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Supervisão de Intervenção Profissional

Unidade III
7 A IMPORTÂNCIA DA SENSIBILIZAÇÃO E DA MOBILIZAÇÃO DA
COMUNIDADE PARA A EXECUÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

7.1 O processo de mobilização para a elaboração e execução de projetos


sociais

Para a participação dos usuários do Serviço Social no processo de elaboração e execução de projetos
sociais, é fundamental, em qualquer área em que o assistente social esteja inserido, o desenvolvimento
da comunidade e a educação popular. Segundo Souza (2004), o desenvolvimento da comunidade é
considerado um meio de trabalho indispensável de atuação nas áreas de interferência da política social.
A ele liga-se diretamente o condicionante fundamental para o desenvolvimento global: a participação
popular.

Os problemas sociais apresentados devem ser discutidos e detectados com a própria comunidade,
portanto organizá-la e mobilizá-la é imprescindível para o alcance de resultados. Para tal, o profissional
deve conhecer o seu funcionamento. Um passo inicial é contatar os moradores para descobrir as
estratégias de atraí-los para as discussões.

Souza (2004, p. 36) assevera que

a ação comunitária continua um processo atual e necessário. Em face


das transformações sociais e novas exigências conjunturais, os elementos
instrumentais de sua prática são trabalhados em função da sistematização
de algumas diretrizes técnico-metodológicas que ajudem a superar os novos
problemas a serem superados.

Os assistentes sociais trabalham com a organização dos grupos e comunidades, mas a base
da ação comunitária deve ser a comunidade, e não o trabalho do profissional, ou seja, o foco
de discussão deve centrar-se na realidade social e nos problemas que são evidenciados, que
normalmente apresentam aspectos comuns. A partir desses apontamentos, o profissional formula,
então, com a própria comunidade, as diretrizes de ação para responder a essas demandas.

A participação da comunidade pode ser mobilizada por um processo pedagógico e ações educativas,
em que o profissional disponibiliza seu instrumental técnico-metodológico e operativo. Esse arsenal
de instrumentos pode ser efetivo para ultrapassar a cultura do medo e exercitar a conscientização, a
arregimentação da força social e a capacitação.

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Lembrete

Quando da sua atuação na mobilização da comunidade para a


elaboração e desenvolvimento de projetos sociais, tenha sempre em vista
que os problemas expressados pela população, ou seja, as demandas
coletivas devem ser o cerne desse trabalho.

Souza (2004, p. 87) acrescenta que

os interesses e preocupações da população alvo das ações comunitárias


são elementos a partir dos quais o processo pedagógico de participação se
desenvolve. A descoberta desses interesses é, por conseguinte, o primeiro
elemento a ser trabalhado nas relações com a população.

A mobilização precede um processo de capacitação da população, supõe a estimulação e


assessoramento para se definirem os canais de elaboração de projetos de forma sistemática,
distribuindo funções e responsabilidades, na busca de soluções para os problemas sociais.
Segundo Souza (2004), devemos considerar a capacitação um instrumento necessário para o
aprendizado da divisão de trabalhos de modo a assegurar a ação de todos. A administração e
avaliação das ações coletivas torna-se então um ponto importante desse trabalho. Outro ponto é
instruir a comunidade acerca das leis e políticas pertinentes à resolução dos problemas discutidos,
analisados e que precisam ser sanados.

Observação

Vale destacar a você a diferenciação entre sensibilização, capacitação


e mobilização. São elementos que devem ser trabalhados em momentos
distintos.

Para conseguir uma participação popular nos processos de discussão em busca de resolução dos
problemas, o profissional deve ser capaz de, na sensibilização, despertar a conscientização da ruptura
com o processo de conformidade. E, na capacitação para a mobilização, a comunidade ou os assistentes
sociais podem arregimentar as experiências já desenvolvidas que foram positivas na resolução de
problemas coletivos, adaptando-as para a realidade na qual estão trabalhando.

Trabalhar a participação social com a comunidade é o caminho essencial para detectar os problemas
coletivos, refletir sobre eles, analisá-los e buscar respostas para saná-los. Essa forma de trabalhar com
grupo ou comunidades depende inteiramente do desenvolvimento dos elementos: sensibilização,
capacitação e mobilização. Ressalte-se que os projetos de intervenção podem ser muito bem elaborados,
mas sem a participação social, em sua grande maioria, não respondem ao propósito de sanar os problemas
detectados na coletividade.

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7.2 Roteiro para a elaboração de projeto de intervenção

7.2.1 Apresentação

Consiste na elaboração de uma síntese do que está sendo proposto. Deve explicitar o eixo estruturante
e o local onde será executado o projeto.

7.2.2 Justificativa

Nesse tópico expõem-se as razões, os motivos e a importância do projeto. Deve-se, nele, fundamentar
e justificar a proposta com base na análise institucional realizada e nas leituras teóricas sobre a
especificidade da temática e do fazer profissional.

Devem-se esclarecer as motivações que levaram à escolha pela proposta, sejam elas pessoais ou
institucionais. Indicar a relevância da intervenção para sua formação, para a instituição, para a profissão
e para os cidadãos beneficiários. Existem três perguntas a serem respondidas: por quê? Para quê? Para
quem?

7.2.3 Objetivos

Os objetivos devem ser claros, realistas e mensuráveis. Passando pela análise institucional, será
possível identificar com clareza o que se quer e para que.

Objetivo geral

Diz respeito ao motivo maior da proposta ou projeto, são as mudanças em longo prazo. Segundo
Pfeiffer (2000), é um objetivo de orientação bastante necessário, uma vez que orienta, de forma geral, a
atuação dentro do contexto organizacional, geralmente vinculado à missão da organização responsável
pelo projeto.

Objetivos específicos

Segundo Pfeiffer (2000), os objetivos específicos do projeto abordam o propósito de intervenção,


não sendo necessário descrever o que se pretende fazer, mas contemplar a nova situação que se deseja
alcançar com a realidade do projeto

Observação

Os objetivos específicos são as atividades que serão desenvolvidas com


a execução do projeto.

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7.2.4 Público-alvo

É imprescindível caracterizar quem são as pessoas ou os grupos de pessoas que serão mobilizadas,
que participarão das atividades, mais especificamente aquelas que estarão envolvidas diretamente no
contexto do objetivo geral.

7.2.5 Metas a atingir

Nesse item, qualificam-se e quantificam-se os objetivos. Projeto com metas torna-se mais delimitado,
viável e claro.

7.2.6 Metodologia

Aqui explicitamos como o projeto será desenvolvido, por quais procedimentos, como as tarefas serão
organizadas. Enfim, como procederemos para atingir os objetivos. Deve-se detalhar as ações em etapas:

a) emprego de técnicas, tais como vivências em grupos, jogos etc.

b) emprego de instrumentos, como questionários, relatórios, material expositivo, cartazes, álbum


seriado, fita de vídeo etc.

7.2.7 Recursos

Nesse tópico, informamos com que meios, valores, custos, quantidade e tipo, viabilidade,
desenvolveremos o projeto:

a) recursos humanos: pessoas a serem envolvidas na execução do projeto.

Exemplo:

Função Remuneração (R$) Período Subtotal (R$)


monitor 15,00 40h 40 X 15,00
Coordenador 700,00 5 meses 5 x 700,00

b) recursos materiais:

• de consumo: papéis, canetas, pastas etc.;


• permanentes: mesa, cadeiras, computador, telefone etc.;
• financeiros: todos os custos estimados para execução do projeto e origem dos recursos. Devemos calculá-
los, compilando-os em um cronograma físico-financeiro com detalhamento dos custos por atividade/
período.

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Exemplo de levantamento de materiais de consumo:

Quantidade Descrição do Item Valor Unitário Subtotal (R$)

TOTAL

Exemplo de levantamento materiais permanentes:

Item M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
Recursos Humanos
Recursos Materiais
TOTAL

7.2.8 Parceiros ou instituições apoiadoras

Devemos listar os atores que contribuirão para a concretização do projeto.

7.2.9 Avaliação

Estamos no caminho certo? A função da avaliação é saber se o projeto foi exequível, se os objetivos
foram perseguidos, se a metodologia contribuiu para atingir as metas. Se houve envolvimento da
demanda e da equipe técnica.

7.2.10 Cronograma de execução

Quando? Nesse item informamos o prazo, o tempo e organização das tarefas do projeto.
Explicitamos, então, o tempo previsto para a execução de cada atividade proposta.

Exemplo:

Mês
Item Atividade
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1
2
3
4
5
6
7
8

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7.2.11 Orçamento

Devemos demonstrar a fonte dos recursos para a concretização do projeto.

Exemplo:

ORÇAMENTO CUSTO
ITEM ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE UNITÁRIO TOTAL
1
2
3

7.2.12 Bibliografia

Com quem pensamos? O projeto deve ser composto do referencial bibliográfico trabalhado no
projeto.

7.2.13 Anexos

Esse item é opcional, depende daquilo que serviu como meio de desenvolvimento do nosso trabalho
(fotos, material expositivo, cartazes e outros que ilustrem o caminho percorrido até a elaboração do
projeto). Os anexos correspondem a tudo aquilo que não foi elaborado pelo estagiário. Exemplos:
documentos oficiais da instituição, estatuto, normativas, projetos da instituição etc.

7.2.14 Apêndice

Esse item refere-se a tudo aquilo que é de autoria do aluno, ou seja, que ele elaborou no e para
o campo de estágio. Exemplos: fotos, questionário, ofícios, cartas, convites, planilhas etc.

Observação

Siga rigorosamente as normas da ABNT.

Os trabalhos, de no máximo 20 páginas, devem ser digitados com


utilização de editores Word, fonte Arial (corpo 12), espaçamento 1,5 entre
as linhas do texto e espaço simples para citações longas.

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7.2.15 Modelo de capa

UNIVERSIDADE PAULISTA
UNIP

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL - EAD


Título do Projeto

Cidade
Data

Observação

O título do projeto liga-se ao seu objetivo geral. Deve oferecer impacto,


ser delimitado, interessante e criativo. Deve ser o último elemento a ser
elaborado.

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7.2.16 Modelo de folha de rosto

UNIVERSIDADE PAULISTA
UNIP

Identificação da equipe executora


Nome do aluno
Nome da supervisora de campo

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL - EAD


Título do Projeto

Cidade
Data

7.3 Execução do projeto de intervenção e seus elementos importantes

No cumprimento do estágio, o requisito exigido como avaliação final é a elaboração de um projeto


de intervenção que o aluno deve realizar, em grupo, com outros alunos do curso de Serviço Social. Esse
projeto pode ser construído em qualquer área em que o aluno esteja inserido, em resposta a alguma
demanda detectada nesse local. Compete-lhe, desse modo, analisar a realidade social do cotidiano do

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seu estágio, discutir com o seu grupo um problema social coletivo dos usuários e, a partir dessa análise,
formular uma proposição que se transformará em um projeto.

Segundo Iamamoto (2001), a pesquisa é uma dimensão do trabalho do assistente social que
cuidadosamente estuda as situações ou fenômenos sociais no intuito de elaborar respostas que
condizem com os seus princípios éticos, seu posicionamento político e o caráter propositivo da profissão
em implementar ações voltadas para a realidade social pesquisada.

Para que o aluno possa detectar uma demanda, é preciso exercitar a pesquisa, desenvolver a atitude
investigativa ante a realidade local, ação que, segundo Medeiros (2006, p.52), “é bastante utilizada nos
trabalhos de natureza crítica, devido ao seu compromisso com a transformação, uma vez que o papel do
pesquisador é viabilizar avanços para o grupo estudado”.

Dessa forma, podemos destacar que o projeto de intervenção, como o título mesmo sugestiona, tem
o caráter propositivo de impactar, transformar, resolver uma problemática social, levando em conta a
reflexão–ação–proposição do aluno em seu campo de estágio.

Outro elemento que deve acompanhar o aluno nesse processo final do estágio supervisionado é
o planejamento, uma ferramenta que permite a sistematização das atividades a serem executadas,
dos recursos a serem gastos, das parcerias a serem articuladas e o cronograma a ser seguido. Ele é
fundamental para a efetividade do projeto, é o que, sem dúvida, viabiliza o seu desenvolvimento,
evitando os contratempos e imprevistos que possam prejudicar a sua execução. Barbosa (2001) assevera
que o planejamento deve estar presente em todas as elaborações e ações do exercício profissional do
Serviço Social.

Após o planejamento do projeto, e já com a sistematização das ações, o aluno, detectando a


necessidade de parcerias para a execução do projeto, deve começar a articulá-las. Normalmente as
parcerias são necessárias para a execução de um projeto. Por exemplo, se for detectada a demanda na
área de saúde, e seu projeto precisar de palestras, exames, consultas, é preciso contatar os profissionais
dessa área para construção de parcerias.

Lembrete

O aluno deve seguir um cronograma de execução que deve terminar


com o fim do semestre em que ele executa o estágio supervisionado.

As respostas formuladas pelos alunos estagiários devem estar subsidiadas em seus conhecimentos
teórico-metodológicos adquiridos durante com os conteúdos que lhe foram apresentados ao longo de
sua formação acadêmica, e as atividades propostas devem ser baseadas no instrumental técnico-operativo
apreendido também nesses conteúdos. Portanto, o projeto representa, segundo Marsiglia (2001), “um exercício
de conhecimento e sistematização da realidade-alvo do exercício profissional” e momento próprio da reflexão
mediante a relação teoria e prática, de se colocarem em prática os ensinamentos adquiridos, de acordo com
as escolhas éticas preconizadas pelo projeto ético-político da profissão.
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Outro aspecto a ser considerado no projeto de intervenção é o público-alvo ao qual o objeto do


projeto se destina. Ao desenvolver um projeto de intervenção, deve-se levar em conta a comunidade
com quem se vai trabalhar, respeitando as peculiaridades e especificidades sociais e culturais.

Podemos concluir que o projeto de intervenção tem muitos elementos a serem discutidos com
o grupo de estágio, com o profissional supervisor de campo e com o colaborador de campo, sem
exclusão dos outros profissionais que atuam na instituição em que o aluno estagia. Lembremos
que o planejamento sistematiza e detalha operacionalmente as propostas de ação que são
detalhadas por meio dos objetivos geral e específicos. De acordo com o planejamento, define-
se o instrumental técnico-operativo a ser utilizado para viabilizar a ação: reunião, entrevista,
relatórios etc; como articular os convites para o público-alvo: cartaz, folhetos, e-mails, convites;
e com quais profissionais ou instituições precisaremos articular para realizar e executar o projeto
de intervenção.

Planejando, organizando e articulando parcerias, conhecendo os problemas sociais locais e


voltando para as reais necessidades dos usuários de seu campo de estágio, o aluno combinará
elementos para a execução de um projeto de intervenção propositivo e efetivo. Para tanto, vamos
relembrar algumas abordagens e instrumentos técnico-operativos a serem utilizados na atuação
profissional.

7.4 Abordagem grupal e atuação do assistente social em formação de


grupos

O presente item está distribuído em dois subitens: o primeiro aborda o conceito de origem de grupos;
o segundo relaciona o Serviço Social com o processo de trabalho com grupos. Vejamos a seguir.

7.4.1 Progênie de grupo

É importante que iniciemos nossa abordagem sobre formação de grupos tecendo diálogo sobre
a origem do grupo. O ser humano tem natureza social, por isso necessita viver em contato com o
outro, estabelecendo nessa relação homem/homem os fenômenos da “comunicação, percepção, afeição,
liderança, integração, normas e outros”, conforme afirma Costa (2007, p. 18).

A mencionada autora reitera que cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá retorno
ao outro, por meio do feedback. Isso significa que aprendemos em grupo e nos autoconhecemos, nos
orientamos e ampliamos, na relação eu/outro.

Trück e outros (2003) definem o grupo social como um agregado de seres humanos, de relações
específicas entre seus componentes. Estes compreendem seu grupo, têm consciência do próprio grupo
e de seus símbolos.

Desse modo, a construção de regras de convivência torna-se necessária e também o respeito aos
espaços individual e coletivo. Reportemo-nos aos primórdios da humanidade, quando as famílias
constituíam os grupos: elas ampliaram e criaram os clãs, as tribos, as associações e as sociedades.
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A criação das sociedades permitiu o surgimento de instituições com funções e atividades definidas
como o Estado. A partir da formatação do Estado, do desenvolvimento das sociedades e da criação de
cidades, surgem as especulações científicas relativas à natureza social e os estudos científicos sobre as
relações sociais desenvolvidas entre os homens.

Referente ao desenvolvimento dos trabalhos com grupos, Trück e outros (2003) asseveram que ele
contribui para desvelar os valores e as proposições culturais, antropológicas, sociológicas e econômicas
construídas em concomitância com o progresso da história da humanidade.

As relações complexificaram-se com o surgimento do trabalho para satisfazer as necessidades


humanas, abrindo caminho para o individualismo e a acumulação. As relações capital e trabalho,
implementadas para o alargamento da produção de bens materiais ou objetos rentáveis, geraram
lucro e engendraram tensões sociais. A título de ilustração, Trück e outros (2003, p. 10) afirmam
que

Os acontecimentos históricos como a Revolução Industrial trouxeram


situações de crises que produziam tensão social como a relação capital
e trabalho, dando origem a uma nova classe social: o proletariado. E as
expressões que emergiram desse conflito permanente geravam a exploração
do trabalho infantil, o isolamento da família, o afastamento do homem
do lar, a necessidade de aumentar a renda familiar, a falta de legislação
trabalhista, entre tantas outras expressões da questão social da época. Criou-
se então uma necessidade social emergente de intervenção nesse “caldo” de
exclusão e violência. Havia, na época, espaço para o desenvolvimento de
trabalhos com grupos [...] as crises permitiram o nascimento de movimentos
grupalistas.

Você pôde perceber que a formação ou a constituição de grupos necessita da interação dos
participantes e de que eles mantenham interesses comuns. Hartford (1983, p. 37) ensina-nos que

um grupo pequeno é [...] definido com pelo menos duas pessoas, mas
geralmente mais, reunidas com objetivos comuns ou interesses iguais
num intercâmbio social, cognitivo e afetivo e intercâmbio social em
encontros isolados ou repetidos, suficientes para que os participantes
tenham impressões recíprocas, criem um conjunto de normas para
seu funcionamento juntos, desenvolvam metas para suas atividades
coletivas, evoluam um senso de coesão para que pensem em si mesmos,
e sejam pensados pelos outros como uma entidade distinta de todas as
outras coletividades.

Aprendemos, então, que pessoas reunidas em um mesmo ambiente não podem ser consideradas
como um grupo, mas sim aquelas reunidas em um mesmo local, com algum motivo e influências
comuns, pois o grupo deve interagir e manter relacionamentos significativos e buscar o engajamento
de seus membros para o aprendizado, crescimento e mudanças impactantes.
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Considerando os aspectos sociais e econômicos anteriormente mencionados que contribuíram


para o surgimento de grupos e a sua valorização no âmbito profissional, no próximo item
abordaremos o fazer profissional do assistente social no trabalho com grupos.

7.4.2 Serviço Social e trabalho com grupos

O ano de 1943, conforme Trück e outros (2003) marca o início do trabalho com grupo desenvolvido
pelo Serviço Social, em São Paulo, na área da infância e juventude. Nos anos seguintes, esse profissional
passa a atuar com programas de ação desenvolvendo atividades de base com grupos.

No processo de trabalho do Serviço Social com grupos, é imprescindível a (re) construção de


instrumentos que colaborem com a operacionalização do planejamento do exercício profissional. O
assistente social deve utilizar os instrumentos técnico-operativos sem esgotá-los. É preciso aproximar
ou conectar as dimensões utilizadas pela profissão: investigativa, teórico-metodológica e ético‑politica.

Tais dimensões, vinculadas à categoria da instrumentalidade, permitem ao grupo desmistificar o


controle social exercido pela sociedade civil e Estado, bem como pelas ideologias difundidas com a
finalidade de exploração. Nesse sentido, Trück e outros (2003, p. 10) acrescentam que

Desmistificar o caráter autoritário e pejorativo dessa ação é de fundamental


importância, uma vez que a cada dia amplia-se a necessidade desse
controle. Quando, no cotidiano de nosso processo de trabalho, construímos
canais de comunicação de saberes e práticas, estamos contribuindo para a
transformação da relação de dependência do cidadão à mercê de um estado
autoritário, para o resgate do sentido de que a população [...] precisa exercer
controle sobre o Estado.

O Serviço Social, no contexto do trabalho grupal, prima pela construção e pelo despertar da
autonomia dos indivíduos, pelo fortalecimento das comunidades e resgate da cidadania. Para isso, uma
de suas iniciativas é socializar informações capazes de incentivar a mobilização e a organização dos
movimentos sociais para a luta e as conquistas com vistas à efetivação dos direitos sociais e à ampliação
das políticas públicas de impacto na melhoria de vida das sociedades.

Hartford (1993) afirma que os grupos podem ser criados visando à produção de mudanças em seu
ambiente, de modo a afetar sistemas e organização mais amplos, bem como instruir os indivíduos a eles
pertencentes.

Baseando-se na evolução social e histórica do Serviço Social no trabalho com grupos, você pode
perceber que a ruptura com o Serviço Social tradicional tornou necessário utilizar as dimensões
do conhecimento e da instrumentalidade. O rompimento com os paradigmas conservadores foi
imprescindível, pois se trabalhavam grupos apenas mediante o referencial técnico-operativo, esgotando
esse instrumento sem utilizar as mediações, a reflexão e a unidade teoria e prática. Essa cisão pressupõe
a ruptura com a neutralidade, propicia o exercício profissional conforme a sua teleologia e persegue a
intencionalidade e a causalidade.
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Como o fazer profissional do assistente social está embasado pelo projeto ético-político, cujos
princípios valorativos pressupõem o protagonismo social, convém ressaltar que intencionalidade e
teleologia constituem elementos norteadores de análises e decisões que suscitem a participação dos
grupos.

7.5 Abordagem grupal e a atuação do assistente social em reuniões

A técnica de reunião constitui um dos importantes instrumentos de atuação do assistente social.


Forsyth (2001) esclarece que reuniões são meios indispensáveis e importantes para suscitar a comunicação
e os debates acerca de temas decisórios.

A reunião, entendida como momento de agrupamento, congregação de pessoas, requer a participação


de pelo menos duas pessoas. Ela tem amplo leque de significados e vários propósitos: distribuir ou
socializar informações, analisar problemas, desenvolver um assunto específico.

Assim sendo, para que haja eficácia nas reuniões e fortalecimento de debates, é imprescindível que
todos participem emitindo seu ponto de vista de forma consciente, respeitosa e responsável, apontando
alternativas de solução face às demandas postas ao Serviço Social.

Outro aspecto de fundamental importância: o compromisso profissional. Isso requer que você
se inteire sobre a temática a ser discutida, mediante atitude investigativa, o que lhe possibilitará
participar expondo suas ideias, defendendo-as com argumentos sólidos. Para tal, entre outras
literaturas, você deve se referenciar no Código de Ética Profissional, que em seu Título III trata das
relações profissionais.

Forsyth (2001) salienta que as reuniões são importantes instrumentos, e todo profissional necessita
saber o seu papel nelas, seja na direção ou coordenação ou na sua participação, a fim de contribuir
ativamente para que elas sejam produtivas e eficazes.

Vale ressaltarmos, com relação às reuniões coordenadas pelo assistente social, alguns tipos
de direção: democrática, permissiva e autocrática. O assistente social, no exercício da direção
democrática, deve planejar, organizar, educar e liderar, deve ter por princípio a motivação e o
envolvimento das pessoas que ele coordena. Na direção permissiva, procura liderar as pessoas
fazendo concessão, tutelas, não primando pela organização e disciplina, nem pelo profissionalismo,
ou sejam, agindo de forma permissiva. Na direção autocrática, desenvolve apenas a autoridade,
exige obediência, não permite a criatividade, troca de opiniões e saberes e nem envolvimento,
fragmentando assim qualquer articulação.

Durante o exercício profissional, o assistente social utiliza a técnica de reunião em decorrência de


vários motivos: socialização de informações; instrução sobre pontos importantes; consulta aos grupos
ou coleta de sugestões sobre assuntos específicos ou gerais para a tomada de decisões (em busca de
soluções para os problemas e as demandas apresentados ao Serviço Social); consenso da organização
e de sistematização de serviços e atendimentos; fortalecimento dos grupos; estímulo às reflexões e ao
pensamento crítico propositivo.
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Unidade III

Para conduzir reuniões é imprescindível que o profissional planeje e se prepare. Deve definir a pauta
objetiva da reunião ou assuntos a serem discutidos, qual deve ser flexível, com vistas a contemplar
possíveis sugestões de temas de interesses do grupo; verificar a disponibilidade de tempo dos
participantes; checar o local da reunião; providenciar o material necessário ao desenvolvimento de
trabalhos; atentar para o tempo de duração (caso ultrapasse uma hora, deve estipular pequeno intervalo
a fim de obter melhor aproveitamento dos resultados).

Além disso, Forsyth (2001, p. 16) acrescenta que qualquer pauta de reunião precisa ser realista. Assim
sendo, sugere que, ao elaborá-la, reflita:

• Toda a agenda caberá dentro do tempo disponível?


• Há tempo suficiente de antecedência para a notificação e preparo?
• Será que um item principal poderá prejudicar o resto da reunião?
• Todos os itens condizem com os participantes? (As pessoas certas
estarão ou não lá?)
• O estilo da reunião está certo? (O treinamento e a persuasão podem
tomar mais tempo do que transmitir informação, [...]).

Forsyth salienta que, se só após a reunião for detectado que houve equívoco na sua organização,
impedindo-a de funcionar eficazmente, será demasiado tarde para fazer algo a respeito. Por isso, sugere
que

Verifique a aparência geral e o equilíbrio da agenda para se assegurar de


que não esteja pretendendo muita coisa no espaço de tempo disponível. Se
a paciência se esgotar, as coisas vão demorar mais ou não vão ter a atenção
que deveriam merecer. Acima de tudo, a agenda deve refletir os objetivos da
reunião (FORSYTH, 2001, p. 16).

Organizados em reunião, assumimos vários papéis que podem ser rotativos ou fixos, necessários de
serem identificados. Forsyth (2001) apresenta alguns:

• o tagarela – normalmente é exibicionista, demanda atenção e monopoliza a conversa;


• o entusiasta – empenha-se em fazer prevalecer seu ponto de vista em detrimento dos interesses
dos outros, excluindo a opinião alheia;
• a esfinge – são pessoas silenciosas, apresentam problemas que variam da timidez ao desinteresse.
O silêncio pode ser interpretado como enfado ou indiferença;
• o amuado – apresenta comportamento de mau humor ou sempre se sente prejudicado de alguma
forma;
• o brigão – mostra-se implicante, cria confusões para atingir seu objetivo, apresenta ausência de
consideração com o outro, inclusive com regulamentos e normas;

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• o solitário – apresenta dificuldades de entrosamento e de relacionamento em grupo, não emite


suas opiniões, possivelmente por medo de causar má impressão.

Diante de tais características, você pode perceber a complexidade da dinâmica interna de uma
reunião. O assistente social precisa ter, além do domínio do teor da pauta, sensibilidade para manter o
equilíbrio e o controle na condução dos trabalhos. O uso de dinâmicas de grupo favorece a produtividade
do momento e contribui para a concretização eficaz da reunião. Assim, no papel de facilitador, compete
a ele um comando atento, sensível, perceptivo e moderador para a condução de uma reunião produtiva,
mediante atitudes construtivas.

Saiba mais

Se você ainda não leu, leia o capítulo 5 do livro Nas trilhas do trabalho
comunitário e social: teoria, método e prática, de William César C. Pereira, que
trata das dimensões subjetiva, social e política do ser humano, abordando
os momentos processuais dos grupos, o velho e o novo paradigma, vínculos
e papéis no interior dos grupos, bem como os tipos de líderes, entre outras
importantes abordagens que o ajudarão a compreender melhor o assunto
em tela e ampliar seus conhecimentos.

Você pode perceber a relevância da atuação do assistente social no processo de reunião de grupos,
instrumento técnico-operativo extraordinário do Serviço Social para o fortalecimento da cidadania e
qualidade dos serviços prestados aos seus usuários. A seguir, abordaremos sobre outra técnica também
de suma importância para o exercício profissional: a entrevista.

7.6 Técnica de entrevista: componente instrumental da prática cotidiana dos


assistentes sociais

A operacionalização da práxis profissional do assistente social dá-se pela instrumentalidade que


envolve o uso de técnicas, além do conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridos no processo
formativo do assistente social e ao longo da vida profissional.

Entre essas técnicas, temos a entrevista, “um meio de tratamento que permite estabelecer uma
relação profissional, um vínculo subjetivo e interpessoal entre duas ou mais pessoas, sendo que o que
diferencia o seu uso é a maneira e a intenção de quem a pratica” (KISNERMANN citado por GIONGO,
2003, p. 15).

Marconi e Lakatos (2003, p. 195) conceituam entrevista como

[...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação
de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social,

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para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de


um problema social.

A técnica de entrevista, como ferramenta da atitude investigativa que integra o Serviço social, é
um meio de garantir a aproximação entre assistente social e usuário, possibilitando um processo de (re)
construção da problemática vivenciada por este.

Essa perspectiva traz à tona a discussão de que a entrevista não se restringe a uma conversa
aleatória entre entrevistador e entrevistado. Ela consiste em um processo que envolve reciprocidade de
participação entrevistador/entrevistado, mediante o esclarecimento dos objetivos a serem perseguidos.

Dessa forma, a entrevista compreende espaço de escuta e de diálogo, momento em que o assistente
social deve utilizar de todo o seu discernimento. Isso implica perspicácia, habilidade e experiência para
compreender a realidade do usuário, com vistas à apreensão da situação-problema, objeto de sua
intervenção.

A entrevista, como principal elemento de reciprocidade entre assistente social e usuário, haja vista a
troca de conhecimentos por ela propiciada, é uma forma de comunicação em que o profissional controla
seu desenrolar, mas objetiva o crescimento emancipatório do usuário. É, portanto, mais um elemento do
qual o assistente social se apropria em seu cotidiano para viabilizar conquistas e direitos para o cidadão.

Você deve estar se perguntando: mas como é o processo em si da entrevista? Como ela se configura?
Como a sistematizamos? Marconi e Lakatos (2003) aponta alguns tipos de entrevista: padronizada ou
estruturada e despadronizada ou não estruturada.

A estruturada é o tipo de entrevista em que o entrevistado não pode alterar absolutamente nada do
roteiro preestabelecido. É padronizada e consta de formulários padrão ou questionário, cujo objetivo é
obter respostas comparáveis às mesmas perguntas.

Na não estruturada, o entrevistador tem autonomia para formular perguntas em conformidade com
a situação apresentada, e o entrevistado, liberdade para responder sem obediência a um roteiro. Ela
amplia o leque de informações a serem adquiridas na medida em que o procedimento ocorre dentro da
informalidade, propiciando flexibilidade e um diálogo aberto entre entrevistador e entrevistado.

No que tange às entrevistas em Serviço Social, elas podem ser classificadas em:

• entrevista de ajuda: defendida por Benjamin (1994), que compreende a ajuda como capacidade de fazer
aquilo que os usuários desejam profundamente;

• entrevista de triagem: verifica critérios de elegibilidade e, via de regra, é utilizada nos plantões sociais.
Requer que o assistente social tenha consciência do seu papel, que é ter a percepção clara de quem
realmente deve ter o acesso ao bem ou serviço, haja vista ser a demanda numerosa em relação aos parcos
recursos ofertados. Esse tipo de entrevista gera um desgaste ao assistente social, quando lhe cabe a
função de triar as demandas já excluídas socialmente;
130
Supervisão de Intervenção Profissional

• entrevista de avaliação socioeconômica: via de regra, é utilizada em programas sociais e plantões


sociais; tem como objetivo avaliar a situação socioeconômica do usuário. Geralmente, cada instituição
tem seu próprio modelo para proceder a esse tipo de entrevista.

A entrevista ainda se define sob três formas:

• estruturada: segue um roteiro, e, por isso, as informações encontram-se sistematizadas;


• aberta: não segue nenhum roteiro, isto é, seu desenrolar toma forma a partir de cada situação em que se
encontram entrevistador/entrevistado;
• dialogada: a relação entre o entrevistador e o entrevistado dá-se em um plano horizontal em que ambos
são sujeitos do processo.

No que concerne às etapas da entrevista, podemos pontuar o acolhimento, a apresentação do


problema e do contexto/desenvolvimento e o encerramento.

O acolhimento é o momento de acolhida ao entrevistado ou usuário dos serviços. Estabelece-se


aí o vínculo entre os dois sujeitos da entrevista facilitando o processo interventivo. É o momento em
que o assistente social dispõe toda sua atenção ao entrevistado. Essa etapa requer do profissional
entrevistador habilidades de saber ouvir e perguntar. Saber ouvir implica poder de concentração. Ouvir
significa prestar atenção em tudo o que está sendo dito, de modo que o entrevistado se sinta respeitado
e valorizado. Saber ouvir deve ser parte intrínseca da conduta profissional, um exercício constante,
habilidade da qual o assistente social deve se apropriar. Saber perguntar é uma arte e, assim sendo,
contribui para um caminho prazeroso e produtivo no processo de entrevista. As perguntas devem ser
formuladas de forma aberta, indireta e propiciar a reflexão.

A etapa da apresentação do problema e do contexto/desenvolvimento refere-se ao momento em


que o assistente social apropria-se da situação-problema do usuário, tentando compreender toda sua
sistemática de vida, seja na família ou na vida profissional. O assistente social tem por objetivo desvelar
a realidade do outro juntamente com ele, a fim de que seja construída uma proposta de intervenção que
implique organização, planejamento, definição dos recursos a serem utilizados etc., para o enfrentamento
e encaminhamentos possíveis da demanda em questão.

Benjamin (1994, p. 38) afirma que, nessa fase de exploração do assunto situado e aceito, “o corpo
principal da entrevista foi alcançado, e a maior parte de nosso tempo será despendido no exame mútuo
do assunto, tentando verificar todos os aspectos e tirando algumas conclusões”.

O desenrolar da entrevista mostra-se gradativamente ao assistente social como uma coleta


de informações consistentes, com ou sem interrupções necessárias, dependendo do processo. Se
o entrevistado for inibido ou extrovertido demais, é preciso que o profissional use de cautela para
prosseguir na entrevista, sem prejuízo de seus resultados.

A etapa do encerramento configura-se como o “desfecho” da entrevista. É preciso que o profissional


esteja ciente do momento de encerrá-la, vendo se os objetivos foram alcançados, se ficou alguma
131
Unidade III

pendência, algo que favoreça outro encontro, se necessário. Tudo isso deve ser bem ponderado, levando
em consideração ser o assistente social o responsável pelo tempo definido, pelo espaço e conteúdo,
principalmente pelos resultados alcançados na entrevista a fim de que o processo interventivo tenha
êxito.

O espaço da entrevista constitui também ponto relevante. O ambiente precisa ser tranquilo e
garantir privacidade, embora haja momentos em que isso não seja possível, dado o contexto, como
algumas entrevistas que acontecem em vias públicas. O importante é que se garanta um momento de
concentração. Daí ressaltamos a importância das condições de trabalho e suas repercussões na garantia
do sigilo profissional.

O tempo da entrevista é fator preponderante na sua organização. Início e término devem ser
acordados entre as partes a fim de que cada participante possa se programar. Caso haja imprevistos, o
assistente social pode, então, avisar com antecedência, apresentar justificativa plausível ao entrevistado,
para que este compreenda a rotina do entrevistador, que segue a da instituição.

Outro aspecto importante na entrevista refere-se aos tipos de perguntas. Benjamin (1994) afirma
que elas podem ser de vários tipos. Vejamos a seguir.

• Abertas: são amplas e permitem ao entrevistado dar respostas claras e extensas, o que alarga a
capacidade de percepção do entrevistador. Ex.: O que o trouxe aqui?
• Fechadas: ao contrário das abertas, tendem a limitar a resposta do entrevistado e diminuir o
poder de percepção do entrevistador. Impede perguntas que permitem proximidade entre ambos
(O senhor está meio triste, hoje. O que houve?).
• Diretas: são precisas. Ex.: Como você vê a sua mudança de turno?
• Indiretas: levam a uma reflexão. Permite ao entrevistador estender a sua pergunta com um
comentário. Ex.: Ocorreu-me no momento que você não está se adaptando ao seu novo horário
de trabalho.
• Duplas: propiciam ao entrevistado a alternativa de optar por uma ou outra resposta. Ex.: Você
prefere trabalhar no horário diurno ou noturno?
• Bombardeio: quando são feitas várias perguntas simultâneas. Ex.: O que me diz? Não tem nada
a declarar? Será que não fui claro?

Lembrete

Perceba que o êxito da entrevista depende sobremaneira da capacidade,


habilidade, competência e bagagem de conhecimentos do profissional
entrevistador. Esses requisitos concorrem para uma abordagem de
qualidade, que propicia a intervenção competente e consequente qualidade
nos serviços prestados à população.

132
Supervisão de Intervenção Profissional

7.7 Entrevista domiciliar: técnica imprescindível na prática do assistente


social

A entrevista domiciliar é uma técnica utilizada também por vários outros profissionais para melhor
compreender a dinâmica do cotidiano familiar do usuário. Amaro (2003, p. 13) afirma ser ela “uma
prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou mais profissionais, junto ao
indivíduo em seu próprio meio social ou familiar”.

Amaro (2003, p. 40) pontua alguns procedimentos que o assistente social, antes de efetuar uma
entrevista domiciliar, deve avaliar:

• quem a solicitou (usuários, vizinho ou parente, instituição);


• o que pode colaborar seja para o usuário, seja para o serviço ou mesmo
para a relação profissional, realizando-se a entrevista domiciliar neste
momento;
• na maior parte das vezes, a entrevista deve ser realizada só depois de o
assistente social e usuário já terem se conhecido;
• fixar o horário e respeitá-lo. Quanto ao elemento surpresa, as
entrevistas domiciliares podem ser embaraçosas para o usuário se não
forem marcadas com antecedência;
• avisar, anunciar a entrevista domiciliar e a intenção pela qual se a
realiza;
• haver claro objetivo da entrevista permite ter claro o que observar,
perguntar, esclarecer, trabalhar durante o encontro;
• deve-se procurar evitar entrevistas domiciliares às horas de refeição,
pois o usuário pode julgar-se na obrigação de convidar o assistente
social a participar da mesa, e a recusa pode ofendê-lo;
• pode-se aceitar algumas cortesias como, cafezinho, refresco, etc., cuja
aceitação pode contribuir para um bom relacionamento.

A entrevista domiciliar configura-se como momento de diálogo entre o entrevistador e o entrevistado


em seu domicilio. Via de regra, ela compreende outras técnicas de desvelamento da realidade do usuário:
a observação, a entrevista e o relato verbal ou histórico do investigado.

O diálogo de uma entrevista domiciliar não pode ser de demasiada cientificidade. Ele tem
um fim maior e pressupõe preparo profissional para obter êxito nesse processo investigativo.
O momento de observação é relevante, pois se configura desde o indizível: seja por meio de
uma fotografia, um gesto etc. Observar exige perspicácia, intuição e capacidade de apreensão da
realidade do usuário.

133
Unidade III

A linguagem configura-se nesse processo como fundamental. Merleau Ponty citado por Giongo
(2003, p. 39) e outros afirma que “a palavra é corpo por meio do qual aparece uma intenção. [...] o
pensamento sem as palavras é como um sopro. Inversamente, as palavras sem o pensamento não são
senão um caos de signos sonoros”.

Ao tentar compreender a linguagem do usuário, o entrevistador social deve entender que a expressão
verbal é revestida de um significado; isso é de suma relevância nas relações estabelecidas com o sujeito
investigado. Merleau Ponty citado por Giongo (2003) entende o pensamento como razão, emoção,
paixão, especulação, sofrimento, angústia e amor, que só se realizam verdadeiramente quando acha sua
expressão verbal. Sendo assim, o diálogo deve ser facilitado, estimulado, instigado pelo profissional. É
este um dever ético do assistente social em toda e qualquer situação de intervenção junto ao usuário
de seus serviços.

No momento da entrevista domiciliar, o assistente social deve atentar para o relato de vida do
usuário, pois é, por meio dele, que se articulam singularidade, universalidade e totalidade ao analisar a
particularidade dos fatos.

Faulkner citado por Amaro (2003, p. 14) conceitua vidas como

[...] propriedades biográficas pertencentes a pessoas e a outros,


inclusive instituições e nações-estados; produções interpessoais que
envolvem relações complexas de consequências morais, políticas,
econômicas, de parentesco e sociais. Cada vida é ao mesmo tempo
singular e universal, particular e, no entanto, generalizável; as
vidas são a expressão da história pessoal e social, bem como das
teias relacionais de influência. Cada vida é cobrada dentro de uma
linguagem particular e de um conjunto de significados que devem
ser apreendidos e registrados.

Nessa perspectiva, o assistente social, ao analisar, sintetizar e interpretar a vida do usuário, deve
partir do princípio de que ela compõe uma totalidade e não se restringe apenas ao que foi captado
durante a entrevista. Daí o destaque para o preparo do profissional; este deve estar capacitado para
apreender a totalidade da vida do usuário, seja nos aspectos socioeconômicos ou ideoculturais (religião,
mitos, crendices, costumes etc.). Enfim, é um desafio apreender aquilo que o cotidiano do entrevistado
implicitamente sugere.

Convém destacar que alguns autores veem a entrevista domiciliar como uma semiestruturada,
haja vista ser orientada por um planejamento prévio ou um roteiro. Isso revela o caráter
complexo da entrevista e a necessidade premente de o entrevistador estar preparado para esse
trabalho.

Outro aspecto pertinente à entrevista é documentar os relatos do entrevistado. Assim sendo, esse
relato é um importante instrumento utilizado nas diversas formas de intervenção do assistente social.
Amaro (2003, p. 41) afirma que dele deve constar
134
Supervisão de Intervenção Profissional

a) um resumo dos acontecimentos, ordenados cronologicamente;


b) uma breve descrição de cada membro; a família como grupo, as pautas
da interação e a conduta nos papéis;
c) o ambiente de vizinhança, físico e humano;
d) o resultado prático, face ao objetivo da entrevista.

A trajetória histórica da entrevista domiciliar no Serviço Social vem desde a gênese da profissão,
principalmente no estudo de caso (método utilizado por Mary Richmond, - 1917, uma das pioneiras
dessa profissão). Nessa abordagem, a entrevista domiciliar era realizada com fins de diagnosticar, sob a
ótica clínica, a situação-problema dos “clientes”, haja vista o perfil “psicologista” da profissão naquela
época.

A entrevista domiciliar é um como campo exclusivo do estudo de caso e esta técnica de investigação
e intervenção é imprescindível no fazer profissional do assistente social, utilizada no âmbito da categoria
em vários segmentos: dos positivistas aos marxistas mais radicais.

8 OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DOS PROJETOS DE INTERVENÇÃO

8.1 Realizando a avaliação

As avaliações são um processo de questionamento, a indagação para saber como se deu o


desdobramento prático das ações propostas em um projeto, se estavam em consonância com a
metodologia planejada, de acordo com o cronograma estabelecido e, ainda, se realmente atingiram o
objetivo previsto de forma efetiva.

Rios (2001, p. 112) assevera que

desde já, podemos verificar que, num trabalho de avaliação, a contribuição


será no intuito de estabelecer um questionamento contínuo do que se
avalia, procurando, revendo e ampliando seu significado.

Como já pontuamos no decorrer dessa disciplina, o projeto de intervenção é realizado pelo


aluno como pré-requisito para o estágio supervisionado, sendo uma excelente oportunidade de
construir um processo de construção e socialização do conhecimento. Dessa forma, o projeto
torna-se uma tarefa ímpar para servir à comunidade, construir o processo de participação
popular, a socialização de informações e disseminação de cultura, primando por uma formação
de profissionais competentes e criativos. E o que vai permitir mensurar esse resultado qualitativo
do acadêmico são os parâmetros definidos para a avaliação das práticas referentes ao processo
educacional.

A avaliação de um projeto de intervenção pode se dar pelas formas: participativa ou indicativa. A


avaliação participativa dá-se quando os sujeitos fazem parte do processo. Fazer parte significa ser

135
Unidade III

parte, distribuindo responsabilidades. Se deu certo é porque todos os envolvidos se empenharam,


comprometeram-se, o que pode ser apreendido por meio de reunião, oficina ou debate, que ao
final possa mensurar os resultados. Segundo Rios (2001, p. 113), “a participação é, portanto, um
conceito grávido de politicidade: supõe a informação, o preparo para a atuação, a clareza com
relação aos objetivos”.

A avaliação indicativa pode ser realizada por meio de: votação, questionário, ficha de avaliação.
É um trabalho também realizado para avaliar as medidas por meio do projeto de intervenção para
responder a demandas apresentadas àquela realidade social.

O processo de avaliação tem a característica de apontar erros e acertos nas medidas adotadas, além
de levantar a participação e responsabilidades dos envolvidos. Dessa forma deve ser utilizado durante
todo o desenvolvimento do projeto. Podem-se estabelecer ações que revejam e redirecionem o projeto,
ampliando seu processo e sedimentando as ações para a transformação proposta pela realidade social
do campo de estágio.

A avaliação indicativa permite ver claro, permite estabelecer um caminho seguro para
a resolução das demandas detectadas e também uma visibilidade na apresentação dos
resultados dos trabalhos realizados na coletividade. Isso significa partilhar experiências,
demonstrando os acertos e corrigindo os possíveis erros, trilhando um trabalho coletivo e
transparente, que manifeste respostas positivas às necessidades contemporâneas concretas
postas aos profissionais e alunos estagiários do Serviço Social.

Para avaliar um projeto de intervenção, faz-se necessário:

• realizar um diagnóstico inicial para saber a situação socioeconômica, familiar, cultural etc. dos
beneficiários do projeto. Essas informações são cruciais para o ex ante (antes). Você dá mais
ênfase ao diagnóstico, aos elementos que fazem parte da proposta de intervenção;

• definir os indicadores de acordo com cada objetivo específico (quantitativos e/ou qualitativos).
Esses indicadores devem expressar exatamente o que se pretende medir. Para cada objetivo, pode
ser necessário mais de um indicador, depende do que pretendemos medir;

• aplicar formulários semiestruturados aos beneficiários com perguntas abertas e fechadas


elaboradas a partir dos indicadores que pretendemos medir. Devemos aplicar esse mesmo
instrumental antes, durante e após as intervenções para obtermos dados comparativos.

Como você percebeu, para avaliar a efetividade do projeto, o foco deve ser os beneficiários, já que
desejamos avaliar os impactos, o que mudou efetivamente na vida deles. Se você optar em fazer uma
avaliação de eficiência ou eficácia, já muda completamente o foco e os instrumentais para avaliar. O
importante é compreender o que engloba a avaliação e, partir daí, utilizá-la de acordo com a realidade
em que se propõe intervir, pois não há um modelo pronto, com metodologias acabadas que possamos
aplicar em toda situação.

136
Supervisão de Intervenção Profissional

Mesmo sem haver uma receita pronta, de acordo com Rico (1998), é importante que a avaliação
englobe estes três pontos específicos:

• metodológico: comparar os dados de desempenho;


• finalidade: julgar e informar;
• papel: permitir a correção ou a afirmação dos rumos.

Portanto, ao pensar na metodologia da avaliação, precisa ser considerado o como irá fazer para
obter os dados e medir o desempenho das ações, de forma que o monitoramento seja viável e confiável;
julgar e informar aos interessados (equipe técnica, usuários/beneficiários, parceiros e demais) sobre esse
desempenho (sucessos e insucessos); e melhorar/otimizar o desempenho das ações, medindo dados
confiáveis quanto aos rumos a serem tomados ainda durante a execução das ações.

8.1.1 A avaliação participante

Além da avaliação de eficácia, eficiência e efetividade, há uma quarta denominada como avaliação
participante ou democrática. Pelo nome, já fica fácil deduzir a que ela se refere. A avaliação participante
prima pela participação dos usuários em todo o planejamento, implementação e avaliação dos programas
e dos projetos. Valoriza mais o processo que exatamente os resultados.

Observação

Avaliação de eficácia, eficiência e efetividade, conforme vimos,


corresponde à avaliação indicativa.

É um tipo de avaliação, ainda incipiente na nossa realidade, mas de extrema valia para a construção
de uma sociedade mais justa, com pessoas mais politizadas e envolvidas nos processos decisórios. Ela
passou a ser defendida a partir da pressão social. Prega o envolvimento dos gestores, dos técnicos e dos
usuários.

Normalmente, a avaliação é executada somente pela equipe técnica, sem a participação ativa
dos gestores e da comunidade. Esse tipo de avaliação deixa lacunas e sobrecarrega o gestor do
projeto com o peso da responsabilidade de decisão, sem poder compartilhar acertos e possíveis e
frequentes falhas.

Precisamos compreender a avaliação participante como um todo complexo e antagônico,


repleto de descensos e consensos, já que prima pela participação dos gestores, dos técnicos e dos
usuários que têm interesses e conhecimentos heterogêneos. Portanto, para utilizar a metodologia
de avaliação, precisamos valorizar as diferenças e fazer delas o ponto positivo do projeto. Esse é
o grande desafio.

137
Unidade III

Há três vertentes teóricas da avaliação participante. Vejamos quais são elas.

a) Avaliação democrática.

c) Crítica institucional e criação coletiva: investigação, conscientização e criação coletiva.

d) Pesquisa participante embasada em seis princípios:

• autenticidade e compromisso;
• antidogmatismo;
• restituição sistemática;
• feedback aos intelectuais orgânicos;
• ritmo e equilíbrio de ação/reflexão;
• ciência modesta e técnicas dialogais.

Para utilizar a metodologia de avaliação participante, o avaliador/pesquisador, precisa desenvolver


algumas habilidades, que expomos a seguir.

• Estimular a iniciativa do grupo na reformulação do programa/projeto.


• Promover o diálogo.
• Ter habilidade interpessoal, ética e trabalho coletivo.
• Valorizar o processo dinâmico e não somente os resultados.
• Priorizar a qualidade e não a quantidade.
• Ser um bom mediador.

Saiba mais

Para que você se instrumentalize mais sobre a avaliação participativa,


leia a obra Avaliação participativa de programas sociais, de Maria Cecília
Rocho Nobre Barreira, publicada pela editora Veras, em 2002. A autora
traz logo na epígrafe de sua obra a seguinte mensagem: “Transformação e
mudança da realidade são previstas por meio do processo participativo. Há
uma radicalidade intencional quando se fala em transformar e mudar. Não
é apenas proposta de melhoria de vida, mas de inclusão social da população
excluída e de conquista de cidadania”. Sinta-se convidado para aprofundar
nessa discussão, pois você só tem a ganhar!

138
Supervisão de Intervenção Profissional

Portanto, a avaliação participante é a mais desafiadora e a mais pertinente de ser efetivada, pois
agrega todos os envolvidos nos processos. Aí está sua riqueza, possibilita o empoderamento dos sujeitos
e sua participação ativa nas decisões.

Resumo

Nesta unidade, você estudou sobre alguns elementos importantes


para a elaboração e execução de um projeto de intervenção.
Destacamos o planejamento, a organização, a articulação de parcerias e
a sistematização do tipo de ações que serão realizadas para a execução
do projeto. Destacamos que o projeto de intervenção também tem
a prerrogativa de suscitar a reflexão do aluno quanto à escolha dos
instrumentais técnico-operativos e de como resolver as demandas
apresentadas, sendo, então, uma ferramenta fundamental no exercício
de junção teoria/prática.

Vimos que a avaliação é uma atividade que nos possibilita visualizar o


andamento do projeto de intervenção e os impactos provocados por ele. Ela
é importante para mensurar os resultados e também aprimorar as demais
atividades, corrigindo-as ou ampliando-as. Aprendemos que há a avaliação
participativa e a indicativa, que são formas de avaliar os resultados
propostos e também de poder explicitar as experiências de respostas às
demandas apresentadas no campo de estágio.

Você pôde, então, aprender as estratégias e principais técnicas


do processo de trabalho do assistente social: sua abordagem
grupal, conceitos de grupo, seu surgimento; a reunião, a entrevista,
instrumentos técnico-operativos da ação profissional. Reiteramos
a relevância da atitude investigativa no processo interventivo da
profissão no uso dessas ferramentas com vistas à consolidação de
direitos dos cidadãos.

Exercícios

Questão 01. A entrevista constitui recurso técnico no fazer profissional do assistente social. Desse
modo, é correto afirmar que:

A) Ela propicia elementos investigativos esclarecedores do objeto de intervenção do assistente social


na relação com o usuário.

B) Aproxima profissional e usuário, porém o primeiro exerce supremacia em relação ao segundo por
construir sozinho as alternativas de encaminhamentos.
139
Unidade III

C) Ela pode ocorrer em qualquer espaço aleatoriamente e sem o acordo do entrevistado.

D) O fator tempo em nada interfere na entrevista.

E) Ela não propicia nenhum elemento investigativo esclarecedor do objeto de intervenção do


assistente social na relação com o usuário.

Resposta: alternativa A.

Comentário:

Se você assinalou a alternativa A, acertou, pois a entrevista é uma importante técnica norteadora
do fazer profissional, propicia leitura fundamentada na realidade. Se você assinalou a alternativa B,
errou, pois embora a entrevista aproxime profissional e usuário, as alternativas com vistas à solução
da problemática detectada são construídas em conjunto, e não unilateralmente. Se você optou
pela alternativa C, errou também, pois a definição do espaço físico para realização da entrevista e a
combinação com o entrevistado são aspectos que precisam ser levados em conta. Ainda, se optou
pela alternativa D, errou, pois a duração da entrevista precisa ser pensada, programada e revelada ao
entrevistado para evitar desgastes e dispersões. Se optou pela alternativa E, errou, da mesma forma, pois
a entrevista possibilita investigar e conhecer melhor a realidade social da população usuária do Serviço
social, oferecendo subsídios para melhor atuar.

Questão 02 (adaptada de prova de concurso realizado pela Cespe/UNB em 2008 para o cargo de
analista judiciário da área de Serviço Social do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará). São diversas as
concepções, as formas e as metodologias de avaliação das políticas e dos programas sociais, que variam
segundo o propósito dos estudos, a fase do ciclo e o enfoque adotado. Em relação a esse assunto, analise
os itens subsequentes, julgando-os por certos ou errados. Justifique sua resposta em forma de texto de
aproximadamente 10 linhas.

A) A avaliação e o monitoramento têm como foco os recursos disponíveis, as ações realizadas, os


processos desenvolvidos, a participação de beneficiários e a análise de implementação. Implica
estabelecimento de causalidade entre insumo/produto e resultado, bem como a identificação da
alteração gerada pela intervenção.

B) A avaliação deve ser compreendida pelos gestores públicos como fiscalização, controle e/ou
auditoria e deve ser realizada apenas ao final do programa/projeto.

140
Supervisão de Intervenção Profissional

Comentário:

Nesta atividade, você deve apontar a alternativa A como correta e a B como errada. Para justificar
a primeira resposta, deve aprofundar nos pontos positivos da avaliação, explorar os elementos do
próprio enunciado, complementando com sua compreensão do conteúdo estudado sobre avaliação e
monitoramento. Quanto à segunda resposta deve explicitar que a avaliação não pode ser compreendida
pelos gestores públicos como fiscalização, controle e/ou auditoria, e ser realizada apenas no final do
programa/projeto. Conforme vimos, ainda há resquícios de gestores que compreendem a avaliação dessa
forma, o que é um equívoco e que precisa ser combatido. A avaliação é uma ferramenta de planejamento
que serve para otimizar os serviços, os recursos, medir o grau de eficiência, eficácia e efetividade, e deve
ser realizada durante todo o processo de desenvolvimento do projeto.

Questão 04. Faça uma observação participante, por um período de 45 minutos, de uma situação
social que você entreviu junto com seu supervisor no campo de estágio. E, a partir dela, anote os
aspectos observados e dados coletados.

141
Unidade III

Comentário:

Esta atividade possibilita a você, aluno, o exercício da observação participante, mas requer bastante
atenção e a utilização das técnicas que abordamos: a capacidade de percepção, a coleta de dados e
investigação da situação social que você escolheu observar. Se você realizou todos esses aspectos da
observação participante, é muito importante ter se lembrado de elaborar seu relatório condensado. Tudo
isso foi cumprido, não é?! Então, excelente! Agindo assim, você demonstrou compreender a técnica
da observação participante em uma situação social que entreviu junto a seu supervisor no campo de
estágio.

142
Supervisão de Intervenção Profissional

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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