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PLANEJAMENTO

TRIBUTÁRIO Autor (a):

Profª. Isabel
Vieira .
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
UNIDADE DE ESTUDO 01

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS


Profª. Isabel Vieira

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS

Não é novidade alguma que o Sistema Tributário Brasileiro é um dos mais


abrangentes e complexos sistemas fiscais do mundo, sendo, portanto, alvo de constantes
discussões e críticas por parte dos governantes e dos contribuintes.

Ocorre que, em decorrência do grande número de tributos e da imensa quantidade


de obrigações acessórias a que o contribuinte está sujeito, seja ele pessoa física ou jurídica,
acaba sendo o custo tributário o maior gasto nas atividades empresariais, onerando, por fim,
o preço final do produto/serviço e, consequentemente, atingindo negativamente o
consumidor final.

Levando em consideração este fato, muito se fala em “reforma tributária”, a qual


acaba por ser discutida de uma forma negativa, tanto para o contribuinte quanto para o
próprio estado. O que a população exige é a redução da quantidade de tributos e a
minoração do custo deles, porém, não se atenta ao fato de que, tendo menos recurso
financeiro, menor será o investimento do estado para as necessidades públicas.

Juntamente com outros doutrinadores e estudiosos do Direito, adoto a teoria de que


o sistema tributário nacional não precisa de uma reforma, mas sim de uma simplificação.
Isto é, a quantidade de tributos não é o principal encargo da atividade empresarial. O que
realmente prejudica os empresários são as obrigações acessórias. Havendo uma
simplificação no sistema, através da conexão e interligação de dados e informações, o
contribuinte poderia prestar uma única declaração contendo todas as informações de sua
cadeia produtiva, a qual, em contrapartida, seria transmitida aos fiscos municipais, estaduais
e federal, os quais poderiam atuar de forma integrada para a fiscalização e cobrança
tributária.
O Sistema Tributário Brasileiro, constitucional, não é complexo. É um sistema rígido e
extremamente protetor do contribuinte, sendo, portanto, uma ferramenta para o
desenvolvimento do país. No entanto, em termos de aplicação das normas constitucionais,
há discrepâncias, onde os entes tributantes utilizam das prerrogativas da CF/88 para instituir
tributos excessivos e criar obrigações acessórias, as quais nem sempre são eficientes em
termos de fiscalização.

Além do mais, podemos citar aqui o fato de em nosso sistema existir a Substituição
Tributária, a qual, apesar de complexa na sua operacionalização, é um procedimento
extremamente eficaz com relação à fiscalização e arrecadação tributária, pois otimiza a
atividade do fisco.

Em suma, pode-se afirmar que uma real e eficiente reforma tributária se dará através
da simplificação do sistema, com praticidade e tributos simples, o que gerará a desoneração
do custo tributário à atividade empresarial e, por consequência, a diminuição dos preços
finais de produtos/serviços.

Ainda nesse sentido, os governantes devem ter em mente que a simplificação do


sistema e, até mesmo, a diminuição da carga tributária, em longo prazo, traz benefícios ao
país, mesmo diminuindo a arrecadação, pois, com a redução do custo empresarial, os
produtos/serviços ficam a preços mais acessíveis ao cidadão, o qual terá um poder aquisitivo
maior e, por fim, faz a “roda da economia” girar com mais facilidade, o que desencadeará o
desenvolvimento nacional. Também deve ser levado em consideração que a desoneração
fiscal da atividade empresarial surte efeitos na competitividade internacional, tornando os
produtos brasileiros mais acessíveis para o mercado externo.

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA ATIVIDADE EMPRESARIAL

Em decorrência de todo o anteriormente exposto, as empresas cada vez mais adotam


processos e procedimentos que visem a redução da carga tributária nelas incidente, a fim de
se manter no mercado em situação competitiva favorável.

O planejamento tributário, também conhecido como elisão fiscal, tem sido a maior
ferramenta de redução no pagamento de tributos ao contribuinte, caracterizado pela
adoção de medidas legalmente permitidas para a minoração do encargo fiscal. Difere-se da
evasão fiscal, pois, nesta, o contribuinte adota meios não permitidos pela lei para a redução
do tributo ou, ainda, age em desconformidade com a lei para a não ocorrência do fato
gerador.

O principal exemplo de planejamento tributário é utilizar-se de benefícios e


incentivos fiscais para minorar o custo tributário empresarial. Ora, estando previsto na
legislação vigente determinada benesse fiscal, o contribuinte pode submeter-se a fim de
reduzir o valor do tributo incidente. Esta é uma ação perfeitamente legal e permitida, não
estando o contribuinte sujeito a fiscalizações ou autuações por pagamento a menor daquele
tributo.

Cabe aqui ressaltar que, em termos de Guerra Fiscal, o contribuinte deve ter muito
cuidado ao utilizar determinado benefício tributário, tendo em vista que, muitos,
principalmente redução de alíquota ou isenção de ICMS, não são acordados nos termos do
CONFAZ, sendo declarados inconstitucionais e, portanto, passíveis de fiscalização e
autuação. Além do mais, há a necessidade de um estudo aprofundado sobre o quanto
aquele incentivo fiscal será benéfico à atividade. Por exemplo: uma empresa que mantém a
maior parte de seus consumidores no sul do país, ao transferir sua matriz para um estado do
Nordeste ou Norte, a fim de se beneficiar de alguma isenção ou redução de ICMS, acabará
por ter um maior custo em termos de transporte e logística, o que nem sempre compensará
o que estará sendo poupado de custo tributário. Por isso a extrema importância da ligação
dos departamentos e da tomada de decisões conjunta, a fim de se chegar à melhor solução
para a organização como um todo.

O planejamento tributário, como ferramenta da Governança Corporativa, portanto,


tem em vista a redução da carga tributária através de meios permitidos legalmente, ou seja,
dando a segurança jurídica que o contribuinte necessita e, ainda, minimizando os riscos
tributários, aplicando, assim, a fiel Governança Tributária.
REFERÊNCIAS

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