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Instituto de Educação a Distância

Curso de Licenciatura em Ensino de História

Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Socio-económico da


Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018)

Candidato : Pedro Fernando Romão

Nampula, Novembro de 2019


Universidade Católica de Moҫambique

Instituto de Educação a Distância

Curso de Licenciatura em Ensino de História

Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Socio-económico da


Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018)

Monografia Científica apresentada ao Instituto de


Educação a Distância, para obtenção do grau
Académico de Licenciatura em Ensino de História

Candidato : Pedro Fernando Romão

Supervisora: drª. Celeste da Purificação Caetano João


Simone

Nampula, Novembro de 2019


iii

Índice

Lista de ilustrações .................................................................................................................... vi


Declaração ................................................................................................................................ vii
Agradecimento ........................................................................................................................viii
Dedicatória ................................................................................................................................ ix
Abreviaturas e sigla .................................................................................................................... x
Resumo ...................................................................................................................................... xi
1. INTODUҪÃO ................................................................................................................... 12
1.1.Tema ................................................................................................................................... 13
1.2.Delimitação do tema ........................................................................................................... 13
1.3.Justificativa ......................................................................................................................... 14
1.4.Objectivos ........................................................................................................................... 15
1.4.1. Geral ............................................................................................................................... 15
1.4.2. Específico ................................................................................................................... 15
1.5. Problematização ............................................................................................................ 16
1.6. Hipóteses ....................................................................................................................... 16
1.6.1. Hipótese da Questão nr:1 ........................................................................................... 17
CARACTERIZAҪÃO DO DISTRITO DE MECONTA......................................................... 19
1.7. Localização, Superfície e População ................................................................................. 19
1.7.1. Clima e Hidrografia ........................................................................................................ 19
1.7.2. Divisão Administrativa do Distrito de Meconta ............................................................. 19
1.7.3. História, Política e Sociedade. ........................................................................................ 19
1.8. Habitação e Condições Viva ............................................................................................. 21
CAPÍTULO ΙΙ: MARCO TEÓRICO........................................................................................ 23
2.1. Desenvolvimento ............................................................................................................... 23
2.2.Desenvolvimento Sócio- económico .................................................................................. 23
2.3.Conceito de cajueiro e Origem ........................................................................................... 24
2.4.Clima e solo para o cajueiro ............................................................................................... 25
2.5. Sector do caju em Moçambique ........................................................................................ 25
2.5.1. Cenário Histórico – Evolutivo ........................................................................................ 25
2.5.2.Produção de mudas de cajueiro ....................................................................................... 26
2.5.3.Tratamento de cajueiro .................................................................................................... 27
2.5.4.Colheita da Castanha ....................................................................................................... 29
iv

2.5.5. Armazenamento da castanha .......................................................................................... 30


2.5.6. Infra-estruturas, Economia e Serviços ............................................................................ 30
2.5.7. Processamento do caju em Moçambique ....................................................................... 31
2.5.7.1. Processamento tradicional da castanha de caju e sua comercialização no Distrito de
Meconta. ................................................................................................................................... 32
2.6.Cadeia de valores ................................................................................................................ 33
2.6.1.Cadeia de valor do caju em Moçambique ....................................................................... 33
2.7. Comercialização ................................................................................................................ 35
2.8.Distribuição e comercialização interna: ............................................................................. 37
2.8.1. Descrição da Cadeia de valor da cultura do cajú no distrito de Meconta. ...................... 38
2.9. Impacto da produção da castanha de caju. ........................................................................ 39
Impacto Social .......................................................................................................................... 39
Habitação .................................................................................................................................. 39
2.9.1. Impacto económico ........................................................................................................ 40
Emprego de mão-de-obra ......................................................................................................... 40
2.9.2.Fonte de renda dos produtores do caju ............................................................................ 40
2.9.3.Papel do governo ............................................................................................................. 41
2.9.4. Papel do sector privado .................................................................................................. 41
2.9.5.Educação .......................................................................................................................... 41
2.9.6. Saúde .............................................................................................................................. 41
CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA. ........................................................... 43
3.1. Métodos usados ................................................................................................................. 43
3.2. Método Bibliográfico ........................................................................................................ 44
3.3.Tipo de pesquisa ................................................................................................................. 44
3.4.Universo ............................................................................................................................. 44
3.5.Amostra .............................................................................................................................. 44
3.6. Instrumentos de recolha de dados ...................................................................................... 45
3.7. Impacto da produção da Castanha de caju no País. ........................................................... 45
CAPITULO: IV ........................................................................................................................ 47
4.1. Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados............................................................. 47
Capitulo V: DISCUSSÃO DE RESULTADOS ....................................................................... 53
CAPÍTULO – VI: CONCLUSÃO SUGESTÕES .................................................................... 56
6.1. Conclusão .......................................................................................................................... 56
6.2.Sugestões ............................................................................................................................ 57
v

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA.......................................................................................... 59
APÊNDICE .............................................................................................................................. xii
Anexo ...................................................................................................................................... xiv
vi

Lista de ilustrações

Ilustração 1: Líderes comunitários ........................................................................................... 20


Ilustração 2: Edifício do Governo do distrito ........................................................................... 22
Ilustração 3: Cajueiro ............................................................................................................... 24
Ilustração 4: Produção de mudas .............................................................................................. 27
Ilustração 5: Arrolamento de provedores e atomizadores para regadio ................................... 28
Ilustração 6: Processamento tradicional de castanha de caju ................................................... 33
Ilustração 7: metodologia que se podem imputar ..................................................................... 48
Ilustração 8: melhor abordagem da melhora da qualidade da castanha ................................... 49
Ilustração 9: Realização da Campanha de tratamento da castanha de caju .............................. 50
Ilustração 10: A produtividade atinge as metas do Governo .................................................... 51
Ilustração 11: Impacto de produtos na comunidade ................................................................. 52
Ilustração 12: Implementação das políticas de produção pela comunidade ............................. 52
vii

Declaração

Pedro Fernando Romão, declaro por minha honra que este trabalho Científica é resultado da
minha investigação e reflexão pessoal e das orientações da minha, supervisora, o seu conteúdo
é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na
bibliografia final.

________________________________________
viii

Agradecimento

Os meus agradecimentos vão à Deus, pela luz, companhia, mestria, determinação e força que
tem empreendido nas minhas longas e curtas caminhadas; e pelo facto de me ter dado a vida e
força para materializar o sonho de se formar.

Para todos os que de forma incondicional, directo ou indirectamente me apoiaram para


tornar possível a realização deste trabalho, vai o meu agradecimento. E de forma especial,
agradeço o apoio concedido pelo meu pai Fernando Modas Alberto e pela minha mãe Fátima
Cássio que sempre me encorajaram a estudar, e em especial a minha família: minha esposa
Isaura João Culua e aos meus filhos, Anésia Pedro, Cleiton Pedro, Fátima Pedro, Sulaima
Pedro, Suhura Pedro e Yussuna Pedro pelo amor, carinho e compreensão que me deram
durante o meu percurso académico;

Quero também agradecer a orientadora deste trabalho, a drª Celeste da Purificação Caetano
João Simone pelo encorajamento e atenção; aos Docentes de História da UCM-CED
Delegação de Nampula pela maneira sábia como transmitiram os saberes ao longo do curso;

Ao meu irmão Razaqui Fernando Romão, amigos e colegas que sempre me prestaram apoio
necessário para elaboração deste trabalho, bem como aqueles que de forma directa ou
indirectamente contribuíram para a materialização do mesmo.
ix

Dedicatória
Aos meus pais, meus filhos e esposa
x

Abreviaturas e sigla

PRM – Polícia da República de Moçambique

SISE – Serviço de Informações e Segurança do Estado

AICAJU -Associação dos Industriais de Caju

INCAJU – Instituto Nacional do Caju.

INE- Instituto Nacional de Estatística

MAE- Ministério da Administração Estatal

Kg- Quilograma

EUA- Estados Unidos da América

AIA -Agro-Industriais Associado

% _ Percentagem

MT- Meticais

ONG-Organização Não Governamental


xi

Resumo

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa realizada no Distrito de Meconta subordinada ao tema Contributo da
Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Sócio- económico da Província de Nampula: Caso do
Distrito de Meconta, 2017-2018”. A escolha do tema, surge na sequência dos factos que nos são reportados
diariamente, relativos a economia social e desenvolvimento, que demonstram ser fundamentais para melhoria da
qualidade da vida em Moçambique. Na maior parte de tempo, o autor tem se deslocado em zonas produtora da
castanha de caju como: Mogovolas, Angoche e Mecuburi, respectivamente, tendo constatado que a produção da
castanha é ideal para o sector família. Com o rendimento adquirido nesta actividade, os produtores melhoram o
seu nível educacional, habitacional, suas condições de saúde, investimento nas outras áreas, como é o caso do
comércio e cultivo de outras culturas de rendimento contribuindo para melhoria da economia camponesa. O
Distrito de Meconta não tem muitas infra-estruturas, sendo que maior parte da população local depende da
produção da castanha de caju para a sua sobrevivência e custear as suas necessidades básicas. De modo geral, o
trabalho está estruturado em seis capítulos: I:introdução onde de forma descritiva relata o problema da pesquisa,
a justificativa, a delimitação do tema, os objectivos e as hipóteses; II: Marco Teórico; III: Metodologia de
Pesquisa IV: Apresentação e interpretação de dados V: Discussão de Resultados. VI: Conclusão e sugestões.

Palavras-chave: Produção. Castanha. Desenvolvimento. Sócio- económico.


12

CAPÍTULO I:

1. INTODUҪÃO

O presente trabalho de pesquisa tem como tema “Contributo da Produção da Castanha de


Caju no Desenvolvimento Sócio- económico da Província de Nampula: Caso o Distrito de
Meconta (2017-2018”.

Com vista a cumprir o objectivo Milenar do Ministério da Agricultura em Moçambique que é


uma produção para sair da pobreza absoluta para todos, deve-se apostar pela colocação e
valorização dos produtos e dos produtores de diversos produtos agrícolas, incluindo a
castanha de caju, para responder com as nossas formas de melhoria de rendimento.

A promoção da produção da castanha de caju constitui uma das alavancas de criação de uma
base cada vez mais sólida de geração de renda das famílias ao nível das zonas rurais em
Moçambique, visão suportada por Castel- branco, (2008), que refere que o desenvolvimento
rural deve ser concebido no quadro da industrialização rural, como base produtiva, comercial,
social e regional alargada e diversificada, viável e competitiva, para eliminar a dependência
externa e desenvolver o País.

O sector do caju em Moçambique tem uma importância estratégica para o desenvolvimento


económico do país. A produção de caju gera renda para mais de um milhão de famílias rurais,
podendo representar até 70% da receita monetária para essas famílias (Bill & Melinda Gates
Foundation-GTZ, 2008).

A produção e comercialização de castanha de caju constituem importante actividade


económica para pequenos, médios, grandes agricultores e comerciantes. O processamento da
castanha assegura emprego para milhares de trabalhadores no país, em particular nas zonas
rurais do Norte e Sul de Moçambique, onde o cultivo do fruto melhor se adaptou aos solos
arenosos e clima litorâneo das províncias de Nampula e Cabo Delgado, Gaza e Inhambane
respectivamente (INCAJU, 2005).

O sector de caju em Moçambique é uma importante componente da economia nacional.

Na reflexão acerca da pesquisa, surge a seguinte questão: Que contributo trás a produção da
castanha de caju ,no Desenvolvimento Sócio- económico da província de Nampula, Caso do
13

Distrito de Meconta, 2017-2018? Sendo assim, o autor elaborou hipóteses que foram
confirmadas com a efectivação da pesquisa a saber:

I:A produção da castanha de caju contribui no combate ao desemprego, no melhoramento


educacional, saúde, habitação, transporte, comunicação e alimentação. Ho: A produção da
castanha de caju não contribui no combate ao desemprego, no melhoramento educacional,
saúde, habitação, transporte, comunicação e alimentação.

II:A produção da castanha de caju contribui para o desenvolvimento sócio- económico, na


medida em que a empresa fomentadora reabilitam e constroem estradas e escolas.

Ho A produção da castanha de caju não contribui para o desenvolvimento sócio- económico,


na medida em que a empresa fomentadora reabilitam e constroem estradas e escolas.

A pesquisa teve como população alvo, funcionários do Governo do Distrito, técnicos do


Serviço Distrital de Actividades Económicas, 1 responsável do Incaju, produtores de caju, e
outras individualidades da sociedade civil como professores e líderes tradicionais, totalizando
a amostra de 25 seleccionados no Distrito.

1.1.Tema

Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Sócio-económico da


Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018)

1.2.Delimitação do tema

O trabalho limita–se ao estudo do “Contributo da Produção da Castanha de Caju no


Desenvolvimento Sócio- económico da Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta
(2017-2018) ”. A pesquisa será levada a cabo no Distrito de Meconta e os seus postos
administrativos, Meconta sede, Corrane, Namialo e Posto administrativo 7 de Abril com uma
densidade populacional moderada, o que determina uma ocupação de terra elevada.

Segundo Lakatos e Marcone (1992:102), “tema é o assunto que se deseja provar ou


desenvolver pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua
curiosidade científica, de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria
teoria”. Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Sócio- económico
da Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018)," nele aparecem itens
14

como: o tema, problema e justificativa; objectivos; o quadro de referência teórica; hipóteses,


aspectos metodológicos, e referências bibliográficas. Tendo em vista planificar uma pesquisa
perfeita tanto no campo e com apoio a revisão de bibliografias de autores e pesquisadores da
matéria em referencia.

O distrito de Meconta, está localizado no centro leste da Província de Nampula, confinado a


Norte com o Distrito de Muecate, a Sul com os Distritos de Mogingual e Mogovolas, a Este
com o distrito de Monapo e a Oeste com o Distrito de Nampula. Com uma superfície de 3.786
km² e uma população recenseada em 2017 de 223.760 habitantes, com uma densidade
populacional de 39.5 habitantes por km².

1.3.Justificativa

Vergara (1997), justificativa destaca a importância do tema abordado tendo em vista o


estágio actual da ciência, as suas divergências polémicas ou a contribuição que pretende
proporcionar a pesquisa para o problema abordado.

A escolha do tema „‟Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Sócio-


económico da Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018) „„ deve-se pelo
facto de, castanha de caju constituir um elemento catalisador para o desenvolvimento das
comunidades residentes nos distritos.

Actualmente um dos grandes focos do Governo de Moçambique é o desenvolvimento da


economia nacional deforma sustentável e com foco na redução da pobreza partindo dos
distritos.

A produção da castanha de caju desempenha um papel vital para um Desenvolvimento Sócio-


económico da população de Meconta, sua contribuição no Produto Interno Bruto, criação de
emprego, especialmente nas zonas rurais. A cultura de caju é de extrema importância, pois, é
maioritariamente produzida pelas famílias camponesas, existindo também alguns poucos
Produtores de grande escala, constitui como fonte de rendimento monetário para milhares de
Camponeses (1,3 milhões), podendo representar até 70% da receita do sector familiar
(INCAJU, 2010). Trata – se de uma produção com significado no combate contra a pobreza
rural, quer pelo envolvimento dos camponeses na produção como criação de oportunidades de
trabalho rural. Aliada a isto, está o facto de que o produto tem um enorme potencial para se
15

industrializar e gerar emprego em toda sua cadeia de valor, ou seja, na produção, transporte,
processamento e comercialização (VIJFHUIZEN Etal, 2003).

O Distrito de Meconta é terceiro maior produtor de caju na província de Nampula, depois do


distrito de Mogovolas e Angoche. Hoje em dia, os agregados familiares rurais no distrito têm
na cultura do caju a sua principal fonte de rendimento o que, de certo modo, permite pensar
que o desenvolvimento deste sector está certamente conduzindo a transformações na dinâmica
socioeconómica do distrito (Faostat, 2012).

Foi por este motivo que surge a iniciativa da escolha do tema de modo a perceber de como o
distrito vai dinamizar ou seja impulsionar a população de forma a olhar a cultura de castanha
de caju como uma fonte de geração de riqueza, olhando na perspectiva que o distrito é
potencial na região.

A escolha do intervalo de tempo que corresponde (2017-2018), foi pelo facto do ano de 2017
ter registado a maior produção da castanha de caju que comparativamente a outros anos e foi
comercializada a um preço muito alto, que inicialmente foi de cinquenta meticais e terminou a
cem meticais.

1.4.Objectivos

1.4.1. Geral

Segundo Rodrigues (2007), o objectivo geral indica uma acção ampla do problema, por isso
mesmo ele deve ser elaborado com base na pergunta de pesquisa. Essa acção ampla tem sido
de difícil execução e avaliação se não ocorrer sua tradução em objectivos específicos. A
presente pesquisa tem como objectivo geral:

 Analisar de que forma a Produção da Castanha de Caju impulsionará no


Desenvolvimento Sócio- económica da Província de Nampula, sobretudo no Distrito
de Meconta.

1.4.2. Específico
 Os objectivos específicos devem descrever acções pormenorizadas, aspectos
específicos para alcançar o objectivo geral estabelecido.
16

 Identificar os constrangimentos e a falta de recursos técnicos, materiais e financeiros


indispensáveis ao bom funcionamento na multiplicação de mudas;
 Identificar os principais intervenientes na promoção da produção da castanha de caju
no distrito de Meconta.

1.5. Problematização

Para Gil (1999 p.33), problema “refere-se a qualquer questão não resolvida e que é objecto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento”.

Actualmente a produção da castanha de caju está alcançando grandes patamares no distrito


de Meconta substituindo a cultura do ouro branco, vulgo algodão. Embora o crescimento da
planta e sua produtividade seja condicionado por adubos e pulverização com pesticidas
líquidos,60% da comunidade residente nesta parcela da província de Nampula, entre eles
adultos, jovens e adolescentes preocupa-se em multiplicação de mudas de cajueiro, seu
repovoamento em campos pessoais, associações e venda da amêndoa de castanha de caju ao
longo da estrada nacional n°08 sem medo de riscos de atropelamento que correm no dia-a-dia.
Esta população olha a actividade cajuicola como base económica de grande rentabilidade e de
maior poder comercial que contribui para o desenvolvimento sócio- económico da província
de Nampula em partícula distrito de Meconta, no que tange a área educacional, saúde,
habitacional, comunicação, transporte e electricidade.

Olhando para esta constatação, o autor formula a seguinte pergunta de pesquisa:

 Será que a produção da castanha de caju contribui no desenvolvimento sócio-


económico da província de Nampula em particular o distrito de Meconta?

1.6. Hipóteses

Kopnin, (1878.), A hipótese é a explicação, condição ou princípio, em forma de proposição


declarativa, que relaciona entre si as variáveis que dizem respeito a um determinado
fenómeno ou problema. É a solução provisória proposta como sugestão no processo de
investigação de um problema, resultado de “um processo activamente criador de
representação do mundo”
17

A pesquisa tem duas hipóteses para cada questão científica, uma nula (Ho) e outra
alternativa (Ha):

1.6.1. Hipótese da Questão nr:1

Ha. A produção da castanha de caju contribui no combate ao desemprego, no melhoramento


educacional, saúde, habitação, transporte, comunicação e alimentação.

Ho: A produção da castanha de caju não contribui no combate ao desemprego, no


melhoramento educacional, saúde, habitação, transporte, comunicação e alimentação.

1.6.2.Hipótese da Questão nr:2

Ha. A produção da castanha de caju contribui para o desenvolvimento sócio- económico,


na medida em que a empresa fomentadora reabilitam e constroem estradas e escolas.

Ho: A produção da castanha de caju não contribui para o desenvolvimento sócio- económico,
na medida em que a empresa fomentadora reabilitam e constroem estradas e escolas.

1.6.3.Relevância da pesquisa

A nível social, a pesquisa vai contribuir na redução dos problemas financeiros das famílias. A
nível científico, espera – se que os resultados da pesquisa constitua um instrumento de estudo
onde os estudantes vão adquirir conhecimentos na óptica do maneio e produção da castanha.
Importa ressaltar ainda que o tema poderá contribuir na componente académica,
principalmente dos futuros pesquisadores em relação aos temas ligados com a Contributo da
Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento Socioeconómico da Província de
Nampula criando um destino seguro e adequado.

Nesta fase, o pesquisador apresenta o “estado da arte”, mostrando que se encontra


actualizado sobre as últimas discussões no campo do conhecimento em estudo. Além de
artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já publicados, as monografias,
dissertações e teses constituem fontes de referência e de consulta.

Para Polya (1986:57p) a resolução de um problema é na realidade um desafio e um pouco de


descobrimento, uma vez que não existe um método rígido do qual o aluno possa sempre
seguir para encontrar a solução de um problema. O que o autor afirma é que existem passos
18

de pensamento, mais especificamente os de resolução que podem ajudar o aluno neste


processo, que são os seguintes: compreender o problema, estabelecimento de um plano,
execução do plano e o retrospecto.
19

CARACTERIZAҪÃO DO DISTRITO DE MECONTA

1.7. Localização, Superfície e População

O distrito de Meconta, está localizado no centro leste da Província de Nampula, confinado a


Norte com o Distrito de Muecate, a Sul com os Distritos de Mogingual e Mogovolas, a Este
com o distrito de Monapo e a Oeste com o Distrito de Nampula, Com uma superfície de
3.786 km² e uma população recenseada em 2017 de 223.760 habitantes, com uma densidade
populacional de 39.5 habitantes por km² ( Dados fornecidos pelo Chefe da Repartição de
Planificação do Governo do Distrito de Meconta, com base no INE–Recenseamento Geral da
População e Habitaҫão,2017).

A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.2, isto é, por cada


10 crianças ou anciões existem 12 pessoas em idade activa.

1.7.1. Clima e Hidrografia

A região apresenta um clima do tipo sub-húmido seco, onde a precipitação media anual varia
entre 800 e 1000 mm e, a temperatura media durante o período de crescimento das culturas
excede os 25˚

1.7.2. Divisão Administrativa do Distrito de Meconta

O território do Distrito de Meconta encontra-se subdividido em quatro (4) postos


Administrativos e cinco (5) localidades.

 Posto Administrativo de Meconta, com uma localidade ( Meconta-Sede);


 Posto Administrativo de Corrane, com três localidades ( Corrane-Sede , Jabir e
Mecua1);
 Posto Administrativo 7 de Abril, com uma localidade( 7 de Abril-Nacavala) e;
 Posto Administrativo de Namialo, com uma localidade ( Namialo-Sede).

1.7.3. História, Política e Sociedade.

A população de Meconta há semelhança com qualquer outra população da província de


Nampula, pertence ao grupo macua, distribuída por várias tribos, nomeadamente, adjeletche,
ayatche, amirasi, alaponi, amulima, amale, existindo em cada tribo um rei que responde pela
20

mesma, coadjuvado por uma rainha ou piamuene que, geralmente pertence a família materna
do rei.

Ao Rei, são-lhe reservados poderes mágicos, sendo o único capaz de falar com os
antepassados, já que a população acredita na vitalidade dos espíritos dos antepassados a quem
ordinariamente pedem a protecção contra a falta de sorte, pela eliminação das doenças,
abundância e agradecimento através do ritual makeya que se pratica geralmente junto dos
santuários, túmulos dos antepassados mais notáveis ou em sua evocação em momentos de
súplicas. Este é um dos rituais praticados no distrito.

A liderança tradicional é assegurada pelos seguintes representantes do poder ao nível da


comunidade:

 Régulos e Secretários do bairro;


 Chefes de grupos de povoados;
 Chefes de povoado e;

Outras personalidades na comunidade respeitadas e legitimadas pelo seu papel social, cultura,
económico e religioso.

Ilustração 1: Líderes comunitários

Fonte: Arquivo do distrito


21

1.8. Habitação e Condições Viva

Cerca de 45% da população do distrito de Meconta habita em palhotas com pavimento


de terra e cobertura de capim ou colmo, 30% em casas melhoradas e 25% em habitação de
construção convencional.

Em relação a outras utilidades, o padrão dominante é o de famílias com um telemóveis, rádio,


uma motorizada em cada família, e população estimada em 60% vivendo sem electricidade,
sem água, bebendo água colhida directamente em poços, e furos ou nos rios e lagos.

1.9. Governo Distrital

O Governo Distrital dirigido pelo administrador do distrito, está estruturado nos seguintes
níveis de direcção e coordenação:

 Gabinete do Administrador, administração e Secretaria;


 Serviço Distrital de Actividades Económicas;
 Serviço Distrital de Educação Juventude e Tecnologia;
 Serviço Distrital de Saúde da Mulher Acção Social;
 Delegação de Registo e Notariado;
 Comando Distrital da PRM.

Para além destes órgãos, estão também adstritos ao governo distrital, os seguintes
organismos:

 Tribunal judicial Distrital;


 Serviço das Prisões;
 Delegação Distrital de Salvação pública;
 Delegação Distrital de Coordenação da Acção Ambiental;
 Direcção do SISE,( Ibidem,p.14).

A gestão da vila, desde os serviços de higiene, salubridade e fornecimento de água potável é


igualmente garantida pela administração distrital.

O conselho local é um órgão distinto do Aparelho do Estado no escalão correspondente, com


as seguintes funções:
22

 Dirigir as tarefas políticas do Estado, bem como as de carácter económico, social e


cultural.
 Dirigir, coordenar e controlar o funcionamento dos órgãos do Aparelho do Estado.

O Conselho Executivo é dirigido por um presidente, que geralmente por acumulação é o


administrador do distrito, o qual é nomeado pelo Ministro da Administração Estatal.

Ao nível do distrito o Aparelho do Estado é constituído pela administração do distrito e


restantes direcções e sectores distritais. O administrador por sua vez responde perante o
governo província e central, pelos vários sectores de actividades do distrito organizados em
direcções e sectores distritais.

A governação tem por base os chefe das localidades e autoridade Tradicional. Os chefes das
localidades são representantes da administração e subordinam-se ao chefe do Posto
Administrativo e, consequentemente ao administrador distrital, sendo coadjuvados pelos
chefes das aldeias, secretários dos bairros e chefe de quarteirões.

As instituições do distrito operam com base nas normas de funcionamento dos serviços da
administração públicas, aprovadas pelo Decreto 30/2001 de 15 de Outubro, do conselho dos
Ministros, publicado, no Boletim da República n°41, Ι série, suplemento.

Ilustração 2: Edifício do Governo do distrito

Fonte: Adaptado pelo autor


23

CAPÍTULO ΙΙ: MARCO TEÓRICO

2.1. Desenvolvimento

“ É a acção ou o efeitode desenvolver (algo) ou se desenvolver, é necessário, portanto, tratar


se de acrescentar ou de melhorar / aperfeiçoar algo podendo ser de ordem físico, intelectual
ou moral” (INFOPÉDIA, 2016:73).

Se o conceito desenvolvimento for aplicado a uma comunidade humana, nesse caso está se
perante uma situação de progresso em termos económico, social, cultural e políticos.

2.2.Desenvolvimento Sócio- económico

Este tipo de desenvolvimento constitui objecto da presente pesquisa. Na perspectiva de


GARRIDO e COSTA ( 1996:53):

E o conceito de desenvolvimento que resulta de uma combinação


dialéctica entre o económico, o social e o cultural, na medida em que
todos estes elementos agem uns sobre outro. Confundem-se muitas
vezes com o crescimento económico, na medida em que se o houver,
melhorarão as condições de existência, as quais, por sua vez originam
novas necessidades.

Neste âmbito, o desenvolvimento só pode ser comunitário se for sócio- económico uma vez
que abrange quase a totalidade da vida humana e quase todos os membros de uma
comunidade.

Nesta perspectiva, o desenvolvimento sócio- económico descreve fielmente a sociedade uma


vez que é um cruzamento entre três elementos que são: o económico, o social o cultura e
políticos.

Se o conceito desenvolvimento for aplicado a uma comunidade humana, nesse caso está se
perante uma situação de progresso em termos económico, social, cultural e políticos.
24

2.3.Conceito de cajueiro e Origem

O cajueiro é uma árvore cujo fruto, a castanha de caju, é bastante apreciado em todo o
mundo, o seu nome científico é Anacardium occidentalee é uma árvore originária do nordeste
e norte do Brasil. Na natureza podemos encontrar dois tipos de cajueiro: o comum (ou
gigante) e o anão. O cajueiro comum atinge alturas que podem variar entre os 5 e os 12
metros (BARROS,198) No entanto, se as condições forem propícias, poderá atingir os 20
metros de altura. O cajueiro anão pode ter, em média, 4 metros de altura (Frota Etal, 1985). A
castanha caju é um fruto com uma forma semelhante à de um rim humano, mas mais pequeno.
Prolongando-se ao fruto, encontra-se o pedúnculo, que também é comestível e muitas vezes é
confundido como sendo o fruto (Gazzola Et ai2).

Ilustração 3: Cajueiro

Fonte: Adaptado pelo autor

Esta planta foi importada para Moçambique do Brasil a partir de meados do século XVI, no
contexto de expansão mercantil Portuguesa, durante séculos, os comerciantes portugueses
plantaram o cajueiro amplamente no continente asiático, especialmente, em SriLanka, Índia,
Indonésia, e filipina e costa da África oriental, particularmente, em Madagáscar, Zanzibar,
Tanzânia, Quénia e Moçambique para explorar a produção de castanha. Deste então o cajueiro
se foi progressivamente disseminado por quase toda a faixa do litoral Moçambicano, com
maior incidência nas regiões norte e sul dopais. Nampula e Cabo Delgado, ao norte,
Zambézia, no Centro, Gaza e Inhambane são as Províncias mais representativas em
25

quantidades de castanha produzida e que apresentam maior potencial de crescimento,


(CENTRO REGIONAL DE GEOGRAFIA AGRARIA 2012).

Produção de castanha de caju em Moçambique na campanha (2017-2018) atingiu 149. 000


toneladas na presente campanha, superando a previsão inicial de 120 mil toneladas neste foi
considerada como a maior dos últimos 30 anos, segundo o anunciou o director do Instituto
Nacional do Caju (Incaju). Ilídio Afonso Bande, citado pelo jornal “Diário de Moçambique”,
disse que na campanha de 2016 a produção de castanha foi de apenas 104 mil toneladas.

A província nortenha de Nampula assumiu uma posição expressiva, com uma contribuição de
44% na produção global, seguindo-se a vizinha Cabo Delgado (com 15%) e centro da
Zambézia (12%).

2.4.Clima e solo para o cajueiro

O cajueiro é uma planta tropical adaptada às condições nordestinas, principalmente do litoral.


As informações do clima e do solo da região, associadas às necessidades da planta, são
fundamentais para o zoneamento agrícola do cajueiro, bem como para delimitar áreas e
épocas favoráveis para a implantação da cultura, ampliando novas fronteiras agrícolas e
definindo as linhas de financiamento rural aos agricultores (Aguiar etal., 2001). Assim, o
zoneamento agrícola é uma ferramenta que orienta os agricultores sobre os riscos de
adversidades climáticas coincidentes com as fases mais sensíveis das culturas (Serrano;
Oliveira, 2013).

2.5. Sector do caju em Moçambique

2.5.1. Cenário Histórico – Evolutivo

O sector de caju é uma importante componente da economia nacional. Segundo estimativas


mais recentes, o sector beneficia cerca de um milhão de camponeses do sector familiar que
dele dependem para a sua segurança alimentar (MOLE & WEBER, 1998)1.Logo após a
independência a produção da castanha de caju começou a decair, queda esta que foi agravada
para além dos vários motivos como pressão de pragas e doenças, inapropriado maneio agro-
técnico, existência de cajueiros acima da idade de produção económica, fraca capacidade de
investigação, falta de incentivos económicos para produção, o ciclone Nádia que em 1994
derrubou cerca de 35 á 40% da popução de árvores de caju. (Chambe, 2011).
26

Segundo a INCAJU (1998), na década 70, Moçambique atingiu o recorde mundial da


castanha produzida contando com um parque cajuícola com uma população de cerca de 46
milhões de árvores com idade média de 17 anos que apresentavam um rendimento médio de
8,5 kg/ árvore, a capacidade de processamento situava-se em 150 mil toneladas/ ano, em 1972
a quantidade de castanha comercializada foi cerca de 216 mil toneladas.

Actualmente, a população de cajueiros em Moçambique encontra-se na ordem dos 26


milhões com idade superior a 30 anos com um rendimento médio na média dos 2,9 kg/ árvore
e o sector familiar contribui em cerca de 95% do total da produção comercializada situada em
cerca de 51 mil toneladas (2008), a capacidade real de processamento aproxima-se a 70 mil
toneladas por ano e muitas fábricas de processamento encontram-se paralisadas ou em vias de
paralisação por falta de matéria-prima. (INCAJU, 2010).

De acordo Grobe-Ruschamp & Seelige (2010), 42% dos agricultores moçambicanos possuem
cajueiros, ainda que em pequena quantidade, sendo que a média estatística se situa por volta
de 20 árvores por agricultor.

O número exacto de árvores no país (estimado em 32 milhões), assim como o número de


árvores produtivas (estimado em cerca de 19 milhões) são igualmente desconhecidos. Citado
por Mole & Weber, 1999

Tomando-se por base a existência de cerca de 32 milhões de cajueiros e uma produção de


80.000 toneladas. Supondo-se, ainda, que a produção seja subestimada em 20%, o rendimento
médio situa-se entre 2 e 4 kg por cajueiro. (Grobe-Ruschamp & Seelige, 2001.

2.5.2.Produção de mudas de cajueiro

Os viveiros de produção de mudas de cajueiro devem ser identificados com uma placa
contendo o nome ou razão social, o número do Registro Nacional de Sementes e Mudas
(Renascem) e a identificação do responsável técnico. O viveiro deve estar a uma distância
mínima de 50 m de qualquer planta adulta de cajueiro e, no mínimo, 20 m de estradas
públicas. O solo da área do viveiro deve apresentar boas condições de drenagem e não
apresentar histórico de problemas fitossanitários.

O cajueiro pode ser propagado tanto pela via sexual (sementes) ou assexual (propágulos). As
plantas oriundas de sementes são popularmente chamadas de “pé-franco” e tecnicamente, de
27

“mudas seminais” ou “seedlings”. Devido ao fato de o cajueiro apresentar polinização cruzada


(entre indivíduos diferentes), suas sementes são geneticamente diferentes, originando, assim,
plantas diferentes. Por isso, se essas mudas seminais forem utilizadas para o plantio no
campo, o resultado será pomares com alta taxa de heterogeneidade, os quais apresentarão
planta com copas irregulares, folhas, castanhas e pedúnculos com tamanhos, formatos e cores
diferentes; características indesejáveis agronomicamente.

Ilustração 4: Produção de mudas

Fonte: Adaptado pelo autor

2.5.3.Tratamento de cajueiro

A pulverização é feita através de atomizadores que funcionam à base de gasolina e de óleos


lubrificantes. Assim como a limpeza de cajueiros é uma operação crucial na medida em que
determina não só a produtividade dos cajueiros, a qualidade da castanha como também
minimiza as perdas resultantes das queimadas descontroladas

Demonstra a quantidade de provedores e as máquinas atomizadores existentes no distrito de


Meconta.
28

Ilustração 5: Arrolamento de provedores e atomizadores para regadio

Fonte: Adaptado pelo autor

Cajueiro tal como outra planta pode ser atacado por doença, uma das frequente é o oídio do
cajueiro, doença que na última década vem devastando pomares em todo o País, pode ser
controlado com a aplicação de enxofre – um produto inócuo à saúde humana e ao meio
ambiente e apropriado para cultivos orgânicos. Cientistas da Embrapa Agro-indústria
Tropical (CE) observaram que o enxofre é capaz de controlar a doença, reduzindo a
incidência a menos de 10% nos pomares acometidos.
29

Muito agressivo, o oídio ataca os tecidos jovens da planta, as inflorescências, pedúnculos e


castanhas. Provoca o abortamento das flores e deformações, rachaduras e varíolas nos
pedúnculos e frutos. O ataque provoca prejuízos tanto ao mercado de castanha quanto ao de
caju de mesa. Um sintoma comum é a variegação (presença de zonas com alteração de cor) na
maçã do caju. Esse dano é observado em quase todos os clones comerciais acometidos e
provoca redução do preço como fruta de mesa, um importante nicho de mercado do
agronegócio do caju.

O pesquisador Emilson Cardoso (1998:209p) explica que além do enxofre elementar, que
pode ser polvilhado nos pomares, os produtores têm à disposição um produto industrializado à
base de enxofre com Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). A recomendação é para que os produtores façam três aplicações semanais com o
produto logo na primeira florada dos cajueiros.

Emilson Cardoso acrescenta que o enxofre elementar é um produto natural e acessível, mas
que apresenta a desvantagem de necessitar de um equipamento específico para polvilharem-
to. Por este motivo, os produtores obtiveram em 2015, a partir de recomendação da Embrapa,
o Registro no Mapa de produto à base de enxofre. O defensivo agrícola liberado é solúvel em
água e pode ser aplicado com equipamentos de pulverização facilmente encontrados nas
propriedades, o que facilita o controlo. (agricultura tropical @embrapa).

2.5.4.Colheita da Castanha

A colheita da castanha de caju realiza-se após a queda natural dos frutos da árvore para o
solo/chão. Nessa altura, a castanha já estará madura. Nesta nunca deve colher castanhas
verdes ou imaturas que estejam na árvore. E importante cair sozinha e não bata com paus ou
bambus. A apanha deve ser realizada 2 a 3 vezes por semana de forma a evitar que as
castanhas permaneçam muito tempo no campo, pois pode cair chuva que vai prejudicar as
castanhas, podendo absorver humidade e que provoca a germinação e reduz a qualidade da
amêndoa no processamento. As castanhas furadas, chochas, verdes ou malformadas também
devem ser apanhadas, mas imediatamente devem ser separadas das boas. A produção da
castanha de caju é assegurada ao nível do distrito por dois intervenientes, produtores
familiares que exploram menos de 100 plantas e produtores privados que exploram mais de
100 plantas. Ao nível do distrito existem aproximadamente 1400 produtores/apanhadores de
castanha de caju e um total de 100 provedores de serviços.
30

A produção do sector familiar é cerca de 95% do total de produtores, onde cada família tem
em média 24 cajueiros. Desde o início das actividades de extensão no sector do caju houve
aumento das áreas de cultivo bem como a substituição de cajueiros envelhecidos por novos
(replantio) e ainda uso de técnicas de substituição da copa como forma de conferir maiores
ganhos ao produtor.

Actualmente a produção média ao nível do distrito situa-se na ordem das 12kg por cada
planta sendo as principais dificuldades enfrentadas na produção, o facto de grande parte da
população de cajueiros apresentarem rendimentos decrescentes justificados pela idade velha
das plantas, incidência de doenças (maioritariamente fúngicas) e não uso das práticas
fitossanitárias.

A Colheita bem-sucedida está também condicionada pelas condições climáticas. Ao nível do


distrito as colheitas são realizadas desde os finais de Outubro até a 1ª quinzena de Janeiro.
Outro problema é o da colheita prematura principalmente quando se eleva a demanda de
castanha a nível do mercado local o que origina problemas na qualidade da castanha e
problemas no armazenamento.

2.5.5. Armazenamento da castanha

Depois de limpa, seca e seleccionada, a castanha pode ser armazenada até um ano. Os
armazéns devem ter boa ventilação, janelas e portas que não permitem a entrada de insectos e
roedores. No momento de armazenar, o produtor deve eliminar a castanha chocha, avariada,
furada, manchada e enrugada. O armazenamento da castanha deve ser feito em sacos de juta,
com capacidade de 80 kg. Os sacos deverem ser empilhados sobre estrados de madeira, a uma
altura que varia entre 5 a 10 cm. As pilhas não devem encostar as paredes para permitir a
circulação do ar. Evite usar sacos de ráfia/náilon, pois cria humidade que reduz o tempo de
conservação e provoca o apodrecimento da amêndoa.(https://www.embrapa.br/busca)

2.5.6. Infra-estruturas, Economia e Serviços

Segundo o MAE (2005). O distrito de Meconta conta com uma rede rodoviária que
estabelece ligações entre a sede distrital de Meconta á capital provincial de Nampula,
Meconta ao distrito de Monapa via Nacala, ligações telefónicas (móvel e fixa) e conta com
electricidade da rede nacional de Cahora-Bassa, o abastecimento de água é deficiente onde as
31

populações recorrem em furos mecânicos ou percorrem em média 1km para ter acesso a água
buscada directamente dos rios. O distrito possui 113 escolas, 16 unidades sanitárias.

Dos 305,6 mil hectares do distrito, estima-se em 219 mil hectares o seu potencial de terra
arável, estando ocupados pelo sector familiar agrícola cerca de 65 mil hectares (MAE, 2005).

A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agregados familiares. Dada a


composição alargada da maioria dos agregados moçambicanos, a estrutura de exploração
agrícola do distrito reflecte a base da economia familiar, constatando-se que 85% das
explorações são cultivadas por três ou mais membros do agregado familiar. Estas explorações
estão divididas em cerca de 60 mil parcelas, 80% com menos de meio hectare e exploradas
em 60% dos casos por mulheres. De realçar que 20% do total de agricultores são crianças
menores de 10 anos de idade, de ambos os sexos (MAE, 2005).

Na região apontam-se 3 sistemas de produção praticados em planaltos baixos (abundância de


culturas alimentares como mandioca, milho, arroz pluvial nos vales e feijões), a segunda
predominam culturas de mapira e consociada ocasionalmente com milho e feijões, mexoeira e
amendoim e no terceiro sistema aparece o gergelim que constitui a principal cultura de
rendimento da região.

É de salientar que a qualidade das infra-estruturas tem grande importância, no que se refere ao
transporte da mercadoria, no caso específico da castanha de caju. Kanjie tal (2004)
confirmam: “A possibilidade de os pequenos produtores venderem a sua castanha de caju
depende do seu acesso aos mercados, o que, por sua vez, depende muito do acesso às estradas
principais e da distância a que estas ficam”.

A maior parte das fábricas de processamento encontra-se na província de Nampula, e grande


percentagem da produção desta província destina-se à exportação, provavelmente, devido à
proximidade com o Porto de Nacala, daí a importância da qualidade dos portos.

2.5.7. Processamento do caju em Moçambique

A castanha de caju é um dos produtos mais importantes de exportação em Moçambique. O


processamento do caju providencia emprego e é um estímulo económico entre as
comunidades rurais pobres. (AICAJU, 2008).
32

No processamento de caju em Moçambique, a incapacidade tecnológica de competir


internacionalmente são em termos de qualidade e escala factores que afligem o sector.

(Mole & Weber, 1999).

No período antes da independência o país tinha um número significativo de fábricas de


processamento de caju e o país exportava quantidades significativas de castanha em bruto.
Logo após a independência a produção começa a declinar resultando em seguida a proibição
da exportação em 1978 in natura da castanha de caju, mas mesmo com a adopção da medida
os problemas no sector persistem quer no sector familiar como no sector industrial. (Mole
&Weber, 1999).

No período antes da independência o país tinha uma produção média de 168.771 toneladas e
processava 75% da produção nas 16 fábricas existentes, após a independência (1975 a 1980) a
produção média diminuiu para 135.180 toneladas e de 2007 a 2011 a produção média foi de
96.400 toneladas e foi processada 51% da produção (INCAJU, 2012).

Em 1995 foi liberalizada a exportação em bruto da castanha de caju como forma de reverter a
situação e abrindo ao nível do sector o comércio internacional e elevar o preço da castanha
junto ao produtor bem como criar incentivos para o melhoramento de árvores existentes e
criação de novas árvores. (Mole & Weber, 1999). Esta medida teve um impacto directo na
indústria de processamento local que se confronta com o seu directo competidor (industria
indiana), quanto aos preços ao produtor.

2.5.7.1. Processamento tradicional da castanha de caju e sua comercialização no Distrito


de Meconta.

Devido ao baixo custo e oscilação de preços de venda da castanha de caju, uma quantidade
estimada em 10 à 15% da produção local os produtores e comerciantes informais locais não
submetem a comercialização industrial, destinam ao processamento tradicional e posterior
comercialização ao longo da estrada Nacional nº 08 que liga a cidade de Nampula ao distrito
de Nacala Porto envolvendo quase pessoas de todas as idades e sexo: menores de 10 anos,
adolescentes, jovens e adultos com justificativa de obtenção de mais renda, nesta modalidade
de comercialização do que vender para a indústria.
33

Ilustração 6: Processamento tradicional de castanha de caju

Fonte: Adaptado pelo autor

2.6.Cadeia de valores

A cadeia de valor é o conjunto interligado de todas as actividades que criam valor, desde
uma fonte básica de matérias-primas, passando por fornecedores de componentes, até a
entrega do produto final às mãos do consumidor.

2.6.1.Cadeia de valor do caju em Moçambique

Uma cadeia de valores dos produtos agrícolas é um sistema composto por actores e
organizações, relações, funções e fluxo de produtos, dinheiro e valores que possibilita a
transferência de um produto ou um serviço do produtor ao consumidor final.

Uma análise de cadeia de valores do caju, revela seis principais actividades responsáveis pelo
valor acrescentado nomeadamente: fornecimento de insumos, produção, colheita,
comercialização local, a exportação do caju em bruto, processamento local, e a exportação de
amêndoa processada.

a) Insumos: Os principais insumos utilizados pelos pequenos produtores para a produção de


cajú são mudas, sementes e pesticidas para combater doenças fúngicas. A principal fonte
desses insumos é a INCAJU, que, ao longo dos anos liderou a replantação de plantas de cajú,
bem como o controle de pragas e doenças.

Várias ONG‟s também têm sido activas no apoio a multiplicações e repovoamento de árvores,
bem como no controle de doença fúngica utilizando químicos sintéticos e tratamentos.
34

b) Produção: Os pequenos produtores dominam a produção de caju no país representando


mais de 95% da produção total. Os produtores de caju de sector familiar têm em média 60
árvores por cada família, embora as diferenças existentes em termos de número de árvores
podem ser maiores.

A produção é caracterizada por baixos rendimentos e de má qualidade, a produtividade média


por árvore é baixa com cerca 2,9 a 8,5 kg / planta. BLID, Nina etal.

Tabela: Componentes chave especificado no plano director de caju

Produção Comercialização Processamento


Insuficiência da produção --Sistema de comercialização --Insuficiência da
nacional de castanha de caju produção da castanha
Desregrado, anárquico
em Quantidade e Qualidade
--Baixo rendimento
--Ausência de um sistema básico
–-Falta de variedades em termos de teor da
de normação e qualidade
melhoradas apropriadas amêndoa

--Ausência/deficiente cultura de
–Baixa produtividade devido --Simultaneidade da
às doenças, especialmente liberalização e da
contratos entre os intervenientes
Oídio privatização não
--Falta/insuficiência de permitiram às
–Falta de incentivos
financiamento empresas adaptarem-
suficientes para investir no
se
melhoramento de cajueiros --Fraco (quantidade) movimento
existentes ou novos plantios --Contínua degradação
Associativo
da qualidade da
–Falta de serviços adequados
castanha nacional
--Deficientes práticas agro-
de extensão e crédito
técnicas e de manuseio pós-
--Custos de infra-
–Falta de rede comercial de colheita
estrutura demasiado
insumos
elevados
--Insuficiência/deficiência de
infra-estruturas
--Incapacidade (preço)
de competir com os
--Circuito longo de distribuição,
exportadores, de modo
35

resultando em reduzidas margens a produzir ao nível do


de comercialização ponto crítico de
vendas

--Lei de trabalho não


flexível

--Pesadas
imobilizações
financeiras (IVA) com
a aquisição da
castanha

--Impostos elevados
na importação de
materiais,
particularmente os
deembalagem

--Elevada
obsolescência técnica
e Tecnológica

Fonte: Adaptado pelo autor

2.7. Comercialização

O artigo 4 de decreto 33/2003 preconiza que a comercialização e exportação da castanha de


caju serão exército em regime de concorrência, de harmonia com as normas regulamentares
estabelecidas na pertinente legislação de actividade comercial. E no artigo 5 diz a
comercialização da castanha de caju no mercado nacional será realizada por pessoas
singulares e colectivas que satisfaçam, pelo menos ou no mínimo, uma das seguintes
condições:

 Ser produtor individual ou associado de castanha de caju;


36

 Ser comerciante que possua na sua licença ou seu alvará a classe que lhe confere o
direito de comercializar castanha de caju.;
 Ser industrial devidamente licenciado nos termos da Lei

O processo de comercialização da castanha de caju em Moçambique vai ser dividido em


fases, sendo que a primeira ficará reservado a comerciantes nacionais, disse director-geral do
Instituto de Fomento do Caju ( Incaju ). Nampula o Ilídio Bande, que falava durante a
segunda reunião do Comité do Caju, que agrupa todos os intervenientes na cadeia de valor
desta cultura de rendimento, acrescentou que os comerciantes estrangeiros apenas poderão
participar no processo de comercialização na segunda e na terceira fase.

O presidente do Incaju, citado pela agência noticiosa AIM, informou que estas alterações
fazem parte de um novo regulamento que “em breve” irá enquadrar a comercialização e
restante cadeia de valor da castanha de caju em Moçambique. Bande disse também que o
instituto que dirige está a propor a definição do preço de referência para garantir que tanto o
produtor como os industriais obtenham ganhos.

No período em estudo, no distrito de Meconta, foram comercializadas 42.979 toneladas de


castanha de caju. A comercialização interna da castanha é conduzida por dois grupos de
intervenientes: uns que desenvolvem a actividade de forma licenciada comummente
chamados “comerciantes formais” e os que não tem a actividade de comercialização de forma
licenciada os “informais”.

Os comerciantes formais ocupam postos fixos em lojas localizadas na sede do distrito e nos
postos administrativos onde o produtor/apanhador de pequenas quantidades vai junto a estes e
comercializa a sua castanha. Os comerciantes informais ficam dispersos pelos mercados
locais e vão comprando a castanha para a posterior revenderem aos comerciantes formais.

O preço da castanha no mercado local varia de safra por safra e esta é muitas vezes
condicionada a sua subida com a chegada de exportadores chamados “grandes compradores”
que normalmente impõem preços elevados.

O processo de comercialização interno enfrenta dificuldade devido á:


37

 Acessibilidade aos locais de produção situação que se agrava na época chuvosa onde
as vias de acesso ficam quase intransitáveis. Concorrência desleal com o sector
informal;
 Inexistência de infra-estruturas apropriadas para o armazenamento da castanha;
 Contacto directo do produtor com exportador e industriais o que reduz os lucros dos
comerciantes uma vez que os exportadores e industriais são compradores da castanha
preste adquirida ao produtor.

Tomando-se por base a existência de cerca de 32 milhões de cajueiros e uma produção de


80.000 toneladas. Supondo-se, ainda, que a produção seja subestimada em 20%, o rendimento
médio situa-se entre 2 e 4 kg por cajueiro. (Grobe-ruschamp & Seelige, 2010.

2.8.Distribuição e comercialização interna:

Os comerciantes informais não licenciados chegam a zonas mais remotas, a pé, de bicicleta e
de transportes públicos. Outros estabelecem pontos de compras ao longo das estradas rurais
para adquirir os produtores rurais.

As lojas rurais e outros comerciantes de escala média fazem compra em nome dos grandes
comerciantes, como a GANI ou EXPORT MARKETING, ou ainda para fábricas de
processamento.

Há duas vias principais para a comercialização de castanha de caju:

Exportação da castanha crua principalmente para Índia;

 Venda as fábricas de processamento.

No entanto nota-se que o sistema de comercialização de caju é afectado pela ausência de


classes e padrões para castanha de caju, além disso há poucos intervenientes no topo da cadeia
de comercialização que faz com que eles dominem o processo.

d) Processamento: Em 2017/2018, a indústria Moçambicana processou, 47.801


toneladas de castanha de caju, no total da produção de cerca de 149.000 toneladas (INCAJU,
2018).
38

e) Mercado externo: O E.U.A é o maior mercado do mundo, com uma demanda de


cerca de 85.000 toneladas por ano. As importações europeias de amêndoa de castanhas de
cajú aumentaram de menos de 20.000 toneladas para quase 50.000 toneladas por ano na
última década (GIZ, 2010).

A Holanda é o maior mercado europeu responsável por cerca de 1 / 3 das importações,


embora a maior parte deste montante é posteriormente exportada para outros mercados
europeus e E.U.A. Outros grandes mercados são Canadá, Japão, Austrália, a Índia e o Médio
Oriente (GIZ, 2010).

O volume de castanha de caju moçambicano processado é maioritariamente exportado pela


empresa de comercialização AIA Lda, a qual é composta por todas outras empresas
grandes/médias de Nampula. A AIA proporciona os seus membros o armazenamento
centralizado, consolidação de carga, transporte até ao ponto de compra e publicidade da marca
(INCAJU, 2012)

2.8.1. Descrição da Cadeia de valor da cultura do cajú no distrito de Meconta.

A cadeia de valor é constituída pelas seguintes etapas:

a) Insumos;
b) Produção e pós-colheita;
c) Comercialização interna;
d) Processamento;
e) Consumo;
f) Exportação;

a) Insumos

Ao nível do distrito de Meconta os principais insumos utilizados no sector do caju são


sementes melhoradas (mudas) e pesticidas (fungicidas) como Voltraide, Karate e Oxicloreto
de cobre para o combate principalmente do Oídio.

O processo de distribuição de insumos tem-se levado a cabo pela INCAJU em parceria com a
GIZ instituições que trabalham no sector do caju junto ao produtor para elevar a produção a
39

custo zero. No período em estudo foi programado a distribuição de 15000 mudas e só foram
entregues 11580 mudas.

As principais dificuldades encontradas na distribuição de insumos assentam-se


essencialmente em dois aspectos:

i. Pelo facto da não cobertura total de produtores condicionado pela não identificação de
produtores na totalidade devido a inacessibilidade aos campos dos produtores bem como a
não aderência aos movimentos associativos o que faz com que as necessidades de insumos
sejam insuficientes para a população de produtores.

ii. O produtor responsabiliza a INCAJU na distribuição de mudas enquanto os programas de


distribuição de mudas prevê que os produtores adquiram as mudas juntos dos viveiros da
empresa.

INCAJU e AICAJU confronta-se com problemas de transporte e combustível para


distribuição das mudas junto do produtor.

2.9. Impacto da produção da castanha de caju.

Impacto Social

Habitação

A habitação é de interesse social, portanto, interage com uma série de factores sociais,
económicos e ambientais, e é garantida constitucionalmente como direito e condição de
cidadania. Neste âmbito, do inquérito realizado verificou-se que cerca de 25% dos produtores,
tem suas habitações construídas de material convencional,30% construção melhorada coberta
com chapa de zinco e 45% dos produtores têm as suas residências construídas de material
local (estacas, capim, blocos de matope).
40

2.9.1. Impacto económico

Emprego de mão-de-obra

A fábrica de processamento Indo-África instalada na vila sede do distrito de Meconta conta


actualmente com um total de 1000 funcionários contra os cerca de 2000 inscritos entre eles
Sazonais e Efectivo.

2.9.2.Fonte de renda dos produtores do caju

Os produtores de caju do Distrito de Meconta olham a produção e processamento do caju


como uma alternativa viável, uma vez que esta cultura tem mercado de absorção garantido e
denota-se com escassez de postos de emprego e na maioria da população tem um nível baixo
de escolaridade o que lhes limita a concorrência do emprego com a população dos distritos
mais próximos.

O rendimento dos produtores obtido da comercialização da castanha de caju (em média cerca
de 102.220,14 Mt por campanha,) é usado para a aquisição de bens de consumo como
alimentos, vestuário, bebidas, utensílios, domésticos, material de educação, material de
construção, e bens de investimentos, como os equipamentos agrícolas, aluguer de tractores e
charruas, que têm sido muito importantes para aumentar a produção e a produtividade nas
machambas. A produção de caju não é a sua única cultura praticada na actividade agrícola,
produzem outras culturas ,trabalham nas machambas dos outros, aluguer, praticam o comércio
de bebidas e produtos alimentares, exploração de carvão vegetal, bem como alguns produtores
inqueridos declararam que são funcionários do aparelho do estado (administração e
educação), no entanto a produção de caju para o processamento para alguns é vista como base
de sustento e falta de alternativas para arrecadação de renda e para outros, como uma forma
de diversificar a fonte de renda, estas constatações são suportadas por Schneider (2003),
afirmando que, as unidades familiares são compelidas a buscar novas fontes de renda fora da
propriedade devido ao ingresso em um ambiente competitivo, o que impede que sobrevivam
apenas, e exclusivamente, dos ganhos obtidos com as actividades agrícolas e dada essa nova
configuração do mercado de trabalho e da importância que assume o espaço rural como um
espaço mercantilizado de bens e serviços, dessa forma, as unidades familiares agrícolas
tornam-se pluriactivas.
41

2.9.3.Papel do governo

Como forma de incrementar o investimento ao nível do sector da indústria do caju a


intervenção do governo é de vital importância como condicionador de um ambiente atractivo
ao nível das zonas onde as agro-indústrias serão implantadas. (AICAJU, 2008).

O governo melhora o acesso aos serviços sociais em particular saúde, contribui para o
estabelecimento de um sentimento de estabilidade do emprego por parte dos trabalhadores
melhorando e mantendo as infra-estruturas rurais (electricidade, água, estradas, pontes
etc.),que permite um maior fluxo comercial nas zonas de processamento, demonstrando um
compromisso a longo prazo tendo a indústria como uma empregadora credível e alternativa
complementar às actividades sazonais. (AICAJU, 2008).

2.9.4. Papel do sector privado

O sector privado é responsável por providenciar condições de trabalho apropriadas, gerir as


unidades de forma a garantir a sua permanente modernização, criar incentivos em função do
desempenho no trabalho, facilitar o bem-estar do trabalhador assegurando transporte,
refeições, apoio às trabalhadoras mães, providenciar um treinamento intensivo e permanente,
troca de informações e experiências entre as diversas empresas processadoras. (AICAJU,
2008).

2.9.5.Educação

O nível educacional está directamente relacionado com a ocupação remunerada. Do ponto de


vista económico, há evidências de que a educação contribui significativamente para elevar a
produtividade dos trabalhadores e consequentemente contribui para o desenvolvimento do
país, assim, quanto maior a escolaridade das populações, maior a possibilidade de geração de
renda permanente e a capacidade de aquisição e manutenção da habitação (Silva e Kassouf,
2002).

2.9.6. Saúde

Para uma análise mais específica sobre essa relação, a saúde é definida como “um estado de
amplo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doenças e enfermidades”
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2006). Compreendida dessa forma, é um
42

processo instável, sujeito a mudanças rápidas e fortemente influenciado por acções do sujeito
e do ambiente. Embora haja certa prevalência, principalmente nos instrumentos indicadores,
de uma abordagem de saúde mais próxima das residências dos indivíduos, a abrangência
desse elemento se apresenta de forma bem ampla, relacionada a aspectos físicos, emocionais,
de relacionamentos, ligada ao bem-estar (GARCIA, 2002).

A saúde pública/saúde colectiva é definida genericamente como campo de conhecimento e


de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à promoção da saúde das populações
(Sabroza, 1994).
43

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA.

3.1. Métodos usados

Segundo Lakatos, E. M; Marconi, M. (1992:103p). Define metodologia como sendo


“procedimento a ser seguido na realização de uma pesquisa” Neste contexto engloba todos os
procedimentos técnicos usados numa investigação científica.

Segundo Cervo e Derviano (1989, p:20) metodologia “ é o conjunto de processos que o


espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade”.

A metodologia constitui o caminho sistemático e organizado para que o autor do trabalho


alcance os objectivos previamente estabelecidos. O trabalho ligado as metodologias muitas
actividades que organizamos em tipos de pesquisa (quanto aos objectivos, quanto abordagem,
quanto aos procedimentos, universo, amostra e instrumentos de recolha de dados).

Para realização do presente trabalho usou-se a metodologia qualitativa.

A pesquisa qualitativa, responde a questões particulares. Em ciências sociais, preocupa-se


com um nível de realidade que não pode ser quantificado (MINAYO, 1993). Neste contexto
para o estudo temos a melhoria da qualidade de vida (Saúde, Habitação condigna e Educação,
Alimentação, Transporte).

Quando ao procedimento, a pesquisa é do campo e bibliográfica. Por isso Rodrigues,


(2007:7), citado por Marconi diz que a pesquisa do campo “ é aquela que visa a observação
dos factos tal como ocorrem. Não permite isolar e controlar as variáveis, mas perceber e
estudar as relações estabelecidas ”

O trabalho de campo foi realizado durante o período compreendido entre Agosto e Outubro
de 2019. O trabalho consistiu numa entrevista feita aos produtores de caju, técnicos do
Governo do Distrito, técnicos do Serviço Distrital das Actividades Económicas, responsável
da Incaju em Nassuruma, professor, e outras individualidades da sociedade civil.
44

3.2. Método Bibliográfico

“ O Método de pesquisa bibliográfico procura explicar um problema a partir de referencias


teóricas e/ou revisão de literatura de obras e documentos que se relacionam com o tema
pesquisado” Mattos (2003:19)

Em qualquer pesquisa, exige-se a revisão de literatura, a pesquisa bibliográfica é que permite


conhecer, compreender e analisar os conhecimentos culturais e científicos já existentes sobre
o assunto, tema ou problema investigado.

3.3.Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa será exploratória, pois, o investigador, à luz do conhecimento disponível,


determinara as principais variáveis que deverão ser trabalhadas, tais como: o número de
população residente no distrito de Meconta, Segundo Köche (2011:67), na pesquisa
experimental (em que medida x afeta y) o investigador analisa o problema, constrói suas
hipóteses e trabalha manipulando os possíveis factores, as variáveis, que se referem ao
fenómeno observado, para avaliar como se dão suas relações preditas pelas hipóteses. Nesse
tipo de pesquisa a manipulação na quantidade e qualidade das variáveis proporciona o estudo
da relação entre causas e efeitos de um determinado fenómeno, podendo o investigador
controlar e avaliar os resultados dessas relações.

3.4.Universo

Segundo Köche, (2011: 68p), População ou universo é o conjunto de elementos abrangidos


por uma mesma definição. Esses elementos têm, obviamente, uma ou mais características
comuns a todos eles, características que os diferenciam de outros conjuntos de elementos.

3.5.Amostra

Segundo Köche (2011:68p), a técnica designada por amostragem (processo de selecção de


uma amostra) conduz à selecção de uma parte ou subconjunto de uma dada população ou
universo que se denomina amostra, de tal maneira que os elementos que constituem a amostra
representam a população a partir da qual foram seleccionados.

No respeitante ao trabalho ora em plano, a questão a analisar será a que tiver maior
dificuldade no respeitante ao processo de produção e comercialização da castanha de caju no
45

Distrito de Meconta. A pesquisa conta com uma amostra de 4 bairros: Nacavala, Muchelo,
Meterepa e Nassuruma que constituem os bairros mais populosos e produtores da castanha no
Distrito e técnicos do serviços distrital de actividades económicas, 1 responsável do incaju,
produtores de caju, e outras individualidades da sociedade civil como professores e líderes
tradicionais, totalizando a amostra de 25 seleccionados no Distrito.

3.6. Instrumentos de recolha de dados

Segundo o Köche, (2011:69p), deve-se explicar os tipos de instrumentos que serão utilizados,
se são questionários com questões abertas ou fechadas, formulários de entrevistas, fichas de
observação ou outros, anexando-se, ao final do projecto, um modelo.

Para a satisfação da pesquisa ora em plano, o pesquisador teve como instrumento de recolha
de dados o questionário com questões abertas, que consistiu em fazer perguntas preparadas e
direccionadas as pessoas seleccionadas.

Neste capítulo, o conteúdo resulta o que pormenorizadamente foi constatado no Distrito de


Meconta, através das entrevistas efectudas junto dos funcionários da administração do
distrital, das actividades económicas, professores, líderes tradicionais, produtores da
castanha de caju , no sentido de apurar a contribuição da produção da castanha no
desenvolvimento sócio – económico na província de Nampula ,em particular no Distrito
de Meconta no período de 2017 a 2018.

3.7. Impacto da produção da Castanha de caju no País.

A castanha de caju é basicamente produzida na região Norte e Centro de Moçambique, com


cerca de 400.000 famílias rurais, cria cerca de 30.000 empregos na sua cadeia de produção e
de valor. É primeiro maior produto de exportação na área agrícola. Para maior produção,
ultimamente é condicionada por insumos de produção a crédito, assistência de produtores.

De acordo com Armando Quisato, entrevistado no dia 13 de Outubro a margem da pesquisa


que por sinal é um dos grandes produtores da castanha no Distrito de Meconta, afirmou que “
a produção da castanha tem muita vantagem, contribuí na melhoria da sua vida porque com a
venda deste produto compra muitos bens como: alimentos, vestuário, bicicleta, telemóvel,
painel solares para iluminação, motas, paga matricula e cadernos aos seu filhos, submetem
46

seus filhos a formações profissionais, constrói habitação melhorada, assim como pagamento
de imposto ao Estado e resolver outros pequenos problemas que nos apoquentam”.
47

CAPITULO: IV

4.1. Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados

P1: Qual é a metodologia que se pode imputar aos produtores de forma a inserir a
produção da castanha de caju como cultura de rendimento?

R1: Cinco técnicos do governo do distrito de Meconta, foram unânimes ao afirmar que a
metodologia por imputar aos produtores de forma a inserir a produção da castanha de caju
como cultura de rendimento é, criação de condições favoráveis e incentivos ao produtor
como: facilidade de acesso ao crédito pelos pequenos produtores, para que estes possam
adquirir entrada e ter acesso aos serviços agrários; Promover o investimento, tornando o
subsector do caju mais atractivo, através de políticas que beneficiem o produtor. Por
intermediação da INCAJU e por ser responsável do fomento deste sector, o governo deve
criar políticas estratégicas e acções, assentes nas fragilidades e potencialidades do sector que
permitam promover o agro negocio no sector de caju, e conferir maiores ganhos ao produtor;
mobilizar mais investimentos para o fomento do sector da industria de modo que hajam mais
fabricas de processamento da amêndoa do caju, cuja possam absorver grande parte da nossa
produção para gerar mais posto de emprego e negociar com as firmas compradoras da
castanha no estabelecimento de preço de compra que não prejudiquem os produtores e
fiscaliza-los para evitar especulação .

Três (3) técnicos do Serviço Distrital das Actividades Económica do distrito de Meconta
mais cinco (5) professores foram unânimes ao afirmar que, para imputar aos produtores a
inserir a produção da castanha de caju como cultura de rendimento, a intervenção do governo
é de vital importância, deve criar políticas de negociação dos preços de venda da castanha
para motivar o esforço dos produtores e efectuar fiscalização de modo a evitar especulação de
preços. Visto que, muitas das vezes os preços estabelecidos só têm beneficiado as firmas
compradoras prejudicando os produtores.

Incrementar investimentos no sector da indústria para alimentar a competição no mercado


local, tendo a industria como uma empregadora credível e alternativa complementar as
actividades sazonais poderá alimentar a esperança dos produtores e estarão motivados a
incrementar a produção da castanha e vê-la esta actividade como cultura de geração de
rendimento.
48

Doze (12) entrevistados entre eles produtores da castanha, líderes comunitários e sociedade
civil que correspondem a 3% do universo afirmaram que a metodologia por imputar aos
produtores de forma a inserir a produção da castanha como cultura de rendimento é aumentar
o preço da venda da castanha, reduzir os custo da gasolina e óleo de lubrificação dos motores
de pulverização visto que os pulverizadores compram elevadíssimos preços refugiando-se nos
combustíveis, criar mais fabricas de processamento de amêndoa de castanha que absorvam
grande parte da produção para garantir emprego até a campanha subsequente, visto que a
actual fabrica que opera no nosso distrito tem ficado sem matéria-prima e despede os
trabalhadores com promessa de solicita-los logo que tiver o produto.

Ilustração 7: metodologia que se podem imputar

20%
Tecnicos
48%
Soc.Civil
Produtor
32%

P2: Qual é a Melhor Abordagem para Resolver o Problema de Baixa Qualidade de


Castanha?

R2: Vinte e dois (22) entrevistados que correspondem 88% do universo afirmara que para
resolver o problema de baixa qualidade da castanha de caju está no próprio instituto de
fomento de caju, deve apostar na criação de programas de longo prazo que visem a formação
dos agricultores, de modo que estes possam fazer uso de novas técnicas, com o objectivo de
aumentara a produção, a produtividade e a qualidade da castanha.

Promover palestras que visam sensibilizar os pequenos, médios e grandes produtores da


castanha de caju a aderirem as novas técnicas agrícolas e boas praticas de tratamento das
plantas, pulverização, poda, limpeza em volta dos cajueiros para evitar queimadas
descontroladas e para que as castanhas possam cair em lugares limpos e facilitar a apanha;
49

Mobilizar os produtores para colher a castanha de caju em tempo próprio após a queda natural
dos frutos da árvore para o solo/chão. Nunca deve colher castanhas verdes ou imaturas que
estejam na árvore; É importante que a castanha caia sozinha e não bata com paus ou bambus.

A apanha da castanha deve ser realizada 2 a 3 vezes por semana de forma a evitar que as
castanhas permaneçam muito tempo no campo, pois pode cair chuva que vai prejudicar as
castanhas, podendo absorver humidade e que provoca a germinação e reduz a qualidade da
amêndoa no processamento.

R2. Três técnicos das Actividades Económica do distrito afirmaram que a melhor abordagem
para resolver o problema de baixa qualidade da castanha é, as Associação comerciais e
produtoras da castanha devem colaborar com as autoridades locais, comunitária e o instituto
de fomento de caju na divulgação do Regulamento de comercialização da castanha,
fiscalização e fixação de penalização aos que infringem o Regulamento porque a baixa
qualidade da castanha é muitas vezes causada por praticas eliciadas da comercialização no
processo da colheita deste produto: fervura da castanha verde para forçar a secagem,
mergulho da castanha com objectivo de aumentar o peso e arranque precoce/directamente da
árvore antes de atingir a maturidade natural. Para além da existência de produtores que ainda
não assumem as novas técnicas da produção ou tratamento do cajueiro.

Ilustração 8: melhor abordagem da melhora da qualidade da castanha

Tecnicos
12%

Entrevis
tados
88%

P3.O Governo do Distrito tem realizado Campanha de sensibilização, sobre as formas de


tratamento da castanha de caju?
50

R3:Todos os 25 entrevistados declaram que o Governo do Distrito tem realizado campanhas


de sensibilização sobre tratamento dos cajueiros, nos momentos oportunos, nas reuniões
orientadas nas comunidades ao nível do distrito através das autoridades locais e comunitária,
Associações de produtores e comercialização.

Ilustração 9: Realização da Campanha de tratamento da castanha de caju

Univer
so
100%

P4: Será que produtividade ca castanha de caju no distrito de Meconta tem atingido as
metas estabelecidas pelo Governo?

R4:Oito (8) entrevistados dos quais três técnicos das Actividades económicas e cinco
funcionários do Governo do Distrito de Meconta afirmaram que o distrito tem atingido a
meta da produtividade agrícola de castanha de caju estabelecidas polo Governo nos últimos
quatro anos com excepção do ano 2016 que teve baixa produção devido factores
meteorológicos registados entre os meses de Outubro, Novembro e Dezembro
,nomeadamente: ocorrência de ventos fortes e calor intenso. Estes factores fizeram com que
houve-se queda prematura das flores e dos frutos em processo de formação e alguns casos, as
plantas não chegaram a florir.

R4: Líderes comunitários, professores e sociedade civil no total de 17 entrevistados


responderam o seguinte, segundo as estatísticas de comercialização da castanha apresentada
no informe do governo do distrito tudo indica que tem atingido a meta de produtividade
estabelecida pelo Governo.
51

Ilustração 10: A produtividade atinge as metas do Governo

Tecnicos
32%

Soc.Civil
68%

P5: Qual é o impacto deste produto na comunidade no distrito de Meconta?

R5:Dos 25 entrevistado 8 foram unânimes ao afirmar que o impacto da castanha de caju na


comunidade do distrito de Meconta é positivo, contribui para o desenvolvimento sócio-
económico, na medida em que a empresa fomentadora reabilitam e constroem estradas e
escolas, verifica-se que cerca de 25% dos produtores têm suas habitações construídas de
material convencional, dos quais 30% com habitação melhora, construída com material local
coberta a chapa de zinco, 45% habitam em casas de construção precária , dispõem de
motorizadas, telemóveis, painéis solares, televisão, melhoria do seu plano de saúde, educação,
alimentação até pagam imposto ao Estado.

No sector do trabalho, a fábrica de processamento da amêndoa de caju instalada na vila sede


do Distrito de Meconta conta actualmente com um total de 1000 funcionários entre eles, de
regime Sazonal e Efectivo.

R5: Dos 100% do universo dos entrevistados 17 dizem que o impacto da castanha para o
distrito é positivo, quase 85% da população deste Meconta vivem da actividade cajuicola, a
castanha é nossa vida, com a renda obtida nela conseguimos formar nossos filhos a
professores, enfermeiros, compramos alimentos, vestuário, cadernos para nossos filhos,
pagamos imposto ao Estado, aumentamos nossa área de produção da castanha e de outras
52

culturas como a de milho, amendoim, feijões, mandioca, entre outras e resolvemos outros
problemas que nos apoquentam.

Ilustração 11: Impacto de produtos na comunidade

Tecnico
s
32%

Soc.Civil
68%

P6: De que maneira as políticas de produção são acatadas pelos produtores da castanha no
Distrito de Meconta?

R6: Os produtores têm acatado as políticas de produção da castanha de caju de forma


positiva, grande parte dos produtores já obedecem quase todos os cuidados de tratamento do
cajueiro orientados pelo instituto de fomento de caju através dos extencionitas, autoridade
local e outros atores, deste a preparação do terreno, limpeza, tratamento com produtos
químicos (pulverização) colheita até ao armazenamento com excepção ao processo de venda,
vende o produto antes da fixação dos preços e abertura oficial do início da comercialização
com justificação de prevenção de oscilação de preços da venda.

Ilustração 12: Implementação das políticas de produção pela comunidade

Univers
o
100%
53

Capitulo V: DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Como forma de incrementar o investimento ao nível do sector da indústria do caju a


intervenção do governo é de vital importância como condicionador de um ambiente atractivo
ao nível das zonas onde as agro-indústrias serão implantadas. (AICAJU, 2008).

O governo melhora o acesso aos serviços sociais em particular saúde, contribui para o
estabelecimento de um sentimento de estabilidade do emprego por parte dos trabalhadores
melhorando e mantendo as infra-estruturas rurais (electricidade, água, estradas, pontes
etc.),que permite um maior fluxo comercial nas zonas de processamento, demonstrando um
compromisso a longo prazo tendo a indústria como uma empregadora credível e alternativa
complementar às actividades sazonais. (AICAJU, 2008).

A pulverização é feita através de atomizadores que funcionam à base de gasolina e de óleos


lubrificantes. Assim como a limpeza de cajueiros é uma operação crucial na medida em que
determina não só a produtividade dos cajueiros, a qualidade da castanha como também
minimiza as perdas resultantes das queimadas descontroladas

Demonstra a quantidade de provedores e as máquinas atomizadores existentes no distrito de


Meconta.

Embrapa Agro-indústria Tropical (CE) observaram que o enxofre é capaz de controlar a


doença, reduzindo a incidência a menos de 10% nos pomares acometidos.

Os clones comerciais acometidos e provoca redução do preço como fruta de mesa, um


importante nicho de mercado do agronegócio do caju.

O pesquisador Emilson Cardoso (1998:209p) explica que além do enxofre elementar, que
pode ser polvilhado nos pomares, os produtores têm à disposição um produto industrializado à
base de enxofre com Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). A recomendação é para que os produtores façam três aplicações semanais com o
produto logo na primeira florada dos cajueiros.
54

A colheita da castanha de caju realiza-se após a queda natural dos frutos da árvore para o
solo/chão. Nessa altura, a castanha já estará madura. Nesta nunca deve colher castanhas
verdes ou imaturas que estejam na árvore. E importante cair sozinha e não bata com paus ou
bambus. A apanha deve ser realizada 2 a 3 vezes por semana de forma a evitar que as
castanhas permaneçam muito tempo no campo, pois pode cair chuva que vai prejudicar as
castanhas, podendo absorver humidade e que provoca a germinação e reduz a qualidade da
amêndoa no processamento. As castanhas furadas, chochas, verdes ou malformadas também
devem ser apanhadas, mas imediatamente devem ser separadas das boas.

 Depois de limpa, seca e seleccionada, a castanha pode ser armazenada até um ano. Os
armazéns devem ter boa ventilação, janelas e portas que não permitem a entrada de
insectos e roedores. No momento de armazenar, o produtor deve eliminar a castanha
chocha, avariada, furada, manchada e enrugada. O armazenamento da castanha deve
ser feito em sacos de juta, com capacidade de 80 kg. Os sacos deverem ser empilhados
sobre estrados de madeira, a uma altura que varia entre 5 a 10 cm. As pilhas não
devem encostar as paredes para permitir a circulação do ar. Evite usar sacos de
ráfia/náilon, pois cria humidade que reduz o tempo de conservação e provoca o
apodrecimento da amêndoa.(https://www.embrapa.br/busca)

Produção de castanha de caju em Moçambique na campanha (2017-2018) atingiu 149. 000


toneladas na presente campanha, superando a previsão inicial de 120 mil toneladas neste foi
considerada como a maior dos últimos 30 anos, segundo o anunciou o director do Instituto
Nacional do Caju (Incaju). Ilídio Afonso Bande, citado pelo jornal “Diário de Moçambique”,
disse que na campanha de 2016 a produção de castanha foi de apenas 104 mil toneladas.

A habitação é de interesse social, portanto, interage com uma série de factores sociais,
económicos e ambientais, e é garantida constitucionalmente como direito e condição de
cidadania. Neste âmbito, do inquérito realizado verificou-se que cerca de 25% dos produtores,
tem suas habitações construídas de material convencional,30% construção melhorada coberta
com chapa de zinco e 45% dos produtores têm as suas

Impacto económico

A fábrica de processamento Indo-África instalada na vila sede do distrito de Meconta conta


actualmente com um total de 1000 funcionários contra os cerca de 2000 inscritos entre eles
55

Sazonais e Efectivo.Os produtores de caju do Distrito de Meconta olham a produção e


processamento do caju como uma alternativa viável, uma vez que esta cultura tem mercado de
absorção garantido.
56

CAPÍTULO – VI: CONCLUSÃO SUGESTÕES

6.1. Conclusão

Com base no problema levantado pelo autor e as hipóteses testadas e objectivos


propostos ao longo do trabalho, chega-se a concluir que, tanto por parte dos produtores, assim
como as organizações parceiras no ramo da castanha de caju e Governo do Distrito
responsável pela dinamização e o incentivo no que diz respeito ao aumento da produção, O
sub-sector de caju é uma das componentes mais críticas na luta contra a pobreza rural e
insegurança alimentar. O Estado tem um papel fundamental no fornecimento de bens públicos
para conseguir a reabilitação deste subsector: a promoção de novos plantios e técnicas de
gestão através de um sistema forte de extensão, a implementação do sistema de classificação,
a elaboração de regulamentos realísticos, e como coordenador de interesses de todos os
componentes do sector, produtores, comerciantes, e industriais. Os recursos humanos e
financeiros para realizar todas estas actividades são limitados. Para estabelecer um ambiente
comercial custo-efectivo, o Estado deveria explorar ao máximo “as regras” de funcionamento
de mercado que incentivam os próprios produtores, comerciantes e industriais a mudarem os
seus comportamentos na direcção que maximize os benefícios sociais para a população em
geral.

De modo geral, a pesquisa concluiu que a produção da cultura de castanha de caju contribui
para o desenvolvimento sócio – económico, na medida em que as grandes, pequenas e medias
empresas compradoras deste produto pagam imposto ao governo e são canalizados aos fundos
do Orçamento Geral do Estado junto do Ministério de Economia e Finança, por parte dos
produtores contribui basicamente na melhoria das suas condições de vida, compra de muitos
bens como: alimentos, vestuário, bicicleta, telemóvel, painel solares para iluminação, motas,
levam seus filhos a formação profissional como professorado, enfermagem e outros sectores
de trabalho, paga matricula e cadernos aos seus filhos, constrói habitação convenciona,
melhorada, assim como pagamento de imposto ao Estado.
57

6.2.Sugestões

Após constatações efectuadas pelo autor durante a pesquisa, é necessário que se tomem uma
série de medidas para que a produção da castanha de caju tenha um impacto forte no
desenvolvimento sócio – económico na província de Nampula, em particular o Distrito de
Meconta.

a. Ao nível do Distrito de Meconta, o Governo deve organizar associações de


camponeses produtores da castanha e iniciar um processo selectivo, para que boas
associações sejam elegíveis, para programas de formação, crédito e apoio de forma a
servirem de modelo, para o surgimento de grandes associações com vista a um
aumento da produção desta cultura de rendimento;
b. O Governo deve negociar com mais empresas compradoras e processadoras da
castanha para operarem no distrito de Meconta e mobilizar os camponeses sobre a
rentabilidade da produção da cultura de castanha e também fiscalizar as empresas no
cumprimento das suas obrigações, porque as vezes as empresas não chegam a honrar
com os seus compromissos;
c. O Instituto de Caju de Moçambique deve ter um papel mais activo, no controle
fitossanitário, nomeadamente na fiscalização pós –colheita para portagem dos
ramos, limpeza , organizar campanhas de sensibilização aos camponeses no
sentido de houver maior produtividade;
d. As empresas fomentadoras, devem honrar com seus compromissos, fazer
acompanhamento da produção da castanha desde a preparação do terreno ( campo de
cultivo), plantio, fornecimento e aplicação de insecticidas, colheita e sobretudo na
venda. Devem fiscalizar as empresas compradoras que paguem ao preço justo e, não
viciar as balanças na hora de pesar a castanha.
e. Os camponeses devem estar unidos, exigir junto do Governo e das empresas
fomentadoras no cumprimento das suas obrigações, denunciar anomalias dos
compradores ao Governo para penaliza-las. Acima de tudo fazer boa gestão do
dinheiro da venda da castanha para melhorar o bem-estar da sua família.
58

6. Tabela 2: Fontes Orais: Técnicos do Governo do Distrito, técnicos do Serviço Distrital das
Actividades Agricola, Técnico da INCAJU/Nassuruma, Sociedade Civil no Distrito de
Meconta.

Nº Designação Faixa etária Sexo Ocupação Data


01 Técni do GD DE Meconta 35-40 Masc Técnico 10/10/2019
02 Técni do GD DE Meconta 30-35 Masc Técnico 10/10/2019
03 Técni do GD DE Meconta 35-40 Masc Técnico 10/10/2019
04 Técni do GD DE Meconta 35-40 Masc Técnico 10/10/2019
05 Técni do GD DE Mecont 35-40 Femen Técnico 10/10/2019
06 Técnic do SDAE/Meconta 35-40 Masc Técnico 10/10/2019
07 Técnic do SDAE/Meconta 35-40 Masc Técnico 10/10/2019
08 Técnic do SDAE/Mecont 45-50 Masc Técnico 10/10/2019
09 Técnic/ INCAJU/Meconta 35-40 Masc Técnico 11/10/2018
10 Cs.civil 1 55-60 Masc Produtor 23/10/2019
11 Cs.civil 2 60-65 Masc Produtor 23/10/2019
12 Cs.civil 3 65-70 Masc Produtor 23/10/2019
13 Cs.civil 4 60-65 Masc Produtor 23/10/2019
14 Cs.civil 5 55-60 Femen Produtor 23/10/2019
15 Cs.civil 6 60-65 Masc Produtor 23/10/2019
16 Cs.civil 7 55-60 Masc Comerciante 23/10/2019
17 Cs.civil 8 60-65 Masc Produtor 23/10/2019
18 Cs.civil 9 55-60 Masc Professor 12/10/2019
19 Cs.civil 10 45-50 Masc Comerciante 12/10/2019
20 Cs.civil 11 65-60 Masc Líder 25/09/2019
comunitário
21 Cs.civil 12 40-45 Masc Motorista 25/09/2019
22 Cs.civil 13 40-45 Femen Segurança 25/09/2019
23 Cs.civil 14 55-60 Femen Pedreiro 25/09/2019
24 Cs.civil 15 55-60 Masc Académico 25/09/2019
25 Cs.civil 16 45-50 Masc Estudante 25/09/2019

Fonte : Adaptado pelo autor


59

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

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xii

APÊNDICE
xiii

Entrevista aplicado a população camponesa do Distrito de Meconta e técnicos do Serviço


Distrital de Actividades Económicas e técnicos de planificação e desenvolvimento local.

A presente entrevista insere-se no âmbito do trabalho de investigação necessário para a


conclusão de curso de licenciatura em História e Geografia, no CED/UCM/Nampula,
subordinado ao tema‫׃‬, "Contributo da Produção da Castanha de Caju no Desenvolvimento
Socioeconómico da Província de Nampula: Caso o Distrito de Meconta (2017-2018) As
informações concedidas serão utilizadas unicamente para os fins de pesquisa no âmbito do
trabalho académico.

P1: Qual é a metodologia que se pode imputar aos produtores de forma a inserir a produção da
castanha de caju como cultura de rendimento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
P2: Qual é a Melhor Abordagem para Resolver o Problema de Baixa Qualidade de Castanha?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
P3.O Governo do Distrito tem realizado Campanha de sensibilização, sobre as formas de
tratamento da castanha de caju.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
P4: Será que produtividade da castanha de caju no distrito de Meconta tem atingido as metas
estabelecidas pelo Governo?
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
P5: Qual é o impacto deste produto na comunidade do distrito de Meconta?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
P6: De que maneira as políticas de produção são acatadas pelos produtores da castanha no
Distrito de Meconta?
xiv

Anexo

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