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MATEMÁTICA II

(Módulo de Análise Matemática)

Apontamentos das aulas

Problemas propostos

Soluções dos problemas propostos

Mestrado Integrado em Engenharia Química

FEUP

João M. M. Mendonça
Capítulo # 7

COORDENADAS POLARES E
CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO

7.1 Coordenadas polares no plano

7.2 Curvas paramétricas no plano

7.A Curvas planas do 2º grau ou “cónicas”


7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
________________________________________________________________
7.1 Coordenadas polares no plano

A posição de qualquer ponto P do plano pode ser representada pelas suas


coordenadas polares (r,θ), depois de definirmos um ponto O como sendo o pólo,
e uma semi-recta com origem em O como sendo o eixo polar. A coordenada
radial r representa a distância do ponto P ao pólo O, enquanto que a coordenada
angular θ representa o ângulo que o segmento OP faz com o eixo polar:

Por definição, o sentido positivo para a marcação da coordenada angular ou


ângulo polar é o sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. O valor de θ é
arbitrário para o pólo O, já que este é o único ponto do plano cuja coordenada
radial é igual a zero.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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As coordenadas polares de um ponto, ao contrário das suas coordenadas
rectangulares, não têm um valor único, pois o ponto P(r,θ) também pode ser
representado por P(r, θ + 2kπ), com k ∈ Z.

Por vezes, é conveniente utilizar coordenadas radiais negativas, definidas da


seguinte forma: (r,θ) e (– r, θ + π) são representações alternativas do mesmo
ponto em coordenadas polares. Como iremos ver mais à frente, esta definição é
particularmente útil quando lidamos com curvas em coordenadas polares.

7.1.1 Relações entre coordenadas polares e rectangulares

Em muitos problemas, há necessidade de utilizar simultaneamente coordenadas


polares e coordenadas rectangulares no plano. Quando tal acontecer, considera-
-se por convenção que o pólo do sistema de coordenadas polares é coincidente
com a origem do sistema de coordenadas rectangulares, e que o eixo polar é
coincidente com a parte positiva do eixo Ox:

Utilizando esta convenção, resultam imediatamente da figura as seguintes


relações entre os dois sistemas de coordenadas:

2
7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
________________________________________________________________
⎧ 2 2 2
⎪ r = x + y
⎧x = r cos θ ⎪ y
⎨ e ⎨tg θ = , se x ≠ 0
⎩y = r sen θ ⎪ x
⎪ θ = ± π /2 , se x = 0 e y ≠ 0

Se x > 0, o ponto P estará situado no 1º ou no 4º quadrantes, e então podemos


escrever que θ = arctg (y/x); porém, se x < 0, o ponto P estará situado no 2º ou
no 3º quadrantes, e deveremos escrever θ = π + arctg (y/x), já que, como é
sabido, o contradomínio da função arctg é o intervalo ]– π/2, π/2[.

Como a coordenada θ não está definida para a origem das coordenadas, este
ponto pode ser representado em coordenadas polares por (0, θ), em que o ângulo
θ é arbitrário.

Exemplo 7.1 Escrever todas as representações possíveis em coordenadas


polares do ponto com coordenadas rectangulares (1, 3).

⎧x = 1 ⎧⎪r 2 = 4 ⎧r = ± 2
⎨ ⇒ ⎨ ⇒ ⎨
⎩y = 3 ⎪⎩tg θ = 3 ⎩θ = π / 3 ∨ θ = 4π / 3

Como o ponto em causa é do 1º quadrante (x > 0 ∧ y > 0), se utilizarmos o


valor positivo para a coordenada radial, a correspondente coordenada angular
deverá ser π/3:

(2, π/3) ou, mais geralmente, (2, π/3 + 2kπ), com k ∈ Z.

Se, porém, utilizarmos o valor negativo para a coordenada radial, então a


correspondente coordenada angular deverá ser 4π/3:

(– 2, 4π/3) ou, mais geralmente, (– 2, 4π/3 + 2kπ), com k ∈ Z.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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7.1.2 Curvas em coordenadas polares

Algumas curvas têm equações muito mais simples em coordenadas polares do


que em coordenadas rectangulares, o que justifica a utilização de coordenadas
polares em muitos problemas que envolvam essas curvas.

O gráfico da equação F(r,θ) = 0 é definido como sendo o conjunto de todos os


pontos do plano Oxy em que cada ponto tem pelo menos um par de coordenadas
polares (r,θ) que satisfaz aquela equação. Em muitos casos, verifica-se que a
equação F(r,θ) = 0 pode ser resolvida em ordem a r, isto é, pode ser escrita na
chamada forma explícita, r = f(θ).

A curva correspondente poderá ser esboçada se prepararmos uma tabela com


alguns valores de (r,θ) que satisfaçam a equação dada. Apresentamos a seguir
três testes de simetria que poderão ser utilizados com vantagem para esboçar os
gráficos de curvas em coordenadas polares.

7.1.2.1 Testes de simetria

Se a equação não se alterar


quando se substitui θ por – θ,
o gráfico é simétrico com
respeito ao eixo Ox:

4
7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Se a equação não se alterar


quando se substitui θ por
π – θ, o gráfico é simétrico
com respeito ao eixo Oy:

Se a equação não se alterar


quando se substitui r por – r,
o gráfico é simétrico com
respeito à origem:

Estas são condições suficientes de simetria, mas não são necessárias; isto
significa que as simetrias referidas podem ocorrer mesmo que estas condições
não sejam satisfeitas.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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7.1.2.2 Rectas em coordenadas polares

As únicas rectas que têm uma representação simples em coordenadas polares


são as rectas verticais, as rectas horizontais e as rectas que passam pela origem
das coordenadas:

A recta vertical que passa


pelo ponto de coordenadas
rectangulares (a, 0) tem a
seguinte equação em
coordenadas polares:

r cos θ = a

ou

r = a sec θ

em que θ ∈ ]– π/2, π/2[.

A recta horizontal que passa


pelo ponto de coordenadas
rectangulares (0, a) tem a
seguinte equação em
coordenadas polares:

r sen θ = a

ou

r = a cosec θ

em que θ ∈ ]0, π[.

6
7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
________________________________________________________________
Uma recta que passe pela
origem das coordenadas e que
faça um ângulo θo com a
parte positiva do eixo Ox tem
a seguinte equação em
coordenadas polares:

θ = θo

em que r ∈ ]– ∞, ∞[.

7.1.2.3 Circunferências em coordenadas polares

As únicas circunferências com equações simples em coordenadas polares são as


circunferências centradas na origem, e as circunferências centradas num dos
eixos e tangentes ao outro eixo na origem das coordenadas

Uma circunferência com


centro na origem e de raio
igual a a tem a seguinte
equação em coordenadas
polares:

r=a

em que θ ∈ [0, 2π].

7
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Uma circunferência com


centro no ponto (a, 0) e de
raio igual a a tem a seguinte
equação em coordenadas
polares:

r = 2a cos θ

em que θ ∈ [– π/2, π/2].

Uma circunferência com


centro no ponto (0, a) e de
raio igual a a tem a seguinte
equação em coordenadas
polares:

r = 2a sen θ

em que θ ∈ [0, π].

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Exemplo 7.2 Mostre que a curva polar de equação r = – 4 sen θ é uma


circunferência, obtendo a sua equação em coordenadas
rectangulares; em seguida, calcule as coordenadas polares de
alguns pontos e faça um esboço da curva.

r = – 4 sen θ ⇒ r2 = – 4 r sen θ ⇒ x2 + y2 = – 4y ⇒ x2 + (y + 2)2 = 4

A equação r = – 4 sen θ representa uma circunferência de raio 2 centrada no


ponto (0, – 2); calculemos as coordenadas polares de alguns pontos do gráfico:

θ 0 π/6 π/3 π/2 2π/3 5π/6 π


r 0 –2 –2 3 –4 –2 3 –2 0

Se considerarmos o intervalo [π, 2π], obtemos exactamente os mesmos pontos:

θ π 7π/6 4π/3 3π/2 5π/3 11π/6 2π


r 0 2 2 3 4 2 3 2 0

A circunferência é gerada quando θ percorre qualquer intervalo [α, π + α]:

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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7.1.2.4 Caracóis de Pascal

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico das seguintes equações:

r = a + b cos θ ou r = a + b sen θ

Trata-se de curvas fechadas, que podem ser traçadas fazendo θ percorrer o


intervalo [0, 2π]. A forma do caracol de Pascal é determinada apenas pelo valor
absoluto do quociente a/b:

⎧0 < a / b < 1 : caracol de Pascal com laço



⎪ a/b = 1: cardióide

⎪1 < a / b < 2 : caracol de Pascal com reentrância
⎪⎩ a / b > 2 : caracol de Pascal convexo

Quanto à posição do caracol de Pascal em relação aos eixos coordenados, ela


depende de a/b ser positivo ou negativo, e de aparecer cos θ ou sen θ na equação
respectiva:

Caracol com laço de equação r = 1 + 2 cos θ: a / b = 1/2

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Cardióide de equação r = 2 + 2 cos θ: a / b = 1

Caracol com reentrância de equação r = 3 + 2 cos θ: a / b = 3/2

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Caracol convexo de equação r = 5 + 2 cos θ: a / b = 5/2

A resolução analítica de duas equações simultâneas em coordenadas polares


nem sempre produz todos os pontos de intersecção dos respectivos gráficos,
devido ao facto de cada ponto ter múltiplas representações em coordenadas
polares. Assim, a única forma certa de visualizar todos os pontos de intersecção
de duas curvas polares consiste em traçar os gráficos dessas curvas.

Exemplo 7.3 Determine as coordenadas polares de todos os pontos de


intersecção dos cardióides de equações r = 1 + cos θ e
r = 1 – cos θ.

Comecemos por determinar as coordenadas polares de todos os pontos que


satisfazem simultaneamente as duas equações dadas:

1 + cos θ = 1 – cos θ ⇒ 2 cos θ = 0 ⇒ θ = π/2 ∨ θ = 3π/2 ⇒ r = 1

As soluções encontradas algebricamente são portanto as seguintes, utilizando


coordenadas polares:

A(1, π/2) e B(1, 3π/2)

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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A única forma certa de verificar se existem mais pontos de intersecção consiste
em traçar as duas curvas no mesmo gráfico:

Claramente, há um terceiro ponto de intersecção, que é a origem. Porém, as


coordenadas polares deste ponto não podem ser obtidas por métodos algébricos,
já que essas coordenadas são (0, π) para o cardióide de equação r = 1 + cos θ,
mas são (0, 0) para o cardióide de equação r = 1 – cos θ.

7.1.2.5 As rosáceas

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico das seguintes equações:

r = a cos nθ ou r = a sen nθ

em que n ∈ IN . Trata-se de curvas fechadas, que podem ser traçadas fazendo θ


percorrer o intervalo [0, 2π] quando n for par, ou o intervalo [0, π] quando n for
ímpar. A posição da rosácea em relação aos eixos coordenados, depende de a ser
positivo ou negativo, e de aparecer cos nθ ou sen nθ na equação.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Se n for par, as rosáceas apresentam 2n “laços”, igualmente espaçados em torno
da origem (em termos angulares); se n for ímpar, as rosáceas só apresentam n
“laços”, também igualmente espaçados. O comprimento do diâmetro de cada
um dos “laços”, medido a partir da origem até à sua extremidade, é igual a a :

Rosácea de 4 laços de equação r = 2 cos 2θ

Rosácea de 3 laços de equação r = 2 cos 3θ

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Rosácea de 8 laços de equação r = 2 cos 4θ

Rosácea de 5 laços de equação r = 2 cos 5θ

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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7.1.2.6 As espirais

Este é o nome genérico que é dado a todas as curvas polares abertas que dão
infinitas “voltas” em torno da origem à medida que θ aumenta ou diminui.

Há vários tipos diferentes de espirais, dos quais mencionaremos apenas os três


exemplos mais conhecidos:

• Espirais de Arquimedes:

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico da equação r = aθ, em
que θ ≥ 0 ou θ ≤ 0, e a ∈ IR \ {0}. A forma como esta espiral se “enrola” em
torno da origem depende apenas do sinal de a e de θ:

Espiral de Arquimedes de equação r = 2θ, com θ ≥ 0

• Espirais logarítmicas:

Estas são curvas que se obtêm como gráfico da equação r = eaθ, em que θ ∈ IR ,
e a ∈ IR \ {0}. A forma como esta espiral se “enrola” em torno da origem
depende apenas do sinal de a:

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Espiral logarítmica de equação r = eθ/5

• Espirais hiperbólicas:

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico da equação r = a/θ , em
que θ > 0 ou θ < 0, e a ∈ IR \ {0}. A forma como esta espiral se “enrola” em
torno da origem depende apenas do sinal de a e de θ:

Espiral hiperbólica de equação r = 10/θ, com θ > 0 (notar a assímptota y = 10)

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Note-se que a recta de equação y = a é uma assímptota horizontal do gráfico da
espiral hiperbólica de equação r = a/θ, já que:

sen θ
lim y = lim r sen θ = lim (a/θ) sen θ = a lim = a (1) = a.
θ→0 θ→0 θ→0 θ→0 θ

7.1.2.7 As lemniscatas (de Bernoulli)

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico das seguintes equações:

r2 = ± a2 cos 2θ ou r2 = ± a2 sen 2θ

Trata-se de curvas fechadas “em forma de hélice”, que podem ser traçadas
fazendo θ percorrer um intervalo de amplitude π/2, e considerando apenas os
pontos em que r2 ≥ 0. A posição da lemniscata com respeito aos eixos
coordenados depende de o sinal de a2 ser positivo ou negativo, e de aparecer
cos 2θ ou sen 2θ na equação:

A lemniscata de equação r2 = 4 cos 2θ, com θ ∈ [– π/4, π/4]

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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A lemniscata de equação r2 = 4 sen 2θ, com θ ∈ [0, π/2]

7.1.2.8 As curvas “em forma de oito”

Estas são as curvas polares que se obtêm como gráfico das seguintes equações:

r2 = ± a2 cos θ ou r2 = ± a2 sen θ

Trata-se de curvas fechadas “em forma de oito”, que podem ser traçadas
fazendo θ percorrer um intervalo de amplitude π, e considerando apenas os
pontos em que r2 ≥ 0.

A posição destas curvas com respeito aos eixos coordenados depende apenas de
aparecer cos θ ou sen θ na equação:

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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A curva “em forma de oito” de equação r2 = 4 cos θ, com θ ∈ [– π/2, π/2]

A curva “em forma de oito” de equação r2 = 4 sen θ, com θ ∈ [0, π]

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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7.1.3 Área em coordenadas polares

Para deduzir a fórmula integral que nos permite calcular a área delimitada por
uma curva polar utiliza-se a conhecida expressão da área de um sector circular
de raio r e ângulo-ao-centro ∆θ, ou seja:

1 2
Área do sector circular = r Δθ
2

Seja r = f(θ) uma função contínua e não-negativa de θ, em que α ≤ θ ≤ β e


0 < β – α ≤ 2π. Começamos por fazer uma partição regular de [α, β] em n sub-
β − α
-intervalos todos iguais, de comprimento ∆θ = . Em seguida, escolhemos
n
um ponto qualquer θ *i ∈ [θi–1, θi], em que i = 1, ..... , n:

É evidente da figura junta que quanto maior for n e menor for ∆θ, mais as
regiões obtidas com esta partição se assemelharão a sectores circulares.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Portanto, se ∆θ ≈ 0, podemos afirmar que a área de cada uma dessas regiões é
( )
praticamente igual à área de um sector circular de raio f θ*i e ângulo-ao-centro
∆θ, ou seja:

( ) ( )
2 n n
1 ⎡ * ⎤2
∆Ai ≈ ⎡ f θ*i ⎤ ∆θ ⇒ A = ∑ ∑
1
∆Ai ≈ f θi ∆θ
2 ⎣⎢ ⎥⎦ 2 ⎣⎢ ⎥⎦
i=1 i=1

No limite, quando n → ∞ e ∆θ → 0, esta soma de Riemann dá-nos o valor


exacto da área delimitada pela curva polar de equação r = f(θ) no intervalo
α ≤ θ ≤ β, valor esse que pode ser calculado por meio do seguinte integral:

β 1 β 1
∫ [ f( θ)] dθ =

2
A = r2 dθ
α 2 α 2

Frequentemente, a aplicação prática desta fórmula é facilitada se se entrar em


linha de conta com as possíveis simetrias do gráfico da equação r = f(θ) que
delimita a região cuja área se pretende calcular.

Como regra geral, o intervalo de integração [α, β] deverá ser o intervalo mais
pequeno que permita calcular a área pretendida; note-se em particular a restrição
β – α ≤ 2π.

Deverá ainda ter-se especial cuidado nos casos em que r2 for negativo, o que
obviamente não faz qualquer sentido.

Exemplo 7.4 Calcule a área interior ao caracol de Pascal de equação


r = 3 + 2 cos θ.

Já vimos atrás que o caracol de Pascal é uma curva fechada que é


completamente traçada quando θ percorre o intervalo [0, 2π[:

θ 0 π/4 π/2 3π/4 π 5π/4 3π/2 7π/4 2π


r 5 3+ 2 3 3– 2 1 3– 2 3 3+ 2 5

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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2π 1 π 1
A=
∫0 2
(3 + 2 cos θ)2 dθ = (por simetria) = 2
∫0 2
(3 + 2 cos θ)2 dθ =

π π 1 + cos 2θ
=
∫0 (9 + 12 cos θ + 4 cos2 θ) dθ =
∫0 (9 + 12 cos θ + 4
2
) dθ =

π
=
∫0 (11 + 12 cos θ + 2 cos 2θ) dθ =
π π

⎝ ∫0 cos θ dθ =
∫0 cos 2θ dθ = 0 ⎞⎠
π
=
∫0 11 dθ = 11π
Acontece muitas vezes que a curva que delimita a região cuja área se pretende
calcular “começa” na origem das coordenadas. Neste caso, o valor do ângulo α
terá de ser determinado por resolução da equação r = f(θ) = 0. Se esta equação
tiver mais do que uma solução, deverá ser escolhida aquela que for adequada,
atendendo à posição no plano Oxy da região cuja área se pretende calcular.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Considerações análogas são válidas para a determinação do ângulo β, quando a
curva “acabar” na origem das coordenadas, ou então para a determinação dos
dois limites, quando a curva “começar” e “acabar” na origem das coordenadas:

α é uma solução da equação f(θ) = 0 β é uma solução da equação f(θ) = 0

Se r = f(θ) e r = g(θ) forem as equações de duas curvas polares contínuas tais


que 0 ≤ g(θ) ≤ f(θ) no intervalo α ≤ θ ≤ β, com 0 < β – α ≤ 2π, a área da região
delimitada pelas duas curvas naquele intervalo será dada pela diferença entre as
áreas das regiões delimitadas pela curva mais afastada da origem, r = f(θ), e pela
curva mais próxima da origem, r = g(θ), ou seja:

{ f( θ)] − [g(θ)] } dθ
β 1
∫ [ 2 2
A=
α 2

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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Todas as considerações feitas para o caso anterior são ainda aplicáveis neste
caso, nomeadamente no que diz respeito a:

• possíveis simetrias dos gráficos;


• intervalo de integração [α, β] mais adequado, sempre com β – α ≤ 2π;
• casos em que r2 for negativo.

Exemplo 7.5 Calcule a área interior ao caracol de Pascal de equação


r = 1 + 2 cos θ e exterior à circunferência r = 2.

Comecemos por fazer um esboço da região cuja área se quer obter, fazendo θ
percorrer o intervalo [0, 2π[:

θ 0 π/3 π/2 2π/3 π 4π/3 3π/2 5π/3 2π


r 3 2 1 0 –1 0 1 2 3

É possível observar a simetria com respeito ao eixo Ox da região cuja área se


pretende calcular:

Neste caso, os dois pontos de intersecção podem ser obtidos algebricamente:

r = 1 + 2 cos θ = 2 ⇒ cos θ = 1/2 ⇒ θ = π/3 ∨ θ = 5π/3 (θ = – π/3)

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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Devido à simetria com respeito ao eixo Ox, a área pretendida será dada por:

{ (1 + 2 cos θ)2 − 22 } dθ =
π/3

1
A=
− π/3 2

{ (1 + 2 cos θ)2 − 2 2 } dθ =
π/3 1
=2
∫0 2
π/3
=
∫0 (1 + 4 cos θ + 4 cos2 θ – 4) dθ =

π/3 1 + cos 2θ
=
∫0 (1 + 4 cos θ + 4
2
– 4) dθ =

π/3 15 3 − 2π
=
∫0 (– 1 + 4 cos θ + 2 cos 2θ) dθ =
6
.

Problemas propostos / Secção 7.1

1. Determine as coordenadas rectangulares dos pontos cujas coordenadas


polares são:
(a) (1, – π/3);
(b) (– 2, 2π/3);
(c) (– 2, – 7π/6).

2. Determine duas representações em coordenadas polares, uma com r > 0 e


outra com r < 0, para os pontos cujas coordenadas rectangulares são:
(a) (– 1, – 1);
(b) ( 3, – 1);
(c) (– 3, 3).

3. Exprima cada uma das equações seguintes em coordenadas polares:


(a) x = 3y;
(b) xy = 1;
(c) y = x2.

26
7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
________________________________________________________________
4. Exprima cada uma das equações seguintes em coordenadas rectangulares:
(a) r = – 5 cos θ;
(b) r = 1 – cos 2θ;
(c) r = 3 sec θ.

5. Esquematize o gráfico de cada uma das curvas polares indicadas a seguir,


referindo possíveis simetrias com respeito aos eixos principais ou à
origem:
(a) r = 2 cos θ;
(b) r = 1 + cos θ;
(c) r = 2 + 4 cos θ;
(d) r2 = 4 sen 2θ;
(e) r = 2 sen 2θ;
(f) r = 3 cos 3θ.

6. Determine todos os pontos de intersecção das curvas polares a seguir


indicadas:
(a) r = 2 e r = cos θ;
(b) r = sen θ e r = cos 2θ;
(c) r = 1 – cos θ e r2 = 4 cos θ.

7. Determine a área delimitada pelas curvas polares a seguir indicadas:


(a) r = 1 + cos θ;
(b) r = 2 – cos θ;
(c) r = – 4 cos θ;
(d) r = 2 cos 2θ;
(e) r2 = 4 sen 2θ.

8. Determine a área das regiões do plano abaixo descritas:


(a) Interior a r = cos θ e a r = 3 sen θ;
(b) Interior a r = 3 + 2 cos θ e exterior a r = 4;
(c) Interior a r2 = cos 2θ e a r2 = sen 2θ.

Soluções dos problemas propostos / Secção 7.1

1. (a) (1/2, – 3/2);


(b) (1, – 3);

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
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(c) ( 3, – 1).

2. (a) ( 2 , 5π/4) e (– 2 , π/4);


(b) (2, 11π/6) e (– 2, 5π/6);
(c) (2 3, 5π/6) e (– 2 3, 11π/6).

1
3. (a) θ = arctg ;
3
(b) r2 sen 2θ = 2, com θ ∈ ]0, π/2[;
(c) r = tg θ sec θ, com θ ∈ [0, π/2[ ∪ ]π/2, π].

4. (a) (x + 5/2)2 + y2 = (5/2)2;


(b) (x2 + y2)3 = 4y4;
(c) x = 3.

5. (a) Circunferência de raio 1 e centro em (1, 0); simetria com respeito


ao eixo Ox;
(b) Cardióide; simetria com respeito a Ox;
(c) Caracol de Pascal com laço; simetria com respeito a Ox;
(d) Lemniscata; simetria com respeito à origem;
(e) Rosácea de 4 pétalas; simetrias com respeito a Ox, Oy e à origem;
(f) Rosácea de 3 pétalas; simetria com respeito a Ox.

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7.1 COORDENADAS POLARES NO PLANO
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6. (a) {∅};
(b) (1/2, π/6), (1/2, 5π/6), (1, π/2) e (0, 0);
(c) (2 ( 2 – 1), arccos (3 – 2 2 )), (2 ( 2 – 1), – arccos (3 – 2 2 )),
(2, π) e (0, 0).

6.(b) 6.(c)

7. (a) 3π/2;
(b) 9π/2;
(c) 4π;
(d) 2π;
(e) 4.

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CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________

5π − 6 3
8. (a) ;
24
39 3 − 10π
(b) ;
6
2 − 2
(c) .
2

30
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
7.2 Curvas paramétricas no plano

Qualquer curva no plano Oxy pode sempre ser representada analiticamente se


exprimirmos as coordenadas rectangulares x e y como funções contínuas de uma
terceira variável t, normalmente designada por parâmetro, o qual toma valores
num dado intervalo I ⊆ IR :

⎧x = f(t)
⎨ , com t ∈ I ⊆ IR
⎩y = g(t)

O conjunto de todos os pontos do plano Oxy que satisfazem estas duas equações
simultâneas é designado por curva paramétrica plana, e as equações acima
escritas são chamadas equações paramétricas dessa curva plana.

Se o intervalo I for um intervalo fechado do tipo [a, b], os pontos A (f(a),g(a)) e


B (f(b),g(b) ) são chamados pontos terminais da curva. Se estes dois pontos
coincidirem, a curva plana diz-se fechada. Se a curva não tiver pontos onde se
auto-intersecta, dizemos que é uma curva simples.

7.2.1 Orientação de uma curva paramétrica

A mesma curva plana pode ser representada por infinitos pares de equações
paramétricas do tipo {x = f(t), y = g(t), com t ∈ I ⊆ IR}. É costume dizer-se que
cada uma destas representações constitui uma parametrização diferente da
mesma curva. Portanto, quando nos referimos a uma curva paramétrica plana,
estamos a falar de uma curva plana com uma parametrização bem definida.

Definição: A orientação de uma curva paramétrica plana é o sentido em


que a curva é percorrida quando o parâmetro da curva aumenta.

A orientação de uma curva está intimamente associada à parametrização


utilizada para descrever essa curva, e poderá ser invertida se utilizarmos uma
parametrização diferente para a mesma curva.

31
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Se for possível eliminar o parâmetro t das equações paramétricas, perde-se a
informação acerca da orientação da curva, e pode mesmo acontecer que a
extensão do gráfico da curva seja alterada.

7.2.2 Equações paramétricas da recta

Qualquer recta do plano Oxy pode sempre ser representada pelas suas equações
paramétricas, que exprimem x e y como funções lineares do parâmetro t:

⎧x = x o + a t
⎨ , com t ∈ IR
⎩y = y o + b t

em que (xo, yo) são as coordenadas rectangulares de um ponto arbitrário da


recta, e em que a e b são duas constantes relacionadas com o seu declive:

Se a ≠ 0 e b ≠ 0, o parâmetro t pode ser facilmente eliminado daquelas duas


equações, obtendo-se a equação da recta em coordenadas rectangulares:

x − xo y − yo b
= ⇒ y − y o = (x − x o )
a b a

32
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
b
pelo que o declive da recta é exactamente igual a . Se a = 0 e b ≠ 0, obtém-se
a
a recta vertical x = xo; se a ≠ 0 e b = 0, obtém-se a recta horizontal y = yo.

7.2.3 Equações paramétricas da elipse (circunferência)

Qualquer elipse de semieixos paralelos aos eixos coordenados pode sempre ser
representada pelas equações paramétricas

⎧x = x o + a cos t
⎨y = y + b sen t , com t ∈ [0, 2π], a > 0 e b > 0
⎩ o

em que a e b representam o comprimento dos semieixos da elipse na direcção


dos eixos Ox e Oy, respectivamente, e (xo, yo) são as coordenadas rectangulares
do seu centro. A orientação associada a esta representação paramétrica equivale
a percorrer a elipse no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio:

O parâmetro t pode agora ser eliminado utilizando a identidade fundamental da


Trigonometria, obtendo-se a equação em coordenadas rectangulares de uma
elipse centrada em (xo, yo) e com os eixos paralelos a Ox e a Oy:

33
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________

2 2 (x − x o )2 (y − y o )2
cos t + sen t = 1 ⇒ + =1
a 2 b 2

Se a = b, as equações acima escritas (quer as equações paramétricas, quer a


equação em coordenadas rectangulares) representam uma circunferência de raio
a centrada no ponto de coordenadas rectangulares (xo, yo).

Exemplo 7.6 Orientação associada a duas parametrizações diferentes da


circunferência de raio 1 centrada na origem, de equação
x2 + y2 = 1:

⎧x = cos t
Se utilizarmos a parametrização ⎨ , 0 ≤ t ≤ 2π, a circunferência é
⎩y = sen t
descrita a partir do ponto de coordenadas (1, 0) no sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio:

t 0 π/2 π 3π/2 2π
x 1 0 –1 0 1
y 0 1 0 –1 0

⎧x = cos t
Se, porém, utilizarmos a parametrização ⎨ , 0 ≤ t ≤ 2π, a mesma
⎩y = − sen t
circunferência é descrita a partir do ponto de coordenadas (1, 0) no sentido dos
ponteiros do relógio:

t 0 π/2 π 3π/2 2π
x 1 0 –1 0 1
y 0 –1 0 1 0

34
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
7.2.4 Equações paramétricas do ciclóide

O ciclóide é a curva descrita por um ponto fixo P da periferia de um círculo de


raio a, quando esse círculo roda sem deslizar ao longo do eixo Ox:

As equações paramétricas do ciclóide são (ver exemplo seguinte):

⎧x = a (t − sen t)
⎨ , com t ∈ IR e a ∈ IR+
⎩y = a (1 − cos t)

Exemplo 7.7 Dedução geométrica das equações paramétricas do ciclóide:

35
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
As equações paramétricas do ciclóide podem ser deduzidas geometricamente se
interpretarmos o parâmetro t como sendo o ângulo de rotação do círculo,
expresso em radianos (ver figura anterior):

1. arco PT = OT, porque o círculo roda sem deslizar, e o ponto P


encontrava-se inicialmente em O;
2. arco PT = at, porque é o comprimento de um arco de circunferência de
raio a e ângulo-ao-centro t;
3. PQ = OT – Ox = at – x (evidente da figura);
4. PQ = a sen t, do triângulo rectângulo PQC;
5. at – x = a sen t ⇒ x = at – a sen t = a (t – sen t), de 3. e 4.;
6. CQ = Oa – Oy = a – y (evidente da figura);
7. CQ = a cos t, do triângulo rectângulo PQC;
8. a – y = a cos t ⇒ y = a – a cos t = a (1 – cos t), de 6. e 7.

É possível eliminar o parâmetro t das equações paramétricas e relacionar


directamente x com y, mas o resultado que se obtém por este processo é muito
mais complicado do que as equações paramétricas acima escritas.

7.2.5 Funções definidas por representações paramétricas

Definição: Uma curva plana representada pelo par de equações paramétricas


{x = f(t),y = g(t), com t ∈ I ⊆ IR}, diz-se uma curva suave (ou
dx dy
curva lisa) se as derivadas e forem contínuas e não se
dt dt
anularem simultaneamente para nenhum valor de t ∈ I.

Mostremos que uma curva paramétrica suave pode sempre ser considerada
como sendo o gráfico de uma função do tipo y = F(x) numa certa vizinhança de
dx
qualquer ponto da curva onde ≠ 0:
dt

dx
> 0 (ou < 0), ∀t ∈ I ⇒ x = f(t) é crescente (ou decrescente), ∀t ∈ I ⇒
dt

–1 –1
⇒ Existe a função inversa t = f (x) ⇒ y = g(t) = g(f (x)) = F(x)

36
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Os dois gráficos seguintes mostram estas situações para o caso em que I = [a,b]:

dx
Repare-se bem que, se ≠ 0, apenas podemos garantir que a função y = F(x)
dt
existe, mas isso não significa que possamos saber qual é essa função! Para isso
acontecer, teríamos de ser capazes de eliminar o parâmetro t das duas equações
paramétricas, o que na maior parte dos casos é impossível.

7.2.5.1 Derivação de funções do tipo y = F(x)


definidas por representações paramétricas

dx
Se for verificada a condição ≠ 0 num intervalo contido em I, a derivada da
dt
função y = F(x) nesse intervalo poderá ser obtida directamente das equações
paramétricas, sem que seja necessário eliminar o parâmetro t para conhecer a
função y = F(x).

dx –1 –1
De facto, se ≠ 0, mostrámos acima que t = f (x) ⇒ y = g(f (x)) = F(x).
dt
Aplicando as conhecidas regras de derivação da função composta e da função
inversa, obtém-se o seguinte resultado para a derivada de F(x):

( )

(
F´(x) = ⎡g f −1 (x) ⎤ = g ′ f −1 (x) ) (f −1(x))

( −1
) (
= g ′ f (x)
1 g′ (f −1(x))
) (f −1(x))
=
⎢⎣ ⎥⎦ −1
f ′ f (x) f′

37
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
–1
Substituindo agora f (x) por t na última expressão, vem o resultado pretendido:

g ′(t)
F´(x) = , se f´(t) ≠ 0
f ′(t)

Repare-se que nesta fórmula o símbolo de derivação se refere à variável x no 1º


membro e à variável t no 2º membro! Se utilizarmos a notação diferencial para
as derivadas, o resultado é muito mais “intuitivo” e fácil de memorizar:

dy
dy dt dx
= , se ≠0
dx dx dt
dt

g ′(t)
Para calcularmos F´´(x), basta repetir o procedimento anterior, derivando
f ′(t)
em ordem a x por intermédio de t:


d ⎛ g ′(t) ⎞ ⎛ g ′(t) ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
d ⎛ g ′(t) ⎞ dt ⎝ f ′(t) ⎠ ⎝ f ′(t) ⎠
F´´(x) = ⎜ ⎟ = = , se f´(t) ≠ 0
dx ⎝ f ′(t) ⎠ dx f ′(t)
dt

Este resultado também pode ser escrito utilizando apenas a notação diferencial:

d ⎛ dy/dt ⎞
d2y d ⎛ dy ⎞ dt ⎝ dx/dt ⎠ dx
= = , se ≠0
dx 2 dx ⎝ dx ⎠ dx dt
dt

Exemplo 7.8 Considere a curva paramétrica seguinte:


⎧⎪x = 2t 2 + 1
⎨ , com t ∈ IR .
⎪⎩y = 3t 3 + 2
(a) Escreva a equação da tangente à curva no ponto onde
o parâmetro t toma o valor 1;
(b) Determine o sinal da concavidade no mesmo ponto.

38
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
(a)

⎧ dx
⎪ dt = 4t dy 9t 2 9t
⎨ dy ⇒ = = , se t ≠ 0
⎪ = 9t 2 dx 4t 4
⎩ dt

⎛ dy ⎞ 9
Para t = 1, obtém-se x = 3, y = 5 e = , logo a equação da tangente à
⎝ dx ⎠ t = 1 4
9
curva no ponto correspondente a t = 1 será: (y – 5) = (x – 3).
4

(b)

d ⎛ 9 t⎞ 9
d2y d ⎛ 9 t⎞ dt ⎝ 4 ⎠ 9
= = = 4 = , se t ≠ 0 ⇒
dx 2 dx ⎝ 4 ⎠ dx 4t 16 t
dt

⎛ d2y⎞ 9
⇒ ⎜ ⎟ = > 0 ⇒ concavidade positiva.
2
⎝ dx ⎠ t = 1 16

7.2.5.2 Integração de funções do tipo y = F(x)


definidas por representações paramétricas

Suponhamos que era dada a curva paramétrica suave de equações {x = f(t),


y = g(t)}, com a ≤ t ≤ b; para garantir que esta curva representa o gráfico de uma
função não-negativa y = F(x) no intervalo [c,d] correspondente, vamos admitir
dx
que ≠ 0 e que y = g(t) ≥ 0 em [a,b]:
dt

Podemos então calcular directamente a área delimitada pelo gráfico de y = F(x)


e pelo eixo Ox entre c e d, utilizando as equações paramétricas da curva, mesmo
sem conhecermos a função F(x):

39
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
d d ⎛ y = g(t) ⎞ **
∫ ∫ ∫
dx
A= F(x) dx = y dx = ⎜ dx ⎟ = y(t) dt
dx = dt dt
c c ⎝ dt ⎠ *

em que a notação y(t), aqui utilizada pela primeira vez, significa que devemos
exprimir y em função de t (y = g(t)) para calcularmos o integral, e em que * = a
dx dx
e ** = b se > 0, mas * = b e ** = a se < 0, como se depreende facilmente
dt dt
das duas figuras abaixo representadas:

Note-se pois que a integração com respeito a t poderá ser feita de a para b ou de
b para a, conforme a orientação da curva paramétrica que representa o gráfico
de y = F(x); em qualquer dos casos, independentemente dessa orientação, isto
corresponde a uma integração com respeito a x feita de c para d.

O volume dos sólidos de revolução que se obtêm por rotação da mesma região
do plano em torno de Ox ou de Oy também pode ser calculado directamente a
partir da representação paramétrica, sem termos de eliminar o parâmetro t:

• Rotação em torno de Ox (método das secções rectas):

d d
Vx = π
∫c [F(x)]2 dx = π
∫c y2 dx =
⎛ y = g(t) ⎞ **

dx
= ⎜ dx ⎟ =π [y(t)]2 dt
dx = dt dt
⎝ dt ⎠ *

40
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
• Rotação em torno de Oy (método das cascas cilíndricas):

d d
Vy = 2π
∫c x F(x) dx = 2π
∫c x y dx =
⎛ ⎞
⎜ x = f(t) ⎟ **

dx
= ⎜ y = g(t) ⎟ = 2π x(t) y(t) dt
⎜ dx ⎟ * dt
⎜ dx = dt ⎟
⎝ dt ⎠

Nestes integrais, mais uma vez, a notação x(t) e y(t) significa que devemos
exprimir estas duas variáveis em função do parâmetro t, e os limites * e ** têm
dx dx
o significado já explicado: * = a e ** = b se > 0, ou * = b e ** = a se < 0.
dt dt

Exemplo 7.9 Calcule a área delimitada pelo arco de ciclóide de equações


paramétricas {x = t – sen t, y = 1 – cos t, 0 ≤ t ≤ 2π} e pelo
eixo Ox, e o volume que se obtém rodando essa região do
plano Oxy em torno do eixo Ox.

⎧x = t − sen t
⎨ , com 0 ≤ t ≤ 2π
⎩y = 1 − cos t

dx
= 1 – cos t
dt

2π 2π
∫ ∫
dx
A= y(t) dt = (1 – cos t) (1 – cos t) dt =
0 dt 0

41
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
2π 2π 3
∫ ∫
1
= (1 – 2 cos t + cos2t) dt = ( – 2 cos t + cos 2t) dt = 3π
0 0 2 2

2π 2π
∫0 ∫
dx
Vx = π [y(t)]2 dt = π (1 – cos t)2 (1 – cos t) dt =
dt 0

⎛ 2π ⎞
2π ⎜ ∫ cos t dt = 0 ⎟

∫(1 – 3 cos t + 3 cos2t – cos3t) dt = ⎜ 0
2π ⎟ =

∫ cos 3 t dt = 0⎟⎟
0

⎝ 0 ⎠

2π 2π 5 3

∫0 (1 + 3 cos2t) dt = π
∫ ( + cos 2t) dt = 5π2
0 2 2

Podemos calcular o comprimento do arco de curva suave, que constitui o gráfico


da função y = F(x) em [c,d], sem eliminar t das equações {x = f(t), y = g(t)}:

d d 2
∫c ∫c
⎡ dy ⎤
s= 1 + [F′(x)]2 dx = 1+ ⎢ ⎥ dx =
⎣ dx ⎦

2 2
⎛ dy ⎞ ⎡ dx ⎤ ⎡ dy ⎤
** ⎢⎣ dt ⎥⎦ + ⎢⎣ dt ⎥⎦ dx
=⎜

dy dx ⎟
= dt ; dx = dt = dt =
⎜ dx dx dt ⎟⎟ 2 dt
⎜ * ⎡ dx ⎤
⎝ dt ⎠ ⎢⎣ dt ⎥⎦

dx
** 2 2 b 2 2
∫* ∫a
⎡ dx ⎤ ⎡ dy ⎤ dt ⎡ dx ⎤ ⎡ dy ⎤
= ⎢⎣ dt ⎥⎦ + ⎢⎣ dt ⎥⎦ dt = ⎢⎣ dt ⎥⎦ + ⎢⎣ dt ⎥⎦ dt
dx
dt

dx
A justificação da última passagem é a seguinte: (* = a e ** = b) se >0 ⇒
dt
dx dx dx dx dx
⇒ = , mas (* = b e ** = a) se <0 ⇒ =– . Portanto,
dt dt dt dt dt
dx dx
neste caso, a integração é sempre feita de a para b, quer > 0, quer < 0.
dt dt

42
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________

Exemplo 7.10 Calcule o comprimento do arco de ciclóide de equações


paramétricas {x = t – sen t, y = 1 – cos t}, em que 0 ≤ t ≤ 2π.

⎧x = t − sen t
⎨ , com 0 ≤ t ≤ 2π
⎩y = 1 − cos t

dx dy
= 1 – cos t ; = sen t
dt dt

2π 2 2 2π
∫0 ∫
⎡ dx ⎤ ⎡ dy ⎤
s= ⎢⎣ dt ⎥⎦ + ⎢⎣ dt ⎥⎦ dt = (1 − cos t )2 + (sen t )2 dt =
0


=
∫0 2 − 2 cos t dt = [porque 1 – cos t ≡ 2 sen2 (t/2)]

2π 2π
=
∫0 4 sen 2 (t /2) dt =
∫0 2 sen (t /2) dt =

[porque 0 ≤ t ≤ 2π ⇒ 0 ≤ t/2 ≤ π ⇒

⇒ sen (t/2) ≥ 0 ⇒ sen (t /2) = sen (t/2)]


=2
∫0 sen (t/2) dt = 8

43
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
7.2.5.3 Derivação e integração de funções do tipo x = G(y)
definidas por representações paramétricas

Uma curva paramétrica suave de equações {x = f(t), y = g(t), com t ∈ I ⊆ IR}


pode sempre ser considerada como sendo o gráfico de uma função do tipo x =
dy
= G(y) numa certa vizinhança de qualquer ponto da curva onde ≠ 0:
dt

dy
> 0 (ou < 0), ∀t ∈ I ⇒ y = g(t) é crescente (ou decrescente), ∀t ∈ I ⇒
dt

⇒ Existe a função inversa t = g–1(y) ⇒ x = f(t) = f(g–1(y)) = G(y)

Os dois gráficos seguintes mostram estas situações para o caso em que I = [a,b]:

É possível escrever fórmulas análogas às que deduzimos atrás para calcular


derivadas ou integrais (por exemplo áreas, ou volumes de sólidos de revolução,
ou comprimentos de arcos de curva), sem termos necessidade de eliminar o
parâmetro t, ou seja, sem termos de conhecer a função x = G(y).

Por exemplo, a derivada da função x = G(y) será agora dada pela fórmula:

dx
dx dt dy
= , se ≠0
dy dy dt
dt

44
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
dy dy
Se > 0 ou < 0, e se adicionalmente for x = f(t) ≥ 0 em [a,b], a área que é
dt dt
delimitada pelo gráfico de x = G(y) em [c,d] e pelo eixo Oy é dada por:

d ⎛ x = f(t) ⎞
d **
∫ ∫ ∫
dy
A= G(y) dy = x dy = ⎜ dy ⎟ = x(t) dt
dy = dt dt
c c ⎝ dt ⎠ *

dy dy
em que (* = a e ** = b) se > 0, mas (* = b e ** = a) se < 0. As fórmulas
dt dt
para o cálculo de volumes de sólidos de revolução e comprimentos de arcos de
curva no caso em que x = G(y) podem ser facilmente deduzidas.

7.2.6 Representação paramétrica de curvas


em coordenadas polares

Uma curva plana também pode ser representada se exprimirmos as coordenadas


polares (r, θ) de um ponto “corrente” da curva como funções contínuas de um
parâmetro t qualquer:

⎧ r = r(t)
⎨ , com t ∈ I ⊆ IR
⎩θ = θ(t)

Esta representação paramétrica em coordenadas polares pode sempre ser


transformada numa representação paramétrica da mesma curva em coordenadas
rectangulares, com a mesma parametrização:

⎧x = r cos θ = r(t) cos (θ(t)) = f(t)


⎨ , com t ∈ I ⇒
⎩y = r sen θ = r(t) sen (θ(t)) = g(t)

⎧ dx dr dθ
⎪ dt = dt cos (θ(t)) − r(t) sen (θ(t)) dt

⇒ ⎨
⎪ dy dr dθ
⎪ = sen (θ(t)) + r(t) cos (θ(t))
⎩ dt dt dt

45
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Supondo que as equações paramétricas acima escritas definem uma função
y = F(x) (ou x = G(y)) num intervalo contido em I, podemos agora utilizar as
dx dy
expressões de x = f(t), y = g(t), e acima obtidas para calcular derivadas
dt dt
e/ou integrais (áreas, volumes, etc.) envolvendo essa função, sem termos de
saber exactamente qual é a função, conforme foi explicado atrás.

Exemplo 7.11 A trajectória de uma partícula material no plano Oxy pode


⎧⎪ r = cos t
ser representada pelas equações paramétricas ⎨ 1 ,
⎪⎩θ = t
2
com t ≥ 0, em que t é o tempo. Qual a forma da trajectória da
partícula? Quais as componentes da velocidade segundo os
eixos Ox e Oy em cada instante t?

⎧⎪ r = cos t
⎨θ = 1 t ⇒ t = 2θ ⇒ r = cos 2θ (rosácea de 4 laços)
⎪⎩ 2

A partícula inicia o seu movimento no instante t = 0 no ponto de coordenadas


rectangulares (1, 0), e percorre a rosácea de 4 laços representada na figura junta,
voltando ao ponto de partida quando t = 4π (θ = 2π), e recomeçando novamente
a percorrer a mesma trajectória.

46
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
dx dy
As componentes da velocidade da partícula em cada instante t são e :
dt dt

⎧ ⎛1 ⎞
⎪⎪ x = r cos θ = cos t cos t
⎝2 ⎠
⎨ ⇒
⎪y = r sen θ = cos t sen ⎛ 1 ⎞
t
⎪⎩ ⎝2 ⎠

⎧ dx ⎛1 ⎞ 1 ⎛1 ⎞
⎪⎪ dt = − sen t cos t − cos t sen t
⎝2 ⎠ 2 ⎝2 ⎠
⇒ ⎨

dy ⎛1 ⎞ 1 ⎛1 ⎞
= − sen t sen t + cos t cos t
⎪⎩ dt ⎝2 ⎠ 2 ⎝2 ⎠

7.2.7 Utilização da coordenada θ como parâmetro

Sempre que uma curva polar puder ser representada por uma equação explícita
do tipo r = r(θ), a escolha mais natural para o parâmetro t da curva polar é a
própria coordenada angular θ:

⎧x = r cos θ = r(θ) cos θ = f(θ)


r = r(θ) ⇒ ⎨ ⇒
⎩y = r sen θ = r(θ) sen θ = g(θ)

⎧ dx dr
⎪ dθ = dθ cos θ − r(θ) sen θ

⇒ ⎨
⎪ dy dr
⎪ = sen θ + r(θ) cos θ
⎩ dθ dθ

Supondo que a curva polar de equação r = r(θ) representa uma função y = F(x)
(ou x = G(y)) no intervalo considerado, podemos agora utilizar as expressões
acima obtidas para calcular derivadas e/ou integrais (áreas, volumes, etc.)
envolvendo essa função, sem termos de saber exactamente qual é a função. Por
dy
exemplo, se quisermos calcular = F´(x):
dx

47
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
dy dr
dy sen θ + r(θ) cos θ
= dθ = dθ
dx dx dr
cos θ − r(θ) sen θ
dθ dθ

dx dr
desde que ≠ 0, ou seja, cos θ ≠ r(θ) sen θ.
dθ dθ

Exemplo 7.12 Obtenha as coordenadas polares dos pontos do cardióide de


equação r = 1 – cos θ onde a tangente ao gráfico é vertical.

dy dx
Tangente vertical ⇒ → ±∞ ⇒ =0
dx dy

⎧ dx
⎧x = r cos θ = (1 − cos θ) cos θ ⎪ dθ = sen θ (2 cos θ − 1)
⎨ ⇒ ⎨
⎩y = r sen θ = (1 − cos θ) sen θ ⎪
dy
= cos θ − cos 2θ
⎩ dθ

dx
dx dθ = 0 ⇒ dx = 0 ∧ dy ≠ 0 ⇒
=
dy dy dθ dθ

48
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
⇒ sen θ (2 cos θ – 1) = 0 ∧ cos θ – cos 2θ ≠ 0 ⇒

⇒ (sen θ = 0 ∨ cos θ = 1/2) ∧ cos θ – cos 2θ ≠ 0 ⇒

⇒ (θ = 0 ∨ θ = π ∨ θ = 2π ∨ θ = π/3 ∨ θ = 5π/3) ∧ cos θ – cos 2θ ≠ 0 ⇒

⇒ θ = π/3 (r = 1/2) ∨ θ = π (r = 2) ∨ θ = 5π/3 (r = 1/2)

Se a curva polar de equação r = r(θ) passar pela origem das coordenadas quando
dr
θ = θo (isto é, se r(θ) = 0 ⇒ θ = θo), e se ≠ 0 no mesmo ponto, então,

dr
dy sen θ + r(θ) cos θ
substituindo r(θ) = 0 e θ = θo na equação = dθ e
dx dr
cos θ − r(θ) sen θ

⎛ dy ⎞
simplificando, obtemos imediatamente = tg θo, o que significa que a
⎝ dx ⎠ r = 0
recta θ = θo é tangente à curva polar r = r(θ) na origem (r = 0):

Exemplo 7.13 A rosácea de equação r = 2 cos 3θ, com 0 ≤ θ ≤ π, passa três


vezes pela origem das coordenadas. Calcule o declive das
três rectas tangentes à rosácea na origem.

π
Na origem das coordenadas, r = 0 ⇒ cos 3θ = 0 ⇒ 3θ = (2k + 1) ,k∈Z ⇒
2
π
⇒ θ = (2k + 1) , k ∈ Z. Como 0 ≤ θ ≤ π, as três soluções possíveis são:
6

49
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
π 3π π 5π
θ = (k = 0) ; θ= = (k = 1) ; θ= (k = 2)
6 6 2 6

dr
Verifiquemos se ≠ 0 em cada um destes três pontos:

⎧ dr
⎪⎛ ⎞ = − 6 sen (π /2) = − 6 ≠ 0
⎪⎝ dθ ⎠ θ = π /6
dr ⎪⎪⎛ dr ⎞
= – 6 sen 3θ ⇒ ⎨ = − 6 sen (3 π /2) = 6 ≠ 0
dθ ⎝ dθ ⎠ θ = π /2

⎪⎛ dr ⎞
⎪⎝ ⎠ = − 6 sen (5 π /2) = − 6 ≠ 0
⎪⎩ dθ θ = 5π /6

π π 5π
Podemos então concluir que as rectas de equações θ = ,θ= eθ= são
6 2 6
tangentes à rosácea de equação r = 2 cos 3θ na origem das coordenadas:

A fórmula que permite calcular o comprimento de um arco de curva suave tem


um aspecto muito simples para uma curva polar de equação explícita r = r(θ):

2 2 2 2
⎛ dx ⎞ ⎛ dy ⎞ ⎛ dr ⎞ ⎛ dr ⎞
+ = cos θ − r(θ) sen θ + sen θ + r(θ) cos θ
⎝ dθ ⎠ ⎝ dθ ⎠ ⎝ dθ ⎠ ⎝ dθ ⎠

50
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Desenvolvendo o 2º membro e simplificando (verificar!), obtém-se:

2 2 2
⎛ dx ⎞ ⎛ dy ⎞ 2 ⎛ dr ⎞
+ = [r(θ)] +
⎝ dθ ⎠ ⎝ dθ ⎠ ⎝ dθ ⎠

Substituindo este resultado na fórmula que foi obtida atrás para o cálculo do
comprimento de um arco de uma curva paramétrica suave, com t = θ, a = α e
b = β, obtém-se a fórmula pretendida:

β 2
∫α [r(θ)]2 + ⎛⎝ ⎞⎠
dr
s= dθ

Exemplo 7.14 Calcular o comprimento do cardióide de equação r = 1 – cos θ.

dr
r(θ) = 1 – cos θ ⇒ = sen θ ⇒

2
2 ⎛ dr ⎞
⇒ [r(θ)] + = (1 – cos θ)2 + (sen θ)2 = 2 – 2 cos θ =
⎝ dθ ⎠

= 2 (1 – cos θ) = [1 – cos θ ≡ 2 sen2 (θ/2)] = 4 sen2 (θ/2) ⇒

2
[r(θ)]2 + ⎛⎝ ⎞⎠
dr
⇒ = 2 sen 2 (θ/2) = 2 sen (θ/2)

2
[r(θ)]2 + ⎛⎝ ⎞⎠
dr
0 ≤ θ ≤ 2π ⇒ 0 ≤ θ/2 ≤ π ⇒ sen (θ/2) ≥ 0 ⇒ = 2 sen (θ/2)


∫0

s= 2 sen (θ/2) dθ = [– 4 cos (θ/2)] = – 4 cos π + 4 cos 0 = 8.
0

51
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Problemas propostos / Secção 7.2

1. Em cada caso, elimine o parâmetro t e represente graficamente a


correspondente curva, indicando qual a sua orientação:
(a) x = 3t – 4, y = 6t + 2, t ∈ IR ;
(b) x = 2 cos t, y = 5 sen t, 0 ≤ t ≤ 2π;
(c) x = t2, y = t3, t ∈ IR ;
(d) x = t2, y = 2 ln t, t ≥ 1.

2. Para cada uma das curvas paramétricas abaixo referidas, escreva a


equação da tangente à curva no ponto indicado, e verifique em seguida se
a concavidade é positiva ou negativa no mesmo ponto, tudo isto sem
eliminar o parâmetro t:
(a) x = 2t3 + 2 , y = 3t2 + 1, quando t = 1;
(b) x = t sen t, y = t cos t, quando t = π/2;
3t 3t 2
(c) x = ,y= , quando t = 1.
1+ t 3 1+ t 3

3. Em cada caso, determine a área delimitada pela curva paramétrica dada e


pelo eixo Ox, e calcule em seguida o volume que se obtém ao rodar essa
região em torno do eixo Ox:
(a) x = t3, y = 2t2 + 1, – 1 ≤ t ≤ 1;
(b) x = e3t, y = e–t, 0 ≤ t ≤ ln 2;
(c) x = cos t, y = sen2 t, 0 ≤ t ≤ π;
(d) x = cos t, y = et, 0 ≤ t ≤ π.

4. Em cada caso, determine o comprimento da curva paramétrica dada:


2
(a) x = 2t, y = t3/2, 5 ≤ t ≤ 12;
3
1 2 1
(b) x = t , y = t3, 0 ≤ t ≤ 1;
2 3
(c) x = sen t – cos t, y = sen t + cos t, π ≤ 4t ≤ 2π;
(d) x = et sen t, y = et cos t, 0 ≤ t ≤ π.

52
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
5. Para cada uma das curvas polares abaixo referidas, escreva a equação da
tangente à curva no ponto indicado:
(a) r = exp ( 3θ), quando θ = π/2;
(b) r = sen 3θ, quando θ = π/6;
1
(c) r = , quando θ = 2.
θ

6. Determine as coordenadas rectangulares de todos os pontos da curva


polar r = 1 – 2 sen θ em que a tangente à curva é horizontal.

7. Em cada caso, determine o comprimento da curva polar dada:


(a) r = eθ/2, 0 ≤ θ ≤ 4π;
(b) r = θ, 2π ≤ θ ≤ 4π.

Soluções dos problemas propostos / Secção 7.2

1. (a) y = 2x + 10;
(b) 25 x2 + 4 y2 = 100;

(c) y2 = x3;
(d) y = ln x, x ≥ 1.

53
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
2. (a) y = x e concavidade negativa;
π ⎛π ⎞
(b) y = − x e concavidade negativa;
2 ⎝2 ⎠
(c) y = – x + 3 e concavidade negativa.

22 358π
3. (a) e ;
5 35
9
(b) e 3π;
2

4 16π
(c) e ;
3 5
(d) (
1 π
2 )
e +1 e
π 2π
5 (
e +1. )

54
7.2 CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
74
4. (a) ;
3
(b)
1
3
(
2 2 −1; )


(c) ;
4
(d) (
2 eπ − 1 .)

3 π /2
5. (a) y=e – 3 x;
(b) y = 2 – 3 x;
⎛ sen 2 ⎞ ⎛ tg 2 − 2 ⎞ ⎛ cos 2 ⎞
(c) y − =⎜ ⎟ x − .
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 tg 2 + 1⎠ ⎝ 2 ⎠

55
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
6. ( ) ( )
(0, – 1), (0, – 3), 15 /8, 1/8 e − 15 /8, 1/8 .

7. (a) (
5 e2π − 1 ; )
⎡ 1 ⎛ ⎞
(b) ⎢⎣2π 1 + 16π 2 + ln 4π + 1 + 16π 2 –
2 ⎝ ⎠
1 ⎛ ⎞⎤
–π 1 + 4π 2 − ln 2π + 1 + 4π 2 ⎥ .
2 ⎝ ⎠⎦

56
7.A: CURVAS PLANAS DO 2º GRAU OU “CÓNICAS”
________________________________________________________________
7.A Curvas planas do 2º grau ou “cónicas”

Se exceptuarmos os chamados “casos degenerados” (por exemplo, x2 + y2 = 0,


ou y2 – x2 = 0) há apenas três tipos de curvas planas do 2º grau, que também
são chamadas (secções) “cónicas”: a parábola, a elipse (de que a circunferência
é um caso particular), e a hipérbole.

Iremos aqui recordar a representação analítica destas três curvas do 2º grau, mas
apenas no caso mais simples em que os eixos de simetria são paralelos aos eixos
coordenados no plano Oxy. Se for este o caso, pode-se mostrar que não aparece
o termo em xy na equação da curva do 2º grau, ou seja, ela será do tipo seguinte:
Ax2 + By2 + Cx + Dy + E = 0.

7.A.1 Parábola

A equação

(x – h)2 = ± 4p (y – k)

representa uma parábola com


vértice em (h,k) e eixo de
simetria paralelo a Oy,
“abrindo” na direcção positiva
ou na direcção negativa do eixo
Oy, conforme o sinal ± no 2º
membro.

O número positivo p, que aparece nesta equação e na seguinte, representa a


distância entre o vértice e o foco da parábola, em que ambos os pontos estão
situados sobre o eixo de simetria da parábola.

57
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________

A equação

(y – k)2 = ± 4p (x – h)

representa uma parábola com


vértice em (h,k) e eixo de
simetria paralelo a Ox,
“abrindo” na direcção positiva
ou na direcção negativa do eixo
Ox, conforme o sinal ± no 2º
membro.

7.A.2 Elipse

A equação

(x − h)2 (y − k)2
+ =1
a 2 b 2

com a > 0 e b > 0, representa


uma elipse com centro em (h,k)
e semieixos de comprimentos a
e b, na direcção dos eixos Ox e
Oy, respectivamente.

No caso particular em que a = b, resulta uma circunferência com centro em


(h,k), de raio a = b, cuja equação é (x – h)2 + (y – k)2 = a2.

58
7.A: CURVAS PLANAS DO 2º GRAU OU “CÓNICAS”
________________________________________________________________
7.A.3 Hipérbole

A equação

(y − k)2 (x − h)2
– =1
b 2 a 2

com a > 0 e b > 0, representa


uma hipérbole com centro em
(h,k) e eixo focal paralelo a Oy,
sendo a distância dos vértices
ao centro da hipérbole igual a
b.

O eixo focal duma hipérbole é a recta sobre a qual estão situados os dois focos,
assim como os dois vértices e o centro da hipérbole.

A equação

(x − h)2 (y − k)2
– =1
a2 b2

com a > 0 e b > 0, representa


uma hipérbole com centro em
(h,k) e eixo focal paralelo a Ox,
sendo a distância dos vértices
ao centro da hipérbole igual a
a.

59
CAPÍTULO # 7: COORD. POLARES/CURVAS PARAMÉTRICAS NO PLANO
________________________________________________________________
Para decidirmos qual destas curvas é que é representada por uma equação do
tipo Ax2 + By2 + Cx + Dy + E = 0, temos em 1º lugar de “completar o
quadrado” nas variáveis x e/ou y, para em seguida podermos comparar com as
equações acima escritas:

Exemplo 7A.1 Descreva de forma sucinta o gráfico no plano Oxy das


equações do 2º grau a seguir indicadas:
(a) y2 – 8x – 6y – 23 = 0;
(b) 16x2 + 9y2 – 64x – 54y + 1 = 0;
(c) x2 – y2 – 4x + 8y – 21 = 0.

(a) y2 – 8x – 6y – 23 = 0 ⇒ y2 – 6y = 8x + 23 ⇒

⇒ y2 – 6y + 9 = 8x + 32 ⇒ (y – 3)2 = 8 (x + 4).

Esta equação representa uma parábola com vértice em (– 4, 3) e eixo de simetria


paralelo a Ox, “abrindo” na direcção positiva do eixo Ox.

(b) 16x2 + 9y2 – 64x – 54y + 1 = 0 ⇒ 16 (x2 – 4x) + 9 (y2 – 6y) = – 1 ⇒

⇒ 16 (x2 – 4x + 4) + 9 (y2 – 6y + 9) = – 1 + 64 + 81 ⇒

(x − 2)2 (y − 3)2
⇒ 16 (x – 2)2 + 9 (y – 3)2 = 144 ⇒ + = 1.
9 16

Esta equação representa uma elipse com centro em (2, 3) e com semieixos de
comprimentos 3 e 4 na direcção dos eixos Ox e Oy, respectivamente.

(c) x2 – y2 – 4x + 8y – 21 = 0 ⇒ (x2 – 4x) – (y2 – 8y) = 21 ⇒

⇒ (x2 – 4x + 4) – (y2 – 8y + 16) = 21 + 4 – 16 ⇒

60
7.A: CURVAS PLANAS DO 2º GRAU OU “CÓNICAS”
________________________________________________________________

2 2 (x − 2)2 (y − 4)2
⇒ (x – 2) – (y – 4) = 9 ⇒ − = 1.
9 9

Esta equação representa uma hipérbole com centro em (2, 4) e eixo focal
paralelo a Ox, sendo a distância dos vértices ao centro da hipérbole igual a 3.

Problemas propostos / Secção 7.A

Descreva de forma sucinta o gráfico no plano Oxy das equações do 2º grau a


seguir indicadas:
(a) x2 – 4x + 2y = 1;
(b) x2 + 9y2 + 2x – 18y + 1 = 0;
(c) 4x2 – 9y2 – 16x – 54y – 29 = 0;
(d) y2 – 6y – 2x + 1 = 0;
(e) 5x2 + 9y2 + 20x – 54y = – 56;
(f) x2 – 4y2 + 2x + 8y – 7 = 0.

Soluções dos problemas propostos / Secção 7.A

(a) Parábola com vértice em (2, 5/2) e eixo de simetria paralelo a Oy,
“abrindo” na direcção negativa do eixo Oy;
(b) Elipse com centro em (– 1, 1) e com semieixos de comprimentos 3 e 1 na
direcção dos eixos Ox e Oy, respectivamente;
(c) Hipérbole com centro em (2, – 3) e eixo focal paralelo a Oy, sendo a
distância dos vértices ao centro da hipérbole igual a 2;
(d) Parábola com vértice em (– 4, 3) e eixo de simetria paralelo a Ox,
“abrindo” na direcção positiva do eixo Ox;
(e) Elipse com centro em (– 2, 3) e com semieixos de comprimentos 3 e 5 ,
na direcção dos eixos Ox e Oy, respectivamente;
(f) Hipérbole com centro em (– 1, 1) e eixo focal paralelo a Ox, sendo a
distância dos vértices ao centro da hipérbole igual a 2.

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