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ARTIGOS

Por que o Gohonzon é como um espelho que reflete a nossa


vida?
POR DAISAKU IKEDA | 05 JAN 2017
Discurso do presidente Ikeda proferido na Reunião Geral da Divisão Feminina da SGI-Estados Unidos no campus da Universidade Soka de

Los Angeles, Calabasas, em 27 de fevereiro de 1990.

No budismo, espelhos têm vários signi cados e geralmente são utilizados para explicar e ilustrar aspectos das diversas doutrinas. Por

isso, quero discutir brevemente um exemplo do espelho em nossa prática budista.

Nichiren Daishonin diz: “O espelho de bronze, ao ser polido, re ete o aspecto físico de uma pessoa, mas não o seu coração. Ao
contrário, o Sutra do Lótus re ete, com clareza, não apenas o aspecto físico de uma pessoa, mas também o seu coração, e ainda o
carma do passado, assim como o do futuro”.

Um espelho, mesmo de bronze, ao ser polido, re ete o aspecto físico de uma pessoa. O espelho do budismo, no entanto, revela o

verdadeiro aspecto da nossa vida e re ete com nitidez o carma do passado e do futuro.

O espelho re ete o que é visível aos olhos, enquanto o espelho do budismo re ete a vida que é invisível aos olhos. O Gohonzon, por

sua vez, é a expressão máxima da sabedoria do Buda que tornou possível a iluminação das pessoas pela manifestação do verdadeiro
aspecto da própria pessoa com base nas leis da vida e do universo.

De acordo com a frase do escrito “espelho de bronze, ao ser polido”, citada aqui, antigamente os espelhos eram produzidos com metais
polidos, como cobre, bronze ou mesmo ferro e, ainda, com a mistura de estanho. Diferentemente dos atuais, que são produzidos a
partir do vidro, a imagem re etida por aqueles de bronze ao serem polidos não era nítida. O polimento exigia uma técnica
especializada e quem a detinha era um “polidor de espelhos”. Em Kamakura, na época em que Nichiren Daishonin viveu, os espelhos
eram de metais.

No escrito Atingir o Estado de Buda Nesta Existência consta: “Tal situação se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como

uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado,
mas ao ser polida, tornar-se-á como um espelho límpido, que re etirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade”.

Polir a vida é orar a Lei Mística. Não apenas devemos realizar essa prática para nós mesmos, como também ensinamos a Lei Mística
para outras pessoas e nos esforçamos para fazer brilhar o “espelho da nossa vida”. Nesse sentido, podemos até dizer que somos
“mestres polidores dos espelhos da vida”.

Apesar de tudo, o ser humano geralmente pode até embelezar o rosto, mas polir a vida é muito difícil. Uma mancha no rosto o
incomoda, porém é indiferente com a mancha da alma. (risos)

No romance O Retrato de Dorian Gray, do escritor inglês Oscar Wilde (1854–1900), o protagonista, Dorian Gray, um jovem bem
apresentado e de rara beleza, era chamado de “jovem Adônis”. Para eternizar sua beleza, certo pintor fez o seu retrato. No entanto,
Dorian Gray foi gradativamente percorrendo um caminho de prazeres e de maldades. Uma vida diária de imoralidades. Apesar de tudo,
sua beleza não mudava; continuava radiante. Mesmo após muitos anos, sua juventude permanecia intocada. Mas, aos poucos, seu
retrato foi se tornando feio como se acompanhasse a vida degenerada de Dorian Gray.

Então, Dorian Gray decidiu: “Vou destruir este retrato! Se não houver esta imagem, posso me separar do passado e me tornar uma
pessoa livre”. E perfurou o retrato com uma faca. Naquele instante, ao ouvir os gritos, as pessoas correram e encontraram o retrato do
belo e jovem Dorian Gray e um velho caído à frente do quadro. Era o aspecto horrível de um homem (Dorian Gray) que tinha em seu
peito uma faca cravada. Ou seja, o retrato era a “imagem da sua vida” e a “imagem da sua alma”, e era a expressão das causas e efeitos

de suas ações. O rosto pode ser maquiado, mas a alma, jamais, pois a lei da causa e efeito é absoluta.

O budismo cita o princípio de Intoku yoho — “virtude invisível e a recompensa visível”, no qual as virtudes invisíveis são mais
importantes que as visíveis. No mundo do budismo, ninguém escapa dos efeitos de suas ações — sejam boas ou más; portanto, não há
signi cado nenhum em aparentar o que não é.

No escrito O Objeto de Devoção para a Observar a Mente, Nichiren Daishonin diz: “Somente quando olhamos num espelho limpo
conseguimos ver, pela primeira vez, que possuímos todos os seis órgãos dos sentidos”. O espelho limpo é o que nos mostra os seis
órgãos dos sentidos: olhos, ouvido, nariz, língua, corpo e coração. De forma semelhante, “observar a mente” signi ca “observar” os dez
estados de vida, especialmente o estado de buda. E o Gohonzon é o objeto de devoção para observar a mente, que Daishonin
estabeleceu para toda a humanidade. O Gohonzon é o mais límpido de todos os espelhos e que revela o universo exatamente como ele
é. Quando oramos a este Gohonzon, somo capazes de evidenciar o estado de buda, a “observação do verdadeiro aspecto da nossa

vida”. Nossa determinação com relação à prática da fé é revelada elmente no Gohonzon e re ete no grande universo. Este é o
fundamento do princípio de ichinen sanzen (três mil mundos num único momento da vida).
Quando oramos ao Gohonzon, imediatamente, todos os budas e bodisatvas do universo manifestam sua proteção. A calúnia produz
exatamente o efeito contrário. Além disso, o “coração” é muito importante. A determinação da prática da fé é muito sutil.

Se praticar de forma negligente com o pensamento de que é pura perda de tempo, sem fé e com lamentações, tudo isto destruirá a
boa sorte. Quando a pessoa realiza uma prática da fé duvidando dos resultados, esta fraca determinação é re etida no espelho do
universo e os benefícios serão insatisfatórios. Ao contrário, quando a pessoa se levanta com forte convicção, ela acumulará in nita boa
sorte.

Portanto, a atitude mais inteligente é controlar o próprio coração e empenhar-se em elevar sua fé com jovialidade e vigor. Quando
assim o zer, tanto a vida como tudo que o cerca se desenvolverão amplamente, e cada ação que tomar se tornará uma fonte de

benefícios. A compreensão sutil desta determinação (ichinen) é a chave para a fé e para se atingir o estado de buda nesta existência.

Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.231, 14 jun. 2014, p. B1

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