Você está na página 1de 33

DESCRIÇÃO

Neste tema, são abordadas a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal, as
principais concepções de linguagem e as implicações dessas concepções no uso da língua.
Esses elementos são fundamentais para compreensão da linguagem e de suas interferências
no uso da Língua Portuguesa.

PREPARAÇÃO
Este tema tem como propósito a compreensão da diferença entre linguagem verbal e não
verbal, as concepções de linguagem que geralmente adotamos, e as consequências de tais
concepções no uso cotidiano da língua.

OBJETIVOS
MÓDULO 1

Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal

MÓDULO 2

Reconhecer as três principais concepções de linguagem

MÓDULO 3

Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português

INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar em quantos anos estudou a Língua Portuguesa na escola?

Sabe a quantidade de regras gramaticais que tentou decorar ou de páginas que escreveu nas
aulas de redação?

Para muita gente, estudar Português é algo chato, relacionado à decoreba de regras
gramaticais ou à produção de textos com pouca conexão com o mundo real da comunicação.
Se essa foi a sua experiência, já adiantamos que você é convidado a olhar a Língua
Portuguesa de outra forma. Caso sua relação com o idioma ao longo de vários anos na escola
tenha contribuído para melhorar o uso da nossa língua, aqui você vai aprender ainda mais.

MÓDULO 1

 Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal


Vamos começar com a leitura de um poema para pensar um pouco sobre nossa experiência
com a Língua Portuguesa.

O título do poema é Aula de Português e foi escrito por Carlos Drummond de Andrade.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Poeta mineiro, foi um dos principais nomes do Modernismo brasileiro. Entre suas
principais obras, estão os livros: Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940) e A
Rosa do Povo (1945). Um de seus poemas mais conhecidos é No meio do caminho, que
tem os famosos versos No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio
do caminho.

AULA DE PORTUGUÊS

Carlos Drummond de Andrade

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,


e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

O PORTUGUÊS QUE VOCÊ APRENDEU NA


ESCOLA AINDA É UM MISTÉRIO, ALGO
DISTANTE?
O poema apresenta dois tipos de linguagem: a linguagem informal do cotidiano, que não
precisa ser aprendida na escola, e a linguagem formal do professor ou dos livros, aprendida
na sala de aula. No último verso, isso é resumido na frase “O português são dois”.

LINGUAGEM INFORMAL

LINGUAGEM FORMAL
Assim como Drummond entende que existem duas linguagens (formal e informal),
precisamos entender que há diversos tipos de linguagem. Vamos conhecê-los para
compreender por que o português é uma das que dispomos para a comunicação.

LINGUAGEM VERBAL E LINGUAGEM NÃO


VERBAL
A linguagem constitui todos os sistemas de sinais ou signos convencionais que nos permite
a comunicação.

Mas, espera... Signo? O que é isso?


Vídeo com libras

Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou tipos, há diferentes tipos de
linguagem. A linguagem humana, por exemplo, pode ser verbal e não verbal.
 SAIBA MAIS

Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não verbal. O semáforo é outro exemplo
de linguagem não verbal.

Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais e não verbais na galeria a
seguir:

Imagem: Shutterstock.com

LÍNGUA E LINGUAGEM VERBAL SÃO TERMOS


CORRESPONDENTES.

A partir da caracterização da linguagem verbal como uma linguagem humana que utiliza a
palavra, perceba que a língua é um tipo de linguagem, mas ela não é a única linguagem de que
dispomos.

Ou seja, a língua é uma linguagem humana específica, baseada na palavra.

Foto: Shutterstock.com
EXPRESSÃO CORPORAL? LINGUAGEM
MUSICAL?

A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos que pertencem a outro tipo de
linguagem humana, já denominada aqui como linguagem não verbal. Por isso, são comumente
usadas expressões como linguagem da música, linguagem corporal, linguagem pictórica>
etc.

Foto: Shutterstock.com

ASSOCIAÇÃO INERENTE

“Que outro ser tem gestos significativos, pinta, fotografa, faz cinema? Compreende-se, assim,
que o homem e a linguagem se relacionam de forma a não se conceberem um sem o outro e
que a linguagem está indissoluvelmente associada com a atividade mental humana, a qual,
absolutamente, não se manifesta só pelo verbal”
(PALOMO, 2001).

Imagem: Shutterstock.com
INTEGRAÇÃO ENTRE AS LINGUAGENS VERBAL
E NÃO VERBAL

Quando você conversa com outra pessoa, por exemplo, faz uso da linguagem verbal (a fala) e
da linguagem não verbal (gestual, postura corporal, tom da voz etc.).

A história em quadrinhos é outro exemplo de integração de linguagem verbal e não verbal.

LINGUAGEM PICTÓRICA

Linguagem pictórica é toda e qualquer manifestação de linguagem imagética – fotografia,


pinturas, desenhos, iluminuras – que possuem características singulares em relação ao
duplo processo de produção e reprodução da própria produção. O texto representado
pelas figuras que marcam e estruturam para nós significados são, no limite, a linguagem
imagética.

A distinção entre linguagem verbal e não verbal não deve levar você a concluir que a
comunicação acontece sempre e apenas por meio de um único tipo de linguagem.

LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Com as tecnologias digitais e a internet, essa integração entre linguagem verbal e não verbal
fica muito evidente e interessante, pois usamos palavras, imagens, sons e outros recursos para
interagir nas redes sociais. É cada vez mais comum trocarmos mensagens em que a escrita se
mistura com emojis ou emoticons.

 ATENÇÃO

Este material didático é um exemplo de integração entre diferentes tipos de linguagem,


articulando texto escrito com vídeo, podcast , imagens e símbolos.

Tudo isso é possível por causa de outra integração: convergência entre diferentes mídias
formando o que tem sido chamado de hipermídia. É como se o livro impresso, o rádio, a
televisão e o computador estivessem todos reunidos com suas diferentes linguagens. Assim,
hoje em dia, fala-se de uma linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração de
linguagem verbal e não verbal.

É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita, predomina nos atos de comunicação. Mas
você deve reconhecer que a linguagem não verbal está associada intimamente a nossas
atividades e possui também sua relevância. Nossos gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa
num texto escrito também dizem muito e, às vezes, até contradizem o que falamos ou
escrevemos.

Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao mesmo tempo, pisca os olhos
num ritmo acelerado, tem as mãos trêmulas ou balança pernas e pés num movimento
frenético. Dificilmente essa pessoa vai convencer o outro de que está calma.

Assim, ao fazermos a distinção entre linguagem verbal e não verbal não queremos sugerir que
apenas uma delas seja importante e precise ser cuidada.
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Até aqui, você aprendeu que a linguagem é constituída de sinais ou signos, que permitem a
comunicação entre os seres humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou oral,
ele é identificado como linguagem verbal. Os demais tipos de signos formam outro conjunto de
linguagens denominado linguagem não verbal, como é o caso da pintura e dos gestos.

A integração entre diferentes tipos de linguagem é algo muito antigo, mas que se intensificou
com as tecnologias digitais ou a chamada linguagem hipermidiática.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ASSINALE A OPÇÃO QUE DESCREVE A SITUAÇÃO EM QUE APARECE


APENAS O USO DA LINGUAGEM VERBAL.

A) Um gerente gesticulando e falando alto.

B) A escrita do professor na lousa.

C) Um ator representando uma ação dramática no palco.

D) Um instrutor sinalizando com as mãos para o operador de máquinas.

2. É CORRETO AFIRMAR QUE A LÍNGUA:

A) Corresponde à linguagem verbal.

B) Constitui exemplo de linguagem não verbal.

C) Deve ser considerada linguagem verbal somente na modalidade falada.

D) Não é utilizada integrada ou articulada com outras formas de linguagem.

GABARITO

1. Assinale a opção que descreve a situação em que aparece apenas o uso da linguagem
verbal.

A alternativa "B " está correta.

A escrita é uma linguagem verbal. Nas demais alternativas, temos a presença de linguagem
não verbal, como é o caso dos gestos na alternativa A, da representação teatral na alternativa
C e do gestual na opção D.

2. É correto afirmar que a língua:

A alternativa "A " está correta.


A língua é linguagem verbal, ou seja, baseada na palavra. A palavra, elemento central da
linguagem verbal, pode ser tanto oral quanto escrita, por isso, a alternativa C está incorreta. A
opção D está incorreta porque a língua pode ser utilizada de forma integrada a outras
linguagens, como acontece nas histórias em quadrinhos.

MÓDULO 2

 Reconhecer as três principais concepções de linguagem

Depois de fazer a distinção entre linguagem verbal e não verbal, é hora de prosseguir e
apresentar as três principais concepções de linguagem.

Veja quais são elas a seguir.

LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO


PENSAMENTO
De acordo com essa concepção, a linguagem corresponde a uma expressão que se constrói
no interior da mente e tem, na exteriorização, apenas uma tradução. A linguagem é entendida
como uma forma de expressar pensamentos, sentimentos, intenções, vontades, ordens,
pedidos etc.
Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Nessa forma de entender a linguagem, a intenção de expressar alguma coisa é um ato


monológico. Isso quer dizer que a enunciação ou o ato de fala (o modo como nos
expressamos) está centrado na pessoa que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta
importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.

MONOLÓGICO

O uso do termo monológico (mono = um, único; logos = discurso racional) não se
apresenta como a fundamentação de um tipo de teoria da comunicação, que defende o
discurso como ato centrado apenas no emissor da fala. Apenas quer mostrar que, nesta
concepção da linguagem, tal ato ainda está centrado na necessidade individual de se
comunicar.

O USO DA LÍNGUA É VISTO COMO ALGO QUE


SE LIMITA A QUEM FALA OU ESCREVE.

Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Assim, a
exteriorização do “pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada” depende
da capacidade de organizar, de maneira lógica, esse mesmo pensamento (TRAVAGLIA, 2003,
p. 21).

Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua (falar e escrever bem conforme a
gramática normativa) depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito.
Dessa forma, se as pessoas não se expressam bem ou não usam a língua corretamente, isso
acontece porque elas não estão pensando corretamente. A solução, então, para expressar
adequadamente o que se está pensando é a internalização das regras gramaticais e de seu
adequado uso.

 ATENÇÃO

Mas há um problema: esta concepção acaba sendo uma forma parcial de entender como a
linguagem funciona, pois há outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o que
pensamos. Não é o caso de afirmar que a concepção está errada. Precisamos avançar e
verificar outras formas complementares de compreender a linguagem.
LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE
COMUNICAÇÃO
A linguagem deve ser compreendida além de sua função de expressar o que pensamos ou
sentimos, pois, ao nos expressarmos, nos dirigimos a alguém, ou seja, comunicamos algum
tipo de mensagem para uma ou mais pessoas. Por isso, há outra concepção de linguagem que
compreende a língua, por exemplo, como um código por meio do qual elaboramos nossas
mensagens para serem comunicadas.

A língua é tomada predominantemente como um código, que deve ser utilizado com eficiência,
ou seja, deve tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a
responder adequadamente ao objetivo da comunicação.

CÓDIGO

O código é entendido como “um conjunto de regras que permite a construção e a


compreensão de mensagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por
conseguinte, um dentre outros códigos (código marítimo, código rodoviário)”. Dentre
todos os outros códigos, a linguagem verbal, seja escrita ou oral, é o único código que
“pode falar dos próprios signos que os constituem ou de outros signos” (VANOYE, 1987).
Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Para que haja a comunicação, o código que utilizamos, seja ele a língua ou outro, precisa ser
conhecido ou dominado pelo nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do
código, no caso, a própria língua, “é um ato social, envolvendo consequentemente pelo menos
duas pessoas”. Por isso, “é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante,
preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive” (TRAVAGLIA, 2003, p.
22).

 ATENÇÃO

A concepção da linguagem como instrumento de comunicação tem, porém, uma limitação. É


uma concepção centrada no código, ou seja, voltada principalmente para o funcionamento
interno da língua ou de outra linguagem utilizada, deixando de lado aspectos como a relação
entre a linguagem e o contexto social e histórico. Por isso, você precisa conhecer outra
concepção de linguagem, que permita avançar na compreensão da linguagem e seus usos.

LINGUAGEM COMO LUGAR OU


EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO HUMANA
Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e exteriorização do pensamento e,
também, vai além da transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a língua, o
indivíduo realiza ações, age, atua sobre o interlocutor. A linguagem, aqui, é um “lugar de
interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre
interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e
ideológico” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23).

Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma
coisa, na verdade, ao usar a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto
sujeitos que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares de acordo com as
formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais”
(TRAVAGLIA, 2003, p. 23).

Para ilustrar, veja um exemplo:

Todos já observaram uma situação em que a identificação apenas da linguagem oral entre dois
sujeitos corresponderia a um ato comunicativo direto. No entanto, notamos que a interação
social faz com que aquilo que é dito seja muito maior.

Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e observamos mãe e filha
interagindo, em que a primeira faz referência ao comportamento da segunda, com uma ordem
direta.
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de julgamentos, leituras, valores e
interações que nos remetem à própria relação familiar.

Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves


TUDO QUE FALAMOS E OUVIMOS TEM O
PODER DE PROVOCAR REAÇÕES, PRODUZIR
MUDANÇAS, DESPERTAR SENTIMENTOS E
PAIXÕES, DESENCADEAR PROCESSOS E
AÇÕES.

Se um agente da lei, dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de prisão e diz “esteja preso!”, ele não
está simplesmente exteriorizando seu pensamento ou comunicando uma novidade, não é
mesmo?

Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir essa célebre frase clássica, temos um
exemplo de que o uso da língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou
comunicação de uma informação.

Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato social e jurídico.
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves

 ATENÇÃO

O diálogo também caracteriza a concepção de linguagem como interação social, constituindo-


se numa dimensão privilegiada do uso da língua. Para estar inserido na vida em sociedade, é
preciso que a língua seja utilizada para favorecer a abertura ao diálogo, a interação entre as
pessoas. Além disso, a própria língua é dialógica, ou seja, o que falamos e escrevemos se
relaciona com aquilo que lemos e ouvimos ao longo da vida.

DIÁLOGO

(Dia = separação, confronto; logos = discurso racional) apresenta-se como a exigência


de, pelo menos, dois interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção
monológica vista anteriormente. Trata-se, sem dúvida, de apresentar uma
intencionalidade por parte daquele que fala.
Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da linguagem para além da sua
finalidade de comunicação e da divisão entre linguagem verbal e não verbal. A linguagem pode
ser concebida como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e, mais
adequadamente, como lugar de interação humana.

As três concepções da linguagem podem ser resumidas da seguinte forma:

EXPRESSÃO DO PENSAMENTO
A expressão se constrói no interior da mente

Ato monológico, individual

Regras para a organização lógica do pensamento: gramática normativa

Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da
língua

COMUNICAÇÃO
Meio objetivo para a comunicação

A expressão nasce da necessidade de se comunicar

Troca de mensagens entre emissor e receptor

Existência de códigos para a eficiência da comunicação

Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a utilização eficiente do código

INTERAÇÃO HUMANA
Experiência de interação humana

A expressão é também ação

Privilegia o diálogo e a interatividade


Valorização do contexto dos usuários da língua e adequação no uso da língua

Preocupação com as dimensões afetivas e sociais

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO É:

A) Concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação de uma mensagem.

B) Conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir
a mensagem.

C) Entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto social e histórico da situação
de comunicação.

D) Abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta
importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.

2. A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM COMO EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO


HUMANA ESTÁ ASSOCIADA A SEGUINTE AFIRMAÇÃO:

A) O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento.

B) O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são características importantes da


linguagem.

C) Falamos ou escrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente.

D) A internalização das regras gramaticais serve para adestrar e organizar o pensamento.

GABARITO

1. A linguagem como expressão do pensamento é:


A alternativa "D " está correta.

A opção correta é a letra D porque a concepção da linguagem como expressão do pensamento


valoriza quem se expressa, deixando de lado o interlocutor e o contexto em que a linguagem é
usada. A opção A corresponde à concepção de linguagem como instrumento de comunicação.
As opções B e C referem-se à concepção de linguagem como experiência de interação
humana.

2. A concepção de linguagem como experiência de interação humana está associada a


seguinte afirmação:

A alternativa "B " está correta.

Alternativa correta é a opção B porque o diálogo e a interação são privilegiados na concepção


de linguagem como lugar de interação. As opções A, C e D estão incorretas porque se referem
à concepção de linguagem como expressão do pensamento. A opção B está correta porque
trata de uma característica da concepção de linguagem como forma de interação.

MÓDULO 3

 Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português

SOBRE AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM


Para começarmos a explorar este assunto, o professor Luíz Cláudio Dallier propõe uma
reflexão.
Vídeo com libras

No módulo anterior, tratamos dos diversos tipos de linguagem. Para perceber como elas
possuem um aspecto prático no uso cotidiano do idioma, compreendemos como a concepção
da linguagem como interação pode nos auxiliar nessa construção.

Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar muito nossa vida e nosso
humor. O que falamos também provoca efeitos e reações no outro.
Imagem: Shutterstock.com

Veja o que diz a linguista Ingedore Villaça Koch em seu livro A interação pela linguagem
sobre esse aspecto:

INGEDORE VILLAÇA KOCH

Doutora em Língua Portuguesa, professora universitária e autora de diversas obras sobre


Linguística Aplicada, coerência textual, argumentação e linguagem.

Fonte: Escavador.

DURANTE SÉCULOS, A LINGUAGEM FOI


CONSIDERADA UM INSTRUMENTO PASSIVO DE
COMUNICAÇÃO, QUE PERMITIA AO SER HUMANO
APENAS DESCREVER O QUE PERCEBIA, SENTIA OU
PENSAVA. HOJE SE RECONHECE QUE, AO FALAR, O
INDIVÍDUO NÃO SÓ DESCREVE O QUE OBSERVA,
MAS ATUA NO MUNDO E FAZ COM QUE CERTAS
COISAS ACONTEÇAM. POR MEIO DA LINGUAGEM,
ELE TAMBÉM PODE MODIFICAR SUAS RELAÇÕES
COM OS DEMAIS E DESENVOLVER SUA PRÓPRIA
IDENTIDADE.

(...) É PRECISO PENSAR A LINGUAGEM HUMANA


COMO LUGAR DE INTERAÇÃO, DE CONSTITUIÇÃO
DAS IDENTIDADES, DE REPRESENTAÇÃO DE PAPÉIS,
DE NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS, POR PALAVRAS, É
PRECISO ENCARAR A LINGUAGEM NÃO APENAS
COMO REPRESENTAÇÃO DO MUNDO E DO
PENSAMENTO OU COMO INSTRUMENTO DE
COMUNICAÇÃO, MAS SIM, ACIMA DE TUDO, COMO
FORMA DE INTERAÇÃO SOCIAL.

(KOCH, 2003)

AS IMPLICAÇÕES NO USO DO PORTUGUÊS


Quando entendemos que a linguagem é mais do que expressão ou espelho do pensamento,
que vai além de ser veículo de comunicação, devemos considerar nossas intenções na
produção dos textos e o impacto naqueles que vão ouvir ou ler nossas palavras. Também
devemos dar atenção ao contexto em que a mensagem é produzida e às possíveis situações
em que será recebida.

Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados, alguns elementos podem ser
desejáveis no seu uso:

Clareza e precisão no que queremos comunicar

Cortesia, polidez e tom cordial

Abertura ao diálogo

Sustentação de um posicionamento sem desmerecer a opinião do outro

Uso de recursos persuasivos

Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos cuidar da maneira como falamos,
escolhendo as palavras e o tom mais apropriado.

Por isso, ao estudar a linguagem é preciso compreender que não basta escrever e falar com
correção gramatical, coerência, coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso
texto escrito ou oral deve promover o diálogo, a interação e as condições para mantermos
relações civilizadas. É interessante lembrar, por exemplo, que há concursos ou exames em que
o candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma desrespeitosa aos direitos humanos
ou usando linguagem antissocial e inadequada.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. COMPREENDER O CONCEITO DE LINGUAGEM COMO EXPERIÊNCIA


DE INTERAÇÃO HUMANA E SOCIAL IMPLICA OS SEGUINTES CUIDADOS
NO USO DA LÍNGUA PORTUGUESA:

A) Aplicar regras gramaticais para deixar os textos muito formais.

B) Dizer sempre o que pensamos sem nos preocuparmos como o outro vai nos ouvir.
C) Deixar de lado nossas intenções e o contexto histórico-social na produção dos textos.

D) Falar ou escrever buscando abertura ao diálogo e se posicionando sem desmerecer a


opinião do outro.

2. SE EM UMA REUNIÃO DE TRABALHO VOCÊ PRECISAR DISCORDAR


DE UM COLEGA, MANTENDO ABERTURA AO DIÁLOGO E INTERAGINDO
SEM DESMERECER A OPINIÃO DO OUTRO, O QUE NÃO SERIA
APROPRIADO DIZER?

A) Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar totalmente o projeto.

B) É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua ideia pode trazer algum prejuízo
ao projeto.

C) Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela me parece trazer dificuldades ao
projeto.

D) Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo identificar de que modo sua proposta
contribui para o projeto.

GABARITO

1. Compreender o conceito de linguagem como experiência de interação humana e


social implica os seguintes cuidados no uso da Língua Portuguesa:

A alternativa "D " está correta.

A opção correta é a letra D porque compreender a linguagem como interação é ter cuidado
com efeitos e reações provocados no outro diante do que dizemos e da forma como dizemos.

2. Se em uma reunião de trabalho você precisar discordar de um colega, mantendo


abertura ao diálogo e interagindo sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria
apropriado dizer?

A alternativa "A " está correta.


A alternativa A é a mais apropriada porque ela evidencia uma fala em que se sustenta um
posicionamento ou uma opinião sem abertura para algum questionamento ou mesmo diálogo.
As demais alternativas apresentam formas de expressar a discordância em que se destacam a
cortesia, a polidez e a abertura ao diálogo e/ou continuidade de debate.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e proveitosa com a Língua Portuguesa na
expressão do nosso pensamento, nas situações de comunicação e nas interações com as
pessoas, precisamos conhecer a língua e aproveitar os recursos que ela nos oferece. Aqui,
você pôde observar parte desse conhecimento. Use o que você aprendeu para vivenciar novas
experiências com a Língua Portuguesa.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
DA SILVA. Filosofia da linguagem (1) - Da Torre de Babel a Chomsky. Disponível em:
https://educacao.uol.com.br/ disciplinas/ filosofia/filosofia-da-linguagem-1- da-torre-de-babel-a-
chomsky.htm. Acesso em: 08 dez. 2019.

KOCH, Ingedore. V. A interação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

MARCHEZINI-CUNHA, Vivian; TOURINHO, Emmanuel Zagury. Assertividade e Autocontrole:


Interpretação Analítico-Comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa. abr-jun 2010. vol. 26
n. 2, p295-304. Disponível em: https://www.scielo.br/ pdf/ptp/ v26n2/a11v26n2.pdf.

ORLANDI, Eni P. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.

PALOMO, Sandra M. S. Linguagem e linguagens. In: Eccos Revista Científica. São Paulo,
UNINOVE, vol. 3, n. 2, dez. 2001.

PETTER, Margarida. Linguagem, língua, Linguística. In: FIORIN, José L. (org.). Introdução à
Linguística I. São Paulo: Contexto, 2003.

TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed.
São Paulo: Cortez, 2003.

TRIGUEIRO, Osvaldo. O estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos


ensejados pela escola latino-americana. Pensamento Comunicacional Latino Americano, v.
2, n. 2, jan.–mar., 2001.

VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo:
Martins Fontes, 1987.

EXPLORE+
Assista:

Documentário As origens da linguagem, produzido pela Crescendo Films – NHK em 2008.


Disponível no Youtube.

Vídeo Comunicação animal da Khan Academy para uma breve e interessante abordagem da
Biologia Comportamental. Disponível no Youtube.
CONTEUDISTA
Luis Claudio Dalier Saldanha

 CURRÍCULO LATTES

Você também pode gostar