Discorra brevemente sobre a fundamentação da teoria dos três poderes em Montesquieu
e sua falsa separação. Montesquieu tornou-se popularmente conhecido enquanto defensor da separação do governo em três poderes (legislativo, executivo e judiciário). Entretanto, é um erro não raro que seja atribuída a ele a ideia de separação absoluta dos poderes. Na realidade, o modelo proposto por Montesquieu defende uma distinção do poder político em três esferas, e seu exercício por corpos distintos, mas relacionados. O primeiro destes poderes, o legislativo, tem como função a criação e manutenção das leis. O segundo, executivo, é responsável por executar resoluções públicas, que toquem à realidade coletiva. Por fim, ao judiciário cabe julgar de acordo às leis ditadas pelo legislativo. Para Maquiavel, estaria fadado à degeneração todo Estado onde os três poderes fossem encontrados em um único corpo político. Daí parte sua inequívoca defesa à separação dos poderes. Voltando sua teoria para a aplicação prática, o autor sugere a contínua interferência de um corpo político sobre os demais poderes (especialmente entre legislativo e executivo, dada a nulidade política do judiciário). Tal mecanismo permite que os poderes não se tornem corpos isolados e conflitantes, mas se complementem em uma tríade mantenedora da liberdade do povo.
Referências
MONTESQUIEU, C. D. S. B. D. Do espírito das leis. 2ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.