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Professor Jessica Ferraz

História e Cultura Afro-brasileira e indígena


De acordo com pesquisa, crianças indígenas e negras têm seus direitos
violados com maior frequência que crianças de outros etnias. O racismo e o
preconceitos impactam negativamente a vida desses povos desde a infância
A fim de superar as desigualdades étnico-raciais, é preciso que
valorizemos a cultura e a identidade desses povos que são importantíssimos
para a história e construção do nosso país.
A valorização passa pela inserção da temática étnico-racial nos
currículos escolares para que desde crianças seja possível reconhecer, valorizar
e preservar as culturas indígenas, africanas e afro-brasileiras. Além disso,
mostrar às novas gerações como que afro-brasileiros e indígenas têm
preservado sua cultura ao longo dos anos.
Os seguintes documentos legais nos dão o embasamento necessário
para firmar tal necessidade inclusive:
Na Constituição Federal, artigo 215, inciso V: “valorização da
diversidade étnica e regional.”
A LDB traz no artigo 26º, que trata dos currículos escolares, parágrafo
4º, que “O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente
das matrizes indígena, africana e europeia”.
Ainda na LDB, no art. 26-A, é colocado que “Nos estabelecimentos de
ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se
obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. Bem
como:       
§ 1º  O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá
diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a
formação da população brasileira, a partir desses dois grupos
étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a
luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e
indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil.                 
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e
dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de
todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.                    (Redação
dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
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A lei nº 10.639/2003 inclui no currículo oficial da rede de ensino a


obrigatoriedade da temática "história e cultura afro-brasileira", alterando a
primeira versão da LDB. Assim como a lei nº 11.645 de 10 de março de 2008,
inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“história e cultura afro-brasileira e indígena”.
Vemos, então, que legalmente já é ratificada a importância desses
povos para a cultura e construção da nossa nação. Dessa maneira, mudanças de
postura dentro das escolas, adaptações curriculares, novos olhares,
modificações e reestruturações nos tempos, espaços e organizações das
instituições serão bem-vindas para que se trabalhe de maneira adequadas as
relações étnico-raciais.
Uma das maneiras indicadas, primeiramente, é não tratar da temática
isoladamente, apenas em datas “especiais” (dia do índio/consciência negra).
Mas fazer com que esse tema permeia o currículo no cotidiano escolar.
Também é indicado que ocorram explicações sobre as diferenças, valorizando
e admirando as diferenças físicas, possibilitando que as crianças tenham
vivências, trabalhando a autoestima e a valorização.
As Orientações Curriculares para a Valorização da Igualdade Racial na
Educação Infantil visam que “os profissionais da Educação Infantil
desenvolvam um olhar atento às atividades realizadas” cotidianamente,
tornando-as includentes e equitativas e que “não reproduzam a discriminação
racial” (SILVA et. al, 2012, p. 13-14).
O projeto político pedagógico das instituições, ou proposta pedagógica,
precisa prever “conhecimentos relativos ao tema racial” (SILVA et. al, 2012,
p. 15), bem como outros trabalhos e projetos devem ser desenvolvidos no dia a
dia para colocar a intencionalidade das ações em prática sobre o tema. A
formação de professores é grande aliada para que essas ações cotidianas sejam
possíveis e firmem o trabalho sobre diversidade e relações étnico-raciais.
Família e escola precisam desenvolver a temática em consonância. De
nada adianta a escola ter um discurso e a família outra. Educar e cuidar são
funções dessas duas instituições e por isso a escola precisa deixar as famílias

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informadas sobre os assuntos que trata e a importância deles para a formação


das crianças.
De acordo com o documento que traz as Orientações e Ações para
Educação das Relações Étnico-Raciais:
Faz-se necessário que tanto as educadoras quanto as crianças e
seus familiares tenham acesso aos conhecimentos que explicam a
existência das diferentes características físicas das pessoas, os
diferentes tons de cor da pele, as diferentes texturas dos cabelos e
formato do nariz, buscando valorizar tais diversidades (BRASIL,
2006, p. 42).

Além disso, pensar a família hoje também é uma maneira de inclui-la


ou não no ambiente escolar. Temos famílias constituídas de inúmeras maneiras
e valorizá-las, partindo dessas singularidades, é um passo importante para a
construção de igualdade e respeito a toda e qualquer diversidade e diferença no
ambiente escolar e na sociedade.
A escola é constituída por tudo e por todos. Por isso, é importante
levarmos em conta em todo e qualquer trabalho desenvolvido, principalmente
na Educação Infantil, os espaços e o ambiente. O espaço, compreendido como
a parte física da instituição, os objetos, a estrutura, os locais, já o ambiente vai
além, inclui as relações estabelecidas entre as pessoas que ali se relacionam.
Pensar nos espaços e ambientes para o trabalho étnico-racial é de suma
relevância, porque eles podem ser includentes e realmente possibilitar a
formação para o respeito e apreciação ao diferente ou não. Por isso:
Educar para a igualdade racial na Educação Infantil significa ter
cuidado não só na escolha de livros, brinquedos, instrumentos, mas
também cuidar dos aspectos estéticos, como a eleição dos
materiais gráficos de comunicação e de decoração condizentes
com a valorização da diversidade racial. A escolha dos materiais
deve estar relacionada com sua capacidade para estimular,
provocar determinado tipo de respostas e atividades (SILVA et.
al, 2012, p. 20).

Como trabalhar a diversidade se na decoração, nos cartazes há uma


padronização “branca”, em que não se valoriza outras etnias, outras
características diferenciadas do cabelo liso, do padrão estereotipado?
As Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais
trazem que “outra forma de possibilitar uma visão positiva a respeito dos

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traços físicos das pessoas é trazer informações e histórias sobre os penteados


em diversas culturas”, mostrando os porquês do cabelo crespo, do ondulado,
da miscigenação que está presente em nosso país (BRASIL, p.42).
A organização dos brinquedos, dos materiais e dos livros também é
outro fator a ser pensado pelas instituições e educadores na Educação Infantil.
Eles não tem neutralidade e devem apresentar diversidade naquilo que
oferecem: bonecas negras, livros com personagens negros, brinquedos e
instrumentos musicais que representem a cultura afro-brasileira são
possibilidades de desenvolver a temática de maneira positiva e manter a
representatividade na instituição e sala de aula.
Os projetos de trabalho também são grandes aliados no
desenvolvimentos da temática em sala de aula e garantem que ela seja
trabalhada no dia a dia se bem planejados.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações e Ações para Educação das


Relações Étnico-Raciais. SECAD, 2006.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e alterações. Estabelece as


diretrizes e bases da educação nacional.

SILVA, H. et. al. Educação infantil e práticas promotoras de igualdade


racial. São Paulo: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e
Desigualdades - CEERT: Instituto Avisa lá - Formação Continuada de
Educadores, 2012.

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