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Atendimento Psicopedagógico no contexto clínico


Orientações sobre o primeiro contato com a família ou cuidadores1
Caso novo e de continuidade
Turma 2018

Beatriz Braga do Amaral Gurgel2

É preciso que se considere sempre a grande carga de ansiedade posta pelos


pais nesse primeiro contato, pois é um movimento que poderá vir a se definir
pró ou contra a avaliação. (WEISS, 2000)

Por que chamar a família ou os cuidadores?

Júlia nos fala.

O diagnóstico tem como objetivo compreender uma determinada


situação, descobrir algo que se encontra presente em uma realidade
qualquer. Isso garante ao processo uma condição de investigação, uma
qualidade de pesquisa e a necessidade de seguir um método, como
ocorre no capo das ciências em geral. Portanto, a realização de um
diagnóstico exige o domínio do método científico regido por regras
universais e baseado em raciocínios hipotético-dedutivos. O método
científico não pode ser interpretado como infalível, já que é manejado
por seres humanos falíveis. (GONÇALVES 2020, P.73)

Para fazer ou fechar um diagnóstico se faz necessário coletar dados da vida


dessa pessoa, seu contexto familiar e escolar; analisar as condições de suas estruturas de
aprendizagem. Essas informações são coletadas através de uma anamnese, ou de
técnicas como uma entrevista livre. Nem sempre o idoso tem condições cognitivas para
lembrar da sua história, além disso, há detalhes que só a família conhece. Por isso a
necessidade de que a família ou os cuidadores estejam presentes. (GONÇALVES 2020)

Objetivos

1
Protocolo especialmente elaborado como subsídio para os cursos de pós-graduação em psicopedagogia. Para a boa aplicação, este
material deve estar acompanhado de estudo em suas fontes, garantindo, assim, uma boa aplicação e interpretação dos dados.
2
Pedagoga pela PUC-SP (1984); Especialização em Psicopedagogia pelo Sedes Sapientiae de São Paulo (2000); Mestre em
Educação pela Unesp/ Marília (2001); Formação psicopedagógica pelo EPISIBA/Argentina (2009) e Terapeuta Familiar pelo
CEOAFE/SP (2018).
1. Receber a queixa espontânea da família sobre o paciente. No caso de
continuidade, abrir espaço para se inteirar do que já foi feito e o que ainda está
por fazer na percepção dos pais.
2. Procurar saber sobre as expectativas quanto ao trabalho psicopedagógico.
3. Apresentar em linhas gerais a área da psicopedagogia clínica e o que ela se
propõe, assim como as regras da instituição.
4. Estabelecer contrato da parceria.

O diagnóstico psicopedagógico clínico é dirigido para as pessoas de várias


idades e níveis de escolaridade que apresentam queixas relacionadas com a
aprendizagem escolar ou que desejam melhorar seu potencial de
aprendizagem. É um processo aplicado individualmente, por profissional que
adquiriu formação específica para atuar no âmbito clínico em
Psicopedagogia. (GONÇALVES, 2020 p 74)

Como realizar

1º Momento
CASO NOVO
O psicopedagogo abre espaço para ouvir o que os trazem ao serviço da psicopedagogia.
A ordem de abertura não é sempre igual, ainda que em geral leve em conta o fazer
referência a alguma situação que permite abrir o espaço de confiança necessário para a
tarefa.

CASO de CONTINUIDADE (situação específica de estágio)


O psicopedagogo abre espaço para ouvir o que a família ou os cuidadores podem contar
do que já fora feito, como eles perceberam o serviço psicopedagógico já prestado, o que
fora comunicado na época ao término do trabalho, o porquê foi recomendada
continuidade e o que mais queiram colocar.
A ordem de abertura não é sempre igual, ainda que em geral leve em conta o fazer
referência a alguma situação que permite abrir o espaço de confiança necessário para a
tarefa.

Observações:
 Ao escutar a queixa, levar em consideração:
 A queixa não é apenas uma frase falada no primeiro contato, ela precisa
ser escutada ao longo de diferentes sessões diagnósticas, sendo
fundamental refletir-se sobre o seu significado.
 “Algumas vezes, a queixa da escola, apontada como motivo manifesto, é
repetida pelos pais sem qualquer elaboração (...). Ao longo do processo,
ela vai se transformando e se revelando de menor importância, ao mesmo
tempo em que vai surgindo um motivo latente que realmente mobilizou
os pais para a consulta.”(WEISS, 2000 p.45)
 É claro que, apesar de ter solicitado a consulta e assumindo as
consequências, os pais apresentem obstáculos e resistências à ação do
psicólogo. (PAÍN, 1985)
 Os pais precisam sentir-se protegidos, e somente percebendo uma boa
escuta, não crítica, terão o espaço de confiança necessário e terapêutico.
Nossa função não é julgar se foram bons ou maus pais, mas favorecer e
expressão, criando um clima afetuoso e compreensivo. (FERNÁNDEZ,
2000 p. 145)
 O enquadre da situação de consulta, por si mesmo, translada o lugar de
conhecimento dos pais para o terapeuta. Como psicopedagogos, devemos
sair desse lugar, para que se mobilize a circulação do conhecimento no
grupo familiar (FERNÁNDEZ,1991)
 Ao receber a queixa,
 observar a formulação da demanda, quem a diz, o que quer dizer, por que
diz, o que significa o que está sendo dito e por que isto é importante.
 Estar atenta ao significado do sintoma na família:
 a via pela qual o paciente chegou até nós;
 a ansiedade demonstrada pelo solicitante;
 ao objetivo dos pais: consulta ou tratamento;
 a linguagem e os giros idiomáticos, pois eles revelam dificuldades em
receber, conservar, devolver ou nos mostram que algo está paralisado e
 o que os pais pensam ser causa do problema que o(a) filho(a) enfrenta.
 Observar o nível de comunicação da família ou cuidadores e como eles se
relacionam
 com o sintoma:
 como um se refere ao outro;
 como a palavra é utilizada;
 qual é o papel que cada um define para si e para o outro na vida familiar
e social e como cada um assume este papel e como o paciente participa
desta triangulação. (PAÍN, 1985)
 Caso seja necessário, aclarar a queixa pedindo exemplos situações, cenas etc.

2º Momento

 Procurar saber sobre as expectativas quanto ao trabalho psicopedagógico.

3º Momento

 No final, o psicopedagogo deve fazer o enquadramento, ou seja, falar da


psicopedagogia: o que ela pode oferecer (neste momento o diagnóstico para os
casos novos e continuidade na intervenção nos casos de continuidade), como
funcionam os atendimentos, as regras da clínica (relembrar nos casos de
continuidade) e o que mais se fizer necessário ou for solicitado pelos pais ou
responsável. Ler junto com os pais e pedir a assinatura do Termo de
Consentimento pós-informado (caso ainda não teham assinado).

Referências

BASSEDAS, Eulália et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico.


Porto Alegre: Artmed, 1996.
CHAMAT, Leila Sara José. Relações vinculares e a aprendizagem: um enfoque
psicopedagógico. São Paulo: Vetor, 1997.

FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica


da criança e sua família.2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

FERNÁNDEZ, Alicia. Idiomas do aprendente: Os idiomas do aprendente: análise das


modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre:
Artmed, 2001.

PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1985.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem. 7 ed Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

GONÇALVES, Júlia Eugênia. Psicopedagogia para adultos e Idosos: diagnóstico e


intervenção. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2020.

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