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Bibliotecas Emergenciais

Um acervo para bibliotecas pós-pandemia

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Dr. Benjamin Luiz Franklin – Universidade Estadual de Londrina –


Departamento de Ciência da Informação – belfra@uel.br
Contexto

Mundo pós-pandemia completa transição para sociedade de controle

– Conhecimento como motor do capital


– Liberdade modularizada e vigiada
– Capitalismo de plataforma
– Empregabilidade precarizada

Brasil Odeia o conhecimento

– Baixos índices escolares


– Baixa complexidade industrial
– Decadência na universidade
– Desconexão entre universidade e sociedade

Baixa demanda pelo conhecimento

– Baixos salários para professores


– Não formação da elite intelectual
– Sucateamento das instituições de memória (Bibliotecas, Arquivos e Museus)
O que fazer?

Mudança Cultural
– Aumentar a demanda cultural por conhecimento

Terrivelmente difícil

Muito demorado

Extremamente caro

Independente das configurações financeiras do Estado

Esforço nacional de guerra
– Garantir acesso aos bens culturais
– Formar elites intelectuais
– Aumentar o nível intelectual do cidadão médio
Garantir acesso aos bens culturais

É possível, viável e barato
– Como?

Reprodutibilidade digital
– Copias com custo marginal próximos a zero

Licenças abertas
– Creative Commons
– Domínio público

Agnosticismo quanto à plataformas
– Usar, mas não depender das plataformas digitais e da internet

Segurança jurídica para legado a ser digitalizado
– Mudar a legislação para definir quanto e em que condições se pode copiar os objetos digitalizados já
existentes ...
Evidências ...

Projeto Biblioteca Comum
– Reprodutibilidade digital
– Licenças abertas
– Agnosticismo quanto à plataformas


Bibliotecas Clandestinas
– Segurança jurídica para legado a ser digitalizado
Projeto Biblioteca Comum (BC)
A biblioteca comum (BC) é um projeto de extensão,
realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), que
tem como objetivo incrementar o acervo digital das
bibliotecas escolares em busca da universalização de seu
acesso, em consonância com os esforços promulgados
pela lei Nº 12.244 de 24 de maio de 2010 e a lei Castilho,
n.º 13.696, de 12 de julho de 2018, que propõe um marco
legal para a promoção do livro, da leitura e da biblioteca no
Brasil.
BC: Resultados
... mais de 190.000 objetos digitais abertos em 4,42 TB de dados, contendo aproximadamente: 55.000
textos (125 GB), 33.600 vídeos (4,7 TB), 3.500 áudios (24 GB) e 98.600 imagens (102 GB)
Bibliotecas Clandestinas
As bibliotecas digitais clandestinas - shadow libraries (Karaganis 2018) -
são acervos que têm se acumulado nas últimas décadas, a despeito
das Leis de Direitos Autorais, e que se tornam públicos, ou não, em
determinados contextos. A maior delas, a Library Genesis (LibGen)1,
com mais de 1,2 milhões de títulos, é resultado do acúmulo de vários
acervos piratas, armazenados, durante décadas, em locais não
completamente determinados, descentralizados e sincronizados na
Rússia, Amsterdã, EUA, etc.2 Várias tentativas de bloqueio de seus
servidores partiram de soberanias nacionais, como Reino Unido, França
e EUA, sem, contudo, conseguirem localizar a fonte de sua distribuição.
… no Brasil
O site Livro de Humanas foi o primeiro a disponibilizar seu acervo final de 2.322 livros na
internet pública. Após seu fechamento, em 2012, depois de um processo movido pela
Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR)1, outras iniciativas se destacaram, mas
sem afrontar o poder soberano, mantendo seus servidores longe da jurisdição nacional, como o
site Le livros2 (Mizukami, Reia 2018), que aparentemente está em Portugal, ou habitando a
invisibilidade da deep web, em grupos pequenos fechados em redes sociais, ou mesmo em
diretórios na dark web (rede criptografada e anônima). A Biblioteca Anônima, por exemplo, é
um acervo de humanidades com mais de 25.000 títulos que encontra-se inacessível à web
pública, sendo mantida pela curadoria de comunidades temáticas privadas em grupos
particulares nas redes sociais, mas armazenando e indexando seus livros digitalizados usando a
rede Tor3 (Franklin 2019). O crescente uso das redes sociais, assim como o aumento do uso da
banda larga nas metrópoles, a partir de 2012, incrementou a troca de livros piratas em
comunidades discursivas particulares, destacando que em 2020, ano da pandemia em que as
bibliotecas físicas foram fechadas, esses números cresceram ainda mais (Franklin 2020).
Biblioteca Anônima
Conclusões


Escassez de obras é desnecessária

Acesso pode ser garantido, mesmo sem a internet

É urgente a flexibilização dos direitos reprográficos para
fins educacionais
Metas para 2030


Catalogar e disponibilizar o acervo coletado para todos os
leitores

Colaborar para a formação de uma nova geração de leitores,
aumentando o letramento dos cidadãos

Colaborar para a formalização de um dispositivo jurídico que
flexibilize os direitos reprográficos para obras digitalizadas em
contexto escolar

Colaborar na implementação efetiva da lei 12.244
Mais informações ...

FRANKLIN, Benjamin Luiz. A recusa à escassez: a universalização da biblioteca escolar e a tensão entre a
materialidade digital e a Lei de Direitos Autorais. Informação & Sociedade: Estudos, v. 30, n. 3, p. 1–23, 2020.
DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n3.52339 Disponível em:
<https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/52339>. Acesso em: 24 ago. 2020.

FRANKLIN, B. L. . Bibliotecas digitais clandestinas: evidenciando a formação de comunidades discursivas na


deep web (XX ENANCIB), 2019. Disponível em:
<https://conferencias.ufsc.br/index.php/enancib/2019/paper/view/640?
fbclid=IwAR1tZykHSs6MqsQ9Re2TAIEvlBww2WF8Ku_zmK4Ra_hIE0MTN9eVg7CW1us>. Acesso em: 26 nov.
2019.

FRANKLIN, B. L. BIBLIOTECAS DIGITAIS CLANDESTINAS: SOBERANIA E O OBSCURECIMENTO DO


TRÂNSITO DOS OBJETOS. XVIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
(XVIII ENANCIB), 2017. Disponível em: <https://brapci.inf.br/index.php/res/v/104638>. Acesso em: 26 fev. 2018.

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