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DIDÁTICA E TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS
OBJETIVOS GERAIS
Identificar o papel da didática na formação do professor, estabelecendo
relações entre a didática e a prática pedagógica.
Analisar as principais tendências/abordagens pedagógicas presentes no
contexto educacional.
Discutir e realizar atividades que possibilitem vivenciar experiências de
organização do trabalho pedagógico.
Conceituar historicamente as tecnologias educacionais.
Compreender e refletir sobre os processos de ensino e de
aprendizagem mediados pelas tecnologias.
Apresentar as possíveis estratégias instrucionais na educação a
distância.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
Educação, instrução e ensino.
Didática – Concepções históricas.
A Didática e a formação profissional do professor.
Didática e democratização do ensino.
A didática como atividade pedagógica escolar.
Desenvolvimento histórico da didática e tendências pedagógicas.
Tendências pedagógicas no Brasil e a didática.
A didática e as tarefas do professor.
Processos didáticos básicos: ensino e aprendizagem.
Conceito histórico de tecnologias.
As novas tecnologias de comunicação e de informação.
Os novos modos de compreender a realidade: o tempo e o espaço.
As mudanças institucionais: os softwares.
Conceito histórico de tecnologias.
As estratégias mediadas pela tecnologia e a formulação do problema.
A construção e desconstrução das imagens: o design instrucional.
METODOLOGIA
Adotamos para a disciplina Didática e Tecnologias Educacionais uma
metodologia que alia a teoria à prática.
A leitura contextualizada dos textos da bibliografia básica constitui o eixo
principal da organização didática, devendo o aluno vivenciar a aprendizagem
também no ambiente virtual, por meio da participação de chats, fóruns de
debates, sistematizando esses conteúdos, posteriormente, nas apresentações
de seminários.
AVALIAÇÃO
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem,
entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e
espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o
aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se,
obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos.
A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes
instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem:
1) Trabalhos individuais, ou a partir da interatividade com seus pares;
2) Provas bimestrais realizadas presencialmente;
3) Trabalhos de pesquisa bibliográfica.
As estratégias de recuperação incluirão:
1) Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não
satisfatoriamente dominados pelo aluno;
Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos.
Bibliografia Básica:
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994
VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a didática. Campinas: Papirus, 2007.
MORAN, J. M. MASETTO, M. e BEHRENS, M. Novas Tecnologias e Mediação
Pedagógica. Campinas: Papirus, 2009.
Bibliografia Complementar:
ANASTASIOU, L. G. (ORG). Processos de Ensinagem na Universidade.
Joinville, SC, UNIVILLE, 2007.
FIORENTINI, L. M. R. e Moraes. Linguagens e interatividade na educação a
distância. SP: DPA Ed., 2003.
FREIRE. P. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996.
GRISPUM, M. P. S. (org.) Educação tecnológica: desafios e perspectivas. SP:
Cortez, 1999.
HAIDT, Regina Célia Cazaus. Curso de Didática Geral. São Paulo/SP: Ática,
2002.
KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias - O Novo Ritmo da Informação.
Campinas: Papirus, 2003.
LÉVY, P. As Tecnologias da inteligência. RJ: Ed. 34, 2008.
MASETTO, Marcos. T. O Professor Universitário em Aula. São Paulo: MG
Editores Associados, 1990.
MORAN, J. M. MASETTO, M. e BEHRENS, M., V. M. Tecnologias e Ensino
Presencial e a Distância. Campinas: Papirus, 2008. .
PERRENOUD, P. 10 Novas competências para ensinar. Rio de Janeiro:
Artmed. 2008.
PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas e profissão docente: Três faceta. In:
Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Perspectivas
sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.
SILVA, M. (org.) Educação online. SP: Loyola, 2006.
VIEIRA, A. T. (org.). Gestão Educacional e Tecnologia. SP: Avercamp, 2003.
ZABALA, A. A prática educativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2007.
Unidade 1- A História da Didática
ESTUDANDO E REFLETINDO
A história da didática está ligada ao aparecimento do ensino como
atividade planejada e intencional, dedicada à instrução. Nas comunidades
primitivas, os jovens passam por um ritual de iniciação, que pode ser
considerado como uma forma de ação pedagógica, embora aí não esteja
presente o “didático”, como forma estruturada de ensino.
Na antiguidade clássica (gregos e romanos) e no período medieval,
também aparecem formas de ação pedagógicas em escolas, mosteiros, igrejas,
universidades. Entretanto, até meados do século XVII não podemos falar de
Didática como teoria de ensino, como sistematização e estudo científico das
formas de ensinar.
As ideias de Comenius.
Comenius foi o fundador da Didática e, em parte, da Pedagogia Moderna.
Foi um pensador, um místico e um reformador social. Quem folheia os novos
programas educacionais brasileiros, sente neles, direta ou indiretamente, a
presença de Comenius, seja quando propõem “ensino para todos”, seja quando
propõem “ensino de qualidade”. O ideal de Comenius.
As finalidades da educação, para Comenius são a promoção da “instrução
ou erudição”, nas ciências, nas artes e nas línguas; da virtude ou formação
moral; da devoção que liga o homem ao Eterno.
Esse processo é obra da própria educação formal e informal. É ao
processo formal que o autor dá especial atenção, propondo e defendendo um
sistema de organização escolar, planos de estudo, escolas específicas por níveis
e idades. Para isso, escreveu tratados pedagógico-didáticos, como é o caso da
“Didactica Magna”.
Para Comenius, a educação é a arte de fazer “germinar a sementes
interiores, as quais não se desenvolverão a não ser que sejam solicitadas por
oportunas experiências, variadas e ricas”. O seu objetivo fundamental é provar
a necessidade, a possibilidade e a facilidade de todos os homens serem
educados em todas as coisas e de uma forma total. Ele apresenta planos para
“dar a todos aqueles que nasceram homens, uma instrução geral capaz de
educar todas as faculdades humanas”.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Jean Jacques Rosseau (1712 – 1778).
Filósofo suíço, natural de Genebra, não chegou a conhecer a própria mãe,
que faleceu após o trabalho de parto. Era filho do relojoeiro calvinista Isaak
Rousseau. Aprendeu a ler e a escrever ainda muito novo. Mais tarde, foi aluno
do Pastor Lambercier, de rígida disciplina moral e religiosa. Precisou trabalhar
desde cedo e sentira o que significava ser maltratado, explorado. Na
adolescência, encontrando os portões da cidade fechado, quando voltava de
uma de suas saídas, opta por vagar pelo mundo e acaba indo para Paris. Foi
uma das principais inspirações ideológicas da segunda fase da “Revolução
Francesa”, que deu início a um longo período de terror e instabilidade política, e
acabaria por levar à ditadura de Napoleão.
Na obra “Do Contrato Social”, de sua autoria, inspirou muitos dos
revolucionários e regimes nacionalistas e opressivos, subsequentes a esse
período. Inspirados nas ideias de Rousseau, os revolucionários defendiam o
princípio da soberania popular e da igualdade de direitos. A contestação da
sociedade, tal como estava organizada (desigualdade e injustiça), era fruto da
competição e da hierarquia mal constituída.
Rousseau é associado, frequentemente, às ideias anti-capitalistas e
considerado um antecessor do socialismo e comunismo. Foi um dos primeiros
autores modernos a atacar a propriedade privada. Rousseau questionou a
suposição de que a maioria está sempre correta e argumentou que o objetivo do
governo deveria ser assegurar a liberdade, igualdade e justiça para todos. A
função principal de sua filosofia é libertar o homem.
Rousseau procurou interpretar as novas aspirações educacionais,
propondo uma concepção nova de ensino, baseada nas necessidades e
interesses imediatos da criança. As ideias mais importantes de Rousseau foram:
1- A preparação da criança para a vida futura deve basear-se no estudo das
coisas que correspondem às suas necessidades e interesses atuais.
Antes de ensinar as ciências, elas precisam ser levadas a despertar o
gosto pelo estudo. Os verdadeiros professores são a natureza, a
experiência e o sentimento. O contato da criança com o mundo que a
rodeia é que desperta o interesse e suas potencialidades naturais. São os
interesses e necessidades imediatas do aluno que determinam a
organização do estudo e seu desenvolvimento.
2- A educação é um processo natural; ela se fundamenta no
desenvolvimento interno do aluno. As crianças são boas por natureza,
elas têm uma tendência natural para se desenvolver. Rousseau não
colocou em prática suas ideias e nem elaborou uma teoria de ensino.
Essa tarefa coube a outro pedagogo suíço: Henrique Pestalozzi.
Pedagogia Liberal
A Pedagogia Liberal pressupõe a adaptação dos indivíduos aos valores e
às normas vigentes na sociedade de classes, através do desenvolvimento da
cultura individual. Atente para a citação de Borges (2008), explicitada em
“Didática – As tendências Pedagógicas”.
Pedagogia Progressista
A Pedagogia Progressista pressupõe a análise crítica do sistema
capitalista, sustentando as finalidades sociopolíticas da educação, conforme
Borges (op. cit.).
A Pedagogia Crítico-Social dos conteúdos toma o partido dos
interesses majoritários da sociedade, atribuindo à instrução e ao ensino o papel
de proporcionar aos alunos o domínio de conteúdos científicos, de estudos e
habilidades de modo a formarem uma consciência critica face às realidades
sociais, com possibilidades de transformá-las.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Herbart e a Educação Brasileira- (1776–1841)
Herbart exerceu influência na didática e na prática docente. Foi e continua
sendo inspirador da pedagogia conservadora, mas suas ideias precisam ser
estudadas por causa de sua presença constante nas salas de aula brasileiras.
Junto com sua formulação dos fins da educação e da Pedagogia como ciência,
desenvolveu uma analise do processo psicológico de aquisição de
conhecimentos, sob a direção do professor.
Segundo Herbart, o fim da educação é a moralidade, atingida através da
instrução educativa. Educar o homem, significa instruí-lo para querer o bem, de
modo que aprenda a comandar a si próprio. A principal tarefa da instrução é
introduzir ideias corretas na mente dos alunos. O professor é um arquiteto da
mente. Ele deve trazer à atenção dos alunos as ideias que deseja que dominem
suas mentes. Controlando os interesses dos alunos, o professor vai construindo
uma massa de ideias na mente, que, por sua vez, vão favorecer a assimilação
de ideias novas. O método de ensino consiste em provocar a cumulação de
ideias na mente da criança.
Herbart estava atrás, também, de uma formulação de um método único
de ensino, em conformidade com as leis psicológicas do conhecimento.
Estabeleceu, assim, quatro passos didáticos que deveriam ser rigorosamente
seguidos:
1º) clareza: a preparação e apresentação da matéria nova de forma clara e
completa;
2º) associação entre as ideias antigas e novas;
3º) a sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a generalização;
4º) o método, que seria a aplicação, o uso dos conhecimentos adquiridos através
de exercício.
Posteriormente, os discípulos de Herbart desenvolveram ainda mais a
proposta dos passos formais, ordenando-os em cinco: preparação,
apresentação, assimilação, generalização e aplicação, fórmula esta que
ainda é usada pela maioria dos nossos professores.
O sistema pedagógico de Herbart e seus seguidores, trouxe
esclarecimentos válidos para a organização da prática docente, como, por
exemplo, a exigência de compreensão dos assuntos estudados e não
simplesmente memorização e o significado educativo da disciplina na formação
do caráter. Entretanto, o ensino é entendido como repasse de ideias do professor
para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o professor
transmite, mas apenas com finalidade de reproduzir a matéria transmitida. Com
isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, associativa, não
mobilizando a atividade mental, a reflexão e o pensamento criativo e
independente dos alunos.
As ideias pedagógicas de Comenius, Rousseau, Pestalozzi e Herbart,
além de muitos outros, formaram a base do pensamento pedagógico europeu,
difundindo-se, depois, por todo o mundo, demarcando as concepções
pedagógicas que hoje são conhecidas como Pedagogia Tradicional e
Pedagogia Renovada.
Unidade 3- Da Pedagogia Tradicional à Pedagogia Renovada.
ESTUDANDO E REFLETINDO
A Pedagogia Tradicional, em suas várias correntes, caracteriza as
concepções de educação onde prepondera: a ação de agentes externos na
formação do aluno; o primado do objeto de conhecimento; a transmissão do
saber constituído na tradição e nas verdades acumuladas pela humanidade; e
uma concepção de ensino como impressão de imagens propiciadas pela palavra
do professor ou pela observação sensorial. Vamos estudar as vertentes da
Pedagogia Renovada.
A Pedagogia Renovada agrupa correntes que advogam a renovação
escolar, opondo-se à Pedagogia Tradicional. Entre as características desse
movimento destacam-se: a valorização da criança, dotada de liberdade,
iniciativa, interesses próprios e, por isso mesmo, sujeito da sua aprendizagem e
agente do seu próprio desenvolvimento; tratamento científico do processo
educacional, considerando as etapas sucessivas do desenvolvimento biológico
e psicológico; respeito às capacidades e aptidões individuais; individualização
do ensino conforme os ritmos próprios de aprendizagem; rejeição de modelos
adultos em favor da atividade e da liberdade de expressão da criança.
O movimento de renovação da educação recebeu diversas
denominações:- educação nova, escola nova, pedagogia ativa, escola do
trabalho. Desenvolveu-se como tendência pedagógica, no inicio do século XX.
Dentro do movimento escolanovista, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma
de suas mais destacadas correntes: a Pedagogia Pragmática ou Progressivista,
cujo principal representante é John Dewey. As ideias desse educador exerceram
uma grande influência no movimento da Escola Nova na América Latina e,
principalmente no Brasil. Com a liderança de Anísio Teixeira e outros
educadores, formou-se, no início da década de 30, o “Movimento dos Pioneiros
da Escola Nova”, cuja atuação foi decisiva na formulação da política educacional,
na legislação, na investigação acadêmica e na prática escolar.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Ao estudar a educação nos seus aspectos sociais, políticos, econômicos,
psicológicos, para descrever e explicar o fenômeno educativo, a Pedagogia
recorre à contribuição de outras ciências como a Filosofia, História, Sociologia,
Psicologia e Economia.
Esses estudos acabam por convergir na Didática, uma vez que esta reúne
em seu campo de conhecimentos, os objetivos e modos da ação pedagógica na
escola.
Sendo a educação uma prática social que ocorre numa grande variedade
de instituições e atividades humanas (família, escola, trabalho, igrejas,
organizações políticas e sindicais, nos meios de comunicação de massa, etc.)
podemos falar de uma pedagogia familiar, política, etc. e também de uma
pedagogia escolar. Nesse caso, constituem-se disciplinas pedagógicas: Teoria
da Educação, Teoria da Escola, Organização Escolar, e a Didática, como teoria
de ensino.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Educação refere-se ao processo de desenvolvimento da personalidade,
envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais,
estéticas – tendo em vista a orientação da atividade humana com o seu meio
social. Esse processo se traduz em convicções ideológicas, morais, políticas,
princípios de ação frente a situações reais e desafios da vida prática. Nesse
sentido, “educação é instituição social” que se ordena no sistema educacional
de seu país:- é o “produto” dos resultados da ação educativa, conforme os
propósitos sociais e políticos pretendidos, é “processo”, por consistir em
transformações sucessivas, tanto no sentido histórico, como de desenvolvimento
da personalidade.
Instrução é formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas,
mediante o domínio de conhecimentos sistematizados.
Ensino são ações, meios e condições para realização da instrução. Nessa
perspectiva contém, pois, a instrução.
Ensinar
Um dos elementos básicos da discussão sobre a educação refere-se ao
ensinar, ao aprender e ao apreender. Essas ações são, muitas vezes,
consideradas e executadas como ações disjuntas, ouvindo-se inclusive de
professores, afirmação do tipo “eu ensinei, o aluno é que não aprendeu”. Isso
decorre da ideia de que ensinar é apresentar ou explicar o conteúdo numa
exposição, o que a grande maioria dos docentes procuram fazer com a máxima
habilidade de que dispõem; daí a busca por técnicas de exposição ou oratória,
como sendo o elemento essencial para a competência docente.
Nesse caso, mesmo numa situação que tradicionalmente seja
considerada uma boa aula, em geral, explicita-se o conteúdo da disciplina com
suas definições ou sínteses, desconsiderando-se os elementos históricos e
contextuais, muitas vezes, tomando suas sínteses temporárias como definitivas,
desconectando-as de afirmações técnicas das pesquisas científicas que a
originaram. Toma-se, assim, a simples transmissão da informação como ensino,
e o professor fica como fonte de saber, tornando-se o portador e a garantia da
verdade.
Segundo Not (1993), isso pode provocar uma adoção da estrutura do
outro, e, quando se fala ao outro, inclusive utiliza-se a mesma linguagem, com
as mesmas palavras, principalmente na hora da prova.
O aluno habitua-se a crer que existe uma “língua do professor”, que tem
de aceitar sem a compreender. Nesse processo, ficam excluídas as
historicidades, os determinantes, os nexos internos, a rede teórica, enfim, os
elementos que possibilitaram aquela síntese obtida. A ausência desses aspectos
científicos, sociais e históricos, deixa os conteúdos soltos, fragmentados, com
fim em si mesmo.
Embora esse tenha sido o modelo que nós, professores atuais,
vivenciamos como alunos e com o qual conseguimos efetivar síntese que nos
possibilitaram prosseguir em nossa caminhada acadêmica, temos hoje a nossa
disposição, dados de pesquisas que nos permitem um caminhar científico,
relacionado ao quadro teórico-prático, atual, que a Pedagogia coloca a nossa
disposição. A compreensão do que seja ensinar é um elemento fundamental
nesse processo. O verbo ensinar, do latim” insignare”, significa marcar com um
sinal, busca despertar para o conhecimento. Na realidade da sala de aula, pode
ocorrer a compreensão, ou não, do conteúdo pretendido; a adesão, ou não, a
formas de pensamentos mais evoluídas; a mobilização, ou não, para outras
ações de estudo e de aprendizagem. Como outros verbos de ação, ensinar
contém, em si, duas dimensões: uma utilização intencional e uma de resultado,
ou seja, a intenção de ensinar e a efetivação dessa meta pretendida.
O processo de ensino
O objeto de estudo da Didática é o processo de ensino, na medida em
que o ensino viabiliza as tarefas de instrução. Podemos delimitar como objeto da
didática, o processo de ensino que, considerado, no seu conjunto, inclui: os
conteúdos dos programas e dos livros didáticos, os métodos e formas
organizáveis do ensino, as atividades do professor e dos alunos, e as diretrizes
que regulam e orientam esse processo.
A educação escolar é uma tarefa eminentemente social, pois a sociedade
necessita prover as gerações mais novas dos conhecimentos e habilidades que
vão sendo acumulados pela experiência social da humanidade. Mas para isso
não é suficiente que os alunos dominem os conhecimentos; é necessário dizer
como fazê-lo, isto é, investigar métodos seguros e eficazes para a assimilação
dos conhecimentos.
Nesse contexto, a natureza do trabalho docente é a mediação da relação
cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino. Isso quer dizer que o ensino
não é só transmissão de informações, mas também o meio de organizar a
atividade de estudo dos alunos. O ensino só é bem sucedido quando os objetivos
do professor coincidem com os objetivos de estudos do aluno e é práticado, para
desenvolver suas estruturas intelectuais. Ensinar e aprender, pois, são duas
facetas do mesmo processo, que se realizam em torno das matérias de ensino,
sob a direção do professor.
Aprender ou Apreender?
Existe uma diferença entre aprender e apreender, embora, nos dois
verbos exista a relação entre os sujeitos e o conhecimento. O apreender, do
latim “apprehendere”, significa segurar, prender, pegar, assimilar mentalmente,
entender, compreender, agarrar. Não se trata de um verbo passivo; para
apreender é preciso agir, exercitar-se, informar-se, tomar para si, apropriar-se,
entre outros fatores.
O verbo aprender, derivado de apreender significa tomar conhecimento,
reter na memória mediante estudo, receber a informação.
É preciso distinguir quais dessas ações estão presentes na meta que
estabelecemos ao ensinar: se for apenas receber a informação de, bastará
passá-la por meio da exposição oral. Nessa perspectiva, uma boa palestra é o
suficiente para a transmissão da informação. No entanto, se nossa meta se
refere à apropriação do conhecimento pelo aluno, para além do simples repasse
da informação, é preciso reorganizar-se, superando o aprender, que tem se
resumido em processo de memorização, na direção do apreender, segurar,
apropriar, agarrar, prender, pegar, assimilar mentalmente, entender e
compreender.
Daí a necessidade atual de se revisar o “assistir aulas”, pois a ação de
apreender não é passiva. O agarrar por parte de aluno exige ação constante e
consciente: exige informar-se, exercitar-se, instruir-se. O assistir ou dar aulas
precisa ser substituído pela ação conjunta do fazer aulas. Nesse fazer aulas é
que surgem as necessárias formas de atuação do professor com o aluno, sobre
o objeto de estudo e a definição, escolha e efetivação de estratégias
diferenciadas que facilitem esse novo fazer.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Processo de “Ensinagem”
Diante dessas reflexões, surgiu o termo “ensinagem”, usado, então, para
indicar uma prática social complexa, efetivada entre sujeitos, professor e aluno,
englobando tanto ação de ensinar, quanto a de apreender, em processo
contratual de parceria deliberada e consciente, para o enfrentamento na
construção do conhecimento escolar, resultante de ações efetivadas na sala de
aula e fora da sala de aula.
Trata-se de uma ação de ensino da qual resulta a aprendizagem do
estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do professor, pois
é sabido que, na aula tradicional, que se encerra numa simples exposição de
tópicos, somente há garantia da citada exposição, e nada se pode afirmar acerca
da apreensão do conteúdo pelo aluno. Nessa superação da exposição
tradicional, como única forma de explicitar os conteúdos, é que se inserem as
estratégias de “ensinagem”.
Trabalhando com os conhecimentos estruturados como saber escolar, é
fundamental destacar o aspecto do saber referente ao gosto ou sabor, do latim
“sapere” – ter gosto.
Na “ensinagem”, o processo de ensinar e apreender exige um clima de
trabalho tal que se possa saborear o conhecimento em questão. O sabor é
percebido pelos alunos, quando o docente ensina determinada área que também
saboreia, na lida cotidiana profissional e/ou na pesquisa, e socializado com seus
parceiros na sala de aula.
Leio o artigo a seguir que trata essa questão:
Jacir J. Venturi, professor e gestor escolar, é presidente do Sindicato das Escolas Particulares
do Paraná (Sinepe/PR).
ESTUDANDO E REFLETINDO
No exercício do magistério, há uma relação recíproca e necessária entre
a atividade do professor (ensino) e a atividade de estudo dos alunos
(aprendizagem).
A condução do processo de ensino requer uma compreensão clara do
processo de aprendizagem: em que consiste e quais as condições externas e
internas que o influenciam. Em sentido geral, qualquer atividade humana, em
qualquer idade ou condição, pode levar a uma aprendizagem.
A unidade ensino-aprendizagem se concretiza na interligação de dois
momentos indissociáveis:- transmissão/assimilação ativa de conhecimentos e
habilidades, dentro de cada situação didática.
As relações entre professor, aluno e matéria não são estáticas, mas
dinâmicas, por isso, falamos da atividade de ensino como um processo
coordenado de ações docentes. A condução desse processo requer uma
estruturação dos vários momentos de desenvolvimento da aula ou unidade
didática.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Aprendizagem
Precisamos distinguir a aprendizagem casual e a aprendizagem
organizada:- a casual surge espontaneamente pela convivência social, pela
observação de objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de
comunicação, leituras, etc.; a aprendizagem organizada tem por finalidade
específica aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de
convivência social. A escola tem por função organizar as condições especificas
para a transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades.
A aprendizagem escolar é, assim, um processo de assimilação de
conhecimentos e modos de ação física e mental. Os resultados da aprendizagem
se manifestam em modificações na atividade externa e interna do sujeito, nas
suas relações com o ambiente físico e social.
Isso significa que podemos aprender conhecimentos sistematizados
(fatos, conceitos, princípios, métodos de conhecimento, etc); hábitos intelectuais
e sensório motores (observar um fato e extrair conclusões, destacar
propriedades e relações das coisas, dominar procedimentos para resolver
exercícios, escrever e ler, manipulação de objetos e instrumentos, etc.); atitudes
e valores (perseverança, responsabilidade, senso crítico, camaradagem,
solidariedade, valores humanos e sociais, etc.).
A aprendizagem efetiva acontece quando, pela influência do professor,
são mobilizadas as próprias atividades dos alunos, no estudo das matérias. É o
que denominamos de assimilação ativa.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Os meios internos pelos quais o nosso organismo psicológico aprende
são bastante complexos. Esquematicamente, podemos dizer que há dois níveis
de aprendizagem humana:- o reflexo e o cognitivo, sobre os quais abordamos
em seguida.
Reflexo refere-se às sensações pelas quais desenvolvemos a
observação e percepção das coisas e nossas ações motoras. Essas
aprendizagens são responsáveis pelas formações de hábitos sensórios motores
e predominam na fase inicial do desenvolvimento da criança (por exemplo:
agarrar objetos, distinguir cores, formas e sons, andar, etc). Muitas delas
aparecem de forma automática e inconsciente. Esse nível de aprendizagem
continua ocorrendo durante toda a vida humana.
O cognitivo encontra-se entrelaçado com o reflexo, refere-se à
aprendizagem de conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela
apreensão consciente, compreensão e generalização das propriedades e
relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de modos de ação
e aplicação referente a essas propriedades e relações.
No nível cognitivo, os indivíduos aprendem tanto em contato com as
coisas no ambiente, quanto com as palavras que designam coisas e fenômenos
do ambiente. Isso significa que, como instrumento de linguagem, as palavras
constituem importante condição para a aprendizagem, pois formam a base dos
conceitos com os quais podemos pensar.
Importância da linguagem
Nos vários momentos do processo de assimilação ativa, há um
permanente entrelaçamento entre a atividade mental e a linguagem, pois esta é
o instrumento que traduz, por meio de palavras, os objetos e fenômenos, suas
relações e a “ideia” desse objeto ou fenômeno. Quando é usada a via indireta de
ensino, ou seja, o professor e os alunos trabalham com conceitos já elaborados,
com representações verbais do professor, ou o texto do livro didático, a
linguagem é fundamental tanto para o professor que explica os conceitos
científicos, quanto para o aluno que os utiliza para formar suas ideias e noções.
Os conceitos científicos e o desenvolvimento dos instrumentos
linguísticos do pensamento, assimilados com base na experiência sócio cultural
dos alunos, aperfeiçoam a comunicação, propiciam a habilidade de verbalização
e ampliam a capacidade de raciocinar.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Nenhum aluno gosta de ficar de recuperação. Além de ter de enfrentar um possível rótulo -
"criança com dificuldade de aprendizagem" -, os estudantes nessa situação encaram a pressão
de serem obrigados a fazer uma única prova, decisiva, para saber se serão aprovados ou não.
Hoje, porém, sabe-se que não é recomendável esperar o fim do ano para ajudar os que não têm
o desempenho esperado. Isso porque em uma turma sempre existirão diferentes níveis de
aprendizagem - e isso não quer dizer que os alunos não tenham capacidade de aprender, apenas
que cada um avança com ritmo próprio. À escola cabe, portanto, detectar a diversidade presente
nas salas de aula e criar condições para que os conteúdos trabalhados, quando não são bem
compreendidos, sejam retomados em classe com novas atividades e estratégias
de ensino.
Esse é o tema da reportagem de capa da edição de setembro de NOVA ESCOLA, que responde
a 11 dúvidas que os professores enfrentam sobre o assunto - do diagnóstico à lição de casa. "A
recomendação é avançar e retroceder ao mesmo tempo, fazendo com que quem atinge o
conhecimento esperado continue aprendendo, enquanto os demais trabalham as dúvidas assim
que elas surgirem", diz Maria Celina Melchior, professora de pós-graduação em Educação e
coordenadora pedagógica da Faculdade Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre.
Para saber com que alunos é possível ir adiante e com quais é preciso retomar os conteúdos, é
necessário usar bem as ferramentas de avaliação. O diagnóstico inicial, as provas, a observação
de sala de aula, as atividades de sondagem, as tarefas de casa e a análise de cadernos e
portifólios são alguns dos instrumentos que ajudam a ter um panorama da turma. O que não vale
é olhar apenas as notas das provas. "As avaliações bem feitas têm questões e atividades que já
foram trabalhadas em sala de aula e não criam 'pegadinhas' para o aluno", afirma Cipriano
Luckesi, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Também é função dos gestores ajudar na organização dos agrupamentos de trabalho em sala
de aula. Rose Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em
Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em
escolas, dá algumas sugestões. Para atender os diversos grupos ao mesmo tempo, o professor
tem de fazer um bom planejamento das aulas, com sequências didáticas ajustadas às
necessidades de aprendizagem. O interessante é que o coordenador pedagógico colabore na
construção de um banco de atividades variadas, que o docente deve ter no seu arquivo, para
usar quando necessário e contemplar o maior número possível de alunos. Também é importante
orientá-lo a alternar o uso de materiais pedagógicos - como vídeos, músicas e revistas - e
estratégias diversificadas - aulas expositivas, estudos de campo, pesquisas e trabalhos em grupo
- como uma maneira de atender às diferentes formas de os estudantes aprenderem.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Os conteúdos formam a base objetiva da instrução – conhecimentos
sistematizados e habilidades – referidos aos objetivos e viabilizados pelos
métodos de transmissão e assimilação. Os métodos, por sua vez, são
determinados pela relação objetivo-conteúdo e dão a forma pela qual se
concretiza essa relação em condições didáticas específicas; ao mesmo tempo,
pelo fato de caber aos métodos a dinamização das condições e modos de
realização do ensino, eles influem na reformulação ou modificação dos objetivos
e conteúdos.
A prática educacional se orienta, necessariamente, para alcançar
determinados objetivos por meio de uma ação intencional e sistemática. Não há
prática educativa sem objetivos.
Os objetivos educacionais têm, pelo menos, três referências para sua
formulação:
a) Os valores e ideais proclamados na legislação educacional e que
expressam os propósitos das forças políticas dominantes no sistema
social;
b) Os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso
da prática social da humanidade;
c) As necessidades e expectativas de formação cultural exigida pela
população majoritária da sociedade, decorrentes das condições concretas
de vida e de trabalho e das lutas pela democratização.
Essas três referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão
interligadas e sujeitas a contradições. A elaboração dos objetivos pressupõe, da
parte do professor, uma avaliação crítica das referências que utiliza balizada
pelas suas opções em face dos determinantes sociopolíticos da prática
educativa.
São dois níveis de objetivos educacionais: objetivos gerais e objetivos
específicos.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Objetivos Gerais
Os objetivos gerais são o ponto de partida, as premissas gerais do
processo pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação à
escola, ao ensino, aos alunos e, ao mesmo tempo, refletem as opções políticas
e pedagógicas dos agentes educativos, em face das contradições existentes na
sociedade.
Os objetivos gerais são explicitados em três níveis de abrangência, do
mais amplo ao mais específico. O professor deve conhecer os objetivos
estabelecidos no âmbito do sistema escolar oficial, seja no que se refere a
valores e ideais educativos, seja quanto às prescrições de organização curricular
e programas básicos das matérias.
Esse conhecimento é necessário não apenas porque o trabalho escolar
está vinculado a diretrizes nacionais, estaduais e municipais de ensino, mas
também porque precisamos saber que concepções de homem e sociedade
caracterizam os documentos oficiais, uma vez que expressam os interesses
dominantes dos que controlam os órgãos públicos.
É preciso que o professor forme uma atitude crítica em relação a esses
objetivos, de forma a identificar os que convergem para a efetiva democratização
escolar e os que a cerceiam. Para isso, deve ter clareza de suas convicções
políticas e pedagógicas, em relação ao trabalho escolar. Isso indica que não se
trata simplesmente de copiar os objetivos e conteúdos previstos no programa
oficial, mas de reavivá-los em função de objetivos sociopolíticos que expressem
os interesses do povo, das condições locais da escola, da problemática social
vivida pelos alunos. Nesse sentido, alguns objetivos educacionais gerais podem
auxiliar os professores na seleção de objetivos específicos e conteúdos de
ensino:-
a) colocar a educação escolar no conjunto das lutas pela democratização da
sociedade. Ela pode contribuir para a ampliação da compreensão da realidade,
na medida em que os conhecimentos adquiridos instrumentalizem culturalmente
os alunos a se perceberem como sujeitos ativos nas lutas sociais, para a
melhoria das condições gerais de vida (educação, saúde, moradia, etc).
b) garantir a todas as crianças, sem nenhuma discriminação de classe social,
cor, religião ou sexo, uma sólida preparação cultural e científica, através do
ensino das matérias.
c) assegurar a todas as crianças o máximo de desenvolvimento de suas
potencialidades, tendo em vista, auxiliá-las na superação das desvantagens
decorrentes das condições sócioeconômicas desfavoráveis. O ensino
democrático supõe a adequação metodológica às características socioculturais
e individuais dos alunos, e as suas possibilidades reais de aproveitamento
escolar.
d) formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação às matérias de
ensino e à aplicação dos conhecimentos e habilidades em tarefas teóricas e
práticas. Os objetivos da escolarização exigem a sua vinculação com a vida
prática. O professor não conseguirá formar alunos observadores, ativos,
criativos, frente aos desafios da realidade, se apenas esperar deles a
memorização dos conteúdos. A capacidade crítica e criativa se desenvolve pelo
estudo dos conteúdos e pelo desenvolvimento de métodos de raciocínio, de
investigação e de reflexão. Através desses meios, sob a direção do professor,
os alunos vão ampliando o entendimento das contradições e conflitos existentes
na sociedade.
e) visa à formação de convicções para a vida coletiva. O trabalho do professor
deve estar voltado para a formação de qualidades humanas, modos de agir em
relação ao trabalho, ao estudo, à natureza, em concordância com princípios
éticos. Implica ajudar os alunos a desenvolver qualidades de caráter como a
honradez, a dignidade, o respeito aos outros, a lealdade, a disciplina, a verdade,
a urbanidade e cortesia.
f) refere-se à instituição de processos participativos, envolvendo todas as
pessoas que, direta ou indiretamente, relacionam-se com a escola: diretor,
coordenador de ensino, professores, funcionários, alunos, pais. É de
fundamental importância o vinculo da escola com a família e com os movimentos
sociais (associações de bairro, entidades sindicais, movimentos de mulheres,
etc.)
Esses objetivos não esgotam a riqueza da ação pedagógica escolar em
relação à formação individual e social dos alunos, em sua capacitação para a
vida adulta na sociedade. Entretanto, com essa visão de conjunto do trabalho
escolar e com a programação oficial indicada pelos órgãos do sistema escolar,
o professor está em condições de definir os objetivos específicos de ensino.
Objetivos Específicos
Os objetivos específicos particularizam a compreensão das relações entre
escola e sociedade e, especialmente, do papel da matéria de ensino. Eles
expressam, pois, as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos
alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um caráter pedagógico,
porque explicitam o rumo a ser imprimido ao trabalho escolar. A cada matéria de
ensino correspondem objetivos que expressam os resultados a obter. Eles
contem a explicitação pedagógica dos conteúdos. O professor deve vincular os
objetivos específicos aos objetivos gerais, sem perder de vista a situação
concreta (da escola, da matéria, dos alunos).
BUSCANDO CONHECIMENTO
Os Elementos dos Conteúdos de Ensino
A herança cultural, constituída ao longo da história, é extremamente rica
e complexa, sendo impossível à escola básica abranger todo esse patrimônio. É
tarefa da Didática selecionar os elementos dos conteúdos a serem apropriados
pelos alunos, em função das exigências sociais e do desenvolvimento da
personalidade. Os conteúdos de ensino compõem-se de quatro elementos:
conhecimentos sistematizados, habilidades e hábitos, atitudes e
convicções.
1) Conhecimentos sistematizados são a base da instrução e do ensino.
Correspondem a conceitos, termos, fatos, fenômenos e leis das ciências;
correlações entre os fenômenos científicos; história e métodos de investigação
científica; conhecimentos de economia, política, organização social, etc.
2) Habilidades são qualidades intelectuais necessárias para a atividade
mental no processo de assimilação de conhecimentos. Habilidades e hábitos são
modos de agir que tornam mais eficaz o estudo ativo e independente. Hábitos
podem preceder habilidades e há habilidades que se transformam em hábitos.
Por exemplo, habilidade em leitura pode transformar-se em hábito de ler e vice-
versa. Algumas habilidades e hábitos são comuns a todas as matérias (destacar
propriedades essenciais de objetos ou fenômenos, fazer relações, comparar,
diferenciar, organizar o trabalho escolar, fazer sínteses e esquemas, etc.); outros
são específicos de cada matéria (observação de fatos da natureza, utilização de
materiais específicos, resolução de problemas matemáticos, etc.).
3) Atitudes referem-se aos modos de agir diante das situações concretas
de vida, como o estudo, o trabalho, responsabilidades pelos seus atos,
preservação da natureza, etc.
4) Convicções orientam as atitudes, pois o indivíduo age segundo suas
convicções; mas elas dependem de conhecimentos, portanto, do ensino e
desenvolvimento das capacidades culturais e intelectuais.
Os elementos do conteúdo de ensino estão interrelacionados e
convergem para a formação das capacidades cognitivas dos alunos.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Para a discussão das dimensões crítico-social dos conteúdos, partimos
de um questionamento: os conteúdos de ensino, retirados das ciências, são
objetivos e universais, ou refletem interpretações de grupos que possuem o
poder político e econômico na sociedade? A resposta a essa questão pode ser
encontrada a partir dos conhecimentos expostos nesta unidade.
Os conteúdos de ensino são as duas coisas: objetivos e universais E
refletem interpretações de grupos que possuem o poder político e econômico na
sociedade. Uma pedagogia de cunho crítico-social reconhece a objetividade e
universalidade dos conteúdos, assim como reconhece que, nas sociedades
capitalistas, difunde-se um saber que seja vantajoso para reforçar a atual forma
de organização social e econômica.
Existe, pois, um saber objetivo e universal que constitui a base dos
conteúdos de ensino, mas não se trata de um saber neutro. A objetividade e
universalidade dos conteúdos se apoiam no saber científico, que se constitui no
processo de investigação e comprovação de leis objetivas expressas nas
relações internas dos fatos e acontecimentos da natureza e da sociedade.
Nesse sentido, o conhecimento é, também, histórico; pois, ao
investigarem as relações internas de fatos e acontecimentos, busca-se apanhar
o movimento real, isto é, as transformações que ocorrem na realidade com a
intervenção humana.
Mas, o conhecimento é sempre interessado, uma vez que é produzido ”em
sociedade”, isto é, na relação entre as classes sociais e suas contradições.
Apropriado pelas forças que detêm o poder na sociedade, há interesse que as
ideias e explicações vinculadas à visão particular de uma classe social, sejam
afirmadas como válidas para todas as demais.
Neste sentido, a escola, na sociedade capitalista, controla a distribuição
do saber científico, ora escondendo aspectos da realidade, ora simplificando
esse saber, mostrando apenas as aparências dos fatos e acontecimentos. Além
disso, os fatos e acontecimentos não são tomados no seu desenvolvimento
histórico, nas suas transformações, mas como algo acabado, estático,
solidificado.
Esta constatação, entretanto, não deve levar o ensino a sacrificar a
riqueza do conhecimento científico e das experiências acumuladas pela
humanidade. O que cabe à escola é submeter os conteúdos de ensino ao crivo
dos seus determinantes sociais, para recuperar o seu núcleo de objetividade,
tendo em vista possibilitar o conhecimento critico da realidade. É o que
chamamos “dimensão crítico-social dos conteúdos”.
O movimento que leva à consciência critica, vai do conhecimento
científico para a aplicação prática, mobilizando a formação de convicções para
a participação na vida social.
Os conteúdos têm um caráter histórico, em estreita ligação com o caráter
científico. O sentido histórico dos conteúdos se manifesta no trabalho docente,
quando se busca explicitar como a prática social de gerações passadas e
presentes interveio e interveem na determinação dos atuais conteúdos, bem
como o seu papel na produção de novos conhecimentos, para o avanço da
ciência e para o progresso social da humanidade.
A dimensão crítico-social vincula os conteúdos de ensino às atividades da
vida prática. A assimilação ou apropriação de conhecimentos e habilidades
ganha importância e sentido, se proporcionam o domínio ativo e prático de
modos de atuação crítica e criativa, na vida, na profissão, no exercício da
cidadania.
A dimensão crítico-social dos conteúdos é uma metodologia de estudo e
interpretação dos objetos de conhecimento – explicitados nas matérias de ensino
– como produtos da atividade humana e a serviço da prática social. Trata-se de
situar um tema de estudo nas suas ligações com a prática humana. Como
homens, na sua atividade prática coletiva, intervêm, modificam, constroem esse
tema de estudos para atender necessidades como os problemas sociais, o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia, as necessidades humanas básicas,
etc. A esse método de apreensão da realidade (sob a forma de conhecimentos),
agregam-se e conjugam-se:
1) métodos de conhecimentos gerais (como a observação, a analise-síntese, a
indução-dedução, a abstração, a generalização, etc.);
2) métodos próprios da matéria que está sendo estudada;
3)métodos de ensino (como a exposição, o estudo dirigido independente, a
conversação criativa com a classe, etc.).
O tratamento metodológico dos conteúdos, numa ótica crítico-social,
pressupõe que as propriedades e características dos objetos de estudo estão
impregnadas de significações humanas e sociais, não só porque os
conhecimentos são criações humanas para satisfazer necessidades humanas,
mas, também, porque devem ser evidenciadas as distorções a que estão
sujeitos, quando são utilizados para o ocultamento das relações sociais reais
desumanizadoras existentes na sociedade.
Em relação a um determinado tema de estudo, será sempre necessário
que nos perguntemos: quais são as características do objeto de estudo deste
tema? Como a prática humana está embutida nesse tema? Como as pessoas
estão relacionadas com ele? Quem usufrui dos seus benefícios e como usufrui?
O que a vida real das pessoas tem a ver com esses objetos de estudo?
O professor Demerval Saviani afirma, sobre esse assunto, que a
apropriação dos conhecimentos pelos trabalhadores, na medida em que se
articula com as condições e lutas concretas dadas na vida prática, podem
desenvolver determinadas condições subjetivas – isto é, consciência de seus
interesses e necessidades – que, impulsionadas por processos objetivos de luta,
podem conduzir à transformação das condições sociais presentes.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Os Conteúdos e os Livros Didáticos
A democratização dos conteúdos é uma exigência de humanização, pois
concorre para aumentar o poder do homem sobre a natureza e sobre seu próprio
destino. Muitos dos conteúdos de um livro didático não conferem com a
realidade, com a vida real dos alunos e também dos professores. Passam
noções, por exemplo, de que, na sociedade, as diferenças entre as pessoas são
individuais e não devidas à estrutura social; que nela todos têm oportunidades
iguais, bastando que cada um se esforce e trabalhe com afinco. Ao selecionar
os conteúdos da série em que irá trabalhar, o professor precisa analisar os
textos, para enriquecê-los com sua própria contribuição e a dos alunos,
comparando o que se afirma, com fatos, problemas, realidades.
A professora Ana Lúcia G. de Faria (1985) pesquisou em livros didáticos
das séries iniciais do ensino fundamental, o conceito de trabalho. Vejamos
alguns trechos de livros pesquisados.
Não é difícil constatar que esses textos dão uma impressão de que a vida
no campo é muito tranquila, apesar de o lavrador pobre ser mais simples e
atrasado. Existir agricultura primitiva e mecanizada, usar roupas simples ou
melhores, usar enxada ou o trator, tudo é muito natural, como se as diferenças
sociais fossem também naturais e não decorrentes das formas de organização
da sociedade. A vida social no campo aparece como solidificada, como se tudo
o que acontece ali fizesse parte da normalidade das coisas. Os textos não
revelam as relações internas entre os fatos, não mostram o significado no tema
estudado. Há o lavrador, o agricultor, o criador de gado, mas as razões das
diferenças entre um tipo e outro de trabalho estão escondidas.
O professor não pode esperar que os livros didáticos deixem transparecer
os aspectos reais das coisas; as razões que estão por trás das diferenças
sociais. Esta é tarefa do professor, sabendo que sua postura crítica nem sempre
será aprovada. Outros indivíduos inclusos no sistema educacional também não
desejam que o real funcionamento das relações sociais seja revelado. Ao não
analisar criticamente o livro didático, o próprio professor pode confirmar aos
alunos, valores, ideias, concepções de mundo distantes da realidade concreta
passada pelo livro, ou que circulam nas conversas, na televisão, no rádio, etc.
Faria descreve, também, opiniões das crianças sobre o trabalho, que
refletem o que aprendem nas aulas: os médicos ganham mais, porque são mais
inteligentes; os pretos também podem ficar ricos, apesar de o homem branco ter
mais possibilidades de arrumar emprego; quem ganha menos é porque não
trabalha direito; não fica rico quem não for estudioso; quem não tem boa
profissão, para ficar rico precisa fazer hora extra, guardar dinheiro na caderneta
de poupança.
Esses exemplos mostram a influência que os livros didáticos e as
informações do professor exercem na formação das ideias dos alunos. Ser rico,
ser branco, ser inteligente é quase a mesma coisa e as crianças recebem tais
informações como verdadeiras. Os livros didáticos, ao expressarem o modo de
ver de determinados segmentos da sociedade, fornecem ao professor uma
oportunidade de conhecer como as classes dominantes explicam as realidades
sociais e como dissimulam o real. O professor pode ajudar os alunos a
confrontarem o conteúdo do livro com a realidade, a fim de que entendam e
transformem as suas condições de vida.
Unidade 9 - Os Métodos e avaliação do Ensino
ESTUDANDO E REFLETINDO
Conceito de Método de Ensino
O conceito mais simples de “método” é caminhos para atingir um objetivo.
Mas estes não se realizam por si mesmos, sendo necessária a nossa atuação.
Os métodos são, assim, meios adequados para realizar objetivos. Cada ramo do
conhecimento desenvolve métodos próprios. Temos, assim, métodos
matemáticos, métodos sociológicos, métodos pedagógicos, etc.
Princípios do ensino são aspectos gerais do processo educacional que
expressam os fundamentos teóricos de orientação do trabalho docente.
O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino utiliza
intencionalmente um conjunto de ações, passos, condições externas e
procedimentos, a que chamamos métodos de ensino. Por exemplo, à atividade
dos alunos de resolver tarefas, corresponde o método de resolução de tarefas;
à atividade que visa ao domínio dos processos do conhecimento científico numa
disciplina, corresponde o método investigativo; e assim por diante.
O método de ensino expressa a relação conteúdo-método, no sentido de
que tem como base um conteúdo determinado (um fato, um processo, uma
teoria, etc.). O método vai em busca das relações internas de um objeto, de um
fenômeno, de um problema, uma vez que esse objeto de estudo fornece as
pistas, o caminho para conhecê-lo. Apanhar os objetos de estudo nas suas
relações internas, significa verificar como a ação humana entra na definição dos
fatos e fenômenos, isto é, ver nas relações entre as coisas, os significados que
lhes são dados, e a que necessidades sociais e humanas estão vinculadas o
objeto de conhecimento.
Os métodos de ensino devem respeitar a unidade objetivos-conteúdos-
métodos e as condições concretas das situações didáticas. Em primeiro lugar,
os métodos de ensino dependem dos objetivos imediatos da aula: introdução de
matéria nova, explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades,
consolidação de conhecimentos, etc. Ao mesmo tempo, dependem de objetivos
gerais da educação previstos nos plano de ensino elaborados pela escola, ou
pelos professores. Há uma relação mútua entre os métodos gerais de ensino –
comuns e fundamentais a todas as disciplinas – e os métodos específicos de
cada uma.
Não há método único de ensino. Há uma variedade de métodos, cuja
escolha depende dos conteúdos da disciplina, das situações didáticas
específicas, e das características sócio-culturais e de desenvolvimento mental
dos alunos.
Na análise do processo de ensino, destaca-se seu caráter bilateral, em
que a atividade de direção do professor e a de aprendizagem do aluno atuam
reciprocamente. Desse modo, quando, por exemplo, é utilizada a exposição
lógica da matéria, predomina a atividade do professor. Quando são organizadas
formas de trabalho independente, predomina a atividade do aluno. Nessa ação
conjunta realiza-se o processo de assimilação ativa pelos alunos.
Na relação objetivo-conteúdo-método, a primeira consideração é que o
conteúdo de ensino não é a matéria em si, mas uma matéria selecionada e
preparada pedagógica e didaticamente para ser assimilada pelos alunos.
É preciso considerar que a matéria de ensino é determinada por aspectos
político-pedagógicos, lógicos e psicológicos, o que significa considerar a relação
de subordinação dos métodos aos objetivos gerais e específicos. Os métodos,
por sua vez, são as formas pelas quais os objetivos e conteúdos se manifestam
no processo de ensino.
A relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua
interdependência. Os métodos, à medida que expressam formas de transmissão
e assimilação de determinadas matérias, atuam na seleção de objetivos e
conteúdos, por exemplo, quando definimos objetivos e conteúdos de História,
devem estar incluídos neles os métodos próprios de estudo dessa matéria.
Se entendermos que o método de estudo da História privilegia mais a
compreensão do processo histórico e as relações entre os acontecimentos, do
que a simples descrição de nomes e fatos, esta particularidade metodológica
deve ser transformada em objetivo de ensino. O mesmo raciocínio vale para
todas as matérias do currículo.
BUSCANDO CONHECIMENTO
ESTUDANDO E REFLETINDO
Dado que a atualidade oferecerá meios nunca antes disponíveis para a
circulação e armazenamento de informações e para a comunicação, o próximo
século submeterá a educação a uma dura obrigação: transmitir, de forma maciça
e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos adaptados à civilização
cognitiva, pois são as bases das competências do futuro; simultaneamente,
compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam os homens de
ficarem submergidos nas ondas de informações que invadem os espaços
públicos e privados.
À educação, cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo
complexo, constantemente agitado; e, ao mesmo tempo, servir-lhe de bússola
para que navegue seguro nesse mundo em constante mudança.
Nessa visão prospectiva, uma resposta puramente quantitativa à
necessidade insaciável de educação – uma bagagem escolar cada vez mais
pesada – já não é possível nem mesmo adequada. Não basta, de fato, que cada
um acumule no começo da vida uma determinada quantidade de conhecimentos
de que possa abastecer-se indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura
de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de
atualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se
adaptar a um mundo em mudança.
Para responder ao conjunto das suas missões, a educação deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de
toda a vida serão de algum modo, para cada individuo, os pilares do
conhecimento: 1) aprender a conhecer, 2) aprender a fazer, 3) aprender a viver
juntos, e 4) aprender a ser.
Cada um dos “quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de atenção
igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como
uma experiência global, para levar a cabo, ao longo de toda vida, tanto no plano
cognitivo como no prático, o norteamento do individuo enquanto pessoa e
membro da sociedade.
1- Aprender a Conhecer
Este tipo de aprendizagem, que visa não tanto à aquisição de um
repertório de saberes codificados, mas antes, o domínio dos próprios
instrumentos do conhecimento pode ser considerado, simultaneamente, como
um meio e como uma finalidade da vida humana. Meio, porque se pretende que
cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida
em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas
capacidades profissionais e para comunicar-se. Finalidade, porque seu
fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir. Deste ponto
de vista, é essencial que cada criança esteja onde estiver, possa ter acesso, de
forma adequada, às metodologias científicas, de modo a tornar-se para toda vida
“amiga da ciência”. Em nível do ensino secundário e superior, a formação inicial
deve fornecer a todos os alunos, instrumentos, conceitos e referencias
resultantes dos avanços das ciências e dos paradigmas do nosso tempo.
Aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender,
exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Desde a infância, sobretudo
nas sociedades agora dominadas pela imagem televisiva, o jovem deve
aprender a prestar atenção às coisas e às pessoas. A sucessão muito rápida de
informações mediatizadas, o “zapping” tão frequente, prejudicam o processo de
descoberta, que implica duração e aprofundamento da apreensão. Esta
aprendizagem da atenção pode adquirir formas diversas e tirar partido de várias
ocasiões da vida (jogos, estágios em empresas, viagens, trabalhos práticos de
ciências).
O processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e
pode enriquecer-se com qualquer experiência.
2- Aprender a Fazer
Aprender a conhecer e aprender a fazer são indissociáveis. Mas a
segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação
profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e,
também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode
prever qual será a sua evolução?
Aprender a fazer não pode continuar a ter o significado simples de
preparar alguém para uma tarefa material bem determinada, para fazê-lo
participar no fabrico de alguma coisa. Como consequência, as aprendizagens
devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples transmissão
de práticas mais ou menos rotineiras, embora estas continuem a ter um valor
formativo que não é de desprezar.
Da noção de qualificação à noção de competência: na indústria, onde as
máquinas substituem o homem e são cada vez mais inteligentes, torna-se um
pouco obsoleta a noção de qualificação profissional e leva a que se dê muita
importância à competência pessoal.
O progresso técnico modifica, inevitavelmente, as qualificações exigidas
pelos novos processos de produção. As tarefas puramente físicas são
substituídas por tarefas de produção mais intelectuais, mais mentais. Este
aumento de exigências em matéria de qualificação, em todos os níveis, tem
várias origens. No que diz respeito ao pessoal de execução e justaposição de
trabalhos prescritos e parcelados, vale dizer que deu-se lugar à organização em
“coletivos de trabalho” ou “grupos de projeto”. Por outro lado, à indiferenciação
entre trabalhadores, sucede a personalização das tarefas. Os empregadores
substituem, cada vez mais, a exigência de uma qualificação ainda muito ligada
à ideia de competência material, pela exigência de uma competência que se
apresenta com uma espécie de coquetel individual, combinando a qualificação
adquirida pela formação técnica e profissional, com o comportamento social, a
aptidão para o trabalho em equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto pelo risco.
Se juntarmos a essas novas exigências, a busca de um compromisso
pessoal do trabalhador, considerado como agente de mudança, torna-se
evidente que as qualidades muito subjetivas, inatas ou adquiridas, muitas vezes
denominadas “saber ser”, se juntam ao “saber fazer” para compor a competência
exigida. Isso mostra bem a ligação que a educação deve manter entre os
diversos aspectos da aprendizagem.
BUSCANDO CONHECIMENTO
3- APRENDER A VIVER JUNTOS
Esta aprendizagem representa, hoje em dia, um dos maiores desafios da
educação. O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe
à esperança, posta por alguns, no progresso da humanidade. A história humana
sempre foi conflituosa, mas há elementos novos que acentuam o perigo e,
especialmente, o extraordinário potencial de autodestruição criado pela
humanidade no decorrer do século XX. A opinião pública, através dos meios de
comunicação social, torna-se observadora impotente e até refém dos que criam
ou mantêm conflitos. Até agora, a educação não pode fazer grande coisa para
modificar esta situação real. Poderemos conceber uma educação capaz de
evitar os conflitos, ou de resolvê-los de maneira pacífica, desenvolvendo o
conhecimento dos outros, das suas culturas, da sua espiritualidade?
É de louvar a ideia de ensinar a não violência na escola, mesmo que
apenas constitua um instrumento, entre outros, para lutar contra os preconceitos
geradores de conflitos. A tarefa é árdua, porque, muito naturalmente, os seres
humanos têm tendência a supervalorizar as suas qualidades e as do grupo a que
pertencem, e a alimentar preconceitos desfavoráveis em relação aos outros.
Por outro lado, o clima geral de concorrência que caracteriza, atualmente,
a atividade econômica no interior de cada país, e, sobretudo, em nível
internacional, tem tendência de dar prioridade ao espírito de competição e ao
sucesso individual. Esta competição resulta, atualmente, numa guerra
econômica implacável e numa tensão entre os mais favorecidos e os pobres,
que divide as nações do mundo e exacerba as rivalidades históricas.
Que fazer para melhorar a situação? A experiência prova que para reduzir
o risco não basta pôr em contato e em comunicação membros de grupos
diferentes (através de escolas comuns a várias etnias ou religiões, por exemplo),
se, no seu espaço comum, esses diferentes grupos entram em competição, ou,
se o estatuto da escola acentua as desigualdades. Um contato deste gênero
pode, ao contrário, agravar ainda mais as tensões latentes e degenerar em
conflitos. Pelo contrário, se esse contato se fizer num contexto igualitário e se
existirem objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a hostilidade latente
podem desaparecer e dar lugar a uma cooperação mais serena, e até à amizade.
Parece, pois, que a educação deve utilizar duas vias complementares.
Num primeiro nível, a descoberta progressiva do outro. Num segundo nível, e ao
longo de toda vida, a participação em projetos comuns, parece ser um método
eficaz para evitar ou resolver conflitos latentes.
A descoberta do outro: O educador tem por missão, por um lado, transmitir
conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana; por outro, levar as
pessoas a tomarem consciência das semelhanças e interdependência entre
todos os seres humanos do planeta. Desde tenra idade, a escola deve, pois,
aproveitar todas as ocasiões para esta dupla aprendizagem. Buscando a
descoberta do outro, necessariamente pela descoberta de si mesmo, a criança
e o adolescente podem chegar a uma visão mais ajustada do mundo. A
educação, seja ela dada pela família, pela comunidade ou pela escola deve
ajudar crianças e adolescentes a descobrirem-se a si mesmos. Só então
poderão, verdadeiramente, pôr-se no lugar do outro e compreender as suas
reações. Desenvolver esta atitude de empatia, na escola, é muito útil para os
comportamentos sociais ao longo de toda a vida. Ensinando os jovens a
adotarem a perspectiva de outros grupos étnicos ou religiosos, pode-se evitar
incompreensões geradoras de ódio e violência entre os adultos.
Os métodos de ensino não devem ir contra este reconhecimento do outro.
Os professores que, por dogmatismo, matam a curiosidade ou o espírito crítico
dos seus alunos, em vez de desenvolvê-los, podem ser mais prejudiciais do que
úteis. Esquecendo que funcionam como modelos, com esta atitude omissa,
arriscam-se a enfraquecer por toda a vida, nos alunos, a capacidade de abertura
as diferenças, e de enfrentar as inevitáveis tensões entre pessoas, grupos e
nações. O confronto através do diálogo e da troca de argumentos é um dos
instrumentos indispensáveis à educação do século XXI.
Quando se trabalha em conjunto sobre projetos motivadores e fora do
habitual, as diferenças e até os conflitos interindividuais tendem a reduzir-se,
chegando a desaparecer, em alguns casos. Uma nova forma de identificação
nasce desses projetos que fazem com que se ultrapassem as rotinas individuais,
que valorizam aquilo que é comum e não as diferenças.
4- Aprender a Ser
Aprender a ser é um princípio fundamental para um homem do século XXI.
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e
corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal,
espiritualidade. Todo ser humano deve ser preparado para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e, para formular os seus próprios juízos de
valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes
circunstâncias da vida. Este imperativo não é apenas de natureza individualista:
a experiência recente mostra que o que poderia parecer somente uma forma de
defesa do indivíduo perante um sistema alienante ou tido como hostil, é também,
por vezes, a melhor oportunidade de progresso para as sociedades. A
diversidade das personalidades, a autonomia e o espírito de iniciativa são os
suportes da criatividade e da inovação.
Num mundo em mudança, em que um dos principais motores parece ser
a inovação, tanto social como econômica, deve ser dada importância especial à
imaginação e à criatividade: claras manifestações da liberdade humana.
O século XXI necessita desta diversidade de talentos e de pessoas
excepcionais, essenciais em qualquer civilização. Convém, pois, oferecer às
crianças e aos jovens todas as ocasiões possíveis de descoberta e de
experimentação estética, artística, desportiva, científica, cultural e social, que
venham completar nestes domínios aquilo que construíram as gerações que os
precederam ou suas contemporâneas. Na escola, a arte e a poesia deveriam
ocupar um lugar mais importante do que aquele que lhe é concedido, para evitar
um ensino mais utilitarista do que cultural. A preocupação em desenvolver a
imaginação e a criatividade deveria, também, revalorizar a cultural oral e os
conhecimentos retirados da experiência da criança ou do adulto.
Este desenvolvimento do ser humano, que se desenrola desde o
nascimento até a morte, é um processo dialético que começa pelo conhecimento
de si mesmo para se abrir, em seguida, à relação com o outro. Neste sentido, a
educação é uma viagem interior, cujas etapas correspondem às da maturação
contínua da personalidade.
UNIDADE 11 - FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA
ESTUDANDO E REFLETINDO
Tecnologia e Sociedade
Primeiramente vamos esclarecer o que entendemos por "tecnologia". Se
procurarmos por definições em dicionários da Língua Portuguesa,
encontraremos: do Gr. Technologia - téchne, arte + lógos, tratado. Estudo e
aplicação de técnicas e procedimentos relacionados a um determinado ramo de
atividade. (Michaelis) Ciência que quantifica o desenvolvimento nos estudos de
outras ciências, tais como, a química, física etc" (Sawaya, 1999, p. 464).
Conjunto complexo formado pelas artes e ofícios, interligados pelo conhecimento
(saber) e pelo"saber-fazer" (Aurélio).
Basicamente podemos compreender que tecnologia é qualquer artefato,
método ou técnica criada pelo homem para tornar seu trabalho mais leve, sua
locomoção e sua comunicação mais fáceis, ou simplesmente sua vida mais
agradável. A tecnologia, neste sentido, não é algo novo - na verdade, é quase
tão velha quanto o próprio homem. São ferramentas, técnicas, conhecimentos,
métodos que ajudam a resolver problemas.
As relações entre o homem e o meio, a natureza, sempre foram mediadas
pelas tecnologias vigentes em cada momento histórico e sempre com o objetivo
de proporcionar melhorias no bem estar coletivo. Dessa forma, elas tiveram um
papel fundamental desde a pré-história, quando o homem primitivo começou a
fabricar seus instrumentos com pedras lascadas, madeira e ossos, para caçar
animais e garantir sua sobrevivência. Na revolução agrária, o homem, que era
nômade, passou a se fixar em um espaço geográfico, movido pela possibilidade
de semear a terra. Esse fato não teria sido consumado sem a criação de
ferramentas pelo homem.
Na Revolução Industrial, o uso das tecnologias teve consequência mais
séria: o surgimento da classe operária e a consequente perda que tiveram os
artesãos de suas ferramentas de trabalho (tecnologias), pois essas se tornaram
"obsoletas" por não mais servir aos novos modos de produção. Como resultado,
o trabalhador deixou de conhecer todo o processo de fabricação dos produtos
que manufaturava (conhecimento geral e amplo) para ser um operário fabril, com
qualificação apenas para inserir uma determinada peça em um lugar específico
e predefinido por outro (conhecimento restrito e "especializado").
A sociedade atual é caracterizada por múltiplas denominações, como a
sociedade em rede (Castells, 1997), a revolução semiótica (Dieterich, 1999), a
geração digital (Tapscott, 1999), além de outros termos mais utilizados como
sociedade pós-moderna, sociedade da aprendizagem, sociedade da informação,
sociedade do conhecimento e muitas outras. Mas o importante é que, qualquer
que seja a denominação, sua "marca registrada" é a compressão do tempo e do
espaço, que viabiliza o rápido avanço da globalização econômica, que
potencializa cada vez mais a separação entre os que têm acesso aos - bens
produzidos por esse modelo sócio-econômico daqueles que estão à margem
desse processo. Para isso, contribuem, significativamente, as Tecnologias da
Informação e da Comunicação - TICs.
A atual fase de intensivos avanços tecnológicos é ao mesmo tempo causa
e resultado de mudanças na forma de vida das pessoas. Eles provocam essas
mudanças porque os produtos são lançados no mercado com o objetivo de gerar
novas necessidades de consumo, as quais, por sua vez, suscitam novas
necessidades de avanços tecnológicos. Esse efeito se repete em um ciclo, cujo
limite é apenas o poder de compra. Vários exemplos de produtos tecnológicos
dessa cadeia evolutiva poderiam ser citados para esclarecer, mas vamos optar
pelo telefone celular. A humanidade vivia muito bem sem esse aparelho até
pouco tempo atrás, quando se presumia que as necessidades básicas de
comunicação eram satisfeitas. Mas a economia de mercado necessitava criar
produtos para gerar novas necessidades, não básicas, apenas de consumo.
Assim, surgiu o celular. Inicialmente um bem de consumo caro, mas as pessoas
começam a comprá-lo - privilégio de poucos. A publicidade mostra suas infinitas
vantagens, muita gente quer comprar, surge um forte desejo de possuí-lo, os
preços baixam um pouco e ele se torna um bem mais popular. As melhorias
tecnológicas vão sendo incorporadas: baterias com mais potência, tamanhos
menores, conexão com a Internet. A cada novo "avanço' corresponde uma nova
necessidade de compra que gera a necessidade de um novo "avanço". E é nessa
lógica que evoluem muitos outros produtos; portanto, a partir desse exemplo,
pode-se visualizar como acontece a globalização dos mercados mediante a
criação das necessidades de consumo.
Tecnologia Educacional
Quando se fala em tecnologia educacional, automaticamente associa-se
com atividades que envolvam computadores e softwares, ou seja, a informática
auxiliando o processo de ensino-aprendizagem em ambientes de aprendizagem.
Mas será que tecnologia educacional se resume a isso?
A experiência de implantação do uso da tecnologia em escolas, tanto
particulares como públicas, já nos mostrou que não basta ter computadores em
salas de aula ou laboratórios, internet, softwares, projetores multimídia, livros
apostilas, se esses recursos não forem utilizados para produzir conhecimento.
Por mais versátil que essas ferramentas possam parecer à primeira vista, é
preciso algo mais para que se produzam ganhos significativos nos processos
educacionais contando com tais recursos.
Todas as vezes que alguém se depara com um problema - a menos que
simplesmente o abandone - tende a buscar para ele alguma solução e, quando
criamos uma solução para um problema, construímos conhecimento. Se a
solução mostra-se eficaz para um número significativo de casos semelhantes,
então estamos diante de uma tecnologia. O conhecimento é produzido como
resposta a um problema, como menciona Gaston Bachelard, em sua obra “O
novo espírito científico”. Uma tecnologia é uma solução elaborada que pode ser
aplicada em situações-problema semelhantes.
Portanto, não existe uma única tecnologia educacional, mas tecnologias,
isto é soluções resultantes do enfrentamento de problemas.
Ao que parece, não existe tecnologia ideal, absoluta, completa ou
definitiva; sempre tem sido possível alcançar soluções cada vez melhores - no
sentido de serem mais próximas da solução ideal de um problema - e essa
característica central tende a permanecer.
Embora novas soluções sejam encontradas, ao longo do tempo, nada se
pode afirmar a respeito de sua permanência: outras soluções, mais eficazes,
poderão vir a substituir as já existentes.
Levy (1987) define tecnologia educacional como "conjunto de recursos
técnicos que influenciam a cultura e as formas de construção do conhecimento
de uma sociedade". Nessa perspectiva, a tecnologia sempre esteve presente
nos contextos educacionais, seja pelo uso do quadro-negro, do livro didático ou
da televisão.
A mídia, como a origem da palavra sugere: meios, é algo que se coloca
entre, no mínimo, dois participantes da dinâmica educacional: aluno-professor,
aluno-aluno, professor-aluno, dentre outras possibilidades de configuração.
A mídia não é só a mensagem. Toda mídia, como meio que se interpõe
e viabiliza a interação entre pessoas participantes de um processo educacional,
não é o agente criativo; ela pode carregar mensagens em informações, mas, por
si só, é incapaz de produzir conhecimento, pronto para ser oferecido.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para ampliar seu conhecimento sugerimos a leitura do Texto: “A
metamorfose do aprender na sociedade da informação” de Hugo Assmann. Ci.
Inf, 2000. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
19652000000200002&script=sci_arttext
UNIDADE 12 – A INTERNET
ESTUDANDO E REFLETINDO
A Internet é o nome reduzido que significa Internetwork System (sistema
de interconexão de rede de comunicação). É considerada a rede das redes de
comunicação. Ela significa muitas redes de comunicação diferentes, que são
dirigidas e operadas por uma grande quantidade de organizações, que estão
ligadas, interconectadas coletivamente para formar a Internet. A Internet pode
permitir a comunicação e o compartilhamento de recursos e dados com pessoas
em sua rua ou ao redor do mundo. Uma das maiores vantagens da Internet é
que ela é uma ferramenta que fornece acesso a uma enorme quantidade de
informações que estão disponíveis em todo o mundo.
O conceito de Internet, ou web, ou rede representa exatamente o que a
Internet é: uma grande teia de cabos e comunicações via satélite, ligando
servidores e microcomputadores de todo o mundo entre si, através de um padrão
de comunicação.
A rede mundial de computadores interconectados surgiu na década de 60,
num panorama mundial cercado pela Guerra Fria. O Departamento de Defesa
norte-americano queria ter posse de um meio de comunicação que não sofresse
danos num suposto ataque nuclear da URSS aos EUA, que, portanto, tivesse
dentre das suas principais características a descentralização, quando as
informações poderiam ser transmitidas por vários pontos do território americano,
e mesmo que um deles fosse atingido, esta rede ainda estaria funcionando.
Na década de 70, a rede foi apropriada pelas universidades e centros de
pesquisa, e daí tornou-se um meio não de troca de informações militares, mas
de resultados científicos, como um meio para pesquisadores comunicarem e
compartilharem seus trabalhos.
Em 1990, pesquisadores suíços desenvolveram a WWW (Wide World
Web), para organizar de maneira mais prática e simples os dados que transitam
no ciberespaço através da Internet. A WWW proporcionou a aplicação de
interfaces gráficas bastantes funcionais (como os browsers ou navegadores) e
possibilitam a criação de Web sites, hipertextos dispostos na rede e que hoje
quase se fundem com o conceito de Internet.
Hoje, a Internet é um privilégio da vida moderna para a sociedade. É o
maior repositório de informações acessíveis a qualquer pessoa que acesse de
qualquer parte do mundo. Entretanto, é pertinente alertar para a confiabilidade
das informações apresentadas, consequências e riscos, exigindo usuários com
capacidade crítica para posicionarem-se frente às informações recebidas. Pois
como não existe nenhum tipo de censura, nem tudo que está publicado na web
é correto, é importante.
Cabe, portanto à escola, mostrar um caminho para o desenvolvimento do
senso crítico aos alunos para que saibam analisar, selecionar e utilizar as
informações de forma adequada, como também interromper qualquer
movimento de alienação. Confirma-se a era do homem virtual, que se lança no
espaço cibernético em busca da informação pelos meios de comunicação.
Hipertexto
O termo hipertexto foi cunhado por Theodor Holm Nelson, em 1964, para
referir uma escritura eletrônica não-sequencial e não-linear, que se bifurca e
permite ao leitor o acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos,
a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem
condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos
tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa ou a tópicos
estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma de estruturação textual que
faz do leitor simultaneamente co-autor do texto final. O hipertexto se caracteriza,
pois, como um processo de escritura/ leitura eletrônica multilinearizado,
multissequencial e indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita.
Em certo sentido, o hipertexto perturba nossa noção linear de texto,
rompendo a estrutura convencional e as expectativas a ela associadas (v.
Snyder, 1997, p. 17). A ordem das informações não está dada na própria
estrutura da escrita. Diferentemente do que o texto de um livro convencional, o
hipertexto não tem uma única ordem de ser lido. A leitura pode dar-se em muitas
ordens. Tem múltiplas entradas e múltiplas formas de prosseguir. Há maior
liberdade de navegação pelas informações como se estivéssemos imersos num
continuo de discursos espalhados por imensas redes digitais.
Para Levy (1993), o hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões.
Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, sequências sonoras,
documentos complexos, que podem eles mesmos ser hipertexto. Os itens de
formação não ligados linearmente, como em uma corda como nó, mas cada um
deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular.
Poderíamos considerar como hipertexto o conjunto de informações
textuais, podendo estar combinadas com imagens (animadas ou fixas) e sons,
organizadas de forma a permitir uma leitura (ou navegação) não linear, baseada
em indexações e associações de ideias e conceitos, sob a forma de links.
Em um hipertexto, cada unidade de informação é chamada de nó e o
tamanho é variável, de acordo com a necessidade. Pode ser uma tela, um
arquivo, uma citação. Pode-se dizer que a ligação (link) é o conceito básico mais
importante no hipertexto. No hipertexto, ligações são marcas que conectam um
nó com outro. Quando uma ligação é ativada, um salto é feito para o ponto
associado pela ligação, que pode ser uma palavra, frase ou nó inteiro do mesmo
documento ou de outro.
Vejamos o hipertexto em suas especificidades, relacionando-o às formas
clássicas de produção textual. Em geral, entre as características que determinam
a natureza do hipertexto, apontam-se as seguintes:
(a) O hipertexto é um texto não-linear: apresenta uma flexibilidade
desenvolvida na forma de ligações permitidas/sugeridas entre nós que
constituem redes que permitem a elaboração de vias navegáveis (Nelson, 1991);
a não-linearidade é tida como a característica central do hipertexto;
(b) O hipertexto é um texto volátil: não tem a mesma estabilidade dos
textos de livros, por exemplo, (Bolter, 1991:31), e todas as escolhas são tão
passageiras quanto às conexões estabelecidas por seus leitores, sendo um
fenômeno essencialmente virtual;
(c) O hipertexto é um texto topográfico: não é hierárquico nem tópico, por
isso ele é topográfico (Bolter, 1991, p. 25); um espaço de escritura e leitura que
não tem limites definidos para se desenvolver; esta é uma característica
inovadora já que desestabiliza os frames ou 'enquadres' de que dispomos para
identificar limites textuais;
(d) O hipertexto é um texto fragmentário: consiste na constante ligação de
porções em geral breves, com sempre possíveis retornos ou fugas; carece de
um centro regulador imanente, já que o autor não tem mais controle do tópico e
do leitor;
(e) O hipertexto é um texto de acessibilidade ilimitada: acessa todo tipo
de fonte sejam elas dicionários, enciclopédias, museus, obras científicas,
literárias arquitetônicas etc. e, em princípio, não experimenta limites quanto às
ligações que permite estabelecer;
(f) O hipertexto é um texto multissemiótico: caracteriza-se pela
possibilidade de interconectar simultaneamente à linguagem verbal com a não-
verbal (musical cinematográfica, visual e gestual) de forma integrativa,
impossível no caso do livro impresso (Bolter, 1991, p. 27);
(g) O hipertexto é um texto interativo: procede pela interconexão interativa
(Bolter 1991, p. 27) que, por um lado, é propiciada pela multisemiose e pela
acessibilidade ilimitada e, por outro lado, pela contínua relação de um leitor
navegador com múltiplos autores em quase sobreposição em tempo real,
chegando a simular uma interação verbal face-a-face.
Cibercultura e ciberespaço
Ciberespaço é um espaço de comunicação em que não é necessária a
presença física do homem para constituir a comunicação como fonte de
relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária para a criação
de uma imagem anônima, que terá comunhão com os demais.
Apesar de a internet ser o principal ambiente do ciberespaço, devido a sua
popularização e sua natureza de hipertexto, o ciberespaço também pode ocorrer
na relação do homem com outras tecnologias como celular, pagers, ou rádio-
amadores.
Por cibercultura entendemos as interações sociais ligadas às novas
tecnologias, que, com o avanço extraordinário dos hardwares e softwares,
causaram alteração nas relações sociais.
Consequentemente, essa mudança estende seus domínios a vários
campos do saber, e é na comunicação que esta transformação talvez mais
transpareça seu caráter evolutivo. Comunicar-se por telefones celulares,
navegar na Web e bater papo nos chats passaram a ser coisas cotidianas,
ligadas a nossa esfera social.
Quando enviamos uma correspondência por e-mail, ou visitamos um
determinado site ou link, desconhecemos o caminho ou rota pelo qual se realiza
o encontro. Podemos até pensar que, ao enviar um e-mail de Curitiba para o Rio
de Janeiro, não sabemos qual é a infovia percorrida. Não podemos descrever a
paisagem pela qual a comunicação percorre. Os provedores de acesso são
inúmeros, podemos até imaginar, mas as referências de lugar desaparecem.
Com essa nova forma de sociabilidade, surgem personagens como
hackers, crackers e zippies, todos nascidos da chamada "era digital", em que se
estabelecem novos conceitos de espaço, tempo e interação social. Encontramo-
nos, de certa maneira, em um lugar ou, melhor, num não-Iugar, onde novas
formas de realizarmos os procedimentos comunicativos são apresentados de
maneira multimidiática, um local que é definido como ciberespaço.
O termo ciberespaço foi utilizado pioneiramente pelo escritor William
Gibson, também pai do movimento cyberpunk na literatura, em seu notório livro
Neuromancer, de 1984. Segundo ele, o ciberespaço é uma "alucinação
consensual, que pode ser experimentada através de softwares especiais".
De acordo com Levy (1996), o ciberespaço é um meio em que será
possível se consolidar a tecnodemocracia, ou seja, uma nova formação política,
na qual a tecnologia da eletrônica tomará viável o desenvolvimento de
comunidades inteligentes capazes de se autogerir. A autogestão estará ligada
aos grupos que se formariam através das preferências individuais, dando origem
a territórios imaterializados. O grande perigo é que, atualmente, existe um
pequeno grupo de pessoas privilegiadas que detém a "senha de acesso" à
tecnologia de informação. Logo, o ciberespaço faz também surgirem sociedades
marginalizadas, os Info-excluídos. A era tecnológica cria ou recria uma nova
divisão social, uma redistribuição de saberes, poderes, dois mundos que se
separam de acordo com a participação ou não na vida digital.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para você ampliar seu conhecimento referente a cibernética e a
comunicação, sugerimos a leitura do livro:
WIENER, Norbert. Cibernética, ou controle e comunicação no animal e na
máquina. (trad. Gita K. Ghinzberg). São Paulo: Polígono/Edusp, 1970.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Educação e comunicação possuem ligações muito importantes,
principalmente, quando se salienta a educação, como sendo a interação entre o
educador e o educando, e a comunicação como sendo troca de mensagens entre
duas ou mais pessoas.
Mídia Tecnologia
Livros, guias de estudo e documentos eletrônicos
Texto
pela tecnologia on-line
Multimídia
Etimologicamente, mídia (mídias) vem do Latim médium (media) ou meio,
e multi significa muitos. Portanto, muitos meios ou multimídia é caracterizada
pela utilização integrada de diferentes meios de comunicação: áudios (sons
como vozes humanas, músicas, efeitos sonoros especiais); gráficos e imagens
estáticas (desenhos, gravuras, fotografias); animações (imagens em movimento
ou dinâmicas, em projeção a duas ou três dimensões) e vídeos.
De acordo com os dias atuais multimídia é como qualquer combinação de
texto, gráficos, sons, animações e vídeos mediados através do computador ou
outro meio eletrônico. Seriam todos os programas e sistemas em que a
comunicação entre homem e computador se dá através de múltiplos meios de
representação da informação.
São características de produtos multimídia:
BUSCANDO CONHECIMENTO
Nesta unidade sugerimos a leitura do texto: “Multimídia na Educação: o
vídeo digital integrado ao contexto escolar” de Maria Serafim e Robson de
Sousa. Disponível em:
http://books.scielo.org/id/6pdyn/pdf/sousa-9788578791247-02.pdf
UNIDADE 14 – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESTUDANDO E REFLETINDO
A Internet proporciona oportunidades de acesso à informação sediada em
computadores em qualquer ponto do globo, oferece também possibilidade de
comunicação com pessoas espalhadas por todo o mundo, enviando mensagens,
documentos, imagens etc, e proporciona, ainda, a oportunidades de publicação,
permitindo exprimir a criatividade de qualquer pessoa num espaço próprio que
se pode tornar acessível a todos os interessados. Desse modo, a Internet
conduz-nos a viver de forma diferente o espaço, o tempo, as relações sociais, a
representação das identidades, os conhecimentos, o poder, as fronteiras, a
legitimidade, a cidadania e a pesquisa, permitindo, um novo modo de inserção
na realidade social, política, econômica e cultural.
Nesse contexto social, surge a Educação a Distância (EaD) como uma
nova prática educativa. Contando com o apoio dos avanços das tecnologias da
informação e comunicação, a EAD se mostra como uma alternativa eficiente às
amplas e diversificadas necessidade de qualificação de pessoas adultas.
No mundo atual globalizado, em que aumentam as diferenças sociais, o
encontro entre culturas de diferentes países que acontecem de modo impensado
até poucas décadas atrás, entre outras transformações. Neste cenário a EaD
vem se redefinindo à luz dessas transformações sociais e culturais, na base do
impacto dos novos desenvolvimentos tecnológicos. A aquisição de
computadores individuais cada vez mais sofisticados e potentes, por parte de
uma parcela da população, a instalação de rede e de redes de redes, o
barateamento de tarifas telefônicas, a existência da fibra ótica, as habilidades
requeridas para o uso da tecnologia no âmbito do trabalho, o uso de mídia na
formação, no campo da informática inauguram novas formas culturais de
impacto nos modos de construção do conhecimento e dos processos de
aprendizagem (MAGGIO, 2001).
Comunidade Virtual
Comunidade virtual pode ser definida como uma comunidade de pessoas
compartilhando interesses comuns, ideias e relacionamentos, através da
Internet, ou outras redes colaborativas. É um espaço digital onde um grupo de
pessoas troca informações sobre um tema ou área específica, discutindo,
interagindo e construindo conhecimento de forma cooperativa. O possível
inventor do termo, e um de seus primeiros proponentes, foi Howard Rheingold,
que define "comunidade virtual" como "um agregado social que surge na internet,
quando um conjunto de pessoas leva adiante discussões públicas longas o
suficiente, e com suficiente emoção, para estabelecerem redes de
relacionamentos no ciberespaço" [1993]. Para Castells, as comunidades virtuais
"se entendem como uma rede eletrônica de comunicação interativa autodefinida,
organizada em torno de um interesse ou finalidade compartilhada, embora
algumas vezes a própria comunicação se transforme no objetivo" [1999].
No princípio dos anos 70, a Internet nasceu como uma comunidade na
qual só os cientistas do Departamento de Defesa americano trocavam
informações. Em seguida, conectaram-se à rede universidades e laboratórios
privados de pesquisa. Houve então uma proliferação de subcomunidades. Em
1979, a chamada Usenet ganhou notoriedade, permitindo que os usuários
publicassem mensagens em murais virtuais, o que desencadeou milhares de
newsgroups (grupos de discussão de temas).
No começo da década de 90, popularizaram-se os chats (salas de bate-
papos on-line) e hoje existem milhares de salas onde seus membros se
comunicam. Assim, entendemos que a comunicação virtual hoje constitui a
essência da Internet.
Podemos diferenciar as comunidades virtuais de outros grupos de
discussão pela qualidade dos laços de relacionamento entre os participantes. Os
participantes de uma comunidade virtual se agrupam movidos por interesses
comuns, para auxiliarem-se mutuamente na tarefa de produzir conhecimento.
Segundo PALOFF e PRATT (2002), as especificidades das comunidades
virtuais de aprendizagem seguem os seguintes pressupostos:
Destinar-se a interesses comuns a todos os sujeitos participantes;
Ênfase no trabalho em equipe;
A comunidade deve centrar sua dinâmica nos objetivos a serem
alcançados;
Todos os sujeitos têm o mesmo direito de participação;
As normas, valores e comportamentos são definidos na própria
comunidade;
Educador assume o papel de orientador e animador da
comunidade;
A aprendizagem é cooperativa/colaborativa;
Sujeito assume o papel ativo na construção do seu conhecimento
de acordo com tema da comunidade;
Interação permanente.
Educação a Distância
A ideia básica de educação a distância é muito simples: alunos e
professores estão em lugares diferentes durante todo ou grande parte do tempo
que ocorre a aprendizagem. Estando distantes geograficamente, eles dependem
de algum tipo de tecnologia para garantir a transmissão de informações e
interações.
Nesta modalidade de educação, o aprendizado é sempre muito planejado
e não acidental e está muito mais focado no aluno.
Educação a distância é a forma organizada de autoestudo, com a qual o
aluno constrói seu conhecimento a partir do material de estudo que lhe é
apresentado, na qual o acompanhamento e a supervisão do sucesso do
estudante são levados a cabo por um grupo de professores/ orientadores. Isso
é possível de ser feito através da aplicação de meios de comunicação capazes
de vencer longas distâncias.
O site do Califórnia Distance Learning Project (1997) apresenta várias
definições de educação a distância, que geralmente se referem ao oferecimento
de recursos para a aprendizagem de alunos "remotos". O projeto propõe os
seguintes elementos definidores de aprendizagem a distância:
A separação do professor durante, pelo menos, a maior parte de cada
processo de instrução;
Uso de mídia educacional para unir professor e aluno e para transmitir o
conteúdo do curso;
O oferecimento de uma via dupla de comunicação entre professor, tutor
ou agente educacional e o aluno;
A separação do tempo e do aluno no tempo e no espaço;
O controle volitivo da aprendizagem com o estudante, em vez de com o
professor.
Ao contrário do que muitos pensam a educação a distância não induz a
separação entre o aluno e o professor. Segundo Edith Litwin (2000), ela busca
reduzir as distâncias que a vida criou, mas não se intimidando com elas, nem
lhes sendo submissa. O termo distância, que indica a separação física entre o
aluno e o educador, não exclui o contato direto dos alunos entre si, ou do aluno
com alguém que possa apoiá-lo no processo de aprendizagem. A este tipo de
contato direto, os teóricos do ensino a distância chamaram de presencialidade.
Haver ou não momentos de presencialidade no processo de aprendizagem,
depende da estratégia usada. Em algumas destas estratégias, educadores e
alunos encontram-se diariamente para resolver problemas, receber material,
entre outros. Há outras, em que os educadores e alunos se encontram
esporadicamente. Há ainda outras, em que o único momento presencial é o da
avaliação final, e há aqueles em que o momento presencial nunca acontece (uma
situação de avaliação que, por exemplo, permita consultas de documentos de
qualquer natureza, não tem porque ser presencial). Seguem algumas definições
sobre educação a distância:
Ensino à Distância é um sistema de ensino em que o aluno realiza a maior
parte de sua aprendizagem por meio de materiais didáticos previamente
preparados, com um escasso contato direto com os professores. Ainda
assim, pode ter ou não um contato ocasional com outros alunos.
(DERECK ROWNTREE)
O Ensino a Distância é tipo de método de instrução em que as condutas
docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a
comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante
textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras
técnicas. (MICHAEL G. MOORE)
O Ensino a Distância é um sistema tecnológico de comunicação
bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na
sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela
ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio
de uma organização e tutoria que propiciam a aprendizagem
independente e flexível dos alunos. (GARCIA ARETIO, L. (1994).
Educación a Distancia hoy. Madrid: UNED).
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para aprofundar seu conhecimento sugerimos que acesse os seguintes
sites:
http://www.abed.org.br/site/pt/
UNIDADE 15 – CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESTUDANDO E REFLETINDO
A origem da educação a distância, já longe das cartas de Platão e das
epístolas de São Paulo, está nas experiências de educação por correspondência
iniciadas no final do século XVIII e com largo desenvolvimento a partir de meados
do século XIX, chegando aos dias de hoje a utilizar multimeios que vão desde
os impressos a simuladores on-line, em redes de computadores, avançando em
direção da comunicação instantânea de dados, voz, imagem, via satélite ou por
cabos de fibra ótica, com aplicação de formas de grande interação entre o aluno
e o centro produtor, quer utilizando-se de inteligência artificial-IA, ou mesmo de
comunicação instantânea com professores e monitores.
Segundo Moore (2007), a educação a distância evoluiu ao longo de 5
gerações:
1. A primeira geração com o texto como meio de comunicação, a instrução
por correspondência. Considerada o fundamento para a educação
individualizada a distância.
2. A segunda geração foi o ensino por meio da difusão pelo rádio e
televisão. Com pouca ou quase nenhuma interação de professores com
alunos, exceto quando relacionada a um curso por correspondência,
agregou a utilização de som e imagem à apresentação da informação na
EAD.
3. A terceira geração das universidades abertas não foi muito
caracterizada pela tecnologia de comunicação, mas pela forma de
organização. Experiências que integravam áudio/vídeo e
correspondência com orientação face a face, usando equipes de cursos
em um método prático em uma abordagem sistêmica. Em 1969, cria-se
na Inglaterra a British Open University, uma Universidade Aberta,
instituição verdadeiramente pioneira do que hoje se entende por
Educação Superior a Distância.
4. A quarta geração é da teleconferência. Na década de 1980, iniciaram-se
experiências de interação de um grupo em tempo real e a distância, em
cursos por áudio e videoconferência transmitidos por telefone, satélite,
cabo e redes de computadores. Esse método era apreciado para
treinamentos corporativos.
5. A quinta geração é a mais recente, envolve ensino e aprendizado on-line,
em classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da
internet. Trabalha o aprendizado colaborativo e com a convergência
entre texto, áudio e vídeo em uma única plataforma de comunicação.
A partir dos anos 90, as Instituições de Ensino Superior começam a
distribuir seus cursos pela Internet, atendendo a milhões de estudantes nas suas
Universidades Virtuais.
EAD no Brasil
No Brasil, as primeiras iniciativas de ensino a distância têm como ponto
de partida a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro por Roquete Pinto
em 1922, que tinha como objetivo a utilização da radiodifusão com fins
educativos para ampliar o acesso da população à educação.
O Ministério da Educação, em 1937, cria o Serviço de Radiodifusão
Educativa – SINRED - e este sistema de escolas radiofônicas se expande aos
estados do nordeste, fazendo surgir, em 1956, o MEB - Movimento de Educação
de Base, considerado como uma das maiores propostas de educação a distância
não formal desenvolvida em nosso país. Tinha como pressuposto básico a
alfabetização de jovens e adultos das classes populares por meio do rádio.
Paralelamente, em 1941, começam a proliferar no Brasil os cursos por
correspondência do instituto Universal Brasileiro (lUB).
Em 1970, o MEC define a obrigatoriedade da transmissão gratuita de 5
horas semanais de programas educativos pelas emissoras comerciais de rádio
e televisão. São irradiados os cursos ginasiais - Projeto Minerva.
Durante as décadas de 60 e 70, começa a Rádio Difusão Educativa, cujos
trabalhos deflagraram o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL). Nesse
contexto, são criados também outros programas com o suporte de material
impresso.
Em 1971 nasce a Associação Brasileira de Tele-Educação (ABT), pioneira
em cursos a distância para capacitação de professores. A partir de 1973
começam a ser produzidas e ofertadas pela televisão os cursos de 1º e 2º graus,
exemplo o Telecurso 2º Grau da Fundação Roberto Marinho.
Em 1976, o SENAC e, mais tarde, em 1993, o SENAI, começam a ofertar
cursos através de material impresso para milhões de alunos.
Em 1979, a Universidade de Brasília (UnB) inicia uma prática de oferta de
cursos veiculados por jornais e revistas, fundou em 1989 o seu Centro de EaD -
CEAD e lança o programa Brasil EAD.
Em 1991, a partir da criação de uma Secretaria de Educação a Distância,
no MEC, a SEED/MEC, vários programas de EaD de qualidade são implantados,
em nível nacional: Programa "Um Salto para o Futuro", Programa TV Escola,
PROINFO, FUNDESCOLA, PROFORMAÇÁO.
A partir do ano de 2000, o MEC credencia as Universidades para
oferecerem cursos a distância. Apropriando-se da prática educativa das redes
de cooperação, as instituições de ensino superior que trabalham com EaD
passam a se reunir em consórcios, integrado por internet, tele e
videoconferências. Como resultados, são criados Associações, como a ABED
(Associação Brasileira de Educação a Distância), a UVB (Universidade Virtual
Brasileira, reunindo instituições privadas e comunitárias) a Univir (voltada para o
treinamento corporativo) e a UniRede {consórcio em rede de instituições públicas
de ensino superior).
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sugerimos o acesso ao site abaixo, para que possa ler na Íntegra a
Regulamentação da EAD no Brasil. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seed
UNIDADE 16 – AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
ESTUDANDO E REFLETINDO
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), segundo ATANÁSIO (2006), é
um local disponibilizado na Internet que permite a realização de processos de
aprendizagem significativa, colaborativa e contextualizada, onde conteúdo e
atividades são organizados e disponibilizados aos estudantes pelos professores.
Os ambientes virtuais de aprendizagem (EBERSPÀCHER et al 1999) são um
dos principais elementos definidores das novas tecnologias de informação e
comunicação educacionais. Segundo BELLONI (1999), esses ambientes
oferecem condições para que a interatividade, essencial para uma comunicação
extraclasse entre professor, tutor e alunos, possa ser desenvolvida.
Se for considerada a dimensão de colaboração, estes são chamados de
ambientes virtuais colaborativos de aprendizagem: espaços compartilhados de
convivência que dão suporte à construção, inserção e troca de informações pelos
participantes, visando à construção social do conhecimento (BITTENCOURT et
al, 2004).
Sistemas Colaborativos são ferramentas de software utilizadas em redes
de computadores para facilitar a execução de trabalhos em grupos. Essas
ferramentas devem ser especializadas o bastante, a fim de oferecer aos seus
usuários formas de interação, facilitando o controle, a coordenação, a
colaboração e a comunicação entre as partes envolvidas que compõe o grupo,
tanto no mesmo local como em locais geograficamente diferentes e que as
formas de interação aconteçam, tanto ao mesmo tempo ou em tempos
diferentes. Percebe-se com isso que o objetivo dos Sistemas Colaborativos é
diminuir as barreiras impostas pelo espaço físico e o tempo (CAMARGO,
KHOURI, GIAROLA, 2005).
E, com base nas teorias sociais, a aprendizagem colaborativa encara o
aluno como elemento ativo no processo de aprendizagem, oferece aos alunos
grandes possibilidades de desenvolvimento de competências sociais e
cognitivas.
Sistemas de Gestão de Aprendizagem (LMS), ou Learning Management
System - LMS, também denominado por "plataforma de e-leaming", é um
sistema que permite a organização e o acesso a serviços de aprendizagem
online. Esse tipo de sistema inclui normalmente o controle de acesso, a
disponibilização de conteúdos de aprendizagem, ferramentas de comunicação e
organização de grupos de usuários.
Conferências de áudio
Lugar diferente Mensagens E-mail
(colaboração a distância) instantâneas Workflow
Videoconferências
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sugerimos a leitura do material sobre tutoria para que aprofunde seus
estudos. SOUZA, C.A. de; SPANHOLF, J; LIMAS, J.C; CASSOL, M.P. Tutoria
na Educação a Distância. Disponível em:
http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/088-tc-c2.htm
UNIDADE 17 – ESTRUTURAÇÃO DE AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM
ESTUDANDO E REFLETINDO
O ambiente de aprendizagem colaborativa deve ter sempre definido os
personagens que farão parte do processo e suas responsabilidades. As regras
sempre devem estar muito claras para todos os participantes.
O ambiente aceitará a formação de grupos, com acessos diferenciados,
como tutor que seria a figura do professor, ou seja, tais grupos deverão ter áreas
coletivas de trabalho com controle de acesso e ferramentas adequadas para
gerenciar as atividades de grupo, produção de material e pesquisas
sistematizadas.
Definem-se três grandes áreas para a estruturação de uma ferramenta de
aprendizado colaborativo: área de coordenação, área de conteúdo e área de
comunicação.
Área de Coordenação
Controle dos participantes: cadastramento, atualização de cadastro e
validação dos participantes; planejamento das atividades do grupo: definição e
distribuição de tarefas, elaboração do cronograma do grupo, verificação de
conflitos e dependências de tarefas; acompanhamento das atividades do grupo:
aviso da proximidade de datas de conclusão de tarefas, aviso de ocorrências
importantes ao trabalho do grupo, espaço para percepção dos participantes que
estão no ambiente: quais os participantes estão ativos, quais as ferramentas que
estão utilizando, etc.
Área de Conteúdo
Espaço para conteúdo: repositório das informações geradas pelos
participantes: textos, imagens, vídeos, sons, animações, dados, simuladores,
softwares diversos, referências hipertextuais etc. Tais informações estarão
organizadas em módulos intercambiáveis, ou seja, que permitam uma
mobilidade entre eles, uma interligação por conceitos, ideias e referências. A
decisão sobre as condições de disponibilização dos módulos aos alunos será do
professor, que determinará a cadência do curso, avaliando e respeitando as
trajetórias pedagógicas dos alunos.
O professor deverá selecionar e organizar os conteúdos, assim como
decidir como apresentá-los de forma significativa aos alunos, utilizando as
ferramentas mais apropriadas. Na comunicação mediada por computador, as
questões de linguagem se tornam fundamentais, já que este meio eletrônico faz
uso de uma linguagem híbrida, que agrega a linguagem desenvolvida pelos
outros meios de comunicação em massa e também apresentam novos gêneros
de textos, hipertextos fechados e abertos, que demandam novas estratégias de
produção e de leitura.
O professor deverá se preocupar em garantir o máximo de comunicação,
isto é, o espaço plausível para que ocorram os significados na aprendizagem.
Espaço para estudo individual: Área de trabalho individual, onde o aluno possa
coletar organizar e sistematizar o material explorado no ambiente e na rede bem
como produzir os seus trabalhos pessoais.
Área de Comunicação
Nesta área deve haver ferramentas que possibilitem tanto a comunicação
síncrona como a comunicação assíncrona entre os participantes.
As ferramentas síncronas:
Chat ou bate-papo: é o recurso que permite que o tutor realize uma
"conversa" em tempo real, síncrona, ou seja, com troca simultânea de
informações com todos os participantes conectados, mesmo estando em
locais diferentes;
Whiteboard: é um espaço compartilhado de trabalho na Internet, que
permite duas ou mais pessoas comunicarem-se usando imagens gráficas
e ferramentas básicas de texto e desenho;
Videoconferência: comunicação bidirecional através de envio de áudio e
vídeo em tempo real via WEB, através de câmeras acopladas e
computador;
Teleconferência: definida como todo tipo de conferência a distância em
tempo real, envolvendo transmissão e recepção de diversos tipos de
mídia, assim como suas combinações;
Áudio conferência: sistema de transmissão de áudio, recebido por um
ou mais usuários simultaneamente.
As ferramentas assíncronas:
E-mail ou correio eletrônico: esta opção funciona como um servidor de
correio eletrônico (e-mail) usual, permitindo aos participantes do curso
uma troca de mensagens de uma pessoa para outra ou várias, com a
possibilidade de anexar arquivos. O "correio" permite ao tutor uma
comunicação direta com um ou mais participantes do curso.
Fórum: nesta opção, o tutor, ou qualquer outro participante, pode colocar
em discussão, de uma maneira assíncrona, ou seja, não é necessário que
todos os participantes estejam conectados simultaneamente, assuntos
que sejam de interesse comum para o grupo. O "fórum", um espaço
coletivo organizado em tópicos e contribuições, atua como elemento
aglutinador através de discussões monitoradas pelo tutor e mantendo o
histórico das discussões;
FTP (transferência de arquivos) e download (carga): disponibilização
de arquivos contendo áudio, texto, imagens e vídeo;
Mural ou edital: é um mecanismo de transmissão de avisos de interesse
onde as informações aparecem assim que um participante acessa o
ambiente/curso;
Cronograma: nesta opção o professor ou o tutor pode disponibilizar para
os participantes do curso a relação das atividades com suas respectivas
características: tipo, assunto, descrição, data de início, data de término;
Links: nesta opção, o tutor, ou qualquer outro participante, pode
disponibilizar, para que todos possam ter acesso, endereços da Internet
bem como comentários sobre os endereços apresentados, criando uma
biblioteca que pode ser utilizada como repositório de documentos ou
banco de dados para realização de diferentes atividades.
Há, também, ferramentas para construção de textos em grupos: o WIKI
por exemplo. Nessa ferramenta assíncrona, há a troca entre diversas pessoas
para o desenvolvimento de trabalhos coletivos, ou seja, há uma composição
dinâmica do conteúdo. Um texto pode ser escrito e rescrito por diversas pessoas,
qualquer um tem acesso ao texto, podendo modificá-lo ou completá-lo como bem
entender.
A avaliação deve ser qualitativa, privilegiando a produção dos alunos,
valorizando processos dinamizados, em que o aluno pode ser estimulado e
recuperado, o que não exclui a possibilidade de avaliações somativas.
O professor estará acompanhando os alunos individualmente pelas suas
trajetórias pedagógicas, pela sua participação em eventos síncronos e
assíncronos e pela sua produção. As perguntas formuladas pelos alunos
também são fundamentais para perceber as suas formas de elaboração do
conhecimento.
O processo de aprendizagem colaborativa também exige uma avaliação
colaborativa, na qual os próprios alunos irão comentar e avaliar os textos dos
colegas. Assim o "poder" passa a ser do coletivo e não apenas do professor.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sugerimos a leitura do artigo de Maria Cristina Lima Paniago Lopes. Paulo
Freire e Formação do Professor na Sociedade Tecnológica. Disponível em:
http://cpd1.ufmt.br/meel/arquivos/artigos/312.pdf
UNIDADE 18 – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESTUDANDO E REFLETINDO
Após o delineamento dos modelos de educação a distância que atendem
as demandas e objetivos específicos, é necessário definir quais estratégias
serão utilizadas, o que envolve a forma de apresentação de conteúdo, recursos
a serem empregados, forma de interação e avaliação.
O que seria a prática? Seria aquisição de experiência?
Vamos utilizar o conceito de Vasquez (1977) sobre prática criadora ou
repetitiva. A prática criadora é considerada como aquela que, em seu processo
de realização, transforma uma realidade a partir de objetivos traçados. Esses
objetivos são analisados, partindo de atos conscientes. A prática repetitiva é
aquela realizada de forma mecânica, espontânea, com um nível de baixa
consciência. Vasquez ressalta que, em toda prática, existe uma relação entre o
espontâneo e o reflexivo, ou seja, entre os níveis de baixa e elevada consciência.
Adotar estratégias tecnológicas na EAD exige um repensar na relação
professor-aluno e dos meios de comunicação e interação que poderão aproximar
as pessoas, como também afastá-las. É importante salientar, porém, que não é
o ambiente em si próprio que determina a interatividade, mas os atores que
fazem parte desse cenário, objetivando a construção do conhecimento, de forma
colaborativa.
Estratégias de aprendizagem
Estratégias de recordação - (recall) são úteis para aprender conteúdos
que carecem de significado (por exemplo, listas de personagens históricas e
datas, nomes de rios e seus afluentes, tabelas de elementos químicos) e quando
a tarefa é meramente reprodutiva. Apoiam-se na memorização do conceito.
Estratégias de elaboração - consistem em buscar uma relação, um
referencial ou um significado comum entre os itens que devem ser aprendidos.
O objetivo é facilitar sua recuperação, mas sem alterar o significado do material.
Exemplo, elaborar resumos escritos, tomar notas a partir de textos escritos,
locutados ou animados.
Estratégias de organização - Ajudam a explicitar de que maneira as
novas ideias se relacionam às ideias anteriores. Ao organizar os materiais, o
aluno cria maior número de conexões, atribuindo maior significado aos
elementos que compõem o material. Essas estratégias implicam a construção
de classificações hierárquicas ou semânticas (taxionomias) dos elementos. Por
exemplo, estudar ou elaborar mapas conceituais, estruturar um tema na forma
de perguntas e respostas.
Estratégias de criatividade - Envolvem a percepção de lacunas na
informação, o levantamento de hipóteses e deduções, o teste e revisão de ideias
e a comunicação de resultados. Exemplo: a técnica do brainstorming: escrever
livremente sobre um tópico que deve ser aprendido, elaborar histórias
completas, continuar histórias iniciadas por outros, redigir boletins informativos,
preparar charges, histórias em quadrinhos e cartuns, criar enigmas, manter
diários.
Estratégias de pensamento crítico - são usadas para selecionar
informações, avaliar soluções potenciais, determinar a força de um argumento,
reconhecer vieses ou preconceitos e formular conclusões apropriadas. Exemplo:
classificar ideias em um ranking, a partir de uma análise crítica, listar aspectos
mais e menos interessantes de um tópico, realizar estudos de caso que envolve
tomada de decisão em uma situação real ou adaptada.
Estratégias de cooperação - Envolvem o compartilhamento de ideias
entre os alunos para produção coletiva de conhecimentos. Exemplo: corrigir,
revisar e avaliar os temas em pares, entrevistar e ser entrevistado, contar e
recontar uma informação, trocar ideias, desenvolver projetos colaborativos.
Interação e interatividade
A interação diz respeito ao comportamento das pessoas em relação a
outras pessoas e ao sistema. Ela está ligada à ação recíproca, pela qual,
indivíduos e objetos influenciam-se mutuamente.
A interatividade, por sua vez, ao descrever capacidade ou potencial de
um sistema de propiciar interação, é um pré-requisito para a interação.
Assim é possível dizer que só podemos propiciar experiências de
aprendizagem significativa se a solução educacional projetada for, antes de tudo,
interativa.
Alunos e professor não se encontram no mesmo espaço físico, mas
podem se comunicar por vários meios (telefone, fax, correio eletrônico,
videoconferência). Essa interação é muito dependente da evolução dos meios
de comunicação.
O aumento da interatividade significa o aumento da compreensão do
conteúdo, absorção e domínio do assunto pelo estudante, em tempo mais rápido;
ocorre entre os materiais e o aluno, mediante o uso de técnicas pedagógicas,
dos suportes audiovisuais e hipermídia interativa e, entre o aluno e professor,
mediante os meios de comunicação disponíveis (correio, telefone,
teleconferência, videoconferência, fax, Internet e também em encontros
presenciais).
Foram identificados quatro tipos distintos de interação: interação do aluno
com conteúdo, com o professor, com outros alunos e com a interface.
Aluno-conteúdo - o primeiro tipo de interação que o professor precisa
facilitar é o que o aluno tem com a matéria, que é apresentada para estudo. Com
as tecnologias modernas, e particularmente a Internet, pode-se desenvolver
conteúdo em diversas formas: som, texto, imagens, vídeo e realidade virtual.
Aluno-professor - após o conteúdo ser apresentado, os professores
auxiliam o aluno a interagir no conteúdo. A interação com o professor fornece
motivação e feedback aos alunos.
Aluno-aluno - a interação aluno-aluno caracteriza o que se denomina
aprendizado colaborativo e cooperativo, que envolve o aspecto social da
educação. Ela gera motivação e atenção, enquanto os alunos aguardam o
feedback dos colegas. Essa interação também desenvolve o senso crítico e a
capacidade de trabalhar em equipe.
Aluno-interface - interface são os aspectos gráfico-funcionais do produto
e dos elementos de mídia que o integram. A interação aluno com a interface se
estabelece conforme a facilidade de uso. Usabilidade - Elemento de ligação entre
os seres humanos, que pensam por meio de palavras, conceitos, imagens, sons
e associações e o computador, que 'pensa' por meio de minúsculos pulsos de
eletricidade.
Objetos de Aprendizagem- em linhas gerais, um objeto virtual de
aprendizagem é um recurso digital reutilizável que auxilie na aprendizagem de
algum conceito e, ao mesmo tempo, estimule o desenvolvimento de capacidades
pessoais, como por exemplo, imaginação e criatividade. Dessa forma, um objeto
virtual de aprendizagem pode tanto contemplar um único conceito quanto
englobar todo o corpo de uma teoria. Pode ainda compor um percurso didático,
envolvendo um conjunto de atividades, focalizando apenas determinado aspecto
do conteúdo envolvido, ou formando, com exclusividade, a metodologia adotada
para determinado trabalho.
Um objeto virtual de aprendizagem não é apenas a simulação de um
experimento real. É bem mais que isso. É uma situação, uma história, na qual o
aluno percorre etapas, ou navega, como se costuma dizer, envolvido por um
contexto que exige a compreensão de determinados conceitos científicos.
Assim, a procedência e o sucesso da atividade devem ser avaliados sobre dois
olhares distintos: o primeiro deles, sob o ponto de vista de quem o projeta; o
segundo, sob o ponto de vista de quem o utiliza.
RIVED é um programa da Secretaria de Educação a Distância - SEED,
que tem por objetivo a produção de conteúdos pedagógicos digitais, na forma de
objetos de aprendizagem. Tais conteúdos primam por estimular o raciocínio e o
pensamento crítico dos estudantes, associando o potencial da informática às
novas abordagens pedagógicas. A meta que se pretende atingir disponibilizando
esses conteúdos digitais é melhorar a aprendizagem das disciplinas da
educação básica e a formação cidadã do aluno. As atividades interativas
permitem a experimentação de fenômenos físicos, químicos e outros por meio
da simulação e animação, apresentando uma sequência de atividades
multimídia interativas acompanhadas de guias do professor.
Outros exemplos de repositórios nacionais de objetos de aprendizagem é
o Laboratório Didático Virtual que é uma iniciativa da Universidade de São Paulo
- USP, atualmente coordenado pela Faculdade de Educação e o PROATIVA que
é o Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos e Objetos de
Aprendizagem.
Segundo Longmire, os objetos de aprendizado possuem características
que procuram resolver diversos problemas existentes atualmente quanto ao
armazenamento e distribuição de informação por meios digitais, as
características enfocadas por Longmire são as seguintes:
Flexibilidade: como os Objetos de Aprendizado são construídos deforma
que possuam início, meio e fim, eles já nascem flexíveis, podendo ser
reutilizados sem nenhum tipo de manutenção. Essa capacidade de reutilização
só vem a evidenciar cada vez mais as vantagens desse novo paradigma.
Facilidade para Atualização: como os mesmos objetos são utilizados em
diversos momentos, a atualização dos mesmos em tempo real é relativamente
simples, desde que todos os dados relativos a esse objeto estejam em um
mesmo banco de informações. Não há necessidade de se atualizar este
conhecimento em todos os ambientes que o utilizam.
Customização: a mesma característica que proporciona ao objeto
flexibilidade também proporciona uma customização jamais encontrada em outro
paradigma educacional. Como os objetos são independentes, a ideia de
utilização dos mesmos em um curso, especialização ou qualquer outro tipo de
qualificação, torna-se real, sendo que cada entidade educacional pode utilizar-
se dos objetos e arranjá-los da maneira que melhor convier.
Interoperabilidade: a criação de um padrão para armazenagem de
Objetos de Aprendizado cria mais uma vantagem do modelo, a
interoperabilidade, ou seja, a reutilização dos objetos não apenas em nível de
plataforma de ensino e, sim, em nível de mundo. A ideia de um objeto de
aprendizado ser criado e poder ser utilizado em qualquer plataforma de ensino
em todo o mundo aumentam ainda mais as vantagens desses objetos.
Aumento do valor de um conhecimento: a partir do momento que um
objeto é reutilizado diversas vezes em diversas especializações, e este objeto
vem ao longo do tempo sendo melhorado, a sua consolidação cresce de uma
maneira espontânea, a melhora significativa da qualidade do ensino é mais uma
vantagem que pode ser considerada ao pensar-se em Objetos de Aprendizado.
Indexação e Procura: a padronização dos objetos virá também facilitar a
ideia de se procurar por um objeto necessário. Quando um conteudista
necessitar de determinado objeto para completar seu conteúdo programático, a
padronização dos mesmos e a utilização de assinaturas digitais tende a criar
uma maior facilidade em procurar, encontrar objetos com mesmas
características em qualquer banco de objetos que esteja disponível para
eventuais consultas.
Todas essas características mostram que o modelo Objetos de
Aprendizado vem para facilitar e melhorar a qualidade do ensino,
proporcionando aos tutores, alunos e administradores diversas ferramentas
facilitadoras.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sugerimos uma pesquisa nos seguintes links:
LabVirt - http://www.labvirt.fe.usp.br/
Proativa - http://www.proativa.vdl.ufc.br/
ESTUDANDO E REFLETINDO
Design Instrucional é a ação intencional e sistemática que envolve o
planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas,
atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas
específicas, a fim de promover a aprendizagem humana. É o processo de
identificar um problema de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma
solução para esse problema.
A prática de conceber e implementar soluções educacionais ocorre em
diferentes níveis. No nível macro, define-se uma direção comum a todas as
experiências de aprendizagem de uma instituição, departamento ou programa
(expresso, por exemplo, no projeto pedagógico), ou ainda, se pensarmos nas
ações governamentais, definem-se as diretrizes gerais que serão adotadas em
âmbito nacional, estadual ou municipal. No nível micro, o Dl se ocupa da
estruturação de programas, cursos ou disciplinas. Por fim, no nível micro, ele
trabalha com o design fino das unidades de estudo.
O processo de Dl mais largamente aceito é o de ISD (Instrucional System
Design- Design de Sistemas Instrucionais). Embora a maioria das instituições
envolvidas tenha a sua própria versão desse processo, esta, em geral, baseia-
se na ideia de dividir o desenvolvimento em pequenas fases na seguinte
sequência: 1. Analisar a necessidade, 2. Projetar a solução, 3. Desenvolver a
solução, 4. Implementar a solução e 5. Avaliar a solução.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para ampliação do conhecimento sugerimos a leitura do “Design
Instrucional Contextualizado”, da autora Andrea Filatro. SENAC: 2003.
UNIDADE 20 – FASES DO DESIGN INSTRUCIONAL
ESTUDANDO E REFLETINDO
Segundo a clássica obra de Moore & Kearsley (1996), a forte ênfase no
planejamento em educação a distância busca responder a questões como: que
conteúdo deve ser incluído ou ignorado? Qual é a melhor maneira de sequenciar
e organizar o material? Qual o melhor meio para apresentar o material? Que
tipos de estratégias de ensino devem ser empregadas? Como a aprendizagem
pode ser mensurada? Que feedback os alunos devem receber sobre seu
progresso? Que métodos devem ser usados para criar os materiais?
Essas respostas dependem da natureza do curso, de seus alunos, do
conteúdo tratado e, especialmente, do nível de organização em que se propõe a
educação a distância (caso se trate de um programa, de uma unidade, de uma
instituição, de um consórcio de instituições). Em todos esses níveis, utilizam-se
procedimentos padronizados de design instrucional e desenvolvimento de
materiais e programas, os quais constituem o chamado Instrucional Systems
Design (ISD).
Os modelos convencionais de design instrucional frequentemente
estruturam o planejamento do ensino-aprendizagem em etapas distintas e estão
baseadas nas seguintes grandes perguntas:
1. Aonde vamos? (os objetivos da instrução);
2. Como chegaremos lá? (as estratégias e mídias instrucionais);
3. Como saberemos quando chegarmos? (a avaliação).
O ISD realiza-se em cinco estágios que compõem um ciclo contínuo do
desenvolvimento de um curso:
Modelo ADDIE:
Análise (analisar) identificação de necessidades;
Design (planejar) articulação de objetivos em estrutura e forma do curso;
Develop (desenvolver) produção e testes de materiais / eventos
instrucionais;
Implement (implementar) registro de alunos,"entrega"de materiais,
interação de instrutores e tutores com alunos;
Evaluate (avaliar) avaliação de alunos e da efetividade instrucional do
curso.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sugerimos a leitura do texto “Um modelo para prioridades educacionais
numa sociedade de informação”, de Fredric Michael Litto. Disponível em:
http://udemo.org.br/Modelo.pdf
POLOS EAD
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