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JORNALISMO 203

Os Temas da Guerra.
Estudo exploratório sobre o enquadramento temático
da Guerra do Iraque na Televisão
Telmo Gonçalves1

A Guerra do Iraque foi o conflito inter- Foi na madrugada desse dia que o presidente
nacional mais mediatizado dos últimos tem- norte-americano e os media nos deram conta
pos. Cidadãos de diferentes pontos do globo «em directo» do começo do conflito, que
seguiram de perto, nomeadamente através das vimos deflagrar diante dos nossos olhos
televisões, a evolução de mais um conflito através dos ecrãs de televisão. Uma estação
nas areias do deserto iraquiano, que rapida- de televisão portuguesa, a RTP, teve mesmo
mente se transformou num hiperaconteci- a «felicidade» de ser a primeira a transmitir
mento mundial. Os media prepararam com em directo o início dos bombardeamentos
tempo a grande cobertura mediática de um sobre Bagdade, antecipando-se em poucos
conflito anunciado. Em finais de Janeiro de minutos às grandes cadeias de televisão
2002, no seu discurso do Estado da União, globais.
celebrizado pela metáfora do «eixo do mal», Uma dupla de reportagem, formada por
George W. Bush deixou claro que as ope- Carlos Fino e Nuno Patrício, da janela de
rações em curso no Afeganistão constituíam um quarto de hotel estrategicamente
apenas a primeira fase de uma estratégia posicionado com vista sobre o rio Tigre, fez
global mais vasta. «Aquilo que encontrámos o relato dos primeiros bombardeamentos à
no Afeganistão confirma que, longe de acabar capital iraquiana. As imagens do relato trans-
aqui, a nossa guerra contra o terror está mitidas através de videofone dificilmente
apenas no início»2, declarou o presidente dos deixavam perceber aquilo que se estaria a
EUA, apontando a Coreia do Norte, o Irão passar: pontos de luz a piscar no ar, a imagem
e o Iraque como os pólos da grande ameaça pouco definida do repórter na varanda, uma
terrorista à paz mundial. A administração vista quase imperceptível sobre uma parte da
norte-americana foi deixando perceber que cidade... No entanto, são estas imagens de
o Iraque constituiria a fase seguinte da Guerra fraca definição que povoam a nossa memória
ao Terrorismo. como marco simbólico do início deste con-
No dia 20 de Março de 2003, poucos flito. A própria RTP não se cansou de re-
minutos depois das 2.30h da madrugada, forçar o simbolismo do momento, difundin-
mostraram-se em directo na televisão os do insistentemente um «spot»
primeiros sinais da guerra. As operações autopromocional a recordar o feito excepci-
militares terrestres já tinham começado pelos onal de ter transmitido «em exclusivo» - três
menos um dia antes 3. Mesmo antes da minutos antes da CNN !(cf. Santos, 2003:
apresentação do problema do Iraque ao 26) – os primeiros bombardeamentos da
Conselho de Segurança, em Setembro de Guerra do Iraque.
2002, que conduziu à Resolução 1441, os
EUA já tinham decidido intensificar os Da «comunicação estratégica» à «guerra
bombardeamentos aéreos sobre a zona de em directo»
exclusão aérea, de forma a destruir os sis-
temas de comunicações e de defesa aérea As primeiras bombas sobre Bagdade
iraquianos, preparando assim o «campo de iniciaram uma outra guerra, paralela àquela
batalha» para uma ofensiva terrestre (Clark, que se travava no terreno, mas com efeitos
2004: 41). Terá sido esta a primeira fase da decisivos na condução político-estratégica das
guerra, discreta e invisível, mas extraordi- operações. Os media constituem, com as suas
nariamente decisiva e também letal. possibilidades tecnológicas de mediatização,
Será, no entanto, o dia 20 que ficará na parte integrante dos conflitos internacionais
história a marcar o início da Guerra do Iraque. e das equações estratégicas dos contendores.
204 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Pelo papel que desempenham na construção valores da concorrência, da emoção, do


da realidade da guerra, são elementos deci- predomínio da imagem televisiva e da infor-
sivos na evolução das opiniões públicas, que mação em tempo real. O rescaldo da cober-
funcionam, sobretudo nos regimes democrá- tura jornalística da Guerra do Golfo estimu-
ticos, como uma categoria estratégica fun- lou uma atitude crítica face ao papel dos
damental, modificando a liberdade de acção media e do jornalismo nas sociedades con-
de que dispõem os actores políticos na temporâneas (Mesquita, 2003: 71-88).
prossecução dos seus objectivos político- A Guerra do Iraque surge como uma nova
estratégicos. A acção estratégica sobre os oportunidade para os media noticiosos cum-
media tem como principal objectivo influ- prirem as promessas frustradas em 1991.
enciar a evolução da narrativa mediática da Encontravam-se reunidas condições que
guerra, tentando impor nos enquadramentos prometiam um desfecho diferente, começan-
mediáticos as concepções da realidade que do, desde logo, pela vulgarização de algu-
melhor servem os seus interesses estratégi- mas inovações tecnológicas - de onde se
cos. Inicia-se, assim, paralelamente à guerra destaca o videofone – , que permitiram de
do terreno, uma guerra virtual, que disputa forma mais fácil e económica aumentar as
a construção das imagens públicas da guerra. potencialidades de transmissão em directo das
A acção estratégica através dos media televisões.
processou-se durante o conflito do Iraque num Outra das grandes novidades na
clima de «guerra em directo». A expressão mediatização deste conflito foi a presença de
não é nova no mundo jornalístico, se nos mais de 500 jornalistas «incorporados» em
lembrarmos que a cobertura da Guerra do diferentes unidades das forças da coligação
Golfo de 1991 também recebeu idêntico anglo-americana, o que não constitui, em si,
título. No entanto, a grande cobertura um facto novo, pois encontramos aplicações
mediática deste conflito frustrou as expec- do «jornalismo embedded» na Segunda
tativas iniciais, transformando-se num episó- Guerra Mundial e na Guerra do Vietname.
dio de má memória para o jornalismo. A grande novidade consiste no diferencial
A investigação sobre a actuação dos media tecnológico com que os media podem actu-
no primeiro conflito do Golfo veio demons- almente operar, com possibilidades de
trar que não foi por contarem com mais transmitissão em directo da frente de bata-
possibilidades de mediatização, nomeadamen- lha.
te com uma maior vulgarização da transmis- A opção pela «incorporação» de jorna-
são em directo via satélite, nem com a listas é resultado de uma nova doutrina militar
presença de equipas de jornalistas nos dois americana para as relações com os media,
lados do conflito, que os media conseguiram desenvolvida a partir das experiências dos
satisfazer melhor a «necessidade de saber» conflitos internacionais anteriores, onde se
dos seus públicos. A operação de comuni- destaca o trauma do Vietname. Perante as
cação estratégica montada pela então «coli- actuais capacidades tecnológicas dos media
gação multinacional» revelou-se eficaz, com noticiosos, esta nova doutrina estratégica
o controlo da liberdade de acção dos jorna- norte-americana defende uma maior proxi-
listas no terreno através do sistema de «pools» midade controlada dos jornalistas, de forma
e a criação de uma máquina de comunicação a divulgar o «seu lado da história», aspiran-
oficial constituída pelos serviços de relações do assim a uma maior identificação dos
públicas dos gabinetes políticos e militares públicos norte-americanos com os seus
a funcionar em permanência para alimentar militares em acção.
e condicionar as aspirações de uma «guerra Confiantes numa vitória rápida, os res-
em directo» (Cf. Taylor, 1993; Bennett e ponsáveis políticos e militares da coligação
Paletz, 1994). No balanço da grande opera- decidiram participar mais pró-activamente no
ção mediática, surgiu uma literatura variada espectáculo da «guerra em directo», sem
revelando não só as várias manobras de correrem à partida grandes riscos, pois os
manipulação de que os públicos tinham sido repórteres «embedded» estariam limitados a
alvo, mas também as próprias fragilidades uma percepção episódica da guerra, escapan-
de uma lógica informativa dominada pelos do-lhes inevitavelmente o quadro geral, tal
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como sucede com os militares envolvidos nas esta guerra foi tematicamente enquadrada.
missões operacionais4. A opção pela incor- Pretendemos, mais precisamente, demonstrar
poração de jornalistas também se justificava quais as problemáticas que, numa perspec-
para evitar as críticas recorrentes dos media tiva macro do fenómeno da guerra, foram
à Administração norte-americana e ao privilegiadas nas opções editoriais da RTP1,
Pentágono, como aconteceu nos conflitos de uma das cadeias de televisão nacionais que
Granada, Panamá, primeira Guerra do Golfo mais investiram e se destacaram na cober-
e Afeganistão. tura deste conflito.
Estima-se que terão sido mobilizados no A hipótese que submetemos aqui a um
total mais de 3000 jornalistas para a região primeiro teste é a de saber se os
durante o conflito, alguns deles a trabalhar enquadramentos mediáticos da Guerra do
numa espécie de versão «embedded» junto Iraque privilegiaram essencialmente os fac-
das autoridades iraquianas. Foram, no entan- tores relacionados com a dimensão estraté-
to, as televisões árabes Al-Jazeera e Abu gico-militar do conflito, anulando outras
Dhabi TV, reportando a guerra através do seu problemáticas importantes para a construção
enquadramento sócio-culutral e usufruindo de de uma percepção multidimensional de um
maior liberdade de acção no lado iraquiano, dos fenómenos sociais mais complexos e
quem terá causado mais problemas à estra- dramáticos que qualquer sociedade pode
tégia da coligação, divulgando as primeiras conhecer.
imagens de soldados americanos mortos e de
vítimas civis dos bombardeamentos sobre «Framing» e enquadramentos temáticos
Bagdade.
O cenário de comunicação da Guerra do A abordagem do framing, que conta com
Iraque foi significativamente diferente, mas mais de duas décadas de evolução nos es-
a questão central que se levanta no estudo tudos do jornalismo, apresenta-se-nos como
do fenómeno de hipermediatização dos con- um bom quadro teórico de referência para
flitos permanece a mesma. Em síntese, trata- o desenvolvimento da nossa problemática.
se de saber de que forma os actores político- Esta corrente de investigação vai buscar as
estratégicos e os media interagem na cons- suas bases teóricas à sociologia de Erving
trução da percepção pública da guerra. Goffman, transpondo para a análise do dis-
Responder a esta questão implica, por um curso jornalístico a noção de «frame» desen-
lado, investigar em que medida as concep- volvida pelo sociólogo na sua obra Frame
ções das elites políticas e militares influen- Analysis (1974). Na tese de Goffman, os
ciaram os enquadramentos através dos quais enquadramentos surgem como princípios
os media foram construindo a narrativa básicos de organização das nossas experiên-
mediática da guerra, e, por outro lado, tentar cias, que operam uma espécie de «corte»
conhecer de que forma os constrangimentos artificial sobre a realidade de forma a con-
de mediatização de uma realidade tão com- ferirem-lhe um sentido, definindo não só a
plexa como é uma guerra, associados a uma forma como interpretamos as situações, mas
certa mitificação que o jornalismo de guerra também como interagimos com os outros. «[A
recebe na cultura jornalística, concorrem para definição de uma] situação é construída em
a definição dos enquadramentos que definem concordância com princípios de organização,
em grande medida a construção da nossa os quais governam os acontecimentos – pelo
percepção da realidade. menos os sociais – e o nosso envolvimento
O trabalho que aqui trazemos não tem subjectivo neles... ‘frame’ é a palavra que
propósitos tão ambiciosos. Trata-se de um utilizo para me referir a tais elementos
estudo exploratório que concorre para esse básicos...», explica Goffman (1974: 10 e 11).
grande objectivo último, mas que se circuns- Em síntese, os enquadramentos apresentam-
creve apenas a um aspecto particular dos se como os processos através dos quais as
enquadramentos mediáticos operados por um sociedades reproduzem sentido, estruturando
canal de televisão nacional durante a primei- a nossa experiência individual da realidade.
ra semana do conflito no Iraque. O que É com base nesta proposta que se vão
pretendemos dar a conhecer é a forma como desenvolver os estudos pioneiros da aborda-
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gem do «framing», de onde se destacam a mediáticos a perspectiva temática através da


obra clássica de Gaye Tuchman (1978) sobre qual se tenta conferir um sentido coerente
as notícias como construção social da reali- a uma dada realidade, que necessariamente
dade e a tese de Todd Gitlin (1980) sobre a assume um carácter multidimensional, ofe-
forma como os media influenciaram a cons- recendo-se ao discurso jornalístico sempre
trução histórica do movimento estudantil da com diferentes hipóteses de selecção e ên-
«nova esquerda» norte-americana nos anos 60. fase. Um dos primeiros dispositivos dos
A evolução da aplicação do conceito de enquadramentos mediáticos processa-se, pre-
«frame» nos estudos jornalísticos, devido a cisamente, ao nível do enquadramento
vários factores que não vamos aqui analisar, temático que um dado assunto acolhe no seu
trouxe a esta corrente uma conceptualização processamento jornalístico.
difusa, dificultando a possibilidade de se A própria estrutura editorial de uma
estabelecer um quadro teórico comum às publicação, mesmo que não denote no pro-
pesquisas do «framing» (Cf. Entman, 1993; duto final uma organização temática muito
Scheufele, 1999). Nos últimos anos, esta explícita - como podemos encontrar em
abordagem tem vindo a afirmar-se como um alguns noticiários televisivos -, é regra geral
paradigma promissor no estudo da proble- pensada segundo um critério prévio sobre a
mática dos efeitos dos media (Cf. Scheufele, forma como o meio de comunicação preten-
1999), sendo, por vezes, apresentado como de enquadrar tematicamente a narrativa glo-
uma evolução complementar da conhecida bal do mundo para os seus públicos. Os títulos
abordagem do «agenda-setting» (McCombs das editorias de um jornal (Nacional, Inter-
e Shaw, 1993; Iyengar, Simon, 1993). Não nacional, Sociedade, Economia...), por exem-
é, obviamente, com essa orientação que plo, espelham, entre outros factores - como
invocamos aqui o conceito. Utilizamo-lo com a especificidade editorial do meio de infor-
o objectivo de conhecer o discurso jornalístico mação -, uma concepção sobre a forma como
e seus mecanismos de produção de sentido, o discurso jornalístico se propõe organizar
e não com o fim de perceber quais os efeitos o discurso do mundo.
directos que os enquadramentos mediáticos Uma das principais dificuldades da uti-
poderão provocar nas audiências. Situamo- lização da noção de tema consiste no facto
nos, assim, no quadro mais específico das de encontrarmos sempre, como nota Patrick
teorias da notícia. Charaudeau et al., «temas de diversas dimen-
Fazendo referência a Goffman (1974) e sões: ‘macrotemas’ e ‘microtemas’» (2001:
a Tuchman (1978), Todd Gitlin define 32). Prosseguindo a analogia com a estrutura
enquadramentos mediáticos como «princípi- editorial de um jornal, como sugere este autor
os de selecção, de ênfase e de apresentação (Idem), os «macrotemas» que encontramos
compostos por pequenas teorias tácitas sobre identificados nos títulos das editorias tam-
o que existe, o que ocorre e o que é rele- bém se podem subdividir noutros
vante. (...) Os enquadramentos mediáticos são «microtemas», que apresentam uma maior ou
padrões persistentes de cognição, interpreta- menor permanência nas edições do jornal.
ção e apresentação, selecção, ênfase e ex- Toda esta estruturação temática desempenha
clusão, através dos quais os manipuladores a montante a dupla função que Gitlin atribui
de símbolos organizam rotineiramente o aos enquadramentos mediáticos, conferindo
discurso, seja verbal ou visual» (1980: 6 e sentido não só à organização do discurso
7). Os enquadramentos desempenham uma jornalístico, mas também à forma como os
dupla função: organizar o mundo para os públicos processam a realidade que ele tenta
jornalistas que o reportam - são eles que reproduzir.
permitem aos jornalistas operacionalizar o Patrick Charaudeau et al sugere em
processamento de grandes quantidades de alternativa à operacionalização da noção de
informação - e para as audiências que con- tema na análise do discurso jornalístico o
fiam nos seus relatos. conceito de «domínio cénico»:
Com base na definição de Gitlin, con-
sideramos como um dos componentes bási- «Se o macro-tema se define como o
cos da definição dos enquadramentos campo da notícia que é delimitado por
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crítérios de actividade social no es- com o mínimo de prejuízos, no mais curto espaço
paço público (...), o domínio cénico de tempo. É neste contexto que surge a noção
constitui a estruturação desse campo de estratégia integral, que estende a reflexão
como o ‘universo referencial’ que o do fenómeno da guerra muito além do estrito
media constrói. Este universo domínio da aplicação do potencial militar.
referencial não corresponde por isso De acordo com o que sugere a noção de
a um corte apriorístico do conteúdo, estratégia integral, podemos analisar o fenó-
ele depende do papel que jogam os meno da guerra segundo as diferentes for-
actores implicados no acontecimento mas de coacção que um actor político pode
relatado: seja um papel de acção, seja mobilizar na resolução de um conflito:
um papel de palavra. (...) O critério coacção militar, coacção político-diplomáti-
para definir o domínio cénico é, assim, ca, coacção económica e coacção psicológi-
um critério de’actancialização (quem ca. A cada uma destas formas de coacção,
faz o quê sobre quem?), descrevendo corresponderá um domínio específico de
os «actantes», os processos nos quais acção estratégica. Teremos, assim, uma es-
eles se encontram implicados e as tratégia psicológica – responsável pela ac-
finalidades que é suposto prossegui- ção dirigida às opiniões públicas e às forças
rem, e de declaração (quem fala a morais (civis e militares) do campo do
quem a propósito do quê?), descre- adversário (propaganda, contrapropaganda e
vendo os sujeitos da palavra, o valor informação); uma–estratégia político-diplo-
discursivo desta e a finalidade que eles mática – centrada na acção dos actores
visam.» (2001: 33). políticos e diplomáticos (política interna e
política externa); uma estratégia económica
É através da forma como os actores – responsável pela criação e rentabilização
intervêm no discurso jornalístico, das qua- de recursos económico-financeiros para a
lidades em que participam (políticos, mili- prossecução dos objectivos político-estraté-
tares, diplomatas, agentes humanitários, ci- gicos e pela redução das capacidades eco-
vis...) na acção e dos seus actos de discurso nómicas das forças adversas (produção, fi-
que se define em grande medida o enqua- nanceira, comércio externo...); e, por fim, uma
dramento temático dos acontecimentos. É, estratégia militar – responsável pela com-
neste sentido, centrado na forma como o binação dos diferentes recursos do potencial
discurso jornalístico reproduz as acções e militar (terrestre, marítimo e aeroespacial)
apresenta os seus actores, bem como as (Cf. Couto, 1989: 227-239).
selecções que opera dos seus actos de pa- É com base neste quadro de referência
lavra, que pretendemos operacionalizar neste que os actores políticos e militares conce-
estudo o enquadramento temático como bem uma manobra estratégica integrada,
categoria analítica. reflectindo cada domínio de acção uma
problemática particular em que se pode
a) Macrotemas subdividir a análise do fenómeno da guerra.
Propomos a utilização deste racional para a
As teorias da estratégia, que têm por definição dos macrotemas da análise da
objecto central o estudo das situações reais guerra, acrescentando-lhe a dimensão civil,
e potenciais de conflito com que uma «uni- que, naturalmente, ele não integra. Conside-
dade política» se pode defrontar (Cf. Couto, ramos, assim, cinco enquadramentos
1989: 195), oferecem-nos um quadro macrotemáticos na nossa análise:
multidimensional para reflectirmos sobre o - estratégico-militar: todas as acções que
fenómeno da guerra. As concepções estra- representem opções da condução da estraté-
tégicas contemporâneas adoptam uma visão gia militar da guerra e/ou operações milita-
integrada de todo o processo de conflito, res efectivas (terrestres, aéreas, marítimas) –
sugerindo que a boa acção estratégica é aquela (p. ex., análises de especialistas sobre a
que consegue rentabilizar com eficácia os condução da estratégia da guerra, actores
diferentes recursos de uma «unidade políti- políticos ou militares a comentar a evolução
ca» com vista a atingir objectivos políticos das operações, tropas em combate);
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- político-diplomático: todas as situações Definimos como temas pró-coligação as


que representem acções de agentes do campo problemáticas da existência de armas de
político e/ou diplomático de diferentes pa- destruição maciça (ADM) no Iraque; da
íses ou das organizações internacionais (p. ligação do regime de Saddam Hussein ao
ex., comunicação ao país de um chefe de terrorismo de grupos fundamentalistas
governo, negociações no seio da ONU ou islâmicos e da diabolização do então presi-
noutras organizações internacionais, debate dente iraquiano e do seu regime, que cons-
num parlamento nacional sobre a guerra); tituíram, na nossa perspectiva, os temas
- psicológico: todas as acções apresen- centrais da comunicação estratégica desen-
tadas na perspectiva da sua produção de volvida pelos actores políticos da coligação
efeitos sobre as opiniões públicas, sobre o e dos seus apoiantes.
moral das populações civis ou sobre o moral Como temas adversos aos objectivos
dos militares (p. ex., manobras de propagan- político-estratégicos da coligação, considerá-
da ou de contrapopaganda desencadeadas mos as problemáticas da legalidade interna-
pelos partidos beligerantes, reacções de fa- cional para desencadear uma acção militar,
miliares das tropas, manifestações públicas); da prossecução de interesses económicos de
- económico: todas as situações que re- elites políticas e empresariais dos países da
levem finalidades ou consequências económi- coligação e, por fim, da interpretação desta
cas do conflito (p. ex., preços do petróleo, «guerra preventiva» como um ataque do
custos das operações militares, efeitos para as ocidente contra o Islão - que classificamos
economias internacional ou nacionais); genericamente recorrendo ao conhecido
- civil: todas as acções que representem conceito huntingtiano de choque de civiliza-
os efeitos directos e indirectos da guerra sobre ções (Cf.Huntington, 1999); pensamos que
as populações civis, tanto nos países em foram estes os três principais temas presen-
conflito como nos restantes, incluindo as tes nas acções e palavras dos actores que se
acções de organizações de apoio humanitário opuseram às intenções da coligação anglo-
(p. ex., situação humanitária das populações, americana, tanto nas daqueles que adopta-
efeitos da guerra sobre o quotidiano, vítimas ram uma posição anti-coligação, como nas
civis de erros militares); dos partidários de uma visão pró-iraquiana
Uma peça jornalística pode ser rica na (inclusive o próprio regime), embora sejam
exploração de várias destas temáticas, em- duas posições distintas, que utilizam estes
bora na maioria dos casos, sobretudo na temas com modalidades e finalidades dife-
mediatização televisiva, tenda a focalizar-se rentes.
numa delas. Não propomos, portanto, a A categorização apresentada é, como
utilização destas subcategorias seguindo um referirmos, restrita ao âmbito da controvérsia
critério exclusivista, razão pela qual proce- em torno da legitimidade da intervenção
demos a uma classificação gradativa dos itens militar, tentando a essa luz dar conta apenas
de análise, como explicamos na apresenta- dos temas que se nos apresentaram como mais
ção dos aspectos metodológicos do estudo. recorrentes. Ficam de fora muitos outros
microtemas surgidos no decurso da narrativa
b) Microtemas mediática da guerra, muitos deles estimula-
dos pela acção directa dos contendores em
A controvérsia gerada em torno da prosse- interacção com a acção dos media. Da
cução do conceito de «guerra preventiva», observação das imagens da primeira semana
adoptado pelos actores políticos da coligação de conflito, poderíamos destacar, por exem-
anglo-americana e seus aliados na justifica- plo, as dúvidas levantadas pela administra-
ção da intervenção militar, forneceu-nos os ção norte-americana em relação à identidade
«microtemas» da nossa análise, que subdi- de Saddam Hussein, a questão dos prisio-
vidimos em dois grupos, considerando os neiros de guerra iraquianos ou o problema
principais argumentos dos dois lados que dos militares capturados por iraquianos. O
alimentaram a esfera da controvérsia na fase aprofundamento da nossa análise no sentido
pré-guerra e que se mantêm bem vivos no das problemáticas sugeridas ao longo da
debate público pós-guerra convencional. construção mediática da narrativa da guerra
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será certamente interessante num estudo mais ção do pivô e qualquer outro elemento de
global, que não teríamos hipótese de desen- mediatização introduzido pela sua «voz». Esta
volver no contexto de um trabalho opção justifica-se porque é o «lead» do pivô
exploratório. que tem como objectivo conferir um primei-
ro sentido de enquadramento ao conteúdo de
Aspectos metodológicos outros géneros jornalísticos. Considerámos,
assim, diferentes formatos da mediatização
Os dados apresentados neste estudo são que utilizámos também como indicadores
resultado do desenvolvimento de uma aná- complementares para análise. No conjunto
lise quantitativa dos telejornais da RTP1, dos sete programas, foram analisados 199
emitidos entre os dias 20 de Março de 2003 itens, cujo conteúdo se encontrava ligado ao
e 26 de Março de 2003. Para a cobertura conflito no Iraque, e classificados 37 itens
da Guerra do Iraque, este canal de serviço referentes a outros assuntos.
público de televisão adoptou um modelo de Na análise dos enquadramentos
informação em contínuo, com a abertura na macrotemáticos, procedemos, como referimos
grelha de emissão de espaços informativos anteriormente, a uma classificação gradativa,
especiais («Jornal da Guerra», «Diário da segundo a qual todos os itens eram anali-
Guerra»), tentando dar aos seus telespecta- sados em quatro níveis: sem significado,
dores a sensação de cobertura em tempo real significado mínimo, significado moderado e
da evolução do conflito. A grelha de alinha- significado acentuado. Na análise dos resul-
mento global da estação ficou, assim, subor- tados finais, concluímos que os níveis inter-
dinada às expectativas de evolução dos médios («significado mínimo» e «significa-
acontecimentos, o que lhe permitiu, por do moderado») não apresentavam relevância
exemplo, emitir em directo o início dos estatística, pelo que optámos por agregar os
bombardeamentos sobre Bagdade. seus resultados aos outros dois níveis (res-
Apesar desta opção editorial, segundo a pectivamente, «sem significado» e «signifi-
qual as exigências da informação ultrapas- cado acentuado»).
sam qualquer lógica de programação pré- Para análise dos enquadramentos
definida, ocupando espaços que tradicional- microtemáticos, uma vez que poderiam surgir
mente são designados para o entretenimento, numa forma afirmativa, negativa ou neutra,
este canal da RTP manteve no mesmo ho- optámos por considerar esses três campos de
rário o programa Telejornal, aproveitando este classificação, o que se revelou infrutífero
momento tradicional de encontro com o seu neste estudo, pois todos os itens com refe-
público para dar as últimas novidades sobre rência a microtemas apresentaram-se-nos
a evolução do acontecimento e fazer um ponto sempre na forma «afirmativa». Pensamos, no
de situação sobre a cobertura geral da guerra entanto, que as três possibilidades de clas-
durante o dia, além de apresentar ainda outros sificação poderão fazer sentido em análises
assuntos que marcavam a actualidade. A futuras.
manutenção do formato habitual deste pro-
grama de informação facilitou a constituição Resultados
do corpus de análise do nosso estudo, pois
seria praticamente impossível não só obter O período analisado coincide com a fase
registos completos de todos os especiais de inicial da ofensiva terrestre da tropas da
informação realizados sobre a guerra, como coligação em território iraquiano, que pode-
também conseguir em pouco tempo, sem uma mos considerar «a primeira fase da guerra»
equipa de investigação, analisar um volume (cf. Clark, 2004). Nos primeiros três dias (20
de elementos tão vasto. Partimos, assim, do a 22), assistimos aos bombardeamentos sis-
pressuposto de que as edições do Telejornal temáticos sobre a capital iraquiana (à ten-
constituem uma «amostra» substantiva da tativa de «capitulação» de Saddam Hussein
cobertura geral da Guerra do Iraque reali- e à campanha «Choque e Pavor», como
zada pela RTP1. anunciou o secretário da Defesa norte-ame-
Como unidade de análise básica utilizá- ricano), aos confrontos entre tropas terrestres
mos o conjunto constituído pela apresenta- e à sua progressão no terreno em direcção
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a Bagdade, às rendições de soldados O enquadramento político-diplomático é


iraquianos. Surgem, a partir do quarto dia, o que se aproxima um pouco mais dos índices
as primeiras notícias mais desagradáveis para da cobertura centrada nas questões militares,
a coligação: as imagens de soldados ame- embora se situe sempre abaixo destas (Ane-
ricanos mortos em combate e feitos prisio- xo – Gráficos 3c e 3d). Este resultado tem
neiros, as primeiras imagens de civis atin- de ser analisado tendo em conta o facto de
gidos nos chamados «efeitos colaterais», o em muitos casos se cruzarem as duas dimen-
abrandamento da progressão no terreno sões pelo duplo sentido em que os principais
devido a uma tempestade de areia que asso- actores e os seus actos de discurso podem
lou a região e os confrontos pela tomada de surgir no discurso jornalístico. Em estudos
Umm Qasr e Bassorá. As tropas da coligação futuros, a criação de um indicador sobre os
encontram-se no chamado «círculo vermelho», diferentes tipos de actores (políticos, mili-
a poucos quilómetros da capital iraquiana. tares, civis...) de ambos os lados beligerantes
Começa a especulação sobre se a «batalha de poderá ajudar a uma análise mais aprofundada
Bagdade» não poderá tornar-se uma «batalha dos resultados desta subcategoria.
de Estalinegrado», fazendo assim apelo a um As implicações económicas do conflito, tanto
dispositivo de enquadramento histórico (Cf. no campo da acção estratégica como no da
Modigliani e Gamson, 1995: 3). vida das comunidades, foram as problemá-
ticas menos exploradas nos Telejornais da
a) Focalização macrotemática

Da análise dos enquadramentos primeira semana de conflito. É puramente


macrotemáticos, sobressai uma atenção fo- residual a percentagem de itens que se
calizada sobretudo nos aspectos estratégicos dedicam de forma moderada ou acentuada
e militares que envolveram o acontecimento. a esta dimensão (Anexo – Gráfico 3e), que
Quase três em cada quatro unidades de análise se encontra ausente da maioria dos progra-
dedicam-se, de forma moderada ou acentu- mas analisados (Anexo – Gráfico 3f). Os
ada, às problemáticas militares da «primeira aspectos relacionados com a manobra psico-
fase da guerra» (Anexo - Gráfico 3a). Esta lógica sobre as opiniões públicas (propagan-
tendência mantém-se constante durante toda da, contrapropaganda ou «guerra de infor-
a semana – sempre destacada das restantes mação») e os efeitos da guerra sobre as forças
subcategorias consideradas –, mas atinge os morais (civis e militares) surgem como a
seus picos máximos nos três primeiros dias segunda dimensão da guerra menos destaca-
de conflito, em que o Telejornal foi extra- da, mas a um nível superior ao do enqua-
ordinariamente dedicado ao início dos dramento económico. Um em cada cinco itens
bombardeamentos a Bagdade e à explicação analisados apresenta esta problemática com
da manobra estratégica das forças da coli- um significado «moderado» ou «acentuado»
gação (Anexo - Gráfico 3b). (Anexo – Gráficos 3g e 3h).
JORNALISMO 211

Os efeitos directos e indirectos da guerra a acção dos media durante as várias fases
sobre as populações civis encontram-se pre- da crise iraquiana, que aponta para a existên-
sentes com um significado «moderado» ou cia de uma diferença substantiva no destaque
«acentuado» em cerca de um terço dos itens que a imprensa (Sun, Daily Mirror, Daily
dos telejornais (Anexo – Gráfico 3i). É, assim, Telegraph, Guardian) e as televisões (BBC,
a terceira dimensão da problemática geral da ITN) conferiram às justificações da guerra
guerra mais destacada, registando uma ten- durante a fase de invasão. A investigação de
dência estável ao longo de toda a semana, Howard Tumber e Jerry Palmer constata a
com uma excepção no 3º dia, em que ganha existência de uma desproporção drástica entre
maior destaque (Anexo – Gráfico 3j). a atenção conferida pelas televisões aos
aspectos relacionados com a condução da
b) Onde estão os temas da controvérsia? guerra e a atenção prestada às justificações
e consequências políticas a longo prazo
Tabela 1 - Enquadramentos (2004: 96-113). A partir do momento em que
Microtemáticos Bagdade passa a ser dominada pelas forças
da coligação, segundo o mesmo estudo,
Temas Coligação Temas Adversos verifica-se uma mudança dramática do focus
Armas de atenção das televisões, que passa a con-
Legalidade
de Destruição 10
Internacional
7 centrar-se mais nas consequências da guerra
Massiva
do que na sua condução, enquanto a impren-
Interesses
Ligação Terrorismo 1
Económicos
0 sa mantém uma tendência mais equilibrada
Diabilização Choque
entre as duas dimensões (2004: 102).
4 1
Regime Iraquiano Civilizacional
Total 15 Total 8 Conclusão

O dado mais surpreendente com que nos As conclusões que podemos extrair de um
fomos deparando ao longo do estudo foi a estudo exploratório terão de ser sempre
constatação de uma quase ausência dos sujeitas a uma interpretação ainda mais atenta
microtemas mais recorrentes que alimenta- e rigorosa do que as das investigações aca-
ram – e que ainda alimentam – a esfera de badas, sobretudo quando se trata de análises
controvérsia gerada em torno do debate empíricas exclusivamente quantitativas, ex-
público sobre a intervenção militar no Iraque. traordinariamente úteis como ponto de par-
Apenas 10 por cento dos itens do conjunto tida, mas que tendem a deixar de lado
dos telejornais apresentaram alguma ligação pormenores importantes que só uma análise
com pelo menos um dos seis temas que qualitativa poderá relevar.
definimos no nosso modelo de análise (Ane- Realizámos este trabalho com a intenção
xo – Gráfico 4a). de testar conceitos, um modelo de análise
Nos poucos casos identificados, os temas e a razoabilidade de algumas hipóteses, na
da coligação anglo-americana representam expectativa de encontrarmos caminhos mais
quase o dobro dos temas adoptados pelas seguros para progredirmos na investigação
visões anti-coligação ou pró-iraquianas. No da sua problemática central. A evolução desta
conjunto de todos os temas, a questão das investigação deverá passar não só pelo alar-
armas de destruição maciça foi a mais fre- gamento do seu corpus, tanto no tempo como
quente, enquanto a problemática da falta de nos sujeitos analisados, mas também pela
legitimidade internacional surge em segundo concepção de um modelo de análise quali-
lugar. A questão das possíveis motivações tativa, que contemple outros dispositivos de
económicas por detrás do conflito não é enquadramento mediático, além dos
colocada; a ligação do regime de Saddam a enquadramentos temáticos. Permitimo-nos, no
grupos terroristas e a visão do problema pelo entanto, sublinhar uma conclusão no contex-
prisma do modelo «choque de civilizações» to do nosso corpus, que é limitado, mas
aparecem uma vez. espelha parte significativa da atitude edito-
Estes resultados vão ao encontro das rial de uma estação de televisão num período
conclusões apuradas num estudo recente sobre crucial da Guerra do Iraque.
212 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Se as notícias são, como descreve to, ofereceu aos seus telespectadores uma
Tuchman, «uma janela para o mundo», que versão essencialmente unidimensional do
«pretendem dar-nos aquilo que queremos fenómeno da guerra, com uma excelente vista
saber, necessitamos de saber e devemos para a «frente de combate», mas de costas
saber» (1978: 1), a janela dos telejornais da voltadas à controvérsia sobre a sua existên-
RTP1, durante a primeira semana de confli- cia.
JORNALISMO 213

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214 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Anexo

1. Agenda Geral

2. Modalidades da Mediatização
JORNALISMO 215

3. Enquadramentos Macrotemáticos
216 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV
JORNALISMO 217
218 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

4. Enquadramentos microtemáticos

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