Você está na página 1de 13

João Pedro Teixeira Neto Lages

Josivane do Carmo Campos Sousa


 Caracterizar acusticamente as vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no
português falado na Amazônia Paraense, tendo como foco de análise
a variedade do português falado na área urbana da cidade de
Cametá/PA. Mais especificamente, proceder à análise acústica das
vogais médias em questão de modo a caracterizá-las acusticamente
segundo os parâmetros físicos de F1 e F2. Por fim, comparar os
resultados obtidos com os de Moraes (2015).
 Para a realização do presente plano, foram aplicados os procedimentos adotados
pelo projeto Norte Vogais na investigação acústica das vogais pretônicas no
português falado na Amazônia Paraense (CRUZ ET AL 2012; CRUZ, 2012), a saber:
 a) corpus padronizado (72 vocábulos);
 b) amostra estratificada (faixa etária, sexo e escolaridade);
 c) coleta (novembro de 2016);
 d) codificação (BE91FA1/6X);
 e) segmentação dos dados no PRAAT;
 f) aplicação do script praat Analyser Tier;
 g) análise estatística.
MASCULINO FEMININO
Fundamental Médio Superior Fundamental Médio Superior

i 7,14 10,2 4,6 3,5 9,8 1,6


e 34,2 30,8 32,3 36,8 34,4 37,7
E 5,7 5,8 9,2 7,01 6,5 4,9
u 5,7 16,1 3,07 12,2 9,8 4,9
o 35,7 26,4 35,3 31,5 31,1 40,9
O 11,4 10,2 15,3 8,7 8,1 9,8
 Predominância da manutenção em relação às demais realizações vocálicas, tanto para o
sexo masculino quanto para feminino, nos três níveis de escolaridade.

 Opção dos informantes de nível superior pelo abaixamento, atingindo aproximadamente o


dobro de realizações quando comparado ao alteamento.

 O alteamento vocálico aparece com maior probabilidade de ocorrência na fala de


informantes com nível médio de escolaridade.
 Posterior às tomadas de medidas de F1 e F2 dos dados coletados, se fez
necessário a elaboração de gráficos para melhor ilustrar a disposição
das vogais alvo subjacentes e variantes no espaço acústico.
 Nessa parte do trabalho serão utilizados também gráficos ilustrados em
trabalhos anteriores referentes à pesquisa em fonética acústica na zona
rural de Cametá, de modo a comparar os resultados obtidos e alcançar
uma melhor percepção da manifestação vocálica dos falantes
cametaenses.
Cametá -Urbano/E. Fundamental - 1ª faixa Cametá-Urbano/E. Médio - 1ª faixa Cametá-Urbano/E. Superior - 1ª faixa
etária etária etária
F2 (Hz) F2 (Hz) F2 (Hz)
2500 2000 1500 1000 500 2500 2000 1500 1000 500 2500 2000 1500 1000 500
300 300 200

350 250
350
i 300
400 400
350
u i i
i 450 450 i
e

F1 (Hz)
400

F1 (Hz)

F1 (Hz)
i u 500
500 e 450
e u u
e u o e
o u
o 550 500
550 O E
E
EE o e o 550
O 600 600 o
E O 600
O
650 650
650
O O
700
E
700 700
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
MASCULINO FEMININO
Gráfico 01: Espaço acústico das variantes das vogais  As vogais médias anteriores se
médias pretônicas na zona rural de Cametá: faixa etária I: encontram bem discriminadas no
15 a 25 anos. espaço acústico, tanto para a fala
masculina quanto para feminina, porém,
as medidas de F1 da primeira são mais
elevadas que as da segunda. Isso pode
ser percebido no gráfico especialmente
ao identificar a média alta (subjacente)
/e/ da fala feminina e a média baixa [E]
da fala masculina que se apresentam
muito próximas em termos de altura.

 As vogais baixas, tanto anteriores quanto


posteriores, se encontrarem bem
afastadas das demais variantes, de forma
mais notória na fala feminina.

Fonte: Moraes, 2015, p. 44.


Gráfico 02: Caracterização acústica das variantes das vogais
 As vogais produzidas por informantes do
médias pretônicas na área urbana de Cametá: faixa etária I:
sexo feminino se apresentam bem
15 a 25 anos.
distribuídas no espaço acústico,
permitindo uma boa visualização da sua
condição de altura (alta, média e baixa)
e de anterioridade e posterioridade. As
baixas e médias anteriores se encontram
praticamente ao mesmo nível de sua
correspondente posterior. Aqui as
vogais seguem um padrão de triângulo
vocálico se distanciando por medida
praticamente equivalente, o que diverge
de Moraes (2015) que identificou o fato
de as vogais baixas, tanto anteriores
quanto posteriores, se encontrarem bem
afastadas das demais variantes na fala
feminina. É possível observar também
que a alta posterior se posiciona quase
ao mesmo nível das médias e com um
alto grau de centralização.
Fonte: Dados do presente plano.
Gráfico 02: Caracterização acústica das variantes das vogais
 O espaço acústico masculino se
médias pretônicas na área urbana de Cametá: faixa etária I:
15 a 25 anos. mostra confuso no que se refere às
vogais posteriores por apresentar a
média alta [o] mais anterior que a
média baixa [O], e a alta [u] mais
anterior que que a média alta [o]. Isso
pode mostrar que essas são mais
dispostas à variação. Esse resultado se
assemelha ao obtido por Moraes
(2015) em que as vogais posteriores
também se dispõem no espaço
acústico com uma tendência de
anteriorização pela média alta [o] e
principalmente pela alta[u], que sofre
alto grau de centralização. Outro ponto
semelhante ao trabalho da autora
citada anteriormente é fato de que os
valores de F1 da fala masculina serem
inferiores ao da fala feminina.
Fonte: Dados do presente plano.
 Predominância da manutenção em relação às demais realizações
vocálicas.
 Opção dos informantes de nível superior pelo abaixamento.
 O alteamento vocálico aparece com maior probabilidade de ocorrência
na fala de informantes com nível médio de escolaridade.
 As vogais produzidas por informantes do sexo feminino se apresentam
bem distribuídas no espaço acústico, seguindo um padrão de triângulo
vocálico.
 As medidas de F1 da fala feminina são superiores aos da fala
masculina.
 A variante [u] apresenta tendência à centralização.
 ARAÚJO, Marivelson dos Praseres. As vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português
falado na zona rural no Município de Mocajuba/NE do Pará. Cametá: UFPA/CUNTINS.
2013. (Trabalho de Conclusão de Curso)
 CAMPOS, Socorro. Alteamento vocálico em posição pretônica no português falado no
município de Mocajuba-Pará. 2008. 202 f. Dissertação (Mestrado em Letras)- Universidade
Federal do Pará, Belém, 2008.
 CASTRO, Jéssica. Banco de Dados Segmentais do Português Falado no Pará. Belem:
UFPA/PROPESP, em andamento. (Plano PIBIC/CNPq).
 CASTRO, Jéssica. O Sistema vocálico do Português falado em Belém (PA): análise
acústica das vogais pretônicas iniciais de vocábulo em sílaba com ataque vazio. Belém:
UFPA, 2015. (Relatório Parcial Técnico-Científico do PIBIC/CNPq).
 CAVALCANTE, Carlos. Análise acústica das vogais medias pretônicas no português
falado em Braganca (PA). Em andamento. Dissertacao (Mestrado em Linguística) –
Universidade Federal do Pará, Belém, em andamento.
 COSTA, Mara. O Sistema vocálico tônico do Português falado em Belém (PA): análise
acústica. Belém: UFPA. 2013. (Relatório Técnico-Científico do PIBIC/CNPq).
 _______. O Sistema vocálico do Português falado em Belém (PA): análise acústica das vogais
pretônicas altas e baixa subjacentes.. Belém: UFPA. 2015. (Relatório Técnico-Científico do
PIBIC/CNPq).
 COSTA, Mara; CRUZ, Regina. O sistema pretônico do português falado em Belém (PA): uma
análise acústica dos dados de fala lida. IV SIS-Vogais, 2013. Olinda (PE).
 _______. Análise acústica das vogais médias pretônicas dos dados de fala lida de Belém
(PA) ABRALIN, 2014. Manaus (AM).
 CRUZ, Regina; COSTA, Mara; SILVA; Ana Carolina. Análise qualitativa e acústica das vogais
médias pretônicas no português falado na Amazônia paraense. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINGUÍSTICA, 2012, Natal. Resumos...
Natal: ABRALIN, 2012. p.59-60.
 CRUZ, Regina. et al. Alteamento vocálico das médias pretônicas no português falado na
Amazônia paraense. In: LEE, Seung Hwa. (Org.). Vogais além de Belo Horizonte. Belo
Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2012a. p. 194-220.
 CRUZ, R. C. F. . Vogais na Amazônia Paraense. Alfa: Revista de Linguística (UNESP. Online), v. 56,
p. 945-972, 2012b.
 FAGUNDES, Giselda da Rocha. O desvozeamento das vogais médias pretônicas no
Português Brasileiro: uma análise acústico-articulatória. Início: 2015. Tese em andamento
(Doutorado em Letras: Estudos Linguísticos e Teoria Literária).
 MORAES, Marlucia Lopes. As vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português falado na
zona rural do Município de Cametá: uma caracterização acústica. Cametá:
UFPA/CUNTINS. 2015. (Trabalho de Conclusão de Curso)
 OLIVEIRA, Railton Araújo. Vocalismo no Português falado no município de Cametá-Pará: a
variação de timbre das médias pretônicas /e/ e /o/. Cametá: UFPA/FALE, 2013. (Trabalho
de Conclusão de Curso em Letras).
 RODRIGUES, Doriedson. Da zona urbana a rural/entre a tônica e a pretônica: alteamento
/o/ > [u] no português falado no município de Cametá/Ne paraense: uma abordagem
variacionista. 2005. 387 f. Dissertacao (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Pará,
Belém, 2005.
 _______; ARAÚJO, Marivana dos Prazeres. As vogais médias pretônicas / e / e / o / no
português falado no município de Cametá/PA – a harmonização vocálica numa
abordagem variacionista. Cadernos de Pesquisa em Linguística, Variação no Português
Brasileiro, Leda Bisol & Cláudia Brescancini (orgas.), volume 3, Porto Alegre, novembro de
2007, pp. 104-126.
 SOUSA, Josivane. A Variação das Vogais Médias Pretônicas no Português Falado na Área
Urbana do Município de Belém/PA. 2010. 209f. Dissertação (Mestrado em Letras) –
Universidade Federal do Pará, Belém, 2010.
 _______. Sistema Vocálico Pretônico do Português Falado na Cidade de Cametá (PA):
caracterização acústica. Início: 2016. Tese em andamento (Doutorado em Letras: Estudos
Linguísticos e Teoria Literária)
 SOUZA, Gisele Braga. Caracterização acústica das vogais médias pretônicas no
português falado em Barcarena/PA. 2015. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade
Federal do Pará, Belém: UFPA.
 _______; COSTA, Mara; LOPES, Marlucia; CRUZ, Regina. A F0 intrínseca como parâmetro
acústico de identidade das variantes das vogais médias pretônicas do português falado
na Amazônia Paraense. In: Colóquio internacional de Geoprosódia do português brasileiro e
do Galego - Livro de Resumos. Aveiro, Portugal, 17 – 19 de junho de 2015. <
http://blogs.ua.pt/linguistica/wp-content/uploads/2015/06/Geoprosodia_LivroResumos.pdf>

Você também pode gostar