenham sido depositados no banco. Trata-se de
prova mais usual em auditoria para comprovar o saldo da caixa.
b) Circularização de terceiros
Esta prova tem como finalidade verificar a existencia dos saldos dos MLF à data do balanço,
mediante o envio de cartas às instituições financeiras com as quais a empresa trabalha, bem
como o Banco. Regra geral devem ser circularizadas todas as instituições financeiras com
as quais a empresa trabalha, embora saibamos que, face aos elevados custos cobrados por
estas, nem sempre é possivel. No entanto, as instituições financeiras com as quais a
empresa tenha um maior envolvimento devem ser sempre circularizadas.
A empresa deve efectuar reconciliações bancárias com uma periodicidade regular. Assim, o
auditor solicitará cópia das reconciliações que pretenda verificar, a partir das quais analisará
os seguintes aspectos:
- A exactidão aritmética;
Após a análise das reconciliações bancárias o auditor deverá arquivar toda a documentação
resultane do processo de circularização e de reconciliação, bem como os eventuais ajustes
propostos à empresa.
Verificar a adequação dos juros dos depósitos à ordem e dos depósitos a prazo e se os
gastos ou rendimentos dos instrumentos financeiros mensurados ao justo valor foram
correctamente imputados no exercício.
e) Prova de corte
- Assegurar que os pagamentos que foram efectuados com data posterior ao encerramento,
correspondem a compras e a gastos do exercício e que estavam contabilizados como
dívidas a pagar à data de encerramento.
Conclusões
que estas são geradas num ciclo com suficientes elementos de controlo interno para que não
seja contraído nenhum passivo não desejado.
Obter prova suficiente que permita concluir sobre a validade das compras;
Analisar as facturas (teste à exactidão aritmética, IVA, etc..);
Investigar qualquer informação que chegue ao seu conhecimento relacionada com este
ciclo que possa originar um erro significativo nas dívidas a pagar.
3. Área de Inventários
Os inventários podem ser classificados como bens tangíveis, propriedade da empresa,
destinados à venda ou a serem incorporados no processo produtivo, durante o decurso normal
da actividade da empresa. O ciclo por regra, é inferior a um ano. Esta área inclui as mercadorias
ou matérias-primas, subsidiárias ou de consumo, que posteriormente serão objecto de
transformação ou incorporação e convertidas em produtos em curso, produtos acabados,
subprodutos, desperdícios ou resíduos.esta área está relacionada com outras duas áreas de
grande importância para empresa: o ciclo das compras e o ciclo das vendas; nas empresa
industriais podemos ainda estabelecer uma relação significativa com os gastos com pessoal e
com os activos fixos tangíveis consequentemente o auditor deve esperar que o órgão de gestão
tenha implementado controlos que previnam e / ou detectem distorções materialmente
relevantes originadas por erros ou fraudes.
O auditor deverá recolher toda a informação relacionada com a área. Assim, deverá
reunir-se com cliente de modo a conhecer os principais produtos que a empresa fabrica e vende,
as características gerais do processo produtivo, procedimentos de controlo do inventário,
critérios de valorização, etc. Em consequência, os objectivos específicos desta área consistem
em verificar se:
comparação com os meios líquidos financeiros ou clientes. O auditor deve ter também em
atenção as transacções que acontecem com partes relacionadas, uma vez que podem implicar a
transferência de rendimentos ou de gastos.
1º. Manter a qualidade na execução dos processos e, inerentemente, nos produtos acabados:
Os controlos internos devem ser orientados para atingir um nível de qualidade alto nos produtos
produzidos e comercializados pela empresa. Essa qualidade pode advir da própria estratégia da
empresa ou por imposição dos clientes.
2º. Garantir a salvaguarda dos activos: Os controlos de custodia implementados pela empresa
visam evitar o furto do inventário. Os procedimentos a implementar pela empresa consistem
numa adequada segregação de funções de modo a evitar possíveis desfalques é importante que
as pessoas encarregadas da custódia dos inventários, não tenham acesso ao registo dos
movimentos dos bens, nem à reconciliação entre as quantidades evidenciadas na contabilidade
e as apuradas nas contagens físicas.
3º. Analisar os erros verificados nos registos contabilísticos e na contagem dos inventários: tem
como objectivo garantir que não se cometam erros durante os registos contabilísticos e extra-
contabilísticos. O procedimento a adoptar seriam: o confronto entre os inventários físicos e os
registos contabilísticos, o confronto destes últimos com os documentos internos e externos e a
supervisão dos processos de contagem física, registo contabilístico e o cálculo do CMVMC.
Vendas fictícias;
Vendas registadas no exercício que respeitam ao exercício seguinte;
Notas de crédito emitidas em N+1 ˂ relacionadas com o exercício de N;
Pressõe para sobreavaliar as dívidas a pagar ou os MLF e subavaliar as perdas por
imparidade;
Grande número de transacções;
Transacções significativas entre partes relacionadas;
Alterações nos processos de venda;
Concentração das vendas num reduzido número de clientes.
Ao longo de todo este processo o auditor deverá ter em atenção os seguintes aspectos:
alterações aos testes aos detalhes das transacções possam ser efectuados antes de se
iniciarem.
Os activos fixos tangíveis (AFT) são activos destinados a permanecer na empresa por
um período superior a um ano. Esta área compreende terrenos, edifícios, equipamentos básicos,
equipamentos de transporte, equipamento administrativo, equipamento biológico e outros activos
fixo tangíveis, bem como as respectivas depreciações e imparidades acumuladas. Os principais
rendimentos e gastos desta área estão relacionados com as depreciações do exercício,
despesas de conservação e reparação e alienações.
Muitas vezes os AFT representam o activo com maior peso no total dos activos e os
gastos inerentes, tais como despesas de conservação e reparação, perdas por imparidade e
depreciações têm um impacto substancial no apuramento do resultado da empresa.
Um activo deve ser classificado como activo não corrente detido para venda (ANCDV),
caso o seu valor contabilístico venha a ser recuperado, principalmente, através da sua venda e
não pelo uso continuado.
A mensuração inicial de um activo fixo tangível é feita pelo custo, que engloba o preço
de compra, os custos diretamente relacionados com a colocação do activo na sua localização e
condições necessárias para que funcione de forma pretendida, estimativa inicial dos custos de
desmantelamento e restauro do local onde está localizado.
No caso dos AI terem uma vida útil finita, são amortizados de acordo com essa vida útil,
no caso de não terem uma vida útil finita, deverão ser efectuados testes de imparidade
anualmente (caso do goodwill adquirido numa concentração de actividades empresariais).
Activos não correntes detidos para venda, refere que um activo deve ser classicado
como não corrente detido para venda (ANCDV) se o valor contabilístico for recuperado através
de uma transacção de venda, em vez de ser pelo seu uso continuado. Assim, o activo deve estar
disponível para a venda imediata na sua condição presente e a venda ser altamente provável
(hierarquia da gestão empenhada, programa para localizar comprador e o plano for concluído e
publicitado para venda a um preço razoável em relação ao seu justo valor, venda concluída um
ano após a sua classificação e improbabilidade de alterações significativas no plano, ou do
mesmo serretirado após a sua classificação). No caso da venda não ser concluída dentro de um
ano, se as causas de tal facto não forem imputadas à empresa e esta continuar comprometida
com o plano de venda do activo, este pode continuar a ser classificado como ANCDV.
Um activo não corrente adquirido exclusivamente com vista à sua posterior alienação deve ser
classificado como ANCDV se a venda estiver concluída no prazo de um ano e se for altamente
provável que qualquer outro dos critérios descritos anteriormente (em relação à venda ser
altamente provável), que não esteja satisfeito nessa data o será no curto prazo após a aquisição
(3 meses).
A valorização de um ANCDV deve ser feita pelo menor dos seguintes valores: valor
contabilístico do activo ou o justo valor deduzido dos custos de vender. Assim, deve ser
reconhecida uma perda por imparidade quando o valor contabilístico é superior ao justo valor,
qualquer ganho subsequente deve ser reconhecido até ao limite da perda por imparidade
reconhecida anteriormente. Um activo classificado como ANCDV não é depreciado.
Quando cessar a classificação de ANCDV, a empresa deve mensurá-lo pelo menor dos
seguintes valores: o valor contabilístico do activo antes de ter sido classificado como detido para
venda, ajustado por qualquer depreciação ou amortização que teria sido reconhecida, ou o valor
recuperável à data da decisão de não vender.
A valorização dos AFT, uma vez que podem incorporar juros, impostos, custos de
desmantelamento, etc;
Distinção entre gastos com conservação e manutenção capitalizáveis e considerados
como gastos do exercício;
Cálculo das depreciações e das imparidades. O cálculo da vida útil está sujeito a muitos
factores que a condicionam, como são os casos da obsolescência e da depreciação
económica;
Aspectos relacionados com as políticas de protecção do património, quer através de
medidas físicas implementadas quer através da política de seguros da empresa;
Alienações não registadas apropriação indevida de receitas;
Subsídio ao investimento não reconhecido como rendimentos à medida que o AFT está
a ser depreciado;
Indevida capitalização de juros de empréstimos.
Podem ainda surgir outras situações que levam a uma reavaliação da necessidade de
contabilizar uma perda por imparidade:
Através dos procedimentos o auditor obtém prova sobre as transacções que ocorreram
durante o exercício e sobre os saldos finais apresentados no balanço. As contas dos activos
fixos tangíveis são de carácter cumulativo, pelo que, a confiança que o auditor tem sobre os
saldos finais depende dos slados iniciais e das variações que ocorreram durante o exercício.
Em relação aos procedimentos analíticos nesta área, estes não constituem uma prova
de auditoria tão útil como em relação aos procedimentos analíticos aplicados aos activos
correntes. Tal opinião deve-se ao facto do balanço poder variar significativamente em resultado
de um pequeno número de transacções, em relação às quais, muito provavelmente, o auditor
está ao corrente.
Os valores mobiliários detidos como IF podem ser materiais quer do ponto de vista do
balanço quer dos resultados. A liquidez dos IF cotados em bolsa torna-os potencialmente mais
propensos a fraudes.
Ao auditar os IF, o auditor vai ter uma especial atenção às contas de resultados (ganhos
ou perdas por aumentos ou reduções do justo valor, dividendos obtidos, perdas/ganhos em
subsidiárias e mais/menos-valias). As propriedades de investimento (PI) são activos, terrenos e
edifícios, propriedade da empresa, destinado à valorização do capital e ou obtenção de rendas.
Regra geral, o reduzido número de transacções nos IF e nas PI significa que é mais
eficiente utilizar procedimentos substantivos na auditoria a esta área. No entanto, os auditores
devem sempre fazer um levantamento dos procedimentos de controlo interno que a empresa
tem instituído para salvaguardar a custódia dos activos, bem como avaliar o risco de distorções
materiais antes de efectuar procedimentos substantivos.
A asserção mais difícil de testar é a da valorização dos IF. Assim, o auditor deve verificar
o preço de aquisição, a contabilização dos rendimentos gerados por esses investimentos e o
registo de perdas que possam influenciar a carteira.
Em relação às PI podemos dizer que os principais objectivos passam por verificar se:
Em relação às PI, os problemas mais frequentes podem ser descritos como se segue:
O elevado custo do investimento pode dar origem a perdas por imparidade não
registadas;
Adições regsitadas na conta errada ou não registadas;
Abates de activos não registados;
Avaliações realizadas por pessoas sem competência para tal;
O número de transacções nesta área é, regra geral, bastante baixo, no entanto o auditor
deve ter presente que os valores mobiliários são suscetíveis de desvio. Assim, a empresa deve
guardá-los num locl seguro, com acesso restrito.
A segregação de funções também deve existir entre quem tem a custódia dos títulos e
quem é o responsável pelo seu registo contabilístico. Em muitas situações esta segregação é
conseguida pelo facto das acções estarem depositadas em agentes independentes, como é o
caso de bancos ou correctoras.
nesse período. Ao inspecionar os títulos o auditor deve ter em conta: o seu número
facial, se são nominativos ou ao portador, o seu valor nominal e a entidade emitente.
O capital próprio é constituído elas entradas dos sócios, pelos resultados gerados pela
empresa, revalorizações, subsídios, doações e ajustamentos em investimentos financeiros. O
capital próprio pode ser classificado como realizado ou não realizado.
Capital social: representa as entradas dos sócios. É representado por títulos que conferem o
direito a participar na vida da sociedade, a ser designado para os órgãos de administração e
fiscalização da sociedade, a participar nas deliberações dos sócios e a quinhoar nos lucros e nas
perdas. Neste último caso, quando estamos afalar de sociedades de responsabilidade limitada,
até ao montante do capital subscrito.
Resrevas: integram todos os recursos próprios acumulados, distintos do capital social. Estas são
classificadas tendo em atenção a sua origem e a sua natureza. Quando à origem, as reservas
podem ser provenientes de: lucros retidos de exercícios anteriores, de resultados do exercício
pendentes de distribuição, etc; quanto à natureza, podem ser classificadas em: reservas livres,
reservas legais, reservas estatutárias e reservas contratuais.
Prémios de emissão: existe prémios de emissão quando o valor das acções ou quotas
subscritas excede o seu valor nominal.
Regra geral esta é uma área em que ocorrem poucas transacções, assim, o auditor
optará por uma estratégia predominantemente substantiva, em detrimento de um misto de testes
aos controlos e procedimentos substantivos.
Cobrir a parte do prejuízo acusado no balanço do exercício que não possa ser coberto
pela utilização de outras reservas;
Cobrir a parte de prejuízo transitados do exercício anterior que não possa ser coberta
pelo lucro do exercício nem pela utilização de outra reserva,
Incorporação no capital.
Resrvas livres são constituídas pelos lucros que não foram distribuídos aos sócios.
Quando assim acontecer, algumas medidas que podem ser seguidas pelos sócios:
a) Dissolução da sociedade
b) Redução do capital social
c) Reavaliação de entradas para reforço da cobertura de capital
d) Outras medidas julgadas convenientes pelos sócios.
7.1.6. Subsídios
A contabilização dos subsídios do governo e divulgação de apoios do governo prevê que
a contabilização inicial dos subsídios não reembolsáveis ao investimento seja efectuada na
rubrica de capital próprio.
A norma refere que um subsídio não deve ser reconhecido até que haja segurança
razoável de que a entidade cumprirá as condições a ele associado e que o subsídio seja
recebido.
Se o contrato de sociedade for alterado para nele ser concedida a autorização prevista
no número anterior, o primeiro adiantamento apenas pode ser efectuado no exercício seguinte
àquele em que ocorrer a alteração contratual.
Assim, uma auditoria à área do capital próprio tem como finalidade a prosecução dos
seguintes objectivos:
Ao nível das reservas há que ter em atenção, para além dos normativos legais, os
estatutos da empresa, bem como as deliberações do conselho de administração e da
assembleia-geral.
O controlo interno nesta área exige a existência de normas escritas sobre os seguintes
aspectos:
As contas de capital próprio são de carácter cumulativo, logo, o exame aos saldos finais
assenta na confiança nos saldos finais, bem como nas transacções ocorridas no exercício.
8. Passivos Financeiros
Os passivos financeiros fazem parte dos capitais alheio constituindo uma fonte de
financiamento externa, cuja principal características é o facto de serem originados em operações
de natureza financeira, ou seja, são recursos monetários não provenientes do ciclo de
exploração da empresa (fornecedores e ouros credores).
implícita ba locação, se for praticáveldeterminar essa taxa, se não for, deve ser usada a taxa
incremental de financiamento do locatário.
A auditoria na área dos passivos financeiros deve ser orientada para comprovar os
seguintes objectivos:
O saldo evidenciado na rubrica empréstimos obtidos confere com a soma dos dasldos
individuais;
Os empréstimos são rais e encontram-se correctamente classificados e valorizados nas
DF´s;
O controlo interno nesta área pressupõe a existência de normas escritas em relação aos
seguintes aspectos:
a) Procedimentos analíticos: visam explicar a razoabilidade dos resultados e dos juros que
possam ser atípicos, quer pelo seu montante, quer pela sua natureza.
b) Relacionados com antigos e novos passivos financeiros: verificar se os saldos de
encerramento do exercício anterior estão de acordo com os saldos de abertura do
exercício; comprovar os passivos financeiros evedenciados na contabilidade com os
contractos que foram celebrados; rever as actas da gestão com a finalidade de
comprovar que tais operações foram devidamente autorizadas.
c) Relacionados com a liquidação de passivos financeiros: os procedimentos substantivos
em relação à liquidação de empréstimos, são semelhantes aos descritos anteriormente,
no entanto, deverão ser enfatizados os seguintes aspectos: autorização dos
pagamentos, analisando se as assinaturas que autorizam tais amortizações/liquidações
correspondem às assinaturas das pessoas com poderes para executar tais operações;
análise documental dos pagamentos efectuados; comprovar os saldos antes e depois
das datas de pagamento das dívidas, tanto pelo lado da dívida como por parte da
tesouraria.
d) Resultados originados por passivos financeiros: os resultados originados por passivos
financeiros derivam dos juros que oneram esses passivos, bem como de eventuais
comissões que a empresa tenha de suportar por liquidação antecipada do financiamento
e de diferenças cambiais. O auditor poderá realizar as seguintes comprovações: verificar
a correcta aplicação do princípio da especialização do exercício; verificar se os juros
estão correctamente contabilizados; analisar os resultados provenientes de liquidações
antecipadas de dívidas, comprovando o efetivo cancelamento das dívidas, contrastando
os movimentos efectauados nas rubricas de balanço, com os movimentos efectuados
nas rubricas de resultados.
e) Circularização de terceiros: comprovar, por intermédio de suporte documental, os saldos
evidenciados nas DF´s. Este procedimento consiste na circularização das instituições
financeiras com as quais a empresa trabalha, obtendo assim prova de auditoria de
elevada qualidade, uma vez que estas instituições estão sujeitas a fortes controlos
internos e externos.
9. Relatórios de auditoria
Expressar uma opinião independente sobre as demostrações financeiras apresentam
uma imagem verdadeira e apropriada é o derradeiro objectivo do auditor/revisor. Esta opinião,
que é expressa no relatório do auditor/revisor, fornece aos utilizadores de informação financeira
uma certeza reazoável de que as demonstrações foram elaboradas em conformidade com o
normativo contabilístico aplicável.
O relatório do auditor pode ser denominado de Certificação Legal das Contas (CLC)
(audit report) ou de exame simplificado (reviews). A CLC requer uma segurança aceitável, sendo
a opinião expressa de forma positiva, ou seja, uma opinião explícita sobre se as demonstrações
financeiras apresentam uma imagem verdadeira e apropriada. Já no exame simplificado a
segurança é moderada, expressando a opinião de forma negativa, ou seja, de que nada chegou
ao conhecimento do auditor que indique que as demonstrações financeiras não estejam
preparadas de acordo com o normativo contabilístico aplicável.
No entanto, o auditor pode encontrar razões para ter reservas sobre a apresentação das
demonstrações financeiras, ou pode ter sido limitados no seu âmbito de actuação quando é
impedido de reunir prova suficiente e apropriada para suportar a sua opinião.
Se necessário, as razões pelas quais não foi emitida uma opinião limpa (secção das
reservas e das ênfases).
Introdução
Responsabilidades
Âmbito
No primeiro parágrafo, que compõe o âmbito, o auditor começa por referir que a
auditoria foi realizada de acordo com as Normas Técnicas e as Directrizes de revisão/Auditoria
da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, que a auditoria foi planeada e executada de modo a
obter um grau de segurança aceitável sobre se as demonstrações financeiras estão isentas de
distorções materialmente relevantes e deve conter uma descrição sucinta do exame efectuado.
Tal descrição deve referir que o exame inclui: a verificação, numa base de amostragem,
do suporte das quantias e divulgações constantes das demonstrações financeiras e a avaliação
das estimativas, baseadas em juízos e critérios definidos pelo órgão de gestão, utilizadas na sua
preparação; a apreciação sobre se são adequadas as políticas contabilísticas adoptadas e as
sua divulgação, tendo em conta as circunstâncias; a verificação da aplicabilidade do princípio da
contunuidade; e a apreciação sobre se é adequada, em termos globais, a apresentação das
demonstrações financeiras.
No terceiro parágrafo o auditor deve declarar que o exame efectuado proporciona uma
base aceitável para a expressão da sua opinião.
Opinião
De acordo com o Código das Sociedades Comercial, prevê que o auditor inclua na CLC
um parecer em que se indique se o relatório de gestão é ou não concordante com as contas do
exercício.
Por último o relatório é assinado pelo auditor, devendo ser posta a data do dia em que o
concluiu o seu exame, não podendo ser anterior à data de emissão do relatório de gestão e das
demonstrações financeiras.
É importante referir que o relatório é assinado pela SROC (Sociedade de Revisor Oficial
de Contas), e não em nome individual de um sócio (auditor), ou seja, é a sociedade, não o
auditor, o responsável pelo relatório de auditoria.
Um relatório limpo só pode ser emitido quando as seguintes três condições estão
preenchidas:
Opinião adversa: uma opinião adversa refere que as demonstrações financeiras não estão
apresentadas de acordo com os princípios contabilístios geralmente aceites. Os auditores
emitem este tipo de opinião quando as deficiências são de tal modo significativas que as
demonstrações financeiras, como um todo, estão erradas. Todas as razões que levam o auditor
a emitir este tipo de opinião devem estar devidamente explicadas.
Escusa de opinião: uma escusa de opinião significa que, devido a limitações no âmbito, os
auditores não puderam formar ou não formaram uma opinião sobre as demonstrações
financeiras. Uma escusa de opinião não é uma opinião, simplesmente atesta que o auditor não
expressa uma opinião sobre as demonstrações financeiras.
Referências bibliográficas
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Paulo: Atlas, 2003.
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risco. Lisboa, 2014.
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contábil das sociedades empresárias. São Paulo: Juruá, 2007.
4. COSTA, Carlos Baptista (2010), Auditoria Financeira – Teoria e Prática, 9.ª edição, Rei
dos Livros.
5. CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas,
2002. 468 p.
6. HOOG, Wilson Alberto Zappa; CARLIN, Everson LuizS.Breda.
7. PINHO, Ruth Carvalho de Santana. Fundamentos da auditoria: auditoria contábil, outras
aplicações de auditoria. São Paulo: Atlas, 2007.
8. SANTI, Paulo Adolpho. Introdução à auditoria. São Paulo: Atlas, 1998. 253 p. WILLIAM,
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