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I. Introdução:
Em Chapecó, por exemplo, autuações lavradas por policial militar a partir dos
avisos de irregularidade confeccionados por funcionários da empresa privada responsável
pelo estacionamento rotativo local já foram impugnadas na via judicial.
Neste caso, o Ministério Público firmou acordo com o Município de São Bento
do Sul, ajuste este homologado por sentença nos autos do Processo nº 058.09.007393-0,
entendendo "ser viável a expedição de auto de infração de trânsito pela prática do disposto
no art. 181, inciso XVII, do Código de Trânsito Brasileiro, na hipótese de estacionamento em
desacordo com as condições regulamentadas especificamente pela sinalização", e que tal
auto de infração seja precedido "pela expedição de 'aviso de irregularidade' emitido por
agentes de trânsito municipais (servidores públicos municipais), de modo a adequar a
conduta do Município de São Bento do Sul aos ditames do artigo 280, §2º, do CTB".
Também não se pode dizer que está errado não lavrar o auto de infração no
momento em que o veículo se encontra estacionado, se o próprio regulamento desse sistema
confere ao usuário um prazo determinado para regularizar a situação após o uso da vaga. O
que se infere, nessa hipótese, é que, de acordo com a regulamentação local, o momento da
verificação da infração pode ser alterado, pois se a legislação municipal (que se presume
constitucional) autoriza a regularização posterior, embora a conduta tenha se iniciado na hora
em que o veículo foi estacionado, o ilícito somente se consuma se o interessado não
regularizar a situação dentro do prazo estabelecido no respectivo regulamento.
[...]
Entendo, pois, que esta manifestação é oportuna, seja para oferecer aos
municípios que já dispõem desse tipo de serviço uma noção de como os Tribunais vêm
tratando o tema, seja para informar àqueles municípios que ainda não regulamentaram o
assunto sobre os fundamentos favoráveis e desfavoráveis à adoção dessa sistemática.
Sintetizando:
b) apesar da polêmica que cerca o tema, entendo que até que a matéria seja pacificada no STF,
devemos adotar o entendimento firmado no STJ no sentido de que “os atos relativos à
fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder
de coerção do Poder Público. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por
particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - aplicação de multas para
aumentar a arrecadação”.
d) não está errado deixar de lavrar o auto de infração pelo ilícito do art. 181, XVII, do CTB,
no momento em que o veículo se encontra estacionado, se o próprio regulamento do sistema
conferir ao usuário um prazo determinado para regularizar a situação após o uso da vaga.
Aprovado por unanimidade na Sessão Ordinária n.º 049, realizada em 06 de dezembro de 2011.