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1.

08 - Formação Modular para Empregados e Desempregados

Operação POISE-01-3524-FSE-000974

A FAMÍLIA COMO [Subtítulo do

REALIDADE documento]

CULTURAL
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Mod. CELF 013-A


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A Família como realidade cultural

2017

Paulo Moreira

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Índice

Introdução...........................................................................................................................2

Âmbito do manual.............................................................................................................2

Objetivos..........................................................................................................................2

Conteúdos programáticos...................................................................................................2

Carga horária....................................................................................................................3

1.Conceito de família.............................................................................................................4

2. Os diversos tipos de família: família tradicional e família nuclear – suas características..........7

3. A família no mundo contemporâneo.................................................................................11

4. As questões da universalidade da família..........................................................................16

5. A família enquanto sistema – suas funções.......................................................................20

6. O ciclo de vida familiar....................................................................................................24

7. Funcionamento e desenvolvimento da família...................................................................28

9. A comunicação na família................................................................................................35

Bibliografia.........................................................................................................................38

Introdução

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Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta
duração nº 4252 – A família como realidade cultural, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.

Objetivos

 Identificar as transformações operadas no seio da instituição familiar ao longo dos tempos.


 Relacionar os valores e a estrutura social na organização familiar com a organização social
global.
 Analisar a estrutura dinâmica, funcionalidades e crises da família e as causas dos
problemas familiares atuais.

Conteúdos programáticos

 Conceito de família
 Os diversos tipos de família. Família tradicional e família nuclear – suas características
 A família no mundo contemporâneo
 As questões da universalidade da família
 A família enquanto sistema – suas funções
 O ciclo de vida familiar
 Funcionamento e desenvolvimento da família
 Momentos de crise e mudança

 A comunicação na família

Carga horária

 25 horas

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1.Conceito de família

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A família é um sistema social que tem evoluído de forma progressiva ao longo dos tempos.

Não existe uma definição clara e consensual de família. A família possui uma diversidade de
representações, que a torna ambígua, imprecisa e, mesmo contraditória e com paradoxos no
tempo e no espaço.

As definições de família variam de acordo com o paradigma da respetiva área:


 Legal, que engloba as relações estabelecidas por laços de sangue, adoção, tutela ou por
casamento;
 Biológica, englobando as redes biológicas entre as pessoas;
 Sociológica, envolvendo grupos de pessoas que vivem juntas;
 Psicológica, cuja definição engloba grupos de pessoas com fortes laços emocionais

Família é um sistema vivo, aberto, composto por vários elementos com laços entre si, no qual o
todo é mais que a soma de todas as partes e, onde reina entre os elementos constituintes um
sentimento de pertença.

Cada família é um sistema mas também é parte de sistemas mais vastos, nos quais se integra e,
com os quais evolui (a comunidade e a sociedade). Dentro de cada sistema familiar existem
subsistemas mais pequenos que formam o todo.

Estes subsistemas estão relacionados com as interações existentes entre os indivíduos, os papéis
que desempenham, os estatutos ocupados, as suas finalidades e, os objetivos e as normas

transacionais que se vão gradualmente construindo .

Numa família podem distinguir-se quatro subsistemas:


 O subsistema individual, composto pelo nível mais básico, o indivíduo, que para além dos
papéis que desempenha no sistema familiar, ocupa noutros sistemas, funções e estatutos
que vão interagir com o seu desenvolvimento individual.
 O subsistema parental, é constituído normalmente pelos pais que possuem funções
executivas, estando as funções de proteção e educação das gerações mais jovens a seu
cargo. Por vezes este subsistema pode incluir uma avó/avô, um tio/tia ou mesmo um
padrinho. Os pais podem não integrar esta estrutura.

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 O subsistema conjugal, que engloba o casal, no qual a complementaridade e a adaptação
recíproca são aspetos importantes do seu funcionamento. As principais funções deste
subsistema são o desenvolvimento de limites e fronteiras que protejam o núcleo familiar da
intrusão por outros elementos, de modo a proporcionar a satisfação das suas necessidades
psicológicas.
 O subsistema fraternal, composto pelos irmãos e representa principalmente um meio
propício de socialização e de experimentação de papéis em relação ao mundo extrafamiliar.
É neste subsistema que as crianças expandem as suas capacidades relativamente aos seus
pares, experienciando o apoio mútuo, a competição, o conflito e a negociação.

A forma como estes subsistemas se organizam e, o tipo de relações que desenvolvem entre eles,
corresponde à estrutura da família, ou seja, as funções que ocupam e os papéis que
desempenham, traduzindo as interações no seio da família.

A família deve ser compreendida somente dessa forma holística, sob a pena de se realizar uma
avaliação desvirtuada e sem sentido.

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2. Os diversos tipos de família: família tradicional e família
nuclear – suas características

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A família assume uma estrutura característica. Por estrutura entende-se, “uma forma de
organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira
específica e recorrente”.

Deste modo, a estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em


posições, socialmente reconhecidas, e com uma interação regular e recorrente também ela,
socialmente aprovada.

A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste num homem, numa
mulher e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A
estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição,
quando necessário.

Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental, tratando-se de uma
variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio, óbito,
abandono de lar, ilegitimidade ou adoção de crianças por uma só pessoa.

A família ampliada ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla, que
consiste na família nuclear, mais os parentes diretos ou colaterais, existindo uma extensão das
relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.

Para além destas estruturas, existem também as denominadas de famílias alternativas, sendo elas
as famílias comunitárias e as famílias homossexuais.

As famílias comunitárias, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, onde a total


responsabilidade pela criação e educação das crianças se cinge aos pais e à escola, nestas
famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as crianças da responsabilidade de todos os
membros adultos.

Nas famílias homossexuais existe uma ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo
sexo, que podem incluir crianças adotadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros

A família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel
atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo. O

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conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções,
como se têm vindo a verificar.

Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição


ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo
orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, as expectativas de comportamento,
de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na família ou no grupo
social.

Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, sendo
característicos os seguintes:
 A “socialização da criança”, relacionado com as atividades contribuintes para o
desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança;
 Os “cuidados às crianças”, tanto físicos como emocionais, perspetivando o seu
desenvolvimento saudável;
 O “papel de suporte familiar”, que inclui a produção e/ ou obtenção de bens e serviços
necessários à família;
 O “papel de encarregados dos assuntos domésticos”, onde estão incluídos os serviços
domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família;
 O “papel de manutenção das relações familiares”, relacionado com a manutenção do
contacto com parentes e implicando a ajuda em situações de crise;
 Os “papéis sexuais”, relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros;
 O “papel terapêutico”, que implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemas
familiares;
 O “papel recreativo”, relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o
relaxamento e desenvolvimento pessoal.

Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e recetores, em simultâneo, do
processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o
desenvolvimento da cultura familiar.

Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protetores,
interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre equidade, formando alianças,
discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros.

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Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade,
assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um
dos membros não possa desempenhar o seu.

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3. A família no mundo contemporâneo

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A família vem considerada como sendo um “grupo social no qual os membros coabitam unidos por
uma complexidade muito ampla de relações interpessoais, com uma residência comum,
colaboração económica e no âmbito deste grupo existe a função da reprodução”.

Deste modo, e segundo esta visão, a família é considerada como sendo o primeiro grupo humano
organizado e como unidade-base da sociedade.

Daí a importância que no passado e no presente se tem dado à família e às mudanças que a têm
caracterizado na sua estrutura, nas relações dentro e fora dela, com influências recíprocas na
mudança encontrar-se explicações para as novas conceções do grupo familiar, atribuindo-as às
mudanças sociais.

Evidentemente que a evolução e a mudança que caracterizaram de modo significativo o mundo


atual não exclui a família.

Embora considerada uma das instituições mais persistentes no tempo, a mudança social reflete-se
amplamente na família, arrastando-a desde os processos da industrialização e urbanização para
novas realidades, às quais tem procurado adaptar-se.

Porém, e dada a visibilidade que a família assume na sociedade, também esta procura ajustar as
instituições às exigências e necessidades da família.

Para se entender esta aceção, da natureza e da dinâmica da mudança, convirá singularizar


algumas características mais evidentes do fenómeno e que são: os níveis da mudança, o ritmo e a
grandeza ou extensão da mudança.

Os níveis da mudança sugerem-nos que façamos referência às componentes da vida social. Estas
tornam-se evidentes no aspeto relacional, a nível bilateral ou multilateral – relação entre dois
indivíduos ou grupos –, até às relações entre as sociedades globais.

No aspeto socioeconómico dá-se a passagem da evolução dos processos produtivos tradicionais ou


clássicos, aos novos e dependentes do desenvolvimento tecnológico atual.

No aspeto sociocultural temos a presença de novos valores relacionados com os processos


culturais da inculturação, aculturação, e socialização. De referir ainda uma nova conceção da vida,

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da organização social e das organizações em geral, uma nova visão da comunicação social e um
crescimento dos mesmos meios.

Outras manifestações no aspeto cultural mas de menos visibilidade são: o tempo livre e o uso
respetivo, todas as formas de evolução ou ocupação diferenciada dos tempos, tendo em conta as
diferentes culturas e sociedades.

Quanto ao ritmo da mudança, salienta-se que as manifestações das mudanças apontadas, além da
variedade dos seus aspetos, referem-se à velocidade com que acontecem. O ritmo obriga a
adaptações rápidas e contínuas, tornando- -se irreversível e por vezes incalculável, advertindo os
mais distraídos para a abertura à mudança.

Tudo isto se deve à rapidez e à multiplicidade dos aspetos inseridos nessas manifestações, mas
também à pressão que resulta da cumulatividade, em virtude da sua presença em tais mudanças.

A mudança num determinado aspeto torna-se fator de desenvolvimento da difusão de novas ideias
e conceções, que podem ser políticas e religiosas com influência na sociedade e em particular nas
pessoas, nos grupos dos media e nas organizações, tornando-se ora positivos ora negativos para o
conjunto global da sociedade.

De referir ainda que uma mudança nos aspetos sociais, culturais e tecnológicos influencia no
intercâmbio que, ocorrendo de modo mais rápido, se torna também mais complexo entre as
pessoas e os povos.

Finalmente, a amplitude da mudança. Esta situa-se na complexidade de tais manifestações que


apresentam uma visão de conjunto que nos mostra a mudança, como uma realidade extensa e
omnipresente, que os cientistas classificam frequentemente, em relação à nossa época, de
transição social e cultural.

No século XIX, sobretudo com a industrialização progressiva das sociedades ocidentais e as


sucessivas mutações daí decorrentes, não deixaram de se produzir profundas transformações no
universo familiar.

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A lógica destas modificações prende-se, antes de mais, com a implementação progressiva de um
novo sistema económico em torno do capitalismo e o processo de industrialização que
desencadeia.

Com ele, transformam-se os meios as relações de produção, as sociedades vão passando,


paulatinamente, de uma lógica económica do trabalho, baseada, essencialmente, no trabalho
agrícola, artesanal e comercial familiar, para uma outra do império da máquina, da separação
entre o espaço de habitação e o espaço de produção e, por conseguinte, para um regime de
salário.

Ingresso da mulher no mercado de trabalho - século XIX – verifica-se uma vantagem adiciona: a
prestação de trabalho e a contrapartida de um salário autónomo, abrem à mulher o processo da
sua emancipação.

Foi sobretudo, o espaço salarial que ofereceu à mulher profissionalizada a possibilidade de deixar
de estar confinada ao espaço doméstico, de aceder a outro tipo de relações sociais e familiares,
bem como a outras prerrogativas e, porventura, a algumas desvantagens.

Todo o esforço reflexivo a propósito das grandes transformações nas sociedades contemporâneas
ocidentais, acaba por ter em conta as que, relacionando-se com a economia e a reorganização do
mercado de emprego, conduzem a profundas alterações familiares. Entre estas, como acabámos
de verificar, as que se relacionam com a profissionalização da mulher não se revestem de
somenos importância.

A família é uma realidade do passado, do presente e do futuro, provavelmente, em relação a este


ultimo, ainda bastante diferente do que é hoje, porque, com efeito, se trata de uma entidade
extremamente dinâmica. A família atual, sendo uma instituição vital, não se fecha sobre si mesma,
mas interage com as transformações em curso na sociedade.

A família, ao mesmo tempo que se ia privatizando, se tornava cada vez mais pública, porque mais
dependente do Estado e das suas instituições e, diremos nós, também do mercado de (des)
emprego e dos efeitos que daí decorrem, da mudança das mentalidades, dos costumes, da cultura
e da sociedade em geral.

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Poder-se-á dizer que hoje, mais do que nunca, a família, pelo menos idealmente, se torna o eixo
da coesão social, contrariamente a um passado não muito recuado, em que este papel era
exercido pela religião.

Deste modo, a família é o que persiste, mas também o que se renova, continuadamente, nos
nossos dias de maneira algo radical, o que nos permite falar de uma realidade nova em destruição
– reconstrução.

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4. As questões da universalidade da família

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Em todas as culturas, a constituição de uma família foi vista como uma realidade importante, não
só no plano individual, mas também no plano social. Daqui deriva uma presença constante de
certas experiências antes que nasça a nova família.

Através de uma análise de DNA, pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália,


identificaram quatro corpos como sendo uma mãe, um pai e seus dois filhos, de 8 ou 9 anos e 4
ou 5 anos. Com uma idade de 4600 anos a descoberta consiste no mais antigo registo genético
molecular já identificado de uma família no mundo.

No direito romano clássico a "família natural" cresce de importância - esta família é baseada no
casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos
cônjuges e de seus filhos. A família natural tem por base o casamento e as relações jurídicas dele
resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.

Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas
se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as
pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas
novas famílias fazia também parte a descendência gerada que, assim, tinha duas famílias, a
paterna e a materna.

Com a Revolução Francesa surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, com a Revolução


Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas
em redor dos complexos industriais.

Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas


famílias, num cenário similar ao que existe hoje em dia. As mulheres saem de casa, integrando a
população ativa, e a educação dos filhos é partilhada com as escolas.

Na altura, a família era definida como um “agregado doméstico (…) composto por pessoas unidas
por vínculos de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada.

Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de


mesmo sangue, ou unidas legalmente (como no casamento e na adoção).

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Muitos etnólogos argumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar
deve ser entendida metaforicamente; dizem que em muitas sociedades e culturas não-ocidentais a
família é definida por outros conceitos que não "sangue".

A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série de
regulamentos de afiliação e aliança, aceitos pelos membros. Alguns destes regulamentos
envolvem: a exogamia, a endogamia, o incesto, a monogamia, a poligamia, e a poliandria.

Na passagem da sociedade pré-industrial à sociedade industrial, a imagem da família na sua


génese resulta profundamente mudada. Na sociedade pré--moderna a família aparecia finalizada
para atingir os seguintes objetivos: definição do estatuto social das pessoas, procriação legitimada
e socialmente reconhecida por uma relação sexual estável

Na sociedade moderna, orienta-se sobretudo para a satisfação de necessidades profundas das


pessoas. A mesma função procriativa adquire já à partida um novo significado, enquanto é vista
não só como serviço ao grupo social, mas como fonte de gratificação e integração, como potencial
necessidade emocional mais do que como continuação ou reforço do grupo social.

A partir destas ideias, pode dizer-se que a família tem a sua origem no matrimónio. A partir daqui
mulher, marido e filhos ou outros parentes, encontram--se ligados entre si por vínculos legais,
económicos, parentais, religiosos, direitos e deveres, numa rede de proibições sexuais, segundo o
tipo de família, ou de matrimónio realizado e um conjunto variável e diferenciado de sentimentos
psicológicos como o amor, o afeto e o respeito.

Esta nova realidade compreende-se e é interessante observar que os membros da família possuem
uma grande possibilidade de mobilidade social, de modo que as relações que primeiro se
confinavam na família têm hoje um campo mais vasto, abrangente e mais rico, em relação a
alguns aspetos.

Grosso modo, os quadros nos quais se processa a constituição da família estão essencialmente
ligados: à variabilidade da família; ao ciclo de vida; à herança; à escolha do cônjuge; idade do
matrimónio (hoje os jovens decidem casar mais tarde); ao papel desempenhado pelos membros
da família, ao tempo e ao grau de dependência dos cônjuges.

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Estes elementos variam de sociedade para sociedade, segundo os usos e costumes, de acordo
com o desenvolvimento e a influência social que é mais forte nuns contextos que noutros.

Em relação à composição, a fisionomia da família emerge claramente mudada na passagem da


sociedade pré-industrial à sociedade industrial moderna. A composição, ou seja o número dos
membros da família, que até então era elevado, viu reduzir substancialmente os seus
quantitativos.

Pode afirmar-se que na família tradicional era importante que aquela fosse numerosa. Isto porque,
em grande parte, os seus valores não só económicos mas também sociais eram tanto mais
conseguidos quanto a família fosse grande. A família “devia” ser numerosa, até porque tinha de
prever os efeitos de uma elevada mortalidade infantil e de uma esperança média de vida
relativamente baixa.

Hoje a família, em consequência do processo da mudança, integra normalmente os cônjuges e de


um a três filhos e, raramente, mais de três, com algumas exceções, detetáveis sobretudo em
países menos desenvolvidos, onde o número de filhos continua a ser elevado.

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5. A família enquanto sistema – suas funções

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A família constitui a célula básica da sociedade, em que o relacionamento interpessoal é assente
em relações afetivas em que cada um dos membros assume o seu papel, função e estatuto,
vivendo num contexto de referenciais e valores comuns.

A Teoria Geral dos Sistemas permitiu olhar a família como uma unidade onde interagem
mutuamente vários elementos, em que cada elemento da família é tanto um subsistema como um
sistema.

Na perspetiva do modelo sistémico, a família constitui um sistema aberto em que os seus


elementos interagem entre si e com o meio, em permanente interação. Nesta complexa rede de
interações, o comportamento de um membro da família irá afetar o comportamento dos outros e o
da família enquanto sistema.

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias. As famílias como agregações
sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus
membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente.

Nesta perspetiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno,
como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a
uma cultura e sua transmissão.

A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas
circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de
referência para os seus membros.
Existe consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades
quer dos seus membros, quer da sociedade.

Neste sentido, podemos subdividir as funções da família em cinco áreas:


 Função de gestão – tomada de decisões, estabelecimento de regras e suporte financeiro
dos membros do grupo familiar;
 Função de limite – manutenção, clara e distinta dos papéis dos vários membros da família
de geração em geração e, em relação a outros sistemas;
 Função de comunicação – interação familiar (expressão de sentimentos e emoções dentro
do sistema familiar);
 Função emocional e de apoio – afeto e suporte;

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 Função de socialização – transmissão de normas e valores pertencentes à cultura a que o
indivíduo pertence.

A função económica das famílias mudou de forma radical. Os membros já não necessitam tanto
uns dos outros para sobreviverem financeiramente. Os filhos também já não são vistos como bens
económicos que ajudavam financeiramente para a casa.

A função reprodutora também se alterou significativamente. As pessoas têm mais possibilidades


de terem filhos sem contrair matrimónio. A função reprodutora trespassou para além dos limites
da fronteira da família tradicional.

A função protetora da família também foi perdendo força. Surgiram instituições de assistência
social que assumem esta função e que têm como objetivo a proteção e o proporcionar segurança.
Esta função por parte de instituições sociais assume particular relevância quando os pais não
possuem capacidades ou são mesmo negligentes no que diz respeito a esta função.

A função religiosa e cultural também foi alvo de modificações. A responsabilidade de transmissão


da fé foi relegada para as igrejas e sinagogas.

A função educativa e de socialização foi transferida para o sistema escolar público e privado. A
maioria dos pais trabalha fora de casa e os filhos cada vez mais cedo são colocados em infantários
e pré-primárias.

A família também já não é necessária para conferir estatuto social. O estatuto é obtido pela
instrução, profissão, rendimentos e residência.

A função de relação das famílias adquiriu uma importância crescente ao longo do tempo. Hoje em
dia as pessoas casam e buscam intimidades porque se amam e não porque sentem necessidade
de proteção e, têm filhos a pensar na posteridade de não ter alguém que tome conta deles na
velhice.

A função de saúde das famílias também alcançou interesse vital. Cada vez mais se tem verificado
a importância dos efeitos interativos da saúde dos membros da família e da saúde da mesma

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Das muitas funções que a família realiza, a mais importante é a de apoio emocional e segurança
aos seus membros, mediante o amor, a aceitação, o interesse e a compreensão.

A componente afetiva mantém as famílias juntas, dando aos seus membros o sentido de pertença.
É este sentimento de pertença que conduz a um sentimento de identidade familiar.

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6. O ciclo de vida familiar

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O ciclo vital da família inicia-se com a formação do casal, ou seja constrói-se a partir do namoro,
um período composto por magia, de planos futuros, mas também tem por característica ser um
tempo curto. O novo Sistema aparece quando há o casamento, dando lugar a uma nova família,
ou seja ao subsistema conjugal.

Tornar-se um casal, ou seja, o casamento é uma das tarefas mais difíceis e complexas do ciclo de
vida familiar. Quando duas pessoas resolvem casar, não são apenas elas que casam, existe
também a união de duas famílias. Podemos dizer que é a união de dois sistemas imensamente
complexos.

Cada família tem costumes próprios, valores e maneiras de viver a vida diferentes se não existir
tolerância entre o casal é muito provável a existência de conflitos dentro do casamento.

Aquilo que se pensa, o que se espera e o que se vai praticando no casamento dependem de
dimensões contextuais — recursos, tempo histórico, momento do ciclo de vida, culturas — e de
dimensões existenciais e identitárias.

A própria organização da vida conjugal está condicionada pela divisão social e sexual do trabalho
no plano da sociedade.

Nas sociedades desenvolvidas do mundo ocidental o estádio adulto atinge-se cada vez mais tarde
devido ao prolongamento da formação necessária para o desempenho das tarefas profissionais.

Durante a sua vida profissional, o adulto vive estados de permanente questionamento. Os


momentos de questionamento não são momentos de exceção na vida adulta; pelo contrário,
situam-se constantemente no centro quotidiano da vida no trabalho.

Assim, são apresentados três grandes períodos durante a vida profissional:


1) O primeiro é o período de entrada e exploração no mundo do trabalho, onde o indivíduo
se dá conta da grande distância existente entre as aprendizagens escolares e as que são
requeridas para a prática profissional (20-35 anos);
2) O segundo período é caracterizado pelo processo reflexivo do indivíduo acerca do seu
percurso profissional ajudando-o a definir o seu próprio caminho pessoal (35-50 anos);
3) No terceiro período o adulto procura criar as condições para uma retirada proveitosa do
mundo trabalho.

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Ao longo destes três períodos, o adulto vai atravessando nove etapas que se alternam segundo
um ciclo de questionamento e estabilização: a vida adulta é, pois, caracterizada por um constante
dinamismo.

Constituem-se famílias recompostas através de segundos casamentos, ou através de novas


relações que envolvem filhos de relações anteriores. As pessoas optam cada vez mais por viver em
coabitação antes do casamento, ou em alternativa ao casamento.

Sendo o casamento o primeiro momento que marca a constituição de uma nova família, o segundo
momento do ciclo de vida da família é quando a família tem filhos, ou seja quando nasce o
primeiro filho. Nesta etapa surgem dois subsistemas (parental e filial), assumem-se novas funções,
tarefas e uma reorganização relacional.

A família com filhos na escola, é a terceira etapa do ciclo vital familiar. Existe um encontro de dois
sistemas (família e escola). A entrada dos filhos para escola constitui para a família “o primeiro
grande teste ao cumprimento da sua função externa, e através dela, sua função interna.”

A quarta etapa do ciclo vital surge quando a família tem filhos adolescentes, sendo a etapa mais
difícil e longa.

No desafio da gestão da relação entre pais e filhos, os pais devem adquirir e manter funções
executivas, não esquecendo que o período da adolescência é conturbado, caracterizado por
mudanças e dúvidas. Nesta fase assume lugar de destaque o grupo de pares, decorrendo
frequentemente conflitos geracionais.

A família com filhos adultos constitui a última etapa do ciclo vital familiar. Esta fase é cheia de
mudanças, de movimento familiar, caracteriza-se por saídas e por entradas e novas relações e
novos papéis.

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7. Funcionamento e desenvolvimento da família

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A família tem merecido uma constante centralização na vida da sociedade. As várias propostas
objetivas, assim como a dinâmica da própria família procura dar à sociedade instrumentos que são
pertinentes para remover obstáculos, dificuldades institucionais que muitas vezes se opõem ao
progresso, ao desenvolvimento e à realização plena e concreta da vida familiar.

Assim, a sociedade não pode fugir à sua responsabilidade. A família exige e estimula o dever e a
obrigação que a sociedade tem para consigo.

A família sofreu as mudanças da sociedade, procurando adaptar-se e estruturar-se em função das


novas realidades, novos problemas. Mas, efetivamente, a sociedade procurou estruturar e adaptar
as suas funções, respondendo às novas realidades tanto estruturais como funcionais da família.

A família influencia enquanto propõe objetivos e finalidades às várias instituições. A família


interessa-se pelas escolhas específicas e inovadoras dos agentes institucionais que têm influência
social em função do progresso, bem como da sua estabilidade, embora tendo em conta a ideologia
presente nos diferentes contextos sociais.

É a partir destes fatores que a família intervém na economia da sociedade, para que esta, através
de uma aplicação correta das suas riquezas, satisfaça com orçamentos capazes as suas
necessidades e possa servir o seu desenvolvimento e promoção económica, numa linha mais justa,
mais igualitária e mais humana.

A família não só dirige as próprias escolhas sociais e legislativas, mas determina operacionalmente
a adaptação e o funcionamento das diversas instituições sociais.

Encontramos exemplos onde a família exerce a sua ação: nas escolas, a diversos níveis; na
empresa económica; na produção dos bens que melhor satisfaçam as suas necessidades; nos
vários serviços ou organismos públicos ou privados; nas instituições que têm funções sociais ou
outras.

Esta intervenção da família faz com que a instituição familiar se estruture e desempenhe as suas
funções num modo mais eficaz e eficiente. Portanto, a família faz com que se operem alterações,
quando não responde às funções e aos objetivos para que foi criada.

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Finalmente, é a família que faz com que a sociedade muitas vezes corresponda aos objetivos
daquela, como uma instituição com direitos e deveres, no seu seio. É a família que leva a
sociedade em muitos casos a responder a problemas que, de outra forma, seriam bem mais
difíceis de resolver e, por vezes, até impossíveis, se não fosse a ação da família. É através dela
que se introduzem princípios, valores e mecanismos capazes de alterar a vida social.

De acordo com a sua natureza e finalidades, a família prossegue uma atividade cada vez maior e
mais necessária, numa sociedade que em muitos casos se apresenta desfavorável à realização da
família. A perda de consciência, de valores humanos e sociais), leva a que a família se preocupe
com isso e exerça uma ação fundamental e essencial para um melhor funcionamento das
instituições sociais.

A intervenção da família na sociedade envolve, assim, um conjunto complexo e multifacetado das


funções que executa e que, de certo modo, abrange diversos sectores da vida social.

Esta mudança não é simples nem fácil, tanto mais que a crescente intervenção da família na
gestão e na administração da sociedade faz com que as organizações tenham de encontrar muitas
vezes estratégias que, à partida, estavam fora dos seus planos, mas que as obrigam a constantes
mudanças. Daí que estas alterações estejam relacionadas mais com uma conotação prática e
menos teórica.

Estabelece-se, portanto, a ponte entre as instituições e a sociedade global, tornando-se fator


indispensável no desempenho das suas funções.

Isto é importante na sua promoção, no progresso e desenvolvimento integral, não só da família


como da sociedade nos planos cognitivo, cultural, social e económico, onde realmente se anula a
relação unívoca e aparece a relação biunívoca, ou seja, onde se verificam relações recíprocas.

Posto isto, diversos sectores da vida social têm hoje mais do que nunca de discernir aquilo que
contribui para a preparação e o bem-estar da família.

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8. Momentos de crise e mudança

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A família é um todo complexo em que o comportamento dos indivíduos que a compõem se
influencia reciprocamente. É, simultaneamente, um todo que se esforça por manter a sua
estabilidade face a mudanças inevitáveis – vindas quer do meio a que pertence quer da evolução
dos elementos que dela fazem parte.

Um momento de mudança – seja ela desejada, como um casamento, ou indesejada, como uma
doença – gera um momento de crise, em que o «antigo» já não serve e o «novo» ainda não
existe. A história de uma família é a história da forma como ela resolve as suas crises e evolui
através dessa resolução.

A família ao longo do seu ciclo vital sofre mudanças, umas que são esperadas e por isso exigem
por parte desta uma reorganização e um novo padrão de funcionamento e outras por serem
abruptas ou inesperadas implicam uma maior probabilidade de disfunção na vida familiar
(doenças, falecimentos, desemprego, invalidez).

Estes momentos de mudança correspondem às denominadas crises que implicam um elevado grau
de stress na família. Toda e qualquer mudança é suscetível de provocar uma crise na família, no
entanto, não é o carácter agradável ou desagradável de um acontecimento que define a crise ou o
problema mas, o seu carácter de mudança.

A crise é sentida pelo sistema familiar como uma ameaça, uma vez que traduz uma dimensão de
imprevisibilidade ao exigir a transformação de um modelo de relações que o sistema controla.

Existem dois tipos de pressão que todas as famílias estão sujeitas, a pressão interna e a pressão
externa. A pressão interna resulta das modificações inerentes dos seus membros e subsistemas, a
pressão externa relaciona-se com necessidade de adaptação dos seus membros às instituições
sociais que sobre eles têm influência.

Podemos identificar identificou 4 fontes de stress a que o sistema familiar pode estar sujeito:

O contacto de um membro da família com uma fonte extra-familiar, desencadeadora


de stress.
Quando um elemento da família se encontra numa situação de stress, os restantes elementos irão
sentir obrigatoriamente esse stress, exigindo a introdução de medidas no sentido de melhor lidar
com a situação;

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O contacto de toda a família com uma situação extra-familiar, desencadeadora de
stress.
Nesta situação a família tem que apoiar mutuamente, exigindo uma adaptação e negociação da
família nos seus padrões habituais de funcionamento;

O stress desencadeado pelos períodos de transição do ciclo vital da família.


O stress desencadeado pela transição de um estádio para outro, do ciclo vital, é inevitável. O
nascimento de uma criança, morte de um idoso, são acontecimentos que implicam a renegociação
e introdução de regras familiares;

O stress desencadeado por problemas particulares.


Este tipo de stress relaciona-se com acontecimentos inesperados, que podem perturbar
largamente a organização e estrutura familiar.

O sistema familiar tem que encontrar mecanismos para encontrar um novo de equilíbrio através da
adaptação à nova realidade de vida familiar. A luta contra a sua resolução e a manutenção do
problema no seio familiar, só permitirá o perpetuar do estado de disfunção familiar que, tenderá a
degradar-se cada vez mais.

Todas as famílias estão sujeitas a mudanças, ao stress e passa obrigatoriamente por várias crises.
As famílias distinguem-se pela capacidade de reestruturação no sentido da evolução e pela
flexibilidade em encontrar um equilíbrio dinâmico da abertura e fecho do sistema.

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9. A comunicação na família

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A comunicação está indissociavelmente ligada aos fatores contextuais que presidem à relação
familiar. Como esta é resultado da interação dinâmica entre o que se passa no interior e no
exterior da família, o seu equilíbrio é sempre instável, e por isso mesmo um estado em devir.

Isto tem a ver com o facto de os processos sociais decorrerem sempre em movimentos circulares,
onde a família se apresenta como um sistema processador de informação, que recebe do meio
social e para ele reenvia, tentando, a todo o custo, manter o equilíbrio e preservar a sua
identidade

Fatores que influenciam a alterações dos padrões de comunicação na família:


 Acesso ao ensino e ao mercado de trabalho permitiram o desenvolvimento de um novo
papel socioeconómico da mulher;
 Crescente poder e autonomia da mulher na esfera pública contagia a esfera privada e
exige um reajuste dos papéis do casal na família;
 Tendência tímida de adaptação do homem à nova realidade feminina;
 Possibilidade de conflito (divórcio) se não existir conciliação;
 Novas famílias resultantes da nova conjuntura socioeconómica e evolução dos papéis
(monoparentais/novas famílias/sem filhos);
 Necessidade de consciencialização dos desafios mas também das oportunidades de prazer
resultantes da sociedade atual para ser possível um equilíbrio saudável para todos na
relação.

A relação entre gerações ocorre na estrutura de cada família. As gerações primam pela diferença e
quanto mais permeáveis e definidas forem as fronteiras geracionais, mais fácil será o
relacionamento. O processo de crescimento é rico e criativo e a intimidade só é possível quando os
conflitos podem ser enfrentados.

A família é o lugar primordial das trocas intergeracionais. É aí que as gerações se encontram e


interagem de forma intensa. É o lugar da troca, da entreajuda incondicional.

As solidariedades familiares são uma fonte inesgotável de entreajuda, apesar de se encontrarem


expostas às perturbações sociodemográficas das sociedades modernas.

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Aumenta o número de famílias trigeracionais, com desenvolvimento e reforço do topo, chegando a
haver mais avós do que netos. Esta estrutura familiar multigeracional implica, não somente uma
maior longevidade, mas também fracas distâncias geracionais.

Esta maior sobrevivência das gerações beneficia, no presente, de um aumento da esperança de


vida nas idades mais avançadas e de uma fecundidade precoce da geração intercala.

O tempo que as distancia é menor do que virá a ser no futuro e a permanência de quatro
gerações em simultâneo repete-se em maior número de casos.

No entanto, é agora menos frequente a coabitação dos pais idosos com os seus filhos adultos e,
em contrapartida, maior a proporção de idosos que vivem sós.

É necessário conhecer melhor os modos de solidariedade, os tipos de entreajuda, as trocas entre


as várias gerações, de modo a avaliar as potencialidades das solidariedades familiares.

O resultado desta situação é um contínuo agravar da problemática da situação familiar


(composição, funções, funcionamento, dinâmica das relações internas, divisão dos papéis e
funções dos seus membros, etc.).

Não faltam, todavia, perspetivas e caminhos abertos para o futuro, situações ainda frágeis que se
vão consolidando, bem como novas dinâmicas que mostram a sua funcionalidade e eficiência.

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Bibliografia

 Dias, “A família numa sociedade em mudança: problemas e influências recíprocas”, Gestão


e Desenvolvimento, 9 (2000), 81-102
 Gala, Elísio et al., “Estrutura Familiar e dinâmica social”, in Área de integração – Manual
para o Ensino Profissional, Lisboa Editora, 2008
 Leandro, Maria, Sociologia da Família nas Sociedades Contemporâneas , Ed. Universidade
Aberta, 2001
 Oliveira, José, Psicologia da Família, Ed. Universidade Aberta, 2002

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