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Tradução Efetivada Por The Rose

Traduções

Disponibilizado: Juuh Allves


Tradução: Juuh Allves
Revisão Inicial: Hope
Revisão Final: Déia, Niquevenen
Formatação: Niquevenen
“Pessoas te amarão. Pessoas te odiarão. E
nenhuma dessas terá alguma coisa a ver com
você.”

Abraham Hicks
Quando encontrei o meu noivo me enganando,
Eu fiz algo estúpido.

Ou deveria dizer, alguém?

Devido a esse engano, agora estou presa em um


mundo a que não pertenço.

Sou uma estudante de direito. Eles são criminosos.


Ele é o vice-presidente de um MC.
Eu sou uma garota boa com estrita educação.

Ele é o irmão de meu ex-noivo.


E eu estou ferrada.
Fico vendo o edifício do velho motel com apreensão,
assimilando seus tijolos exteriores cafés e janelas sujas.

Não era o Hilton, isso é certo.

Sentir pena por mim mesma é um conceito estranho para


mim. Normalmente me considero uma mulher forte. Preciso ser uma,
com os pais que me deram e a carreira que tenho em memória para o
futuro. Tenho uma vontade e não tenho medo de abrir minha boca e
dizer o que está em minha mente. Não tenho papas na língua nem me
retraio. Encontro humor nas situações incômodas e tento fazer o
melhor para minha vida.

Acredito que sempre há uma primeira vez para tudo, porque


aqui estou, com o rabo entre as pernas, me sentindo mais do que
machucada por mim mesma.

Pensei que sessenta dólares poderiam pagar um melhor


quarto de motel que isto, mas estava equivocada. Está acostumado a
acontecer.

No registro da recepção, pago por uma noite de estadia e tento


não ficar vendo a moldura na parede. A garota de aparência aborrecida
no mostrador me dá minha chave. Em seguida me dirijo para meu
quarto, levando uma bolsa comigo. Dentro está meu equipamento de
higiene pessoal, roupa e algumas coisas valiosas; incluindo meu
bracelete, passaporte e comida.

Destravando a porta, entro e reviso o quarto. Um pequeno


banheiro, uma poltrona, cama, refrigerador, e uma televisão. Poderia ter
sido pior. Não sei como... mas poderia ter sido. Ponho minha bolsa na
poltrona e tiro minhas sandálias colocando-as no canto, saco um dos
contêineres de plástico e abro a tampa.

Mastigo as frutas cortadas enquanto penso na minha vida.


Tenho cinco mil dólares economizados, um ventre crescendo, e sem
nenhuma pista do que diabos vou fazer. Uma coisa que sei por certo é
que tenho que continuar me movendo. Duas noites aqui, e logo seguirei
dirigindo. Quero me afastar tão longe quanto é possível de minha antiga
vida, essa merda não precisa me acontecer.

Tomo uma longa ducha, tomo meu tempo esfregando meu


creme hidratante em minha pele. Tenho uma loção de flor de cerejeira
que uso cada noite sem falta, e esta noite não é uma exceção. Escovo
meus dentes, penteio meu cabelo castanho ondulado, e subo à cama.
Desejando ter comprado minhas próprias sandálias, ignoro o aroma de
umidade e caio adormecida.

Esta é minha vida agora.

Uma noite passa e imediatamente estou de volta à estrada, me


dirigindo o mais longe para o norte. Rapidamente exausta, registro-me
em outro motel e tudo, mas caio na cama. Passando o seguinte dia
procurando um trabalho; indo em qualquer lugar e em todas partes.
Não sou exigente, faria quase qualquer coisa neste momento. Bom, não
tudo, mas não me oponho a trabalhar em uma loja ou limpar casas.
Algo que faça um pouco de dinheiro é o suficientemente bom para mim.
Um golpe silencioso na porta me faz gemer. Obrigo-me a me levantar,
esperando o serviço de limpeza. Abro a porta um pouco, só o suficiente
para ver quem está ali, através da corrente de segurança.

Minha mandíbula cai aberta e o pânico se assenta em mim.


Definitivamente não é o serviço de limpeza.
— Abra-a ou eu farei — manda ele, com os olhos em chamas.
Considero minhas opções por uns poucos segundos antes de deslizar a
corrente de segurança, abrindo-a. Ele poderia romper a porta se
quisesse. Abro e dou uns passos atrás enquanto ele entra.

Olhos azuis de cristal se entrecerram em mim. Um músculo


marca em sua mandíbula enquanto seu olhar me analisa, como se
estivesse assegurando-se de que estou bem. Ele está vestindo jeans
rasgados e uma camisa de manga negra que acentuam sua estrutura
muscular.

— Passando pela vizinhança? — pergunto, esperança


enchendo minha voz.

— Que merda, Faye? — diz em tom áspero, agarrando o marco


da porta.

Dou outro passo atrás. Não sei o que ele é capaz de fazer justo
agora. O velho Dex preferiria cortar um braço antes de me fazer mal,
mas realmente o conheço agora? E não sei como diabos me encontrou.

Sei? Claro que sei. Nada escapa a Dexter Black.

Golpeia a porta atrás dele, o ruído me faz estremecer.

— Empacote sua merda — Exige, olhos procurando no


decrépito quarto do motel, o qual agora parece grandemente menor com
sua presença descomunal. Não fica contente com o que vê. De fato, seu
cenho se aprofunda. Cruza seus braços sobre seu amplo peito e me olha
fixamente, esperando que eu me mova.

— Não irei para lugar algum. — digo, pondo minhas mãos


em meus quadris e olhando para ele. Ele não é meu chefe. Sim, é um
rude e sexy homem com quem tive uma noite quente de sexo
apaixonado, mas isso não quer dizer que pode me dizer o que fazer.
Poderia ter gostado dele mandão na cama, mas isto aqui é uma história
diferente.
Ele toma uma respiração profunda, como acalmando a si
mesmo.

— Estive procurando por você por dois dias. Estou tentando


não perder meu fodido temperamento aqui, Faye, mas está me
pressionando. Não acredito ter sido tão paciente em minha fodida vida.

Isto é ser paciente?

— Não irei a lugar nenhum. — Repeti, levantando meu queixo.


Olhamo-nos fixamente um para o outro, a tensão se construindo. De
fato, posso sentir o momento antes do encaixe. Seus punhos se
apertam, e a tensão de sua mandíbula fica quase dolorosa. Dou um
passo atrás, dentro do marco da porta aberta do banheiro enquanto ele
enlouquece.

Ele toma a televisão e a lança contra a parede. O som dela


explodindo me faz saltar, mas ele não para por aí. Ele golpeia a parede
com o punho várias vezes, e logo desliza os poucos copos da mesa em
um movimento suave.

Mais coisas quebrando.

Volta e aponta seu dedo para mim. Trago saliva.

Meus olhos se abrem amplamente enquanto ele pega minha


bolsa e começa a empacotar tudo o que é meu que vê pela frente.
Caminho para ele e tento tirar dele, um olhar mortal me faz retirar
minha mão.

— Terminou a pirraça? — Pergunto, tentando manter minha


voz firme. Ele olha meus pés descalços, a seguir para todos os cristais
espalhados pelo chão atapetado.

— Não se mova.

Faço o que me diz enquanto me traz um par de sapatos.


Coloco-os e depois o encaro.
Por que quer que eu vá com ele? O que de bom pode vir com
isto? O que é que tenho que fazer para seguir com minha vida e me
estabelecer em um lugar tranquilo e seguro? Algum lugar sem um
super sexy motociclista e seu desprezível e traiçoeiro irmão. Em algum
lugar onde meus pais estejam perto, e eu possa ser eu mesma.

— Só quero estar sozinha, Dex — Digo, lágrimas formando-se


em meus olhos. Cansada, tão fodidamente cansada. Minha vida não
está destinada a ser assim, e odeio o fato que esteja sendo tão
vulnerável.

Odeio.

Não sou assim tão fraca... não normalmente.

E ele é a última pessoa que quero que me veja assim. Ele é


forte. Nada o toca. Não tenho nem ideia de como poderia encará-lo se
quebrasse agora, o que é algo que estou perto de fazer.

— Não pense que correndo vai solucionar seus problemas.


Que mentindo vai solucionar seus problemas. Tem sorte que meu irmão
cheio de merda mencionou que você tinha ido e que estava grávida, ou
nem sequer saberia que eu ia ter um fodido filho! — Grita, perdendo
sua compostura.

Falando de me chutar quando estou caída...

— Realmente não necessito de sua merda justo agora. —


Murmuro, olhando para o chão, me sentindo como a pior pessoa no
mundo. Porque ele tem razão, provavelmente não teria dito. Não posso
dizer que teria feito.

— Teria ido, não é? Sua vida inteira sem me dizer — Diz com
incredulidade. — Não acredita que eu merecia saber sobre isso por
você?

Penso em mentir, mas ao final não faço. Mereço seu


julgamento sobre isto.
— Realmente acredita que poderia dar a essa criança uma boa
vida?

Foi um engano dizer isso, mas precisava dizê-lo porque era


minha razão para ir sem dizer uma palavra. Ele me oculta sua
expressão, seus olhos ficam frios e duros.

— Suponho que vai descobrir agora, não é verdade?

— Como sabe, inclusive, que essa criança é sua? — Pergunto,


levantando meu queixo. Por que estou me jogando ao tigre? Não tenho
nem ideia.

— Porque a camisinha rompeu naquela noite, você não teve


sexo com o Eric há um tempo — Diz ele, olhando direto para mim. —
Ou com qualquer outro.

— Rompeu a camisinha? — Olho para ele de boca aberta,


meus olhos ardem. Bom, isso explica as coisas, não?

Quem é ele? O policial do sexo?

Ele me olha debaixo de suas pestanas, mas ignora meu


comentário.

— Pega suas merdas Faye, tem cinco minutos ou iremos sem


isto — diz ele. Sentando-se na cama. Aperto meus dentes, mas faço o
que ele diz, pegando meus poucos pertences e empacotando de volta em
minha bolsa com facilidade.

— Estou pronta. — Digo, evitando o contato visual. Ele me


tira a bolsa e a pendura em seu ombro, em seguida mantém a porta
aberta. Saio e espero que me leve ao seu carro. Ele caminha para o
estacionamento, e o sigo poucos passos atrás.

— O que sobre meu carro? Tenho algumas de minhas coisas


nele — pergunto-lhe.
— Rake o levará para casa — diz enquanto abre a porta de
uma condução negra de quatro rodas. Ele agarra meus quadris e me
levanta sobre o assento. Meu fôlego se entope pelo contato, e
lembranças de nossa noite juntos entram em minha mente.

Ele apoiado em cima de mim, enquanto ele se movia dentro de


mim, o suor jorrando por seu corpo.

Eu de quatro diante dele, seus dedos cravando-se em meus


quadris enquanto me investia.

— Faye, — diz, me tirando da lembrança.

— Huh?

— No que pensava? — pergunta, sua voz retumbando baixo.

— Oh, nada — murmuro, a vergonha colore minhas


bochechas.

— Fique tranquila que Rake se encarregará de seu carro,


assim não se preocupe com isso.

— Rake? — pergunto, franzindo minhas sobrancelhas com


confusão. Observo enquanto Dex levanta sua cabeça para o lado do
edifício. Sigo sua linha de visão e vejo um homem apoiado na parede,
fumando um charuto. Ele caminha e para perto de Dex.

— É disto que se trata esse alvoroço? — Diz o homem


chamado Rake, me encarando e não sendo sutil sobre isso. — Sou Rake
— diz ele, sorrindo. Ele é um homem bonito. Cabelo loiro, encaracolado
ao redor de seu rosto, olhos verdes, e um sorriso tira calcinhas. Tem um
aro nos lábios e um aro na sobrancelha... Ambos calçam perfeitamente.

— Faye, — digo, lhe dando um pequeno sorriso.

— Tenho que conduzir seu carro para casa — diz ele. — Deve-
me isso, Faye. — Outro sorriso e depois vai embora.
Dex dá um olhar ao Rake que não posso decifrar, em seguida
ele se volta para mim.

— Você está bem? — pergunta, observando meu rosto. Sua


expressão se suaviza enquanto me observa.

— Sim. Obrigada por perguntar, — digo, limpando minha


garganta. Ele grunhe em resposta, fechando a porta e dirigindo-se ao
outro lado. Quando saímos do estacionamento, volta-se para mim.

— Sabe, pensei que fosse uma das boas. Nunca pensei que
pudesse fazer algo como isso, tentar me manter ignorante sobre meu
próprio filho.

Com essas últimas palavras, a qual sinto muito dentro de


meus ossos, ele me leva de retorno a Perth.

De volta para casa.

De volta de onde estava tentando escapar. De volta aonde meu


filho não terá futuro.
CINCO MESES ANTES.

— Outra grande distinção. Bem feito Faye — diz meu


professor, sorrindo para mim.

— Obrigada, senhor.

— Está na lista para os simulados de julgamento na próxima


semana? — pergunta, referindo-se ao simulado de um caso em
julgamento no que participamos como parte desta unidade.

— Estou. Não posso esperar para entrar na sala do tribunal —


digo. Ele sorri.

— Vai ser uma grande advogada, Faye.

— Obrigada senhor. Irei vê-lo na próxima semana.

Sorrio para meus pensamentos enquanto deixo a


universidade para conduzir à casa de meu noivo Eric. Estou na metade
de caminho através de meu diploma de direito, com apenas dois anos
restantes. Eric está igual. Estivemos juntos desde que estávamos no
nono grau, para grande consternação de minha mãe. Meus pais são
grandes em prestar atenção no que outros pensam, e sou uma
constante fonte de vergonha para eles. O que eles não sabem é que sou
uma das boas. Não fumo, não bebo, e nunca usei drogas em minha
vida. Sou estudiosa e me preocupo com meu futuro. Eric é ambicioso,
também, que é o que eu gosto nele. Depois de nos graduar, vamos
começar nosso próprio escritório de advogados, nos casar, e comprar
uma casa. Temos um plano, e vamos mantê-lo. Entro em seu caminho
de entrada e reviso minha maquiagem no espelho retrovisor. Grandes
olhos cor avelã olham de volta para mim, contornados em lápis negro.
Meu nariz é reto e salpicado de sardas, meus lábios carnudos e
pintados com brilho rosado. Satisfeita com minha aparência, deslizo-me
fora do carro e caminho a sua porta principal. A porta principal está
desbloqueada, o que não é estranho na casa do Eric, assim não penso
em nada disto. Sua mãe é social e sempre está tendo seus amigos em
casa. Caminho pelo corredor, verificando minhas mensagens telefônicas
enquanto faço meu caminho para seu quarto. Meus olhos ainda estão
em meu telefone quando entro, levantando a vista, só paro quando ouço
um ruído.

Esse é o momento em que minha vida mudou para sempre.

Fiquei em choque com a boca aberta enquanto um Eric nu


empurra em uma mulher por atrás. Ambos estão de costas para mim,
gozando no mesmo momento em que estou achando difícil respirar.

Meu mundo paralisa.

Sou uma boa garota. Nunca enganei, nunca sustentei a mão


de outro homem. Não sou perfeita de qualquer maneira, mas sei, eu sei,
que não mereço esta merda.

Abro a boca, e logo a fecho. O choque anula meu sistema.


Nenhuma vez suspeitei algo assim dele. Nunca.

A ira logo substitui minha surpresa.

— Você é um maldito bastardo! — grito, dando dois passos


para trás, minhas mãos sobre meu rosto. Eric se detém, em seguida se
separa da mulher, voltando para mim com os olhos muito abertos.
Começa a mover sua cabeça, como se ele não pudesse acreditar que isto
esteja acontecendo.

Não posso acreditar nesta merda.

— Faye... — diz, levando seus braços para fora. Comigo? Tem


que estar brincando. A mulher roda sobre suas costas e se senta,
puxando o lençol para cima. Ofego quando consigo olhar para seu
rosto. Trisha. Uma amiga minha. De fato, uma de minhas únicas
amigas, ao menos isso é o que eu tinha pensado.
Ela rompe o contato visual, como se estivesse
envergonhada. E ela deveria estar. Encolho-me, dando um último olhar
ao homem com quem eu pensei que gostaria de passar minha vida.

— Vocês merecem um ao outro — Digo, girando e correndo


para fora da casa. Posso ouvir o Eric gritar meu nome, o desespero em
sua voz, mas não podia me importar menos.

Ele está morto para mim.

O que faz uma garota quando encontra o seu noivo


enganando-a? Bom, depois que chora até adoecer durante dois dias,
obriga a si mesmo a tirar sua bunda da cama. Fixa um sorriso em sua
cara e recorda a si mesma que as pessoas se separam e as relações
terminam todos os dias. A vida não terminou. A mudança é boa. Eric
não me merece, e as coisas acontecem por uma razão. Então, ela se
veste, prestando especial atenção a sua aparência, e sai.

Isto é exatamente o que fiz.

Não necessito de Eric. Que se foda. O que preciso é um pouco


de diversão.

Há um bar que vi, mas nunca entrei. Chama-se O Bar do


Knox. Saio do meu carro, alisando meu vestido, e começo a me sentir
um pouco nervosa. Vou entrar em um bar. Por mim mesma.

De novo, por que estou aqui? Ah claro, meu noivo é um


mentiroso, bastardo infiel. O lugar está cheio. Meus olhos varrem a
pequena pista de dança antes de aterrissar no bar. Deixo-me cair em
um tamborete, sorrindo aos homens que estão sentados perto de mim.
O lugar está cheio de homens e mulheres atraentes. Então um bom
lugar de recolhimento. Há gêmeos loiros servindo no bar, musculosos e
muito bonitos.

Fico olhando-os por todo o tempo que posso até que alguém se
dá conta, então viro, ruborizando.
Quem é Eric?

— O que posso servir a você? — pergunta-me o gêmeo sem a


cicatriz em seu rosto.

— Umm... — murmuro. — Um daiquiri de morango, por favor.

Essa é a única bebida da que posso recordar o nome. Provei-a


uma vez no décimo oitavo aniversário de um amigo. Deus, estou tão
aborrecida. E previsível.

A próxima vez devo pedir uma dose de tequila.

O garçom sorri calidamente para mim, depois se volta para


fazer minha bebida. Luto contra o impulso de abanar a mim mesma.
Pago-lhe por minha bebida e tomo lentamente, desfrutando em observar
às pessoas. Quando vejo o que outras mulheres estão usando, começo a
sentir mais confiança em meu traje negro e sapatos. Não estou
mostrando muita pele absolutamente. O triste é que para sair de casa
tive que vestir uma jaqueta sobre o traje, ou meus pais teriam se
queixado. Deixei a jaqueta em meu carro. Sento aqui durante uma
hora, desistindo dos poucos convites de bebida que consigo, mas me
sentindo adulada por todos por igual. Quando todo mundo começa a
ficar muito bêbado, e começa uma briga entre um casal de
motociclistas, vejo que é hora de voltar para casa. Pergunto-me por que
me sinto um pouco decepcionada. Queria escolher alguém esta noite?
Fazer algo espontâneo por uma vez?

Enquanto caminho para meu carro, vejo um homem de pé


junto a uma magnífica Harley negra. Usa jeans escuros, sobre seus
quadris, uma camiseta negra e uma jaqueta de couro maltratada.

Sei exatamente quem é.

Nunca esquecerei aqueles penetrantes olhos azuis e o grosso


cabelo escuro. Não o vi em cinco anos. Os anos foram muito bons com
ele. De fato, parece ter conseguido ser ainda mais sexy com a idade.
Dex.

Tive uma queda por Dex por tanto tempo quanto posso
recordar. Uma paixão boba de infância. Ele era o menino mau local,
mas para mim era sempre doce e paciente.

Ele assente com a cabeça para mim, um movimento


imperceptivelmente leve. Começa a caminhar para mim, me olhando
dos pés à cabeça. Quando sorri e estende a mão para mim sem dizer
uma palavra, não penso. A tomo. Ele puxa-me para seu corpo para me
dar um abraço. Ponho minha bochecha contra o frio couro de sua
jaqueta e sorrio.

— Quanto tempo sem te ver — digo, rompendo o silêncio.


Aspiro profundamente seu aroma. Algo que nunca vou admitir a outra
pessoa.

— Olhe para você, toda adulta — diz em uma baixa voz rouca
que me dá calafrios. Meu corpo está para o lado curvilíneo. Tenho
peitos, mas bem pequenos e uma cintura fina, mas os quadris e as
coxas são sólidas e cheias. E um enorme traseiro. A forma em que está
me olhando me diz que gosta do que vê.

Um inferno bastante.

E isso me faz sentir bem. Confiante.

— Poderia dizer o mesmo — respondo sem fôlego, com


audácia dando uma boa olhada. Isso é um pacote de oito aí debaixo?
Deixei que minhas mãos vagassem por cima de seu estômago, tentando
sentir o que há debaixo.

Ele ri. — Igual ao que você vê, não é? — Dou um passo longe
dele, mordiscando meu lábio inferior.

Sempre gostei do que vi com ele. — Estou surpresa que você


me reconheceu.
Ele roça seus dentes sobre seu lábio inferior. — Foi o cabelo,
denuncia.

Engulo a saliva. — Oh.

Muito articulada Faye.

— Quem está aqui com você? — pergunta, olhando


rapidamente ao bar. — Não tem importância.

— Ninguém — respondo, encolhendo meus ombros um pouco


timidamente.

Ele me dá uma lenta extensão de um sorriso diabólico. —


Bom. Quer sair daqui?

Meus olhos se acendem. — Você acabou de chegar.

— Sim, mas agora encontrei o que estava procurando — diz,


apertando minha mão brandamente.

Quero ir com ele? Com a forma em que ele está me olhando,


sei o que ele quer.

Meu olhar abaixa para os seus lábios. Eu realmente gostaria


de dar uma provada neles. Foda-se as consequências. Já não devo nada
ao Eric. Sou uma mulher solteira. E me encontro desejando-o, muito.

Não lamente nada que te faça feliz.

— Ok — respondo-lhe em uma respiração instável.

— Tem certeza? — pergunta, esfregando sua mão por meu


braço. — Porque quero você fodidamente ruim neste momento.

Estremeço tanto por seu tom de voz rouca como por sua
admissão. — Confia em mim, tenho certeza. — digo com mais confiança
em meu tom. O sentimento é mútuo.
Ele inclina-se e me beija, me agarrando com a guarda baixa.
No primeiro sabor de seus lábios, um gemido me escapa. Ele afasta-se
antes que eu queira que o faça.

— Suba, baby. — exige.

— Nunca subi em uma moto antes — admito.

Seu sorriso de resposta faz que meu pulso corra. — Você ai


ficar bem, simplesmente se segure em mim.

Observo enquanto tira sua jaqueta de couro. — Aqui — diz,


pondo-a sobre meus ombros. — Se não vai congelar.

Deslizo meus braços nas mangas e subo o zíper. Ele observa-


me em sua jaqueta, um olhar quase possessivo piscando em seus olhos.
Acabo de imaginar isso? É provavelmente meu pensamento desejoso.

Depois de pôr a jaqueta, subo na parte traseira de sua moto,


envolvendo meus braços ao redor de seu estômago. Posso sentir seus
abdominais duros esticando, dura rocha abdominal agora sob sua fina
camiseta. Definitivamente um pacote de oito. Estou no céu dos
abdominais!

Conduzimos por cerca de meia hora, finalmente nos detendo


em um hotel. Passar todo esse tempo pressionada contra ele me deixou
dolorida... e com vontades. Nenhuma só vez em minha vida acreditei
que teria uma oportunidade com o Dex. Encerrei-o em minhas fantasias
de "nunca vai acontecer", mas aí estava eu. E ia tirar o máximo proveito
disto.

Enquanto caminhamos dentro, dou-me conta de algo.

— Meu carro...

Acabo de deixá-lo lá, completamente cativada pelo Dex. Nem


sequer pensei.
— Eu me encarrego disso — diz, em uma baixa voz rouca. —
Só me dê às chaves.

— Está bem — respondo, minha voz quebrando um pouco. Ele


nos registra em um quarto e me leva pela mão até chegar à porta. Abre-
a com um golpe de um cartão, e depois faz gestos para que eu entre.
Caminho dentro e olho para o quarto. É espaçoso, com uma cama
grande, sofá e uma TV. É um quarto muito bonito, não uma espelunca.
Eu saberia, já que minha mãe só fica no melhor do melhor cada vez que
vamos de férias em família.

— Vêm aqui — diz, sentando-se na cama e tirando fora sua


camiseta. Faço como me indica, vou sentar ao seu lado.

— Está certa que quer isto? — pergunta, passando seu


dedo ao longo de minha mandíbula. Arrepios aparecem em minha pele
só com esse toque.

— Estou certo — digo, me movendo sobre a cama. Ele


assente com a cabeça uma vez, um olhar pensativo em seu atraente
rosto, em seguida golpeia com as mãos em seu colo. Antes de saber o
que estou fazendo, sento em seu colo, escarranchada sobre ele. Quando
me beija, não o detenho. Ele se sente muito bem, cheira muito bem, e
quero esquecer.

Mais que isso, quero uma provada deste homem.

Colocamo-nos de pé, e ele tira minha roupa lentamente,


tomando seu tempo.

— Seu corpo é fodidamente incrível, sabia? — sussurra


enquanto me olha fixamente, completamente nua.

— Fico feliz que goste — respondo com um sorriso.

A forma que ele está me olhando agora... não acredito que


alguma vez tenha me sentido tão bonita em minha vida.
Meus olhos seguem suas mãos enquanto fica nu. Seu corpo é
impressionante, todos os ângulos duros e ondulados. Minha boca se
enche de água.

Nu, ele se vira e se inclina para tirar uma camisinha de sua


carteira. O rosto do dragão tatuado em suas costas está olhando
diretamente para mim, seu corpo enrolado firmemente atrás dele. É
lindo, intrincado, e mortal.

Justo como o homem de pé na minha frente.

Ele enfrenta-me mais uma vez, rasgando o envoltório da


camisinha aberta com um brilho de seus dentes brancos, e deslizando-o
sobre seu pênis. É enorme. Só estive com Eric, mas me dou conta de
que Dex é muito maior em largura e longitude. Ele pisca-me um sorriso
quando me vê olhando-o. Estou muito acesa para me importar que me
pegue comendo-o com os olhos, lambi meus lábios em seu lugar. Seus
olhos obscurecem. Inclinando-se sobre mim, empurra-me brandamente
sobre a cama. Beijou meus lábios sem preâmbulos, sua língua
explorando minha boca. Ele sabia o que estava fazendo, exatamente
como me acender. Gemi em sua boca enquanto seu dedo desliza dentro
de mim. Ele fez um som profundo em sua garganta, um grunhido. Eu
estava mais que preparada para ele enquanto deslizava em mim com
um impulso suave. Sua paciência claramente terminada, colocou
profundamente, uma maldição deixou seus lábios. Seu corpo me
mostrou o muito que estive perdendo, seus hábeis movimentos me
deram mais agrado do que nunca. Gozei uma vez, duas vezes, antes que
ele terminasse. Ele beijou-me na testa uma vez antes de retirar-se. Eu
sento e franzo o cenho quando me dou conta da expressão em seu
rosto. Ele parecia zangado.

— O que está acontecendo? — pergunto, minha voz rouca e


insegura.

Ele limpa a garganta. — Nada. — então fica de pé e se dirige


fora do quarto. Visto-me rapidamente, me perguntando que diabos
acabo de fazer. Nunca tinha feito algo assim em minha vida. Tinha que
chegar em casa... neste momento. Dex volta a entrar no quarto,
preservativo novo, e deita de novo na cama com os braços estirados
atrás da cabeça. Sem nenhuma preocupação no mundo.

Agacho-me para pegar minha roupa.

— O que você está fazendo? — pergunta, me olhando


divertido.

— Me vestindo.

Ele senta e me puxa de volta para a cama.

— Não terminei com você ainda, baby. — Sua boca encontra a


minha, e eu perco todo pensamento racional.

— Levarei você para casa. Meu amigo Tracker trará seu carro
— diz na manhã seguinte, sem me olhar.

— Está bem — falei, torpemente esperando enquanto ele se


vestia. Joguei com a prega de meu top, olhando distraidamente ao redor
do quarto. Levantei-me antes dele e tomei uma ducha, à espera de sair.
Ele não estava incomodado absolutamente, mas eu sim. Ele estava,
obviamente, familiarizado com esta situação, enquanto que eu estava
fazendo oficialmente minha primeira caminhada da vergonha. Ontem à
noite tinha esta sensação desfocada. Imaginei uma conexão entre nós?
Ontem à noite não estava pensando. Supunha-se que deveria estar,
mas não senti assim. Não sei o que pensar. Dex está agindo como se
nada tivesse acontecido, assim acho que estou imaginando coisas. Só
tenho ao Eric para comparar. Talvez Eric e eu não tínhamos nenhuma
paixão. É isso o que era? Paixão? Não me arrependo de nada,
entretanto, nem sequer um pouco. O que aconteceu ontem à noite foi
algo que nunca esquecerei.
— Faye — diz, levanto meus olhos para ele.

— Sim?

— Está tudo bem? — perguntou, de pé diante de mim agora


completamente vestido. Obrigo-me a manter o contato visual.

— Sim, só que nunca tinha feito nada como isto antes —


admiti, olhando para outro lado com embaraço.

Ele levantou meu rosto com sua mão em meu queixo.

— O que quer dizer com nenhuma vez fez algo como isto
antes? — perguntou, inclinando a cabeça e me olhando confundido.

— Quero dizer, uma aventura de uma noite — disse,


encolhendo meus ombros.

— Espero que não esteja esperando um anel, ou alguma


merda? — disse ele me olhando divertido.

— Estúpido — estalei me pondo de pé e me encaminhando à


porta. Um anel? Provavelmente me daria um anel de hambúrguer.

Dex segue atrás de mim.

— Só estou brincando, não há necessidade de ficar com raiva.

Virei-me para olhá-lo. — Vejo que a idade não te deixou mais


engraçado.

Ele riu. — Oh por favor, eu estava acostumado a ter você


histérica.

Rio diante da lembrança. Muito bem, assim sempre tinha um


bom senso de humor.

— Quantos anos você tem agora? — ele perguntou, acendendo


um cigarro enquanto saíamos.

— Vinte.
— Porra, você é um bebê ainda — disse soprando a fumaça e
sacudindo a cabeça.

— O suficientemente adulta para foder com você — digo


secamente, examinando minhas unhas.

Dex ri, um profundo som musical. Ele sempre teve uma


grande gargalhada, o bastardo.

— Tem uma boca suja, baby.

— Sei — murmuro para meus pensamentos. Mais risadas.

— Ouça, ambos tivemos o que queríamos — disse apagando o


cigarro com seu sapato.

— Como assim? — perguntei, dando um passo mais perto de


sua moto.

— Conseguiu se vingar de meu irmão, não é isso o que


queria? Uma provada de seu próprio remédio?

Odeio que isso me ruborizou. Como ele sabe do Eric e de


mim? Entendi o que queria, mas não era vingança. Era só ele.

— E você o que conseguiu Dex? — perguntei, inclinando


minha cabeça para um lado. Sorri como uma loba.

— Consegui foder com uma fada.

Apuro os dentes. Quando era mais jovem, Dex estava


acostumado a me chamar de fada, porque esse é o significado de Faye.

Estava acostumado a me deixar louca.

Aparentemente, ainda o fazia.

— Suba — diz. — Vamos levar você para casa.


Dex me deu um beijo na testa antes de ir. Entrei em minha
casa, cheguei a um ponto morto quando vejo Eric sentado com minha
mãe tomando um café. Aí vai meu bom humor.

— O que está fazendo aqui? — exijo, caminhando para meu


quarto e dando as costas aos dois.

— Faye! Onde esteve? Não fale assim com seu noivo. Criei
você melhor — admoesta-me minha mãe. Ignorei-a como usualmente
fazia. Nada do que eu fazia era suficientemente bom para ela. Não era
quem ela queria que eu fosse, e aceitei isso faz muito tempo. Eric
entrou em meu quarto e fechou a porta atrás dele. Sentei em minha
cama e olhei para ele, com vontade de acabar com isso. Minha cara era
impassível, sem lhe dar nada. Não queria que tivesse alguma parte de
mim nunca mais, inclusive minha ira.

Ele não a merecia.

— Onde estava ontem à noite? — perguntou, apertando os


punhos e liberando-os. Quase ri de sua audácia. Como ele se atrevia a
perguntar onde eu estava? — Vim falar com você, e não estava em casa.

— O que te importa? Não sou assunto seu nunca mais Eric. —


respondi, fingindo aborrecimento. Inclusive olhei para baixo em minhas
cutículas para o efeito.

— Que merda Faye? — grunhiu, começando a caminhar nos


limites do meu quarto.

— Estava solteira no segundo que me enganou. Não devo


nada a você. Agora sai do meu quarto — digo a ele, minha voz como o
aço. Seu rosto ficou vermelho. Seu cabelo castanho, muito mais claro
que o do Dex, descansando sobre sua testa, ele empurrou longe com
um movimento de sua mão. Estava acostumada a achar esse
movimento encantador, agora só queria lhe dar um murro na cara.

— Aonde você foi? — perguntou-me franzindo o cenho.


— Quanto tempo você esteve me enganando? — Contra ataco,
usando um tom ligeiro.

Ele faz uma pausa.

— Só aconteceu, Faye. Sinto muito. Sabe que não é ela quem


eu quero, mas você esteve tão ocupada ultimamente com a
Universidade e tudo...

— Entendo — Disse, interrompendo-o. Ouvi falar disso antes.


Os homens tentando jogar a culpa na mulher, assim elas pensam que
foi sua culpa o que fez que o homem a enganasse. Em seguida ela toma
uma parte da culpa e lhe dá outra oportunidade, esperando que possam
resolver as coisas juntos.

— Você entende? — perguntou, olhando esperançado.

— Claro que sim. Você é um patético, idiota, bastardo infiel


que nem sequer pode assumir suas ações. Assim, em troca, tenta me
culpar de tudo — Respondi entrecerrando os olhos nele. Não sou uma
mulher perfeita. De fato, provavelmente nem sequer sei o que estou
falando tendo em conta que só tive uma relação. Mas o que sei é que
não vou permitir que um homem me engane ou me falte com respeito.
Claro, todo mundo comete enganos, e todos merecemos uma segunda
oportunidade, mas Eric nem sequer sente muito.

Ele simplesmente sentia que o pegaram. Há uma grande


diferença para mim.

— Faye...

— Controle suas próprias ações Eric. Você. Eu não. E suas


ações me dizem que você não me merece. Agora por favor, me deixe em
paz. — digo-lhe, sentindo cansaço, mal-estar, e doente de que a vida
esteve fodendo comigo.
— Então, o quê, foi um engano? Vai jogar seis anos fora? —
Disse, sua mandíbula cerrada. Seu rosto adquiriu um olhar apertado
que nunca vi antes.

— Sim! — Grito. — Agora fora! Vá incomodar a Trisha! Ela é


seu problema agora, não meu.

— Que merda — Ele estalou, fechando a porta atrás dele


quando se foi.

Finalmente paz e tranquilidade.

Afundo minha cara em meu travesseiro e choro.


Durante o mês seguinte, Eric tentou me ter de volta. Chamou-
me, apresentou-se em minha casa, e me deixou na universidade.

Mas não funcionou.

Depois disso, aceitou e começou a sair com outra garota. Para


ser completamente honesta, isso doeu, mas não havia maneira de que
fosse aceita-lo de volta. Senti-me confusa. Intranquila. Tínhamos nossa
vida planejada, e agora precisarei fazer um novo plano, um sem ele. A
ideia de Eric com outra mulher estava me matando, mas agora só sinto
pena por quem quer que ela seja; assim é como sei que tomei a decisão
correta na ruptura. Só espero que ele não engane a ela também, e que
ele tenha aprendido sua lição. Trisha e eu não falamos. Fingimos que
não conhecemos uma à outra, o que está perfeitamente bem comigo. Se
dissesse que lhe desejo o bem seria uma mentira completa. Espero que
ela consiga o que merece, só estou esperando que o destino se
encarregue disso por mim. Código de garotas. O que aconteceu com
isso?

— Ouça, Faye — diz Eric em voz alta, caminhando para mim.


E pensar que quase tinha chegado ao meu carro.

— Ouvindo — digo, abrindo a porta de meu carro e olhando-o


com nostalgia.

— Como você está? — Perguntou, apoiando-se contra a porta


de meu assento traseiro.

— Bem, — digo olhando-o brevemente. — O que foi?

— Ouvi algo sobre você...


— E?

— Ouvi que a viram com o Dex. — Diz, um músculo


marcando-se em sua mandíbula.

— E? — repeti.

— E? Que porra você está pensando? — Estalou, sacudindo a


cabeça para mim.

Eu ainda. — Bom, isto é um incômodo. Não tinha ideia de que


tivesse algo a dizer sobre quem vejo e não vejo. Oh, é claro! Não tem,
assim se meta em seus próprios assuntos Eric.

— Não é um bom cara — Advertiu-me, seus escuros olhos me


suplicando para que escute.

— E você é? — Perguntei, meus olhos resplandecendo.

Ele estremece ligeiramente, mas não recua. Ele ainda não


sabe que Dex e eu dormimos juntos, mas ele ainda estava louco por
isso. A pergunta era, por que?

— Qual é o grande problema? — perguntei com curiosidade,


tentando agir informal — É só Dex.

Eric rola os olhos, não é um bom aspecto para um homem.

— Ele é um maldito criminoso, Faye. Ele é perigoso.

Agora foi minha vez de rolar os olhos.

— Ele é seu irmão. Nunca fez nada para nos fazer mal.

Eric aperta os dentes. Sorrio. — Está com ciúme dele, não é?


— cogitei.

Seus olhos se estreitam. — Ouviu falar dos Wind Dragons?


— É obvio que sim, quem não ouviu?

Os Wind Dragons MC eram um famoso clube de


motociclistas. Não tinha ouvido nada bom a respeito de seus membros,
que pelo visto usam drogas e têm relações sexuais para ganhar a vida.
Eles vivem sua vida de certa maneira e não se arrependem disso. Nunca
realmente tive contato com um membro, por isso não sei a verdade de
tudo, só o que ouvi de outras pessoas de passagem.

Eric tem um olhar cheio de si em seu rosto. Eu não gosto. —


Dex é o vice-presidente.

Congelei.

—Mentira.

Então recordo a tatuagem em suas costas. O dragão mortal.

Podia ver o Dex em uma MC. Ele tinha aquele ar de predador


a seu redor. Ele é sangue quente.

De fato, se não o conhecesse, provavelmente me afastaria dele


por completo. É o menino mau em essência. Mas também é meu Dex, o
menino com quem eu cresci.

— Por que você não mencionou nenhuma vez isso antes? —


perguntei, olhando-o com receio. Algo cruzou seu rosto. Algo que eu não
gosto. Ele não está me dizendo algo.

— Nunca pensei que você seria tão estúpida para se colocar


com ele e seu estúpido grupo de amigos — Disse — Só sei que se sua
mãe souber disso vai te matar.

Essa é a completa verdade. Minha mãe é de mente estreita e


crítica a respeito de qualquer pessoa que não tem um título
universitário. Meu pai estava sempre de acordo com o que ela dizia e
não tinha opinião própria. Nunca me casarei com um homem idiota
como meu pai.
— Sei que ele estava saindo com essa garota. Qual é seu
nome? — Continua, alheio a meu diálogo interior.

— Quem sabe. — respondo, simplesmente preocupada de que


ele estava saindo com alguém, e não está.

— Você não quer saber quem é sua concorrente? —


Perguntou, elevando uma sobrancelha.

— Não, o que quero é que esta conversa acabe.

— Sabe o que, depois de uma noite com ele terminar. Não


venha chorando para mim quando terminar com o coração quebrado. —
Disse com escárnio, afastando-se de mim.

— Bom, sobrevivi uma vez, estou segura que vou sobreviver de


novo — Respondi-lhe, incapaz de evitar a picada em meu tom.

— Cometi um erro — respondeu, suspirando com pesar.

— Espero que ela tenha valido a pena. — Encontrei-me


dizendo. Por que continuar falando disso? Não há comentários
sarcásticos ou palavras de pesar e dor que vão mudar nada. O fato está
feito. Não se pode reverter. Tudo o que posso fazer é seguir adiante e
deixar que o tempo cure a dor.

— Não valeu — admitiu, olhando para baixo em suas mãos.

Olhei para baixo.

— Tenho que ir, ok?

— Só se lembre do que eu disse sobre ele.

— Bem, advertência anotada. — Digo, deslizando em meu


carro. Eric se foi, e eu conduzo minha bunda para casa.
Cinco semanas mais tarde

O Dr. Reeves entrou, sentou-se em sua cadeira. Ele era um


bom homem, de uns cinquenta anos e foi meu médico durante uns
anos. Estava bastante segura de que ele mantinha seu pote de pirulitos
abastecido só para quando eu tivesse uma consulta.

— Preciso de medicamentos, doutor — Eu digo. — E muitos


deles.

Ele não ri de minhas palhaçadas como usualmente faz.

— Está grávida, Faye.

— Pisquei lentamente. — Não acredito.

Agora ele lutava contra um sorriso.

— Esta teste diz que está definitivamente grávida.

Olhei ao redor do consultório, esperando que alguém salte e


me diga que isto é uma brincadeira.

— Não entendo.

Seus lábios tremem.

— Quando foi a última vez que teve sexo? E quando foi sua
última menstruação?

— Nunca tive relações sexuais sem camisinha. — Deixei


escapar, retorcendo minhas mãos.

— Faye...

— Suponho que, faz umas seis semanas.

Com um criminoso.
— As camisinhas não são cem por cento seguras, sabe. —
recordou-me tranquilamente. Minha mente piscou a um determinado
episódio do Friends, e de repente me sinto como se tivesse gritando que
isso deveria estar na parte exterior da caixa.

— Você lembra o que aconteceu quando fui tomar pílula —


digo. Tentei durante um mês, e não deu certo comigo. Subi de peso e
me sentia como uma merda. O Dr. Reeves disse que podíamos tentar
com outra, mas eu disse que usaria preservativo. Eric e eu sempre
usávamos, apesar de que ele tentou convencer sua saída disso um par
de vezes com a infame linha "Prometo que o tirarei".

Sim... não há chance no inferno.

— Não estava criticando você, Faye, mas você está grávida —


disse amavelmente, tirando alguns folhetos de sua gaveta.

— Entendo. — Disse, olhando ao espaço vazio.

E eu vi.

Eu vi minha carreira e meus planos de vida estatelando-se.


Evaporando-se. Desvanecendo-se. Desaparecendo diante de meus
olhos.

— Você tem opções, — diz ele, deslizando os folhetos para


mim. Mas não tinha. Não tinha opções, e minha vida terminou. Meus
pais vão me expulsar, minha educação vai tomar um assento traseiro às
mudanças de fraldas, e o pai do bebê é um motociclista fora da lei. Este
menino não tem nenhuma oportunidade. Sou a favor, mas nunca
poderia ter um aborto. Só não sou eu. Coloquei-me de pé, o som da
cadeira arranhando no chão enchendo a silenciosa sala.

— Vou ficar com ele — anuncio. Todo mundo que se dane.

O médico tem uma conversa comigo, me dá um livro para ler


sobre isso, e me diz para tomar um pouco de ácido fólico e outras
coisas. Saio do consultório médico atordoada.
Um plano começa a se formar em minha cabeça. Em primeiro
lugar, tenho que economizar dinheiro. Então meu bebê e eu estaremos
fora daqui.

Eu estou grávida de quatro meses quando começou a


aparecer. E aí é quando tudo vai para o inferno. Meus pais descobriram
e me mandaram embora. Não houve segunda chance. Nenhuma
discussão. Minha mãe só me diz que fosse até o final do dia. Meu pai
ficou triste, mas não se atreveu a ir contra os desejos de minha mãe.
Eles nunca deveriam ter tido um filho. Vou me assegurar de que serei
muito melhor mãe do que ela foi. Sempre soube que iriam me tirar de
suas vidas no momento que soubessem. Empacotei meus pertences,
pronta para sair. Por sorte estive economizando cada centavo durante
os últimos meses, me preparando para este momento. Inclusive troquei
por dinheiro minhas jóias e vendi tudo o que pude, inclusive meu PS4.
Não precisava de todas essas coisas. O que precisava era de um plano
para o futuro.

Assim que eu atiro a última bolsa em meu carro, Eric para


com seu carro detestável. Não quero ver ninguém neste momento.
Talvez até fosse a última pessoa sobre a face desta terra, mas assim é
minha vida.

— Aonde vai? — pergunta quando ele salta até mim.


Franzindo o cenho quando vê todas minhas coisas na parte de atrás de
meu carro.

— Tirando umas férias — digo em um tom que o fez saber que


não estava de humor para sua merda.

Ele agarrou meu braço. — O que diabos está acontecendo?

Perdi a paciência. Meses de me esconder, salientando, e


chorando tudo sai para fora de mim.
— Estou grávida, e não tenho aonde ir, então eu vou embora
da cidade. Agora saia do meu caminho!

Ele estava ali, congelado, sua boca aberta em choque.

— Você ia sair da cidade sem me dizer nada a respeito de meu


bebê?

Não pude evitar. Eu rio. Era uma risada nervosa mais que
qualquer outra coisa. Soei provavelmente psicótica.

Eric e eu não tínhamos tido sexo em um mês quando dormi


com o Dex. Não havia nenhuma maneira que o bebê fosse dele.

— O bebê não é seu Eric, não se preocupe com isso — Digo,


me afastando de seu agarre.

— Que merda? — Ele rosna, com o rosto vermelho de ira. —


Com quem você dormiu?

Típico de homem. Era óbvio que isso seria tudo o que


importaria para ele.

— Muitos para contar, — respondi, abrindo a porta. Parei e


me virei para ele.

— Suponho que verei você por aí.

Ou não.

— Você não tem que ir — Ele diz, ainda me olhando confuso e


ferido. A dor que irradia dele me machuca também.

— Não há mais nada para mim aqui, Eric — Digo


brandamente, deixando que visse em meus olhos a verdade.

Terminamos. Agora não há como voltar atrás.

— Faye... — Ele sussurrou, sua voz quebrando. Ele vê isso.


Ele sabe. É um fato. Terminei com isso.
Sorrio tristemente para ele.

— Suponho que simplesmente não estava destinado a ser.

Ele passa a mão pelo cabelo. — Podemos dizer que é meu.

Meus olhos se abriram em surpresa. Não vi isto vindo. De


fato, considerei-o por um momento, mas em seguida o vejo com outra
mulher.

Seria tudo fingido.

Falso.

E não quero viver uma mentira.

— Eric, obrigada pela oferta, mas isso não vai funcionar. Se


cuide.

Entrei em meu carro e dei o arranque no motor, seus olhos


fixos em mim todo o tempo. Enquanto saía de minha casa, deixei-o ali
de pé, olhando impotente. Olhando-me justo como me sinto.
Presente

A volta para casa transcorre sem incidentes. Dex está


tranquilo, ouvindo música movendo sua cabeça durante toda a viagem,
me provocando uma enxaqueca.

— Você ainda gosta de música de merda pelo que vejo —


comento.

— Estes são Five Finger Death Punch — ele responde em tom


ofendido — Continua escutando sozinha aquele lixo comercial, então?

Faço um ruído de hmmph, mas não respondo. A canção muda


para algo alternativo e inconformista que nunca tinha escutado antes,
assim ponho meus fones de ouvido e olho pela janela, à escuridão da
noite. Baixo o volume para que não possa escutar “You and I” do One
Direction reproduzindo-se. Por fim durmo, mas acordo imediatamente
quando Dex toca meu braço. Ele tira os fones de ouvido e fala.

— Vou parar para colocar gasolina, quer algo? — pergunta.


Uma de suas mãos está na parte superior do volante, e fico olhando as
tatuagens que cobrem seus nódulos. Em uma mão se soletra C.M.D.V,
uma letra em cada dedo.

Wind Dragons motorcycle club.1


— Faye — diz ele quando não respondo.

Pisco e olho em seu rosto.

— Não obrigada, estou bem.

1 Clube de Motos Dragões do Vento.


— Trarei um pouco de água — ele diz, deslizando do assento
do carro. Deus, ele é tão mandão.

E quente... mas isso é outra história.

Passam uns minutos quando vejo o Rake caminhar até o


carro. Ele se aproxima de minha janela e a golpeia ligeiramente. Pisco
lentamente umas vezes antes de baixá-la.

— Ei — diz, sorrindo enquanto acende um cigarro.

—Um olá — respondo, olhando-o fixamente. Meus lábios se


curvam ao olhá-lo, seu sorriso contagioso.

— Não posso esperar para chegar em casa, — ele queixa-se


em torno de sua fumaça.

— Sim, sinto por isso — digo, encolhendo os ombros


timidamente.

Ele ri. —Valeu a pena, vendo Sin2 revoltado.

— Sin? — pergunto, franzindo os lábios. É isso o que Dex faz


hoje em dia? — Você sabe o que ele está pensando em fazer comigo?

Rake olha sobre o carro, e depois dá um passo atrás. Viro a


cabeça para ver o Dex voltar para carro, com uma garrafa de água e
uma barra de chocolate em suas mãos.

— Obrigada — digo enquanto ele me dá isso.

— Nos vemos no clube Sin — diz Rake, golpeando com sua


mão a parte superior do carro antes de partir.

— Sin?

— Bebe a água, Faye. — É tudo o que ele diz em resposta.


Arranca o carro e conduz de volta à estrada principal, seguido atrás de

2
Em espanhol: Pecado
Rake em meu carro. Tomo um gole de água para que me deixe em paz e
em seguida viro meu corpo para ele.

Tenho tantas perguntas agora.

— Por que lhe chamam de Sin?

— Simplesmente o fazem — responde brevemente.

— Para onde está me levando? — pergunto, esfregando uma


mão por meu rosto. Ele suspira profundamente, como se já estivesse
cansado de mim.

— Você vai ficar comigo. Ouvi o que os pedaços de merda de


seus pais falaram, então está comigo até que possa se manter por você
mesma.

Isso é um pouco agradável. Por muito que eu não goste que


me digam o que fazer, vou economizar uma grande quantidade de
estresse em ter um lugar estável para ficar durante esta gravidez.
Entretanto, eu tenho outras preocupações.

— Onde exatamente fica? Com um grupo de motociclistas? —


pergunto lentamente, sem querer ofendê-lo. Mas ao mesmo tempo, não
estou vivendo em uma casa cheia de motociclistas.

— Quem te disse isso? — pergunta-me, franzindo o cenho.

— Eric.

— É obvio que esse pequeno bastardo fez — ele sussurra,


olhando de frente à estrada. Fico olhando seu bonito perfil, esperando
que se explique, mas não o faz.

— Dex... Entendo que queira manter um olho em mim e no


bebê, mas eu realmente não me sinto confortável ficando com você e
com seus amigos — digo, me movendo em meu assento.

— Rake te tratou mau? — pergunta, sua voz endurecendo.


— Não, claro que não...

— Bem, porque ninguém mais o fará — diz. — Ninguém vai te


fazer mal. Acredita que voltaria a deixar que isso acontecesse?

— Eu não vou ganhar esta discussão, não é? — murmuro,


afastando o cabelo de meu rosto.

Dex ri disso. — Você aprende rápido, baby.

Mordo o lábio, permanecendo em silencio durante uns dez


minutos até que já não posso aguentar mais. — Você mata pessoas? Ou
faz merdas ilegais? É verdade que tem groupies?

Dex suspira de novo, desta vez longamente.

— Você vai ser uma dor na bunda todo o tempo que esteja
vivendo comigo?

Levanto meus ombros em um encolhimento.

— Provavelmente.

— Pelo menos é honesta — diz resmungando. — Direi isso,


tente reservar seu julgamento até que nos conheça. Acredite em sua
própria opinião sobre nós.

— Suponho que poderia fazer isso — respondo, meneando a


cabeça.

— De qualquer maneira, vai ficar conosco, assim é melhor


tirar o máximo proveito disso. — Ele acrescenta, sempre tendo que dizer
a última palavra.

— Eric vai vir por aqui?

Sei que eles não são próximos nem nada, mas como funciona
esta coisa de motociclista? Ele se vira para mim, me dando um olhar
estranho.
— Quer vê-lo?

— Na realidade não — respondo-lhe com sinceridade.

— Bem, porque não vai fazer — diz. — Vai comer seu


chocolate? Dou uma olhada para baixo na barra de Snickers.

— Por que, você quer?

— Se você não o quiser... — diz, olhando o chocolate.

— Metade? — ofereço, igual como estava acostumada a fazer


quando era uma menina.

— Claro — responde com uma contração de seus lábios.


Rompo a barra pela metade e dou a ele a metade menor.

Ele percebe e ri.

— O correto seria me dar a metade maior.

— E por que isso? — pergunto, comendo um pedaço.

— Sou duas vezes maior que você.

Isso foi amável de sua parte.

— Eu estou grávida. Quando se tratar de comida a partir de


agora sempre vou ganhar.

Sua profunda risada me faz sorrir.

— Sempre ganha de todos os modos Faye.

— O que significa isso? — pergunto, mastigando e engolindo


outro delicioso pedaço.

— Há algo em você...

— Acredito que é a minha personalidade teimosa.


— Exatamente, tem uma vontade forte. Um forte espírito. —ele
diz, olhando para mim antes de olhar de volta para o caminho.

Fico em silêncio, perdida em meus pensamentos. É bonito que


ele pense isso de mim. Muito bonito. Mais ou menos o contrário do que
minha mãe sempre tentou me inculcar.

Sua mão encontra minha coxa e fica ali. Minha respiração se


engancha no contato, em seu afeto ocasional. Pouco a pouco me
belisco, na parte inferior de minha outra coxa, para me assegurar de
que isto não é um sonho.

— Ouch — murmuro. Bom, sem dúvida não é um sonho. Isso


fodidamente doeu.

— O que aconteceu? — pergunta, olhando para mim.

— Nada — respondo rapidamente, voltando a cabeça para


olhar pela janela.

— Sei que você pensa que eu mudei... — ele começa. Sento-


me mais reta, interessada no que ele tem a dizer. — Você era só uma
menina naquela época...

— Mas?

Ele me olha.

— Eu mudei. Mas para você... sempre serei a mesma pessoa.


Tem sentido isso? Não tem necessidade de ter medo ou estar cautelosa
comigo ao redor, querida.

Exalo profundamente, apreciando suas palavras de consolo.

— Obrigada Dex.

— Como está a universidade? — pergunta-me, enquanto seus


dedos começam a esfregar minha coxa.

Engulo em seco, me encontrando excitada pela simples ação.


— Está bem, na realidade.

— Escutei que você estava no topo de sua classe...

— Quem te disse isso? — pergunto. Ele esteve checando-me?


Por que eu gosto da ideia de que o tenha feito? Tenho que me acalmar.

— Eric — responde com voz dissonante.

— Oh. — É tudo que posso pensar para dizer.

Uma hora mais tarde o carro para.

— O que estamos fazendo aqui? — pergunto a Dex


enquanto esperamos diante de uma grade. Um homem se aproxima e
abre a porta para nós, e então Dex estaciona o carro. Várias motos
estão estacionadas perto. Fico de pé vendo o edifício que se encontra em
frente a mim. Parece mais um armazém que uma casa. É enorme. Em
silêncio, saio do carro e espero que Dex faça o mesmo. Posso sentir seus
olhos em mim, fazendo um buraco na parte de atrás de minha cabeça.
Espero que lidere o caminho, e o sigo. Posso ouvir música, música alta.
São onze da noite, e tudo o que quero fazer é dormir. Não vejo como vou
ser capaz de ter essa oportunidade. Dex me olha, e não perco a careta
que faz ao ouvir o ruído.

— Deveria ter trazido você durante o dia — pronuncia em voz


baixa, em seguida toma minha mão na sua e me conduz para o interior.

Com os olhos abertos, congelo e absorvo a cena que está


diante de mim. Dou um passo mais perto do Dex, quase me escondendo
atrás dele.

Perto de dez homens, que variam em idade e aparência, estão


sentados ao redor bebendo e fumando. Alguns estão dançando. Há um
par de mulheres também, vestidas escandalosamente. Algumas estão
dançando, algumas estão atracando-se com os homens, e outras
estão...
Assim que vejo um casal tendo sexo em público, dou a volta e
caminho de volta para o carro.

É assim que ele quer levar o meu filho? Que. Se. Foda.

Não, sério, que se foda. Ele é egoísta. Ele deve apenas deixar
ser. Se ele realmente queria ajudar, poderia ter enviado um pouco de
dinheiro para o bebê.

Ouço o Dex gritando, e a música desliga. Me apoio no carro,


escutando vozes, até que finalmente se acalma. Dex sai, parecendo
frustrado, e vem até mim.

— Não é sempre assim — diz, evitando meus olhos.

Eu olho para ele, impressionada.

— Você não pode esperar que eu viva aqui.

— A metade dessas pessoas não vivem aqui, só passam uma


diversão.

— Não quero viver em um lugar onde as pessoas vem por uma


"diversão" — respondo, com as mãos nos quadris.

Ele não diz nada.

— Dex — digo-lhe, cruzando os braços sobre o peito e


levantando o queixo em desafio. Ele me estuda, seus olhos azuis se
estreitam ligeiramente, mas ele não diz nada. Movo-me em meus pés,
seu silêncio me fazendo retorcer. Sua boca se encontra em uma linha
apertada, magra, e sei que ele está longe de estar feliz comigo. Não é
difícil sentir-se intimidada em sua presença, mas me nego a voltar
atrás. Obrigo-me a olhá-lo nos olhos e continuar.

— Não me faça ficar aqui Dex — digo em voz baixa, meu olhar
lançando-se à porta principal com apreensão.
Ele tira um cigarro, acende-o e toma uma imersão, e
afastando-se dois passos de mim.

Para que não tenha que respirar a fumaça? Não tenho nem
ideia.

— Você confia em mim? — pergunta-me em voz baixa.

— O que?

— Faye. Confia em mim? Sim ou não?

Olho fixamente em seus olhos azuis claros.

— Sim, confio em você. — Sua expressão se suaviza com


minha admissão.

— Vamos então, vamos te levar para a cama — diz inclinando


a cabeça para a porta.

Ainda não me movo.

— Você deixou-me entrar, está grávida de meu filho. Que


opção você tem? — pergunta-me, elevando uma sobrancelha. — Não
tem outra opção, Faye.

Ele não parece petulante quando diz. Como se estivesse


constatando um fato.

E odeio que ele tenha razão. Onde mais eu vou?

Não tenho nada, nem ninguém a quem recorrer. Perdi tudo


em uma noite. Por um engano.

— Entra, Faye — ele diz, dando a volta sem olhar para trás.

Meus olhos movem de seu carro a ele. Rake nem sequer está
aqui com meu carro. Realmente tenho uma escolha?

— Merda — murmuro em voz baixa. Então, sigo ao dragão em


seu covil.
O lugar se encontra limpo quando volto a entrar, mas ainda
posso escutar as risadas, então sei que trocaram sua festa para
qualquer outro lugar da casa-clube. Aprecio isso. O lugar é gigante por
dentro. Sigo Dex, reparando em cada detalhe. Sinto sair um suspiro
quando vejo uma parede cheia de fotos de policiais. Passamos a sala da
festa, uma cozinha, e um amplo living até que paramos em frente a uma
porta. Ele abre a porta, acende a luz e espera que eu entre.

— Fique a vontade, trarei suas coisas de ambos os carros. —


diz, fechando a porta antes de ir. Olho ao redor. É espaçoso, com uma
cama king, um armário e um escritório. O resto está vazio. Útil
inclusive. Abro uma das portas, a qual conduz a um banheiro de
tamanho normal. Quando vejo a banheira com patas, em minha boca
aparece um sorriso. Meu dia acaba de melhorar um pouco,
definitivamente graças a estas pequenas coisas.

Dex retorna uns minutos mais tarde, levando minhas coisas.


Coloca-as na cama, e vira para mim com um olhar curioso.

— Está com fome? — pergunta, seus olhos baixando a meu


estômago.

— Não, estou bem — digo. Ainda tenho comida em minha


bolsa se por acaso ficar faminta. Ele dá um passo mais perto de mim,
levantando meu queixo com seus dedos.

— Não é a melhor situação — ele diz, fazendo uma careta.

— Você acha? — digo, grunhindo.

— Pode estudar em algumas de suas unidades online, não


pode? — pergunta, explorando meus traços.
— Sim, sim posso fazer isso. Realmente quero terminar meu
título, com bebê ou não. — respondo. É a verdade. O título é para mim.
É o que sempre quis. Sei que um bebê muda as coisas, e talvez tome
mais tempo fazê-lo, mas conseguirei minhas metas no final.

— Você faz todo o trabalho que possa online, enquanto fica


aqui, está bem? — diz, seus olhos suavizando-se.

— O que devo fazer aqui? — pergunto-lhe.

— Você encontrará o seu lugar. Algumas das mulheres mais


velhas são amáveis — diz, sorrindo.

— Algumas?

— Ei, você pegou com isso, hein? — ele comenta, rindo.

— Sou uma advogada, o que você acha? — respondo


secamente, provocando-o a rir mais forte.

— Ainda não é — ele aponta.

— O que seja. — Suspiro.

— Que tipo de advogada vai ser? — pergunta-me, seus olhos


dançando com diversão.

— Criminalista. — eu digo, levantando uma sobrancelha.


Realmente não sei se serei uma advogada criminalista ainda, só digo
para irritá-lo.

— Sério? — diz, sorrindo como um idiota.

— Que diabos é tão divertido? — pressiono, rolando meus


olhos.

— O clube poderia precisar de um bom advogado — diz,


esfregando o queixo pensativo.
— Oh, diabos não! — respondo, levantando um dedo e
cravando-o no seu peito.

— Acaba de me cravar com seu dedo? — ele pergunta, me


olhando como se estivesse a ponto de voltar a rir.

— Sim, o que isso importa? — pergunto, de forma agressiva.

— Como você gostaria que eu te cravasse? — pergunta,


tentando manter um olhar sério.

— Já o fez, idiota! Dessa maneira fiquei grávida! — grito em


sua cara. Desta vez, sua risada não se detém. Ele cai à cama, apertando
seu estômago como um maldito menino. A porta se abre de repente e
dois homens rudes estão parados ali. Ambos estão usando vestimentas
de couro, me dizendo que são parte do MC.

— Que diabos — grunhe Dex.

— Tudo bem por aqui? — pergunta um homem. Deve estar ao


final de seus trinta, com olhos e cabelo escuro. Tem uma barba que,
não vou mentir, fica muito bem.

Seus olhos me encontram, estreitando-se um pouco.

— Quem é essa vadia?

— Essa vadia seria Faye — respondo, ocupando o mesmo tom.


Maldito grosseiro.

— Não estava perguntando a você, estava perguntando a Sin


— responde-me com um tom irritado. — Aprende qual é seu lugar aqui
menina, e rápido.

Ok, idiota.

— Arrow — adverte-lhe Dex. — Faye está sob minha proteção.


Ninguém respira em sua direção, entendeu? É melhor passar a
mensagem. Sei que seus filhos da puta gostam de fofocas.
Ao menos ele estava me defendendo. Arrow franze o cenho,
mas não diz nada. Mata-os com amabilidade.

— Um prazer te conhecer, Arrow. — minto, ignorando seu


olhar de surpresa. Em seguida, viro-me para o outro cara. Ele tem os
olhos e o cabelo escuro, e uma cicatriz através de seu pescoço. Parece
que alguém o esfaqueou.

— Irish — diz, com um pouco de acento.

— Prazer em conhecê-lo, Irish — digo, fazendo um gesto com a


cabeça. Ambos me olham como se estivesse louca, e provavelmente
estou. As boas maneiras foram incutidas em mim, não é minha culpa.

— Por que lhe chamam Arrow3? — encontro-me perguntando.


— Você tem uma tatuagem de flecha? — Procuro no que posso ver de
seu corpo por algum sinal.

Silêncio. Em seguida, risos.

— Que merda é tão engraçada? — pergunto, olhando-os


confundida. Arrow se inclina contra a porta e fica olhando para Dex.

— O que? — repete Dex, nenhum rastro de risada em seu


rosto.

Arrow encolhe os ombros e depois, me olha.

— Não lembro a última vez que te escutei rir dessa forma, Sin.

Dex franze o cenho.

— Algo mais?

— Não, nós só queríamos conhecer a mamãe de seu bebê. —


Diz Irish, luzindo completamente divertido.

Movo meus dedos para eles.

3
Flecha em inglês
— Oh, querida — diz Irish. — É muito boa para ele.

— Vão a merda vocês dois, e saiam daqui. — grunhe Dex,


dando um olhar para eles. Eles vão e posso escutar suas risadas pelo
corredor.

Dou a volta para Dex.

— Devo te chamar de Sin agora? — Isso vai levar um tempo


para me acostumar.

— Se você quiser — diz, deitado na cama. Sua camiseta sobe


um pouco, mostrando seu tonificado abdômen. Deveria ser ilegal
parecer assim tão bem. Ele me surpreende olhando-o, mas não diz nada
a respeito disso.

— Acho que seria estranho te chamar de qualquer outra


maneira senão Dex — admito.

— Há algumas coisas que você precisa escutar. Suas ações se


refletirão em mim enquanto estiver aqui. Respeite os outros meninos,
me respeite na frente dos outros meninos. Pode falar tudo o que quiser
quando estivermos em privado, eu gosto disso — diz, piscando os olhos.

— Então quer... que eu não seja eu em público? — Olho para


ele boquiaberta, apertando meus dentes.

— Não, não absolutamente...

— Bem, vou tentar não me intimidar a ninguém. Em público


— brinco. — Há algo mais que devo saber?

— Você tem sorte de que eu saiba o que pode fazer com a essa
boca. Vale a pena aguentar toda a sua merda — diz, com a diversão
brilhando em seus olhos.

Cerro meus olhos, olhando-o.

— Não diga coisas como essa na frente de outros!


— Por que não? O sexo não é um segredo por aqui. Aprenderá
rápido, não se preocupe.

— Ninguém vai...

— Nada vai acontecer aqui que você não queira — diz,


enquanto a tensão no quarto alcança um nível muito alto. — Sim, os
homens desfrutam das mulheres regularmente, mas todas elas estão de
acordo. Não somos monstros, Faye.

— Nunca quis dizer que era... É somente que, bom. Não sei
como funcionam as coisas aqui. — Tento explicar.

— Todos virão te ver... não se preocupe com isso.

Não estava preocupada até que ele o mencionou.

— Então... — começo. — Onde você dorme? — pergunto,


notando na única cama que há na residência.

— Esta cama é enorme — diz, curvando seus lábios.

— É — afirmo, esperando que continue.

— Por isso, eu vou dormir aqui com a mãezinha do meu filho


— diz, sorrindo.

— Você não acaba de me chamar dessa forma — digo,


cruzando meus braços em cima do peito.

— Fiz. Escute mulher, assim é como serão as coisas. Vou


dormir aqui cada noite, mas não se preocupe, manterei minhas mãos
para mim mesmo. Agora, anda e toma uma ducha — diz, cobrindo o
rosto com seu braço. Ignoro o sentimento de decepção que me deixou a
parte de "manterei minhas mãos para mim mesmo". É provavelmente o
melhor. Além disso, quem necessita de sexo quente com o homem mais
sexy que tenha visto?
Eu decido deixar que o futuro se preocupe com isso e vou
tomar banho. Visto-me com minhas calças de pijama rosadas com
cupcakes e um simples top branco. Quando saio, Dex está na cama
vendo um filme.

— Até que enfim. — Queixa-se, dirigindo-se ao banheiro.

Até que enfim? Essa fui eu tentando ser rápida. Não diria que
eu demoro muito, mas definitivamente, não demoro pouco. Sentindo-me
com sede, olho à porta, me perguntando se deveria sair ou não. Com
minha sede ganhando, deslizo a porta e me dirijo à cozinha. Abrindo o
refrigerador, puxo uma garrafa de água e a cheiro primeiro, só para me
assegurar de que não é vodca ou algo assim.

— Posso perguntar por que você está cheirando a água? — diz


uma voz divertida atrás de mim. Viro-me e me encontro cara a cara com
um homem muito atraente. Muito.

— Bom, olá, — digo, inspecionando-o. Cabelo loiro até o


ombro. Vestindo nada mais que um par de calças de moletom. Um
incrível corpo coberto com tatuagens.

— Bonito pijama — diz, olhando minhas calças.

— Obrigada, amo os cupcakes — digo.

— Eu também — ele diz, com uma risadinha.

— Vocês deveriam fazer um calendário — deixo escapar,


provocando o homem a sorrir para mim. — Quem é você?

Espera, não é permitido fazer perguntar coisas como essa?

Seus olhos se abrem ante minha a pergunta enquanto espero


por sua reação. — Sou Tracker, quem é você?

— Oh bom, não vai me matar ou algo — digo para mim


mesma.
— O que? — pergunta, fazendo um som afogado.

Encolho-me de ombros timidamente. — Fui advertida.

— Faye! — grita Dex.

— Essa seria eu — digo.

— Você é a mãezinha? — diz, com o cenho franzido.

— Oh, diabos — grunhi, rodando meus olhos. — Esse vai ser


meu nome agora?

Dex entra na cozinha, com uma carranca agravada em seu


rosto bonito.

— Por que merda saiu do quarto?

— Estava com sede! — digo-lhe, movendo a garrafa em frente


dele.

— Estava com sede?

— Estou grávida, lembra-se? Você estava lá, eu acredito. Sim,


com sede. — digo. Volto-me para o Tracker — Você estava a ponto de
me dizer sobre suas tatuagens?

Dex olha para Tracker com um olhar assassino.

— Boa sorte com isso — diz Tracker, seu corpo sacudindo-se


da risada. Dex consideravelmente menos feliz, se isso for possível,
agarra meu braço e me puxa de volta ao quarto. Fecha a porta com
força. Olha-me, como se pensasse o que dizer. Em seguida, meneia sua
cabeça.

— Não caminhe sozinha à noite.

— Sou uma prisioneira? — pergunto, com um tom frio.

— Não, é obvio que não, mas este lugar está cheio de homens.
É bonita. Faça os cálculos.
— O-oh — Gaguejei. Deus, ele pode ser doce quando quer.

— Durma.

— Está bem — digo, deslizando na cama e me sentindo


confortável. Ele se une a mim, mas se mantém em seu lado da cama.

Justo quando estou a ponto de dormir, escuto-o dizer: — Sei


que pensa que serei um pai de merda, mas tentarei fazer o melhor. Boa
noite, Faye.

Durmo com um pequeno sorriso em meus lábios.


Caminho até a cozinha na manhã seguinte, esfregando os
olhos. Detenho-me em seco quando vejo um homem de pé junto à
estufa.

Nu.

Ele tem uma bunda muito branca e está fritando algo na


frigideira.

— Aí vai meu apetite — murmuro para meus pensamentos. Arrow


dá a volta, completamente imperturbável.

— Bom dia — diz, comprovando meus pijamas. Fico olhando seu


enorme pênis com horror, mas sou incapaz de mover meus olhos. De
repente, fica duro, apontando diretamente para mim. Como uma flecha.

Acende-se minha lâmpada.

— Sério? — digo-lhe, cobrindo meus olhos com a mão.

— Um pouco tarde para isso — ele diz rindo, — te vi olhando.

— E vi que me viu olhando — respondo, me servindo um


pouco de suco e evitando o olhar.

— Acredito que tive uma ideia equivocada a respeito de você...


— diz, voltando-se para a estufa.

— Como é isso?

Encolhe os ombros.

— Pensei que fosse uma vagabunda tentando pegar o Dex.

— E como sabe que não sou? — pergunto.


— Bom senso de caráter — diz. — Nunca me equivoco.

— Afirmação ousada — digo enquanto ele vira. Meus olhos


imediatamente caem, nem sequer posso evitar.

Aponto quando ele dá um passo em minha direção. — Não


traga essa coisa perto de mim!

Dex entra e suspira ao ver o estado nu do Arrow.

— Puta que pariu, Arrow — ladra Dex, voltando-se para mim e


comprovando minha expressão. Aproveito este momento para revisá-lo
eu mesma. Calças de moletom negras em seus estreitos quadris e sem
camisa. Realmente poderia me acostumar à vista.

— Estou traumatizada, mas vou viver — respondo. — Pelo


menos sei por que todos o chamam de Arrow. Essa coisa aponta para
sua próxima vítima!

Arrow vira para mim, com os olhos abertos pela surpresa.

— Estou realmente contente que esteja aqui, este lugar estava


ficando chato.

— Arrow — grunhe Dex, perdendo claramente a paciência. —


É melhor que essa ereção não seja para minha mulher.

Arrow ri.

Dex fica olhando-o.

Eu deixo escapar um suspiro dramático.

— Estou saindo. — Arrow finalmente responde, tomando seu


prato de comida e sai.

— Eles não têm que usar roupa por mim — digo, movendo as
sobrancelhas. Meu sorriso cai da minha cara e corro para o banheiro a
tempo.
Odeio as náuseas matinais.

Em minha pressa não fecho a porta atrás de mim, e Dex


esfrega uma mão por minhas costas. Que vergonha. Acredito que
poderia ter passado por minha vida sem um homem me ver vomitar.

— Faye — diz em tom preocupado e um pouco horrorizado.

— Estou bem — eu consigo dizer, me preparando.

— O que você precisar, diga-me — Implora, acariciando meu


cabelo.

— Pode me conseguir um pouco de água e possivelmente me


fazer umas torradas com vegemite4? — pergunto-lhe, realmente só
quero um pouco de intimidade um momento.

— Sim — diz, me deixando rapidamente para fazer a tarefa.


Limpo-me e escovo os dentes antes que ele diga em voz alta que meu
café da manhã está preparado. Vejo um prato na cama com duas fatias
de pão e uma garrafa de água.

— Obrigada — digo com um pequeno sorriso, me sentando e


tomando um bocado.

— Adoece todos os dias? — pergunta, franzindo o cenho.

Levanto meu ombro. — Às vezes.

— E você passou por isso durante os últimos meses?

— Bom, sim. Na realidade, ninguém pode ajudar — digo,


mastigando e engolindo. — É algo que as mulheres grávidas passam.

— Mesmo assim, teria gostado de ter estado ali para você. —


ele diz.

4Marca registrada para uma massa de passar sobre torradas e sanduiches com sabor
salgado.
— Sinto muito por não lhe dizer isso logo, — digo a ele, baixando
meu olhar para o prato. Talvez haveria dito um dia, talvez não.
Realmente não sei, para ser honesta.

— Por que não me contou? —ele pergunta, a atmosfera do quarto


ficando tensa.

Considero.

— Eric me disse que você era o vice-presidente de um clube de


motociclistas, e me dei conta de que não te conheço absolutamente.
Tivemos uma aventura de uma noite... isso foi tudo. Apesar de
crescermos juntos e de nossa diferença de idade nunca conhecemos um
ao outro. Acho que estava dizendo a mim mesma que podia fazer isso
por minha conta...

— Fui visitar minha mãe, e ouvi ele dizer a ela que você estava
grávida. Sabia que era meu — diz, esfregando-a nuca. — Em seguida fui
te buscar.

— Como me encontrou? —pergunto.

— Tracker não conseguiu seu nome por nada — diz, seus


lábios curvando-se em um sorriso de megawatts.

Sentamo-nos em um silêncio confortável por uns momentos,


olhando um para o outro.

— O que estamos fazendo aqui?

— Você vai estudar e relaxar, e eu vou cuidar de você — diz,


seus penetrantes olhos azuis nunca me deixando.

Cuidar de mim, como exatamente?

Porque poderia utilizar alguns cuidados neste momento.

— O que está passando nessa sua cabeça? — pergunta,


elevando uma sobrancelha.
— Oh, você já sabe. As coisas de sempre — respondo. —
Então, como entrou em um MC?

— Às vezes é necessário que faça sua própria família. — É


tudo o que diz. É tudo o que tem que dizer, porque o entendo.

— Talvez eu poderia fazer isso — digo, levando o segundo


pedaço de pão torrado a minha boca. Já não tenho os meus pais. Não
tenho Eric... que esteve em minha vida por muito tempo. Tenho alguns
primos e família em Melbourne, mas isso é tudo. Seria bom ter gente
em minha vida em quem confiar. As pessoas que podem estar ali para
mim, e vice-versa.

Eu não aceitaria isso por garantido.

— Você já é, baby — responde Dex em um tom suave. — Não


vai se livrar de mim tão facilmente.

— Quem teria pensado que estaríamos aqui neste momento?


— digo-lhe, arqueando os lábios.

— Eu não, isso é certp — diz Dex. — Mas não me arrependo


disso. Nada disso.

Bom, isso é bom.

Muito bom.

— Obrigada por me trazer aqui Dex. É muito melhor do que


eu estaria fazendo agora mesmo, vivendo em um motel de merda e
trabalhando minha bunda para chegar ao fim de mês. — admito,
deixando que a expressão de meu rosto demonstre que eu estava muito
agradecida. Não poderia entender o atrativo de um estilo de vida MC,
mas sabia que estava melhor aqui do que fazendo por minha conta.

Senti-me segura.

Não tenho que trabalhar, em troca posso continuar meus


estudos, e me dá um futuro mais promissor.
Apreciava isso mais do que podia expressar.

— É bem-vinda, baby. Sabe que é teimosa como uma merda,


entretanto? — diz, sacudindo a cabeça para mim, algo assim como
admiração brilhando em seus olhos.

Olho boquiaberta.

— Sou teimosa? Você é um grosso! — Ele sorri.

— Tenho que sair. Estará bem ficando por aqui?

— Quem vai estar aqui? — pergunto, realmente não queria


que ele fosse.

— As pessoas vão e vêm, baby, sempre há alguém ao redor.


Ninguém vai te fazer mal, não se preocupe por isso, está bem? — diz
brandamente. — Só mantenha-se na sua e tente se manter afastada dos
problemas. Vou trazer seu almoço na minha volta.

— Está bem — respondo. Esta é minha vida agora, e tenho


que me acostumar a isso.

Não me esconder atrás do Dex.

Eu poderia fazer isto.

Dex toma uma ducha e se veste com jeans, uma camiseta


negra e jaqueta de couro. Incapaz de afastar meus olhos dele, dou-me
conta de que eu gosto.

Talvez ainda mais do que gostar.

Não sei se isso é bom ou ruim, mas acho que já saberei.


— Você deve ser Faye — diz uma magnífica ruiva na manhã
seguinte. Vestida com jeans apertados e uma camiseta branca, ela
parece um inferno muito melhor que eu pela manhã.

— Essa sou eu — digo, sorrindo para ela.

— Jessica — diz ela. — Quer ajudar a preparar o café da


manhã?

Na realidade não, mas não podia dizer exatamente isso.

— Claro. Onde está Dex?

— Sin? Ele saiu com os meninos. Negócios do clube — diz,


encolhendo os ombros como se fosse irrelevante. Despertei sozinha esta
manhã, e eu não gostei. Tomei banho e torpemente saí do quarto, sem
saber exatamente o que ia encontrar ou o que ia fazer.

— Ele me disse para alimentá-la e mantenha um olho em


você. Sou a velha dama de Risque.

Risque? Não conheci Risque ainda. Eu lhe digo o mesmo.

— Ele vai estar por aqui esta noite — diz ela. Sorrio e ajudo a
fritar o bacon e os ovos, até que o aroma começa a ser muito. Então
passei os seguintes vinte minutos vomitando. Limpo-me e dirijo de novo
à cozinha. Várias mulheres se sentam ali conversando e comendo.
Algumas delas sorriem para mim e outras não fazem. Ignoro as que me
dão olhares malvados e me sento ao lado da Jessica.

— Como se sente? — pergunta.


— Um pouco melhor agora — digo, me servindo umas
torradas e ovos. Tomei-me uns bocados quando uma das mulheres
começa a falar.

— Então você é a que...

— O que? — pergunto, deixando meu pedaço de pão e olhando


à loira.

— A que ficou grávida a propósito para tentar manter a Sin. —


diz ela, debochando de mim. Espera, o que?

— Claro, porque esse era meu sonho na vida — digo com


sarcasmo. — Nada de ir à universidade e tornar-me uma advogada.
Meu sonho real era ficar grávida na doce idade dos vinte e me
expulsassem de minha casa sem ter para onde ir. É muito inteligente,
sabia? — digo-lhe, me afastando de sua cara vermelha quando terminei.

As mulheres permanecem em silencio por um segundo antes


que comecem a rir.

— Ela disse isso Allie. — Uma gargalhada, ganhando mais


risadas que o resto delas.

— O que seja puta — ela debocha. — Sin voltará para mim,


sempre o faz.

— Estou certa de que é por sua personalidade encantadora —


adiciono, mantendo meu tom.

— Ele ainda vai me foder esteja grávida ou não — acrescenta


com um sorriso malévolo.

— Você é uma puta do clube? — pergunto com um sorriso.

— Você p...

— Allie, para. — estala Jessica, golpeando seu prato para


baixo. Allie me lança um olhar, mas não diz nada mais.
Tento não deixar que seus comentários cheguem a mim. Dex
pode estar com quem quiser. Não é como se estivéssemos saindo nem
nada. Tivemos relações sexuais, e fiquei grávida. Não são exatamente os
melhores motivos para iniciar uma relação, o melhor que posso esperar
é respeito mútuo e a amizade. A quem diabos estou tentando enganar
aqui? Quero-o.

As mulheres me olham com uma nova luz. Inclusive, pode ser


respeito que vejo em seus olhos. Sim... tenho lido um livro ou dois sobre
motoqueiros em meu dia. Eu sei como funciona tudo isto. São como
uma manada de lobos. Eles sentem a debilidade. Tenho que demonstrar
que não sou uma presa fácil.

— Quer que ajude a limpar? — pergunto a Jessica, fazendo


caso omisso de Allie jogando fumaça.

Jessica sorri.

—Cozinhamos, elas podem limpar.

— Isso fica bem para mim.

— Tenho que ir trabalhar — diz. — Tem o número de Sin? —


Nego com a cabeça, um pouco envergonhada que não tenho.

Ela caminha para a cozinha, cava em uma gaveta e saca uma


caneta e papel. Anotando seu número, e passa para mim.

— Chame-o se necessitar de algo.

— Onde você trabalha? — pergunto com curiosidade.

— Sou proprietária de uma loja de beleza. Deveria vir alguma


vez, eu adoraria ter as minhas mãos seu cabelo castanho — diz,
olhando meu cabelo, — Talvez poderíamos tingir um pouco mais
escuro.
— Não tocará em seu cabelo, Jess — diz Dex enquanto
caminha. Seus olhos encontram os meus e perambulam por cima de
mim, suavizando-se. — Ei.

— Ei. — respondo, incapaz de afastar o olhar.

— Bem. — diz Jess, resmungando, sem sequer incomodar-se


em perder tempo lutando.

— Olá, Sin — ronrona Allie, deslizando para seu lado.

— Olá, querida. — responde, voltando a cabeça para olhá-la


por um segundo antes de voltar para mim. — Vamos, é hora de nos
encontrar com o Prez.

Como é que não tive um "olá querida"? Sou a mamãe do bebê!


Jogo fumaça em silêncio. Se Dex for às mulheres na minha frente, não
sei como posso ficar aqui. Nunca falamos sobre estar juntos. Suponho
que havia algum tipo de esperança... mas realmente não me prometeu
nada. Agora me sinto como uma idiota de primeira classe, fazendo algo
que vale nada. Talvez ele só me quer aqui pelo bebê. Não porque ele
sente algo por mim, além de obrigação.

Rake entra na cozinha com o Irish e um homem maior que


não vi antes. Dex me puxa pelo braço e me leva para o nosso quarto.

— Você está bem? — pergunta quando a porta está fechada.

— Estou bem, despertei sozinha, cozinhei, vomitei, e estive


observando toda a manhã.

Ele me olhe fixamente.

— Estava doente outra vez?

— Sim, mas estou bem — digo-lhe, fazendo pouco caso de sua


incumbência.
— O que acha que devo fazer o dia todo enquanto você está
fora dando uma de criminoso?

Ele ignora meu comentário e gesticula para o seu escritório.

— Comprei um novo laptop para você. Se inscreva para suas


aulas online e compre seus livros. — Ele tira um cartão de crédito e me
dá. — Para qualquer gasto.

— Qual é o limite nisto? — Sou incapaz de me deter de


perguntar.

Seus lábios se contraem. — Dez mil.

Suspiro pesadamente. — Acho que vou fazer.

Agora ele ri de mim.

— Não ria! Desde que aparentemente fiquei grávida com o


propósito de manter você, porque você sabe, sou uma trapaceira. Pelo
menos você vem com um cartão de crédito. — brinco.

Observo como o sorriso cai de seu rosto. — O que você disse?


— Piscou.

— Não me lembro.

— Quem disse isso de você Faye? — exige, sua atitude


brincalhona se foi.

Sorrio. — Alguém na casa com quem você dormiu.

Olho seu rosto branco. Por Deus, quantas mulheres dormiram


com ele? Toco-lhe no ombro. — Tenho certeza que você será capaz de
descobrir. Sugiro fazer um diagrama ou um gráfico.

— Porra, você é um pé no saco. Como Eric pôde lidar com


você? — diz em um suspiro.

— Ele não o fez — eu digo, sorrindo uma vez mais.


— Com certeza ele não o fez, — ele grunhe, baixando seu
olhar para os meus lábios.

— Com quantos homens você dormiu? — pergunta, dando um


passo mais perto de mim, invadindo meu espaço pessoal.

— Que pergunta grosseira — murmuro. Tenho certeza que


isso não é algo que você sai por aí perguntando às pessoas.

— Quantos, Faye?

Eu conto todos meus dez dedos. — Bom, isso foi só este ano...

— Faye...

— Dois, incluindo você. Com quantas mulheres você dormiu?


— pergunto, movendo as sobrancelhas para ele. — Precisa de uma
calculadora?

— O Eric é um garoto. Eu disse homens — responde,


colocando meu cabelo atrás de minha orelha.

— Suponho que fica só você então — sussurro, presa em seu


olhar. Ele sorri, mostrando seus dentes brancos e retos.

— Eu gosto disso.

Não escapa de minha atenção que ele ignorou minha


pergunta, mas não pressiono. Eu sei que eu não gostarei da resposta.

— É obvio que sim — murmuro para mim mesma.

— Significa que você é minha agora — sussurra, logo olha


para outro lado. Parece-me que ouço murmurar a palavra "logo".

— Vamos, temos que nos ir encontrar com o chefe — diz,


tomando minha mão entre as suas. Ele me leva pelo corredor e chama
em uma porta.
— Adiante! — grita uma voz áspera. Entramos em um
escritório. Bom, acredito que é um escritório. Conta com uma grande
mesa e um armário no mesmo, e outra porta. Um homem que parece
ser de uns quarenta anos, com cabelo e barba grisalhos, senta-se em
uma mesa. Está em forma, sem barriga de cerveja. Ele me olhe e franze
o cenho.

— O que eu fiz? — pergunto, incapaz de evitar. Ele tem uma


cara de mau humor, mas olhos amáveis.

Dex aperta a minha mão, como dizendo... Se cale Faye.

— Esta Jim, é Faye. Este Faye, é Jim, nosso presidente.


Mostre respeito — diz, advertindo em seu tom. Fico olhando o colete de
couro do homem com a palavra "presidente" escrito ali.

— Olá, — digo-lhe com cuidado, sem saber por que ele queria
me ver.

Ele inclina-se para trás em sua cadeira enorme negra e me


estuda. — Sabe por que está aqui?

Engoli. O homem é intenso. — Porque Dex sente pena de


mim?

— Porque Sin é um bom homem, e você está carregando o seu


bebê. Espero que seja uma boa mulher. Ele diz que podemos confiar em
você, e como meu vice-presidente, confio nele.

Assinto com a cabeça ao presidente do clube.

— Obrigada por deixar que eu fique aqui.

Sabia que Dex era o vice-presidente porque Eric me disse isso,


também porque assim o diz em seu colete.

Eu viro para ele. — Seu vice-presidente é impressionante a


propósito.
Aparece uma covinha. — Ainda bem que aprova.

— Confio que você sabe o seu lugar aqui? — pergunta Jim, me


olhando fixamente.

Assento com a cabeça sabiamente. — Sim senhor. Nem sequer


vou dizer a ninguém a respeito das orgias que vocês têm.

Jim se volta um olhar cansado ao Dex que sussurra. — Eu me


encarrego dela, não se preocupe.

— É melhor. — Diz Jim, tendo uma conversação silenciosa


com Dex com os olhos.

Dex assente para ele. — Entendido.

Jim me olha novamente. — Ajude quando puder e mantenha


a boca fechada a respeito de algo que veja ou ouça.

Assinto com a cabeça, jogando fumaça internamente por ser


tratada como um ser humano menor. Motoqueiros de merda.

— Posso fazer uma pergunta? — pergunto ao Jim, colocando


um sorriso no meu rosto. — Como é que todo mundo tem um apelido,
mas você vai por Jim? Posso te sugerir um nome?

Alguns me vêm à mente.

Ele nega com a cabeça para mim, mas eu não perco o olhar
divertido que pisca em suas feições. —Adeus Faye.

Dex me agarra e me puxa. Sorrio — Eu gosto dele.

Observo enquanto Dex coloca as palmas das mãos em seu


rosto.
Passei o resto do dia me matriculando na universidade,
comprando livros, e fazendo planos. Quando a hora do jantar está por
chegar, saio em busca de comida.

— Olá — digo a Mary, uma das garotas que tinha conhecido


esta manhã.

— Ei Faye — responde ela, sorrindo docemente. — O jantar


está quase pronto.

— Onde está todo mundo? — pergunto-lhe. Não vi Dex desde


que ele me trouxe o almoço por volta de uma da tarde.

— As mulheres estão em alguma parte, não sei nada dos


homens — responde ela, encolhendo os ombros ligeiramente. — Como
se sente?

— Estou bem — digo, golpeando brandamente meu estômago.


— Todo mundo vive aqui? — pergunto, fazendo um gesto para a casa-
clube.

— Todo mundo tem um quarto aqui, mas nem todos vivem


aqui. Eles vêm quando lhes dá vontade — responde ela, girando a
massa que fez.

— E você? — pergunto, tomando assento.

— Eu não vivo aqui, só venho a maioria dos dias. Estou em


algo assim como vendo o Arrow — explica. Quero perguntar o que
significa "em algo assim", mas não o faço. Jessica, Allie, e outra garota
chamada Jayla entram na cozinha.

— Olá garotas, — diz Jessica assim que nos vê. Allie rola os
olhos, e Jayla não diz nada. Mary me dá um sorriso de cumplicidade.
Ela é muito bonita, com o cabelo escuro e olhos verdes claros. Arrow é
um homem de sorte, isso é certo. Meu telefone vibra, outra mensagem
do Eric. Realmente acho que tenho que trocar meu número.

Os homens entram em desordem, e me encontro presa entre


Dex e Rake. Não é o pior lugar que eu pudesse estar.

— Você está bem? — pergunta Dex, seus olhos adoçando-me


quando posam em mim. Assinto com a cabeça.

— Estou bem.

— Você cheira bem — diz Rake, inclinando-se mais perto,


invadindo meu espaço pessoal.

Eu consigo cheirá-lo de volta. — Você cheira a sexo, cigarros,


e couro.

Seus lábios se curvam lentamente. — Eu tive um dia ocupado.

— Posso ver — respondo rindo, comendo um porção de minha


massa. Mary é uma boa cozinheira, Arrow precisa casar-se, logo.

— Como foi seu dia, Dex? — eu pergunto, falando em voz


baixa para que nem todos possam ouvir.

Ele me empurra brandamente com o ombro.

— Ocupado.

— O que você fez? — pergunto, sabendo que o estou


pressionando um pouco.

— Trabalhei — responde, comendo um bocado de sua comida.

— Onde trabalha? — pergunto.

Ele baixa o garfo. — Sou mecânico de moto.

Inclino-me mais perto dele.


— É isso que você diz às pessoas? — sussurro debochando.

Rake ri, envolvendo seu braço ao redor de minha cintura e me


puxando para ele. Os lábios de Dex se apertam enquanto observa a mão
de Rake. Sua mandíbula se aperta, e seus olhos se estreitam até
converter-se em frestas. Olho para ele, nos observando, esperando que
diga algo, mas não o faz. Então não se importa se outro homem me
toca? Cerro os dentes e sorrio para Rake, então me concentro em minha
comida. Por que me quer aqui quando ele não me quer? Oh, claro, seu
filho ou filha. Ele ou ela provavelmente vai sair vestido de couro.
Levanto a vista a tempo para ver a Allie sorrindo. Cadela presunçosa.
Ignoro-a e a todos outros, incluindo o Rake e suas mãos vagando, logo
me levanto e ponho meu prato e garfo na lava-louça. Depois disso pego
um pouco de suco e me dirijo ao meu quarto. Tentando não sentir pena
de mim mesma, vejo meu filme favorito em meu laptop. Mario Casa
sempre me faz sentir melhor.

Quando Dex não retornou ao quarto duas horas mais tarde,


sinto-me a mais solitária que já me senti em minha vida. Inclusive
considero mandar uma mensagem ao Eric de volta. Quão desesperada
estou? Tomo uma ducha rápida e me visto com uma camisa de grande
tamanho. Pertencia ao Eric, mas essa não é a razão pela qual é minha
favorita. É suave, cai sobre meus joelhos, e é meu tom favorito de azul.
Puxo a cabeça pela porta e olho ao redor. Sei que todo mundo deve
estar na sala de jogos. É um grande espaço com uma mesa de bilhar,
dardos, e enormes sofás cômodos. Caminho para o ruído, chegando a
um ponto morto quando vejo o Dex. Está no canto da sala de estar, com
Allie apertando-se com força contra ele. Ela se inclina para beijá-lo, e
olho para outro lado.

Ele não é meu.

Tenho que lembrar a mim mesma. Ele não é meu noivo. Ele
não é nada mais, que não seja o pai do meu filho. Passo minhas mãos
ao longo de meu estômago. Ignoro a dor, a dor que estou sentindo, e
caminho para a cozinha. Tomarei um pouco de leite morno e depois irei
para a cama. Devo dar por terminado o dia. Em meu caminho à
geladeira dou de encontro contra um peito duro. Um peito muito duro.

— Sinto muito — murmuro na camisa de alguém.

Ouço uma risada profunda. — Definitivamente eu gosto mais


deste pijama.

— Tracker — suspiro, elevando o olhar até seu bonito rosto.

— Como você está, linda? — pergunta, seus olhos escuros


olhando para os meus.

— Já estive melhor. — digo honestamente, forçando um


sorriso. — Vou pegar um pouco de leite e vou para a cama.

— Onde está Sin? — pergunta, com os olhos entrecerrados.

Encolho os ombros com indiferença.

— Com os meninos, suponho. Ou chupando a cara daquela


bruxa.

Tracker franze o cenho, e em seguida, caminha diante de mim


à geladeira. Ele tira o leite, derrama um pouco em uma panela e o põe
no fogão. Ele está esquentando leite para mim? Olho para ele, para
suas tatuagens, vestido dos pés a cabeça de preto, esquentando leite.
Uma risadinha me escapa.

— O que é tão divertido? — pergunta, virando-se para mim.

Encolho os meus ombros, sorrindo.

— O grande motociclista mau, esquentando leite para mim.


Obrigada Tracker.

Ele sorri e volta para a tarefa em questão, derrama o leite


quente em uma xícara e me dá.
— Quer ver um filme comigo?

— Eu adoraria — sussurro. Ele me leva ao fundo do corredor,


além de meu quarto, ainda mais na parte de trás do recinto. Abre uma
das portas, leva-me para dentro e me senta na cama.

— Tem certeza de que quer passar a noite comigo? —


pergunto para ele.

— O que mais eu poderia estar fazendo? — pergunta


enquanto liga o televisor. — Meter-me em sexo quente em lugar
público?

Ele ri. — Não quero ofender, mas você esteve aqui por quanto
tempo? Um par de noites? Não estou dizendo que isso não acontece
aqui, porque acontece, mas isso não é a única coisa que fazemos.

— Eu não queria ser crítica, mas... não sei. Eu não acredito


que possa acostumar-me a ver isso.

— Sin disse a todos que mostrassem seu melhor


comportamento, assim não se preocupe, — diz, sentando-se ao meu
lado.

Tomo meu leite.

— Quer um pouco?

Ele ri de mim, olhando-me divertido.

Eu franzo o cenho. — Isso significa que você não quer nada de


leite?

Ele pega meu copo e toma um gole. Quando se inclina para


frente e escova seus lábios contra meus, eu não o detenho. Realmente
não tenho uma razão para fazê-lo.
— Se deite e descansa um pouco — diz, voltando sua
atenção à televisão. Faço o que me diz, e um minuto depois caio em um
sono profundo.
Sou acordada no meio da noite pelos gritos. Esfregando os
olhos, levanto-me, confusa. Então me lembro de ver televisão com o
Tracker. Coloquei a luz de meu telefone e vejo rapidamente Tracker
adormecido sobre seu estômago. Realmente aprecio que cuide de mim,
me fazendo companhia quando me sentia como uma merda. Escuto um
forte golpe e rapidamente toco Tracker no ombro.

— Tracker, algo está acontecendo, — digo, sacudindo-o


brandamente. Ele acorda sobressaltado, me rodando até que estou
debaixo dele.

— Faye? — diz, soando confuso. Outro estrondo. Ele levanta a


cabeça e logo depois me olha de novo. — Fique aqui.

Assinto enquanto ele desce da cama, pega uma pistola de uma


de suas gavetas, e sai do quarto. Uma pistola? Mais gritos e algo mais
quebrando. Que diabos está acontecendo aqui? Ouço a voz do Tracker,
gritando, e escuto alguém dizer meu nome. Coloco-me de pé, acendo a
luz, e depois me movo para o canto do quarto enquanto escuto golpes
de passos. Em seguida, a porta se abre com uma explosão. Dex está ali,
com os punhos apertados e a expressão cheia de ira. Tracker está atrás
dele, disparando a Dex um olhar infeliz.

Que diabos?

— O que aconteceu? — pergunto, vendo os nódulos


machucados do Dex.

— Vá para o meu quarto de merda agora, Faye — grunhe, seu


tom de voz misturado com fúria. Olho para Tracker, o que torna Dex
ainda mais furioso.

— Não olhe para ele, ele não vai te salvar. Agora! — grita,
dando um passo para mim.

— Sin... — Começa Tracker.


— Fecha a maldita boca irmão — diz Dex bruscamente, seu
olhar posto unicamente em mim. Saio do quarto, passando por eles e
ignorando os dois. Eu vejo vidro quebrado quando me desvio para a
cozinha, tudo quebrado e atirado no chão. Apresso-me para o quarto e
me enfio na cama. Estou muito cansada para lidar com esse drama
neste momento. Verifico a hora em meu telefone, três da manhã. Dex
entra feito uma fúria no quarto, a tensão da irritação irradiando de seu
corpo. Ignoro-o enquanto acende a luz e caminha, até que se detém na
minha frente.

— Voltei para o quarto, esperando te encontrar dormindo. Não


estava aqui. Que merda, Faye?

— Sinto muito, adormeci no quarto do Tracker — digo,


bocejando.

— Você é uma cadela egoísta, sabia? Pensei que talvez tivesse


ido, tentando fugir de novo...

— Vai a merda! Não sou egoísta! Você é egoísta! Não conheço


ninguém aqui, e me deixou sozinha toda a noite, me sentindo miserável.
Você acabou de retornar para o quarto às três da manhã? O que
esperava que fizesse toda a noite? Sentar-me aqui e olhar para a
parede? — grito de uma vez. Não vou tomar sua merda.

— Então o que? Decidiu se colocar na cama do Tracker? Quer


um lugar aqui como uma das prostitutas do clube?

Levanto-me, dou um passo para ele, e lhe dou uma tapa em


toda a sua cara.

—Vai. A. Merda!

Quando as lágrimas começam a cair, não posso conter. Elas


caem. Seus olhos se suavizam um pouco, enquanto examina meus
traços.
— Não chore — ele diz com voz rouca, uma demanda e uma
súplica. Fico olhando seu rosto, enquanto a sombra vermelha de minha
mão começa a aparecer em sua bochecha. Não sinto nenhuma
satisfação por isso.

— Tracker me consolou quando eu necessitava. Quando você


não estava ali para fazê-lo. Sei que não estamos juntos, nem nada
disso, mas você me trouxe aqui. Eu não quero estar aqui, mas aqui
estou eu. É o seu trabalho cuidar de mim. — Digo para ele, minha voz
quebrando no final.

Ele assente, esfregando a parte de trás de seu pescoço.

— Tem razão. Vou me esforçar mais, mas você não dormirá


em outra cama a não ser a minha. Não tente me pôr contra meus
irmãos, Faye.

Como diabos vou ter o poder de fazer isso? Não o faria embora
soubesse.

— Olhe, se você quiser ir dormir em outro lugar, com quem


quiser, só faça — digo, agindo como se não me importasse.

Silêncio.

Fecho os olhos e tento dormir quando ele diz: — Estava


bebendo com os meninos. Não estava fodendo outra peesoa.

Vejo um brilho dele e Allie em minha mente, ela esfregando-se


contra ele.

— Vou dormir Dex, boa noite.

— Boa noite. — ele sussurra.

Ele vai para uma ducha, e eu volto a dormir.


Na manhã seguinte, me acordo agarrada nos braços do Dex.
Pouco a pouco me levanto da cama, me desenroscando dele, e me dirijo
à cozinha. Encontro uma vassoura e começo a varrer todo o vidro. Na
realidade não é justo que outras mulheres tenham que fazê-lo. Quando
tudo está limpo faço duas fatias de pão torrado com manteiga e
vegemite, em seguida, me dirijo ao banheiro para tomar um banho. Dex
acorda quando estou sentada na cama enrolada em minha toalha,
esfregando minha loção em minha pele.

— Por isso você cheira a cereja — diz, com a voz rouca pelo
sono. Seu rosto está voltado para mim, meio deitado no travesseiro.

— Bom dia — digo em voz baixa.

— Fodi tudo ontem à noite — admite, mordiscando seu lábio


inferior. — Sinto muito, baby.

— Por que você quebrou toda essa merda? — eu pergunto.

— Entrei no quarto, e você não estava aqui. — É tudo o que


diz.

—Sim, e?

Ele esconde seu rosto no travesseiro.

— Perdi o controle — diz, afogando as palavras.

— Sim, me dei conta.

Ele senta-se, o lençol cai, mostrando seu peito e seus


abdominais musculosos. Merda... esses abdominais.

Perfeitamente esculpidos e rasgados. Yum.

— Você gosta do que vê? — ele pergunta, sua voz um ruído


surdo.
— Você sabe que sim — respondo, assinalando meu
estômago. Ele ri e desliza mais perto de mim, apoiando sua cabeça em
meu colo. Quando ele beija meu estômago, minha respiração trava.

— Acho que é um menino — ele anuncia, com os olhos


brilhantes de orgulho.

— Por que você acha isso? — pergunto.

Encolhe os ombros. — Alguém me disse uma vez que quando


uma mulher está grávida de uma menina, sua beleza se desvanece
ligeiramente. Isso com certeza não está acontecendo.

Uau. Ele acaba de dizer isso?

— Então, o que faz um menino? — pergunto, esclarecendo


minha garganta.

— Um menino toma sua energia — ele diz.

— Sem dúvida é um menino, então — murmuro, rolando


meus olhos. — Deveríamos nomeá-lo de Sirius.

Ele faz uma careta.

— Por que faríamos isso?

— Seu sobrenome é Black!

— E?

— E? Sirius Black! Do Harry Potter! — digo, me emocionando.

Ele faz uma pausa. — Sim. Não vamos fazer isso.

— Tudo bem. — Dou os ombros.

— Você transou com ele? — pergunta de repente.

— Você transou com ela? — argumento, agarrando minha


toalha para que não caia.
— Quem? —pergunta, franzindo o cenho.

— Allie.

— Você sabe que eu não o fiz — responde em um tom suave.

— Nem eu.

— Bom — ele responde, levantando-se da cama e entrando no


banheiro. — Me salvou de chutar a bunda de meu irmão.

Bem? Sério, eu não entendo esse cara. Quando volta a sair,


estou vestida e pronta para começar o dia.

— Vou trabalhar, vou estar em casa por volta das cinco — ele
diz, deixando cair a toalha no chão. Fico olhando suas costas nuas, sua
perfeita bunda, quando se inclina na sua gaveta para tirar sua roupa.

— Umm... Dex...

— Sim?

— Acho que temos que estabelecer alguns limites — Digo


vacilante, meu olhar agora na tatuagem de dragão em suas costas.

— Como assim? — ele pergunta, sua voz soando divertida.

— Você estar de pé ali. Nu — digo, pronunciando cada


palavra.

— Sei — ele diz, veste um par de calças jeans sem roupa


íntima. — Isso vai importar?

Se concentre Faye!

— Bom, eu não sei, não parece estranho para você? Não


estamos juntos e... — Eu trilho.

— Precisa classificá-lo? — ele pergunta, levantando seus


braços para deslizar dentro de uma camiseta branca super colada.
Precisava classificá-lo? Dou-me conta que sim, necessito-o.

— Sim, acredito que sim. — Deixo escapar.

Ele enfrenta-me. — Amigos que vão criar um bebê juntos?

Amigos?

— É isso o que você quer? — pergunto em voz baixa.

— Por agora, acredito que isso é tudo o que posso oferecer,


baby — Diz, parecendo arrependido por um momento antes que sua
expressão se endureça. Ele quer algo mais entre nós? É por causa de
Eric?

— Correto, bem.

— Você estará bem aqui? Enviarei a um dos empregados com


um pouco de almoço para você — ele diz. Caminha para mim, inclina-se
e me dá um beijo na testa. — Tenha paciência comigo, baby, por favor.

O que significa, ter paciência com ele? Antes que possa


perguntar, ele sai do quarto.
— Chama-se colete com insígnias, não é somente um colete —
diz em perspectiva, rindo de mim. Seu nome é Vinnie, e ele é da minha
idade. Muito jovem para estar vivendo esta vida, se me perguntar isso,
mas ninguém o fez, assim mantenho minha grande boca de bunda
fechada.

— Um colete com insígnias então — digo, rolando meus olhos.


Os recortes dos Wind Dragons são impressionantes. A parte posterior
tem Wind Dragons em cima, a imagem do dragão rude no meio, e sua
localização debaixo dela.

— Não, você não pode conseguir seu próprio colete com


insígnias — diz ele, sacudindo a cabeça para mim. — Por que não
pergunta a Sin? — Seu tom me diz que Sin me vai enviar direto ao
inferno.

Assinto com a cabeça sabiamente. — Acho que vou perguntar.


— Termino de comer a salada de frango que ele me levou para o meu
almoço, agradecendo a ele mais uma vez. — Tem que ir agora mesmo? –
pergunto a ele, fazendo uma pequena careta com meu lábio.

Estou entediada.

Tão malditamente entediada.

Ele passa a mão por cima de sua cabeça rapada.

— Sinto Faye, tenho que voltar para algo.

Animo-me. — O que é?

Ele dá-me um tapinha na cabeça. — Aprende a não


perguntar, confia em mim.

— Sou estudante de direito. Sou naturalmente curiosa. Está


bem, sei que é mais que isso. Sou uma fofoqueira e eu gosto de saber
tudo.
— Esquece essa inquisição — ele sugere, dá-me uma
saudação e depois caminha para fora. Deixo escapar um suspiro,
levanto-me e entro na sala de jogos. Depois de jogar uma partida de
bilhar comigo mesma, tomo minhas vitaminas para a gravidez e em
seguida pego meu E-Reader e saio de novo. Hoje é um bom dia porque
não vomitei. Talvez seja o final de minhas manhãs doentes. Uma vez
que me sento confortável em uma das cadeiras ao ar livre pego meu
telefone e o envio um texto ao Dex.

Eu: Preciso de um sorvete.

Dex: E?

Eu: E consiga um pouco.

Voltei a ler a mensagem, e me dou conta de quão grosseira


soa, e envio outra.

Eu: Por favor.

Dex: Peça a Vinnie para pegar um pouco.

Eu: Vinnie se foi. Estou sozinha e o bebê quer sorvete com


sabor de chiclete.

Nenhuma resposta. Suspiro, tentando esquecer o meu desejo


e me concentrar no livro da estrela de rock em frente a mim. Terminei a
metade do livro quando escuto algumas risadas procedentes do interior
da casa.

— Ela virá aqui eventualmente — diz uma voz. Allie.

— Não é nosso problema — ouço Jessica dizer.

— Não quero perder a oportunidade de um pouco de drama —


escuto as risadinhas de Allie. Quando entro na cozinha toda a conversa
para.
— Olá Jess — digo, fazendo caso omisso de Allie
completamente.

— Olá, como se sente hoje? — pergunta-me, e me dá um


sorriso genuíno.

— Bem. Apenas entediada — digo, desabando na cadeira. Um


homem corpulento entra na cozinha e dá um beijo profundo em Jessica.
Quando finalmente olha para outro lado, seus olhos me encontram me
dando uma elevação de queixo em sinal de saudação, sorrio de volta e
vejo como arrasta Jess fora da cozinha sem dizer uma palavra, e me
deixou com Allie. Ignorando-a, ponho-me de pé, pego minhas chaves e
minha bolsa, e caminho para meu carro. Estou tão farta de estar aqui
sentada sem fazer nada. Decidindo ir à loja e comprar um pouco de
sorvete e comida, estou a ponto de cair no assento do motorista quando
escuto o ruído de uma motocicleta. Viro-me para ver o Dex montado na
besta de sua moto, parecendo tão sexy e completamente rude. Ele tira
seu capacete, cabelo escuro sopra no vento, e me pega com seu olhar.
Afasto o olhar dele e entro em meu carro e fecho a porta. Conto baixo,
cinco, quatro, três, dois, um, antes que ele pare de pé na frente da
minha janela.

— Aonde você vai? — pergunta, abrindo a porta do meu carro


e me olhando.

— A loja — eu digo.

— Por que? Fui consegui algumas coisas para você — diz,


sorrindo para mim.

— Sério? — eu pergunto, subindo as sobrancelhas.

Ele sorri. — Vêm.

Ele sustenta sua mão para mim, e eu a tomo. Um


automóvel para e vejo o Vinnie conduzi-lo. Quando está estacionado
Dex vai ao carro e pega quatro sacolas de plástico cheias de guloseimas.
Curiosa, sigo de volta à cozinha.

— Dois potes de sorvete de chiclete — diz ele, colocando-as


sobre a mesa. — E mais comida. Também uma sacola cheia de frutas,
verduras, iogurte e salada.

Meus olhos começam lacrimejar enquanto pego um dos potes


de sorvete em minhas mãos.

— Jesus, você realmente queria esse sorvete, não é? — ele diz,


com os olhos muito abertos. Assinto com a cabeça enquanto ele vai e
me dá uma colher da gaveta.

— Obrigada — digo com a boca cheia de sorvete.

Seu rosto se abranda, e o olhar que ele me dá é tão suave que


não sei o que fazer com ele.

— De nada. Tudo o que você quiser, peça-me isso ou a um dos


prospectos que o consigam, de acordo?

— Por que não posso ir buscar eu mesma? — pergunto.

— Você pode... — diz, apagando sua voz.

— Mas?

— Mas prefiro que alguém esteja lá com você. Temos inimigos,


Faye. Não quero que aconteça nada a você nem ao bebê.

— Inimigos? Se explique.

— Maus entendidos. Problemas com um rival do MC. Houve


uma briga de bar faz umas semanas. Dois membros de seu MC foram
fuzilados, e pensam que estamos por trás disso. Não estávamos, embora
um de nossos membros estivesse presente. Até essa merda acabar
precisamos estar seguros.
— Está bem, mas preciso de liberdade, ou vou me transformar
em uma cadela — digo.

Ele ri. Bastardo. — Quando é a próxima consulta com o


médico?

— Na próxima semana.

— Está bem, vou com você a qualquer e todas as consultas —


ele anuncia.

— Está bem — digo, ao redor da colherada cheia do mais


delicioso sorvete que já havia provado. Dex vai à gaveta e consegue sua
própria colher, cavando em meu pote.

— Vamos ver do que todo este alvoroço se trata — ele diz,


abrindo sua boca e experimenta.

— Não está mal absolutamente — diz para si mesmo,


sentando e puxando o pote para mais perto dele.

— Você acaba de obter o dobro da porção! — grunho, tomando


o pote dele.

— Você fez isso — ele diz, com um sorriso de lobo.

— Sim, mas é meu.

— Baby, nós já fodemos — ele diz, inclinando-se para trás na


cadeira.

— Eu lembro, estava lá — respondo, me perguntando aonde


diabos ele quer chegar com isto.

— Assim, isso é mais íntimo que compartilhar duas porções


de um pouco de sorvete, não acha?

Coloco minha colher para baixo.

— Sim, mas você fode com todas entretanto.


Ele estuda-me. — Quem disse?

— Eu digo.

— Baby — ele diz, sacudindo a cabeça.

— O que?

Seus lábios se contraem. Acho que ele gosta da minha atitude.

— Não tenho fodido por um tempo, então nem me lembro isso.

Levanto-me e ponho os dois potes no congelador.

— Acredito que seu faz tempo e o meu faz tempo são um


pouco diferentes.

Ele não diz nada disso, então eu dou a volta e lhe fico com um
olhar especulativo. — Você é a última pessoa com quem eu dormi —
digo, esperando para ele falar.

Ele não o faz.

— E você? — eu pergunto, minha voz enganosamente


inocente.

Ele faz uma pausa. — De verdade, quer fazer isto?

Estremeço. — Assim tão mau, né?

— Não dormi com ninguém desde que descobri que você


estava carregando o meu bebê — diz finalmente, seus olhos nunca me
deixando.

Eu mordo meu lábio inferior. — Esse foi outro dia.

Ele assente com a cabeça lentamente. — Foi. Não vou mentir


para você.

— Está bem — digo lentamente, afastando meu olhar de seu


firme olhar.
— Vou levar você para sair esta noite, então se vista às seis —
diz, ficando de pé para sair da cozinha.

— Aonde você vai agora? — pergunto, odiando a indigência em


meu tom.

— Fora — diz. — Olhe, eu entendo que está tendo a meu filho,


mas não dou explicações de mim mesmo a qualquer mulher, ok?

Isso é o que eu esperava que fizesse? Olho para ele, de pé ali.


Vestido com jeans ajustados, um pescoço em V preto e seu corte, ele
parece intimidante. Inalcançável. Impressionante. De repente me sinto
irritada. Não se trata de mim. Sentada aqui, estando tão fora de
controle. Deixei que meus pais tivessem o controle de mim toda minha
vida, agora que estou livre de seu controle, não necessito de outro.
Inclusive se vem na forma de um sexy como o pecado, motociclista
rude.

— Por que então não deixo você e saio de seu caminho? —


estalo, caminhando fora da porta antes dele. Ignoro sua presença atrás
de mim enquanto pego minha mochila e minha pasta da universidade e
caminho para o meu carro.

— Onde diabos você acha que vai? — ele grunhe, me tomando


pelo braço.

— Vou estudar na biblioteca — eu digo. — Não gosto de me


explicar para você também. Quem é você para mim? Um idiota que me
teve uma vez e me deixou grávida. Não é meu dono Dex.

Me solto de seu agarre e me apresso para meu carro. Ouço-o


chamar o Vinnie, provavelmente para tomar conta de mim.

Pobre Vinnie.

Conduzo para fora, para a biblioteca, que por sorte estava


aberta e longe dos limites de um homem que eu quero, mas nunca
poderei ter.
Saio da biblioteca e me encontro cara a cara com o Vinnie.
Faço uma careta, o pobre deve ter estado esperando na frente pelas
últimas horas.

— Sinto muito Vin — digo quando o vejo com aspecto


aborrecido até a morte, de pé junto a sua moto.

Nem sequer tenta me sorrir. Em seu lugar, chupa seu pirulito


e diz: — E aonde agora?

— Quer vir comigo? Podemos recolher sua motocicleta no


caminho de volta.

Ele nega com a cabeça. — Vamos comprar um pouco de


sorvete — digo. Vinnie parece tudo menos emocionado com minha
decisão, mas não se queixa. Ele deve realmente querer conseguir um
pouco também.

Quando chegamos a minha sorveteria favorita, meu telefone


soa com uma mensagem.

Dex: Sorvete de novo? Sério?

Irrito-me. Esta é sua maneira de me fazer saber que ele sabe


exatamente onde estou e o que estou fazendo. Homem controlador.

Eu: Com a esperança de fazer que Vinnie o lamba de mim.

Imaturo, eu sei. Mas estou de mau humor e hormonal.


Hormonal — agora há uma boa desculpa se é que alguma vez escutei
uma. Sorrio ao pensar, enquanto Vinnie se senta no tamborete de frente
a mim desfrutando de seu sorvete de chocolate.

— É bom, não é? — digo com uma piscada. Ele rola seus


olhos.

— Bem, está bom.


— Quer ir ver um filme depois? — pergunto, desfrutando da
liberdade e a companhia.

Ele para de lamber, movendo sua boca longe do sorvete.

— Não quer voltar ainda?

— Tenho que fazê-lo? — Queixo-me.

— Sim, você tem — diz, rindo de mim, — não é tão ruim ali, é?

Encolho meus ombros.

— Não é tão ruim, não. Mas sinto que não tenho nada mais
para fazer do que me sentar lá, como uma chocadeira, enquanto que
todo mundo vai viver suas vidas.

Ele ri, em voz alta. — Uma chocadeira?

— Vamos Vin. Nem sequer posso ir tomar um sorvete sem que


se transforme em um espetáculo.

Esse comentário detém o humor em seu rosto.

— Ele só quer que você esteja segura.

— Sim, mas ele não manda em mim, e não pode me


controlar dessa maneira — digo em voz baixa, olhando para o outro
lado.

Uma cálida mão toma minha mandíbula, levantando minha


cabeça.

— Você é uma garota forte, sabia?

Minhas bochechas esquentaram.

— Não acredito ter tido a oportunidade de provar isso ainda.

— Você o fará — ele diz, ficando de pé. — Agora vamos. A


última coisa que preciso é fazer que Sin se irrite comigo.
Estremeço quando penso na mensagem que enviei ao Dex sem
considerar o impacto de minhas ações. Espero que ele não desconte em
Vinnie.

— Uma corrida para lá? — eu digo com um sorriso.

Ele olha para baixo na minha barriga. — Talvez em uns


meses. Eu rio

— Trato

Dex não está em casa quando chego. Pego meus aperitivos e


me dirijo diretamente ao meu quarto, não pensando em compartilhar
qualquer de meus bens. Quando passo por diante da sala de estar vejo
o Arrow sentado ali com uma mulher em seu colo. Uma mulher que não
é Mary. Ele olha para cima quando me vê, minhas mãos cheias de
chocolates, caramelos e produtos de padaria e sorri.

— Precisa de ajuda com isso menina? — diz em voz alta para


mim, um sorriso escapou de seus enganosos lábios.

Entro no quarto.

— Acredito que tenho tudo sob controle, obrigada. Onde está


Mary?

Seus olhos se estreitaram. — Preciso chamar a Sin?

Sua cara se volta má, e me dá um pouco de medo. Dou um


passo à distância enquanto a mulher em seu colo me lança um olhar
altivo.

— Então... Quando foi a última vez que teve um controle de


DST? — pergunto-lhe em um controlado tom casual.

Arrow grunhe e eu faço uma careta, dando outro passo para


trás.
— Bom, vou agora...

— Parece que é você que precisa usar camisinha — debocha


ela, olhando para o meu estômago. Ao menos ela sabe que estou
grávida, não gorda.

— Sequer sabe quem é o pai?

Aborrecida, viro-me para o Arrow. Como se soubesse o que


estou pensando, ele nega com a cabeça.

— Arrow é o pai — digo, fingindo começar chorar. Então corro


ao meu quarto, sem poder parar de rir.

Estou na metade do caminho quando Dex entra, olhando


muito infeliz.

— Baby — diz em um suspiro, esfregando uma mão pelo


rosto.

— O que?

— Você não podia fazer as coisas fáceis para mim, não é? —


ele diz secamente, deitado na cama junto a mim.

— Eu gosto de Mary — digo.

— O que isso tem a ver com a Mary? — ele pergunta,


sentando-se. Oh merda, suponho que Arrow não me delatou.

— Vi o Arrow com alguém que não é Mary — digo em voz


baixa. Dex fica tenso ao meu lado, e então me puxa mais perto dele.

— Esse não é nosso assunto, sim?

— Se alguém soubesse coisas sobre mim, coisas que me


machucaria, mas ainda olhou na minha cara todos os dias e fingiu ser
meu amigo, eu ficaria magoada. E me sentiria traída — eu digo.

Silêncio.
— Não é você quem machuca Mary. É problema deles, e não
deve julgá-los. Alguém aqui alguma vez te julgou? — diz ele.

Penso nisso.

— Acho que não.

— Aqui temos uma política de não pergunte, não diga, baby.


— ele diz, inclinando-se para trás mais uma vez mais. — E isso vai para
você também. Só se ocupe de seus assuntos e tudo estará bem.

Engoli, me perguntando o que Arrow ia fazer comigo.

— Está bem, tem razão; não é da minha conta. Se fosse eu...


Eu gostaria que alguém me dissesse, entretanto.

— Isso se trata de Eric? — ele pergunta com voz rouca.

Aproximo-me dele e olho nos seus olhos.

— Acho que sim. Eu estava com ele para sempre, sabe? Agora
me dou conta que é somente o que estávamos acostumados. Só
desejaria que tivesse terminado comigo antes de dormir com qualquer
uma.

— Ele não te merece Faye. Nunca fez

— Ele esteve me ligando sem parar — digo, riscando as


tatuagens em seus nódulos.

— Vou conseguir um novo número amanhã — diz


imediatamente.

— Bom. Ainda vamos a algum lugar esta noite? — pergunto,


lutando contra um bocejo.

— Está cansada? Poderíamos simplesmente pedir algo — ele


responde.

— Parece bem — digo, sorrindo.


— O que eu vou fazer com você, Faye? — diz, inclinando-se
para frente e me beijando no nariz.

— Eu poderia pensar em algumas coisas — digo secamente,


levantando uma sobrancelha sugestivamente.

Ele afasta-se, sua expressão em branco.

— Há algumas coisas que tenho que resolver antes de sequer


pensar em ir ai, baby.

— Que coisas? — pergunto. Aproximo-me mais, tão perto que


posso cheirar um pouco de sua colônia.

— Nada, baby, nada — diz, selando o tema e rolando para


longe de mim.

Eu gemo em frustração.

Que diabos ele esconde?

Quando me acordo no meio da noite, Dex não está na cama.


Sinto sede e um pouco de curiosidade, dirijo-me nas pontas dos pés à
cozinha para conseguir um pouco de leite e em seguida olho ao redor
buscando-o. Ouço vozes no lado de fora, então movo as persianas a um
lado para jogar uma olhada. Não posso escutar, mas posso ver que os
lábios do Dex se movem enquanto fala com um homem que nunca tinha
visto antes. Sua mão está ao redor de seu pescoço, apertando.

Engulo em seco.

Dex é capaz de matá-lo?

Por último, ele empurra o homem no chão e lhe aponta a


porta. Em seguida, Dex se vira para o Arrow, diz-lhe algo, e lhe dá um
murro no estômago.
Que merda?

Volto a dormir antes que possam me notar.

Uma hora mais tarde, Dex desliza de novo nos lençóis e me


pega em seus braços, me abraçando. Inclusive beija a parte superior de
minha cabeça.

Qual Dex é o verdadeiro Dex?

No dia seguinte, depois de uma manhã de estudo, saí de meu


quarto e caminhei direto para a Mary.
— Oh, sinto muito, querida — diz com sua doce voz, seu braço
vai a minha cintura.

— Sinto muito — murmuro, lhe dando um pequeno sorriso.


Ela reluz beleza hoje em seus shorts de cintura alta e uma camiseta top
com uma foto de uma garota pinup nela. Ela é tão quente! Como
poderia Arrow enganá-la com... Isso?

— Só vim para te buscar — diz ela. — Esteve trancada em seu


quarto durante toda a manhã, quer algo para comer?

Poderia ser mais amável?

— Parece bom — digo. — Como você está?

— Bem, ocupada com o trabalho — ela diz enquanto


caminhamos ao lado da outra para a cozinha. Olho para o que estou
usando, calças de moletom e uma camiseta top com uma mancha de
chocolate nela. Pereço-me como uma merda em comparação com ela.

— Onde você trabalha? — pergunto, sentada na mesa.

— Sou veterinária — diz ela, abrindo a geladeira e tirando um


grande contêiner.

— Uau — digo, impressionada. — Beleza e inteligência.

Exceto pela relação com Arrow.

Ela ri. — Você é doce. Aqui, Sin me disse para fazer isto para
você e que me assegurasse de que tenha comido.

Ela coloca na minha frente um contêiner de uma saudável


salada de frango. — Obrigada.

— Nunca vi alguém com quem ele se importasse tanto — ela


diz, olhando a salada. Sorrio, mas resolvo ignorar esse comentário.

— Onde está Arrow?


Ela perde seu sorriso. — Assuntos do Clube. Escuta, ele
disse-me o que passou ontem. — Minha mandíbula cai aberta.

— Sério?

Ela ri de minha expressão. — Sim, fez. Nós não somos


exclusivos, ele e eu, mas obrigada por me defender de todo o modo.

— Não entendo este clube — admito.

— Não tem que fazê-lo, querida. Ama ao homem, ama ao


clube, assim é como é. Dex estava irritado com o Arrow por permitir
você ver o que viu.

Engasgo com uma folha de alface.

— Amor?

É por isso que Dex bateu em Arrow? Por que ele teve que lidar
com a minha reação ao ver o Arrow a enganando?

— Oh, eu vi como vocês dois se olham — diz ela e dá-me um


olhar de cumplicidade.

— Precisa de óculos? — pergunto mantendo uma cara séria.


Viro-me enquanto Tracker, Irish, e Allie entram.

— Ei — digo ao Tracker, lhe dando um cálido sorriso.

Ele caminha diretamente para mim, inclinando-se para baixo


e me beija na cabeça. — Estou com fome, me cozinhe um pouco de
comida.

Eu suspiro. — Você tem mãos, as use.

— Ele estava sendo bastante criativo ao usá-las antes — Allie


ronrona. O que? Ela simplesmente dorme com todos?

— Vai a merda Allie — grunhe Tracker.

Eu paro. — Obrigada pela comida Mary.


Retorno ao meu quarto e Tracker me para no corredor.

— O que está errado?

Suspiro e me dirijo para ele. — Eu pensei que você era meu


único amigo neste lugar e agora você está fodendo com o inimigo. Não
sei. Acho que eu estou apenas hormonal.

Sim! Salvando-me uma vez mais.

— E você me beijou! — deixo escapar. — Acho que isso não


significa nada para você, porém, considerando...

— Porra. — Vem um grunhido aquecido. Viro-me e vejo olhos


azuis com raiva.

Merda. Fodida. Merda.

— Humm... — murmuro.

Sim, eu não tenho nada.

— Você a beijou? — Ele diz ao Tracker, que o olha fixamente


nos olhos e assente.

— Fora — cospe, e em seguida, sai.

Tracker se volta para mim, os olhos penetrantes nos meus.

— Eu sinto muito, mas você é dele.

Com isso, ele vai. Vou segui-lo, mas ouço Dex chamar Arrow
para me manter em meu quarto. Merda, não podia chamar a alguém
mais?

— Olá menina, — diz ele, sorrindo. Aponta à porta de meu


quarto. Coloco minhas mãos em meus quadris e me imponho.

— Você não vai detê-los? — pergunto, elevando a voz. Em


resposta, ele me arrasta para o quarto.
— Agora, a respeito do outro dia — eu começo, fingindo como
se não houvesse dois homens por aí fazendo sabe Deus o que um ao
outro.

Rio nervosamente. — Sim, desculpe por isso.

— O que se desculpa?

Eu franzo o cenho. — O assunto da minha gravidez não


bloqueou seu pênis?

Ele ri agora, sustentando seu estômago. — Maldição não,


como se essas cadelas se importassem.

Adorável.

— Eu realmente gosto de Mary, está bem. Não se preocupe,


Dex me deu uma advertência.

Seu rosto se suaviza ligeiramente.

— Sim, Mary é uma boa garota.

Eu ponho os olhos. — Ela é um partidão! Alguém tem que


algemá-la!

Seus lábios se curvam. — Agora está dizendo coisas que não


se pode recuperar.

Eu pisco. Ele pisca. Então nós dois rimos. Quando a risada


se desaba, Arrow me olhe fixamente.

— Tenho que te perguntar algo.

— Vá em frente — digo.

— Você se dá conta de que Sin vai tomar as rédeas do clube


algum dia...
— Como um presidente? — pergunto. Realmente nunca tinha
pensado nisso antes.

O que significa isso para mim e para nosso filho?

— Sim. Ser a old lady de um presidente não é para qualquer


uma — diz, coçando sua barba. Tem que aprender quando manter essa
sua boca fechada.

Abro a boca e em seguida, a fecho com a pressão.

— Bem, está aprendendo — ele comenta, olhando divertido. —


Nós gostamos de você assim sem deixar escapar qualquer merda, mas
nem todos os motociclistas são assim, sabe. Você não pode ir correndo
balbuciando diante dos outros.

— Já me disseram isto. E Sin nem sequer me quer — digo,


incapaz de ocultar a amargura de meu tom.

Arrow sorri.

— Ele fodidamente quer você; confia em mim nisto, menina.

— Não, ele não me quer. E não quer que eu esteja com


ninguém também, — eu sopro olhando à porta. Antes que Arrow possa
me agarrar, corro para a porta e através da casa. Quando caminho fora,
vejo todos os motociclistas e mulheres de pé ao redor do Dex e Tracker,
que estão ambos batendo a merda fora um do outro. Tracker tem
sangue correndo por seu rosto, enquanto Dex só tem um corte no lábio.

— Pare! — eu grito a plenos pulmões.

Dex nem sequer se vira para me olhar, em vez disso diz em


voz alta uma palavra.

— Irish!

Irish caminha para mim, levanta-me em seus braços, e me


leva para longe enquanto me retorço e grito.
— Por que você não os para? — eu grito, me empurrando para
longe de seu corpo. Ele leva-me como uma noiva por cima do ombro,
obviamente, tomando cuidado com meu estômago. Ao entrar em meu
quarto, Arrow está ainda sentado ali, com um aspecto aborrecido.

— Por que diabos você a deixou sair? — Irish grunhe irritado,


— Vai fazer que sua bunda seja chutada.

Arrow encolhe os ombros.

— Ela não acredita que Sin a quer, pensei que faria bem vê-lo
brigar por ela.

Aí é onde ele estava equivocado. Ele não estava lutando por


mim, Faye Connor. Ele estava lutando por sua posse. A diferença
dessas duas coisas é astronômica.

— Minha vida é péssima — murmuro em voz baixa. Quero


dizer, não sei realmente quem é Dex ou Sin? Claro que o conheci
quando era um menino, mas ele era muito maior que eu, assim não era
como se nós passássemos momentos juntos. Sempre pensei que ele era
lindo.

Ele é lindo.

Mas, é mais do que isso.

— O que Tracker fez, afinal? — Arrow pede, apoiando-se em


seu cotovelo.

— Nada — minto, não querendo que eles saibam o que


aconteceu.

— Mentira.

— Ei, disseram-me que não era permitido falar sobre nada


que eu vejo neste clube — digo, sorrindo com picardia aos dois homens.

Ambos riem.
— Você é um milhão de vezes melhor que René — acrescenta
Irish. Arrow lhe dá um murro no braço.

— Quem é René? — pergunto, tentando parecer casual, mas a


curiosidade está atada em meu tom.

— Ninguém — diz Arrow, dando ao Irish um olhar que eu


posso decifrar com claridade. Diz... Se cale.

Lanço minhas mãos para o alto.

— Ninguém me diz uma merda por aqui!

— Preferia estar de volta em casa? — pergunta Arrow,


levantando uma sobrancelha. Imagino a mim mesma de volta em casa.
Meus pais respirando em meu pescoço a cada dois segundos.

Faye, você estudou?

Faye, acho que não deve usar isso. Se cubra mais.

Faye, já tem noivo na sua idade. Toda a cidade está falando de


você.

— Não, não preferia — respondo com total honestidade. —


Mas este lugar é muito chato.

Irish bufa.

— Só porque Sin mantém você trancada aqui como uma puta


princesa. Se te permitisse sair e jogar, teria um bom momento.

Interessante.

— Ah, e se não estivesse grávida — acrescenta Arrow


bruscamente, olhando meu ventre como se fosse contagioso.

Passo minhas mãos sobre meu estômago.

— Isso é certo.
A porta se abre e Dex fica ali, a adrenalina e a fúria irradiam
dele. O ar se aspira do quarto enquanto olhamos um para o outro.

— Fora — ele rosna para Arrow e Irish. Arrow me dá um olhar


simpático antes de ir. Um que não aprecio.

Dex começa a caminhar, e eu me sento e espero que ele


exploda. Posso senti-lo vir.

Sinto-o palpitar em todo o quarto.

— Meu filho está dentro de você, e você está beijando outro


homem? — ele grita para mim, golpeando a porta duas vezes.
Estremeço com cada golpe, e então olho para a rachadura da porta.

— Foi só um beijo! E eu vi você com aquela vadia no corredor!


— grito, perdendo a paciência.

— E o que? Ia ser outra foda por vingança? Parece que você


gosta dessas, não é assim? — Joga, sacudindo a cabeça com
incredulidade.

— Não torça as minhas palavras! Foi um beijo, e ele é um bom


cara — digo, olhando para o outro lado.

Ele ri, mas sem humor.

— Nenhum desses caras são caras bons, Faye, eles só estão


sendo dessa maneira com você porque sabem que está sob minha
proteção.

Abro a boca para responder, mas ele me interrompe.

— Tracker, o homem que você acredita que é um "bom cara"


matou alguém na semana passada — ele diz em um tom que nunca o
ouvi falar antes. — E você sabe por que o fez? Porque eu dei a ordem
para fazê-lo.
Meus olhos arregalam enquanto tomo esta informação. No
lugar de sentir medo tudo o que posso sentir é ira.

— E você quer colocar o meu filho em tudo isso? — grito com


ele, me colocando de pé. — Que merda você quer de mim, Dex?

Seu rosto fica em branco.

— Não quero nada de você, Faye, exceto por meu filho. Agora
vou foder alguém, enquanto você fica aqui e pensa na puta que é.

Minha cara cai enquanto ele fecha a porta.

Que se foda!

Estou tão esgotada.


Ele não voltou para o quarto naquela noite.

Levanto-me cedo, tomo café da manhã, e escrevo uma nota


Dex.

Depois que tomei banho, e estou a ponto de sair da casa-clube


vejo as garotas. Jess, María, Allie e um par que nunca tinha conhecido
antes. Uma bonita mulher que parece ter uns quarenta anos me olha
fixamente, e tenho a sensação de que esta é a esposa do Jim. A Abelha
Rainha dos Wind Dragons. Ela aproxima-se de mim, e ponho um
sorriso.

— Vejo que você esteve causando um grande tumulto por aqui


— diz me dando um olhar. Ela tem o cabelo muito claro, e os olhos
muito escuros, o contraste é bastante atrativo.

— Faye. — Apresento-me, lhe oferecendo a mão.

— Cindy — ela diz, sacudindo a mão com um aperto forte. —


Não o machuque.

— Prazer em conhecê-la — digo, pensando que estou bastante


segura de que é ao contrário, mas dá no mesmo. Assinto e sorrio, saúdo
as outras garotas e, em seguida, saio fora daqui.

Não pertenço aqui.

Sorrio quando vejo a cerca aberta e ninguém mais ao redor.


Enquanto conduzo meu carro, sinto algo.

Arrependimento.

Ignoro-o completamente.
Em seguida, dou volta e vejo uma motocicleta junto a mim,
amaldiçoo. É Vinnie... Ao pobre deve ter sido dito que cuidasse de novo
de mim. Tento perdê-lo em vão. Suspirando, dou a volta no
estacionamento do centro comercial. Saio e o saúdo antes de caminhar
para a uma loja que vende artigos de bebê. Olho por cima das pequenas
roupas de bebê, tão pequenas e lindas. Comprando um par de trajes
unissex, saio da loja e sigo para outra. Compro um pouco de roupa que
possa usar quando ficar maior, blusas soltas e vestidos elásticos e
calças. Meu telefone começa a tocar.

Dex.

Pressiono ignorar e sigo em minha expedição as compras.


Depois que meu telefone toca pela quinta vez, ponho-o no silencioso.
Não há nada que eu queira dizer a ele agora. Quando caminho mais à
frente do cinema, entro e vou ver um filme. Algo que tire da minha
mente o fato de que em algum momento do dia, vou ter que voltar para
complexo. Se eu quero ou não. Dex me levará de volta se Vinnie não o
fizer. Escolho um filme de vampiros, compro um pouco de pipocas,
água e escolho um assento no meio do cinema. A metade do filme,
alguém se senta ao meu lado. Não preciso virar para saber quem é. Sua
colônia é um claro indicativo, junto com a forma em que meu corpo
responde com apenas estar em sua presença. Ele não diz nada, e não
sinto seu olhar em mim. Só se senta ali em silêncio, vendo a segunda
metade do filme. Tento me concentrar na tela diante de mim, mas
minha mente está agora unicamente em Dexter Black. O que vai sair da
boca dele agora? Dormiu com alguém ontem à noite? Allie? Tenho
direito a estar aborrecida? Provavelmente não. Ele não me fez nenhuma
promessa.

O que parece horas mais tarde, os créditos correm e as luzes


se acendem de novo. Dou-lhe uma olhada, para encontrá-lo me olhando
com um olhar agradável em seu bonito rosto. Passando uma mão ao
longo da barba em sua mandíbula, dá-me um sorriso de desculpa.
Mas ele não vai me encantar com seu charme para sair dessa.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, quebrando o


silêncio. Todo mundo se levanta para sair do cinema, arrastando os pés
ao redor de nós.

— Você tinha ido embora quando eu acordei. — É tudo o ele


que diz.

Cerro os dentes. — Eu posso ir aonde quiser, Dex.

— Olhe, Faye — diz, olhando de novo à tela. — Há um pouco


de merda acontecendo agora mesmo com outro MC. Só quero me
assegurar de que você está a salvo, isso é tudo.

— Eu entendo. Faço. Mas não precisa ser um imbecil também


— respondo com uma voz carente de emoção.

— Baby, todo mundo sabe que você é minha. É minha para


cuidar de você. Trouxe você aqui — diz, cavando meu queixo em sua
mão. — Tracker deveria saber melhor antes de te tocar.

— Então, você não me quer, mas ninguém mais pode me ter


também? — pergunto, olhando-o nos olhos.

Os dele nadando em indecisão. Os meus nadando na


esperança.

— O querer não é o problema, confia em mim nisso — ele diz


finalmente, me dando um sorriso triste.

— Então o que é? — Atrevo-me a perguntar.

Fecho os olhos fortemente quando seus lábios tocam minha


testa.

— Você sabe o que quer, e não vai aceitar menos. Verdade?

Assinto.
Ele puxa para trás, os olhos nublados.

— Quando vier para você, preciso saber que posso te dar tudo
o que merece.

— Isso não te impediu de me ter antes — assinalo.

Ele sorri torto. — Isso foi uma noite, isto é um pouco mais
permanente.

— O quanto permanente? — pergunto, desenhando cada


palavra.

Agora ele sorri. — Bola e corrente permanente.

Espera, o que?

Ele fica de pé e me oferece sua mão, me puxando quando a


ponho na sua.

— Vamos levar você para casa.

— Ainda estou com raiva de você — digo enquanto recolhe


minhas bolsas de compras do assento do lado.

— Não esperaria menos — responde, soando divertido como o


inferno.

— Aonde você foi ontem à noite? — pergunto enquanto


caminha para seu carro. — Onde está sua moto?

— Você está grávida, não há moto para você. E saí, mas não
fodi ninguém — diz sem rodeios, abrindo a porta do carro com apenas o
pulsar de um botão.

— Aonde foi então? — pergunto quando estamos sentados.

— Baby — diz, torcendo o lábio.


— Não me chame de baby, idiota — eu rosno, entrecerrando
os olhos nele.

— Sabe, acho que ninguém nunca falou comigo desta maneira


— reflete, sem soar como se fosse algo ruim.

— Bom será melhor que se acostume a isso — adiciono, lhe


dedicando um sorriso falso.

— Você sempre foi uma lutadora, mesmo quando era uma


menina — ele diz. — Inclusive, sua louca mãe não quebrou seu espírito.

Penso em defender a minha mamãe, mas então não me


incomodo. O que ele diz é verdade.

— Estava acostumada a te seguir por todos os lados.

Ele sopra. — Eu me lembro. Você tentou me fazer comer um


pastel que tinha feito. Estava todo esmagado, e tenho certeza que o
tinha deixado cair no chão!

Meus ombros sacodem com minha risada. — O que quer dizer


com tentei? Você comeu aquele maldito pastel e você adorou!

Brinquei.

— É o que eu devia dizer? Não? Você com seus enormes olhos


cor avelã e cachos castanhos, não acredito que alguém poderia ter dito
não a você.

— O grande motoqueiro mau tem medo de uns olhos de


cachorrinho?

— Os seus — Acho que o ouço murmurar baixo.

Com certeza.

— Então você começou a sair com o Eric... — diz, olhando à


frente na estrada. Tamborila os dedos sobre o volante com um ritmo
composto.
— Sim, e isso terminou bem. Como soube que estava com
raiva dele quando dormimos juntos? — pergunto, lembrando o
comentário que fez sobre o desejo de saborear algo selvagem.

— Minha mãe me liga todo o tempo. — É tudo o que diz. Sua


mãe é uma fofoqueira, sempre tinha sabido. — Disse que Eric estava
aborrecido.

Debocho.

— Com certeza. Eric e eu estávamos juntos porque era


conveniente. Acredito que se deu conta antes quando começou foder por
aí.

— E tenho certeza que vai se arrepender quando se der conta


da grande mulher que perdeu — diz simplesmente. — Mas, será muito
tarde para ele.

— Ele sabe? — pergunto, retorcendo as mãos.

— Sim, eu disse a ele. Também lhe disse para deixar você em


paz. Tenho o novo cartão SIM e o telefone também, tem programado
meu número. E também de todos os irmãos. No caso de precisar.

— Deus, você é mandão.

— Você adora — responde. — Provavelmente, deveria te


advertir.

— O que? — pergunto com cautela, minha cabeça encaixa


para ele.

— Os irmãos estão tendo uma festa esta noite — diz, me


olhando com um sorriso.

— Como é isso diferente de qualquer outra noite? — pergunto,


pensando na forma em que todos passam o momento, bebem e fodem a
cada noite.
— Não importa, você e eu ficaremos no quarto. Comprei um
par de coisas para que nós saiamos — diz.

— Como o que? — pergunto, emocionada.

— Seja paciente.

— Está bem. Ah, e uma coisa mais, Dex — digo.

— O que é?

— Volte a falar comigo como fez ontem de noite de novo, e vou


embora.

Ele assente uma vez, lentamente. Seus olhos se endurecem


com minha ameaça, mas ele se arruma para ocultar sua irritação.

— Anotado. Perco a paciência às vezes, mas sempre lhe


compensarei isso.

— Essa é sua desculpa? — pergunto. É possível que precise


um pouco de trabalho.

Ele sorri e diz: — Suponho que sim.

— Agora me leve para casa e me alimente — Exijo.

Ele ri e faz o que foi dito.


Quando Dex e eu caminhamos de volta para o clube, havia
gente em todos os lados. Ele não estava brincando sobre a festa. O
lugar está cheio de motociclistas que não conheci antes, e Dex me
explica que são Wind Dragons de outras seções. Ele para saudar um
homem alto e forte.

— Tanto tempo sem te ver — diz o homem, golpeando Dex no


ombro.

— Sei, como você está? — pergunta Dex.

— Tudo bem — responde o homem, olhando para uma mulher


que está entrando. Dex Ri.

— Aproveitando, não é?

— Não está compartilhando? — pergunta o homem, me


olhando, como se finalmente me notasse. — Talvez poderíamos
compartilhar a esta linda pequena.

Dex fica rígido.

— Não posso, amigo, ela é minha.

O homem não parece feliz. — Quando vier me ver, deixo com


qualquer cadela que queira.

Dex assente.

— Esta é diferente. Ninguém a toca, exceto eu.

O homem afirma, aceitando-o, mas ainda não parece feliz.


Mantenho minha boca fechada, sabendo que não é momento de falar.
Dex se despede e continuamos. O lugar está cheio de
mulheres lindas, e não perco as olhadas que disparam para Dex. Meus
punhos se apertam enquanto vejo uma em particular, olhando-o como
se já o tivesse tido. Quando Dex me afasta dela, assumo que tem feito.
Antes que possamos caminhar até a sala que leva para o nosso quarto,
uma impressionante ruiva para na frente de Dex, pondo suas mãos no
seu peito.

Oh, diabos não!

— Sin, quanto tempo sem te ver — ronrona.

Dex empurra as mãos dela, avaliando. — Não estou


interessado.

— Isso não é o que me disse a última vez — ela responde,


lambendo seus lábios. Tem grandes olhos verdes e dificilmente usa
roupa. Não posso mentir... Ela é um nocaute. Se me visse dessa
forma...

— É o que estou dizendo agora. Agora, sai de meu maldito


caminho — diz ele, com uma voz tão fria, que inclusive eu, encolho.

— Você nunca me negou — diz ela, agora franzindo o cenho e


finalmente me olhando. — Sin...

— Ele disse não. Tenha alguma maldita dignidade — digo,


antes que possa começar a suplicar.

Ela abre sua boca para dizer algo quando Dex agarra minha
mão e me faz caminhar ao redor dela, deixando-a ali parada com sua
boca quase aberta. Ao entrar no quarto, tranca a porta e põe todas as
bolsas na cama.

— Bom, isso foi interessante, — digo lentamente. — Uma


velha amiga sua?

— Baby. — É tudo o que ele diz. Como se fosse uma resposta!


— E quem era esse homem? — pergunto.

Dex sorri.

— Foi algo bom que ele recuou ou teríamos um problema. E


você ficou tranquila, boa garota.

— Estou aprendendo — digo secamente. — Pelo menos com os


homens.

Ele ri de mim. — É bom saber.

— O que você queria me mostrar? — pergunto, tirando meus


sapatos e me sentando na cama.

— Claro, verdade — diz, abrindo uma gaveta e tirando quatro


livros.

— Livros? — pergunto com minhas sobrancelhas levantadas.

Ele senta-se ao meu lado na cama e os espalha por ela. Dois,


são livros de nomes de bebê, outro é sobre a gravidez e o outro, é sobre
o trabalho de parto. Minha garganta começa a queimar com o gesto
carinhoso e a prova de que ele está sério sobre isto.

— Isto, é realmente muito carinhoso.

Ele encolhe os ombros. — Quero estar preparado. Logo,


poderemos nos mudar para minha casa, e o bebê terá seu próprio
quarto.

— Sua casa? — pergunto, me sentindo confusa.

Ele faz uma careta. — Tenho uma casa, baby, estão


reformando agora. Estará pronta em um mês. Não espero que fique aqui
para sempre, especialmente com o bebê.

Bom, obrigada por isso.

Abro um dos livros de bebê.


— Eu gosto deste nome.

— Qual é?

Aponto o nome e o mostro.

— Gertrude? — ele pergunta, pegando o livro de mim. — Boa


tentativa, Faye.

Solto uma risada. — Bem, que nome você gosta? Desde que
você já descartou Sirius e Gertrude, os quais foram excelentes ideias,
devo acrescentar.

— Talvez, deveríamos fazer uma lista. — Ele conclui.

— Vou descobrir sexo na consulta de quinta-feira — digo, me


recostando na cama.

— Sério? — pergunta. — Acho que será um menino.

— Você acha que é assim tão sortudo, certo?

— Bom, se tiver uma menina que se pareça com você, vou


estar fodido, não acha?

Ruborizo-me, afastando minha vista de seu intenso olhar.

— Posso? — pergunta, tocando a bainha de minha camiseta.

— Sim. — respondo em um sussurro, enquanto levanta minha


camiseta e põe suas mãos sobre minha pequena barriga. Quando coloca
um beijo debaixo de meu umbigo, deixo de respirar.

— Eu vou te ver em breve, pequeno. — ele murmura ao meu


estômago, colocando outro beijo antes de baixar minha camiseta. Olho
para longe para que ele não veja as lágrimas que se acumulam em
meus olhos.

Ele limpa sua garganta. — Tenho Supernatural para assistir.

Amo Supernatural. — Como sabe?


Ele sacode sua cabeça, divertido. — O fundo de tela de seu
telefone.

Uma foto do Jensen Ackles completamente nu. Claro, isso


explica. — É claro.

Ele liga o DVD e aumenta o volume ao máximo para bloquear


a música do outro lado da casa.

— Então, o que há entre você e Allie? — Encontro a coragem


para perguntar.

Ele dá de ombros. — Ela sempre está ao redor.

Não acredito que isso seja uma resposta.

— Nenhuma emoção conectada?

— É sempre assim tão curiosa? — pergunta.

— Sim.

— Sabia. — responde, seu tom de voz indica que está mais


entretido do que aborrecido. Eric estava acostumado a incomodar-se
comigo quando fazia perguntas, o que agora faz sentido porque ele
tinha um montão para esconder. Dex, por outro lado, é mais que
paciente comigo, o que me faz pensar.

— E para responder à sua pergunta, não há nenhum tipo de


conexão emocional com ela. Foi somente sexo. Ela sabia, e eu também.

Eu gosto do fato de que ele usou o tempo passado. Realmente


gosto.

— Bem, — respondo, tentando não soar feliz e falhando.


Sua profunda risada enche o quarto.

— Vem aqui, baby.


Deslizo sobre ele e descanso minha cabeça em seu peito. Seus
dedos carinhosamente se movem em meu cabelo, enquanto beija minha
testa.

— Se importa de ter perdido a festa?

— Não, por nada. Essa foi minha vida por anos; agora estou
preparado para algo melhor. Isso não quer dizer que não possamos sair
e ter um pouco de diversão — ele responde depois de um momento.
Sentindo-me atrevida, meu braço alcança seus duros abdominais.
Atrevo-me a olhá-lo para encontrá-lo me olhando, a diversão refletida
em seus olhos.

— Esse foi um agradável movimento, Faye, — replica, e eu


escondo meu rosto em sua camisa.

— Não é minha culpa. Você é quente — resmungo, aspirando


seu aroma.

— Achava que eu era um idiota, — responde, acariciando meu


cabelo mais uma vez.

— É um idiota quente.

Seu peito se sacode sob minha cabeça.

— Está fazendo que meu travesseiro se sacuda!

— Seu travesseiro é meu peito — ele aponta.

— Exato — digo, levantando minha cabeça e olhando-o. Deus,


seu rosto está tão próximo ao meu, se me aproximasse um pouco meus
lábios estariam nos seus.

— Não me olhe desse jeito — ele rosna, cavando minha


mandíbula.

— Como o que? — pergunto, sem fôlego.


— Como se me quisesse mais que nada neste mundo — diz,
com seus olhos em meus lábios.

— Nesse exato momento, eu quero. — digo, me levantando


lentamente até que nossos lábios se tocam.

Olhamo-nos um para o outro por tensos segundos.

— Merda — ele diz, capturando meus lábios com os dele.


Lambe minha boca até que a abro, logo se afunda nela... Saboreando-
me. Possuindo-me.

Este beijo é possessivo, cheio de uma furiosa necessidade.


Todo pensamento racional desaparece, e não há ninguém mais no
mundo.

Quero Dex, e ele me quer.

É simples. Básico.

E a única coisa que importa.

Ele suga meu lábio inferior e, em seguida, coloca beijos


descendo por minha mandíbula e meu pescoço. Pondo-me sobre
minhas costas, tira minha camiseta, beijando meu estômago.

Tirando meu sutiã, lambe meus seios, me dando um


adiantamento. Logo depois de uns momentos de tortura, finalmente
presta atenção aos meus mamilos, lambendo e sugando-os da maneira
que eu gosto, um pouco duro. Vai para trás para tirar meus shorts,
apreciando minhas pernas por um segundo antes de tirá-los por
completo. Beija-me ao redor de minhas coxas e depois, coloca sua boca
em meu centro.

— Dex — gemo enquanto sua língua me lambe. Minhas mãos


se enroscam em seu cabelo enquanto minha cabeça cai contra o
travesseiro. Sua língua é mágica e está me dando justo o que preciso.
Uma maldição sai de meus lábios e minhas coxas tremem quando ele
insere um dedo, ultrapassando meu limite.

Grito seu nome enquanto me perco no mar do prazer, onda


atrás onda rompendo em mim. Ele não remove sua língua, prolongando
minha liberação. Não passa muito tempo antes de suplicar que pare,
me sentindo muito sensível. Ele me dá um último gosto antes de
terminar, me olhando, a posse através de seu rosto lindo. Seus olhos
azuis entrecerrados me estudam, vendo como tento normalizar minha
respiração. Alcanço-o, mas ele sacode sua cabeça lentamente.

— O que foi? — pergunto, me sentando.

— Nada, baby, foi só para você — diz, deitando-se a meu lado.

Foi só para mim?

— O que tem para você? — pergunto, baixando meu olhar


para a dureza que se pressiona em seus jeans.

— Shh — diz, me empurrando a seus braços.

— Dex...

— Baby, só quis cuidar de você, não espero nada de volta. —


ele diz, em uma voz profunda. Fico em seus braços me sentindo
confusa. E um pouco rejeitada. Ele acaba de me rejeitar?

— Você acaba de me rejeitar? — pergunto, vociferando minha


preocupação.

Ele sussurra pesadamente. — Não, baby, não te rejeitei.


Falaremos mais disto amanhã, está bem? Vamos aproveitar esta noite.

Não entendo, mas deixo ir. Ele pode explicar amanhã.


Sentindo-me saciada, me pressiono a ele e adormeço.
Acordo no meio da noite precisando ir ao banheiro. Logo
depois de terminar meus assuntos, escuto algo. Olho para Dex, que
está adormecido sobre seu estômago, e depois olho à porta. A mulher
grita o nome de Sin outra vez e a curiosidade me vence.

Quem está gritando seu nome?

Abro a porta para as vozes fora em frente da sede do clube.

— Sin! — grita a mulher.

Olho para fora através da janela.

— Cala a boca! — grunhe um homem. O homem é Arrow.


Suas costas estão voltadas para mim, mas definitivamente é ele. A
mulher, uma loira curvilínea, diz-lhe algo. Arrow empurra suas costas,
com uma mão em seu peito. Ela cambaleia, dá um tropeção e cai no
chão. Irish, Risque e Rake estão lá mas não fazem nada.

Só olham.

Que merda?

Caminho para a entrada, e empurro a porta enquanto corro


para fora. — Que merda Arrow! — grito, me agachando para ver se a
mulher está bem.

— Merda — diz Arrow quando pousa seus olhos nos meus.

— Vai para dentro, Faye. Agora! — Nunca tinha o ouvido falar


nesse tom antes, e fodidamente não o aprecio.

— Vai a merda! — grita a mulher. Penso que está falando com


o Arrow, mas depois me dou conta de que está falando comigo.
— O que? — rosno, com raiva.

Rake caminha para mim e me devora contra seu duro corpo.

— Querida, vem para dentro, sim? — diz me guiando para a


porta.

— Quem é essa? — pergunto para Rake, minha voz está cheia


de confusão e irritação.

— Ahh, querida — me diz, dando um olhar cheio de


compaixão.

Compaixão?

— Não me olhe assim! — estalo, me afastando dele.

— Como?

— Como se sentisse fodida pena por mim! Quem é essa


mulher e por que ela me odeia? — pergunto-lhe. Rake olha para trás de
mim, e sei que Dex está parado lá.

— Vêm aqui — exige, com a boca apertada.

Caminho para ele, mas só porque quero respostas.

E eu vou consegui-las.

— Quem é essa? — pergunto para ele. Ele ignora-me, me


levantando e me carregando em seus braços de volta para quarto.

— Não pode somente ficar na cama, não é? — murmura


enquanto me baixa.

—Dex!

— Ela é a razão pela qual não posso fazer exatamente


nenhuma promessa... No momento — diz fazendo uma careta com suas
próprias palavras.
— Se explique — exijo.

— Ela é minha futura ex-mulher — diz, dando lentamente um


passo para mim. Deixo de respirar.

— Tem uma esposa? — digo brandamente, sem entender que


diabos está acontecendo neste momento.

— Não, baby. Tinha uma esposa. Estamos separados e nos


divorciando — diz, estudando minha expressão.

Uma esposa? Uma fodida esposa.

— Oh por Deus — digo a mim mesma. — Sou uma puta


destruidora de lares.

— Você não é uma destruidora de lares. Estávamos separados


antes que você e eu nos enrolássemos — explica, suas mãos fazendo
um gesto de calma.

— Você me fez uma destruidora de lares, merda! — grito,


ignorando-o. Minha mente corre.

— Por que Arrow a empurrou? — perguntei. — Assim é como


vocês tratam uma mulher?

Agora ele parece irritado. Com os olhos entrecerrados, diz: —


Tratei você mal?

— Acho que não — digo encolhendo meus ombros.

Seus olhos se entrecerram ainda mais. — Ela estava sob


minha proteção. Agora não. Disse a você, não somos todos meninos
bons, baby.

Mas Arrow? Ele estava grunhindo.

— Por que ela está aqui? — pergunto com minha voz


encolhida.
— Ela não parece entender o significado de que nós
rompemos. Nem sequer posso fazer que se mude de minha fodida casa.
Dei-lhe um par de semanas para encontrar um novo lugar — admite,
correndo seus dedos por meu escuro cabelo desarrumado.

Abro a boca.

— Essa era sua reforma? Sua esposa?

— Não podia dizer a você exatamente que minha ex estava


vivendo lá, e que estava esperando que tirasse sua bunda fora de lá,
certo?

— Não sem soar como um idiota — digo, lançando adagas


para ele com o olhar.

— Exatamente — diz — Não queria te assustar antes que


sequer fosse minha.

Isso me cala. Durante poucos segundos, de todos os modos.


— Não mudarei para essa casa — digo, cruzando meus braços sobre
meu peito.

— Bem, comprarei uma casa nova para você — diz ele,


lançando suas mãos no ar.

— Não posso acreditar nesta merda — murmuro.

— Perdão, não estava planejando que você e nosso bebê


chegassem à minha vida. Isso não quer dizer que não esteja feliz que
ambos estejam aqui. Tenha um pouco de piedade, baby, estou tentando
fazer as coisas certas. Só precisava um par de semanas e é tudo, ela iria
embora e nós poderíamos seguir adiante. Começar nossa vida juntos.

— É por isso que estava tentando pôr um pouco de distancia


entre nós? Até que tudo estivesse resolvido? — pergunto, tentando
entender.

Ele assente.
— Queria fazer algo certo pela primeira vez. Queria que o
divórcio estivesse finalizado. Queria que nós chegássemos a nos
conhecer enquanto isso. Que construíramos uma amizade antes de
uma relação. Estabelecer as bases para uma relação que durasse.

Franzo meus lábios. — Assim, quer pontos por suas boas


intenções?

— Faye — diz em advertência. Sua paciência está diminuindo,


mas pior para ele.

— Por que não vai para casa com sua esposa? — digo, fazendo
ênfase na palavra.

— Não esteve escutando nada do que te disse? — diz,


começando a caminhar de um lado para outro do quarto. Não me
surpreenderia se logo fizesse buracos no tapete.

— Estive escutando — eu estalo. Bom, algo assim. — Acho


que preciso de tempo para processar isto.

— Que merda significa isso? — ele grunhe, parando em seco.

— Significa que irei para a cama, e você não dormirá aqui o


resto da noite — encontro-me dizendo.

Ele fica imóvel.

— Sabe o que? Bem. Tentei fazer as coisas certas com você.


Não estive com ninguém mais. Nem sequer vi a ninguém mais! Ia
afastar-me como o inferno de Renée antes que chegasse mais longe com
você, então nos comprometeríamos. Se isso não for o suficientemente
bom então não sei o que mais posso fazer — diz saindo e fechando a
porta atrás dele. Não dá uma portada, mas o som dela fechando-se
ainda me faz encolher.

Subo de retorno à cama e penso sobre tudo. Odeio o fato de


que ele estava casado com essa mulher. Esse é seu tipo? Tento não ser
preconceituosa e falho. Ao menos se separaram antes da noite que
passei com ele. Ainda sou "a outra mulher"? Sou muito jovem para toda
esta merda. Tomo uma profunda pausa e ponho minhas mãos em meu
estômago.

— Tudo ficará bem, pequeno — sussurro.

Faço meu melhor esforço, mas o sono nunca vem.


Todas as conversas param quando entro na cozinha. Tracker,
que apresenta um olho negro e um corte no lábio, me olha fixamente.
Arrow franze o cenho e Rake sorri. Risque, Irish e Jim me olham
fixamente. Sirvo-me um pouco de suco e tomo assento. Então me dou
conta de algo.

— Ummm, onde estão as mulheres? — pergunto, olhando ao


redor.

— As mulheres que conhecem qual é seu lugar se vão quando


os homens têm uma discussão — diz Jim, me olhando quase
impressionado.

Quero dizer algo inteligente, mas em lugar disso mantenho


minha boca fechada. Inclusive, eu sei que encher o saco do Jim não é
uma boa ideia. Abro os lábios e tomo o suco.

— Bom. Já vou... — digo no incômodo silêncio.

Jim suspira. Ele parece cansado.

— Você está bem? — Não posso deixar de perguntar.

— Nos dêem um momento — diz ele, e todos os homens ficam


de pé. Tracker é o último em sair, seus olhos não deixam de me olhar
até que tem que fazê-lo.

— Estou ficando velho — diz ele.

— Mas você está, em seus trinta e tantos? — pergunto,


olhando os seus bíceps rasgados. Sua risada soa como se tivesse sido
aperfeiçoada por seus anos de fumar.
— Acrescente uma década a isso, menina.

— Desconfortável — murmuro. Ele é o suficiente velho para


ser meu pai.

— É a hora de Sin tomar as rédeas, exceto que ele está um


pouco preocupado agora mesmo — diz ele, elevando sua sobrancelha
para mim.

— Não vai me matar, não é? — pergunto, rindo um pouco


nervosa. Jim sorri.

— Posso ver porque está preso a você.

— Sim, porque sou um troféu em comparação com sua ex-


esposa — deixo escapar. Minhas mãos cobrem minha boca quando Jim
começa a rir forte.

— Me lembra da Cindy na sua idade — ele reflete, sorrindo


carinhosamente. — A mulher estava cheia de descaramento.

É o mesmo que tinha escutado pela Jessica.

— Olhe, Faye, a verdade é que minha saúde já não é como


estava acostumado a ser — diz ele, luzindo infelicidade em admitir.

— E necessita de Sin para estar no jogo — presumo.

— Certo.

— É possível ser um homem de família e o presidente de um


Clube de Motoqueiros? — pergunto, olhando-o diretamente nos olhos.

— Não é fácil, e nem sempre é seguro, mas sim. É possível. E


nenhum homem cuidaria melhor de sua família que Sin.

— Isso eu acredito — respondo-lhe. — Alguma ideia de onde


ele está?
— Foi dar um passeio — replica ele. — Nos uniremos com ele.
Estaremos de volta em dois dias.

— Qual é o negócio com a esposa? — Não pude conter a mim


mesma de perguntar.

— Ela o enganou, separaram-se quando ele descobriu — diz,


casualmente acendendo um cigarro — Só estiveram casados um ano.

Eu não gosto que ele tenha querido alguém mais do suficiente


para casar-se com ela. Dava-me conta de que o havia dito em voz alta
quando Jim responde: — Ela não tem nada de você, querida. Vi como
ele olha para você.

— Como? — perguntei.

— Pescando elogios, hein? Como se estivesse morrendo de


sede e você fosse uma cerveja bem fria.

Estou certa de que não é assim como se diz o refrão, mas de


todas as formas aprecio completamente.

— Então, — pergunto — Qual é o trato com o outro Clube de


Motociclistas que está tendo problemas?

Sua boca se estreita ao redor de seu cigarro.

— Negociações com outro Clube de Motociclistas. —Ele faz


uma pausa. — As mulheres não se envolvem nos negócios do clube,
Faye. Parece uma garota que pensa ser a exceção às regras, mas não
desta vez.

Eu não gosto que tenha me repreendido.

— O que acontece se no futuro me transformo na advogada do


clube? — deixo escapar. Santa merda, de onde saiu essa ideia? Dex
falava sério quando mencionou? É isto algo que quero em meu futuro?
Ele estuda-me sob uma nova perspectiva. — Então seria
diferente, suponho. Mas, ainda teria necessidade de conhecimento.

— Então, suponho que nunca estarei satisfeita —suspirei,


pensando em minha conversa com Vinnie.

Jim ri de novo e começa a tossir.

Estremeço.

— Algo que eu possa fazer por você?

— Um novo par de pulmões? — ele replica, sorrindo para


mim.

— Que tal um pouco de água? — ofereço em seu lugar. Ele


assente com a cabeça, assim lhe sirvo um copo de água com gelo. Toma
um gole, deixando-o frente a ele e depois continua fumando. Quero falar
que, provavelmente, deveria deixar de fumar, mas em seu lugar me
ponho de pé.

— Vou fazer algumas tarefas — digo. — Espero que melhore,


Jimbo.

Sua risada me segue até meu quarto.

Guardo meu trabalho e fecho meu notebook no momento que


escuto o estrondo de motocicletas. Dex é um deles?

Só há uma maneira de averiguar.

Dou uma olhada em meu telefone para ver a hora, cinco da


tarde. Esteve fora durante dois dias e senti falta dele como louca. Mary
esteve cozinhando para mim, aparentemente Dex a tinha chamado e
tinha pedido que cuidasse de mim. Estava um pouco aborrecida, mas
também pensava que era lindo. Ontem tivemos um almoço saudável e
conversamos durante um tempo até que a chamaram do trabalho para
tratar de um cão ferido. Então limpei a cozinha, a área de living, meu
quarto e o banheiro. Igual à limpeza da primavera. Agora se pode comer
no chão, de tão limpo que está. Quando tentei limpar o escritório do
Jim, Cindy gritou comigo. Essa mulher dá medo. Então, me meti no
quarto de Arrow e limpei seu lugar. Tomou bastante tempo... o homem
vive como um porco. O livro sobre gravidez mencionava algo sobre criar
o ninho, mas não pensei que aconteceria tão cedo. Dirijo-me para a
porta principal e fico parada olhando Dex descendo de sua motocicleta.
Vestido com seu colete, está incrível. Arrow e Tracker param ao seu
lado, falando, até que me notam. Arrow acotovela o Dex, que se vira
para me olhar, então se aproxima.

— Está tudo bem? — pergunta quando me alcança. Salto


sobre ele, enganchando meus braços ao redor de seu pescoço.

— Senti saudades — digo, pegando-o despreparado com meu


beijo de boca aberta. Suas mãos agarram minha bunda, me
sustentando. Escuto os outros assobiando e miando, e eu sorrio contra
seus lábios enquanto me afasto.

— Não estávamos brigados? — ele pergunta, sem fôlego.

Passo minhas mãos através de seu espesso cabelo, atirando


um pouco das pontas.

— Pensei: sim, você mentiu para mim, mas também tentava


fazer o certo.

Ele acaricia meu pescoço.

— Porra, isto é bom.

— Acredito que vale a pena o risco Dexter Black —sussurro no


seu ouvido. — Desejo você.

Ele amaldiçoa e me carrega até nosso quarto, ignorando os


olhares lascivos dos outros. Deitando-me de novo nos lençóis frescos,
ele baixa minhas calças e calcinhas, e logo me senta e tira meu top e o
sutiã. Deito nua, enquanto ele está diante de mim completamente
vestido.

— Tudo isto é meu? — pergunta em um profundo estrondo.


Só sua voz envia calafrios por minha coluna vertebral, um
formigamento por todo meu corpo.

— Se você quiser — replico, arqueando um pouco minhas


costas.

— Você sabe que sim. — grunhe agora, tirando o colete, a


camiseta e também seus jeans. Em nada mais que sua cueca, posso ver
o muito que me deseja, quão excitado está por mim. Imagino como me
lembro de seu membro em minha cabeça, e não há nada que queira
mais que vê-lo de novo. Para saboreá-lo.

— Quando me olha assim — se queixa, suas pesadas


pálpebras não deixam de me olhar quando baixa suas boxers. — Serei
amável — diz, esfregando sua mão em minha barriga. Ele se coloca em
cima de mim, e eu o abraço contra meu corpo. O contato de pele contra
pele me faz emitir um suspiro, que ele pega com sua boca em um beijo
faminto. Tem sabor de hortelã e cheira a couro, e não posso ter o
suficiente dele. Escavo com meus dedos em suas costas, e movo meus
lábios por seu pescoço. De repente ele nos dá a volta, assim estou sobre
ele, logo levanta a cabeça e dá atenção a meus seios com a boca.
Quando não posso mais, agarro-o com a mão e o guio para dentro de
meu corpo. Gememos ao mesmo tempo quando ele me enche, me
estirando deliciosamente. Movo-me com movimentos suaves, subindo e
descendo os quadris. Ele empurra seus quadris no ritmo, seu dedo
encontrando meu doce lugar e rodeando-o. Lentamente.

O céu na Terra.

— Goze para mim — grunhe, seus olhos escuros.

Dois golpes mais e meu corpo obedece. Olhando-o diretamente


nos olhos, deixo-o ver o que me faz. O efeito que tem em mim. Eu digo
seu nome quando o prazer me golpeia, desfrutando da expressão de seu
rosto quando ele me segue no esquecimento. Deixo-me cair sobre seu
peito, suspirando de alegria. Como fazem os elevadores, tento sair dele,
mas me mantém no lugar.

— Você é algo mais, sabe? — diz quando fico sem fôlego.

— Quer de novo? — pergunto, sorrindo com meus olhos


fechados.

— Morte por fadas — diz ele, me fazendo rir. — Primeiro


preciso alimentar a minha mamãe bebê.

Dou-lhe uma palmada no peito.

— Prefiro que me chame fada e não mamãe bebê.

— Mamãe bebê será — diz ele, correndo seu dedo sobre meu
mamilo.

— Ei! Mãos fora, não seja provocador — digo com fingida


severidade.

Ele se queixa. — Fique aqui, trarei algo para você comer. Logo
te mostrarei o significado da palavra provocador.

— Parece bom — replico, incapaz de parar de sorrir.

Dex olha ao redor do quarto.

— Limpou o quarto?

Escuto Arrow gritando, perguntando quem esteve em seu


quarto. Escondo-me sob os lençóis.
Sento na sala de espera, nervosamente tocando meu pé. Hoje
é o dia que estamos conseguindo a consulta para nos assegurar de que
tudo está bem. Também podemos saber o sexo do bebê, se escolhermos.
Dex segura minhas mãos, sentado a meu lado com paciência. Apóio-me
em seu calor, colocando minha cabeça em seu ombro.

— Faye. — Meu médico me chama em voz alta, sorrindo para


mim calidamente.

— Olá doutor — digo enquanto entro no consultório.

—Como está? —pergunta, empurrando um par de óculos de


leitura sobre seu nariz.

— Bem, obrigada, este é Dex — digo.

Eles apertam as mãos e logo vamos aos negócios. O doutor me


pesa e me faz urinar em um pote. Quando tudo está bem, temos uma
conversa, e então nos envia a outra sala para a ultrassonografia. Deito-
me de costas enquanto o gel frio é aplicado à minha barriga. Dex está
de pé ao meu lado, me apoiando tanto como pode. Aprecio seus
esforços. Fico olhando a tela, tentando dar sentido a isso, mas sem ver
nada, a não ser uma gota.

— Tudo está muito bem — diz a senhora. — Quer saber o


sexo? — Olho para Dex.

— Sim, por favor.

— Parece que você está tendo uma menina, parabéns!

— Merda — murmura Dex, mas sorri enquanto diz. Aperto


seus dedos, a emoção me consumindo. Vou ter uma menina. Tento
imaginar o que poderia parecer, de cabelo escuro como seu pai? Dex se
inclina a meu nível e sussurra: — Ela não terá encontros até que tenha
vinte e um anos.

— Bom, com você e o resto dos MC, não acredito que ela
tenha uma oportunidade — digo. — Todos os meninos estarão muito
assustados de sequer olhar em sua direção.

— E com boa razão — ele diz em um tom presunçoso.

— Não sei, você vai ser um velho até lá. — Brinquei enquanto
ele limpava o gel com uma toalha de papel e me ajudava a me levantar.
Agradecemos à senhora e voltamos para casa.

Casa. Está se tornando a minha casa?

Olhando para baixo para o meu telefone, entro na sala de


estar e chego a um ponto morto enquanto contemplo a sala. Dex está
sentado no meio, na única poltrona, enquanto que há dois membros do
clube de cada lado dele. Arrow e Rake em um, Tracker e Irish no outro.
Meus olhos se voltam em frestas, olho a cada um de seus rostos com
confusão.

— Faye, temos algo que nós gostaríamos de discutir com você


— diz Dex, me fazendo um gesto para tomar um assento no almofadão
no centro. Caminho me sentindo pequena. Tomo dois passos para eles,
curiosa como o inferno, quando me dou conta que é isto.

É uma maldita intervenção.

O que poderia possivelmente necessitar uma? Atormento meu


cérebro para pensar no que poderiam ter que me dizer e estou com as
mãos vazias. Sento-me no centro, de frente para meu homem. Ele está
tentando manter uma cara séria, mas seus olhos enrugando-se são um
claro indicativo.

— Isto é uma intervenção? — pergunto, me sentando com


uma postura perfeita e queixo levantado.

Um tremor de lábios.

— Acredito que pode chamar assim.

Sorrisos por todos os lados.

— E o que exatamente se referem? — pergunto, pondo minha


cara de advogada.

Dex tenta manter o rosto sério.

— Arrow, você gostaria de começar? — Dirijo a Arrow meu


olhar desafiando-o para que dissesse algo.

— Quando limpou meu quarto, senti como uma invasão de


minha privacidade — diz, fazendo que os homens riam.

Olho para ele, boquiaberta.

— Estava te fazendo um favor!

— Abriu minha fechadura e entrou em meu quarto para fazê-


lo! — Irish diz em voz alta.

Estremeço.

— Bom, quando põe dessa maneira.

Olho para Tracker, que está olhando para mim como se eu


fosse a coisa mais adorável que jamais tinha visto.

— Eu nem sequer cheguei a seu quarto, entretanto — digo,


me perguntando por que ele está aqui.

Ele sorri como um lobo.


— Sei, estou aqui por uma razão diferente, para perguntar por
que fui deixado de fora.

— Discriminação! — grita Arrow.

Esfrego minha palma por meu rosto.

— Está bem, vou baixar o tom da limpeza, mas você — falo


apontando para Dex, — não pode me deter de fazer em nosso quarto.

Mais risadas em minha escolha de palavras.

Ele põe suas mãos para o alto.

— Não posso me queixar, só tenho essas complicações sobre


minhas costas todo o tempo.

— E você — digo, apontando para Tracker. — Irei em seu


quarto mais tarde hoje.

Tracker obtém um olhar de advertência do Dex que não sinto


falta. Ponho os olhos.

— Estou liberada aqui? — pergunto, me pondo de pé e me


sentindo divertida. Estes grandes maus motociclistas... se outras
pessoas pudessem ver o lado deles que tenho oportunidade de ver
diariamente.

Gatinhos, a maioria deles.

— De quem foi a ideia? — pergunto a eles.

— Foi uma decisão do clube — responde Dex, sorrindo. Usa


uma camiseta branca apertada hoje que está deliciosa, mostrando seu
poderoso peito e ombros largos. Lambo meus lábios. Seus olhos seguem
o movimento.

— Quer algo, baby? — pergunta, baixando a voz.


Eu de propósito diminuo meu olhar para entre as pernas de
calças jeans pretas.

— Acho que você sabe o que quero.

— Ew — diz Arrow, ficando de pé para sair da sala. — Isto é


como ver minha irmã.

Dex, que ainda tem seus olhos em mim, espreita para frente
até que está o suficientemente perto para que quase posso tocá-lo.
Minha respiração se engancha quando seus lábios tocam meu ouvido e
dizem: — Me encontre no quarto e se dispa.

— E se eu não fizer? — pergunto, perseguindo-o.

Seus olhos se obscurecem.

— Tente e verá.

Afundo meus dentes em meu lábio inferior.

— Farei se me der vontade.

Agora ele riu.

— Sempre tem vontade.

Levanto a mão para corrê-la ao longo da barba em sua


mandíbula.

— Vá depressa!

Então, me dou isso e dirijo ao nosso quarto.

Como chego a este tipo de situações? Pergunto a mim


mesma na manhã seguinte ao estar na cozinha, pegando meu suco
como se fosse um salva-vidas. Quando entrei aqui faz cinco minutos,
uma garota estava sentada aqui em roupa intima bebendo café. Ela
começou a falar comigo e não parou. Nem sequer sei seu nome.

— Não se veste como uma garota de motoqueiro — diz ela, me


julgando com seu tom.

Olho para baixo para meu jeans e camiseta clássica e franzo o


cenho. Não tenho nem ideia do que dizer a esta garota.

— Só me visto como faço sempre. — aceno para dizer,


esclarecendo minha garganta. Estou sendo julgada por uma puta do
clube? Bom, isto é um pouco torpe.

— Então, com quem esteve? — pergunto, me perguntando a


quem tenho que matar por me fazer ter esta conversa.

— Oh, Rake — responde ela, inclinando-se para frente com


cumplicidade. — É uma besta na cama.

Impressionante.

— Onde está Rake agora? — pergunto a ela, olhando para o


corredor que conduz a seu quarto.

— Oh, ele está na cama com o Tiffany — diz casualmente. —


Eu precisava de café.

Rake. Não precisa ser um gênio para saber como ele obteve
seu nome.

Levanto-me.

— Bom, foi um prazer te conhecer.

— OH, aonde vai? — ela pergunta. Piscando.

— Para meu quarto.


— Posso ir e passar um tempo? Escutei que era a velha garota
do vice-presidente, seria genial se pudermos passar um tempo juntas —
diz ela, ficando de pé e avançando para mim.

Bom, já é o suficiente.

— Rake! — grito na parte superior de meus pulmões. Dirijo-


me para a garota e levanto meu dedo no ar.

— Por favor, me desculpe um momento.

Irrompo em seu quarto e abro a porta. Minha mandíbula cai


aberta para a cena diante de mim.

— Espero que ela tenha assinado um consentimento ou um


contrato ou algo assim — digo-lhe, olhando-os. — Cinquenta Tons de
Rake!

— Que merda, Faye — grunhe Rake, ocultando seu pênis com


um travesseiro.

— Se esqueceu de uma garota por aqui — digo para ele,


ampliando meus olhos, esperando que ele consiga o ponto. — Por favor,
vem e recolhe-a.

Ele suspira, como se sua vida fosse tão difícil, já que tem duas
mulheres aqui.

— Sim, sei Rake — digo secamente. — É difícil para um


cafetão.

Ele ri, golpeando à garota na bunda e a atirando longe.

— Talvez devesse amordaçar à outra também —sugiro-lhe


antes de voltar a sair do quarto. Olho ao redor de seu quarto. — Posso
limpar seu quarto esta noite? É tão sujo que me vai deixar louca agora
que vi.
— Bem, se tem algo para fazer que vá agora mesmo — grunhe
para mim. Falando, delicado.

— Vou encontrar um pouco de armazenamento para suas


paletas e outras coisas — digo-lhe enquanto caminho para fora. — Vou
ter que fazer uma viagem ao Escritório Mundial. Têm grandes ideia de
armazenamento lá.

Rake me segue para fora, movendo a cabeça com exasperação,


e recupera à outra garota.

Dex entra na cozinha e me olha fixamente, e a garota ao azar,


e um muito nu Rake.

— Quero saber? — pergunta, entrecerrando os olhos para


mim. Rake geme.

— Sabe que gosto de você, Faye... mas Dex, controla a sua


mulher!

Olho com os olhos abertos quando Rake desaparece com a


garota, e vou e me sento no colo de Dex.

— O que foi isso? — pergunta, olhando divertido. —Não pode


ir a qualquer lugar, baby.

— Rake esqueceu uma de suas garotas e... —Desvaneço-me,


me congelando quando sinto algo. Pondo as mãos do Dex em meu
estômago, sussurro-lhe: — Pode sentir isso?

Sei quando sente, porque seus olhos se abrem de assombro.

— Acabou de se mexer? — ele pergunta.

— Sim. — Assinto com a cabeça, sentindo seu golpe


novamente. Havia sentido antes, é obvio, mas nada como isto. Antes
eram só leves mariposas, mas agora ela está me chutando realmente
forte. Dex beija minha barriga, e meu coração se derrete.
— Ela vai ser uma jogadora de futebol — ele diz, rindo.

Meus olhos enchem de água. — É assim?

Ele beija minha bochecha. — Sabe que estou saindo para


conduzir hoje.

— Sei. — Faço uma careta. Ele vai desaparecer no "clube de


negócios" e irá por uns dias.

Eu não gosto, mas não digo nada. Esta é sua vida, e sabia o
que era antes de estar de acordo em ficar com ele. Nossa relação é nova,
e Dex vai fazer o que tem que fazer.

— Vinnie e outros dois prospectos ficam atrás para manter


um olho em você, e Mary e as outras mulheres estarão aqui para que
lhe façam companhia — diz, virei minha cabeça para olhá-lo. — Vou
estar bem — diz, sabendo que estou preocupada com ele.
Independentemente dos negócios que têm, não é o tipo que se faz em
um escritório.

— Se sequer olhar para outra mulher...

Ele me interrompe. — Não me ameace, baby, e você sabe que


não tenho olhos para ninguém a não ser você.

— Bem, mas não me importa quem te ofereça hospitalidade


com suas mulheres, diga que não. Não há entre nós o que acontece nas
estadias da estrada no caminho. — Deixei que minha expressão lhe
dissesse quão séria sou respeito disso.

— Esteve vendo Sons of Anarchy outra vez? — pergunta, seu


corpo tremendo da risada. Sacudindo-se.

— Talvez — admito, encolhendo meus ombros timidamente.

— Vou sentir saudades — ele admite, empurrando meu cabelo


atrás de minha orelha. — Vou ligar e te mandar mensagens quando
puder.
— Sim, sei. — suspiro. — Vou fazer minhas tarefas de Direito
Contratual. E tentar não dormir.

— Não vá a nenhuma lugar sem o Vinnie, está bem, baby?

— Prometo que não farei.

— Tenho que estar preparado para sair — ele diz, ficando de


pé comigo em seus braços.

A vontade de foder, é forte. — O que? Não obtenho sexo de


despedida? —pergunto, fazendo uma careta.

— Não foi isso o que tivemos faz uma hora?

— Não, isso era sexo matinal — digo a ele sabiamente,


assentindo com a cabeça.

— Não posso deixar a minha mulher com vontades, posso? —


diz.

Ele leva-me para o quarto e fecha a porta atrás dele.


Ligo para meus pais, mas eles desligam o telefone. Fico
olhando o telefone durante uns vinte minutos, me perguntando que tipo
de gente de merda eles são. E daí que fiquei grávida? Realmente não
vejo isso como uma razão para me desprezar, mais como uma razão
para me apoiar quando estou claramente vulnerável. Tento ignorar a
dor, mas é difícil. Eles estavam longe de ser pais perfeitos, mas,
certamente tinham que cuidar de mim um pouco. Sei que não deveria
me surpreender. Não estava quando me expulsaram, mas sendo uma
futura mãe suponho que não posso entender como cortar a sua filha
fora de sua vida sem sequer olhar para trás.

Envio uma mensagem de texto para Vinnie perguntando se


podia me levar para fazer uns recados. Ele responde instantaneamente
dizendo que estará preparado em cinco minutos. Me preparo, me
vestindo com um vestido baby doll amarelo e pondo meu cabelo preso
em um coque alto. Meu cabelo é comprido e ondulado e pode ser difícil
de cuidar. Às vezes tem que ser escovado em submissão, mas parece
realmente bem hoje. Quero ficar bem e me sentir ainda melhor depois
dessa chamada com meus pais e da ausência do Dex.

Estou decidida a ter um bom dia hoje. Meu telefone soa com
uma nova mensagem.

Dex: Fique com o Vinnie hoje, baby. Quero você segura.

É necessário que haja sigla para rodar meus olhos. Talvez


poderia começar com um? RMO?

Faye: RMO! Vamos estar bem. Vêm para casa a salvo, não se
preocupe por mim.
Dex: Não é possível.

Dex: WTF é RMO?!

Começo a rir.

Faye: Rolando Meus Olhos.

DEX: Baby.

Faye: O que?

DEX: Seja boa.

Faye: Sempre sou boa.

DEX: Isso é o que me preocupa. De saída.

Faye: Te amo.

Dou clique em enviar, e logo me dou conta que merda acabei


de dizer. Chegou tão naturalmente que nem sequer pensei. Muito para
um bom dia. Passando as próximas horas na biblioteca pensando em
como Dex tomaria essa mensagem. Ele não respondeu. Não chamou. E
agora estou assustada.

E se eu o assustei? O se ele não sente o mesmo? Sou uma


idiota. Disse-lhe que o amava pela primeira vez através de mensagem de
texto. Quem faz isso?

Meninos da escola secundária ou covardes, talvez. Sou


nenhum, mas estou muito, muito envergonhada.

Vinnie e eu tomamos sorvete juntos, isso está se


transformando em rotina para nós. Cada vez que é enviado para cuidar
por mim, terminamos ali, provando um sabor diferente cada vez.

— Como está o caramelo? — pergunto, cobiçando seu sorvete.

— Realmente bom, como está o morango? —pergunta,


tomando um bocado de seu cone.
— Está bom — digo, sem deixar de olhar o seu.

Ele ri com cumplicidade. — Darei um pouco de caramelo se


você quiser.

— Isso está bom, obterei um a próxima vez — digo a ele. —


Sabe que, tive uma manhã produtiva. Inventei uma sigla. RMO...
Rolando Meus Olhos!

Vinnie me olha.

— Isso já é um, não sabia isso?

— Não. — Põe-me de mau humor. — Como sabe isso?

Isto quanto a isso. Ninguém inclusive me disse isso antes que


eu... só digo.

— Você é tão estranha às vezes — ele reflete, olhando para


trás para seu sorvete.

— Isso é ruim? — pergunto, lançando meu olhar à porta


enquanto alguém entra.

Meus olhos se abrem quando vejo Eric de pé ali com uma


garota. Sua namorada, talvez? Merda, isto é desconfortável. Ele me vê e
imediatamente se aproxima, notando em minha aparência.

— Olá Eric, como você está? — pergunto. Então, me sentindo


grosseira, digo: — Este é Vinnie. Vinnie este é Eric.

Eric assente com a cabeça para Vinnie, que, está olhando


completamente impressionado, não responde nem com uma palavra e
nem gesto.

— Estou bem, tentando te ligar. Tem um novo número ou algo


assim? — pergunta, a garota com ele de pé a seu lado com estupidez.

— Tenho sim.
— Estive preocupado com você, Faye.

— Eric, estou bem. Dex está tomando conta muito bem de


mim — digo a ele.

— Assim é certo — diz, apertando os punhos. Não sei


exatamente o que escutou, assim não posso admitir ou negar, só
encolho os ombros. — Que demônios está fazendo com sua vida? —
Fala, sacudindo a cabeça.

Vinnie fica de pé diante desse comentário, assim eu me ponho


de pé também.

— Meu irmão só vai te levar para baixo!

— Vamos sair daqui Vin — digo, dando a Eric um último


olhar. — Adeus Eric — digo, sorrindo tristemente.

Ele se separa de mim e enfrenta a sua garota. E caminho fora


de sua vida para sempre.

Tomo outra rodada de goles de tequila, não é que esteja


tomando algum. As mulheres decidiram ter sua própria festa com
apenas nós; Mary, Jess, Allie, Cindy, e várias outras mulheres às que
ainda não tinha conhecido, mas agora logo posso recordar seus nomes.
Todas elas estiveram tomando goles, rindo e dançando, enquanto eu
estive bebendo água e vendo suas palhaçadas da segurança do sofá. Os
caras estão todos aqui, mantendo um olho nas coisas, e só deixando as
pessoas que têm o propósito de estar aqui. Eles estiveram mantendo a
cerca principal fechada para que ninguém mais possa entrar. Dex não
me contatou desde que enviei "a mensagem", e realmente não sei o que
pensar. Sei que falou com Vinnie, assegurando-se de que tudo está
bem, assim não está indisposto, nem incapacitado de levantar o
telefone. Allie se senta a meu lado, fazendo deste dia ainda pior.
— O que? — pergunto a ela, com vontades de acabar com isto.

— Deus, você é uma cadela — disse ela, tomando um gole.

— O que quer, Allie? — pergunto, soando cansada. Relaxo no


sofá, virando meu corpo para olhá-la.

— Queria me desculpar — diz ela. Faço uma tomada em


dobro. Certamente ouvi mal.

— Sobre o que? — pergunto com cautela, suspeita atando


meu tom.

— Por ser uma cadela, estando sobre o Dex quando sabia que
era teu...

Cortei-a.

— Pelo menos é honesta.

— Quando deixou Renée ele só tinha sexo casual, assim com


qualquer uma realmente — diz ela, e estremeço.

Justo o que qualquer mulher quer ouvir.

— Mas depois de que te conheceu... Olhe, Dex nunca enganou


a sua esposa quando estavam juntos, ele sabe ser fiel. É um bom
homem. Sabia que o que tínhamos era casual, mas tinha estado
esperando por mais. Meu pai estava acostumado a estar no MC, mas
morreu três anos atrás. É por isso que me deixaram ficar aqui, sou da
família, embora não sou uma das velhas damas.

Isso em realidade explica muitas coisas. Sinto-me mal por


pensar que ela se manteve ao redor por outras razões...

— Desculpa aceita — digo, vacilante. Não sou muito boa com


o perdão, tendo só a cortar às pessoas e seguir adiante com minha vida,
mas Allie vive aqui, e posso ver realmente as coisas do seu ponto de
vista. Eu luto pelo Dex também, assim não posso me manter contra ela.
— E sobre o Tracker...

Tracker e eu temos uma espécie de tensa amizade. Às vezes,


me surpreendo com ele me olhando fixamente como se ele me quisesse,
mas sabe que não me pode ter. Nunca teve coragem, e não deveria ter
estado irritada com ele sobre Allie. Não tinha direito. Vi como uma
traição, não uma como amante, mas sim como um amigo. A forma em
que o vi, ele se deitou com meu inimigo, e eu não gostava disso. Mas
estava equivocada ao me sentir dessa maneira.

— Tracker é um bom homem — digo a ela, sorrindo.

— Eu gosto muito dele — admite, suspirando profundamente.


— Ele tem este piercing... e é ótimo.

Sério?

— Qual é o problema? — pergunto. É um pouco estranho que


tenhamos o mesmo gosto pelos homens. Se eu não estivesse louca pelo
Dex...

Inclusive posso ver que Tracker é um bom partido. Ele é


bonito, carinhoso, e tem senso de humor. E ao parecer, tem uma
perfuração interessante.

— Merda habitual, que não quer um compromisso — diz em


tom resignado. — Aqui ninguém me vê como material de velha dama.

— Bom, espero que funcione para vocês dois — digo com


sinceridade. Ela me dá um olhar estranho.

— Obrigada.

Allie se levanta e se dirige fora da sala, assim que Vinnie entra


e toma o lugar dela.

— Como está Vinnie? — pergunto-lhe. Dei-me conta dele


olhando para onde Allie acaba de sair.
— Allie? Sério? — pergunto, surpresa.

Ele lança-me um olhar. — Ela é bonita, isso é tudo.

— Assim quando tem um emplastro? — pergunto a ele,


utilizando algo do jargão de motociclista que estive recolhendo.

— Um par de meses com sorte — diz, sorrindo.

— Deve estar emocionado — digo, me inclinando e esfregando


sua cabeça calva. — É um bom homem, sabe que é, certo?

Ele atura um montão de merda de mim.

— Por que está esfregando minha cabeça? —ele pergunta.

— Para dar boa sorte.

Ele ri. — Você está louca.

— Louca e cansada — digo a ele, bocejando — Vou dormir.

— Vou estar acordado toda a noite me assegurando que tudo


está bem — diz, rangendo seu pescoço.

— Tem certeza de que é necessário? — pergunto, franzindo o


cenho.

— Melhor prevenir que remediar.

— E o Liam e Trev? — Pergunto, referindo-me aos outros dois


caras.

— Me puseram no cargo, não a eles. De maneira nenhuma


estou jogando com isto — diz.

Suponho que deve estar sob uma grande pressão para


assegurar-se de que nada saia mau, enquanto o resto dos homens estão
longe.

Beijo-o na bochecha.
— Boa noite então.

— Noite, Faye — responde, olhando para baixo.

Estava sentindo-se tímido porque lhe dei um beijo na


bochecha? Sorrindo para mim mesma, dirijo-me para a cama.
Acordo com o som de um grito e depois um disparo. Saio
correndo da cama e me escondo no canto do quarto quando a porta se
abre de repente. Contenho a respiração até que o homem se vá,
pensando que ninguém está aqui. Quando acredito que é seguro,
arrasto-me sobre minhas mãos e joelhos para a gaveta onde Dex
mantém uma de suas armas, e a tomo com dedos trêmulos. Tomo
algumas respirações alarmadas. Que diabos vou fazer?

Eu gostaria de poder dizer que sou uma dessas garotas


valentes que sabe como usar uma arma, mas estaria mentindo.

Não tenho ideia de como usá-la. Certamente não é ciência de


foguetes. Dou-me conta agora que foi um engano por minha parte, e se
sobreviver esta noite, vou corrigir em minha primeira oportunidade.

O que sim, sabia que a trava estava posta, e tinha que tirá-la,
o que faço com um movimento de meu dedo polegar. Apontar e
disparar, não é? Quão difícil pode ser? Engulo em seco quando penso
no bebê. O que poderia fazer? Se me esconder nunca seria capaz de
viver comigo mesma. Abro a porta e caminho pelo corredor, sem fazer
ruído. Ouço a forte explosão de uma porta. Vou à sala onde vejo todas
as mulheres sentadas ali, chorando. Frente a elas se encontram quatro
homens. Todos usam coletes de motociclistas.

— Parece que esquecemos uma — diz o líder, sorrindo para


mim com um olhar diabólico em seus olhos.

— Quem é você? — pergunto, levantando a arma e apontando


para ele. Finjo confiança, como o tenho feito muitas vezes antes.

Não os deixe verem sua fraqueza.


Ele ri. — E tem garras. Baixa a arma, princesa. Poderia
matar a todas essas cadelas, inclusive antes que díspares uma bala.

Cindy me olha, a única das mulheres que não chora. Seus


olhos estão tentando me dizer algo, mas não posso lê-los. Como
aconteceu isso? Supõe-se que é meu lugar seguro.

— O-O que quer? — gaguejo, tragando saliva. Não afasto


meus olhos dos homens. Um movimento em falso nos poderia custar a
vida.

O líder debocha.

— Vingança. Olho por olho. Os Wind Dragons mataram dois


dos nossos. Agora os Wild Men tomarão o que é devido.

Vingança.

— Realmente deveriam ter deixado vocês melhores vigiadas...


embora para ser justos, asseguramo-nos de que esses bodes pensassem
que estávamos fora do estado —diz, rindo como uma hiena.

Bom, pensa, Faye, pensa. Quatro homens, armados com


armas sem seguro. Merda. Merda. Merda.

Necessito de tempo. Tenho que distraí-los.

— Onde estão os caras? — pergunto, soltando um suspiro


tremente.

— Esses dois idiotas estão sangrando lá fora — diz, sorrindo.


Guardas de merda. Espera, disse dois.

Há um pequeno movimento na esquina de meu olho. Vinnie.

Talvez isso é o que Cindy tentava me dizer. Olho para ela que
assente levemente. Entende. Entendo. Agora me resta fazer meu
movimento.

— Baixa a arma — demanda ele.


— Faye! — grita Vinnie, mostrando-se e disparando no líder
na cabeça. Enquanto detenho o homem, bloqueio os gritos enquanto
aponto e disparo a um dos outros motociclistas. Dou-lhe no peito, e ele
cai. Os outros dois têm suas armas na mão e começam a disparar.
Vinnie é capaz de matar a um deles, logo se vira para o outro. O último
homem de pé dispara à mulher duas vezes mais, e depois se vira para
mim. Sua arma me aponta, ele sorri, me fazendo saber que não tem
medo da morte, e também que vai tentar me levar com ele. Vinnie
dispara, e também o faz o homem. Ele cai, mas não antes que uma bala
perdida voe perto de mim. Agacho-me, escondida em uma bola no chão.

Então, há silêncio.

Muito assustada para me mover, fico assim até que Vinnie


vem e se senta ao meu lado. Ele põe uma mão em meu ombro, que me
faz estremecer.

— Acabou. Realmente levou sozinha, querida — diz, com a


mão tremente. Levanto a cabeça, as lágrimas caindo por minhas
bochechas como gotas de chuva.

— Quem fez isso?

Isso não é o que queria perguntar. O que queria perguntar é


"Quem perdemos?".

Sua cara se enruga.

— Os outros caras estão mortos. Dispararam em uma das


mulheres. O resto está assustada, mas bem. Sinto muito, Faye...

Seu telefone toca, e ele parte para responder. Ponho-me de pé


e caminho por volta da mesa onde as garotas estavam escondidas
durante o tiroteio. Vejo Cindy bem, abraçada a Jess. Vejo a Allie ali,
chorando, mas viva. Procuro ao redor por Mary.

Onde está?
— Onde está Mary? — pergunto com voz trêmula. Todas as
mulheres choram mais forte, exceto Cindy que não derramou uma
lágrima, mas tem devastação escrita em todo seu rosto.

— Não — sussurro, meus olhos vão atrás delas à mulher de


cabelo escuro tombada no sofá. O sangue goteja de seu peito. Seus
olhos estão fechados. Passado os dedos por seu cabelo, beijo o topo de
sua cabeça. Por que Mary? Ela era a pessoa mais doce e amável que
conheci. Começo a soluçar desconsoladamente.

— Faye, Dex está a caminho. Ele quer falar com você — diz
Vinnie brandamente. Nego com a cabeça e continuo olhando para Mary.

— Ela precisa de você agora, homem — diz Vinnie para ele,


seus olhos ficam vermelhos quando olha para Mary. — Está bem
fisicamente, mas não sei — diz no telefone.

Ele não sabe se estou bem emocionalmente. Bom, não estou.

Sento-me ali com Mary até que os homens chegam. Pelo resto
de minha vida, nunca esquecerei o olhar no rosto de Arrow. Nunca. Ele
correu para o interior e ficou de joelhos em frente a ela. Afundou a cara
em seu cabelo e chorou. Amaldiçoou, jurou, e perguntou por que uma e
outra vez. Por que ela?

Nesse momento, sei que Arrow amava a Mary. Pergunto-me se


ele apenas descobriu. E se o fazia... agora já é muito tarde.

Dex me envolve em seus braços, seu corpo tremendo,


tremendo de medo e raiva.

E alívio.

Ele me leva para a cama e só me abraça.

— Estava muito preocupado — sussurra. — Fodidamente


lamento, baby.
Posso ver seu rosto na luz da lua, seus olhos doloridos,
destroçam-me. Dói ao olhar, assim fecho os meus.

Estou a ponto de dormir quando ele diz: — Tenho que ir


ajudar aos outros. Estarei de volta logo que possa.

Ajudar deve significar ocupar-se dos cadáveres. Matei um


homem hoje.

Matei alguém.

E perdi alguém.

Penso no Liam e Trev, e me sinto triste, mas quando penso


que Mary se foi sinto-me com o coração quebrado.

Os bons morrem jovens, o ditado deve ser verdade.

Dex se une a mim na cama cedo na manhã seguinte. Cheira a


sabão, recém tomado banho. Exploro seu peito liso com minhas mãos,
então deixo minha mão direita sobre seu coração.

Sinto-o pulsar.

— Eu também te amo — ele sussurra — Eu queria dizer isso


cara a cara.

Ele beija meus lábios uma vez, e logo dormimos envoltos nos
braços do outro.
— O que é isto? — pergunto, olhando a caixa curiosamente.
Jim me dá um sorriso, seus olhos se enrugam, e coloca a caixa sobre a
mesa.

— Ganhou isto — diz enquanto abro a tampa e olho o que há


dentro. É um colete com insígnias.

Um deles feito de meu tamanho. Que diz: Propriedade de Sin.

— É a primeira mulher em obter um.

Dex me olha, seus olhos cheios de orgulho e tristeza. O


orgulho por minhas ações, mas triste do que fui forçada a fazê-lo. Triste
porque quase me mataram, e que outros morreram.

— Não fiz nada realmente — murmuro — Foi tudo o Vinnie.

Vinnie foi remendado depois dos funerais da Mary, Liam, e


Trev. Já foram dois meses do incidente.

Dois largos meses que passei em um exame de consciência.

Não saí de meu quarto na primeira semana. Chorei mais do


que nunca chorei em minha vida e, em seguida, me irritei com o Dex.
Foi sua culpa de que eu estivesse aqui, de que eu estivesse em perigo.
Que nossa filha estivesse em perigo. Então, me senti culpada. Matei um
homem. Era uma assassina.

Depois senti algo mais.

Aceitação.

Aconteceu. Sobrevivi. Fui um dos afortunados.


Tinha duas opções em minha vida. Ficar com o Dex e viver a
vida, ou deixá-lo. Acredito que Dex sabia o que estava pensando, então
falamos. Por um longo tempo.

Sobre tudo. Sobre nossa família. Sobre o futuro.

E eu me apaixonei por ele ainda mais.

Não há maneira de que pudesse deixá-lo.

Muito mudou após. Dex e eu vendemos a antiga casa e


compramos uma nova. Renée estava zangada, mas a Dex e a mim não
poderia importar menos. A casa clube aumentou a segurança. Agora é
mais difícil conseguir entrar do que em uma prisão de máxima
segurança o deixem sair. Não haverá uma repetição do que aconteceu
aquela noite, não se podermos evitá-lo.

Toco meu ventre arredondado e sorrio.

— Eu adoro. — Não quero vesti-lo, mas acho que vou seduzir


ao Dex esta noite.

Vestirei o colete com insígnias e nada mais. Sexy.

Jim levanta sua mão e toca minha bochecha.

— Estou orgulhoso de te ter na família.

— Estou orgulhosa de estar aqui, Jimbo — respondo, sorrindo


para ele.

Ele olha para Dex.

— Trazê-la para você foi a melhor coisa que pode fazer, Sin.

— Não sei — responde, seus lábios curvando-se em um


sorriso arrogante.

Eu rolo os olhos. — Quando é que vocês vão sair? — Eles


foram a outra saída, com exceção de Dex que desta vez fica comigo. Não
sei como ele falou da maneira de sair disso. Nem sequer sei o que fazem
nestas "saídas", mas tenho a sensação de que tem a ver com as drogas.
Jim não permite que os membros do clube usem drogas duras e pensei
que era só uma boa forma, até que me dava conta de que talvez não
queria mostrar a mercadoria. Perguntei a Dex, mas ele não me
respondeu, assim deixei passar. Sua expressão não me deixou saber se
estava mau ou sobre a hipótese. Sei que eles fazem um bom dinheiro.
São donos de várias empresas diferentes, de um clube de strip-tease
chamado Tóxic para vários bares, e a loja de mecânico de automóveis
que Dex trabalha algumas vezes.

— Viajaremos amanhã pela manhã — responde Jim, tomando


um gole de cerveja. — Cindy está ocupada organizando o evento de
caridade. Por que não a ajuda?

— Sim, farei — asseguro.

— Boa garota. Vou passar um tempo com ela antes que a


tenha que deixar de manhã.

— Está bem — digo, tomando isso como meu sinal para sair
de seu escritório. Inteirei-me de que seu escritório leva a sala onde os
homens têm suas reuniões secretas. Templo, o chamam. É por isso que
gritaram comigo por tentar limpar por ali. Provavelmente, pensaram que
estava tentando bisbilhotar. O pensamento me faz sorrir.

— Quer ir jantar, baby? — pergunta Dex enquanto nos


dirigimos para o nosso quarto. A casa estará pronta para que nos
mudemos em poucas semanas. Não tenho pressa para ser honesta, ao
menos até que dê a luz. Não posso me imaginar estar sozinha em uma
casa quando Dex sai a um clube de negócios, mas não posso imaginar
viver aqui com um recém-nascido também. Acredito que vamos nos
beneficiar de ter nosso próprio espaço; uma vida civil, ouvi um dos
homens chamar.
Eu gosto de pensar que estou dando a minha filha o melhor
de ambos os mundos. Uma bonita casa em uma boa zona, mas também
tem bons homens para cuidar dela durante toda sua vida e uma família
estendida.

Nada mal vai tocar a... Assegurarei-me disso.

— Sim, estou faminta — contesto, distraidamente esfregando


minha barriga.

— Você sempre tem fome — ele diz. — Suponho que você deve
comer para viver, não viver para comer.

— Estou grávida, então se cale — digo, empurrando-o contra a


parede no corredor e deslizando minha mão em sua camisa. Sinto a
extensão de seu suave, peito tonificado, então tenho a ideia de provar
outros mantimentos.

— Sexo e depois a comida, por favor. — digo, movendo minhas


sobrancelhas.

— Merda, você é uma romântica — diz sarcasticamente,


sorrindo para mim. — Essa linha pelos anos. Pura merda de
Shakespeare.

Dou uma palmada em seu ombro.

— Não diga Shakespeare e merda na mesma frase...

Ele corta minha língua com um beijo. Começa lento, suave,


acendendo um fogo dentro de mim.

— Quarto — digo contra seus lábios.

— Quero você aqui — ele responde. Aqui? No corredor?


Levanta-me contra a parede, com cuidado para não pressionar seu peso
contra minha barriga. Corre sua mão até minha coxa, levanta meu
vestido com ele, montando para cima até minha roupa intima e me
desnuda para ele. Deslizando minhas calcinhas pretas a medida que se
move, libera-se com uma mão, me beijando sem sentido ao mesmo
tempo. Seus beijos ficam mais frenéticos, mais desesperados. Agacha-se
e brinca com meu clitóris, deslizando um dedo dentro para provar se
estou pronta para ele.

Sempre estou. Um murmúrio de aprovação ressoa


profundamente em sua garganta enquanto me confina à parede.
Examina minhas feições por um segundo, apoiando sua testa contra a
minha e me olhando nos olhos.

Desliza dentro de mim brandamente, ele geme com o contato.

— Deus, te amo — ele murmura contra meus lábios.

— Eu também te amo. — Consigo dizer para sair sem fôlego.

— Baby, você é minha — diz em um impulso. — Toda. Minha.

Suas mãos sustentam meus quadris para cima, agarrando


com cada movimento suave. Meus saltos se cravam em sua bunda,
animando-o enquanto meu clímax se eleva.

Então o sinto. Esse momento em que sabe que está tão perto,
mas só tem... um pouco mais. Um pequeno empurrão em cima da
borda. Dex também sente, sabe exatamente o que preciso. Sua boca se
encontra no lugar entre o pescoço e o ombro e remói brandamente.
Sabe que é um ponto sensível, um de meus lugares favoritos para
beijar. Ele faz o truque, e me sinto explodindo.

— Isso é tudo — sussurra. — Goza para mim, Faye.

Fecho os olhos e deixo que as sensações transbordem.

— Me mostre esses bonitos olhos cor avelã —demanda. — Me


mostre o que é meu.

Abro meus olhos, olhando a seus cristais azuis.

— Você é meu também.


— Sempre, baby. — Aperta-me quando sua liberação o
golpeia. Nunca moveu seus olhos dos meus, me permitindo vê-lo na
agonia de prazer.

É um bom olhar dele.

Ouço aplausos atrás e me viro para ver Rake de pé ali.


Escondo minha cara no pescoço de Dex.

— Saia daqui Rake — grunhe Dex para ele. Rake caminha


arruinando nosso resplendor.

— Diabos não, este é o tempo de cobrança — ele diz, rindo.


Estremeço quando recordo que entrei em seu quarto, aborrecida com
suas duas hóspedes.

Suspiro, e me escondo no ombro de Dex pelo qual ele me


defraudou.

— Espero que a desforra valha a pena o olho negro que levará


— acrescenta Dex, e cuidadosamente me põe no chão. Ponho meu
vestido para abaixo e deslizo minhas calcinhas para cima, enquanto
Dex veste seus jeans. Nós dois nos viramos para enfrentar Rake, meu
rosto vermelho. Dex, por outro lado, parece que quer matá-lo, e eu sei
que é em meu nome. Não acredito realmente que se importe se as
pessoas o verem ter relações sexuais ou não, mas ele sabe que sou mais
tímida e reservada.

— Vou ter um bate-papo com o Rake — diz, sorrindo


maliciosamente. Sopro com uma respiração um pouco profunda. O que
realmente quer dizer é que, vamos ao ring de boxe e golpear a merda
um do outro. O ring é uma nova adição ao composto, e os homens
gostam de chegar lá e mostrar suas habilidades de combate.

— Não na cara — digo ao Rake, apontando com um dedo para


ele. Dex se volta para mim.

— Como se pudesse conseguir um pedaço.


— Ei, nem todos nós treinamos com o Reid Knox —
acrescento a Rake. — Você tem uma vantagem.

Essa era a verdade. Dex se manteve invicto no ring até agora.


E o sexo mais tarde, era certo. Era quente, apaixonado e frenético. Não
tinha nem ideia de quem era Reid Knox, mas lhe devo agradecimento.
Dex era um incrível lutador.

Deu-me um último beijo prolongado.

— Te devo uns mimos — sussurra em meu ouvido.

— O que? — pergunto, rindo.

— Eu não quero que se sinta como se estivéssemos tendo sexo


e logo eu te deixo sozinha. — Ele tenta explicar.

Escondo meu sorriso. Ele não quer que eu me sinta como se


ele estivesse me utilizando, como se só fosse me foder e correr como fez
com as outras mulheres.

— Baby, está bem. Vá fazer suas coisas, nós podemos estar


juntos esta noite.

— Acho que vou adoecer — diz Rake. Merda, esqueci que o


bastardo estava ali.

Dirijo a ele um olhar mordaz, depois entro no meu quarto


para uma sesta.
— Que tal Akira? — pergunto, meu nariz colado ao livro de
nomes de bebês.

— Que mais você tem? — ele pergunta, esticando seus braços


por cima de sua cabeça.

— Lilliana, Rose, Clover, e Chloe.

— Clover — diz sorrindo. — Acho que é meu favorito.

— Clover Black — digo, provando as palavras em minha boca.


— É bonito.

Largo o livro e deito ao seu lado.

— Não tão bonito como ela será — responde ele esticando a


seu lado. Descanso minha bochecha contra seu peito.

— Bom, isso é um fato — respondo, ganhando uma risada.

— Está pronta para seus exames? — pergunta-me,


acariciando meu cabelo distraidamente.

— Sim, estou. Na realidade, estou emocionada por fazê-los


amanhã — digo, sorrindo amplamente.

Preciso ir à universidade e fazer meus exames. Amanhã é o


primeiro que eu tenho e é da matéria de direitos da família.

Ele ri.

— Você é uma nerd, baby. É tão malditamente quente.

Sacudo minha cabeça para ele. — Você pensa que tudo é


quente.
— Tudo sobre você, sim — afirma. — Precisa estudar esta
noite? Ou podemos fazer algo?

— Preciso estudar, quero dominar por completo este exame —


digo cuidadosamente — Não vai trabalhar agora?

— Sim, em meia hora — responde.

Bem, necessito que saia de casa. Amanhã é seu aniversário e


preciso de tempo para preparar sua surpresa. E a seguir, tempo para
chutar seu traseiro por nem sequer me dizer que era seu aniversário.
Recordei que era em junho de quando fomos mais jovens, mas não pude
me lembrar a data. Era dezenove de junho.

Uma data que nunca esquecerei de novo.

Dex se dirige ao trabalho e eu começo a planejar como uma


louca. Cozinho sua comida favorita, ponho uma toalha à mesa, velas e
uma rosa vermelha no meio. Bem, os acertos românticos são mais para
mim que para ele, mas fica bonito. Coloco os presentes em volta na
mesa.

— Rake, você vai mandar uma mensagem quando estiver para


sair da loja? — pergunto-lhe.

— Sim, não se preocupe, querida. — responde— Sabe, você é


uma dor no traseiro, mas é o melhor que lhe aconteceu.

— Obrigada, Rake. Embora, pelo que vi de você e dessa


mulher, você é a dor no traseiro.

— Merda, você deve ser boa na cama — resmunga.

Rio e dou um passo para ele, envolvendo meus braços ao


redor de sua cintura e repousando minha cabeça em seu peito duro.
Depois de um momento, ele retorna o abraço.

— Vou sair com o Dex amanhã de noite, celebração de


aniversário só para irmãos — diz-me.
— Bem — resmungo.

— Vinnie ficará com você. Pobre Vinnie.

— Por que? Pensei que todas as merdas dos Wild Men


acabaram — pergunto, franzindo o cenho. Depois do incidente, os Wind
Dragons se reuniram com o MC rival e conversaram. Não sei o que
aconteceu, mas Dex veio para casa dizendo que o problema tinha sido
solucionado.

— Melhor estarmos seguros — ele diz. — Olhe o que


aconteceu a última vez.

Suspirei e elevei o olhar para seu rosto.

— Wild Men é um estúpido nome para um MC.

Seus lábios tremeram.

— É. Irei para a loja. Enviarei uma mensagem quando ele sair.

— Está bem, obrigada.

Tomei uma longa ducha, depilando minhas pernas e outros


lugares. Apliquei minha loção de cerejas, maquiei-me e arrumei meu
cabelo. Vesti minha bata e me dirigi a revisar a comida no forno. Arrow
entra, parecendo um pouco pior pelo desgaste. Roupa enrugada, lápis
labial em seu pescoço e... Podia cheirar a álcool daqui.

— Olá, Arrow — digo, sorrindo tristemente. Depois da morte


da Mary, ele não é a mesma pessoa que era.

— Olá, Faye — diz em voz baixa. Caminho para ele e beijo sua
bochecha, sua barba áspera roça minha pele.

— Posso te fazer algo para comer? — pergunto. — Desejaria


que me deixasse cuidar dele, mas não o faz. Ele afoga seu sofrimento
com álcool e mulheres fáceis. Não vou julgar seus métodos para
aguentar seus problemas, mas esperava que voltasse a ser ele mesmo
logo.

Sinto falta do meu amigo.

— Não se preocupe comigo, Faye. Vou tomar uma ducha e


logo sair, assim você pode mimar seu homem — ele diz, afastando-se.

Suspiro e olho para ele enquanto se vai. Passado o resto da


tarde pintando minhas unhas e me consentindo a mim mesma. Quando
recebo a mensagem do Rake, pego a comida, acendo as velas e coloco
meu vestido.

Com sutiã e umas calcinhas de seda preta.

E isso é tudo.

Me olho no espelho e sorrio. Estou bem.

Meu comprido cabelo emoldura meu rosto, com volume no


topo me dando uma aparência sexy. Meus olhos são escuros e
esfumaçados, meus lábios são vermelho sangue. Os lados de meus
peitos são visíveis, mas meus mamilos estão tampados pelo corte de
couro negro. Minha pele branca se destaca mais. Tinha planejado usar
uns saltos sexys, mas escolhi comodidade em vez disso e fui descalça.

Quando o ouço entrar pela porta, saio para saudá-lo. Ele para
seus passos quando me vê de pé ali.

— Santa merda — sussurra enquanto seu olhar me devora.


Ele caminha para mim, seus olhos em meu corpo — Isto é o mais sexy
que vi em minha vida. Fica quieta, preciso de uma foto deste momento
— diz, tirando uma com seu celular. Desliza-o de novo em seu lugar e
beija minha boca. — Como tive tanta maldita sorte? Vou mandar uma
carta de agradecimento à companhia de camisinhas.

Olho para ele, boquiaberta.

— Você não acabou de dizer isso.


Ele sorri torcidamente. — Qual é a ocasião especial, beleza?

— Tenho exames pelo resto da semana assim pensei que


podíamos celebrar seu aniversário antes — digo, esfregando meu corpo
contra o seu. — Nem sequer me disse que era seu aniversário.

— Não é grande coisa, baby. Só outro dia.

— Já mais, não é — replico, cheirando-o.

— Me deixe tomar uma ducha rápida, tenho graxa no corpo —


diz, me beijando uma vez mais antes de entrar no banheiro. Ocupo-me
na cozinha, esperando que termine.

Ele entra momentos depois, usando nada mais que um par de


jeans baixos. Olho fixamente para seu corpo, apreciando a vista.

— Tome o assento — digo a ele com um tom rouco.

Ele se senta e dirige seu olhar para a mesa.

— Nunca ninguém tinha feito algo como isto por mim antes.

Sorrio.

— Me alegro de que você goste.

— Amo fodidamente. Agora vem aqui — pede. Caminho para


ele, rindo enquanto me puxa para seu colo. — Vou te fazer gritar meu
nome muitas vezes antes que comamos o que seja que cheira tão bem e
tem minha boca se enchendo de água.

Ele me beija avidamente, cavando minhas bochechas com


suas mãos. Tomo seus ombros, devolvendo o gesto, beijando-o com
uma intensidade que me surpreende. Quando ele me reclina contra a
mesa e me penetra, desfruto de cada segundo disso.

Amo suas expressões, os sons que faz, a maneira suja com


que fala comigo. A forma que desfruta de meu prazer.
Seu caráter mandão e suas demandas.

Dou tanto como recebo. Igualo sua paixão e sua intensidade.


Este homem, foi feito para mim.

Enterro meus dedos em sua tatuagem de dragão e deixo que o


prazer me consuma.
Vinnie me leva para casa depois da minha prova no dia
seguinte, e por isso eu sou grata. Eu estou me sentindo extremamente
drenada hoje e só quero ir para casa e dormir.

— Como você foi? — Vinnie pergunta.

— Eu acho que fui bem. — Eu respondo. — Não foi muito


difícil.

— Modesta, não? — Diz ele com uma risada.

Eu dou de ombros.

— Apenas honesta. Lamento que você está preso comigo esta


noite, enquanto todos saem para comemorar.

— Não é nada demais. — Diz ele. — Eu estava na Toxic na


semana passada.

Minha cabeça se vira para ele.

— Eles estão levando-o a um clube de strip?

Vinnie faz uma careta.

— Você não sabia? Foda-se.

Foda é certo. Eu envio um texto para Rake.

Faye: Onde você está levando Dex hoje à noite?

Rake: Por que?

Faye: Porque eu quero saber.

Rake: Wind Dragons passarão a noite fora! — Não estrague!


Faye:! # $@%¨$#@

Rake: Dê ao homem suas bolas esta noite!

Rake: Faye!

Faye: Está bem.

Rake: Amo você.

Faye: Foda-se.

Eu inclino minha cabeça contra o assento. É apenas uma


noite fora. Vendo mulheres nuas e quentes que não estão grávidas e
gordas.

Porra. Estou me sentindo insegura.

Não é uma boa sensação, e ela não parece boa em mim.

— Ele não vai fazer nada. Eles só vão beber e falar merda. —
Vinnie tenta me assegurar.

— Sim, bem, vou deixá-lo ter o seu divertimento. — Eu


respondo, tentando manter meu tom neutro.

Enquanto eu me sento em casa estudando e ele enchendo a


cara.

Eu vejo Jess e Tracker sentados na sala de estar quando eu


entro na casa clube. Tracker é um dos irmãos com quem eu nunca
realmente falei. Ele nunca sorri e não é amigável logo de cara como os
outros. Ele é muito distante e nós realmente não olhamos um para a
cara do outro.

— Hey, Jess. — Eu falo balançando a cabeça para Tracker.

— Hey, mel! — Ela responde. Depois da noite em que


perdemos Mary, ganhei o respeito das mulheres. Eu já não me sinto
como uma forasteira. Eu pertenço aqui, ao lado de Dex.
— Como foi a prova? — Ela pergunta.

— Foi boa. — Eu digo a ela. — Eu tenho outra amanhã.

Allie entra por trás de Tracker.

— Hey, mamãezinha! — Diz ela para mim, me beijando na


bochecha.

Vejo os olhos de Allie piscando quando ela faz isso, mas ela
não diz nada. Em vez disso, ela sorri para mim em saudação, eu sorrio
de volta.

— Tudo animado para hoje à noite? — Eu pergunto a Tracker,


incapaz de disfarçar a raiva do meu tom.

Ele balança a cabeça para mim, o lábio contraindo-se.

— Você não tem nada para se preocupar. O homem não é


estúpido.

— Eu sei. — Eu minto.

— E você? — Tracker responde, inclinando a cabeça para o


lado.

Eu suspiro.

— Sim, eu não vou me permitir ser esse tipo de mulher.

— Que tipo de mulher?

— Você sabe o tipo. — Eu respondo, acenando com a mão no


ar.

— Não, eu não sei, você me explique. — Ele responde com


paciência.

— O tipo de mulher que não deixe seu homem ir a qualquer


lugar sozinho, ou fazer qualquer coisa sozinho. Ela vai junto mesmo
quando ele está com seus amigos... Eu nunca vou ser essa mulher.
Essa mulher é insegura e um pouco co-dependente.

— Parece que você já pensou um tanto sobre isso, porra. —


Respondeu Tracker, esfregando uma mão ao longo de sua mandíbula.
— O que posso dizer é que você não tem nada para se preocupar.
Acredite nisso.

— Eu sei. Eu só estou cansada, eu estou indo para a cama. —


Eu respondo, reunindo um pequeno sorriso para ele. O homem se
limitou a ouvir o meu discurso estúpido.

— O que está acontecendo hoje à noite? — Allie pergunta,


olhando para Tracker.

— Os homens estão saindo. As mulheres ficarão em casa. —


Diz ele, abrindo a geladeira e olhando seu conteúdo. — Portanto, não
espere.

Allie aperta os olhos, mas novamente ela fica tranquila.

— Há lasanha no forno. — Diz Tracker quando eu saio para o


quarto. — Cindy fez hoje.

Eu subo na cama e fecho os olhos, deixando o sono tomar


conta.

Eu acordo com beijos no meu rosto.

— Acorde bela adormecida, o jantar está pronto.

Eu sorrio antes mesmo de eu abrir meus olhos.

— Que horas são?

— Sete. Você dormiu por cinco horas. — Diz ele, beijando a


minha mandíbula.
— Feliz aniversário. — Murmuro sonolenta. — Será que você
gostou de seu presente esta manhã?

Uma risada profunda.

— Baby, não há melhor maneira do mundo para acordar.


Confie em mim.

— Hmmmm. — Eu cantarolo enquanto ele continua seus


beijos suaves, castos.

— Tracker disse que queria falar comigo sobre alguma coisa?


— Pergunta ele, a voz ficando mais baixa.

— O quê? — Pergunto.

— Ele disse que eu deveria falar com você. O que está


acontecendo?

Droga, Tracker.

— Nada. Eu só acabei de descobrir que você estava passando


a noite em um clube de strip-tease.

Ele acalma.

— Isso é para onde estamos indo?

— Você não sabia? — Eu pergunto, virando a cabeça para


olhar para seu rosto.

— Não, mas eu não deveria estar surpreso. Não é grande


coisa. Você sabe que eu nunca iria trair você. Certo?

— Sim, eu sei. Para ser completamente honesta com você, ele


disse-me apenas que você verá todas essas meninas bonitas, enquanto
eu estou aqui com um queixo duplo e pés inchados.

Ele faz um barulho estrangulado, em seguida, se transforma


em riso.
— Oh, meu Deus! Não ria de mim! Estou falando sério. — Eu
agarro, puxando as pontas de seu cabelo para ter sua atenção.

— Acontece que eu amo o seu queixo duplo. — Diz ele,


beijando-me. — Você não tem nada para se preocupar. Eu acho que
você é sexy como o inferno grávida de nossa filha. Além disso, é por
você que eu estou apaixonado. Eu vou te amar, não importa como você
se pareça.

— Mesmo que meu queixo se transforme em triplo? — Eu


pergunto, batendo meus cílios.

Uma risada.

— Mesmo assim.

— Bom, porque eu estou com fome. — Eu digo, ao mesmo


tempo meu estômago ronca.

— Vamos lá então, vamos ter minha mulher alimentada. Você


sabe, eu posso ficar em casa hoje à noite...

— Não, não, você vai se divertir. — Eu digo instantaneamente.

— Bom, porque eles teriam me dado um monte de merda se


eu houvesse cancelado. — Diz ele, parecendo divertido.

— E Arrow, vai sair também? — Pergunto quando Dex me


ajuda a sentar.

— Sim, ele está saindo.

— Ele precisa ter um pouco de diversão. — Eu digo,


deslizando para fora da cama. — E eu preciso comer e estudar um
pouco mais.

Ele repousa as mãos na minha barriga.

— Faltam três meses.


— Você está animado? — Pergunto-lhe.

— Animado, nervoso, curioso, impaciente... Eu sou um monte


de coisas diferentes. — Ele admite. Eu olho para baixo, para os nós dos
dedos tatuados no meu estômago e sorrio.

— O tempo está passando tão rápido. — Eu digo, pegando sua


mão e andando com ele para fora do quarto.

— Eu sei.

Sentamos à mesa e jantamos, então eu estudo enquanto Dex


se prepara para sair. Eu tento não ficar de mau humor, mas eu me vejo
fazendo exatamente isso. Rake sai de seu quarto primeiro vestindo
jeans e uma camisa de manga longa, dobrada até os cotovelos. Seu
colete de couro é usado sobre ela, e seu cabelo loiro está úmido do
chuveiro. Seus olhos verdes estão dançando com entusiasmo.

— Por que diabos você está tão animado sobre hoje à noite? —
Pergunto-lhe, levantando uma sobrancelha escura.

Ele brinca com seu anel de lábio.

— Uma das meninas na Toxic é um anjo maldito. Blonde.


Bunda e tetas enormes. — Ele faz suas mãos em xícaras na frente de
seus peitorais, imitando o gesto universal de peitos enormes. — Eu
quero trazê-la para casa.

— Para a sua câmara de tortura?

Ele sorri.

— Não fale mal até que você tenha experimentado.

Dex sai ao lado, e minha respiração pega. Calça jeans escura,


camisa preta apertada esticada em seus músculos. Eu lambo meu lábio
inferior quando eu vejo a sua aparência.
— Pare de me olhar assim ou eu vou deixar minha bunda em
casa. — Ele rosna. Ele verifica os bolsos procurando seus cigarros e
carteira. Rake puxa para fora uma garrafa e começa a servir-se de uma
bebida.

— Se você está bebendo é melhor você ir de táxi. — Digo a ele.

— É apenas uma bebida. Eu não estarei balançando-me em


uma porra de táxi. — Diz ele, carrancudo. Eu rio de sua expressão.
Tracker entra, os músculos à mostra com uma t-shirt branca.

— Todo mundo parece quente hoje à noite. — Eu resmungo,


olhando para o meu livro.

Minha vida é uma merda!

Dex beija o topo da minha cabeça.

— Eu vou sair para fumar um cigarro.

— Ok. — Eu fungo.

— Baby. — Diz ele.

— Sim?

— Pare de fazer beicinho, sim?

Três conjuntos de olhos divertidos olham para mim.

— Eu não estou fazendo beicinho. Espero que todos gostem de


sua noite. Eu vou te ver no quê? Uma da manhã, talvez?

Risos seguem.

Dex beija meus lábios, em seguida, dirige-se a porta da frente.


Eu olho para Tracker que pisca para mim quando ele me vê olhando. O
resto dos homens chegam, e todos eles levam suas motos para fora. Dex
é o último a sair, porque ele me beija por cerca de dez minutos antes
que eu finalmente possa deixá-lo ir.
Ele beija meu estômago e, em seguida, sai.

Eu estudo durante duas horas, em seguida, caio no sono.

Eu acordei no meio da noite com um riso. A porta do meu


quarto abre e Dex entra, batendo o pé na minha nova penteadeira.

— Filho da puta! — Ele rosna.

Eu seguro uma risada. Ele deita na cama, com as mãos


procurando os lençóis em mim. Quando os seus dedos, finalmente,
tocam meu braço, ele diz: — Sim! — Como se fosse uma grande façanha
me encontrar, então rola para a direita ao meu lado. Ele me envolve em
seus braços e beija a parte de trás do meu pescoço.

— Eu senti sua falta. — Diz ele, quando ele percebe que eu


estou acordada.

— Você se divertiu? — Eu pergunto a ele, sonolenta.

— Sim.

— Bom. — Eu respondo.

— Mas eu ainda acho que você perdeu. — Diz ele, virando-me


para encará-lo. — Da próxima vez você estará indo comigo.

— Para um clube de strip? — Eu pergunto, incrédula.

— Para qualquer lugar. — Ele responde, suas mãos agora


passeando por todo o meu corpo. — Você é um milhão de vezes mais
sexy do que aquelas meninas.

— Então a grama não é mais verde no vizinho? — Pergunto


um pouco sem fôlego enquanto seus polegares pastam por meus seios.

— Não, e eu nunca por um segundo pensei que era. — Diz ele


rapidamente, afirmando minha boca.
Nós fazemos amor, e eu volto a dormir com um sorriso no meu
rosto. As inseguranças desaparecendo.
Os exames passam em um borrão e logo tenho duas semanas
de descanso. Depois mais compras para o bebê, estou a ponto de sair
do estacionamento quando vejo Renée.

E ela não está sozinha.

Quando a vejo com um homem, meu interesse pica. Quando o


homem dá a volta meus olhos se abrem com surpresa.

Que diabos está fazendo Eric com Renée? Tiro uma foto de
ambos e envio para Dex. Em ocasiões uma fotografia é toda a evidência
que necessita. Noto Vinnie olhando em sua direção também. Ele está de
capacete e assim não posso ver sua expressão.

Conduzimos para casa e Vinnie abre a porta para mim, sem


olhar nos meus olhos.

— O que foi? — pergunto a ele.

— Nada — diz abrindo a porta traseira e pegando todas


minhas bolsas de compras. Dex caminha fora da casa-clube agitado,
todos seus músculos tensos. Ele bate nas costas de Vinnie e toma as
bolsas de suas mãos. Vinnie vai embora, e me deixa me sentindo
confusa.

— Está tudo bem? — pergunto a ele, colocando minha mão


em seu peito. Ele baixou seu olhar para mim, ainda irradiando tensão.

— Está tudo bem, eu só preciso te falar sobre algo.

Isso é detestável.

Tomo uma respiração profunda.


— Está bem.

— Vamos para o nosso quarto — sugere. Soou mais como


uma ordem. Ele necessita de suas próprias palavras. Solicita ou manda.

Levanto minhas mãos.

— O que vai dizer vai me incomodar?

Ele move sua cabeça. — É mais que provável.

— Talvez devêssemos nos sentar em meu carro? Então posso


dirigir para longe quando perder meu temperamento.

Ele está me levando para meu quarto.

— Estou tendo um déja vu — digo enquanto vejo o Dex passar


antes de mim.

— Não pode se incomodar por isso... Você está grávida — diz


finalmente, seu tom é de suplica.

Fico boquiaberta diante de sua audácia.

— Sim, me dou conta que estou grávida. Agora me diga. O que


você fez?

Ele baixa seu olhar para o piso com suas mãos em seus
quadris.

— Renée me enganou, sim?

— Sim — digo. Sabia essa parte. Mulher estúpida.

— Mas o que eu não te disse é com quem ela me enganou —


diz, arriscando um olhar para mim.

Sacudo minha cabeça em confusão. Até que isso me golpeia.

Minha garganta queima.

A fotografia que tirei hoje. Eric e Renée?


Ele estende a mão para me tocar, mas sua mão se detém na
metade do movimento.

— Meu irmão dormiu com minha esposa. Quando ele estava


saindo com você.

O que é isto? Um fodido intercâmbio de esposas.

Engoli duro. — Está bem, Eric é o senhor dos imbecis, e só


deveria sequer odiá-lo, mas por que deveria me irritar com você por
isso?

Ele me olhou, sem dar nada de longe.

— Ocultei isso de você. Não queria te machucar. Logo que


você me enviou essa foto hoje, soube que iria fazer perguntas. Talvez
eles estejam juntos agora. Eu pessoalmente não dou uma merda. Não
sei o que você poderia sentir a respeito.

Passo minha mão por meu rosto. — Está no passado. Só


mostra que tomei as decisões corretas desde que deixei Eric. Deixa-os
ter entre si... diabos, merecem o um ao outro!

Ele exala, em seguida, sorri inseguro.

— Você aceitou melhor do que esperava.

Algo mais me golpeou então. — Espera um minuto...

Ele congela.

— Sabia que Eric tinha dormido com a Renée quando


dormimos juntos a primeira vez — sinto minha mente trabalhando.
Quando isto me golpeou, apertei meus dentes. — Me usou para se
vingar do Eric!

Ele esfrega a nuca.

— Naquele momento, talvez. Mas eu te queria. Você é


fodidamente bonita, baby, é obvio que te queria.
— Estava vivendo uma fantasia aquela noite... e você somente
estava retornando-lhe — Perguntei, minha cara caindo.

— Uma fantasia?

— Você foi o primeiro menino que notei alguma vez... dessa


forma. Foi um amor da infância que se transformou em uma fantasia
adolescente. Sempre te quis, só que nunca pensei que pudesse ser
possível tê-lo. —admiti.

— Faye, encontrei-me contigo, não estava te procurando.


Estava ali, e me deixou sem respiração. Não podia acreditar em meus
olhos, estava tão bonita. Recordo-me de ter pensando quão estúpido era
Eric por te trair com alguém como ela.

Olhei-o enquanto minha mente corria.

— Então, isso era mais do que apenas para se vingar do Eric?


Porque se não descobriu que estava grávida, não estou segura de que
alguma vez nos víssemos novamente — disse, cruzando meus braços
sobre meu peito protetoramente.

Silêncio.

E logo: — Passei por sua universidade uma vez. Foi a semana


depois de que dormimos juntos, eu queria te ver. Estava lá parada
vestida toda de preto segurando um dossiê com estampa de animal, e
seu cabelo estava baixo e pego em todas direções.

Ele sorriu, como se fosse uma grata lembrança.

— Verdade? — perguntei, minha voz suavizando-se.

— Sim. Tem que entender baby, que estava fazendo bem. Indo
à faculdade de Direito, fazendo algo por você mesma. E você é jovem.
Não sabia o que queria, mas sabia que não era exatamente bom para
você. Tinha se libertado do Eric e por isso estava fodidamente feliz.
Tinha a oportunidade de um novo começo. Claro que me fascinava, mas
realmente não sabia o que estava sentindo, assim só te observei, e logo
fui embora.

Seus olhos me suplicavam que entendesse. Apreciei sua


honestidade e também lhe disse. Estava tentando superar Eric, e Dex
estava se vingando, todo este assunto é estúpido e complicado.

— Sabe o que? Quem se importa como chegamos a ficar


juntos. Estamos aqui agora, apaixonados, e a ponto de ter um bebê. —
Acabei dizendo — Contanto que não o arruíne agora, não me interessa o
que aconteceu antes. — Ri diante sua expressão de choque. — Posso
ser razoável, Dex. A menos que me traia. Essa é outra história — digo,
meu olhar indo para seu pênis, minha ameaça visível em meus olhos.

Ele se encolhe e se sustenta. — Não vou fodidamente te trair,


já lhe disse isso.

— Só estou me assegurando, querido. — respondi, sorrindo


para ele, o demônio dentro de mim se foi.

— Pode ser uma psicopata algumas vezes, sabe? —ele diz,


ajoelhando-se em frente de mim. Sento-me na borda da cama, agora os
olhos de ambos ao nível do outro.

— Sou sua psicopata — sussurro trazendo meu rosto mais


perto do dele. Nossas testas se tocando.

— Quero que seja minha esposa — sussurrou.

— Acaba de me chamar de psicopata e, em seguida, propôs


isso? — pergunto, minhas sobrancelhas tocando a linha de meu cabelo.
Agora quem é tão romântico como Shakespeare?

Ele sorri sedutoramente, inclinando-se por um rápido beijo. —


Case comigo.

— Está bem — respondo, beijando-o e envolvendo meus


braços ao redor de seu pescoço.
—Sim?

— É obvio. Te amo, e amaria ser sua esposa — digo, sorrindo


com os olhos umedecidos.

Ele me cobre de beijos por todo o rosto.

— É como... Se te respirasse, baby. Não há outra forma de


explicá-lo.

Essa linha está muito melhor.

— Também te respiro, Dex — digo, nossas bocas tocando-se


brevemente.

— Sabe que é a única que permito me chamar assim — diz


ele, sorrindo.

— Dex?

— Sim, todos outros sabem me chamar por meu nome de


guerra.

— Por que lhe chamam de Sin?

Fico olhando para seu olhar divertido.

— Por que acha que eles me chamam de Sin?

— Porque sardas em uma base diária? Ou talvez, por que é


pecaminosamente sexy? — suponho.

Ele me beija nos lábios.

— Pensa que sou pecaminosamente sexy?

Mordo seu lábio inferior.

— Sabe que acho.

— E acredito que você foi feita para mim... —sussurra.


Devo estar de acordo.
Pego meu sanduiche e como um bocado, mastigando
pensativamente enquanto observo o homem sentado em frente a mim.

— Posso te perguntar algo? — digo depois que engoli.

— Acaba de fazê-lo — responde, me olhando. Irish e eu não


somos tão próximos, mas nos damos bem.

— Como conseguiu as cicatrizes? — pergunto, olhando para


seu pescoço e seu queixo. Ele baixa o jornal que estava lendo e me olha.

— Briga com faca.

— Odiaria ver a outra pessoa — brinco, tentando aliviar o


ambiente. Ele ri.

— Eu tampouco, os esqueletos me assustam.

Beeeeeeeeeem, então. Seguinte tema.

— Viu Arrow? — pergunto.

Não o vi no aniversário de Dex, e estou começando a me


preocupar um pouco. Não sei o que aconteceu quando negociaram com
os Homens Selvagens. Pergunto-me se Arrow pensa que o clube pagou o
suficiente, com a morte dos homens que mataram a Mary, ou se ainda
precisam sofrer mais. Não sei o que está passando em sua mente, e
seus olhos são tão mortos agora que não posso dizer o que trama atrás
deles. Isso somente, aterroriza-me.

— Foi viajar por uns dias para limpar sua cabeça. — Eu gosto
de escutá-lo falar com o seu sotaque.

— Sinto falta dele — admito, baixando meu olhar para meu


prato.
— Ele vai voltar. — responde.

— Como você sabe? — pergunto.

Dex entra na cozinha, seus olhos imediatamente me


buscando.

— Tenho algo para te mostrar.

— O que? —pergunto, me pondo de pé.

Ele toma minha mão e me leva para seu carro. Ele abre a
porta para mim e me ajuda a entrar.

— Aonde vamos? — pergunto, pondo minha mão em sua coxa.

— Surpresa — diz, sorrindo com entusiasmo.

Por que ele está tão emocionado? Quando nos detemos em


minha joalheria favorita de sempre, dou-lhe um olhar curioso. Ele me
diz que espere para que possa abrir a porta e me dá sua mão para sair
do carro.

Caminhamos de mãos dadas para a loja. Ao entrar, a garota


que trabalha ali dá ao Dex um sorriso, e logo muda o cartaz de ABERTO
para FECHADO.

— Que diabos...

— Escolhe qualquer anel de compromisso — diz ele, beijando


o topo de minha cabeça.

— O que? — ofego, movendo meus olhos a todos os anéis em


frente de mim. Um diamante de corte princesa de ouro me chama a
atenção imediatamente. Tem um grande diamante no centro da banda.

Singelo. Clássico. Impressionante. E o quero.


— Posso experimentar esse? — pergunto à mulher, que toma
o anel e o dá a Dex, que o desliza no dedo correto. Adapta-se
perfeitamente e fica lindo.

— Eu adoro — sussurro para ele, tocando o diamante.

— Vamos levar este, por favor — diz Dex em voz alta.

— Sem dúvida — diz a mulher, mais que feliz de fazer uma


venda. — Como vai pagar por este, senhor?

— Dinheiro vivo — responde Dex.

— C-Certamente — gagueja a mulher. — Um, esse é de vinte


mil dólares.

Fico boquiaberta. Vinte mil dólares. Isso é muito caro para um


anel.

— Dex...

— É seu, baby — diz, tirando uma pilha de dinheiro. Dou-lhe


um olhar. Quão suspeito parece isso? A mulher provavelmente pensará
que roubou de um banco ou algo assim.

Saímos da loja com um Dex muito satisfeito.

— Obrigada — digo a ele — Realmente não precisava gastar


tanto.

— Baby — ele diz, rindo.

— O que?

— Esse anel não vai me quebrar — responde, sufocando a


risada.

Quão rico ele é?

— É bom saber — murmuro, baixando meu olhar para meu


anel e sorrindo. Tenho vontade de dançar de felicidade neste momento.
— Esse sorriso em seu rosto, vale muito mais que vinte mil —
diz, estendendo a mão e tomando minha mão entre as suas.

Isso foi muito doce.

— Aonde vamos agora?

— Iremos visitar minha mãe para dizer a ela que vamos nos
casar — diz em um tom cauteloso.

Minha mão vai ao cabo da porta.

— Não seja tão dramática, ficaremos lá dez minutos no


máximo.

— Isto é um sequestro! É por isso que estava me derretendo


com o anel e sendo tão doce? — Pergunto, retorcendo as mãos.

— Baby.

— Dex, saí com seu outro filho nos últimos anos. Oh meu
Deus isto vai ser tão desconfortável — digo, olhando pela janela.

— Ela sabe que você está comigo agora, e vamos ter uma
menina. Nem sequer olhará para você de maneira equivocada, confia
em mim. Ela não quer pôr em perigo a relação com seu primeiro neto —
explica com paciência.

— Não fará? — pergunto, mordiscando meu lábio inferior.

— Acredita que vou deixar que alguém te diga algo? Não me


importa quem seja, Faye. Ninguém desrespeita a minha mulher.
Ninguém.

Solto um profundo, suspiro trêmula. — Está bem, está bem.


Vamos terminar com isto.
— Olá mamãe — diz Dex, beijando a sua mãe na bochecha.
— Como está?

— Melhor agora que meu primogênito chegou finalmente para


uma visita — admoesta-a, em seguida, se vira para mim.

— É bom te ver, Faye. Como está sua gravidez?

— Olá Gretchen — digo. — Estamos muito bem. Ela virá no


quinto dia de setembro.

— Que emocionante. Comprei um par de coisas, espero que


não se importe... — Desvanece quando a vejo olhando meu anel.

— Vão se casar? — pergunta, olhando para Dex.

— Sim mãe, é por isso que estamos aqui. Queria que soubesse
— responde Dex.

— Bom, felicitações — diz ela, tentando ocultar sua surpresa.

— Então, seu divórcio finalizou?

Foda-se. Esqueci por completo disso. Olho para Dex que sorri
ao ver a expressão em meu rosto.

— Tudo concretizado. Comecei a ser um homem livre a partir


desta manhã — diz, seus olhos sorrindo para mim. Comprou-me um
anel no dia que seu divórcio finalizou. Eu adoro que não queria perder
tempo.

— Quando será o casamento? Será grande? —ela pergunta.

— Do jeito que Faye quiser — responde Dex, piscando os


olhos para mim.

— Entendo — murmura sua mãe, claramente não contente


com sua resposta. — Falei com seus pais, o outro dia.

Genial, simplesmente genial.


— Não estou em condições de falar com meus pais —
respondo sem emoção.

— Sério? Eles não mencionaram isso. Só que você tinha se


mudado.

É obvio que não o fizeram, porque isso lhes faria mal. Minha
mãe não permitiria isso.

— Disse a eles que estava noiva do Dexter. Eles não parecem


estar contentes com isso — diz ela, inclinando-se para trás em sua
poltrona branca.

Encolho meus ombros.

—Não importa o que digam.

— Convidei algumas pessoas esta noite, quer ficar para


jantar? — diz, dirigindo-se ao seu filho.

— Não, obrigado mãe, Faye e eu temos planos. Possivelmente,


da próxima vez — diz de pé para sair.

— Eu gostaria que você falasse com o Eric, ele é seu irmão


mais novo depois de tudo — diz ela com rapidez, levantando e alisando
seu traje.

— Já passamos por isso...

— Ele é seu irmão! — ela espeta.

— Também é um traidor de merda. Tenho um monte de


irmãos em casa, e nenhum deles me trairia. Nem sequer dariam as
costas a um homem como Eric — grunhe Dex, segurando minha mão e
me levando para a saída.

— Isto é só por ela — murmura ela.

Suponho que eu sou essa ela.


Dex se detém em seco.

— Não tem nada a ver com ela. Eric e eu nunca nos demos
bem, e tanto como é uma merda, é o que é. Não tente culpar a Faye por
isso. Faye é a melhor coisa que me aconteceu.

Vejo o Eric pelo canto do meu olho, apoiado na porta,


escutando. Ele meneia a cabeça, me dá um sorriso triste, e depois se
afasta.

Acho que ele finalmente entende. Dex me ama.

Eu.

Suspiro.

Eric sabe que o que tínhamos não era isso. Não estava nem
sequer perto. Dizemos adeus a sua mãe e saímos dali.
Ponho minha mão sobre minha barriga enquanto Clover se
move, me chutando. A banana que coloquei em meu ventre para me
alimentar cambaleia com uma dura patada. Nego com a cabeça. Não
posso esperar para segurar minha menina. Agora estou grávida de sete
meses. Dex e eu mudamos para nossa nova casa, mas ainda passo
algumas noites na casa-clube. Esta noite é uma dessas noites. Dex foi a
algum lugar com o Jim, e estou passando o momento com o resto dos
irmãos.

— Faye! Sua enorme bunda está bloqueando a televisão! — diz


Rake em voz alta, chato. Lanço minha banana para sua cabeça
enquanto ele cacareja com uma risada. Allie senta no colo de Tracker,
com os braços descansando sobre seus quadris. Ele me vê olhando-os e
pisca o olho para mim. Acredito que os dois estão finalmente ficando a
sério.

Coloco um polegar para cima. Ele sacode a cabeça e murmura


algo a respeito de mim sendo torpe. Arrow entra na sala e se senta ao
meu lado. Olho fixamente em seus olhos marrons e aliso sua barba.

— É bom te ver, estranho — digo-lhe com um sorriso.

— É bom te ver também — responde com uma contração do


lábio.

— Está muito melhor — deixo escapar, me apoiando em seu


recém cortado cabelo e seus olhos sem olheiras.

— Sinto-me melhor — responde.

— Então, tenho o meu melhor motoqueiro de novo? —


sussurro para ele, não deixando que ninguém mais ouça.
— Nunca me perdeu, menina — responde, me mostrando seus
dentes brancos. — Ficou tão grande.

Suspiro.

— Não diga isso!

— Não quis dizer em um mau sentido — diz rapidamente,


tentando encobrir seu engano.

— Assim, me tornei grande no bom sentido?

Olho para baixo para minhas tetas. Bom, elas têm ficado
maiores, de uma taça B a uma C, mas o tem feito todo o resto também.
Minha enorme bunda já passou a de JLo a Kim Kardashian.

Bem, não é tão grande, mas ainda assim.

Arrow se vira para o Rake.

— Alguém poderia ter me advertido.

— Sobre o que? — pergunto, olhando para Rake em confusão.

— Nada — acrescenta Rake, me atirando de volta a banana e


virando o rosto para tentar ocultar seu sorriso.

— Não sou tão má — solto de mau humor, cortando minha


banana e comendo um pedaço dela. Irish e Trace caminham dentro da
sala.

— A besta está em um bom estado de ânimo? —pergunta Irish


enquanto se senta. Minha boca se abre.

— Estou em um bom estado de ânimo!

Para ser honesta, estive de mau humor nos últimos dias. Dói
as costas, doem os pés, e tenho acidez estomacal, mas estou totalmente
segura que estava sofrendo em silêncio.

Aparentemente não.
— Quando Dex voltará? — pergunto, esfregando minha
barriga com ar ausente.

Ninguém me responde. Game of Thrones está passando, e


todo mundo está olhando fascinado. Allie e Tracker começam a
estender-se, com as mãos por toda sua bunda. Me sentindo
desconfortável, dirijo ao Arrow, que está me olhando com diversão.

— Continua sendo uma dissimulada? — pergunta em voz


baixa.

— Não sou uma dissimulada. Simplesmente prefiro esse tipo


de coisas estando em privado. Não estou julgando ninguém, mas estaria
mentindo se dissesse que não me faz sentir desconfortável em ver pornô
ao vivo grátis —respondo, tranquilamente.

— Confia em mim quando digo que antes de se mudar era


muito pior. Mulheres nuas caminhando ao redor vinte e quatro horas,
os sete dias da semana — diz, olhando ofegante. — Esses eram os dias.

— Ahh, os dias de glória pré-Faye — acrescenta Rake.

— Bom, perdão, não vivo mais aqui, por isso nos dias que não
estiver aqui não duvidem em voltar para esses dias de glória —
resmungo, cruzando os braços sobre meu peito.

— Oh, confia em mim, fazemos — diz Rake, inclinando para


trás a cerveja esfriada com gelo. — Ontem mesmo, tive esta mulher
inclinada sobre a...

Joguei minha banana e o golpeei na cara.

Todo mundo começa a rir, exceto Trace, que nos olha como se
todos estivéssemos loucos.

Rake está a ponto de gritar alguma estúpida observação


inteligente que estou esperando, quando a porta da frente se abre de
repente.
Todo mundo fica de pé. Arrow fica diante de mim, me
protegendo.

— Sala do Clube! AGORA! — grita Jim enquanto entra com o


Dex. Todo mundo se dirige ao escritório. Que diabos está ocorrendo?
Por que necessitam de uma reunião do clube?

Todos estão alerta, saindo da sala. Dex se aproxima de mim e


me dá um beijo rápido me deixando com a boca aberta.

— Fique aqui — ele fala, então se vai. Olho para Allie, que está
também surpresa. Sento-me, sabendo que não é meu lugar para me
envolver.

— Pergunto-me o que aconteceu — digo, olhando aonde Dex


simplesmente estava de pé. Allie deixa escapar um suspiro.

— Suponho que teremos que esperar para ver.

Todos saem uns trinta minutos mais tarde. Dex se


aproxima de mim e me envolve em seus braços.

— A Casa-Clube está fechada. Mais gente vai chegar dentro de


uma hora, acredita que pode ajudar com a comida e os acertos para
dormir?

— É obvio — digo, minha preocupação crescendo. — O que


está acontecendo? — Parece que não quer me dizer, mas, em seguida,
fala.

— Chegamos até os Homens Selvagens, depois tivemos


negociações.

Não pergunto como chegaram, só posso imaginar.

— Ainda fodidamente nos odiamos uns aos outros, mas


chamamos uma trégua no momento. Acabamos de saber que Arrow
matou seu presidente em plena malditamente luz do dia faz dois dias.
Seus membros MC acabam de inteirar-se de quem o fez e vão querer
vingança.

— Mas Arrow...

— Sei, baby, ele parece como quem conseguiu sua merda sob
controle, finalmente — diz Dex com um suspiro. — Acredito saber
porquê. Matou seu presidente e agora sente que a morte da Mary foi
vingada. Entretanto, agora temos uma guerra em nossas mãos.

Arrow se aproxima de nós, seus lábios sangrando. Pergunto-


me quem o golpeou. Olha para mim, para a minha barriga.

— Não queria pôr a você ou a qualquer outra pessoa em


perigo... mas foda-se. Ele sabia que esses homens iriam vir aqui
naquela noite! Eram seus homens, ele fodidamente os enviou! Tinha
que pagar — Chia, com a cara vermelha.

Não tenho nem ideia do que dizer.

— Não posso pôr minha filha em perigo Dex! —sussurro para


ele. Amo este homem, mais que a minha própria vida, mas não mais
que a vida de minha filha. Dex assente com a cabeça, esfregando uma
mão por seu rosto. Arrow fica cinzento. Não quero machucar ninguém,
mas o que eu posso fazer? Ficar aqui e ser um alvo fácil, esperando que
esta "guerra" termine e com a esperança que Clover e eu estejamos a
salvo? Jim se aproxima e puxa Dex para longe.

— Sinto muito, que tenha que ser desta maneira, mas não
sinto que esse filho de puta esteja morto — diz Arrow de novo, sua voz
rouca.

— Sei — sussurro. — Sei.

O que vou fazer?


Cindy irrompe e começa a ladrar ordens, e avalio, porque ela
me salva de estar aqui parecendo estúpida. Ela sabe o que fazer, o que
dizer, e me mostra o que precisa para ser a old lady do presidente.

Precisa manter sua merda junta. Uma prova que acabo de


falhar muito bem.

Organizamos a comida, lugares para dormir, e enviamos os


homens em uma corrida à loja para nos abastecer das coisas que
necessitamos. Ao que parece, estes fechamentos podem durar uns dias.
Mais homens chegam, uns que nunca conheci antes. Sinto os olhos do
Dex em mim, observando, mas ele não diz nada. Ele está preocupado
por mim, sei. Posso sentir. Ver em sua expressão.

Entretanto não posso consolá-lo neste momento, porque não


sei o que estou sentindo.
Não sei o que fazer comigo mesma. Assim, passeio de um lado
a outro. Sinto que sou um alvo fácil. Esperando, simplesmente
esperando que algo aconteça. A quem vamos perder esta vez?

Dex?

Clover? A menina que nem sequer conheci ainda? Quem?

Penso vendo o rosto morto da Mary. Uma e outra vez.

O pensamento me faz deter em seco e chorar. As lágrimas


gotejam por minhas bochechas até que tampo o rosto com as mãos.

— Faye — diz Dex, me puxando para trás contra seu corpo


quente — Não chore.

— Isto não é bom para o bebê — Cindy fala atrás dele. — Está
estressada, Sin. Acho que está tendo um ataque de pânico.

— Maldita seja, eu sei — grunhe Dex — O que supõe que eu


devo fazer? Está mais segura aqui, onde posso vê-la. Não vou deixar
que algo aconteça com ela. E quando está merda acabar, estará a salvo.
Vou matar a cada um desses filhos da puta se tiver que fazê-lo!

Sinto-me como uma merda. Eles tem problemas maiores em


suas mãos, mas aqui estão, de pé na minha frente ao meu redor
olhando eu me perder em minha merda e tentando me ajudar.

— Dex... — começa Jim.

— NÃO! — grita Dex em resposta, cortando tudo o que ia dizer


— Não, não, não.

Não o que? Tento me recompor, secando meus olhos e


endireitando minha coluna vertebral.

— Estou bem, sinto muito.


— Ela precisa ir embora — diz Jim em uma voz forte. —
Precisamos de sua mente no clube agora mesmo, não nela!

— Sinto muito — eu sussurro.

— Não se desculpe — suspira Dex, soando resignado. — Todo


mundo nos deixem!

A sala fica vazia.

— Baby, até que toda esta confusão esteja solucionada,


precisa estar em um lugar seguro. — começa, com sua cara caindo.

— O que quer dizer?

— Estou te enviando para um lugar seguro — diz. — Não


quero que vá de minha vista, mas todo mundo tem razão, é melhor que
vá embora daqui por uns dias. Estou sendo egoísta ao querer que fique.

— Você não pode vir comigo? — pergunto, tomando


respirações profundas. Não quero deixá-lo. Mas tenho que pensar no
bebê pela primeira vez.

Ele parece lamentar.

— Preciso estar aqui para meus irmãos. Eu gostaria de poder


ir, baby, mas sou o vice-presidente. Necessitam de mim neste momento.

Remôo o interior de minha bochecha. Ele tem razão.

— Aonde vou?

— Jim disse que sua irmã mais nova e seu marido se


encarregarão de você. Vivem a umas poucas horas de distância, e ele é
do exército. Eles vão cuidar bem de você — diz, olhando para baixo ao
chão.

— Está bem, eu vou — digo.

— Faça a sua mala.


— Dex...

— Sim?

— Me prometa que vai vir me buscar em uns poucos dias —


digo a ele.

— Foda-se, baby. Vai ser um inferno sem você — grunhe —


Mas, preciso que fique a salvo. Tem que cuidar de você mesma e de
nossa pequena princesa.

Assinto com a cabeça, e em silencio começo a fazer uma mala.

— Quem me levará?

— Vai ter que ser Vinnie — ele diz, olhando com desculpa —
Eu gostaria de poder te levar.

— Está bem — respondo, deslizando meus pés em minhas


sandálias.

— Vamos liberá-lo, mas temos que fazer o que temos que


fazer.

— É só por uns dias.

Sim, uns poucos dias enquanto me pergunto: quem estará


morto e vivo?

Parece como o inferno na terra, mas ao menos minha menina


estará a salvo.

— Tem que ir agora, para que chegue lá antes que escureça —


diz, embalando minhas bochechas em suas mãos — Podemos fazer isto.

Não sei a quem está tentando convencer. A mim ou a ele.

— Te amo — eu digo — enquanto me beija com um desespero


tão espesso que posso provar. Suas mãos se enroscam em meu cabelo
enquanto me mostra o muito que vai sentir saudades através deste
beijo. Dex se transformou em tudo para mim. Entende-me, deixa-me ser
como sou e aprecio. Sei a afortunada que sou de encontrar alguém
assim, alguém que não quer que eu mude qualquer aspecto de mim
mesma. Alguém que me faz sentir coisas, me sentir viva e querida.

— Se cuide, Dex — sussurro — Estarei esperando por você.

— E estarei lutando por você — diz, me beijando na testa —


Agora terá que sair daqui antes que eu mude de opinião.

O percurso começa felizmente sem incidentes. Vinnie me trata


como se eu fosse frágil, assegurando-se de que estou bem todo o
caminho. Além de meus pés inchados, sinto-me bem. Digo a mim
mesma que todo mundo vai estar bem tantas vezes que começo a
acreditar. Clover me chuta, me recordando que estou aqui por uma
razão. A preocupação não vai ajudar a Dex. Tenho que me concentrar
no que está acontecendo aqui e simplesmente ter fé em que tudo estará
bem de volta para casa. Não posso estar com raiva de ninguém. Nem
Dex, nem Arrow. Sabia no que me estava colocando aqui, e isto é só
uma das coisas com as que vou ter que lutar para ser a old lady do Dex.

Estamos na metade do caminho quando Vinnie diz:

— Não olhe agora, mas estamos sendo seguidos.

Sento-me mais reta em meu assento.

— Tem certeza disso?

— Positivo.

— O que faremos? — pergunto, retorcendo minhas mãos. Que


porra faremos?

— Vou tentar despistá-los.


— E se não puder? — pergunto, olhando no espelho lateral. —
Então vou parar em alguma parte. Pode dirigir? — pergunta, em um
tom completamente tranquilo.

— Sim, suponho que sim.

— Bom — diz, enquanto repentinamente acelera o carro.


Disparos começam a soar detrás de nós. Vinnie vai ainda mais rápido.
O carro atrás de nós tenta nos alcançar, mas logo fica atrás. Paramos
no posto de gasolina e trocamos de assentos. À medida que voltamos
para a estrada, Vinnie tira uma pistola de suas calças jeans e a carrega.

Suspiro.

— É por isso que tenho que conduzir?

— Sim, preciso de minhas mãos livres — diz, olhando atrás de


nós. — Vira por este caminho. Vamos retornar e espero que eles sigam
direto e terminem em outro lugar.

Volto, e tomamos uma rota mais longa para a casa, mas ao


menos o fazemos com segurança.

Encontro-me com a irmã de Jim, Paula, e seu marido


Matthew. São simpáticos e me fazem sentir bem-vinda em sua casa no
primeiro momento.

— Obrigada por me trazer aqui, Vinnie — digo, beijando sua


bochecha — Se cuide.

— Sempre. Vamos nos ver logo — diz, levantando o queixo em


um adeus. Vejo-o dirigir para longe.

— Vamos querida, mostrarei seu quarto — diz Paula. Não se


parece em nada com Jim, com seu cabelo loiro e suas feições.

— Muito obrigada por deixar que eu fique aqui — digo.


Ela agita a mão. — Não me aborrece, absolutamente. De fato,
virá bem a companhia. Fica um pouco chato por aqui.

Mostra-me o quarto de hóspedes. Uma grande sala com


paredes de cor amarela e uma grande cama coberta com lençóis
brancos.

— Isto está magnífico, obrigada.

— Não sei nada disso, mas farei. Está com fome? Estou a
ponto de fazer algo para comer — diz amavelmente. Matthew leva minha
mala e a coloca no chão.

— Obrigada — digo, reunindo um sorriso para ele.

— Não há problema — diz, afastando-se.

Paula suspira.

— Meu Matthew não é um homem de muitas palavras. Vem,


vamos dar um tour.

Ela mostra-me a casa, e o grande terreno que a rodeia. Têm


cavalos, ovelhas e vacas. Realmente é um lugar tranquilo, com ar fresco
e belas paisagens.

Poderia aprender a desfrutar de meu tempo aqui.


Reviso meu telefone obsessivamente durante os dois primeiros
dias. Dex me envia mensagens cada vez que pode, e me diz que tudo
está bem. Recebo uma chamada quando acordo, e um texto antes de
dormir, o que é muito mais tarde que eu, mas não me importa. Dia três,
quatro e cinco passam e é o mesmo. Chamadas e mensagens, mas não
há menção do que está acontecendo ou quando vou para casa.

Faye: Você está estranho

Dex: Você está estranha também.

Faye: O que está acontecendo aí?

Dex: Confia em mim. Ligarei quando puder.

Faye: Muito bem. Quero voltar para casa.

Dex: Quando for seguro.

Quanto tempo vai levar isso? Não acredito que ninguém nunca
vá estar a salvo. Paula me leva para ver um médico para uma
verificação. Senti-me deprimida porque Dex não estava ali comigo.

Egoísta, sei.

Quando não tenho notícias do Dex nos dia seis e sete, ligo
para Cindy que me diz que Dex está bem... só ocupado.

Mas algo não está bem.

Ligo para Arrow, Irish, e Tracker. Ninguém responde. Começo


a sentir pânico.

No dia seguinte chamo o Jim e exijo respostas.

— Menina — sussurra.

— Só me diga! — grito no telefone. — Ele está morto? No


hospital?
— Está no preso. Os policiais vieram buscá-lo na casa-clube.
Dex estava armado.

Preso?

— Quando ele vai sair? — digo com voz rouca, segurando o


telefone com tanta força que poderia quebrá-lo.

— Verificaremos logo, enviei o advogado do clube para tentar


tirá-lo. Mantenha-se forte, ok?

— Farei — murmuro antes de desligar. Preso.

Pelo menos está vivo.

Quando por fim, ele me chama poucos dias depois, as


lágrimas se negam a desaparecer.

— Faye — ele diz em voz baixa como uma saudação.

— Oh meu Deus, Dex. — Choro no telefone. Começo a


caminhar enquanto falamos.

— Como estão você e a bebê? — pergunta.

— Nós duas estamos bem. Quando poderá sair? —pergunto,


dizendo rapidamente as palavras.

Sussurra.

— Meu advogado está tentando me tirar em liberdade sob


fiança. Vai ser logo.

— Sinto sua falta — sussurro para ele.

— E eu a você — responde — Não tenho muito tempo.

— É seguro para eu ir para casa? — pergunto.


— Espera até que eu vá buscá-la. — É tudo o que diz em
resposta.

— Está bem. Te amo.

— Te amo mais.

Desligamos.

No dia seguinte estou deitada na cama quando há uma


batida na porta.

— Entra, Paula! — grito.

A porta se abre, e viro minha cabeça. Então grito: — Dex! Você


está aqui!

Ele aproxima-se. — Não levante da cama por mim.

Com meu tamanho, de todo o modo, é um pouco difícil.

Ele me toma em seus braços, beijando minha testa, meu


nariz, e finalmente meus lábios.

— Senti saudades tão fodidamente, Faye.

Beija minha barriga duas vezes.

— Também senti saudades. Estava ficando louca. O que


aconteceu? E como está aqui? — pergunto, sem deixá-lo ir nem por um
segundo.

— O advogado me tirou sob fiança esta manhã, parei primeiro


na casa-clube, e depois vim diretamente para cá — diz, acariciando
meu pescoço. Quando começa a deixar um atalho de beijos por minha
clavícula me custa respirar.

— Não terminei de te questionar — eu digo.


— O que quer saber?

— Tudo.

— Os policiais revistaram a casa-clube. Eu estava armado,


levaram-me. Terminei com posse de arma de fogo — diz, beijando
minha boca antes que possa dizer algo em resposta. Puxa para baixo a
alça de meu vestido branco e roça seu polegar sobre um de meus
mamilos. Gemo em sua boca.

— Te desejo — ele diz contra meus lábios.

— Então, me toma — eu respondo. Percorro com meus dedos


seu cabelo e seguro as pontas. Seus lábios não deixam os meus
enquanto seus dedos começam a explorar meu corpo. Começo a puxar
sua camiseta para tirá-la, agarrando o cós que se encontra justo por
cima de sua bunda e deslizando-a para cima. Ele se afasta de mim por
um segundo para tirá-la por sua cabeça e atira-a no chão. Admiro-o
durante uns segundos, antes que se recoste.

— Não quero te esmagar. Pode me montar? —pergunta,


levantando meu vestido. Sorrio e desfaço o botão de suas calças. Ele
levanta seus quadris quando empurro para baixo. Sua ereção se levanta
orgulhosa, rogando por atenção. Beijo sua cabeça e logo puxo para
baixo minha roupa intima e o monto. Ele toma em suas mãos meus
peitos, e depois se inclina para prová-los. Incapaz de aguentar mais, eu
deslizo sua longitude dentro de mim, lentamente, centímetro a
centímetro. Gememos ao mesmo tempo enquanto começo a cavalgá-lo
lentamente. Nossos olhos permanecem conectados enquanto me dedico
a agradá-lo, mostrando com meu corpo o muito que sentia saudades e o
muito que significa para mim. Gozamos juntos.

— O que você não está me dizendo? — pergunto depois de


recuperar nosso fôlego.

— É esta a nossa conversa de travesseiro? —pergunta,


acariciando meu cabelo.
— Dex...

— Tenho que ir para a corte dentro de umas semanas. Porque


tenho antecedentes, meu advogado pensa que eu poderia fazer um
pouco de tempo — diz vacilante. Seus olhos piscam com incerteza.

— Posse de arma de fogo. Teria que pegar uns seis meses —


digo, me sentando na cama.

Seis meses?

Cubro meu rosto com minhas mãos.

— Baby, vai ficar tudo bem. — Me acalma, esfregando minhas


costas. — Estará a salvo. Isso é tudo o que importa.

— O que aconteceu com Arrow? — pergunto, virando para ele.

— Ele está bem, já está tudo arrumado.

— Dex...

— Não quer os detalhes, Faye, acredite.

Suspiro.

— Vamos conduzir de volta agora? Ou amanhã pela manhã?

— Paula insiste que fiquemos para jantar — diz. — Como está


se sentindo?

— Cansada, mas todo o resto bem. Vi um médico local, e tudo


está como deve ser — asseguro.

— Bem — sussurra — Sabe o tanto que me faz feliz? Você é


tudo em que posso pensar. Se algo chegasse a acontecer com você...

— Estou bem, é você que estava preso — digo piscando um


olho. E ainda tem que voltar durante seis putos meses.
Que demônios faço com essa informação? Ele poderia ir antes
que Clover nascesse.

— No que está pensando? — pergunta, me envolvendo em


seus braços.

— Não estará aqui para Clover e para mim –sussurro — Sei


que é egoísta dizer, mas...

— Não é egoísta. Sinto muito, Faye. Não terá que pensar nisso
agora.

Como supõe que eu não pense nisso?


Não podemos manter nossas mãos fora um do outro no
caminho para casa. Embora fosse só minha mão em sua coxa, ou ele
beijando meus dedos, ficamos em contato tanto como pudemos. Não
falamos sobre sua possível prisão.

Só queria desfrutar do momento.

— Como se envolveu com os Wind Dragons? —Acabo


perguntando a ele.

Ele me olha antes de responder.

— Depois que saí de casa, fui em busca de meu pai. Eric e eu


temos diferentes pais, o que suponho, já sabe.

Assinto. O pai do Eric é um dentista que vive em Sydney.

— E ele era um membro do clube, mas tinha morrido uns


anos atrás. Jim e ele eram os melhores amigos — diz, a tristeza atada
em seu tom — Foi assim que conheci o Jim. E o resto é história.

— Converteram-se em sua família — digo, olhando nossas


mãos entrelaçadas.

— Senti-me como se estivesse perto de meu pai, apesar de que


ele não estava ali. Resultou que ele queria ser parte de minha vida, mas
mamãe disse que não. Ela não queria que eu crescesse ao redor do
clube, por isso ele enviou o dinheiro e isso é tudo. Jim me disse que ele
veio a minha graduação, e que estava orgulhoso como o inferno — diz, o
tom de sua voz me deixa saber que isso significava algo para ele. Seu
pai o amou, apesar de que não era capaz de fazer parte de sua vida.

Minha garganta começa a queimar.

— Sua mãe fez o que quase fiz com você. Clover teria ido
procurar seu pai e terminando perto do MC de todo o modo.
Ele me aperta a minha mão. — No passado, baby. Eu te
perdoei, deve perdoar a você mesma.

— Alguém se machucou? — pergunto vacilante. Não queria


falar disso, mas tenho que saber o que aconteceu enquanto estava fora.

— Trace recebeu um disparo no braço, Rake está um pouco


negro e azul — diz, olhando à frente.

— Ok. — Não está tão mal, suponho — E então os policiais


revistaram a sede do clube?

— Sim, acabávamos de deixar que todo mundo se fosse,


fechamos quando entraram — responde. — As pessoas escutaram
disparos na casa-clube dos Homens Selvagens, e não sei, suponho que
devem ter visto um de nós por ali. Ambos os clubes foram revistados.
Azar para eles que foram encontrados com drogas, armas, e mulheres
que estavam ali contra sua vontade. Nós só fomos apanhados com um
par de pistolas.

— Por isso estão em uma grande merda então? —pergunto,


incapaz de deter a propagação lenta de um sorriso abrindo caminho
sobre meu rosto.

— Mulher sanguinária — murmura, mas vejo seu lábio


crispar-se, deixando fora sua diversão.

— Agora, onde vamos? Para a casa-clube ou nossa casa?

Penso nisso.

— Casa-clube. Acredito que deveríamos entrar em casa depois


que Clover nasça.

— Eu adoro que você goste de estar na casa clube — admite.

Encolho meus ombros.


— Esses meninos ganharam meu carinho. Todo mundo,
inclusive Allie, essa cadela.

Dex ri. Ficamos em silencio durante uns minutos, perdidos


em nossos próprios pensamentos.

— Sinto falta de Mary — sussurro. — Ela não merecia morrer.

— Eu sei — responde — Ela era uma boa mulher.

— Muito boa — digo com um suspiro. Espero que esteja em


um lugar melhor. Dizem que a morte é fácil, viver que é o difícil. Eu
adoro minha vida, e não diria que é dura. Mas entendo quando dizem
que a morte é fácil, porque as pessoas que falecem não têm que viver
com a tristeza e a dor de perder alguém.

Quando chegamos à casa-clube, minha boca se abre enquanto


vejo as mulheres de pé ali com globos de cor rosa.

— Que diabos é isto? — pergunto, emoção corre por mim.

Dex envolve seus braços ao redor de mim por atrás.

— Chá de Bebê. Esta é minha pista para ir. Os irmãos e eu


estaremos no bar.

Então ele e qualquer pessoa com um pênis, em um raio de um


quilômetro, deixam a casa-clube sem olhar para trás.

Entramos na sala de estar que conta com uma mesa cheia de


presentes. Sinto lágrimas em meus olhos.

— Vocês garotas!

Allie sorri tristemente.

— Mary estava planejando antes...

Dou-lhe um sorriso trêmulo assim que olho para Cindy, Jess,


e as demais.
— Obrigada, a todas vocês.

— De nada — diz Cindy. — Agora vamos comer e depois jogar


alguns jogos de chá de bebê.

Sorrio e as sigo para cozinha.

— Onde está Arrow? — pergunto para Dex mais tarde essa


noite, quando todos os meninos retornaram à casa-clube.

Todo mundo cai em um silêncio sepulcral.

— O que?

— Ele não lhe disse? — pergunta Jim ao Dex.

— Me disse o que? Meu Deus! O que aconteceu com ele? —


pergunto, me aproximando do Dex e agarrando as lapelas de sua
jaqueta de couro. — Ele está bem? Disse que estava bem?

— Ele está na prisão, baby, não queria fazer que se


estressasse mais — ele diz, pondo as mãos sobre meu ventre.

— Por que ele está lá? — pergunto — Que antecedentes ele


tinha?

Todos os homens saem da sala.

Que merda?

— Ele não conseguiu sair com posse de armas, foi preso


acusado de assassinato — diz Dex, com os olhos traindo a ligeireza de
seu tom.

— O que? — ofego, sacudindo a cabeça.

Não. Não, isto não está acontecendo. Arrow? Minha mente


corre.
Flashbacks.

Ele cozinhando o café da manhã nu. Ele sorrindo para Mary.


Olhando para minha barriga como se fosse contagiosa.

— O Advogado do Clube está nisso — diz Dex. — Deixa que


ele faça seu trabalho.

— Quando eu for a advogada do clube, ninguém vai para a


maldita prisão — murmuro, minha voz quebrada.

Dex agarra meu queixo.

— Quando?

— Quando.

Ele baixa a cabeça e me dá um beijo possessivo persistente


que faz girar minha cabeça. — O chá de bebê terminou?

— Pode ser — respondo contra seus lábios.

— Bom — responde. Seus olhos tocam cada aspecto de meu


rosto. Ele empurra seus quadris contra mim, me deixando sentir quão
duro está. — Olhe, queixo triplo, e ainda estou duro como uma maldita
rocha.

Eu ofego. — Seu traseiro...

Outro beijo me interrompe. Encaminha-me para trás, dentro


de nosso quarto, com nossas bocas ainda unidas.

Logo, nossas roupas estão no chão, e Dex justo onde pertence.


— Eu gosto de todo este caminhar de pato que você está — diz
Tracker, seus olhos rindo de mim. Agora estou em quase nove meses de
gravidez, e as piadas de baleias estão envelhecendo.

— Vocês são uns idiotas, meninos — digo com a boca cheia de


sorvete.

— E posso ver por que Sin está tão açoitado — diz, olhando
minha língua lambendo a parte superior.

Faço uma pausa.

— Você é um bastardo doente, sabia?

— Não entendo suas queixas — acrescenta, esfregando seu


peito com a palma da mão.

— Como está Allie? — pergunto ruidosamente, movendo as


sobrancelhas.

Sua expressão não muda. — Por que não pergunta a ela?

Lambo meu sorvete e faço pouco.

— Está bem, não tenha uma conversa profunda e significativa


comigo.

— Quer profundo? — responde em um tom baixo.

— Essa é sua voz de sexo? Quente! — respondo, abanando a


mim mesma. Ele não parece impressionado, mas acredito que vejo um
tic em seu lábio.

— Há um perigo em amar a alguém muito...

— Isso é uma canção!

— O que?
— Essa linha é de uma canção — digo, sacudindo a cabeça. —
Estou cem por cento certa de que é.

Ele me olhe fixamente durante uns tensos segundos.

— Vou tomar uma taça.

Enquanto caminha fora da sala de estar, sinto algo.

Merda.

Entro em meu quarto em busca do Dex. Ouço a ducha, assim


abro a porta do banho. O banheiro está cheio de vapor, e ele está
cantando a letra de uma canção do Incubus.

— Dex... — chamo. A cortina da ducha se abre e sua cabeça


se sobressai, ainda cheio de xampu.

Olho para minhas pernas, de onde minha bolsa rompeu. —


Tenho que ir para o hospital. Chegou a hora.

Falo em um tom tranquilo, mas logo que as palavras


penetram posso ver o pânico enchê-lo.

— Agora?

Ele fecha a ducha e salta fora dela.

— Baby, lave o xampu em primeiro lugar. — ele passa a mão


pelo cabelo e logo salta de novo na ducha, nem sequer espera que a
água esquente. Caminho de volta ao quarto e pego minha bolsa de
viagem já preparada, e a bolsa menor para Clover. Quando ele sai da
ducha começa a vestir-se, entro na ducha nas pausas das contrações.
Dex abre a cortina da ducha.

— Como você está?

— Bem. Pode chamar o hospital e fazê-los saber que estamos


a caminho? — Ele assente e deixa o banheiro. Volto para fechar a
ducha e me secar. Vou passar loção em minha pele quando Dex para na
minha frente.

— Sério? Temos o tempo para isto?

Escondo um sorriso.

— Estou preparada; só tenho que vestir o vestido e algumas


calcinhas.

Ele me ajuda a vestir, logo saímos do quarto. Tracker caminha


para nós com a bebida na mão

— Você está bem?

— Vai ter um bebê, assim ela não está fodidamente bem —


grunhe Dex.

— Dex — eu paro bruscamente.

Os olhos do Tacker se abrem como pratos, e começa a olhar


entre minhas pernas como se o bebê fosse sair dali a qualquer
momento.

— Eu vou preparar o carro.

Rake se aproxima e para ao meu outro lado.

— Dê adeus a sua apertada...

— Nem sequer termine a frase! — digo com brutalidade para


ele. — Dex, por favor, bata nele por mim.

— Farei depois — responde Dex, abrindo a porta para mim.


Tracker está de pé junto ao carro, com as portas abertas e o motor em
marcha. Dex me ajuda a entrar no assento dianteiro e coloca o cinto de
segurança em mim. Rake e Tracker se alternam me beijando na testa e
me desejam boa sorte.

— Está tudo bem? — pergunta Dex enquanto vai de ré.


Eu inalo e exalo.

— Até agora tudo bem. Por sorte, o hospital não está muito
longe.

Dex se aproxima e toma minha mão na sua.

Já estamos quase no hospital quando clamo.

— Merda!

— O que? — grita Dex, preso ao pânico.

— Essa contração me doeu. Meu Deus! Doeu! —digo, tentando


respirar através da dor.

Dex começa a amaldiçoar.

— Já estamos quase chegamos, baby.

— Tudo isso é sua culpa! — grito, procurando a quem culpar


pela dor que estou sentindo.

— Baby, estamos aqui. Pode gritar tudo o que quiser, vamos


te levar para dentro.

E gritar foi o que fiz.

Treze horas mais tarde, seguro Clover Mary Black de três


quilos e seiscentos gramas em meus braços. Com o cabelo negro de seu
pai e meus olhos cor avelã, ela é absolutamente adorável. Tem as
bochechas gordinhas e pequenos lábios em forma de coração sensuais.

Ela é perfeita.

— Você foi incrível — diz Dex, com seus brilhantes olhos azuis
— Isso foi... algo mais.
— Está assustado com a vida? — pergunto, tentando não rir.
Ele esfrega uma mão por seu rosto.

— Você não viu! Um espesso arbusto de cabelo negro que


estende a merda fora de você...

— Dex — grunho quando a enfermeira começa a lhe dar


olhadas sujas. Ele toma Clover de mim, sustentando-a entre seus
grandes braços.

— Ela é tão pequena. Está destinada a ser tão pequena?

— Ela é muito saudável — digo. — Tudo é como deve ser, não


se preocupe.

Rolo os olhos enquanto brinca com o gorro de malha dos Wind


Dragons da bebê que ele tinha feito para ela.

— Todo mundo quer vir vê-la, está bem? Ou quer esperar?

— Manda-os a entrar, não me importa — respondo, cobrindo


meus peitos com o lençol. De fato, não posso esperar para mostrá-la.
Como pude criar algo tão perfeito?

Cindy, Allie e Jess se apressam em entrar primeiro enquanto


Tracker, Rake, Jim, Trace e Vinnie entraram atrás. As mulheres fizeram
ooh e ahh, e os homens a olharam como que se não tivessem ideia do
que dizer ou fazer com ela.

— Fez bem, mãezinha — diz Tracker.

Dou-me conta de que ele e Allie estão de mãos dadas.

— Esperava outra coisa? — pergunto com uma sobrancelha


levantada.

Ele sorri e nega com a cabeça.

— Acho que sabemos que não devemos te subestimar.


Dex arrasta brandamente um dedo pela bochecha rosada de
Clover.

— Estou fodido, não?

Tracker põe a mão no ombro do Dex.

— Temos suas costas irmão, sempre.

Rake põe sua mão no outro ombro.

— Acha que alguém vai querer tocar na princesa dos Wind


Dragons?

Eu rolo os olhos com a sua atitude protetora.

— Dê à menina um pouco de espaço para respirar.

Clover começa a chorar, e Dex começa a falar com ela. Todos


nós olhamos com os olhos muito abertos enquanto ele se balança
brandamente para fazê-la dormir.

— Eu tenho isto — diz sorrindo com ar de arrogância. Jim


parece divertido, envolvendo seus braços ao redor da Cindy e
observando.

Os olhos do Dex encontram os meus.

— Eu tenho isto — repete, beijando Clover em sua testa.

Temos seis semanas de felicidade antes que Dex tenha que ir


ao tribunal. Tal como eu tinha imaginado, ele tem seis meses atrás das
grades.

Seis. Fodidos. Meses.

O dia antes que ele tivesse que ir chorei. Chorei tanto que Dex
me suplicou que parasse.
— Não chore Faye, preciso saber que vai estar bem ou vou
ficar malditamente louco lá — diz. Desliza para baixo sobre seus joelhos
diante de mim. — Preciso que seja forte por mim.

Fazemos amor freneticamente, logo lento e suave. Pela manhã


antes que eu despertasse... foi embora.

Nesse mesmo dia, me mudo de novo para a casa clube. De


maneira nenhuma vou ficar nessa casa durante meio ano. Ficaria louca
a qualquer momento. Clover ajuda a fazer que o tempo passe mais
rápido do que eu pensava. Sinto falta de Dex todos os dias, mas Clover
é minha luz brilhante.

Ela consegue me passar através da escuridão.

— Ela se parece mais com você a cada dia —murmura


Tracker, com o olhar fixo em Clover. Olho seu rosto de anjo.

— Você acha?

Ele olha para ela de novo e meneia a cabeça.

— Sim, ela é a sua miniatura.

Estamos em silencio durante alguns segundos.

— Como você consegue? — ele pergunta em voz baixa.

Exalo fortemente e recosto no sofá.

— Estou bem, porque tenho que estar, sabe?

— Você é maldit... — Ele olha para Clover e logo começa de


novo — Você é forte, sabia? Quem teria pensado isso de você, entrando
na casa-clube com nenhuma pista, em um pijama de copcake e olhando
para nós com os olhos arregalados como se não tivesse a menor ideia do
que fazer conosco...

Ele ri e nega com a cabeça.


— Você resultou ser a melhor coisa que aconteceu ao Dex, e é
mais que material de old lady. Você não só cuida do Dex...

— Amo ao homem como amo ao clube, não? —adiciono


quando Tracker se desvanece.

Bocejo, levando minha mão para cima para cobrir minha


boca.

Tracker sorri.

— Deixa que Allie e eu cuidemos de Clover. Vai dormir um


pouco.

— Está bem, se vocês dois não se importam — digo, o cansaço


de estar acordada toda a noite com o Clover me alcançando.

— Só porque Dex não está aqui... não quer dizer que não
cuidaremos de você — diz Tracker brandamente, passando suas mãos
por seu cabelo loiro.

— Eu sei — respondo — Então, Allie e você estão juntos?

Ele inclina a cabeça para um lado. — Acredito que estamos,


sim.

— Bom, você merece ser feliz — digo, sentindo cada palavra.

— Para o registro, poderíamos ter sido malditamente incrível


juntos — diz, estirando os braços por cima de sua cabeça
prazerosamente.

Não posso deter o rubor que faz ato de presença.

— É isso certo? Ouvi falar de seu piercing. Já sabe...

— Não, eu não sei, por que não me diz isso? —responde,


olhando divertido.
— Seu piercing — repito, apontando para baixo a seu entre
suas pernas.

— Isso, hum — diz, desabotoando suas calças jeans. — Quer


ver?

Dou-lhe uma cotovelada nas costelas, rindo.

— Tenho curiosidade, mas não tanta. Dex o mataria.

Ele sorri.

— Fico feliz de ouvir você rir outra vez.

Observo enquanto toma suavemente a minha filha de meus


braços, em seguida, beija a parte superior de minha cabeça.

— Dorme. Clover vai estar bem.

— Obrigada Tracker — murmuro, com meus olhos se


fechando. Meu último pensamento é Dex antes de dormir.
Dex tinha ido durante quatro meses quando Jim morreu de
câncer de pulmão. Todo mundo está devastado.

Sento-me junto à cama do hospital e vejo como Cindy chora. A


mulher que nem sequer chorou na noite quando Mary morreu bem na
frente dela, está mugindo alto. Algo a respeito de ver uma mulher forte
feita em pedacinhos faz que seja difícil para eu tentar me manter forte.

Choro em silêncio, sustentando Clover perto de meu peito.

Os homens param ao redor da Cindy, ajudando a se levantar e


a conduzem fora do quarto. Ela geme, gritando o nome do Jim. Todos
deixamos o hospital e voltamos para a casa-clube. O lugar está
anormalmente tranquilo, e muito deprimente. Os homens bebem.

E logo bebem um pouco mais.

Um bom amigo do Jim, Jack Kane e seu filho Xander vêm nos
ajudar com o funeral. Ao que parece, Jack foi uma vez um membro do
clube, e suponho que oficialmente, ainda é um.

Dado que o novo Presidente dos Wind Dragons está ainda


atrás das grades, Trace se encarrega das coisas até que Dex volte. O
clube tem três novas perspectivas, dois eu gosto, mas a outra... nem
tanto. Suponho que o tempo dirá como resulta tudo com cada uma
delas.

Aproximo-me de Trace e volto a encher sua taça. Ele me dá


uma elevação de queixo em sinal de agradecimento. Allie está sentada
no colo de Tracker, sussurrando em seu ouvido, assim não o vejo e não
me intrometo. Em troca me aproximo de Rake, mostrando a garrafa de
uísque. Ele levanta seu copo para que o sirva.

— Como você está? — pergunto para que só ele possa me


escutar. Ele traga sua bebida, respondendo com uma pergunta.

— Onde está Clover?

— Está dormindo — digo, assinalando o monitor para bebês


que sai de meu bolso da calça jeans.

Assente, e então fica de pé.

— Preciso de uma mulher e um pouco mais de álcool.

— Posso proporcionar o uísque, mas por desgraça, não sou


uma vadia. — Com isso ganho um pequeno sorriso. Ele pega meu rosto
em suas mãos e me beija na testa.

— Por que você e Clover não vão para casa por uns dias? Este
lugar não vai ser nada divertido para estar ao redor.

Sinto-me um pouco ferida, mas me dou conta de que tem


razão.

— Essa é provavelmente uma boa ideia.

Fico em casa durante uma semana.

Cada dia eles enviam alguém para ver como eu estava. Não é
necessário, mas é bastante agradável também.

Quando retorno, o lugar é um desastre e há mulheres


dormindo no aberto.

— Deram uma festa? — pergunto a Allie quando a vejo na


cozinha.
Ela assente. — Foi assim desde que você foi. Uns poucos
membros de outros capítulos estão aqui também, então não é seguro
caminhar por aqui.

Tracker entra na cozinha, usando nada mais que um par de


cueca. Ele sorri quando me vê.

— Voltou.

— Sim, mas não ficarei — respondo, olhando o lugar com


desgosto. Tracker olha ao seu redor e faz caretas.

— O lugar se transformou em algum tipo de inferno.

— Acredita nisso? — respondo secamente. Clover se agita em


meus braços.

— Posso segurá-la? —pede Allie.

Assinto e a ponho suavemente nos braços de Allie.

— Vou tentar limpar este lugar um pouco.

Pego uma sacola de lixo grande e começo a recolher todo o


lixo. Estou lançando garrafas ao cesto de papéis de reciclagem quando
ouço uns passos atrás de mim. Viro-me rapidamente e me encontro
cara a cara com o homem que vi na primeira festa. Com o que Dex falou
e queria "me compartilhar". Meu pulso se acelera enquanto o medo
dispara através de meu sistema. Há algo estranho a respeito deste
homem.

— Que bom te ver de novo, e sem seu homem —diz, olhando


meus seios.

Forço um sorriso.

— Só estou tentando pôr em ordem o lugar.


Ele dá um passo mais perto e agarra meu pulso. — Dex não
está aqui, assim suponho que devo cuidar de você por ele. Estou seguro
de que ele não quer que sua mulher fique sem companhia.

— Dex te matará se me tocar. — Apuro, tentando tirar meu


pulso de seu agarre.

Seu agarre se aperta. — Dex não está aqui.

Ele força sua boca na minha, agarrando minha cabeça com


ambas as mãos. Posso senti-lo se pressionar contra mim, e ele está
duro. É obvio que não, isto não está acontecendo. Alcanço uma das
garrafas, levanto-a e o golpeio na cabeça. Quando se atira para trás,
seu rosto retorcendo-se de raiva, eu gemo. Ele empurra-me e caio no
chão.

Grito.

Grito pelo Tracker com tudo o que podem meus pulmões.

O homem me agarra pelo cabelo e me levanta de um puxão,


justo quando Tracker se aproxima, ainda meio-vestido.

— Que merda! — grunhe, correndo e golpeando ao homem na


cara.

— Perdeu sua puta cabeça Shame?

Shame5? Esse é o nome do filho de puta? Que apropriado.

Esfrego minha mão ao longo de meu queixo, fazendo uma


careta com a dor ardente. Tracker acerta um murro no estômago, em
seguida, lhe dá com o joelho na cabeça.

Shame cai ao chão.

— Está tão fodidamente morto quando Dex sair —Tracker


cospe enquanto Shame cai ao chão, dando chutes na sua cabeça.

5Em inglês: vergonha


De repente Rake está atrás de mim, me elevando como se não
pesasse nada e me leva para casa.

— Quero voltar para casa — gemo contra seu peito. Ele põe-
me em sua cama e toca minha rosto, comprovando os danos.

— É só um pouco de inchaço. Ele golpeia como uma cadela. —


diz Rake — Foda-se, não posso acreditar que seja tão malditamente
estúpido.

— Estou bem — eu murmuro. Ponho-me de pé, ignorando as


demandas do Rake. Procuro Allie e tomo Clover dela, então nós duas
vamos para casa.

Choro enquanto conduzo, necessitando de Dex.

Não posso fazer isto sozinha.

Dois dias mais tarde, ouço o ruído de motocicletas. Vou


para fora, com Clover em meus braços, para ver Rake, Vinnie, Trace,
Tracker e os caras todos ali.

Meu primeiro pensamento... é que algo aconteceu.

Tracker desce de sua moto e caminha para mim.

— Estão todos bem? — pergunto, olhando-o nos olhos,


procurando uma pista de por que estavam ali.

— Tudo está bem. Você está bem? — pergunta ele, um dedo


calejado toca meu queixo.

Estremeço com o contato.

— Estou bem, o que está acontecendo?

— Viemos para te levar para casa. Todo mundo se foi, as


mulheres se foram. Está tudo limpo. Queremos você de volta lá. O que
aconteceu no outro dia nunca deveria ter fodidamente acontecido, não
machucamos às mulheres, e especialmente não a você. — diz, me
olhando — Dex vai estripar a todos por não te proteger melhor.

Engulo em seco. Todos estavam aqui por mim?

— Não sei...

— Entra em seu carro Faye, e leva a essa linda garota com


você. Seguiremos você — diz, cruzando os braços sobre seu peito, me
fazendo saber que ele não ia a nenhum lugar.

Sorrio.

— Está bem, me deixe empacotar algumas coisas.

Tracker me ajuda a empacotar, e logo todos seguem meu


carro para casa.

De volta na casa-clube, tudo volta para a normalidade. E,


quando por fim... por fim chega esse dia. Que eu estive esperando.

Espero por ele, a poucos passos diante dos membros do clube,


Clover em meus braços.

Então o vejo. Uma simples camiseta branca se agarra ao seu


corpo musculoso, e seus olhos estão exclusivamente em mim.

É como se não houvesse ninguém mais aqui.

Só nós.

Ele corre para mim e agarra a parte de atrás de meu pescoço e


me beija como... bom, como um homem que acaba de sair da prisão.
Ignoro os assobios e vaias da Galeria de maní6. Dex atira para trás e

6 Quer dizer um grupo de pessoas que comentam estupidez, ou que a ninguém


importa.
nossos olhos se conectam. Os seus estão cheios de emoção, desejo,
necessidade e dor que saíam deles de uma vez.

— Sentimos sua falta — sussurro, puxando ele para outro


beijo rápido.

— Senti tanta saudade, tão fodidamente muito, Faye —


sussurra, apoiando sua testa contra a minha, sua voz grosa. Ele olha
para o outro lado de mim, para Clover.

— Ela é tão linda — diz em voz baixa, tomando-a em seus


braços, beijando-a na testa e sussurrando para ela, fazendo-a rir. Ele a
olha como se fosse tudo para ele.

Como se fosse tão preciosa, que ele não pode olhar para outro
lado, inclusive se quisesse.

Abraça-a contra seu peito, e a beija na parte superior de sua


cabeça. Em seguida, com sua filha em seus braços, ele vai ao encontro
de seus irmãos. Muitos abraços e palmadas no ombro depois, volta-se
para mim e me envolve em seus braços.

— É hora de ir a casa, não? — diz, roçando os dentes sobre


seu lábio inferior. — Merda, sinto como se isso foi para sempre. Casa.
Agora. Tenho que compensar o tempo que perdemos.

Aproximo-me nas pontas dos pés e o beijo nos lábios.

— Nos leve para casa então.


Ele sai, seus passos lentos, vestido com um macacão verde
horrível.

— Arrow — sussurro, e ele se senta, seu pequeno sorriso e


seus olhos em Clover e somente Clover.

— Cresceu bastante — diz com voz rouca, a tomando dos pés


à cabeça.

— Irmão — diz, assentindo ao Dex, e logo me dá um olhar


cálido. — Faye.

Clover ri e todos nós viramos para vê-la.

— Brilha igual a você — ele me diz. Dispara um olhar ao Dex e


diz: — Boa sorte com isso.

É muito incômodo conversar com alguém que está na prisão.


O que perguntamos? Como está? O que fez hoje? Quais são seus planos
para esta semana? Deixamos Arrow guiar a conversa e respondemos
quando pergunta como estão todos e o que esteve perdendo. Ficamos
por uma hora antes de deixá-lo.

Enquanto caminhos para nosso carro em silêncio, tento


afastar os sentimentos miseráveis por deixá-lo ali.

— Vamos para casa, baby — diz Dex, a palma de sua mão


esfregando em seu peito, justo onde está a tatuagem de trevo de quatro
folhas.

Viro-me para olhar a prisão uma última vez, antes de abrir a


porta e pôr Clover no assento do automóvel.
— Por que é que nunca me deixou dirigir seu carro? —
pergunto quando entramos na estrada.

— Viu como conduz?

— Sim, e sou impressionante — replico, estreitando meus


olhos. Ele debocha de mim.

— O que vestia em seu exame de direção? Colocou algo


malditamente curto. Com suas tetas de fora.

Suspiro indignada. — Você não acaba de dizer isso.

Ponho-me a pensar no que vesti para meu exame de direção.


Jeans. E bom, talvez um top de corte baixo, mas essa não foi a razão
pela qual passei no exame.

— Viu. Foi assim, não foi? — ele diz, com tom de arrogância.

— Não, não fiz — minto.

— Mentirosa.

— Chato. — murmuro em voz baixa. Sua mão esfrega minha


coxa.

— Está feliz?

Viro-me para vê-lo, tomada pelo sério tom em sua voz. —


Estou muito feliz.

— Bom — ele responde, olha-me com seus suaves olhos azuis


antes que os retorne à estrada.

— Diria isso — adiciono. — Acredite em mim, saberia

Ele move seus lábios. — Bom.

— E você está feliz? — pergunto.


— Você é tudo para mim. Você e Clover. Penso que nunca fui
tão feliz em minha vida como agora — diz em voz baixa.

— Boa resposta — murmuro.

Ele sorri. — Estou aprendendo.

Inclino-me e o beijo na bochecha.

— Respiro você, baby.

Ele vira sua cabeça e apanha meus lábios em um beijo rápido.


— O mesmo para você.

Aponto com a pistola como um profissional e disparo a meu


objetivo.

— Foda-se, você está ficando muito boa — diz Dex quando


termino.

— Sou uma mulher com muitos talentos — digo a ele,


movendo as sobrancelhas sugestivamente.

—Não sei, — acrescenta, olhando para minha boca. — É


quente te ver usar uma arma.

Eu adoro quando ele me olha como se quisesse me ter,


naquele preciso momento. Não perdi todo meu peso depois de ter
Clover. Minha barriga está um pouco mais redonda e tenho estrias.
Embora, Dex não pareça se importar.

— Sinto-me confiante como uma arma. Agora temos que


aprender outra coisa. Uma faca talvez? —proponho. Acabava de ver um
filme no cinema sobre um menino quente que lançava facas e queria
tentar.
— Lançamentos de facas? — pergunta, seus olhos dançando
com diversão.

— O que acontece com a esgrima? Isso deveria ser bom —


sugiro. Agora ele está rindo de mim.

— Quero aprender a montar minha própria motocicleta


também — digo. Eu adoro estar na parte traseira de sua motocicleta, eu
adoro.

Quero aprender a montar uma minha também.

— Isso eu posso te ensinar — ele reflete, girando seus olhos


com fome.

— Bem, odiaria ter que pedir a outro homem —eu brinco.

Seus olhos se obscurecem rapidamente.

— Não subirá à parte traseira da motocicleta de qualquer


pessoa, ou vou deixar que outro ensine algo, você sabe isso.

— Só estive na parte traseira de sua motocicleta.

— Eu sei — diz. — E é assim como ficará. Não é assim?

Inclina-se para frente e toma meu queixo com suas mãos.


Meu fôlego sobe, e sinto que meu corpo responde a seu tom.

— Só você, Dex — asseguro-lhe.

— Quer que a foda dobrada em minha motocicleta? —


sussurra em meu ouvido. — Sua bunda se sobressaindo, preparada e
esperando por mim.

Esfrego-me contra ele, só para sentir que já está duro. Bem,


não sou a única que se excitou aqui.

— Me leve para casa, Prez — sussurro ao ouvido, mordiscando


sua orelha.
Dex encheu de alimento para bebês uma colher e logo
depois fez um som de avião, tentando conseguir que Clover abrisse sua
pequena boca. Ela abre, mas logo a fecha no último segundo, fazendo
que a comida se derrame por tudo seu queixo. Dex toma seu babador e
a limpa, então tenta outro truque tentando fazê-la rir, em seguida,
rapidamente põe uma colherada em sua boca.

Não funciona.

— Clover, você precisa comer para ficar grande e forte como o


papai — ele diz para ela, tentando de novo. Desta vez, ela abre sua
boca, mas logo cospe tudo. Uma mancha de comida cai na cara dele.

Sussurra pacientemente, e levanta seu braço musculoso para


limpar a comida de seu rosto.

Começo a rir, não posso evitar.

Ele vira e me olha, limpando a comida de seu rosto.

— Obrigado... agradeço de que esteja aqui.

— Estive aqui por um tempo, estava te observando — admito-


o, incapaz de ocultar meu sorriso.

Ele sopra.

— Preciso de um cigarro.

— Vá fumar um que eu irei dar um banho em Clover — digo a


ele, tirando-a de sua cadeira alta.

— Como foi a aula? — ele pergunta, me golpeando


suavemente em minha bunda.
— Igual a sempre — respondo, beijando a bochecha gordinha
de minha filha.

— Então, está chutando bundas?

— É obvio — respondo. Sou uma das melhores estudantes de


minha classe.

Ele dá um passo por trás de mim, envolvendo seus braços ao


redor de minha cintura. — Essa é minha garota.

Ele beija o topo de minha cabeça, e depois a de Clover.

Não era assim como eu pensava que minha vida ia acontecer,


mas me alegro de que assim fosse.

Dexter Black virou meu mundo ao reverso, mas então ele me


deu seu mundo. E seu mundo é onde quero estar, sempre e quando ele
estiver aqui ao meu lado.

Meus sapatos de salto alto golpeiam o chão, o som do clique


me mantém distraída. Conservo minha pasta perto de meu peito, espero
impacientemente. Finalmente o vejo sair, levando uma bolsa na mão.

— Tome seu tempo — diz em voz alta à medida que caminha


para mim, aparentando uma necessidade desesperada para um corte de
cabelo.

— Sinto muito — respondo, lançando meus braços ao redor


dele. — Tinha que conseguir meu primeiro título, então esperei para
que lhe dessem a liberdade condicional.

— Onde está seu marido? — pergunta, procurando o Dex.

—Todos na casa-clube esperando por sua volta — digo. — E


todos nós sabemos que sou sua pessoa favorita, assim vim sozinha.
Eles têm planejado para suas boas-vindas para casa e
estiveram ocupados organizando. Sei que participarão de um grupo de
strippers que trouxeram para a casa-clube e uma grande quantidade de
álcool. Do tipo de festas de Arrow.

— Vamos sair logo daqui — ele grunhe. — Estive aqui tanto


tempo, que está começando a parecer bom.

Suspiro e dou um murro no seu braço, ignorando sua risada


rouca.

— Mesmo assim vejo seu encanto. E você acredita que eu


quero estar aqui? Sinto-me como se vivesse aqui — queixo-me,
sacudindo a cabeça.

Ele curva seus lábios brandamente.

— Vem com o território.

— Vou praticar no campo de tiro, quer vir? — pergunto.

— Muito engraçado, porra.

Sorrio e levo Arrow para casa.

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