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∙ Estado de Natureza de Hobbes
Se observarmos os homens nesse Estado veremos que eles são absolutamente livres.
Somos seres ferozes por sabermos exatamente como matar e somos livres pra isso.
Liberdade de escolha e razão que auxilia na obtenção de meios e fins para realizar a
igualdade.
“Nada é mais igual que o ser humano, apesar das vísiveis diferenças físicas, econômicas, de
poder. Contudo, ela se manifesta onde o mais débil é capaz de matar o mais poderoso rei.
Somos igualmente livres e racionais.
PORÉM, diz Hobbes, isso é um fator de confusão entre os homens, já que a natureza não
determina o que pode ou não ser feito para obtenção dos objetos, logo, os desejos entram em
conflito. Posso disputar com o outro meu objeto, enfim, isso leva a uma guerra de todos contra
todos, já que não há um limite para essa busca. Nos fragilizamos de nossa liberdade ao
precisarmos nos defender 24h por dia. Essa insegurança é a pior sensação e deve ser superada.
Estamos capturados nessas teias. Somos capazes de fazer qualquer coisa por isso e esse
qualquer coisa é a Guerra. Isso tudo, diz Hobbes, quando não existe Lei ou Poder Comum,
conduz realmente à Guerra. Contudo, da mesma forma que três paixões levam o homem à
guerra, três conduzem-no à paz:
Isso faz com que prefiramos a paz à guerra. Ele diz ser interessante pensar isso, pois
quando os homens estão em guerra não há espaço de incentivo, para a criação. Não podemos
desenvolver as artes, a sociedade.
Além dessas paixões, o homem é inspirado pela razão, a qual sugere adequadas regras da paz,
que podem ser alcançadas por comum-acordo (contrato). Essas normas da razão, normas da
paz sugeridas pela razão, são chamadas de leis da natureza por Hobbes. Aí reside a
distinção entre Direito Natural e Direito Positivo.
∙ Dualismo doutrinário
- Direito Positivo: conjunto de normas posto por autoridades competentes no âmbito da
natureza.
- Direito Natural - Leis da Natureza do mundo Ético, não do mundo Físico. Na
modernidade, a natureza ganhou outro nome: Ordem da Racionalidade. As leis da Natureza
correspondem às leis da razão. A razão dá a todos os seres racionais leis anteriores ao Direito
Positivo, e que duraria mesmo com sua extinção e deveria estar expressa nele. A própria razão
dá leis ao homem. Quando refletimos, pensamos, nos reconhecemos como seus autores.
Positivados, representam os Direitos e Deveres Fundamentais. Essa legalidade inspira o
contrato. O Direito Natural (racionalismo moderno) é sempre considerado universal, imutável
e qualificador da conduta humana. Não é mera forma como o Direito Positivo, é conteúdo.
Respeito à vida, liberdade, igualdade. Elas não determinam o corpotamento, já que se o
fizesse, não começariamos guerra, atentaríamos contra nós mesmos ou contra os outros.
Esse Direito é Erga omnes – Para todos. Acima do Direito Positivo com que trabalhamos. É
a lei que esclarece, e aí entramos no período do Iluminismo. Sem o respeito a esse Direito, não
há como ter uma vida boa, uma sociabilidade segura. Nós devemos defender esses direitos
como defendemos o nosso ambiente, porque uma vez degradados esses direitos, degrada-se
nossa condição e qualidade de vida. Esses direitos estabelecem o Sistema Axiológico de
Referência que inspirará o Direito a ser positivado. Equivale a um conjunto de princípios
éticos universal, mas que NÃO DETERMINA NOSSO COMPORTAMENTO. Hobbes diz
então que podemos saír do Estado de Guerra através daquelas três paixões. Saímos da Guerra
então esclarecidos pela Lei de Natureza.
No Estado Moderno e Laico, preconiza-se a liberdade de religião a seus cidadãos sem que ele
próprio assuma alguma, para que todas sejam igualmente respeitadas. Nenhuma de suas leis pode se
sobrepor às igrejas. A liberdade religiosa deve comprometer, inclusive, os que não têm religião. Sob
esses princípios da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade, baseia-se o estado, mas
com a proibição do uso de burca pelas mulheres muçulmanas na França, desiguala-se as mulheres.
Isso na verdade é uma questão xenófoba. O Estado de Origem representa a casa do cidadão. Dentro
dela, pode-se transitar por todos os cômodos. Em um país exterior, deve-se oferecer sua sociabilidade
e disposição a seguir as regras deles, tendo em contrapartida o oferecimento da sociabilidade deles
também.
∙ Ética x Moral:
Hobbes também diz que quem transfere o Direito também transfere os meios para que os
outros possam exercê-lo. Assim quando um homem concede a um homem o direito de
Marjorie Carvalho de Souza
governá-lo, transfere também os meios suficientes e necessários para o governo. Isso se dá
previamente ao contrato, através de um pacto (compromisso que eu tenho com a minha
palavra perante o outro. Ex: eu transfiro o meu direito com a garantia de que confiras o teu).
Nesse momento não há a espada, a coerção externa que faz valer o contrato. O que existe é a
palavra. Quando criticamos o contrato, criamos ruínas nele, e há muito tempo nossos pactos
estão quebrados. Esse pacto diz que nós vamos deixar de usar a força contra os outros, e essa
força é dada ao soberano. E nós que não temos lei comum, vamos nos submeter à lei do
soberano. Quem dá ao outro o direito de gover, dá ao outro os meios de governar. Poder
político do pacto, do qual decorre o contrato, é o monopólio da força mais o monopólio da
legislação. Soberano poderá fazer da sua vontade a lei de todos. E além de tudo deterá o
monopólio exclusivo da força para fazer valer sua lei, e aquela que transgedi-la sofrerá sanção.
Reiterando: Leis da Natureza não se confundem com o Direito natural, porque este último é
a faculdade de agir ou omitir, e a lei da natureza é a obrigação de agir ou omitir.
Hobbes diz portanto que no Estado de Natureza não há possibilidade de propriedade, pois tudo
é de todos, logo, não posso dizer o que é meu ou estabelecer o que é do outro. Só quando
renuncio ao meu direito de todas as coisas é que passo a exercer o meu direito sobre as minhas
coisas. Aí Hobbes diz que devemos trabalhar com a terceira lei da Natureza, a qual diz que é
obrigatório o pacto. É obrigatorio que os homens cumpram-no e celebrem-no, porque se os
homens não cumprissem seu pacto, voltariam a ser os donos de todas as coisas, e isso os
coloca em Guerra (a pior condição para o Ser humano). Assim, diz Hobbes, o cumprimento
dos pactos é sinônimo de justiça.
Acrescenta Hobbes: a natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos. A validade dos
pactos começa com o estabelecimento de um poder civil que obrigue os homens a cumprir o
pacto. Diante dessa instituiçao, tem início o Direito de Propriedade. (Essa propriedade é
necessariamente privada).
A justiça das ações, no entando, para Hobbes, é dividida em:
Marjorie Carvalho de Souza
a) Justiça comutativa (antecede o direito de Justiça distributiva, já que ela só distribui
mas não explica a origem da propriedade. Conditio sine qua non – Condição indispensável,
necessária para que haja distributiva). É a Justiça própria dos contratos, aquela que diz que
cada um deve renunciar o Direito sobre todas as coisas. A justiça comutativa, portanto, é a
Justiça que implica em igualdade na renúncia. Todos renunciam ao seu Direito sobre todas as
coisas. Ela está associada à reciprocidade, à justiça que prevê a renúnica reciproca ao direito
sobre todas as coisas. Ex: todos se submetem igualmente à lei.
b) Justiça distributiva
Aquela própria do Estado. É aquele que vai estabelecer o que é de cada um conforme os seus
méritos. Dá a cada um o que é seu. Dá a cada um o que lhe pertence. Ela distribui a
propriedade. . Ex: Estarmos cursando a faculdade de Direito de Santa Catarina. A distribuição
das vagas foi por mérito.
No estado de natureza nao haveria justiça nem injustiça. A justiça é uma convençao, uma
criação, nao é algo natural. A justiça, como o Direito, são criaçoes humanas, não revelações
divinas. O homem é que constrói isso.
Esses autores não estão preocuapdos com as formas de governo. O que eles dizem é
que sempre melhor o governo das leis do que o governo dos homens. Mas eles têm
posições, por exemplo, a preferência de Hobbes é uma monarquia absoluta. Mas o que
importa é o cumprimento dos pactos. Cumprir o pacto o compromisso do sujeito consigo
mesmo perante o outro. Portanto, se cumprir o pacto é respeitar a palavra individual, o
cumprimento do contrato é cumprir a lei (que é a palavra de todos). Se eu não cumpro os
pactos, eu não cumpro a lei. Se eu não respeito minha palavra, porque eu irei respeitar a
palavra de todos. É esse o problema do brasileiro, se não respeitamos a palavra para
obter vantagens específicas, de que adiantam as leis.
10 Leis da Natureza/Razão:
∙ Além das três leis fundamentais, Hobbes vai estabelecer mais sete. Para que ninguém possa
fazer aquilo que não deve, nós podemos sintetizar as dez leis da natureza na seguinte frase:
Faz aos outros aquilo que gostarias que te fizessem.
∙ Essas leis soam razoáveis até hoje, contudo, são precárias, uma vez que constantemente
fazemos com o outro aquilo que não gostaríamos que fizessem a nós mesmos e elas natureza
obrigam o homem apenas in foro interno. Apenas em consciência. Contudo, a tônica de nossa
cultura é fazer cada vez mais que nos desobriguemos em nossa consciência. E é da cultura que
surge a lei, e a sua internalização nos humaniza, pois nos faz reconhecer como humanos bem
como reconhecer ao outro. Essa obrigaçao interna é a obrigação própria do pacto. Somos
obrigados em consciência a respeitar nossa palavra. Nada nos obriga externamente. Essas leis
são leis da natureza, mas de uma natureza específica: passional. Em função de sua condição de
ser racional, os homens são capazes de conhecer essas leis e estudá-las.
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Muitos não as cumprem. Isso deixa os homens que obedecem numa situação de desvantagem.
Por isso nós chamados esses mandamentos morais de forma imprópria de leis. Não deveriam,
no sentido próprio, serem chamados de lei, porque a lei, própriamente dita (pg. 118) é a
palavra daquele que por direito tem poder de mando sobre os demais. Aquele que vai fazer
valer o contrato.
É a espada, a força, a coerção que faz com que cumpramos o contrato, e provém daquele que
por direito tem mando dos demais e pode lhes aplicar sanção.
a) Pessoal natural é aquela cujas palavras e ações são próprias. As pessoas naturais são
os autores. O autor age com autoridade e por autorizaçao. O pacto obriga apenas o autor
(porque o soberano ainda não existe. O pacto é anterior ao contrato). As coisas, as crianças, os
imbecis, os loucos, nao podem ser autores, mas todos os outros que estão no pleo exercício de
sua capacidade mental podem. Os autores somos nós = súditos. O soberano é o ator. Nós
agimos por autoridade, ele por representação, representando-nos. Por isso, quando uma
multidão se reúne numa única pessoa e passa a ser representada por uma pessoa ou uma
assembleia, isso se dá através de um pacto com o consentimento de cada um, assim surge o
Estado. E cada um dará a esse homem/homens, o seu consentimento e todo poder de
representação.
∙ Da felicidade:
A punição tambem pode ser interna (quantas vezes o sujeito se pune? Até por coisas que ele
não fez!). Contudo, Hobbes diz que não só o medo leva o homem a buscar a paz e nao a guerra
(MEDO, GOSTO PELAS COISAS BOAS DA VIDA e ESPERANCA DE OBTE-LAS
ATRAVES DO TRABALHO).
∙ Por que a humanidade nao vive em harmonia social como fazem os outros animais?
Se nós pudessemos imaginar uma multidão de individuos que estivessem em acordo com
as ideias de justiça e demais manifestações da natureza sem que houvesse um mecanismo de
forca para coagi-los, então todo o gênero humano também estaria em harmonia, sem que
houvesse nenhum governo ou Estado, pois o homem viveria em paz. A humanidade contudo,
não se reune da mesma forma que as demais, que vivem socialmente de forma harmônica. A
humanidade não pode fazer isso, segundo Hobbes, por cinco motivos:
∙ Da paz e da Guerra:
A guerra nunca é um instrumento para a paz, a violência nunca é um antídoto à violencia.
A paz que nós devemos buscar é encontrada por outros meios que não a guerra. O ataque não
é defesa, é ataque. Por outro lado, a legítima defesa é um ato legítimo a medida que quando tu
atacas a vida de alguem, tu permites que a tua vida seja atacada por ela. O único caminho
possível para constituir um governo comum para construir um respeito mútuo é The contract.
Por isso devemos ceder nosso poder a um homem ou assembleia de homens que tenha o
condão de reduzir as diversas vontades em uma só. Esse, segundo Hobbes, é o único caminho
para que nós possamos ter paz e segurança suficientes.
→ Da concepção do Contrato:
PG 126: Cada homem diria a cada homem: autorizo e desisto do dieito de governar a mim
mesmo para cada homem ou assembleia de homens, ao mesmo tempo que tu autorizas e
desistes do teu direito. Assim, esses homens constituímos o maior poder sobre a Terra, o
grande Leviatã. O titular desse poder chama-se soberano. Portanto, possui poder soberano. E
Todos os demais passam a ser considerados súbitos. Como pode ser adquirido esse poder
soberano?
- Pela força natural através da transmissao de pai para filho
- Quando os homens concordam entre si a se submeterem voluntariamente a um
soberano/assembleia (MONARQUIA ABSOLUTISTA)
∙ Leviatã:
Ao compreendermos esse grande Leviatã ao qual na guerra devemos nossa paz, segurança
e obediência incondicional a sua vontade, não pode ser substituído ou rejeitado e seu poder
indivisível, nós podemos pensar que a condição dos súditos sob um poder como esse é
miserável, pois estaria sujeito aos caprichos de um poder tão ilimitado. Entretando, diz
Hobbes, o poder é igual sob todas as suas formas se essas forem suficientes para a proteção
dos súditos. E isto, sem considerar que as condições de vida do homem nunca podem deixar
de ter um outro incômodo, e que o maior incômodo é a ausência de poder que caracteriza a
inevitável Guerra.