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PEDIJLOGIA: BASE PARA DISTJNÇAO
- '
Vii AMBIENTES
CLASSIFICAÇÃO E GEOGRAFIA DE SOLOS
São comuns Latossolos Amarelos (Latossolos Amarelos distrocoesos) e Poclzólicos desde que se lhe apliquem cerca de 50 kg de P Ps
ha', após cinco anos da instalação
Amarelos (ArgissolosAmarelos), frequentemente plínticos, álicos (alta saturação por da pasragem!" (SERRÃO et aI., 1978). O uso de reservas extrativistas, no entanto,
AI), pobres em Fe e de baixa capacidade de troca catiônica. Nas áreas de ruptura do parecc ser o mais adequado para muitas áreas, e quase a única opção para algumas
deelive das elevações e nos locais de drenagem mais deficiente são comuns os solos outras (RESENDE; PEREIRA, 1988).
com plintita. Há solos ricos no Acre, nos aluviões dos rios que são influenciados pelos 7.4.2. Domínio do Subárido Nordestino
sedimentos dos Andes, nas áreas de intrusões de rochas máficas e em alguns locais
Essa é uma área rebaixada em relação às chamadas serras, como
da ilha de Marajó.
Martins, Araripe etc. O Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba é um
bom exemplo. Nesse domínio (Figura 7.B) percebem-se duas pedopaisagcns
distintas: a de ~ntensa remoção de sed~m~!1!'!s, associada aos afíoramentos d~
rochas (inselbergues) e elevações menores, em nível abaixo deles; e a outra
-pedopaisagem, que expressa acúmulo de' sedimentos,
. - estando mais próxima
ao piso do vale. Os Necssolos Litólicos!" e Luvissolos Crômicos"" formam
a primeira pedopaisagem, enquanto.g segunda está associada a solos com horizonte
.....li textural,_~c_ol!levi@}!9!élii...Qehidromorâsmo.jrtualmente B plânico. Pastagem e '
extrativismo na caatinga são os usos principais. A cultura de vazantes, inclusive
com o capim-andrequicé [Echinochlea colunum (L.) Link], é um exemplo
marcante dc convivência com as condições regionais. O capim-panasco (Aristida
adscensionis L.) é bastante comum nos Luvissolos Crômicos, Os solos são rasos
e pedregosos.
A falta de água controla a produção mas, mesmo aí, a fertilidade do solo é
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AMAZÔNIA fundamental. As elevações (chapadas ou serras) de~~ª-regiãº- com solos menos férteis
constituem transição das áreas de caatinga (superfície rebaixada) para o cerrado de
Planalto Central (Araripe) ou para o domínio dos Mares de Morros Florestados, já
mais próximo do litoral (Borborema).
Figura 7.A - Domínio pedobioclimático da Amazônia (AB'SABER, 1970).
I80Pastagens na Amazônia: a deficiência de nutrientes e a alta pressão de ocupação pela vegetação
Os Latossolos e Argissolos são tipicamente cauliníticos e goethíticos e possuem nativa, nos lugares mais pluviosos, torna difieil a manutenção de pastagens; o fogo, por exemplo, no
um horizonte A pouco espesso. A riqueza química encontra-se ligada à vegetação caso do capim-colonião, enfraquece a pastagem por acelerar a exportação daquilo que tende a estar em
mínimo - os nutrientes - mesmo nos lugares suavemente declivosos.
(fitotessela), A queima faz aumentar temporariamente!" o teor de nutrientes na I&lOS Ncossolos Litólicos podem ter um horizonte A diretamente sobre a rocha; ou, o que é mais comum,
radiação) grande variação de temperatura entre dia e noite. A condição de subaridez reduz substancialmente
I790S nutrientes no ecossistcma (ecotcsscla), podem estar em maior quantidade no solo (pedotessela) - as pragas e doenças de plantas e animais. O gado, por exemplo, é praticamente isento de parasitas (bernes,
como na área das caatingas - ou na vegetação (fitotessela) - como na Amazônia. A derrubada c queima da carrapatos ctc.) tão comuns em outras áreas do Brasil. Além desse quadro ambiental peculiar, afetando
vegetação expõem toda a riqueza de nutrientes à superfície, no caso da Amazônia; no caso do subárido, a vida, li! uma intensa renovação dos solos, liberando os nutrientes. A produção de hortifrutíferas e de
a ecotesscla ainda tem grande reserva em nutrientes, mesmo após queima c erosão. pequenos criatórios, ambos subsidiados por pequena irrigação, são muito promissores .
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. CLASSIFICAÇÃO E GEOGRAFIA DE SOLOS
PEDOLOGlA: BASE PARA DISTlNÇÃO DEAMBTENTES
são, no entanto, comuns em áreas mais íngremes, em razão do contraste entre o horizonte
B, argiloso, estreito, e o horizonte C, muito profundo, pouco coerente, muito siltoso, com
grandes lâminas (silte e areia) de caulinita. Pastagens (capim-gordura) e lavouras de café,
nos solos mais pobres, e pastagens de jaraguá e culturas anuais, nos solos melhores (e com
maior M), constituem o padrão geral de utilização. A cana-de-açúcar ocupa alguns desses
solos. Esse domínio pedobioclimático, em função da pluviosidadc maior, mas também
do profundo manto de alteração (maior armazenamento de água), intenso dissecamento,
e com eficiente cobertura vegetal, é muito bem provida de pequenos cursos de água. As
implicações disso para uso ainda não foram devidamente exploradas.
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11111:111CAATINGAS
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PEDOI,oGIA: BASE PARA DISTINÇÃO DE AMBIENTES
GEOGRAFIA DE SOLOS
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CLASSIFICAÇÃO E GEOGRAFIA DE SOLOS
PEDOLOGIA: BASE PARA DISTINÇÃO DE AMBIENTES
PRADARIAS
Figura 7.E - Domínio pedobiociimático do Planalto das Araucárias (AB' SABER, 1970). Figura 7.F - Domínio pedobioclimático das Pradarias Mistas (AB 'SABER, 1970).
7.4.6. Domínio das Pradarias Mistas Apesar de a pecuária constituir a atividade agrícola principal no domínio das
Essa área corresponde à Campanha do Rio Grande do Sul (Figura 7.F). Aí os Pradarias Mistas como um todo, o cultivo de arroz sob inundação nas várzeas e nas
solos apresentam um relevo suave (coxilhas) sendo cobertos por vegetação graminóide áreas planas tem considerável expressão geográfica. A expansão da atividade agrícola e
e matas-galerias subtropicais. Há grandes áreas de solos com problemas de drenagem. do reflorestamento eom pinus, eucalipto e acácias tem modificado consideravelmente a
Há um período seco no verão (janeiro e fevereiro )188. A menor precipitação nessa época flora dessa região (informação pessoal de Jaime Antonio de Almeida a João Carlos Ker).
(a mais quente) e a pouca profundidade do solo trazem problemas acentuados de falta 7.4.7. Mais sobre os Domínios Pedobioclimáticos
de água. Os solos tendem a ser bastante escuros, apresentando com frequência argilas
Obviamente, esses domínios pedobioelimáticos são muito amplos. Há, ainda,
de alta atividade (Vertissolos'", Chernossolos Ebânicos'?" e solos afins). As pastagens
áreas de grande significância que podem apresentar caracteres transicionais entre
extensas usadas para gado de raças europeias e o relativo vazio populacional humano
domínios ou mesmo apresentar características peculiares (Figura 7.G).
são característicos.
Nesse contexto estão as áreas basálticas e areníticas com vegetação original
de floresta, desde o sul do Planalto Central até o domínio da floresta com araucária,
1880fato de o período seco coincidir com meses quentes torna o bioclima muito mais seco; O estresse
hídrico fica mais pronunciado. Além disso, há uma erra ticidade nas precipitações mensais, não detectada nos estados sulinos. Por outro lado, o Pantanal constitui uma unidade à parte, onde o
pelas médias, resultando num bioclirna ainda mais seco. A desertificação, aparentemente anômala pelos período de grande umidade (outubro a março) é alternado com seca pronunciada (abril a
totais de precipitação, pode ter aí um importante contributo.
setembro), e onde à vegetação dos campos (formando as pastagens nativas) adicionam-
'''Vertissolo, do latim, vertere; dá conotação de inversão da massa do solo. Tem muito alta atividade
de argila, apresentando expansão e contração pronunciadas com umcdecimento e secagem, produzindo se paisagens diferentes, identificadas por nomes relacionados às plantas dominantes
superficies de fricção e grandes fraturas, respectivamente. ou muito expressivas - carandazal, paratudal, piuval, buritizal, aeurizal, pindaibal,
190Chorn08s010Ebânico, apresenta horizonte B incipiente ou B tcxtural de cores não muito vivas; nisso
pirizal, pajonal etc. (PEREIRA, 1966). Nesse ambiente, os solos hidromórficos, embora
difere do Chernossolo Argilúvico.
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CLASS1J<1CAÇÃOE GEOGRAFIA DE SOLOS
variáveis no tempo c no espaço quanto ao grau de deficiência de oxigênio, constituem de cerrado (lavrado), apesar de ser um ambiente tipicamente conservador. Porém
a principal expressão pedológica. Outra variação são os campos altimontanos, como localmente, nas áreas de afloramento de rochas cristalinas ácidas, o efeito conservador
os existentes no Quadrilátero Ferrífero, outras porções do Espinhaço e também no do sistema se manifesta e, assim, sob a mesma fitofisionomia, são encontrados solos
Sul de Minas, Serra da Canastra etc. Seus solos são muito pobres e geralmente rasos, solódicos (SCHAEFER et aI., 1993; MELO et aI., 2010).
expressando a pobreza das rochas de origem!", como quartzitos (como o Pico do
Itacolomi) e rochas pelíticas pobres (filitos c micaxistos). Estes últimos de pedoformas 7.4.8. Lições de Geogratla de Solos
mais suaves nos contornos, mesmo quando o relevo (desnível) é muito pronunciado. Adistribuição dos solos nas regiões morfoclimáticas, com suas características,
Mas a ocorrência mais comum é de áreas transicionais para cerrado, floresta e caatinga. inclusive pedoclimáticas, ou mesmo numa área menor, como uma propriedade agrícola,
por exemplo, trazem importantes lições.
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AREAS DE
TRANSiÇÃO
101 Além da pobreza química genérica das rochas há, pela cvapotranspiraçãoreduzida e precipitações A Figura 7.11 ilustra alguns aspectos interessantes:
elevadas, uma lixiviação intensa com uma taxa dc intempcrização não tão acentuada; nessa 1. os riscos são menores na Zona da Mata, onde ilA é mínimo, mas, em
circunstância pode ocorrer a presença de mineraisprimários facilmente intemperizáveis (moscovita,
compensação, o valor de ilN está no máximo. A redução de ilN exige muito
por exemplo) num solo com baixa saturação por bases, frequentemente álico (CARVALHO FILHO
et aI., 1991). capital;
198 199
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2. os riscos são maiores no Sertão, onde I:1Aé o problema maior e I:1Nestá em várias unidades de terra. Por exemplo: o agricultor, numa área do domínio do Mar
mínimo. A redução de I:1A está sendo considerada fora das possibilidades de Morros, pode ter corno melhor solução para o seu problema de forrageira, o
para a maioria dos agricultores; plantio de capineira nos terraços e segmentos côncavos das elevações (forma de
3. o Agreste"? representa a melhor otimização dos deltas. O f1A não é aí tão anfiteatros), deixando as pastagens de capim-gordura nas elevações restantes.
acentuado como no Sertão, nem o f1N tão extremo quanto na maior parte dos Apesar de os solos de terraços c partes côncavas ocuparem uma área pequena, eles
solos da Zona da Mata. podem representar.um papel, dos mais essenciais, no contexto da exploração da
Os fenômenos mencionados sugerem"? que o crédito para a lavoura área como um todo (CURI et aI., 1992). Uma análise geral, baseada no tamanho
deveria ser maior, no montante, para a Zona da Mata; mas com menor tempo de da área de ocorrência de cada solo, por exemplo, tenderia a desconsiderar esses
carência. Deveria, por outro lado, ser menor no Sertão, mas com muito maior aspectos.
tempo de carência. O Agreste ocuparia, nesse contexto, a posição intermediária.
Por outro lado, estudos sobre probabilidade de precipitação!" poderiam sugerir 7.5. Classificação de Solos
a possibilidade de seleção de cultivares com ciclos diferentes para as três zonas.
A classificação é um meio de comunicação. As palavras que identificam uma
Em princípio, prevê-se que quanto mais curto for o ciclo de uma cultura, mais
classe de sol0195(ou de qualquer objeto) representam uma síntese de tudo o que se
adaptável ela será no Sertão (Seridó, por exemplo). Aí a absorção de nutri entes
sabe, sistematicamente, sobre os solos que pertencem àquela classe. As classificações
pode ser elevada, havendo água. Na Zona da Mata, onde o teor de nutrientes é
de solos estão ainda longe da perfeição relativa das classificações botânicas, zoológicas
baixo e os riscos de I:1Asão menores, culturas de ciclo mais longo (cana-de-açúcar,
etc, No entanto grandes progressos têm sido realizados nos últimos anos. E isso pode
p. ex.) passam a ser viáveis.
ter implicações práticas: há um esforço incipiente, mas que desperta muita esperança,
Uso simultâneo de várias til/idades de terra para se estudar a transferência de agrotecnologia de um país para outro, não da Europa
ou dos Estados Unidos para o Brasil, por exemplo, mas entre países situados nas áreas
Além da necessidade de regionalização das linhas mestras de apoio ao agricultor intertropicais (atualmente do Brasi I para o continente africano - Angola, Moçambique),
ou de estudos a esse respeito, deve-se ter em mente a heterogeneidadc a nível mais Percebe-se, pelo que já foi comentado anteriormente, que para tal transferência há que
local.
se considerar uma definição melhor do sistema ecológico. A classificação taxonômica
Em consonância com o que foi visto sobre a necessidade de estratificação de solos é, aí, insubstituível.
(item 7. 1.3.) ao nível de irnp lernentação, ou como subsídio mesmo para
AFAO publicou em 1974, com revisões em 1988 e 1994, o mapa de solos do
programas gerais, há necessidade de, pelo menos, algum exame mais detalhado mundo. Trata-se de um trabalho básico para um mellíor entendimento dos problemas
nos estratos,
da "geografia .da fome". Para esse trabalho usou-se uma classificação especial de
As grandes áreas pedobioclimáticas, por exemplo, são separadas com
solos, a classificação da FAO. O sistema de classificação mais bem trabalhado éo
base na identificação dc conjuntos de paisagens recorrentes (semelhantes, até
dos Estados Unidos (Soi! Taxonomyi, mas este é pouco desenvolvido no que se refere
certo grau), na área toda. Quanto ao aspecto físico, o funcionamento de uma
a algumas classes de solos de domínio tropical. Resultado: cada país tende a ter um
propriedade agrícola depende frequentemente da consideração simultânea das
sistema de classificação próprio que mais se ajuste às suas condições; ao mesmo tempo
procura-se, nas publicações principais, estabelecer relações com as classes dos outros
"'As condições bioclimáticas do Agreste, vegetação relativamente fechada, não ofereciam boas
dois sistemas (FAO e Soil Taxonomyy.
pastagens originalmente, isso ao contrário do Sertão. É provável que isso tenha contribuído para um certo
desinteresse do grande proprietário, O Agreste, em alguns trechos de Pernambuco e da Paraíba, talvez seja
um dos locais de maior densidade rural sustentável no Brasil, pelo menos até agora, (RESENDE, 1992), "'Há, quase sempre, uma dificuldade no uso dos nomes das classes de solo. Parte do problema é porque
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' Esses exemplos representam o que se prevê com base tão somente no que foi relatado anteriormente. os nomes não são familiares: a atribuição de nomes regionais às unidades de mapearnento no Rio Grande
O problema, no entanto, tem muitas Iacetas c exige conhecimentos especialízados, alheios à experiência do Sul (unidade Vacaria, Ercxim, Caxias etc.) propiciou, aparentemente, uma melhoria nesse aspecto.
dos autores, O acervo de informações ambientais contempladas na classe de solo (e unidade de mapeamento) é tão
""As médias de precipitação, mesmo se não muito baixas, acobertam uma grande variabilidade. grande que é uma pena ainda não telIDOS conseguido colocá-lo de forma mais acessível ao usuário,
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