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Dedicatória

Para mamãe e papai ~

Obrigado por me ensinarem que a vida não somente em como


sobreviver à tempestade, mas sim como dançar na chuva.

E eu finalmente estou dançando...


Playlist

Capítulo 1
Thirty Seconds To Mars – Hurricane

Capítulo 12
Five For Fighting - Superman (It's Not Easy)

Capítulo 13
Lee Brice – Hard To Love

Capítulo 14
Halestorm – Break In

Capítulo 15
Howie Day – Collide - Original Album Version

Capítulo 17
Erin McCarley – What I Needed

Capítulo 18
Matt Nathanson – Run - feat. Sugarland

Capítulo 19
Megan Nicole – Skyscraper (feat. MeganNicole)

Capítulo 20
Brian Buckley Band – I Am Human

Capítulo 21
Ron Pope – Daylight

Capítulo 22
Michelle Branch – Breathe
Capítulo 24
Dave Matthews Band – Crash Into Me

Capítulo 26
Boyce Avenue – Best Of You

Capítulo 28
Matchbox Twenty – Unwell

Capítulo 29
Snow Patrol – Chasing Cars

Capítulo 30
A Great Big World – Say Something

Capítulo 30/31
Daughtry – Waiting for Superman

Capítulo 31
Noah Gundersen – Day Is Gone - from Sons of Anarchy

Capítulo 32
Sara Bareilles – Gravity
Lifehouse – Broken

Capítulo 33
Seether – Broken
Nick Lachey – What's LeftOf Me

Capítulo 35
Thirty Seconds To Mars – Bright Lights

Capítulo 36
Lifehouse – Everything
Angels and Airwaves – The Adventure
Capítulo 37
Dashboard Confessional – Stolen

Capítulo 38
Secondhand Serenade – Vulnerable

Capítulo 40
Blake Shelton – Mine Would Be You

Capítulo 40/41
Travie McCoy – Rough Water (feat. Jason Mraz)

Capítulo 41
Thirty Seconds To Mars – Do Or Die

Capítulo 42
Luke Bryan – Crash My Party
John Legend – All of Me
Matchbox Twenty – Overjoyed

Capítulo 43
P!nk – Glitter In The Air

Capítulo 44
Katy Perry – Unconditionally
Beyoncé – Halo - Radio Edit
Christina Perri – A Thousand Years

Epílogo 2
The Goo Goo Dolls – Come To Me
SafetySuit – Never Stop
Lifehouse – Between The Raindrops

Toda a série:
Labrinth – Beneath Your Beautiful (feat.Emeli Sandé)
Quando a vida desmorona ao nosso redor, o quão duro
estamos dispostos a lutar por uma coisa com que não se pode viver
sem?

A vida é cheia de momentos.

Grandes momentos.

Pequenos momentos.

E nenhum deles é inconsequente.

Cada momento prepara você para que uma instância que define a sua
vida. Você tem que superar todos os seus medos, enfrentar os demônios que o
persegue e limpar o veneno que se apega a sua alma ou corre o risco de ter a
chance de perder tudo.

O meu começou no minuto que Rylee caiu daquele armário de


armazenamento. Ela me fez sentir. Completou-me, quando tudo o que eu pensei
que poderia ser era incompleto. Tornou-se a tábua de salvação que eu nunca
soube que precisava. Claro que sim, ela vale a pena a luta... mas como se luta
por alguém que você sabe que não merece?

O amor é cheio de altos e baixos.

O coração parando de subir.

Alma se estilhaçando.

E nenhum deles é insignificante.


O amor é uma troca de pista de corridas e voltas inesperadas que devem
ser negociadas. Você tem que quebrar paredes, aprender a confiar e se curar do
seu passado a fim de ganhar. Mas às vezes é a expectativa que é o mais difícil de
segurar.

Colton me curou e completou, roubou meu coração e me fez perceber que


o nosso amor não é previsível, nem perfeito, ele é curvado. E curvado está bem.
Mas quando fatores externos colocam a nossa relação em teste, que distância eu
terei que ir para provar a ele que ele vale a pena lutar?

Quem disse que o amor é paciente e o amor é bondoso, nunca nos


conheceu. Sabemos que o nosso amor vale a pena – reconhecemos que nós
fomos feitos para estarmos juntos, mas quando nosso passado colidir com o
futuro as repercussões nos tornarão mais fortes ou nos separarão ?
Prólogo

T hwack.

Thwack. Thwack1.

A dor ressoando na minha cabeça pulsa ao ouvir o som agredindo meus


ouvidos.

Thwack. Thwack. Thwack.

Há tanto som - alto, zumbindo, chiando - e ainda é estranhamente calmo


pra caralho. Tranquilo, exceto por aquele maldito som batendo.

Que diabos está acontecendo?

Por que diabos está tão quente - tão quente que posso ver o calor vindo
em ondas do asfalto - mas tudo o que sinto é frio?

Puta que pariu!

Algo a direita me chama a atenção - metal mutilado, pneus furados,


carenagens trituradas em pedaços - e tudo que posso fazer é olhar. Becks vai me

1
Som de algo batendo.
estrangular por foder o carro. Rasgar-me em pedaços assim como está o meu
carro espalhado por toda a pista. Que diabos aconteceu?

Um filete de desconforto dança na base da minha coluna.

Meu batimento cardíaco acelera.

Confusão pisca nas bordas longe do meu subconsciente. Eu fecho meus


olhos para tentar empurrar para trás o barulho que de repente toca percussão
nos meus pensamentos. Pensamentos que não consigo compreender
completamente. Eles fluem em minha mente como areia por entre os dedos.

Thwack. Thwack. Thwack.

Abro os olhos para tentar encontrar aquele som maldito que está
aumentando a pressão da dor...

... Prazer para enterrar a dor...

Essas palavras sussurram em minha mente e balanço a cabeça para


tentar entender o que está acontecendo quando o vejo: cabelo escuro com a
necessidade de um corte, mãozinhas minúsculas segurando um helicóptero de
plástico; um Band-Aid do Spiderman em volta do seu dedo indicador que está
girando os rotores.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

— Thwack. Thwack. Thwack. — diz ele na mais suave das vozes.

Então, por que o som está tão alto? Olhos grandes olham para mim
através de cílios grossos, inocência personificada nessa simples graça verde. Seu
dedo vacila no rotor quando seus olhos encontram os meus, inclinando a cabeça
para me estudar atentamente.

— Olá. — digo. O silêncio ensurdecedor reverberando através do espaço


entre nós.

Alguma coisa está errada.

Completamente certo não está, porra.

Apreensão ressurge.

Dicas do turbilhão desconhecido em torno de minha mente.

Confusão sufocante.

Seus olhos verdes me consomem.

A ansiedade se dissipa quando um sorriso lento se enrola no canto de sua


boquinha suja de terra, uma covinha solitária piscando ao seu lado.

— Eu não deveria falar com estranhos. — diz ele, endireitando as costas


um pouco, tentando agir como o grande garoto que quer ser.

— Essa é uma boa regra. Será que sua mãe lhe ensinou isso?

Por que ele parece tão familiar?

Ele encolhe os ombros com indiferença. Seu olhar corre sobre cada
centímetro meu e, em seguida, volta a encontrar os meus olhos. Eles vacilam
para algo sobre o meu ombro, mas por alguma maldita razão, não consigo
arrastar meus olhos longe dele para olhar. Não é só que ele é o maldito garoto
mais bonito que eu já vi... não, é que ele tem essa atração em mim que não
consigo quebrar.

Uma pequena linha vinca sua testa quando ele olha para baixo e pega
outro Band-Aid de super-herói mal cobrindo o grande arranhão no joelho.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

Cale a boca! Eu quero gritar com os demônios na minha cabeça. Eles não
têm o direito de estar aqui... não há razão para enxamear em torno deste
menino de olhar doce e ainda assim eles continuam rodando como um alegre
carrossel. Tal como o meu carro deve estar ao redor da pista neste momento.
Então por que estou dando um passo em direção a este impressionante menino,
em vez de me preparar para o sermão que Becks vai vomitar em mim e pela
aparência do meu carro, obviamente, eu mereço?

E, no entanto ainda não consigo resistir.

Dou mais um passo em direção a ele, lento e deliberado em meus


movimentos, como sou com os meninos na The House.

Os meninos.

Rylee.

Preciso vê-la.

Não quero mais ficar sozinho.

Eu preciso senti-la.

Não quero mais estar quebrado.


Por que estou nadando em um mar de confusão? E ainda assim dou mais
um passo em meio à neblina em direção a este raio inesperado de luz.

Seja meu brilho.

— Esse é um dodói muito ruim que você tem aí...

Ele bufa. É tão malditamente adorável ver este pequeno garoto com um
rosto tão sério, nariz enrugado repleto de sardas, olhando para mim como se eu
estivesse perdendo algo.

— Obrigado, Capitão Óbvio!

E com uma boca espertinha também. Meu tipo de garoto. Eu sufoco uma
risada quando ele olha para trás por cima do meu ombro novamente, pela
terceira vez. Eu começo a virar para ver o que ele está olhando quando sua voz
me para. — Você está bem?

Hein? — O que você quer dizer?

— Você está bem? — ele pergunta novamente. — Você parece meio


quebrado.

— O que você está falando? — eu dou mais um passo em direção a ele.


Meus pensamentos fugazes misturados com o tom triste de sua voz e a
preocupação em seu rosto estão começando a me enervar.

— Bem, você parece quebrado para mim. — ele sussurra quando seu
Band-Aid envolto no dedo vira a hélice de novo. – thwack, thwack, thwack -
antes de apontar para cima e para baixo do meu corpo.
Ansiedade se arrasta até minha coluna até que olho para o meu macacão
de corrida para encontrá-lo intacto, minhas mãos dando tapinhas para cima e
para baixo para acalmar a sensação. — Não. — as palavras saem correndo. — Eu
estou bem, amigo. Vê? Nada está errado. — digo, suspirando uma respiração
rápida de alívio. O filho da puta me assustou por um segundo.

— Não, seu bobo. — diz ele com um rolar de seus olhos e uma bufada de
ar antes de apontar por cima do meu ombro. — Olha. Você está quebrado.

Eu me viro. A simplicidade calma de seu tom de voz me confundindo,


então olho atrás de mim.

Meu coração para.

Thwack.

Minha respiração estrangula no meu peito.

Thwack.

Meu corpo congela.

Thwack.

Eu pisco meus olhos mais e mais, tentando afastar as imagens à minha


frente. As visões permeiam através de uma névoa viscosa.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

Porra. Não. Não. Não. Não.

— Veja. — a sua voz angelical diz ao meu lado. — Eu disse a você.


Não. Não. Não. Não.

O ar finalmente dá um soco em meus pulmões. Eu engulo em seco, minha


garganta parecendo com uma lixa.

Eu sei o que vejo - o caos diante dos meus olhos - mas como é possível?
Como estou aqui e ali?

Thwack. Thwack. Thwack.

Eu tento me mover. Corra, porra! Para chamar a atenção deles, para


dizer-lhes que estou aqui, que eu estou bem, mas meus pés não ouvem o pânico
que ricocheteia no meu cérebro.

Não. Eu não estou lá. Apenas aqui. Eu sei que estou bem, sei que estou
vivo, porque posso sentir meu fôlego agarrar em meu peito quando dou um
passo à frente para obter um olhar mais atento. As pontas dos dedos do pavor
fazem cócegas no meu couro cabeludo, porque o que eu vejo... não pode ser...
simplesmente não é uma merda possível.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

O zumbido suave da serra me tira do meu estado de ira quando a equipe


médica corta o capacete do piloto no centro. No minuto em que o dividem em
pedaços, minha cabeça parece que explode. Eu caio de joelhos, a dor é tão
excruciante, que tudo o que posso fazer é levantar minhas mãos para segurá-la.
Eu tenho que olhar para cima. Tenho que ver quem estava no meu carro. Cuja
bunda filha da puta é minha, mas não posso. Dói demais, malditamente muito.

... Gostaria de saber se há dor quando morrer...

Eu sacolejo com a sensação de sua mão no meu ombro... Mas no minuto


em que repousa lá, a dor deixa de existir.
Mas que...? Eu sei que tenho que olhar. Eu tenho que ver por mim
mesmo quem está no carro, mesmo que no final sei a verdade. Lembranças
desconexas fraturam e tremulam em minha mente, assim como pedaços de
espelho estilhaçado naquele bar imundo do caralho.

Humpty fodido Dumpty2.

Medo serpenteia pela minha coluna, toma conta e reverbera através de


mim. Eu simplesmente não posso fazer isso. Eu não posso olhar para cima. Não
seja um covarde, Donavan. Em vez disso, olho para a minha direita em seus
olhos, a calma inesperada nesta tempestade. — Isso é...? Estou...? — pergunto ao
menino quando minha respiração obstrui minha garganta, a apreensão sobre a
resposta segura minha voz como refém.

Ele só olha para mim - olhos claros, rosto sério, os lábios franzidos,
sardas dançantes - antes que ele aperte meu ombro. — O que você acha?

Eu quero agitar uma porra de resposta para isso, mas sei que não vou.
Não posso. Com ele aqui ao meu lado em meio a este caos girando, nunca me
senti mais em paz e, ao mesmo tempo, mais com medo.

Forço meus olhos a desviar de seu rosto sereno para olhar a cena a minha
frente. Eu sinto que estou em um caleidoscópio de imagens recortadas quando
pego o rosto - a porra do meu rosto - na maca.

Meu coração bate. Crepita. Para. Morre.

Spiderman.

2
Humpty Dumpty é um dos personagens mais conhecidos de Alice Através do Espelho. Ele é
quem, ao seu modo, dá sentido ao nonsense presente no mundo além do espelho no filme.
Pele Cinzenta. Olhos inchados, machucados e fechados. Lábios frouxos e
pálidos.

Batman.

Devastação se rende, desespero consome, a vida crepita e ainda assim a


minha alma se apega.

Superman.

— Não! — eu grito a pleno pulmões até que minha voz fica rouca.
Ninguém se vira. Ninguém me ouve. Cada maldita pessoa não está respondendo
- meu corpo e os médicos.

Ironman.

O corpo na maca - meu corpo - sacode quando alguém sobe na maca e


começa fazer compressões no meu peito. Alguém prende o colar cervical.
Elevam minhas pálpebras e verificam minhas pupilas.

Thwack.

Rostos desconfiados. Olhos derrotados. Movimentos rotineiros.

Thwack.

— Não! — eu grito novamente, o pânico reinando dentro de cada grama


minha. — Não! Eu estou aqui! Bem aqui! Eu estou bem.

Thwack.
Lágrimas caem. Descrença crepita. Possibilidades desaparecem.
Esperança implode.

Minha vida borra.

Meus olhos se concentram em minha mão pendurada flácida e sem vida


fora da maca, uma única gota de sangue lentamente fazendo o seu caminho até
a ponta do meu dedo antes de outra compressão no meu peito a sacudir para
pingar no chão. Concentro-me no filete de sangue, incapaz de olhar em meu
rosto. Eu não aguento mais.

Não suporto ver a vida escorrer de mim. Não suporto o medo que se
arrasta em meu coração, o desconhecido que escorre no meu subconsciente e o
frio que começa a se infiltrar em minha alma.

— Ajude-me! — eu me viro para o menino tão familiar, mas tão


desconhecido. — Por favor. — eu imploro. Um sussurro suplicante, com toda a
vida que tenho em mim. — Eu não estou pronto para... — não posso terminar a
frase. Se fizer, então estou aceitando o que está acontecendo na maca à minha
frente - o que o seu lugar ao meu lado significa.

— Não? — ele pergunta. Uma única palavra, mas a mais importante da


porra da minha vida. Eu fico olhando para ele, consumido por aquilo que está
nas profundezas de seus olhos - compreensão, aceitação, reconhecimento - e por
mais que eu não queira deixar a sensação que tenho com ele, a pergunta que ele
está me fazendo - escolher vida ou morte - é a decisão mais fácil que já tive de
fazer.

E, no entanto, a decisão de viver - para voltar e provar como o maldito


inferno que eu mereço ser dada essa escolha - significa que vou ter que deixar o
seu rostinho angelical e a serenidade que sua presença traz à minha alma, de
outra forma conturbada.
— Será que vou vê-lo novamente? — eu não tenho certeza de onde a
pergunta vem, mas ela cai antes que possa pará-la. Prendo a respiração à espera
de sua resposta, querendo ambos, um sim e um não.

Ele inclina a cabeça para o lado e sorri. — Se isto estiver nas cartas.

Cartas de quem, porra? Eu quero gritar com ele. Deus? Do Diabo?


Minhas? Cartas de quem, porra? Mas tudo o que consigo dizer é: — Cartas?

— Sim. — ele responde com uma pequena sacudida de sua cabeça


enquanto olha para o seu helicóptero e de volta para mim.

Thwack. Thwack. Thwack.

O som se torna mais alto agora, abafando todo o ruído a minha volta, e
ainda assim posso ouvir a aspiração de sua respiração. Ainda ouço as batidas do
meu coração nos meus tímpanos. Ainda posso sentir o suspiro de paz que
envolve em torno de meu corpo como um sussurro quando ele coloca a mão no
meu ombro.

De repente vejo o helicóptero - o de verdade - voando no campo interno,


o som incessante dos rotores - thwack, thwack, thwack - enquanto ele espera
por mim. A maca desvia para a frente quando eles começam a se mover
rapidamente em direção a ela.

— Você não vai? — ele me pergunta.

Engulo em seco enquanto olho para ele e lhe dou um sutil, aceno de
cabeça. — Sim... — é quase um sussurro, o medo do desconhecido pesado no
meu tom.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.


— Ei. — diz ele e meus olhos voltam a focar em seu maldito rosto perfeito.
Ele aponta de volta para a atividade atrás de mim. — Parece que os seus super-
heróis vieram desta vez, depois de tudo.

Eu me viro, o coração alojado na garganta e confusão mexendo com a


minha lógica. Eu não vejo isso no primeiro instante, o piloto volta para mim,
ajudando a carregar minha maca na evacuação aero médica, mas quando ele se
vira para pular no assento do piloto e pegar o joystick, é claro como o dia.

Meu coração para.

E começa.

Um suspiro de alívio hesitante treme através da minha alma.

O capacete do piloto é pintado.

Vermelho.

Com linhas pretas.

O sinal do Spiderman estampado na frente dele.

O menino em mim se alegra. O homem crescido em mim cede com alívio.

Eu me viro para dizer adeus ao menino, mas ele está longe de ser
encontrado. Como diabos ele sabia sobre os super-heróis? Eu olho ao redor para
ele - a necessidade de uma resposta - mas ele se foi.

Estou completamente sozinho.


Completamente sozinho, exceto pelo conforto daqueles que esperei a vida
inteira para chegar.

Minha decisão foi tomada.

Os super-heróis finalmente vieram.


Capítulo 1

D ormência

escoa lentamente pelo meu corpo. Não posso me mover, não posso pensar, não
posso suportar puxar os olhos do carro destroçado na pista. Se eu olhar para
qualquer outro lugar, então tudo isso vai ser real. O helicóptero sobrevoando
estará realmente carregando o corpo quebrado do homem que eu amo.

O homem que eu preciso.

O homem que não posso perder.

Eu fecho meus olhos e apenas ouço, mas não consigo ouvir nada. A única
coisa em meus ouvidos é o batimento do meu pulso. A única coisa além da
escuridão que meus olhos veem - que meu coração sente - são as imagens
estilhaçadas na minha mente. Max se fundindo em Colton e Colton
desaparecendo de volta para Max. Memórias que fazem a esperança que estou
segurando como uma tábua de salvação, piscar e arder antes de morrer, como a
escuridão sufocando a luz em minha alma.

Corro você, Ryles. Sua voz tão forte e inabalável enche minha cabeça e
depois se dissipa, brilhando em minha mente como papel picado.

Dobro, desejando que as lágrimas sufocantes venham ou uma centelha de


fogo dentro de mim, mas não acontece nada, apenas continuo caindo pela
minha alma e me sobrecarregando.

Eu me forço a respirar enquanto tento enganar minha mente em


acreditar que os últimos 22 minutos nunca aconteceram. Que o carro nunca
capotou e deu piruetas no ar cheio de fumaça. Que o metal do carro não foi
cortado pelos médicos de rostos sombrios para livrar o corpo sem vida de
Colton.

Nós nunca fizemos amor. O único pensamento voa pela minha cabeça.
Nós nunca tivemos a chance de correr depois que ele finalmente me disse às
palavras que eu precisava ouvir e que ele finalmente aceitou, admitiu e sentiu
por si mesmo.

Eu só quero voltar no tempo e voltar para a suíte quando estávamos


embalados nos braços um do outro. Quando estávamos conectados - vestidos
demais e mal vestidos - mas a visão horrível do carro destroçado não vai
permitir isso. Elas marcaram a minha memória tão horrivelmente pela segunda
vez que não é possível que a minha esperança escape ilesa.

— Ry, eu não estou indo tão bem aqui. — são as palavras de Max escoam
em minha mente, mas a voz é de Colton. É Colton me avisando do que está por
vir. O que eu já vivi uma vez na minha vida.

Oh Deus. Por favor, não. Por favor, não.

Meu coração torce.

Minha determinação vacila.

Imagens filtram em câmera lenta.

— Rylee, eu preciso que você se concentre. Olhe para mim! — palavras de


Max novamente. Eu começo a ceder, meu corpo se rendendo tal como a minha
esperança, mas braços fecham em torno de mim e me dão uma sacudida.

— Olhe para mim! — não, não é Max. Não é Colton. É Becks. Busco
dentro de mim mesma para me focar e encontrar seus olhos - piscinas azuis
cercadas com o súbito aparecimento de linhas em seus cantos. Eu vejo o medo
neles. — Precisamos ir ao hospital agora, está bem? — sua voz é suave, mas
severa. Ele parece pensar que, se ele falar comigo, como uma criança, que não
vai estilhaçar em milhões de pedaços a minha alma já quebrada.
Eu não consigo engolir a areia na minha garganta para falar. Então ele
me dá outra sacudida. Fui roubada de todas as emoções, exceto o medo. Eu
aceno com a cabeça, mas não faço qualquer outro movimento. É totalmente
silencioso. Há dezenas de milhares de pessoas nas arquibancadas ao nosso
redor e mesmo assim ninguém está falando. Seus olhos estão focados na equipe
de limpeza e no resto dos vários carros na pista.

Esforço para ouvir um som. Para sentir um sinal de vida. Nada, exceto
silêncio absoluto.

Eu sinto o braço de Becks ao meu redor, me apoiando, quando ele nos


dirige para fora da torre no corredor do pit, descendo os degraus e em direção à
porta aberta com uma van esperando. Ele empurra suavemente sobre meu
traseiro me incitando a entrar como se eu fosse uma criança.

Beckett se senta ao meu lado no banco e empurra minha bolsa e meu


celular em minhas mãos enquanto ele aperta o próprio cinto e, em seguida, diz:
— Vá.

A van acelera para a frente, me empurrando conforme ela percorre a área


interna da pista. Eu olho para fora quando começamos a descer para o túnel, e
tudo o que vejo são os carros da Indy espalhados pela pista completamente
imóveis. Lápides coloridas em um cemitério tranquilo de asfalto.

— Crash, crash burn3... — a letra da canção flutua dos alto-falantes e no


silêncio letal da van. Minha mente em branco processa lentamente.

— Desligue isso! — eu grito com compostura em pânico enquanto minhas


mãos se fecham em punhos e meus dentes cerram quando as palavras se
incorporam na realidade que estou, sem sucesso, tentando bloquear.

Superfícies de histeria.

— Zander. — eu sussurro. — Zander tem uma consulta com o dentista na


terça-feira. Ricky precisa de novas chuteiras. Aiden tem aulas particulares
começando na quinta-feira e Jax não colocou no calendário. — eu olho para

3
Musica de 30 Seconds To Mars feat. Kanye West – Hurricane: Bate, bate, queima...
cima para encontrar os olhos de Beckett focados nos meus. Na minha periferia
noto alguns dos outros tripulantes sentados atrás de nós, mas não sei como eles
chegaram lá.

Isto borbulha.

— Beckett, eu preciso do meu telefone. Dane vai esquecer e Zander


realmente precisa ir ao dentista e Scooter pre...

— Rylee. — diz ele em um tom uniforme, mas apenas balanço minha


cabeça.

— Não! — eu grito. — Não! Eu preciso do meu telefone. — eu começo a


desfazer o cinto de segurança, tão nervosa que nem sequer percebo que ele está
na minha mão. Tento passar por ele para alcançar a porta de correr da van em
movimento. Beckett luta para envolver seus braços em volta de mim para me
impedir de abri-la.

Isto ferve.

— Solte-me! — eu luto contra ele. Eu me contorço e me sacudo, mas ele


consegue com sucesso me conter.

— Rylee. — diz ele de novo e o tom quebrado de sua voz combina com o
sentimento em meu coração levando a luta para fora de mim.

Eu desmorono no assento, mas Beckett me mantém puxada contra ele,


nossas respirações ofegantes. Ele pega a minha mão e aperta com força, o único
indício de desespero em seu semblante estoico, mas eu nem sequer tenho a
capacidade para apertá-la de volta.

O mundo lá fora desfoca, mas o meu parou. Está deitado em uma maca
em algum lugar.

— Eu o amo, Beckett. — finalmente sussurro.

Estou conduzida pelo medo...

— Eu sei. — diz ele, exalando um suspiro trêmulo e beija o topo da minha


cabeça. — Eu também.
... Abastecida com desespero...

— Eu não posso perdê-lo. — as palavras são quase inaudíveis, como se


dizê-las fará isso acontecer.

... Colidindo com o desconhecido.

— Nem eu.

O assobio das portas elétricas para a sala de emergência me paralisa. Eu


congelo com o barulho.

Memórias assombrosas piscam com o som e o branco angelical dos


corredores me traz qualquer coisa, exceto paz calmante. É estranho para mim
que as lâmpadas fluorescentes no teto piscam uma apresentação de slides na
minha mente - meu único foco possível quando minha maca foi levada às
pressas pelo corredor - jargões médicos disputados entre médicos rapidamente,
pensamentos incoerentes misturando e o tempo todo o meu coração suplicando
por Max, por meu bebê, por esperança.

— Ry? — a voz de Beckett me puxa do pânico estrangulando minha


garganta, das memórias sufocando o meu progresso. — Você pode andar?

A suavidade de seu tom me envolve, um bálsamo para a minha ferida


aberta. Tudo o que quero fazer é chorar no conforto de sua voz. As lágrimas
entopem minha garganta e queimam meus olhos e ainda assim elas nunca
derramam. Nunca caem.

Eu respiro me fortalecendo e para meus pés se moverem. Beckett coloca o


braço em volta da minha cintura e me ajuda com o primeiro passo.
O rosto do médico pisca em minha mente. Estoico. Sem emoção.
Balançando a cabeça de um lado para o outro. Pedido de desculpas em seus
olhos. Derrota em sua postura. Lembrando-me de como eu queria fechar meus
olhos e escapar para sempre também. As palavras “Sinto muito” caindo de seus
lábios.

Não. Não. Não. Eu não posso ouvir essas palavras de novo. Eu não posso
ouvir alguém me dizendo que perdi Colton, especialmente quando acabamos de
encontrar um ao outro.

Eu mantenho a minha cabeça para baixo. Conto os ladrilhos laminados


no chão quando Becks me leva para a sala de espera. Acho que ele está falando
comigo. Ou com uma enfermeira? Eu não tenho certeza, porque não consigo me
concentrar em qualquer coisa, exceto as memórias que surgem. O desespero que
surge, então talvez, apenas uma lasca de esperança pode sorrateiramente roubar
o seu lugar desocupado.

Eu sento em uma cadeira ao lado de Beckett e entorpecida olho para o


telefone constantemente vibrando na minha mão. Há mensagens intermináveis
e chamadas de Haddie, que não posso nem pensar em responder, embora saiba
que ela está preocupada. É apenas muito esforço, agora, muito tudo.

Ouço o rangido de sapatos no linóleo assim como outras pessoas


enfileiradas atrás de nós, mas me concentro em um livro infantil sobre a mesa
na minha frente. The Amazing Spiderman. Minha mente divaga, obceca,
concentra-se. Colton estava com medo? Será que ele sabia o que estava
acontecendo? Ele entoou o cântico que ele disse a Zander?

O pensamento sozinho me quebra, e as lágrimas ainda não vêm.

Vejo botas cirúrgicas na minha periferia. Ouço Beckett sendo abordado.


— O especialista precisa saber exatamente a forma como impacto
aconteceu assim nós saberemos melhor as circunstâncias. Tentamos pegar um
replay, mas a ABC interrompeu a exibição dele. — não, não, não. Palavras
gritam e ecoam na minha cabeça e ainda o silêncio me sufoca. — Me disseram
que você seria a pessoa que provavelmente saberia.

Beckett se desloca ao meu lado. Sua voz é tão cheia de emoção quando ele
começa a falar que cravo meus dedos em minhas coxas. Ele limpa a garganta. —
Ele bateu na cerca de captura4 invertido... eu acho. Estou tentando imaginar a
cena. Espere. — ele deixa cair à cabeça entre as mãos, esfrega os dedos sobre sua
têmpora e suspira enquanto ele tenta reunir seus pensamentos. — Sim. O carro
estava de cabeça para baixo. O spoiler5 atingiu o topo da cerca de captura com o
nariz mais próximo ao solo. O meio contra a barreira de concreto. O carro se
desintegrou ao redor do seu cockpit.

O suspiro coletivo de milhares de pessoas, em resposta ainda ressoa em


meus ouvidos.

— Existe alguma coisa que você pode nos dizer? — Beckett pede a
enfermeira.

O ruído inconfundível de metal emitido pela força.

— Não agora. Ele ainda está nos estágios iniciais e estamos tentando
avaliar tudo.

— Ele vai ser...

— Nós vamos dar-lhe uma atualização o mais rápido que pudermos.

4
Uma cerca projetada para pegar detritos, ou absorver seu impacto. A cerca de proteção ao
redor da pista de corrida.
5
Asa traseira: dispositivo projetado para melhorar a estabilidade do carro.
O cheiro de borracha queimada no asfalto oleoso.

Sapatos rangem novamente. Vozes murmuram. Beckett suspira e esfrega


as mãos sobre o rosto antes dos dedos trêmulos se aproximarem e puxarem
minha mão, segurando minha perna e apertando-a na sua.

O pneu solitário rolando pela grama e saltando contra a barreira da


área interna da pista.

Por favor, me dê um sinal, imploro em silêncio. Algo. Qualquer coisa.


Uma coisinha para me dizer para ficar com a esperança que está escorregando
pelos meus dedos.

Toques de celulares ecoam pelas paredes estéreis da sala de espera.


Repetidamente. Como os sinais sonoros das máquinas de suporte à vida que
filtram a sala de espera. Cada vez que um silencia, uma pequena parte de mim o
faz também.

Eu ouço a respiração de Becks travar um momento antes de ele emitir um


soluço estrangulado que me atinge como um furacão, rasgando o saco de papel
que estou preservando a minha determinação e fé. Por mais que ele tente afastar
o ataque de lágrimas que o ameaçam, ele é mal sucedido. A dor escapa e corre
pelo seu rosto em silêncio, e me mata que o homem que tem sido a força para
mim, agora está desmoronando. Eu aperto meus olhos fechados e tento ficar
forte para Beckett, mas tudo que continuo a ouvir são suas palavras para mim
ontem à noite.

Eu balanço minha cabeça de um lado para o outro em uma descrença em


pânico. — Eu sinto muito. — eu sussurro. — Eu sinto muito, sinto muito. Isso é
tudo culpa minha.
Beckett abaixa a cabeça momentaneamente antes de limpar os olhos com
as palmas das suas mãos. E o gesto - empurrando as lágrimas como uma criança
faz quando está envergonhada - torce o meu coração ainda mais.

Eu não consigo evitar o pânico que tremula quando percebo que sou a
razão de Colton estar aqui. Eu o pressionei e não acreditei nele - fiz com que
ficasse cansado na noite antes da corrida - e tudo porque fui teimosa e estava
com medo. — Eu fiz isso com ele. — as palavras me matam. Rasgam minha alma
distante.

Beckett ergue os olhos vermelhos de suas mãos. — O que você está


falando? — ele se inclina para perto, seus olhos azuis em conflito procurando os
meus.

— Tudo... — minha respiração fica presa e eu paro. — Eu mexi com sua


cabeça nos últimos dois dias e você me disse que se eu fizesse. Isso seria a
minha culpa...

— Ry...

— E eu briguei com ele e o deixei e ficamos acordados até tão tarde e o


coloquei naquele carro cansado e...

— Rylee! — ele finalmente consegue, num tom áspero. Eu só fico


balançando a cabeça para ele, os olhos ardendo, emoções sobrecarregando.

— Isso não é culpa sua.

Eu sobressalto quando ele coloca os braços em minha volta e me puxa


para ele. Eu fecho minhas mãos na frente de seu macacão, a aspereza de seu
tecido grosseiro contra minha bochecha.
— Foi um acidente. Ele dirigia cego. Isso é corrida. Não é culpa sua. — sua
voz falha e cai em meus ouvidos surdos. Seus braços estão em minha volta, me
prendendo e a claustrofobia ameaça. Garras asfixiam.

Eu me levanto abruptamente, precisando me mover, para liberar o mal-


estar escavando minha alma. Eu ando até o final da sala de espera e volto. Em
minha segunda passagem um menino no canto foge de sua cadeira para pegar
um lápis. As luzes em seus sapatos piscam vermelhas e agarram a minha
atenção. Eu estreito meus olhos para olhar mais de perto, para acompanhar o
triângulo invertido com o S no centro.

Superman.

O nome toca levemente através de meu subconsciente, mas a minha


atenção é atraída para a televisão quando alguém muda o canal. Eu ouço o nome
de Colton e puxo uma respiração com medo de olhar, mas querendo ver o que
eles estão mostrando.

Parece que toda a sala se levanta e se move coletivamente. Uma massa de


trajes vermelhos, rostos em conflito com emoção, o foco na tela. O locutor diz
que houve um acidente que interrompeu a corrida por mais de uma hora. A tela
pisca para a imagem da nuvem de fumaça e carros guinando um no outro. O
ângulo é diferente do nosso lado da pista e somos capazes de ver mais, mas
quando o carro de Colton entra na curva, a transmissão corta a filmagem. Todos
os ombros ao redor da televisão cedem quando a equipe percebe que o que eles
estavam antecipando ansiosamente não será mostrado. O segmento termina
com o locutor dizendo que ele está atualmente sendo tratado no Bayfront.

Eu vejo o corpo sem vida de Colton na maca, Max do meu lado em seu
assento. As semelhanças entre a situação me deixam atordoada, dor sem fim.
Memórias colidindo.
Eu me viro para ver os Westins entrar na sala de espera. A mãe de Colton,
régia e dominante, parece pálida e perturbada. Eu engulo o caroço na minha
garganta, incapaz de tirar os olhos da visão deles. Andy a apoia gentilmente, a
orientando a se sentar enquanto Quinlan segura sua outra mão.

Beckett está ao lado deles em um flash com os braços envolvidos em


torno de Dorothea e depois Quinlan em abraços rápidos, mas significativos.
Andy alcança e agarra Beckett em um abraço mais longo, repleto de desespero
de cortar o coração. Ouço um soluço sufocado e quase rompo com o som dele.

Assistindo a cena toda se desenrolar provoca lembranças que piscam na


minha mente do funeral de Max. Um caixão rosa em miniatura, colocado em
cima de um caixão preto de tamanho normal, ambos cobertos com rosas
vermelhas, me fazem lembrar das palavras que eu não posso ouvir novamente:
Cinzas a cinzas, pó ao pó. Faz-me lembrar dos abraços ocos e vazios que não
fazem nada para confortar. Os que deixam você se sentir mais sensibilizado, cru
quando você já foi raspado até o interior.

Eu começo a andar de novo em meio a murmúrios abafados de “quanto


tempo até que haja uma atualização?” Rostos geralmente tão fortes e
energéticos estão gravados com linhas de preocupação. E quando os meus pés
param, estou olhando para os olhos de Andy e Dorothea.

Nós apenas nos encaramos, enfrentando espelhos de descrença e


angústia uns dos outros, até que Dorothea estende a mão trêmula para a minha.
— Eu não sei o que... eu sinto muito... — eu balanço minha cabeça de um lado
para o outro quando as palavras me escapam.

— Nós sabemos. Amada. — diz ela, enquanto me puxa em seus braços e


se agarra a mim, nós duas segurando uma a outra. — Nós sabemos.

— Ele é forte. — é tudo o que Andy diz, a sua mão esfrega para cima e
para baixo em minhas costas para tentar me confortar. Mas isso - abraçar seus
pais, todos nós consolando uns aos outros, as bochechas coradas de lágrimas e
soluços abafados - torna tudo muito real. Minha esperança de que tudo isso é
um sonho muito ruim agora está aniquilada.

Cambaleio para trás e tento me concentrar em algo, qualquer coisa, para


me fazer sentir como se não estivesse perdendo o controle.

Mas continuo vendo o rosto de Colton. O olhar de certeza absoluta


quando ele estava no meio de todo o caos de sua equipe - a mesma equipe
sentada ao meu redor, cabeças nas mãos, os lábios bem apertados, os olhos
fechados em oração - e admitiu seus sentimentos por mim. Eu tenho que parar
para tentar recuperar o fôlego, a dor irradiando através de meu peito, em meu
coração, só não vai parar.

A televisão me puxa novamente. Algo sussurra em minha mente e me


viro para olhar. Um trailer do novo filme do Batman. A esperança desperta
quando minha mente alcança em suas profundezas - pela última hora.

O livro do Spiderman na mesa. Os sapatos do Supermam. O filme do


Batman. Tento racionalizar que tudo isso é apenas uma coincidência - que
vendo três dos quatro super-heróis é uma ocorrência aleatória. Eu tento dizer a
mim mesma que preciso do quarto para acreditar. Que preciso do Ironman para
completar o círculo - para ser o sinal de que Colton vai sobreviver.

Que ele vai voltar para mim.

Eu começo a procurar, com os olhos esvoaçando ao redor da sala de


espera como teares de esperança se preparando para florescer, se eu puder
apenas encontrar o sinal final. Minhas mãos tremem; meu otimismo se
encontra abaixo da superfície cautelosa para levantar a cabeça cansada.

Há som na direção do corredor e o ruído - a voz - faz com que todas as


emoções que pulsam através de mim se inflamem.
E eu estou imediatamente pronta para detonar.

Cabelo loiro e pernas longas fluem através da porta e não me importa que
seu rosto pareça tão arrasado e preocupado como me sinto. Toda a minha
mágoa, toda a minha angústia se ergue e é como um estalar elástico.

Ou impressionante raio.

Estou do outro lado da sala em questão de segundos, cabeças se


levantando no grunhido que eu solto no meu despertar cheio de fúria. — Saia! —
eu grito. Tantas emoções correndo por mim que tudo o que sinto é uma massa
de confusão esmagadora. A cabeça de Tawny chicoteia e seus olhos assustados
encontram os meus, seus lábios reforçados definidos em forma de O perfeito.

— Você sua dissimulada, vadi...

O ar é nocauteado em mim quando os braços fortes de Beckett me


agarraram por trás e me puxam de volta em seu peito. — Me solte! — eu luto
contra ele quando me prende mais apertado. — Me solte!

— Pare. Ry. — ele grunhe enquanto me restringe, seu reservado sotaque,


mas firme bate em meus ouvidos. — Você precisa guardar todo esse fogo e a
energia porque Colton vai precisar de você. Cada grama maldita disso. — suas
palavras me atingem, perfuram orifícios em mim e minam a minha adrenalina.
Eu paro de lutar, seu aperto em torno de mim ainda é ferro revestido e o calor
de sua respiração arfa contra minha bochecha. — Ela não vale a pena, ok?

Não consigo encontrar minhas palavras - não acho que sou capaz de
coerência neste momento - então apenas aceno com a cabeça em concordância,
forçando-me a concentrar em uma mancha no chão na minha frente, em vez das
longas pernas à direita.
— Tem certeza? — ele reafirma antes de lentamente me soltar e pisar na
minha frente, me forçando a olhar em seus olhos, para testar se serei fiel à
minha palavra.

Meu corpo começa a tremer, mantida cativa à mistura de raiva, tristeza e


o desconhecido, correndo por mim.

Minha respiração trava enquanto meus pulmões doem a cada respiração.


É a única dica da turbulência que sinto por dentro quando me encontro com a
bondade afiada com preocupação nos olhos de Beckett. E me sinto tão horrível
que ele está aqui tentando cuidar de mim quando ele ama Colton e está sofrendo
com o desconhecido tanto quanto estou. Então me forço a assentir. Ele imita a
minha ação antes de se virar, seu corpo bloqueando a minha linha de visão para
Tawny.

— Becks... — ela suspira o nome dele e somente a voz dela irrita os meus
nervos expostos.

— Nem uma maldita palavra, Tawny! — a voz de Beckett é baixa e


cautelosa, audível apenas para nós três apesar dos inúmeros pares de olhos
observando o confronto. Vejo Andy levantar do outro lado da sala, enquanto
tenta descobrir o que está acontecendo. — Eu vou deixar você ficar por uma
razão e uma razão apenas... Wood vai precisar do incentivo de todos - o
apoiando se ele... — diz ele, engasgando com as palavras. — Quando ele sair
dessa... e isso inclui você, embora agora após a proeza que causou entre ele e Ry,
amigo é um termo muito incorreto quando se trata de você.

As palavras de Becks me pegam de surpresa. Eu ouço o som evasivo que


ela faz antes de um silêncio momentâneo bater... e então eu a ouço começar a
chorar. Tranquilos, gemidos tristes que rompem o poder sobre mim que a voz
de Beckett não podia.
E eu estalo. Minha garantia à Becks que guardaria minha força
desaparece junto com a minha barreira.

— Não! — eu grito, tentando empurrar Beckett fora do caminho e dar um


soco. — Você não vai chorar por ele! Você não vai chorar pelo homem que você
tentou manipular! — braços se fecham em mim por trás, me impedindo de
pousar meu soco, mas não me importo, a realidade está perdida para mim.

— Saia! — eu grito. Minha voz oscilando enquanto sou arrastada de seu


rosto atordoado. — Não! — eu luto contra os braços me restringindo. — Me
solte!

— Shh - shh - shh! — É a voz de Andy, os braços de Andy que estão me


segurando firmemente, tentando acalmar e me controlar, ao mesmo tempo. E a
única coisa que eu posso focar - posso agarrar conforme meu coração dispara e
o corpo treme de raiva - é que preciso de um pit stop. Eu preciso encontrar
Colton. Eu preciso tocá-lo e vê-lo, para acalmar a turbulência na minha alma.

Mas não posso.

Ele está em algum lugar perto, meu bad boy rebelde incapaz de largar o
menino danificado dentro dele. O homem que acaba de começar a cura agora
está quebrado e me mata que não vou ser capaz de consertá-lo. Que as minhas
palavras murmuradas de encorajamento e de natureza paciente não serão
capazes de reparar o corpo imóvel e sem resposta que foi carregado até a maca e
levado às pressas para algum lugar dentro destas paredes - tão perto, mas tão
longe de mim. Que ele tenha que confiar em estranhos para consertá-lo e curá-
lo agora. Estranhos que não têm ideia da cicatriz invisível que ainda permanece
abaixo da superfície.

Mais mãos chegam a me tocar e me acalmar, de Dorothea e de Quinlan,


mas elas não são as que eu quero. Elas não são de Colton.
E então um pensamento terrível me bate. Toda vez que Colton está perto,
posso sentir aquele formigamento - o zumbido que me diz que ele está apenas
dentro do alcance - mas não posso sentir nada. Sei que ele está fisicamente
perto, mas sua faísca é inexistente.

Seja minha luz, Ry. Eu posso ouvir a sua voz dizer isso, eu posso sentir a
memória de sua suave respiração sobre a minha pele... Mas eu não posso senti-
lo.

— Eu não posso! — eu grito. — Eu não posso ser a sua luz se não posso
sentir a sua. Então não se atreva a queimar em mim. — eu não me importo que
esteja em uma sala cheia de pessoas, sendo virada e cercada pelos braços de
Dorothea, porque o único que eu quero que me ouça, não pode. E sabendo
disso, provoca desespero consumindo cada parte de mim ainda não congelada
de medo. Eu fecho minhas mãos na parte de trás da jaqueta de Dorothea,
agarrando-me a ela, enquanto imploro com seu filho. — Não se atreva a morrer
sem mim, Colton! Eu preciso de você caramba! — eu grito no agora estéril
silêncio da sala de espera. — Eu preciso tanto de você que estou morrendo, aqui
e agora, sem você! — minha voz quebra assim como o meu coração e por mais
que os braços de Dorothea, murmúrios abafados de Quinlan e determinação
tranquila de Andy ajudam, só não consigo lidar com tudo isso.

Eu afasto e olho para eles antes de tropeçar cegamente pelo corredor. Eu


sei que estou perdendo o controle. Estou tão entorpecida, tão vazia, que nem
sequer tenho a energia para argumentar com Beckett e conferir o ódio que sinto
por Tawny. Se eu sou a culpada por Colton estar aqui, então ela, com a porra da
certeza, precisa compartilhar um pouco dessa culpa também.

Eu viro o corredor para ir em direção ao banheiro e tenho que me


esforçar para me mover. Eu pressiono minhas mãos contra a parede para apoio,
ou então vou entrar em colapso. Lembro-me de respirar, digo-me para colocar
um pé na frente do outro, mas é quase impossível quando o único pensamento
que minha mente pode focar é que o homem que eu amo está lutando por sua
vida, e não posso fazer porra nenhuma sobre isso. Estou desesperada e
impotente.

Estou morrendo por dentro.

Minhas mãos desorientadas se chocam no batente da porta e cambaleio


entre a sua estrutura e no box mais próximo, acolhendo o silêncio ecoando no
banheiro vazio. Eu desabotoo minha bermuda e quando eu a oscilo sobre meus
quadris, meus olhos capturam o padrão xadrez em minha calcinha. Meu corpo
quer desistir, quer deslizar para o chão e cair no esquecimento, mas eu não faço
isso. Em vez disso, minhas mãos apertam as presilhas da bermuda ainda
pendurada em meus quadris. Eu não posso respirar rápido o suficiente. Eu
começo a hiperventilar e ficar tonta. Então, apoio minhas mãos contra a parede,
mas nada ajuda quando o ataque de pânico me bate com força total.

Você pode apostar sua bunda que é a bandeira quadriculada que,


definitivamente, estou reivindicando.

Congratulo-me com o som de sua voz memorizada. Deixo seu estrondo


permear através de mim como a cola que preciso para recompor meu eu
quebrado. Minha respiração se arrasta grossas e irregulares entre meus lábios,
enquanto tento segurar a memória - aquele incrível sorriso e do olhar de menino
mal - antes que ele me beijou uma última vez. Eu trago meus dedos em meus
lábios, querendo fazer uma conexão com ele, o medo do desconhecido pesando
forte em meu coração.

— Rylee? — a voz me sacode para o aqui e agora e só quero que ela vá


embora. Eu quero que ela me deixe intacta com a minha memória do calor de
sua pele, o gosto de seu beijo, a posse em seu toque. — Rylee?

Há uma batida na porta do box. — Mmm-hmm? — é tudo o que posso


gerir, porque a minha respiração ainda é forçada e irregular.
— É Quin. — sua voz é suave e irregular e me mata ouvir a ruptura nela.
— Ry, por favor, venha para fora...

Chego para frente e abro a porta, ela a empurra aberta e olha para mim
estranhamente, seu rosto corado pelas lágrimas e o rímel borrado só
enfatizando a devastação iminente em seus olhos. Ela franze os lábios e começa
a rir, de uma maneira que é limítrofe com a histeria assim, quando ecoa nas
paredes de azulejos, tudo que ouço em torno de nós é o desespero e medo. Ela
aponta para a minha bermuda empurrada para baixo e calcinha xadrez e
continua rindo, as lágrimas manchando suas bochechas um contraste estranho
com o som vindo de sua boca.

Eu começo a rir com ela. É a única coisa que posso fazer. Lágrimas não
virão. O medo não vai diminuir e a esperança está oscilando quando a primeira
risada cai dos meus lábios. Isso é tão errado. Tudo é tão errado e dentro de um
instante, Quinlan - a mulher que me odiava à primeira vista - alcança e envolve
seus braços em volta de mim enquanto seu riso se transforma em soluços.
Entranhas doendo pelos soluços de medo irrestrito. Seu minúsculo corpo sacode
conforme sua angústia se intensifica.

— Estou tão assustada, Rylee. — é a única coisa que consegue sair entre
os engates de sua respiração, mas é tudo o que ela precisa dizer por que é
exatamente como eu me sinto. A derrota em sua postura, a fortaleza de sua dor,
a força de seu aperto reflete o medo que não sou capaz de expressar, por isso me
agarro a ela com tudo o que tenho - precisando dessa conexão mais do que
qualquer coisa.

Eu a abraço e a acalmo da melhor forma que posso, tentando me perder


no papel do paciente conselheiro que conheço tão bem. É muito mais fácil
amenizar o desespero de alguém do que enfrentar o meu próprio. Ela tenta se
afastar, mas simplesmente não posso soltá-la. Eu não tenho os meios para sair
por essas portas e esperar o médico relatar notícias que tenho pavor de ouvir.
Eu fecho minha bermuda e olho para cima para encontrar meu próprio
reflexo no espelho. Eu posso ver as memórias assombrando, piscando nos meus
olhos. Minha mente pisca para um espelho retrovisor quebrado, sol refletindo
sobre seu sangue salpicado, o limite irregular quando Max murmura seu último
suspiro. E então minha mente agarra em uma memória mais feliz com outro
espelho. Um usado no calor da paixão para demonstrar por que sou suficiente
para Colton. Por que ele me escolheu.

— Vamos lá. — ela sussurra, quebrando meu transe quando ela me libera,
mas move sua mão para baixo para envolver em torno da minha cintura. — Eu
não quero perder uma atualização.
Capítulo 2

O tempo tem

esticado. Cada minuto parece uma hora. E cada uma das três horas que
passaram parece uma eternidade. Cada abrir das portas tem todos nós
alarmados e, em seguida, afundando de volta para baixo. Copos de isopor se
espalham pelo lixo. Macacões foram descompactados e amarrados na cintura
enquanto a sala de espera fica cada vez mais abafada. Telefones celulares tocam
incessantemente com pessoas em busca de atualizações. Mas ainda não há
notícias.

Beckett se senta com Andy. Dorothea tem Quinlan em um lado e Tawny,


de outro. A sala de espera está cheia de murmúrios abafados e a televisão
desempenha fundo aos meus pensamentos. Sento-me sozinha, e exceto pelas
mensagens constantes de Haddie, congratulo-me com a solidão. Então não
tenho que consolar ou ser consolada - a esquizofrenia em minha mente só
ficando mais alta a cada segundo.

Meu estômago se agita. Estou com fome, mas o pensamento de comida


me dá náuseas. Minha cabeça pesa, mas congratulo-me com a dor, acolho o
tambor dela para contar até que eu tente acelerar o tempo. Ou retardá-lo - o que
for para o benefício de Colton.

O bip eletrônico da porta. O guincho de sapatos. Eu nem sequer abro os


olhos desta vez.
— Eu tenho uma atualização sobre o Sr. Donavan. — a voz me abala. Pés
embaralham enquanto os caras se levantam e uma ansiedade discreta cantarola
pela sala na expectativa do que vai ser dito.

O medo me prende. Eu não consigo levantar. Não consigo me mover.


Estou tão petrificada pelas palavras que vão passar por seus lábios que forço
engolir em seco, mas permaneço paralisada com apreensão.

Eu espremo minhas mãos, apertando-as na carne nua das minhas coxas,


tentando usar a dor para enterrar as memórias. Querendo que o passado não se
repita - para não trocar um carro destruído com um homem que eu amo por
outro.

Ele limpa a garganta e eu chupo uma respiração – orando, esperando,


precisando de algum tipo de migalha para me agarrar. — Deixe-me apenas dizer
que os exames ainda estão em curso neste momento, mas pelo que podemos ver
provisoriamente, é óbvio que o Sr. Donavan sofreu uma lesão de desaceleração
repentina com um rompimento de órgãos internos pela força com que ele bateu
na cerca de captura. A lesão ocorre porque o corpo é forçado a parar, mas os
órgãos dentro do corpo permanecem em movimento, devido à inércia. Pelo que
podemos dizer...

— Inglês, por favor. — eu sussurro. Minha mente tenta compreender o


jargão médico, sabendo que se eu não estivesse nadando nesta névoa de
incerteza, seria capaz de processar isso. Ele para com meu comentário e mesmo
que não consiga levantar meus olhos para encontrar os dele, eu digo mais alto
desta vez. — Inglês, por favor, doutor. — o medo me oprime. Eu cautelosamente
levanto meus olhos para encontrar os dele, a equipe se vira para me olhar
enquanto eu olho para o médico. — Estamos todos muito preocupados aqui e
enquanto você pode entender o que está dizendo, a terminologia está
assustando a merda fora de nós... — minha voz desaparece e ele balança a
cabeça gentilmente. —... nossas mentes estão muito sobrecarregadas para
processar tudo agora... Tem sido uma longa espera para nós enquanto você
esteve com ele... então você pode, por favor, apenas nos dizer em termos
simples?

Ele sorri suavemente para mim, mas seus olhos são sérios. — Quando
Colton bateu no muro, o carro parou - seu corpo parou - mas seu cérebro
continuou, batendo no crânio em volta dele. Felizmente, ele estava usando um
dispositivo HANS que ajudou a proteger a conexão entre sua coluna e o pescoço,
mas a lesão que ele sofreu, no entanto, é séria.

Meu coração dispara e minha respiração trabalha quando um milhão de


diferentes resultados possíveis piscam na minha mente.

— Será que ele...? — Andy se move em minha visão enfrentando o médico


e faz a pergunta que ele não consegue concluir. O silêncio desce sobre a sala e a
movimentação nervosa dos pés para enquanto todos nós esperamos pela
resposta com a respiração suspensa.

— Sr. Westin, eu presumo? — o médico pergunta quando estende a mão a


um Andy assentindo. — Eu sou o Dr. Irons. Eu não vou mentir para você... O
coração do seu filho - parou duas vezes durante o transporte.

Eu sinto como se o alicerce da minha alma caiu com essas palavras. Não
me deixe. Por favor, não me deixe. Suplico silenciosamente, desejando que as
palavras lhe atinjam em algum lugar dentro dos limites deste hospital.

Andy estende a mão e aperta a mão de Dorothea.

— Nós fomos capazes de obter seu coração regulado um pouco depois, o


que é um bom sinal, visto que, estávamos com medo de que possivelmente, sua
aorta tivesse rompido com a força do impacto. Neste momento, sabemos que ele
tem um hematoma subdural. — o médico olha para cima e encontra meus olhos
antes de continuar. — Isto significa que os vasos sanguíneos se romperam e a
área entre o cérebro e o crânio está se enchendo com sangue. A situação é dupla,
porque o cérebro de Colton está inchando do traumatismo por ter batido seu
crânio. Ao mesmo tempo, o acúmulo de sangue está colocando pressão sobre o
cérebro, porque não há lugar para ele fugir para aliviar a dita pressão. — Dr.
Irons examina os olhos da equipe em torno dele. — Neste momento ele é mais
estável do que não, por isso estamos preparando-o para a cirurgia. É imperativo
que nós entremos e aliviemos a pressão em seu cérebro para tentar parar o
inchaço.

Eu assisto Dorothea se esticar e agarrar Andy para apoio, o óbvio amor


incondicional por seu filho puxa todas as minhas emoções.

— Quanto tempo dura a cirurgia? Ele está consciente? Havia outros


ferimentos? — Beckett fala pela primeira vez, disparando rapidamente as
perguntas que todos nós estamos pensando.

Dr. Irons engole e une seus dedos à sua frente enquanto atende os olhos
de Beckett. — Quanto a outras lesões, apenas menores em comparação com o
ferimento na cabeça. Ele não esteve consciente, nem recuperou a consciência
neste momento. Ele estava em estado de coma típico que vemos com estas
lesões - resmungando incoerentemente, lutando contra nós - em ataques muito
esporádicos. Quanto ao resto, vamos saber mais quando entramos em cirurgia e
vir o quão ruim o sangramento no cérebro é.

Beckett exala o ar que ele esteve segurando e posso ver seus ombros
caírem bruscamente com o seu anúncio, embora não tenha certeza se é em alívio
ou resignação. Nenhuma das palavras do médico fez o pavor pesando no fundo
da minha alma diminuir. Quinlan passa à frente e agarra a mão Becks enquanto
ela lança o olhar por cima de seus pais antes de perguntar a única coisa que
todos nós tememos. — Se o inchaço não parar com a cirurgia... — sua voz vacila,
Beckett pressiona um beijo fraternal no topo de sua cabeça em encorajamento —
... o que... que isso significa? O que estou tentando dizer, é que você está falando
de lesão cerebral aqui então qual é o prognóstico? — sua respiração trava com
um soluço engolido. — Quais são as chances de Colton?
O médico suspira alto e olha para Quinlan. — Neste momento, antes de
irmos para a cirurgia e ver se há algum dano, não estou à vontade para dar um.
— o suspiro estrangulado que vem de Andy rompe o silêncio. Dr. Irons avança e
coloca a mão em seu ombro até que Andy olha para cima e encontra seus olhos.
— Estamos fazendo tudo o que podemos. Somos muito experientes neste tipo de
coisa e estamos dando ao seu filho todos os benefícios dessa formação. Por
favor, entenda que não estou dando um percentual, porque é uma causa
perdida, mas sim porque preciso ver mais para saber o que estamos
enfrentando. Uma vez que eu saiba, então podemos estabelecer um plano de
ação e partir daí. — Andy acena sutilmente para ele, esfregando a mão sobre os
olhos, e Dr. Irons olha e examina os rostos de todos na sala. — Ele é forte e
saudável e isso é sempre uma boa coisa para ter do nosso lado. É mais do que
óbvio que Colton é amado por muitas pessoas... por favor, saibam que carrego
esse conhecimento para a sala de cirurgia comigo. — com isso, ele dá um sorriso
tenso, então se vira e sai da sala.

Após a sua partida, ninguém se move. Estamos todos ainda em estado de


choque.

Todos ainda deixando a gravidade de suas palavras deslizarem nos


orifícios sobressaindo em nossa determinação. As pessoas começam a se mover
lentamente e inconstantes enquanto os pensamentos se fundem e tentam
resolver as emoções.

Mas sou incapaz.

Ele está vivo. Não está morto como Max. Vivo.

A dor surda de alívio que sinto é nada comparada com a pontada do


desconhecido. E não é suficiente para amenizar o medo sentado no fundo das
profundezas da minha alma. Eu começo a sentir as garras sanguessugas da
claustrofobia queimar por minha pele. Eu sopro um longo suspiro tentando
diminuir o suor cobrindo meu lábio superior e deslizando pela linha da minha
coluna. Minha respiração desliza de meus pulmões sem reabastecer meu corpo.

Imagens piscam novamente. De Max para Colton. De Colton para Max.


Sangue defraudando lentamente de sua orelha. Nos cantos de sua boca.
Manchas salpicadas em todo o carro quebrado. Meu nome estrangulando em
seus lábios. Seus apelos formando cicatrizes em minha mente. Gravando-os
como uma marca para me assombrar para sempre.

A aspersão de desconforto se transforma em uma chuva torrencial de


pânico. Preciso de ar fresco. Eu preciso de uma pausa dessa opressão que está
sufocando esta maldita sala de espera. Preciso de cor e vibração - algo cheio de
vigor e vida como Colton - algo diferente das cores monocromáticas e memórias
avassaladoras.

Eu me esforço a levantar e tudo, mas corro para fora da sala de espera


ignorando o chamado de Beckett. Cambaleio cegamente em direção à saída,
porque desta vez o barulho das portas me chama, oferece um refúgio da histeria
sugando minha esperança.

Você me faz sentir, Rylee...

Eu tropeço através das portas, à memória surge através da minha alma,


mas me bate como um soco inesperado no abdômen. Eu suspiro ruidosamente,
dor irradiando através de cada sinapse. Puxo uma respiração irregular,
precisando de alguma coisa, qualquer coisa para ajudar a recuperar a fé que eu
preciso para enfrentar a realidade de que Colton talvez não possa fazê-lo através
da cirurgia. À noite. Na manhã.

Eu balanço a cabeça para livrar o veneno comendo os meus pensamentos,


enquanto viro a esquina do edifício e sou jogada em um turbilhão. Eu juro,
existem mais de cem câmeras que piscam ao mesmo tempo. O rugido de
perguntas troveja tão alto que sou atingida por uma onda de ruído. Sou cercada
imediatamente, minhas costas pressionadas contra a parede, enquanto
microfones e câmeras são empurrados no me rosto, documentando meu
controle lentamente esgotando com a realidade.

— É verdade que eles estão emitindo a Colton a extrema unção?

Palavras retendo na minha garganta.

— Qual é o status entre você e o Sr. Donavan?

A raiva se intensifica, mas estou oprimida pela enxurrada.

— É verdade que Colton está em seu leito de morte e seus pais estão ao
seu lado?

Meus lábios abrem e fecham, meus punhos cerram e olhos queimam.


Lágrimas da alma e minha fé na humanidade se desintegram. Eu sei que pareço
um cervo diante de faróis, mas estou presa. Sei que se eu pensei que senti as
garras de claustrofobia lá dentro, sinto que era café pequeno na minha traqueia
quando as mãos da mídia espremem o ar de mim. Minha respiração vem em
surtos agudos curtos. O céu azul gira acima quando minha mente o deforma em
um redemoinho preguiçoso, escuridão começa a se infiltrar através de meu
consciente que se desvanece.

Assim quando estou prestes a afundar no esquecimento acolhedor,


braços fortes me envolvem e evitam a minha queda ao chão. Meu peso bate
contra Sammy como um trem de carga e memórias lançam pela minha mente da
última vez que cai nos braços de um homem. Imagens agridoces, lampejos de
placas de leilões perdidas e portas do armário travadas. Olhos verdes vibrantes e
um arrogante, sorriso autoconfiante.

Canalha. Rebelde. Imprudente.


A voz de Sammy rompe minha mente nublada quando ele repreende a
imprensa. — Para trás! — ele resmunga enquanto suporta o meu peso morto,
braço em minha cintura. — Daremos uma atualização quando tivermos uma. —
Flashes reacendem o céu.

Mais uma vez, o barulho de portas, mas desta vez não estremeço. A besta
no interior é muito mais palpável, do que a do lado de fora. Minha respiração
começa a nivelar e meu coração desacelera. Sou empurrada para uma cadeira, e
quando olho para cima os olhos de Sammy encontram os meus, procurando por
algo.

— Que diabos você pensa que estava fazendo? Eles poderiam ter comido
você viva. — ele pragueja. É um show tão flagrante de emoção do guarda-costas
de outra forma estoica, que percebo o meu erro em ir lá fora. Eu ainda estou
achando meu equilíbrio no mundo muito público de Colton; e então me sinto
horrível, porque enquanto estive na sala de espera cercada por todos, percebo
que Sammy esteve aqui se certificando de que estivéssemos sozinhos e sem
perturbações.

— Eu sinto muito, Sammy. — eu respiro um pedido de desculpas. — Eu só


precisava de um pouco de ar e... eu sinto muito.

Preocupação persiste em seus olhos. — Você está bem? Você já comeu


alguma coisa? Você quase desmaiou lá. Eu acho que você precisa comer algo.

— Eu estou bem. Obrigada. — digo conforme levanto devagar. Acho que o


surpreendo quando eu o alcanço e aperto sua mão. — Como você está se
sentindo?

Ele dá de ombros com indiferença, embora o gesto seja tudo, exceto


indiferente. — Contanto que ele esteja bem, então vou ficar bem.
Ele acena para mim quando ele se vira para recuperar seu posto nas
portas do hospital antes que eu possa dizer qualquer outra coisa. Meus olhos
seguem seus movimentos por um momento, os comentários cruéis da imprensa
reverberando através da minha mente, enquanto crio coragem para caminhar
de volta para a sala de espera.

Eu fecho meus olhos por um momento. Eu desejo sentir qualquer coisa


que não seja a dormência que consome minha alma. Eu tento puxar das minhas
profundezas do desespero o som de sua risada, o gosto de seu beijo, até a sua
natureza teimosa e firme determinação - qualquer coisa para restabelecer as
costuras do meu coração que o amor de Colton havia costurado.

Não irrelevante Rylee. Você nunca poderia ser irrelevante.

A memória sussurra através de minha mente e é como pedra de isqueiro


reacendendo a vida em pequenos lampejos de esperança. Eu respiro fundo e os
meus pés avançam pelo longo corredor onde todo mundo espera com
impaciência. Estou passando pelo posto de enfermagem, quando ouço o nome
de Colton mencionado por duas enfermeiras que estão de costas para mim. Eu
retardo meu passo, tentando pegar qualquer pedaço de informação que puder.
Eu tento forçar minha mente a não se preocupar de que estamos sendo
enganados sobre a gravidade da situação, quando ouço as palavras que
perfuram o ar dos meus pulmões.

Faz meu coração parar.

Faz com que um calafrio ricocheteie pelo meu corpo.

— Quem está na OR ONE6 com o Sr. Donavan?

— Dr. Irons está conduzindo o caso.

6
Sala de cirurgia.
— Bem inferno, se há alguém que gostaria que me operassem nesta
circunstância, com certeza seria o Ironman.

Spiderman.

Eu ofego, as enfermeiras se viram e tomam conhecimento de mim. A


mais alta delas avança e inclina a cabeça para mim. — Posso ajudá-la senhora?

Batman.

— De que você acabou de chamar o Dr. Irons?

Superman.

Ela olha para mim, um leve vinco em sua testa. — Você quer dizer o nosso
apelido para o Dr. Irons?

Ironman.

Tudo que posso fazer é acenar com a cabeça, porque minha garganta
engasga com esperança. — Oh, ele é conhecido por aqui como Ironman, querida.
Você precisa de alguma coisa?

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

Eu só balanço minha cabeça novamente, em seguida, tomo os três passos


em direção à sala de espera, mas cedo contra uma parede e deslizo para o chão,
enquanto fico sobrecarregada com esperança, dominada pela presença dos
amados super-heróis de Colton.

A obsessão de infância agora se transformou em compreensão de um


adulto sobre a esperança.
Eu descanso meu rosto nos meus joelhos dobrados enquanto me apego à
noção de que essa coincidência é mais do que apenas isso - uma coincidência.
Eu balanço minha cabeça para trás e para a frente, seus nomes caindo de meus
lábios em um canto silencioso que sei que pela primeira vez foi pronunciado
com reverência absoluta.

— Colton costumava dizer isso durante o sono quando menino. — a voz


de Andy me assusta quando ele desliza pela parede ao meu lado, um suspiro
pesado caindo de seus lábios. Eu me viro um pouco para que possa olhar para
ele. Ele parece anos mais velho desde que a corrida começou esta manhã. Seus
olhos seguram uma dor silenciosa e sua boca tenta levantar em um sorriso
suave, mas falha miseravelmente. O homem que eu conheci apenas cheio de
vida foi minado de sua exuberância. — Não ouço isso há muito tempo. Na
verdade, esqueci sobre isso, até que acabei de ouvir você dizer. — ele ri baixinho,
estende a mão e dá um tapinha no meu joelho enquanto estica as pernas na
frente dele.

— Andy... — seu nome é um murmúrio em meus lábios enquanto o vejo


lutar com emoção. Eu quero desesperadamente falar com ele sobre os sinais - a
ocorrência aleatória dos amados super-heróis de seu filho - mas me preocupo
que ele vá pensar que estou perdendo minha noção da realidade, assim como
temo que Beckett pense que eu estou.

Tanto quanto me preocupo que eu poderia estar.

— Estou surpreso que ele disse a você sobre eles. Isso costumava ser um
código secreto que ele cantava como um menino, quando ele tinha um pesadelo
ou estava com medo. Ele nunca elaborava... jamais explicava por que esses
quatro super-heróis eram tão reconfortantes para ele. — ele olha para mim, o
sorriso suave caindo. — Dottie e eu podíamos apenas imaginar do que ele
esperava que esses super-heróis o salvassem a partir de...
As palavras derivam entre nós e se estabelecem em perguntas que nós
dois queremos fazer, mas nem um nem outro diz em voz alta. O que Andy sabe
que eu não e vice-versa? Ele pressiona as costas de sua mão em seus olhos e
exala um suspiro trêmulo.

— Ele é forte, Andy... ele vai sair dessa... ele tem que ficar bem. — eu
finalmente digo quando confio na determinação da minha voz.

Ele apenas acena com a cabeça. Nós vemos um grupo de médicos que
passam correndo por nós e meu coração se aloja na minha garganta preocupada
por causa de Colton. Ele esfrega a mão sobre o rosto e vejo o amor encher seus
olhos. — A primeira vez que eu o vi, ele quebrou meu coração e o roubou. Tudo
com um único olhar. — eu aceno com a cabeça para ele continuar, porque mais
do que qualquer coisa, eu entendo essa declaração, pois seu filho fez a mesma
coisa ao meu.

Ele o capturou, o roubou, o partiu, o curou e para sempre é o dono.

— Eu estava trabalhando no meu trailer no set reescrevendo uma cena.


Tinha sido uma longa noite. Quin estava doente e tinha ficado acordada a noite
toda. — ele balança a cabeça e encontra em meus olhos por um momento antes
de olhar para baixo e concentrá-los na pulseira de seu relógio que ele está
brincando. — Eu estava atrasado para estar no set. Eu abri a porta e quase
tropecei nele. — ele faz uma pausa desejando que as lágrimas prestes a jorrar
que vejo em seus olhos se dissipem. — Eu acho que praguejei em voz alta e eu vi
sua pequena figura sobressaltar com medo inconfundível. Eu sei que ele me
assustou e eu só podia imaginar por que uma criança teria esse tipo de reação.
Ele se recusou a olhar para mim, não importava quão suave deixei a minha voz.

Eu chego mais perto e pego sua mão na minha, apertando para que ele
saiba que sei sobre os demônios de Colton sem ele nunca os ter revelado. Eu
posso não saber os detalhes, mas já vi o suficiente para obter a essência.
— Eu me sentei no chão ao lado dele e apenas esperei que ele entendesse
que não ia machucá-lo. Eu cantei a única música que conseguia pensar. — ele ri.
— Puff the Magic Dragon. Na segunda vez, ele levantou a cabeça e finalmente
olhou para mim. Doce Cristo, ele roubou meu fôlego. Ele tinha enormes olhos
verdes naquele rostinho pálido e olhava para mim com tanto medo... tanto mau
presságio... que levou tudo o que eu tinha para não envolver meus braços ao seu
redor e consolá-lo.

— Eu posso imaginar. — murmuro, começando a tirar minha mão, mas


parando quando Andy a aperta.

— Ele não falava comigo no início. Eu tentei de tudo para que me dissesse
seu nome ou o que ele estava fazendo, mas isso não importava. Nada importava
- minha hora para estar no set não atendida, o dinheiro desperdiçado, nada -
porque eu estava fascinado pelo garotinho frágil cujos olhos me diziam que
tinha visto e experimentado coisas demais em sua curta vida. Quinlan tinha seis
anos na época. Colton era menor do que ela, assim pensei, que ele tinha uns
cinco anos. Fiquei chocado mais tarde naquela noite, quando a polícia me disse
que ele tinha oito anos de idade.

Engulo em seco o nó que está preso na minha garganta, quando escuto os


primeiros momentos da vida de Colton, quando foi dado a ele amor
incondicional. A primeira vez que foi dada a ele uma vida de possibilidades em
vez de medo.

— Eventualmente eu lhe perguntei se ele estava com fome e aqueles seus


olhos ficaram tão grandes como pires. Eu não tinha muito no trailer que uma
criança gostaria, mas tinha uma barra de Snickers e vou admitir. — diz ele com
uma risada. — Eu realmente queria que ele gostasse de mim... então, eu pensei,
que criança não podia ser subornada com chocolate?

Eu sorrio com ele, a conexão não passou despercebida por mim, pois
lembro que Colton come um Snickers antes de cada corrida. Que ele comeu uma
barra de Snickers hoje. Meu peito aperta com o pensamento. Isso foi realmente
apenas algumas horas atrás? Parecem dias.

— Sabe, Dottie e eu tínhamos falado sobre a possibilidade de mais


crianças... mas decidimos que Quinlan era o suficiente para nós. Bem, devo
dizer que ela teria tido mais e eu estava contente com apenas um. Merda,
levávamos uma vida ocupada com um monte de viagens e nós fomos
afortunados com uma menina saudável, então, como poderíamos pedir mais?
Minha carreira foi crescendo e Dottie fazia peças quando ela queria. Mas depois
das primeiras horas com Colton, não havia sequer uma hesitação. Como eu
poderia fugir daqueles olhos e do sorriso que eu sabia que estava escondido em
algum lugar sob o medo e vergonha? — uma lágrima desliza por sua bochecha, a
preocupação com seu filho, antes e agora, rolando fora dele em ondas. Ele olha
para mim com olhos cinzentos preenchidos com uma profundidade de emoções.
— Ele é a pessoa mais forte - homem - que eu já conheci. Rylee. — ele engasga
com um soluço. — Eu só preciso que ele seja isso agora... eu não posso perder o
meu filho.

Suas palavras rasgam em lugares profundos dentro de mim, pois eu


entendo a angústia de um pai com medo de que eles estão perdendo seu filho. O
temor profundamente enraizado que você não quer reconhecer, mas que aperta
cada parte do seu coração. Simpatia me inunda por este homem que deu a
Colton tudo e ainda a dormência dentro de mim encarcera minhas lágrimas.

— Nenhum de nós pode, Andy. Ele é o centro do nosso mundo. —


sussurro, com a voz quebrada.

Andy inclina a cabeça para o lado, olha para cima e me estuda por um
momento. — Eu temo todas as vezes que ele entra no carro. Toda maldita vez...
mas é o único lugar que eu o vejo livre do fardo de seu passado... o vejo correr
mais que os demônios que o assombram. — ele aperta minha mão até que eu o
olhe para ver a sinceridade em seus olhos. — O único momento, isto é, até
recentemente. Até que o vi falar, se preocupar, interagir... com você.
Minha respiração trava. Lágrimas também em um primeiro momento,
mas não caem. Depois de ter a mãe de Max, Claire, me odiando por tanto
tempo, a aprovação tácita do pai de Colton é monumental. Eu soluço uma
respiração, tentando conter o tornado de emoções girando através de mim.

— Eu o amo. — é tudo o que consigo dizer. É tudo que posso pensar. Eu o


amo e poderia nunca chegar a realmente lhe mostrar agora que ele admitiu o
mesmo sentimento por mim. E agora, estou no precipício de circunstâncias tão
fora do meu controle que temo não conseguir nunca ter a chance de fazê-lo.

A voz de Andy me puxa do meu crescente ataque de pânico. — Colton me


disse que você o encorajou a descobrir mais sobre sua mãe biológica.

Eu olho para baixo e desenho círculos distraidamente em meu joelho


com meu dedo, cautelosa, pois, essa conversa pode ir de duas maneiras: Andy
pode ser grato que estou tentando ajudar seu filho a se curar ou ele pode ficar
chateado e achar que estou tentando abrir uma brecha entre eles.

— Obrigado por isso. — ele exala suavemente. — Eu acho que ele está
sempre faltando um pedaço e talvez sabendo sobre ela ajude a preencher isso
para ele. Só o fato de que ele está falando sobre o assunto, perguntando sobre
isso, é um grande passo... — ele estende a mão e coloca o braço em volta do meu
ombro e me puxa para ele, assim, minha cabeça repousa em seu ombro. —...
portanto, obrigado por ajudá-lo a se encontrar em mais de um sentido.

Eu aceno minha cabeça em reconhecimento, sua confissão me deixando


sem palavras. Sentamos juntos assim por algum tempo, aceitando e puxando o
conforto um do outro, quando tudo o que nós sentimos é o vazio interior.
Capítulo 3

É um dia

perfeito. Céu azul, sol aquecendo meu rosto e nenhum pensamento em minha
mente. As ondas batem na areia com um som calmante, onda após onda. Venho
aqui muitas vezes, o lugar que tivemos nosso primeiro encontro oficial, porque
me sinto perto dele aqui. Uma memória, algo para segurar quando nem posso
segurá-lo novamente.

Eu envolvo meus braços ao redor dos meus joelhos e respiro tudo isso,
aceitando que a tristeza sempre será uma dor constante no meu coração e
desejando que ele estivesse aqui ao meu lado. Mas, ao mesmo tempo, eu sei que
não me sinto tão em paz desde que ele se foi. Eu poderia estar virando a página
na minha tristeza - pelo menos isso é o que o terapeuta acha - uma vez que tem
sido dias sem o pânico cego e estrangulando gritos que consomem os meus
pensamentos e distorcem minha noção da realidade. Eu acho que, talvez, depois
de todo esse tempo, eu seria capaz de seguir em frente - não adiante - mas para
frente.

O carro solitário no estacionamento à minha direita me chama a atenção.


Eu não sei por que. Talvez seja porque o carro está estacionado perto de onde
Colton estacionou o Aston Martin em nosso primeiro passeio espontâneo - o
encontro na praia mais caro da história - mas eu olho. Meu coração esperando o
que minha mente sabe que não é possível. Que é ele estacionando o carro para
vir se juntar a mim.
Eu me viro para olhar apenas a tempo de ver uma figura caminhar até o
lado do passageiro e se inclinar para falar com o motorista através da janela
aberta. Algo sobre a pessoa me faz levantar da areia. Eu protejo meus olhos do
brilho do sol e estudo o perfil dele, sentindo que algo está errado.

Sem pensar, começo a andar em direção ao carro, minha inquietação


crescente a cada passo. O estranho se endireita e se vira para mim por um
segundo, o sol iluminando suas feições escuras e meus pés vacilam, perco o
fôlego.

Meu anjo negro parado na luz.

— Colton? — minha voz é apenas um sussurro quando meu cérebro tenta


compreender como é possível que ele esteja aqui. Aqui comigo, quando eu os vi
carregar o seu corpo sem vida sobre a maca, beijei seus lábios frios uma última
vez, antes deles lançaram seu caixão para descansar. Meu coração estronda em
meu peito, seu ritmo acelerando a cada segundo enquanto a esperança atada
com pânico começa a crescer.

E embora minha voz seja tão suave, ele inclina a cabeça para o lado com o
som de seu nome, seus olhos cheios de uma tristeza tranquila, travam os meus.
Ele começa a levantar a mão, mas é momentaneamente distraído quando a
porta do passageiro é aberta. Ele olha para o carro e, em seguida, de volta para
mim, renúncia gravando as linhas magníficas de seu rosto. Ele hesitantemente
levanta sua mão novamente, mas dessa vez termina a saudação para mim.

Eu levo meus dedos em meus lábios quando a dor saindo dele finalmente
chega através da distância e colide em mim, golpeia o ar para fora de meus
pulmões. Eu sinto seu desespero absoluto instantaneamente. Rasgando minha
alma como um raio dividindo o céu.

E nesse instante eu sei.


— Colton! — eu digo o nome dele novamente, mas desta vez o meu grito
desesperado penetra através da serenidade da praia. As gaivotas voam ao som,
mas Colton desliza para o banco do passageiro, sem um segundo olhar e fecha a
porta.

O carro dirige lentamente em direção à saída do estacionamento, e eu


saio a toda velocidade. Meus pulmões queimam e pernas doem, mas não sou
rápida o suficiente. Eu não vou chegar a tempo e não consigo fazer qualquer
progresso, não importa o quão rápido corro. O carro vira para a direita, fora do
estacionamento para a estrada vazia, e faz uma curva ao passar por mim em seu
caminho para o sul. A pintura metálica azul brilha contra os raios do sol e o que
vejo me para morta no meu caminho.

Parece uma eternidade desde que eu o vi assim. Perfeito, saudável, com


olhos azuis e sorriso fácil que amei tanto. Mas seus olhos nunca rompem com o
seu foco na estrada à frente.

Max nunca sequer me dá tanto como um segundo olhar.

Colton, por outro lado, olha diretamente para mim. A combinação de


medo, pânico e resignação gravada em seu rosto. Nas lágrimas correndo pelo
meu rosto, o pedido de desculpas que seus olhos expressam, em seus punhos
batendo freneticamente contra as janelas, em suas palavras, posso ver sua boca,
mas não posso ouvi-lo implorar. Tudo isso torce minha alma e a espreme seca.

— Não! — eu grito. Cada fibra do meu ser focada em como ajudá-lo a


escapar, como salvá-lo.

E então vejo o movimento no banco de trás e sou derrubada em meus


joelhos. O cascalho me machuca, mas nada é comparado com a dor lancinante
nas profundezas negras do meu interior. E embora esteja sofrendo mais do que
jamais pudesse imaginar, uma parte de mim está em reverência - perdida nesse
amor incondicional, que você nunca acha que é possível até que você o
experimenta por si mesmo.

Cachos emolduram seu rosto angelical, saltando com o movimento do


carro. Ela sorri suavemente para Max, completamente alheia aos protestos
violentos de Colton no assento em frente a ela. Ela gira em sua cadeirinha e olha
para mim, os olhos violetas um reflexo do espelho me olhando. E então,
sutilmente, seus lábios rosados se curvam em um canto quando a curiosidade
infantil a ganha e ela olha para mim. Pontas de dedos minúsculos sobem acima
da janela e acenam.

Eu tenho que me lembrar de respirar. Tenho que forçar o pensamento na


minha cabeça, porque ela sozinha está simplesmente me rasgando e me
remendando. E, ainda assim, a visão dela me deixou crua e desgastada, com
amanhãs que nunca serão.

Que eu nunca posso voltar.

Que nunca foram meus para manter.

E do meu lugar no chão, a minha alma se agarra a algo antes de ser


engolida nas profundezas escuras do desespero, eu grito a pleno pulmões o
nome da única pessoa que ainda pode ser salva.

— Colton! Pare! Colton! Lute, caramba! — minha voz rouca cai com as
últimas palavras, soluços ultrapassando e desespero me oprimindo. Eu penduro
minha cabeça em minhas mãos e me permito ser arrastada para baixo e me
afogar, acolhendo a escuridão devastadora, pela segunda vez na minha vida.

— Não! — eu grito.

Mãos invisíveis me agarram e tentam me afastar dele, mas luto com cada
grama que posso reunir contra elas, para que eu possa salvar Colton.
Salvar o homem que eu amo.

— Rylee! — a voz me impele a me afastar de Colton. De jeito nenhum no


inferno que irei embora de novo.

Nunca.

— Rylee! — a insistência intensifica a medida que meus ombros são


empurrados para trás e para frente. Tento agitar meus braços, mas estou sendo
mantida apertada.

Desperto com um susto e os olhos azuis de Beckett estão encarando


intensamente os meus. — É apenas um sonho, Rylee. Apenas um sonho.

Meu coração está acelerado e ofego por ar, mas meu corpo não parece
aceitá-lo. Eu não consigo pegar a minha próxima respiração rápido o suficiente.
Eu levo a mão trêmula e a esfrego sobre o meu rosto para conseguir orientação.
Era tão real. Tão impossível, no entanto, tão real... a menos que... a menos que
Colton está...

— Becks. — seu nome é apenas um sussurro em meus lábios quando os


restos do meu sonho se impulsionam e começo a entender por que Colton
estaria com Max e minha filha.

— O que é Ry? Você está branca como um fantasma.

As palavras estrangulam na minha garganta. Eu não posso lhe dizer o que


minha mente está processando. Eu gaguejo tentando conseguir as palavras
quando somos interrompidos.

— A família de Colton Donavan?


Todos na sala de espera se levantam e se movem para se reunir perto da
entrada da sala de espera, onde uma mulher baixa esfrega o suporte desatando
sua máscara cirúrgica. Eu levanto também, medo me conduzindo a empurrar o
meu caminho para a frente, com Becks abrindo caminho à minha frente.
Quando paramos ao lado dos pais de Colton, ele estende a sua mão e aperta a
minha. É a única indicação de que ele está tão assustado quanto eu.

Os olhos dela percorrem muitos de nós e ela balança a cabeça com um


sorriso forçado. — Não, eu preciso falar com a sua família imediata. — diz ela.
Eu posso ouvir o cansaço em sua voz, e claro, a minha mente começa a correr
mais rápido.

Andy passa à frente e limpa a garganta. — Sim, estamos todos aqui.

— Eu vejo isso, mas eu gostaria de atualizar sua família imediata em


privado, conforme o protocolo do hospital, senhor. — o tom dela é austero ainda
que calmante, e tudo que eu quero é sacudi-la até que ela diga “Danem-se as
regras” e me dê uma atualização.

Andy desloca os olhos dela para olhar a todos nós, antes de continuar.

— Minha esposa, filha e eu podemos ser a família imediata de Colton,


mas todo mundo aqui? Eles são a razão pela qual ele está vivo agora... assim aos
meus olhos, eles são família e merecem ouvir a atualização ao mesmo tempo que
nós, o protocolo hospitalar que se dane.

Um ligeiro olhar chocado cintila em suas feições e neste momento posso


ver por que há tantos anos os policiais no hospital não questionaram Andy
quando ele lhes disse que Colton estava indo para casa com ele durante a noite.

Ela assente lentamente para ele, os lábios franzidos. — Meu nome é Dra.
Biggeti e eu me uni na sala de cirurgia com o Dr. Irons no caso do seu filho. —
na minha periferia vejo a maioria dos caras balançando a cabeça, corpo
inclinado para frente para se certificar de que eles ouvem tudo. Dorothea passa
para o lado de seu marido, Quinlan, no lado oposto e pega sua mão como Becks
está segurando a minha. — Colton passou pela cirurgia e atualmente está sendo
movido para a UTI.

Um suspiro coletivo enche a sala. Meu coração troveja em ritmo


acelerado e minha cabeça atordoa com a notícia. Ele ainda está vivo. Ainda
lutando. Estou com medo e ele está cheio de cicatrizes, mas nós dois ainda
estamos lutando.

Dra. Biggeti coloca as mãos para cima para acalmar a murmuração entre
nós. — Agora ainda há um monte de incógnitas neste momento. O sangramento
e o inchaço foram bastante extensos e tivemos que remover uma pequena parte
do crânio de Colton para aliviar a pressão sobre o cérebro. Neste momento, o
inchaço parece estar sob controle, mas preciso reiterar as palavras, neste
momento. Qualquer coisa pode acontecer nestes casos e as próximas 24 horas
são extremamente cruciais para nos dizer qual caminho o corpo de Colton vai
decidir ir. — eu sinto Beckett oscilar perto de mim e desembaraço nossas mãos e
envolvo meus braços em sua cintura, e me consolo com o fato de que estamos
todos aqui, nos sentindo da mesma maneira. Que desta vez eu não estou sozinha
assistindo o homem que eu amo lutar para sobreviver. — E por mais que eu
tenha esperança de que o resultado será positivo, também preciso prepará-los
para o fato de que pode haver um possível dano periférico que é desconhecido
até que ele acorde.

— Obrigada. — é Dorothea que fala conforme ela avança e pega de


surpresa a Dra. Biggeti em um abraço rápido antes de recuar e enxugar as
lágrimas sob seus olhos. — Quando poderemos vê-lo?

A médica balança a cabeça em compaixão aos pais de Colton. — Como eu


disse, agora eles o estão estabilizando e verificando os sinais vitais na UTI.
Daqui a pouco, você poderá vê-lo. — ela olha para Andy. — E desta vez, devo
seguir a política do hospital que só família imediata tem permissão para visita-
lo.

Ele acena com a cabeça.

— Seu filho é muito forte e está colocando um inferno de uma briga. É


óbvio que ele tem uma forte vontade de viver... e cada pouco, ajuda.

— Obrigado, muito obrigado. — Andy exala antes de pegar Dorothea e


Quinlan em um abraço apertado. Suas mãos fecham em punho em suas costas e
expressa apenas um pingo da angústia misturada com alívio vibrando sob a sua
superfície.

Quando a médica vai embora suas palavras me atingem e fecho meus


olhos para focar no positivo. Para me concentrar no fato de que Colton está
lutando como o inferno para voltar para nós. Para voltar para mim.

Todos nós - equipe e família - fomos transferidos para uma sala de espera
diferente, uma vez que estávamos ocupando todo o espaço na área de
emergência. Este é em um andar diferente, mais perto da UTI e de Colton. A
sala tem uma luz azul serena, mas estou longe de estar calma. Colton está perto.
O simples pensamento me faz hiperventilar. Eu não sou família imediata, assim
não poderei vê-lo.

E isso por si só torna cada respiração um esforço.


Deixa cada emoção crua, nervosismo à mostra como se minha pele foi
removida e exposta a uma mangueira de incêndio.

Cada pensamento focado em quanto eu preciso vê-lo por minha própria


sanidade que está escorregando.

Eu levanto e enfrento uma parede de janelas com vista para um pátio


abaixo. O estacionamento está repleto de caminhões de mídia e equipes de
filmagem, todos tentando conseguir algo mais sobre a história do que a estação
ao lado deles. Eu os assisto distraidamente, a massa se torna um grande borrão.
Você era uma centelha de cor sólida para mim em um mundo que sempre foi
um grande borrão misturado...

Estou tão perdida em meus pensamentos que sobressalto quando alguém


coloca a mão no meu ombro. Eu viro minha cabeça e encontro os olhos
angustiados da mãe de Colton. Nós nos encaramos por um momento; as
palavras não são faladas, mas tanto é trocado.

Ela acaba de ver Colton. Quero lhe perguntar como ele está. Como ele se
sente, se ele está tão ruim quanto às imagens que tenho em minha mente. Abro
a boca para falar, mas a fecho, porque não consigo encontrar as palavras para
me expressar.

Os olhos de Dorothea estão profundos e seu lábio inferior treme com


lágrimas não derramadas. — Eu só... — ela começa a dizer e depois para,
levando sua mão à boca e sacudindo a cabeça. Depois de um momento, ela
começa novamente. — Eu não suporto vê-lo assim.

Minha garganta parece que está fechando quando tento engolir. Eu


estendo minha mão acima de meu ombro e aperto o dela, o único consolo que
posso. Mesmo remotamente oferecer. — Ele vai ficar bem... — as mesmas
palavras que proferi várias vezes hoje que consertam nada, mas digo-lhe, no
entanto.
— Sim. — ela diz assentindo determinada enquanto se vira para o circo
no estacionamento. — Eu não tive tempo suficiente com ele. Eu perdi os
primeiros oito anos de sua vida, por isso estou em dívida, os extras por não ter a
chance de salvá-lo mais cedo. Deus não pode ser tão cruel para roubar-lhe o que
ele merece. — ela olha para mim em suas últimas palavras e a força tranquila
desta mãe lutando por seu filho é inconfundível. — Eu não vou permitir isso. —
e a mulher dominante que tinha escorregado momentaneamente está de volta
no controle.

— Mamãe... — Quinlan soluça conforme entra na sala de espera. Ambas


viramos para olhá-la enquanto ela caminha em nossa direção, todos os olhos da
sala nela. Eu vejo o rosto de Dorothea deslocar as engrenagens quando ela vai
de protetora feroz para mãe acolhedora. Ela puxa Quinlan em seus braços e
beija o topo de sua cabeça, apertando os seus próprios olhos fechados enquanto
ela sussurra palavras de encorajamento que ela teme que sejam mentiras.

Eu me sinto como um voyeur - querendo minha mãe mais do que


qualquer coisa agora - quando Dorothea olha para mim sobre o topo da cabeça
de Quinlan. Sua voz é um murmúrio abafado, mas ela para minha respiração.

— É a sua vez agora.

— Mas eu não sou... — eu não sei por que estou tão chocada que ela está
me dando essa oportunidade. O seguidor de regras em mim eriça, mas minha
alma traumatizada está em atenção.

— Sim, você é. — diz ela, com um sorriso tenso nos lábios e sinceridade
inundando seus olhos. — Você está ajudando a torná-lo inteiro - a única coisa
que eu nunca fui capaz de fazer como mãe e isso me mata, mas ao mesmo tempo
o fato de que ele encontrou isso em você... — ela não consegue terminar a frase e
lágrimas brotam em seus olhos, então ela estende a mão e aperta a minha. — Vá.
Eu a aperto de volta e aceno para ela antes de virar para ir para o homem
que não posso viver sem, o medo misturado com antecipação risca através de
mim como fogos de artifício em uma noite escura como breu.
Capítulo 4

E stou do lado

de fora da unidade de terapia intensiva e me preparo. Medo e esperança colidem


até que uma grande bola de ansiedade deixam minhas mãos tremendo quando
viro a esquina para me situar em sua porta.

Leva-me um momento para ganhar a coragem para levantar os olhos e


contemplar o corpo quebrado do homem que eu amo. As imagens em minha
cabeça são piores - sangue, machucado, total carnificina - mas mesmo elas não
poderiam ter me preparado para a visão de Colton. Seu corpo está inteiro e sem
manchas de sangue, mas ele está lá tão imóvel e pálido. Sua cabeça está envolta
em gaze branca e as suas pálpebras estão parcialmente fechadas com o branco
de seus olhos aparecendo e um pouco do inchaço de seu cérebro. Ele tem tubos
saindo dele em todas as direções e os monitores apitam ao redor dele
constantemente. Mas não é a visão de todos os equipamentos médicos que me
quebra - não - é que a vida e o fogo do homem que eu amo é inexistente.

Eu cambaleio em direção à cama, meus olhos mapeamento cada


centímetro dele, como se nunca o tivesse visto antes, nem o sentido antes. Nem
sentido o trovão no seu coração batendo contra meu próprio peito. Estendo a
mão para tocá-lo - precisando desesperadamente - e quando seguro sua mão na
minha, está fria e imóvel. Até os calos que eu amo - aqueles deliciosamente
grossos sobre a minha pele nua - não estão lá.
As lágrimas chegam. Elas caem em fluxos intermináveis quando eu,
cegamente, me afundo na cadeira ao lado da cama. Aperto a mão de Colton com
minhas duas mãos, minha boca pressionada em nossas mãos unidas, minhas
lágrimas molhando sua pele. Eu choro ainda mais forte quando percebo que o
cheiro muito familiar de Colton que alimenta meu vício, foi substituído pelo
cheiro antisséptico do hospital. Não sabia o quanto eu precisava que seu cheiro
estivesse lá. Quanto eu precisava que aquele pequeno pedaço remanescente do
homem que eu amo, permanecesse quando tudo mudou tão drasticamente.

Palavras incoerentes cruzam meus lábios e abafam contra as nossas mãos


entrelaçadas. — Por favor, acorde, Colton. Por favor. — eu soluço. — Você não
pode me deixar agora. Temos tanto tempo que precisamos compensar, tantas
coisas que ainda precisamos fazer. Preciso cozinhar jantares horríveis para você
e você precisa me ensinar a surfar. Precisamos assistir os meninos jogando
beisebol e eu preciso estar nas arquibancadas quando você vencer uma corrida.
— o pensamento de ele voltar a um carro faz meu coração alojar em minha
garganta, mas não consigo parar de pensar em todas as coisas que ainda nos
restam para experimentarmos juntos. — Precisamos tomar sorvete no café da
manhã e comer panquecas no jantar. Precisamos fazer amor em uma tarde
preguiçosa de domingo, e quando você passar pela porta, irei empurrá-lo contra
ela, porque nós simplesmente não conseguimos ter o suficiente um do outro. Eu
não tive minha dose de você ainda... — minha voz desaparece quando fecho os
olhos e descanso minha testa contra nossas mãos, o nome de Colton uma oração
repetida em meus lábios.

— Sabe, eu nunca estive tão bravo com ele quanto eu estava ontem à
noite. — a voz de Beckett faz o meu foco se dispersar.

Eu olho para cima com os olhos borrados e o vejo encostado contra o


batente da porta, braços cruzados sobre o peito e seus olhos focados em seu
melhor amigo. Eu sei que ele não está esperando uma resposta minha - e,
francamente, estou rouca de tanto chorar, por isso lhe dou a única resposta que
consigo, um murmúrio incoerente antes de voltar a olhar para Colton.
— Eu já fiquei puto com ele muitas vezes, mas ontem à noite excedeu
todas as outras. — Becks respira um longo suspiro frustrado, e então ouço seus
pés embaralharem pelo chão. Ele se senta na cadeira à minha frente e hesitante
alcança e aperta a mão livre de Colton. Ele olha para o rosto impassível de seu
amigo antes de segurar meu olhar sobre o corpo sem vida do homem que
amamos. — Quando soube que Colton estava disposto a deixar você ir embora
sem lhe dizer a verdade ou lutar... — ele balança a cabeça em descrença
enquanto as lágrimas nadam em seus olhos —... eu acho que nunca fiquei tão
puto ou quisesse dar um soco em alguém, como fiz quando ele me disse para
sair do seu quarto.

— Bem, estávamos ambos sendo idiotas teimosos. — eu admito,


desejando que pudéssemos estar de volta naquele quarto de hotel - repetir o dia
- para que nós pudéssemos parar de brigar e eu pudesse envolver meus braços
em volta dele um pouco mais apertado, um momento mais. Quem me dera
poder voltar no tempo, assim, eu poderia avisar Colton o que ia acontecer na
pista. Mas sei que não faria diferença. Meu rebelde imprudente acha que é
invencível e teria entrado no carro de qualquer maneira.

Eu olho para o rosto dele e ele é tudo, menos invencível agora. O soluço
sobe na minha garganta e tento segurar, mas falho miseravelmente.

— Ele está tão acostumado a pensar que não merece qualquer sorte que
venha para ele. Ele nunca me deu detalhes, mas sei que ele acha que não merece
nada melhor do que aquilo que ele era, de onde quer que ele veio. Ele acha que
não é o suficiente para você e...

— Ele é tudo. — eu suspiro, a verdade em minhas palavras ressoando


claro dentro da minha alma.

Um fantasma de um sorriso aparece nos cantos da boca de Beckett,


apesar da tristeza em seus olhos. — Eu sei, Rylee. — ele faz uma pausa. — Você é
a sua tábua de salvação.
Eu levanto os meus olhos de Colton ao encontro dos dele. — Eu não sei
como isso vai ajudá-lo agora. Eu o deixei ontem à noite depois que você saiu do
quarto. — eu confesso, olhando de novo para as nossas mãos entrelaçadas, a
culpa me consumindo. — Depois do que ele disse para mim, eu ficava
pensando, não posso estar mais com ele nessas circunstâncias. Eu pensei que
poderia ficar por aqui - ajudá-lo a curar tudo o que está quebrado - mas eu não
podia ficar ao seu lado e ser traída, então eu saí.

— Você fez a coisa certa. Ele precisava de um gosto de seu próprio


remédio. Ele estava sendo um idiota e estava usando o medo para abastecer sua
insegurança... mas ele foi atrás de você, Ry. Isso por si só, me diz que ele sabe o
quanto ele precisa de você.

— Eu sei. — minha voz é quase um sussurro e é abafada pelo bip


incessante das máquinas. — Eu ficaria feliz em me afastar dele novamente e
nunca olhar para trás se isso nos impedisse de estar aqui agora.

Eu digo as palavras, sem qualquer convicção, porque sei que no fundo,


onde quer que Colton esteja, eu nunca seria capaz de ficar longe dele.

Nós nos ficamos ali um pouco, cada um lutando contra nossos próprios
pensamentos quando Becks se levanta abruptamente, sua cadeira raspando no
chão e quebrando o silêncio antisséptico na sala. — Isso é uma besteira fodida.
Eu não posso sentar e olhar para ele assim. — sua voz está rouca com emoção
quando ele começa a caminhar para fora.

— Ele vai sair dessa, Becks. Ele tem que sair. — minha voz quebra nas
últimas palavras, traindo a minha confiança.

Ele para e funga antes de se virar para olhar para mim. — Esse filho da
puta é teimoso em tudo que ele faz - tudo - é melhor ele não me decepcionar
agora. — ele muda sua atenção para Colton e avança para o lado da cama, a dor
se transformando em raiva a cada segundo. — Sempre tem que ser sobre você,
não é, Wood? Bastardo egocêntrico. Quando você acordar, vai se foder - e você
vai acordar e se foder, porque eu não vou deixar você sair dessa facilmente - vou
chutar a sua bunda por nos preocupar.

Ele estende a mão e, de forma contraditória a suas palavras rudes, coloca


a mão no ombro de Colton por um breve momento antes de se virar e sair do
quarto.

Eu sou deixada sozinha com o homem que eu amo, o peso do


desconhecido nos pressionando, mas a esperança finalmente começa a sangrar
através das bordas da dor.
Capítulo 5

Colton

E u posso sentir

o carro - o estrondo do motor no meu peito que me diz que estou vivo - antes
mesmo de o ver ganhar velocidade no lado posterior da curva. Eu me concentro
em minhas mãos. Elas estão sacudindo, tremendo, porra. Eu não consigo
segurar o volante, os meus pensamentos, porra nenhuma. O volante treme sob
meus malditos dedos. Dedos que não consigo aperto suficiente para controlar o
maldito caos desvendando a minha volta.

A confiança que eu tenho em um lugar que sempre foi a minha salvação,


se foi, porra. Poeira filha da puta.

Que porra está acontecendo?

O som do metal cedendo – fodidamente retalhando - misturado com o


guincho de borracha deslizando pelo asfalto ecoa tudo ao meu redor. O carro de
Jameson bate no meu. E com o impacto - o solavanco do meu corpo, o roubo
dos meus pensamentos - minhas memórias falham e colidem como nossos
carros.
O pensamento de Rylee me dá um soco repentino primeiro.

A porra do raio de luz contra minhas malditas trevas. O sol que brilha
através desta névoa de fumaça do enlouquecido acidente. A primeira e única
exceção à porra da minha regra. Como posso ouvir seus soluços através do meu
fone de ouvido e ainda vê-la curvada em estado de choque à distância? Algo está
fodido aqui. Como insano fodido.

Mas o quê? Como?

E mesmo que haja toda essa fumaça, eu ainda posso ver seu rosto claro
como o dia. Olhos violeta me dando algo que não mereço - a filha da puta da
confiança. Implorando-me para deixá-la entrar, para deixá-la ajudar a curar as
minhas partes eternamente danificadas de um passado que nunca poderei fugir
- nunca escapar - mesmo quando bato a cabeça na porra do muro.

Eu vejo a ascensão do meu carro acima da fumaça - acima da maldita


batalha de confiança quebrada e esperança inútil - e eu perco a porra do meu
fôlego e meu peito parece que está explodindo, detonando como os estilhaços de
memórias se embutindo tão profundamente em minha mente que não consigo
colocá-los em seus devidos lugares. Mesmo que esteja vendo isso, ainda posso
sentir - a força da rotação, a pressão sobre meus músculos, a necessidade de
manter o volante firme. Meu futuro e passado caindo ao meu redor como um
maldito tornado conforme giro descontrolado, lutando para combater o medo e
a porra da dor, que eu sei está vindo.

Que não consigo escapar.

Os detritos se espalham... na pista e na minha cabeça.

Outros danos colaterais para minha maldita pobre alma lidar. Eu já tive
mais do que o suficiente disso. Eu engasgo com a bile, que ameaça - a alma ceifa
o medo que apunhala minha psique - porque mesmo em pleno voo, quando eu
deveria estar livre de tudo, ela ainda está lá. Ele ainda está lá. Sempre um
lembrete constante.

Colty, quando você não ouve, você se machuca. Agora vai ser um bom
menino e esperar por ele. Quando você é impertinente, coisas más acontecem,
bebê.

A trituração do metal, seu grunhido masculino.

O cheiro de destruição, o seu fedor alcoólico.

Meu corpo batendo no cockpit de proteção a minha volta, seus dedos


carnudos tentando me levar, me dominar, me reivindicar.

Diga que você me ama. Diga!

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Congratulo-me com o impacto da porra do carro, porque ele bate aquelas


palavras da minha língua. Eu posso vê-lo, senti-lo, ouvi-lo, tudo ao mesmo
tempo, enquanto estou em todos os lugares e em lugar nenhum, tudo de uma
porra de uma vez. No carro e fora dele. A ressonância inconfundível de metal
triturado quando eu fico sem peso, momentaneamente livre da dor. Sabendo
que uma vez que eu fale essas três palavras, apenas dor pode vir.

O maldito veneno vai me comer pedaço por pedaço até que eu seja o nada
que já sei que sou.

O maldito medo vai me paralisar – fodidamente me consumir - dinamite


explodindo em uma câmara de vácuo.
Meu corpo é lançado para a frente, mas os meus cintos de ombro me
estrangulam imóvel, quando Rylee me pedindo para seguir em frente. Como a
porra da memória dele me segurando por trás - braços implacáveis me
prendendo enquanto luto contra a escuridão que ele me enche. Contra as
palavras que ele me obriga a dizer, estragando para sempre o seu maldito
significado.

O impacto me atinge com força total - carro contra barreira, maldito


coração contra o peito, esperança contra os demônios - mas tudo que eu vejo é
Rylee passando por cima do muro. Tudo o que eu posso ver é ele vindo para
mim enquanto ela está indo embora.

— Rylee? — eu a chamo. Ajude-me. Salve-me. Resgate-me. Ela não


retorna, não responde. Toda a minha maldita esperança está perdida.

... Eu estou quebrado...

Eu vejo o carro - sinto seu movimento me envolvendo - lentamente


chegando a uma parada, o dano desconhecido quando a escuridão me consome.

... E por isso, muito curvado...

Meu último suspiro de resistência - para longe dele, por ela - quando a
luta me deixa.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

— Estamos perdendo ele. Ele está parando!

... Gostaria de saber se há dor quando morrer...

— Colton, volte. Lute porra!


Capítulo 6

M inutos

se transformam em horas.

Horas se transformam em dias.

Tempo se esvai quando perdemos a noção dele.

Eu me recuso a deixar cabeceira de Colton. Muitas pessoas têm me


deixado na vida e me recuso a fazer isso quando importa mais. Então divago
para ele incessantemente. Eu falo sobre nada e tudo, mas isso não ajuda. Ele
nunca reage, nunca se move... e isso me mata.

Visitantes derivam dentro e fora de seu quarto em turnos esporádicos:


seus pais, Quinlan e Becks. As atualizações são dadas na sala de espera, onde
alguns membros da equipe e Tawny ainda se reúnem diariamente. E eu não
tenho dúvidas de que Becks se certificou de manter Tawny à distância de mim e
do meu mais do frágil estado emocional.

No quinto dia, não aguento mais. Eu preciso senti-lo contra mim. Eu


preciso da conexão física com ele. Eu cuidadosamente movo todos os fios para o
lado e cautelosamente rastejo na cama ao lado dele, colocando minha cabeça em
seu peito e minha mão sobre o seu coração. As lágrimas vêm agora com a
sensação de seu corpo contra o meu. Eu encontro conforto no som da batida de
seu coração, forte e estável debaixo da minha orelha, em vez do bip eletrônico
do monitor que eu aprendi a confiar como um indicador do seu estado
momentâneo.

Eu me aconchego nele, desejando a sensação de seu braço me envolvendo


e o estrondo de sua voz através de seu peito. Pedacinhos de conforto que não
vêm.

Nós deitamos lá por algum tempo e eu estou desvanecendo para as garras


do sono quando acordo assustada. Eu juro que é a voz de Colton que está
puxando junto a mim. Juro que ouvi o cântico dos super-heróis, um suspiro
tumultuado em seus lábios. Meu coração dispara em meu peito enquanto me
familiarizo com o ambiente exterior de seu quarto. A única coisa familiar é
Colton perto de mim, mesmo que seja um pequeno conforto para o tumulto na
minha psique, porque ele não é o mesmo também. Seus dedos se contraem e ele
geme de novo e mesmo que não sejam as palavras que me acordaram, no fundo
eu sei que está chamando eles. Pedindo ajuda para tirá-lo desse pesadelo.

Eu não sei como acalmá-lo. Eu gostaria de poder rastejar dentro dele e


fazê-lo se sentir melhor, mas não posso. Então faço a única coisa que consigo
pensar, começo a cantar baixinho, os comentários de seu pai em meus ouvidos.
Eu pensei que tinha esquecido a letra da canção que ouvi há muito tempo, mas
elas vêm a mim facilmente depois de lutar através das primeiras vezes.

Então, neste ambiente frio e estéril, tento usar letras para trazer calor
para Colton, cantando a música de sua infância: Puff the Magic Dragon.

Eu nem sequer percebo que caí no sono até que sou acordada
sobressaltada quando ouço o barulho de sapatos no chão e olho para cima para
encontrar os olhos amáveis da enfermeira responsável. Eu posso ver a
reprimenda prestes a sair da ponta de sua língua, mas o olhar suplicante em
meus olhos a para.

— Querida, você realmente não deve ficar aí em cima com ele. Corre o
risco de puxar algum fio. — sua voz é suave e ela balança a cabeça quando eu
encontro seus olhos. — Mas se você quiser, enquanto estou fazendo meu turno,
prometo não contar. — ela me dá uma piscadela e sorrio em gratidão a ela.
— Obrigada. Eu só precisava... — minha voz falha, pois como posso
colocar em palavras que precisava me conectar com ele de alguma forma.

Ela se estica e dá um tapinha no meu braço em entendimento. — Eu sei,


querida. E quem pode dizer que não vai ajudar a puxá-lo de seu estado atual? Só
tome cuidado, ok? — eu aceno em compreensão antes que ela saia do quarto.

Eu fico sozinha novamente na escuridão com o brilho fantasmagórico das


máquinas iluminando o quarto. Ainda me aconchego ao seu lado, viro minha
cabeça para cima e pressiono os meus lábios no meu lugar favorito, na parte
inferior do seu queixo. Seu pescoço está praticamente com barba agora, e
congratulo-me com as cócegas dela contra o meu nariz e lábios. Eu me aproximo
mais dele e apenas permaneço sentindo-o. A primeira lágrima desliza
silenciosamente e antes que eu perceba, os últimos dias desabam ao meu redor.
Estou deitada segurando o homem que eu amo - ainda com medo de que
poderia perdê-lo - dominada com toda forma de emoção que se possa imaginar.

E assim, eu sussurro, a única coisa que posso para expressar o medo


segurando a minha alma refém.

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

Minhas lágrimas diminuem ao longo do tempo e lentamente sucumbo às


garras do sono novamente.

Eu desperto desorientada, os olhos piscando rapidamente na luz solar


que filtra pelas janelas. Vozes murmuradas, enchem meus ouvidos, mas o que
mais me surpreende está vibrando debaixo da minha orelha.

Consciência me abala quando percebo que o estrondo é a voz de Colton.


Em uma fração de segundo o meu coração troveja, respiração trava e esperança
sobe. Minha cabeça atordoa quando sento e olho para o homem que eu amo,
todos os outros no quarto são esquecidos.

— Oi. — é a única palavra que posso gerir quando meus olhos se chocam
com os seus. Calafrios dançam sobre meu corpo e minhas mãos tremem ao vê-lo
acordado, alerta e consciente.

Seus olhos cintilam por cima do meu ombro antes de voltar para
descansar nos meus. — Oi. — ele diz com a voz rouca enquanto minha alegria
aumenta. Ele inclina ligeiramente a cabeça para me observar, e apesar da
confusão tremulando em seu rosto, eu não me importo, porque ele está vivo e
inteiro.

E ele voltou para mim.

Eu apenas fico lá e olho para ele por um momento, pulso acelerado e o


choque dele acordado roubando minhas palavras. — Iron-Ironman... — eu
gaguejo, pensando que preciso buscar o médico. Eu não quero me mover. Eu
quero beijá-lo, abraçá-lo, nunca o deixar ir de novo. Ele só olha para mim como
se estivesse perdido e, compreensivelmente, porque ele acabou de acordar de
uma confusão frenética e a única coisa que digo é o nome de um super-herói.

Eu começo a me levantar da cama, mas ele alcança e agarra meu pulso. —


O que você está fazendo aqui? — seus olhos buscam os meus com tantas
perguntas que eu não estou certa de que posso responder.

— Eu... eu... você sofreu um acidente. — eu gaguejo, tentando explicar.


Esperando que a trepidação serpenteando pela minha coluna e cavando suas
garras em meu pescoço sejam apenas da sobrecarga de emoções dos últimos
dias. — Você bateu durante a corrida. Sua cabeça... você ficou inconsciente por
uma semana... — minha voz desaparece quando vejo seus olhos estreitarem e
sua cabeça inclinar para o lado. Posso vê-lo tentando trabalhar com as
memórias em sua cabeça, por isso dou-lhe o tempo para fazer isso.

Seus olhos cintilam por cima do meu ombro de novo e agora que me
lembro que havia vozes no quarto - mais de uma pessoa - mas algo sobre o olhar
em seu rosto me deixa com medo de desviar o olhar. — Colton...
— Você me deixou. — a voz dele está quebrada, coração arrancado e cheio
de incredulidade.

— Não... — eu balanço minha cabeça, agarrando sua mão, conforme o


medo começa a rastejar em minha voz. — Não. Eu voltei. Nós nos achamos.
Acordamos juntos. — eu posso ouvir o pânico crescente no meu tom, posso
sentir as batidas do meu coração, a descida desastrosa da esperança que eu
tinha acabado de conseguir de volta. — Corremos juntos.

Ele balança a cabeça suavemente de um lado para o outro com uma


descrença balbuciante. — Não, você não fez. — ele olha para trás, por cima do
meu ombro enquanto puxa sua mão da minha e estende sua mão, agora livre,
para a pessoa atrás de mim. — Você saiu. Eu te persegui, mas não consegui
encontrá-la. Ela me encontrou no elevador. — o sorriso que eu estive
silenciosamente precisando, querendo reafirmar a nossa ligação, é dado... mas
não para mim.

O ar golpeia meus pulmões, o sangue é drenado do meu rosto e uma


frieza se infiltra em cada fibra da minha alma, quando o sorriso que eu amo - o
que é reservado apenas para mim - é dado para a pessoa em minhas costas.

— Colton não conseguia se lembrar de tudo, boneca. — a voz assalta meus


ouvidos e quebra meu coração. — Então, eu preenchi todos os pedaços que
faltavam. — Tawny diz conforme entra em meu campo de visão, franzindo o
nariz com um sorriso condescendente. — Quando você saiu e nós nos
restabelecemos. — ela trabalha a língua em sua boca enquanto um sorriso
vitorioso cresce cada vez mais, os olhos brilhando, a mensagem enviada alta e
clara.

Eu ganhei.

Você perdeu.

Perco o chão do meu mundo, a escuridão desvanecendo a minha visão, e


nada deixou para enfrentar.
Capítulo 7

A cordo com

um susto. Meus pulmões estão ávidos por ar e minha mente tenta se apegar a
qualquer coisa real através de sua neblina grogue. O grito em meus lábios morre
quando percebo que estou no quarto de Colton, sozinha, com ele ao meu lado.
Minha cabeça ainda está em seu peito e meu braço ainda enganchado em sua
cintura.

Eu sopro uma respiração instável enquanto a minha adrenalina ondula.


Foi um sonho. Puta merda, era apenas um sonho. Digo a mim mesma, mais e
mais, tentando me tranquilizar com o bip constante dos monitores e o cheiro
medicinal - coisas que aprendi a odiar, mas bem-vindas neste momento como
uma forma de me convencer de que nada mudou. Colton ainda está dormindo e
eu ainda estou esperando por milagres.

Apenas aqueles que não envolvam Tawny.

Eu afundo de volta em Colton, o meu pesadelo um resquício na borda da


minha consciência que me deixa além de inquieta e meu corpo tremendo de
ansiedade. Eu estou tão perdida em meus pensamentos - de medo sobre ambos
os pesadelos - que, quando a adrenalina diminui, meus olhos ficam pesados.
Estou tão perdida na paz acolhedora do sono que quando uma mão alisa meu
cabelo e cai sobre minhas costas, afundo no sentimento reconfortante do meu
sonho nebuloso. Eu aninho mais perto, aceitando o calor oferecido e a
serenidade que vem com ele.
E então isso me atinge. Eu viro minha cabeça para olhar Colton. O soluço
que engasga na minha garganta não é nada em comparação com a queda do
meu coração e o despertar em minha alma.

Quando nossos olhos se encontram eu congelo, tantos pensamentos


esvoaçando pela minha mente, o mais predominante é que ele voltou para mim.
Colton está acordado, vivo e de volta comigo. Os nossos olhos permanecem fixos
e posso ver a confusão cintilar através dele em um ritmo relâmpago e o
desconhecido guerreando por dentro.

— Olá. — eu ofereço em um sorriso trêmulo e não sei por que uma parte
de mim está nervosa. Colton lambe os lábios e fecha os olhos
momentaneamente, o que faz com que eu entre em pânico que ele tenha sido
puxado para a inconsciência. Para meu alívio ele os reabre com um estrabismo e
tenta falar, mas não sai nada.

— Shh-Shh. — digo a ele, estendendo a mão e descansando o dedo em


seus lábios. — Houve um acidente. — sua testa franze, enquanto ele tenta
levantar a mão, mas não consegue. Como se fosse um peso morto. Ele tenta
virar os olhos para descobrir as bandagens grossas ao redor de sua cabeça.

— Você fez uma cirurgia. — seus olhos se arregalam com trepidação e me


castigo mentalmente por me atrapalhar com as minhas palavras e não ser mais
clara. O monitor do meu lado emite um bip em um ritmo acelerado, o ruído
dominando o ambiente. — Você está bem agora. Você voltou para mim. — eu
posso vê-lo lutar para compreender e espero por algo faiscar em seus olhos, mas
não há nada. — Eu vou chamar a enfermeira.

Estendo a mão para me levantar da cama e a mão de Colton que está


apoiada sobre o colchão se fecha ao redor do meu pulso. Ele balança a cabeça e
estremece com o movimento. Eu imediatamente o agarro e embalo seu rosto
com uma das mãos, sua pele empalidece e gotas de suor aparecem na ponte de
seu nariz.

— Não se mova, ok? — minha voz falha quando digo, enquanto meus
olhos viajam pelas linhas de seu rosto, examinando para ver se ele está ferido.
Como se eu saberia se ele tivesse.
Ele assente mais ou menos e sussurra em uma voz quase ausente. — Dói.

— Eu sei que dói. — eu digo a ele quando chego do outro lado da cama e
aperto o botão de chamada para a enfermeira, quando a esperança dentro de
mim se estabelece em possibilidade. — Deixe-me conseguir uma enfermeira
para ajudar com a dor, tudo bem?

— Ry... — sua voz quebra novamente quando o medo nela estilhaça em


meu coração. Eu faço a única coisa que sei pode tranquilizá-lo. Eu me inclino
para frente e escovo meus lábios em sua bochecha e apenas os mantenho ali
momentaneamente enquanto controlo a onda de emoções que me atingiu como
um tsunami. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e no seu, quando soluços
silenciosos surgem através de mim. Ouço um suspiro suave e quando me afasto,
seus olhos estão fechados e sua mente perdida para a escuridão do inconsciente
mais uma vez.

— Está tudo bem? — a enfermeira me tira do meu momento.

Eu olho para ela, o rosto de Colton ainda embalado em minha mão e


minhas lágrimas manchando seus lábios. — Ele acordou... — eu não consigo
dizer mais nada porque alívio rouba minhas palavras. — Ele acordou.

Colton entra e sai da consciência mais algumas vezes nos dias seguintes.
Pequenos momentos de lucidez entre uma neblina de confusão. Cada vez que ele
tenta falar, sem sucesso e cada vez que tentamos acalmá-lo - que supomos pela
corrida de seus batimentos cardíacos - são seus medos, nos poucos minutos que
temos com ele.

Eu me recuso a ir embora, com tanto medo de que vou perder qualquer


um desses momentos preciosos. Minutos roubados onde posso fingir que nada
aconteceu, em vez da extensão infinita de preocupação.
Dorothea finalmente me convenceu a sair por alguns momentos e me
encaminho para o refeitório. Por mais que não queira, sei que estou
monopolizando seu filho e ela provavelmente quer um minuto a sós com ele.

Eu mordisco minha comida com meu apetite inexistente e meu jeans está
mais folgado do que quando cheguei à Flórida há uma semana. Nada parece
bom - nem mesmo chocolate, que sempre recorro para o estresse.

Meu celular toca e eu luto para pegá-lo, esperando que seja Dorothea me
dizendo que Colton está acordado de novo, mas não é. Minha excitação diminui.
— Ei, Had.

— Oi, querida. Qualquer mudança?

— Não. — eu suspiro, desejando que tivesse mais a dizer. Ela está


acostumada a isso agora e permite o silêncio entre nós.

— Se ele não acordar em breve, estou ignorando-a e voando minha bunda


louca, para estar com você. — aí vem Haddie e sua atitude sem noção. Não há
nenhuma necessidade para ela estar aqui realmente. Ela iria apenas se sentar e
esperar, como o resto de nós e que bem vai fazer?

— Apenas a sua bunda? — eu deixo que o sorriso agracie meus lábios,


mesmo que ele pareça tão estranho nesse lugar sombrio.

— Bem, ela é uma das melhores, se eu posso dizer por mim mesma...
parece estar recuperando a tolerância fora dessa merda. — ela ri. — E graças a
Deus! Há um pouco da garota que eu amo brilhando. Você está aguentando aí?

— É tudo o que posso fazer. — eu suspiro.

— Então, como ele está? Ele acordou novamente?

— Sim, ontem à noite.

— Então isso é o quê, cinco vezes em dois dias de acordo com Becks? Isso
é um bom sinal, certo? Já é alguma coisa?
— Eu acho... Eu não sei. Ele apenas parece tão assustado quando acorda -
a frequência cardíaca nos monitores sobe como foguete e ele não consegue
recuperar o fôlego - e é tão rápido que não temos tempo para explicar que está
tudo bem, que ele vai ficar bem.

— Mas ele vê todos vocês lá, Ry. O fato de vocês todos estarem lá, tem que
dizer a ele que não tem nada a temer. — eu apenas dou um sopro não
comprometedor em resposta, esperando que suas palavras sejam verdadeiras.
Na esperança de que a visão de todos nós o acalme, em vez de assustá-lo
pensando que ele está em seu leito de morte. — O que o Dr. Irons diz?

Eu respiro profundamente, com medo de que se eu disser isso, meus


medos podem se tornar realidade. — Ele diz que Colton parece estável. Que
quanto mais vezes ele acordar melhor... mas até ele começar a falar sentenças
completas, ele não vai saber se alguma parte de seu cérebro foi afetada.

— Tudo bem. — diz ela, liberando a palavra, de modo que é quase uma
pergunta. Perguntando-me o que eu temo sem pedir. — O que você não está me
dizendo, Ry?

Eu empurro um pouco a comida em volta no meu prato, pensamentos


dispersos concentrando em ataques momentâneos. Eu trabalho um nó na
minha garganta, antes de soltar uma respiração instável. — Ele diz que, às vezes,
as habilidades motoras podem ser afetadas temporariamente...

— E... — o silêncio paira enquanto ela espera que eu continue. — Abaixe


seu garfo e fale comigo. Diga-me com o que você está realmente preocupada.
Sem besteiras. Você não é uma lésbica então pare com os malditos rodeios.

Sua tentativa de me fazer rir resulta em uma risada suave transformada


em audível sopro de ar. — Ele disse que ele pode não se lembrar de muito. Às
vezes, em casos como estes, o paciente pode ter perda de memória temporária
ou permanente.

— E você está com medo de que ele não se lembre do que aconteceu, bom
e ruim, certo? — eu não respondo, me sentindo estúpida e validada em meus
medos ao mesmo tempo. Ela toma o meu silencio como resposta. — Bem, ele
obviamente se lembra de você, porque não surtou quando você estava deitada
na cama com ele a primeira vez, certo? Ele agarrou sua mão, acariciou seu
cabelo? Isso tem que lhe dizer que ele sabe quem você é.

— Sim... porém, eu apenas o encontrei Haddie e o pensamento de perdê-


lo - mesmo se for no sentido figurado - assusta me assusta pra caralho.

— Pare de pensar em algo que ainda não aconteceu. Eu entendo porque


você está preocupada, mas Ry, você passou por algumas merdas muito
aleatórias até agora - as palhaçadas da vadia imbecil da Tawny incluídas - por
isso, você precisa se afastar da borda que está sentada e esperar para ver o que
acontece. Você vai lidar com isso quando e se, isso surgir, tudo bem?

Estou prestes a responder quando meu telefone emite um sinal sonoro


com uma mensagem. Eu puxo o telefone da minha orelha e meu coração dispara
quando vejo a mensagem de Quinlan.

“Ele está acordado.”

— É Colton. Eu tenho que ir.


Capítulo 8

Colton

D or bate

como uma maldita britadeira contra minha têmpora. Meus olhos ardem tal
como quando estou acordando após derrubar um quinto do Jack. Bile sobe e
meu estômago se agita.

Agita como se eu estivesse de volta naquele quarto - colchão úmido, as


ervas daninhas do menosprezo devido a ansiedade que floresce em mim
enquanto espero por ele chegar, por minha mãe me entregar, me negociar...
Mas porra, isso não é possível. Quem está aqui, Beckett. Mamãe e papai.

Que diabos está acontecendo?

Eu aperto meus olhos fechados e tento sacudir para longe a confusão,


mas tudo que eu vejo é mais dor maldita.

Dor.

Sofrimento.
Prazer.

Necessidade.

Rylee.

Flashes de memórias que não consigo entender ou compreender me


surpreendem antes de desaparecer na escuridão as mantendo como reféns.

Mas onde ela está?

Eu luto para conseguir mais memórias, puxá-las e agarrá-las como uma


tábua de salvação.

Será que ela finalmente descobriu o maldito veneno dentro de mim?


Percebeu que esse prazer não vale a pena à dor que eu vou causar no final?

— Sr. Donavan? Sou o Dr. Irons. Você pode me ouvir?

Quem diabos é você? Olhos azuis vívidos olham fixamente para mim.

— Pode ser difícil falar. Estamos trazendo um pouco de água para ajudar.
Você pode apertar a minha mão se você me entende?

Por que diabos eu preciso apertar sua mão? E por que a minha mão não
está se movendo? Como diabos vou dirigir na corrida hoje, se não posso segurar
o volante?

Meu coração martela como o pedal que eu deveria estar apertando na


pista neste momento.

Mas estou aqui.


E ontem à noite eu estava lá, com Ry. Acordei com ela... e agora ela se foi.

... Hora da bandeira quadriculada, baby...

Isso tudo ampliado em foco ao mesmo tempo. E, em seguida, a completa


escuridão. Xadrez de buraco negro - bolinhas de vazio - em todo o Slide show na
minha cabeça. Eu não consigo ligar os pontos. Eu não consigo entender nada,
exceto que estou confuso pra caralho.

Todos os olhos no quarto me encaram como se eu fosse a porra de um


show de circo. E para o seu próximo ato pessoal, ele vai mover os dedos.

Eu tento o meu lado esquerdo e ele responde. Porra, obrigado Cristo por
isso.

Minha mente pisca de volta. Metal triturado, faíscas piscando, engolindo


fumaça. Falhando, caindo, em queda livre, sacudindo.

... Parece que os seus super-heróis vieram desta vez depois de tudo...

Minha mente tenta descobrir o que diabos isso significa, mas cresce
vazia.

Rylee se foi.

Ela não ama o quebrado em mim, afinal.

Eu tento sacudir o antro de besteira na minha cabeça, mas gemo quando


a dor me bate.

Max.
Eu.

Ela foi embora.

Não pode fazer isso de novo.

Eu não acredito que fui egoísta o suficiente para até mesmo pedir por ela.

— Colton. — o doutor está falando novamente. — Você esteve em um


grave acidente. Você tem sorte de estar vivo.

Um grave acidente? As imagens piscando na minha cabeça começam a


fazer mais sentido, mas as lacunas de tempo ainda estão desaparecidas. Eu
tento falar, mas minha boca está tão seca, que tudo o que sai é um coaxar.

— Você feriu sua cabeça. — ele sorri para mim, mas estou desconfiado.

Nunca olhe os dentes de um cavalo dado.

Ele pode ter me dado a vida novamente, mas a maldita razão de viver não
está aqui. Ela é inteligente o suficiente para ir embora porque eu simplesmente
não posso lhe dar o que ela precisa: estabilidade, uma vida sem corridas, a
promessa do para sempre.

— A enfermeira está lhe trazendo um pouco de água para molhar a


garganta. — ele observa algo em seu tablete. — Eu sei que isso pode ser
assustador para você, filho, mas você vai ficar bem. Já passamos pela parte mais
difícil. Agora, precisamos levá-lo no caminho para a recuperação.

O caminho para a recuperação? Obrigado, Capitão Óbvio - mais parecido


como a pista de corrida para o inferno.
Rostos preenchem meu espaço de uma só vez. Minha mãe beijando
minha bochecha, lágrimas correndo pelo seu rosto. Meu pai escondendo sua
emoção, mas a aparência de seus olhos me diz que ele é um maldito desastre.
Quin fora de si. Becks murmurando alguma coisa sobre eu ser um bastardo
egoísta.

Isso deve ser sério pra caralho.

E ainda assim, me sinto entorpecido. Vazio. Incompleto.

Rylee.

Após alguns momentos, eles lentamente se afastam por insistência da


minha mãe para me dar espaço, para me deixar respirar.

E o ar que acabo de receber é roubado novamente.

Eu me viro para olhar para o borrão vago que notei na minha periferia, e
lá está ela.

Cachos empilhados em cima de sua cabeça, o rosto sem maquiagem,


bochechas manchadas de lágrimas, os olhos brotando lágrimas, magra, malditos
lábios perfeitos em um O assustado, parada na porta. Parece que ela passou por
um inferno, mas ela é a coisa mais linda que eu já vi, porra.

Me chame de mulherzinha, mas juro por Deus que ela é o único ar que
meu corpo pode respirar. Foda-se se ela não é tudo que preciso e nada do que
mereço.

Suas mãos estão brincando com seu celular, minha camisa da sorte
pendurada em seus ombros e eu posso ver a apreensão em seus olhos enquanto
eles passam rapidamente por toda parte, exceto em mim.
Respire, Donavan. Porra, respire. Ela não foi embora. Ela ainda está aqui.
O neutralizador para o ácido que come a minha alma.

Seus olhos finalmente encontram e bloqueiam os meus. Tudo o que vejo é


o meu futuro, a minha salvação, a minha única chance de redenção. Mas os
olhos dela? Foda-se, eles piscam com tais emoções conflitantes: alívio,
otimismo, ansiedade, medo e tantos mais desconhecidos.

E é no desconhecido que me concentro.

As palavras não ditas, me dizendo que tudo isso está acabando com ela.
Que não é justo que eu a faça passar por isso novamente. Mas a corrida é minha
vida. Algo que preciso tanto quanto o ar que eu respiro - irônico, considerando
que ela é a porra do meu ar - mas é a única maneira que posso sobreviver e
superar os demônios que me perseguem. A gosma negra que se infiltra em cada
fenda da minha alma, se certificando que nunca pode ser erradicada. Eu não
posso ser egoísta e pedir a ela para ficar ao meu lado quando tudo que quero é
ser o bastardo mais egoísta sobre a face da terra.

Incitá-la a ir, mas lhe implorar para ficar.

Mas como posso deixá-la ir, quando ela possui cada parte minha?

Eu vou sufocar com prazer para que ela possa respirar livremente. Sem
preocupação. Sem a porra do medo constante.

Ser altruísta, pela primeira vez, quando tudo o que tenho sido toda a
minha vida é egoísta.

Eu deveria ter dito a ela - superar a porra do medo que consome minha
alma - mas não podia... e agora ela não sabe.

... Eu Spiderman você...


Palavras gritam pela minha cabeça, mas sufocam em minha garganta.
Palavras que não sei, se em algum momento eu estarei curado o suficiente para
dizer.

Ela me roubou isso todos esses anos.

E agora eu vou pagar por isso.

Por deixar a porra da minha única chance passar.

Então eu ouço o soluço de sua garganta. Ouço a descrença e o tormento


neste som singular enquanto seus ombros tremem e sua postura desmorona.

E eu sei que, o que quero e o que é melhor para ela, são duas coisas
completamente diferentes.
Capítulo 9

V indo do

nada soluços rasgam por minha garganta com a visão dele, lúcido e atordoado
em alerta. Meu homem danificado é a mais bela vista que já vi.

Meu coração cai ainda mais se isso é mesmo possível. E nós apenas nos
olhamos enquanto o ruído e a emoção no quarto diminuem, todos dando um
passo para trás e observando em silêncio a nossa troca.

No entanto, os meus pés estão congelados no lugar enquanto tento ler as


emoções correndo rápido através dos olhos de Colton. Ele parece apologético e
talvez instável, mas há também uma emoção subjacente que não posso
identificar, isso faz o receio comer os cantos da minha mente.

Uma enfermeira passa rapidamente por mim, roçando meu ombro e


quebrando o domínio de Colton em mim. Ela conduz o canudo do copo de água
à sua boca e ele sorve avidamente até a última gota.

— Bem, você está com sede, não está? — ela brinca antes de acrescentar:
— Eu vou pegar um pouco mais, mas vamos garantir que isso seja eliminado,
antes de alagar você, tudo bem?

Tento acalmar meus soluços puxando uma respiração, mas não consigo
acalmar minha ansiedade. Eu sinto o braço de Quinlan ao redor do meu ombro
enquanto ela funga, mas nem sequer a reconheço. Eu não posso suportar os
meus olhos se concentrando em qualquer coisa, exceto as lágrimas - borrando a
visão na minha frente.

A enfermeira se aproxima e pega o prontuário do Dr. Irons e vai embora.


Eu não me mexi ainda. Eu não consigo. Eu só fico lá olhando para Colton
enquanto o Dr. Irons o examina: rastreando seus olhos, testando seus reflexos,
sentindo a força de sua mão enquanto ele aperta. Eu noto que ele pede para
Colton repetir o teste de aderência na mão direita algumas vezes e posso ver o
pânico tremular sobre as características de Colton. Eu não posso arrastar meus
olhos para longe. Traço cada centímetro dele, com muito medo de que eu possa
perder alguma coisa - qualquer coisa - sobre estes primeiros momentos.

— Bem, tudo parece muito bem. — Dr. Irons diz eventualmente depois de
examiná-lo um pouco mais. — Como está se sentindo, Colton?

Eu assisto sua garganta trabalhar para engolir e seus olhos se fecham


com um estremecimento antes de abri-los novamente. Dou um passo para a
frente, querendo ajudar a tirar sua dor. Ele olha em volta para todos no quarto e
encontra a sua voz. — Minha cabeça. Dói. — sua voz está rouca. — Mãos? — ele
olha para a sua mão direita e, em seguida, novamente para nós, aparente
confusão em seus olhos. — Aconteceu? Quanto tempo?

Dr. Irons se senta na beira da cama, ao lado dele e começa a explicar


sobre o acidente, a operação e por quanto tempo ele esteve em coma. — Quanto
a sua mão, pode ser um resultado de algum inchaço residual em seu cérebro.
Nós só teremos que acompanhar e ver como isso evolui ao longo do tempo. —
Colton assente para ele, concentração gravada em seu rosto. — Você pode me
dizer a última coisa que você se lembra?

Eu sugo uma respiração enquanto Colton exala. Ele engole novamente e


lambe os lábios. — Eu me lembro... batendo quatro vezes. — sua voz sai, suas
cordas vocais raspando.
— O que mais? — Andy pede.

Colton olha para seu pai e sutilmente acena com a cabeça para ele antes
de apertar os olhos fechados em concentração. — É como trechos em minha
cabeça. Certas coisas são claras. — ele diz com a voz áspera, antes de engolir e,
em seguida, abre os olhos para olhar para Dr. Irons. — As outras... elas são
vagas. Como se pudesse senti-las lá, mas não me lembro delas.

— Isso é normal. Às vezes...

— Fogos de artifício na linha do pit. — ele interrompe o médico. —


Acordar muito vestido. — Colton levanta os olhos e encontram os meus com as
palavras que me permitem saber que ele se lembra de mim, lembra meu
memorável despertar pré-corrida. Um ligeiro sorriso aparece no canto de sua
boca parecendo tão fora de lugar contra o tom pálido de sua pele geralmente
bronzeada.

E se ele já não fosse dono do meu coração - se ele não tivesse tatuado
cada centímetro dele com seu inconfundível selo - ele acabou de fazer.

Eu não consigo evitar a risada que borbulha e transborda. Eu não consigo


parar meus pés de se moverem e marchar até a beirada da cama, quando as
palavras dele desaparecem e seus olhos controlam o meu movimento. Meu
sorriso se alarga, as minhas lágrimas caem mais rápido e meu coração incha
enquanto sinto alívio pela primeira vez em dias. Estendo a mão e aperto a sua
apoiada no colchão ao lado dele.

— Oi. — parece estúpido, mas é a primeira e única palavra que posso


controlar. Minha garganta obstruída com emoção.

— Oi. — ele sussurra, um fantasma daquele sorriso torto que eu amo em


sua boca.
Nós apenas nos olhamos por um instante, os olhos dizendo tanto e,
contudo, lábios nada falando. Eu enlaço meus dedos com os dele e vejo o alarme
disparar em seus olhos novamente quando ele tenta responder, mas sua mão
não obedece.

— Está tudo bem. — acalmo, incapaz de resistir. Eu estendo minha outra


mão e a coloco ao lado de seu rosto, dando boas-vindas a sensação do músculo
em seu maxilar marcando sob minha palma. — Você tem que dar-lhe algum
tempo para curar.

Emoções dançam em um ritmo relâmpago no verde de seus olhos,


enquanto ele tenta compreender tudo. E neste momento a dor em meu peito se
transforma, do medo do desconhecido à simpatia, vendo o homem que eu amo
lutar com o conhecimento de que o seu corpo normalmente viril e
impressionante, é qualquer coisa, exceto isso.

— Rylee está certa. —Dr. Irons diz, quebrando a conexão entre nós. — É
preciso dar-lhe algum tempo. O que mais você se lembra, Colton? Você acordou
muito vestido e bateu quatro vezes. — ele pergunta, seu rosto mascarando a
mistificação que ele deve sentir por não compreender o significado por trás
dessas declarações. — Então o quê?

— Não. — diz Colton, estremecendo quando ele balança a cabeça


instintivamente. — Primeiro bater e depois acordar.

Meus olhos estalam para Beckett porque de todas as pessoas ele entende
que esta não é a ordem em que os eventos aconteceram. Dr. Irons observa o
olhar assustado no meu rosto e balança a cabeça para eu ficar quieta.

— Não é um problema. O que mais você se lembra sobre o dia,


independentemente da ordem? — Colton lhe dá um olhar estranho e o médico
continua. — Às vezes, quando o cérebro sofre um trauma como o seu, as
memórias têm uma forma de deslocamento e mudança. Para alguns, a
sequência de eventos pode ser desligada, mas eles ainda estarão lá. Para outros,
há algumas memórias que são completamente claras e outras que estão
perdidas. Tenho alguns pacientes que se lembram do dia de seu trauma
perfeitamente bem, mas tem um vazio de tempo durante outras épocas ou
eventos que aconteceram. Cada paciente é único.

— Por quanto tempo esses vazios costumam durar? — Andy fala do lado
da cama.

— Bem, às vezes por pouco tempo e, às vezes para sempre... mas a coisa
boa é que Colton parece ter memórias do dia do acidente. Assim, parece que um
pequeno pedaço de tempo foi perdido para ele. Conforme os dias passam, ele
pode perceber que não se lembra de outras coisas... porque realmente, até que
ele se lembre de algo, ele nem sabe que está perdendo. — Dr. Irons olha ao redor
do quarto para todos nós e encolhe os ombros. — Neste momento não parece
que vai demorar para que você recupere tudo, Colton, mas aconselho cautela
porque o cérebro é uma coisa complicada, às vezes. Na verdade...

— O hino nacional. — Colton diz, alívio inundando a sua voz reclamando


mais uma lembrança da escuridão dentro dele. Eu sorrio para ele, em
encorajamento enquanto ele limpa a garganta. — Eu... eu não posso... —
frustração emana dele em ondas, enquanto ele tenta se lembrar. — O que
aconteceu? — ele sopra um suspiro e olha em volta para todos no quarto antes
de esfregar a mão esquerda sobre o rosto. — Vocês estavam todos lá. O que mais
aconteceu?

— Não force isso, querido. — é Dorothea falando. — Certo Dr. Irons?

Todos nós olhamos para Dr. Irons, que acena com a cabeça em
concordância, mas quando olhamos para trás, para Colton, ele caiu no sono.

Todos nós respiramos em um suspiro coletivo. Todos temendo que ele


escorregue novamente para o coma. Todas as nossas mentes correndo em
velocidade máxima. Dr. Irons refreia o nosso pânico quando ele diz: — Isso é
normal. Ele vai estar esgotado nas primeiras vezes que acordar.

Ombros relaxam, suspiros são exalados e alívio é restaurado, mas a nossa


preocupação nunca diminui completamente.

— Sabemos que ele parece estar - que seu cérebro parece estar -
funcionando bem até agora. — diz Quinlan quando se aproxima da cama. — O
que podemos esperar agora?

Dr. Irons observa Colton por um instante antes que continue,


encontrando todos os nossos olhos. — Bem, cada pessoa é diferente, mas posso
lhe dizer que quanto mais tempo Colton levar para se lembrar, mais frustrado
ele pode se tornar. Às vezes, pacientes alteram a sua disposição - às vezes, eles
têm um temperamento ou são mais suaves - e às vezes, não em todos os casos.
Neste ponto, ainda é um jogo de espera para ver como tudo isso lhe afetou a
longo prazo.

— Devem aqueles de nós que estavam lá preencher os espaços em branco


para ele do que ele não se lembra? — Becks pergunta.

— Claro que pode. — ele diz. — Mas não posso garantir como ele vai
responder a isto.

Eu retomo o meu lugar de cabeceira quando Dorothea vem para me dar


um beijo de adeus na bochecha antes de se inclinar mais para pressionar os
lábios na testa de Colton. — Estamos apenas indo para o hotel para descansar
um pouco. Estaremos de volta na parte da manhã. Não se atreva a desistir. — ela
recua e olha para ele por um instante a mais antes de sorrir suavemente para
mim e sair para se juntar a Andy e Quinlan no corredor.
Eu suspiro ruidosamente enquanto Beckett reúne o lixo restante do nosso
jantar tardio que tivemos enquanto impacientemente esperávamos que Colton
acordasse. Olho por cima de meu livro que realmente não estou prestando
atenção e observo os movimentos metódicos de Becks. Eu posso ver que a carga
da semana passada o assumiu, nas manchas negras sob seus olhos e a aparência
desarrumada em seu geralmente bem barbeado rosto. Ele parece perdido.

— Como você está? — eu faço a pergunta em voz baixa, mas sei que ele
consegue me ouvir, porque seu corpo para momentaneamente antes que ele
coloque a última embalagem na lata de lixo e empurra para baixo.

Ele se vira e inclina seu quadril contra o balcão atrás dele e apenas dá de
ombros quando nossos olhos se encontram. — Sabe. — ele fala pausadamente
em seu lento tom que vim amar, ressoando. — Nós tínhamos dezesseis anos
quando nos conhecemos, este é o período mais longo que já passamos sem nos
falar. — ele dá de ombros novamente e olha para fora da janela por um
momento, para os caminhões de mídia no estacionamento. — Ele pode ser um
espertinho exigente, mas sinto falta dele. Me chame de mulherzinha, mas meio
que gosto do cara.

Eu não consigo evitar o sorriso que se espalha nos meus lábios. — Eu


também. — murmuro. — Eu também.

Becks caminha até mim e pressiona um beijo no topo da minha cabeça. —


Eu vou voltar para o hotel. Eu tenho que tomar um banho, verificar meu irmão,
e então vou estar de volta, tudo bem?

A crescente adoração por Becks resplandece intimamente - o sempre fiel


melhor amigo. — Por que você não fica lá hoje à noite e tem uma boa noite de
sono? Em uma cama de verdade, em vez das cadeiras ruins na sala de espera.

Ele ri ironicamente e balança a cabeça para mim. — O sujo falando do


mal lavado, hein?
— Eu sei, mas simplesmente não posso... e, além disso, tenho dormido
nestas cadeiras ruins aqui. — eu dou um tapinha no assento que estou. — Pelo
menos tem mais estofado do que aquelas lá fora. — eu inclino minha cabeça e o
vejo meditar sobre isso. — Eu prometo te ligar se ele acordar.

Ele exala alto e me dá um olhar relutante. — Tudo bem... mas você vai
ligar?

— É claro.

Eu observo Becks ir embora e dou boas vindas ao silêncio único do quarto


do hospital. Eu sento e observo Colton, me sentindo verdadeiramente
abençoada com o fato de que ele está aqui e inteiro na minha frente - que ele
não se esqueceu de mim - quando poderia ser muito pior. Eu envio uma oração
silenciosa conforme o tempo passa, sabendo que tenho que começar a cumprir
com as várias promessas que eu fiz para conseguir Colton de voltar para mim.

Eu mando algumas mensagens para Haddie, checo os meninos e vejo


como Ricky foi no teste de matemática hoje, antes de mandar mensagem para
Becks de boa noite e dizendo-lhe que Colton ainda estava dormindo.

As primeiras horas da manhã se aproximam e não consigo resistir mais.


Eu arranco meus sapatos, puxo o clipe do meu cabelo e me posiciono no único
lugar no mundo que eu quero estar.

Ao lado de Colton.
Capítulo 10

A luz da

manhã queima através de minhas pálpebras fechadas enquanto eu tento


despertar do sono mais profundo que tive em mais de seis dias. Em vez disso,
apenas aconchego mais profundamente no calor ao meu lado. Eu sinto dedos
escovarem minha bochecha e estou instantaneamente alerta, meu corpo
sacudindo com consciência.

— Bom dia. — sua voz é um murmúrio sussurrado contra o topo da


minha cabeça. Meu coração inunda com uma série de emoções, mas o que sinto
mais do que qualquer coisa, é estar completa.

Completa novamente.

Eu começo a me mover para que possa olhar em seus olhos. — Sem


médicos. Eu só preciso disso. Preciso de você. Ninguém mais, está bem? — ele
pergunta.

Sério? O céu é azul?7 Se eu pudesse, iria levá-lo para fora desta prisão
estéril e mantê-lo só para mim por um tempo. Para sempre ou mais, se ele me
deixasse. Mas ao invés de deixar o comentário irreverente rolar da minha boca,

7
Resposta a uma pergunta óbvia.
eu só emito um gemido satisfeito e aperto os braços em volta dele. Eu fecho
meus olhos e apenas absorvo tudo sobre este momento. Eu queria
desesperadamente que estivéssemos em outro lugar, em qualquer outro lugar,
para que pudesse estar com ele pele com pele, me conectar com ele dessa
maneira indescritível. Sinto que eu estou fazendo algo para ajudar a curar a sua
memória quebrada e alma danificada.

Ficamos deitados lá em silêncio, a minha mão sobre seu coração e os


dedos de sua mão esquerda desenhando linhas preguiçosamente para cima e
para baixo em meu antebraço. Há tantas perguntas que quero fazer. Tantas
coisas que passam pela minha cabeça, mas a única que consigo dizer é: — Como
você está se sentindo?

A pausa momentânea em seu movimento é tão sutil que quase não pego,
mas faço. E isso é o suficiente para me dizer que algo está errado, além do óbvio.

— Estou bem. — é tudo o que ele diz e que solidifica ainda mais o meu
palpite. Dou-lhe um pouco de tempo para reunir seus pensamentos e descobrir
o que ele quer dizer, porque depois das últimas semanas, eu aprendi muitas
coisas, a menos importante delas é a minha incapacidade de ouvir, quando
importa mais.

E este momento é importante.

Então, fico em silêncio enquanto minha mente guerreia com as


possibilidades.

— Eu estou acordado por algumas horas. — ele começa. — Ouvindo você


respirar. Tentando fazer a porra da minha mão direita, funcionar. Tentando
entender o que aconteceu. O que não consigo me lembrar. Está lá. Eu posso
senti-lo, mas não consigo fazê-lo vir para a frente... — ele interrompe.

— O que você se lembra? — pergunto.


Eu quero desesperadamente virar, olhar em seus olhos e ler o medo e
frustração que provavelmente o está arruinando, mas eu não faço. Eu dou-lhe o
espaço para admitir que ele não está cem por cento. Para equilibrar essa
inerente necessidade masculina, de ser tão forte quanto possível, para não
mostrar nenhuma fraqueza.

— É só isso. — ele suspira. — Eu me lembro de pedaços e peças. Nada flui,


exceto que você estava lá na maioria deles. Você pode me dizer o que aconteceu?
Como foi o dia para que eu possa tentar preencher o que está faltando?

— Mmm-hmm. — eu aceno com a cabeça suavemente, sorrindo com a


lembrança de como a nossa manhã começou.

— Eu me lembro de acordar com a melhor visão do mundo - você nua, em


cima de mim. — ele suspira na apreciação que faz com que as partes dentro de
mim que foram ignoradas durante a semana passada, se agitarem para a vida.
Eu nem mesmo luto contra o sorriso que se espalha em meus lábios quando
sinto sua excitação crescendo sob o lençol ao meu lado. Ainda bem que não sou
a única afetada pela memória.

— Becks entrou sem bater e estava puto com ele por isso. Ele saiu e eu
acredito que seu jeans estava no chão e suas costas estavam contra a parede em
questão de segundos depois que a porta estava fechada. — caímos em silêncio
por um momento, aquela carga inegável crepitava entre nós. — Cristo o que não
daria para estar fazendo isso agora.

Eu começo a rir, e desta vez quando me desloco para me sentar e olhar


para ele, ele me permite. Eu me viro para encará-lo e não consigo evitar os
calafrios que cobrem a minha pele quando bloqueio os olhos com os dele. —
Agora, não acho que o Dr. Irons aprovaria isso. — eu provoco silenciosamente,
suspirando de alívio que nos sentimos como se estivéssemos de volta de onde
paramos antes do acidente. Brincalhão, precisando e complementando um ao
outro. Eu não consigo parar a minha mão de estender e persistir em sua
bochecha. Eu odeio o pensamento de não estar em contato com ele.

— Bem. — ele diz. — Eu vou ter certeza de que é a primeira coisa que vou
perguntar ao Dr. Irons quando vê-lo.

— A primeira coisa? — eu pergunto e engulo de volta o meu coração que


apenas deu um salto mortal em minha garganta enquanto ele vira o rosto e
pressiona um beijo na palma da minha mão. A ação simples ata o laço na fita já
amarrada ao redor do meu coração.

— Um homem tem que ter suas prioridades. — ele sorri. — Se fodeu a


cabeça de cima, pelo menos a outra pode ser usada pelo seu potencial máximo.
— ele começa a rir e estremece, levando a mão esquerda para segurar a cabeça.

Alarme dispara através de mim e chego imediatamente para apertar o


botão de chamada, mas sua mão me alcança e me para. E leva um segundo para
que eu registre que é a sua mão direita que ele está usando. Acho que Colton
percebe isso ao mesmo tempo.

Ele engole em seco, seus olhos se deslocando para observar a sua mão
enquanto ele libera meu braço. Eu sigo o seu olhar para ver seus dedos
tremerem violentamente enquanto ele tenta sem sucesso fazer um punho.
Percebo um brilho de suor aparecer na testa abaixo da bandagem conforme ele
deseja que seus dedos se fechem. Quando não posso suportar vê-lo lutar mais,
me aproximo e pego sua mão na minha e começo a massageá-la, desejando que
ele se mova sozinho.

— É um começo. — eu o tranquilizo. — Passos de bebê, ok? — tudo o que


eu quero fazer é envolvê-lo em meus braços e tirar toda a sua dor e frustração,
mas ele parece tão frágil que temo tocá-lo, apesar do quanto isso diminuiria o
desconforto persistente da ponta dos pés até minha cabeça. Meu otimismo
habitual foi submetido a oscilações nas últimas semanas e simplesmente não
consigo evitar a sensação de que isso não é o pior. Esse algo mais está à espreita
no horizonte esperando para nos derrubar novamente.

— O que mais você se lembra? — solicito, querendo tirar a mão de sua


mente.

Ele me dá suas lembranças do dia, pequenos pedaços estão faltando aqui


e ali. Os detalhes não são muito grandes, mas noto que quanto mais perto ele
chega ao início da corrida, maiores os vazios são. E cada peça do quebra-cabeça
parece ficar cada vez mais difícil de lembrar, como se ele tem que pegar cada
memória e fisicamente tirá-la do seu cofre.

Dando-lhe um momento para descansar, volto para o banheiro na suíte


para arrumar o enxaguante bucal que ele havia solicitado. Encontro Colton
olhando pela janela, balançando a cabeça para o circo da mídia abaixo. — Eu me
lembro de estar no trailer. A batida na porta. — seus olhos mudam para mim, os
pensamentos lascivos dançando dentro de seu brilho verde quando volto para o
meu lugar na cama ao lado dele. — Uma certa bandeira quadriculada que nunca
cheguei a reclamar. — ele franze os lábios e apenas olha para mim.

E a resistência é inútil.

Sempre é quando se trata da minha força de vontade e Colton.

Eu me inclino, fazendo o que queria fazer desesperadamente. Cedendo à


necessidade de sentir essa conexão com ele - para alimentar meu primeiro e
único vício - e escovo meus lábios contra os dele. Eu sei que é ridículo que eu
esteja nervosa em machucá-lo. Que de alguma forma, os pensamentos lascivos
por trás do beijo inocente de nossos lábios vão causar dor para sua cabeça
cicatrizando.

Mas no minuto em que nossos lábios se tocam - no minuto que o suave


suspiro escapa de sua boca e tece o seu caminho para a minha alma - acho difícil
pensar com clareza. Eu me afasto um pouquinho, precisando me certificar de
que ele está bem, quando tudo o que quero fazer é devorar a maçã me tentando.

Mas não tenho que fazer isso, porque Colton a entrega para mim em uma
bandeja de prata, quando ele traz a sua mão esquerda para a minha nuca e atrai
a minha boca de volta para a sua novamente. Lábios se abrem, línguas se
fundem e reconhecimento renova conforme nós afundamos em outro beijo
reverente. Nós estamos sem nenhuma pressa para fazer outra coisa, além de
desfrutar de nossa conexão irrefutável. O bip irritante dos monitores é
ultrapassado pelos suspiros e murmúrios satisfeitos sinalizando o carinho entre
nós.

Eu estou tão perdida nele, por ele - quando temia que nunca pudesse
prová-lo de novo - que tudo o que posso pensar agora é como conseguirei
alguma vez o suficiente dele?

Eu sinto o aperto de seus lábios enquanto ele faz uma careta de dor e
culpa imediatamente lança através de mim. Eu estou pressionando demais,
muito rápido para acalmar minha própria necessidade egoísta de reafirmação.
Eu tento me afastar, mas sua mão segura a minha cabeça firme enquanto ele
descansa sua testa contra a minha, narizes tocando, respirações suavizando
sobre os lábios um do outro.

— Só me dê um segundo. — ele murmura contra os meus lábios. Eu


apenas aceno com a cabeça levemente contra a sua, porque lhe daria uma vida
inteira se ele me pedir.

— Essas dores de cabeça vêm tão rápido que parece uma marreta me
atingindo. — diz ele depois de um momento.

Preocupação apaga as chamas de desejo instantaneamente. — Deixe-me


chamar o médico.
— Não. — diz ele, batendo a mão esquerda contra a cama, fazendo com
que os trilhos tremam. — Este lugar me traz de volta quando eu tinha oito anos.
— e o argumento que estava prestes a sair da ponta da minha língua morre. —
Todo mundo olhando para mim com olhos preocupados e ninguém me dando
respostas... só que desta vez sou eu que não pode dar respostas.

Ele ri baixinho e eu posso sentir seu corpo endurecer novamente com a


dor. — Colton...

— Uh- uh. Ainda não. — diz ele de novo, teimosamente, enquanto ele
esfrega o polegar para trás e para a frente em toda a nuca nua do meu pescoço
tentando me acalmar, quando deveria ser o contrário. — Lembro-me da minha
entrevista com a ESPN. Comendo minha barra de Snickers. — ele me dá um
olhar um pouco estranho e desvia os olhos momentaneamente. — Beijando você
na linha do pit e depois nada por um tempo. — diz ele, tentando me distrair de
querer chamar o médico.

— A reunião dos pilotos. — eu preencho. — Becks foi com você, então.

— Por que me lembro de comer uma barra de chocolate, mas não da


reunião?

E eu desenho a conexão em minha própria mente da informação que


falta com a que Andy tinha enchido. Porque a tradicional barra Snickers para
boa sorte está presa ao seu passado - o primeiro encontro casual que teve com a
esperança em sua vida. — Eu não sei. Tenho certeza de que tudo voltará para
você. Eu não acho que...

— Você estava ao meu lado durante o hino. A música acabou... — sua voz
desaparece enquanto ele tenta lembrar os próximos eventos, enquanto a minha
trava na minha garganta. — Eu assisti Davis ajudá-la por cima do muro,
querendo me certificar de que você estava a salvo, enquanto Becks começou as
verificações de última hora... e me lembro de sentir a sensação mais estranha de
estar em paz enquanto estava sentado na linha de meta, mas não sei por quê... e
então nada até acordar.

E a ponta dos pés persistente de mal-estar que sentia antes se transforma


em uma completa debandada.

Meu coração despenca. Minha respiração trava. Ele não se lembra. Ele
não se lembra de me dizer a frase que tem me reestruturado. É preciso cada
grama da força que eu tenho para não deixar o tapa inesperado na minha alma
se mostrar no enrijecimento do meu corpo.

Eu não percebi o quanto precisava ouvi-lo dizer aquelas palavras


novamente - especialmente depois de pensar que o perdi. Como saber que se ele
lembrasse aquele momento decisivo entre nós, iria consertar as últimas fissuras
em meu coração cicatrizando.

— Você sabe? — sua voz rompe meus pensamentos dispersos enquanto


ele beija a ponta do meu nariz antes de guiar minha cabeça para trás para que
ele possa olhar nos meus olhos.

Eu tento mascarar as emoções que tenho certeza que estão nadando lá. —
Eu sei o quê? — eu pergunto, forçando minha garganta a engolir em seco pela a
mentira que a obstrui.

Ele inclina sua cabeça enquanto olha para mim e me pergunto se ele sabe
que estou escondendo alguma coisa. — Você sabe por que me senti tão feliz no
início da corrida?

Eu lambo meus lábios e mentalmente me lembro para não segurar meu


lábio inferior entre os dentes ou então ele vai saber que estou mentindo. — Uh-
uh. — eu digo conforme meu coração esvazia. Eu só não posso lhe dizer. Eu não
posso forçá-lo a sentir as palavras que ele não se lembra ou fazê-lo se sentir
obrigado a repetir as palavras que o fazem recordar os horrores da sua infância.
... que você disse para mim - aquelas três palavras - elas me
transformam em alguém que nunca vou me deixar voltar a ser. Isso aciona
coisas - memórias, demônios, fodidamente muita coisa...

Suas palavras raspam pela minha mente e fazem uma marca que só ele
será capaz de curar. E sei o quanto quero, como me dói suprimir a minha
necessidade de ouvi-las, mas não posso lhe dizer.

Eu forço um pequeno sorriso em meus lábios e encontro seus olhos. —


Tenho certeza de que você estava animado com o início da temporada e
pensando que se sua prática fosse qualquer indicação, você ia reivindicar a
bandeira quadriculada. — a mentira rola para fora de minha língua e por um
momento, me preocupo que ele não vai acreditar. Depois de um instante um
canto de sua boca levanta e sei que ele não notou.

— Tenho certeza de que havia mais do que uma bandeira quadriculada


em que estava focado em reivindicar.

Eu balanço minha cabeça para ele, o sorriso em meus lábios, começando


a vacilar.

O rosto de Colton transforma instantaneamente de diversão à


preocupação com a mudança inesperada do meu comportamento. — O que foi?
— ele pergunta, trazendo a mão para embalar o lado do meu rosto. Eu não posso
falar ainda, porque estou muito ocupada impedindo a barragem de se romper.
— Eu estou bem, Ry. Eu vou ficar bem. — ele sussurra palavras tranquilizadoras
para mim enquanto me puxa para ele e envolve seus braços em volta de mim.

E as barragens se rompem.

Porque beijar Colton é uma coisa, mas estar cercada no calor abrangente
de seus braços me faz sentir que estou no lugar mais seguro em todo o mundo. E
quando tudo é dito e feito, o lado físico, a nossa relação é a terra tremendo e
necessidade, sem dúvida, mas ao mesmo tempo este sentimento - braços
musculosos em volta de mim, seu hálito quente murmurando palavras
tranquilizadoras no topo da minha cabeça, seu coração batendo forte e estável
contra o meu - é de longe, o que vai me levar nos momentos difíceis. Momentos,
como agora. Quando o quero tanto - de muitas maneiras - que nunca pensei que
fosse possível. Que nunca sequer passou pela minha cabeça antes.

Estou chorando por tantas razões que elas começam a misturar e se


juntar e desaparecer lentamente com cada lágrima que trilha as faixas muito
familiares pelo meu rosto. Estou chorando porque Colton não se lembra. Porque
ele está vivo e inteiro e seus braços estão envolvidos apertados ao meu redor.
Estou chorando porque nunca tive a chance de experimentar isso com Max e ele
merecia. Estou chorando porque odeio hospital, o que ele representa e como
isso afeta e muda a vida de todos em seu interior, para o bem e para o mal.

E quando as lágrimas param - quando minha catarse é realmente


excessiva e todas as emoções que tenho mantido reprimidas durante a semana
passada abatem - percebo que o que mais importa é isso, aqui e agora.

Nós podemos passar por isso. Podemos nos encontrar novamente. Uma
parte de mim se preocupa profundamente que ele nunca vai se lembrar daquele
momento tão pungente na minha mente, mas ao mesmo tempo, temos tantos
momentos mais à nossa frente, tão prontos para fazermos juntos, que eu não
posso sentir pena de mim por mais tempo.

Minha respiração trava novamente e tudo o que posso fazer é segurar um


pouco mais apertado nele, esperar um pouco mais. — Eu estava tão preocupada.
— é tudo que posso dizer. — Então, com medo.

— Spiderman. Batman. Superman. Ironman. — ele sussurra no que


parece quase um reflexo.
— Eu sei. — eu aceno e o puxo de volta para que eu possa olhá-lo nos
olhos enquanto enxugo as lágrimas do meu rosto. — Eu chamei por eles para
ajudá-lo.

— Eu sinto muito que você teve que fazer. — ele diz as palavras com tal
honestidade que tudo o que posso fazer é olhar em seus olhos e ver a verdade
abaixo delas. Que o seu pedido de desculpas, sabe o quanto realmente eu estava
com medo.

Eu me inclino e pressiono meus lábios suavemente nos seus mais uma


vez, incapaz de resistir. Querendo que ele sinta a sensação de alívio, finalmente
se estabelecendo em minha alma. Querendo provar a ele que posso ser o mais
forte, enquanto ele cura. Que está tudo bem ele me permitir.

— Bem, olhe para isto. A Bela Adormecida finalmente acordou sua bunda
feia.

Nós rompemos o nosso beijo ao som da voz de Beckett, calor inundando


meu rosto. — Eu ia ligar para você.

— Sério? É isso o que você estava fazendo? — ele brinca enquanto se


aproxima da cama. — Beijando um monte de sapos? Porque me parece que o
príncipe em coma aqui, você o tem sob seu feitiço.

Eu não consigo segurar a risada que borbulha. — Você está certo. Eu não
me arrependo. — eu alcanço e aperto a mão que ele me oferece. — Mas ia
chamá-lo em seguida.

— Não se preocupe. Eu sei que você iria. — ele se vira e olha para Colton,
seu sorriso o mais brilhante que vi desde o dia da corrida. — Você não é um
colírio para os olhos. Bem-vindo à terra dos vivos, homem. — e eu sei que isso
parece rude, mas pego a ruptura em sua voz e os olhos mareados nos cantos
quando ele se concentra em Colton. Ele estende a mão e bate em seu ombro. —
Merda. Esse remendo bizarro raspado em sua cabeça poderia apenas expulsá-lo
do reino das pessoas de boa aparência. Qual é a sensação de sair da terra do eu-
sou-a-porra-de-um-Deus?

— Foda-se. Isso vindo da terra do eu-sou-a-porra-de-um-comediante?

Beckett solta uma risada com um aceno de cabeça. — Pelo menos na


minha terra não temos que modificar os batentes da porta para permitir egos
inflados passar.

— Este é o tipo de bem vindo de volta ao mundo que eu recebo? Eu sinto


o amor, cara. Acho que prefiro as drogas que estão me dando para me segurar
em vez de acordar e ouvir essa merda. — Colton aperta minha mão e seus olhos
lançam direto sobre os meus antes de retornar a Beckett.

— Sério? Porque eu posso apenas não ter acordado de um coma, mas


garanto a você que o sentimento difuso que essas drogas dão, não é nada
comparado a estar acordado e a sensação de um quente, úmido...

— Whoa! — ergo minhas mãos e fujo para fora da cama, não querendo
ouvir onde o resto da conversa está indo. O cheiro fraco do jantar de ontem à
noite no lixo me dá toda a desculpa que preciso para dar-lhes um momento a
sós. — Isso é o suficiente para mim, rapazes. Eu vou pegar um ar, esticar as
pernas e levar esse lixo para fora.

— Oh, Ry! Vamos lá... — diz Becks, estendendo suas mãos para o lado. —
Eu ia dizer banho. Um banho quente e úmido. — ele ri alto e então ouço a risada
de Colton e sinto que o mundo que havia sido deslocado de seu eixo, acaba de
ser corrigido um pouco.

— Sim. — repreendo quando puxo o saco da lata de lixo. — Eu sei, eu


sempre uso os adjetivos quente e úmido quando se refere a um banho. — eu
balanço minha cabeça e capturo o olhar de Colton por um instante. — Volto em
alguns minutos.
Capítulo 11

M eu coração

está mais leve conforme ando pelo corredor de volta para o quarto de Colton. Eu
mandei uma mensagem para seus pais e Quinlan, sobre ele estar acordado de
novo e tenho certeza que eles estarão aqui em breve. Sigo para o fim do
corredor, onde os funcionários do hospital tão graciosamente acomodaram
Colton. Seu quarto é mais privado do que a maioria dos outros, para que ele
possa ficar fora da vista dos outros visitantes do hospital. E há menos chance da
mídia obter uma imagem cobiçada dele.

Estou prestes a entrar em seu quarto quando penso que ele pode querer
um pouco de água. Eu me viro, não prestando atenção e quase dou uma
cabeçada na única pessoa que não tenho vontade de ver.

Nunca.

Absolutamente.

Tawny.

Nós duas nos assustamos quando nos vemos. E é claro que eu estou
parecendo esfarrapada do sono intermitente e roupas velhas do dia a dia,
enquanto ela está parecendo perfeitamente elegante e pronta para impressionar.
E tenho que dar-lhe crédito, ela manteve distância desde que Becks a mandou se
afastar na sala de espera. Mas quando ela me oferece um sorriso consolador,
não me importa que não esteja sendo maliciosa como de costume, porque todas
as emoções que reprimi ao longo dos últimos dias entram em erupção.

— O que você está fazendo aqui? — eu cuspo entre os dentes cerrados. Se


você pudesse fazer um som de repulsa, minha voz definitivamente estaria atada
com isso agora. Minhas unhas cavam em minhas mãos, minhas mãos em punho
e todos os músculos do meu corpo estão vibrando com indignação.

Leva um momento para o choque desaparecer de seu rosto, mas quando


isso acontece, reconheço a máscara de superioridade deslizando em seu lugar.

— Colton está acordado. — ela dá de ombros, um fantasma de um sorriso


sobre seus lábios pintados de rosa. — Ele quer falar comigo em particular. — diz
ela, enquanto projeta o queixo no caso de que eu já não soubesse do seu desdém
por mim.

— Tudo sobre Colton, é da minha conta.

— Continue sonhando, boneca.

— Limpe o olhar presunçoso do seu rosto, Tawny.

— Estamos nos sentindo um pouco culpados por foder com a cabeça de


Colton na noite antes da corrida. Todo mundo sabe que você estava fazendo
seus joguinhos com ele. Que você o deixou cansado. Que você...

Uma lufada de ar passa quando minhas mãos seguram seus braços e a


empurro contra a parede, a fúria revestida de calma. — Deixe-me fazer algo
perfeitamente claro para você, Tawny. Eu só vou dizer isso uma vez, mas é
melhor você ouvir, entendeu?
Eu a vejo engolir, e sua respiração sai em um estremecimento instável
quando ela assente. Seus olhos cintilam ao redor do corredor, mas não há
ninguém por perto para vir em seu socorro.

Eu me inclino para mais perto, fogo em minhas veias e gelo na minha


voz. — Você é a razão de Colton estar aqui. Não eu. Você. Há um lugar especial
no inferno para mulheres como você - as mulheres que transam com homens de
outras mulheres - se você continuar com sua merda, tenha a certeza de que um
desses lugares vai ter o seu nome escrito nele. — eu aperto seus braços um
pouco mais, um aviso silencioso de que estou apenas me aquecendo.

— Aqui é como isso vai ser, apenas no caso de você não ter chegado a esse
novo relógio e ainda estar vivendo no passado. Colton não está mais no
mercado. Ele é meu e eu sou dele. Isso está claro? — não me importa que ela não
responda, porque estou em um rolo e nada vai me parar. Eu vejo seus olhos se
arregalarem e continuo. — Em segundo lugar, se você já tentar insinuar ou
sugerir a alguém que existe mais entre você e Colton do que uma relação
comercial com os laços familiares, você vai ter que lidar comigo... e garanto que
não vai ser bonito. Você ainda não viu nada, boneca. Eu protejo o que é meu
sem pensar duas vezes nas consequências. — ela tenta encolher os ombros fora
do meu controle e isso só me faz inclinar mais perto e apertar um pouco mais
forte. — Você vai me tratar com respeito e manter o seu bando de amigas
prostitutas afastadas também.

Apesar de minhas mãos a segurando como refém, ela recupera um pouco


de sua compostura e responde. — Ou o quê?

Eu continuo como se ela nunca tivesse me interrompido. — Você vai


manter seu relacionamento com Colton completamente profissional e irá
manter seus peitos e outros ativos fora de seu rosto. Isso está claro o suficiente
ou eu preciso soletrar para você?
Eu solto meu aperto, a mensagem foi entregue, embora não me sinta
melhor, porque Colton ainda está na cama do outro lado da parede. Tawny me
olha de cima à baixo. — Ah, acho que você fez isso claro como cristal... pena que
você não consegue entender que Colton precisa de mim em sua vida.

Num piscar de olhos, eu bato suas costas contra a parede, desta vez meu
antebraço empurra contra seu peito e meu rosto está a poucos centímetros dela.
— Sua data de validade expirou, querida. Eu sou tudo o que ele precisa. E se
você tentar lhe mostrar o contrário, esse seu muito prestigiado trabalho pode
apenas dar bye-bye... então eu, definitivamente, pensaria duas vezes antes de
abrir a boca novamente. — eu começo a ir embora, mas volto atrás e olho para
ela, seus olhos refletindo a raiva dos meus. — Ah, e, Tawny? Colton não vai
saber sobre essa conversa. Dessa forma, você pode manter o seu emprego e ele
pode manter a noção de que sua amiga de infância e namorada de faculdade
realmente é a pessoa legal que ele acredita ser e não a cadela dissimulada que
você realmente é.

— Ele nunca acreditaria em você. Eu ainda estou aqui, não estou? — ela
diz as palavras às minhas costas, eu me viro lentamente tentando ganhar
alguma aparência de controle sobre o inferno de raiva fervendo logo abaixo da
superfície.

— Sim, por agora. — digo levantando uma sobrancelha e balanço minha


cabeça descrente. — Mas o relógio está correndo, boneca. — Tawny começa a
falar, mas a corto. — Tente-me, Tawny. Tente-me, porque não há nada que eu
prefira fazer do que provar a você quão sério estou agora.

— Algum problema aqui? — a voz me sacoleja para fora da minha neblina


induzida pela raiva quando olho para a enfermeira de antes, que agora está
saindo do quarto de Colton.

Eu olho para ela e depois de volta para Tawny por um segundo. —


Nenhum problema. — digo, doçura atando meu tom. — Eu só estava tirando o
lixo. — eu lanço a Tawny mais um olhar de advertência antes de retornar para o
quarto de Colton e entrar com um sorriso estampado em meu rosto.

Eu respiro aliviada que o Dr. Irons está ocupado examinando Colton


quando entro no quarto, porque preciso de um minuto para desacelerar meu
pulso trovejando e acalmar meus dedos trêmulos de raiva. Colton olha para
cima e sorri suavemente para mim antes de se concentrar de volta ao médico e
responder suas perguntas.

Eu exalo um suspiro trêmulo que estava segurando e vejo Beckett tombar


sua cabeça enquanto ele olha para mim, confusão em seus olhos, enquanto ele
tenta descobrir por que meu rosto está tão corado. Eu só balanço minha cabeça
para ele e naquele momento, Dr. Irons decide remover o curativo da cabeça de
Colton.

Eu tenho que reter o arfar que instintivamente quer escapar de meus


lábios com a visão. Há um remendo de cabelo raspado com um diâmetro de
cinco centímetros de grampos na parte superior do lado direito do crânio. Ainda
está inchado, e os grampos de prata justapostos contra a incisão rosa com o
vermelho escuro do sangue seco, faz um contraste medonho.

Colton deve ter visto o olhar no meu rosto, porque ele olha para Beckett
enquanto Dr. Irons examina a incisão e diz: — Está muito ruim?

Beckett apenas mastiga o interior de sua bochecha e torce seus lábios


enquanto ele olha para ela e depois para Colton. — É muito desagradável, cara.

— É?

— Sim. — diz Beckett e acena com a cabeça.

— Que seja. — Colton encolhe os ombros com indiferença. — É apenas


cabelo. Vai crescer de volta.
— Pense nos pontos de simpatia que você poderia ganhar com Rylee, se
você aproveitar isso.

Colton olha para mim e sorri. — Eu não preciso de quaisquer pontos de


simpatia com ela. — estou prestes a falar quando seu olhar se desloca por cima
do meu ombro. — Tawny.

Minhas costas se arrepiam instantaneamente, mas tento acalmar o


melhor que posso. Eu já disse o que queria. Dei-lhe corda suficiente para se
enforcar; vamos ver se ela escolhe para balançar ou ficar de pé.

— Ei. — diz ela em voz baixa. — É bom vê-lo acordado.

Eu passo para o lado da cama ao lado de Colton - mostrando minha


reivindicação, caso não tenha sido bem clara antes - e aperto sua mão direita,
observando que a sua força ainda não voltou.

— É bom estar acordado. — Colton responde enquanto estremece às


pontas dos dedos intrusivos do Dr. Irons contra o seu couro cabeludo e assobia
em uma lufada de ar. — Me dê um minuto, ok?

— Claro.

Estamos todos lá calmamente assistindo Colton, até que o exame termina


e o médico se afasta. — Então, quais são as outras perguntas que você tem,
Colton, porque eu tenho certeza que você tem algumas além das que falamos
antes?

Colton olha para mim e tenho certeza que ele vê o desafio em meus olhos,
porque a alegria começa a dançar nos seus. Ele trabalha a língua em sua
bochecha enquanto seu sorriso se alarga e levanta suas sobrancelhas.
— Ainda não, meu jovem. — Dr. Irons ri, divertido quando ele adivinha a
pergunta e lhe dá um tapinha no joelho. Tenho certeza que o constrangimento
mancha minhas bochechas, mas não me importo. — O que eu não daria para
estar em meus trinta e poucos anos de novo. — ele suspira.

Colton ri e olha para mim, os olhos travando, a tensão sexual crepitando,


e a dor subjacente começando a arder. — A qualquer hora e em qualquer lugar,
querida. — ele repete as palavras que disse para mim na noite em que nos
conhecemos.

Todos no quarto deixam de existir. Meu interior serpenteia com ânsia de


suas palavras e o olhar lascivo em seus olhos. O músculo em seu maxilar salta
enquanto ele olha para mim por um instante, antes de olhar para Dr. Irons. Ele
encolhe os ombros em desculpa fingida com um sorriso travesso levantando um
canto de sua boca.

— Desculpe, doutor, mas você me deu uma regra e isso simplesmente me


tenta muito mais em quebrá-la.

Dr. Irons balança a cabeça para Colton. — Anotado filho, mas as


ramificações de... — ele continua alertando sobre a necessidade de observar a
pressão do sangue que flui através das artérias principais em seu cérebro
enquanto elas curam, e, portanto, certas atividades extenuantes podem causar
uma pressão mais forte do que é seguro nesta fase de cura. — Mais alguma
coisa?

— Sim. — Colton diz e não perco o olhar que passa entre ele e Beckett. Ele
puxa os olhos de volta ao médico e diz: — Quando vou estar liberado para correr
de novo?

De todas as perguntas que esperava que ele fizesse, não era isso. E é claro
que sou estúpida por ter esperança na hipótese de que Colton possa não querer
correr novamente, mas ouvi-lo realmente dizer isso, provoca pânico
percorrendo através de mim. Por mais que eu tente esconder o ataque de mini
ansiedade que suas palavras evocaram, meu corpo instintivamente fica tenso,
minhas mãos estremecem apertadas em torno da sua enquanto minha
respiração trava audivelmente na minha garganta.

Colton desvia os olhos do Dr. Irons momentaneamente e olha para mim.


Obviamente, Dr. Irons sente meu desconforto, porque ele espera um instante
antes de responder. E durante esse tempo, os olhos de Colton transmitem muito
para mim, mas ao mesmo tempo estão guardando seus pensamentos mais
profundos. No momento em que começo a pegar mais, ele olha para o lado e
volta ao médico.

Isto imediatamente me deixa no limite e não consigo reconhecer por que.


E isso assusta a merda fora de mim. O desconhecido em um relacionamento é
brutal, mas com Colton? Francamente fode com meu cérebro.

Meu pulso está correndo pela pergunta de Colton sozinha e agora eu


tenho que me preocupar com o aviso secreto em seus olhos? Que diabos está
acontecendo? Talvez como Dr. Irons disse anteriormente, suas emoções e
disposição foram afetadas pelo acidente. Eu tento dizer a mim mesma que esta é
a razão - para jogá-lo como tal - mas, no fundo, ouço os sinos de alerta e quando
se trata de nosso relacionamento, isso nunca é um bom sinal.

Dr. Irons me arranca de meus pensamentos turbulentos com a limpeza


de sua garganta. E temo como ele vai responder a pergunta de Colton. — Bem...
— ele suspira e olha para o seu iPad antes de olhar de volta até encontrar o olhar
de Colton. — Desde que estou tendo a sensação de que qualquer coisa que eu lhe
diga para não fazer, só vai incentivá-lo a fazê-lo ainda mais rápido...

— Você é um aprendiz rápido. — Colton brinca.

Dr. Irons apenas suspira novamente, tentando lutar contra o sorriso nos
cantos de sua boca. — Normalmente, eu diria a você que voltar para um carro de
corrida é uma má ideia. Que seu cérebro foi abalado o suficiente e mesmo
quando o crânio estiver totalmente curado, ainda vai ter um ponto fraco onde o
osso foi restabelecido e isso poderia ser perigoso... mas sei que não importa o
que eu diga, você vai estar de volta na pista, não é?

Eu não tenho nenhuma opção a não ser me sentar agora, porque apesar
de como aparento estar calma no exterior, meu interior está simplesmente
sendo rasgado pela suposição correta do Dr. Irons.

Colton sopra um longo suspiro e olha pela janela um pouco, e por um


momento observo a fenda em sua armadura. É fugaz, mas está lá, no entanto.
Ele pode nunca admiti-lo, mas ele está com medo de entrar no carro novamente.
Com medo de recordar os momentos durante o acidente que não consegue se
lembrar agora. Com medo de que ele poderia se machucar novamente. E está
tão consumido por seus pensamentos que não percebe que ele está desviando a
sua mão da minha.

— Você está certo. — ele finalmente diz e calafrios imediatamente cobrem


meu corpo. — Eu vou. Eu não tenho outra escolha... mas vou seguir o seu
conselho e esperar até que esteja clinicamente liberado. Eu vou pedir para os
meus médicos na Califórnia entrarem em contato com você para garantir que
nada esteja perdido.

Dr. Irons engole e acena com a cabeça. — Ok, bem, fico satisfeito de que
você é um cara sensato... bem, tão sensato quanto uma pessoa que dirige a 320
quilômetros por hora para ganhar a vida pode ser. — Colton sorri para o
comentário. — Eu volto mais tarde para verificar você. — Dr. Irons sai e por um
momento, há um silêncio constrangedor entre nós quatro. Imagino que é
porque todos nós estamos secretamente se perguntando o que vai ser se - não
quando - ele pular de volta no carro de corrida, mas ninguém diz nada.
Pânico pesa sobre mim e não tenho nenhuma ideia de como vou ser
capaz de lidar com isso. Como vou ser capaz de vê-lo entrar em um carro quase
idêntico ao que ele quase morreu.

Colton quebra o silêncio assustado. — Becks?

— Sim. — Becks passa à frente e olha para o amigo.

— Certifique-se de dizer a Eddie que ele precisa obter os meus registros


do Dr. Irons para que possamos estudar a minha lesão. Veja como podemos
complementar o HANS ainda melhor.

Eu sei que Colton está falando sobre o dispositivo de segurança secreto


top que ele estava usando durante o acidente. O que a CD Enterprises está se
preparando para enviar para a proteção de patentes, então não sei por que o
rosto de Beckett cai. Eu vejo seus olhos direcionar sobre Tawny
momentaneamente, um lampejo de preocupação piscando através deles, antes
de olhar para Colton.

— O que, Becks? O que você não está me dizendo? — obviamente Colton


percebe a reação também.

Becks limpa a garganta e respira fundo. — Você demitiu Eddie há alguns


meses atrás, Colton.

— O quê? Vamos lá, Becks. Pare de me gozar é só pegar os registros para


ele, ok?

— Eu não estou gozando com você. Um segundo conjunto de esquemas


desapareceu. Com suas dívidas de jogo e outras questões, muitos fatores
apontaram para ele, por isso você o demitiu. — diz Beckett enquanto os olhos de
Colton tremulam ao redor do quarto, com a cabeça alternando para a frente e
para trás como se estivesse tentando compreender o que está sendo dito.
— Sério? — quando Becks apenas assente, Colton olha para Tawny e ela
assente também. — Foda-se. — ele range quando revira os ombros e olha pela
janela por um momento antes de olhar para Beckett. — Roubo? Não me lembro
de nada disso. — sua voz é totalmente tranquila e cheia de descrença.

Estendo a mão e aperto a sua, fazendo com que ele encontre meus olhos.
— Ei, está tudo bem. Vai voltar. É apenas temporário. — eu digo, tentando
tranquilizá-lo da melhor forma que posso.

— Mas... se não me lembro de algo assim, o que mais não lembro que
nem mesmo sei? — seus olhos nadam com confusão e ele faz uma careta
momentaneamente deixando meu coração acelerado de preocupação.

— Não se preocupe com isso, cara. Pense em toda a porcaria que você
pode reivindicar pela amnésia em que normalmente você receberia merda.

Graças a Deus por Becks e sua personalidade descontraída, porque


mesmo que eu ainda possa ver Colton lutando, enquanto ele tenta entender
tudo, também posso sentir um pouco da tensão relaxar de sua mão que estou
segurando. Eu encontro os olhos de Becks, um silencioso obrigado passando
entre nós.

Tawny limpa a garganta baixinho e, de repente, é como se todos nós


fossemos arrancados de nossos pensamentos com o som. Colton respira
profundamente e diz: — Tawny, preciso que você emita um comunicado para a
imprensa imediatamente.

— O que você gostaria que dissesse? — Srta. Sempre Eficiente pergunta


enquanto caminha para o lado da cama à minha frente, enquanto Colton reúne
seus pensamentos. E com apenas o menor olhar em minha direção, ela muda o
foco para ele e suaviza sua voz. — Colton?
— Sim. — ele responde, levantando os olhos para encontrar a pergunta
em sua voz.

Ela estende a mão e aperta seu bíceps, seus olhos vagando sobre sua
ferida antes de retirar a mão quando ele não responde. — Estou tão feliz que
você está bem.

Eu posso ouvir a sinceridade em sua voz - saber que ela quer dizer isso -
mas isso ainda não me faz gostar mais dela.

— Podia ter sido muito pior pelo que me disseram, então eu vou chegar
lá. — Colton toma um gole de água, enquanto sua testa franze em concentração.
— Diga-lhes que estou acordado e por um ou dois dias. Eu estou me
recuperando, vamos voltar para a Califórnia dentro de uma semana, uma vez
que esteja liberado e retornando para a pista em algum momento. Agradeça-
lhes o apoio e orações e em vez de todas as flores ou presentes, prefiro que
façam uma doação para Corporate Cares. Os meninos precisam mais do que eu.

Tawny olha acima de seu telefone, onde ela está digitando tudo isso e
pergunta: — E sobre a sua perda de memória?

— Nenhum comentário sobre isso. — Colton diz, olhando para Becks


novamente, uma compreensão silenciosa passando entre eles. — Isso é tudo. —
Tawny levanta o foco de seu telefone e olha para Colton, como se ela não
entendesse. — Você pode ir agora. — ele diz a ela e tenho que esconder o olhar
de choque no meu rosto na despedida inesperada.

A cabeça de Tawny desaba quando ela empurra o telefone em sua bolsa.


— Bem, hum, está bem. — diz ela, cor manchando suas bochechas enquanto ela
se dirige para a porta.

— Ei, Tawn? — as palavras de Colton a detém e o ácido em seu tom


surpreende o inferno fora de mim.
— Sim. — ela pergunta quando se vira para encarar a nós dois lado a lado.

— Depois de emitir o comunicado à imprensa, você pode pegar as suas


coisas e voltar para casa.

Ela inclina sua cabeça e olha para Colton por um momento, confusão
piscando em seu rosto. — Está tudo bem. É melhor se eu ficar aqui e lidar com a
mídia...

— Não. — Colton diz. — Eu acho que você não entendeu o que estou
dizendo. — Tawny lança sua língua e molha o lábio inferior quando o
nervosismo começa a corroê-la. Ela dá um passo em direção à cama, quando ele
começa a explicar. — Nós nos conhecemos, o quê? A maior parte de nossas
vidas? Tempo suficiente para que você saiba que não gosto de ser fodido. —
Colton se inclina para a frente, enquanto os olhos dela se arregalaram e eu
prendo a respiração em descrença pelo gelo em sua voz. — Você fodeu comigo,
T. E mais importante, você fodeu com Rylee. Agora isso? Isso eu
definitivamente me lembro. Game Over. Embale sua merda. Você está demitida.

Ouço Beckett sugar uma respiração. Ao mesmo tempo em que Tawny


gagueja. — O - o que? Colton, você...

— Pare. — Colton levanta a mão para detê-la e balança a cabeça em


desapontamento. — Guarde suas desculpas ridículas e vá antes de fazer as coisas
piores para si mesma.

Ela só o encara, piscando as lágrimas antes de olhar de relance para


Beckett, girando sobre os calcanhares e correndo para fora do quarto.

Eu assisto a sua saída, tentando imaginar o que seria estar no lugar dela.
Em perder o seu emprego e o homem que acreditava ser seu.
E quando ouço Colton respirar um enorme suspiro ao meu lado,
realmente sinto pena dela.

Bem... não realmente.


Capítulo 12

U m som

abafado me puxa do sono. E eu estou tão cansada - querendo afundar no


esquecimento ofuscante porque dormi tão pouco durante as últimas duas
semanas - que mantenho meus olhos fechados e me concentro no ronronar do
motor do jato. Mas porque agora estou acordada, quando ouço uma segunda
vez, sei que estou errada.

Abro os olhos assustada com o que vejo. A visão do meu imprudente bad
boy - olhos apertados, os dentes mordendo o lábio inferior e face tingida com a
dor que escorre por suas bochechas - se desfazendo completamente em silêncio
disciplinado. Estou momentaneamente congelada com a incerteza.

Estou incerta, porque senti uma desconexão entre nós nos últimos dias.
Por um lado, eu sentia como se ele estivesse tentando me afastar - me mantendo
a distância - mantendo todas as discussões superficiais. Ao dizer que a cabeça
dói, que ele precisava dormir, no momento em que eu trazia qualquer assunto
sério.

E depois havia os momentos estranhos quando pensou que eu não estava


prestando atenção a ele, quando o observava olhando para mim pelo reflexo na
janela do quarto com um olhar de reverência aflita, um misto de saudade com
tristeza. E esse olhar singular sempre causou calafrios dançando sobre o meu
corpo.
Um soluço lhe escapa e abre seus olhos lentamente, a dor é tão evidente
neles, meu homem adulto marcado pelas lágrimas de um garotinho assustado.
Ele desvia o olhar momentaneamente e posso vê-lo tentando se recompor, mas
só acaba apertando os olhos fechados e chorando ainda mais forte.

— Colton? — eu desloco da minha posição reclinada, começando a


estender minha mão, mas em seguida, a puxo de volta na incerteza, pois a
desolação absoluta é refletida em seus olhos. Minha hesitação é respondida por
Colton olhando para a minha mão e balançando a cabeça como se um toque
meu iria desmoroná-lo.

E ainda assim não posso resistir. Nunca posso quando se trata de Colton.

Eu não posso deixá-lo sofrer em silêncio por tudo o que está comendo sua
alma e sombreando seu rosto. Eu tenho que me conectar com ele, confortá-lo da
única maneira que parecia funcionar ao longo das últimas semanas.

Eu desato o cinto de segurança e atravesso a distância entre nós, meus


olhos perguntando se está tudo bem fazer em conexão com ele. Eu não o deixo
responder - não lhe dou outra chance de me afastar - mas me sento em seu colo.
Eu o envolvo em meus braços o melhor que posso, aninho minha cabeça na
curva de seu pescoço e apenas espero em silêncio reconfortante.

Espero enquanto seu peito estremece e sua respiração trava.

Enquanto suas lágrimas caem, seja limpando sua alma ou prenunciando


a devastação iminente.
Capítulo 13

—E u não

preciso de uma maldita cadeira de rodas!

É a quarta vez que ele diz isso, e é a única coisa que ele me disse desde
que acordou no avião. Eu mordo meu lábio e o vejo lutar enquanto olha para a
enfermeira quando ela empurra a cadeira mais uma vez para a parte de trás dos
seus joelhos, sem dizer uma palavra a seu paciente difícil. Posso vê-lo
começando a se cansar pelo esforço de sair do carro e andar cinco metros ou
mais em direção à porta da frente, antes de parar e descansar a mão no muro de
contenção. A tensão é tão óbvia que não estou surpresa quando ele finalmente
cede e se senta.

Eu estou feliz que mandei uma mensagem para todos antes e disse-lhes
para ficar dentro de casa e não nos cumprimentar na entrada da garagem.
Depois de assistir o esforço que levou para ele sair do avião e ir para o carro, eu
imaginei que ele poderia ficar constrangido se tivesse uma plateia.

Os paparazzi ainda estão gritando do outro lado dos portões fechados,


clamando para obter uma imagem ou citação de Colton, mas Sammy e suas
novas adições à equipe estão fazendo o seu trabalho mantendo este momento
privado, o que sou muito grata.
— Apenas me dê a porra de um minuto. — ele rosna quando ela começa a
empurrá-lo e posso ver que uma dor de cabeça o atingiu novamente quando ele
coloca a cabeça entre as mãos, dedos dobrados sobre o boné de beisebol, e
apenas fica sentado lá.

Eu respiro fundo em silêncio do meu lugar, deixada de lado, tentando


descobrir o que está acontecendo com ele. E depois de seu colapso em silêncio
no jato, sei que é mais do que apenas as dores de cabeça. Mais do que o
acidente. Algo mudou e eu não consigo apontar a causa de suas personalidades
em conflito.

E o fato de que não posso identificar o porquê, faz com que meus nervos
dancem no limite.

Colton pressiona as mãos ao lado de seu boné e posso ver a tensão em


seus ombros, enquanto ele tenta se preparar para a dor que irradia em sua
cabeça. Eu ando em direção a ele, incapaz de resistir a tentar ajudar de alguma
forma, embora saiba que não há nada que eu possa realmente fazer, apenas
colocar minhas mãos em seus ombros para que ele saiba que estou lá.

Que ele não está sozinho.

— Eu não preciso de uma porra de uma enfermeira cuidando de mim. Eu


estou bem. Realmente. — Colton diz de sua posição parcialmente reclinada na
espreguiçadeira. Todos saíram logo após nossa chegada, todos, exceto Becks e
eu, percebendo o humor ranzinza que Colton estava. Colton ficou no pátio lá em
cima pelos últimos 30 minutos, porque, depois de estar preso no hospital por
tanto tempo, ele só quer se sentar ao sol em paz. A paz que ele não está
recebendo, desde que discutiu com todos sobre como ele está perfeitamente
bem e só quer ser deixado sozinho.
Becks cruza os braços sobre o peito. — Nós sabemos que você é teimoso e
tudo, mas você levou bastante pancada. Nós não vamos deixar você...

— Deixe-me em paz, Daniels. — Colton late, aborrecimento evidente em


seu tom de voz quando caminha em direção a Becks. — Se eu quisesse seus dois
centavos8, eu teria perguntado.

— Bem abra o cofrinho, porque o que vou lhe dar vale a porra de um
dólar inteiro. — diz ele, enquanto se inclina para mais perto de Colton. — Sua
cabeça dói? Você quer ser um idiota porque você ficou preso em um maldito
hospital? Você não quer a simpatia que você está recebendo? Bem muito
fodidamente ruim. Você quase morreu, Colton - morreu – assim, cale a boca e
pare de ser um idiota para as pessoas que se preocupam com você. — Becks
balança a cabeça para ele, exasperado enquanto Colton só puxa o boné mais
para baixo sobre a testa e se amua.

Quando Becks fala novamente, sua voz é a calma e calculista, que ele
usou comigo quando estávamos no quarto do hotel na noite anterior ao
acidente.

— Você não quer banhos de esponja da Enfermeira Ratchet lá embaixo?


Eu entendo isso também. Mas você tem uma escolha a fazer, porque é ela, eu ou
Rylee para lavar as suas bolas todas as noites até que você esteja liberado pelo
médico. Eu sei quem eu escolheria e foda-se com certeza não sou eu ou a rude
mulher alemã na cozinha. Eu te amo, cara, mas minha amizade delimita uma
linha quando se trata de tocar o seu lixo. — Becks se inclina para trás, com os
braços ainda cruzados e as sobrancelhas levantadas. Ele dá de ombros para
reiterar a questão.

8
Two cents: conselho ou opinião não solicitada.
Quando Colton não fala, mas continua a ser ranzinza e olha Becks por
baixo da aba do boné, eu fortaleço - cansada, irritada e querendo um tempo a
sós com Colton - para tentar corrigir nosso mundo novamente.

— Eu vou ficar, Colton. Sem questionamentos. Eu não vou deixar você


aqui sozinho. — eu só levanto as minhas mãos quando ele começa a discutir.
Babaca teimoso. — Se você quer continuar agindo como um dos meninos
quando eles fazem uma birra, então vou começar a tratá-lo como um.

Pela primeira vez desde que chegamos ao pátio, Colton levanta os olhos
para encontrar os meus. — Eu acho que é hora de todo mundo sair. — sua voz é
baixa e cheia de rancor.

Eu me aproximo, querendo que ele saiba que ele pode empurrar o quanto
queira, mas não vou recuar. Eu jogo suas próprias palavras de volta em seu
rosto. Palavras que nem tenho certeza de que ele se lembra. — Nós podemos
fazer isso do jeito mais fácil ou do mais difícil, Ace, mas não tenha dúvida, vai
ser do meu jeito.

Eu me certifiquei que Becks trancou a porta da frente quando saiu antes


de pegar o prato de queijo e biscoitos para voltar lá em cima. Acho Colton no
mesmo local na espreguiçadeira, mas ele tirou o boné, a cabeça inclinada para
trás, olhos fechados. Eu paro na porta e o observo. Eu reparo o remendo
raspado que está começando a crescer de novo sobre a sua desagradável cicatriz.
Observo o sulco na testa que me diz que ele está tudo, menos em paz.

Entro no pátio em silêncio, a música Hard to Love tocando suavemente


no rádio, e sou grata que ela mascara os meus passos para que não o acorde,
coloco seus analgésicos e um prato de comida em cima da mesa ao seu lado.
— Você pode ir agora também.

Sua voz rouca me assusta. Suas palavras inesperadas me derrubam. Meu


temperamento ferve. Eu olho para ele e não posso fazer nada além de balançar
minha cabeça em descrença porque seus olhos ainda estão fechados. Tudo sobre
os últimos dois dias me atinge como um caleidoscópio de memórias. A distância
e o afastamento. Trata-se de mais do que estar irritado de ser confinado durante
sua recuperação. — Há algo que você precisa desabafar?

Uma gaivota solitária grita sobrevoando enquanto espero pela resposta,


tentando me preparar para o que ele vai me dizer. Ele passou do choro sem
explicação a me dizer para sair - não é um bom sinal.

— Eu não preciso de sua maldita piedade. Você não tem uma casa cheia
de meninos que precisam de você para ajudar a cumprir essa característica
inerente de vocês de pairar e sufocar?

Ele poderia ter me chamado de todo nome horrível de um livro que não
iria doer tanto quanto essas palavras, ele só me deu um tapa com elas. Estou
estupefata, abro e fecho da boca, enquanto olho para ele, o rosto inclinado para
o sol, os olhos ainda fechados. — Desculpe-me? — isso não é páreo para o que
ele acaba de dizer, mas é tudo que tenho.

— Você me ouviu. — ele levanta o queixo quase em demissão, mas ainda


mantém os olhos fechados. — Você sabe onde é a porta, querida.

Talvez a minha falta de sono tenha esmaecido minha reação habitual,


mas essas palavras apenas ligam o interruptor a cem por cento. Eu me sinto
como se estivéssemos de volta há semanas atrás e tenho imediatamente a
guarda de proteção de volta. O fato de que ele não olha para mim é como
querosene para minha chama. — O que diabos está acontecendo, Donavan? Se
você vai me tirar do sério, o mínimo que você pode fazer é dar-me a gentileza de
olhar para mim.
Ele aperta os olhos, abre um olho como se fosse irritante ter que prestar
atenção em mim e eu tenho o suficiente. Ele conseguiu me machucar nos cinco
minutos inteiros que tivemos a sós e o fato de que minha estabilidade emocional
está sendo mantida por cordas desgastadas também não ajuda. Ele me observa e
um fantasma de um sorriso aparece, como se ele estivesse gostando da minha
reação, desfrutando de brincar comigo.

Palavras não ditas piscam em minha mente e sussurram para mim, me


chama para olhar mais de perto. Mas o que estou perdendo aqui?

— Rylee, é só provavelmente melhor se chamarmos isso como o vemos.

— Provavelmente melhor? — minha voz se agrava e percebo que talvez


nós dois estejamos muito exaustos e sobrecarregados com tudo o que aconteceu,
mas ainda não estou entendendo o que diabos está acontecendo. Pânico começa
crescer dentro de mim, porque você só pode segurar firme à alguém que não
quer ser segurado. — Que diabos, Colton? O que está acontecendo?

Eu empurro a cadeira, caminho até o parapeito e olho por sobre a água


por um momento, precisando de um minuto para diminuir a frustração, assim,
a paciência pode ressurgir, mas estou simplesmente desgastada pelo turbilhão
de emoções. — Você não vai conseguir me afastar Colton. Você não pode
precisar de mim em um minuto, e em seguida, me empurrar para longe, tão
duro como você faz. — eu tento manter a mágoa da minha voz, mas é
praticamente impossível.

— Eu posso fazer o que diabos eu quero! — ele grita para mim.

Eu me viro, maxilar cerrada, o gosto da rejeição fresco na minha boca. —


Não, quando você está comigo, você não pode! — minha voz ecoa em todo o
concreto do pátio enquanto nos encaramos, o silêncio sufocando lentamente as
possibilidades.
— Então talvez não devesse estar com você. — o aço tranquilo em suas
palavras bate e me deixa sem fôlego. A dor se irradia em meu peito enquanto
tento respirar. Mas que diabos? Eu entendi tudo errado? O que estou perdendo?

Eu quero arrancar dele. Quero libertar sobre ele, a fúria que sinto
reverberando através de mim.

Colton desvia os olhos momentaneamente, e nesse momento, tudo


finalmente encaixa. Todas as peças do quebra-cabeça que pareciam erradas
durante a semana passada, finalmente, se encaixam.

E agora é tudo tão transparente, eu me sinto como uma idiota que não as
juntei mais cedo.

É hora de chamar seu blefe.

Mas e se eu chamá-lo e estiver errada? O meu coração dá uma guinada


em minha garganta com a ideia, mas que outra opção eu tenho? Eu aliso minhas
mãos nas coxas da minha calça jeans, odiando que estou nervosa.

— Tudo bem. — eu abro mão conforme dou alguns passos em direção a


ele. — Você sabe o quê? Você está certo. Eu não preciso dessa sua merda ou de
qualquer outra pessoa. — eu balanço minha cabeça e olho para ele enquanto
pega o boné e o coloca na cabeça, abaixando a aba para que eu mal possa ver os
seus olhos que estão abertos e me olhando com intensidade guardada. — Não
negociável, lembra? — eu lanço a minha ameaça para ele do nosso acordo na
banheira semanas atrás, e com essas palavras, vejo uma lasca de emoção cintilar
através de seus olhos antes estoicos.

Ele apenas dá de ombros com indiferença, mas estou em seu jogo agora.
Eu posso não saber o que é, mas algo está errado e, francamente, essa besteira
já estive lá, já fiz isso9 está ficando velha. — Você não aprendeu porra alguma?
Será que removeram a parte do senso comum do seu cérebro quando abriram?

Seus olhos estalam nos meus agora e sei que tenho sua atenção. Bom. Ele
não fala, mas pelo menos sei que seus olhos estão em mim, sua atenção está
focada. — Eu não preciso de suas besteiras condescendentes, Rylee. — ele puxa a
aba de seu boné sobre os olhos e coloca a cabeça para trás, me dispensando mais
uma vez. — Você sabe onde está a porta.

Estou do outro lado do pátio e arranco o boné de sua cabeça em questão


de segundos, meu rosto abaixado a poucos centímetros do seu. Seus olhos
piscam abertos e posso ver as emoções fluindo dentro dele a partir de minhas
ações inesperadas. Ele engole em seco enquanto mantenho o meu olhar,
recusando-me a recuar.

— Não me afaste ou vou empurrar de volta dez vezes mais forte. — digo a
ele, rogando-lhe para olhar profundamente em seu interior e ser honesto
consigo mesmo. Para ser honesto conosco. — Você me machucou de propósito
antes. Eu sei que você joga sujo, Colton... então do que é que você está tentando
me proteger? — eu me abaixo na espreguiçadeira, nossas coxas roçando uma na
outra, tentando fazer a conexão para que ele possa senti-la, assim ele não pode
negá-la.

Ele olha em direção ao oceano por alguns instantes e em seguida olha


para mim, claramente em conflito. — Tudo. Nada. — ele dá de ombros,
desviando os olhos de novo. — De mim. — a pausa em sua voz desenrola a bola
de tensão amarrada em volta do meu coração.

— O que... O que você está falando? — eu deslizo minha mão na sua e


aperto, me perguntando o que está acontecendo dentro de sua cabeça. — Me
proteger? Você me dando ordens e me dizendo para cair fora, inferno, não é

9
Expressão usada para expressar uma experiência passada ou familiaridade com alguma coisa.
você me protegendo, Colton. É você me machucando. Nós já passamos por isso
e...

— Esquece isso, Ry.

— Eu não vou esquecer, merda. — digo-lhe, meu tom cada vez mais alto
para obter o meu ponto de vista. — Você não consegue...

— Esquece! — ele ordena, maxilar cerrado, a tensão no pescoço.

— Não!

— Você disse que não podia mais fazer isso. — sua voz me chama através
dos sons calmantes do oceano abaixo, apesar das ondas turbulentas batendo em
meu coração. O equilíbrio de seu tom de voz me avisa que ele está sofrendo, mas
são as palavras que ele diz que me faz procurar em minha memória para o que
ele está falando.

— O quê? — eu começo a dizer, mas paro quando ele levanta sua mão,
apertando os olhos fechados quando uma dor de cabeça o atinge
momentaneamente. E, claro, me sinto culpada por pressioná-lo sobre isso, mas
ele está louco se ele acha que vou sair daqui. Quero estender a mão e acalmá-lo,
tentar tirar a dor, mas sei que nada que eu possa fazer vai ajudar, então sento e
esfrego meu polegar distraidamente sobre o dorso de sua mão rígida.

— Quando eu estava fora... eu ouvi você dizer a Becks que você não podia
mais fazer isso... que você se afastaria com prazer... — sua voz deriva enquanto
seus olhos perfuraram os meus, o músculo pulsa em seu maxilar. Seu maxilar
obstinado fazendo a pergunta que suas palavras não fazem.

— É disso que se trata tudo isso? — pergunto estupefata quando o


entendimento me atinge de uma vez. — Um trecho de uma conversa que tive
com Becks quando disse que teria prazer em me afastar de você - que faria
alguma coisa, qualquer coisa de forma diferente - se isso impedisse que você
estivesse em coma em uma cama de hospital? — eu posso ver como sua mente
alterou pedaços de minha conversa com Beckett, mas ele nunca me perguntou
sobre isso. Nunca comunicou. E esse fato, mais do que o mal-entendido, me
perturba.

— Você disse que ia se afastar alegremente. — ele repete com a voz firme,
como se não acreditasse que estou lhe dizendo a verdade. — Sua pena não é
necessária, nem bem-vinda.

— Você está se afastando porque acha que só estou aqui por pena? Que
você se machucou e agora não quero mais você? — e agora eu estou chateada. —
Que bom que você pensa tão bem de mim. Que idiota. — murmuro mais para
mim do que para ele. — Sinta-se livre para fazer suposições, pois, caso você não
tenha notado, elas fizeram maravilhas para o nosso relacionamento até agora,
certo? — eu não consigo evitar o sarcasmo escorrendo em minha voz, mas
depois de tudo que passamos juntos - tudo sempre parece voltar quando tudo é
dito e feito - estou ferida que ele pense, mesmo remotamente, que vou querê-lo
menos, porque não está cem por cento.

— Rylee. — ele sopra um suspiro alto e pega a minha mão, mas a puxo de
volta.

— Não me venha com Rylle. — eu não consigo evitar as lágrimas que


nadam nos meus olhos. — Eu quase perdi você...

— É malditamente claro que sim e é por isso que eu tenho que deixá-la ir.
— ele grita antes de xingar uma maldição murmurada. Ele entrelaça os dedos na
parte de trás de seu pescoço, e em seguida, puxa os cotovelos para baixo,
tentando estancar um pouco de sua raiva. Meus olhos piscam ao encontro dele,
minha respiração engasgada com confusão. — Eu ouvi você no telefone com
Haddie na outra noite, quando você pensou que eu estava dormindo. Ouvi você
dizer a ela que não tem certeza que você vai ser capaz de me ver voltar a correr
novamente. Eu não posso escolher entre você e as corridas. — diz ele, a angústia
tão palpável que rola dele em ondas e cai no desespero que emana de mim. —
Eu preciso tanto de você, Rylee. — a desolação de sua voz atinge profundamente
dentro de mim, seu medo transparente. — Eu preciso dos dois.

E agora entendo. Não é que ele acha que não o quero mais, porque ele
está machucado, é que não vou querê-lo no futuro, porque vou temer por cada
minuto, por cada segundo que ele estiver no carro, bem como os minutos que
antecedem a isso.

Eu não tinha ideia que ele tinha ouvido minha conversa. Uma conversa
com Haddie que foi tão sincera, me encolho recordando algumas das coisas que
disse, sem suavizar como faria com a maioria das pessoas.

Eu levo a minha mão ao seu rosto, trazendo seu olhar de volta para o
meu. — Fale comigo, Colton. Depois de tudo que passamos, você não pode me
calar ou me afastar. Você tem que falar comigo ou nunca poderemos seguir em
frente.

Posso ver as emoções transparentes em seus olhos e odeio vê-lo lutar com
elas. Odeio saber que algo o tenha corroído durante a semana passada, quando
ele deveria ter se preocupado com sua recuperação. Não sobre nós. Eu odeio que
ele nem tenha me questionado nada.

Ele respira um suspiro trêmulo e fecha os olhos momentaneamente. —


Eu estou tentando fazer o que é melhor para você. — sua voz é tão suave, o som
das ondas quase a abafa.

— O que é melhor para mim? — pergunto no mesmo tom, confusa, mas


precisando compreender esse homem tão complicado e ainda tão infantil de
muitas maneiras.
Ele abre os olhos e a dor está lá, tão crua e vulnerável que faz o meu
interior torcer. — Se nós não estivermos juntos... então não posso te machucar
cada vez que eu entrar no carro.

Ele engole e dou-lhe um momento para encontrar as palavras que posso


ver que ele está procurando... e para recuperar a minha capacidade de respirar.
Ele está me empurrando para longe, porque ele se importa, porque está me
colocando em primeiro lugar e meu coração incha com o pensamento.

Ele pega a minha mão que está descansando em sua bochecha, seus
dedos entrelaçados aos meus e ele as repousa em seu colo. Seus olhos mantém o
foco na nossa conexão.

— Eu lhe disse que você me faz um homem melhor... e estou tentando,


com todas as minhas forças, ser isso para você, mas estou falhando
miseravelmente. Um homem melhor deveria deixá-la ir, para que você não
tenha que reviver o que aconteceu com Max e meu acidente toda vez que eu
entrar no carro. Ele faria o que é melhor para você.

É preciso um momento para encontrar a minha voz, porque o que Colton


apenas disse - essas palavras - é equivalente a dizer-me que ele corre comigo.
Elas representam uma evolução nele como homem e não consigo parar a
lágrima que desliza pela minha bochecha.

Eu cedo à necessidade. Eu me inclino e pressiono meus lábios nos dele.


Para provar e levar apenas uma pequena garantia de que ele está aqui e vivo.
Que o homem que eu pensava e esperava que estivesse debaixo de todas as
cicatrizes e mágoa, realmente está lá, realmente é esse homem
maravilhosamente danificado, cujos lábios estão pressionados contra o meu.

Eu me afasto um pouquinho e olho em seus olhos. — O que é melhor para


mim? Você não sabe que o melhor para mim é você, Colton? Cada parte sua. O
teimoso, o selvagem e imprudente, o divertido e amoroso, o sério e até mesmo
as suas partes quebradas. — digo-lhe, pressionando meus lábios contra os dele
entre cada palavra. — Todas as partes suas que nunca vou ser capaz de
encontrar em outra pessoa... isso é o que eu preciso. O que eu quero. Você, baby.
Só você.

O amor é isso, quero gritar para ele. Sacudi-lo até que ele entenda que
este é o verdadeiro amor. Não a dor irrestrita e abusos de seu passado. Não a
versão distorcida de sua mãe. Isto é amor. Eu e ele, fazendo isso funcionar. Um
sendo forte quando o outro é fraco. Pensando no outro em primeiro lugar
quando sabe que seu parceiro vai sentir dor.

Mas não posso dizer isso.

Eu não posso assustá-lo, fazer-lhe lembrar o que ele sentia por mim ou
me disse. E por mais que isso me mutile, que não posso dizer Eu corro você
para ele, posso mostrar-lhe por estar ao seu lado, segurando sua mão, por ser
forte quando ele precisa de mim. Por estar em silêncio quando tudo o que quero
fazer é dizer a ele.

Ele fica olhando para mim, os dentes raspando sobre seu lábio inferior e
completa reverência em seus olhos. Ele funga de volta a emoção e limpa a
garganta quando acena com a cabeça, uma aceitação silenciosa das minhas
palavras. — O que você disse a Haddie é verdade. Vai matá-la toda vez que eu
entrar no carro...

— Eu não vou mentir. Isso vai me matar, mas vou descobrir como lidar
com isso quando chegarmos nesse ponto. — digo a ele, embora já sinta o medo
que mancha a minha psique com o pensamento. — Nós vamos descobrir isso. —
corrijo a mim mesma e o sorriso mais adorável ondula no canto de sua boca,
derretendo meu coração.
Ele apenas acena com a cabeça, seus olhos transmitindo as palavras que
quero ouvir, e, por enquanto, é o suficiente para mim. Porque quando você tem
tudo certo antes de você, vai aceitar qualquer coisa para mantê-lo lá.

— Eu não sou bom nisso. — diz ele e posso ver a preocupação encher seus
olhos, esculpindo em suas feições.

— Ninguém é. — digo a ele, apertando nossos dedos entrelaçados. —


Relacionamentos não são fáceis. Eles são difíceis e pode ser brutal às vezes...
mas esses são os momentos em que você aprende mais sobre si mesmo. E
quando eles estão certos... — faço uma pausa, me certificando que seus olhos
estão firmes nos meus. — Eles podem ser como voltar para casa... encontrar o
descanso para sua alma... — eu desvio meus olhos, de repente envergonhada
pelos meus comentários introspectivos e minhas desesperadas tendências
românticas.

Ele aperta minha mão, mas mantenho meu rosto em direção ao sol,
esperando que o rosado em meu rosto não seja perceptível. Minha mente corre
com as possibilidades para nós, se ele apenas pudesse encontrar dentro de si
mesmo e me deixar ter um lugar permanente. O silêncio está bem agora, porque
o espaço vazio entre nós está flutuando com potencial em vez do mal-entendido.
E neste pátio, banhados pela luz do sol, estamos perdidos em nossos
pensamentos, porque estamos aceitando o fato de que existem amanhãs para
nós experimentarmos juntos e esse é um bom lugar para estar.

Enquanto minha mente vagueia, vejo o prato de comida e os analgésicos


na mesa ao nosso lado. — Ei, você precisa tomar seus remédios. — digo,
finalmente me virando para ele e encontrando seus olhos.

Ele estende a mão e coloca ao lado do meu rosto, escovando a ponta de


seu polegar sobre meu lábio inferior. Eu solto uma respiração afetada instável
enquanto ele angula a cabeça e me olha. — Você é o único remédio que eu
preciso, Rylee.
Eu não posso evitar que o sorriso se espalhe em meus lábios ou o
comentário sarcástico que desliza por eles. — Eu acho que os médicos não
mexeram com a sua capacidade de fazer piadas, não é?

— Não. — diz ele com um sorriso diabólico que me tem apoiado nele ao
mesmo tempo em que ele faz, para que nos encontremos no centro.

Nossos lábios delicadamente, se encostam uma vez, duas vezes antes que
ele abra seus lábios e deslize sua língua entre os meus. Nossas línguas dançam,
nossas mãos acariciam e nossos corações incham com a ternura do beijo. Ele
traz a outra mão até o meu rosto, e eu posso senti-lo tremendo, enquanto ele
tenta mantê-la lá. Eu levanto minha mão para agarrar a dele e ajudá-lo a mantê-
la contra a minha bochecha. Profundo desejo cresce na minha barriga e mesmo
sabendo que não posso saciar o anseio do meu corpo por ordens médicas, não
significa que não quero isso desesperadamente.

Quando nos conectamos através da intimidade, é mais do que apenas a


mente explodindo em um orgasmo nas mãos do oh-tão-habilidoso Colton, mas
sim algo que não posso exatamente colocar em palavras. É quase como se,
quando nos conectamos, há um contentamento que tece o seu caminho no
fundo de minha alma e me completa. Nos une. E sinto falta dessa sensação.

Um gemido sexy como o inferno vem do fundo de sua garganta que não
ajuda a conter a dor que me queima por ele. Eu coloco a minha mão livre em seu
peito, amando o zumbido da vibração sob meus dedos como resultado de meu
toque. Calafrios pinicam minha pele e não é da brisa do mar, mas sim da onda
de sensações que o meu corpo sente falta desesperadamente.

— Foda-se, estou morrendo de vontade de estar em você, Ry. — ele


sussurra contra meus lábios conforme todos os nervos do meu corpo se
levantam em atenção e imploram para ser tomado, marcado e refeito tudo de
novo. E eu estou tão perto de dizer foda-se as ordens médicas, que a minha mão
está deslizando para baixo de seu abdômen escorregando abaixo de sua cintura,
quando sinto seu corpo tenso e sua respiração assobiar para fora.

Sou imediatamente inundada com a culpa por minha falta de força de


vontade para tomar a tentação tão prontamente ao meu alcance e mudo para o
estado de alerta. — Está muito ruim?

A careta no rosto de Colton permanece, com os olhos bem fechados,


enquanto ele apenas acena com a cabeça suavemente e se desloca para trás na
cadeira até ficar reclinado. Eu alcanço o remédio e o coloco em suas mãos.

Acho que não sou o único remédio que ele precisa, afinal.
Capítulo 14

E u vago pelos

corredores da casa de Malibu - preocupada com Colton, saudade de casa, dos


meninos e sentindo falta de Haddie, tudo, me roubando o sono. Este foi o
período mais longo que estive longe de qualquer um deles, e tanto quanto amo
Colton, estou precisando dessa conexão com a minha vida.

Preciso da energia dos meninos que sempre levanta minha alma e


alimenta o meu espírito. Eu perdi a exposição de Zander, o primeiro home run
de Ricky, Aiden sendo chamado ao escritório do diretor por parar uma luta em
vez de começar uma... eu me sinto como uma mãe ruim, negligenciando seus
filhos.

Não encontrando consolo, subo as escadas pela enésima vez para vê-lo.
Para me certificar de que ele ainda está nocauteado pelo coquetel de
medicamentos prescritos pelo Dr. Irons pelo telefone mais cedo, quando a dor
de cabeça de Colton não cessou.

Eu ainda estou preocupada. Acho que inconscientemente tenho medo de


adormecer porque poderia perder algo que ele precisa.

Então penso nas revelações de Colton mais cedo, antes do golpe da dor de
cabeça e não posso evitar o sorriso que amolece meu rosto. No entanto, o
conhecimento de que ele estava tentando me afastar para me proteger pode ter
sido equivocado, mas perfeito.
Há definitivamente mais esperança para nós ainda.

Ando em direção à cama, Halestorm tocando suavemente no aparelho de


som suspenso e não consigo evitar, seguro a respiração quando me sento na
cama ao lado dele. Ele está deitado de bruços, com os braços enterrados debaixo
do travesseiro e seu rosto inclinado para o lado da cama de frente para mim. O
lençol azul caído abaixo de sua cintura e meus olhos traçam as linhas esculpidas
das suas costas, os dedos coçando para tocar o calor de sua pele aquecida. Meus
olhos vagueiam sobre a cicatriz em sua cabeça e observo que uma parte do
cabelo está começando a crescer. Em algum momento ninguém vai nem
perceber o trauma debaixo de seu cabelo.

Mas eu vou saber. E eu vou lembrar. E eu vou temer.

Eu balanço minha cabeça e aperto os olhos fechados com a necessidade


de obter o controle das minhas emoções desenfreadas. Percebo a camisa
descartada na cama ao lado dele e não posso deixar de pegá-la e enterrar meu
nariz nela, apreciando seu cheiro, precisando da conexão mapeada em minha
mente para diminuir a preocupação que agora é uma constante. Porém, isso não
é suficiente, eu rastejo na cama ao lado dele. Eu me inclino para a frente, com
cuidado para não perturbá-lo e apenas pressiono meus lábios entre suas
omoplatas.

Inalo seu cheiro, sinto o calor de sua pele aquecida sob meus lábios e dou
graças a Deus que estou neste momento outra vez com ele. Uma segunda
chance. Fico assim por um momento, em silêncio, agradecimentos correndo
por minha mente, quando Colton choraminga.

— Por favor, não. — diz ele, o tom juvenil no timbre masculino está
assombrado, perturbado e devastador. — Por favor, mamãe, eu vou ser bom. Só
não deixe que ele me machuque.
Ele agita a cabeça em sinal de protesto, enrijece o corpo, braços se
tonificando enquanto os sons que ele está fazendo se tornam mais inflexíveis,
mais perturbador. Tento acordá-lo, segurar seus ombros e sacudi-lo.

— Por favor, mamãe. Por faaaavvooooorrrr. — ele choraminga com a


voz suplicante oscilando com terror. Meu coração aloja na garganta e lágrimas
saltam aos meus olhos por essa combinação estranha de menino dentro do
homem adulto.

— Acorde, Colton! — eu empurro seu ombro para trás e para a frente


novamente quando ele se torna mais agitado, mas a força dos medicamentos
prescritos pelo Dr. Irons, são fortes demais para tirá-lo do pesadelo. — Vamos,
acorde. — digo novamente quando seu corpo começa a balançar, o canto muito
familiar caindo de seus lábios.

Eu soluço quando ele se mexe de novo, a voz é silenciada e rola sobre


suas costas. Ele se mexe mais algumas vezes e estou aliviada que seu pesadelo
parece tê-lo deixado. Ele ainda parece inquieto, então rastejo até ao lado dele e
coloco minha cabeça em seu peito, a perna enganchada sobre a dele e descanso
minha mão em seu coração batendo freneticamente. E faço a única coisa que
posso, na esperança de acalmá-lo, eu canto.

Canto uma musica sobre meninos e dragões imaginários. De acreditar em


algo inacreditável. De esquecer e seguir em frente.

— Meu pai costumava cantar isso para mim quando eu tinha pesadelos.

Sua voz rouca assusta me assusta pra caralho. Eu nem sabia que ele tinha
acordado. Ele coloca o braço em volta de mim e me puxa para mais perto dele.
— Eu sei. — eu sussurro através do quarto iluminado pela lua. — E você estava
tendo um.
O silêncio paira entre nós, ele exala uma respiração suave. Posso dizer
que seus sonhos ainda estão em sua mente, então lhe concedo o silêncio para
trabalhar com eles. Ele pressiona um beijo no topo da minha cabeça e mantém a
boca lá.

Quando ele fala, posso sentir o calor de sua respiração enquanto


murmura em meu cabelo. — Eu estava com medo. Eu me lembro da vaga
sensação de estar com medo nesses últimos segundos no carro enquanto estava
rodando no ar. — e é a primeira vez que ele admitiu para mim qualquer coisa
para confirmar meus temores em relação ao acidente.

Eu corro a minha mão sobre seu peito. — Eu também estava com muito
medo.

— Eu sei. — diz ele quando sua mão encontra o caminho sob o cós da
minha calcinha e segura minha bunda, me puxando para cima de seu corpo para
que meus olhos possam encontrar os seus. — Eu sinto muito que você teve que
passar por isso de novo. — eu posso ver o pedido de desculpas em seus olhos,
nas linhas gravadas em sua testa e sou incapaz de falar, as lágrimas entopem
minha garganta em seu reconhecimento dos meus sentimentos, então lhe
mostro da melhor maneira que sei. Eu me inclino e deslizo meus lábios contra
os dele.

Seus lábios abrem quando deslizo minha língua entre eles, um gemido
suave estronda no fundo de sua garganta, me estimulando a provar meu
primeiro e único vício. Minhas mãos passam pelo queixo mal barbeado indo
para a parte de trás de seu pescoço e tomo a mistura inebriante que aprendi a
desejar. Seu gosto, seu toque, sua virilidade.

Suas mãos em meu rosto, os dedos entrelaçados em meus cachos quando


ele afasta meu rosto momentaneamente, então estamos a centímetros de
distância, a nossa respiração sussurrando um contra o outro e os olhos
divulgando emoções que temos mantido guardadas a sete chaves.
Eu posso sentir o pulso no seu maxilar cerrado sob minhas palmas
enquanto ele luta com as palavras. — Ry, eu... — ele diz e prendo a respiração. A
minha alma espera com a respiração suspensa. Eu mentalmente termino a frase
para ele, preencho com as duas palavras que faltam, preencho-as. Expresso as
palavras que vejo em seus olhos e sinto na reverência de seu toque. Ele engole
em seco e acaba falando: — Obrigado por ficar.

— Não há nenhum outro lugar que eu gostaria de estar. — eu posso ver as


palavras que exalo se afundar e registrar quando ele me puxa para ele, guiando
meu corpo a mudar e se estabelecer no seu colo, enquanto sua boca colide com a
minha. E isto estala. Um frenesi de paixão explode quando minha necessidade
colide com seu desespero. Mãos vagam, línguas se aprofundam e intensificam as
emoções quando nós nos familiarizamos com as linhas e curvas um do outro.

Colton passa a mão esquerda pelas minhas costas e aperta a meu quadril
enquanto eu balanço sobre o cume de sua ereção coberta apenas por sua boxer.
A sensação cresce por dentro, criando uma dor tão forte, tão intensa que faz
fronteira com a dor. Meu corpo anseia pelo prazer que tudo consome, que sei
que só ele pode evocar.

Engulo seu gemido enquanto estou envolvida com a emoção - a conexão


entre nós - neste momento. Sinto Colton deslizar sua mão direita para o outro
lado do meu quadril, quando ele traz suas mãos para os lados da minha blusa
tentando tirá-la. Mas quando sinto que sua mão direita não consegue segurar o
material, eu rapidamente tomo o controle, não querendo que isto afete este
momento. Eu cruzo meus braços a minha frente, pego a barra e a levanto sobre
minha cabeça.

Eu me sento montada nele, nua, exceto por uma escassa calcinha,


enquanto seus olhos correm sobre as linhas do meu corpo, apreciação
masculina crua aparente em seu olhar. Luxúria desenfreada. Fome inegável. Ele
estende a mão para me tocar, dançar os dedos até meu seio que lhe permite
orientar o meu rosto de volta ao seu para que ele possa tomar, saborear e
seduzir.

Eu lamento com a sensação de meus seios repousando contra o seu peito


firme com os mamilos endurecidos hipersensíveis ao toque. Colton move meus
quadris para trás e para a frente novamente e a sensação me balança, nervos
prontos para detonar. Eu inclino meu corpo para trás, perdida na sensação
quando sua boca encontra meu mamilo, calor morno contra a pele fresca.

Eu o quero. Preciso dele. Desejo-lhe como nunca imaginei ser possível.

Nossa respiração ofega e corações aceleram, enquanto agimos no instinto


que tem nos puxado juntos desde o primeiro dia. E é neste momento que sinto
sua mão flexionar e ouço a advertência do Dr. Irons piscar pela minha cabeça.
Eu quero ignorá-lo, dizer-lhe para se foder, para que possa levar o meu homem
de novo, o prazer dele, possuí-lo, assim como ele me possui em todos os
sentidos da palavra. Mas não posso arriscar.

Eu levo minhas mãos até meus quadris e seguro seus dedos. Eu quebro
nosso beijo e descanso minha testa contra a de Colton. — Nós não podemos.
Não é seguro. — a tensão é evidente em minha voz, expressando o quão difícil é
para eu parar de tomar exatamente o que nós dois queremos. Colton não profere
um som. Ele só aperta as mãos nos meus quadris enquanto nossa forte
respiração preenche o silêncio no quarto. — É muito esforço.

— Baby, se eu não estou me esforçando, então tenho certeza como o


inferno que não o faço direito. — ele ri contra o meu pescoço, a barba por fazer,
fazendo cócegas na minha pele que já está pedindo por mais de seu toque.

Eu me obrigo a me sentar e assim, estou mais longe da tentação de sua


boca, mas negligentemente, percebo que minha nova posição provoca mais
pressão sobre o ápice chorando entre minhas coxas, quando meu peso se
estabelece em sua ereção. Eu tenho que sufocar o gemido que quer cair da
minha boca com a sensação. Colton sorri, sabendo exatamente o que aconteceu
e tento fingir que não estou afetada, mas não adianta quando ele rola seus
quadris novamente.

— Colton. — eu lamento, tirando o seu nome.

— Você sabe que não quer que eu pare. — diz ele com um sorriso e
quando ele começa a falar novamente, eu coloco um dedo sobre seus lábios para
acalmá-lo.

— Esta mulher está apenas tentando mantê-lo seguro.

— Ah, mas você se esquece de que o paciente está sempre certo e este
paciente pensa que esta mulher... — diz ele, quando pega o meu dedo em sua
boca e o chupa fazendo com que o desejo transborde dentro de mim. — Precisa
ser completamente fodida por este homem.

As minhas pernas apertam em torno dele e eu cavo minhas mãos em


cima das minhas coxas enquanto meu corpo se lembra do quão profundo a foda
de um Colton Donavan pode ser. E apesar da minha determinação, meu corpo
grita: me leve, me marque, me reivindique. Possua cada parte minha, aqui e
agora.

— Segurança. — eu reafirmo, tentando recuperar algum tipo de controle


sobre o meu corpo e da situação. Tentando pensar em sua segurança e não na
dor que queima constante como um incêndio dentro de mim.

— Ryles, quando você vai saber que é seguro? — ele dá aquele sorriso
diabolicamente belo que sabe que não posso resistir. — Por favor... deixe que eu
faça isso sozinho. — ele pede, mas sei que, sob o tom brincalhão está um homem
limpando o que restou de sua contenção. — Estou morrendo de vontade de
tomar o assento do motorista e definir o ritmo.
Eu não posso evitar a minha risada, porque suas palavras me lembram de
um certo comentário. — Quando nos conhecemos, Haddie queria saber se você
fodia como você dirige.

Ele bufa uma gargalhada, um sorriso travesso enfeitando seus lábios e


deixando aparecer aquela covinha que eu amo. — E como é isso?

— Um pouco imprudente, empurrando todos os limites e até a última


volta... — eu deixo minha voz morrer enquanto brinco com a unha sobre a linha
de seu peito, que flexiona seus músculos quando ele antecipa meu toque.

Ele inclina a cabeça para o lado e seu sorriso arrogante cresce cada vez
mais. — Bem, ela estava certa ou eu preciso levá-la para outra volta ao redor da
pista para refrescar sua memória?

Eu adoro ver o Colton feliz, o Colton que senti falta, tão vibrante que
decido ter um pouco de diversão - interpretá-lo em seu próprio jogo. Ele quer
sexo que não vou dar a ele, mas isso não significa que não posso simular um
bom show para animá-lo. Dar-lhe algo para aliviar a queimadura.

Ou intensificar o desejo.

Eu corro meus dedos de volta em seu peito, e em seguida, para os meus


joelhos entreabertos, subindo e sobre minhas coxas. Seus olhos seguem sua
progressão devassa quando eles param em cima da amostra triangular de tecido
que cobre o meu sexo. — Não tenho certeza se me lembro, Ace. Faz muito tempo
desde que vi você em ação.

Ele suga um silvo de ar e a reação me motiva, me estimula a ir um passo


além. Eu esfrego minhas mãos sobre meu estômago nu e até meus seios já
pesados com o desejo. Eu propositadamente arrasto meus lábios sobre os dentes
inferiores, soltando um gemido suave quando belisco meus mamilos entre meus
polegares e indicadores, a sensação ricocheteando através de todos os meus
nervos. Os olhos de Colton escurecem, seus lábios se abrem e sinto seu pau
pulsar debaixo do meu núcleo com a visão de me dar prazer a mim mesma.

Sua reação me fortalece, me permite ter a coragem e confiança para


realizá-lo. Há alguns meses atrás eu nunca teria feito isso - me tocar tão
descaradamente sob o escrutínio do seu olhar - mas ele fez isso para mim, me
mostrou que minhas curvas são sexy, que o corpo que eu prontamente
costumava criticar é algo que ele deseja, algo que o excita. É mais do que
suficiente para ele.

E por causa desse conhecimento, posso dar-lhe este presente com mãos
firmes e total confiança.

Eu deixei outro gemido cair da minha boca e tanto quanto posso ver o
desejo em seus olhos verdes, eu posso dizer o momento em que ele pega a
minha sugestão. A propagação lenta, desigual de um sorriso transformando um
canto de sua boca deliciosamente bela. Ele apenas sacode a cabeça sutilmente,
alegria dançando sobre sua expressão enquanto ele me mostra que está mais do
que disposto a fazer este jogo.

— Baby, se você está tentando fazer com que eu pare, então não deve
jogar comentários como esse.

Ele revira os quadris debaixo de mim, seu comprimento duro


pressionando exatamente onde sofro por preencher - onde estou
silenciosamente implorando para que ele se lance - e alimente minha dor
prazerosa. Tento sufocar a reação em meus lábios, tento jogar de tímida, mas
não adianta, quando ele faz isso de novo. Minha boca fica frouxa, um ronronar
satisfeito vem de dentro da minha garganta e minhas mãos caem
involuntariamente para pressionar contra a parte externa da minha calcinha
úmida. Precisando de algo para reprimir o desejo de tomar o que eu
desesperadamente tanto preciso, desesperadamente tanto desejo.

Dele.
Quando seus quadris se acalmam, meus dedos cavam nas minhas coxas
para me impedir de tomar o que eu quero - dedos rasgando para baixo em sua
boxer, tendo seu comprimento endurecido em minhas mãos, guiando-o para
dentro de mim, me esticando à sublime satisfação - eu ganho compostura o
suficiente para levantar os olhos e travar nos seus. Para fingir que tenho um
firme e seguro controle que está implorando para ser quebrado.

Ele estende uma mão para cima e desenha uma linha no meio do meu
peito em um ritmo dolorosamente lento. Seu sorriso se espalhando para ambos
os cantos quando meus mamilos endurecem em seu toque, provando que apesar
da minha forte fachada, estou afetada por ele em todos os sentidos possíveis.

— Bem, se você acha que eu fodo como dirijo, deve ver-me soltar o
martelo10 e fazê-la correr até a linha de chegada.

Eu não posso evitar a respiração que trava na minha garganta. Tem que
ser coincidência que ele usa o termo correr - afinal de contas, é sua profissão -
mas cada parte minha espera momentaneamente que eu esteja errada. Que ele
está usando o termo para me dizer que ele se lembra. Mas tão rápido quanto o
pensamento voa com esperança, ele queima, dificulta a respiração em meus
pulmões. Então faço a única coisa que posso para ajudar a fazer-me esquecer e
ajudá-lo a se lembrar.

É hora de dar-lhe o show que lhe tenho seduzido.

Quando seus olhos piscam e param entre meus olhos e meus dedos, eu
abro minhas pernas mais distantes e me certifico de que ele pode ver tudo o que
eu estou fazendo. Meus dedos deslizam sob o elástico da minha calcinha e
depois paro, meu corpo ansiando pelo meu toque, tanto quanto posso ver que
ele está, pela intensidade em seus olhos e seus dedos se esfregando, louco para
me tocar. Mas ele ainda está no controle. Ainda muito calmo.

10
Drop the hammer: O ponto próximo ao final de uma corrida onde o piloto pisa com força no
acelerador, surgindo com tudo para a linha de chegada.
Hora de testar essa contenção.

— Eu pensei que corrida não era um esporte de equipe. — digo olhando


por baixo dos meus cílios. — Sabe, mais sobre cada um por si, esse tipo de coisa.
— eu me certifico de que ele está assistindo, me certifico de que ele vê meus
dedos deslizando um pouco mais ao sul. E sei que ele faz, porque vejo como seu
pomo de adão se move quando ele engole em seco.

— Todo homem, sim. — ele finalmente disse, com a voz tensa. — Correr
pode ser um esporte perigoso demais, sabe?

— Oh realmente? — eu respondo.

Eu me dou uma doce tortura de despedida, esfregando a evidência da


minha excitação em torno do meu sexo para que eu possa aplicar a fricção muito
necessária ao meu clitóris. E tão bom quanto isto é - a pressão, o atrito, seu pau
endurecido se esfregando contra mim - nada me excita mais do que a expressão
no rosto de Colton. Excitação inegável e total concentração enquanto ele
observa os movimentos que não pode ver, mas pode apenas supor através do
tecido de seda vermelha.

Eu quero mais dele. Eu quero que a contenção estoica se quebre, e por


isso me permito sentir, entrando no erotismo do momento - dele me
observando enquanto me dou prazer - e eu faço a única coisa que sei que vai
ajudar a empurrá-lo sobre o limite, puxar o gatilho para romper a corda que eu
sei que ele tem firmemente enrolada. Eu levanto minha cabeça para trás, fecho
os olhos e deixo: — Oh, Deus! — escapar de meus lábios.

— Cristo. — ele fala, a contenção estalou junto com os cordões da lateral


da minha calcinha que a segurava no lugar.

Eu mantenho a minha cabeça para trás sabendo que ele está assistindo
mover meus dedos - absorvo o prazer - porque há algo inesperadamente
libertador sobre ele tirando a minha roupa para que possa ver. Estou solta, sem
vergonha e totalmente sua para ser tomada, tanto física como mentalmente.

Sinto meu pulso acelerar. O calor se espalhar por mim como uma onda de
sensações que de bom grado quero ser afogada. Colton geme na minha frente e
volto para o presente, levanto minha cabeça e abro os olhos para encontrar os
seus fixos no triângulo entre as minhas coxas. Eu assobio um gemido quando
trago a minha mão para ele ver a evidência da minha excitação brilhando nos
meus dedos. Eu me esforço para controlar o fogo ardente se espalhando por
mim, acendendo lugares que eu nem sabia que existiam e tento encontrar a
minha voz.

— Bem, Ace, o perigo pode ser superestimado. Parece que sei como lidar
com uma pista escorregadia perfeitamente bem. — eu ronrono, incapaz de lutar
contra o sorriso que se espalha enquanto seus dedos cavam mais fundo em
meus quadris. Eu mantenho meus olhos fechados e o provoco quando trago
meus dedos até os meus lábios e chupo lentamente antes de retirá-los.

O músculo de seu maxilar vibra. Seu pau pulsa abaixo de mim em reação.
Sua respiração grossa. — Escorregadia e molhada, hein? Perigo nunca foi tão
fodidamente tentador. — ele fala lentamente, antes que sua língua se lance para
fora e molhe seus lábios enquanto acompanha minhas mãos deslizando para
trás no meu torso, sobre os meus seios, meu estômago e de volta entre as
minhas coxas. Desta vez, porém, abro meus joelhos mais amplos enquanto uso
uma mão para separar minha fenda para que ele possa ver a minha outra mão
deslizar para baixo entre a carne rosada, inchada. Eu posso ver o esforço cintilar
através das linhas magníficas de seu rosto, ver o desejo o inundar e o conhecido
sorriso em seus lábios que de alguma forma se encaixa com perfeição absoluta.

Meu belo, malandro arrogante.

Um pouco convencido.
O muito imperfeito.

E completamente meu.

— Você sabe. — ele fala arrastando a ponta do dedo até uma coxa,
propositadamente evitando meu núcleo apertando em antecipação antes de
continuar para baixo na outra perna. — Às vezes, em uma corrida, a fim de
alcançar a linha de chegada, novatos como você tem que se juntar à equipe para
obter o resultado que você quer.

Eu não luto contra o sorriso que vem ou oculto o tremor de ar enquanto


os dedos dele deixam a minha pele. Eu me inclino para frente colocando minhas
mãos em seu peito e olho diretamente em seus olhos. — Desculpe, mas este
motor parece estar indo muito bem na corrida solo. — digo, raspando as unhas
em linhas no seu peito enquanto me sento. Seus músculos convulsionam sob
meus dedos, provando que, mesmo que a onda arrogante de seus lábios
continue, seu corpo ainda quer e precisa do que eu tenho para oferecer. Eu
deslizo meus dedos entre as minhas coxas novamente e entrego a linha que
estou esperando que vá empurrá-lo sobre a borda. — Eu sei exatamente o que
vai me levar até a linha de chegada.

— Ah, então você gosta de correr sujo, hein? Quebrar todas as regras? —
ele provoca, jogando a bola de volta para o meu tribunal.

— Oh, eu definitivamente posso correr sujo. — brinco levantando minhas


sobrancelhas antes de estender uma mão, seus olhos se estreitando quando levo
um dedo, revestido com minha umidade, aos seus lábios. Sua mão dispara
imediatamente e agarra meu pulso, guiando meus dedos em sua boca, o
zumbido baixo do fundo de sua garganta reverberando em cima de mim, através
de mim, dentro de mim. E a minha própria contenção é testada quando sua
língua roda sobre eles, meus quadris moem para baixo e balança sobre ele em
resposta automática. Puta merda, eu me sinto no paraíso. Meus nervos atingem
o seu auge de dor quando balanço para trás de novo e tudo o que posso pensar é
a necessidade correndo por mim. O agrupamento de umidade entre minhas
pernas. O pensamento de seus dedos sobre mim, em mim, me conduzindo.

Foda-se, eu preciso dele agora. Desesperadamente. Então faço a única


coisa que eu posso, sem absolutamente implorar. Eu entrego o último desafio
coerente que me resta, porque todos os meus pensamentos estão misturando
em minha cabeça com esse ataque de sensações. Eu me inclino para frente,
pouso meus lábios suavemente na linha do seu maxilar com barba por fazer e
inalo seu cheiro antes de sussurrar. — Sendo um profissional experiente como
você, poderia apenas ter que mostrar a esta novata exatamente por que eles
dizem corrida de atrito.

Eu giro meus quadris por cima dele e posso sentir seus dentes rangerem
na força de vontade. Repito o movimento mais uma vez, um suspiro satisfeito
desliza entre meus lábios enquanto meu corpo implora por mais. — Um grande
e malvado piloto de corridas profissional como você, tem medo de mostrar a
uma novata como dirigir seu pau, hein?

Eu esqueci o quão rápido Colton pode se mover, com mão ruim e tudo.
Dentro de uma batida de coração ele me empurrou, então estou sentada de
volta. Meus pés foram puxados para frente para que eles estejam planos na
cama de cada lado de sua caixa torácica e ele empurra meus joelhos tão longe
quanto eles podem ir.

Bingo.

Pavio aceso.

Aquela fina corda prendendo seu controle se rompeu.

Graças a Deus!
Ele deve estar confundindo o olhar em meu rosto - de alívio afiado com
desespero - como confusão, porque ele diz: — Eu vou mudar as marchas,
querida, porque sou o único autorizado a dirigir este carro. — eu posso ouvir o
zumbido no fundo de sua garganta enquanto ele desliza as mãos até as minhas
coxas, parando para passar os polegares para cima e para baixo na minha faixa
estreita de cachos. Um toque provocante que envia pequenos tremores
ricocheteando através de mim, insinuando o que está por vir, o nível de prazer
que ele pode me trazer.

Seus dedos se aquietam e ele arrasta seus olhos pelo meu corpo para
encontrar os meus, um sorriso maroto assombra sua boca. Ele segura o meu
olhar - quase como se me desfiasse a olhar para longe - enquanto ele move uma
mão para abrir a minha carne inchada, enquanto a outra enfia os dedos dentro
de mim. Minha cabeça cai para trás quando grito com a sensação, com os dedos
em movimento, manipulando, circulando para acariciar sobre o sensível feixe de
nervos. Ele desliza os dedos dentro e fora, minhas paredes apertando ao redor
dele, segurando em cima dele em necessidade pura, carnal. Ganância.

Eu observo seu rosto. Vejo sua língua deslizar entre seus lábios, o desejo
nubla seus olhos, observo os músculos ondulando em seus braços enquanto ele
trabalha em um ponto febril. Faz-me subir rapidamente, porque estou tão
reprimida - tão confusa com a necessidade - que ao vê-lo, senti-lo, a memória
dele, me empurra sobre o limite.

Minhas unhas marcam seus braços quando todo o meu corpo fica tenso,
minha boceta convulsiona e o grito quebrado de seu nome enche o quarto ao
nosso redor. Eu caio para frente, desmoronando em cima do peito de Colton
quando calor lança através de mim em ondas que liquefaz minhas entranhas.
Faz coerência uma possibilidade distante. Eu quero a sensação da minha pele na
dele. Preciso sentir a firmeza dele contra mim e a segurança de seus braços em
volta de mim conforme eu nado através da sensação que ele me inundou.
Ofego em respirações curtas e afiadas enquanto meu corpo se estabelece,
as pontas de seus dedos traçando linhas para cima e para baixo na minha
coluna. Eu posso sentir sua risada suave contra o meu peito. — Ei, novata?

Eu me forço a olhar para ele - para me tirar do meu coma pós-orgástico.


— Hmm? — é tudo o que posso gerir quando me encontro com a diversão em
seus olhos.

— Eu sou o único que tem permissão para levá-la para a filha da puta da
bandeira quadriculada.

Eu não consigo evitar a risada que borbulha. Ele pode reivindicar minha
bandeira quadriculada em qualquer dia.
Capítulo 15

— O h, amigo,

eu estou tão orgulhosa de você! — eu revido a onda de culpa que rola sobre mim.
Eu perdi as aulas de estudo de Connor para um teste em sua mais temida
matéria - matemática. — Eu sabia que você poderia fazer isso!

— Eu apenas usei aquele pequeno truque que você falou e deu certo! — o
orgulho em sua voz traz lágrimas de alegria para os meus olhos, e ao mesmo
tempo, de tristeza por não estar lá.

— Eu lhe disse que funcionaria! Agora vá se preparar para o beisebol.


Tenho certeza de que Jax já está esperando por você! — ele ri, me dizendo que
estou certa. — Eu prometo que vou vê-lo um pouco mais tarde na semana, tudo
bem?

— Tudo bem. Eu Lego você.

— Eu Lego você também, amigo!

Eu desligo e olho para fora em direção ao pátio, enquanto o riso filtra


sobre o impacto das ondas - anos de amizade digna quebrando, apesar do mau
humor de Colton. Eu sou muito grata a Beckett por ter aparecido. Eu ouço outra
risada e tanto quanto gostaria de ser eu a colocar o sorriso no rosto carrancudo
de Colton, sou apenas grata que ele está lá.
Cavalo dado não se olha os dentes.

Eu os assisto tilintar suas garrafas de cerveja por algo e eu suspiro em voz


alta, querendo que a tensão entre mim e Colton vá embora. Tenho certeza que é
porque nós dois estamos sexualmente frustrados. Por precisar, querer e desejar,
quando a tentação está bem debaixo de seus dedos, mas não ser capaz de tomar
e devorar, é brutal em todos os sentidos da palavra.

E sim, seus mais hábeis dedos me trouxe uma pequena gota de liberação
que precisava na noite de anteontem, mas não é o mesmo. A conexão foi feita,
mas não cimentada, porque quando Colton está em mim, literalmente me estica
para cada profundidade que se possa imaginar, também estou completamente
cheia figurativamente em todos os sentidos da palavra. Ele me completa, me
possui, me arruinou para qualquer outro homem.

Eu me sinto mais perto dele agora - por passar tanto tempo com ele - e
ainda mais longe. E eu odeio isso.

Eu me sacudo da minha piedade e penso o quanto as coisas poderiam ser


piores do que agora. Deslizo meus sapatos e me encaminho para a sacada, para
o ar fresco. Ando entre as espreguiçadeiras de Colton e Beckett e me sento em
frente a eles.

Por trás dos meus óculos de sol, eu tomo a visão diante de mim e sei que
não há outra mulher no mundo que não gostaria de estar no meu lugar agora.
Ambos os homens estão relaxados, vestidos com calções, bonés e óculos de sol.
Eu deixei meus olhos vaguear preguiçosamente com apreciação mais do que
suficiente para as linhas definidas de seus torsos nus e luto contra o sorriso que
quer puxar os cantos de minha boca.
— Bem, se não é Florence Nightingale11. — Beckett fala pausadamente, a
mesma cadência com que ele traz a garrafa aos lábios.

— Bem eu acho que se eu fosse Srta. Nightingale, estaria dizendo ao meu


paciente, o Sr. Donavan aqui, que ele provavelmente não deveria beber álcool
com todos esses remédios para dor correndo por seu sangue.

— Mais como a Enfermeira Ratchet. — Colton bufa, olhando-me de


debaixo da sombra de seu boné, os olhos verdes, correndo ao longo do
comprimento das minhas pernas esticadas sobre a espreguiçadeira na minha
frente. Um ataque rápido de sua língua pelos lábios me diz que ele quer fazer
muito mais do que apenas olhar.

— Enfermeira Ratchet, certo? — eu pergunto enquanto deslizo meu pé


para cima e para baixo da panturrilha de uma das minhas pernas, tentando não
me sentir insultada.

— Sim. — ele diz, franzindo os lábios enquanto seus olhos me observam


por cima de sua garrafa de cerveja. — Se ela me der o que realmente quero, eu
seria capaz de me recuperar muito mais rápido. — ele levanta as sobrancelhas
para mim, a sugestão em seus olhos me devorando.

— Bem merda. — Beckett pragueja. — Se eu não estou tentando fazer com


que vocês dois fiquem juntos novamente, eu estou fodido tentando mantê-los
separados, porra.

— Fodido. — Colton fala pausadamente para Beckett. — Agora há uma


palavra.

11
Enfermeira britânica, famosa por ser a pioneira no tratamento aos feridos de guerra, durante
a Guerra da Crimeia (ao sul da atual Ucrânia), que ocorreu entre os anos 1853 e 1856.
Becks apenas bufa uma risada e revira os olhos. — Definitivamente, uma
boa palavra de fato.

Colton quebra o contato de nossos olhos pela primeira vez e vira sua
cabeça para olhar para o seu velho e melhor amigo. — Tenha certeza, irmão,
quando o doutor me liberar, nada - e eu quero dizer nada - virá entre mim e
Rylee por um longo fodido tempo, exceto talvez para uma mudança de lençóis.

Minhas bochechas queimam vermelhas com sua franqueza, mas o meu


corpo aperta na promessa de suas palavras. E eu não me importo que Beckett
ouça, apenas porque estou focada nas palavras longo fodido tempo.

— Anotado. — Becks diz quando dá mais um gole em sua cerveja.

— Eu tenho que ir ao banheiro. — diz Colton, se levantando da


espreguiçadeira. Como aprendi a fazer ao longo dos últimos dias, me forço a
permanecer sentada enquanto Colton luta momentaneamente com sua falta de
equilíbrio e a tontura repentina que sei que o assalta. Depois de alguns
momentos, ele parece firme e coloca a cerveja em cima da mesa ao lado dele.
Cerca de trinta centímetros da mesa, Colton tenta apertar a mão direita e a
garrafa faz barulho na sacada.

Os olhos de Becks piscam para o meu momentaneamente, a preocupação


passa através deles, antes dele rir e fingir que não vê. — Falta na Festa12! — ele
ri. — Eu acho que a enfermeira Ratchet só poderia estar certa em relação à
mistura de todos os medicamentos com o álcool.

— Foda-se. — ele lança sobre seu ombro enquanto se vira em direção à


casa. — Só por isso eu vou pegar outra! — eu assisto Colton entrar na cozinha, e
quando ele acha que ninguém está olhando, ele olha para sua mão e tenta fazer
um punho antes de balançar a cabeça.

12
Party Foul: um incidente em uma festa e/ou reunião social.
— Como ele está?

Eu viro para encarar Becks. — As dores de cabeça estão vindo cada vez
menos, mas ele está frustrado. Ele continua achando pequenas coisas aqui e ali,
que ele não se lembra. E ele está se sentindo confinado. — eu dou de ombros. —
E você sabe como ele fica quando se sente confinado.

Beckett sopra um suspiro alto com um aceno de cabeça. — Ele precisa


voltar para a pista assim que possível.

O encaro, boquiaberta. — O quê? — desliza por entre meus lábios,


sentindo uma pontada de traição em suas palavras. Este é o seu melhor amigo.
Será que ele não quer mantê-lo seguro? Mantê-lo vivo?

— Bem, você diz que ele está se sentindo confinado... a pista é o único
lugar que ele sempre foi livre em tudo. — diz Becks, segurando meu olhar
atordoado. — Além disso, se ele não ficar atrás do volante em breve, vai deixar
esse medo que ele tem comê-lo, incorporar em sua cabeça, e fodidamente
paralisá-lo, por isso, quando ele na verdade achar que pode voltar para o carro,
vai ser um perigo para si mesmo.

Eu sou uma pessoa inteligente e talvez se eu não estivesse ainda surpresa


com o primeiro comentário de Beckett, realmente ouviria o que ele está dizendo
- ver toda a imagem - mas eu não consigo. — O que você está falando? Desde
que ele esteve em casa, tudo que esteve resmungando é de estar de volta na
pista.

Ele apenas ri e mesmo que não seja condescendente, sinto que minhas
costas estão contra a parede aqui e cerro os dentes com o som. — Foda-se, sim,
ele está com medo, Ry. Com medo de ficar malditamente louco. Se não é a mão
que ele usa como desculpa, será outra coisa... E ele precisa superar isso. Se não o
fizer, o medo só vai comê-lo vivo.
Minha mente corre de volta para a semana passada. As coisas que Colton
disse sobre corridas. Ações que contradizem as palavras que ele está dizendo e
começo a perceber que Beckett está certo.

— Mas e sobre o meu medo? — eu não posso evitar o desespero que ata
minha voz.

— Você acha que não estou com medo? Que isso vai ser fácil para mim
também? — a mordida na voz Becks me faz virar para olhá-lo. — Você acha que
não vou reviver aqueles segundos mais e mais em minha mente toda vez que
fechá-lo no carro? Toda vez que ele voar baixo pela rampa? Porra, Ry, quase o
perdi também. Não pense que isso vai ser fácil para mim, porque não vai. Vai
ser fodidamente brutal, mas é o que é melhor para Colton. — ele se levanta de
seu assento e vai até a grade, mãos estendidas apoiando-se enquanto se inclina
para elas. — Até você aparecer, isso era a única coisa que importava. A única
coisa que o mantinha na porra da sanidade. — ele exala um sopro cortante. — É
a única coisa que ele conhece. — ele se vira para me encarar, olhos escondidos
atrás dos óculos aviadores. — Então, sim, ele precisa ter sua bunda na pista e
serei o seu maior líder de torcida de merda, mas não se deixe enganar em pensar
que o meu coração não vai estar acelerado a cada maldito minuto que ele estiver
lá fora.

Meus olhos o seguem quando ele caminha para uma das extremidades do
pátio para deixar sua agitação abater, e em seguida, de volta para mim antes de
pegar a garrafa e virar para cima, engolindo o resto de sua cerveja.

— A corrida é cerca de oitenta por cento mental e vinte por cento de


habilidade, Rylee. Temos que nos concentrar no jogo, pensando que ele está
pronto, então ele estará pronto.

Eu vejo a lógica por trás de seu raciocínio, mas isso não significa que eu
não tenha medo que ele morra.
Eu levanto meu rosto para pegar os últimos raios de sol antes de se
dissipar e afundar no horizonte. Eu cantarolo junto à Collide tocando
suavemente nos alto-falantes ao ar livre, quando a minha mente divaga para
Beckett e nossa conversa, de como vou me sentir assistindo Colton ficar atrás do
volante novamente e se ele vai temer isso tanto quanto eu.

— Ei, o que você está fazendo aqui fora sozinha? — a voz rouca de Colton
me puxa em todos os níveis, abro meus olhos para encontrá-lo me observando
em meu lugar confortável na espreguiçadeira. O calor se espalha através de
mim, quando vejo o vinco do travesseiro no lado de seu rosto e não posso evitar,
mas pergunto como ele era quando menino.

— Você teve um bom cochilo? — eu lhe dou espaço quanto ele se senta ao
meu lado, mas propositadamente não me movo muito longe para que possa
aconchegar-me mais perto dele.

Ele envolve seus braços em volta de mim e me puxa. — Sim, eu apaguei.


— ele ri pressionando um beijo no topo da minha cabeça. — Mas sem dor de
cabeça então, tudo está bem.

— Eu não consigo imaginar por que você teria algum tipo de dor com a
quantidade de cerveja que vocês dois tomaram.

— Espertinha.

— Eu prefiro ser uma espertinha do que uma estúpida.

— Não estamos mal-humorada hoje à noite? — diz ele, fazendo cócegas


na minha barriga. — Você sabe o que mal-humorada faz para mim, baby, e
tenho certeza como a porra que poderia usá-lo agora.
Eu me contorço fora de seu alcance. — Boa tentativa, mas provavelmente
só temos que esperar mais alguns dias e então vou ser qualquer tipo de mal-
humorada que você quer que eu seja. — digo levantando minhas sobrancelhas
quando seus dedos aliviam e suavizam as minhas costas.

— Não prometa uma merda assim a um homem tão desesperado quanto


eu, se você não vai entregar, querida.

— Oh, não se preocupe, Ace. — eu digo me aconchegando de volta nele. —


Vou entregar caminhões de mal humor, tão logo eu saiba que você vai ficar bem.

Colton não diz nada, ao contrário, ele faz um som sem compromisso em
resposta. Nós nos acomodamos em um silêncio confortável por um tempo e
congratulo-me com isso, porque esta é a primeira vez nos últimos dias onde não
há essa tensão inexplicável vibrando entre nós. Enquanto o sol afunda e as
ondas do mar suspiram na noite que se aproxima, minha mente começa a vagar
de volta à minha conversa com Becks. E sendo eu, tenho que perguntar, tenho
que saber os pensamentos de Colton sobre as corridas novamente.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Mmm-hmm. — ele murmura apoiado em minha cabeça.

Hesito em primeiro lugar, não querendo trazer todos os pensamentos se


eles já não estiverem lá, mas preciso perguntar de qualquer maneira. — Você
está com medo de voltar para a pista? Para correr de novo? — as palavras saem
correndo e me pergunto se ele pode ouvir a ansiedade subjacente no meu tom.

Sua mão para momentaneamente o seu trajeto até minha coluna antes de
continuar e sei que estou tocando em algo que ele não está completamente
confortável em falar ou admitir. Ele exala no silêncio que eu lhe dei. — É difícil
de explicar. — diz ele antes de virar de modo que estamos lado a lado, os nossos
olhos se focando. Ele balança a cabeça sutilmente e continua. — É como se eu
temesse isso e precisasse disso, tudo ao mesmo tempo. Essa é a única maneira
que eu posso colocá-lo.

Eu posso sentir sua inquietação, então, eu faço o que sou melhor, tento
acalmá-lo. — Você já descobriu isso comigo.

Confusão cintila em seus olhos. — O que você quer dizer?

Eu não tinha a intenção de levar a conversa para este terreno, o fazendo


se sentir desconfortável em falar sobre o “nós” que existia antes do acidente. O
“nós” que ele correu e não se lembra. Eu estendo minha mão e descanso ao lado
do seu maxilar com a barba por fazer e tenho a certeza que tenho sua atenção
antes de falar. — Você temia e ainda precisava de mim... — minha voz
desaparece.

Ele solta uma respiração quando seus olhos cintilam de emoção. Seus
lábios abrem e fecham momentaneamente. O silêncio misturado com a
intensidade em seus olhos me enerva. Eu posso ouvir o engate da sua
respiração, o som do oceano, o batimento do meu coração nos meus ouvidos e
ainda assim, o silêncio dele. Ele olha para o lado e me preparo, para o quê, eu
não tenho certeza. Mas quando ele olha para mim, um lento e tímido sorriso
levanta um canto de sua boca e ele acena a cabeça em aceitação. — Você está
certa, eu preciso de você.

Sinto um alívio que ele está finalmente reconhecendo a nossa conexão.


Aceitando. E não me importa que ele não esteja me dizendo que ele corre
comigo, porque isso, o fato de que ele precisa de mim, é mais do que jamais
poderia ter esperado.

Ele traz uma mão suavemente para a minha bochecha e esfrega o polegar
sobre meu lábio inferior. Ele se inclina e sussurra seus lábios com ternura antes
de beijar o topo do meu nariz. Quando ele se afasta, eu vejo o sorriso malicioso
em seu rosto. — Agora é a minha vez.
— Sua vez? — pergunto enquanto seus dedos brincam com os botões da
minha camisa.

— Sim. É tempo de pergunta e resposta, Ryles e é a sua vez na berlinda13.

— Eu gostaria de uma volta em seu assento quente. — digo a ele,


ganhando um sorriso relâmpago que puxa cada hormônio no meu corpo como
um ímã.

— Cuidado, querida, porque sou um caso grave de bolas azuis que não
quer nada mais do que estar enterrado na linha de chegada entre suas coxas. —
enquanto fala, ele se inclina para a frente, perto o suficiente para me beijar, mas
não me concede um. Fale sobre doce tortura. Quando ele fala a seguir, sua
respiração sopra sobre meus lábios. — É melhor não testar a minha contenção.

Cada parte do meu corpo inclina para ele - querendo, precisando,


desafiando-o - mas ele prova que ainda tem o controle quando ele solta um riso
doloroso. — Minha vez. Por que você não viu os meninos ainda?

De todas as perguntas que ele poderia ter me perguntado, eu não


esperava essa. Eu devo estar um pouco em estado de choque, porque ele está
certo. Eu quero desesperadamente ver os meninos, mas não sei como vê-los sem
trazer o circo comigo. O circo que suas vidas já frágeis não precisam e não
podem lidar.

— Você precisa mais de mim agora. — digo-lhe, não querendo dar-lhe a


razão exata, de modo que ele não tenha algo além de sua recuperação para se
preocupar.

— Isso é besteira, Ry. Eu sou um garoto grande. Eu posso ser deixado


sozinho durante a noite. Nada vai acontecer comigo.

13
Hot seat: palavra de duplo sentido. Assento quente e berlinda.
Mas e se acontecer? E se ele precisar de mim e ninguém estiver aqui e
algo horrível acontecer? — É... eu só. — eu paro, precisando dizer e ao mesmo
tempo não querendo ofendê-lo. — Eu não quero o seu mundo colidindo com o
deles. Eles não precisam de câmeras em seus rostos, dizendo a todos que eles
são órfãos - que ninguém os queria - ou qualquer uma dessas merdas que tenho
certeza que viria com isto.

— Ry, olhe para mim. — diz ele, quando levanta meu queixo para cima
para encontrar seus olhos. — Você e eu? Eu não quero nunca mais isso - eu, a
loucura ao redor da minha vida, a imprensa, o que seja - se colocar entre você e
os meninos. Eles são importantes e eu entendo mais do que a maioria.

Entre ele dizendo que precisa de mim, e em seguida, esta declaração, eu


juro que poderia ter ganho na loteria e não me importaria, porque essas duas
coisas me fazem a pessoa mais rica do mundo inteiro. Ele realmente me
entende. Entende que minhas crianças me fazem quem eu sou e, a fim de ficar
comigo, ele precisa amá-los. Beckett diz que sou a tábua de salvação de Colton,
mas eu acho que ele só provou que isso é recíproco.

Eu engulo de volta o caroço de lágrimas na minha garganta enquanto ele


continua olhando para mim, para se certificar de que ouvi o que ele está
dizendo. Eu murmuro de acordo, minha voz roubada pela emoção. — Eu vou
pensar em alguma coisa. — diz ele, se inclinando para roçar um beijo em meus
lábios. — Eu vou ter certeza de que você comece a ver os meninos logo, sem
interferência, tudo bem?

Eu aceno com a cabeça, e em seguida, me enrolo nele enquanto minha


mente gira com inúmeras perguntas quando uma salta para mim. — É a minha
vez. — eu digo, querendo e temendo a resposta para a pergunta.

— Mmm-hmm.
— Na primeira noite. — faço uma pausa, indecisa sobre como fazer a
pergunta. Eu decido mergulhar de cabeça e espero que esteja no fundo do poço.
— O que você estava fazendo com Bailey na alcova antes que você me
encontrou?

Colton solta uma gargalhada, seguida de uma maldição e acho que ele
está um pouco surpreso com a minha pergunta. — Você realmente quer saber?

Eu quero? Agora não tenho tanta certeza. Eu aceno com a cabeça e fecho
os olhos, em preparação para a explicação que virá.

— Eu fui para os bastidores para atender uma ligação de Becks. — ele ri.
— Merda, assim que desliguei ela estava em mim como uma víbora. Ela tirou o
meu casaco, depois abriu o zíper do vestido e sua boca estava na minha mais
rápido do que... — ele se desvanece quando tento não reagir às palavras, mas sei
que ele sente o meu corpo tenso porque ele pressiona um beijo no topo da
minha cabeça em segurança. — Acredite em mim, Rylee, não era o que parecia.

— Sério? Desde quando o homem das senhoras infames, Colton Donavan,


recusa uma mulher disposta? — eu não posso esconder o sarcasmo na minha
voz. Mesmo que eu tenha feito a pergunta, ainda dói ouvir a resposta. — Além
disso, eu pensei que você gostasse de mulheres que tomam o controle.

Ele ri de novo. — Não há necessidade de ficar com ciúmes, querida...


mesmo que seja quente em você. — eu o cutuco com o dedo, satisfeita que ele
está tentando suavizar o golpe da verdade, e em vez de se afastar, ele apenas me
mantém mais apertado. — E eu só deixei uma mulher assumir o controle,
porque ela é a única que importava.

Eu torço o nariz enquanto meu coração suspira com o comentário, mas


minha cabeça questiona se ele está apenas tentando exercer autopreservação.
Cinismo ganha. — Hmpf. — eu sopro. — Eu acredito que ouvi Cristo sair de sua
boca e não da minha.
Sinto o corpo de Colton tremer quando ele ri dessa forma encorpada que
eu amo. — Pense nisso mais como ser comido vivo por uma piranha com dentes
maçantes. — eu não posso evitar a risada que borbulha pelo seu comentário e
apenas balanço minha cabeça. — Não sério. — diz ele. — No minuto em que fui
capaz de emergir para respirar, isso foi a primeira coisa que saiu da minha boca,
porque a mulher beija como a porra de um bulldog. — eu não consigo parar de
rir agora, meu ciúme diminuindo para alívio. — E a parte mais engraçada foi
que naquele momento, minha mãe ligou para saber como iam as coisas e sem
saber, me salvou de suas garras.

— Você quer dizer de sua boceta vodu?

— Foda-se não. — ele ri. — Você, baby - você é minha boceta vodu.
Bailey? Ela é mais como uma boceta piranha.

Rimos um pouco mais de como suas analogias viram piadas, e em


seguida, ele diz: — Ok, então... — ele arrasta um dedo para baixo na pele nua do
meu braço deixando pequenas faíscas de eletricidade em seu rastro. — ... Ace?

Eu estava esperando a pergunta, e só puxo para trás dele e balanço a


cabeça. — Você vai jogar fora a sua próxima pergunta com isso? Você vai ficar
decepcionado. — eu franzo meus lábios e olho para ele. — Você não quer saber
de outra coisa?

— Deixe de enrolar, Thomas! — seus dedos cavam minhas costelas e me


contorço tentando evitá-los.

— Pare. — eu digo a ele enquanto continuo me contorcendo. — Ok, ok! —


eu coloco minhas mãos para cima e ele para antes de eu empurrar seus ombros.
— Tirano. — ele me faz cócegas mais uma vez para completar, e em seguida,
grunhe quando tento explicar. — Haddie tende a ter uma propensão ridícula
para os rebeldes bad boys. — eu paro no meio da frase, quando ele levanta as
sobrancelhas para mim.
— O sujo falando do mal lavado, hein? — eu posso vê-lo tentando manter
o sorriso fora do rosto.

— Eu lhe disse naquela noite no festival que eu não faço com bad boys.

— Oh, baby, você definitivamente me fez.

Eu nem sequer luto contra a risada que sai, porque o arrogante sorriso
travesso está de volta em seu rosto, iluminando seus olhos e solidificando o
roubo do meu coração. — Tenho certeza que sim, mas você era definitivamente
a exceção à regra. — digo-lhe com um sorriso.

— Desde que você fosse minha. — diz ele, e penso na facilidade com que
parece dizer essas coisas agora, quando há um mês, nunca tinha pensado nessa
possibilidade. Ele se inclina para a frente e desliza os lábios contra os meus, sua
língua se aprofunda entre eles para saborear e atormentar. Eu gemo insatisfeita,
quando ele se afasta. — Agora me dê respostas, mulher. Ace? — diz ele,
levantando suas sobrancelhas.

— Ok, ok. — eu cedo, embora ainda esteja muito distraída com o quão
perto os lábios de Colton estão dos meus e o quanto almejo apenas saborear um
pouco mais, apesar de meus lábios ainda estarem quentes dos seus. — Como eu
disse, Haddie gosta de homens tatuados destinados a quebrar seu coração.
Alguns são bons para ela, a maioria não é. Max e eu costumávamos sempre rir
da porta giratória de rebeldes que a cercavam. Na faculdade ela namorou um
cara chamado Stone. — eu apenas aceno quando Colton balança a cabeça, me
certificando que ele me ouviu corretamente.

— Sim, Stone era na verdade o nome dele. Enfim, o cara era um idiota,
mas Haddie estava louca de luxúria com ele. Uma noite, ele estava fora com seus
amigos e nós nos sentamos com uma garrafa de tequila e um saco de Kisses
Hershey, eu disse a ela que ele era um “verdadeiro ace14 dentre todos”, que ela
tinha escolhido desta vez. Uma coisa levou à outra, e em seguida, outro shot. —
eu rio com a memória de todos aqueles anos atrás. — E quanto mais nós
bebíamos, decidimos fazer ace representar algo... pensávamos que éramos
hilariantes com as nossas suposições e quando decidimos um que era perfeito
para Stone, não conseguíamos parar de rir. Mais tarde, naquela noite, depois
que ele tinha saído na cidade com seus amigos, ele apareceu na porta e quando
Haddie atendeu, ela disse: “Ei, Ace!” E o apelido pegou. Ele pensou que ela
estava dizendo a ele que ele era um mestre na cama quando ela estava
realmente dizendo que ele era, um arrogante, convencido, egocêntrico. — os
olhos de Colton encontram os meus, quando finalmente dei o que ele queria
saber. — E daí em diante, toda vez que ela namorou um cara que era como
Stone, nós o chamávamos de Ace.

Ele fica olhando para mim por um segundo antes assentir com a cabeça
de forma sutil. — Hmpf. — é tudo o que ele diz depois de um instante, sua
expressão estoica e inexpressiva. Eu prendo meu lábio inferior entre os dentes
enquanto espero, e então, um sorriso lento, preguiçoso, enrola um canto de sua
boca. — Ainda é um encontro casual para mim, mas acho que ganhei esse título
na primeira noite que nos conhecemos.

Eu bufo. — Hum, sim, você pode dizer isso de novo.

— Não chute um homem ferido, quando ele está no chão. — ele faz
beicinho em tristeza simulada, me inclino e escovo meus lábios contra os dele.

— Coitadinho. — eu cantarolo.

— Sim, e só porque você sente pena de mim, vai me deixar fazer outra
pergunta. Outra memória que estou esquecendo que você não está me dizendo?

14
Uma pessoa que se destaca em determinada atividade.
Juro que meu coração pula e vai parar na minha garganta. Eu tento não
vacilar. Tento não mostrar a pausa em meu caminho figurativo, que
definitivamente iria deixá-lo saber que sei de algo que ele não lembra. — Boa
tentativa, Ace. — eu provoco, engolindo em seco e tento descobrir uma distração
fundamental neste momento.

Eu abaixo meus lábios e dou beijinhos pelo seu pescoço e no peito e,


então, instantaneamente sei a minha próxima pergunta. Eu provavelmente não
deveria lhe perguntar - sei que é uma área proibida e realmente a intenção de
perguntar é uma colisão - mas a questão está em minha boca antes que eu possa
pará-la. — O que suas tatuagens significam? — eu sinto sua respiração parar no
peito momentaneamente quando olho para cima e encontro seus olhos. — Quer
dizer, sei o que os símbolos representam... mas o que significa para você?

Ele olha para mim, tumulto em seus olhos e incerteza em sua carranca. —
Ry... — meu nome é uma expiração em seus lábios, enquanto tenta encontrar as
palavras para expressar as emoções em conflito dançando em um ritmo rápido
através de sua íris.

— Por que você as fez? — eu pergunto, pensando que talvez vou trocar as
marchas, qualquer coisa para se livrar do medo cintilando neles.

— Eu percebi que estava marcado permanentemente no interior - viver


com isso todos os dias, um lembrete constante de que nunca vai embora - assim
poderia fazer uma marca do lado de fora também. — ele desloca os olhos de
mim com uma respiração profunda e olha em direção ao oceano. — Mostrar a
todos que, por vezes, o que você acha que é um pacote perfeito está cheio de
nada, exceto bens danificados, com cicatrizes irreparáveis. — sua voz quebra na
última palavra e com isso, o mesmo acontece com um pequeno pedaço do meu
coração. Suas palavras são como ácido corroendo minha alma.

Eu não posso suportar a tristeza que o alcança, então, tento tomar as


rédeas. Quero que ele veja que seja o que for que as tatuagens representam, não
importa. Mostrar-lhe que só ele poderia tomar o que considera uma
desfiguração invisível e torná-lo visivelmente, uma bonita arte. Explicar que as
marcas de dentro e de fora não fazem sentido, porque é o homem que as usa -
que as possui - que é importante. É o homem que eu me apaixonei.

E eu não sei como lhe mostrar isso, então me movo por instinto, tocando
seu braço para que ele se levante. Eu muito lentamente me inclino para frente e
pressiono meus lábios na mais alta, o símbolo celta que representa as
adversidades. Eu sinto seu peito vibrar debaixo dos meus lábios, enquanto ele
tenta controlar a onda de emoção o inundando, quando me movo bem devagar
até a próxima: aceitação.

A noção de que ninguém nunca deveria ter que se marcar


permanentemente para aceitar os horrores, que não posso sequer imaginar
bate-me com força. Deixo meus lábios pressionados contra o lembrete artístico e
fecho meus olhos para que ele não veja as lágrimas reunindo neles. Assim, ele
não as confundirá com piedade. Mas então percebo que eu quero que ele veja.
Eu quero que ele saiba que a sua dor é a minha dor. Sua vergonha é minha
vergonha. Sua adversidade é a minha adversidade. Sua luta é a minha luta.

Que ele não tem mais que lutar sozinho, corpo e alma manchada de
vergonha em silêncio.

Quando levanto meus lábios do símbolo de aceitação e os movo para


baixo para a cura, olho para ele com meus olhos turvos de lágrimas. Seus olhos
bloqueiam os meus e eu tento despejar tudo dentro de mim em nossa conversa
visual.

Eu aceito você, digo-lhe.

Todos vocês.

As peças quebradas.
As peças curvadas.

As cheias de vergonha.

As rachaduras onde a esperança se infiltra.

O menino encolhido com medo e o homem adulto ainda sufocando em


sua sombra.

Os demônios que assombram.

Sua vontade de sobreviver.

E o seu espírito de combate.

Cada parte de você que eu amo.

Que eu aceito.

Que eu quero ajudar a curar.

Eu juro que nenhum de nós respira nesta troca silenciosa, mas posso
sentir as paredes desmoronando ao redor do seu coração que bate logo abaixo
dos meus lábios. Portões, uma vez protegidos, são agora forçados a se romper
pelos raios de esperança, amor e confiança. Paredes desmoronando para deixar
pela primeira vez alguém entrar.

O impacto absoluto do momento faz com que as lágrimas caiam e


deslizem para baixo na minha bochecha. O sal em meus lábios, seu cheiro no
meu nariz e os trovões do seu coração me rompe e me reestrutura em uma
magnitude de muitas maneiras.
Ele aperta os olhos fechados, lutando contra as lágrimas e antes que ele
os abra, ele está descendo e me puxando para ficarmos no nível dos olhos. Eu
posso ver os músculos do seu maxilar cerrando e vejo a luta sobre como
verbalizá-lo em seus olhos. Nós nos ficamos assim um momento, eu permito-lhe
o espaço que ele precisa.

— Eu... — ele começa e depois sua voz enfraquece, baixando os olhos por
um instante antes de voltá-los para os meus. — Eu não estou pronto para falar
sobre isso ainda. É demais e é muito claro na minha cabeça - em minha alma e
meus pesadelos - dizendo em voz alta, quando eu nunca o fiz, é só...

Meu coração está em frangalhos pelo homem que eu amo. Despedaça-se


em malditos cacos ínfimos possíveis das memórias que apenas coloca aquele
olhar perdido, apologético, com vergonha em seus belos olhos. Estendo a mão e
pego seu queixo em minhas mãos, tentando suavizar a dor gravada nas linhas de
seu magnífico rosto.

— Shh, está tudo bem, Colton. Você não precisa explicar nada. — eu me
inclino e pressiono um beijo na ponta de seu nariz como ele faz comigo, e em
seguida, descanso minha testa contra a dele. — Só saiba que estou aqui para
você, se você quiser.

Ele exala um suspiro trêmulo e me puxa mais apertado contra ele,


tentando me fazer sentir segura e protegida quando eu deveria estar fazendo
isso por ele. — Eu sei. — ele murmura na noite escurecida. — Eu sei.

E não passa despercebido por mim, que ele me deixa beijar todo o seu
corpo tatuado - expressar amor a todos os símbolos de sua vida - exceto um, o
da vingança.
Capítulo 16

Colton

— P uta que

pariu!

Onde diabos estou? Eu me empurro acordado e me sento. Meu coração


acelerado, cabeça latejando e estou sem a porra da respiração. Suor escorre na
minha pele enquanto tento entender as imagens confusas flutuando, e em
seguida, derrubando meus sonhos. Memórias que desaparecem como malditos
fantasmas na hora que acordo e não deixam nada, exceto um gosto amargo na
minha boca.

Sim, nós dois - pesadelos e eu - estamos tensos. Unha e carne filhos da


puta.

Eu olho para o relógio. São apenas sete e meia da manhã e preciso de


uma bebida já – dane-se isso - a porra de uma dose para lidar com esses
malditos sonhos que vão ser a minha morte. Fale sobre uma ironia filha da puta.
Memórias de um acidente que não me lembro e das merdas vão me matar
tentando me lembrar deles.
Você pode dizer fodido com um F maiúsculo?

Eu rio alto apenas para ser respondido pelo bater da cauda de Baxter
contra a sua almofada no chão ao meu lado. Eu dou tapinhas na cama para que
ele pule em cima dela, e depois de um pouco de carinho, eu luto com ele para se
deitar, rindo de sua língua descontroladamente me lambendo.

Eu deito no meu travesseiro e fecho os olhos tentando lembrar o que


diabos eu estava sonhando, os espaços vazios em minha mente que tento
preencher. Absolutamente porra nenhuma.

Jesus! Jogue-me um maldito osso aqui.

Baxter geme ao meu lado. Abro meus olhos e olho para ele, esperando o
olhar de cachorrinho implorando por atenção. Não. Nem um pouco. Eu não
posso deixar de rir.

Foda-se Baxter. Melhor amigo do homem e, merda, também alívio


cômico quando mais precisava.

— Sério, cara? Se eu pudesse me lamber assim, não precisaria de uma


mulher. — minhas palavras nem sequer o fazem hesitar enquanto ele termina de
limpar a si mesmo. Depois de um instante Baxter para e olha para mim, a
cabeça inclinada, língua para fora do lado de sua boca. — Não me venha com
esse olhar presunçoso, seu bastardo. Você pode pensar que você é o cão superior
agora com toda essa flexibilidade e besteiras, mas, cara, queria ver você
aguentar esse tempo sem a boceta da Ry. Maldita boceta vodu, Bax. — eu
estendo a mão e coço o topo de sua cabeça e rio de novo balançando a cabeça.

Estou assim tão desesperado que eu estou falando com meu cão sobre
sexo? E o médico disse que minha cabeça não está fodida? Merda, eu acho que
ele está me iludindo, me dando uma volta.
Baxter se levanta e salta para fora da cama. — Eu entendi, use-me e em
seguida, deixe-me. — eu digo a ele e as palavras de Rylee para mim, na primeira
noite que nos conhecemos, ressurgem. Fodê-las e descartá-las. Maldita Rylee.
Classe pura, linda pra caralho, com a boca inteligente e atitude mal-humorada.
Como diabos que viemos de lá para cá?

Juro por Deus, a vida é uma porra de uma série de momentos. Alguns
inesperados. A maioria não. E muitos, um pouco inconsequentes. Foda-se, eu
nunca teria esperado que um beijo roubado fosse levar a isso. Rylee e eu.

Bandeira quadriculada filha da puta de merda.

Soprando uma respiração quando a dor de cabeça começa, eu rolo na


cama para pegar meus analgésicos do criado-mudo. Parece que a minha cabeça
explode com brilhante branco - um flash de memórias da reunião dos pilotos me
atinge como uma maldita marreta - e depois desaparece antes que eu possa
segurar mais do que um décimo do que piscaram.

— Maldição! — eu saio da cama, a tontura não é tão ruim quanto ontem.


Como anteontem. Eu me sinto inquieto quando tento me forçar a lembrar, para
fazer minha fodida cabeça lembrar de tudo o que eu tinha acabado de
vislumbrar. Eu começo a andar, minha mente não mostra nada, exceto a porra
de espaços em branco. Estou frustrado, me sentindo confinado pra caralho,
instável.

Mais fodido do que não.

Eu não me sinto como sendo eu mais. E preciso dessa porra agora, mais
do que tudo. Para ser eu. Para estar no controle. Para estar no topo da porra do
jogo.

Para ser ainda Colton Fucking Donavan.


— Aaarrrrggghh! — eu grito porque essa porra é definitivamente o que eu
mais preciso agora. Que vai me ajudar a encontrar a porra que eu preciso ser
novamente. Eu posso estar andando na frente da janela do meu quarto, mas
meu pau está duro como uma rocha e minhas bolas estão tão malditamente
azuis, que vou me transformar na merda do Papai Smurf se o doutor não me der
alta em breve.

Prazer para enterrar a dor, minha bunda. Quando você não pode ter o
prazer, o que diabos você faz com a dor?

E foda-se se não é a pior – a mais doce – maldita tortura dormindo ao


lado da única mulher que eu já desejei ter. Não aguento outro maldito dia deste.
Mesmo que doa como uma cadela, apenas o pensamento de não poder enterrar
meu pau naquela boceta, verifico se ele não murchou e caiu por falta da porra de
uso.

Sim, ainda está lá.

E então minha mão treme. Estremece de tal forma, que meus dedos não
podem sequer segurar meu próprio pau mais.

Filho da puta, puta que pariu! Eu estou tremendo pra caralho de


frustração no momento. Por mim, pela porra do Jameson batendo em mim,
pelo mundo de merda em geral! Esse confinamento está me sufocando.
Fazendo-me perder a merda do meu controle! Vou ficar fodidamente louco!

Eu pego o travesseiro ao meu lado e lanço na parede de vidro na minha


frente antes de me jogar em uma cadeira. — Foda-se! — espremo meus olhos
fechados, de repente sinto quando as imagens ampliam e colidem em um ritmo
rápido, batendo contra a frente da minha mente. O flash brilhante dos retornos
brancos como uma vingança, incapacitante e me congelando, ao mesmo tempo,
porra.
Vá, vá, vá. Vamos lá, um-três15. Vamos lá, baby. Vá, vá, vá.

Muito rápido.

Porra!

Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

Eu agito meus olhos abertos enquanto as memórias perdidas correm de


volta em cores de alta definição.

Meu estômago cai aos meus pés quando os sentimentos esquecidos me


batem. O medo me estrangula enquanto tento remendar o acidente nos furos
feitos sob medida como queijo suíço ainda na minha memória.

O ataque de ansiedade me atinge com força total e não consigo me livrar


dele. Tontura. Vertigem. Náusea. Medo. Todos os quatro misturados como um
Long Island Iced Tea16, eu mataria para engolir a porra agora enquanto meu
corpo treme com os pequenos pedaços de conhecimento que minha memória
escolheu para retornar.

Eu me sinto como se estivesse em uma montanha russa, no meio de uma


queda livre enquanto me esforço para atrair a porra de um fôlego.

Respire, Donavan. Deixe de ser uma mulherzinha! Foda-se, pois tudo o


que quero agora é Rylee. E eu não posso tê-la. Então me balanço para trás e para
a frente como uma maldita mulherzinha para impedir-me de ligar para ela em
seu primeiro dia de volta com os meninos.

15
Referência ao carro de Colton que leva o número 13.
16
Um coquetel feito com vodka, gim, tequila e rum.
Mas porra, se eu não preciso dela, especialmente porque eu entendo
agora... a entendo agora. Entendo a claustrofobia que a aleija, porque agora não
posso nem funcionar. Tudo o que posso fazer é deitar na porra do chão com as
bordas da minha visão indefinidas, a sala girando e minha cabeça latejando.

E em um momento de lucidez no meio do pânico estrangulado, minha


mente reconhece que, se não me sentia como eu antes, então definitivamente
odeio essa fodida versão mulherzinha de mim mesmo - caindo aos pedaços,
deitado no chão, como uma putinha por causa de algumas memórias.

Eu fecho meus olhos enquanto minha mente nada em uma porra de um


nevoeiro.

... Se isto estiver nas cartas...

Mais memórias batem na minha cabeça, mas não posso alcançá-las ou


vê-las o suficiente para segurar as filhas da puta.

... Seus super-heróis vieram desta vez...

Eu empurro as memórias de volta, empurro-as para dentro da escuridão.


Eu sou um maldito inútil agora. Por mais que preciso me lembrar, não tenho
certeza se posso lidar com elas. Eu sempre fui um cara do tipo balls of the wall17,
mas agora preciso ser a porra de um bebê. Engatinhar antes de andar e toda
essa merda.

Eu fecho meus olhos para tentar fazer a porra do quarto parar de girar
em um turbilhão.

Thwack!

17
Balls to the wall: termo usado por pilotos. Para pisar fundo no acelerador, empurrar o limite.
E outro flash de memória me atinge. Cinco minutos atrás não conseguia
me lembrar de merda nenhuma e agora não posso esquecer essa porra. Foda-se
sendo quebrado ou curvado, eu sou uma sucata filha da puta de peças agora.

Respire, Donavan. Foda-se respire.

Thwack!

Eu estou vivo. Inteiro. Presente.

Thwack!

Eu tomo algumas respirações profundas, suor manchando o tapete, uma


vez que derrama de mim. Eu me esforço para sentar, para juntar as partes de
mim espalhadas por todo o maldito lugar em vão, porque vai levar um inferno
inteiro de muito mais do que uma porra de uma tocha para me soldar junto.

E o que eu preciso fazer agora, me atinge como um maldito trem de


carga. Eu estou em movimento. Se eu fosse mais coerente, riria da minha bunda
nua, rastejando pelo chão para chegar ao controle remoto da televisão, porra, o
quão baixo estou.

Mas não dou a mínima merda, porque estou malditamente desesperado.

Para me encontrar novamente.

Para controlar o único medo que posso controlar.

Para enfrentar as lembranças e tirar o seu poder.

Para não ser uma maldita vítima.


Nunca mais.

Novamente.

Eu alcanço o controle remoto com mais esforço do que normalmente


preciso para executar meus típicos oito quilômetros e arrasto apenas três
metros. Eu estou fraco pra caralho agora, em tantas maneiras que não posso
nem contar. Estou sem conseguir a porra da respiração e a britadeira volta a
trabalhar na minha cabeça. Eu finalmente chego a minha cama e me esforço em
minha bunda para que possa sustentar minhas costas contra a cabeceira.

Porque está na hora de eu enfrentar um dos dois medos que dominam


meus sonhos.

Eu aponto o controle remoto para a televisão, aperto o botão e ela


desperta para a vida. Leva-me um minuto para me concentrar, meus olhos têm
dificuldade para fazer minha visão dupla se mesclar. Meus malditos dedos são
como gelatinas e levo algumas tentativas para apertar os botões certos, para
encontrar a gravação no DVR.

É preciso cada maldito esforço de tudo o que eu tenho, para assistir o


meu carro se lançar em meio à fumaça.

Para não desviar o olhar quando o carro de Jameson bate no meu.


Acendendo o pavio curto em uma queima de fogos.

Para lembrar a porra de respirar, quando - o carro, eu - voa pelo ar cheio


de fumaça.

Para não encolher com o som doentio e de me ver bater no muro de


segurança.

Para assistir o carro rasgar em pedaços.


Desintegrar-se ao meu redor.

Derrapar como jogar um Hot Wheels na porra das escadas abaixo.

E a única vez que me permito olhar para longe é quando vomito.


Capítulo 17

E xpectativa

vibra e contentamento flui através de mim enquanto dirijo pela rodovia


ensolarada de volta para a casa de Colton, de volta para o que venho chamando
de casa desde a semana passada. A ponta dos pés em silêncio dentro de um
passo monumental do nosso relacionamento.

É apenas por necessidade. Não porque ele quer que eu fique com ele por
um período indeterminado de tempo. Certo?

Meu coração está mais leve depois de passar meu primeiro turno 24
horas em mais de três semanas, com os meninos. Eu não posso deixar de sorrir,
lembrando o auto sacrifício de Colton, para me tirar da casa, para ver os
meninos sem a comitiva de paparazzi. Quando eu estava ao volante do Range
Rover e as janelas fortemente escuras, Colton abriu o portão de sua garagem e
começou a andar diretamente para o frenesi da mídia, atraindo toda a atenção
para si. E, quando os urubus desceram, dirigi para o outro lado e saí sem
ninguém me seguir.

Antecipação não é inconsequente. A frase dança em minha mente, um


desfile de possibilidades inundando a partir das quatro palavras que Colton me
mandou em uma mensagem anteriormente. E quando tentei ligar para ele para
perguntar o que ele quis dizer, a chamada foi para a caixa postal e outro texto foi
enviado em resposta.
Sem perguntas. Eu estou no controle agora. Vejo você depois do
trabalho.

E a simples noção de que depois de estar com ele, basicamente, sem


parar por três semanas e agora não estou autorizada a falar com ele - criou uma
séria antecipação. Mas a questão permanece, o que exatamente eu deveria estar
antecipando? Por mais que meu corpo já decidiu, vibrando com o que sabe ser a
resposta, minha mente está tentando me preparar para alguma outra coisa.
Tenho medo de achar que ele foi realmente liberado pelo médico, e ele não foi,
eu vou estar tão frenética com a necessidade e sobrecarregada com o desejo que
vou levar o que eu quero - estou desesperada para ter - mesmo que não seja
seguro para ele.

Eu não posso deixar de sorrir de satisfação, quando penso que hoje só


poderia trazer um salto de uma grande mudança com os outros homens em
minha vida. Eu me senti como uma estrela do rock entrando em casa com a
recepção calorosa e amorosa que recebi dos meninos. Eu senti tanta falta deles e
foi um som tão reconfortante ouvir Ricky e Kyle disputando sobre quem é o
melhor jogador de beisebol, ouvir o doce som da voz de Zander em seus
episódios esporádicos, mas constantes, ouvir Shane tagarelando sobre Sophia e
Colton ficando cada vez melhor, para que ele possa ensiná-lo a dirigir. Houve
abraços e afirmações de que Colton está realmente bem e todas as manchetes
nos jornais, dizendo diferente disso não eram verdadeiras.

Eu aumento o volume do rádio quando What I Needed vem e começo a


cantar em voz alta, a letra reforçando o meu bom humor, se é que isso é mesmo
possível. Eu olho por cima do ombro e mudo de faixa, percebendo o sedan azul
escuro, pela terceira vez. Talvez não escapei dos paparazzi depois de tudo. Ou
talvez seja um dos caras de Sammy apenas tendo certeza de que eu chegue em
casa bem. Independentemente disso, eu tenho uma sensação um pouco
enervante.
Eu começo a ficar paranoica e penso em pegar o meu telefone para ligar
para Colton e perguntar-lhe se ele pediu para Sammy colocar um segurança
atrás de mim. Eu chego ao banco do passageiro e minha mão atinge todos os
presentes caseiros que os meninos fizeram para Colton. E então eu percebo que
quando carreguei as minhas coisas no porta-malas do carro, eu guardei o meu
telefone lá e me esqueci de pegá-lo novamente.

Eu olho no espelho novamente e tento afastar a sensação estranha que


me corrói, que me preocupa quando vejo o carro ainda alguns metros atrás e me
obrigo a me concentrar na estrada. Digo a mim mesma que é apenas um
fotógrafo desesperado. Não é grande coisa. Este é o território de Colton, algo
que ele está totalmente acostumado, mas não eu. Eu dou um suspiro audível
quando faço o meu caminho através da comunidade à beira-mar em direção à
Broadbeach Road.

Eu não deveria estar surpresa que os paparazzi ainda obstruem a rua do


lado de fora da casa de Colton. Eu não deveria me assustar em ter que navegar
na rua à medida que eles caem em cima de mim quando percebem que estou
dirigindo o carro dele. Eu não deveria verificar o meu espelho retrovisor
novamente quando aperto botão para abrir os portões e ver o sedan estacionar
contra o meio-fio. Eu deveria notar que a pessoa no carro não saiu - nunca
pegou sua câmera para tirar uma foto, pela qual ele está me seguindo - mas
dirigindo com flashes explodindo em torno de mim, é difícil me concentrar em
qualquer outra coisa.

Eu exalo um suspiro trêmulo quando os portões se fecham atrás de mim e


estaciono o Rover. Eu saio do carro, as minhas mãos um pouco trêmulas e
minha cabeça me perguntando como é que alguém se acostuma com o caos
absoluto da mídia frenética enquanto ainda os ouço chamando meu nome por
cima do muro. Eu olho para onde Sammy está parado próximo ao portão e
aceito o cumprimento que ele me dá. Eu começo a perguntar se ele adicionou
um segurança para mim, mas de repente me lembro do texto de Colton.
Antecipação não é inconsequente.

Tudo em meu corpo se aperta e serpenteia, meus nervos já estão


frenéticos e doloridos pelo homem dentro da casa na minha frente. Abro o
porta-malas do carro e pego minha bolsa, pensando em deixar todo o resto e
pegar mais tarde. Eu me movo rapidamente para a porta da frente, coloco a
chave na fechadura e abro a porta em segundos. Quando fecho a porta, a
cacofonia de fora é silenciada e me inclino para trás contra a madeira, os meus
ombros caídos na noção literal e figurativa de que acabei de excluir o mundo e
agora estou no meu pequeno pedaço do paraíso.

Agora estou com Colton.

— Dia difícil?

Eu quase salto para fora da minha pele. Colton sai da alcova sombreada e
leva tudo o que tenho para me lembrar de respirar quando ele se inclina contra
a parede atrás dele. Meus olhos correm avidamente sobre cada borda definida -
cada centímetro de pura masculinidade - de seu corpo coberto apenas por uma
bermuda vermelha pendurada em seus quadris. Meu olhar percorre seu peito e
suas tatuagens para tomar o fantasma de um sorriso torto, mas é quando nossos
olhos se bloqueiam que pego a faísca antes da dinamite detonar.

E de um simples fôlego para o próximo, baseada por um gemido carnal,


ele está em mim - corpo colidindo com o meu, me pressionando contra a porta,
sua boca fazendo muito mais do que beijar. Ele está tomando, alegando, me
marcando com necessidade irrestrita e total abandono. Imediatamente estendo
minha mão e agarro o cabelo na parte de trás de seu pescoço, enquanto uma de
suas mãos faz o mesmo comigo, a outra está no meu quadril, seus dedos
desesperados cavando minha pele com vontade. Meus seios duros contra a
firmeza do seu peito, o calor de sua pele adicionando calor para a chama
construindo dentro de mim.
Um inferno de necessidade se levanta dentro de mim, que acho que
jamais será saciado.

Nós nos movemos em uma série de reações fervorosas, a sua mão segura
meus cachos refém, assim, a minha boca está à mercê de seus lábios hábeis.
Então, sua língua pode mergulhar, atormentar, e provar como um homem
saboreando sua última refeição, como um homem dizendo foda-se para sua
contenção e aceitando a gula como um pecado bem-vindo.

Minhas mãos percorrem suas omoplatas enquanto ele arfa - tão grata por
ter a chance de senti-lo de novo - antes que ele encaminha minha perna para
cima de seu quadril. Gemo, a mudança de posição permitindo que sua ereção
dura esteja perfeitamente encostada contra meu sexo dolorido. Eu lanço minha
cabeça contra a porta, quando o atrito silenciado me inunda e Colton tira
proveito do meu pescoço recém-exposto. Sua boca está sobre a pele macia em
um instante, sua língua deslizando contra os nervos, trazendo-os para a vida, e
em seguida, simultaneamente, chamuscando-os com o desejo.

Meus dedos agarram seus bíceps que flexionam enquanto suas mãos
fazem um trabalho rápido no botão do meu jeans. Eu mexo meus quadris
quando suas mãos deslizam entre o tecido e minha carne que está antecipando.
Saio deles quando seus dedos percorrem, como uma pluma sobre minhas
dobras inchadas para seduzir, mas não tomar. Sua outra mão agarra meu
traseiro, uma barreira entre mim e a porta e me pressiona ainda mais para ele.

Necessidade cresce a alturas insondáveis quando a tensão parasitária do


desespero consome cada parte do meu corpo.

— Colton. — eu gemo, querendo - não, precisando – dele para completar


a nossa conexão. Minhas mãos tateiam seu torso e separam o velcro de sua
bermuda. Ouço o silvo da sua respiração quando minhas mãos encontram e
cercam seu comprimento torturado. Todo o seu corpo fica tenso ao sentir minha
pele na dele.
— Ry... — ele ofega meu nome enquanto deslizo minha mão para cima e
para baixo dele. Suas mãos encontram o seu caminho sob a minha camisa,
tirando-a de mim e fazendo o trabalho rápido no fecho meu sutiã. — Rylee. —
diz entre dentes cerrados. Ele está tão sobrecarregado com as sensações
ricocheteando através dele, que deixa de me beijar, para de mover suas mãos
sobre mim e as coloca contra a porta de cada lado da minha cabeça. Ele
pressiona sua testa contra a minha, enquanto vibra com a necessidade correndo
por ele, sua respiração saindo em rajadas curtas e afiadas contra os meus lábios.

Ele diz algo tão baixinho que não posso ouvi-lo debaixo da respiração
pesada enchendo a sala, antes silenciosa. Eu mexo minhas mãos novamente,
desfrutando da sensação dele tremendo contra mim. — Pare. — diz ele
calmamente contra os meus lábios e desta vez eu o ouço. Eu imediatamente
paro e volto a olhar para ele, temendo que sua cabeça esteja doendo. E estou
imediatamente nervosa com a visão de seus olhos fechados apertados.

Ele exala uma respiração aflita e abre os olhos lentamente para encontrar
os meus, enquanto seus dedos amassam delicadamente minha bunda. — Eu
estou desesperado pra caralho, para me enterrar - sentir, me perder, me
encontrar - em você, Ry... — diz ele, a tensão visível em seu pescoço e audível no
seu desespero. — Você merece suave e lento, baby, mas tudo o que vou ser capaz
de lhe dar é duro e rápido, porque tem sido tão maldito tempo desde que tive
você.

Meu Deus, o homem é tão malditamente sexy, sua admissão me excita de


tal forma, que acho que ele percebe que não me importo com suave e lento. Meu
corpo está tão tenso - emoções, nervos, força de vontade - que um único toque
dele, sem dúvida, me quebra, me quebra em um milhão de malditos pedaços de
prazer que estranhamente me fará completa novamente.

Eu viro minha cabeça até ele, me inclino e deslizo meus lábios nos dele.
Eu ouço a sua ingestão aflita quando ele suspira, sinto a tensão em seus lábios
enquanto eu puxo suavemente seu lábio inferior entre meus dentes. Quando me
afasto, encontro seus olhos carregados de luxúria.

— Eu quero você. — eu sussurro para ele, com uma mão em volta de seu
comprimento duro e a outra em um punho apertado no cabelo de sua nuca, para
que ele possa sentir a intensidade do meu desejo. — De qualquer maneira que
eu possa tê-lo. Duro, rápido, suave, lento, de pé, sentado - não importa, desde
que você esteja enterrado em mim.

Ele olha para mim por um instante, a descrença em guerra com a


necessidade na fúria em seus olhos. Posso vê-lo tentar se controlar, posso senti-
lo tremer com a necessidade e percebo o instante em que a sua determinação se
desintegra. Sua boca encontra a minha - choque de lábios e fusão de línguas -
quando ele toma, saboreia e atormenta da forma que só ele sabe. Mãos fortes
mapeiam as linhas do meu torso, polegares deslizam pela parte inferior dos
meus seios já pesados com a necessidade, antes de descer pela curva de meus
quadris.

Se achasse que as sementes do desejo plantadas antes, tinham florescido,


nunca estive mais errada, porque agora – agora mesmo - sou um jardim de
necessidade.

Ele cresce ainda mais na minha mão, enquanto esfrego meu polegar
sobre a umidade em sua crista e sou recompensada com um gemido do fundo da
sua garganta. Minha outra mão arranha a pele de suas costas enquanto minha
boca marca a sua com muito fervor. Em um instante, Colton tem as mãos em
meus quadris, me levantando e pressionando minhas costas contra a porta.
Minhas pernas tentam envolver sua cintura, mas ele me sustenta, suspensa,
assim, a conexão que eu mais quero, não é feita, de modo que o comprimento
preparado dele contra minhas coxas é uma provocação torturante ao meu ápice
em mendicância.
Ele suga uma respiração quando eu alcanço entre as minhas pernas e o
aperto, querendo controlar o homem que é incontrolável. Precisando dele da
pior maneira. Da melhor maneira. De qualquer maneira.

Seus olhos cintilam com alguma emoção indecifrável, mas estou tão
reprimida, tão preocupada com o que vai acontecer nos próximos momentos,
que nem sequer penso duas vezes no que é.

Eu o liberto momentaneamente e chego entre as minhas pernas para


molhar meus dedos com a piscina de umidade dentro de mim, antes de cercar
sua crista e o revestir, preparando-lhe fisicamente e mostrando-lhe
figurativamente o que ele faz comigo e o que exatamente quero dele. E a minha
pequena demonstração enfraquece toda a sua contenção.

Seus dedos cavam meus quadris e me levanta um pouco mais alto para
que me alinhe antes que ele me puxe de volta para baixo e em cima dele. Nós
dois gritamos quando a nossa conexão é feita. Quando meu calor úmido estende
passando de seus limites para acomodar sua invasão.

E parece que já faz tanto tempo desde que ele me encheu, que meu corpo
se esqueceu do ardor prazeroso de sua presença. — Meu Deus. — eu respiro
quando meu corpo o leva. — Estou muito apertada. — digo-lhe, salientando para
o fato de que têm sido longas três semanas desde que ficamos íntimos.

— Não, querida. — Colton diz, alegria dançando em seus olhos quando ele
acalma os quadris para que me ajustar. — Eu sou apenas muito grande.

O riso enche minha mente, mas nunca chega aos meus lábios antes de ver
um flash de seu sorriso arrogante, e em seguida, sua boca está na minha
novamente. Mas, desta vez quando seu beijo reivindica o meu, seus quadris
começam a se mover, as mãos começam a guiar e seu pênis começa a acariciar
cada centímetro em sintonia dentro de minhas paredes tensas. Ele está no
controle completo dos nossos movimentos, nossos impulsos, nossa escalada de
sensações.
Eu levanto minha cabeça da posição encostada na porta e aprecio a visão
dele. Seus olhos estão fechados, os lábios entreabertos, o cabelo despenteado em
minhas mãos e os músculos dos ombros ondulando enquanto ele nos move em
um movimento rítmico.

Meu homem quebrado agora está no modo dominante puro e cada nervo
do meu corpo grita para ser tomado. Para ser dele. Para ser a quem ele prova
sua virilidade.

— Pooorraaa você é tão gostosa. — ele diz enquanto me empurra para


cima, e em seguida, mergulha de volta em mim, enquanto meus músculos
apertam e meus nervos recebem a atenção que, definitivamente, tem ansiado.

— Colton. — eu suspiro, meus dedos cavando os topos de seus ombros


enquanto ele me conduz cada vez mais alto. Sensações em espirais - pequenas
ondas de choque de prazer me preparando para ele, para o tremor da terra sob
meus pés - e o calor começa a se espalhar como um incêndio florestal através do
meu núcleo. Ele me conduz novamente quando minhas coxas apertam ao redor
dele, as minhas unhas marcam suas costas e minha boca busca a sua com uma
necessidade frenética.

Leva apenas mais alguns segundos antes do prazer criar uma explosão de
branco no abismo da escuridão que me consumiu. E eu estou perdida
instantaneamente para um mundo além da nossa conexão. É só ele e eu – a
sensação esmagadora e o fôlego roubado - enquanto me afogo no calor líquido e
me perco no sentimento, o nome dele repetido aos sussurros em meus lábios.

Dentro de instantes, o grito de Colton rompe meu coma induzido pelo


prazer, ao mesmo tempo em que seus quadris convulsionam violentamente sob
o meu, encontrando sua própria libertação. Ele balança para trás e para a frente
em mim mais algumas vezes tentando prolongar o momento, sua respiração
irregular e seu peito brilhando com nosso suor combinado.
Seu corpo cede contra o meu enquanto ele enterra o rosto na curva do
meu pescoço. Meus braços envolvem em torno dele da minha posição no topo
de sua pélvis e pressionado contra a porta. Eu absorvo o momento - a rápida
ascensão e queda de seu peito, o calor de sua respiração no meu pescoço, o
cheiro inconfundível de sexo - e compreendo, sem dúvidas, que eu moveria céu
e terra por este homem sem pensar duas vezes.

Colton ajusta seu aperto em meus quadris e me abaixa lentamente aos


meus pés; embora minha cabeça ainda esteja figurativamente nas nuvens. Ele
desliza para fora de mim e ainda assim, nossa conexão não está perdida, porque
ele me reúne em seus braços, pele com pele, como se ele não quisesse me deixar
ir ainda.

E eu estou bem com isso, porque acho que nunca vou ser capaz de deixá-
lo ir também.

— Porra, eu precisava disso. — ele suspira com uma leve risada e tudo
que posso dar-lhe é uma resposta evasiva, porque sinceramente, eu ainda estou
montando meu próprio êxtase.

Caímos em silêncio por algum tempo, perdidos no momento, apreciando


a sensação reconfortante de apenas estarmos juntos.

— Eu não posso acreditar que você não me contou. — diz ele, quebrando
o silêncio e balança a cabeça de um lado para o outro antes de se afastar para
que ele possa olhar para o semblante interrogativo em meu rosto.

— Contar o quê? — estou confusa.

Um fantasma de um sorriso enfeita sua boca quando ele traz uma mão
até minha bochecha, seu polegar deslizando muito suavemente sobre os meus
lábios ainda inchados por seus beijos. — O que eu disse a você antes de entrar
no carro...
Minha respiração morre e meu coração salta uma batida, as próprias
palavras em seus lábios e a emoção em seus olhos se alojando em minha
garganta. Quero pedir-lhe para dizer, para me dizer as palavras novamente,
porque inferno, sim, eu sei o que ele disse, mas quero ouvir que ele se lembra
dessas palavras e ainda sente o significado por trás delas.

Eu tento controlar o engate na minha respiração e a minha voz oscilante,


mas eu tenho que perguntar. — O que você quer dizer? — eu sou uma péssima
mentirosa e eu sei que ele pode ver através de minha confusão fingida.

Ele ri um riso silencioso e se inclina para roçar um beijo carinhoso contra


meus lábios, e em seguida, a ponta do meu nariz antes de se afastar para que ele
possa olhar nos meus olhos. Ele arremessa a língua para molhar seus lábios e
diz: — Eu corro você, Ryles.

Meu coração derrete e minha alma suspira ao ouvi-lo repetir aquelas


palavras que usei como cola para unir as partes quebradas criadas pelo acidente.
Mesmo que as palavras me tragam paz, eu posso ouvir o tremor em sua voz,
posso sentir a ansiedade no lábio inferior que se prende entre os dentes. E agora
estou começando a ficar nervosa. Ele disse as palavras e agora não sente da
mesma maneira que ele sentia até então? Eu sei que é um pensamento ridículo,
considerando o que aconteceu entre nós momentos atrás, mas a única coisa que
eu aprendi sobre Colton é que ele é tudo, menos previsível.

— Sim. — eu suspiro, encontrando a ousadia em seus olhos. — Essas


palavras... você as está dizendo agora porque você recuperou a memória ou
porque você ainda quer dizê-las? — Aí está. Coloquei sobre a mesa, ele terá a
opção de dizer que é a primeira e não a última - um fora no caso de ele não me
corre. No caso de o acidente ter mudado a forma como ele se sente sobre isto -
nós, eu e ele - ter revertido para um status apenas casual.

Colton inclina a cabeça e me estuda por um momento, os olhos


suplicando, mas os lábios imóveis. O silêncio se estende enquanto espero pela
resposta, enquanto espero para ver se ele vai me rasgar ou vai ser o bálsamo
para a cura do meu coração.

— Ry... você não sabe que eu nunca esqueço um único momento em que
eu corro... dentro ou fora da pista? — é preciso um momento para que as
palavras se registem, para as palavras e o que elas significam se enraízem. Que
ele se lembra e que ainda se sente da mesma maneira. E o engraçado é que
agora que eu sei - agora que toda essa preocupação desaparece e podemos
avançar - estou congelada no lugar.

Estamos nus, encostados a uma porta com uma centena de jornalistas do


outro lado do muro, o homem que eu corro acaba de me dizer que ele me corre
de volta, e ainda tudo o que posso fazer é olhar para ele quando a minha alma
percebe que a esperança de preenchê-la, é encontrar sua casa permanente.

Colton se inclina e sua boca fica a um sussurro da minha, as mãos


emoldurando meu rosto enquanto ele olha para as profundezas da minha alma.
— Eu corro você, Rylee. — ele me diz, confundindo o meu silêncio como se não
tivesse entendido sua declaração anterior. Mal sabe ele que estou assim porque
sou completamente apaixonada por ele, aqui e agora - corpo nu e coração à
mostra - que fui roubada da capacidade de falar. Então, em vez disso, aceito o
pincelar de seus lábios sobre os meus em um beijo que é suave e reverente antes
dele descansar sua testa contra a minha. — Você não sabe? — ele pergunta. —
Você é a minha filha da puta de bandeira quadriculada.

Eu posso sentir seus lábios se curvando em um sorriso enquanto desliza


contra o meu e deixo o riso que borbulha, sair livremente. É tão bom ter de
repente o espinho removido do meu coração.

Saber que o homem que eu amo, me ama em troca.

Saber que ele pegou meu coração em queda livre.


As mãos de Colton iniciam a descida para baixo da linha da minha coluna
- o tremor da mão direita tão leve agora que eu mal noto - e em seguida, sobem
novamente, enquanto o sinto começar a endurecer novamente contra minha
barriga.

— Presumo que você foi liberado pelo doutor? — eu pergunto, meu corpo
saciado já vibrando com o desejo recém-descoberto.

— Sim, eu fui, mas depois do meu dia... — diz ele, beijando minha testa e
me puxando de volta para o conforto de seus braços. — Não importa se tenho a
porra da permissão ou não, eu estava tomando o que era meu.

— O que era seu, hein? — eu o provoco, apesar das palavras aquecerem


meu coração.

— Sim.

E então registro as palavras que ele disse antes e me afasto para procurar
uma resposta. — O que houve de errado com o seu dia?

Eu vejo algo nublar seus olhos momentaneamente, antes que ele o afaste.
— Não se preocupe comigo. — diz ele e eu estou imediatamente em alerta.

— O que mais aconteceu, Colton? Houve alguma coisa que você lembrou,
algo que...

— Não. — diz ele, com uma pressão de seus lábios contra os meus. — Eu
só me lembrei o que era importante. Alguns espaços vazios ainda estão lá. — já o
mestre de deflexão, ele continua: — Parece que tenho negligenciado você nos
últimos tempos.
Então o que o está incomodando, ele não quer falar. Tudo bem... bem,
então nos saltos dos últimos 20 minutos, vou certamente dar-lhe um espaço e
não pressionar. — Me negligenciando?

— Sim, não tratando você adequadamente. — diz ele enquanto ele dá um


tapa na minha bunda; a picada deixa nada mais do que ondas de choque que se
propagam através da carne hipersensível entre minhas coxas. — Você esteve
tomando conta de mim - de todos os outros, mas não cuidou de si mesma, como
de costume - e ainda não cuidei devidamente de você.

— Eu acredito que você se limitou a tomar conta de mim... e muito


apropriadamente. — eu provoco, balançando meu corpo nu contra o seu e ganho
o zumbido que vem do fundo de sua garganta. — Se isso é considerado não
cuidar de mim - me negligenciar - Ace, então, por favor... — eu mordo a pele na
parte inferior de seu queixo — ...negligencie-me um pouco mais.

— Meu Deus, mulher, você testa a contenção de um homem. — ele geme


enquanto suas mãos correm pela minha coluna e se fecham entrelaçadas contra
minhas costas. — Mas isso, foi apenas um pequeno desvio para...

— Pequeno não é o que eu chamaria isso. — eu ironizo com um aumento


de meus olhos e outra manobra dos meus quadris, que faz com que ele ria alto.
— Vou levar um de seus desvios qualquer dia.

— Aposto que você vai. — ele brinca com um rápido aperto de meus
quadris. — Mas como eu estava dizendo, é hora de cuidar de você com uma
noite apropriada, em vez de comida de hospital bruta e me manter ocupado
enquanto deito na cama. — quando eu apenas arqueio uma sobrancelha
sugestiva ao ocupar parte da cama, ele apenas balança a cabeça para mim e
aquele sorriso que eu amo ilumina seu rosto. Ele se inclina e me beija
suavemente, murmurando suas próximas palavras contra os meus lábios. —
Haverá tempo de sobra para que você possa me ocupar na cama mais tarde,
porque agora - esta noite - vou levá-la à première de um filme.
Suas palavras me pegam de surpresa completa. — O - o quê? — eu olho
para ele com incredulidade no meu rosto e os lábios entreabertos em estado de
choque. Ele apenas sorri para mim com um olhar de gato-que-comeu-o-canário
porque ele me surpreendeu.

Uma pequena emoção de excitação dispara por mim com a ideia de


experimentar algo novo com Colton - fazendo novas memórias - mas ao mesmo
tempo isso significa que vou ter que compartilhá-lo com eles. Os paparazzis que
estão em frente ao portão e, sem dúvida, estarão no evento com suas perguntas
intrusivas e suas câmeras em nossas faces. E isso também significa que temos
que sair deste mundo, longe de nosso pequeno reino acolhedor, onde podemos
fazer amor doce e preguiçoso quando e onde quisermos.

Eu sei o que eu prefiro.

Seu comentário sarcástico para Becks de dias antes escolhe agora para
bater em meus ouvidos e tomar posse. As palavras estão em minha boca antes
que eu possa filtrá-las. — Eu pensei que uma vez que você fosse liberado, nada
viria entre mim e você, apenas uma mudança de lençóis por um fodido longo
tempo. — repito suas palavras de volta para ele.

Os olhos de Colton escurecem instantaneamente com luxúria e faíscam


com malícia enquanto sua boca torce em um sorriso, sua mente descobre qual
opção que ele preferiria. — Bem. — ele diz com uma risada. — Eu de fato disse
isso. — ele traça um dedo preguiçosamente no meu rosto, no meu colo e em
seguida, para baixo entre os meus seios. Eu não consigo evitar a respiração que
eu sugo, o endurecer dos meus mamilos, ou o inchaço do meu coração. — E você
me conhece, Ryles, sempre um homem de palavra... então, como exatamente eu
vou mantê-la nua, com a exceção de um lençol e ao mesmo tempo participar de
uma première que já me comprometi? Hmm... decisões. — ele sussurra
enquanto se inclina e traça a curva do meu pescoço com a ponta da sua língua.
— O que devemos fazer?
Abro a boca para responder, mas tudo o que posso fazer é tentar respirar
quando seus dentes puxam de brincadeira a minha orelha. — Eu acho que o
mundo está prestes a descobrir como malditamente sexy você é envolta em um
lençol.

Meus olhos se abrem para encontrar os seus quando o choque chuta


minha libido um pouco. Dentro de um segundo Colton e seu sorriso diabólico
me pegam nua e me coloca sobre seu ombro.

— Não! — eu grito quando ele começa em direção às escadas. — Ponha-


me no chão!

— A mídia vai ter um dia de campo com isto. — ele zomba quando eu
esmago a bunda dele, mas ele continua. — Bem veja o lado positivo, você não vai
levar muito tempo para escolher o que vestir.

— Você perdeu o juízo! — eu grito, meu comentário me faz ganhar outro


tapa na bunda nua empoleirada perfeitamente por cima do ombro.

— Minha perda é o seu ganho, querida! — ele ri quando sobe o último


degrau da escada.

— Ganho, minha bunda! — eu murmuro baixinho e ele dá outra risada.

— Ah, é mesmo. — diz ele, inclinando a cabeça para o lado e colocando


um beijo no meu quadril ao lado de seu rosto. — Eu não sabia que você gostava
de jogar assim, mas tenho certeza de que poderíamos explorar esse método
quando chegar a hora.

Minha boca estala aberta e gaguejo uma risada nervosa quando Colton
para e desliza lentamente meu corpo por cada centímetro do seu corpo firme até
que meus pés tocam o chão. O brilho travesso em seus olhos me faz querer saber
se isso é uma coisa que Colton pode estar interessado que nunca passou pela
minha cabeça antes. Estou tão perdida em meus pensamentos momentâneos e o
cálculo tranquilo em seus olhos, que perco fato de que ele me pôs no chão no
terraço privado.

E quando eu percebo - quando eu observo o meu ambiente - estou


chocada, mais uma vez... mas esta é uma surpresa que derrete meu coração.

— Oh, Colton! — as palavras saem da minha boca enquanto reparo em


todos os preparativos a minha volta. Uma tela de cinema portátil foi criada na
extremidade do pátio e as espreguiçadeiras foram dispostas em estilo dos
assentos de teatro, envoltas em várias camadas de nada menos do que lençóis.
Um sorriso se espalha por todo o meu rosto e calor permeia a minha alma
enquanto eu reparo os pequenos toques, pequenas coisas que me demonstra
que ele se preocupou: uma tigela de Kisses Hershey, uma garrafa de vinho,
palitos de algodão doce, velas acesas polvilhadas por toda parte e nuvens de
almofadas.

Eu não posso evitar as lágrimas que vêm aos meus olhos, nem me
importa quando uma desliza silenciosamente pelo meu rosto. A reflexão que
entrou com tudo o que está disposto tão belamente em minha frente me deixa
sem palavras. Eu me viro para encará-lo e apenas balanço a cabeça com o que
vejo... porque o que está atrás de mim rouba minhas palavras, a beleza dentro e
fora do homem diante de mim rouba meu coração. Ele está lá nu - barba por
fazer, cabelo despenteado e não incluindo a parte raspada, precisando
desesperadamente de um corte e um olhar em seu semblante que reforça as
palavras que ele disse para mim lá embaixo.

— Obrigada. — eu digo a ele com um suspiro quebrado. — Esta é a coisa


mais doce... — minha voz deriva quando ele dá um passo em minha direção e
traz suas mãos até minhas bochechas e inclina minha cabeça para que eu possa
encontrar seus olhos. — O melhor tipo de noitada. Um filme com o meu Ace e
lençóis... nada entre nós, apenas os lençóis.
Ele dá aquele sorriso tímido que me desfaz e se inclina para um sussurro
de um beijo antes de se afastar. — Isso é exatamente correto, Ry. Nada entre
nós, apenas lençóis. Nada entre nós nunca mais, exceto um conjunto de lençóis.

Suas palavras me surpreendem, me movem, me completam e tudo que eu


posso fazer é dar um passo à frente e pressionar meus lábios nos dele - sentir o
coração dele contra o meu, o raspar de seu maxilar com barba por fazer contra o
meu queixo, ver o amor em seus olhos - e dizer: — Nada além de lençóis.
Capítulo 18

O calor do sol

da manhã aquece minha pele, perseguido pelo golpe fresco da brisa do oceano.
O aparelho de som que nós esquecemos de desligar na noite passada interpreta
a voz de Matt Nathanson quase inaudível acima do barulho das ondas. Eu me
aconchego mais perto de Colton, tão contente com a inesperada transformação
que nossas vidas tomaram quando nós mais ou menos colidimos um com o
outro, e juro que meu coração dói com a enormidade de tudo isso. Com a
segunda chance que nos demos - que ambos estamos lentamente aceitando -
que há um ano atrás, nós nunca poderíamos ter imaginado.

Semicerro meus olhos, grata pela treliça acima, que bloqueia o sol de
onde adormecemos ontem à noite na cama de espreguiçadeiras. Eu nem sequer
me preocupo em suprimir o suspiro de uma mulher mais do que satisfeita
quando relembro do lento e doce amor com ele, sob um manto de estrelas e em
uma cama feita de possibilidades.

Lembro-me de subir em cima dele, me afundar e observar o fluxo de


emoções sem defesas através de seus olhos. Como o suave e lento com Colton, é
apenas tão enlouquecedor como o duro e rápido. Como um homem acostumado
a não mostrar nenhuma emoção - usado para proteger seu coração a todo custo
- está lentamente se abrindo, movendo cada tijolo, um de cada vez, permitindo
que a chave vire na fechadura.

Eu sorrio suavemente enquanto levanto a cabeça e olho para todas as


lembranças da noite passada. Como é doce o gesto de um homem que jura que
não se subscreveu na noção de romance, quando tudo ao nosso redor grita
exatamente o oposto. Que homem pede um favor de seu pai para conseguir uma
cópia de seu filme que ainda não foi lançado, mas em breve será um filme de
sucesso, para que ele possa ter um encontro de uma noite ininterrupta com a
sua namorada? E mesmo que eu vim a descobrir que ele teve a ajuda de
Quinlan, foi tudo ideia dele... os pequenos toques aqui e ali, porque são as
pequenas coisas que significam muito mais para mim do que as extravagantes.

Eu levanto minha cabeça de onde ela repousa sobre o peito dele e o


observo dormir, deixo o meu amor por ele aquecer as minhas partes que a brisa
esfriou. — Eu posso sentir você me observando. — diz ele, grogue com um
sorriso em seu lábio ainda que seus olhos permaneçam fechados.

— Mmm-hmm. — eu não consigo evitar o sorriso no meu rosto.

— De quem foi a ideia de dormir aqui fora? É tão malditamente claro. —


ele se mexe, os olhos ainda fechados, mas traz o braço que repousava atrás de
sua cabeça para baixo para me puxar para perto dele.

— Eu acredito que as palavras foram: “Sua boceta vodu trabalhou sua


magia e roubou a minha. Eu não tenho nenhuma energia para me mover”. — eu
repito, não escondendo o olhar complacente no meu rosto ou o orgulho na
minha voz.

— Não, definitivamente não são minhas palavras. — diz ele antes de abrir
um olho e olhar para mim, aquele sorriso lascivo que eu amo exibido com
orgulho. — Eu tenho a magia em espadas, baby, deve ter sido algum outro cara
que a sua vodu sugou a vida.
Eu luto contra a vontade de rir, porque aquela voz rouca da manhã e
aqueles olhos sonolentos são a combinação perfeita de sexy, o que torna
extremamente difícil fingir indiferença. — Sim, você está certo. Lembrei que eu
não saio com bad boys, como você mesmo disse. — eu dou de ombros. — Foi
isso, aquele cara barbeado que vejo ao lado. O único que me dá o que você não
pode. — eu provoco enquanto levanto o lençol sobre nossos quadris e espreito
por baixo dele, meus olhos vagando avidamente sobre sua impressionante
ereção da manhã. Meus músculos um pouco doloridos de ontem à noite,
apertam imediatamente, em antecipação de boas-vindas do que está por vir. Eu
fecho meus olhos para esconder o desejo que tenho certeza que os nublam e faço
um gemido satisfeito.

— Vê algo que você gosta? Algo que ele não pode lhe dar? — eu amo o
tom brincalhão em sua voz.

Tenho certeza de que minha voz está uniforme quando falo, porque tudo
isso de preliminares zombeteiras, está me fazendo desejar o que está ao alcance
de meus dedos.

— Não se preocupe. — eu forço as palavras quando olho para cima por


debaixo dos meus cílios para encontrar seus olhos dançando com humor. —
Esta mulher está mais do que satisfeita. Não há necessidade de experimentar a
sua magia quando aquele homem pode dirigir sua vara para a reta final, como
você não iria acreditar.

Dentro de um batimento cardíaco Colton me vira de costas e paira sobre


mim, seu peso descansando sobre um cotovelo e sua outra mão prende meus
pulsos acima da minha cabeça. Seu rosto está a centímetros do meu, um sorriso
malicioso travado no lugar e as sobrancelhas levantadas em desafio. — Eu
acredito que as minhas palavras no outro dia foram um longo fodido tempo. —
diz ele, pressionando sua ereção em meu ápice. — Aqui está o longo, querida,
agora só precisamos cumprir a parte do fodido tempo.
Eu começo a gargalhar, mas ela termina em um gemido de prazer quando
ele afunda em meu corpo solícito. Eu não estou totalmente pronta para a sua
entrada, e embora isso normalmente doa, isso não acontece. Em vez disso,
acrescenta a quantidade ideal de fricção para despertar cada nervo possível,
incluindo qualquer que ele poderia ter perdido ontem à noite.

— Porra, Cristo, você me faz sentir como no paraíso, mulher. — ele


murmura em meu ouvido enquanto seus quadris puxam deslizando para trás e
para a frente, sua única mão ainda prendendo minhas mãos acima de mim. Em
uma ação estranhamente íntima, ele abaixa o rosto e descansa logo abaixo da
curva do meu pescoço, para que cada vez que ele se retira e mergulha de volta
em mim, o arranhar de sua barba por fazer e o calor de sua respiração provocam
minha pele. E talvez seja por causa de seu rosto estar posicionado tão perto da
minha orelha ou apenas que estamos tão em sintonia um com o outro
novamente, mas há algo sobre os sons que ele faz que me excita de tal forma.
Grunhidos se transformam em gemidos suspirados e satisfação audível.

Tento mexer meus braços, mas seu aperto ainda me detém. — Colton. —
eu arqueio quando meu corpo começa a acelerar, o calor se espalhando, o desejo
enrolando tão apertado que estou esperando por ele saltar livremente. — Deixe-
me tocar você.

— Hmm? — ele murmura, a vibração de sua boca contra o meu pescoço


rolando através de mim. Ele se move novamente, moendo seus quadris em um
movimento circular, seu pau batendo nos nervos ocultos, antes que ele puxe
para fora e angule para que ele esfregue contra meu clitóris adicionando um
atrito agradável que me faz esquecer todos os pensamentos sobre a necessidade
de minhas mãos serem liberadas. Ele ri, sabendo exatamente o que ele acaba de
fazer. — Isso te faz sentir bem?

— Deus sim! — eu lamento quando ele faz isso de novo, minhas coxas
começando a ficar tensas e minha pele cora com a onda de sensação que surge
em preparação para o seu ataque final sobre o meu corpo.
— Eu sei que eu sou bom, baby, mas Deus pode ficar um pouco com
ciúmes, se você começar a nos comparar.

O tom brincalhão, o ato sexual preguiçoso, porque isto é fazendo amor


para nós - ele pode chamá-lo correr, mas isto... palavras murmuradas, a total
aceitação, o conhecimento completo do corpo do outro, o conforto - é
definitivamente, ele me mostrando como me ama.

Eu não consigo evitar o riso despreocupado que cai da minha boca mais
do que eu posso evitar minhas costas de se arquearem e a busca de meus
quadris em seu próximo impulso, em seu ritmo lento, mas forte. — Bem... esteja
preparado para ficar com ciúmes, por sua vez. — eu provoco, o levando a
levantar a cabeça de sua posição no meu pescoço e raspar sua barba
propositalmente em meu mamilo nu, provocando que uma necessidade
irrestrita conduza diretamente para onde ele está manipulando tão habilmente
entre minhas coxas. Ele levanta as sobrancelhas para mim com ar divertido,
tentando descobrir exatamente o que quero dizer quando seus quadris giram
novamente dentro de mim, e estou perdida.

Pelo momento.

Por ele.

Pelo orgasmo sozinho rasgando pelo meu corpo e me afogando em suas


sensações esmagadoras.

Para o: — Oh Deus, oh Deus, oh Deus! — que cai dos meus lábios quando
onda após onda surge através de mim.

E eu sucumbo à névoa do meu desejo, mas o ouço rir quando ele percebe
o porque, que pensei que ele poderia ficar com ciúmes. Meu corpo ainda está
pulsando ao seu redor, ainda gozando, quando ele se inclina para baixo em meu
ouvido, sua voz rouca da manhã adicionando um suave comichão às violentas
sensações reverberando por mim. — Você pode estar chamando seu nome
agora, querida, mas em um minuto você vai estar agradecendo a mim. — diz ele,
enquanto mordisca meu ombro antes de soltar minhas mãos e o calor do seu
corpo deixar o meu.

Estou tão perdida em montar o meu clímax que o calor de sua boca na
minha carne já sensível me faz chamar por seu nome, mãos agarrando seu
cabelo por sua cabeça posicionada entre as minhas pernas, a língua deslizando
por toda a minha fenda. — Colton! — eu choro quando sua língua lambe dentro
de mim, tirando a intensidade do meu orgasmo, prolongando a queda livre de
êxtase. — Colton! — eu digo novamente, começando a contorcer meus quadris
contra sua boca quando o prazer se torna quase insuportável.

Ele lambe para cima novamente e desta vez continua subindo, traçando
uma linha de beijos de boca aberta e lambe a minha barriga, peito, pescoço e
minha boca, assim, quando sua língua empurra entre meus lábios, eu posso
provar a minha própria excitação. Sua boca na minha absorve meu gemido
quando ele entra em mim mais uma vez e começa a perseguir o seu próprio
orgasmo.

Quando ele se afasta da minha boca e se senta sobre seus joelhos,


segurando minhas pernas separadas quando ele começa a se mover dentro de
mim, ele me dá aquele sorriso relâmpago que eu nunca consigo resistir. — Eu
disse a você, que seria o meu nome que você estaria chamando no final.

Eu começo a dizer algo, mas ele agarra meus quadris e retorna às


estocadas em mim. O início de um ritmo de punição que faz com que minhas
mãos agarrem os lençóis e seu nome se torna um sussurro em meus lábios
quando ele nos leva até o limite juntos.
— O que Becks queria? — pergunto a Colton quando entro em seu
escritório e inclino meu traseiro em cima da mesa para encará-lo. Se não fosse
por meu posicionamento, eu teria perdido o brilho incerto em seus olhos antes
que ele fizesse uma careta.

— Está ruim? — pergunto sobre a dor de cabeça que eu posso dizer que
ele está tentando esconder.

— Não, não está tão ruim. Elas estão vindo menos e mais espaçadas
agora. — diz ele caindo em silêncio, enquanto desfaz o clipe de papel em sua
mão com concentração feroz.

— Becks? — eu pergunto, sentindo que algo está errado.

— Ele hum, me perguntou se queria reservar algum tempo na pista, uma


vez que temos que reservar com muita antecedência. Para ter certeza de que
tinha algum tempo que eu queria. — ele desvia os olhos e se concentra no clipe
que está se desfazendo com seus dedos. — Ele acha que eu deveria voltar para o
carro.

Maldito Beckett!

Eu quero gritar a plenos pulmões, mas resolvo castigá-lo em silêncio.


Tudo bem. Eu comecei a minha raiva infundada por ele por fazer o que
concordo que é certo, mas ainda não significa que eu gosto... Em tudo. Eu
sentiria todo um inferno muito melhor se eu tivesse um saco de pancadas
também, porque eu ainda estou aterrorizada com a ideia de Colton ao volante,
mas a pergunta é, como Colton se sente?

— Quais são seus pensamentos sobre isso? Você está pronto?

Ele suspira e se recosta na cadeira, entrelaçando os dedos atrás da cabeça


e olhando para o teto. — Não. — diz ele, finalmente, lançando a palavra para
fora, parando para ganhar tempo para a sua explicação. — Ontem eu... — ele
para no meio do pensamento e balança a cabeça. — Não importa... minha mão
ainda está muito fodida para segurar a volante. — diz ele. E eu sei que é uma
mentira, uma vez que ele não teve nenhum problema em me segurar para que
ele pudesse me tomar contra a porta da frente ontem, mas sei que dizer isso em
voz alta seria como chutar um homem quando ele está caído; não só saberia que
ele está com medo, mas também estaria provando que ele está mentindo.

Mas sua explicação abortada que ele não concluiu, misturado com seu
comentário de ontem sobre ele ter um dia difícil, colidem juntos não tão
sutilmente em minha mente. Eu me movo e sem pedir, sento em seu colo e me
aninho nele. Ele exala um suspiro resignado, antes de desatar seus dedos e
fechar seus braços em volta de mim.

— O que aconteceu ontem? — pergunto após um momento. Eu posso


sentir seu corpo pausar momentaneamente e eu beijo seu peito nu como um
sinal silencioso de apoio.

— Eu assisti o replay.

Ele não precisa dizer mais nada. Sei muito bem que replay ele está se
referindo, porque ainda não consigo vê-lo. — E como você lidou com isso?

Seu corpo vibra com uma energia inquieta e quando ele começa a se
mexer debaixo de mim, posso dizer que ele precisa liberar um pouco disso. Eu
saio de seu colo e quando ele se levanta e caminha até a janela, afundo de volta
no couro, ainda quente do seu corpo.

Colton enfia a mão pelo cabelo, tensão evidente nos músculos nus de suas
costas, enquanto ele olha pela janela para a praia lá embaixo. Ele força uma
risada. — Bem, se você chamar um homem adulto, rastejando nu pela porra do
chão, enquanto vomita em seco por um maldito ataque de pânico, depois que
cada sentimento único de merda, do acidente lhe acerta como um soco... — diz
ele, com voz grossa de sarcasmo. — Então merda, se isso é considerado lidar
com isso? Então, foda-se sim... eu diria que passei nesse maldito teste. — ele
revira os ombros e caminha para fora do escritório sem olhar para trás. Eu exalo
a respiração que estou segurando, quando ouço a porta do pátio abrir e depois
se fechar atrás dele.

Eu deixo algum tempo passar, perdida em meus pensamentos, meu


coração doendo pela luta óbvia de Colton entre precisando e temendo a corrida,
e me levanto para encontrá-lo.

Saio para o pátio e ouço o barulho da água antes de ver a sua longa e
esguia figura cortando através da água com fluidez graciosa. Ele cobre a
distância da piscina rapidamente, chega ao fim e faz algum tipo de inversão
subaquática e ressurge antes de ir para o outro lado.

Sento-me de pernas cruzadas na beira da piscina e admiro sua


capacidade atlética natural – a ondulação dos músculos, seu controle completo
sobre seu corpo - e me pergunto se esta atração absoluta que tenho por ele tem
quaisquer limitações.

Um pouco depois, ele faz a sua inversão subaquática na borda mais


distante de mim, e em vez de imediatamente iniciar seu percurso novamente,
ele vira de costas e flutua, dá um impulso levando-o a se deslocar para onde
estou sentada. Ele parece tão calmo agora, apesar de seu peito se expandindo
por seu esforço, eu gostaria de poder ver este tipo de serenidade em seus traços
mais frequentemente.

Seu torso se ergue da água quando seus pés tocam o fundo e esfrega suas
mãos sobre o rosto. Quando remove a água, ele olha para cima, surpreso em me
ver ali sentada olhando para ele, e o sorriso mais deslumbrante se espalha por
seus lábios. Ele franze o nariz, lembrando-me do que ele poderia parecer
quando garotinho, e qualquer uma de minhas preocupações com seu estado de
espírito desaparecem.
Ele caminha até onde estou, os olhos presos nos meus. — Eu sinto muito,
Ryles. — ele balança a cabeça com um suspiro. — É difícil para mim admitir que
estou com medo de voltar para o carro.

Sua admissão choca o inferno fora de mim. Estendo a mão e corro o


polegar sobre sua bochecha, agora, mais apaixonada do que nunca por ele . —
Tudo bem. Eu também estou com medo.

Ele estende a mão para meus quadris e me puxa para mais perto em
direção a ele, para que possa me beijar. Uma pincelada de seus lábios e o cheiro
de água clorada em sua pele é tudo o que eu preciso para me sentir com ele
novamente. Ele começa a dizer algo e depois para. — O quê? — pergunto
baixinho.

Ele limpa a garganta, lambe os lábios e desvia os olhos para além da


praia. — Quando eu voltar para o carro... você-você vai estar lá?

— É claro! — as palavras saem da minha boca e meus braços estão em


volta do seu corpo molhado instantaneamente, uma ênfase física para minhas
palavras. Sinto seu peito tremer e ouço o engate em sua respiração enquanto ele
me aperta com mais força. Eu trago os meus dedos para cima e provoco seu
cabelo com as unhas enquanto seu rosto permanece aninhado em meu pescoço.

Eu te amo. As palavras estão em minha cabeça e eu tenho que impedi-las


de sair da minha boca, porque a intensidade do que sinto por ele é indescritível.
Amor incondicional.

O som distante da campainha dentro da casa nos faz afastar um do outro.


Eu olho para ele confusa. — É provavelmente um dos caras da segurança. — diz
ele, enquanto me levanto e ele nada em direção aos degraus.
— Eu atendo. — digo a ele quando ando para a casa, puxando a minha
camisa agora molhada longe do meu corpo, feliz por ter optado por ter pego
uma vermelha em vez da branca.

Minha mão está girando a maçaneta, puxando o pedaço de madeira,


quando ouço a voz de Colton de fora me dizendo — Espere! — mas é tarde
demais. A porta está se abrindo e sem saber, um dos meus piores pesadelos está
de pé à minha frente.

Tudo que posso fazer é ceder meus ombros com a visão. Pernas longas,
cabelos loiros e um sorriso condescendente são tudo que eu pego antes que ela
comece a passar por mim e depois para, virando a cabeça sobre o ombro para
olhar para mim. — Você pode correr agora, menina. Acabou a brincadeira,
porque Colton não precisa mais de você. Ele está em boas mãos agora. Mamãe
está aqui.

Meu queixo cai aberto, sua audácia me deixa sem palavras. Antes que
possa encontrar as minhas palavras, ela caminha pela casa como se fosse a dona
do lugar, deixando-me no rastro de seu perfume avassalador.

— Colton? — eu grito para ele ao mesmo tempo em que ele entra no foyer,
a toalha que ele está usando para secar o cabelo cai no chão.

Várias emoções cintilam através de seus olhos, a mais prevalente é


aborrecimento, mas seu rosto não mostra absolutamente nada.

E com Colton, quando seu rosto está tão frio e desprovido de emoção,
significa que uma tempestade está se formando logo abaixo.

— O que diabos você está fazendo aqui, Tawny? — o gelo em sua voz me
surpreende, mas não faço nada.
— Colt, baby. — diz ela totalmente isenta da mordida em suas palavras. —
Nós precisamos conversar. Eu sei que já faz um tempo e...

— Eu não estou com disposição para suas besteiras melodramáticas,


assim, corta essa merda. — Colton dá um passo mais para dentro da sala. —
Você sabe que não é bem-vinda aqui, Tawny. Se eu quisesse você aqui antes,
teria lhe convidado.

Eu recuo pelo veneno em sua voz, mas, ao mesmo tempo, estou chateada.
Chateada que ela só está valsando aqui - na casa, onde eu sou a única mulher
que ele já trouxe - como se ela merecesse estar aqui.

— Mal humorado, irritado. — ela repreende em tom de brincadeira, não


se incomodando com o seu completo desinteresse. — Eu estava tão preocupada
com você e como você está, se suas memórias voltaram...

— Eu não dou a mínima sobre sua preocupação! Você tem dois segundos.
Comece a falar ou eu estou jogando a sua bunda para fora. — Colton dá mais um
passo em direção a ela e posso ver seu maxilar cerrar e seu desprezo completo
por ela.

— Só porque você está chateado que sua recuperação está indo tão
devagar - que você não consegue lembrar coisas importantes - não significa que
você vai começar a descontar em mim. — Tawny solta um riso condescendente e
gira um pouco e me olha com descrença em seus olhos como se ela estivesse
dizendo: “Sério? Ele escolheu você ao invés de mim?” Antes que ela diga: — Eu
tenho certeza que isso é divertido para você, ser sua babá e tudo, boneca, mas
você não é mais necessária.

Estou fora da parede em um instante, uma bola de raiva voando para ela,
mas Colton me impede. Raiva emana fora dele em ondas palpáveis, enquanto
ele agarra seu bíceps. — Hora de ir. — ele rosna quando começa a levá-la para a
porta. — Você não vem na minha casa e desrespeita, Ry...
— Estou grávida.

As palavras que flutuam da boca dela morrem no silêncio repentino da


sala, e ainda assim posso vê-las vibrando dentro de Colton. Seu corpo para, os
dedos flexionam no braço dela e seus dentes rangem. É preciso um instante para
ele pegar o passo de novo, puxando-a em direção à porta da frente.

— Bom para você. Parabéns. — ele morde fora, sarcasmo escorrendo de


suas palavras. — Foi um prazer conhecê-la. — ele começa a abrir a porta da
frente enquanto ela puxa o braço livre.

— É seu.

A mão de Colton para na maçaneta da porta, enquanto meu coração torce


com as palavras que saem dos lábios dela. Eu estou vendo este desdobramento -
tudo isso bem diante dos meus olhos - mas me sinto como uma completa
estranha, uma centena de quilômetros de distância. Eu assisto sua cabeça
pender entre os ombros por um instante, observo suas mãos apertarem em
punhos ao seu lado, vejo a raiva, a fúria em seus olhos quando ele se vira muito
lentamente. Seus olhos correm ao redor e seguram os meus por um instante e o
que vejo me deixa sem ar. Não é a raiva com que eles brilham - não - é o pedido
de desculpas atado à descrença que ele está oferecendo para mim. O pedido de
desculpas que me diz, que lá no fundo, ele teme que suas palavras sejam
verdadeiras. Chumbo cai em meu estômago, quando a máscara que ele deixou
escapar é reaplicada e ele se vira para dirigir sua raiva em direção à Tawny.

— Você e eu sabemos que não é possível, Tawny. — ele dá um passo


adiante e posso ver cada grama de contenção que ele tem - como ele está se
esforçando para não pegá-la e jogá-la fisicamente para fora. Seus olhos correm
de seu rosto para sua barriga, e em seguida, volta novamente.
— O quê? — ela suspira, choque atado com dor em sua voz. — Você não se
lembra? — ela leva uma mão à boca, com lágrimas nos olhos. — Colton você e
eu... na noite da festa de aniversário de Davis... você não se lembra disso?

Meu estômago se revolta porque se eu pensei que ela poderia estar


atuando - interpretando para recuperá-lo - ela roubou a cena com o olhar ferido
no rosto e desespero em sua voz.

Oh, meu Deus. Oh, meu Deus. É o meu único pensamento coerente,
porque todo o meu corpo treme com toda emoção que se possa imaginar
possível.

— Não. — diz Colton, balançando a cabeça, e o olhar em seu rosto -


aquele que diz que se ele continuar repetindo várias vezes, tudo isso vai ser
apenas um pesadelo - me mata. Lágrimas partem de dentro de mim me abrindo,
me preparando para o ataque de dor que está por vir.

— É a única possibilidade. — diz ela calmamente, colocando a mão sobre


a barriga, onde posso ver a ligeira saliência, agora que sua camisa está esticada.
— Estou de cinco meses, baby.

Eu tenho que lutar contra a bile que sobe na minha garganta enquanto
minha fé vacila. Tenho que me esforçar para respirar. Para me concentrar. Para
perceber que isso não é sobre mim. Isso é sobre o pior pesadelo de Colton se
tornando realidade, no salto de uma noite verdadeiramente mágica entre nós.
Mas é difícil.

Tudo o que minha mente pode focar são nas datas - dias passados - como
as palavras dela afundam suas garras em mim. Cinco meses, cinco meses, cinco
meses, eu repito mais e mais porque o tempo é muito mais fácil de me
concentrar do que o mundo que acabou de ser tirado sob os meus pés. Quando a
minha mente pode formular pensamentos coerentes novamente, percebo que
faz um pouco menos de cinco meses desde que nos conhecemos. Porra, isso é
possível.

Digo a mim mesma que ela está mentindo. Que ela está tentando cavar
seu anzol em Colton - pegar o prêmio, que quer mais do que qualquer coisa -
puxando o cartão Eu estou grávida. O mais velho golpe. Mas a prova está lá na
sua barriga inchada e o olhar aterrorizado no rosto de Colton dizendo que é uma
possibilidade - que ele está chegando ao fundo do cofre trancado de memórias e
tentando encontrar o que ela está dizendo a ele. Medo cintila em seu rosto,
incorpora-se naqueles olhos dele, que de repente se recusam a olhar para mim.

E não importa o quanto eu queira, não consigo desviar o olhar. É como se


continuar olhando para ele, ele vai olhar para mim e me dar aquele sorriso que
me deu momentos atrás na piscina e ela só vai desaparecer.

Mas ele nunca vem.

Ele está no meio de nós, imóvel, perdido em pensamentos, que só posso


imaginar. O homem brincalhão que eu amo de ontem à noite é inexistente. Eu
posso ver as engrenagens em sua cabeça girar, eu noto a careta de dor que tenho
certeza que é de outra dor de cabeça batendo nele... mas se ele está
completamente congelado, então estou malditamente paralisada.

Os olhos de Tawny piscam ao redor e me avaliam com total desrespeito,


antes de olhar para Colton, um leve sorriso no rosto. — Você me levou para casa
quando saímos da casa de Davis, pediu para entrar... fizemos sexo, Colton. A
primeira vez, estávamos bêbados... desesperados para estar um com o outro
novamente e não usamos preservativo.

E se o seu punhal já não estivesse rompendo a pele e empurrando dentro


do meu coração, ela tem que adicionar a noção de que eles estavam juntos várias
vezes, para torcê-lo um pouco mais.
— Antes... quando nós namoramos antes de... — ele limpa a garganta — ...
você costumava ser religiosa sobre tomar pílula. — eu não reconheço a sua voz, e
já estive no lado receptor da ira de Colton, mas agora o absoluto desprezo em
seu tom, envia arrepios à minha espinha.

— Eu não estava tomando a pílula. — diz ela suavemente com um


encolher de ombros sem remorso quando dá um passo em direção a ele, a
possível mãe de seu filho. A intimidade suave em sua voz faz com que lágrimas
brotem em meus olhos. Ela estende a mão para tocar o braço de Colton e ele o
puxa para fora de seu alcance.

Sua reação e o pânico irrestrito em seus olhos, fazem com que a realidade
de tudo isso comece a se infiltrar através da minha negação, a possibilidade de
que isso não é um truque apenas para recuperá-lo.

Eu cedo contra a parede atrás de mim, meus fantasmas e inadequações


como mulher ameaçando a traseira de sua cabeça feia. Eu coloco a mão no meu
abdômen para abafar a angústia que sinto em meu ventre inútil. O único que
permanecerá para sempre vazio. O único que não pode dar-lhe a única coisa que
ela pode. Eu sinto o começo de um ataque de pânico - não consigo respirar,
coração acelerado, os olhos incapazes de se focar - quando eu me pergunto se o
homem que professa nunca querer ter filhos, pode apenas mudar de ideia
quando confrontado com a possibilidade de um. Isso acontece o tempo todo. E
se isso acontecer, então onde é que isso nos deixa? Deixa-me? A mulher que não
pode dar isso a ele.

— Não! — cai de meus lábios em resposta aos meus pensamentos


silenciosos.

Colton se vira para olhar para mim rapidamente, angústia gravada em


suas feições com as minhas palavras inesperadas. E então ela bufa em
desrespeito e adiciona gasolina para o fogo de Colton.
— Saia daqui! — ele grita tão alto que pulo, e por um momento, porque
ele está de frente para mim, temo que ele esteja falando comigo. Eu engulo em
seco, seus olhos passando rapidamente por mim antes que ele vire as costas
para mim e aponta para Tawny e depois para a porta. — Cai. Fora. Foda-se!

— Colty...

— Você nunca mais me chame assim! — ele grita, sua voz fria como aço
quando ele levanta os olhos para olhar para onde ela não se moveu um
centímetro. — Ninguém me chama assim! Você acha que é especial? Você acha
que pode simplesmente entrar aqui e me dizer que você está com cinco malditos
meses de gravidez? Que me importo? Por que você está me dizendo agora, hein?
Porque é tarde demais para eu poder dizer qualquer coisa, então você pensa que
me prendeu? Encontrou o seu maldito bilhete dourado? — ele começa a andar,
entrelaçando os dedos atrás da cabeça e soprando um suspiro alto. — Eu não
sou a porra do Willy Wonka18, querida. Vai encontrar outro papaizinho.

— Você não acredita em mim?

Colton gira em um piscar de olhos, seu olhar encontra o meu e o vazio em


seus olhos inexpressivos me assusta. Olhos mortos olham para mim
momentaneamente antes que ele quebre a nossa conexão e avança para o outro
lado da sala para onde Tawny continua parada. — Você está malditamente certa,
eu não acredito em você. Pare com essa merda e dê o fora com suas mentiras do
caralho. — ele fica a centímetros de seu rosto, os olhos brilhando e postura
ameaçadora.

— Mas eu ainda amo...

18
Um dos personagens principais do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ele era o dono da
fábrica que distribuiu os bilhetes dourados, para que as crianças entrassem na fábrica para dentre elas,
ser escolhido o novo dono da mesma.
— Você não tem que me amar! — ele grita a plenos pulmões, punho
batendo para baixo sobre o aparador ao lado dele, vasos chacoalham e o barulho
ressoa na casa antes tranquila. Tawny deixa escapar um soluço e Colton
permanece completamente afetado por sua explosão de emoção. — Você não
tem que me amar. — ele repete novamente tão baixinho que posso ouvir sua dor
por baixo, sentir o desespero rolar dele em ondas.

Ele esfrega as mãos sobre o rosto. Ele olha pela janela por um momento
para a tranquilidade do oceano, enquanto eu assisto a fúria da tempestade
dentro dele. Sou abalada pela turbulência de suas emoções sem uma tábua de
salvação para me segurar. Quando ele olha para trás, para Tawny, posso ver
tantas emoções por trás de sua máscara escorregando que não tenho certeza de
qual ele vai agarrar e segurar.

— Eu quero um teste de paternidade.

Tawny ofega, sua mão descansando protetoramente sobre sua barriga,


mas quando olho para seu rosto, assisto a transformação acontecer. Vejo a
donzela em perigo em metamorfose para a megera vingativa. — Este bebê é seu,
Colton. Eu não saio dormindo por aí.

Colton bufa uma risada com um aceno de cabeça. — Sim, você é uma
fervorosa beata de merda. — ele espreita a porta da frente e se vira para olhar
para ela. —Vá dizer a algum outro filho da puta crédulo que se importa. Meu
advogado entrará em contato.

— Você vai ter que vir para mim com algo de um inferno maior de um
lote, do que me ameaçando com o seu advogado para sair da sua vida. — diz ela,
endireitando sua coluna. — Prepare o seu talão de cheques e tenha seu ego
preparado para alguns danos sérios, querido!

— Você realmente acha que poderia entrar aqui, deixa cair sua bomba de
merda e eu iria aceitar sua palavra? Escrever a você uma bolada em um cheque
ou casar com você e cavalgar até o filho da puta do por do sol? — sua voz troveja.
— Ele. Não. É. Meu!

Tawny dá de ombros e uma expressão bajuladora transforma suas


feições. — A imprensa vai ter um dia de campo com a forma como teço este...
belo escândalo suculento para afundar seus dentes.

Ela começa a caminhar em direção à porta da frente e apenas quando


acho que poderia ser capaz de tomar um fôlego, Colton bate a mão contra a
porta, o som agride o silêncio morto da sala. Ele se vira e fica a poucos
centímetros do rosto dela, sua voz tremendo de raiva. — Notícia de última hora,
querida, é melhor você me bater com algo mais forte do que essa ameaça se
acha que a imprensa me assusta. Dois podem jogar esse jogo. — diz ele abrindo
a porta. — Certifique-se de dizer-lhes todos os detalhes suculentos porque tenho
certeza como a porra que não vou segurar. É incrível o quão rápido uma carreira
promissora pode ser frustrada nesta cidade quando os boatos chegaram aos
jornais sobre o que uma diva exigente pode ser. Ninguém quer trabalhar com
uma puta, e você definitivamente se encaixa nessa conta. Agora dê o fora.

Tawny caminha até ele, olha, apesar dele se recusar a olhar em seus olhos
e então sai pela porta da frente, que fecha com um estrondo retumbante atrás
dela. Colton imediatamente agarra um dos vasos sobre o aparador e joga contra
a parede. O som de vidro quebrando seguido pelo tilintar quando ele rebate no
chão de azulejos é um grande contraste para o peso do momento. Não
conseguindo a libertação que ele precisava, ele coloca a mão sobre o aparador e
derruba seu peso contra ele.

Eu passo à frente das sombras do foyer, ainda não sei o que fazer quando
ele olha para cima e trava seus olhos nos meus. Tento fazer uma leitura de suas
emoções, mas eu não consigo - sua guarda está de volta e travada no lugar. O
conhecimento da quantidade de trabalho que vai levar para quebrar esse muro
de volta, faz com que um pequeno pedaço de mim morra, morrer e cair para
descansar ao lado da peça que rompeu no dia em que o médico me disse que
seria nada menos do que um milagre para eu engravidar novamente.

O vazio do meu ventre me atinge novamente enquanto ando em direção a


ele. Ele me olha, maxilar cerrando, o corpo tenso. — Colton... eu...

— Rylee. — ele adverte: — Se afaste!

— E se for verdade? E se vocês realmente fizeram e você não se lembra?


— é o único pensamento coerente que posso verbalizar, minha mente girando
com incertezas e do que nunca vai ser.

— Por quê? — ele se vira para mim e engulo nervosamente. — Então você
pode brincar de casinha? — ele dá um passo na minha direção e o olhar em seus
olhos e me faz encolher. — Você quer tanto um bebê que pode aceitá-lo? Faria
qualquer coisa para ter um? Pegue um que pode ou não ser meu, então você
pode afundar suas garras em mim também? Conseguir o melhor de ambos os
mundos, não é? Uma bolada e um bebê - o sonho de toda maldita mulher. —
suas palavras chicoteiam e me atingem, rasga a parte de mim que sabe que eu
faria qualquer coisa para ter a chance de ter um bebê. — Isso não é verdade! —
sua voz troveja para mim. — Isso não é verdade. — diz ele outra vez com a voz
mais calma.

Eu estou presa no lugar - querendo correr, querendo ficar, sofrendo por


mim, devastada por ele - em uma encruzilhada de incertezas, e tudo o que eu
quero fazer é me enrolar em uma bola e fechar o mundo fora. Calar Colton,
Tawny e a dor que nunca vai embora, para sentir um bebê mexer dentro de
mim. Para criar algo do amor com alguém que eu amo. A bile ameaça com a
ideia e eu cubro minha boca quando amordaço de forma audível para me
impedir de vomitar.

— Sim, a ideia de eu ser pai me dá vontade de vomitar também. — ele


zomba de mim, muito mais do que desprezo em sua voz. E não é por isso que
vou passar mal, mas não posso dizer-lhe isso, porque estou muito ocupada
tentando não vomitar. — Entre os lençóis. — ele solta uma risada
condescendente, olhando para o teto antes de olhar para mim. — Quão
fodidamente irônico é quando está entre os lençóis com alguém que está
causando esse pequeno dilema, hein, Ryles? Como é que a frase trabalha para
você agora?

— Foda-se. — eu digo isso mais para mim do que para ele, uma voz calma
atada com dor. Já chega. Ele pode ficar chateado. Seu passado horrível pode ser
dragado através de sua mente, mas isso não lhe dá o direito de ser um babaca e
descontar a sua merda em mim.

Ele se vira para olhar para mim, uma imagem de fúria contra a
tranquilidade atrás dele. — Exatamente. — ele cospe. — Foda-me.

E com aquelas palavras de despedida, Colton abre a porta para a sacada.


Eu não o chamo - não me importo - e o vejo correr pelas escadas para a praia
com um assobio acenando para Baxter.
Capítulo 19

Q uanto mais

tempo eu sento e espero ele voltar mais nervosa eu fico.

E mais chateada.

Estou nervosa porque além de seu mergulho anterior, Colton não tinha se
exercitado desde que esteve em coma... e ele só foi liberado ontem. Sei que sua
raiva vai empurrá-lo para correr mais forte, mais rápido, mais longe, e isso só
me enerva porque quanto pode os vasos em processo de cura em seu cérebro
suportar? Faz quase uma hora desde que ele saiu, o quanto é demais?

E estou com raiva que depois de tudo o que ele me disse, ainda me
importo.

Eu balanço minha cabeça, as palavras que ele me disse chocalham a


minha volta, olho para baixo no trecho de praia. Recebo a sua ira, a necessidade
inerente de atacar por cima do bastante frágil controle sobre seus preconceitos,
mas pensei que tínhamos superado isso. Pensei que depois de tudo o que
passamos em nosso curto tempo juntos, que tinha provado o contrário a ele.
Provado que não sou como as outras mulheres. Que preciso dele. Que nunca
vou manipulá-lo para conseguir o que quero, como tantas outras mulheres em
sua vida fizeram. Que não vou abandoná-lo. E quero tão desesperadamente sair
agora - escapar do argumento e mais dor que temo que aconteça em seu retorno
- mas não posso. Mais do que nunca preciso provar para ele agora que não vou
correr quando ele mais precisa de mim, mesmo que o pensamento dele ter um
filho com outra pessoa esteja me matando agora.

Eu engulo a bile que quer ressurgir novamente, e desta vez não consigo
segurá-la. Corro para o banheiro e esvazio o conteúdo do meu estômago. Levo
um momento para me recompor, falo para mim, no meu limite, que quero pular
fora porque isso é demais para mim. Tantas coisas estão acontecendo em um
curto espaço de tempo, que minha mente quer desligar.

Mas se for verdade, o que isso significa? Para ele, como pessoa, para nós
como um casal e para mim, como a mulher que não pode nunca dar-lhe isso? E,
especialmente, dado a ele por ela? Meu estômago se revolta com o pensamento
novamente, e tudo que posso fazer é soltar a minha testa na tampa do vaso
sanitário, espremer meus olhos fechados e obstruir as imagens de um adorável
garotinho com o cabelo escuro, olhos de esmeralda e um sorriso travesso. Um
garotinho que eu nunca vou ser capaz de lhe dar.

Mas ela pode. E se esse for o caso, como diabos eu vou ser capaz de lidar
com isso? Amar o homem, mas não o seu bebê, porque não sou a mãe -
simplesmente porque ele é parte de Tawny - agora que tipo de pessoa horrível
que isso faz de mim? E sei que não é verdade, sei que nunca poderia não amar
uma criança por causa das circunstâncias, ele não tem culpa disso, mas ao
mesmo tempo, haveria esse lembrete devastador constante de que alguém pode
dar a ele o que eu não posso.

O presente final.

O amor incondicional e inocência.

Eu enxugo as lágrimas que nem percebi que estavam caindo quando ouço
o latido distante de Baxter e faço o meu caminho para a sacada. O animal
inofensivo se limpa no topo das escadas chegando da praia e se estatela exausto
no deck com um gemido. Eu respiro fundo e me preparo para a chegada de
Colton, sem saber qual é a versão dele que vou enfrentar.

Dentro de instantes ele aparece, o cabelo pingando de suor, as bochechas


vermelhas e o peito arfando pelo esforço. Eu quero perguntar como ele está se
sentindo, onde sua cabeça está, mas acho melhor não. Eu vou deixá-lo definir o
tom da conversa.

Ele olha para cima e vejo o brilho de choque em suas feições quando ele
me vê. Ele está de pé, as mãos apoiadas nos quadris e apenas olha para mim por
um instante. — Por que diabos você ainda está aqui?

Então é assim que isso vai ser.

Eu pensei que eu tinha me acalmado, esperava que ele tivesse com a sua
corrida, mas obviamente, nós dois ainda estamos ligados com uma bola de
arame farpado de dor. Nós dois ainda estamos teimando em provar nossos
pontos. A questão é como é que ele vai lidar com o que eu tenho a dizer? Será
que ele vai atacar de novo? Rasgar-me pela segunda vez? Ou será que ele vai
perceber que, apesar da bomba de Tawny, nossa corrida figurativa não para?
Que podemos suportar os danos colaterais?

— Você não pode mais fugir, Colton. — espero que minhas palavras - as
palavras que ele usou comigo antes - atinja seu alvo e se enraíze.

Ele para meio passo ao lado da minha cadeira, mas mantém a cabeça
inclinada para baixo para evitar olhar para mim. — Você fodidamente não me
possui, Ry. Você não tem que me dizer o que posso ou não posso fazer mais do
que a Tawny. — sua voz é um sussurro, mas suas palavras de ódio me acertam
em cheio.

— Não negociável, lembra? — eu o adverti com desafio que não sinto


refletido em meus olhos. Ele apenas fica lá, impaciente, músculos tensos e eu
me sinto compelida a continuar. Para parar ou iniciar a luta entre nós. — Você
está certo. — eu balanço minha cabeça. — Eu não possuo você... nem quero. Mas
quando você está em um relacionamento, você não pode ferir alguém, porque
você está sofrendo, e em seguida, se salvar. Há consequências, há...

— Eu te disse, Rylee... — ele se vira para mim agora, os olhos ainda


desviando, mas o tom de sua voz - um de puro desgosto - me faz levantar. — Eu
faço o que eu bem entender. É melhor você se lembrar disso.

— Colton... — é tudo que eu posso controlar, sentindo como se tivesse


tropeçado alguns passos para trás por sua afirmação repentina, sua súbita
necessidade de pegar sua vida que ele sente como uma espiral fora de controle.
Mas ele não entende. Não é apenas a sua vida mais. É a minha vida também!
Trata-se do homem que eu amo e as possibilidades que eu sinto. Isso está me
matando tanto quanto a ele, mas ele está muito envolvido em sua própria
cabeça para ver de forma diferente. Eu engulo em seco enquanto tento
encontrar as palavras para lhe dizer isso, para mostrar a ele que nós dois
estamos sofrendo, não só ele. Mas sou muito lenta. Ele bate-me como um soco.

— Você me diz que estamos em um relacionamento, Rylee... tem certeza


que é o que você quer, porque é assim que a minha vida vai ser. — ele grita, seu
corpo em movimento inquieto com toda a sua energia negativa. — A vida
encantada de Colton Fuckin’ Donavan. Para cada up há uma queda livre filha da
puta para baixo. Para cada momento bom há um maldito também. — ele dá um
passo em minha direção, tentando me hostilizar e me pressionar. Eu cavo
minhas unhas em minhas mãos para me lembrar de deixá-lo tirar isso de seu
peito. Para deixá-lo culpar todos no mundo se for necessário, para que ele possa
se acalmar, que isso não é o fim do seu mundo, apesar de sentir como se fosse
para mim. — Você está pronta para esse tipo de rotação na pista da minha vida?
— ele termina, o sarcasmo escorrendo de suas palavras quando ele pisa a poucos
metros de mim. Eu posso sentir a raiva vibrando dele, posso sentir o seu
desespero ao qual ele se agarra e se apega para me fazer reagir. Eu engulo em
seco e balanço a cabeça.
— Tudo bem. — eu digo, tirando a palavra para fora, ganhando tempo
enquanto eu tento pensar no que dizer. — O que é o bom e o mau, então?

— O bom? — pergunta ele, arregalando os olhos enquanto o suor escorre


de seu torso. — O bom é que estou vivo, Rylee. Eu estou vivo, porra! — ele grita,
batendo no peito com o punho. Eu tremo quando seu tom de voz aumenta em
meus ouvidos. Ele confunde a minha reação e se alimenta dela. — O quê? Você
pensou que eu realmente iria dizer você? — digo a mim mesma para não chorar,
digo a mim mesma que não é a resposta que estava esperando, mas quem estou
enganando? Será que realmente pensei que no meio de tudo isso que ele me
seguraria como a sua força? A sua razão? Eu posso esperar, mas para um
homem tão acostumado a depender de si mesmo, eu não deveria estar surpresa.

— Você acha que pode entrar aqui e brincar de casinha, enfermeira


cuidando de minha saúde e todos os meus problemas - todos os meus malditos
demônios - e eles vão desaparecer? Acho que Tawny apenas provou que a teoria
está errada, não é? — ele dá um riso condescendente que come pequenos
buracos que ainda me restam. — O maldito mundo perfeito que você pensa
existir, certo como o inferno que não existe. Você não pode fazer limonada com
um limão que está apodrecendo de dentro para fora.

E eu não tenho certeza do que dói mais, o ácido corroendo em meu


estômago, sua raiva batendo em meus ouvidos ou a dor apertando meu coração.
O tremor deixado pela Tawny se transforma em um terremoto desabrochando
de descrença e dor quando meus pensamentos giram fora de controle e bate a
cabeça na parede, assim como Colton fez. Mas desta vez o dano colateral é
demais para suportar, uma vez que tudo desaba ao meu redor. Meu estômago se
agita novamente quando tento me agarrar a alguma coisa, qualquer coisa, para
me dar uma pontinha de esperança.

Eu preciso de ar.

Eu não consigo respirar.


Eu preciso ficar longe de tudo isso.

Eu dou alguns passos para trás, a necessidade de escapar e tropeço contra


a grade. Eu luto com a necessidade de vomitar de novo, minhas mãos apertando
a madeira sob meus dedos enquanto tento me equilibrar.

— Você não pode mais fugir, Rylee, estamos em um relacionamento. Não


são essas as regras? — sua voz zombeteira está mais perto do que eu esperava e
algo sobre a maneira como ele diz isso, a intimidade atada com sarcasmo, me
ajusta.

Eu me viro. — Eu não estou fugindo, Colton! Eu estou sofrendo!


Malditamente caindo aos pedaços, porque não sei o que dizer ou como
responder a você! — eu grito. — Eu estou puta que estou com raiva de você por
ser assim tão malditamente insensível, porque você está certo! Eu daria tudo
para ter um bebê. Qualquer coisa! Mas não posso e o pensamento de que
alguém pode lhe dar uma única merda que eu não posso me rasga.

Eu trago minhas mãos até minha cabeça e apenas as mantendo ali por
um momento, enquanto tento parar de chorar, tento recolher os pensamentos
que preciso dizer. Eu levanto minha cabeça e olho em seus olhos novamente. —
Mas você sabe o quê? Mesmo se eu pudesse, eu nunca iria usar ou manipulá-lo
para obter um. Eu não sou a maldita Tawny e eu não sou a miserável que a sua
mãe era. — lágrimas rolam pelo meu rosto e olho para ele através de minha
visão turva, ali parado, atordoado com o meu desabafo.

Ele começa a dizer alguma coisa e eu levanto a mão para detê-lo, a


necessidade de terminar o que tenho a dizer. — Não, Colton, eu não estou
fugindo e não vou deixar você, mas não sei o que fazer. Eu não tenho nenhuma
maldita pista! Eu fico aqui e deixo você me rasgar mais? Estou morrendo por
dentro, Colton. Você não consegue ver isso? — eu enxugo as lágrimas e balanço
a cabeça, precisando de algum tipo de reação dele. — Ou eu saio? Nos dou
alguns dias para corrigir a merda que está fodida em nossas cabeças? Então eu
não me ressinto por você ter uma escolha quando eu não faço. Então você
percebe que não sou como todas as outras mulheres que já te usaram.

Dou um passo em direção a ele, o homem que eu amo, e gostaria de


poder fazer algo - qualquer coisa - para aliviar a turbulência dentro dele, mas sei
que não posso. Eu posso sentir que ele está em um ponto de ruptura, assim
como eu, que ser confrontado com a possibilidade de uma criança é mais do que
ele - um homem que sobreviveu a tanto - pode suportar, mas estou perdida em
como ajudar, quando também estou cheia de confusão.

O músculo em se maxilar pulsa enquanto o vejo lutar para permanecer no


controle sobre suas emoções, sua raiva, sua necessidade de liberação e gostaria
de poder fazer algo mais por ele, porque se o meu coração está partido, então
não posso imaginar como está o seu. E a única coisa que acho que posso fazer é
dar-nos algum espaço... vamos nos acalmar... descobrir a nós mesmos para que
possamos estar bem novamente.

Encontrar-nos novamente.

Eu dou mais um passo em direção a ele e ele finalmente levanta os olhos


para encontrar os meus para que eu possa ler o que ele está sentindo. E talvez
seja o fato de que nós realmente nos conhecemos agora, quebraram-se as
paredes de cada um, porque, independentemente de quão duro ele está
tentando mascarar suas emoções, posso ler cada uma delas piscando através de
seus olhos. Medo, raiva, confusão, vergonha, preocupação, incerteza. A verdade
está lá - o que eu sabia que estaria - ele está me empurrando, me desafiando a
fugir para provar a ele que eu sou, de fato, o que ele percebe que todas as outras
mulheres são. E, ao mesmo tempo, vejo remorso lá e uma pequena parte de
mim suspira ao ver, me dá algo para segurar.

Ele dá um passo em minha direção, então nós estamos perto, mas não
nos tocamos. Eu posso ver a emoção piscando em seu rosto, com seus músculos
tensos, enquanto ele tenta conter tudo o que vejo em seus olhos. Tenho medo de
que se eu tocá-lo, nós dois vamos quebrar e agora um de nós precisa ser forte.

Tem que ser eu.

— Olhe para mim, Colton. — digo a ele, à espera de seus olhos para
encontrar os meus novamente. — Sou eu, aquela que corre você. A pessoa que
vai lutar com unhas e dentes por você. A pessoa que vai fazer qualquer coisa -
qualquer coisa - para fazer essa mágoa em seus olhos e a dor em sua alma
desaparecer... fazer a acusação de Tawny ir embora... mas eu não posso. Eu não
posso ser nada para você até que você pare de me empurrar para longe. — eu
dou um passo mais perto, querendo estender a mão, tocá-lo e apagar a dor em
seus olhos. — Porque tudo o que eu quero fazer é ajudar. Eu posso lidar com
você sendo um idiota. Eu posso lidar com você descontando a sua merda em
mim... mas isto não vai consertar as coisas. Não vai fazer Tawny, o bebê ou
qualquer outra coisa ir embora. — eu sufoco com as lágrimas que enchem minha
garganta. — Eu só não sei o que fazer.

— Rylee... — é a primeira vez que ele falou e o desespero na forma como


ele diz meu nome com tanta angústia envia arrepios na minha coluna. — Minha
cabeça está muito fodida agora. — eu engulo em seco e aceno com a cabeça para
que ele saiba que eu o ouvi. Ele fecha os olhos por um instante e suspira em voz
alta. — Olha, eu - eu... eu preciso de algum tempo para acertar tudo... então não
vou empurrá-la para longe mais... eu só...

Eu mordo meu lábio inferior, não tenho certeza se estou chateada que ele
está me dizendo para ir ou aliviada, e aceno com a cabeça. Ele estende a mão
para me tocar e dou um passo para trás, com medo de que se ele fizer, eu não
vou ser capaz de ir embora. — Tudo bem. — digo-lhe, minha voz quase
inaudível, enquanto dou mais um passo para trás. — Eu vou falar com você em
alguns dias.
E não posso olhar para ele novamente, a nossa dor agora é tão palpável,
por razões diferentes, então me viro e ando em direção à casa.

— Rylee. — ele diz meu nome novamente - ninguém pode dizer como ele
faz - e meu corpo para instantaneamente. Eu sei que ele se sente como eu -
incerto, não resolvido, querendo que eu fique e querendo que eu vá - então
apenas mantenho as costas para ele e aceno com a cabeça.

— Eu sei. — eu sei que ele está arrependido - por me ferir, por me amar e
que eu estou sendo submetida a isto, à Tawny, à incerteza, às minhas próprias
inseguranças quando se trata do que não posso lhe dar... tantas coisas que sei
que ele está arrependido... e a maior delas é que ele está arrependido por me
deixar ir embora agora, porque ele não pode se encontrar, para me pedir para
ficar.
Capítulo 20

—E stou tão

orgulhosa de você, amigo. — eu olho nos olhos de Zander e luto contra minhas
próprias lágrimas. Eu quero que ele veja a profundidade dos sentimentos que
tenho por ele e pelo que ele fez. Por dar ao promotor público tudo o que
precisava ao prestar uma queixa formal contra um homem que desapareceu
como o vento. Por se sentar em uma mesa cheia de adultos assustadores e
explicar, com uma voz que você acaba de encontrar novamente, como o seu pai
matou sua mãe - como ele a atacou por trás, a esfaqueou repetidamente e depois
esperou por ela morrer enquanto você se escondia atrás do sofá porque você
deveria estar na cama. Agora isso, é um garoto corajoso. Eu o aperto com força
em meus braços, mais para mim do que para ele e gostaria de poder tirar a
memória dele.

— Como você conseguiu ser tão valente? — pergunto a ele.

Eu não esperava uma resposta, mas quando ele responde, me


surpreende.

— Os super-heróis me ajudaram. — ele diz com um encolher de ombros.


Eu engulo em seco, minha garganta ardendo com tanta emoção que não posso
falar. Eu olho nos olhos de um menino que amo com todo meu coração e não
posso deixar de ver os pedaços do homem adulto que possui também. Meu
coração torce por ambos, e mesmo que esteja cheia de uma incrível sensação de
orgulho, ela é tingida com um pouco de tristeza, porque sei que Colton gostaria
de saber o que Zander fez hoje. As barreiras imaginárias que ele superou, que a
maioria dos adultos nunca poderia imaginar.

Mas eu não posso dizer a ele.

Já se passaram quatro dias desde que deixei a casa dele.

Quatro dias sem nos falar.

Quatro dias para ele, para nós chegarmos à nossa merda individual
juntos.

E quatro dias de caos absoluto para mim em mais de um sentido: The


House, as minhas emoções, o frenesi da mídia sobre um possível bebê, a falta de
Colton.

Digo a Zander que vou colocar seu amado cachorro de pelúcia em seu
quarto e digo-lhe para ir brincar com o resto dos meninos. Ser uma criança,
brincar, rir e esquecer as imagens que o assombram - se isso é mesmo possível.

Eu atravesso os movimentos de preparar o jantar, enquanto os sons


familiares e reconfortantes dos meninos lá fora me ajudam a lidar com a minha
tristeza.

Eu sinto falta de Colton. Estávamos juntos todos os dias por mais de um


mês e eu estou acostumada a sua presença, o seu sorriso, o som de sua voz.
Estou magoada, ele não ligou, mas ao mesmo tempo não esperava que ele
ligasse. Além de mensagens de texto para se certificar de que eu tinha chegado
bem em casa e a música I Am Human, não tenho notícias dele. Ele tem muito a
descobrir, muito para resolver. E Deus, sim, eu quero estar lá ao seu lado, o
ajudando a descobrir tudo, mas não é a minha situação para descobrir. Puro e
simples.
Eu não posso contar quantas vezes peguei o telefone para ligar para ele -
para ouvir a sua voz, para ver como ele está, apenas para dizer oi - mas eu não
posso. Eu sei melhor que ninguém, que até Colton me deixar voltar para o seu
coração barricado, uma chamada não vai fazer nenhum bem.

Eu confeito o bolo que eu tinha feito antes, como uma pequena


recompensa pela bravura de Zander hoje, quando meu telefone toca. Olho para
a tela e aperto ignorar. É um número desconhecido e, provavelmente, um
jornalista querendo me pagar uma boa quantia para falar o meu lado da história
de Tawny. Ela disse à imprensa que eu sou a amante que o fez se separar dela, a
vítima grávida e o amor de sua vida... Colton.

A única bênção, é que os paparazzi não descobriram a The House ainda.


Mas eu sei que não demora muito até que eles façam, e eu ainda estou tentando
descobrir o que eu faço então?

E por alguma razão, a história pintada por Tawny me faz rir. Eu não
acredito nas informações privilegiadas do Page Six que diz que ela e Colton
reacenderam seu caso de amor. Eu estava na casa de Colton. Eu sei o quanto ele
a despreza e tudo o que ela representa. Não é por isso que estou triste.

Eu só sinto falta dele. Tudo nele.

O engraçado é que, desta vez, não estou preocupada que ele vai se voltar
para qualquer uma. Nós passamos esse obstáculo e, francamente, adicionando
outra mulher na mistura só complicaria ainda mais sua vida. Não, não é ele se
voltando para outra mulher que me preocupa, é por ele não vir a mim.

Vozes rompem meus pensamentos enquanto corto as batatas para o


jantar. Eu pego Connor, dizendo: — O idiota está aqui de novo.

— Podemos sempre jogar ovo nele. — esse foi Shane.


Que diabos eles estão falando?

— Ei, pessoal? — chamo-lhes enquanto limpo minhas mãos e me


encaminho para a sala. — Quem está aqui de novo?

Shane inclina a cabeça em direção à nossa janela da frente. — Aquele


cara. — diz ele, apontando. — Ele acha que está muito incógnito estacionado ali.

— Acha que não podemos vê-lo. — Connor interrompe. — E não sabemos


que ele é um fotógrafo. A câmera o está denunciando, cara.

Estou imediatamente puxando as cortinas, olhando para a rua. Antes


mesmo de encontrar o carro, eu sei o que eu vou ver. O sedan azul escuro está
estacionado algumas casas abaixo, parcialmente escondido por outro carro. Eu
tinha esquecido completamente sobre isso.

Pelo menos este paparazzi solitário é ganancioso e mantêm meu


paradeiro tranquilo para que ele possa obter todo o ganho monetário para si
mesmo. Posso ser grata por isso. Mas isso também significa que, se ele
descobriu, outros seguirão em breve querendo começar a colher pela
destruidora de lares que sou suposto ser.

Foda-se! Eu sabia que o anonimato da The House era bom demais para
ser verdade.

— Vamos lá pessoal. Está na hora...

— É tão legal que você vai ficar famosa! — Connor diz quando ele começa
a andar pelo corredor.

Eu começo a corrigi-lo quando Shane faz isso por mim, com um


empurrão brincalhão no ombro. — Não, ela não é, babaca! Colton é o único que
é famoso. Você não sabe de nada?
— Ei! Peça desculpas! — eu grito atrás deles.

— Obrigada por me pegar.

— Sem problemas. — diz Haddie enquanto ela acelera quando o sinal fica
verde. — Foi divertido provocar os fotógrafos, embora não ache que nenhum
deles acreditou em mim quando disse que você estava se escondendo dentro de
casa.

Eu gemo. Levei um tempo para me acostumar com os fotógrafos moendo


sobre a casa, mas agora temo que o pouco que estou acostumada a ter vire um
quintal repleto. — Atrevo-me a perguntar?

Haddie olha para mim e apenas pisca seu sorriso diabólico. — Não, você
não pode, porque nós não estamos pensando nisso... ou Colton... ou eu...
absolutaporramente nada de qualquer significado.

— Nós não estamos? — eu olho para ela e não posso deixar de sorrir, não
posso deixar de estar feliz que ela estava disponível para me pegar no trabalho
para tentar distrair os abutres.

— Não. — ela diz cantando os pneus em uma curva. — Vamos encontrar


um canto escuro e afogar as mágoas, e então nós vamos encontrar uma ímpia
batida quente para dançar até que não nos lembremos de merda nenhuma!

Eu rio com ela, a ideia soa como o paraíso. Um momento para escapar
dos pensamentos constantemente correndo pela minha cabeça e o peso em meu
coração. — O que está acontecendo com você? Que mágoas você está afogando?
— e por um momento estou triste que tenho estado tão ocupada ao longo das
últimas semanas, que não sei a resposta para essa pergunta, quando antes
nunca teria que perguntar.

Ela encolhe os ombros e é extraordinariamente tranquila por um instante


antes que ela fale. — Só algumas coisas com Lexy. — estou prestes a perguntar o
que ela está falando, porque ela e sua irmã são tão próximas, mas ela me dá um
soco. — Nós não estamos falando de qualquer coisa que precisa ser falado,
lembra?

— Soa bem! — eu digo a ela quando as notas da música ganham vida no


carro e nós duas começamos a cantar juntas.

Eu abaixo o meu copo com um tilintar, percebendo que meus lábios estão
um pouco dormentes. Não, muito dormentes. Eu assisto Haddie sorrir para o
homem do outro lado do bar, e em seguida, virar o foco de volta para mim, seu
sorriso se espalhando em um sorriso completo. — Ele parece um bocado com o
Stone. — ela diz com um encolher de ombros, e estou feliz que o meu copo está
vazio ou então teria cuspido.

Eu não sei por que é tão engraçado, porque realmente não é, mas a minha
cabeça começa a conectar os pontos com memórias. Stone me faz pensar em Ace
e Ace me faz pensar em Colton e o pensamento de Colton só me faz querer... ele.
Tudo nele.

— Uh-uh-uh. — Haddie diz percebendo o que eu estou pensando. —


Outra rodada. — ela diz para o barman. — Não pense sobre ele. Você prometeu
Ry. Sem rapazes. Sem tristeza. Perturbação de pênis não é permitida.

— Você está certa. — eu digo a ela com uma risada, esperando que
acredite em mim, mesmo que eu saiba que não estou sendo muito convincente.
— Perturbação de pênis não é permitida. — o garçom desliza novas bebidas à
nossa frente. — Obrigada. — eu murmuro quando me concentro em mexer o
gelo com o meu canudo em vez de pensar em Colton e querer saber o que ele
está fazendo, onde sua cabeça está. E eu falho miseravelmente. — Eu disse a ele
sobre Stone no outro dia.

Estou surpresa que Haddie pode me ouvir. Minha voz é tão suave, mas
sei que ela faz, porque ela dá um tapa no balcão. — Eu sabia que você não
conseguiria. — ela grita, atraindo a atenção das pessoas ao nosso redor. — Eu
sabia que não importa o quanto você teve que beber que ia acabar aí.

— Sinto muito. — digo a ela, torcendo meus lábios. — Eu realmente estou.


— concentro-me em minha bebida, chateada por desapontar minha amiga.

— Ei. — diz ela, esfregando a mão em meu braço. — Eu não consigo


imaginar... eu sinto muito... eu estava apenas tentando abalar o domínio do pau
e abraçar a nossa puta interior um pouco. — eu arqueio uma sobrancelha para o
seu sorriso e apenas balanço a cabeça.

— Puta interior abraçada. — eu digo, descansando minha cabeça em seu


ombro, mas realmente não sinto isso.

— Então, você falou com ele? — ela pergunta.

— Eu pensei que não estávamos falando de pau dominante, homens de


pênis perturbadores nomeados Colton ou Stone. — eu rio baixinho.

— Bem. — ela prolonga a palavra. — O seu é malditamente difícil não


falar, quando ele parece com aquela sua arrogância sexy, olhos venha-me-foder
e toda santa gostosura. Merda, a única razão para chutar um homem como ele
para fora da cama seria para transar com ele no chão.
Eu começo a rir, rio muito, até que de repente, o riso tem lágrimas nos
meus olhos e faz com que meu lábio inferior trema. Eu soluço e imediatamente
amaldiçoo o álcool - tem que ser culpa do álcool - que estou triste de repente e
sentindo falta dele como uma louca.

Se controle, Thomas! Tem sido uma maldita semana. Coragem. Minha


conversa de vitalidade interna falha porque um dia ou dez dias, não importa. Eu
sinto falta dele como uma louca. Qualquer que seja o oposto de pau mandado, é,
eu tenho isso seriamente.

— E ela finalmente o deixa. — diz Haddie, colocando o braço em volta dos


meus ombros e me puxando para seu lado.

— Cale a boca! — eu digo a ela, mas não quis dizer isso.

Quer dizer, eu estou sentada em um bar em uma sexta à noite com a


minha melhor amiga e eu deveria estar me divertindo, mas tudo o que posso
pensar é em Colton. Ele está bem? Ele já fez o teste de paternidade? Será que ele
vai me ligar? Por que ele não me ligou? Ele está pensando em mim como estou
pensando nele?

— Então eu vou jogar isso lá fora, porque nós duas sabemos que mesmo
que estejamos aqui sentadas juntas, Colton está figurativamente entre nós. E
por mais que a ideia possa excitá-lo...

Eu finalmente dou uma gargalhada pela qual ela está trabalhando. —


Ugh! Eu odeio isso.

— Então por que você não liga para ele?

E é aí que reside a pergunta de milhões de dólares.


— Essa coisa toda com Tawny fodeu com ele. Isso trouxe de volta a merda
de seu passado e, tanto quanto eu quero isto - ligar para ele - não vou ter o peso
dele. Liguei para Becks para verificá-lo, se certificar de que ele esteja bem. —
dou de ombros. — Ele disse que fez e que Colton ainda está fodido. Eu quero
falar com ele. — eu admito e ela acaricia meu braço. — Mas preciso dar-lhe o
espaço que ele pediu. Ele vai me ligar quando resolver a sua merda.

— Hmm, me pergunto onde eu já ouvi essa frase antes? — ela brinca e eu


simplesmente dou de ombros.

— Uma mulher muito sábia disse isso, eu acredito.

— Muito sábia de fato. — ela ri, revirando os olhos e tinindo seu copo ao
meu. — E sendo como eu sou aquela mulher, posso lhe oferecer outro
pedacinho de conselho?

— Uma Haddie - psicóloga?

— Sim, uma Haddie - psicóloga. Eu gosto desse termo. — ela acena com a
cabeça em aprovação, enquanto toma mais um gole de sua bebida e sorri
novamente para o cara do outro lado do bar. — Perguntei-lhe uma vez antes, se
você pensou que Colton valia a pena... e agora que você tem mais tempo
investido nisto, você ainda se sente assim? Você vê a possibilidade de um futuro
com ele?

— Eu o amo, Had. — a resposta está fora da minha língua em uma fração


de segundo. Sem hesitação, sem dúvida, completa convicção.

Ela olha para mim um segundo e eu posso dizer que, sob a superfície que
está avaliando minha reação, tentando descobrir toda a imagem e um pouco
surpresa com o meu tudo em resposta. — Você o ama porque ele é o primeiro
cara desde Max ou porque ele é quem você escolheu? Não é porque você quer
consertá-lo, porque nós duas sabemos que você gosta das almas danificadas,
mas porque você escolheu quem ele é agora e quem ele vai ser daqui a cinco
anos?

Eu não respondo a ela, não porque não sei a resposta, mas porque não
posso formar as palavras sobre o nó que as está estrangulando na minha
garganta. E ela pode ver a minha resposta, sabe a pessoa que sou o suficiente
para saber como eu me sinto.

— E se o bebê for dele?

Acho a minha voz. — Nossa... você está realmente batendo com as


perguntas difíceis hoje. Eu pensei que esta noite era para estar pensando em
absolutaporramente nada? Eu pensei que havia uma Haddie - psicóloga aqui
em algum lugar? — e não é como se eu não tivesse me feito estas mesmas
perguntas, mas ouvi-la dizê-las faz tudo parecer tão real.

Porque às vezes a bagagem pode ser uma coisa poderosa e amor só não é
o suficiente para superá-la.

— Eu estou chegando lá. — diz ela, empurrando minha bebida para mim.
— Mas isso é importante, porque a minha melhor amiga está sofrendo, então,
tome uma bebida e responda a pergunta.

Tomo um gole e não consigo lutar contra o meu sorriso resignado. — Não
é se o bebê for dele o problema... é a reação dele que me assusta. — e, pela
primeira vez, estou realmente admitindo em voz alta o que mais temo. — E se
ele é o pai e não puder lidar com isso? Como posso amar um homem que não
pode amar o seu próprio filho, independentemente de quem é a mãe? Dando-
lhe um cheque para comprá-la e agir como se uma criança não existisse? E se
essa for a opção que ele escolher? Como eu poderia passar a noite na cama com
um homem que não reconhece o próprio filho, e em seguida, ir para o trabalho
em uma casa cheia de garotos que aconteceu a mesma coisa com eles? Que tipo
de hipócrita isso faria de mim?
Aí está. Coloquei para fora. Meu maior medo, eu estou apaixonada por
um homem que vai renegar seu próprio filho. Que vou ter que me afastar do
homem que amo, porque ele não pode enfrentar seus próprios demônios, não
pode aceitar o fato de que ele pode ser o homem que seu filho precisaria que ele
fosse. Escolhas comprometedoras, preferências e querer estar em um
relacionamento é uma coisa, comprometer quem você é - as coisas enraizadas
em você, suas crenças e sua moral - não são negociáveis.

Eu suspiro e balanço a cabeça. — O que acontece em seguida, Haddie? E


se essa for a escolha dele?

— Bem... — ela estende a mão e aperta a minha. — ...ainda não há


respostas, assim, é um ponto discutível agora. Em segundo lugar, você tem que
dar a ele o benefício da dúvida... ele ficou chocado, triste, irritado no outro dia,
quando foi pego de surpresa... mas ele é uma boa pessoa. Olha como ele é com
os meninos.

— Eu sei, mas você não estava lá. Você não viu como ele reagiu quando...

— Você sabe o que eu digo? — diz ela, me cortando e levantando as duas


doses de tequila que estão intocadas no balcão à nossa frente. Eu olho para ela,
tentando descobrir por que, de repente, ela quer brindar quando eu estava no
meio de falar de coração para coração, mas eu levanto o meu copo. — Eu digo,
nunca olhe para baixo em um homem a menos que ele esteja entre suas pernas.

Eu engasgo com o simples sopro de ar que eu estava inspirando. Eu


deveria estar acostumada com ela, eu realmente deveria, mas ela sempre me
surpreende e me faz amá-la muito mais. Quando eu paro de rir eu olho para ela.
— Um para sorte...

— E um para coragem. — ela termina conforme jogamos o álcool para


dentro.
Congratulo-me com a ardência, congratulo-me com o aqui e agora, com a
minha melhor amiga, e quando a minha ficha cai do que diabos ela acabou de
dizer, eu olho para ela pelo canto do meu olho. — A menos que ele esteja entre
as suas pernas, hein? Isso é um velho ditado de família? Passado de geração em
geração?

— Sim. — disse ela, torcendo os lábios, lutando contra o sorriso que sei
que está por vir. — Nunca perturbe um homem quando ele está comendo a Y19.

— Haddie. — eu ri. — Sério?

— Eu posso continuar durante toda a noite, irmã! — ela brinda seu copo
com o meu novamente, minhas bochechas doendo de tanto sorrir. — E aqui está
outro. Quando sua melhor amiga está triste? É o seu trabalho levá-la para
encher a cara e sair para dançar.

— Bem. — digo, deslizando para fora da banqueta e levo um minuto para


deixar o bar parar de rodar. — Eu acho que é uma ideia perfeita pra caralho!

Haddie paga nossa conta e chama um táxi enquanto caminhamos


desajeitadamente até a porta da frente. E me faço desistir de convencê-la a me
levar para a casa de Colton, porque agora, eu realmente só quero Colton - da
melhor maneira, da pior maneira - em todos os sentidos.

— Vamos, estamos prontas para ir. Três horas em um bar é muito tempo.
— diz ela, enquanto coloca o braço em volta de mim e me ajuda a caminhar
respeitavelmente para a saída.

E quando nós ultrapassamos a porta do bar, a noite de céu escuro


explode em uma barragem eletrizante de flashes ofuscantes e gritos.

19
Gíria para vagina.
— Como você se sente sendo conhecida como destruidora de lares?

— Você não tem nenhum remorso de se intrometer entre Colton e


Tawny?

— Não é hipocrisia você tentar fazer Colton abandonar seu bebê, quando
isso é o que você faz para viver?

E eles continuam chegando para mim. Um após o outro, depois outro.


Sinto-me presa quando Haddie tenta me guiar através do congestionamento de
câmeras, microfones, flashes e desprezo.

Eu acho que a imprensa me encontrou.


Capítulo 21

Colton

— V ocê está

brincando comigo, certo? — eu luto contra o desejo de esmagar alguma coisa.


Esse desejo estimula cada porra da minha emoção, o que me faz ansiar o som de
destruição. O som da minha maldita vida, implodindo.

Minha mente empurra para fora as imagens que piscam dos últimos dias.

Sangue extraído, indicadores de DNA e malditos testes de paternidade.

Tawny e suas mentiras de merda e lágrimas de crocodilo que a porra dos


abutres estão comendo como carne fresca.

Visitando Jack e Jim20 e ficando tão cansado de olhar para a minha vida
através do fundo de um copo vazio, eu só escolho beber direto da maldita
garrafa.

E depois há Rylee.

Maldita Rylee.

20
Referência a duas marcas de uísque. Jack Daniels e Jim Beam.
Pequenos pedaços dela em toda parte. Lençóis que ainda cheiram a ela.
Um elástico no balcão do banheiro. Latas de sua amada Coca Diet alinhadas
perfeitamente na geladeira. Seu Kindle na mesa de cabeceira. Os fios de seu
cabelo na minha camisa. A prova de que sua perfeição existe. A prova de que
algo tão bom - tão puro - na verdade pode querer alguém como eu -
contaminado e fodido com um F maiúsculo.

Quero, preciso, odeio que eu queira, odeio que eu precise dela pra
caralho, mas não posso tê-la. Eu não posso puxá-la para essa maldita
tempestade de merda que me rodeia, não quero que ela tenha que lidar com a
merda que eu mesmo odeio, até que eu possa resolver tudo. Até que eu possa
controlar as emoções que estão governando minhas ações.

Até eu conseguir um negativo no teste de DNA.

Minha mãe me fodeu mesmo. Fodeu direitinho e ela só me conheceu por


8 dos meus 32 anos... se isso não diz alguma coisa, eu não sei o que mais faz. Eu
não posso ser amado. Se alguém me ama - se deixar alguém entrar - meus
próprios demônios começarão sobre eles também. Trabalhando seu caminho
através das rachaduras em mim e encontrar uma maneira de arruiná-los.

— Colton, você está aí?

Eu me puxo dos meus pensamentos - os mesmos malditos que têm


funcionado como um hamster na roda através da merda na minha cabeça
durante a semana passada. — Sim. — eu respondo a minha agente. — Eu estou
aqui, Chase. — eu empurro os jornais em cima da mesa na minha frente para
longe, mas não importa se eu jogá-los no lixo ou queimar os filhos da puta,
porque a imagem de Rylee saindo daquele bar ainda está gravada em meu
cérebro. Os olhos chocados, lábios entreabertos e parecendo ser esmagada pelo
turbilhão que a atingiu quando ela saiu.
E essa porra me mata! Rasga-me, que minha besteira - estando comigo -
causou aquele olhar em seu rosto. O medo em seus olhos. Tudo o que eu quero
fazer é estar com ela, meu braço em torno dela, mas eu não estou. Eu não posso,
porque eu não tenho as palavras ou ações para torná-lo melhor. Para fazer ir
embora. Para protegê-la.

— Esta é uma besteira do caralho e você sabe disso.

Ouço minha agente suspirar do outro lado da linha. Ela sabe que estou
com raiva, sabe que não importa o que ela diga, não vou estar feliz a menos que
ela me diga para encontrar os bastardos que estão assediando Ry, e soltar a
minha necessidade de destruir. — Colton, levando em consideração as acusações
de Tawny, é melhor você não fazer nada. Se você reagir, sua imagem pública...

— Eu estou me fodendo para minha imagem pública!

— Oh acredite em mim, eu sei. — ela suspira. — Mas se você reagir, a


imprensa vai devorar isso, e então, mais tempo eles ficam por aqui para ver você
estragar tudo ou perder o controle. Isso significa mais tempo que eles ficam em
volta de Rylee...

Foda-se tudo, se ela não está certa. Mas merda, o que eu não daria para
andar para fora dos portões e dar-lhes a minha opinião. — Um dia desses,
Chase. — eu digo a ela.

— Eu sei, eu sei.

Eu lanço o meu telefone no sofá na minha frente e esfrego as mãos sobre


meu rosto, antes de afundar de volta no sofá e fechar meus olhos. O que diabos
vou fazer? E desde quando dou à mínima?
O que diabos aconteceu comigo? Nunca fui de dar a mínima para nada
nem ninguém, nem à ausência de Rylee e querendo ver os meninos. Amarras e
essas merdas. Foda-se.

Uma voz agradecendo a minha governanta, Grace, me traz de volta ao


presente dos malditos unicórnios e arco-íris de merda que não pertencem aos
meus pensamentos. Merda que está associada com mulherzinha e pau
mandado. Merda que não tem lugar na minha cabeça misturado com o outro
veneno que vive lá.

Eu espero um segundo. Eu sei que ele está lá, me observando, tentando


descobrir o meu atual estado de espírito, mas não diz nada. Eu abro um olho e o
vejo encostado no batente da porta, braços cruzados sobre o peito e
preocupação enchendo seus olhos.

— Você só vai ficar aí e me observar ou vai entrar e julgar-me cara a cara?

Ele olha para mim um instante mais e eu juro por Deus, eu odeio esse
sentimento. Odeio saber que, juntamente com toda a porra das outras pessoas
na lista longa e distinta, estou deixando ele para baixo também. — Sem
julgamento filho. — diz ele, quando faz o seu caminho para a sala e se senta no
sofá na minha frente.

Eu não posso trazer meus olhos ao encontro dos dele e agradeço a Cristo
por Grace ou este maldito lugar seria um desastre, e ele realmente saberia o
quanto toda essa situação com Tawny me fodeu. Puxo uma respiração profunda
desejando que eu tivesse uma cerveja agora. Poderia muito bem começar a festa,
certo? — Manda ver, pai, porque tenho certeza como a merda que você não está
aqui apenas para dizer oi.

Ele fica em silêncio por um pouco mais e eu não consigo suportar isso. Eu
finalmente olho para ele. Ele encontra meu olhar, olhos cinzentos contemplando
o que dizer enquanto ele torce os lábios em pensamento. — Bem, eu posso dizer
honestamente que parei para ver como você estava no meio de tudo isso. — diz
ele, acenando com a mão no ar com indiferença. — Mas é bastante óbvio, desde
que você está com um humor de merda. — ele se recosta no sofá e coloca os pés
em cima da mesa de centro e apenas me olha. Merda, ele está se fazendo
confortável. — Você vai falar, filho, ou vamos ficar sentados olhando um para o
outro a noite toda? Porque eu tenho todo o tempo do mundo. — ele olha para o
relógio e, em seguida, de volta para mim.

Porra! Eu não quero falar sobre essa merda. Eu não quero falar sobre
bebês e mulheres cavando ouro, meninos ou a falta de uma mulher que eu não
consigo parar de pensar. — Porra, eu não sei.

— Você vai ter que me dar mais do que isso, Colton.

— Como o quê? Que fodi tudo? É isso que você quer ouvir? — eu o instigo
a reagir. E é bom empurrar alguém para variar. Todo mundo tem me evitado,
me tratando com luvas de pelica na semana passada com medo do meu
temperamento estourar, então é bom mesmo se eu vou me sentir como uma
merda mais tarde por fazê-lo para o meu pai. — Você quer que eu lhe diga que
eu fodi a Tawny e agora estou recebendo o que eu mereço, porque a larguei
como a porra de um carvão quente e agora ela está vindo atrás de mim dizendo
que ela está grávida? Que não quero um filho - não vou ter um filho - com ela ou
qualquer outra pessoa? Nunca. Porque eu me recuso a deixar alguém usar uma
criança como um peão para conseguir o que quer de mim. Porque como diabos
posso ser um pai para uma criança quando estou tão fodido agora quanto eu era
quando você me encontrou?

Saio do sofá e começo a caminhar pela sala. Estou irritado com ele, que
ele não pegou a dica - que não me pressionou e me deu a luta que eu estou
ansioso para ter - e está apenas sentado ali com aquele olhar de completa
aceitação e compreensão. Pacífico. Eu quero que ele me diga que me odeia, que
ele está desapontado comigo, que mereço tudo o que estou recebendo agora,
porque isso é tão malditamente mais fácil para eu segurar do que acreditar no
contrário.

— E o que Rylee pensa de tudo isso?

Eu paro e me viro para olhar para ele. O quê? Eu não esperava que isso
saísse de sua boca. — O que você quer dizer?

— Eu perguntei, o que Rylee pensa de tudo isso? — ele se inclina para


frente, com os cotovelos sobre os joelhos, os olhos me questionando sob
sobrancelhas arqueadas.

— Foda-se, se eu sei. — eu resmungo e meu pai balança a cabeça. Deus,


eu odeio ter que me explicar. Mas é o meu pai. Meu super-herói do jogo, como
não me explicar? — Ela estava aqui quando Tawny soltou a bomba. Tivemos
uma briga porque eu estava descontando tudo nela, sendo um idiota sem
consideração. Reclamando sobre um bebê que eu não quero, quando ela não
pode ter um. Eu estava em forma estelar. — eu digo-lhe rolando meus olhos. —
Nós concordamos em nos dar alguns dias para resolver as nossas coisas.
Resolver as minhas coisas.

— E você não falou com ela desde então?

— O que é isso, pai? Vinte malditas perguntas? Parece-lhe que eu resolvi


a minha merda? — eu bufo uma risada irônica. Um passo para a frente, e depois,
malditos vinte passos para trás. — Tawny ainda está malditamente grávida? Os
resultados do teste ainda não voltaram? Sim, e um grande fodido não... então,
não, eu não liguei para ela ainda. Credite isso a apenas mais uma coisa para você
segurar contra mim.

Ele só olha para mim. — É isso que eu estou fazendo? Segurando sua
merda contra você? Porque parece que você está fazendo um maldito bom
trabalho você mesmo, filho. Então me deixe fazer a pergunta que você deve estar
se perguntando: Por que você não puxou sua cabeça para fora de sua bunda e
ligou para ela?

Eu exalo um suspiro alto. Porra. — Eu não quero falar sobre isso agora,
pai. — Basta ir embora. Deixe-me para baixo com a próxima garrafa de Jack,
enquanto o relógio corre para que os médicos tomem o seu maldito doce tempo
para decidir se eu apenas fodi a vida de uma criança por nascer. Porque se o
filho for meu, porra, ele já começou com uma alma manchada e isso - isso é algo
que não posso ter na minha consciência.

— Bem, eu quero falar sobre isso, então puxe uma cadeira para a sua
própria festa de piedade, Colton, porque não vou embora até que terminemos de
falar. Entendido?

Minha boca fica aberta e sou transportado de volta para quinze anos atrás
e minha noite em custódia por corridas de arrancada. Para aquele momento em
que ele me pegou, me passou os sermões filhos da puta e disse-me como ia ser
dali em diante. Porra. Eu tenho pelos no peito, casas e merda agora, mas ele
ainda pode fazer com que me sinta como um adolescente.

Raiva cintila por mim. Eu não preciso de um maldito psicólogo agora, eu


preciso de um maldito exame de sangue negativo. E Rylee enrolada a mim com
um suspiro suave caindo de seus lábios enquanto eu afundo nela. O prazer final
para enterrar toda essa dor de merda.

— Então. — diz ele, me puxando de volta para ele em vez de pensar nela.
— Você vai deixá-la ir sem lutar? Deixá-la sair de sua vida por causa de Tawny?

— Ela não está vai embora! — eu grito com ele, chateado que ele pensaria
que ela faria. Será que ela faria?
Ele só levanta uma sobrancelha. — Exatamente. — meus olhos saltam
para encontrar os seus. — Então pare de tratá-la como você fez. Ela não é sua
mãe.

Eu quero gritar para ele que, porra, eu sei que ela não é. Para nem mesmo
colocá-la na mesma frase com a minha mãe, mas ao invés disso eu brinco com a
costura no sofá enquanto procuro a resposta que acho que ele quer ouvir. Que
estou tentando convencer a mim mesmo. — Ela não merece isso... a merda que
vem comigo. Meu passado... agora a porra do meu possível futuro.

Ele faz um zumbido em sua garganta e eu odeio isso, porque eu não


consigo descobrir o que significa. — Não é ela que tem que decidir, Colton? Quer
dizer você está tomando decisões por ela... ela não deveria ter uma palavra a
dizer?

Cale a boca, eu quero dizer a ele. Não me lembre o que diabos ela
merece, porque eu já sei. Eu já sei, porra! E sei por que eu não posso dar a ela.
Eu pensei que pudesse... pensei que poderia ser capaz e agora com isso, eu sei
que não posso. Isso reforçou todas as coisas que ela disse... todas as coisas que
nunca vou ser capaz de purificar de minha maldita alma.

— Você diz que ela não vai deixá-lo quando as coisas ficam difíceis, filho,
mas suas ações estão me dizendo algo completamente diferente. E ainda assim
você não a viu lutando por você todos os malditos dias quando você estava
naquela cama de hospital. Todos os malditos dias. Nunca saía. Então isso me
leva a acreditar que este pequeno dilema que tem aqui não é sobre ela.

Cada parte de mim se revolta contra as palavras que ele diz. As palavras
ditas por qualquer outra pessoa teria me preparado para a raiva, mas o respeito
me impede de gritar com o homem que está batendo um pouco perto demais da
verdade.
— É sobre você. — a tranquila determinação em sua voz flutua pela sala e
me dá um tapa na cara. Provoca-me a morder a isca e não consigo segurar mais.

E eu não quero fazer isso mais do que quero passar outra noite sem Rylee
na minha cama. Procurando muito perto provoca fantasmas mortos a flutuar à
superfície maldita e não tenho mais espaço para fantasmas, porque meu
armário já está cheio de malditos esqueletos.

Mas o fósforo está aceso, a gasolina foi lançada. Fogo dentro do caralho
inflamado e toda a frustração, incerteza e solidão da semana passada vem à
tona, explode dentro de mim. Eu provoco um buraco no maldito chão andando
de um lado para o outro enquanto tento lutar contra isso, tento controlar, mas
não adianta.

— Olhe para mim, pai! — eu grito para ele enquanto ele se empoleira no
sofá. Eu estendo minhas mãos para o meu lado, e me odeio pela pausa na minha
voz, me odeio pelo show inesperado de fraqueza. — Olha o que ela fez para mim!
— e eu não tenho que explicar quem é ela, porque o desprezo escorrendo de
minha voz explica o suficiente.

Eu fico lá braços soltos, sangue bombeando, temperamento furioso e ele


apenas fica lá, calmo quanto pode ser e sorrindo - porra, sorrindo - para mim. —
Eu estou olhando, filho. Eu olho para você todos os dias e acho que você é uma
pessoa incrível.

Suas palavras batem o vento fora de minhas veias. Eu grito com ele e ele
volta para mim com isso? Que tipo de jogo que ele está fazendo? Foda a cabeça
de Colton mais do que o normal? Merda, eu ouço as palavras, mas não as deixo
se enraizar. Elas não são verdadeiras. Não podem ser. Incrível e danificados não
andam juntos.
Incrível não pode ser usado para descrever uma pessoa que diz ao
homem lhe molestando que o ama, não importa se as palavras são forçadas ou
não.

— Porra, isso não é possível. — murmuro no silêncio da sala quando


memórias desprezíveis revivem a minha raiva, isola a minha alma. Eu não
consigo nem olhar nos olhos dele, porque ele pode ver o quão fodido eu
realmente sou. — Isso não é possível. — repito para mim mesmo, com mais
ênfase desta vez. — Você é meu pai. Você tem que dizer isso.

— Não, eu não. E, tecnicamente, eu não sou seu pai, então não tenho que
dizer nada. — agora isso, me para morto no meu percurso... me traz de volta a
ser uma criança assustada com medo de ser enviado de volta. Ele nunca disse
nada parecido com isso para mim antes, e agora estou assustado pra caralho
com a direção que essa conversa tomou. Ele se levanta e caminha em minha
direção, os olhos presos nos meus. — Você está errado. Eu não tinha que parar e
sentar com você na porta. Eu não tinha que levá-lo ao hospital, adotar você, te
amar... — ele continua alimentando cada insegurança de infância que eu já tive.
Eu me forço a engolir. Forço-me a manter meus olhos fixos nos dele, porque, de
repente, estou assustado pra caralho de ouvir o que ele tem a dizer. As verdades
que ele vai admitir. — ...mas você sabe o que, Colton? Mesmo com oito anos de
idade, com medo e faminto, eu soube - eu soube então a pessoa incrível que você
era - que você era esse ser humano incrível que eu não pude resistir. Não se
afaste de mim! — sua voz troveja e choca o inferno fora de mim. De calma e
tranquilizadora para irritada em um instante.

Eu paro no lugar, a minha necessidade de escapar desta conversa que


está causando tanta merda que se agita e revolta dentro de mim me implorando
para continuar andando direto pela porta para a praia abaixo. Mas eu não faço.
Eu não posso. Eu andei longe de cada maldita coisa na minha vida, mas eu não
posso fugir daquela pessoa que não se afasta de mim. Minha cabeça pende,
meus punhos cerram antecipando as palavras que ele vai dizer.
— Eu esperei quase vinte anos para ter essa conversa com você, Colton. —
sua voz está mais calma agora, mais estável e isso me assusta mais do que
quando ele se enfurece. — Eu sei que você quer fugir, sair por aquela maldita
porta e escapar para a sua amada praia, mas você não vai. Eu não vou deixar
você tomar o caminho covarde.

— Covarde? — eu abaixo, virando-me para encará-lo com anos de raiva


reprimida. Anos de querer saber o que ele realmente pensa de mim vindo à
tona. — Você chama o que passei de tomar o caminho covarde? — e o sorriso no
rosto está de volta, e mesmo sabendo que ele está apenas me incitando,
tentando me provocar para que eu morda a isca e me livre de tudo, eu ainda
aguento. — Como você ousa ficar aí e agir como, apesar de você me acolher, foi
fácil para mim. Que a vida foi fácil para mim! — eu grito, meu corpo vibrando
com a raiva tomando conta, o ressentimento implodindo. — Como você pode me
dizer que eu sou esta pessoa incrível quando, por 24 anos, me disse um milhão
de malditas vezes que você me ama - ME AMA - e nenhuma vez eu disse isso de
volta para você. Nenhuma maldita vez! E você está me dizendo que você está
bem com isso? Como eu posso não pensar que estou fodido quando você me deu
tudo e eu lhe dei absolutamente porra de nada de volta? Eu não posso sequer
lhe dar as três palavras malditas! — quando as últimas palavras deixam meus
lábios eu volto a mim e percebo que estou a centímetros do meu pai, o meu
corpo tremendo com a raiva que me consumiu inteiro por toda a vida como
pequenas manchas as quais estão sendo escavadas da porra do meu coração
endurecido.

Dou um passo para trás e num piscar de olhos. Ele está bem na minha
cara. — Nada? Nada, Colton? — sua voz grita para a sala. — Você me deu tudo,
filho. A esperança, o orgulho e o maldito inesperado. Você me ensinou que não
há problema em ter medo. Que às vezes você tem que deixar aqueles que ama
perseguir o maldito vento por um capricho, porque é a única maneira que eles
podem se libertar de dentro dos pesadelos. Foi você, Colton, que me ensinou o
que era para ser um homem... porque é fácil pra caralho ser um homem quando
o mundo lhe é entregue numa bandeja de prata, mas quando lhe é entregue o
sanduíche de merda pelo qual você foi negociado, e então você se transforma no
homem que está diante de mim? Agora, meu filho, esta é a definição de ser um
homem.

Não, não, não, eu quero gritar com ele para tentar abafar os sons que não
posso acreditar. Eu tento cobrir meus ouvidos como um garotinho de merda,
porque é muita coisa. Tudo isso - as palavras, o medo, a porra da esperança de
que eu só poderia ser de fato um pouco curvado e não completamente quebrado
- é apenas demais. Mas ele não está satisfeito, e é preciso cada grama de
controle que eu tenho para não dar um soco nele quando ele puxa as minhas
mãos dos meus ouvidos.

— Uh-uh. — ele grunhe com o esforço necessário. — Eu não vou embora


até eu dizer o que vim para dizer - o que eu insinuei dizendo a você por muito
tempo - e agora percebo o quão errado fui como pai por não forçá-lo a ouvir isto
antes. Assim, quanto mais você lutar comigo, quanto mais tempo isso vai
demorar, então sugiro que você me deixe terminar, meu filho, porque como eu
disse antes, tenho toda a porra do tempo do mundo.

Eu fico olhando para ele, perdido em dois corpos em conflito: um


garotinho implorando desesperadamente pela aprovação e um homem adulto
incapaz de acreditar uma vez que ela seja dada. — Mas não é poss...

— Nada de, mas, filho. Nada. — diz ele, virando-me para que ele não
esteja me tocando por trás sabendo que eu não posso lidar com isso mesmo
depois de todos esses anos, para que ele possa olhar nos meus olhos... então eu
não posso me esconder da sua absoluta honestidade. — Nem um único dia
desde que te conheci eu me arrependi da minha escolha por você. Nem quando
se rebelou ou lutou comigo ou correu pela rua ou roubou os trocados do
balcão...

Meu corpo sacoleja pelo comentário - a porra do garotinho em mim


devastado por ter sido pego - mesmo que ele não esteja com raiva.
— ...Você acha que eu não sabia sobre o pote de trocados e a caixa de
comida que você escondeu debaixo de sua cama... o estoque que você mantinha
no caso de pensar que nós não iríamos lhe querer mais e jogá-lo na rua? Você
não percebeu todo o trocado de repente que eu deixava por todo lado? Deixei de
propósito, porque não me arrependo um só momento. Não quando você
empurrou todos os limites e quebrou todas as regras possíveis, porque a
adrenalina do desafio era muito mais fácil de sentir do que a merda que ela
deixou fazerem a você.

Minha respiração trava em suas palavras. A porra do meu mundo gira


preto e ácido estoura como lava em meu estômago. Realiza espirais ao pensar
que meu maior medo se tornou realidade... ele sabe. Os horrores, minha
fraqueza, as coisas desprezíveis, o amor professado, as manchas no meu
espírito.

Eu não posso trazer meus olhos para encontrar os dele, não posso
empurrar a vergonha longe o suficiente para falar. Sinto sua mão no meu ombro
enquanto tento me concentrar novamente no borrão entorpecente do meu
passado e escapar das lembranças tatuadas na minha maldita mente – na porra
do meu corpo - mas não posso. Rylee me fez sentir - quebrando a porra da
barreira - e agora eu não posso evitar, exceto fazer nada.

— E enquanto nós estamos esclarecendo tudo. — ele diz, sua voz


assumindo um tom muito mais suave, sua mão apertando meu ombro. — Eu sei,
Colton. Eu sou seu pai, eu sei.

A porra do chão sai debaixo de mim e tento puxar meu ombro fora do seu
controle, mas ele não me deixa, não me deixa virar as costas para ele e esconder
as lágrimas queimando meus olhos como picadores de gelo. Lágrimas que
reforçam o fato de que eu sou uma mulherzinha que não lidou com nada, afinal.

E por mais que quero que ele cale a porra da boca... me deixe em paz... ele
continua. — Você não precisa dizer uma palavra para mim. Você não precisa
cruzar a linha imaginária em sua cabeça que o faz temer que uma admissão faça
todo mundo lhe deixar, vai provar que você seja menos homem, fará de você o
peão que ela queria que você fosse...

Ele faz uma pausa e leva cada grama de tudo dentro de mim para tentar
encontrar seus olhos. E eu faço por uma fração de segundo antes que a porra da
porta para o pátio, a areia debaixo dos meus pés e a queima de oxigênio em
meus pulmões, enquanto meus pés batem na praia me chama como heroína
para um viciado. Escapar. Correr. Fugir. Mas eu estou malditamente congelado
no lugar, segredos e mentiras agitando e colidindo com a verdade. A verdade
que ele sabe, mas eu ainda não consigo pronunciar depois de vinte e quatro anos
de silêncio absoluto.

— Portanto, não fale agora, apenas ouça. Eu sei que ela os deixou fazer
coisas para você que são desprezíveis e repugnantes e me dão nojo. — meu
estômago se agita e torce, minha respiração estremecendo ao ouvir em voz alta.
— ... coisas que ninguém deveria ter de suportar... mas você sabe o quê, Colton?
Isso não significa que seja sua culpa. Isso não significa que você mereceu, que
você deixou isso acontecer.

Eu deslizo na parede atrás de mim até que estou sentado no chão como
um maldito garotinho... mas suas palavras, as palavras do meu pai... levou-me
de volta para lá.

Assustaram-me.

Modificaram-me.

Fodeu com a minha cabeça, assim, memórias começam a empurrar


através dos buracos do meu fodido coração e alma.

Eu preciso ficar sozinho.


Preciso de Jack ou Jim.

Preciso de Rylee.

Preciso esquecer. Mais uma vez.

— Pai? — minha voz está trêmula. O som de uma putinha pedindo


permissão e porra, agora mesmo, não é isso que eu sou? Na porra do chão mais
uma vez, a ponto de vomitar, o corpo tremendo, a cabeça correndo enquanto
meu estômago se revolta?

Ele está sentado no chão, ao meu lado, como ele costumava fazer quando
eu era pequeno, com a mão no meu joelho, sua paciência me acalmando um
pouco. — Sim, filho? — sua voz é tão suave, tão hesitante, que eu posso dizer que
ele está com medo de que me pressionou demais. Que ele me quebrou mais
quando já era malditamente quebrado e colado com fita adesiva por muito
tempo.

— Eu preciso, eu preciso ficar sozinho agora.

Eu o ouço exalar a respiração, sinto a sua aceitação resignada e seu amor


sem fim. E eu preciso que ele vá. Agora. Antes que eu perca o controle.

— Tudo bem. — ele diz suavemente. — Mas você está errado. Você pode
nunca ter dito as palavras em voz alta - pode nunca ter me dito que me amava -
mas eu sempre soube, porque você ama. Está em seus olhos, quando o seu
sorriso se ilumina quando você me vê, o fato de que você compartilhava suas
queridas barras Snickers comigo sem questionar. — ele ri com as lembranças. —
Como você me deixava segurar sua mão e me deixava ajudá-lo a entoar os seus
super-heróis quando você deitava na cama para que pudesse dormir. Então
palavras, não, Colton... mas você me disse todos os dias, de uma forma ou de
outra. — ele fica em silêncio por um momento, conforme uma parte minha
permite o fato de que ele sabe se enraizar. Que toda a preocupação que tive ao
longo de todos esses anos que ele não sabia o quanto eu senti não importava. Ele
sabia.

— Eu sei que o seu maior medo é ter um filho...

A euforia que me levantou é sufocada pelo medo de suas palavras. Isso


tudo é apenas demais - muito, muito rápido quando há tanto tempo que tenho
sido capaz de esconder isso. — Por favor, não. — eu imploro, apertando os olhos
fechados.

— Tudo bem... eu joguei um monte de merda pra você, mas era hora de
você ouvir. E me desculpe, eu provavelmente fodi com a sua cabeça mais do que
precisava de mim, mas, filho, só você pode consertar isso agora - lidar com isso,
agora que todas as cartas estão na mesa. Mas tenho que lhe dizer, você não é sua
mãe. O DNA não faz de você um monstro como ela... como se você fosse ter um
filho, seus demônios não serão transferidos para essa nova vida.

Meus punhos cerram, os dentes rangem com as últimas palavras -


palavras que alimentam o pior dos meus medos - a vontade de quebrar alguma
coisa retornando. Para afogar a dor que está de volta como uma vingança. Eu sei
que ele me pressionou ao ponto de ruptura. Eu posso ouvir seu suspiro
silencioso através dos gritos de todo meu ser.

Ele se levanta lentamente e digo a mim mesmo para olhar para ele. Para
mostrar a ele que o ouvi, mas não consigo fazê-lo. Sinto sua mão no topo da
minha cabeça, como se eu fosse um menino de novo, e sua incerta voz sussurra:
— Eu te amo, Colton.

As palavras enchem a porra da minha cabeça, mas eu não posso levá-las


além do medo apresentado na minha garganta. As memórias do canto que eu
costumava dizer que foi seguido pela brutalidade e dor indizível. Por mais que
eu queira dizer a ele - sinto a necessidade de dizer a ele - eu ainda não posso.
Veja, o exemplo perfeito, eu quero dizer a ele, para demonstrar como
fodido eu sou. Ele apenas mostrou seu maldito eu para mim e eu não posso dar-
lhe uma maldita resposta porque ela roubou de mim. E ele acha que eu poderia
ser um pai? Ela fez meu coração preto e meu interior podre. Não há nenhuma
maneira no inferno que eu poderia passar isso para alguém, se houvesse a
possibilidade remota de que isso pudesse acontecer.

Ouço a porta fechar e só permaneço no chão. A luz do lado de fora se


desvanece. Jack me chama, me seduz, me permite afogar em seu conforto,
nenhum copo necessário.

Confusão me afunda como um pântano. Arrasta-me para baixo.

Preciso limpar a merda na minha cabeça.

Eu preciso resolver a minha merda.

Só então é que posso ligar para Ry. E Deus, eu quero ligar para ela. Meu
dedo pairando sobre a porra do botão de chamada. Pairando lá por mais de uma
hora.

Chamar.

Terminar chamada.

Chamar.

Terminar chamada.

Porra!
Eu aperto meus olhos fechados, cabeça confusa por mais do que eu já
bebi. E eu começo a rir ao que eu fui reduzido. Eu e o chão estamos nos
tornando melhores malditos amigos. Foda-se.

Não é difícil subir quando você já está no fundo do poço de merda. Hora
de montar a porra do elevador. Eu começo a rir. Eu sei que há uma única
maneira de limpar a minha cabeça - minha única droga maldita além de Rylee -
que vai ajudar a manter os demônios afastados por um tempo. E por mais que
precise de Rylee agora, eu preciso fazer isso primeiro para começar a resolver a
minha merda. Minha mão direita treme pra caralho quando vou fazer a ligação,
e quando a faço, eu estou apavorado pra caralho, mas está na hora.

Cabeça em linha reta.

Então Rylee.

Passos de bebê filhos da puta.

— Ei, idiota. Eu não sabia que você conhecia o meu número de telefone
tem sido um longo maldito tempo desde que me ligou.

Uma velha senhora do caralho. Deus, eu amo esse cara.

— Tire a porra do carro, Becks.

Sua risada para em um instante, o silêncio me assegurando de que ele me


ouviu, ouviu as palavras que sei que ele está esperando ouvir desde que recebi a
liberação.

— O que está acontecendo, Wood? Você tem certeza?


Que se passa com todo mundo, porra, me questionando esta noite? — Eu
disse para tirar a porra do maldito carro!

— Tudo bem. — ele fala pausadamente. — Onde está sua cabeça?

— Porra, sério? Primeiro você me pressiona para entrar no filho da puta e


agora você está questionando o fato de que eu quero? Quem é você, minha
maldita ama de leite?

Ele ri. — Bem, eu gosto que brinquem com meus mamilos, mas merda,
Wood, eu acho que se você tocá-los me daria um tesão inverso.

Eu não consigo parar a risada que vem. Foda Beckett. Sempre um balde
de risada de merda. — Pare de gozar comigo, você pode me liberar a pista ou
não?

— Você pode tirar o insulto de sua voz e abaixar o Jack, porque isso é
uma denúncia de que sua cabeça ainda está fodida... por isso vou repetir a
minha pergunta novamente. Onde está sua cabeça?

— Em todo o maldito lugar! — eu grito com ele, falhando miseravelmente


em não parecer bêbado — Droga, Becks! É por isso que eu preciso da pista. Eu
preciso limpar a merda dela para ajudar a me corrigir.

Há um silêncio na linha, e mordo minha língua, porque sei que se


pressionar ele vai desligar a porra. — A pista não vai consertar a sua cabeça
fodida, mas acho que certa gostosa de cabelos ondulados poderia fazer isso para
você.

— Largue isso, Becks. — eu mordo as palavras, sem humor para outra


sessão de psiquiatra.
— Não nessa vida, filho da puta. Baby. Não baby. Você realmente vai
empurrar a melhor coisa que tem por aquela maldita porta?

E sessão número dois começa.

— Foda-se.

— Não, obrigado. Você não é meu tipo.

Seu tom condescendente me irrita. — Fique fora disso!

— Oh! Então, você vai deixá-la ir? Isso não é uma música ou algo assim?
Bem, inferno, já que você vai deixá-la ir, acho que eu vou lhe dar uma corrida
depois.

Filho da puta. São os meus botões que estão fáceis de empurrar esta
noite? — Se você for esperto, você vai calar a boca. Eu sei que você está me
pressionando... tentando me fazer ligar para ela.

— Uau! Ele ouve. Agora, está é uma maldita notícia relâmpago.

Já tive o suficiente. — Pare de brincar, faça o seu trabalho, e me consiga a


maldita pista, Beckett.

— Esteja na pista amanhã às dez da manhã.

— O quê?

— Já estava na hora. Eu já tinha feito uma reserva para a semana passada


à espera de sua bunda ficar pronta.

— Hmpf. — ele me pegou.


— Você não vai se manifestar. — ele ri.

— Foda-se.

— Se você deseja.
Capítulo 22

E u dou um

suspiro e reviro meus ombros, dando boas-vindas às queimaduras enquanto


estico meus músculos quentes e completamente cansados. Eu precisava
desesperadamente desta corrida - a fuga em nosso quintal até o portão do
vizinho atrás de nós para que eu pudesse escapar despercebida da imprensa
persistente.

Olho para cima do meu trajeto e algo do outro lado da rua me chama a
atenção. Estou imediatamente em guarda quando vejo o sedan azul escuro do
outro lado da rua com um homem encostado nele, a câmera na mão com uma
lente objetiva bloqueando seu rosto. Algo sobre ele me parece familiar e eu não
consigo identificar o que é... mas sei que o meu pequeno pedaço de liberdade - a
passagem secreta - foi comprometida.

O pensamento me irrita, e embora ainda não queira me envolver com


qualquer imprensa, meus pés tem vida própria e começo a caminhar em direção
a ele. Minha mente executando a chicotada verbal, que estou prestes a lhe dar,
mais e mais na minha cabeça. Ele observa a minha abordagem, o clique do
obturador em ritmo de fogo rápido, a câmera ainda bloqueando seu rosto. Estou
prestes a começar a minha lengalenga quando estou cerca de cinquenta metros
de distância e meu telefone toca na minha mão.
Mesmo depois de muitos dias sem contato, meu pulso ainda acelera ao
som, na esperança de que seja Colton, mas sabendo que não é antes mesmo de
olhar para ele. Mas sou levada de volta quando olho para a tela e vejo o nome de
Beckett. Paro imediatamente e me atrapalho com o meu telefone, preocupada
que algo tenha acontecido.

— Becks?

— Ei, Ry. — isso é tudo o que ele diz e fica em silêncio. Oh merda. Pavor
cai como um peso de chumbo através de mim.

— Beckett, o que há de errado com Colton? — eu não consigo evitar a


preocupação que pesa na minha voz. O silêncio se estende e minha mente é
corre enquanto olho para o fotógrafo momentaneamente antes de virar as costas
e correr para casa.

— Eu só queria que você soubesse que Colton está vindo para a pista
agora.

Eu estou do lado de fora no quintal, mas de repente acho que é difícil


puxar uma lufada de ar. — O quê? — estou surpresa que ele ainda pode me
ouvir, a minha voz é tão fraca. Imagens piscam na minha cabeça como uma
apresentação de slides: o acidente, o metal mutilado, um quebrado Colton em
coma na cama do hospital.

— Eu sei que vocês dois... a coisa toda do bebê e ele não ligou para você.
— ele suspira. — Eu tive que ligar para você, para que você saiba... achei que
gostaria de saber. — eu sei que ele está em conflito sobre quebrar a confiança de
seu melhor amigo e fazer o que ele acha que Colton precisa mais.

— Obrigada. — é a única coisa que posso dizer enquanto minhas emoções


espiralam fora de controle.
— Não tenho certeza ao que dizer a você, Ry, mas pensei que eu deveria
ligar.

O silêncio se estende entre nós e sei que ele está tão preocupado quanto
eu. — Ele está pronto, Becks? Você está pressionando-o? — eu não consigo
segurar o desprezo que ata a minha pergunta.

Ele exala e ri de alguma coisa. — Ninguém pressiona Colton, Ry, apenas


Colton. Você sabe disso.

— Eu sei, mas por que agora? Qual é a urgência?

— Porque isto é o que ele precisa fazer... — a voz de Beckett desvanece


enquanto ele encontra suas próximas palavras. Abro o portão e passo pela
pequena cerca que separa o quintal do vizinho do meu. — Primeiro de tudo, ele
precisa provar que ele é tão bom quanto antes. Em segundo lugar, esta é a forma
como Colton lida quando há muita coisa acontecendo em sua cabeça e ele não
pode fechar tudo e em terceiro lugar...

Eu não ouço o que Beckett diz em seguida, porque estou muito ocupada
lembrando a nossa noite antes da corrida, a nossa conversa e as palavras saem
da minha boca como se estivesse pensando em voz alta. — O borrão.

— O quê?

É quando Beckett fala que percebo que, de fato, o disse em voz alta e a
voz dele me choca dos meus pensamentos. — Nada. — eu digo. — Qual é a
terceira razão?

— Não importa.

— Você já disse mais do que deveria, por que parar agora?


Há um silêncio desconfortável, ele inicia e para por um momento. — Não
é nada realmente. Eu só ia dizer que, no passado, ele recorria a uma de três
coisas quando ele fica assim. Me desculpe, eu não deveria ter...

— Está tudo bem. Eu entendo isso - entendo-o. No passado, ele recorreu


às mulheres ou o álcool ou a pista, quando a vida estava sendo muito, certo? —
Becks permanece em silêncio e aí está a minha resposta. — Bem, acho que eu
devia estar com sorte, que havia uma vaga na pista, certo?

Beckett solta uma gargalhada e posso dizer que ele está aliviado. — Deus,
ele não merece você, Rylee. — suas palavras trazem um sorriso ao meu rosto,
apesar da preocupação corroendo minhas entranhas. — Eu só espero que vocês
dois percebam o quanto ele precisa de você.

Lágrimas picam meus olhos. — Obrigada por ligar, Becks. Eu estou indo
para aí.

Eu sou grata que o tráfego é leve enquanto acelero para a pista em


Fontana e que a segurança no estacionamento impede a imprensa de me seguir
para as instalações. Estaciono o carro no interior do circuito e congelo quando
ouço a rotação do motor tentando ligar. O motor ruge para a vida, seu som
ecoando contra as arquibancadas e vibrando em meu peito.

Eu não sei como vou fazer isso. Como que vou poder assistir Colton, com
cinto de segurança e voando ao redor da pista, quando tudo o que posso ver na
minha cabeça é a fumaça e sentir o medo? Mas prometi a ele que estaria lá no
dia que ele estivesse de volta ao volante. Mal sabia eu que iria receber uma
ligação para cumprir essa promessa quando tudo estava inquieto entre nós.
Mas não posso deixar de estar aqui. Porque cumpro as minhas
promessas. E porque não posso suportar a ideia dele estar lá, sem saber que ele
está bem. Sim, nós não temos nos falado e estou confusa e magoada, mas isso
não significa que posso desligar meus sentimentos.

O motor acelerando novamente me puxa dos meus pensamentos. Meu


temor e a necessidade de estar lá para ele, para mim, para a minha sanidade, me
empurra a colocar um pé na frente do outro. Davis me encontra nos arredores
da linha do pit e acena quando aceito a mão que ele oferece em saudação, antes
de me levar para onde a equipe de Colton está trabalhando.

Eu paro quando vejo o carro, a curva do capacete de Colton no cockpit


atrás do volante, o corpo de Beckett curvado sobre ele, apertando os cintos que
Colton permite que apenas ele faça. Eu forço minha garganta a engolir, mas
percebo que não há nada para ingerir, porque minha boca está seca. Encontro-
me a procurar o anel que já não uso, por força do hábito quando estou nervosa,
e tenho que me contentar em apertar as mãos.

Davis me leva até o lance de escadas para a torre de observação, muito


parecida com a que eu estava sentada enquanto observava Colton capotar fora
de controle. Cada passo me lembra aquele dia - o som, o cheiro, a agitação do
meu estômago, o absoluto terror - cada degrau é outra lembrança dos
momentos depois que o carro bateu na cerca de captura. Meu corpo quer virar e
fugir, mas meu coração me diz que tenho que estar aqui. Eu não posso ir
embora quando ele mais precisa de mim.

O ronco do motor muda e não tenho que virar e olhar para saber que ele
está dirigindo lentamente para baixo da linha do pit em direção ao asfalto
inclinado da pista. Eu chego à torre, alguns membros da equipe focados nos
medidores de leitura eletrônica do carro, mas nos poucos segundos que estou lá,
eu posso sentir a energia nervosa, posso sentir que eles estão tão preocupados
com Colton estar no carro, como estou.
Ouço passos na escada atrás de mim e sei que deve ser Becks. Antes
mesmo de ter a chance de dizer algo a ele, o som do motor do carro diminui e
nós dois olhamos para ele no final da linha pit vago. Depois de um momento, o
ronco do motor embala novamente e o carro se move lentamente para a pista.

Beckett olha para mim rapidamente e me entrega um fone de ouvido. O


olhar dele me diz que ele está tão nervoso e apreensivo com isso como eu, e uma
pequena parte minha está aliviada por isso. Ele se inclina para mim antes de
colocar os fones em meus ouvidos e diz: — Ele não sabe que você está aqui.

Apenas aceno para ele, meus olhos dizendo-lhe obrigada, lábios dizendo-
lhe: — Eu acho que é melhor.

Ele faz um gesto em direção a uma cadeira na frente da torre, mas


simplesmente balanço a cabeça resolutamente. Não há nenhuma maneira no
inferno que eu consiga me sentar neste momento. Energia nervosa assalta os
meus sentidos, eu me viro e vou para a frente com meus pés enquanto minha
alma permanece sólida ancorada por meu medo.

O motor ronrona suavemente na extremidade traseira da curva um e


torço para que meus olhos possam acompanhar Colton, embora eu queira gritar
para ele parar, para sair, para voltar para mim. O carro começa a acelerar
entrando na curva dois.

— É isso aí, Wood. Devagar e com calma. — Becks diz a ele em voz suave
de incentivo. Tudo o que ouço no microfone aberto é a cadência do motor e a
respiração áspera de Colton, mas nenhuma resposta dele. Eu mordo meu lábio e
olho para Beckett, não gostando do fato de que ele não está falando. Eu só posso
imaginar o que está passando pela cabeça de Colton.

— Maldição, Becks! — é a primeira vez que ouço a sua voz em mais de


uma semana e o som nela - o medo tecido através da raiva - me faz segurar
firme no fone de ouvido. — Este carro está uma merda! Pensei que você tinha
verificado tudo. É...

— Não tem nada de errado com o carro, Colton. — a uniformidade da voz


de Becks vem alto e claro, e Beckett olha para outro membro da equipe e
sutilmente balança a cabeça negativamente em alguma coisa.

— Besteira! Ele está tremendo como uma puta e vai desmoronar uma vez
que eu abrir a volta. — a vibração que está normalmente em sua voz pela força
do motor não está lá, ele não está indo rápido o suficiente saindo da curva dois
para afetá-la.

— É um carro novo. Eu verifiquei cada centímetro dele.

— Você não sabe o que diabos você está falando, Beckett! Porra! — ele
grita dentro do carro enquanto vem para uma parada na reta oposta entre as
curvas dois e três, a frustração ressoando através do rádio.

— É um carro diferente. Não tem ninguém na pista para bater em você.


Basta levá-lo devagar e com calma.

Não há nenhuma resposta. Nada, exceto o zumbido distante do motor em


marcha lenta, que tenho certeza que vai morrer em breve e então, eles
precisarão dar a partida com o dispositivo de arranque na pista para conseguir
que ele abra a volta novamente. Mais tempo para Colton sentar, pensar, lembrar
e reviver o acidente que o está incapacitando.

E enquanto o tempo passa, a minha preocupação com o homem que eu


amo faz com que a minha própria ansiedade aumente. Mesmo que todos nós
estejamos aqui apoiando-o, sei que ele está lá, se sentindo sozinho, isolado em
um caixão de metal sobre rodas. Meu coração aloja na minha garganta enquanto
o pânico e a impotência que sinto começam a me estrangular.
Beckett anda de um lado para o outro, com as mãos em seus cabelos, sem
saber como convencer seu melhor amigo a sair da saliência quando ele não está
ouvindo. Eu me viro novamente - a respiração irregular de Colton é o único som
no rádio - e eu não aguento mais.

Eu ando até Beckett. — Tire todos do rádio. — ele olha para mim e tenta
descobrir o que estou fazendo. — Tire-os. — eu digo, o desespero tingindo a
urgência do meu pedido.

— Todos fora do rádio agora. — Beckett ordena imediatamente, quando


pego o microfone em cima do balcão para a frente do box. Sento-me no banco e
espero o aceno de Beckett, uma vez que ele percebe o que estou fazendo.

Eu me atrapalho com os botões do microfone e Davis se inclina e aperta o


botão que eu preciso. — Colton? — minha voz é instável, mas sei que ele me
ouve, porque ouço sua respiração ficar presa quando ele faz.

— Rylee? — é o meu nome - uma única palavra - mas a pausa em sua voz
e a vulnerabilidade na forma como ele diz, faz com que as lágrimas venham nos
meus olhos. Ele parece ser um dos meus meninos agora quando acordam de um
sonho terrível e gostaria de poder correr para a pista, para que eu pudesse
abraçá-lo e tranquilizá-lo. Mas não posso, então faço a coisa mais próxima a
isso.

— Fale comigo. Diga-me o que está passando pela sua cabeça. Ninguém
está no rádio, apenas você e eu. — o silêncio se estende um pouco enquanto as
palmas das minhas mãos se tornam suadas com o nervosismo e me preocupo
que não vou ser capaz de ajudá-lo a passar por isso.

— Ry. — ele suspira em derrota e estou prestes a pular para trás no


microfone quando ele continua. — Eu não posso... eu acho que não consigo... —
sua voz desvanece quando tenho certeza que as memórias do acidente o
assaltam assim como elas me fazem.

— Você pode fazer isso. — digo com mais determinação do que sinto. —
Esta é a Califórnia, Colton, não a Flórida. Não há tráfego. Não há pilotos novatos
para cometerem erros estúpidos. Sem fumaça da qual você não consegue ver
através. Não há acidente de carro a ultrapassar. É só você e eu, Colton. Você e
eu. — faço uma pausa por um momento e quando ele não responde, eu digo a
única coisa circulando em minha mente. — Nada além de lençóis.

Ouço parte de uma risada e estou aliviada que consegui chegar a ele.
Usando uma boa memória para romper o medo paralisante. Mas quando ele fala
ainda posso ouvir a ansiedade em seu tom. — Eu só... — ele para e suspira, a
vulnerabilidade é uma coisa difícil para um homem aceitar, especialmente em
face de uma equipe que o idolatra e o respeita.

— Você pode fazer isso, Colton. Nós podemos fazer isso juntos, ok? Eu
estou bem aqui. Eu não vou a lugar nenhum. — dou-lhe alguns segundos para
deixar minhas palavras se enraizarem. — Suas mãos estão no volante?

— Mmm-hmm... mas a minha mão direita...

— Está perfeitamente bem. Eu vi você usá-la. — eu digo a ele, na


esperança de aliviar um pouco da tensão. — O seu pé está no pedal?

— Ry? — sua voz oscila novamente.

— Pedal. Sim ou não? — eu sei que agora ele precisa de mim para tomar
as rédeas e ser o mais forte, e para ele, vou fazer qualquer coisa.

— Sim...
— Tudo bem, limpe sua cabeça. É só você e a pista, Ace. Você pode fazer
isso. Você precisa disto. É a sua liberdade, lembra? — eu ouço o motor reviver
uma ou duas vezes e vejo alívio misturado com orgulho nos olhos de Beckett,
antes de voltar meu foco em Colton. — Você conhece isso como a palma da sua
mão... acelere. Acione a marcha e pressione para baixo. — o ronco do motor
ronrona um pouco mais alto e continuo. — Tudo bem... está vendo? Você está
conseguindo. Você não tem que ir rápido. É um carro novo, ele vai ser diferente.
Becks vai ficar puto se você queimar o motor de qualquer maneira, então o leve
devagar.

Eu me viro para assistir o carro, com a respiração suspensa, enquanto


Colton começa lentamente na curva três. Ele está longe até mesmo da
velocidade de prática, mas ele está indo e isso é tudo que importa. Estamos
enfrentando nosso medo dele voltar para o carro novamente juntos. Eu nunca
imaginei que seria eu o persuadindo a dirigir, que iria diminuir a minha
angustia.

O motor dispara novamente, a reverberação bate em meu peito enquanto


ele se aproxima da curva quatro e o ouço xingar. — Você está bem? — não há
nada além de silêncio ao meu redor e o ronco do motor se aproximando. — Fale
comigo, Colton. Eu estou bem aqui.

— Minhas mãos não vão parar de tremer. — eu não respondo, porque eu


estou prendendo a respiração enquanto ele pega o ritmo e entra na curva um. —
Becks vai ficar puto porque minha cabeça está fodida.

Olho para Becks novamente e vejo o sorriso cintilar em seu rosto e sei
que ele está ouvindo, se certificando de que o seu melhor amigo está bem. —
Está tudo bem... assistindo você na pista? A minha está fodida também... mas
você está pronto, você pode fazer isso.

— Não somos a porra de um casal? — ele bufa no rádio e posso sentir um


pouco de sua ansiedade e medo dissipando a cada segundo. Eu vejo os caras ao
meu redor relaxando um pouco enquanto eles percebem o sorriso no rosto de
Beckett se alargar.

— Nós somos, de fato. — eu rio antes de soltar um suspiro de alívio. Deus,


eu te amo, eu quero dizer, mas me abstenho. O ronco aumenta abaixo da reta
oposta e eu não posso lutar contra o sorriso em meu rosto com o som do
sucesso. — Ei, Ace, posso trazer os rapazes de volta?

— Sim. — ele diz seguido rapidamente por: — Ry... eu...

Meu coração aumenta com a emoção em sua voz. Eu posso ouvir o pedido
de desculpas, sentir a sinceridade absoluta por trás dela. — Eu sei, Colton. Eu
também.

Eu luto contra as lágrimas de felicidade que vem e quando olho para


Beckett ele tem um leve sorriso no rosto. Ele balança a cabeça sutilmente e
balbucia as palavras tábua de salvação para mim.
Capítulo 23

O carro entra

nos boxes e para. Beckett está ao seu lado em um instante, enquanto estou
animada atrás do muro, querendo ver Colton cara a cara para me certificar de
que ele está bem. Ele tira o volante entrega para Becks antes de desafivelar seu
capacete. Becks o ajuda a soltar o dispositivo HANS e quando o puxa de sua
cabeça, removendo a balaclava com ele, a equipe irrompe em um rugido de
aplausos.

Calafrios me rodeiam com os sons comemorativos enquanto Becks o


ajuda a sair do carro. Eu passo por cima do muro com o resto da equipe, incapaz
de ficar à distância por mais tempo porque agora Colton está lá, quente, suado e
oh meu Deus, sexy. Orgulho tingido de desejo me atinge com a visão dele.

O carro é esquecido quando sua equipe lhe dá tapinhas nos ombros e o


acolhe de volta. Beckett apenas olha para ele com um sorriso de merda em seu
rosto bonito. — Eu estou orgulhoso de você, cara, mas porra, seus tempos por
volta foram uma merda.

Colton ri novamente, jogando um braço ao redor de seu amigo. — Eu


sempre posso contar com você para me humilhar. — ele vai dizer mais alguma
coisa, mas para quando me vê.
Eu tenho um momento déjà vu, Colton em pé no meio do caos rodopiante
de sua equipe, olhos fixos nos meus, sexy-como-pecado, sorriso largo nos lábios.
O tempo para novamente enquanto o mundo desaba e olhamos um para o
outro.

Eu sei que há muitas coisas que precisamos conversar - precisamos


resolver desde a última vez que nos falamos - mas ao mesmo tempo, preciso
desta conexão com ele. Preciso do contato físico carnal entre nós dois, que me
atinge como uma onda de choque, que atravessa a distância entre nós e nos
atinge antes que possamos resolver o resto.

E eu sei que ele sente isso também, porque dentro de uma batida Colton
dá passos largos em minha direção com um propósito. Em um instante me
alcança, minhas pernas estão envolvidas ao redor de sua cintura e nossas bocas
estão coladas uma na outra com uma necessidade frenética. Minhas mãos
apertam seus ombros. Uma das suas agarra minha bunda enquanto a outra
aperta meu pescoço, segurando minha boca junto à dele, para que ele possa
tomar tudo o que estou oferecendo e mais um pouco.

— Deus, eu senti sua falta pra caralho. — ele rosna em minha boca entre
beijos. E sem preâmbulos estamos em movimento. Suas pernas poderosas
dando passos largos abaixo de mim e os braços fortes me segurando enquanto
seus lábios me possuem espontaneamente.

Ruído filtra em volta. Vaias e gritos da equipe através do circuito vazio


quando Colton se afasta sem nenhuma desculpa, sem pensar duas vezes.
Alguém grita: — Arrumem um quarto! — e eu estou tão sobrecarregada, tão
desesperada para saciar o desejo desdobrando dentro de mim e chocando
através do meu sistema que eu respondo antes de Colton.

— Quem precisa de um quarto? — eu digo antes de meus lábios caírem de


volta contra os seus, mãos segurando seu cabelo, quadris moendo contra o dele,
enquanto sua ereção esfrega contra mim a cada passo.
Risos e gritos seguidos de vaias, mas eles são apenas ruído de fundo para
o trem de carga de desejo caindo sobre nós. — Depressa. — digo a ele entre
beijos desesperados.

— Foda-se. — ele resmunga, enquanto tenta encontrar uma porta aberta


às minhas costas, sem querer tirar sua boca da minha.

— Oh, é o melhor plano para isto. — respondo enquanto me afasto para


que ele possa encontrar a maçaneta. Sinto sua risada quando a minha língua
desliza para o seu pescoço, o sabor do sal na minha língua, a vibração do seu
riso sob meus lábios.

Estamos de novo em movimento, até um conjunto de escadas em um


corredor escuro, e não tenho ideia de onde estamos. Eu me seguro pelo trajeto,
o riso borbulhando, o alívio flui através de mim enquanto o meu corpo fica
tenso com a expectativa do que está por vir.

Estamos de repente banhados em uma luz suave e viro minha cabeça e


pisco para tomar consciência de onde estamos. Estamos em um dos boxes de
luxo na linha do pit: sofás macios, um bar de um lado, uma mesa que mede o
comprimento da parede de vidros esfumaçados que dão para a pista abaixo,
onde a sua equipe está mexendo em seu carro.

Isso é tudo que tenho tempo para notar, porque os lábios de Colton
encontram os meus novamente, sua boca, uma mistura tóxica de necessidade e
desejo. Minhas pernas caem de seus quadris, pés caindo ao chão, à medida que
avançamos em direção ao balcão em uma coreografia de passos desajeitados.
Chegamos à borda do balcão e inclino meus quadris para trás contra ele,
enquanto as mãos de Colton vagueiam pelo meu torso, antes de eu sentir suas
mãos debaixo da minha camisa no meu abdômen.

E não tenho certeza se é a excitação elevada da adrenalina da pista de


corrida, ou a nossa reconciliação, mas sinto que não posso ter o suficiente dele -
seu toque, seu gosto, o som no fundo da garganta, meu nome em seus lábios. Eu
alcanço e solto o velcro da sua garganta para que possa puxar o zíper. E mesmo
essa pequena ação me dói, porque tenho que me afastar de seus lábios. Mas no
momento que puxo o zíper para baixo, minha boca encontra a sua novamente.
Nossas mãos desatam, os braços saem de nossas mangas, dedos deslizam meus
shorts e calcinha para baixo, roupas jogadas a esmo no chão, nossas bocas
nunca deixando o outro.

— Ry. — diz ele entre beijos, uma mão segurando meu cabelo com força,
enquanto a outra testa a minha disponibilidade para a sua entrada. Preliminares
não é uma opção agora. Estamos tão reprimidos, tão desesperados para corrigir
os erros da nossa última conversa, que nem falamos, nós dois sabemos que
precisamos dessa conexão. Falar virá mais tarde. Afago e sutilezas, mais tarde.
Agora, o desejo nos consome, paixão oprime e amor toma conta. — Porra, eu
preciso de você agora.

— Leve-me. — duas simples palavras. Elas estão fora da minha boca sem
pensar duas vezes, mas dentro de um segundo, Colton me vira, as mãos
apoiadas sobre o balcão, as suas segurando meus quadris, seu pau latejante
alinhado na minha entrada por trás. Ele coloca a cabeça de seu pau entre as
minhas dobras e, em seguida, desliza para a frente e para trás fazendo o meu
corpo tenso e um gemido a cair por entre meus lábios.

E há algo sobre este momento, sobre Colton no precipício de levar-me


sem pedir, que tem cada parte minha doendo para a liberação, implorando por
mais de seu toque. — Por favor. Agora. — eu suspiro enquanto meu sexo treme
com a necessidade, o corpo tão em sintonia a cada ação sua, que o meu corpo
responde automaticamente, se abre, convida.

Eu tento levantar a minha bunda, tentando demonstrar a necessidade


que germina e espirala ao longo de cada nervo, roubando a minha racionalidade
e fazendo meus sentidos ansiarem mais. — Comporte-se! — ele dá uma risada
de pura apreciação masculina com uma mão em meus cabelos e a outra
apertando o lado esquerdo da minha bunda. A picada choca minha cabeça para
trás, mas não tem nada sobre o ataque da sensação que ocorre quando ele entra
em mim em um impulso habilidoso, de abalar a terra. Eu não consigo evitar a
respiração que engata seguida de um suspiro suave que cai da minha boca
quando a sensação ondula e minhas paredes convulsionam em torno dele.

Ele puxa meu cabelo, inclinando minha cabeça para trás, de modo que
quando ele se inclina para frente seus lábios estão no meu ouvido. — Essa é a
porra do som mais sexy do mundo. — ele rosna antes que seus lábios encontrem
meu ombro nu, a barba por fazer fazendo cócegas na zona erógena geralmente
esquecida das minhas costas. Seus dentes mordiscam meu ombro seguido pela
pressão de seus lábios enquanto seus quadris moem em mim e eu gemo em puro
êxtase quando o raspar de sua barba se move para baixo na minha coluna.

E agora é a minha vez de apreciar os sons que ele faz quando começamos
a nos mover no ritmo do outro. Arrepios aparecem apesar do calor que se
espalha pelo meu corpo. Uma mão agarra o meu quadril, controlando cada
prazer induzido pelo movimento para dentro e a subsequente retirada, tentando
cada nervo único. Meu corpo acelera, ultrapassado pela natureza animalesca de
seu domínio sobre o meu cabelo e meu corpo.

— Oh Deus! — eu suspiro, precisando, querendo, não sendo capaz de


tomar mais, tudo ao mesmo tempo. Minhas mãos começam a deslizar sobre a
superfície do balcão enquanto elas umedecem com suor.

— Pooorrraaaaa. — ele range, seu desejo de controlar seu ritmo, aparente


em sua voz. E chame-o de desafio, ou eu apenas canalizando a megera interior
que ele me ajudou a encontrar, mas quero quebrar esse controle. Quero
empurrá-lo mais forte, mais rápido - para levar com total abandono - porque
meu Deus, o som gutural em sua garganta, a plenitude quando ele se sente ao
máximo quando empurra dentro de mim, o movimento no sentido horário de
seus quadris quando ele se move dentro de mim, me empurra mais forte, mais
rápido, do que já conheci. Faz-me querer dar-lhe um pouco do prazer que seu
corpo me dá.

Coloco a mão entre minhas pernas, dedos deslizando sobre a tentação de


acariciar meu clitóris, e em vez disso, pego suas bolas enquanto ele mói os
quadris em mim novamente. Dedos acariciam, unhas provocam enquanto ele
puxa mais forte meu cabelo. Eu posso ouvir os sons que ele está fazendo, sei que
ele está apertando seu maxilar, que ele está montando aquele limite fino de ser
controlado versus o abandono à natureza carnal do ato. Para tomar para si sem
pensar. E isto me incita, me tenta a empurrá-lo com mais força, forçá-lo sobre
esse limite muito mais rápido, porque foda-se se ele não está me levando lá no
processo.

Eu me perco nos sentimentos, os sons de seu corpo batendo contra o


meu, a sensação de sua mão possuindo meu quadril, a queda do meu nome de
seus lábios e, sem perceber, eu estou lá, oscilando no meu próprio fino limite.
Eu colido em queda livre sem fim de felicidade quando o meu clímax me
oprime, meu corpo um inferno de sensações guerreando.

— Colton! — eu grito, mais e mais enquanto ele diminui seu ritmo,


deslizando a língua até a planície das minhas costas para ajudar a tirar o meu
orgasmo.

Eu posso sentir meus músculos pulsando em torno dele ainda dentro de


mim, movendo-se lentamente, em seguida, um grito selvagem enche o ar
quando ele não consegue segurar mais. Seus quadris empurram mais algumas
vezes antes de seus braços de repente envolverem o meu tronco e manter o meu
peso quando ele me puxa para uma posição ereta, minhas costas ainda para ele.

Em um movimento inesperado de ternura em completo contraste para o


domínio completo do meu corpo, ele me aperta contra ele e enterra seu rosto na
curva do meu pescoço. Ficamos assim por algum tempo, absorvendo um ao
outro, aceitando as desculpas silenciosas.
Capítulo 24

O silêncio

desce ao nosso redor enquanto colocamos nossas roupas. Agora que tivemos o
nosso caminho com o outro fisicamente - agora que nossos corpos estão
conectados - minha mente se preocupa em como vamos nos conectar
verbalmente.

Porque não podemos deixar as coisas como estão. E não podemos ignorá-
las. Espero que o tempo miseravelmente solitário tenha nos ajudado a seguir em
frente.

Mas mesmo se nós pudermos, exatamente aonde vamos a partir daqui?

Roubo um olhar para ele enquanto ele fecha seu macacão antichamas e
olha através da janela que dá para a equipe abaixo, e simplesmente não consigo
fazer uma leitura dele. Eu puxo minha camisa sobre a minha cabeça e lambo
meus lábios enquanto tento descobrir como começar essa conversa.

— Precisamos conversar. — digo baixinho, com medo de perturbar o


manto de silêncio sufocante da sala.

— Eu estou colocando a casa de Palisades à venda. — ele fala em voz


baixa, nunca olhando em minha direção e estou tão focada nele e em sua falta de
emoção, que é preciso um momento para que eu compreenda suas palavras.
Whoa! O quê? Então é assim que vamos fazer isso? A clássica evasão?

Mesmo que ele não esteja olhando para mim, sei que ele está ciente de
que ouvi, mas tento esconder visivelmente o choque das palavras que acaba de
me atingir, bem como as que ele não disse.

— Colton? — digo, o seu nome como uma pergunta - uma que pergunta
tantas coisas diferentes. É assim que vamos lidar com isso? Vamos ignorar isso?
Por que você está vendendo a casa?

— Eu não vou mais usá-la... — ele responde a minha pergunta não


formulada, deslizando um olhar para mim, antes que ele olhe para os caras lá
embaixo. E a maneira como ele diz, quase se desculpando, me faz sentir como se
isso é algo que ele está fazendo para dizer que sente muito por tudo o que está
acontecendo - Tawny, um possível bebê, o espaço que ele precisa.

Quando não respondo e apenas o observo pacientemente, ele se vira e me


enfrenta. Nossos olhos se encontram e ficamos assim por um momento, fazendo
perguntas sem resposta, perguntando sem palavras.

— Eu não preciso mais disso. — ele explica quando me olha esperando


minha reação.

E por mais que haja o drama não resolvido entre nós, o que ele acabou de
me dizer é realmente um longo curso. Que mesmo com tudo que foi jogado em
nós durante a semana passada que pode virar seu mundo de cabeça para baixo,
ele está vendendo um lugar que eu tinha jurado nunca mais voltar. Isso é o
suficiente para me dizer que ele está disposto a se livrar de um lugar que
significa o seu antigo modo de vida cheio de cláusulas e atenuações.

— Ah... — é tudo o que consigo dizer, porque estou sem palavras, por isso,
só continuamos olhando um para o outro nesta sala que ainda cheira a sexo.
Posso vê-lo pensando, tentando descobrir o que dizer - como prosseguir - então
eu começo. — O que está em sua mente, Colton?

— Só pensando. — diz franzindo os lábios e passando a mão pelo cabelo,


— Sobre como não sabia o quanto precisava ouvir sua voz hoje na pista até que
você veio através do fone de ouvido.

O suave suspiro de satisfação vem de todas as partes de mim, me


aquecendo por dentro e por fora, como se tecesse o seu caminho em torno do
que tem no meu coração. E o meu antigo eu, teria revirado os olhos para esse
comentário e diria que ele está tentando trazer o meu lado bom, mas o meu
antigo eu, não precisava e sentia falta de Colton tanto quanto eu faço agora, não
sabia tudo o que ele tinha para oferecer.

— Tudo o que tinha que fazer era me telefonar. — digo baixinho,


colocando a minha mão em cima da sua. — Eu prometi que estaria aqui para o
seu primeiro dia.

Ele emite uma risada autodepreciativa com um aceno de cabeça. — E


dizer o quê? Eu fui um babaca - estou te ligando depois de tudo - porque preciso
de você na pista comigo hoje? — o sarcasmo é grosso em sua voz.

Aperto a mão dele. — É um começo. — digo-lhe, com a voz sumindo. —


Nós concordamos que iríamos resolver a nossa merda, clarear nossas cabeças,
mas eu estaria aqui num piscar de olhos se você tivesse me telefonado.

Ele suspira, inclinando a cabeça para fora em direção à pista. — Eu sinto


muito pelo que disse a você... das coisas que a acusei... eu fui um idiota. —
emoção faz a sua voz vacilar, o que faz o que ele está dizendo muito mais
cativante.

Eu não quero estragar o momento, mas tenho que deixá-lo saber. — Você
me magoou. Eu sei que você estava chateado e atacando a pessoa mais
próxima... mas você me machucou, quando eu já estava dilacerada. Lutamos dia
a dia com o nosso passado, e em seguida, algo como isto acontece e... eu... — não
consigo encontrar as palavras certas para dizer isso, então apenas não termino o
meu pensamento.

Colton vem em direção a mim e estende a mão para pegar a minha, me


puxando em direção a ele para que a única barreira entre nós seja nossas
roupas. — Eu sei. — ele exala uma respiração instável antes de continuar. — Eu
nunca tinha feito isso antes, Ry. Eu estou tentando descobrir como fazer e porra,
sei que as desculpas estão ficando velhas e muito em breve não vai ser
aceitáveis, mas... porra, eu estou tentando. — ele encolhe os ombros.

Aceno para ele, as palavras me escapam, porque ele está fazendo algo que
ele nunca foi bom: se comunicando. E podem parecer pequenos passos para ele,
mas eles ganham enormes terrenos em nosso relacionamento.

Ele se inclina para a frente e coloca um beijo inesperado nos meus lábios
antes de murmurar: — Vem cá. — ele inclina sua bunda contra a borda atrás
dele ao mesmo tempo em que me puxa para ele, me deixando de frente para ele.
Eu encosto minha cabeça contra o seu peito e me sinto estupidamente bem,
quando ele traz seus braços em volta de mim e me abraça apertado. Ele repousa
o queixo no meu ombro. — Obrigado por hoje. Ninguém nunca fez algo assim
por mim antes.

Suas palavras me surpreendem, mas depois de um minuto entendo a sua


linha de pensamento e sinto a necessidade de corrigi-lo. — Becks, sua família,
eles fazem isso o tempo todo. Você simplesmente não se permite ver ou aceitá-
lo.

— Sim, mas eles são família, eles precisam fazer. — ele faz uma pausa e
mesmo que não possa ver seus olhos, posso sentir a sua mente trabalhando
enquanto quero saber como exatamente ele me classifica. — E você? Você é a
minha maldita bandeira quadriculada. — inclino minha cabeça para o lado
apenas o suficiente para que possa eu ver um pequeno sorriso se espalhando em
seus lábios e acendendo o meu imediatamente. — É um pouco difícil de se
acostumar com a ideia, quando eu nunca tinha feito isso antes. Eu tenho que me
acostumar com você estar lá para mim e precisando de você, e porra se isso não
me bate de volta a alguns passos de pedir um pit stop às vezes, porque isso de
alguma-vez-amar assusta a merda fora de mim.

Puta merda! Estou atordoada, em silêncio mais uma vez por sua tentativa
de explicar a ansiedade, que tenho certeza que comicham as bordas externas da
sua psique. Coloco minhas mãos sobre seus braços que estão em torno de mim e
aperto em um reconhecimento silencioso da evolução que ele está tentando
mostrar.

— Eu não vou correr, Colton. — digo, minha voz firme. — Ainda não, mas
você realmente me machucou. Eu sei que você está passando por um monte de
merda, mas inferno, se você não tem muito o que resolver. Eu vou precisar de
um pit stop, algumas vezes também. Quer dizer, entre você, o centro das
atenções, as mulheres ainda querendo você e me odiando, a possibilidade de...
— eu não consigo terminar o pensamento, não consigo forçar a palavra bebê dos
meus lábios ou livrar o súbito gosto acre da minha boca.

— Olá elefante na porra da sala21. — ele deixa escapar um suspiro


audível e seu maxilar fica tenso no meu ombro.

Eu não quero estragar o momento - o de coração para coração, que mais


precisamos ter - mas desde que inesperadamente toquei no assunto, prefiro
enfrentá-lo e acabar com isso. — O que está acontecendo com... isso? — eu fecho
os olhos e cerro os dentes enquanto aguardo a resposta.

21
É uma expressão metafórica Inglês para uma verdade óbvia de que é ou ser ignorado ou ir
sem solução. A expressão idiomática também se aplica a um problema óbvio ou risco que ninguém quer
discutir. Ele é baseado na ideia de que um elefante em uma sala seria impossível de ignorar
— Eu não me importo com o que ela diz sobre o que supostamente fiz ou
deixei de fazer, que não consigo me lembrar dessa porra. Eu sei que não é meu,
Rylee.

A simplicidade de sua declaração e o vigor com que ele entrega, faz com
que a minha esperança aumente. E, em seguida, cai. Se ele recebeu os
resultados, então por que não me ligou? — Você já tem os resultados do teste? —
eu digo com cautela, tentando esconder minha desconfiança.

— Não. — ele balança a cabeça quando a minha esperança cai


completamente. — Eu fiz o teste há dois dias. Os resultados virão a qualquer
momento. Mas eu sei... eu sei que não é meu. — e a partir do som de sua voz, eu
não posso dizer a quem ele está tentando convencer mais: ele ou eu.

— Como você sabe, Colton, se não se lembra? — eu digo em voz alta,


frustrada e precisando apenas que isso acabe, precisando de mais emoção dele
do que o que estou recebendo. Respiro fundo e tento me acalmar. — Quer dizer,
mesmo que você e Tawny fizeram... — eu paro, incapaz de terminar o
pensamento. — ...ela disse que você não usou camisinha. — minha voz é tão
tranquila quando falo, odiando que temos falar sobre isso. Odiando que mais
uma vez o nosso momento de contentamento é arruinado pelo mundo exterior e
as consequências de nosso passado.

— Você é a única pessoa, Ry... a única mulher que eu não usei


preservativo. Eu não me importo se você acha que dormi com ela, mas eu sei,
Rylee... eu sei que eu teria usado um preservativo. — eu posso ouvir a súplica em
sua voz para que eu acredite nele. Para eu entender um pingo do medo que ele
está sentindo com a perspectiva de uma criança. Quando não respondo, ele se
afasta de mim e começa a andar de um lado para o outro na sala. A calma de
cinco minutos atrás foi substituída por pura agitação, um animal enjaulado com
necessidade de escapar de seu confinamento.
— Não é meu! — diz ele, erguendo a voz. — Não há nenhuma maldita
maneira que possa ser meu!

— Mas, e se for? — reitero com pleno conhecimento de que vou acender o


fogo.

— Não é. — ele grita. — Porra! Tudo que sei é que não sei de porra
nenhuma! Eu odeio a maldita mídia te seguindo e te assediando, porra. Eu
odeio o olhar no seu rosto agora que diz que você vai perder a porra do controle,
se o bebê for meu, mesmo que você me diga que não vai. Eu odeio a porra da
Tawny e tudo o que ela representa. As mentiras e mais mentiras de merda que
ela está vomitando sobre você e que Chase diz que não posso reagir, porque eles
só vão persegui-la mais. Eu odeio que mais uma vez sou o maldito que está
machucando você... que vou foder com isso, porque o meu passado é o que é... —
ele fecha os olhos e revira os ombros, enquanto tenta controlar sua raiva.

Este é o tipo de luta que posso lidar. Dele descarregando, me ouvindo, e


então espero que um pouco da dor em seus olhos e o peso sobre seus ombros vá
diminuir, mesmo que apenas um pouco.

— Você tem problemas suficientes. Você não precisa se preocupar


comigo. — digo-lhe e ainda assim eu amo o fato de que ele está chateado com as
consequências me afetando.

— Não? — diz ele com incredulidade. — É a porra da minha


responsabilidade cuidar de você e não posso nem mesmo fazer isso agora,
porque tudo está tão fodido!

— Colton...

— Eu juro por Deus, sua vida fica de cabeça para baixo por minha causa e
você está mais preocupada comigo e os meninos do que com você mesma. — ele
caminha em minha direção com um aceno de cabeça. Ele aponta para mim e eu
olho para ele em confusão. — Você é definitivamente a porra de uma santa que
eu não mereço.

— Todo pecador precisa de um santo para equilibrá-los. — digo com um


sorriso.

Ele ri baixinho e estende a mão para o meu rosto e o segura. E mesmo


que nós já tivemos um ao outro, meu corpo vibra instantaneamente em sua
proximidade, o desejando, o necessitando. Seus olhos trancam nos meus,
indícios de que ele quer fazer comigo dançando por trás de seus cílios.

— Deus, eu corro você pra caralho. — as palavras enfáticas sobre os seus


lábios seguidos por um sorriso torto e um aceno de cabeça, como se ele ainda
tentasse compreender as profundezas de suas emoções.

Quanto mais amor o meu coração pode aguentar por este homem?
Porque aí está novamente, a imprevisibilidade de Colton que faz o que ele diz,
apenas muito mais pungente. Cada parte do meu corpo treme ao ouvir suas
palavras.

É inútil tentar lutar contra a umidade em meus olhos, porque essas


palavras significam muito mais do que apenas ‘corrida’ para mim. Elas querem
dizer que ele está tentando, que ele está pedindo desculpas pelos momentos que
ele vai estragar. E para um homem previamente fechado de todos, ele está me
dando a chave para a fechadura e dando-me um passe de acesso.

Coloco a minha mão livre na parte de trás do seu pescoço, puxando-o


para mim, porque este homem magnífico, por dentro e por fora, é muito
irresistível. Eu o beijo com ternura, lambendo entre seus lábios, minha língua
dançando intimamente com a dele. Sem urgência, apenas aceitação suave e
gentil. Passaram-se apenas minutos desde o nosso último beijo, mas parece
como uma vida inteira. À medida que o beijo termina, ele descansa sua testa
contra a minha e eu digo: — Eu corro você também.
Eu posso sentir o seu sorriso em meus lábios, e neste momento, eu sei
que ele realmente acredita. Na verdade, ele aceita o fato de que eu o amo e é um
raio tão figurativo da luz deste meu anjo negro que o agarro, prometendo em
silêncio, sempre lembrar como eu me sinto bem aqui, agora.

Podemos não ter tudo planejado, podemos não saber o que o futuro vai
conter, mas pelo menos eu sei que estamos nesta corrida juntos.

— Vamos lá. — diz ele, puxando minha mão. — Vamos sair daqui.

Nos dirigimos para a área da garagem onde os caras estão trabalhando no


carro. À medida que entramos, Beckett balança a cabeça e sorri para nós. Evito
seu olhar rapidamente, de forma muito consciente de que cada indivíduo na
garagem sabe exatamente o que estávamos fazendo. A caminhada da vergonha é
uma coisa, mas quando você tem um público que sabe o que você está fazendo,
bem... isso é muito mais embaraçoso.

Colton ri ao meu lado e aperta meus dedos entrelaçados aos dele. — O


que é tão engraçado? — murmuro, ainda mantendo meus olhos atentos no chão.

— Você é tão bonita quando cora. — ele provoca. — Embora eu prefira


outras partes rosadas em você.

Minha boca choca aberta e antes que eu possa sequer me recuperar, sua
boca esta na minha. O som estridente de ferramentas nos cerca e ainda tudo o
que ouço é a batida do meu coração. O beijo é apenas uma provocação do que
fizemos antes, mas quando ele se afasta depois de beijar a ponta do meu nariz,
um sorriso ondula até um canto de sua boca.

— O que foi isso? — como se me importasse com a resposta. Ele pode


fazer isso a qualquer hora, em qualquer lugar.
— Você me conhece, querida. Se eles vão olhar, podemos dar-lhes um
bom show, certo? Além disso, se não ficou claro o suficiente antes, eu quero que
todos aqui saibam que você é minha.

Meu coração cresce com suas palavras antes que o sarcasmo esteja fora
da minha língua. — Estamos reivindicando um direito?

— Baby, a reivindicação já foi feita. — diz ele, parando para olhar para
mim com um sorriso. — Não há dúvida sobre isso.

Eu reviro os olhos e rio dele enquanto continuo caminhando. — Vamos


lá, Ace. — digo sobre meu ombro. — Você não consegue me acompanhar?

Eu sinto sua mão bater na minha bunda. — Você com certeza sabe que eu
consigo acompanhar tudo. — diz ele, envolvendo um braço sobre meus ombros e
se inclinando para baixo, com a boca perto da minha orelha. — Meu pau, que
você apertou contra a porta, a minha resistência e qualquer outra coisa que pode
ser considerado... mas esses são os mais importantes, você não acha? — ele ri
quando balanço a cabeça e faço um som de diversão.

Nós concordamos com o fato de que Sammy vai levar meu carro para
casa para mim e, em seguida, Colton me leva a uma área de estacionamento
coberto, onde Sex está. Eu não posso negar que a visão do carro sexy-como-
pecado traz de volta uma onda de lembranças mais memoráveis que colocam
um sorriso no meu rosto. Do meu olhar fixo no capô, olho para Colton, onde um
sorriso lascivo encontra o meu. Ele levanta as sobrancelhas, malícia dançando
em seus olhos, sua língua se lançando para molhar seu lábio inferior, quando ele
abre a porta para mim.

— Boa escolha de carro hoje. — eu digo a ele enquanto deslizo para o


interior opulento.
— Ele me faz lembrar você, eu precisava de você aqui hoje. — diz ele,
antes de fechar a porta, então não posso responder. E talvez seja melhor que eu
não possa, porque a sua simples declaração significa muitíssimo para mim.

Passos de bebê.

Em poucos segundos estamos na autoestrada com os sons de Dave


Matthews Band flutuando ao nosso redor, o ronronar do motor nos envolvendo,
e os paparazzis nos seguindo freneticamente. Colton olha no espelho retrovisor
antes de olhar para mim por trás de seus óculos de sol. — Você colocou o cinto?
— ele pergunta e de repente sinto meu estômago dar voltas em nós, temendo o
que vai acontecer a seguir.

Eu nem sequer tenho a chance de responder antes que o carro voe para
frente, o motor acelerando, Colton rindo quando o carro voa mais rápido do que
a imprensa que está nos perseguindo pode ir. Sinto uma onda de adrenalina e
por uma fração de segundo posso entender a força de seu vício, mas então olho
para cima enquanto ele tece dentro e fora do tráfego e meu coração aloja em
minha garganta enquanto o mundo vira apenas um borrão.
Capítulo 25

E u coloco os

documentos sobre o balcão da cozinha. Estou satisfeita com a transcrição do


depoimento de Zander, a acusação formal contra o pai. Eu os coloco na pasta de
papel pardo e percebo que perdi a noção do tempo; o relógio marca sete e
quarenta e os meninos têm de estar no campo às oito. Oh merda! Eu preciso
terminar de separar o equipamento para os seus jogos. Levanto-me da mesa e
começo a encher garrafas de água e colocá-las no balcão ao lado de sacos de
sementes de girassol. Eu me esforço para ouvir o barulho nos quartos e posso
dizer que Jackson tem os meninos nas tarefas da manhã e quase prontos para
sair.

— Ei, Ry?

— Sim. — olho para cima para ver Jackson apoiando o ombro contra a
parede com preocupação em seus olhos.

— Zander e Scoot ainda estão dormindo. — ele faz uma pausa por um
minuto e, em seguida, continua. — Você estava acordada quando Shane chegou
ontem à noite?

Eu olho para ele, tentando descobrir por que ele está perguntando. —
Sim. Eu estava lendo no meu quarto. Por quê?
— Você o viu fisicamente? Falou com ele?

Agora o alarme soa na minha cabeça e paro o que estou fazendo e me viro
para encará-lo. — Uh-uh. Chamei seu nome, ele disse boa noite e foi para o seu
quarto. Você está me assustando, Jax, o que está acontecendo?

— Bem, parece que Shane tomou todas na noite passada. Ele está
desmaiado em sua cama, o quarto cheira a cerveja e pela aparência do banheiro,
ele estava revivendo a noite lá. — ele tem um meio sorriso no rosto e sei que não
é apropriado, mas tenho que abafar uma risada que Shane fez algo tão normal
para sua idade.

E, então, a parte responsável em mim, assume. Eu mordo meu lábio e


olho para Jax. — Nós sabíamos que isso iria acontecer um dia... merda, você
quer que eu lide com ele ou você faz?

— Nós estaremos na van, Jax! — Ricky grita.

— Tudo bem! — ele responde, antes de olhar de volta para mim. — Eu


posso ficar aqui com Zand, Scoot e Shane se você quiser ir ao beisebol hoje?

— Não, está tudo bem. — eu digo quando ele pega as garrafas. — Nós
vamos encontrá-lo no campo mais tarde para assistir aos jogos. Eu posso lidar
com Shane.

— Tem certeza?

— Positivo.

Jax diz adeus e quando ele fecha a porta não sinto mais tanta certeza.
Sento-me em uma das banquetas e contemplo exatamente como lidar com uma
ressaca de dezesseis anos. Ele é o mais velho e o primeiro a passar por isso,
então, estou meio perdida. Claro que estava com muito medo de beber na escola
- sempre a consumada boa menina - então eu estou em solo estrangeiro aqui.

Meu telefone toca e eu olho para baixo, um sorriso ilumina


imediatamente o meu rosto quando vejo que é Colton. — Bom dia. — digo
quando o calor enche meu coração. Os últimos dias têm sido bons entre nós,
apesar da tensão subjacente que temos descaradamente ignorado sobre os
resultados do teste de paternidade iminente. Colton estava animado que ele vai
voltar para o escritório na próxima semana, querendo estar lá para
supervisionar os novos ajustes do dispositivo de segurança que eles estão
trabalhando. Eu ri e disse a ele que pensei que era engraçado que ele voltou para
a pista antes do escritório, mas ele disse com um sorriso que a pista era uma
necessidade e o escritório nem tanto.

— Ei... esta cama é muito solitária sem você nela. — sua voz rouca da
manhã puxa para mim e suas palavras me seduzem quando tenho nenhum
negócio a ser seduzida.

— Acredite em mim, eu preferia estar ai com você...

— Então, chegue aqui tão rápido quanto você possa baby, porque é um
desperdício de tempo. Eu tenho uma longa lista de coisas para fazer hoje. — diz
ele, humor afiando o tom sugestivo de sua voz. E eu amo isso sobre ele - sobre
nós - que apenas sua voz pode ajudar a aliviar o stress da minha manhã.

— O que é que você tem que fazer hoje?

— Você no sofá, você em cima do balcão, você contra a parede, você


praticamente em qualquer lugar que se possa imaginar... — a voz dele deriva
conforme as partes do meu corpo que ainda estavam dormindo, de repente
acordam.
Eu gemo no telefone. — Você não tem ideia de como isso soa tentador,
porque hoje já virou uma merda.

— Por quê? O que aconteceu? — ele pergunta preocupado.

— Shane teve sua primeira experiência com o álcool e conforme Jax disse,
não soa como se fosse uma boa.

Colton solta uma risada. — Ele bebeu todas? É isso aí, Shane!

— Colton! Estou tentando criar meninos respeitáveis aqui! — e no minuto


que falo essas palavras, percebo a antiquada puritana que pareço, mas é
verdade.

— Você está me dizendo que não sou respeitável, Ryles?

Eu sorrio porque posso imaginar o sorriso travesso em seu rosto agora. —


Bem, você de fato faz coisas sujas para mim... — eu provoco, meu corpo
enrijecendo e a dor em meu baixo ventre pulsando com o pensamento de nosso
último pequeno sexcapade22 nas escadas da casa de Malibu anteontem.

Sua risada é sedutora ainda que impertinente. — Oh, baby, sujá-la é o que
eu faço melhor, mas estou falando de todos os outros. Eu fiquei bêbado com o
melhor deles na escola e acabou tudo bem.

— Isso é discutível. — eu brinco. — Então você está dizendo que não é


grande coisa? Para deixá-lo fora do castigo, sem qualquer repercussão?

— Não, não é isso que eu estou dizendo. Eu só acho que é um bom sinal
que ele está sendo um típico garoto de dezesseis anos de idade. Não que seja

22
Escapada sexual, um caso ilícito.
bom ou ruim, apenas típico. E enquanto ele estiver ciente - que ele não está
bebendo para escapar de seu passado – então, bom para ele.

De certa forma, concordo com Colton, mas ao mesmo tempo sei que
preciso enfrentar isso com Shane, preciso dizer-lhe que não está bem e que não
pode acontecer de novo, mesmo sabendo que vai. — Então como, homem-que-
costumava-ser-um-adolescente-imprudente, devo lidar com isso?

— Eu ainda sou imprudente, Ry. — diz ele com diversão em sua voz. —
Isso, minha querida, nunca vai mudar. Jax precisa lidar com ele, porque ele não
vai ouvir você.

— Eu discordo. — eu não quero que os meninos não queiram falar comigo


ou me ouvirem, porque sou uma das poucas conselheiras do sexo feminino na
casa.

— Não use sua calcinha em um grupo, Thomas. — diz ele com uma risada.
— Eu não estou dizendo que você não pode lidar com isso. Eu só estou dizendo
que ele vai ouvir melhor se for tratado por um homem.

— Bem, Jax, está no beisebol, assim, terá que ser eu.

— Você está em casa sozinha? — eu posso ouvir a preocupação enchendo


sua voz imediatamente e sorrio para sua súbita necessidade de cuidar de mim,
me proteger. É tão bonitinho.

— Colton. — eu suspiro. — Há cinquenta fotógrafos na frente. Estou


perfeitamente bem.

— Exatamente. Cinquenta fotógrafos que não têm nenhuma porra de


negócio para estar aí, exceto para atormentá-la e os meninos. Cristo! — ele
vocifera para ele mesmo. — Eu estou farto da minha merda maldita estar na sua
porta.
— Realmente, não é um...

— Eu estarei aí em 30 minutos. — diz ele e a linha fica muda.

Está bem. Então, ele está vindo para lidar com a imprensa, que não fará
nenhum bem e eu ainda tenho que descobrir como lidar com Shane.

Foda-se!

— Você pode jogar por mais uma hora mais ou menos, Scooter, e então
nós temos que ir para o campo, ok?

— Sim. — ele grita enquanto se apressa pelo corredor em direção à sala,


onde tenho certeza que desenhos animados de sábado de manhã estarão em
pleno andamento momentaneamente.

Eu continuo no final do corredor e paro quando passo pelo quarto de


Zander e de Aiden. Zander está na cama, seus ombros envoltos no cobertor, o
precioso cachorro de pelúcia agarrado ao peito e ele está balançando para a
frente e para trás com os olhos fechados. Eu inclino minha cabeça, dou um
passo para dentro do quarto, paro e o observo por um momento para que possa
descobrir se ele está sonhando ou acordado. Quando chego mais perto, ouço o
lamento silencioso dentro de seu peito e, em seguida, me movo por instinto.

— Ei, Zander, você está bem, amigo? — pergunto gentilmente, enquanto


me abaixo muito lentamente sobre o colchão ao lado dele.

Ele apenas continua balançando, mas levanta a cabeça para me olhar,


lágrimas manchando seu rosto e total desgosto refletido em seus olhos. Porque
não importa quanto tempo passe, as lembranças sempre estarão lá cavando seus
tentáculos de destruição tão profundos quanto podem, para que ele nunca seja
capaz de esquecer. Ele pode ser capaz de seguir em frente, em algum momento,
mas nunca vai esquecer.

— Eu quero a minha mãe. — ele choraminga, e se o meu coração pudesse


quebrar em um milhão de pedaços, seria por este menino, que eu amo mais do
que qualquer coisa.

Eu muito lentamente o puxo no meu colo e o abraço, aninhando a cabeça


debaixo do meu pescoço para que ele não veja as lágrimas que estou chorando
por ele, sua inocência perdida, a parte dele que vai doer para sempre por sua
mãe.

— Eu sei amigo. — digo a ele enquanto o balanço. — Eu sei. Ela estaria


aqui se pudesse. Ela nunca teria deixado você se os anjos não precisassem dela.

— Mas - mas eu preciso dela também... — ele funga e não há nada que eu
possa dizer sobre isso. Nada. Então pressiono um beijo em sua cabeça e apenas
o seguro com mais força, tentando deixar meu amor por ele aliviar um pouco o
peso em seu coração, mas sei que nunca será o suficiente.

Ficamos lá um pouco, ele puxa conforto e alívio de mim tanto quanto eu


dele. Ele se acalma depois de alguns minutos, a minha mão alisando sobre seu
cabelo para a frente e para trás enquanto tento descobrir alguma coisa para
fazê-lo sorrir. — Ei, amigo? Colton está vindo para cá.

Sinto seu pequeno corpo em atenção enquanto me olha com seus olhos
avermelhados. — Sério?

E, como se na sugestão, ouço barulho na frente da casa. Mesmo com as


janelas e cortinas fechadas. Posso ouvir o ronronar de um motor, os cliques dos
obturadores das câmeras e as perguntas que estão sendo gritadas.
— Sim, na verdade acho que ele acabou de chegar.

Grata pelo sincronismo de Colton e a faísca instantânea que coloca nos


olhos de Zander, nós nos levantamos e seguimos para frente da casa. Eu
confirmo que os meninos estão na sala da família, então quando abro a porta da
frente, eles estão fora do caminho da lente da câmera.

Colton empurra na abertura estreita da porta com uma maldição


murmurada quando a porta se fecha atrás dele. Ele olha para mim, linhas de
frustração gravadas em seu rosto e uma sacola marrom apoiada debaixo do
braço. Ele sorri. — Oi.

— Olá, Ace. — digo, dando um passo em sua direção para dar-lhe um


beijo de olá, mas seu corpo enrijece. Eu imediatamente imagino que há um dos
meninos atrás de mim. Colton é sempre tão ciente deles e evita me beijar em sua
presença, nem um beijinho na boca, porque ele sabe como eles são
superprotetores e ele nunca iria perturbar esse equilíbrio.

— Só a beije e acabe logo com isso! — a voz exasperada de Scooter atrás


de mim faz Colton e eu desatarmos a rir quando me viro para encará-lo, com um
sorriso estampado em meus lábios.

Sinto a mão livre de Colton nas minhas costas quando ele passa por mim
e agacha na frente de Scooter. — Está tudo bem? — ele pergunta ao menino,
cujos olhos se tornaram apenas do tamanho de pires. — Quer dizer, não é muito
educado entrar na casa de outro homem e beijar sua menina... mas já que você é
um dos homens da casa, acho que eu poderia beijá-la se você me disser que está
tudo bem.

A boca de Scooter cai negligente com o comentário de Colton e sua coluna


endurece com orgulho. — Sério? — a emoção na voz dele me faz colocar a mão
sobre o meu coração. — É... está tudo bem. Contanto que você não a deixe triste.
— Negócio fechado. — Colton estica a mão e eles apertam as mãos. Meu
coração transborda de amor e eu tenho que lutar profundamente para evitar as
lágrimas pela segunda vez hoje, mas desta vez elas são de orgulho que sinto por
dois dos homens em minha vida.

— Bem, então. — Colton diz enquanto levanta e olha para mim. — O


homem da casa diz que eu posso te beijar.

Meu sorriso se alarga conforme Colton se inclina e beija meus lábios de


uma forma fraternal. — Eeeewwww que nojo! — diz Scooter, limpando a boca
com as costas da mão e virando para correr para a sala de família para contar a
Zander.

Colton olha por cima do ombro para se certificar de que Scooter está fora
de vista e quando ele se vira, seus lábios encontram os meus sem um segundo
pensamento. É um beijo breve, mas cara, embala um soco, mais do que reforça
de que ele é a droga que não posso viver sem. — Uau! — eu digo quando ele se
afasta.

— Ele disse que eu poderia fazê-lo. — ele apenas sorri e encolhe os


ombros. — Onde está o nosso gambá bêbado?

— Ainda dormindo. — digo a ele quando olho para a sacola marrom


debaixo do braço. — O que é isso?

Colton apenas sorri. — Uma coisinha para certificar de que ele se


lembrará de hoje por um longo tempo. Bebida para curar a ressaca.

— Colton. — eu advirto enquanto observo a forma do saco que parece um


pouco semelhante a um pacote de seis. — Eu não posso dar-lhe cerveja! Eu vou
ser demitida. — eu grito com ele em um tom abafado.
Ele tem a ousadia de ficar ali e rir. — Exatamente. É por isso que eu vou.
— e com isso, Colton caminha pelo corredor à minha direita até o quarto de
Shane. As palavras anteriores de Colton que Shane não vai me ouvir me faz
andar pelo corredor para ver o que ele vai fazer.

Colton puxa as cortinas e luz brilhante inunda o quarto, antes que ele
olhe para a cômoda, um enorme sorriso se espalhando em seu rosto. Em poucos
segundos, ele conecta um par de alto-falantes no iPod de Shane e o som
ensurdecedor ganha à vida com uma batida surrando na base. Shane salta da
cama imediatamente, gritando e tapando os ouvidos e leva um susto quando vê
quem está em pé na frente de sua cama, os braços cruzados sobre o peito e as
sobrancelhas levantadas.

Eles se encaram por um momento antes de Shane pegar o travesseiro e


puxá-lo sobre a cabeça para parar o som e bloquear a luz brilhante. — Pare com
isso! — ele grita. Colton ri e vai até o iPod e o desliga. — Obrigado! — a voz
abafada de Shane diz debaixo do travesseiro.

— Uh-uh. — Colton diz a ele quando salta na cama ao lado dele e puxa o
travesseiro das mãos de Shane, que então, usa os braços para cobrir os olhos. —
Pelo cheiro do seu quarto e o olhar em seu rosto, diria que você tomou todas na
noite passada. Estou certo, amigo? — ele dá uma risada sinistra e divertida,
quando Shane não responde. — Sua cabeça está latejando? O quarto está
girando? Seus olhos doem? Sente como se fosse vomitar, mas não há nada em
seu estômago?

— Cale a boca. — Shane geme enquanto tenta colocar as cobertas sobre a


cabeça, e Colton apenas puxa de volta para baixo.

— Não. Você quer sair com os meninos grandes - beber como eles fazem -
então é hora de acordar e tomar isso como um homem. — do meu ponto de vista
no corredor, assisto Colton apoiar as costas contra a parede e ficar confortável
antes dele cavar dentro da sacola de papel marrom. Eu ouço o lacre da lata de
cerveja e Shane imediatamente se senta na cama e olha para Colton como se ele
fosse louco.

— Você está louco, porra? — Shane resmunga com uma voz em pânico.

— Sim. — Colton diz enquanto olha para Shane e sorri. Ele toma um gole
de cerveja, e em seguida, oferece para Shane. — Certo como o inferno que estou.
Beba, filho.

— De jeito nenhum! — Shane diz enquanto se afasta da lata como se


estivesse pegando fogo. — Você não pode me dar cerveja!

Colton levanta as sobrancelhas. — Eu acredito que eu posso. Agora pare


de usar isso como desculpa. Você era crescido o suficiente para tomar ontem à
noite, certo? Então é hora de lembrá-lo apenas por que você gostou tanto. —
Colton empurra a cerveja para ele. — Vamos lá, tome uma bebida. Eu te desafio.

— O que...

— Beba! — Colton pressiona. — O quê? Você é legal o suficiente para


beber com seus amigos, mas não comigo?

— Vai me fazer vomitar!

— Agora você está entendendo! — Colton diz com um sorriso quando ele
chega com a mão livre de volta para a sacola e pega outra cerveja. — Eu tenho
mais cinco aqui pra você quando você terminar esta.

Os olhos de Shane ficam enormes e seu rosto empalidece quando as


palavras de Colton o atingem. — De jeito nenhum! Eu vou vomitar.
— Bom. — Colton diz enquanto se aproxima do rosto de Shane. — Beba
isso. — diz ele. — Eu quero que você lembre quão bom é o gosto quando volta
pela segunda vez. A próxima vez que seus amigos pressioná-lo para beber ou
você quiser beber para parecer legal para as moças... eu quero que você se
lembre o quão legal pra caralho você vai parecer curvado sobre o vaso sanitário
vomitando isso, porque garanto por experiência própria, não vai ser divertido.
— Colton se afasta dele e retorna à sua posição contra a parede, um sorriso
presunçoso no rosto. Ele inclina a cabeça para trás, mas continua olhando para
Shane. — Tem certeza que não quer esta cerveja? Não quer lembrar o gosto?

Shane balança a cabeça, um pouco chocado com o ataque verbal que seu
ídolo apenas lhe deu, assim como eu.

Quando Colton fala novamente, a sua voz é estranhamente calma. —


Agora que tenho sua atenção, algumas regras básicas, está bem? — ele não
espera por Shane responder. — Como você chegou em casa ontem à noite,
Shane?

A pergunta me surpreende, assim como a Shane. — Davey me trouxe para


casa.

— Será que Davey bebeu ontem à noite também? — a calma na voz de


Colton faz com que Shane desvie o olhar, que faz meu coração parar.

— Ele tomou algumas. — eu posso ouvir a vergonha na voz de Shane; ele


sabe que estava errado.

— Eeeehhh! Resposta errada! — Colton diz enquanto vira a cabeça para


olhar para ele de novo. — Você quer ser estúpido e ficar bêbado? Isso é uma
coisa que posso entender. Você quer entrar em um carro e deixar alguém que
está bêbado lhe dar uma carona - porque vamos concordar, você estava bêbado
como um gambá, assim, como você sabe quanto Davey bebeu - isso é algo que
não vou tolerar! Você tem muitas pessoas que te amam nesta casa. Se
preocupam com você, Shane - Ry, os meninos, eu - não queremos que algo
aconteça com você. Então me deixe reformular a pergunta, ok? Eu não vou te
perguntar se você vai ficar bêbado de novo, porque então você vai ter que mentir
para mim. Aqui está a minha pergunta: Você vai entrar em um carro com outra
pessoa que está bebendo?

Shane engole ruidosamente e balança a cabeça negativamente. Quando


Colton apenas olha para ele, ele diz em voz alta. — Não.

— Bom! Agora estamos nos entendendo... — diz Colton, batendo palmas


alto que faz com que Shane pule e agarre a sua cabeça, enquanto Colton cai na
risada. — Tem certeza que não quer esta cerveja? — ele oferece novamente para
uma agitação frenética da cabeça de Shane. — Eu amo um garoto inteligente que
gosta de ouvir, eu não me importo como diabos você chega em casa, me ligue se
precisar, mas não faça isso novamente. Última coisa... por quê?

Os olhos de Shane levantam até encontrar os dele. — O que você quer


dizer com por quê?

Colton olha para ele sério e firme, o que me deixa louca que não estou
perto o suficiente para ver as palavras não ditas passando entre eles. — Para ser
legal? Para impressionar uma garota? Para cobrir a dor de sua mãe? Você não
tem que me dizer, Shane, mas a resposta é muito importante. É algo que você
precisa responder para si mesmo. — eu vejo a cabeça de Shane abaixar e eu
puxo uma respiração com preocupação. Shane se move e se inclina contra a
parede como Colton, pernas cruzadas na frente deles, braços cruzados sobre o
peito e cabeças voltadas para o teto. A visão deles juntos assim, não tem preço, e
eu sei que este é um momento que ficará para sempre gravado na minha
memória.

Colton exala uma respiração e quando ele começa a falar, sua voz é tão
suave que me esforço para ouvi-lo. — Quando eu era pequeno tinha uma merda
ruim acontecendo comigo. Merda muito ruim. E não importa o que eu fiz, ou o
quão bom eu era, ou o quanto eu tentasse... nada importava... nada parava.
Ninguém ajudou. Então, no meu cérebro de sete anos de idade, a culpa era
minha e até mesmo alguns dias agora, eu ainda penso dessa forma. Mas a pior
parte foi viver com a dor e culpa disso. — ele suspira e vira a cabeça do teto e
aguarda Shane fazer o mesmo, então eles estão olhando um para o outro. —
Merda, eu comecei a beber quando era muito mais jovem do que você, Shane... e
eu bebi porque doía pra caralho. E depois de algumas acrobacias estúpidas e
algumas situações que eu tive sorte o suficiente de me livrar, o meu pai se
sentou comigo e me fez essa mesma pergunta. Disse as mesmas coisas que eu
disse a você. Mas então ele perguntou: “Por que beber para encobri-lo, se
doendo é sentir e sentir é viver, e não é bom estar vivo?” — Colton balança a
cabeça. — E você sabe o quê? Alguns dias eu pensei que era besteira, que eu
nunca seria capaz de passar um único dia sem pensar nisso, ou me ferir, ou me
sentir culpado por isso... e foda-se, naqueles dias? Eu queria beber. Aos quinze
anos Shane, eu queria beber para lidar com isso... mas meu pai se sentava e
repetia essas palavras para mim. E você sabe o quê? Ele estava certo. Levou
tempo. Muito tempo. E nunca, nunca vai embora... mas eu estou tão feliz que eu
escolhi sentir do que estar dormente. Tão feliz que eu escolhi viver sobre estar
morto.

Eu não percebo que tenho lágrimas deslizando pelo meu rosto quando
Shane vai até Colton, o alcança e engancha um braço em volta de seu pescoço e
o puxa para perto. Ele lhe dá um rápido, mas rude abraço de homem que faz
com que um soluço agite o corpo de Shane. Colton pressiona um beijo atípico no
topo da sua cabeça e murmura novamente. — Lembre-se, doendo é sentir e
sentir é viver, e não é bom estar vivo?

Meu coração está em minha garganta, minha respiração é roubada e


qualquer esperança que tive em me afastar deste belo desastre de homem, é
completamente roubada de mim para sempre.

O homem danificado ajudando uma criança quebrada.


Ele libera Shane do abraço e eu posso sentir imediatamente que ambos
estão desconfortáveis com o show de emoção. Colton levanta da cama e ri
quando ele oferece a Shane a cerveja novamente e ele a empurra para longe. Ele
recolhe a sacola com o resto delas e começa a caminhar em direção à porta, mas
vira para trás. — Ei, Shane? Você fede, cara. Tome um banho e se vista, temos
um beisebol para assistir.

Colton sai pela porta, para e olha para mim, tantas emoções nadando em
seus olhos quando ele vê as lágrimas manchando meu rosto. Eu digo a única
coisa que posso. — Obrigada. — ele assente, como se ele não confiasse em si
mesmo para falar e caminha pelo corredor.
Capítulo 26

Colton

— V ocê os

tem agora, Jax? — eu pergunto enquanto assisto Scooter comprar alguma


porcaria açucarada no snack bar23 com o dinheiro que lhe dei. Shane recusou. O
filho da puta ainda está verde. Ele não vai comer nada por um tempo, a menos
que queira vomitar.

Ah, doces lembranças de ser um adolescente e ficar iluminado como uma


árvore de Natal do caralho. Eu não consigo evitar, sinto pena dele, mas foda-se
se não é meio engraçado assistir a este rito de passagem.

Jax ajusta seu boné de beisebol, larga o bastão e caminha até mim. —
Sim, eu os tenho. — ele estende a mão para mim e a aperto. — Obrigado por... —
ele levanta o queixo na direção de Shane.

— Sem problema. — eu rio. — Ele estava passando muito mal, mas eu


falei com ele.

23
Uma espécie de quiosque de lanches rápidos.
— Obrigado. Será que Ry mudou de ideia? Será que ela não vem?

— Não. — balancei minha cabeça, enquanto assisto Ricky dar um balanço


e rasgar a bola para fora do campo interno durante sua prática de batedura. Eu
assobio para que ele saiba que o vi e ele tem a porra do sorriso mais bonito em
seu rosto quando olha para mim. Eu sei mais do que ninguém, que o
reconhecimento de qualquer forma ajuda pra caralho. — Acredito que não. Acho
que Zander teve uma manhã difícil, ela não queria que ele desfilasse na frente
da imprensa. Então, eu trouxe os meninos, esperando que eles me seguissem.

Abutres do caralho. Eu olho para o estacionamento pelo Range Rover e


os vejo todos ali, câmeras penduradas em seus pescoços, lentes de longo alcance
apontando para mim; esperando capturar... foda-se se eu sei o quê em um jogo
da liga infantil. Mas porra, eles mantêm a sua distância e não me bombardeiam
quando estou com as crianças e estou um pouco chocado. Desde quando eles
têm malditas boas maneiras? Não é como se eu fosse fazer nada emocionante
atrás das arquibancadas e fazer malditos filhos ilegítimos mais infundados. —
De qualquer forma... — eu dou de ombros —... parece ter funcionado.

Jax ri quando olha para a multidão no estacionamento. — Você acha?


Loucura homem, viver com isso o tempo todo. Você já se acostumou com isso?

— Dá pra dirigir um carro sem rodas? — estúpida pergunta de merda,


mas este é Jax. O cara é legal. Se preocupa com Ry.

— É verdade. — diz ele com um aceno.

Eu converso mais um pouco com ele antes de sair para dar aos parasitas
sacos de merda perto do meu carro, o close para as fotos que irão lhes render
algum dinheiro. Que esperemos que os mantenha afastados por mais um
maldito dia.
Enquanto tiram fotos minhas em suas malditas câmeras quando ando até
o carro, leva tudo o que tenho para não dar um soco, porque foda-se, se isso não
seria divertido. Maldita Chase. Suas palavras me param, apenas porque vai
prejudicar Ry se eu der uma de bad boy imprudente enlouquecido pelo qual eles
estão pressionando com suas porras de perguntas de merda sobre ela ser uma
destruidora de lares.

Promessa filha da puta. Fodam-se todos para o inferno. É por isso que
nunca faço isso. Nunca fiz antes de Rylee, de qualquer maneira. Quem teria
pensado que chegaria o dia que me tornaria um pau mandado e estaria
fodidamente bem com isso.

Adicione outra camada de gelo para o inferno, porque ele se tornou o


círculo ártico fodido com a merda que ela está mudando em mim.

Disse a ela que estava tentando ser a porra de um homem melhor. Bem,
foda-se. Mal sabia que íamos ser jogados nessa tempestade de merda que ia nos
puxar para todos os lados como um cabo de guerra filho da puta.

Eu tenho sido bom até agora. Não peguei meu telefone e rasguei a Tawny
por esta merda que ela está inventando, por jogar Rylee para os malditos lobos
para tentar me machucar. Mas sei que se fizer isso só vai provar que ela está
ficando por cima. E para ela, isto é metade da batalha ganha.

— Então, quando é o casamento, Colton?

— Será que Tawny sabe que você está com Rylee hoje?

— Você já escolheu nomes para o seu filho?

Outro cinegrafista me empurra de lado e giro sobre ele, os punhos


cerrados, maxilar cerrado. — Porra, sai fora, cara!
Rylee. Rylee. Minha maldita Rylee. Eu tenho que repetir mais e mais
para me ajudar a ignorar as suas mentiras de merda e me impedir de ficar louco.

Pelo menos o cara recua para que eu possa abrir a porra da porta do
carro. Agradeço a Deus pela porra do carro caro, porque na hora que fecho a
porta, o som silencia e os vidros escuros tornam difícil para as câmeras
conseguir uma foto minha prestes a ficar insano. Por mais que precise sentar
aqui e me acalmar, não há nenhuma maneira que eu possa com o circo que me
rodeia.

Eu acelero o motor e espero que eles peguem a mínima pista e recuem


para que eu não os atropele. Mais uma acelerada do motor e uma ligeira ré
fazem todos eles correrem para entrar em seus carros para que possam me
perseguir.

Porra, Cristo.

Tenha o drama, por favor, me sigam porra. Se eu colocasse um estúpido


adesivo no meu carro, o que ele diria?

Eu verifico as crianças e acelero o motor mais uma vez antes de sair


rapidamente do local. Fico longe da loucura quando perco a maioria dos carros
em um sinal vermelho que passei voando no final do sinal amarelo. Eu
finalmente exalo um suspiro de alívio, posso ter um minuto de paz cantarolando
junto à Best of You no rádio e então olho para o meu telefone.

E o ar que acabei de receber, sai como a porra de um soco direto em mim.


O meu pé vacila sobre o acelerador como um piloto novato com a porra do texto
exibido na tela.

Envelope selado em cima da minha mesa. Os resultados chegaram.


Ligue para mim.
Meu corpo inteiro congela - pulmões, coração, garganta, tudo. Eu olho
para a frente, meus dedos ficam brancos enquanto aperto o volante, tentando
controlar o ataque de emoções me enterrando vivo.

Eu me forço a respirar, a piscar, a pensar. No minuto que minha cabeça


manda os comandos para o meu corpo, desvio para o outro lado da pista,
causando uma enxurrada de buzinas. Eu puxo o carro para a entrada de
garagem mais próxima que eu vejo, uma pequena faixa de estacionamento de
um shopping e piso no freio.

Pego meu telefone e ligo para o meu advogado, mas o coloco de volta para
baixo enquanto aperto meus olhos fechados e tento conseguir algum controle
sobre o nervosismo de repente disparando por mim. É isso. A resposta do outro
lado da linha vai ser a minha maior maldição ou o meu maior alívio.

A certeza que senti antes que isso não podia ser verdade, não sinto tão
fodidamente certo agora. Eu dou um suspiro, bato um punho sobre o console,
agarro figurativamente minhas bolas e pego o telefone.

Cada toque me destrói. É como a espera da cadeira ser tirada sob os meus
pés com uma corda enrolada inofensivamente no meu pescoço.

— Donavan.

Levo um minuto para responder. — Ei, CJ. — minha voz soa tão
malditamente estranha, como uma criança à espera de sua punição ser decidida.

— Você está pronto?

— Porra Cristo, me fala logo, está bem? — eu ladro.


Ele ri conforme ouço rasgar o papel. Fácil para ele rir pra caralho agora
enquanto meu coração martela, a porra da minha cabeça está latejando e meu
pé está saltando sobre o piso. E então ouço CJ exalar.

— Você está bem.

Não há nenhuma maneira de tê-lo ouvido direito. — O quê?

— Ela mentiu. O bebê não é seu.

Eu agito meu punho no ar e grito. Eu aperto a cabeça em ambas as mãos,


conforme a adrenalina me bate com força total, minhas mãos tremem e
malditas lágrimas também. Eu não posso sequer processar um pensamento. Sei
que CJ está falando, mas não consigo ouvi-lo, porque o meu coração está
pulsando em meus ouvidos pela adrenalina que me bate, como acontece no
início de uma corrida. Eu passo a mão pelo meu cabelo, mas paro batendo no
volante antes de esfregar meu rosto, porque estou tão sobrecarregado... tão
inundado com a porra do alívio, que não posso manter um único pensamento
direito, com exceção de um.

Não é meu.

Eu não estraguei a vida de uma pobre alma a manchando com meu


sangue.

E ser nascido de uma vaca manipuladora como Tawny.

— Você está bem, Wood?

Leva-me um minuto para engolir e encontrar a minha voz. — Sim. — eu


suspiro. — Mais do que bem. Obrigado.
— Eu vou pedir a Chase para emitir um comunicado para a imprensa
para...

— Resolverei isso. — digo-lhe, querendo nada mais do que alimentar os


abutres com um gostinho para se gabarem e tirarem a porra de suas câmeras
intrusivas de nossas vidas um pouco. Deixar Rylee ajustar a porra da minha vida
louca enquanto nós encontramos o nosso equilíbrio.

Lá vou eu de novo. Pensando em encontrar o nosso maldito equilíbrio, o


futuro e a merda com ela. Minha maldita kryptonita.

Puta que pariu.

E isso me atinge.

Rylee.

Eu preciso dizer a ela.

— Obrigado novamente CJ, ligo para você depois - eu tenho que ir.

Desligo e imediatamente começo a discar para Rylee, mas minhas mãos


estão tremendo tanto da adrenalina correndo pelo meu sangue, que paro por
um segundo.

E então percebo que quero terminar isso de uma vez por todas, antes de
falar com Ry. Quero falar pessoalmente para que eu possa lhe dizer que tudo
isso está resolvido entre nós. Bebê, as mentiras de Tawny - tudo está acabado e
resolvido, porra.

Eu respiro fundo conforme disco o número que costumava ser tão


familiar, mas agora só faz meu sangue ferver.
— Colton? — eu gosto do fato de que ela está surpresa, que a peguei
desprevenida.

Hora do show.

— Tawny. — minha voz é monótona, sem emoção. Eu não digo mais nada.
Eu quero que ela se contorça. Eu quero que ela me pergunte se eu sei ou não.
Ela é corajosa o suficiente para mentir na minha cara, vamos ver se ela vai
manter a porra da mentira ou colocar suas cartas na mesa.

Porque diabos, se o teste de paternidade não é a minha carta na manga.

— Oi. — diz ela tão baixinho que realmente não posso descobrir se ela
está sendo tímida ou tentando parecer sedutora.

Qualquer um deixa o meu estômago revirando.

Eu mastigo o interior de minha bochecha, tentando descobrir onde quero


ir com esta conversa, porque tanto quanto quero fazê-la sofrer, só quero que sua
porra suma. Sayonara, adios, toda a porra do adeus. Ela limpa a garganta e eu
sei que o silêncio a está matando.

Bom.

— Colton. — ela diz o meu nome novamente e eu tenho que morder


minha língua, deixá-la sofrer. — Você precisa de algo? Eu-eu estou surpresa de
você me ligar...

— Sério? Surpresa? — o sarcasmo escorre da minha voz como a porra do


óleo do motor. — Agora, por que estaria?
Ela começa a gaguejar algumas palavras, mas nenhuma delas tem mais
do que a primeira sílaba. — Pode parar Tawn. Só me diga uma coisa. Por quê?

Quando diabos que ela ficou assim? Quando ela foi de minha namorada
da faculdade para a conivente, vadia manipuladora do outro lado da linha? Que
porra que eu perdi?

— Por quê? — ela pergunta, prolongando a palavra. Nós somos amigos há


muito tempo, posso dizer que ela está pescando. Está à procura de uma pista
para que possa levá-la, torcê-la e manipulá-la em tudo o que vou dizer no que
melhor lhe convenha.

E eu estou farto. A rotina inocente terminou um longo tempo de merda


atrás quando se tratam dela e suas malditas mentiras. Pelo menos eu reconheço
agora. Depois do que ela fez com Ry? E agora tentou fazer comigo?

Prepare-se, querida.

— Sim, por quê? — eu digo. — Por que, você fodidamente mentiu através
desses dentes brancos perfeitos que tem? Usou meu acidente para...

— Colton eu não tentei...

— Cale a porra da boca, Tawny! Eu não me importo sobre suas malditas


desculpas patéticas! — eu grito com ela porque estou em um rolo compressor e
foda-se se não me sinto bem por deixá-lo sair. Liberar toda a raiva, o medo e a
incerteza que tem governado a porra da minha vida ao longo das últimas
semanas. Deixou-me uma maldita bagunça desorientada como dirigir
cegamente para a fumaça após um acidente, na esperança de sair do outro lado
da porra da névoa opressiva. — Você não tentou o quê?

Minha raiva me comendo cru. Eu preciso me mover. Preciso expulsar um


pouco dela, para enfim abrir a porta do Rover e começar a andar de um lado
para o outro, empurrando a mão livre pelo meu cabelo enquanto meus pés
batem no maldito chão debaixo de mim.

— Você não tentou usar o meu acidente - minha cabeça fodida - como
um meio para conseguir o que queria? Me dizendo que eu fodi você quando eu
não fiz? Uma armadilha para ser o pai de seu filho ilegítimo? Como fodido que é
isso? Que tipo de pedaço merda faz isso, Tawn? Hein? Você pode me responder
por que a mulher que eu conhecia - era minha amiga, uma vez por um fodido
tempo - tem que descer tão malditamente baixo que usou uma criança para
tentar me ter de volta?

Não há porra de asfalto suficiente neste estacionamento agora para me


ajudar a diminuir a porra da fúria em minhas veias, porque quanto mais penso
sobre isso - sobre o que ela estava tentando fazer comigo - mais forte a minha
raiva cresce.

Maldição como ela está calma, digo a mim mesmo, quando ela não
responde a uma única coisa que eu disse. Tudo o que ouço são choramingos e
choro do outro lado da linha.

— E pensar que costumava me importa com você. Fodidamente


inacreditável, T. — eu balanço minha cabeça e engulo um enorme gole de ar. —
É assim que você trata as pessoas que diz amar? Usa uma criança para
manipular? Porra, engana para obter o amor?

— Você já está com os resultados. — não é uma pergunta, apenas uma


declaração suave que é estranhamente calma.

E ela sabe.

— Sim, eu os tenho. — o aço tranquilo na minha voz deveria fazer com


que ela corresse para se esconder.
— Você fodeu comigo uma vez, Tawn. Eu lidei com isso o mais
suavemente possível, desde que as nossas famílias estão ligadas. — eu inclino
minhas costas contra o Rover e continuo apenas balançando a cabeça, meu
pulso acelerado e a respiração ofegante em respirações rasas. — Mas você,
obviamente, não se importou com isso, porque você só decididamente fodeu
comigo novamente. Tentou arruinar a única coisa que sabe que iria me foder
mais do que qualquer outra coisa. Então, sugiro que você ouça com atenção
porque só vou dizer isto uma vez. Eu estou farto pra caralho com você. Não
entre em contato comigo. Certo como a porra, é melhor você não entrar em
contato com a Ry. E as festas em família? — eu rio e certo como a porra não é
porque estou me sentindo feliz. — Eu sugiro que você tenha uma gripe, uma dor
de estômago ou algum outro motivo para não comparecer. Entendeu? Você não
é mais minha amiga e agora você é apenas... nada.

— Por favor, ouça. — ela implora e sua voz - a voz que costumava
significar algo - não faz porra nenhuma para mim. Absolutamente. — Não seja
tão frio...

— Frio? — eu grito com ela, meu corpo vibrando com raiva. — Frio? Frio?
Prepare-se para a porra da camada de gelo polar porque nós terminamos. Você
está morta para mim, Tawny. Nada mais a dizer. — eu desligo o celular, apesar
do soluço que ouço vindo do outro lado. Viro-me e coloco minhas mãos na
lateral do meu carro enquanto processo tudo. Enquanto tento compreender
como uma amiga de infância poderia fazer isso comigo.

E eu percebo que isso realmente não importa. Os porques, os paras.


Nada disso.

Porque eu tenho Ry agora.

Puta merda. Estou tão envolvido na minha cabeça e no que eu fiz, que
esqueci a razão pela qual fiz isso.
Rylee.

Eu entro no carro enquanto me atrapalho com o telefone na minha mão e


me leva um segundo para trazê-la da minha lista de chamadas recentes. O
telefone toca, mas estou impaciente pra caralho. — Vamos, Ry! — eu bato no
volante com meu punho, enquanto aguardo os toques através dos alto-falantes
do carro.

— Ei! — ela ri.

Esse som. Meu Deus, esse som despreocupado em sua voz agarra o
domínio da porra do meu coração e só o aperta tão firme que sinto que não
posso respirar. É como se, de repente, toda a merda se foi com Tawny e o
acidente, e mesmo que não possa respirar, sinto que posso respirar pela
primeira vez em um longo fodido tempo. É isso que é suposto sentir? Clareza do
caralho e merda?

Eu começo a falar e eu não posso. Que porra é essa? É como se eu


quisesse dizer tudo para ela de uma vez e ainda assim não consigo pensar em
como começar. Eu começo a rir, insanamente rindo como um louco, porque
estou no meio de algum shopping de merda e minha ficha cai agora?

— Você está bem? — ela pergunta naquele tom sexy dela.

— Sim. — eu sufoco através do meu riso. — Eu só...

A risada vem através do alto-falante alto e claro e paro de falar. É de


Zander e é a primeira vez que ouço. O som me corta fodidamente aberto como
uma faca de filé. Eu juro por Deus que não poderia estar mais mulherzinha
agora com as minhas emoções em todo maldito lugar.
— Vá pegar sua luva no quintal e nós vamos começar, está bem? — eu o
ouço concordar através da linha. — Desculpe, você ia me dizer o que era tão
engraçado.

E eu começo a falar, começo a contar sobre os resultados do teste,


quando ouço um som que é tão horrível que ele atinge meu peito e as lágrimas
em meu coração endurecido. — Que porra é essa? — eu não consigo dizer isso
com a rapidez necessária porque, apesar do grito agudo que soa como um
animal ferido lutando por sua vida, eu ainda posso ouvir Rylee se movendo
através da linha telefônica.

Meu estômago se agita com a porra do som e seu maldito silêncio. — Ry?
Diga-me o que está acontecendo. Ry?

— Não, não, não, não! — ela diz e há algo em sua voz - medo, descrença e
o choque misturado com desafio - que faz com que arrepios dancem pela minha
coluna e me faz imediatamente ligar o carro e trocar as marchas.

— Maldição, Ry! Fale comigo. Que porra está acontecendo? — eu grito


para o telefone, o pânico me ultrapassa, mas tudo que ouço é sua respiração
pesada. E, em seguida, choramingos. — Rylee!

— Você não pode tê-lo! — ela diz com uma voz estranhamente calma, o
que soa muito longe e me faz cortar algum pobre coitado na pista ao meu lado.

— Quem está aí, Ry? Diga-me, baby, por favor. — eu imploro, o medo
como só conheci na minha juventude me faz provar bile na minha boca. O medo
em todos os meus nervos do caralho. Eu me esforço a decidir em desligar e ligar
para o 9-1-1, mas isso significaria que eu teria que desligar a ligação dela - não
ouvi-la, não saber se ela está bem.

— Sua puta de merda! — é tudo o que ouço antes dela gritar de dor e o
telefone ficar mudo.
— Não! — eu grito e esmago a mão no volante. Meus olhos borrando
enquanto tento apertar os números no meu celular, mas meus dedos estão
tremendo para caralho, que eu não posso sequer apertar 9-1-1 até depois da
terceira tentativa.

— 9-1-1. Qual é a sua emergência? — A voz imaterial responde.

— Por favor, ajude-os. Eles estão gritando e... eles estão gritando! — rogo
a ela.

— Quem está gritando, senhor?

— Rylee e Zand... — eu não consigo pensar direito porra; gelo inunda


minhas veias e meu único pensamento é que preciso chegar até eles, então nem
sequer percebo que não estou fazendo qualquer sentido do caralho. — Por favor,
alguém está lá e...

— Senhor, qual é o seu nome? Qual é o endereço?

— Co-Colton. — eu gaguejo quando percebo que nem sei a porra do


endereço. Apenas a rua. — Switzerland Avenue.

Oh merda. Oh merda. Aguente firme, baby. Aguente. Estou indo. É tudo


que consigo repetir na minha cabeça - mais e mais - enquanto meu corpo treme.

— Qual é o endereço senhor?

— Eu não sei, porra! — eu grito com a atendente do 9-1-1. — A única com


todos os malditos paparazzi na frente. Não há mais ninguém na casa, apenas ela
e um menino. Por favor! Rápido.
E quando olho para cima ao terminar a chamada, eu tenho que pisar no
freio, porque bati em uma construção na estrada, porra.

— Porra! — eu grito, socando minha buzina, como a porra da minha


tábua de salvação.

Rylee.

Ela é o meu único pensamento.

Rylee.

Por favor, Deus, não.


Capítulo 27

—S piderman.

Batman. Superman. Ironman. Spiderman. Batman... — Zander repete mais e


mais enquanto ele fica enrolado em um canto atrás de mim no quintal. É a única
coisa que posso ouvir sobre o zumbido em minha cabeça agora com a força do
soco. As mãos de Zander estão sobre suas orelhas e ele balança para trás e para
a frente enquanto evoca o cântico, retirando-se para dentro de si. Para o mundo
que quer existir, onde não há homens maus empunhando armas ou pais
segurando facas cortando suas esposas.

O problema é que no mundo de Zander, eles são o mesmo.

Eu observo tudo isso na fração de segundo depois que levei um soco no


rosto, meu corpo arremessando e torcendo pelo impacto de ver o meu menino
doce encolhendo em si mesmo. O tempo para, então, começa a se mover em
câmera lenta. A dor em meu rosto e no olho não faz nada para diminuir o medo
em meu coração quando olho para cima para encontrar os olhos do homem que
tem sido uma presença constante em minha vida ao longo das últimas semanas.
Seu chapéu e óculos escuros caíram e minha ficha cai.

Eu conheço este homem.

Já o vi antes.
Ele é o homem que me deu arrepios no estacionamento do Target. Ele é o
homem do sedan azul escuro estacionado do lado de fora da The House e da
minha casa, me seguindo. Sem o seu chapéu e óculos de sol, eu posso ver Zander
nele. Sei por que ele parecia tão familiar no estacionamento naquele dia. Ele
tem os olhos da mesma cor, as mesmas características; o seu cabelo é longo e
um pouco mais escuro, mas a semelhança é inconfundível.

Meus olhos passam sobre o fosco metal negro da pistola que ele aponta
para mim e depois para seus olhos - piscinas sombrias de escuridão sem emoção
- que estão oscilando para trás e para a frente entre mim e Zander com seu
incessante cântico de super-heróis em segundo plano.

— O que você fez com ele? — ele grita comigo apontando a arma para
Zander e depois de volta para mim. — Por que ele está fazendo isso? Responda-
me!

Mantenha a calma, Rylee. Mantenha a calma, Rylee.

— Ele-ele está com medo. — você fez isso com ele, eu quero gritar com
ele. Você fez isso, seu inútil pedaço de assassino saco de merda, mas tudo o que
faço é repetir-me, tentando esconder meu medo e me impedir de gaguejar.
Tento focar nas batidas do meu coração, contando as batidas pulsando em meus
ouvidos para me manter calma. Posso sentir os riachos de suor escorrer entre
meus ombros e seios. Eu posso sentir o cheiro do medo e meu estômago se
revolta, sabendo que é meu cheiro - misturado com o dele.

E seguro esse pensamento.

Que ele está com medo também.

Pense, Ry. Pense. Eu preciso mantê-lo calmo, proteger Zander, e eu não


tenho ideia de como fazer isso. O medo irrestrito que sinto está espalhando
meus pensamentos, me roubando a coerência. Que diabos eu deveria fazer,
porque sei que ele já matou antes. Matou a mãe de seu filho, nada menos que
sua esposa.

O que vai impedi-lo de me matar?

Ele não tem nada a perder.

E isso, mais do que qualquer coisa, me assusta pra caralho.

Eu engulo em seco, meus olhos passando rapidamente por todo o quintal.


Vejo sua câmera e o passe falso de imprensa no chão junto ao portão. Eu vejo o
meu celular na borda da grama, onde caiu quando ele me bateu, e
imediatamente penso em Colton.

Eu imediatamente agarro a esperança de que ele me ouviu, sabe que


estamos em apuros, pedirá ajuda - porque se não fizer, eu não tenho nenhuma
chance de proteger Zander contra este louco. De proteger a mim mesma.

Minhas lágrimas picam e o inchaço no olho de onde ele me bateu, dói


como uma cadela. Minhas mãos estão tremendo e minha respiração oscila com
medo, enquanto o aumento do volume do canto de Zander está adicionando um
nível elevado de estresse para toda a situação.

É o único som que posso ouvir no início da manhã silenciosa - os cânticos


de um menino sabendo que ele não tem qualquer esperança. E a cada momento
que passa, as palavras sussurradas ficam cada vez mais altas, como se ele
estivesse tentando abafar o som da voz de seu pai.

— O-o que você quer? — eu finalmente pergunto sobre a voz de Zander,


sentindo que sua compreensão sobre a realidade está muito longe. E não sei
como racionalizar com um louco.
Ele dá um passo em minha direção, os olhos correndo pela extensão do
meu corpo, e mesmo que os meus nervos já estejam em estado de alerta, a
aparência de seus olhos mortos quando ele os desliza de volta, provoca novos
cantos a Zander. Os sinos de advertência soam e meu estômago aperta
violentamente - tanto que tenho que lutar contra a náusea que ameaça.

Ele aproxima a arma e congelo enquanto ele corre a ponta para cima e
para baixo do lado do meu rosto. O frio do aço, a dura realidade do metal em
minha pele e o que ela representa, faz com que o sangue em minhas veias vire
gelo.

— Você é uma coisinha linda não é, Rylee. — o jeito que ele diz meu
nome, como se ele estivesse fodendo com a língua, me faz engasgar. Em um
instante ele aperta minhas bochechas firmemente em suas mãos, seu rosto a
alguns centímetros do meu. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Eu
quero ser forte. Quero dizer a ele para se foder e morrer. Quero gritar para
Zander correr e pedir ajuda. Quero suplicar a Deus, a qualquer pessoa, por
ajuda. Quero dizer a Colton que eu o amo. Mas não posso, porque nada disso é
possível agora. Meus joelhos estão tremendo, meus dentes estão tentando não
bater dentro de seu aperto. Tudo o que sou - meu futuro, minhas possibilidades,
a minha próxima respiração - é capricho deste homem.

Ele chega mais perto para que eu possa sentir sua respiração sobre meus
lábios enquanto seus dedos aprofundam nas laterais do meu rosto, e não
consigo evitar o grito de medo que cai dos meus lábios. — A questão é, Rylee...
exatamente o quão longe você iria para proteger um de seus garotos?

— Foda-se. — as palavras ilegíveis saem da minha boca antes que possa


pará-las, raiva removendo o filtro entre minha cabeça e a boca. E antes que eu
possa piscar, ele bate o punho em meu abdômen e sou impulsionada para trás.
Caio com um baque contra o pátio de concreto, meus ombros e cabeça batendo
na cerca de madeira atrás de mim.
O terror consumindo meu corpo ofusca a dor do golpe. Eu pouso perto de
Zander então me arrasto o mais rápido que posso para seu lado e o puxo para
mim, tentando protegê-lo de qualquer maneira que eu possa. Sei que ele está
atrás de mim, posso sentir a forte presença da arma que sei que está apontada
para mim, mas eu balanço Zander.

— Está tudo bem, Zand. Ele não vai te machucar. Eu não vou deixar ele te
machucar. — digo-lhe em voz baixa, mas Zander não para de balançar, não para
de cantar e estou tão petrificada agora, que começo a cantar para os super-
heróis com ele enquanto nós nos sentamos em um quintal construído sobre
esperança e que temo que em breve será marcado pela violência.

— Eu vim para levar o meu filho. — se eu achasse que sua voz era fria
antes, seu tom agora coincide com o aço de sua arma.

— Não. — digo-lhe, o vacilo na minha voz traindo a confiança do que


quero dizer.

— Com quem diabos você pensa que está lidando? — ele rosna,
apontando a arma nas minhas costas, sua ponta dura cava fundo entre as
minhas omoplatas. — É hora de se afastar do meu filho.

Eu aperto minhas mãos em punhos para parar sua tremedeira, então


Zander não vai saber que estou com medo. Eu não quero que o pai dele perceba
isso também. Eu engulo em seco conforme os soluços de Zander começam a
afligir seu corpo, e se já não soubesse, agora sei com tanta clareza - com um suor
frio que quebra sobre minha pele e o medo em meu coração - que não posso
deixar o seu pai levá-lo. Que vou protegê-lo com tudo o que tenho, porque
ninguém mais podia antes.

O cano nas minhas costas se aprofunda e mordo de volta um grito de dor


enquanto as lágrimas fluem livremente pelo meu rosto. Eu começo a segurar
meu lábio inferior entre os dentes, porque em um momento vou me levantar. E
quando me virar, tenho que mostrar a ele que não tenho medo dele. Eu tenho
que colocar em funcionamento o desempenho de uma vida para salvar este
menino.

— Agora. — ele grita para mim, meu corpo pulando enquanto sua voz
atravessa o zumbido constante dos cânticos de Zander.

Eu inclino minha boca para baixo no ouvido de Zander e tento ainda que
ele esteja se balançando, esperando que minhas palavras cheguem a ele - rompa
o mundo que ele é transportado em sua mente - a fim de se salvar do medo e das
memórias de seu pai.

— Zander, ouça-me. — digo a ele. — Eu não vou deixá-lo levar você. Eu


prometo. Os super-heróis estão chegando. Eles estão vindo, tudo bem? Eu vou
levantar agora, mas quando eu disser Batman, eu quero que você corra o mais
rápido que puder para dentro de casa, tudo bem? Batman.

Termino minhas palavras quando sinto a arma deixar minhas omoplatas,


mas sinto sua bota se conectar com meu lado esquerdo. Eu gemo de dor quando
absorvo o impacto, enrijeço meus braços ao redor Zander quando empurramos
com mais força contra a cerca que nós estamos encurralados.

— Porra, levante-se, Rylee.

— Batman, tudo bem? — eu digo novamente, rangendo os dentes


enquanto respiro através da dor e me obrigo a levantar com as pernas bambas.
Eu respiro fundo e viro para encará-lo.

— Você é um osso duro de roer! — ele zomba de mim. — Eu gosto das


minhas mulheres difíceis.

Eu engulo a bile subindo na minha garganta e forço uniformidade no


meu tom que espero que consiga manter. — Eu não vou deixar você levá-lo.
Ele ri alto, levanta o rosto para o céu, antes de olhar para mim, e me
pergunto se perdi minha única chance de dizer a Zander para ir. Para correr.
Meu coração torce com o pensamento. — Agora, eu realmente não acho que
você está em posição de me dizer exatamente o que eu posso ou não posso fazer.
Certo?

Minha mente corre com as coisas a dizer. Maneiras de acalmar os nervos


que posso ver que estão começando a ultrapassá-lo a cada segundo que passa.
Mas, mesmo assim, preciso deste momento. Quanto mais tempo tenho, mais
provável que a ajuda possa estar chegando. — Há um quintal cheio de imprensa
na frente. Como você vai sair com ele?

Ele ri de novo e sei que o som vai assombrar meus sonhos pelo resto da
minha vida. — É aí que você se engana. Todos saíram atrás do seu namorado
figurão e o estão seguindo. — ele dá um passo mais perto e levanta a arma em
meu rosto. — É só você, eu e o Z-man ali. Então, o que você tem a dizer sobre
isso, hein?

Juro que todo o sangue do meu corpo drena para os meus pés, porque
tenho que lutar para me manter focada em pé, quando a tontura me assalta.
Depois de um momento, consigo me equilibrar, para ver através da escuridão
nublando a minha visão e tentar descobrir o que fazer a seguir.

O único pensamento que eu posso ter é para distraí-lo de alguma forma,


pular para a arma e gritar com Zander para correr.

Mas como?

Quando?

Nós ficamos ali parados pelo que parece uma eternidade - um impasse
silencioso, onde é mais do que evidente quem detém todo o poder nessa relação
forçada. Conforme o tempo passa, eu vejo suas mãos começarem a tremer, seus
músculos faciais se mexendo e o suor escorrendo, tudo isso enquanto o som dos
cânticos de Zander aumenta e continua a adicionar mais pressão para à situação
instável.

— Cale a porra da boca dele! — ele grita para mim e seus olhos cintilam
por todo o quintal como um animal que não tem certeza de sua próxima jogada.

Me assusto quando ouço um barulho atrás do pai de Zander. Meu


coração salta do meu peito quando o cachorro do vizinho late violentamente
através da cerca. O pai de Zander se vira para o som, a arma se movendo com
ele. Eu ajo por instinto, não me permitindo pensar nas consequências.

— BATMAN! — grito, ao mesmo tempo em que pulo para o pai de


Zander. Eu colido com ele, o duro impacto da minha estrutura atlética contra o
seu, golpeia todos os pensamentos da minha cabeça, com exceção de um, eu
espero que Zander tenha me ouvido. Que eu consegui que ele esteja correndo
para salvar a si mesmo, porque acabei de selar meu destino se eu não fui bem
sucedida.

O som é ensurdecedor.

O estrondo da arma disparando.

O empurrão de seu corpo do seu recuo.

Meu grito, um som primitivo que ouço, mas nem sequer reconheço como
meu. Em seguida, ele para. O ar é expulso de mim quando nós batemos no chão.
Estou momentaneamente atordoada - meu corpo, minha mente, meu coração -
conforme pouso em cima dele, antes de tentar lutar para fugir. Eu tenho que
pegar a arma, tenho que ter certeza de que Zander correu.

Empurro para cima do homem perverso abaixo de mim, ainda lutando.


Meu único pensamento é pegue a arma, pegue a arma, pegue a arma, e
minhas mãos deslizam em algo escorregadio embaixo de mim. Eu empurro para
trás quando o pânico e a dor irradiam por mim. Caio com um baque de bunda, a
força sacudindo todo o caminho até a minha espinha e tirando minha mente do
choque em que ela está.

Eu perco o foco sobre o homem quando olho para o sangue em minhas


mãos trêmulas. Eu acompanho o sangue cobrindo minha camiseta com o
mascote da equipe de Ricky impresso na frente. Minha mente embaralha a
pensar, procura freneticamente seus recessos para o que eu deveria estar
fazendo, porque a visão - tanto sangue - está me deixa tonta.

Estou confusa.

Estou com medo.

Atordoada.

Meu mundo fica preto.


Capítulo 28

—P or favor,

baby, por favor, acorda.

Colton? Minha cabeça está nebulosa quando ouço a sua voz e sinto o seu
cheiro perto. Eu tento descobrir o que exatamente está acontecendo. Minhas
pálpebras estão tão pesadas, mas não posso abri-las ainda.

— Senhor, precisamos examiná-la...

— Eu não vou à porra de lugar nenhum!

É tão quente e aconchegante aqui na escuridão - tão seguro - mas porque


é que Colton... então tudo me atinge como um maremoto esmagador de
emoções. Eu começo a lutar para me sentar. — Zander! — o nome dele é apenas
um coaxar enquanto luto contra os braços, as mãos, não tenho certeza o que
mais está me segurando.

— Shh, shh, shh! Está tudo bem, Ry. Está tudo bem.

Colton.
Todo o meu corpo cede momentaneamente. Colton está aqui. Meus olhos
abrem, as lágrimas já brotando neles e a primeira coisa que vejo é ele. Meu Ace.
A luz que brilha em toda esta escuridão. Seus olhos encontram os meus, as
linhas ao redor por sua profunda preocupação e um sorriso forçado sobre seus
lábios devastadores. — Você está bem, baby?

Eu pisco rapidamente, quando tudo entra em foco, a enxurrada de


atividades à nossa volta no quintal - policiais, médicos. “Zander. Arma. Seu pai.”
Minha mente está cambaleando e não consigo juntar os pensamentos em
palavras rápidas o suficiente, meus olhos voando de um lado para o outro,
focando em um grupo de homens debruçados sobre algo ao meu lado.

Continuo repetindo as palavras até que Colton se inclina e pressiona um


beijo na minha boca. Eu sinto o gosto de sal em seus lábios e minha mente tenta
entender por que ele está chorando. Quando ele se afasta, seu sorriso é um
pouco menos instável. — Aí está a minha menina. — diz ele suavemente, suas
mãos acariciando meu cabelo, minha bochecha, meu rosto. — Você está bem,
Ry. Zander está bem, Ry. — ele inclina sua testa contra a minha.

— Mas havia sangue...

— Não é seu. — diz ele, seus lábios se curvando em um sorriso de alívio


contra os meus. — Não é seu. — ele repete. — Você foi ridiculamente estúpida e
eu estou tão bravo com você por isso, mas você pulou para a arma e os policiais
deram o tiro. O sangue dele, baby. Era o sangue dele. Ele está morto.

Eu chupo em uma respiração. Alívio, não sabia que estava prendendo a


respiração quando o ar sai correndo de meus pulmões. E as lágrimas vêm agora
- duras, ásperas, corpo tremendo, soluços que liberam tudo. Ele me ajuda a
sentar e puxa meu corpo contra o dele, então estou sentada de lado em seu colo,
seus braços me mantendo apertada, me apoiando, garantindo a minha
segurança. Ele enterra seu nariz no lado do meu pescoço quando nos apegamos
um ao outro.
— Zander está seguro. Ele está lá dentro. Jax está mantendo os garotos
longe, para que eles não saibam - não vejam - o que aconteceu. Ele chamou
Avery para vir ficar com Zander. O terapeuta está a caminho para vir ajudá-lo,
se ele precisar. — ele me diz, sabendo todas as preocupações que tenho e saciam
com cada palavra que ele fala. — Você está... você se machucou?

— Senhor, nós podemos, por favor...

— Ainda não! — Colton repreende a voz às minhas costas. — Ainda não.


— ele diz em voz tão baixa que mal posso ouvi-lo antes que ele me puxe mais
apertado, me inspirando. Eu estou completamente alerta agora, posso ver a
atividade ao redor do corpo do pai de Zander. Eu acho que entendo o risco que
corri até que sinto o corpo de Colton agitar sob o meu, estremecendo enquanto
ele segura os soluços silenciosos quebrando seu corpo.

Eu estou perdida. Eu não sei o que fazer para este homem forte se
desfazendo silenciosamente. Eu começo a me mover para que possa mudar e
virar para ele, e ele só me segura muito mais apertado. — Por favor. — ele pede
em voz rouca. — Eu não quero deixar ir ainda, porra. Só mais um minuto.

Então eu deixei.

Deixei que ele me segurasse neste quintal, em um terreno de grama onde


a violência tentou roubar a esperança de Zander pela última vez.

Colton fecha a porta do carro para mim e sobe no seu lado do Range
Rover antes de ligá-lo. Ele passa pelas barricadas policiais e passa as luzes
piscando da mídia aguardando enquanto saímos da The House. Três longas
horas se passaram. Três horas de perguntas e recontar tudo o que podia lembrar
sobre a troca no quintal. Sobre dizendo a Zander para correr em ‘Batman’. Os
olhares constantes de Colton sentado no canto quando me recusei à assistência
médica ou um check-up no hospital. Sua raiva crescendo quando repassei os
comentários do pai de Zander e os ataques físicos. Assinar declarações e ter
fotografias tiradas dos hematomas no meu corpo como prova. Eu telefonei para
Haddie e meus pais para tranquilizá-los que eu estava bem, que ligaria para eles
mais tarde para explicar mais.

Três horas de me sentindo impotente para confortar meus meninos,


querendo dizer-lhes que eu estava bem. O terapeuta achou que era melhor que
eles não me vissem com meu olho machucado e bochecha inchada, porque
poderia trazer à tona suas próprias histórias. Tanto quanto dói não vê-los -
mostrar-lhes que estou bem - beijei Zander e o segurei enquanto pude,
enquanto repetia o meu louvor mais e mais para aquele que dessa vez não se
escondeu atrás de um sofá. Desta vez, ele ajudou a salvar alguém. Eu sei que não
sou sua mãe, mas para aliviar a culpa e amenizar o sentimento de impotência
em sua psique traumatizada foi enorme.

Nós pegamos a autoestrada e além da voz de Rob Thomas, ironicamente


cantando Unwell24 através dos alto-falantes, o carro é silencioso. Colton não
disse uma palavra, apesar de suas mãos estarem segurando o volante com tanta
força, que as juntas de seus dedos estão brancas. Posso sentir a sua ira, posso
senti-la vibrando em ondas dele e a única razão que posso pensar que ele está
louco é porque me coloquei em perigo.

Eu inclino a cabeça para trás no assento e fecho os olhos, mas tenho que
abri-los imediatamente, porque tudo o que vejo são seus olhos, tudo o que sinto
é o aço frio pressionado contra minha bochecha, tudo o que eu ouço é Zander
evocar seu cântico mais e mais.

Quero aliviar a tensão entre Colton e eu, porque agora realmente preciso
dele. Eu não preciso de um Colton fechado eu-estou-puto-desligado-da-terra.

24
Indisposto
Preciso de seus braços em volta de mim, o calor de sua respiração no meu
pescoço, a segurança que sempre sinto quando estou com ele.

— Ele fez o que você lhe disse para fazer. — minha voz é tão suave que
não tenho certeza que ele me ouve dizer-lhe a única coisa que eu não disse para
os policiais. A única coisa que senti que violaria uma parte da confiança que
Colton tinha instilado em mim. Depois de alguns minutos, eu o ouço exalar um
suspiro e o vejo olhar sobre mim. Então continuo. — Quando saí, Zander estava
enrolado em uma bola e tudo o que eu podia ouvir o tempo todo que estávamos
lá era ele chamando seus super-heróis.

Eu grito quando Colton desvia abruptamente em duas faixas, buzinas


estridentes e para o carro em um acostamento ao lado da estrada. Eu nem
sequer tenho a chance de recuperar o fôlego ou chegar ao meu cinto de
segurança para desbloquear, antes que ele esteja fora do carro indo em direção
ao acostamento da estrada para o meu lado do carro. Eu viro para olhar para
trás e tento descobrir o que diabos está acontecendo. Tem alguma coisa errada
com o carro? Eu o vejo quando ele passa pela minha porta e passa do Rover, faz
a volta e passa para frente. Ele continua andando por cerca de dez metros, de
costas para mim, eu o ouço gritar algo a plenos pulmões em uma fúria feroz, que
nunca ouvi dele antes.

Se tivesse pensado em sair do carro, tenho certeza que agora não mais.
Eu posso ver a tensão em seus ombros enquanto sobem e descem com sua
respiração ofegante. Suas mãos estão em punhos como se ele estivesse pronto
para lutar, ele contra o mundo.

Eu o observo, não posso tirar os olhos dele, enquanto tento descobrir o


que está acontecendo dentro de sua cabeça. Depois de algum tempo, ele se vira e
caminha para a porta do carro e a deixa aberta. Dirijo-me instintivamente em
sua direção enquanto percebo seu maxilar cerrado, a tensão em seu pescoço, e
então meus olhos miram os seus. Nós olhamos um para o outro e estou
tentando ler o que seus olhos estão dizendo, mas é tão contraditório à sua
postura, que devo estar errada. Eu vejo o músculo do maxilar pulsar quando sua
mão se estende em direção ao meu rosto e, em seguida, recua. Eu inclino minha
cabeça em questão, o meu lábio inferior tremendo, porque estou apenas na
sobrecarga de tudo hoje. Observo seus olhos piscarem até a minha boca, tomar
minha vulnerabilidade, e dentro de um instante estou esmagada contra seu
peito, um braço cobrindo minhas costas, uma mão segurando a parte de trás da
minha cabeça enquanto me agarra a ele em um abraço repleto de desespero
absoluto.

Minhas lágrimas caem sobre sua camisa enquanto nos apegamos um ao


outro. — Eu nunca me senti tão impotente em toda a minha vida. — ele me diz, a
voz carregada de emoção quando me aperta mais forte. — Estou com tanta raiva
agora e não sei como lidar com isso. — eu posso ouvir o rugido de sua raiva
fervendo logo abaixo da superfície.

— Agora acabou, Colton. Estamos bem...

— Ele estava com as malditas mãos em você! — ele grita enquanto se


afasta de mim e anda alguns metros antes de girar e enfiar as mãos pelos
cabelos. Ele só olha para mim, seus olhos implorando por perdão que não é para
ele pedir, porque ele não fez nada de errado. — Ele colocou as mãos sobre você e
eu não estava lá! Eu não protegi você e isso é a porra do meu trabalho, Rylee!
Protegê-la! Cuidar de você! E eu não pude! Não pude, porra! — ele olha para o
cascalho do lado da estrada e a angústia em sua voz me mata, me rasga em
pedaços, porque não havia nada que ele poderia ter feito, mas sei que lhe dizer
isso é inútil.

Quando ele olha para trás, vejo as lágrimas brilhando em seus olhos
quando olha para mim. — Eu lutei com o oficial na barricada. Eles me
colocaram na parte de trás de um carro para me acalmar porque eu estava
entrando na casa com ou sem eles. Eu ouvi você no telefone, Rylee, ouvi a sua
voz e isso só se manteve repetindo mais e mais na minha cabeça e eu não
conseguia chegar até você. — ele balança a cabeça quando uma única lágrima de
partir o coração desliza por seu rosto. — Eu não consegui chegar até você. — sua
voz falha e começo a sair do carro e ele apenas levanta a mão para me parar,
para deixá-lo terminar.

— A arma disparou. — diz ele e posso vê-lo lutar para conter as emoções
que o dominam. — E eu pensei... eu pensei que era você. E naqueles poucos
momentos esperando e depois ver Zander correr para fora da frente da casa
gritando e esperando para ver você e você não vinha... porra, Cristo, Ry, eu perdi
o controle. Porra, perdi a cabeça. — ele dá um passo mais perto de mim,
limpando uma lágrima com as costas da mão. Eu engulo em seco sobre a
emoção inchada na garganta.

— Me certifiquei que Zander estava bem antes de me empurrar para


dentro de casa. Eu tinha que chegar até você, te ver, te tocar... e eu fui para a
sala e ambos estavam de costas sobre a grama. Vocês dois tinham sangue por
todo o peito. E nenhum de vocês estava se movendo. — ele dá um passo entre o
V das minhas pernas, fazendo a conexão física que preciso tão
desesperadamente e embala o meu rosto em sua mão.

— Eu achei que tivesse perdido você. Eu estava petrificado pra caralho,


Ry. E então cheguei até você e caí de joelhos para segurá-la, para ajudá-la,
para... eu não sei o que diabos ia fazer com você, mas tinha que tocar em você. E
você estava bem. — sua voz quebra novamente enquanto ele se inclina e
descansa sua testa contra a minha. — Você estava bem. — ele repete antes de
pressionar seus lábios nos meus e mantê-los lá enquanto seus ombros tremem e
lágrimas caem pelo seu rosto até que provo o sal delas misturado entre nossos
lábios.

— Eu estou bem aqui, Colton. Eu estou bem. — o tranquilizo enquanto


nós pressionamos nossas testas juntas, nossas mãos segurando a parte de trás
do pescoço um do outro, enquanto o mundo exterior passa por nós a cento e
vinte quilômetros por hora, mas é apenas ele e eu.
Sentindo como se fôssemos às únicas pessoas no mundo.

Aceitando que as emoções que estamos sentindo estão ficando cada vez
mais forte com o passar do tempo.

Lidando com a noção de que nem sempre seremos capazes de salvar o


outro.

Amando um ao outro, como nós nunca pensamos ser possível.

Voltamos para a Broadbeach Road, nossas mãos unidas entre nós, e


conduzindo a um frenesi de mídia maior do que já vi. Colton sopra um suspiro
alto. Nossas emoções foram colocadas através do toque e eu temo quanto mais
Colton pode aguentar antes que ele perca o controle.

Oro para que esta multidão indisciplinada não seja a gota d’água, porque,
francamente, eu não posso aguentar mais.

Eu abaixo minha cabeça e coloco minha mão para proteger o lado do meu
rosto inchado dos constantes flashes e batidas no carro para que possamos olhar
para cima. Dentro de minutos Colton dirige lentamente para a frente e estamos
nos limites dos portões quando Sammy e os outros dois seguranças de plantão
passam para frente para impedir a imprensa de entrar na propriedade.
Estacionamos e dentro de instantes Colton está abrindo minha porta, o barulho
repentino da mídia sobre os portões me atinge como uma onda gigantesca.

Ele me ajuda a sair do carro e estremeço de dor enquanto meu corpo


começa a ficar tenso por tudo o que sofreu. Colton percebe minha careta e antes
que possa protestar, ele me tem em seus braços e caminha em direção à porta da
frente. Eu coloco minha cabeça em seu pescoço, sinto a vibração em sua
garganta quando ele diz: — Sammy. — e acena com a cabeça em reconhecimento
a ele.

E então ele congela e para instantaneamente. Eu não tenho certeza o que


é que ele ouviu ou o que o definiu, mas inesperadamente ele se vira e está
caminhando em direção aos portões da frente da garagem. — Abra os malditos
portões, Sammy! — ele ladra quando estamos perto deles e eu imediatamente
me encolho em Colton quando a confusão e incerteza me enchem.

Ouço o barulho de metal quando os motores começam a se mover, ouço


os repórteres se tornarem ainda mais frenéticos com a visão dos portões se
abrindo e então os ouço absolutamente loucos quando veem a nós dois ali. Meu
coração está acelerado e não tenho ideia do que diabos ele está fazendo. Ficamos
lá por um momento, ele me segurando, eu enterrando meu rosto em seu
pescoço, as perguntas incessantes soando uma após a outra e os flashes tão
brilhantes que posso vê-los através de minhas pálpebras fechadas.

Colton angula o rosto para baixo e coloca a boca perto do meu ouvido, e
mesmo que haja todo esse barulho do lado de fora, eu posso ouvi-lo claro como
o dia. — Isso é algo que eu deveria ter feito quando tudo começou. Desculpe-me.
— ele aperta um casto beijo em minha bochecha. — Eu vou colocar você para
baixo agora, tudo bem?

Eu tento descobrir ao que ele está se referindo, mas apenas aceno com a
cabeça. O que ele está fazendo?

Ele me coloca no chão. — Você está bem? — ele pergunta enquanto olha
em meus olhos como se nós fossemos as duas únicas pessoas aqui. Quando
aceno, ele dá aquele pequeno sorriso, e antes que eu possa ler isso, seus lábios
estão nos meus, em um beijo devorador de alma, de acelerar o coração, de
apertar-as-coxas-juntas, que não deixa dúvidas que o coração e as emoções de
Colton pertencem a mim. Seus lábios me reivindicam, saboreiam como um
homem carente e faminto. E eu estou tão perdida nele, para ele - apenas tão
necessitada dele - que não ouço as pessoas ao nosso redor, os cliques das
câmeras, porque independentemente do mundo exterior, ele sempre volta para
nós.

Ele interrompe o beijo com um suspiro meu e me dá aquele sorriso


novamente. — Se eles vão olhar, Ryles. — e dá de ombros assumidamente
quando mentalmente termino a frase ele me disse em Vegas... podemos dar-lhes
um bom show.

— Vocês todos conseguiram uma boa foto? — ele grita para a multidão ao
nosso redor e o olho confusa. — Agora, isso é o que vocês podem imprimir com
as suas malditas fotos. Rylee não é a destruidora de lar. Tawny sim. Assim como
Tawny é uma mentirosa. — ele olha para mim enquanto estou lá com minha
boca aberta pelo seu comentário. — Sim. — ele grita. — O teste de paternidade é
negativo. Então, a sua história? Não é realmente uma história mais!

Demora um minuto para que o significado de suas palavras seja


compreendido e só olho para ele enquanto ele olha para mim com um enorme
sorriso em seu rosto e balança a cabeça quando me puxa para debaixo do braço
e me aconchega contra ele. — O que - porque - como? — eu gaguejo conforme
tantas emoções cintilam por mim em um ritmo rápido, a mais proeminente
delas: alívio.

— Chase vai me matar por isso. — ele murmura para si mesmo com um
sorriso no rosto que não entendo muito bem. Antes que possa perguntar, Colton
nos vira e começa a caminhar de volta pelos portões enquanto as perguntas são
gritadas sobre o que aconteceu hoje na The House. Ele os ignora e aguarda os
portões fecharem antes de virar e olhar para mim. — Isso é o que eu estava
ligando para dizer... e depois tudo aconteceu.
Apenas fico lá olhando para ele. Eu posso ver que o peso que havia em
seus olhos se foi - provavelmente o dia todo - mas então, mais uma vez fiquei
um pouco preocupada. Eu aceno com a cabeça, incapaz de falar quando ele pega
a minha mão e a levanta aos lábios. E isso me bate mais forte do que nunca.

Podemos fazer isso. Todos os obstáculos entre nós foram removidos de


uma forma ou de outra. É apenas essa garota altruísta e esse menino
cicatrizando e nós podemos realmente fazer isto funcionar.

Ele olha para mim enquanto lágrimas correm nos meus olhos, e passo
para os seus braços e não o deixo ir, porque eu estou exatamente onde eu quero
estar.

Exatamente onde eu pertenço.

Casa.
Capítulo 29

—V ocê tem

certeza que está bem?

É apenas a centésima vez que ele me pergunta, mas uma parte de mim
sorri em silêncio com o quão bem ele está cuidando de mim. O dia tinha apenas
ficado cada vez mais longo, enquanto eu assegurava a uma Haddie inflexível que
eu estava bem e que não tinha necessidade dela voar para casa de seu trabalho
em São Francisco para ver fisicamente se eu estava bem e que iria ligar para ela
de novo de manhã. Em seguida foram os meus pais e as mesmas garantias, em
seguida, os meninos... chequei Zander, desejando que estivesse lá para falar com
ele cara a cara, bem como falar com o resto dos meninos. Colton me cortou
depois, dizendo às outras pessoas que ligaram - seus pais, Quinlan, Beckett,
Teddy - que eu precisava de descanso e ligaria na parte da manhã.

— Eu estou bem. Eu não estou me sentindo muito bem, mas eu acho que
é porque estou exausta. Meu estômago está dolorido. Eu deveria ter comido
mais comida antes de tomar os analgésicos. E agora eles estão dando um super
sono...

Ele senta na cama. — Você quer que eu vá pegar algo para comer?

— Não. — digo a ele, puxando seu braço para que ele se deite. Olho para
ele. — Me abraça?
Ele imediatamente se desloca e cautelosamente coloca os braços em volta
de mim, me puxando para ele, assim nossos corpos se encaixam um contra o
outro. — Tudo bem? — ele murmura para o topo da minha cabeça.

— Mmm-hmm. — digo, aconchegando tão perto quanto o meu corpo


dolorido permite porque a dor é um pouco mais suportável com seus braços me
segurando firmemente.

Ficamos lá por um tempo, a nossa respiração lentamente noite a fora.


Estou prestes a dormir quando ele murmura. — Eu corro você, Ry. Eu
realmente, realmente corro você.

Cada parte minha suspira com essas palavras, pela admissão que eu sei
que é difícil para ele. Eu pressiono um beijo no meu lugar favorito debaixo de
seu queixo. — Corro você também, Colton.

Mais do que você jamais vai compreender.

As dores no estômago me acordam.

Eu deito no escuro como breu, uma noite sem lua quando os pequenos e
contínuos golpes de dor, combinados com o suor cobrindo minha pele e a
tontura na minha cabeça, me diz que preciso ir ao banheiro rapidamente antes
de vomitar. Eu deslizo para fora do aperto de Colton em mim, tentando ser
rápida, mas também tentando não perturbá-lo. Ele murmura algo baixinho, e eu
fico imóvel momentaneamente antes que ele role de costas e se acalme.

Minha cabeça fica confusa quando levanto e estou super grogue da


medicação para dor. Fale sobre a sensação de que estou andando através da
água. Eu rio porque o chão até se parece meio molhado e sei que é apenas meu
cérebro dopado. Eu corro minha mão ao longo da parede para ajudar a me
equilibrar e me guiar pelo quarto escuro para que acidentalmente não esbarre
em algo e acorde Colton.

Meu Deus, eu vou vomitar! Eu sinto os grandes tapetes que cobrem o


chão do banheiro sob meus pés e quase gemo de dor misturada com alívio em
saber que o banheiro está tão perto. Eu escorrego alguns centímetros quando
bato no azulejo e amaldiçoo a tigela de água de Baxter que sempre escorre. Eu
fecho a porta do banheiro e acendo a luz, o brilho repentino machuca meus
olhos e os fecho com força, enquanto a tontura me bate com força total. Curvo-
me, a mão na borda do vaso sanitário, meu estômago enrijece e se revolta para
vomitar, mas tudo o que sinto é o ambiente girando. Meu estômago revolto, o
esforço para vomitar me bater mais e mais. Meu estômago está enrijecendo tão
vigorosamente que sinto umidade correr pelas minhas pernas.

E eu começo a rir, me sentindo patética que eu estou vomitando com


tanta força que acabei fazendo xixi, mas minha mente está tão lenta, tão lenta
para juntar os meus pensamentos, que em vez de resolver o que fazer a seguir,
afundo em meus joelhos. Eu deslizo no chão de mármore liso revestido com
urina, mas meu estômago dói tanto e minha cabeça está tão tonta que realmente
não me importo. Tudo o que consigo pensar é o quão patética pareço agora.
Como não há nenhuma maneira no inferno que eu vou chamar Colton para me
ajudar.

E eu estou tão cansada - tão sonolenta - e com medo de vomitar de novo,


que decido colocar minha cabeça em cima das minhas mãos na borda do vaso
sanitário e apenas descansar os olhos por um minuto.

Minha cabeça começa a deslizar para fora do vaso e eu não sei quanto
tempo passou, mas o movimento de queda me faz acordar. Sou imediatamente
agredida com tal onda de calor pelo meu corpo seguido de um frio absoluto que
me forço a parar um minuto e respirar fundo.
Algo não está certo.

Eu sinto isso imediatamente, mesmo que minha mente esteja tentando


atrair os meus pensamentos, alinhá-los para que eles sejam coerentes. E eu
simplesmente não consigo. Nada está fazendo sentido para mim. Minha cabeça
está pesada e meus braços parecem pesar uma tonelada. Tento chamar Colton
para me ajudar, não me importando mais se eu vou estar envergonhada por
estar sentada em uma poça de xixi. Algo não está certo. Eu coloco minha mão
sobre o lambril para ajudar a me apoiar para tentar levantar e abrir a porta para
que ele me ouça chamar seu nome, mas minha mão escorrega. E quando
consigo abrir meus olhos, quando consigo me concentrar, minha mão está
manchada de sangue pela parede.

Hmm.

Eu meio que começo a rir quando o delírio assume. Ao olhar para baixo
para ver que não estou sentada na urina.

Não.

Mas por que o chão está coberto de sangue?

— Colton! — eu chamo, mas estou tão fraca que sei que minha voz não é
alta o suficiente.

Eu estou flutuando e é tão quente e estou tão cansada. Eu fecho meus


olhos e sorrio, porque vejo o rosto de Colton.

Tão bonito.

Todo meu.
Eu sinto o sono começar a me puxar - minha mente, meu corpo, minha
alma - e deixo seus dedos letárgicos começarem a ganhar o cabo-de-guerra.

E bem antes que ele me leve, eu entendo o porquê, mas não o como.

Oh, Colton.

Sinto muito, Colton.

A escuridão ameaça me puxar sob suas garras.

Por favor, não me odeie.

Não tenho mais nada para resistir à sua escuridão sufocante.

Eu te amo.

Spiderman. Batm...
Capítulo 30

Colton

O som do

disparo me assusta e faz com que eu acorde. Eu levanto da cama e tenho que
recuperar o fôlego, enquanto digo a mim mesmo que está tudo acabado. Apenas
um maldito pesadelo. O filho da puta está morto e teve o que mereceu. Zander
está bem. Rylee está bem.

Mas alguma está errada. Ainda não está certo.

— Say something, I’m giving up on you25... — eu sacudo pelo pânico que


sinto ao ouvir as letras à medida que elas passam através dos alto falantes do
teto. Merda. Eu me esqueci de desligá-lo ontem à noite. É isso o que me
assustou pra caralho? Eu esfrego minhas mãos sobre meu rosto tentando me
tirar da minha neblina induzida pelo sono.

Isso, tem que ter sido isso.

25
Diga alguma coisa, estou desistindo de você. - Trecho da música Say Something - A Great Big
Word
—... I’m sorry that I couldn’t get to you26...

Pego o controle na mesa de cabeceira para desligar a música. E então


ouço novamente, o som que tenho certeza que foi o que me acordou. — Bax? —
eu chamo pelo quarto quando percebo que o lado de Ry na cama está vazio. Ele
choraminga novamente. — Maravilhoso pra caralho, Bax! Você realmente tem
que urinar agora? — eu digo a ele conforme coloco meus pés no chão e me
levanto, esperando um segundo para me equilibrar e agradecer a Deus que essa
porra está ficando mais fácil, porque estou cansado de me sentir como um
homem de oitenta anos cada vez que fico em pé.

Eu imediatamente olho para fora em direção ao topo da escada para ver


se todas as luzes estão acesas no andar de baixo e os pelos na parte de trás do
meu maldito pescoço se levantam quando vejo que está escuro pra caralho.
Baxter choraminga novamente. — Relaxa, cara. Estou indo! — eu dou alguns
passos em direção ao banheiro e sinto um pouco de alívio quando vejo a lasca de
luz em torno da porta fechada para o banheiro. Jesus, Donavan, acalme-se
porra, ela está bem. Não há necessidade de ir a sufocando e merda só porque
ainda estou assustado.

Baxter choraminga novamente e eu percebo que ele está no banheiro


também. Que porra é essa? O cão lambeu suas bolas tantas vezes que está
enlouquecendo. — Deixe-a em paz, Bax! Ela não se sente bem. Vou levá-lo para
fora. — eu entro no banheiro, sabendo que ele não virá comigo a menos que o
agarre pela coleira. Eu grito uma maldição silenciosa tentando convencê-lo a
obedecer, mas ele não se move. Estou fodidamente cansado e não estou no
humor para lidar com esse idiota teimoso. Eu escorrego sobre a água no chão e
meu temperamento inflama. — Pare de beber a maldita água e você não terá que
ir ao banheiro no meio da noite, porra! — eu dou mais um passo e escorrego e
estou puto pra caralho. Eu estou farto e estou tendo problemas para manter a
calma.

26
Me desculpe por não ter conseguido chegar até você. - Referente à mesma música.
Baxter choraminga novamente na porta do banheiro e quando eu chego
lá, eu bato a junta do meu dedo contra ela. — Você está bem, Ry? — silêncio.
Que porra é essa? — Ry? Você está bem?

É uma fração da porra de um segundo de tempo entre a última palavra e


a porta escancarada, mas juro por Deus que sinto como uma vida inteira. Tantos
pensamentos - a porra de um milhão deles voam pela minha mente, como no
início de uma corrida - mas aquele que sempre bloqueio, aquele que nunca
deixei me controlar, agora é dono de cada parte do caralho de mim.

Medo.

Minha mente tenta processar o que vejo, mas não consigo compreendê-
lo, porque a única coisa que consigo focar é no sangue. Tanto sangue e sentada
no meio dele, ombros caídos contra a parede, os olhos fechados e o rosto tão
pálido que quase coincide com o mármore por trás dela, está Rylee. Minha
mente gagueja tentando entender a visão, mas não processando tudo isso de
uma vez.

E então o tempo estala para a frente e começa a se mover malditamente


rápido demais.

— Não! — eu nem percebo que é a minha voz gritando, nem sequer sinto
o sangue revestir meus joelhos quando caio para agarrá-la. — Rylee! Rylee! — eu
estou gritando seu nome, tentando lhe pressionar a acordar dessa porra, mas
sua cabeça só pende para o lado.

— Oh Deus! Oh Deus! — eu repito mais e mais enquanto a puxo em meus


braços, embalo-a enquanto sacudo seus ombros para trás e para a frente para
tentar acordá-la. E então eu congelo - eu malditamente congelo na única vez na
minha vida que preciso me mover mais. Eu estou fodidamente paralisado
quando coloco a minha mão pressionando abaixo da curva do seu queixo, com
tanto medo de que quando apertar meus dois dedos não vai haver uma batida
para encontrá-los.

Deus, ela é tão bonita. O pensamento pisca e desaparece com a minha


coragem.

O nariz molhado de Baxter em minhas costas me cutuca, e eu chupo uma


respiração que nem sabia que eu estava segurando. Eu fico um pouco melhor
sobre a porra do controle da minha realidade - da porra da minha sanidade - e
não é muito forte, mas pelo menos está lá. Eu pressiono para baixo e solto um
grito de alívio quando sinto o pulso fraco de seu coração.

Tudo o que eu quero fazer é enterrar meu rosto em seu pescoço e abraçá-
la, dizer a ela que vai ficar tudo bem, mas sei que a porra dos trinta segundos já
desperdiçados, sentado aqui, foram mais do que muito.

Digo a mim mesmo que preciso pensar, que preciso me concentrar, mas
meus pensamentos estão dispersos pra caralho não consigo me concentrar em
apenas um.

Ligue para o 9-1-1.

Leve-a lá em baixo.

Tanta porra de sangue.

Eu não posso perdê-la.

— Fique comigo, baby. Por favor, fique comigo. — eu suplico e imploro,


mas não sei o que mais posso fazer. Estou perdido, com medo, fodidamente fora
de mim.
A porra da minha mente gira fora de controle com o que eu preciso fazer
e o que é mais importante... mas a única coisa que sei mais do que qualquer
outra coisa é que não posso deixá-la. Mas tenho que fazer. Eu a puxo para fora
do pequeno banheiro, meus pés escorregando no sangue por todo o chão e a
visão dessas manchas - escuras marcando o piso claro - quando a arrasto para o
tapete faz um novo pânico surgir.

Eu a deito suavemente. — Telefone. Eu já volto. — eu digo a ela antes de


correr, escorregar novamente para a mesa de cabeceira onde está meu telefone.
Ele está tocando no meu ouvido quando eu a alcanço e imediatamente meus
dedos vão a seu pescoço enquanto ele toca novamente.

— 9-1-1.

— 5462 Broadbeach Road. Depressa! Por favor...

— Senhor, eu preciso...

— Há sangue por toda parte, e porra, eu não tenho certeza...

— Senhor, acalme-se, nós...

— Acalme-se? — eu grito para a senhora. — Eu preciso de ajuda! Por


favor, depressa! — eu largo o telefone. Eu preciso levá-la para baixo. Preciso
levá-la mais perto de onde a ambulância possa chegar a ela mais rápido.

Eu a pego, a embalo e não consigo evitar a porra do soluço que toma


conta de mim enquanto corro tão rápido quanto posso através do meu quarto
para a escada e desço. Pânico atado com confusão e medo de entorpecimento
mental passa por mim. — Sammy! — eu estou gritando. Eu sou a porra de um
homem louco e não me importo, porque tudo o que posso ver é o sangue dela
revestindo o banheiro. Tudo o que posso pensar é em ser uma criança e aquela
maldita boneca que Quin costumava ter - Raggedy Ann ou alguma merda assim
- quando a cabeça, braços e pernas pendiam para o lado do caralho,
independentemente de como ela a segurava. Como ela chorava quando eu a
provocava mais e mais dizendo que a boneca estava morta.

E tudo que fico pensando é naquela porra da boneca, porque é como


Rylee parece agora. Sua cabeça pende para trás sobre meu bíceps
completamente sem vida e seus braços e pernas balançam.

— Oh Deus! — eu soluço quando chego ao fim das escadas, a porra da


imagem daquela boneca ficou na minha cabeça. — Sammy! — eu grito de novo,
preocupado que disse a ele para ir para casa ontem à noite, como de costume,
em vez de dormir no quarto de hóspedes porque a imprensa estava tão fora de
controle.

— Colt, o que há de errado? — ele corre virando a esquina e seus olhos se


arregalam quando ele me vê com ela no colo. Ele congela e por um momento
estranho, penso como louca Rylee ficaria comigo agora por deixá-lo vê-la assim
- em apenas uma camisa e calcinha - e ouço a voz dela me repreendendo. E o
som de sua voz na minha cabeça é a minha perdição. Eu caio de joelhos com ela.

— Preciso de ajuda, Sammy. Ligue para o 9-1-1 de volta. Ligue para o meu
pai. Ajude-me! Ajude-a? — eu suplico enquanto afundo meu rosto em seu
pescoço, balançando-a, dizendo-lhe para segurar firme, que ela vai ficar bem,
que ela vai ficar bem.

Eu sei que Sammy está ao telefone, posso ouvi-lo falar, mas meu cérebro
chocado não pode processar qualquer coisa além do fato de que eu preciso
consertá-la. Que ela não pode me deixar. Que ela está quebrada.

— Colton! Colton! — a voz de Sammy me puxa do meu pânico hipnótico.


Eu olho para ele, o telefone em sua orelha quando tenho certeza que ele está
recebendo instruções do operador do 9-1-1 e não tenho nem certeza se falo ou
não. — Por onde ela está sangrando?
— O quê?

— Olhe para mim! — ele grita, me tirando um pouco da minha neblina. —


Por onde ela está sangrando? Precisamos encontrar e parar o sangramento.

Puta merda! O que há de errado comigo? Abro a boca para falar, para lhe
dizer e percebo que estou tão em pânico, que eu não tenho a mínima porra da
ideia.

Os olhos de Sammy trancam no meu, como se para me dizer que posso


fazer isso, que ela precisa de mim, e ele é capaz de romper meu estado mental
em câmera lenta. Eu imediatamente a deito - tanto quanto essa porra me mata,
porque eu a sinto tão fria, que preciso mantê-la aquecida. Eu começo a correr
minhas mãos sobre seu corpo e começo a tremer. Eu estou tão bravo comigo
mesmo por não ter pensado nisso, assustado pra caralho com o que eu vou
encontrar.

Eu choro de medo, quando percebo que o sangue ainda está correndo por
suas pernas e não posso nem começar a processar o porquê. — Seu acidente.
Algo de seu acidente. — eu digo a Sammy quando levanto sua camisa até seu
abdômen para mostrar-lhe as cicatrizes que desfiguram sua pele como se isso
fosse explicar. E então a agarro e a puxo para mim de novo - seu corpo frio
contra a minha pele quente - quando Sammy começa a falar de novo para quem
está na outra extremidade do telefone.

— Aguente firme, querida. A ajuda está vindo. — digo a ela enquanto a


balanço, sabendo que não há nenhuma maneira que eu possa parar o
sangramento dela ou do meu coração.

Eu a abraço forte e juro que sinto seu movimento. Eu grito o nome dela
para tentar ajudá-la a voltar para mim. — Rylee! Rylee! Por favor, baby, por
favor. — mas não há nada. Porra nenhuma. E enquanto eu choro em desespero
seu corpo estremece de novo e percebo que sou eu a movendo. É o meu corpo
tremendo, suplicando e implorando que a está movendo.

— Oh Deus! — eu grito. — Não ela. Por favor, não ela. Você levou tudo
que era bom de mim. — grito em uma casa vazia para um Deus que eu
realmente não acredito que existe mais agora. — Você não pode tê-la. — eu grito
para ele, agarrando-me a única coisa que posso, porque tudo de mais verdadeiro
que seguro está deslizando pelos meus dedos. Eu enterro meu rosto em seu
pescoço, os soluços me arruinando enquanto minha respiração quente aquece
sua pele gelada sob meus lábios. — Você... não pode... ter... ela.

— Colton! — uma mão sacode meu ombro e pulo fora do meu transe, sem
saber quanto tempo se passou, mas os vejo agora. Os médicos e as luzes
piscando girando em minhas paredes pela porta da frente aberta. E eu sei que
eles precisam levá-la de mim para ajudá-la, mas estou tão assustado agora que
não quero deixá-la ir.

Ela precisa de mim agora, mas sei muito bem que preciso dela mais.

— Por favor, por favor, não a leve de mim. — eu resmungo quando a


levantam dos meus braços e não tenho certeza de com quem estou falando, os
paramédicos ou Deus.

— Quanto tempo, Sammy? — eu sento na cadeira, os nervos me


consumindo e minhas pernas não são capazes de percorrer a porra do chão o
suficiente para fazê-los ir embora.

— Apenas 30 minutos. Você tem que dar-lhes tempo.


Eu sei que todos nesta sala de espera de merda estão me olhando,
observando o homem com sangue por toda a roupa, andando de um lado para o
outro como um maldito animal enjaulado. Estou impaciente. Agitado.
Aterrorizado pra caralho. Eu preciso saber onde ela está, o que há de errado com
ela. Sento-me novamente, meu joelho saltando como um maldito viciado
precisando de uma dose e percebo que eu sou mesmo. Eu preciso da minha
dose. Eu preciso da minha Ryles.

Eu pensei que a perdi hoje só para saber que não perdi, e então, quando
acho que ela está malditamente segura - malditamente protegida em meus
braços quando adormecemos - ela rasgou a porra longe de mim. Eu estou tão
malditamente confuso. Tão fodidamente com raiva. Tão... eu nem sei o que eu
estou mais, porque só quero que alguém saia de trás daquelas porras de portas
automáticas e me diga que ela vai ficar bem. Que todo o sangue parecia cem
vezes pior do que realmente era.

Mas não vem ninguém. Ninguém está me dando respostas.

Eu quero gritar, quero socar alguma coisa, quero correr malditos dez
quilômetros - qualquer coisa para me livrar dessa maldita dor em meu peito e
agitação no meu estômago. Eu sinto que estou ficando louco. Quero que o
tempo acelere como um raio ou retarde a porra, o que for melhor para ela,
contanto que possa vê-la em breve, segurá-la em breve.

Eu pego o meu telefone, precisando sentir uma conexão com ela. Alguma
coisa. Qualquer coisa. Eu começo a digitar um texto, expresso a ela da maneira
que ela entenda melhor de como me sinto.

Quando termino, clico em enviar e seguro o pensamento de que ela vai


conseguir ler isso quando acordar - porque ela tem que acordar - e saber
exatamente como eu me sinto neste momento.

— Colton!
É a voz que sempre foi capaz de consertar as coisas para mim e desta vez
ele não pode. E por causa disso... quando ouço a sua voz me chamar, eu perco a
porra do controle. Eu não levanto para cumprimentá-lo, nem sequer levanto a
cabeça para olhá-lo, porque estou tão sobrecarregado por tudo, que não
funciono. Eu deixo minha cabeça cair em minhas mãos e começo a chorar como
a porra de um bebê.

Eu não me importo que haja pessoas aqui. Eu não me importo que sou
um homem adulto e que os homens não choram. Eu não me importo com nada,
exceto o fato de que não posso consertá-la agora. Que o meu jogo super-herói
não pode consertá-la agora. Meus ombros tremem, meu peito dói e meus olhos
queimam quando sinto seu braço me envolver, me puxar para seu peito da
melhor maneira possível e tentar me confortar quando sei que não vai fazer uma
porra maldita coisa para ela. Não vai apagar as imagens de seu corpo Raggedy
Ann sem vida e lábios pálidos que estão manchando minha mente.

Humpty fodido Dumpty.

Estou tão chateado que não consigo nem falar. E se pudesse, nem sei se
poderia colocar em palavras os meus pensamentos. E ele me conhece tão bem,
que nem sequer diz uma maldita palavra. Ele só me segura contra ele enquanto
expulso tudo o que não posso expressar de outra forma.

Nós ficamos em silêncio por algum tempo. Mesmo quando minhas


malditas lágrimas se foram, ele mantém os braços em volta dos meus ombros
enquanto me inclino para a frente, com a cabeça pendurada em minhas mãos.

Suas únicas palavras são. — Eu tenho você, filho. Eu tenho você. — ele as
repete mais e mais, a única coisa que ele pode dizer.

Eu fecho meus olhos com força, tentando livrar minha mente de tudo,
mas não está funcionando. Tudo o que consigo pensar é que meus demônios
finalmente ganharam. Eles levaram a coisa mais pura que já tive na minha vida
e estão roubando a porra de sua luz.

Sua faísca.

O que eu fiz?

Ouço sapatos rangerem no chão e pararem na minha frente, e eu estou


com tanto medo do que a pessoa tem para me dizer que apenas mantenho
minha cabeça baixa e os olhos fechados. Eu fico no meu mundo escuro,
esperando que eu tenha o controle para impedi-los de reclamá-la também.

— Você é o pai? — eu ouço o sotaque suave do sul fazer a pergunta, eu


sinto meu pai se mexer e assumo que ele está acenando para ela, pronto para
ouvir a notícia por mim, suportar o peso da carga para seu filho.

— Você é o pai? — a voz pergunta novamente e eu tiro as minhas mãos do


meu rosto e olho para o meu pai, precisando dele para fazer isso por mim,
precisando dele para estar no comando agora, então eu posso fechar meus olhos
e ser o garotinho indefeso que me sinto agora. Quando olho, meu pai está
olhando diretamente para mim - encontra meus olhos e os prende - e pela
primeira vez na minha vida não consigo ler o que diabos eles estão dizendo para
mim.

E eles não vacilam. Eles só olham para mim como quando estava na liga
infantil e tinha medo de ir até a porra da base porque Tommy-eu-sempre-
acerto-a-massa-Williams estava no monte e eu estava com medo de ser atingido
com a bola. Ele olha para mim como ele fez na porra daquela época - os olhos
cinza cheios de encorajamento me dizendo que eu posso fazer isso - eu posso
enfrentar o meu medo.

Meu corpo inteiro irrompe em um suor frio, quando percebo o que o seu
olhar está tentando me dizer, o que ela está tentando me perguntar. Eu engulo
ruidosamente quando o zumbido na minha cabeça de merda me assalta, então
me deixa abalado até o interior, conforme levanto minha cabeça para olhar para
os olhos castanhos paciente da mulher na minha frente.

— Você é o pai? — ela pergunta novamente com um puxão sombrio nos


lábios, como se ela estivesse sorrindo para amenizar as palavras que ela está
prestes a me dizer.

Fico olhando para ela, incapaz de falar quando toda emoção que pensei
que tinha acabado de colocar para fora enquanto meu pai me segurava vem à
tona como uma maldita vingança. Sinto-me atordoado, sem palavras, com
medo. A mão do meu pai aperta meu ombro, pedindo-me para continuar.

— Rylee? — eu pergunto a ela, porque tenho que estar enganado. Ela tem
que estar enganada.

— Você é o pai do bebê? — ela pergunta baixinho enquanto ela se senta ao


meu lado, coloca a mão no meu joelho e o aperta. E tudo que eu posso focar
agora são em minhas mãos, meus malditos dedos e a cutícula ainda coberta de
sangue seco. Minhas mãos começam a tremer quando os meus olhos não podem
se afastar da visão do sangue de Rylee que ainda me mancha.

O sangue do meu bebê me mancha.

Eu levanto minha cabeça, tiro os olhos do símbolo da vida quebrada e


morta em minhas mãos, esperança e medo por coisas que agora não tenho
certeza, tudo na mesma porra de tempo.

— Sim. — digo quase um sussurro. Eu engulo sobre o cascalho raspando


minha garganta. — Sim. — meu pai aperta meu ombro novamente enquanto
olho para seus olhos castanhos, enquanto imploro por um sim e por um não ao
mesmo tempo.
Ela começa lentamente, como se eu fosse a porra de uma criança de dois
anos de idade. — Rylee ainda tende a... — diz ela, e quero sacudi-la e perguntar o
que diabos é que tende a quer dizer. Meu joelho começa a se mover para cima e
para baixo novamente enquanto espero que ela termine, maxilar cerrado, as
mãos apertadas juntas. — Ela sofreu um descolamento prematuro da placenta
ou uma prévia completa e...

— Pare! — eu digo, não entendendo a porra de uma palavra do que ela


está dizendo e só olho para ela como um maldito cervo nos faróis.

— As veias de alimentação do bebê foram cortadas de alguma forma -


estão tentando determinar tudo agora - mas ela perdeu muito sangue. Ela está
recebendo transfusões agora para ajudá-la com...

— Ela está acordada? — minha mente não consegue processar o que ela
acabou de dizer. Ouço bebê, sangue, transfusão. — Eu não ouvi você dizer que
ela vai ficar bem, porque preciso ouvir você dizer que ela vai ficar fodidamente
bem! — eu grito para ela quando tudo na minha vida desaba ao meu redor,
como se eu estivesse de volta no carro de corrida do caralho, mas desta vez não
sei que peças que vou ser capaz de restabelecer... e isso mais do que qualquer
coisa assusta a merda fora de mim.

— Sim. — ela diz baixinho, sua voz suave me faz querer sacudi-la como
uma lousa mágica até eu conseguir um pouco mais de segurança. Até eu apagar
o que está lá e criar a maldita imagem perfeita que eu quero. — Nós lhe demos
alguns remédios para ajudar com a dor da D & C27 e uma vez que ela tenha um
pouco mais de sangue transfundido, ela deve estar em um estado muito melhor,
fisicamente.

Eu não tenho nenhuma porra de ideia do que ela disse, mas me agarro
nas palavras que entendo: ela vai ficar bem. Eu penduro minha cabeça em

27
Dilatação e curetagem.
minhas mãos e empurro a palma em meus olhos para não chorar, porque
qualquer alívio que sinto não é real até que eu possa vê-la, tocá-la, senti-la.

Ela aperta meu joelho novamente e fala. — Eu sinto muito. O bebê não
resistiu.

Eu não sei o que esperava que ela dissesse, porque o meu coração sabia a
verdade, mesmo que a minha cabeça ainda não tivesse compreendido ainda.
Mas suas palavras param o mundo girando debaixo dos meus pés e não consigo
respirar, não consigo puxar qualquer ar. Eu me levanto e cambaleio a poucos
metros de um lado e depois volto para ir para o outro lado, completamente
dominado pelo zumbido em meus ouvidos.

— Colton! — eu ouço o meu pai, mas apenas balanço minha cabeça e me


curvo enquanto tento recuperar o fôlego. Trago as minhas mãos para a cabeça
como se a segurando fosse parar o tumulto batendo dentro dela. — Colton.

Eu empurro minhas mãos na minha frente gesticulando para ele se


afastar. — Eu preciso de um pit stop, porra! — eu digo a ele quando vejo as
minhas mãos de novo, o sangue de algo que criei que era uma parte de Rylee e
minha - santo e pecador - em minhas mãos.

Inocência intocada.

E eu sinto isso acontecer, sinto alguma coisa quebrar dentro de mim - o


domínio que os demônios têm mantido sobre a minha alma pelos últimos vinte
e poucos anos - exatamente como o espelho naquele maldito bar desprezível na
noite em que Rylee disse que me amava. Dois momentos no tempo em que a
única coisa que nunca queria que acontecesse, acontece e ainda... eu não
consigo deixar de sentir, não consigo deixar de me perguntar por que indícios de
possibilidades rastejam em minha mente quando sabia, então, e sei agora que
isso só não pode ser. Isso é algo que eu nunca, nunca quis. E, no entanto, tudo o
que eu já conheci mudou de alguma forma.
E eu não sei o que isso significa ainda.

Apenas como me sinto: diferente, liberado, incompleto - amedrontado


pra caralho.

Meu estômago se vira e minha garganta entope com tantas emoções,


tantos sentimentos que não posso nem começar a processar esta nova realidade.
Tudo o que posso fazer para não perder a porra da minha sanidade é me
concentrar na única coisa que eu sei que pode ser ajudado agora.

Rylee.

Eu não consigo respirar, meu coração bate como um trem de carga do


caralho, mas tudo que eu posso pensar é Rylee. Tudo que eu quero, tudo que eu
preciso, é a maldita Rylee.

— Colton. — são as mãos do meu pai em meus ombros de novo - as mãos


que me seguraram na minha hora mais sombria - tentando me ajudar a romper
com essa porra de escuridão tentando me puxar de volta para suas garras. —
Fale comigo, filho. O que está passando pela sua cabeça?

Você está brincando comigo? Eu quero gritar com ele, porque realmente
não sei mais o que fazer com o medo que me consome, exceto descontar na
pessoa mais próxima a mim. Medo diferente de tudo que já senti, mas ainda
tudo a mesma coisa. Então, eu só balanço a cabeça quando olho para a senhora
de olhos castanhos tentando descobrir o que fazer, o que sentir, o que dizer.

— Será que ela sabe? — eu nem mesmo reconheço minha própria voz.
Uma voz quebrada, o tom dela com a completa descrença a possuindo.

— O médico falou com ela, sim. — diz ela com um aceno de cabeça, e eu
percebo que naquele momento Rylee está lidando com tudo isso sozinha,
carregando tudo isso... sozinha. O bebê que ela daria tudo para ter - que foi dito
que ela nunca teria, ela realmente tinha.

E perdeu.

Mais uma vez.

Como é que ela reagiu? O que isto vai fazer com ela?

O que isto vai fazer conosco?

Tudo é um maldito espiral fora de controle, e preciso estar no controle.


Preciso de chão para parar a porra de se mover abaixo de mim. Sei que a única
coisa que pode consertar meu mundo de novo é ela. Eu preciso da sensação de
sua pele sob meus dedos para aliviar todo este caos tumultuado em mim.

Rylee.

— Eu preciso vê-la.

— Ela está descansando agora, mas você pode ir se sentar com ela, se
quiser. — ela diz enquanto fica de pé.

Eu apenas aceno e sugo uma respiração enquanto ela começa a caminhar


pelo corredor. A mão do meu pai ainda está no meu ombro, e seu show
silencioso de apoio permanece até andarmos mais longe pelo corredor até a
porta de seu quarto.

— Eu vou ficar do lado de fora se precisar de mim. Eu vou esperar por


Becks. — meu pai diz, e apenas aceno porque o nó na minha garganta é tão
fodidamente enorme que não consigo respirar. Eu ando pela porta e paraliso
completamente.
Rylee.

É a única palavra que consigo segurar enquanto minha mente tenta


processar tudo.

Rylee. Ela parece tão fodidamente pequena, tão pálida, como uma
menininha perdida em uma cama de lençóis brancos. Quando ando para o seu
lado, tenho que me lembrar de respirar, porque tudo o que quero fazer é tocá-la,
mas quando chego, estou tão assustado que se fizer isso, ela vai quebrar. Porra,
quebrar. E eu nunca vou recuperá-la.

Mas não posso ajudá-la, porque se achava que me sentia impotente


sentado na parte de trás do carro da polícia, então me sinto completamente
inútil agora. Porque não posso consertar isso. Não é possível carregar e salvar a
porra do dia, mas isso... eu só não sei o que fazer, o que dizer, para onde ir a
partir daqui.

E esta porra está me rasgando em pedaços.

Eu fico olhando para ela, percorro toda ela - de seus lábios carnudos
pálidos, a pele macia-como-pecado que eu sei que tem cheiro de baunilha,
especialmente no ponto abaixo de sua orelha; e sei que essa mulher mal-
humorada cheia de sua boca inteligente rebelde e não negociáveis, me possui.

Fodidamente me possui.

Cada maldita parte minha. Em nosso pouco tempo juntos, ela está
quebrando as malditas paredes que eu nem sabia que tinha passado uma vida
construindo. E agora, sem essas paredes, estou fodidamente indefeso sem ela,
porque quando você não sente nada por tanto tempo - quando você opta por ser
insensível - e então, aprende a sentir de novo, você não consegue desligar isso.
Você não consegue fazê-lo parar. Tudo o que sei agora, olhando para sua
maldita beleza absoluta por dentro e por fora, é que preciso dela mais do que
qualquer coisa. Eu preciso dela para me ajudar a navegar por essa porra de
território desconhecido antes de me afogar no conhecimento de que eu fiz isso
com ela.

Eu sou a razão pela qual ela vai ter que fazer uma escolha, uma que nem
sei se quero que ela faça mais.

Afundo no assento ao lado de sua cama e cedo a minha primeira e única


fraqueza agora, a necessidade de tocá-la. Eu coloco delicadamente sua mão
mole entre ambas as minhas, e mesmo que ela esteja dormindo e não saiba que
estou a tocando, eu ainda sinto - ainda sinto aquela faísca quando nos
conectamos.

Eu te amo.

As palavras cintilam por minha mente, e eu suspiro enquanto cada parte


de mim se revolta com as palavras que eu penso, mas não com os sentimentos
que sinto. Eu me concentro na porra da desconexão, em empurrar aquelas
palavras que representam apenas dor para fora, porque não posso tê-las
manchando este momento. Eu não posso ter pensamentos dele misturado com
os pensamentos dela.

Tento encontrar minha respiração novamente quando as lágrimas vêm e


os meus lábios pressionam contra a palma de sua mão. Meu coração acelera e
minha cabeça sabe que ela apenas escalou aquela porra de muro de aço final, o
abriu como a merda da caixa de Pandora, então, todo o mal desde sempre
trancado dentro dele, poderia levantar voo e sair a minha alma com apenas uma
coisa deixada.

A porra da esperança.

A pergunta é: o que diabos estou esperando agora?


Capítulo 31

M inha

cabeça está confusa e estou muito cansada. Eu só quero afundar de volta neste
calor. Ah, isso é tão bom.

E então minha ficha cai. O sangue, a vertigem, a dor, as placas


retangulares no teto enquanto a maca corria pelo corredor, mais uma vez,
prenunciando as palavras da médica que nunca esperava ouvir de novo. Abro os
olhos, na esperança de estar em casa e esperando que isso seja apenas um sonho
ruim, mas então vejo as máquinas e sinto o frio gotejamento da IV28. Eu sinto a
dor no meu abdômen e o sal endurecido onde as lágrimas mancharam meu
rosto.

As lágrimas que eu chorei quando ouvi as palavras que confirmam o que


já tinha conhecimento. E mesmo que havia sentido a vida escorregar para fora
de mim, ainda foi de partir o coração quando a médica confirmou. Eu gritei e
me enfureci, disse que ela estava enganada - errada - porque mesmo que ela
estivesse trazendo o meu corpo de volta à vida, suas palavras pararam meu
coração. E, em seguida, as mãos me seguraram enquanto eu lutava com a
realidade, a dor, a devastação, até que a agulha foi pressionada em meu IV e as
trevas me reivindicaram mais uma vez.

28
Intravenosa.
Mantenho meus olhos fechados, tentando sentir o vazio passado ecoando
dentro de mim, tentando empurrar através da névoa de descrença, a tristeza
sem fim que eu não consigo compreender. Tentando silenciar os gritos
imaginários que ouço agora, mas não consegui ouvir ontem à noite enquanto
meu bebê morria.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Estou tão perdida a tudo o que
sinto, então me concentro em cada sentimento único, enquanto ela faz a descida
lenta, porque sinto a mesma coisa.

Sozinha. Desvanecendo. Fugir sem qualquer certeza, exceto o


desconhecido.

— Ela está de volta com a gente agora. — uma voz a minha direita diz, e
olho para uma mulher com olhos bondosos em uma roupa branca - a mesma
senhora que me deu a notícia antes. — Você esteve fora por um tempo.

Eu dou um sorriso fraco, o meu único pedido de desculpas pela minha


reação, porque a única pessoa que eu queria ver, a única pessoa que preciso
mais do que tudo não está aqui.

E eu estou arrasada.

Será que ele sabe sobre a vida que tinha criado? Parte dele e parte minha.
Ele não conseguiu lidar com isso, então ele foi embora? O pânico começa a me
estrangular imediatamente. As lágrimas começam a correr enquanto balanço a
cabeça, incapaz de falar. Como é possível que Deus seja tão cruel para fazer isso
comigo duas vezes na minha vida - perder meu bebê e o homem que eu amo?

Eu não posso fazer isso. Eu não posso fazer isso de novo.

As palavras continuam correndo pela minha mente, o bisturi de tristeza


cortando mais profundo, pressionando com mais força, enquanto tento sentir
qualquer coisa, exceto a dor sem fim, o vazio incomparável que possui cada
parte minha. Eu tento qualquer coisa para segurar, exceto um punhado de
lâminas que mantenho chegando.

— Eu sei, querida. — diz ela, esfregando a mão sobre meu braço. — Eu


sinto muito. — eu tento controlar minhas emoções sobre o bebê e Colton - duas
coisas que não posso controlar - e duas coisas que agora sei que eu perdi. Meu
peito dói quando puxo as respirações que não estão vindo rápido o suficiente.
Então tento engolir sobre a emoção que está segurando o meu ar refém. E então
acho que seria mais fácil me engasgar. Então eu seria capaz de escapar, rastejar
de volta sob esse manto da escuridão e ficar dormente novamente. Ter
esperança novamente. Estar curvada e não quebrada mais uma vez.

— Rylee? — diz ela, em questionamento para ver se estou bem ou se vou


surtar com ela, como fiz quando me contou sobre o aborto.

Mas eu só balanço minha cabeça para ela, porque não há nada que eu
possa dizer. Concentro-me em minhas mãos entrelaçadas no meu colo e tento
conseguir o domínio de mim mesma, tentar me acostumar com a solidão
novamente, o vazio.

Quando finalmente me acalmo um pouco, ela sorri. — Eu sou a Dra.


Andrews. Eu lhe disse antes, mas, compreensivelmente, você provavelmente
não se lembra. Como você está se sentindo?

Dou de ombros, o desconforto no meu ventre vazio não é páreo para a


dor profunda em meu coração. — Eu tenho certeza que você tem perguntas,
devemos começar ou você quer esperar até Colton voltar?

Ele não me deixou? Eu suspiro uma enorme lufada de ar quando o nó na


garganta solta, deixa o ar entrar e suas palavras ajudam o corte do proverbial
bisturi doer um pouco menos. Ela apenas inclina a cabeça e olha para mim com
tristeza, e eu sinto como se ela estivesse me dizendo algo sem me dizer. Mas o
quê? A reação de Colton com a notícia? Estou com tanto medo de enfrentá-lo,
de ter que falar com ele sobre isso, vendo de perto e sabendo como ele reagiu
com a bomba de Tawny, mas ao mesmo tempo um lampejo de alívio estremece
através de mim que ele ainda está aqui. — Ele está aqui? — eu pergunto com
minha voz quase inaudível.

— Ele acabou de sair pela primeira vez desde que você chegou aqui. —
explica ela, sentindo meus medos. — Ele tem ficado fora de si e seu pai
finalmente foi capaz de levá-lo a sair e esticar as pernas por um minuto.

As palavras enchem-me de tal sentimento de alívio, arrepios que dançam


sobre meus braços, quando percebo que ele não me deixou. Ele não me deixou.
Perplexa realmente por pensar que ele faria, mas temos estado sobrecarregados
com tantas coisas ultimamente e cada pessoa tem um ponto de ruptura.

E o meu passou há muito tempo.

Eu finalmente encontro a minha voz e olho até encontrar seus olhos. —


Agora está bem. — eu tenho tantas perguntas que precisam de explicações.
Tantas respostas que temo que Colton não vá querer ouvir. — Eu estou tentando
processar tudo ainda. — eu engulo em seco enquanto luto contra as lágrimas
novamente. — O que...?

—... aconteceu? — ela termina por mim quando eu não continuo.

— Me disseram que eu nunca poderia engravidar, que a cicatriz era tão...


— eu estou tão abalada, mental e fisicamente, que não consigo terminar meus
pensamentos. Eles atacam minha mente como fogo rápido e não consigo me
concentrar em um por mais de alguns minutos.

— Primeiro, deixe-me dizer que falei com o seu obstetra e revi seus
arquivos e sim, a chance de você ser capaz de carregar um feto, sequer conceber,
era extremamente pequena. — ela dá de ombros. — Mas às vezes o corpo
humano é resistente... milagres podem acontecer, a natureza prevalece.

Eu sorrio suavemente, embora saiba que não atingiu meus olhos. Como
estava carregando uma vida - meu bebê, um pedaço de Colton - e não sabia
disso? Não senti isso?

— Como que eu não sabia? Quer dizer, com quanto tempo estava? Por
que abortei? Foi minha culpa, algo que fiz ou foi o bebê - meu bebê - que nunca
chegaria a termo29 de qualquer maneira? — as perguntas saem uma após a
outra, correndo juntas, porque estou chorando agora, as lágrimas correndo pelo
meu rosto enquanto uso o colete de culpa sobre o aborto. Ela só me permite
fazer todas as minhas perguntas enquanto fica lá, pacientemente, compaixão
enchendo seus olhos. — Isto foi uma coisa de uma só vez, ou há uma
possibilidade de que isso possa acontecer de novo? Estou tão sobrecarregada. —
eu admito com minha respiração travando. — E eu não sei... eu não sei mais em
que acreditar. A minha cabeça está girando...

— Isso é compreensível, Rylee. Você já passou por muita coisa. — diz ela,
mudando sua posição, e quando o faz, ele está ali encostado no batente da porta,
com as mãos enfiadas nos bolsos, a camisa manchada de sangue - o meu sangue,
o bebê... sangue do nosso bebê - e se eu achava que as comportas tinham
estourado antes, elas se desintegram completamente ao vê-lo.

Ele está ao meu lado em um instante, o rosto gravado com a dor e os


olhos em uma guerra de emoções insondáveis. Ele estende a mão para me
confortar e hesita quando vê meu olhar vacilar para baixo e me concentrar na
minha visão turva de lágrima sobre as manchas de sua camisa. Dentro de um
piscar de olhos, ele tira sua jaqueta e sua camisa sobre a cabeça, jogando-as na
cadeira antes de envolver seus braços em volta de mim, me puxando para ele.

29
Refere-se ao bebê nascido entre a 38ª e a 41ª semana de gestação.
Lágrimas feias começam agora. Enormes, ásperas, engatando soluços que
acumulam pelo meu corpo enquanto ele se agarra a mim - completamente
aturdido sobre o que fazer para deixar isso melhor - e me deixa chorar. Suas
mãos se movem para cima e para baixo nas minhas costas enquanto ele sussurra
palavras que realmente não rompem minha névoa de tristeza.

E há tantas coisas que sinto de uma vez, que não consigo escolher uma só
para segurar. Estou confusa, assustada, devastada, oca, chocada, segura, e eu
sinto que tantas coisas foram alteradas para sempre.

Para mim.

Entre nós.

Esperanças, sonhos, desejos, que foram arrancados de mim e pré-


determinado pelo destino que nunca tive uma palavra a dizer. E as lágrimas
continuam a cair quando percebo o que eu perdi de novo. O que esperava que
pudesse ser apenas uma possibilidade que eu nunca esperava ser capaz de ter.

E o tempo todo Colton limpa minhas lágrimas manchando meu rosto


com beijos, mais e mais, tentando substituir a dor por compaixão, tristeza com
amor. Ele inclina a cabeça para trás e seus olhos se fundem com os meus.
Ficamos lá por um momento, os olhos dizendo tantas coisas e lábios sem dizer
nada. Mas a pior parte é que, além de alívio total, não consigo fazer uma leitura
sobre o que o seu está me dizendo.

A única coisa que sei com certeza é que ele está tão perdido e confuso
como eu, mas no fundo, temo que ele se sinta assim pelo motivo oposto do que
eu faço.

— Ei. — ele diz baixinho enquanto um leve sorriso puxa o canto de sua
boca. Eu posso sentir suas mãos tremerem levemente. — Você me assustou pra
caralho, Ryles.
— Desculpe. Você está bem? — minha voz soa sonolenta, lenta.

Colton olha para baixo e balança a cabeça com um sorriso afetado. —


Você é a pessoa na cama do hospital e você me pergunta se eu estou bem? —
quando ele olha para cima eu vejo as lágrimas em seus olhos. — Rylee, eu... —
ele para e exala uma respiração, sua voz cheia de emoção.

E antes que ele possa dizer mais qualquer coisa, há uma batida no
batente da porta. É a Dra. Andrews perguntando se está tudo bem para ela
voltar. Nenhum de nós sequer percebeu que ela tinha deixado o quarto porque
estávamos tão absortos um no outro.

— Você está pronta para suas respostas?

Concordo com a cabeça, hesitante e ainda precisando saber. Colton me


libera momentaneamente - a perda de seu toque é alarmante para mim -
quando ele coloca seus braços através de seu moletom. Ele volta para pegar
minha mão na sua, enquanto ela caminha de volta para o lado da cama e
suspira. — Bem, infelizmente nada posso dizer-lhe nada de concreto, porque só
tínhamos as consequências de tudo para tentarmos entender. Agora que você
está um pouco mais coerente do que quando nos conhecemos, você pode me
dizer o que você se lembra?

Sinto minha cabeça como se estivesse nadando debaixo d'água, mas


repasso por tudo o que me lembro, estar sentada no chão do banheiro e então
nada até que estava aqui. Ela assente e faz algumas anotações em seu iPad. —
Você tem muita sorte que Colton a encontrou. Você tinha perdido bastante
sangue e quando chegou até nós, você estava entrando em choque hemorrágico.

Há tantas perguntas que quero fazer a ela... tantas incógnitas que minha
mente ainda está processando. Olho para Colton e hesito em fazer a pergunta
que tenho medo da resposta, ainda mais por causa de tudo o que passamos com
Tawny. Então opto por outra que tem sido persistente em minha mente.
— De quanto tempo eu estava? — minha voz é suave e Colton segura
firme a minha mão. Até mesmo a ideia de dizer essas palavras, atinge-me no
interior. Eu estava carregando um bebê. Um bebê. Meu queixo treme enquanto
tento desesperadamente não chorar de novo.

— Estamos supondo em torno doze a quatorze semanas. — diz ela, e eu


fecho meus olhos com força tentando compreender o que ela está me dizendo.
Os dedos de Colton tensos em torno dos meus e o ouço exalar uma respiração
controlada, mas desigual. Ela espera um instante para deixar tudo enraizar
antes de continuar. — Pelo que podemos dizer, você teve um descolamento
prematuro da placenta ou uma prévia completa, onde os vasos estouraram.

— E o que isso significa?

— Quando você foi internada, o sangramento era tão extenso e tão


avançado que só podíamos adivinhar a causa. Estamos supondo que foi uma
prévia, porque raramente vemos um descolamento neste início de gravidez, a
menos que haja algum tipo de trauma violento no abdômen e...

Ela continua falando, mas não ouço mais nada e nem Colton, porque ele
está fora da minha cama em um instante, pernas ritmadas, o corpo vibrando
com energia negativa e raiva gravada nas linhas de seu rosto.

E é muito mais fácil para mim me concentrar nele e a explosão de


emoções em seu rosto do que em mim mesma. Meu cérebro sobrecarregado
acha que, olhando para ele, eu não tenho que enfrentar como me sinto. Eu não
tenho que saber se empurrei o pai de Zander um pouco forte demais, um pouco
demais e sou a culpada por tudo isto ter acontecido.

Dra. Andrews olha para ele e depois para mim, a preocupação em seus
olhos conforme eu retransmito os eventos do dia. Cada vez que menciono o pai
de Zander me batendo, eu posso ver fisicamente o aumento da agitação de
Colton. Eu não sei o que isso está fazendo para Colton, não sei exatamente onde
sua cabeça está ou quanto mais ele pode suportar e tenho medo de tantas coisas,
porque eu sei como me sinto.

— Isso poderia muito bem ter sido a causa - o gatilho de tudo - que levou
ao aborto. — diz ela depois de alguns segundos.

Eu fecho meus olhos momentaneamente e forço a engolir quando Colton


late uma maldição em voz baixa, seu corpo ainda inquieto, suas mãos fechando
em punhos. E o analiso, tentando ler as emoções cintilando através de seus
olhos antes que ele pare e olhe para mim. — Eu preciso da porra de um minuto.
— diz ele antes de virar e fugir para fora da porta.

Lágrimas voltam e eu sei que sou uma bagunça emocional, sei que não
estou pensando claramente quando a noção treme pela minha mente que Colton
está com raiva de mim por estar grávida, não por causa da perda de nosso filho.
Eu afasto imediatamente o pensamento - me odeio por sequer pensar isso - mas
observando as últimas semanas e tudo o que passamos, não consigo evitar. E
depois que o pensamento faz com que muitos mais espirais saiam de controle,
eu tenho que dizer a mim mesma para me controlar. Que Colton se preocupa
comigo, que não iria se afastar de mim por causa de algo assim. Eu me obrigo a
me concentrar em respostas e não no desconhecido.

E sem outro pensamento, a próxima pergunta está fora de minha língua e


pairando no ar ainda vibrando com raiva de Colton. — É possível que... eu possa
engravidar de novo? Eu seria capaz de levá-la a termo?

Ela olha para mim, simpatia piscando sobre seu rosto estoico, um suspiro
em seus lábios e com lágrimas nos olhos. — Possível? — ela repete a palavra de
volta para mim e fecha os olhos por um momento, enquanto balança
suavemente a cabeça de um lado para o outro. Ela estende a mão e pega minhas
mãos nas dela e somente olha para mim por um momento. — Isso não deveria
ser possível, Rylee. — sua voz quebra, a minha dor e descrença, obviamente, a
afetando.
— Eu espero que o destino não seja cruel o suficiente para fazer isso com
você duas vezes e não dar-lhe outra chance. — ela rapidamente limpa uma
lágrima que cai e funga. — Às vezes, a esperança é o remédio mais poderoso de
todos.

Eu posso senti-lo antes mesmo de abrir meus olhos, sei que ele está
sentado ao meu lado. O homem que não espera por ninguém está esperando
pacientemente por mim. Meu corpo suspira suavemente com o pensamento, e
então, o meu coração torce com o pensamento de um menino perdido para
sempre por mim - cabelo escuro, olhos verdes, nariz sardento, sorriso travesso -
e quando abro meus olhos, os mesmos olhos da minha imaginação se
encontram com os meus.

Mas seus olhos parecem cansados, cansados da batalha e preocupados.


Ele se inclina para a frente e pega a minha mão.

— Oi. — eu digo quando sinto o desconforto no meu abdômen.

— Oi. — diz ele suavemente, se lançando para a frente até a borda do seu
assento e noto que sua camisa foi substituída por roupas hospitalares. — Como
você está se sentindo? — ele aperta um beijo na minha mão, enquanto minhas
lágrimas vêm novamente. — Não. — ele se levanta, sentando na beira da minha
cama. — Por favor, não chore, baby. — diz ele enquanto me puxa contra seu
peito e envolve seus braços ao meu redor.

Balanço minha cabeça, os sentimentos em uma corrida desenfreada de


altos e baixos através de mim. Devastada pela perda de uma criança - uma
chance que pode nunca chegar novamente apesar da pitada de possibilidade de
toda esta situação apresentada - e ao mesmo tempo culpada, sentindo alívio
porque se estivesse grávida, onde isso teria deixado Colton e eu?
— Eu estou bem. — digo a ele, dando um beijo na parte inferior do seu
queixo, tirando força do pulso firme sob meus lábios, antes de me inclinar em
meus travesseiros apoiados para que eu possa olhar para ele. Eu sopro um
fôlego para o cabelo no meu rosto, não querendo usar minha mão e quebrar
nossa conexão.

O olhar dele é tão intenso, o músculo do maxilar cerrando, lábios tensos


de emoção, eu olho para nossas mãos unidas para me preparar mentalmente
para as coisas que preciso dizer a ele, mas temo suas respostas. Eu respiro fundo
e começo. — Precisamos conversar sobre isso. — minha voz é apenas um
sussurro, enquanto levanto meus olhos de volta ao encontro dos dele.

Ele balança a cabeça, um sinal infalível do argumento que está prestes a


cair de seus lábios. — Não. — ele aperta minha mão. — A única coisa que
importa é que você está bem.

— Colton... — acabei de dizer seu nome, mas sei que ele pode ouvir a
minha súplica nele.

— Não, Ry. — ele sai da cama e anda no pequeno espaço ao lado, fazendo-
me pensar nele no lado da rodovia ontem, sobrecarregado pela culpa. Foi
somente ontem? Parece que uma vida inteira se passou desde então. — Você não
entende, não é? — ele grita para mim, me fazendo encolher pela veemência em
sua voz. — Eu encontrei você. — diz ele quando seus olhos fixam o chão, a pausa
em sua voz quase me destruindo. — Havia sangue por toda parte. — ele olha
para cima e encontra meus olhos. — Em todos os lugares... e você... você estava
deitada no meio dele, coberta dele. — ele caminha até a beira da minha cama e
agarra as minhas duas mãos. — Eu achei que tivesse perdido você. Pela segunda
vez na porra de um dia!

Em um instante, sua mão está segurando a parte de trás do meu pescoço


com força e ele está pressionando seus lábios contra os meus possessivamente.
Eu posso provar a angústia crua, palpável e precisa em sua língua, antes que ele
se afaste e descanse sua testa contra a minha, a mão ainda firme na parte de trás
do meu pescoço enquanto sua outra se aloja ao lado do meu rosto.

— Dê-me um minuto. — ele sussurra, sua respiração fraca sobre meus


lábios. — Deixe-me ter isso ok? Eu só preciso disso... você... agora. Para mantê-
la assim, porque fiquei louco esperando por você acordar. Esperando por você,
voltar para mim, porque, Ry, agora que você está aqui, agora que está na minha
vida... se tornou uma parte minha, não consigo respirar sem saber que você está
bem, porra. Que você vai voltar para mim.

— Eu sempre vou voltar para você. — as palavras saem de minha boca


antes que possa pensar, porque quando o coração quer falar, faz isso sem
premeditação. Eu o ouço exalar um suspiro trêmulo, sinto seus dedos
flexionarem em meu pescoço e sei o quanto o homem que nunca precisou de
ninguém está desesperadamente tentando descobrir o que fazer agora que a
única coisa que ele nunca quis, de repente, ele não pode ficar sem.

Nós ficamos assim por um momento e quando ele se inclina para trás
para dar um beijo na ponta do meu nariz, eu ouço o barulho antes de ver a sua
entrada no quarto. — Cristo em uma muleta, mulher! Você gosta de me dar
ataques cardíacos? — Haddie passa pela porta e está ao meu lado em um
instante. — Tire as mãos de cima dela, Donavan, e deixe-me tê-la. — diz ela, e eu
posso sentir os lábios de Colton formar um sorriso quando ele os pressiona
contra minha bochecha. Em questão de segundos estou envolvida no turbilhão
que é Haddie, a seguro firme quando nós duas começamos a chorar. — Deixe-
me olhar para você! — diz ela, se inclinando para trás, sorrindo através das
lágrimas. — Você parece uma merda, mas ainda está linda como sempre. Você
está bem? — a sinceridade em sua voz faz com que as lágrimas venham
novamente e tenho que morder o lábio para evitar que caiam. Eu aceno e
Haddie olha para cima sobre a minha cama e encontra os olhos de Colton. Eles
detêm o olhar um do outro por alguns momentos, a emoção nadando em ambos
os olhos. — Obrigada. — ela diz a ele suavemente e fecho meus olhos por um
momento quando a enormidade de tudo isso me atinge.
— Sem lágrimas, ok? — espremendo minha mão na sua e eu aceno com a
cabeça antes de abrir meus olhos.

— Sim. — eu solto um suspiro e olho para cima para encontrar os olhos


de Colton. Há algo lá que não consigo entender, mas passamos por tanta coisa
nos últimos dias, que provavelmente é sobrecarga emocional.

Nós nos sentamos por algum tempo. Cada momento que passa, Colton se
torna mais retraído e posso dizer que Haddie percebe isso também, mas ela
simplesmente continua conversando como se não estivéssemos em um quarto
de hospital e eu não estou de luto pela perda de um bebê. E ainda bem que ela
faz isso, porque como de costume, ela sabe exatamente o que preciso.

Ela está no meio de me dizer que ela falou com meus pais e eles estão a
caminho de San Diego, quando seu telefone recebe uma mensagem. Ela olha
para ele e, em seguida, olha para Colton. — Becks está lá embaixo no
estacionamento e quer que você vá mostrar-lhe para onde ir.

Ele lhe dá um olhar estranho, mas acena com a cabeça, beijando-me na


testa e sorrindo suavemente para mim. — Eu já volto, ok?

Eu sorrio de volta para ele e vejo quando ele sai pela porta antes de olhar
para Haddie.

— Você quer me dizer o que diabos está acontecendo aqui? — eu rio, sem
esperar nada menos do que a sua franqueza. — Quer dizer, que merda. — ela
sopra um suspiro. — Eu lhe disse para fazer sexo irresponsável com ele, limpar
as teias de aranha e tudo mais. Você não poderia ser mais Jerry Springer30 se
você tentasse. Primeiro o acidente, depois a luta com um homem empunhando
uma arma e abortar um bebê que você nem sabia que você estava carregando.

30
Apresentador do The Jerry Springer Show. Programa de televisão que é conhecido por tratar
de problemas familiares.
As lágrimas vêm agora - são lágrimas de riso - porque se mais alguém
ouvir essa conversa pensaria que Haddie está sendo insensível, mas sei que no
fundo ela lida com sua ansiedade súbita da única forma que sabe - com
sarcasmo e então alguns. E, para mim, é a minha própria terapia pessoal,
porque isso é o que me segurava nos últimos dois anos, nas noites muito difíceis
depois do acidente de Max.

Ela está rindo de mim também, mas o riso é perseguido por lágrimas
quando ela olha para mim e continua. — Quer dizer que sabia que o homem
tinha esperma com super poderes que só poderia atacar, resgatar e reparar um
útero quebrado como um maldito super-herói?

Eu sufoco uma tosse, assustada com o que ela acabou de dizer, porque
nunca disse a ela sobre Colton e seus super-heróis, eu nunca trairia a sua
confiança. E sem perceber, ela simplesmente continua. — De agora em diante,
cada vez que ver um logotipo do Superman, eu vou pensar que ele representa
Colton e seu super esperma. Rompendo ovos e tomando nomes.

Eu rio com ela, o tempo todo em silêncio sorrindo suavemente com as


palavras dela e olhando para a porta, querendo-o - necessitando - para voltar da
pior maneira.

— Como ele está? — ela pergunta após seu riso tingido de lágrimas
lentamente diminuir.

Eu dou de ombros. — Ele não está realmente falando sobre - o bebê. — eu


luto até mesmo em dizer a palavra e fecho meus olhos com força para tentar
afastar as lágrimas. Ela aperta minha mão. — Ele não vai dizer isso, mas ele se
culpa. Eu sei que ele acha que se não tivesse me deixado em casa sozinha, então
o pai de Zander não teria estado lá. Não teria me atingido. Eu não teria... — e é
realmente bobo que não posso dizer as palavras - aborto ou perder o bebê -
porque depois de todo esse tempo, você pensaria que os meus lábios estariam
acostumados para dizê-las. Mas cada vez que penso em... dizer isso, sinto como
se fosse a primeira vez.

Ela acena com a cabeça e olha para mim antes de olhar para nossas mãos
unidas. Eu espero que ela fale, que um de seus Haddie-ditados caiam de sua
boca e me faça rir, mas quando ela olha para cima, lágrimas brotam em seus
olhos. — Você me assustou muito, Ry. Quando ele me ligou... se você pudesse ter
ouvido como ele soava, como... ele não deixou nenhuma dúvida em minha
mente do que sente por você.

E, claro, os meus olhos lacrimejaram por causa dela, então ela se levanta
e se desloca para sentar na cama ao meu lado, me puxando para seus braços e
me segurando com força - mesma posição que passamos horas depois que perdi
Max e o nosso bebê. Pelo menos desta vez, a carga pesando sobre o meu coração
é um pouco mais leve.
Capítulo 32

E u me sinto

como se estivesse em um desfile quando Colton empurra minha cadeira de


rodas em direção à saída do hospital. Eu não preciso de uma cadeira de rodas,
mas a minha enfermeira diz que é a política do hospital. Minha mãe está
conversando tranquilamente com Haddie e meu pai está escutando com um
meio sorriso no rosto, porque mesmo ele não é imune ao charme de Haddie.
Becks está puxando o Range Rover na frente para Colton, enquanto Sammy fica
na entrada do hospital, cuidando para qualquer imprensa que felizmente não
pegou o vento da história. Ainda.

Colton está quieto enquanto ele me empurra, mas novamente ele tem
ficado assim na maior parte dos últimos dois dias. Se fosse qualquer outra
pessoa teria se retirado com o encontro inesperado com meus pais. Quer dizer,
conhecer seus sogros é um enorme passo em qualquer relacionamento, ainda
mais para alguém como Colton que tem uma história inexistente com esse tipo
de coisa. Acrescente a isso conhecer os pais da sua namorada depois que ela
abortou um bebê que ela nunca soube que existia.

Mas não Colton - não - isto é algo diferente. E tanto quanto eu amo meus
pais para virem aqui, Haddie e seu humor incessante, Becks com sua sagacidade
inesperada e qualquer outra pessoa que tenha parado para me desejar melhoras,
tudo que quero é ficar sozinha com Colton. Quando estivermos somente nós
dois, ele não será capaz de se esconder de mim e ignorar o que está em sua
mente. O silêncio está lentamente nos sufocando e preciso que sejamos capazes
de respirar. Eu preciso que sejamos capazes de berrar, gritar, chorar e ficar com
raiva - colocar tudo para fora - sem os olhos de nossas famílias assistindo para
se certificar de que não rachemos.

Porque precisamos rachar. Precisamos quebrar. Só então poderemos


pegar os pedaços de cada um e fazer o outro inteiro de novo.

Olho para trás e roubo um rápido olhar para Colton e sua expressão
serena. Eu não consigo evitar, mas pergunto, e se o pai de Zander não tivesse
aparecido? E se eu ainda estivesse grávida? Onde estaríamos então?

Não se concentre nisso, eu digo a mim mesma, apesar de que é tudo que
posso pensar - em estar grávida. Parece uma possibilidade real, tangível mesmo,
que fica constantemente piscando na minha mente. Colton para a cadeira de
rodas quando saímos pelas portas do hospital e dá a volta à minha frente. Seus
olhos encontram os meus, uma suavidade na intensidade que notei lá ao longo
dos últimos dias. Um sorriso se arrasta sobre seus lábios. Como eu poderia me
afastar deste homem, porque eu quero um filho e ele não? Será que eu estaria
disposta a deixar o único homem que sei que não posso viver sem, pela única
coisa que uma vez pensei que faria qualquer coisa para ter?

Não. A resposta é tão simples. Este homem - danificado, bonito, o


homem-em-processo-evolutivo - é apenas muito de tudo o que preciso para
sequer me afastar.

Colton se inclina, pressionando um beijo suave nos meus lábios conforme


a culpa cintila por mim por ter tais pensamentos. — Você está bem?

Eu coloco minha mão suavemente no lado de seu rosto e sorrio com um


aceno sutil da minha cabeça. — Sim, você?
O sorriso ilumina seu rosto porque ele sabe que estou me referindo ao
olhar que temos visto meu pai dando a ele enquanto ele descobre se este homem
é bom o suficiente para sua menina. — Nada que não possa lidar. — diz ele com
uma piscadela e um aceno de cabeça quando se levanta com os olhos ainda
presos nos meus, o sorriso ainda aquecendo meu coração. — Você duvida das
minhas habilidades?

— Não, isso é uma coisa que eu definitivamente não faço. — eu rio e paro
quando ele inclina a cabeça para o lado e me encara. — O quê?

— É bom ver você sorrir. — diz ele em voz baixa diante de seus olhos
nublados e ele desvia sua atenção para algo sobre o meu ombro. Quando me
olha novamente, seus olhos são claros e sua expressão é mais suave. — Você está
pronta para sair daqui?

Colton segura um cotovelo e minha mãe o outro enquanto fico em pé,


ambos permanecendo lá para ter certeza que estou estável, o que é
desnecessário. — Eu estou bem, realmente. — digo lhes.

Minha mãe envolve seus braços em volta de mim e me segura contra ela
um pouco mais do que o normal. — Se você quiser, podemos ficar na cidade um
dia extra. Para certificar que você está bem e confortável, antes de voltarmos
para casa.

— Ela não está indo para casa. — eu juro que todas as cabeças se voltam
para olhar para Colton, incluindo a minha. Apesar de todos os olhos sobre ele,
suas palavras são apenas para mim. — Você vai ficar comigo. Sem
questionamentos.

E com esse decreto, Colton anda em torno de um Beckett sorridente, uma


Haddie satisfeita e meus pais atordoados. Ele fecha a parte de trás do Rover e
caminha para os meus pais. — Vocês são mais que bem-vindos para vir e ficar
na minha casa. Eu tenho muito espaço. — ele levanta as sobrancelhas para eles,
acolhendo qualquer argumento que possa vir.

— Não. Está tudo bem. — meu pai diz, estendendo a mão para pegar a
mão que Colton oferece. — Estou confiante de que você vai cuidar bem dela.

E é simples assim. O vínculo tácito de pai para o homem que sua filha
ama passa entre os dois. De homem para homem. De protetor para protetor.
Colton mantém firme a mão de meu pai e acena com a cabeça em aceitação da
confiança apenas concedido a ele. Colton é agora o homem responsável -
falando - por mim. Eles mantêm os olhos e as mãos um do outro por mais um
momento. Emoções bloqueiam minha garganta enquanto eu deslizo meus olhos
para a minha mãe que está assistindo a troca, uma lágrima em seu olho
também.

Nós duas os observamos por um momento antes de minha mãe me


ajudar a entrar no carro. Ela ajusta o cinto em meu colo e, em seguida, olha para
mim, segurando meu rosto em ambas as mãos. — Você me disse uma vez que
não tinha certeza do que havia entre você e Colton. — ela tira um cacho errante
do meu rabo de cavalo do meu rosto. — O homem está perdidamente
apaixonado por você, querida. — ela sorri suavemente e acena com a cabeça
quando começo automaticamente a falar e minimizar isso. — Eu sou sua mãe, é
óbvio para mim, Ry. Os homens nunca veem isto, aceitam isto, querem isto, até
que tropecem e caiam de cara nisso. Você tem sorte de ter a chance duas vezes
em sua vida, por ter um homem disposto a tropeçar de propósito, para dar esse
passo sem fundo. Mesmo quando ele estragar isto... — ela levanta sua mão
quando começo a defendê-lo e apenas revira os olhos antes de continuar. —
Vamos enfrentar isso, ele é um homem e vai estragar isto... tenha um pouco de
paciência, porque ele te ama tanto quanto você o ama. As palavras que ele não
pode falar estão escritas por todo aquele belo rosto.
Eu apenas aceno, meu lábio inferior preso entre meus dentes para evitar
que o fluxo interminável de lágrimas comece de novo. — Eu sei. — minha voz é
tão calma, felicidade e tristeza me dominam.

Ela se abaixa e aperta minhas mãos onde elas estão entrelaçadas no meu
colo. — Se um bebê está destinado a ser, Ry, isso vai acontecer. Eu sei que não
faz você se sentir melhor me ouvir dizer isso, mas no meio da noite, quando você
estiver triste, você vai ser capaz de ouvir a minha voz lhe dizendo. Lembre-se, a
vida não é sobre como você sobrevive à tempestade, mas sim como você dança
na chuva. — ela se inclina e pressiona um beijo em minha bochecha. — Eu te
amo.

— Eu também te amo, mãe. — eu envolvo meus braços em volta dela,


suas palavras de sabedoria dançando em minha cabeça. — Obrigada.

Despedidas são ditas rapidamente a todos os outros, desde que o carro


está na zona de carga. Beckett é o último a dizer adeus. Ele chega ao carro e me
dá um abraço enquanto Colton fala com Sammy sobre algo, fora do carro. Ele
começa a fechar a porta do carro e, em seguida, para um momento e olha para
mim com um aceno de cabeça. — Essa coisa de tábua de salvação vale nos dois
sentidos, sabe? Use-a. Use-o. Ele não vai quebrar se você fizer... mas você pode,
se não o fizer.

— Obrigada, Becks. Você é um bom amigo para ele.

— Idiota, é mais como isto! — diz Colton, deslizando para o assento ao


meu lado. — Ele seria um amigo ainda melhor se ele soltasse a mão da minha
garota e me deixasse levá-la para porra da casa.

— Falando de nosso amigo bem-educado. — diz Becks com uma risada e


apertando a minha mão. — Eu também te amo, Wood!
— Idem, cara! — Colton ri quando ele aperta o botão no painel e o motor
ruge para a vida.

— Mantenha-o na linha. — diz Becks com uma piscadela para mim e um


aceno de cabeça antes de fechar a porta.

Quando saímos do estacionamento, caímos em um silêncio confortável


enquanto ele dirige. Estou ansiosa para chegar em casa, dormir na minha
própria cama com o calor reconfortante de Colton contra mim. Eu fecho meus
olhos e inclino a cabeça para trás, minha mente correndo sobre todos os eventos
caóticos que aconteceram nas últimas semanas. Eu suspiro em meio ao silêncio
e Colton muda o rádio antes de segurar minha mão.

A voz de Sarah Bareillis flutua pelo ar e eu não posso deixar de cantarolar


baixinho e sorrir para a pungência das letras. Eu sei que Colton ouve as palavras
também, porque ele aperta minha mão e quando abro meus olhos para olhá-lo,
estou assustada com a visão na minha frente.

— Colton, o que...?

— Eu sei que você ainda está dolorida, mas eu queria levá-la em algum
lugar que te faz feliz.

— Você me faz feliz. — eu digo, trancando meus olhos nos dele para
reforçar minhas palavras antes de olhar para a extensão de praia à nossa frente.

— Estou preparado desta vez. — ele sorri timidamente para mim. — Eu


tenho cobertores, casacos e um pouco de comida, se você quiser se sentar um
pouco no sol comigo.

Lágrimas vêm aos meus olhos novamente e eu começo a rir. — Sim. Sinto
muito. — eu digo, em referência às lágrimas que eu estou limpando. — Eu sou
uma bagunça emocional. Os hormônios da gravidez e... — minha voz desvanece,
percebendo que toquei no assunto tabu, que ainda temos que discutir. O silêncio
incômodo se instala entre nós. Colton agarra o volante com força e exala um
suspiro alto antes de sair do carro sem dizer uma palavra.

Ele abre a porta de trás, recolhe algumas coisas e depois me ajuda a sair
do Rover. — Devagar. — diz ele, quando deslizo cuidadosamente para fora do
assento.

— Eu estou bem.

Entrelaçamos nossas mãos e caminhamos para baixo na praia, em


silêncio. Há pessoas aqui hoje, ao contrário da última vez que estivemos aqui
meses atrás - nosso primeiro encontro oficial. O fato de que ele pensou em me
levar para um lugar e encontrar consolo faz o meu coração feliz.

— Aqui está bom? — ele pergunta quando solta a minha mão e coloca um
cobertor sobre a areia. Ele coloca um saco de papel marrom para baixo e, em
seguida, coloca as mãos em meus quadris quando começo a me sentar.

— Eu não vou quebrar. — eu digo baixinho para ele, mesmo que adore a
sensação de suas mãos sobre mim - força, conforto e segurança - todas as três
coisas dadas com seu simples toque.

Ele se senta atrás de mim, emoldura minhas pernas com as suas e me


puxa contra o seu peito, deixando seus braços apertados a minha volta. Ele
abaixa a boca e queixo na curva do meu pescoço e suspira. — Eu sei que você
não vai quebrar, Ry, mas você chegou malditamente perto. Eu sei que você é
forte, independente e acostumada a fazer as coisas sozinhas, mas, por favor,
deixe-me cuidar de você agora, tudo bem? Eu preciso... eu preciso que você me
deixe fazer isso. — ele termina as suas palavras com um beijo pressionando na
minha pele, mas nunca move sua boca, ele continua lá, assim, eu posso sentir o
calor de sua respiração e a sua barba por fazer.
— Tudo bem. — eu murmuro, um profundo suspiro em meus lábios e
uma pontada no meu abdômen lembrando-me que precisamos conversar. Eu
inclino meu queixo em direção ao sol e fecho os olhos, dando boas vindas ao
calor, porque ainda sinto o frio dentro de mim.

— Basta dizer. — ele me diz com exasperação em sua voz. — Eu posso


sentir você tensa, fingindo que sua mente não está a um milhão de quilômetros
por minuto com o que quer que seja que você queira me perguntar. Você não vai
relaxar como precisa até que diga isso. — ele ri, seu peito vibrando contra as
minhas costas, mas eu posso sentir que ele não está muito entusiasmado.

Eu fecho meus olhos por um momento, não querendo estragar a paz


entre nós, mas ao mesmo tempo precisando abordar a tensão subjacente. —
Precisamos falar sobre... o bebê... — eu finalmente consigo falar e estou
orgulhosa de mim mesma que a minha voz não vacilou como tem sido ao longo
dos últimos dias toda vez que tento trazer isso à tona. — Você não está falando
comigo e não sei o que você está pensando... o que você está sentindo? E eu
preciso saber...

— Por quê? — as palavras estalam com uma reação impensada, tenho


certeza, pois eu não posso ver seu rosto, mas posso sentir seu corpo tenso. — Por
que isso importa? — ele finalmente pergunta novamente com um pouco mais de
controle em sua voz.

Porque é isso que você faz quando se está em um relacionamento, eu


quero dizer a ele, mas exalo suavemente em vez disso. — Colton, algo
importante aconteceu conosco... pelo menos para mim...

— Para nós. — ele corrige e seu comentário me derruba por um momento.


É a primeira vez que ele realmente reconheceu o bebê que perdemos. Algo que
nós criamos juntos que nos ligou indefinidamente.
—... para nós. Mas não sei como você se sente. Eu sei que o meu mundo
foi abalado e estou tropeçando com tudo. Eu só... você está aqui e passando por
isto comigo, mas ao mesmo tempo sinto como se você estivesse se fechando, não
falando comigo. — eu suspiro, sabendo que estou divagando, mas não sei como
romper sua barreira. Eu faço uma última tentativa. — Você me diz que precisa
que eu deixe você cuidar de mim. Eu entendo isso. Você pode entender que
preciso que você fale comigo? Que você não pode me excluir agora? A última
coisa que preciso estar agora é preocupada sobre onde nós estamos.

Eu me forço a parar de divagar porque posso ouvir o desespero em minha


voz e ele ainda não respondeu, então agora estamos cercados por um silêncio
constrangedor. Colton começa a se afastar de mim e imediatamente me preparo
para o vazio dele, se distanciando quando mais preciso dele. Então eu sinto seu
nariz roçar a parte de trás do meu cabelo e apenas me inspirar, fecho meus
olhos, enquanto calafrios dançam sobre a minha pele, porque eu sei que ele não
vai me afastar, mas está tomando seu caminho Colton, de tomar um minuto
para reunir seus pensamentos.

— Rylee... — ele suspira o meu nome de um jeito que me faz prender a


respiração, porque há tanta emoção embalada nisso. Ele descansa a testa contra
a parte de trás da minha cabeça enquanto suas mãos apertam meus braços. —
Eu não posso falar sobre isso. Eu simplesmente não posso. — e a maneira como
ele diz isso, me diz que ele está se referindo ao bebê. — Eu só posso lidar com
uma coisa de cada vez, porra, e agora ainda estou tentando assimilar o fato de
que eu quase perdi você.

Ele balança a testa de um lado para o outro contra a minha cabeça. — Eu


não estou acostumado a sentir, Ry. Estou acostumado a ficar dormente...
correndo pela primeira vez torna essa merda muito real. E você, nós, isto... — ele
suspira —... é tão malditamente real, quanto real pode ser. Eu me sinto como se
tivesse levado um murro pelo que aconteceu quando estava me acostumando
com a porra do novo normal. Estou abalado. Eu não sei qual maldito caminho é
para cima, mas eu estou lidando com isso da melhor maneira que eu sei agora. E
isso significa lidar com tentar tirar a imagem de você parecendo uma boneca
Raggedy Ann sem vida da minha cabeça.

Suas palavras alcançam as profundezas da minha alma e me dão de volta


os pequenos pedaços de esperança que perdi com o aborto e os medos que me
corroeram pelo seu silêncio. Então, não é que ele não quer - não pode - lidar
com o bebê, pelo menos, ele me disse. E tanto quanto quero e preciso falar com
ele sobre isso, tranquilizá-lo de que ele é o que eu preciso e que tudo o mais
pode ser resolvido mais tarde, eu fico quieta e o deixo lidar com o que aconteceu
comigo.

Eu alterno entre suas pernas, por isso estou sentada de lado em seu colo,
minhas pernas descansando sobre a parte superior de uma das suas. Eu preciso
ver o rosto dele, preciso mostrar a ele que estou bem. Eu olho em seus olhos
cheios de confusão e levo uma mão para descansar em sua bochecha com um
leve sorriso nos lábios. — Eu estou bem, Colton. Você me salvou. — eu me
inclino e escovo um beijo carinhoso em seus lábios que nunca me canso. —
Obrigada por me salvar.

— Eu acho que eu deveria lhe agradecer. — ele sutilmente balança a


cabeça. — Foi você quem me salvou.

Suas palavras roubam todos os pensamentos da minha cabeça, exceto as


palavras que eu não posso lhe dizer. Eu te amo. Eu te amo mais do que você
jamais saberá ou eu sequer vou ser capaz de expressar. Será que ele não percebe
que a única maneira que eu, possivelmente, poderia salvá-lo foi porque ele
finalmente me deixou entrar? Quando é que ele vai aceitar que ele vale a pena
ser salvo? Nossos olhos estão bloqueados um no outro, enquanto palavras não
ditas são trocadas. Estou surpresa com as lágrimas surgindo nos cantos de seus
olhos e seu estremecimento quando puxa uma respiração.

— Estamos bem, Ry. Eu só preciso de um pequeno pit stop para trabalhar


com toda a porcaria na minha cabeça que não estou acostumado, tudo bem? Eu
não estou pedindo espaço ou tempo separado, só um pouco de paciência
enquanto eu tento resolver tudo.

Eu aceno com a cabeça, lábio inferior entre os dentes, porque eu não


posso falar - fisicamente não posso falar, porque ele apenas me deixou sem
palavras. Ele pega o meu maior medo e quer amenizar isso antes de minha
mente possa pensar excessivamente e analisar tudo, como normalmente faço.

Nós ficamos sentados lá mais um pouco, o silêncio a nossa volta se


estabelece em um conforto agradável. — Está com fome? — ele pergunta depois
de um tempo. Eu apenas dou de ombros, desfrutando de minha cabeça
aninhada sob seu queixo e seus braços a minha volta. — A primeira vez que
viemos aqui, você me surpreendeu.

— Por quê? — minha voz está sonolenta e satisfeita. Não há outro lugar
que eu preferiria estar agora.

Eu posso sentir seus ombros encolher contra mim. — Eu não sei. Eu


estava esperando que você ficasse chateada que a trouxe para a praia e te
alimentei com salame, queijo e vinho em copos de plástico. — ele ri. — Mal sabia
eu que você ia abalar a porra do meu mundo.

Calor me inunda. Imagens piscam em minha mente de sentar aqui meses


atrás com este homem dolorosamente belo, me perguntando o que diabos ele
viu em mim. E agora eu entendo. Ele viu os pedaços de mim que poderiam fazer
um todo. Aceitou as bordas irregulares que precisavam ser curadas, porque ele
também tinha a mesma coisa. E aqui estamos novamente, em partes e pedaços,
precisando ser colocadas de volta juntos. Mas desta vez nós temos um ao outro
para nos apoiar, para procurar, para pedir ajuda.
— Deus você era arrogante31 como o inferno, mas eu simplesmente não
pude resistir a você, Ace.

— Oh, baby, eu ainda tenho toda a arrogância e, definitivamente, um


monte de pau.

Eu reviro os olhos e começo a rir. — Meu Deus! — eu não consigo parar


de rir quando ele pressiona um beijo no topo da minha cabeça. — O homem tem
a arrogância de sobra.

— Não. — diz ele. — Apenas sendo ace.

— Deprimente! — eu digo, apreciando a brincadeira alegre entre nós e


me inclinando para trás para olhar seu rosto. — Sério? Isso é tudo que você pode
me dar? Você não pode pensar em nada melhor do que isso?

— Oh, Ry. — ele sorri para mim, um olhar lascivo em seu rosto, conforme
se inclina e pressiona um beijo rápido nos meus lábios. — Não se preocupe com
a parte de dar ou receber isso, porque você seria duramente pressionada para
encontrar qualquer homem que possa dar uma foda melhor do que eu.

Antes que eu possa sequer responder, seus lábios estão nos meus, suas
mãos enrolando em minhas costas e nossos corações se entrelaçando de uma
maneira que nunca imaginamos ser possível.

Nós amamos.

Nós perdemos.

31
Jogo de palavras onde no original cocky é arrogante, convencido, etc; e cock é pau, pênis, etc.
E agora nós estamos apenas encontrando o nosso equilíbrio novamente.
Nós novamente. E nunca foi tão bom me perder em alguém, para que eu
pudesse me encontrar novamente.

— Você tem certeza que está bem?

Eu sinto o peso dele em cima da cama enquanto ele se senta ao meu lado,
sua colônia momentaneamente mascarando o cheiro antisséptico que a equipe
de limpeza deixou para trás. — Mmm-hmm. Eu só estou cansada. — eu digo a
ele enquanto rolo de lado para que eu possa olhar para ele. — Obrigada por esta
tarde. — eu digo, pensando sobre o nosso tempo na praia. A nossa conversa, a
nossa comida de lanchonete, uma reminiscência de nosso primeiro encontro e o
silêncio entre nós que não era tão solitário ou pesaroso mais. — Você está bem?
— eu faço a mesma pergunta para ele.

Ele acaricia Baxter na cabeça e se inclina para pressionar um beijo


carinhoso em meus lábios, e não me passa despercebido que ele não respondeu
a pergunta. — Eu vou trabalhar um pouco. — diz ele enquanto se levanta da
cama. — Tem certeza de que vai ficar bem?

— Eu estou bem, Colton. Eu só vou dormir. — eu aperto a mão dele


enquanto ele se vira para sair do quarto. — Ei, você sabe onde o meu celular
está, assim, posso tranquilizar Haddie que estou bem?

Ele caminha até a cômoda e o traz para mim, pressionando outro beijo na
minha testa e, em seguida, em meu nariz antes de sair do quarto. Eu o observo
sair, tendo conhecimento que a visão dele nunca vai envelhecer. Nunca tomarei
isto como certo, pois tivemos tanto trabalho para chegar a este ponto.
Eu ligo o meu celular, surpresa que ainda tenha bateria, uma vez que ele
está aqui desde a noite que tudo aconteceu. Ele liga e eu balanço a cabeça para
as mensagens intermináveis de desejos de melhoras. Eu li um pouco sobre a
cerimônia inovadora que está chegando para comemorar o novo projeto
começando. E então minha última mensagem me derruba completamente.

Me deixa sem ar e rouba o meu coração.

É de Colton e não acho que suas palavras foram alguma vez tão honestas
ou as profundezas do seu desespero tão cru.

Eu estou perdido aqui. Você está em algum lugar neste maldito hospital
e eu preciso falar com você. Porra, tocar em você. Fazer algo para você,
porque eu estou apavorado pra caralho... então vou dizer a você do jeito que
eu sei que você vai me ouvir. Broken por Lifehouse.

E as lágrimas vêm agora. Elas caem livremente pelo meu rosto e eu não
tento impedi-las ou escondê-las, porque ninguém está aqui para vê-las agora. E
porque elas são lágrimas de alegria.

Ele me ama.
Capítulo 33

Colton

— V ocê vai

ficar sentado aqui e afogar suas malditas mágoas durante toda a noite como
uma putinha chorona ou o quê?

A voz que vem do campo negro noturno me assusta pra caralho. — Cristo,
mas que porra, Becks! — eu reclamo quando me viro para vê-lo andando pela
lateral da casa. — Que porra é essa, cara? Você já ouviu falar de porta da frente?

— Sim, bem, você já ouviu falar de atender a porra do seu celular? Além
disso, bater na porta é para os amigos e eu sou família caralho, então pare de
putaria.

— Eu estive no hospital mais do que suficiente ao longo dos últimos dois


meses, um ataque cardíaco não faz parte do meu plano. — eu tomo um longo
gole de cerveja, minha cabeça finalmente ficando confusa o suficiente para que,
quando eu penso em Rylee, a imagem de seu corpo frio, coberto pela merda do
sangue e sem resposta não é o que vem à mente em primeiro lugar.
— Bem, o que faz parte do plano, então? — ele pergunta enquanto abre
uma cerveja que ele pegou da geladeira, aquele maldito sorriso no rosto me
dizendo que ele tem um ponto e foda-me, eu não preciso de mais pontos ou
conselhos ou qualquer porra agora.

— Sério, sinta-se em casa. — digo a ele. — Roube minha cerveja.

— Não, apenas pegando emprestado. — diz ele, enquanto se estatela na


cadeira ao meu lado e nós nos ficamos em silêncio, tentando avaliar o humor do
outro. — Nós não tivemos a chance de conversar muito no hospital.

— É? Bem, eu tinha coisas mais importantes em minha mente do que


despejar a merda em você. — e foda-se se eu não estou sendo um idiota. Eu
precisava dele lá também, mas não estou confortável de verdade com onde
diabos ele está indo com isso. Eu sinto uma reprimenda de Becks vindo. Foda-
se!

— Ela está dormindo? — ele pergunta, levantando o queixo em direção ao


segundo andar.

— Já passa da meia-noite, o que você acha?

— Não seja um idiota. Olha, você tem um monte de merda para lidar e...

— Caralho, dá o fora, Becks. Deixe-me beber a minha maldita cerveja em


paz. — eu lanço minha garrafa vazia para a lata de lixo e erro o alvo. Eu devo
estar mais bêbado do que eu pensava. Fodidamente maravilhoso.

— Não pode fazer, irmão. — ele suspira enquanto eu murmuro


desgraçado sob a minha respiração, que provoca uma risada dele. — Você já
fodeu isso muitas vezes, por isso estou aqui para ajudar.
— Não deixe a porta bater na sua bunda na saída, querido. — eu só quero
ser deixado fodidamente em paz. Eu, minha cerveja, meu cão e a minha porra de
paz.

— Boa tentativa, mas você está preso a mim. Tipo como herpes, só que
melhor.

Que porra é essa? — Cara, você acabou de realmente se comparar a


maldita herpes? — eu inclino a cabeça para trás e olho para as estrelas no céu
antes de voltar a encará-lo e balançar a cabeça. — Porque pelo menos com
herpes, meu pau é atendido primeiro. Com você, é mais como ser fodido sem
nenhuma porra de lubrificante.

Ele dá aquela risada dele que puxa um sorriso no canto da minha boca. O
filho da puta teimoso está me atingindo quando tudo o que eu quero é ser
deixado em paz.

— Bem, pelo menos é bom saber que você vai me deixar entrar de alguma
forma. — diz ele, piscando e olhando para mim, até que eu não aguento. Solto a
gargalhada que tenho segurado.

— Você é um merda doente, sabe disso? — eu digo, destampando outra


garrafa de cerveja.

— Você não iria me querer de outra maneira.

— Mmm-hmm. — eu digo, enquanto bebo até a metade da garrafa


deixando a noite silenciosa se estabelecer ao nosso redor. Por mais que eu
queira ser deixado sozinho - lidar com a merda fodida na minha cabeça que está
me dizendo que uma decisão vai ter que vir mais cedo do que mais tarde - é bom
que Becks esteja aqui, mesmo que ele seja um maldito pé no saco. Eu bato meus
polegares para Seether tocando nos alto-falantes, conforme ele me dá alguns
minutos antes que ele comece a agir como o psiquiatra de merda na porra na
minha cabeça.

— Lembra-se daquela garota, Roxy Tomlin? — ele pergunta finalmente,


me surpreendendo.

— A boqueteira? — eu rio, curioso para saber por que ele está trazendo a
rainha do boquete do nosso passado. Aquela que chupou Becks apenas para
chegar até mim. E, normalmente, eu estaria empurrando aquela merda pela
porra da porta a fora com um golpe assim, mas depois que ele se gabou que ela
deu a melhor chupada que ele já tinha recebido, eu aproveitei a oferta mais do
que disposto.

— Sim, a porra da boqueteira. A sucção que nunca para. — ele ri comigo,


sacudindo a cabeça com a lembrança. — Ainda malditamente alta na escala de
classificação no meu livro.

— Não ganha da Rylee, mas sim. — eu dou de ombros. — Ela era decente.

— Decente? — ele esbraveja. — Juro por Deus, a mulher não tinha reflexo
de vômito, porra.

— Talvez seja porque você não é grande o suficiente para chegar ao fundo
da garganta dela. — eu ergo minhas sobrancelhas enquanto termino outra
cerveja. Ele quer vir para minha casa e foder com a minha cabeça, tenho certeza
que vou foder com a sua, merda.

— Foda-se, Wood.

Sua tampa de garrafa me bate no peito enquanto eu sento e sorrio. — Eu


tive muitas ofertas melhores, meu amigo, mas obrigado de qualquer maneira. —
minha cabeça está girando tentando descobrir onde diabos ele está indo com
essa linha de pensamento, mas foda-se se eu consigo descobrir.
— Eu encontrei com ela no outro dia. — sua cadência calma me faz virar a
cabeça e olhar para ele.

— E...?

— Me chocou pra caralho, é o que ela fez.

— Por que isso? — eu finjo estar interessado, mas ele está me perdendo.
Olho para a janela do quarto atrás de mim onde a luz ainda está apagada, e
mesmo que eu esteja muito além do caminho de bêbado, eu gosto de saber que
Ry está lá em cima. Eu tento me concentrar de volta em Becks, mas por que
diabos eu me importo com a pessoa fácil que nós dois tivemos no passado, com
uma cabeça tão ferrada que rivalizava com a minha?

— Eu quase não a reconheci. Continua linda pra caralho. Preenchida em


todos os lugares agora.

Sim, sim, chegue ao seu ponto de merda, Beckett.

— E ela teve três filhos seguidos.

— Olha, cara, eu sei que há algum tipo de seis graus de Kevin Bacon32 do
caralho acontecendo aqui e agora, mas eu não estou seguindo você, então só
cuspa seu maldito ponto. — em seguida, tudo me atinge. Oh merda! — Eles não
são seus filhos são, Becks?

32
Jogo baseado na suposição de que qualquer pessoa envolvida na indústria cinematográfica
de Hollywood, pode ser ligada através de seus filmes a Kevin Bacon em até seis etapas. Os jogadores
escolhem um ator e criam links nomeando filmes que trabalhou com quem, que por sua vez está
relacionada com outra pessoa e assim por diante, até que a última pessoa esteja ligada a Kevin Bacon.
— Jesus Cristo, Donavan, você está mais bêbado do que eu pensava. — ele
engasga uma tosse antes de levantar a mão no ar e apontar para si mesmo. —
Rei da dupla camisinha antes de enfiar, bem aqui!

— E quem te ensinou isso, idiota?

— Aparentemente não você desde que, obviamente, não pratica a porra


que prega.

Suas palavras inesperadas causam uma pontada no meu intestino que eu


odeio. A mesma merda de pontada que me dá toda vez que penso em Rylee
deitada no maldito chão sozinha, quem sabe por quanto tempo e cada vez que
penso no pequeno pedaço meu morrendo dentro dela. Eu engulo a cerveja,
afastando os pensamentos da minha cabeça de merda e me forço a respirar.

— Onde diabos você está indo com isso, Daniels, porque eu estou bêbado,
não tenho nenhuma porra de paciência e acho que você está tentando empurrar
meus botões para me fazer reagir a qualquer maldito ponto que você está
tentando levar a sua maldita bunda. Então, só chegue a ele, caralho.

— Lembra-se de uma noite que nós todos estávamos embriagados na


fogueira do Jimmy?

— Beckett. — eu rosno para ele, porque minha tolerância acabou há


malditos cinco minutos atrás.

— Relaxa, cala a porra da boca e ouça. — eu levanto minha cabeça para


olhar para ele, porque estou sem nenhuma porra de humor. — Nós estávamos
embriagados e ela começou a falar sobre a merda que tinha acontecido com ela -
merda pesada - você se lembra? — eu dou um aceno medido, ainda não
seguindo o roteiro de merda que ele se perdeu, mas recordando a história de
abuso em todas as formas. A conversa que eu não participei. — E ela disse que
nunca quis ter filhos, que a vida é muito fodida e não queria que eles passassem
pela merda que ela passou. E agora ela tem três filhos, é casada e parece
genuinamente feliz.

— O maldito ponto? — eu rosno para ele

— Deixe de ser tão malditamente teimoso, Donavan, e ligue a porra dos


pontos, não é?

— Eu não sou uma porra de constelação. Seus pontos não formam um


desenho, então me ajude a entender.

— Você se parece com a Ursa Menor33 para mim. — ele sorri.

Eu pego a almofada ao meu lado e jogo nele. — Foda-se! Mais parecido


com a Ursa Maior. — eu tomo um gole da minha cerveja. Porra, está vazia. Elas
estão desaparecendo mais rápido do que posso contá-las. Normalmente, eu
apenas cairia aqui, mas porra, Ry está lá em cima. De jeito nenhum eu vou
dormir sem ela ao meu lado. Eu suspiro, as palavras de Becks correndo em
círculos na minha cabeça, insinuando o seu ponto, mas nunca realmente
chegando à porra do alvo. — Sério, Becks, o que você está tentando me dizer
aqui? Apenas cuspa.

— Porra, as coisas mudam, cara! A vida muda. Prioridades mudam.


Noções pré-concebidas mudam, porra. Você tem que se ajustar e mudar com
elas ou sua bunda fica para trás. — ele levanta de sua cadeira e caminha para o
parapeito e olha para a escuridão à frente. Quando ele se vira, ele está falando
sério. — Nós temos sido melhores amigos pelo quê? Quase vinte anos. Eu te
amo, cara. Eu nunca interferi com a merda que você estava fazendo... qual a
mulher que aquece seus lençóis, mas caralho, Wood...

33
Constelação do hemisfério celeste norte.
Eu não estou gostando de onde esta conversa está indo. Deflexão é o meu
único pensamento. — Eu pensei que você me disse que eu precisava foder uma B
em vez disso. — eu digo, tentando adicionar um pouco de humor a esta conversa
séria, e foda-se se eu posso entender como fomos de Boqueteira Tomlin para
Becks enfiando seu maldito nariz onde ele não é chamado.

Ele ri - tem as bolas para zombar de mim- antes de caminhar até onde
estou e balançar a cabeça. — Você não entende, não é? Foda-se o A ou o B, você
tem todo o maldito alfabeto lá em cima e ela está dormindo na porra da sua
cama agora, mas a única letra que pode foder com isso é U34! — ele grita para
mim.

Que porra é essa? Ele está do lado dela? Juro por Deus, Ry trabalhou sua
magia de boceta vodu nele e ele nunca a teve antes. Fale sobre super poderes
nessa merda.

— Becks? Como é que eu vou foder com isso? Ela está aqui não está? Eu
quero que ela esteja aqui, a trouxe aqui, então o que diabos mais você quer de
mim? E como diabos a porra da questão da Boqueteira tem a ver com essa
merda?

— Jesus Cristo! — ele esbraveja enquanto anda à minha frente e toma um


longo gole de cerveja. — Ela está aqui por agora! Ela está aqui até você começar
a pensar pra caralho sobre como, agora que ela pode ser capaz de ter um bebê,
ela pode não querer mais você, pois você nunca quis ter um. Até você começar a
afastá-la e tentar machucá-la, para que ela tome a decisão por você, assim você
não tem que fazer por si mesmo, porra. Mas as porras das coisas mudam,
Colton! Olhe para Roxy “Boqueteira” Tomlin. Ela nunca quis ter filhos por causa
da merda que aconteceu com ela quando criança e agora seus filhos? Eles são
todo o seu maldito mundo!

34
You - você.
— Vá. Se. Foder. — o gelo na minha voz rivaliza com o frio da calota polar
do caralho.

— Não, vá você, Colton! Você se sentou naquele maldito quarto de


hospital quando ela mais precisou de você e com certeza você estava lá... mas
afofar travesseiros não corrige a merda que está machucada por dentro dela. Ou
em você. Eu sentei lá e claro como o dia do caralho eu vi você começar a se
afastar dela.

— Eu estou te avisando, Becks! — eu digo, de pé, com os punhos cerrados,


fúria correndo pelas minhas veias. Suas palavras batem um pouco perto demais
do alvo. Um pouco perto demais de uma verdade que eu sempre disse que eu
nunca quis - jamais toleraria - mas agora, de repente, eu não posso tirar da
minha mente. Ideias de uma vida que eu nunca pensei que poderia existir para
mim. Mas como que essa porra é mesmo possível? O carrossel quebrado na
minha cabeça continua girando, mas tudo o que consigo pensar é calar a boca de
Becks porque ele está certo sobre eu me afastar. Sobre eu não estar lá quando
ela mais precisava de mim. Tão certo que meu estômago está revirando, porra.

— Verdade dói, cara? Você quer dar um soco em mim? Aceitar a verdade
que você não quer encarar em cima de mim, caralho?

Eu cerro meus dentes e jogo minha garrafa na lata e a vejo quebrar em


um milhão de pedaços de merda. E mais uma vez estou de volta aqui - vidro
quebrado, mente quebrada e fodido por toda parte. Ele empurra meu ombro por
trás, me incitando e eu pego a porra da isca tão rápido que não há sequer um
pensamento. Eu me viro, braço inclinado para trás, punhos cerrados e um trem
de carga de lágrimas de raiva dentro de mim.

E Becks fica parado, com os olhos presos nos meus, com o queixo
levantado na posição de vá se foder me desafiando a arriscar um soco. — Qual é
o seu problema, figurão? Não está tão durão agora, não é?
Meu maldito corpo zumbe, vibra com cada maldito pingo de emoção que
eu contive durante a semana passada, mas tudo o que posso fazer é olhar para
ele, querendo desesperadamente expulsar a culpa filha da puta que está
devorando cada maldito pedaço meu.

A culpa que tudo isso aconteceu por minha causa - não tomando atitude
de um homem, a deixando sozinha com Zander, não chegando à The House
rápido o suficiente, não chegando ao banheiro rápido o suficiente. A culpa se
apega a tantas coisas dentro de mim - o veneno e a esperança - que a única coisa
que eu quero fazer é beber outra porra de cerveja, entorpecer a mim mesmo e
empurrá-la para longe.

— Você quer lutar? Que tal você poupar isso? Que tal você lutar por
questões que realmente importam, porra? Porque ela... — diz ele, apontando
para a janela do quarto e baixando a voz para uma porra de aço tranquila. — Ela
vale a pena lutar, cara. Vale cada maldito medo que está te comendo. Cada
pedaço dele, Colton - do A ao filho da puta do Z. — ele se aproxima de mim e
enfia um dedo no meu peito. — É hora de lidar com o seu passado, por que
Rylee? — ele aponta para o quarto novamente e, em seguida, de volta para mim.
— Ela é o seu maldito futuro. É hora de lutar ou sair fora, cara. Vamos apenas
esperar que você seja o homem que eu sempre pensei que fosse.

Todo o meu corpo fica tenso com as suas palavras e eu estou tão puto
comigo mesmo que eu imediatamente não digo que ele está cheio de besteira.
Estou tão puto de raiva que por um momento - apenas um lampejo de um
momento - medo me consome, então eu penso em sair fora.

Penso em sair, quando ela não fez nada, exceto provar que ela é uma
lutadora - uma linda, desafiante, corajosa pra caralho quando se trata do que é
dela - enquanto eu hesito. Meus dentes estão trincados malditamente tão forte,
que eu juro que meus molares vão quebrar, eu viro as costas para ele e caminho
até o parapeito e xingo a escuridão que rivaliza com o preto que eu sinto em
minha alma agora.
Eu não a mereço, porra. Pecador e santa. Minha garantia para a sua
bandeira quadriculada filha da puta. E tanto quanto eu sei disso - tanto quanto a
porra do meu peito dói a cada respiração por causa disso - ela é a única coisa
que eu vejo. A única que eu quero. Minha maldita Rylee.

— O gato comeu sua língua, Colt? — ele zomba atrás de mim. — Você é o
idiota que vai sair fora, porque ela ficou grávida? Por causa de alguma merda
que acont...

E eu chego ao limite.

Temperamento estalou.

Gasolina adicionada ao meu maldito fogo.

— Você não tem nenhuma maldita ideia sobre o que aconteceu! — eu


grito com ele, minha voz quebrando quando me viro para encará-lo. —
Nenhuma maldita ideia!

Beckett está na minha cara em cinco passos. — Você está certo! Eu não
tenho a menor ideia! — ele agarra meus ombros, então não posso me afastar
dele e por mais que eu tente, não consigo me livrar dessa merda. — Mas, Colton,
irmão, eu vi você lutar durante anos com o que quer que seja que a maldita
cadela de uma mãe fez com você quando era uma criança, mas isso não é mais
você. Você não é aquele garoto. Nunca mais. E, cara, Rylee aceita isso. Aceita
você. Te ama, caralho. Descubra como aceitar isso e o resto vai se encaixar. —
ele estende a mão e apoia o lado do meu rosto antes de pisar para trás e balançar
a cabeça. — É hora de virar a porra de um homem e perceber que você a ama
também, antes que seja tarde demais e você perca a única pessoa que fez você
inteiro novamente. Descubra como lidar com seu passado, assim você não perde
o seu maldito futuro.
E com isso o filho da puta acena com a cabeça e caminha em direção a
casa, como se ele não tivesse acabado de foder comigo. Ele para quando abre a
porta e se vira para me encarar. — Quando éramos mais jovens, eu não
entendia, mas o seu pai costumava lhe dizer sobre doer é sentir e alguma merda
assim? — eu apenas aceno. — Sim, eu acho que você precisa se lembrar disso
agora.

Ele se vira e desaparece para dentro da casa, me deixando sozinho com


nada além de uma noite vazia e memórias assombrosas.

Doer é sentir e sentir é viver, e não é bom estar vivo? O mantra do meu
pai passa por minha mente enquanto eu ando para meu quarto e vejo Ry
dormindo.

Foda-me.

Ela ainda me tira o fôlego. Ainda me faz querer, precisar e uma faz sentir
dor fodida como ninguém jamais fez. E porra, eu ainda quero corrompê-la - essa
parte nunca vai embora. Eu rio de minha mente fodida, mas eu sei que no fundo
a corrupção não importa mais. Porque ela é o que importa agora.

Rylee. Bandeiras quadriculadas filhas da puta e toda essa merda.

Eu ando para a cama, sabendo que eu poderia sentar e olhar para ela
durante horas. Cachos escuros se espalham pelo meu travesseiro, sua blusinha
cobrindo os malditos seios perfeitos e subindo em seu abdômen para que a luz
da lua mostre as cicatrizes de seu passado. As cicatrizes que roubaram dela um
futuro que ela achava que era impossível, até três malditos dias atrás.
Eu esfrego minha mão pelo meu lado, enquanto eu a observo, deslizo
sobre minhas cicatrizes de tinta que me fazem lembrar um futuro que eu nunca
imaginei que fosse uma possibilidade - até três malditos dias atrás e meus dedos
permanecem sobre a última - incolor e vazia. A única coisa que resta é que eu
tenho que descobrir antes de saber com certeza se posso fazer o que a minha
cabeça e o coração concordam.

Porque bagagem pode ser uma coisa poderosa. Ela pode conter você.
Impedi-lo de seguir em frente. Matá-lo. E às vezes os sentimentos não são o
suficiente para escapar dela. Para permitir que você siga em frente. Mas certo
como a chuva de merda, estar aqui, olhando seu peito subir e descer, é hora do
meu 747 - com bagagem e tudo - levantar voo.

Porque eu escolho lutar.

Minha respiração trava na garganta quando eu chego à conclusão de que


eu quero isso. Porra, eu a quero. Na minha vida - dia, noite, agora, mais tarde - e
o pensamento me desconcerta. Quebra e me corrige. Domestica o maldito
indomável. Fodeu tudo.

Eu balanço minha cabeça e rio baixinho. Eu acho que eu deveria dizer


Fodeu de A a Z. E eu não posso resistir mais. Eu afundo suavemente na cama ao
lado dela e afasto as imagens do que aconteceu na última noite que deitamos ali
juntos.

Eu cedo a necessidade correndo por mim, como a adrenalina que eu


almejo. Estendo a mão e a puxo apertada contra mim. Quando eu faço, ela rola
em meus braços para que seu rosto esteja situado debaixo do meu queixo,
braços prensados entre nossos peitos e o calor de sua respiração fazendo
cócegas em minha pele conforme ela murmura: — Eu te amo, Colton.

É tão suave que eu quase não ouvi. Tão tranquilo e lento que eu percebo
que ela ainda está dormindo, mas não importa, minha respiração para. Meu
pulso acelera e meu coração aperta. Eu abro minha boca, mas em seguida, a
fecho para engolir, porque parece que eu acabei de comer um bocado de
algodão. Eu faço a única coisa que eu posso. Eu pressiono um beijo no topo de
sua cabeça.

Eu quero colocar a culpa na porra do álcool. E eu quero pensar que um


dia talvez seja possível realmente dizer essas palavras sem sentir como se eu
estivesse abrindo velhas feridas apenas para reinfectá-las.

Quero ter esperança de que o normal pode ser apenas uma possibilidade
para mim. Que esta mulher enrolada ao meu lado é realmente a minha cura.

Então eu me contento com as únicas palavras que virão, as que eu sei que
ela sabe que importa.

— Eu corro você, Ry. — eu pressiono um beijo em seu ombro. — Boa


noite, querida.
Capítulo 34

— A
cerimônia começa às quatro. Você vai estar lá, certo?

— Sim, Mãe! Nós estaremos lá. — Shane me diz enquanto se dirige para a
porta da frente com um enorme sorriso no rosto, um pouco de arrogância em
seu passo e as chaves do carro chocalhando ao redor em sua mão.

— Eu temo que nós estejamos criando um monstro. — eu rio quando olho


para Colton, que tem um ombro encostado na parede e está olhando para mim
com uma intensidade silenciosa. Eu observo os círculos escuros sob seus olhos
que estiveram lá pelas últimas semanas e me entristece que ele está tendo
pesadelos novamente e não está falando comigo sobre eles. Então, novamente,
ele não está realmente falando comigo sobre nada, sobre qualquer coisa, que
não seja de trabalho ou dos meninos ou a cerimônia de corte da fita ainda hoje
para lançar o projeto. E é estranho. Não é como se alguma coisa estivesse entre
nós, na verdade, é o oposto. Ele está mais atento e físico do que nunca, mas
parece que esta é a sua maneira de compensar o fato de que nós ainda não
falamos sobre o aborto.

Ele pediu espaço e eu tenho dado a ele, não falando sobre a perda ou
como estou me sentindo, como estou lidando. Eu mesma fui tão longe a ponto
de não contar a ele sobre o meu retorno ao médico de ontem.
Entendo que nós dois estamos lidando com isso com nossas próprias
maneiras. Sua maneira é se trancar, descobrir isso sozinho, enquanto a minha é
segurar um pouco mais firme, precisando dele um pouco mais. A distância
momentânea entre nós eu posso lidar - eu sei que é temporária - mas, ao mesmo
tempo, está me matando saber que ele está sofrendo. Esta me machucando
quando eu preciso dele e não posso pedir mais nada. Precisando da conexão que
sempre foi uma constante entre nós.

Para dar-lhe o espaço que ele pediu, quando tudo que eu quero fazer é
arrumar tudo.

Tarde da noite, quando eu acordo de sonhos cheios de acidentes de carro


e pisos cheios de sangue, eu o observo dormir e minha mente vagueia por esses
profundos pensamentos sombrios que eu consigo esconder em plena luz do dia.
Eu me pergunto se ele não está presumindo ou lidando com o aborto porque
está preocupado que talvez um bebê seja o que eu quero agora. Que talvez
estejamos condenados porque ele nunca vai querer.

Mas se eu não posso falar com ele, se ele muda de assunto a qualquer
momento que eu tento falar, não posso lhe dizer o contrário.

E sim, embora os pensamentos de um bebê já passaram pela minha


cabeça, eu não posso me agarrar a essa ideia. Eu não posso me deixar pensar
que vou ser agraciada com o milagre pós-acidente mais de uma vez na minha
vida. Esperança assim, pode arruiná-la se isso é tudo em que você está se
prendendo.

Mas e se eu estou me agarrando à esperança de que ele vai falar comigo -


voltar para mim - ao invés de lentamente escapar pelos meus dedos? Essa
esperança não vai me arruinar também? Becks me disse para aguentar firme,
que Colton está resolvendo a sua merda, tanto quanto ele pode dizer de seus
anos de amizade, mas para não deixá-lo ir longe demais. Como diabos vou saber
exatamente o quão longe é longe demais?
Preciso que ele precise de mim tanto quanto eu preciso dele, enquanto eu
atravesso as emoções de perder um pedaço de algo que era exclusivamente
nosso... e o fato de que ele não precise, me mata. Sim, seus braços estão em volta
de mim à noite enquanto dormimos, mas sua mente está em outro lugar.
Perdido talvez, em sua interminável troca de mensagens e conversas
sussurradas como de tarde. Isso me enerva, apesar de saber no fundo, que ele
não está me traindo.

Mas ele está escondendo alguma coisa, lidando com algo e é sem mim
enquanto eu preciso dele para me ajudar a lidar com isso.

Eu tento dizer a mim mesma que é a falta de nossa conexão física que
está me fazendo ver tudo em excesso. Analisando sobre tudo. Embora eu deite
em seus braços todas as noites, bem apertada contra seu peito, exatamente o
lugar onde eu quero estar, ainda não fizemos amor desde que voltei do hospital.
Nós nos beijamos e quando tento aprofundar, mover minhas mãos pelo seu
corpo e convencê-lo a me querer como eu o quero, ele segura meus pulsos e me
diz para esperar até que eu me sinta melhor, apesar de lhe dizer que não estou
machucada e que estou perfeitamente bem. Que quero senti-lo dentro de mim,
conectado comigo, amando-me novamente.

A rejeição pica algo feroz, porque eu conheço Colton - conheço a


virilidade, a fisicalidade que ele precisa quando está sofrendo - então por que ele
não está me pegando, me levando, se ele está na dor desenfreada que eu vejo em
seus olhos?

Eu me sacudo de meus pensamentos e foco nos olhos de esmeralda


travados nos meus. O homem que eu amo. O homem que temo como o inferno
que está se afastando de mim.

— Um monstro? Não. — diz ele com um aceno de cabeça e um sorriso se


inclinando no canto esquerdo de sua boca, fazendo sua covinha se aprofundar.
— Um adolescente à solta? Com certeza.
Eu sorrio para ele enquanto fecha a distância entre nós, livre para me
tocar já que o resto dos meninos está no treino de beisebol e irão nos encontrar
no corte da fita depois. — Você está bem? — pergunto-lhe, provavelmente, pela
enésima vez na última semana.

— Sim, estou bem. Você?

— Mmm-hmm. — e assim vai a nossa habitual conversa três vezes por dia
- pelo menos. Nossa afirmação de que está tudo bem, apesar de tudo parecer tão
diferente. — Colton... — minha voz desaparece e eu perco a coragem de pedir-
lhe mais.

Ele sente a minha hesitação e estende a mão para acariciar o lado do meu
rosto, o polegar esfregando suavemente sobre minha bochecha. Eu fecho meus
olhos e absorvo a ressonância de seu toque, porque isto é muito mais do que
apenas pele com pele. Isto vibra através de mim e se aprofunda em cada fibra do
meu ser, infiltrando lugares desconhecidos e sempre marcando sua presença,
me arruinando para qualquer outra pessoa com tatuagens invisíveis.

Quando abro meus olhos, os seus estão em frente e no centro na minha


linha de visão. — Ei, pare de se preocupar. Tudo vai ficar bem. Nós estamos
bem. — ele engole e abaixa os olhos antes de trazê-los de volta para os meus. —
Eu só estou tentando resolver a minha merda para que isso não nos afete.

— Mas... — a minha pergunta é cortada quando seus lábios encontram os


meus. É um suspiro de um beijo que ele lentamente aprofunda quando desliza
sua língua entre meus lábios para dançar em um emaranhado lento com a
minha. Eu saboreio a necessidade atada com desejo, mas tudo o que minha
mente consegue pensar é: por que ele não age sobre isso?

Eu levo as minhas mãos para que meus dedos possam torcer o cabelo
ondulando sobre o colarinho e dizer a minha mente para calar a boca, dizer a ela
para se acalmar para que eu possa desfrutar deste momento, aproveitá-lo. Eu
sinto as lágrimas, assim como a ternura por trás de seu toque me oprimir. Como
se eu fosse frágil e fosse quebrar.

Eu não tenho certeza se ele pode sentir o arrepio da minha respiração


conforme tento controlar minhas emoções, mas ele coloca mais um beijo suave
nos meus lábios e, em seguida, no meu nariz, que quase quebra minhas
comportas, antes de se afastar para olhar para mim. As mãos molduram meu
rosto e os olhos buscam os meus. — Não chore. — ele sussurra antes de se
inclinar e pressionar mais um beijo na minha testa. — Por favor, não chore. —
ele murmura.

— Eu só... — eu suspiro, palavras me escapam sobre como expressar o


que eu sinto, preciso e quero dele, sem pressioná-lo demais.

— Eu sei, baby. Eu sei. Eu também. — ele pressiona um beijo nos meus


lábios que faz com que outra lágrima deslize pelo meu rosto. — Eu também.

A multidão está batendo palmas quando eu termino meu discurso e desço


do pódio, meus olhos varrendo sobre a audiência. Vejo Shane sentado ao lado
de Jackson, batendo palmas como o resto dos meninos, mas eu não vejo Colton.

Eu luto para chegar a uma desculpa válida do por que o maior


patrocinador do projeto vai estar AWOL35 na cerimônia de inauguração e sessão
de fotografia de imprensa que acontecerá em menos de dez minutos.

Onde diabos ele está? Ele nunca iria propositalmente perder alguma
coisa dos meninos ou do projeto que ele foi tão fundamental para tornar uma

35
Absent Without Official Leave – ausente sem uma retirada oficial – termo militar usado para
um militar que saiu de seu posto sem permissão.
realidade. Eu olho para o meu telefone enquanto vou em direção a Shane para
lhe perguntar onde está Colton e não há nada. Sem chamada perdida, nenhuma
mensagem, nada.

As palmas diminuem conforme Teddy sobe ao pódio novamente para


encerrar a conferência de imprensa. — Shane! — eu sussurro em voz alta
enquanto eu me aproximo dele. — Shane!

Jax o cutuca para que ele se levante e caminhe em direção a mim. Eu viro
e começo a caminhar para longe da multidão, supondo que ele está me
seguindo. Viramos uma esquina, então estamos longe da imprensa e eu me
obrigo a respirar.

— Onde está Colton? — pergunto sem tentar soar como se eu estivesse


ansiosa.

— Bem. — diz ele, arrastando os pés, antes de olhar para cima até
encontrar meus olhos. — Quando nós estávamos vindo para cá, ele recebeu um
telefonema de alguém chamado Kelly e ele me fez estacionar no lado da estrada,
para que ele pudesse sair e conversar com ela em particular.

Meu coração pula e se aloja em minha garganta, apesar de me dizer que


tem que haver uma explicação perfeitamente lógica para isso. Dizendo a mim
mesma e me convencendo são duas coisas muito diferentes, embora.

— Você está bem? — ele me pergunta com os olhos azuis olhando por
cima do meu rosto e encontrando meus olhos.

Eu me castigo mentalmente e tenho que lembrar que Shane não é mais


um menino de doze anos de idade, mas sim um adolescente à beira da
masculinidade que percebe as coisas. — Sim, eu estou bem, muito bem, apenas
surpresa que ele não está aqui. Isso é tudo.
— Bem, ele voltou para o carro e disse para a moça que ele ligaria de volta
em alguns minutos, porque ele tinha que nos trazer aqui na hora certa.
Estacionamos bem antes de o discurso começar e ele me disse para entrar e que
estaria junto logo. Ele saiu e me viu sentar ao lado de Jax e eu o vi falando ao
telefone quando ele se despediu de mim. Por quê? Tem alguma coisa errada,
Ry?

— Não. De modo algum. Eu só perdi uma ligação dele. — eu minto para


Shane, e provavelmente para mim mesma, para suavizar o golpe. — Eu queria
saber se ele lhe disse quando estaria de volta, porque eu odiaria que ele perdesse
a cerimônia do corte da fita.

— Sim, bem, eu tenho certeza que algo muito importante surgiu para ele
não estar aqui. Ele sabe o quanto isso significa para você e tals. — diz ele,
torcendo os lábios, tentando me consolar dessa maneira desajeitada pré-
adolescente que faz meu coração crescer de orgulho.

— Deve ter sido muito importante. — eu sorrio para ele. — Vocês


significam o mundo para ele. — eu coloco meu braço em volta de seu ombro e
começo a caminhar em direção a multidão, esperando que ele perca o que eu
não estou dizendo, que talvez eu não signifique o mundo para ele mais.

Nós retornamos a tempo para a cerimônia de corte da fita e eu não


consigo parar meus olhos de buscar freneticamente por ele na multidão. Minha
mente repete as palavras de Shane mais e mais. Deve ser algo muito
importante. Algo enorme, mas a questão é o quê?

E depois, claro, dúvidas arrepiam e cutucam minha determinação. Será


que tem alguma coisa com Tawny? Com sua família? Mas se tivesse, ele teria me
ligado, me mandado uma mensagem, alguma coisa, certo?

No momento em que a cerimônia acabou e eu disse adeus aos meninos,


meus nervos estão desgastados. Eu fui de interessada, a chateada, a inquieta, a
raiva, conforme eu acelerei na Pacific Coast Highway em direção Broadbeach
Road - sua caixa postal respondendo cada vez que eu apertava discar - estou
passando mal do estômago de preocupação.

Quando eu chego aos portões e entro numa garagem vazia, eu sou uma
maldita confusão. Eu destranco e escancaro a porta da frente, o nome dele em
um grito de meus lábios. Mas antes mesmo de chegar a cozinha, eu sei que ele
não está em casa. Não é só por Baxter freneticamente animado que me diz, mas
também o silêncio assustador da casa.

Abro a porta de correr de vidro para deixar Baxter sair, quando um novo
pensamento me bate. E se alguma coisa aconteceu com sua cabeça? E se ele
estiver ferido em algum lugar e precisa de ajuda e ninguém sabe?

Eu corro de volta para o balcão da cozinha e disco para Haddie.

— Ei!

— Colton ligou em casa?

— Não, o que está acontecendo? — preocupação inunda a voz de Haddie,


mas eu não tenho tempo para entrar em detalhes.

— Eu vou explicar mais tarde. Obrigada. — eu desligo enquanto ela ainda


está falando, dizendo a mim mesma que vou pedir desculpas mais tarde,
enquanto o telefone já está tocando para a próxima pessoa.

— Rylee!

— Becks, onde está Colton?

— Nenhuma pista, por quê?


Eu ouço uma risadinha feminina no fundo e nem sequer dou um segundo
pensamento sobre interromper o que quer que seja que estou interrompendo. —
Ele não apareceu na cerimônia. Shane disse que ele recebeu um telefonema e
essa é a última vez que alguém o viu.

Ouço Becks dizer à mulher para ficar quieta. — Ele não apareceu? —
apreensão rodeia sua voz enquanto eu ouço o baralhar do outro lado da linha.

— Não. Quem é Kelly?

— Quem? — ele pergunta antes da linha ficar em silêncio por um


momento. — Eu não tenho ideia, Ry.

Seu silêncio me faz questionar sua honestidade e os pensamentos


dispersos em minha mente chegam a minha boca. — Eu não dou a mínima sobre
o código de homem e tudo isso, Beckett, por isso, se você sabe - eu não me
importo se isso vai me machucar - você tem que me dizer por que estou
preocupada pra caralho e... e... — estou divagando freneticamente e me obrigo a
parar porque estou começando a ficar histérica e realmente eu não tenho
nenhuma razão para estar, exceto a intuição que me diz que algo não está certo.

— Acalme-se. Respire. Tudo bem? — eu fecho meus olhos com força e


começo a me controlar. — A última vez que falei com ele, ele estava levando
Shane para condução e, em seguida, ia para a cerimônia. Você sabe...

— Por que ele não atende ao telefone, então?

— Ry, ele tem um monte de merda que está resolvendo, talvez ele só... —
ele desaparece, não sabe o que dizer a mim. Eu o ouço exalar um suspiro alto
enquanto eu levanto para empurrar a porta para Baxter entrar. O telefone da
casa em cima do balcão começa a tocar e o identificador de chamadas diz
Quinlan. Algo está acontecendo e avistar seu nome me diz que tenho razão em
estar preocupada.
— Chamada de Q. Tenho que ir. — eu digo a ele, desligo o telefone
quando o ouço dizer para chamá-lo de volta.

— Ele está bem? — minhas palavras saem em uma corrente de ar quando


eu respondo a sua chamada, fazendo a ansiedade produzir ácido em meu
estômago.

— Isso é o que eu estava ligando para perguntar. — a preocupação em sua


voz confronta a minha.

— O quê? Como é que você sabe que algo está errado? — estou confusa.
Eu pensei que ela soubesse o que estava acontecendo.

— Eu estava na sala de aula o dia todo e meu telefone estava desligado.


Eu só o liguei e ele deixou uma mensagem. — eu tenho medo de perguntar o que
a mensagem diz. — Ele parecia chateado. Ele divagava dizendo que ele precisava
falar com alguém, porque a cabeça dele estava toda fodida. Que ele sabe disso.
Mas ele não disse o que isso significa.

Chumbo cai pela minha alma enquanto tento conectar as peças do quebra
cabeça que não estão juntas.

— Aconteceu alguma coisa, Ry? É por causa do aborto? Eu só... eu nunca


o ouvi falar assim antes.

Pensamentos piscam e desaparecem na minha mente enquanto tento


descobrir o que poderia ter acontecido com Colton. E eu já estou em movimento
e corro no andar de cima enquanto meu cérebro começa a agarrar as
possibilidades de onde ele poderia estar. — Q, eu acho que sei onde ele está. Eu
te ligo quando eu souber com certeza.

Eu jogo o telefone na cama e corro para o banheiro tirando meu terno de


negócio, deixando um rastro de roupas conforme eu ando. Em poucos minutos,
eu troquei para minhas roupas de ginástica e estou calçando meus sapatos tão
rápido quanto eu posso. Eu pego meu celular e desço as escadas, as portas que
dão para o convés e corro para a praia abaixo.

Eu saio em uma completa arrancada para o lugar que Colton me levou


naquela primeira noite fatídica aqui, o seu lugar feliz, aonde ele vai para pensar.
Quanto mais penso nisso, mais confiante estou de que este é o lugar onde ele
está. Ele provavelmente está sentado em sua rocha observando o sol se pondo
no mar e chegando a um acordo com tudo o que aconteceu.

Mas por que ele não levou Baxter? Onde está o seu carro? Eu empurro as
dúvidas para longe, me convenço de que ele está lá apenas contemplando as
coisas, mas a incerteza começa a crescer a cada passo acelerado.

Mas eu sei que quando eu fizer a curva não vou encontrá-lo aqui. E
conforme eu vou para a clareira, eu já tenho o meu telefone discando e
chamando.

— Você o encontrou? — eu posso dizer que Becks está assustado e eu me


sinto mal por fazê-lo se sentir assim, mas eu estou preocupada.

— Não. Eu pensei que eu tinha, mas... — eu tenho que parar para


recuperar o fôlego, porque meus pulmões estão queimando de minha corrida
pela praia.

— Ry, o que está acontecendo?

— Ele ligou para Quin e disse que sabe que sua cabeça está fodida. — eu
suspiro. — Então eu corri para o seu lugar na praia, mas ele não está aqui. Você
o conhece melhor do que ninguém... aonde ele vai quando precisa limpar sua
cabeça além daqui?

— Você.
— O quê?

— Ele vai para você. — a honestidade em sua voz ressoa através da linha
telefônica.

Minhas pernas param de se mover com suas palavras. Elas entram


profundamente e faz meu coração torcer com amor e preocupação. Lágrimas
aparecem em meus olhos e eu percebo o quão desesperadamente sinto falta dele
neste momento - ele que eu só tive de volta semanas atrás para ser levado
novamente pela cruel reviravolta do destino de Deus com o aborto. Eu engulo o
caroço na minha garganta e me leva um minuto para encontrar a minha voz. —
Antes de mim, Becks...

— A pista.

— É onde que ele tem que estar. — eu começo a correr de volta para a
casa. — Eu estou indo para lá agora.

— Você quer que eu...

— Eu tenho que fazer isso, Becks. Tem que ser eu. — eu nunca tinha
falado palavras mais verdadeiras, porque, no fundo, eu sei que ele precisa de
mim. Eu não sei por que, eu só sei que ele precisa.

— Eu vou te mandar uma mensagem de como chegar ao local, tudo bem?

— Obrigada.
Capítulo 35

P arece que

levou uma eternidade para chegar à estrada por causa do tráfego na rodovia. Eu
saí na saída em Fontana, meu coração alojado na minha garganta e minha
esperança no ar enquanto me pergunto o que vou encontrar quando eu achá-lo.

Pânico surge quando eu atravesso pelos portões do complexo, porque


está escuro como breu, exceto por algumas luzes aleatórias de estacionamento.
Eu dirijo em torno do lado da construção para o túnel do campo e exalo um
enorme suspiro de alívio quando vejo o Range Rover de Colton.

Então, ele está aqui, mas agora o que eu vou fazer?

Eu estaciono ao lado dele, a escuridão do autódromo vazio parecendo


sinistra. Eu coloco meu carro no Park36 e grito quando ouço uma batida na
janela do lado do passageiro. Meu coração está acelerado, mas quando eu vejo o
rosto de Sammy na janela digo a mim mesma para respirar e sair do carro.

A preocupação em seus olhos me deixa ainda mais preocupada. — Por


favor, diga-me que ele está bem, Sammy. — eu posso vê-lo lutando em falar
comigo e trair seu chefe e seu amigo.

36
Cambio de carro automático, para estacionar e desligar coloca-se no P - park.
— Ele precisa de você. — isso é tudo o que ele diz - a única coisa que ele
precisa.

— Onde ele está? — eu pergunto, embora eu já esteja seguindo-o através


de uma entrada escurecida sob as enormes arquibancadas. Chegamos a uma
lacuna entre os assentos e eu percebo que estou no meio das arquibancadas,
olhando para uma pista de corrida estranhamente vazia. Eu encontro os olhos
de Sammy através da escuridão e ele sinaliza sobre o meu ombro esquerdo. Eu
me viro instantaneamente.

E eu o vejo.

Há uma única luz acesa em uma seção das arquibancadas e apenas em


seus reflexos eu vejo uma sombra solitária sentado na escuridão. Meus pés se
movem sem pensar e começo a subir as escadas, uma por uma, para ele. Eu não
consigo ver seu rosto na escuridão, mas eu sei que seus olhos estão em mim,
posso sentir o peso de seu olhar. Chego à fileira de arquibancadas que ele está
sentado e começo a andar em direção a ele, ansiosa e calma, tudo ao mesmo
tempo.

Eu tento pensar no que dizer, mas meus pensamentos estão tão confusos
com a preocupação que não consigo me concentrar. Mas assim que sou capaz de
ver seu rosto sombreado, tudo desaparece, exceto a dor no coração, o amor
incondicional.

Sua postura diz tudo. Ele está sentado inclinado, cotovelos nos joelhos,
ombros caídos e rosto manchado de lágrimas. E seus olhos - os que sempre são
tão intensos, dançando com malícia ou alegria - estão cheios de desespero
absoluto. Eles travam nos meus, suplicando, implorando, pedindo muito de
mim, mas eu não sei como responder.

Quando eu finalmente o alcanço, sua tristeza bate em mim como uma


onda. Antes que eu possa dizer uma única coisa, ele deixa escapar um soluço ao
mesmo tempo em que ele estende a mão e me puxa para ele. Ele enterra o rosto
na curva do meu pescoço e apenas fica lá, como eu fosse sua tábua de salvação, a
única coisa que impede que ele caia e se afogue. Eu envolvo meus braços em
torno dele e me agarro a ele tentando lhe dar o que ele precisa.

Porque não há nada mais perturbador do que ver um homem forte e


confiante ficar completamente desfeito.

Minha mente corre conforme seus soluços abafados preenchem o silêncio


e o tremor de seu corpo ricocheteia no meu. O que aconteceu para reduzir meu
arrogante autoconfiante a este homem perturbado? Ele continua a me segurar
enquanto eu o acalmo e o balanço sutilmente de um lado para o outro - tudo que
eu posso fazer para acalmar a tempestade que está, obviamente, em fúria dentro
dele.

— Eu estou aqui. Eu estou aqui. — é a única coisa que posso dizer


enquanto ele lança toda a emoção tumultuada. E assim eu o seguro no escuro,
no lugar onde ele fez os seus sonhos se tornarem realidade, esperando que ele
talvez esteja chegando a um acordo - parando e enfrentando de cabeça erguida -
os demônios, que ele geralmente usa esta pista, para superar.

O tempo passa. Os sons do tráfego na rodovia além do estacionamento


vazio diminuem e a lua se move lentamente através do céu. E Colton ainda se
mantém ligado, ainda tira tudo o que ele precisa de mim, enquanto eu me
deleito com o fato de que ele ainda precisa de mim quando eu pensei que ele não
o fazia mais. Minha mente vai e volta nas memórias de um banco no chuveiro e
ele agarrado a mim, como está agora. O que poderia figurativamente derrubar
este meu homem de joelhos. Então, eu só o seguro agora, como fiz naquela
época, meus dedos tocando em seu cabelo para confortar até suas lágrimas
lentamente diminuírem e a tensão em seu corpo também.

Eu não sei o que dizer, o que pensar, então, eu só digo a primeira coisa
que vem à minha mente. — Você está bem? Você quer falar sobre isso?
Ele afrouxa seu aperto e pressiona as palmas das suas mãos nas minhas
costas, me puxando mais apertado contra ele, se isso fosse possível, enquanto
ele exala um suspiro trêmulo. Ele está me assustando, não de uma forma ruim,
mas no sentido de que algo enorme tem que ter acontecido para tirar esse tipo
de reação dele.

Ele se inclina para trás e fecha os olhos com força antes de eu ter a chance
de olhar para eles, esfregando as mãos sobre o rosto antes de exalar um suspiro
alto. Ele abaixa a cabeça e a agita, e eu odeio que não posso ver seu rosto agora.

— Eu fiz... — ele sopra outra respiração e eu estendo minha mão e a


coloco em seu joelho. Ele apenas balança a cabeça como se estivesse falando
para si mesmo e, em seguida, seu corpo fica tenso de novo, antes que ele fale. —
Eu fiz o que você disse que eu deveria fazer.

O quê? Eu tento descobrir o que exatamente eu lhe disse para fazer.

— Eu fiz o que você disse e agora... agora minha cabeça está tão fodida
sobre isso. Eu sou uma maldita bagunça.

A dor crua quebrando sua voz me faz sentar ao lado dele e esperar por ele
me olhar nos olhos. — O que você fez?

Ele estende a mão e pega a minha, entrelaçando nossos dedos e


apertando com força. — Eu encontrei a minha mãe.

A respiração trava na minha garganta, porque quando eu fiz esse


comentário, nunca nem em um milhão de anos, teria pensado que ele realmente
faria. E agora eu não sei o que dizer, porque sou o catalisador de toda essa dor.

— Colton... — é tudo que posso dizer, tudo o que posso oferecer além de
levantar as nossas mãos e pressionar um beijo na parte de trás da dele.
— Kelly me ligou quando eu estava... ah porra! Eu perdi a cerimônia. Eu
deixei você esperando. — e eu posso dizer pela descrença absoluta em sua voz
que ele realmente, realmente esqueceu.

— Não, não, não. — eu o acalmo, tentando lhe dizer que isso não importa.
Que enfrentar seus medos é o que importa. — Está tudo bem. — eu aperto
nossas mãos novamente.

— Sinto muito, Ry... eu só... eu não consigo sequer pensar direto agora,
porra. — ele tira os olhos dos meus e os evita em vergonha enquanto usa a outra
mão para enxugar as lágrimas de suas bochechas. — Sabe... — ele balança a
cabeça quando ele olha para a pista às escuras à nossa frente — ... é meio
engraçado que este é o lugar que eu venho para esquecer tudo e hoje foi o
primeiro lugar que pensei ir a fim de chegar a um acordo com tudo isso.

Eu sigo seus olhos e olho para a pista, tendo a enormidade de tudo - a


pista e suas ações. Nós ficamos em silêncio enquanto a importância por trás de
suas palavras me atinge. Ele está tentando enfrentar as coisas, para seguir em
frente, para começar a curar. E eu nunca estive mais orgulhosa dele.

— Eu perguntei ao meu pai alguns meses atrás, se ele sabia o que tinha
acontecido com ela. Ele entrou em contato com o detetive particular - Kelly é o
seu nome - que ele tinha contratado quando eu era mais novo, que manteve o
controle sobre ela por dez anos, para ter certeza que ela não voltaria para mim.
— sua voz é a mesma, monótona, tal contraste com o desespero soluçando de
momentos atrás e ainda assim, eu posso sentir a extremidade da emoção
vibrando logo abaixo da superfície. — Ele me ligou hoje. Ele a encontrou. — ele
olha para mim e a aparência triste em seus olhos - um menino perdido tentando
encontrar o seu caminho - me desfaz, quebra o domínio sobre a emoção que eu
estou tentando segurar para que eu possa ser forte para ele.

Ser a rocha enquanto ele se desintegra.


Minha primeira lágrima cai e eu estendo minha mão e a coloco em seu
rosto, um simples toque que retransmite muito sobre o que eu penso, como me
sinto, que eu sei que ele precisa de mim. Eu me inclino, seu maxilar cerrado
debaixo da minha palma, seus olhos fundidos com os meus e coloco um beijo
suave em seus lábios. — Estou muito orgulhosa de você. — eu sussurro as
palavras para ele. Eu não pergunto a ele sobre o que ele encontrou ou quem ela
é. Eu me concentro nele, no agora, porque eu sei que sua cabeça está
desesperadamente tentando conciliar o passado, embora tentando descobrir o
futuro. Então eu concentro no aqui, no agora e espero que ele entenda que vou
estar aqui para cada passo do caminho se ele me permitir.

Nós ficamos assim, o silêncio reforçando a garantia de meu toque e a


compreensão por trás do meu beijo. E pela primeira vez, o silêncio é
reconfortante, aceitando sua alma torturada.

Ele engole em seco e pisca rapidamente os olhos, como se ele também


estivesse tentando entender tudo e ainda tem muito mais peças do quebra-
cabeça que eu, então eu sento e espero pacientemente por ele continuar. Ele
quebra o nosso contato visual e se inclina para trás, os olhos atraídos de volta
para a pista.

— Minha mãe está morta. — ele diz as palavras sem qualquer emoção, e
mesmo que elas flutuem dentro da noite, eu posso senti-las o sufocando. Eu fico
olhando para ele, o seu perfil no luar contra o céu noturno e eu opto por não
dizer nada, por deixá-lo levar esta conversa.

Inquieto, ele levanta de seu assento e caminha para o final do corredor e


depois para, sua figura aureolada pela única luz além dele. — Ela nunca mudou.
Eu acho que não deveria ter esperado encontrar alguma coisa diferente. — diz
ele tão baixinho, mas eu ainda posso ouvir cada inflexão em sua voz, cada pausa
em sua voz. Ele se vira para mim e anda alguns metros em direção a mim e para.
— Eu estou... estou - minha cabeça é uma porra de uma bagunça agora eu
só... — ele esfrega as mãos sobre o rosto e por seu cabelo antes de emitir uma
risada autodepreciativa que provoca arrepios na minha espinha. — Eu nem
sequer tenho qualquer memória positiva dela. Nenhuma. Oito anos da porra da
minha vida e eu não me lembro de uma única coisa que me faça sorrir.

Eu sei que ele está lutando e eu quero tão desesperadamente atravessar a


distância entre nós e tocá-lo, segurá-lo, confortá-lo, mas sei que ele precisa
colocar isso para fora. Precisa se livrar de seu veneno autoproclamado comendo
sua alma.

— Minha mãe era uma prostituta drogada. Viveu e morreu pela


espada37... — a despeito de sua voz, a dor é tão poderosa e crua que eu não posso
evitar as lágrimas que enchem meus olhos ou o tremor em minha respiração
quando eu inspiro. — Sim. — diz ele, com uma risada caindo de sua boca
novamente. — Uma drogada. Ela não foi discriminada, no entanto. Ela pegaria
qualquer coisa para conseguir o que precisava porque era o que era importante.
Mais importante do que seu filho sentado com medo pra caralho no canto. — ele
revira seu ombro e limpa a garganta como se ele estivesse tentando afastar a
emoção. — Então, eu só não entendo... — sua voz desaparece e eu tento seguir o
que ele está dizendo, mas não consigo.

— Não entende o que, Colton?

— Eu não entendo por que me importo que ela esteja morta, porra! — ele
grita, sua voz ecoando pelo estádio vazio. — Por que isso me incomoda? Por que
estou malditamente chateado com isso? Por que isso não me faz sentir qualquer
coisa senão alívio? — sua voz racha novamente, suas palavras ricocheteando no
concreto.

37
Provérbio: Aqueles que cometem atos violentos, devem esperar sofrer as mesmas violências.
Meu estômago dá nós por cima do fato de que ele está sofrendo e eu não
posso fazer uma maldita coisa sobre isso. Eu não posso corrigir, emendar ou
resolver, então eu o tranquilizo. — Ela era sua mãe, Colton. É normal ficar
chateado, porque no fundo eu tenho certeza que em sua própria maneira ela
amava você...

— Me amava? — ele grita, me assustando com a mudança repentina de


dor confusa à fúria desenfreada. — Me amava? — ele grita de novo, andando na
minha direção e batendo no peito com as suas palavras antes de caminhar um
metro e parar. — Você quer saber o que o amor era para ela? Amor era negociar
seu filho de seis anos pela porra das drogas, Rylee!

— Amor era deixar seu cafetão traficante de drogas estuprar seu filho,
foder seu menino, enquanto ele tinha que repetir em voz alta o quanto ele
amava isso, o amava, para que ela pudesse conseguir a porra da sua próxima
porção de drogas! Tratá-lo pior do que um cão de merda para que ela pudesse
ganhar drogas suficientes para garantir seu próximo delírio! Era sabido que o
filho da puta lhe daria as menores quantidades possíveis de merda, porque ele
não podia esperar para voltar e fazer tudo de novo. Amor era sentar do outro
lado da porta do quarto fechado e ouvir seu menino gritar na pior dor filha da
puta, conforme ele é rasgado física e emocionalmente e não fazer uma maldita
coisa para impedir isso, porque ela é tão malditamente egoísta.

Ele se encolhe com as palavras, seu corpo tão tenso que temo que suas
próximas palavras vão estalar a tensão, aliviar o menino, mas quebrar o homem
de dentro. Eu olho para ele, o meu próprio coração treme, minha própria fé
dissolvida imaginando o horror que seu pequeno corpo suportou e me forço a
conter a repulsa física que suas palavras evocam, porque tenho medo que ele vá
pensar que é para ele, não aos monstros que abusaram dele.

Posso ouvi-lo lutando para recuperar o fôlego, posso vê-lo fisicamente


revoltado contra suas próprias palavras engolindo em seco firmemente. Quando
ele começa a falar novamente, sua voz é mais controlada, mas o tom
estranhamente calmo arrepia minha pele.

— Amor era partir o braço do seu menino ao meio porque ele mordeu tão
forte o homem que o estuprava, que agora ele não vai desistir de sua próxima
porra de speedball38. Amor era dizer a seu filho que ele queria, merecia e que
ninguém nunca iria amá-lo, se eles souberem. Ah, e para selar o negócio, era
dizer a seu filho que os super-heróis que ele chama enquanto estava sendo
violado - arruinado - sim aqueles, que nem fodendo eles viriam salvá-lo. Nunca!
— ele está gritando dentro da noite, as lágrimas escorrendo de nossos rostos e
seus ombros estão tremendo por ser aliviado do peso que ele está carregando há
mais de 25 anos.

— Então, se isso é amor? — ele ri sombriamente de novo —... então sim,


os primeiros malditos oito anos da minha vida, eu fui tão amado que você não
iria acreditar. — ele caminha até mim e até mesmo através da escuridão, eu
posso sentir a raiva, o desespero, a dor que está correndo solta através de seu
corpo. Ele olha para baixo por um segundo e vejo as lágrimas caindo de seu
rosto escurecer o chão de concreto abaixo. Ele balança a cabeça, mais uma vez e
quando ele olha para cima, a renúncia em seus olhos, a vergonha que eles
carregam, me devasta. — Então, quando eu pergunto por que estou confuso
sobre como posso sentir alguma coisa senão ódio de saber que ela está morta? É
por isso, Rylee. — diz ele tão baixinho que eu me esforço para ouvi-lo.

Eu não sei o que dizer. Não sei o que fazer, porque cada parte minha
apenas quebrou e caiu a minha volta. Eu já ouvi tudo isso no meu trabalho, mas
ouvir isso de um homem adulto quebrado, perdido, abandonado,
sobrecarregado com o peso da vergonha por toda uma vida, um homem que eu
daria o meu coração e minha alma se eu soubesse que tiraria a dor e as
memórias, me deixa completamente perdida.

38
Uso simultâneo de heroína e cocaína.
E na fração de segundo que me leva a pensar em tudo isso, tudo atinge
Colton com o que ele acabou de dizer. A adrenalina de sua confissão diminui.
Seus ombros começam a tremer e as pernas amolecem quando ele se desintegra
para o banco atrás dele. Na batida de coração que me leva para chegar a ele, ele
está chorando em suas mãos. Coração dilacerando, limpando a alma com
soluços que atravessam todo o seu corpo conforme: — Oh meu Deus! — sai dos
seus lábios uma e outra vez.

Eu envolvo meus braços em volta dele me sentindo completamente


impotente, mas não querendo largá-lo, nunca querendo soltá-lo. — Está tudo
bem, Colton. Está tudo bem. — eu repito mais e mais entre as suas palavras
repetidas, minhas lágrimas caindo sobre seus ombros enquanto eu o seguro
firme deixando-o saber que não importa o quão longe ele caia, eu vou pegá-lo.

Eu sempre vou pegá-lo.

Eu tento segurar os soluços acumulando através do meu corpo, mas não


adianta. Não há mais nada para eu fazer, então sinto com ele, choro com ele,
sofro com ele. E assim nós nos ficamos no escuro, segurando-me a ele, e ele se
deixa ir para um lugar que sempre lhe trouxe paz.

Eu só rezo para que desta vez a paz encontre alguma permanência em sua
alma cheia de cicatrizes.

Nossas lágrimas diminuem, mas ele continua com a cabeça em suas


mãos, olhos espremidos apertados e tantas emoções privando-o bem no centro.
Quero que ele assuma a liderança aqui, preciso que ele me deixe saber como
ajudá-lo, então eu só sento calmamente.

— Eu nunca... eu nunca disse essas palavras em voz alta antes. — diz ele,
a voz rouca de tanto chorar e os olhos voltados para os dedos remexendo. — Eu
nunca disse a ninguém. — ele sussurra. — Eu acho que pensei que se eu dissesse
isso, então... eu não sei o que achava que iria acontecer.
— Colton. — eu digo o nome dele enquanto tento descobrir o que dizer
em seguida. Preciso ver seus olhos, preciso que ele olhe nos meus. — Colton,
olhe para mim, por favor. — eu digo o mais suavemente possível e ele apenas
balança a cabeça de um lado para o outro como uma criança com medo de ficar
em apuros.

Eu permito-lhe tempo, permito que ele se esconda no silêncio e na


escuridão da noite, meus pensamentos consumidos com dor por este homem
que eu tanto amo. Eu fecho meus olhos, tentando processar tudo isso, quando
eu o ouço sussurrar a única fala que nunca esperaria neste momento.

— Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

E isso me atinge como uma tonelada de tijolos. O que ele está tentando
me dizer com a afirmação simples, sussurrada. Meu coração cai e minha cabeça
grita. — Não, não, não, não!

Eu caio de joelhos diante dele, estendendo as mãos para o lado de seu


rosto e o direciono para que seus olhos possam encontrar os meus. E eu tremo
quando ele recua ao meu toque. Ele está petrificado para dar este primeiro
passo para a cura. Com medo do que penso dele agora que eu sei seus segredos.
Preocupado com o tipo de homem que eu acredito que ele seja, porque em seus
olhos, ele permitiu que isto acontecesse a ele. Ele tem vergonha que vou julgá-lo
com base nas cicatrizes que ainda dominam a sua mente, corpo e alma.

E ele não poderia estar mais longe da verdade.

Eu fico lá e espero pacientemente, meus dedos tremendo em suas


bochechas por algum tempo até que seus olhos verdes piscam e olham para mim
com uma dor que eu não consigo imaginar refletida neles.

— Há tantas coisas que eu quero e preciso dizer para você agora... tantas
coisas. — eu digo, permitindo que a minha voz trema, minhas lágrimas caiam e
arrepios cubram todo meu corpo. — Que eu quero dizer ao menino que você era
e ao homem incrível que você é. — ele força a engolir em seco e seu músculo faz
tiques no maxilar, tentando conter as lágrimas surgindo em seus olhos. Eu vejo
o medo misturado com descrença neles.

E também vejo esperança. Está apenas sob a superfície a espera da


oportunidade de se sentir seguro, de se sentir protegido, de se sentir amado
para saltar à vida, mas ela está lá.

Estou admirada com a vulnerabilidade que ele está me confiando, porque


eu não posso imaginar como é difícil se abrir quando tudo o que você conhece é
dor. Eu esfrego meu polegar sobre sua bochecha e lábio inferior enquanto ele
olha para mim, e eu encontro as palavras que preciso para transmitir a verdade
que ele precisa ouvir.

— Colton Donavan, isso não é culpa sua. Se você ouvir uma coisa que eu
lhe digo, por favor, que seja esta. Você já carregou isto com você por tanto
tempo e eu preciso de você para me ouvir dizer que nada que você fez quando
era uma criança, ou como um homem, merecia o que aconteceu com você. —
seus olhos se arregalaram e ele vira seu corpo, abre sua postura protetora, e eu
estou esperando que seja um reflexo de como ele se sente comigo. Que ele está
ouvindo, compreendendo, escutando. Porque há tantas coisas que eu queria
dizer a ele por tanto tempo, sobre as coisas que eu tinha assumido e agora eu
sei. Agora eu posso expressá-las.

— Você não tem nada do que se envergonhar, nem agora, nem nunca.
Estou admirada com a sua força. — ele começa a discutir comigo e eu só coloco
um dedo sobre seus lábios para silenciá-lo antes de eu repetir o que eu estava
dizendo. — Estou admirada com a sua força para manter isto engarrafado por
todo esse tempo e não se autodestruir. Você não está danificado ou fodido ou
sem esperanças, mas bastante resistente e corajoso e honrado. — minha voz
rompe com a última palavra e eu posso sentir seu queixo tremer debaixo da
minha mão, porque as minhas palavras são tão difíceis de ouvir depois de
pensar o oposto por tanto tempo, mas ele mantém seus olhos nos meus. E
apenas isso, sinaliza que ele está se abrindo à noção de cura.

— Você veio de um lugar de dor inimaginável e ainda assim você... você é


esta incrível luz que ajudou a me curar, tem ajudado a curar os meus meninos.
— eu balanço minha cabeça tentando encontrar as palavras para transmitir o
que sinto. Assim, ele compreende que há tanta luz nele, quando tudo o que ele
viu por tanto tempo é a escuridão.

— Ry. — ele suspira, e eu posso vê-lo lutando para aceitar a verdade em


minhas palavras.

— Não, Colton. É verdade, baby. Eu não consigo imaginar o quão difícil


foi pedir ao seu pai para ajudá-lo a encontrar sua mãe. Eu não consigo imaginar
como você se sentiu ao receber essa ligação hoje. Eu não consigo imaginar como
foi difícil para você apenas confessar o segredo que tem pesado tanto em sua
alma por tanto tempo... mas por favor, saiba que, seu segredo está seguro
comigo.

Ele funga um soluço, seus olhos piscando rapidamente, sua expressão de


dor, eu me inclino para a frente e pressiono um beijo suave em seus lábios - um
toque de fisicalidade para tranquilizar a nós dois. Eu pressiono um beijo em seu
nariz e depois descanso minha testa contra a dele, tentando ter um momento
para absorver tudo isso.

— Obrigada por confiar o suficiente para compartilhar comigo. — eu


sussurro para ele, minhas palavras pairando sobre seus lábios. E ele não
responde, mas eu não preciso disso. Nós ficamos assim, testa a testa, aceitando
e consolando um ao outro e os limites que foram cruzados.

Eu não esperava que ele compartilhasse mais, então quando ele começa a
falar, eu me espanto. — Ao crescer eu não sabia como lidar com tudo isso, como
agir. — a vergonha absoluta em sua voz me envolve, minha mente cambaleando
pela solidão que ele deve ter sofrido quando era adolescente. Eu esfrego meu
polegar pra a frente e pra trás sobre seu rosto para que ele saiba que eu estou
aqui, saiba que estou ouvindo. Ele suspira baixinho, sua respiração aquecendo
meus lábios enquanto ele termina sua confissão.

— Eu tentei rapidamente provar que eu não estava condenado ao inferno,


embora ele tenha feito essas coisas comigo. Eu corri através da gama de
meninas na escola para provar a mim mesmo o contrário. Isso me fez sentir bem
- ser querido e desejado por mulheres - pois levou o medo para longe... mas
depois se tornou também a minha maneira de lidar... o meu mecanismo. Prazer
para enterrar a dor.

Eu sussurro ao mesmo tempo em que ele. A frase que ele disse para mim
no quarto de hotel da Flórida, que ficou comigo, me corroeu, porque eu queria
entender por que ele se sentia assim. E eu entendo agora. Entendo o dormir ao
acaso. O fodê-las e descartá-las. Tudo isso era uma maneira de provar a si
mesmo que ele não foi marcado por seu passado. Uma maneira de colocar um
Band-Aid temporário sobre as feridas abertas que nunca cicatrizaram.

Eu aperto meus olhos fechados, minha mente e meu coração dolorido por
esse homem, quando sua voz interrompe o silêncio.

— Eu não me lembro de tudo, mas me lembro de que ele costumava vir


até mim por trás. É por isso que... — sua voz tão suave vai desaparecendo,
respondendo a uma pergunta que fiz na noite de gala de caridade.

— Tudo bem. — eu digo a ele para que saiba que eu o ouvi, saiba que eu
entendo por que ele foi roubado da capacidade de aceitar um toque tão inocente.

— Os super-heróis. — continua ele, sua honestidade clara roubando


minha respiração. — Mesmo quando era criança, eu tinha que agarrar a alguma
coisa para tentar escapar da dor, da vergonha, do medo, por isso eu os chamava
para tentar lidar. Para ter algum tipo de esperança para segurar.
Eu sinto o gosto do sal nos meus lábios. Eu suponho que é a partir de
minhas próprias lágrimas, mas não posso ter certeza, porque eu não posso dizer
onde ele termina e eu começo. E nós não nos movemos, testa com testa, e me
pergunto se é mais fácil para ele ficar assim - olhos fechados, corações batendo,
almas se alcançando - para se livrar de tudo. Assim, ele não tem que ver o
desespero, dor e compaixão em meus olhos. Mas, mesmo com seus olhos
fechados eu ainda posso sentir as correntes que ligaram a sua alma por tanto
tempo, começarem a se libertar. Eu posso sentir que suas paredes começam a
desmoronar. Eu posso sentir esperança voar para fora deste lugar no escuro. Só
ele e eu em um lugar onde ele agora pode perseguir seus sonhos, sem o seu
passado fechando sobre ele.

Eu viro minha cabeça para baixo e pressiono um beijo em seus lábios. Eu


os sinto tremer sob o meu, meu homem autoconfiante despido e aberto. Ele
finalmente inclina a cabeça para trás, nossas testas não se tocam mais, mas
agora eu posso olhar em seus olhos e posso ver uma clareza que nunca esteve lá
antes. E um pequeno lugar dentro de mim suspira que ele apenas pode ser capaz
de encontrar um pouco de paz agora, apenas pode ser capaz de pôr os demônios
para descansar.

Eu sorrio solenemente para ele enquanto ele toma uma respiração


irregular, estica as mãos e me coloca em seus joelhos no seu colo, onde ele
envolve seus braços em volta de mim. Eu sento lá embalada, consolada e amada
por um homem capaz de tanto. Espero que ele seja finalmente capaz de vê-lo e
aceitá-lo. Um homem que jura que não sabe como amar e ainda é exatamente
isso o que ele está me dando agora - amor - no meio do mais escuro dos
desesperos. Eu pressiono um beijo na parte inferior de seu maxilar, sua barba
por fazer, fazendo cócegas em meus lábios sensíveis.

A poeira de um passado quebrado se instala ao nosso redor com o


aumento da esperança de seus remanescentes.

— Por que me dizer agora?


Ele dá uma respiração rápida e aperta os braços em volta de mim,
pressionando um beijo no topo da minha cabeça e ri baixinho. — Porque você é
a porra do alfabeto.

O quê? Minha cabeça balança de um lado para o outro e eu me inclino


para trás para que eu possa olhar para ele. E quando eu olho em seus olhos,
quando o sorriso que se espalha em seu rosto ilumina o verde no escuro ao
nosso redor, meu coração cai para novas profundidades de amor por este
homem. — O alfabeto?

Eu tenho certeza que é o olhar no meu rosto que faz seu sorriso ampliar, a
covinha aparecendo e sua cabeça balançando. — Sim, do A ao filho da puta do Z.
— uma faísca de sua personalidade que ele tinha perdido brilha fugazmente e
aquece o meu coração ouvir esse toque de arrogância divertido em sua voz. Ele
ri de novo e diz: — Maldito Becks. — antes de se inclinar para frente e pressionar
seus lábios nos meus sem responder a minha pergunta.

Ele se afasta e olha para mim, seus olhos intensos. — Por que agora, Ry?
Por causa de você. Porque eu tenho empurrado, puxado e machucado você
demais... e apesar de tudo isso, você lutou por mim - para me manter, para me
ajudar, para me curar, para me correr - e pela primeira vez na minha vida, eu
quero alguém para fazer isso por mim. E eu quero ser livre para fazer isso por
alguém. Eu... — ele suspira tentando encontrar as palavras para combinar com a
emoção nadando em seus olhos. Os olhos ainda assombrados à margem, mas
muito menos agora do que antes, e apenas isso alivia a dor em minha alma. —
Eu quero a chance de provar que sou capaz disso. De tudo isso... — diz ele com
uma onda irrelevante de sua mão. — Não me roube isso. Que eu posso ser quem
você precisa e lhe dar o que você quer. — sua voz implora.

Eu ouço a tristeza de suas confissões ainda tingindo sua voz, mas eu


também posso ouvir esperança e possibilidade tecidas ali também. E é um som
tão bem-vindo que eu torço meus lábios e os pressiono contra os seus.
Eu ainda posso sentir a emoção estremecendo por ele enquanto ele
desliza sua língua entre meus lábios entreabertos e dispostos a aprofundar o
beijo. Eu ainda posso senti-lo tentando entender esse novo terreno que ele está
tentando encontrar o equilíbrio, mas eu sei que ele vai encontrá-lo.

Porque ele é um lutador.

Sempre foi.

Sempre será.
Capítulo 36

E u olho para

ele e vejo a luz dos postes iluminar ao longo dos ângulos de seu rosto enquanto
eu canto baixinho Everything do Lifehouse no rádio. É tarde, mas o tempo não
tinha importância enquanto nós nos sentávamos juntos nas arquibancadas e
colocávamos velhas feridas para descansar e trazíamos novos começos para a
vida. Sammy está dirigindo o meu carro para casa, mas quando Colton e eu
saímos da rodovia no Range Rover, eu percebo que não estamos indo para casa
ainda.

Casa.

Que ideia maluca. Que eu estou indo para casa com Colton, porque agora,
depois desta noite, a palavra significa muito mais do que apenas um edifício de
tijolo e argamassa. Isso significa conforto, cura e Colton. Meu ace. Eu suspiro,
meu peito apertando com amor.

Olho para ele novamente e ele deve sentir o peso do meu olhar, porque
ele olha para mim com os olhos ainda um pouco vermelhos de tanto chorar. Eles
travam nos meus momentaneamente conforme ele sorri suavemente e depois
sacode a cabeça sutilmente, como se ele ainda estivesse tentando processar os
acontecimentos das últimas horas antes de olhar para a estrada. Mas eu
mantenho meus olhos sobre ele, porque eu sei que no fundo, é onde eles sempre
caem, não importa onde mais eles olham.
Estou tão profunda em pensamento que eu nem sequer reconheço a
nossa localização quando Colton para no estacionamento e coloca o carro no P.
— Há algo que eu tenho que fazer. Vem comigo?

Eu olho para ele confusa sobre o que estamos fazendo, às onze horas da
noite em algum estacionamento aleatório nos arredores de Hollywood.
Obviamente é importante porque depois de hoje à noite, tudo o que posso
pensar é que ele provavelmente está esgotado e só quer ir para casa. — Claro.

Saímos do carro e eu olho em volta, um pouco desconfiada de deixar um


carro tão bom neste lugar, muito mal iluminado, mas Colton está
completamente imperturbável. Ele me puxa perto de seu lado e me leva em
direção a uma porta de madeira muito formidável que parece que veio direto
dos tempos medievais. Colton abre e imediatamente sou confrontada com luzes
brilhantes, música suave e um zumbido estranhamente único.

Eu viro minha cabeça para Colton, que está me observando com uma
curiosidade confusa. Ele apenas ri e balança a cabeça para o meu queixo caído e
olhos arregalados.

Eu nunca pisei em um desses lugares antes. No fundo, uma parte minha


sabe por que estamos aqui, mas isso não faz sentido.

Colton entrelaça seus dedos nos meus, enquanto caminhamos por um


corredor estreito em direção a uma sala onde há luzes brilhantes. Colton cruza o
limiar antes de mim e para momentaneamente até que o zumbido cessa.

— Bem, filho da puta, boqueteiro! O menino prodígio faz a porra de uma


visita. — uma voz retumbante grita e Colton ri antes de ser puxado mais para
dentro da sala. — Bem maldito, você é um colírio para os meus olhos, Wood!
Eu observo quando braços, mangas em uma variedade de cores e
imagens, envolvem em torno de Colton e o puxa para um abraço rápido. Eu vejo
um par de olhos cor de avelã me avistarem sobre o ombro de Colton.

— Oh merda! Sinto muito sobre todo o maldito xingamento. — a voz


pertence aos olhos que falam enquanto ele empurra Colton para trás e caminha
em direção a mim. — Cara, se você traz uma maldita senhora aqui você precisa
ter certeza de me avisar para que eu possa ser respeitável e toda essa merda!

Colton ri enquanto o homem limpa a mão na calça antes de esticá-la para


apertar a minha. Meus olhos vagueiam sobre o conjunto pesado, o homem
crivado de tatuagens de cabelo cortado rente e uma longa barba rebelde, mas o
que eu acho mais cativante é o rubor manchando suas bochechas. É realmente
muito adorável, mas eu duvido que ele ache divertido se eu dissesse isso agora.

— Porra, eu sinto muito! Cristo, eu só fiz isso de novo. — ele balança a


cabeça com um chiado de uma risada e eu não posso deixar de sorrir.

— Não se preocupe. — eu digo a ele, levantando o queixo para Colton. —


A boca dele é tão ruim quanto a sua. Sou Rylee.

— Tudo bem, bem, eu vou tentar manter a porra ao mínimo. — diz ele e,
em seguida, fica vermelho novamente. — Quer dizer - não com você, é claro -
bem, a menos que você queria, porque então...

— Nem pense nisso, Sledge. — Colton adverte com uma risada, enquanto
Sledge, eu presumo, balança a cabeça e apenas dá aquela risada única antes de
nos direcionar para o estúdio de tatuagem.

— Então, cara, de verdade? — Sledge pergunta a Colton.

— Sim. — ele olha para mim e sorri. — De verdade. — e eu estou


completamente perdida.
— O que quer que seja que prenda seu pau, cara. — diz ele, balançando a
cabeça enquanto caminha até um balcão e começa a vasculhar alguns papéis. —
Falando sobre perder paus e toda essa merda... — ele olha para mim e seu rosto
franze em pedido de desculpas antes de continuar a procurar algo. — Como está
aquele pedaço lindo de bunda da sua irmã que eu adoraria perder o meu, entre
outras coisas.

Espero Colton surtar, mas ele só joga a cabeça para trás e solta uma
gargalhada. Sua reação me faz perceber que estes dois se conhecem há muito
tempo.

— Ela te comeria vivo e você sabe disso, cara... você é uma mulherzinha.

— Foda-se! — Sledge ri enquanto Colton começa a puxar a camisa sobre a


cabeça. E mesmo com tantas novas atrações para tomar aqui, eu não posso tirar
meus olhos de seu abdômen esculpido. Analiso os quatro símbolos -
representações de seu passado - e me pergunto o que ele vai fazer agora.

— Sim... totalmente osso duro de roer. — Colton provoca enquanto me


leva a uma cadeira e pressiona um beijo casto em meus lábios. Ele me olha nos
olhos por um momento, como se dissesse: confie em mim, antes de se sentar em
uma cadeira por si mesmo. — O homem tatuado que ouve Barbara Streisand e
mantém suas cinco bichanas na sala dos fundos. — que diabos ele está falando?
— Você não sabia, se você vai fingir ser um fodão, você precisa ouvir death metal
e ter um pit bull devorador de homens em vez de gatos suficientes para rivalizar
com uma solteirona. — Colton está rindo, despreocupado, e eu adoro quem esta
contradição de um homem faz em Colton.

— Eu sou uma flor delicada! — Sledge brinca antes de gritar: — A-ha!

— Flor, minha bunda! — diz Colton, balançando a cabeça e rindo


enquanto Sledge vai até ele com um pedaço de papel na mão. — Só isso? —
Colton pergunta e eu arrumo minha postura para tentar ver o que está nele. Ele
olha para ela um momento, os lábios franzindo, a cabeça balançando sutilmente
enquanto ele considera. — Você tem certeza? Ela realmente vai funcionar? — ele
passa rapidamente os olhos para cima em Sledge, sua expressão reforçando a
questão.

— Como se você tivesse que perguntar porra. Opa, lá vou eu de novo com
a porra. — ele levanta as sobrancelhas e olha para mim em um pedido de
desculpas silencioso. — Cara, se eu vou pintar você, vou pesquisar para ter
certeza.

— Tipo uma pesquisa no Google ou no fundo de uma garrafa? — Colton


pergunta.

— Saia da porra da minha cadeira! — Sledge brinca, jogando o braço na


direção da porta antes de olhar para mim. — Você realmente atura esta merda
todos os dias?

Eu aceno com a cabeça e rio enquanto Colton se inclina para a frente e


olha para mim, e por um segundo eu vejo piscar tristeza lá, mas ela vai embora
tão rápido quanto veio. — Ryles?

— Sim. — eu chego para a beira do meu assento, ainda curiosa com o que
tem no papel.

— É hora de colocar os demônios para descansar. — diz ele, com os olhos


presos nos meus — E seguir em frente.

Eu me forço a olhar para longe de seus olhos e para baixo para o esboço
de linhas curvas, interligando. Eu sei que o símbolo é um nó celta e é
semelhante, mas diferente dos outros, mas eu não sei o que ele significa.
Eu olho para cima do papel, meus olhos suplicando a Colton uma
explicação. — Novos começos... — diz ele, seus olhos me dizendo que ele está
pronto. —... renascimento.

Eu puxo uma respiração, meus olhos ardendo de lágrimas, o significado


do símbolo é tão comovente que eu não consigo encontrar as palavras para falar,
então eu apenas aceno.

— Tudo bem, eu entendo que você está todo meloso e toda essa merda do
caralho, mas estou ansioso para lhe causar alguma dor, porra Wood, então traga
a sua bunda de volta. — diz ele, apertando os ombros de Colton para trás e
piscando para mim com um sorriso. — Porque você não vai ter a chance de
renascer, filho da puta, se você se sentar e olhar para ela, a menos que você
morra nesse meio tempo.

Eu rio, meu amor por este homem que acabei de conhecer já é profundo.
Colton está de acordo, mas não sem um retorno. — Cara, você está com inveja!

— Foda-se, sim, estou. Tenho certeza que ela poderia... — ele interrompe,
olhos correndo para mim e depois para baixo, onde ele está ocupado
organizando seus suprimentos. —... preparar uma tigela média de macarrão e
queijo. — ele gargalha novamente.

— Malditamente certo. — diz Colton, batendo-lhe nos ombros. —


Agradável e cremoso.

Eu engasgo com minha respiração ao mesmo tempo em que Sledge,


nossos rostos vermelhos de vergonha. Dou a Colton um olhar incrédulo e
balanço a cabeça quando vislumbro malícia em seus olhos. E ao vê-lo -
impertinente em pleno vigor - me faz sorrir ainda mais.

— Só por isso eu devia dar-lhe a porra de um amor-perfeito, em vez


disso... — ele balança a cabeça quando a agulha vibra a vida e Colton sacode ao
som. Sledge joga a cabeça para trás e ri um estrondo profundo. — Um amor-
perfeito idiota filho da puta! Opa, há um coração. Opa, há uma vagina. Opa, há
uma margarida! — Sledge brinca fingindo colocar a agulha no corpo de Colton.

Estou morrendo de tanto rir, desesperadamente precisando deste humor


após o peso de nossa noite.

— Oops, há uma bota na sua bunda, é mais parecido com isto. — Colton
começa a rir, mas para no minuto que Sledge angula a agulha perto de sua
lateral. Eu nunca vi ninguém fazer uma tatuagem antes e estou muito curiosa.
Eu levanto e ando até uma cadeira vazia ao lado de Colton para que eu possa
assistir.

Eu nem sequer olho no começo - não quando eu vejo o corpo de Colton


tenso e sua respiração assobiar quando a agulha o toca pela primeira vez.

— Deus, não muda nada. — diz Sledge, exasperação em sua voz. — Uma
vez mulherzinha, sempre mulherzinha. — o zumbido para e ele levanta a cabeça
para olhar para Colton. — Sério, cara? Se eu tenho que me preocupar com você
tremendo como uma porra de um chihuahua, então nós vamos ter alguns
problemas sérios de merda e não vou reivindicar este trabalho como meu.

Colton apenas levanta uma mão e lança a Sledge seu dedo médio antes de
passar rapidamente os olhos para mim e, em seguida, fechá-los quando a agulha
começa novamente. Desta vez, o zumbido permanece estável, e depois de Colton
relaxar um pouco, eu me movo para o outro lado de Sledge para testar se eu
posso lidar em observá-lo extrair sangue de Colton. E quando eu junto coragem
de finalmente olhar para baixo, eu estou confusa.

A agulha de Sledge está trabalhando sobre o símbolo de vingança. Ele


cortou linhas vermelhas escuras que me fazem estremecer com o pensamento de
que isso deve doer contra costelas de Colton. Eu olho para cima para encontrar
os olhos de Colton presos nos meus enquanto eu tento descobrir o que está
acontecendo.

— Sledge descobriu como sobrepor o novo símbolo por cima da vingança.

— A vingança se foi. — eu sussurro, e por algum motivo este conceito é


tão comovente para mim, que eu apenas fico lá parada, lábios entreabertos,
balançando a cabeça e os olhos assistindo Sledge reconfigurar um conceito que
só iria destruir Colton ainda mais e dar-lhe um cheio de esperança em seu lugar.

— É hora de colocar os demônios para descansar.

Eu engulo o nó na minha garganta ao ouvir as palavras de Colton e


estendo minha mão para segurar a sua, enquanto assistimos a lenta
transformação de uma de suas cicatrizes com tinta. Uma que é agora um
símbolo de esperança e cura.

Depois de algum tempo e muito mais provocações entre os dois -


juntamente comigo amando ainda mais Sledge - a tatuagem de Colton foi
transformada.

— Eu quero vê-la antes de enfaixá-la. — diz Colton enquanto Sledge


espalha vaselina. — Vá mimar seus bichanos e certifique-se que você não
esgueirou qualquer coração ou arco-íris em algum lugar uma vez que ficou
bloqueando minha visão, seu filho da puta. — Colton se levanta da cadeira e
percebo o tempo que leva para se firmar entre os efeitos depois de seu acidente é
muito menor agora. Ele se encaminha para o quarto dos fundos, onde está o
espelho.

E eu não sei o que é - talvez os acontecimentos da noite ou talvez a


esperança tecendo o seu caminho em nossas vidas - mas minha decisão foi
tomada antes de Colton sequer passar pela porta na parte de trás. Eu tenho que
agir agora antes que eu perca a coragem, antes de minha cabeça racional alcance
meu coração irracional.

Antes que eu amarele.

— Ei, Sledge. — eu digo enquanto me sento na cadeira que Colton


desocupou, puxando o elástico da minha calça de ginástica para baixo sobre o
meu osso do quadril e aponte lá. — Eu acho que é o momento perfeito para fazer
a minha primeira tatuagem. Eu quero a mesma coisa só que muito menor.

Ele olha para mim, os olhos dançando e assustado. — Querida, quando eu


disse, porra, eu não pensei que você iria oferecer, muito menos abaixar suas
calças para isso com Wood na porra do quarto de trás. — ele pisca para mim e
sorri antes de olhar nos meus olhos. — Você está tentando me matar?

Eu rio. — Ele vai entender. Eu acho que ele tem um fraquinho por você,
Sledge.

— É fraquinho em sua cabeça, mais parecido com isto. — ele lambe os


lábios e olha para o meu quadril antes de voltar para os meus olhos, a
preocupação e incerteza nos seus. — Você tem certeza? É meio permanente. —
ele questiona divertido levantando uma sobrancelha. Eu aceno com a cabeça
antes que eu perca a coragem de ir até o fim - para provar a Colton que eu quero
estar lá para ele a cada passo do caminho nesta jornada.

Sledge ri e esfrega as mãos. — Eu sempre gosto de ser o primeiro a tocar a


pele virgem. Faz a porra das minhas bolas apertar e merda... — ele sopra um
suspiro. — Que merda, me desculpe. Novamente. — ele balança a cabeça
enquanto começa a traçar a imagem no meu osso ilíaco, depois de olhar para
mim para ter certeza que é onde eu quero.
— Você tem certeza? — ele pergunta novamente e eu aceno porque eu
estou tão malditamente nervosa que eu mal posso forçar o nó na minha
garganta.

Eu não sou o tipo de garota de tatuagens, eu digo a mim mesma, então


por que estou fazendo isso? E então eu percebo que não sou o tipo de garota de
bad boy também. Olha como eu estava errada com esta suposição.

Eu sacudo quando a agulha vibra, minha respiração travando e meu


corpo vibrando com antecipação ansiosa. Eu mordo meu lábio inferior e fecho
minhas mãos em punho quando a primeira picada me bate. Puta merda! Dói
muito mais do que eu esperava. Não fraqueje, não fraqueje, eu repito mais e
mais na minha cabeça para tentar abafar a agulha que está picando meu quadril
como uma cadela. E o meu mantra não alivia a dor, então, eu fecho meus olhos e
exalo uma respiração, acenando para Sledge continuar porque eu estou bem,
quando ele para e olha para ver como eu estava.

Eu não o ouvi ou o vi, mas sei o momento que Colton reentra na sala,
porque eu posso senti-lo. Sua energia, a nossa conexão, sua atração sobre mim
me faz abrir meus olhos e bloquear nos seus instantaneamente.

O olhar em seu rosto é impagável - choque, orgulho, descrença - quando


ele chega mais perto para ver ao redor das mãos de Sledge. Eu sei quando ele vê,
porque eu o ouço inspirar um suspiro assustado antes de seus olhos cintilarem
nos meus.

— Novos começos. — é tudo que eu digo, enquanto eu assisto a emoção


dançando em suas faíscas de verde.

— Você sabe que é permanente, não é? — ele murmura, balançando a


cabeça para mim, ainda chocado com o que estou fazendo.
— Sim. — eu disse, estendendo a mão para entrelaçar meus dedos com os
dele. — Meio como nós somos.
Capítulo 37

E u não posso

deixar de rir e me sentir sentimental quando Colton termina explicando o


comentário de todo o alfabeto que ele tinha feito anteriormente. O som alegre
de Colton me deixa completa, faz com que eu me lembre dos dias sombrios no
hospital quando tudo que eu queria era ouvir aquele som novamente, e o pedido
está fora da minha boca antes que eu pense duas vezes. — Podemos tomar
sorvete no café da manhã?

A mão de Colton aquieta sobre minha coxa quando ele gagueja uma
risada. — O quê? — eu amo o olhar em seu rosto agora. Despreocupado,
descuidado e aliviado dos segredos que não estão mais entre nós.

Eu apenas sorrio para ele deitado de lado perto de mim, enquanto ajusto
o travesseiro atrás de mim e me deito, suspirando, seus olhos divertidos ainda
me encarando. A música tocando sobre nós enquanto dou de ombros para ele,
de repente me sentindo boba pelo meu comentário. É só que eu sinto que tudo
está vindo completar o círculo. Coisas que eu disse que queria fazer, que
precisava fazer, promessas que fiz quando ele estava naquela cama de hospital,
que eu preciso manter.

— Sim, sorvete no café da manhã. — eu digo a ele, fazendo uma careta


quando me movo e minha calcinha dá um puxão no curativo sobre minha nova
tatuagem - a tatuagem que minha mãe vai me matar quando descobrir. Mas o
súbito olhar assustado em seu rosto me puxa de meus pensamentos e me faz
inclinar para a frente para olhar para ele mais de perto, curiosa para saber o que
apenas o colocou lá. Ele olha para mim por um instante e depois de piscar os
olhos algumas vezes como se estivesse tentando descobrir alguma coisa, ele
apenas balança a cabeça e sorri para mim, derretendo meu coração e
confirmando que eu não tenho, absolutamente, nenhum arrependimento.

Sobre estar com ele ou a tatuagem, e eu apenas acabei de comprovar isso.

Pelos altos e baixos que o nosso relacionamento passou, suportou,


perseverou e saiu mais forte.

Nada disso, porque nos trouxe aqui, a este ponto - aqui e agora.

Curando juntos e amando um ao outro.

Dando os primeiros passos para o nosso futuro.

Ele inclina a cabeça sobre a mão, apoiado sobre o cotovelo e seus lábios
se curvando. — Bem, o que a mulher deseja, a mulher recebe.

— Eu gosto do som disso. — eu digo, balançando meus quadris. — Porque


eu tenho um monte de desejos, Sr. Donavan.

— Ah, é mesmo? E o que poderia ser? — ele levanta as sobrancelhas com


um sorriso lascivo puxando um canto de sua boca, enquanto se inclina para a
frente e pressiona um beijo suave na borda do meu curativo. Ele olha para mim,
luxúria e muito mais, dançando nas profundezas de seus olhos quando ele se
arrasta lentamente pelo meu corpo até que seus lábios estejam a centímetros
dos meus.
E, meu Deus, eu quero me inclinar e saborear aqueles lábios, sentir a
minha pele vibrando à vida por seu toque, mas opto por mais um pedido antes
de me perder nele, para ele. — Para o jantar, eu quero...

— Panquecas. — Colton termina minha frase. — Sorvete para o café da


manhã e panquecas para o jantar. Lembro-me de ouvir você dizer isso. — sua
voz está cheia de reverência admirada conforme meu coração decola com a
revelação de que ele me ouviu quando estava inconsciente no hospital. Eu o vejo
tentar processar tudo com um balanço suave de sua cabeça. — Você falou muito.
— ele murmura, se inclinando mais perto dos meus lábios, mas não tocando e eu
sei que ele está sorrindo porque posso ver várias linhas ao redor de seus olhos.

— Então nós temos o nosso cardápio planejado para amanh...

Colton se inclina para a frente e captura minha boca na dele em um beijo


suave. — É hora de parar de falar, Ryles. — diz ele enquanto se inclina para me
olhar nos olhos, humor e amor sem defesas, refletidos neles.

— Colton. — eu digo, arqueando as costas para tentar deslizar meus seios


contra seu peito nu, porque tudo em meu corpo, neste momento, está
desesperado por seu toque, seu gosto e a conexão entre nós. E quando ele ainda
permanece imóvel e não se mexe, eu alcanço e agarro a parte de trás de seu
pescoço, tentando puxá-lo para mim, mas ele não se move.

Ele só permanece imóvel, olhando para mim com tanta intensidade. E


pela primeira vez, eu entendo o que ele quis dizer quando me disse que eu era a
primeira a realmente vê-lo - a ver as profundezas de sua alma - porque neste
momento não há nada que eu possa esconder dele. Absolutamente nada. Nossa
conexão é tão forte e tão irrefutável.

Foi uma noite tão emocional, mais para ele do que para mim, mas meu
corpo está vibrando por um lançamento físico. Está vibrando com necessidade e
ele é tudo que quero.
— Rylee... — é esse apelo de uma palavra, do meu nome, em seus lábios
que me atinge toda vez.

— Não venha com Rylee para mim. — eu imploro, enquanto observo a


preocupação afiar o desejo de seus olhos. Eu movo minhas mãos para
emoldurar seu rosto e segurá-lo, assim ele não tem outra opção a não ser me
ouvir. — Eu estou bem, Colton.

— Eu tenho tanto medo de machucá-la... — sua voz desvanece e a


preocupação que o inunda, faz cada parte minha escorregar ainda mais sob a
sua gigantesca onda de amor.

— Não, baby, não. Você não vai me machucar. — eu me inclino para a


frente e deslizo meus lábios nos dele e então me afasto até que eu possa ver seus
olhos de novo. — Você não querer estar comigo, que me machuca. Me destrói.
Eu preciso de você, Colton, cada lado seu - físico e emocional. Depois desta
noite, depois de termos arrancado tudo o que tem nos mantido afastado, eu
preciso compartilhar isso com você. Conectar de todas as formas possíveis,
porque é a única maneira que posso realmente lhe mostrar o que sinto por você.
Mostrar o que você faz para mim.

Eu posso ouvir seu estremecimento ao exalar momentos antes do calor


atingir meus lábios. Sua mão flexiona em meu bíceps e depois suaviza, como se
ele quisesse e depois não quisesse ao mesmo tempo. Ele só olha para mim, a
indecisão escrita em seu rosto. E depois o músculo começa pulsar em seu
maxilar, sua última dica de resistência, porque o desejo nublando seus olhos me
diz que sua decisão já foi tomada.

Quando ele se inclina para me beijar, acho que nunca provei uma vitória
tão doce.

Seus lábios escovam suavemente contra os meus, uma vez, duas vezes, e
então sua língua mergulha entre meus lábios e dança contra a minha. Ele desliza
suas mãos nas minhas costas e me puxa contra ele enquanto nossas línguas
dançam um balé sedutor. Suas mãos deslizam sob a barra da minha camisa e,
em seguida, provocam minha pele nua enquanto ele a tira por minha cabeça.

Um suspiro escapa de meus lábios quando nos afastamos para a minha


camisa passar pelo meu rosto e, em seguida, nossos lábios encontram um ao
outro novamente. Eu libero meu aperto emaranhado na parte de trás de seu
cabelo e raspo minhas unhas para baixo nos músculos firmes de seus bíceps, seu
corpo responde, enrijecendo ao meu toque. O gemido gutural que ele emite do
fundo de sua garganta me excita, me seduz, me faz querer e precisar de mais.

O desejo se enrola e necessidade salta a cada segundo, minhas coxas


apertando juntas com a minha respiração mais rápida. — Colton. — eu
murmuro enquanto seus lábios viajam para baixo do meu queixo para o ponto
de prazer logo abaixo da minha orelha, que me faz arquear as costas e gemer em
voz alta com o contato, aquecendo minha pele disposta. Suas mãos deslizam
sobre minhas costelas e em meus seios, já pesados de desejo. Sensações
espiralam para dentro e, em seguida, através de cada parte minha.

— Porra, Ry, você testa o controle de um homem. Eu estive desejando o


sabor da sua doce boceta. Esse som que você faz quando enterro meu pau em
você. A sensação de você gozando ao meu redor.

Ele geme quando eu deslizo minhas mãos entre seus shorts e seguro sua
carne aquecida. E, tão incendiário como suas palavras são, tanto quanto elas
atiçam o fogo furioso já fora de controle, há uma ternura adicionada em seu
toque que é um contraste gritante a sua explicitação.

— Eu quero cada centímetro seu tremendo, tremendo pra caralho,


implorando para eu levá-la, Ry, porque foda-se, se eu não estarei fazendo o
mesmo. Eu quero ser o seu suspiro, seu gemido, seu grito de prazer e cada
maldito som no meio. — ele se inclina, mordisca meu lábio e eu posso senti-lo
tremer e sei que ele está tão afetado quanto eu.
— Eu quero sentir você. Suas unhas cavando em meus ombros. Suas
coxas tensas ao meu redor enquanto conduzo você para mais perto. — ele exala,
o domínio do seu tom cercado com uma necessidade crua que faz todo o meu
corpo vibrar com a necessidade. — Eu quero ver os dedos dos seus pés
enrolarem conforme empurram contra meu peito. Quero ver a sua boca se abrir
e seus olhos se fecharem quando isto se tornar muito - o prazer tão fodidamente
intenso - porque, baby, eu quero saber que faço você se sentir assim. Eu quero
saber que você se sente tão malditamente viva como você me faz.

E eu não aguento mais, suas palavras as preliminares mais sedutoras


para o meu corpo que já está desejando seu toque. Puxo-o para mim, hesitação
uma memória distante. Nossos corpos e corações batem juntos conforme nós
caímos de volta na cama debaixo de nós, enquanto mãos e bocas exploram,
provam e tentam.

Eu o forço em suas costas, marcando minhas unhas em seu peito, seus


músculos tencionando e garganta vibrando com um gemido de desespero.
Minha boca traça um rastro lânguido abaixo da linha do pescoço, sobre os
músculos esculpidos de seu abdômen comprimindo e flexionando com cada
lambida da minha língua ou raspar dos meus dedos. Eu beijo meu caminho até
um lado de seu V sexy como o inferno e, em seguida, passo para o outro lado,
com cuidado em sua caixa torácica recém-tatuada enquanto meus dedos
encontram e cercam sua ereção através de seu short.

Eu olho para cima e encontro seus olhos, nublados com desejo e pesados
com emoção enquanto puxo seu short para baixo. Eu beijo meu caminho até a
pequena linha de pelos e, em seguida, movo para baixo e provoco a cabeça de
seu pau com o calor úmido dos meus lábios. Seu pau pulsa contra meus lábios
quando ele chia: — Porra! — a forma que ele diz isso, me encoraja a levá-lo
ainda mais na minha boca e pressionar minha língua na parte inferior enquanto
eu deslizo para baixo e o levo mais profundo.
Suas mãos até então soltas na cama, se fecham com força em punhos e
seus quadris se contorcem quando eu o deslizo de volta até que apenas a sua
ponta está na minha boca. Eu rolo minha língua em torno dela, com especial
atenção aos nervos na parte de baixo, antes de deslizar para baixo até que ele
bate no fundo da minha garganta. Em um instante, suas mãos estão agarrando
meu cabelo quando o prazer o assalta. — Cristo. — ele sussurra entre respirações
instáveis enquanto eu continuo a trabalhar nele com a minha boca. — Bom pra
caralho.

As pontas dos dedos provocam sua pele sensível abaixo, acariciando e


pressionando, enquanto minhas bochechas se esvaziam com cada descida e
depois sugam de volta. Eu olho para ele e não consigo evitar o sorriso satisfeito
que tenta se formar, apesar de seu lugar na minha boca. A cabeça de Colton está
jogada para trás, os lábios apertados em prazer e os músculos estão tensos em
seu pescoço. A visão dele lentamente se desfazendo teria me deixado molhada e
querendo, se eu já não estivesse.

Eu envolvo minha mão em torno dele e o trabalho em movimentos


circulares, enquanto eu movo minha cabeça para cima e para baixo sobre o
restante dele. Ele geme, virando aço na minha boca e em um instante ele está
me arrastando a ele, meus mamilos doloridos no contato pele com pele.

Sua boca está na minha no instante que meus lábios estão ao seu alcance,
um confronto ganancioso de lábios, línguas e dentes, enquanto ele domina o
beijo, tomando o que quer mesmo que eu esteja lhe dando mais do que de bom
grado. Ele muda a nossa posição em um piscar de olhos, por isso estou deitada
de costas, em cima dos travesseiros apoiados atrás de mim. Ele desliza seus
olhos por todo o comprimento do meu torso, um sorriso travesso iluminando
seu rosto quando olha para minha calcinha e depois de volta para mim.

— Eu estou fora de forma. — diz ele balançando a cabeça e um flash de


sua covinha solitária. E então, apesar da necessidade carnal juntando por cada
um dos meus nervos, eu não consigo evitar a risada que cai dos meus lábios
quando o tecido da minha calcinha é rasgado ao meio. — Pronto. — diz ele,
abaixando a boca para meu abdômen e pressionando um beijo lá. — Muito
melhor.

E não é o beijo em si, mas a imprevisibilidade de seus lábios segurando,


ainda que momentaneamente, logo abaixo do meu umbigo, que torna o
momento mais sóbrio para mim. Mas, ao mesmo tempo, o torna muito mais
doce. Seus olhos estão fechados e os lábios estão pressionados sobre o ventre
que segurou seu filho e arrepios correm imediatamente em minha carne
antecipatória.

Depois de um momento, seus lábios fazem sua lenta tortura subindo até
minha caixa torácica para o meu seio. Eu posso sentir seu hálito quente, o
deslizar de sua língua, a sucção de sua boca enquanto ela se fecha sobre meu
mamilo e eu grito involuntariamente. As sensações que sua boca evoca, são
como relâmpagos para o meu sexo, minhas inibições chamuscadas e o corpo em
chamas.

— Colton. — eu ofego quando a dor em meu núcleo intensifica e unhas


marcam a pele em seus ombros, enquanto sua boca se deleita e insinuam as
coisas que virão. Quando meus mamilos estão duros e tão completamente
pontudos e estão no limite da dor, ele se move de volta para o meu corpo. Uma
de suas mãos segura a parte de trás do meu cabelo, mantendo meus cachos
reféns, enquanto a outra desliza para baixo do meu corpo e se esgueira entre as
minhas pernas.

Prendo a respiração nesse espaço de tempo entre sentir seus dedos


separarem minhas coxas e realmente me tocando. Com o ar roubado dos
pulmões e o corpo cheio de expectativa, Colton marca sua boca na minha em um
beijo abrasador de alma, que desafia a gravidade e apenas quando ele deixa
minha cabeça girando e o desejo espiralando fora de controle, seus dedos me
separam e reclamam sua reivindicação. Sua boca capta o gemido que ele
persuade de mim, conforme meus nervos são habilmente manipulados. Calor
inflama e um gemido arrebatador emana do fundo da minha garganta quando
sou inteiramente consumida e completamente desfeita por Colton.

Seus dedos revestidos em minha excitação deslizam para fora e sobem


para adicionar fricção em meu clitóris já latejante. — Ah! — eu não consigo
evitar o grito ilegível enquanto seus dedos me tocam, sensações oprimem e
emoções crescem. Seus dedos golpeiam e sua boca instiga a pele ao longo do
meu pescoço, enquanto meu corpo sobe a onda em um ritmo rápido. Meus
mamilos ficam duros e minhas coxas tencionam quando o desejo ricocheteia
através de mim e depois volta a me bater dez vezes mais forte.

E estou perdida. Caminhando dentro do esquecimento que está


assaltando todos os meus sentidos e sobrecarregando todos os pensamentos.
Minhas mãos agarram seus braços e meus quadris revertem quando meu corpo
detona em um milhão de fragmentos de prazer. A única coisa que eu ouço além
do meu pulso trovejando nos meus ouvidos é um gemido satisfeito caindo de
seus lábios.

Dentro de um segundo de montar a última onda do meu orgasmo, Colton


está se deslocando, empurrando minhas coxas com os joelhos enquanto ele
coloca a cabeça de seu pau contra a minha entrada ainda pulsando.

E então me bate - rompe através de meu estado nebuloso de desejo - e me


lança de volta para os meus sentidos. Eu empurro contra seu peito, balançando
a cabeça. — Colton... precisamos de um preservativo... — eu digo a ele, a
realidade me batendo mais forte do que os tremores do clímax ainda ressoando
por mim.

O corpo de Colton fica tenso e sua cabeça se levanta de onde ele está
assistindo a nossa conexão. Ele inclina a cabeça e fica olhando para mim, os
únicos sons no quarto é minha ainda estremecida respiração e a melodia suave
de Stolen nos alto-falantes. Mas a forma como ele olha para mim - como se eu
fosse sua próxima respiração - para quaisquer protestos a mais de meus lábios.
— Eu não quero usar um preservativo, Rylee. — suas palavras me
surpreendem, mas mais do que isso, é a maneira como ele as diz, resignando
descrença misturada com irritação.

Mas por quê?

Descrença porque arruinei o momento por pedir? Irritação porque ele


tem agora? — Vamos, Colton, não seja tão homem. Eu sei que não é a mesma
coisa, mas temos que ser inteligentes e...

A mudança repentina de Colton na cama, me puxando para cima dele


para que eu monte seu colo, me surpreende tanto que abandono o meu protesto.
Suas mãos encontram minha nuca, os polegares emoldurando as laterais do
meu rosto e seus olhos perfurando os meus com uma intensidade reverente que
eu nunca vi antes. — Não, Ry. Eu não quero usar um preservativo e não é pela
falta de sensação. Porra, baby, eu poderia ter uma estopa em volta do meu pau e
ainda sentiria você.

Quero rir enquanto minha mente tenta descobrir exatamente o que


Colton está me dizendo. — O que você - o que você está tentando dizer? — e
mesmo que ele não me respondeu ainda, meu coração acelera e meus dedos
começam a tremer.

Eu o assisto engolir, seu pomo de adão balançando e seus lábios se


transformam em um fantasma de um sorriso. Ele balança a cabeça um pouco
conforme aquele sorriso se aprofunda. — Eu não sei como explicar isso, Ry.
Aquela noite foi horrível. Foi algo que ficará para sempre gravado na minha
mente - você, eu... o bebê... — sua voz desvanece enquanto ele balança a cabeça
suavemente, olhando para baixo por um momento, porque eu sei que ele ainda
está tentando entrar em acordo com o fato de que nós perdemos um bebê
juntos. Ele exala uma respiração instável e quando olha para cima a honestidade
crua em seus olhos me faz segurar a minha. — Eu estava morrendo de medo. —
diz ele, se inclinando e deslizando o mais terno dos beijos contra meus lábios
antes de beijar meu nariz e, em seguida, se inclinando para trás. — Ainda me
assusta toda vez que eu penso sobre isso e o que poderia ter acontecido. Eu - eu
só não sei como explicar isso. — ele sopra um suspiro alto e eu posso ver a
necessidade em seu rosto para tentar capturar as palavras certas para expressar
o que sente.

— Leve seu tempo. — eu sussurro, sabendo que eu lhe daria todo o tempo
do mundo se ele pedisse.

Ele esfrega o polegar para trás e para a frente na minha bochecha, arrepio
dançando sobre a minha pele com a pungência do momento. — Uma parte de
mim... — sua voz quebra e eu posso ver o músculo em seu maxilar pulando
enquanto ele tenta controlar a emoção que vejo nadando em seus olhos. —...
uma parte de nós morreu naquele dia. Mas foi a parte minha que eu estive
segurando.

Quando ele se refere ao bebê como nosso, minha respiração trava no meu
peito e estendo minhas mãos para segurar seu bíceps.

— Eu estava sentado na sala de espera, Ry, com seu sangue, o sangue do


nosso bebê na minha pele e eu acho... acho que nunca me senti tão fodidamente
vivo. — aquele leve sorriso está de volta em sua magnífica boca, mas são seus
olhos que me cativam. Essas faíscas de verde que estão implorando, pedindo e
pesquisando para ter certeza que eu entendo as palavras - faladas e não faladas -
que ele está me dizendo agora.

Ele olha para as suas mãos por um instante, emoção piscando em seu
rosto enquanto ele se lembra de como se sentia antes de olhar de volta para
mim. — O sangue de um bebê que eu nunca vou conhecer, mas foi algo que
criamos juntos... — a desorientação em sua voz quebra em suas últimas
palavras, mas seus olhos permanecem fixos nos meus, se certificando de que eu
veja tudo nos seus - dor, descrença e perda.
— Todas as emoções... tudo o que estava acontecendo... tentando
processar tudo isso, me fez sentir como tomar um gole de água de uma porra de
mangueira de incêndio. — ele exala outra respiração, fechando os olhos
momentaneamente quando se torna sobrecarregado com a memória e a melhor
forma de explicar isso. — E eu ainda não sei se vou ser capaz de processar isso,
Ry. Mas a única coisa que eu sei... — diz ele, as pontas dos dedos apertando meu
rosto para reforçar a certeza de suas palavras. —... é que quando eu me sentei na
sala de espera e o médico me disse... sobre o bebê... sentimentos que eu nunca
pensei possível me preencheram. — diz ele com os olhos inabaláveis e a
completa reverência em sua voz, que faz meu coração crescer com esperança por
coisas que eu nunca pensei que poderia imaginar.

Seu polegar enxuga uma lágrima que escorre pelo meu rosto que eu nem
sabia que tinha derramado e ele continua. — E sentado ali, naquele maldito
quarto de hospital, esperando você acordar... percebi o que você significa para
mim, o que havíamos criado juntos - as melhores partes de nós juntos. E então
eu entendi. — diz ele com tanta ternura em seus olhos que quando abro a boca
para dizer alguma coisa não sai nada. Ele sorri suavemente para mim, correndo
a língua para molhar seu lábio inferior. — Eu percebi que o que ela fez para mim
não tem que acontecer de novo. Que eu posso dar a alguém a vida que nunca
tive, Rylee. A vida que você me mostrou é uma possibilidade.

Eu aprisiono os comentários que correm na minha cabeça conforme as


palavras de Colton quebram até a última forma de proteção que eu, alguma vez,
teci ao redor do meu coração. Meus dedos ficam tensos em seu bíceps e meu
queixo treme pelas emoções correndo por mim.

— Não, não chore, Ry. — ele murmura enquanto se inclina e beija os


rastros das lágrimas correndo pelo meu rosto. — Você já chorou bastante. Eu só
quero fazer você feliz, porque porra, baby, é você que é a diferença. É você que
me permitiu ver que o meu maior medo - o mais escuro maldito veneno - não
era realmente um medo, afinal de contas. Era uma desculpa para eu não me
abrir, dizendo que tudo o que eu podia fazer era trazer dor e passar meus
demônios adiante. Mas eu sei - eu sei - que eu nunca poderia machucar uma
criança - um bebê que é a minha própria carne e sangue. E eu, certo como a
porra, sei que você nunca poderia ferir uma só para me irritar.

Lágrimas surgem em seus olhos quando ele os abaixa por um momento e


balança a cabeça, a confissão e purificação de sua alma, finalmente cobrando
seu preço. Mas quando ele olha para mim, apesar das lágrimas nadando em
seus olhos eu vejo tanta clareza, tanta reverência, que minha respiração é
roubada. Meu coração que foi roubado há muito tempo é inegavelmente dele. —
É como sair da escuridão horrível que eu tive que viver toda a minha vida e
chegar a este incrível raio de luz.

Sua voz quebra e uma lágrima cai enquanto nos ficamos nesta cama
enorme, corpos nus, passados não mais escondidos, corações expostos e
completamente vulneráveis, e ainda assim, nunca me senti mais segura sobre
qualquer outra pessoa na minha vida.

Ele inclina minha cabeça para trás para que eu olhe para ele. — Então,
você está bem com isso?

Eu olho para ele não tendo certeza do que ele está pedindo, mas
esperando que minhas suposições sejam verdadeiras.
Capítulo 38

Colton

— D eus,

eu preciso saber, você está bem com isso, Ry? — eu procuro em seu rosto por
qualquer indício de que ela está comigo nessa, porque agora, a porra do meu
coração está martelando e meu peito está se contraindo a cada maldita
respiração.

Aqueles olhos violeta dela - os únicos que já foram capazes de ver dentro
da minha alma e ver tudo o que eu tinha escondido - piscam para conter as
lágrimas e tentar processar que, o que eu tenho dito a ela que eu nunca quis,
agora eu quero com ela.

Amanhãs.

Possibilidades.

Um maldito futuro.

A bandeira quadriculada filha da puta final.


E no fundo do meu coração, eu sei com certeza absoluta, que o que sinto
por esta mulher que caiu em minha maldita vida, me agarrou pelas bolas - e
aparentemente meu coração - e nunca largou. Eu não consigo resistir a um
breve gosto para acalmar a apreensão me percorrendo, para aliviar a agitação de
uma alma que eu sempre pensei que estava condenada ao inferno. Eu me
inclino e pressiono minha boca contra a dela, usando seus lábios macios como
uma garantia silenciosa que ela sequer sabe que está me dando.

Eu olho para as minhas mãos trêmulas em suas bochechas e sei que este
tremor não tem nada a ver com a porra do acidente e tudo a ver com a
cicatrização das feridas tão antigas e cicatrizes que nunca pensei que poderiam
ser consertadas. Eu levanto meus olhos para encontrar os dela novamente,
porque quando eu lhe disser, preciso que ela saiba que pode ter havido muitas
antes dela, mas ela é a única maldita que ouvirá alguma vez isto.

— Eu disse a você na Flórida que eu sempre usei a adrenalina - o borrão,


as mulheres - para preencher o vazio que sempre senti. E agora... — eu balanço
minha cabeça, não sei como vou fazer as palavras correndo em voltas ao redor
da porra da minha cabeça soarem coerentes. Eu respiro fundo, porque estas
palavras são as mais importantes que eu já falei. — Agora, Ry, nada disso
importa. Tudo que eu preciso é você. Só. Você. E os meninos. E seja o que for
que nós criarmos juntos.

Calafrios dançam na minha pele e estou tão sobrecarregado com tudo - o


momento, o sentimento, a porra da vulnerabilidade - que eu tenho que forçar a
engolir em seco conforme fecho meus olhos momentaneamente. E quando eu os
abro, a compaixão e o amor nos seus - e a simples noção de que eu vejo o amor
dela, o aceito - faz com que meu pulso acelere pela euforia que isto traz e isto
quebra a barreira final do meu passado.

— Eu te amo, Rylee. — eu sussurro as palavras. O peso em minhas


fraturas torácicas estilhaça em um milhão de malditos pedaços libertando
minha alma como um 747 levantando voo.
Capítulo 39

E le me

ama.

Os pensamentos correm por minha mente, mais e mais enquanto a


adrenalina aumenta em mim.

Ele acabou de dizer que me ama.

As palavras me escapam quando uma onda de amor e orgulho por este


homem me engole, me envolve em seu casulo de possibilidades e aquieta
qualquer dúvida restante que eu poderia ter tido. — Colton... — estou tão
dominada pela emoção que não consigo nem encontrar as palavras para dizer a
ele o que eu esperei tanto tempo para dizer.

— Shhh. — ele diz, trazendo um dedo aos meus lábios enquanto um


sorriso tímido se forma no seu. — Deixe-me terminar. Eu te amo, Rylee. — sua
voz é mais firme agora na sua declaração, conforme ele encontra o equilíbrio
neste mundo recém-descoberto. Seu sorriso se alarga e assim faz o meu com seu
dedo ainda pressionado contra meus lábios. — Eu acho que eu sempre te amei...
desde aquela primeira maldita noite. Você foi aquele ponto brilhante - aquela
maldita faísca - da qual não pude esconder, mesmo quando a escuridão me
reivindicou. Meu Deus, baby, nós passamos por tanta coisa, que eu... — sua voz
se desvanece quando a umidade em seus olhos transborda, uma única lágrima
desliza por seu rosto.

Eu deixo escapar o soluço que eu estava segurando, porque é impossível


mantê-lo. Eu o alcanço e seguro seu rosto, sua barba por fazer grossa e
reconfortante sob minhas palmas e pressiono meus lábios nos dele, enquanto
seus braços me envolvem e me puxam apertado contra seu corpo. Eu apoio a
minha testa contra a dele e meus dedos enrolam em seu cabelo para que eu
possa puxar sua cabeça para trás e ver seus olhos. — Eu te amo, Colton. Eu quis
dizer essas palavras para você novamente por tanto tempo. — eu rio, incapaz de
conter a felicidade borbulhando dentro de mim. — Eu te amo, você é corajoso,
incrível, complicado, teimoso, um homem lindo que não consigo nunca ter o
suficiente...

Seus lábios capturam os meus, nossas bocas se juntam em um beijo cheio


de tanta emoção que eu não consigo conter as minhas lágrimas que caem ou os
murmúrios das palavras repetidas, que eu tive que reter por tanto tempo,
finalmente sendo postas em liberdade.

Os calos em seus dedos arranham minhas costas enquanto ele me


pressiona contra ele, sua pele firme contra a suavidade dos meus seios,
reacendendo as labaredas de desejo profundo em meu ventre. Línguas
mergulham, suspiros são expelidos, a necessidade se intensifica à medida que
deslizamos em um lento, mas totalmente formigante, beijo entorpecente. Cada
nervo do meu corpo anseia por seus dedos para arranhar e reclamar sua
reivindicação em qualquer lugar e em todos os lugares.

Eu esfrego meu ápice dolorido sobre a ponta de sua ereção ao mesmo


tempo em que sua língua me deixa fraca e indefesa, deixando a sua marca
indelével em mim somente com seu beijo. Meus dedos investem distraidamente
sobre os músculos firmes de seus ombros, antes de enfiá-los em seu cabelo,
segurando sua cabeça prisioneira como ele já fez com cada pedaço meu.
Ele recua, quebrando nosso beijo e eu choramingo em protesto, sentindo
como se eu nunca fosse saciar totalmente o meu desejo por ele. Eu absorvo seu
cabelo despenteado e olhos brilhantes, antes de ser atraída por seus lábios se
curvando em um sorriso que tira completamente o equilíbrio do meu mundo.
Seus dedos traçam linhas suaves na minha coluna, enquanto eu tento avaliar o
que seus olhos estão me dizendo.

— Deixe-me fazer amor com você, Ry. — ele diz, a rouquidão de sua voz
cheia de carinho.

Quantas vezes mais ele vai me deixar sem fôlego essa noite? Quantas
vezes mais ele vai me dar os pedaços quebrados dele para que eu possa segurar e
curá-lo para deixá-lo inteiro novamente?

Fico olhando para ele, meus lábios formando um sorriso enquanto eu


digo: — Eu sempre fiz. — balanço a minha cabeça quando a emoção tinge
minhas bochechas. É bobagem, na verdade, ficar constrangida com a minha
confissão quando tudo entre nós foi compartilhado, mas eu amo a faísca em
seus olhos e seus lábios se separam, quando as minhas palavras o atingem. Eu
corro uma mão para cima de seu braço e a coloco sobre seu coração. — Eu
sempre fiz amor com você, você simplesmente nunca soube.

Ele solta uma gargalhada, aquele sorriso aprofundando enquanto ele nos
deita sobre os travesseiros atrás de mim. Seu rosto está a centímetros do meu,
seu corpo apoiado em seus cotovelos e joelhos entre as minhas coxas.

— Bem, dessa vez, nós dois vamos saber. — ele fala, inalando uma
respiração instável enquanto sua ereção pressiona a minha abertura.

Eu fecho meus olhos quando meu corpo treme sob o seu, precisando e
querendo o bombardeio da sensação que me consome e sei que está vindo. —
Olhe para mim, Ry. — meus olhos se abrem e olho para cima para me perder na
beleza de seu rosto. — Eu quero ver você enquanto a levo. Eu quero ver você
enquanto você me deixa te amar. — ele inclina a cabeça para baixo e provoca
meus lábios com o sussurro de um beijo antes de encontrar meus olhos
novamente. — Eu te amo.

No momento em que ele diz as três palavras ele empurra dentro de mim e
eu juro que faíscas acendem com a nossa união, porque dessa vez é mais do que
apenas a conexão física. É a união de nossos corações, almas e tudo mais. Eu
vejo seus olhos nublarem com o desejo e escurecerem com a emoção quando ele
se estabelece totalmente dentro de mim.

— Jesus! — ele geme quando começa a se mover, passando sobre cada


nervo interior possível. Meu corpo reage instintivamente, quadris se elevam e
costas arqueiam para que eu possa tirar cada grama de prazer deste homem
incrível.

Eu me sinto bombardeada pela sensação. Sua pele deslizando sobre a


minha. A luxúria desimpedida e o amor sem restrições em seus olhos. O suave
gemido de prazer que vem da sua garganta. A onda de calor me envolvendo
enquanto ele gira seus quadris antes de lentamente puxar para trás, só para
começar tudo de novo.

Meu corpo vibra com a sexualidade elevada - uma colisão de tudo com o
momento mais perfeito que eu não poderia escapar mesmo se quisesse.

Pressão aumenta e prazer me impulsiona para um nível vertiginoso,


enquanto Colton encontra uma cadência lenta, mas constante que lhe permite
tirar e arrastar sobre todos os nervos. Seus olhos ainda estão fixos nos meus,
mas eu posso ver o prazer começar a margear a necessidade de me ver, quando
seus olhos se fecham momentaneamente, seu maxilar cerrado em concentração,
as pálpebras pesadas e narinas dilatadas.

— Colton... — eu lamento enquanto a desejável devastação começa a


crescer em mim, meus músculos tensos em preparação para o ataque de
sensações simplesmente ao alcance. Com a chamada de seu nome, ele se
desloca, arrastando suas mãos por toda a extensão do meu corpo e se ajoelha.
Suas mãos escovam por cima do meu sexo, polegar esfregando o meu clitóris me
fazendo levantar os quadris pedindo mais.

As linhas de concentração em seu rosto aliviam enquanto seus lábios se


curvam em um sorriso lascivo. — Você quer mais disso?

Tudo que posso fazer é acenar com a cabeça, minhas palavras se


perderam com o ataque furioso de sensações. Seus dedos, cuidadosos na minha
recém-descoberta tatuagem, pegam a carne das laterais dos meus quadris, me
segurando firmemente enquanto seu sorriso ainda toca em seu rosto, mas seus
quadris continuam seu impulso dolorosamente requintado e em seguida se
retirando. Não há nada que eu possa fazer, exceto me concentrar, tentar gerir o
ataque de tudo o que consome meus sentidos, enquanto ele segura meu olhar,
me levando mais e mais alto. Minhas coxas ficam tensas e minha cabeça cai para
trás quando a força do meu clímax iminente aumenta.

E depois nada.

Colton para todo o movimento roubando meu orgasmo com a sua súbita
falta de movimento. Levanto minha cabeça para olhar para ele, frustrada, para
encontrar seus olhos verdes dançando com alegria e cheios de controle.

Ele se inclina para a frente, seu comprimento aquecido se lançando a


profundidades inimagináveis dentro de mim, me arrancando um gemido
insuprível, que eu nem sequer tentei evitar. Suas mãos empurram a parte
posterior das minhas coxas para frente a enquanto seu rosto enche toda a minha
linha de visão. Eu posso sentir o calor de sua respiração ofegante no meu rosto e
ver seus músculos se contraindo, enquanto ele controla a sua necessidade de
bater em mim com total abandono e nos conduzir ao limite rápido e duro, do
jeito que eu sei que ele gosta.
— Porra, baby, você me faz sentir no paraíso. — ele diz, se inclina para a
frente e desliza sua boca na minha. Ele me surpreende quando empurra a língua
entre os meus lábios e domina o beijo da mesma forma que domina meu
coração. Eu posso sentir seu controle se esvaindo, posso sentir cada centímetro
doce dele se expandir dentro de mim, posso saborear o desejo aumentando,
necessidade desbancando toda razão.

Sua boca me marca e reivindica, enquanto seu corpo começa lentamente


a se mover novamente - tomando, provocando, empurrando o meu a aceitar seu
desafio. Fogo líquido chameja à vida novamente, lava derretida queimando e
reabastecendo o inferno que ele apenas me forçou a abandonar. Eu engulo seu
gemido enquanto ele balança mais profundo em mim, fagulhas de prazer
pulsando, inflamando minhas terminações nervosas.

Ele mordisca meu lábio inferior e rompe o beijo enquanto começa a pegar
ritmo, se lançando a mim com um desespero apaixonado enquanto ele deixa
cair sua testa no meu ombro. Meu corpo começa a tremer com a intensa atração
no meu núcleo, enquanto ele continua seu ritmo punitivo. O quarto está cheio
com os meus gemidos suaves, seus grunhidos inarticulados e o som de pele
contra pele conforme ele me leva mais e mais ao limite.

Seus dentes raspando ao longo da minha clavícula é a minha perdição.


Prazer sem sentido me agarra, meu corpo aperta ao seu redor e cai livre no
esquecimento arrebatador enquanto me entrego a ele.

Eu esqueço tudo - ele me fez esquecer de tudo - exceto de seu cheiro, seus
sons, seu gosto, seu toque. Meu corpo se choca contra a onda de sensações, seu
nome em meus lábios, nossos corpos unidos como um.

— Tão malditamente quente ver você gozar, se desfazer. — ele sussurra


enquanto arranha sua barba curta contra o meu pescoço, seu corpo acalmando e
depois entrando e saindo de mim muito lentamente para tirar os últimos
resquícios do meu orgasmo, ainda disparando através de mim. Eu pulso e
aperto seu pau, minhas unhas marcando seus ombros enquanto eu seguro firme
com cada onda de prazer.

— Porra, Ry, isso é bom pra caralho! — ele geme e seus quadris começam
a empurrar, meu próprio orgasmo começando a ordenhar o dele. E dentro de
um momento Colton, de novo ajoelhado, as mãos empurrando minhas coxas e
seus quadris estão batendo em mim enquanto persegue o seu próprio clímax.

— Vamos lá, baby. — eu ofego enquanto tento lhe encontrar, impulso por
impulso, entregando-me completamente às suas necessidades.

Seu gemido gutural enche o quarto quando ele atinge seu clímax, o seu
corpo tremula e enrijece enquanto ele monta seu próprio orgasmo. Depois de
um momento, ele nos rola, nossos quadris permanecem conectados do jeito
mais primitivo, assim, estou deitada sobre ele, meu rosto em seu peito, onde eu
posso ouvir os batimentos cardíacos trovejando.

E nós ficamos assim por um momento, dedos desenhando linhas


preguiçosas um no outro, recuperando o fôlego e acalmando nossos corações. O
silêncio ao nosso redor é tão confortável sem os demônios assombrando nas
sombras. Sim, ele sempre terá uma parte nele assombrada e danificada, mas
pela primeira vez na história ele tem alguém com quem pode compartilhar.
Alguém para ajudar a aliviar a carga, para ajudar a curar.

Eu suspiro com o pensamento e estou completamente satisfeita quando


ele pressiona um beijo no topo da minha cabeça. — Eu te amo. — eu sussurro as
palavras, ainda sobrecarregada com tudo o que aconteceu essa noite. Seus dedos
continuam vagando sem rumo sobre a minha coluna. Eu fecho os olhos e
desfruto da sensação de nossos corpos pressionados um contra o outro e a
simplicidade de seu toque. E então meu TOC39 me ataca e começo a traçar

39
Transtorno obsessivo compulsivo.
mentalmente o que seus dedos estão escrevendo, eu levanto minha cabeça
apoiando meu queixo em minhas mãos cobrindo seu peito.

— O quê? — ele pergunta inocentemente, apesar do sorriso curvando no


canto de sua boca e dos olhos refletindo a malícia que passei a amar e esperar
dele. Quando tudo que eu faço é levantar as sobrancelhas, eu sinto o estrondo de
sua risada em seu peito e no meu.

— O alfabeto, Ace? — eu levanto uma sobrancelha e tento esconder o meu


sorriso, mas é inútil.

— É. Eu estou vendo o alfabeto com uma nova luz esses dias. — diz ele,
abandonando o rasto das letras e arrastando o dedo para a parte de cima da
minha bunda.

Meu riso é ultrapassado por um suspiro quando sua mão espalma minha
bunda. Eu posso sentir aquela dor que ele sempre tem em fogo baixo, começar a
ferver outra vez. Ele começa a endurecer dentro de mim novamente e a umidade
começa a aumentar, enquanto o desejo é agravado pela conexão completa de
nossos corpos.

— E qual seria sua letra favorita?

Ele emite uma risada encorpada, seu corpo tremendo, reverberando por
todo o caminho até seu pau, agora alerta e totalmente enterrado dentro de mim.
— Oh, baby, eu sou do tipo parcial ao seu V. Esse é o único lugar que eu quero
B40.

Eu não posso nem rir de sua linha brega porque ele escolhe este
momento para empurrar seus quadris para cima, meu corpo se movendo com
ele, sua pele esfregando meus mamilos e persuadindo um gemido de prazer da

40
Faz referência ao verbo to be - estar
minha garganta. Meus olhos se fecham e o corpo amolece enquanto seus
movimentos arrancam respostas elevadas de sua carne já inchada.

— Meu Deus! — eu suspiro no momento em que ele me arranca do meu


estado orgástico pós-catatônico e me arrasta sob seu feitiço mais uma vez.
Capítulo 40

Colton

O sol é

apenas tão bom quanto a cerveja gelada deslizando pela minha garganta e a
visão da Rylee se curvando à minha frente. Porra é o meu único pensamento
enquanto me ajusto e penso em coisas que eu não deveria estar pensando com
os meninos aqui.

Será que isso vai acabar? Querê-la perto? Querer vê-la dormir e acordar
ao lado dela? Minha necessidade de estar enterrado nela? Faz apenas três
malditas horas desde que deixamos minha cama e foda-se tudo, eu adoraria
arrastá-la lá para cima agora e tê-la novamente.

— Para baixo garoto!

E lá está a voz que me fará ficar mole.

— O que se passa, Becks.

— Aparentemente você, se não parar de olhar para ela como se quisesse


dobrá-la sobre a espreguiçadeira e fodê-la até o esquecimento. — ele diz,
tomando um longo gole de cerveja.
Bem, é sempre um pensamento.

Eu gemo. — Obrigado pelo recurso visual, cara, porque isso realmente


não está ajudando agora. — eu respondo, rolando os olhos e balançando a
cabeça, antes de olhar em volta para me certificar de que os meninos estão longe
o suficiente para que não possam nos ouvir falando sobre como eu quero
corromper sua guardiã sexy como o inferno. E meu Deus, ela é um sonho
molhado ambulante. Eu me mexo em cadeira novamente quando a vejo se
agachar e ajustar a parte superior de seu traje, antes de espalhar protetor solar
por todo o Zander.

Eu balanço minha cabeça pensando sobre a preocupação dela em


escolher que maiô usar com os meninos aqui para uma festa na piscina. Mesmo
com o vermelho, que ela considerou matronal, cada curva do caralho dela está
em evidência, como um maldito roteiro me tentando para levá-la para um test
drive.

Curvas perigosas adiante? Fodidamente maravilhoso. Pode. Vir. Eu sou


um homem que vive para o perigo. A emoção que eu recebo dele. E foda-se se eu
não estou ansioso pelas chaves, agora.

Fale sobre acelerado e ansioso.

— Por esse olhar sentimental idiota em seu rosto, eu concluo que as


coisas estão indo bem? — Becks pergunta quando se senta ao meu lado e rompe
meus pensamentos sujos.

— Isso mesmo. — eu tiro a tampa de uma garrafa com o abridor e tomo


um gole.

— Por favor, não me diga que você vai ficar todo domesticado e toda essa
merda para cima de mim agora.
— Domesticado? Porra nenhuma. — eu rio. — Embora a mulher seja
quente pra caralho em seus saltos empurrando o carrinho de supermercado na
minha frente. — eu posso visualizá-la agora, e caramba, se o pensamento não
está me fazendo doer para levá-la.

— Você - Colton Donavan - pisou em um supermercado? — ele esbraveja.

— Sim. — eu levanto as sobrancelhas e sorrio com o olhar chocado em seu


rosto.

— E não foi só para comprar preservativos?

Eu não consigo evitar agora. Eu amo foder com ele. É tão malditamente
fácil. — Não, não é mais um requisito quando você possui um cartão de
passageiro frequente para o clube nu em pelo.

— Jesus Cristo, cara, você está tentando me engasgar com a cerveja? —


ele limpa cerveja que cuspiu no seu queixo.

— Eu tenho outra coisa que pode te engasgar. — murmuro quando meus


olhos são atraídos de volta para Rylee, se curvando, meu semi constante
querendo voar equipe completa. Eu estou tão focado nela e meus pensamentos
sujos impressionantes, do que posso fazer com ela depois, que eu não ouço o
que Becks diz. — Hein? — eu pergunto.

— Cara, você é um filho da puta pau mandando, não é?

Eu olho para ele pronto para defender a porra da minha masculinidade


quando eu percebo que é exatamente onde eu quero estar, seguro nas malditas
mãos de Rylee - mistura perfeita de doce e pimenta. Então eu rio e apenas
balanço a cabeça, trago a cerveja aos meus lábios e dou de ombros. — Enquanto
for sua boceta dando chicotadas, eu estou no maldito jogo durante todo o dia.
Becks engasga novamente, mas desta vez com o riso, dou um tapinha nas
costas dele e Ry olha para nós para ter certeza que ele está bem. — Meu Deus!
Essa deve ser a melhor filha da puta de boceta vodu de todas, para domar
Colton Fuckin’ Donavan.

— Domar? Nunca. — eu rio e balanço a cabeça, me inclinando para trás


na cadeira e olho para ele. — Mas algum idiota - é... amigo - me fez perceber o
quanto eu gosto da porra do alfabeto.

— Esse amigo merece uma porrada de cerveja como forma de


agradecimento. — ele encolhe os ombros. — Isso, ou um poderoso e belo pedaço
de bunda em troca.

Eu bufo uma risada, grato por seu sarcasmo para evitar falar de
sentimentos profundos e toda essa merda que eu realmente não fico à vontade
para discutir. Eu estou começando a me acostumar a dizer esse tipo de merda
para Ry, tenho certeza como o inferno que não vou começar com essas coisas
melosas com Becks.

— Ela tem uma amiga quente. — eu digo elevando a minha sobrancelha e


ganho um bufo de volta quando repito o que disse na noite em que o convenci a
convidar Ry a ir para Las Vegas com a gente.

— Ela certamente tem. — ele murmura, mas antes que eu possa


responder, Aiden dá um pulo na piscina e o respingo nos atinge em cheio.
Começamos a rir, comentário esquecido, óculos de sol agora salpicados com
água.

— Ei. — ele diz e eu volto a olhar para ele. — Eu tenho que te dar uma
merda, porque é assim que fazemos... mas estou muito feliz por você, Wood.
Agora, não estrague tudo.
Eu sorrio para ele. Filho da puta. — Obrigado pelo voto de confiança,
cara.

— A qualquer hora, cara. A qualquer hora. — nós ficamos em silêncio por


um momento, observando os meninos em torno de nós agindo como deveriam
ser, crianças. — Então, você está pronto?

A voz de Becks me tira dos meus pensamentos e volto para o que eu


realmente deveria estar focado: a corrida na próxima semana. Primeira vez no
carro desde o acidente. Pedal no chão e a próxima curva à esquerda. E foda-se,
se apenas o pensamento não faz a minha de pressão arterial disparar.

Mas eu tenho isso.

— Foda-se, eu nasci pronto. — digo, tocando o gargalo da minha garrafa


de cerveja na dele. — A bandeira quadriculada é minha desde a largada.

— Porra, é isso aí. — ele diz, enquanto olha para o telefone, que recebeu
uma mensagem e meus olhos voltam para Rylee e pensamentos de um
determinado par de calcinhas quadriculadas que eu nunca consegui reivindicar.
Tenho certeza como a porra que preciso corrigir isso.

Eu balanço minha cabeça enquanto afundo de volta em minha cadeira e


observo os meninos saltando na piscina e fazerem briga de galo um com o outro.
Sento e espero por ele, mas não acontece. A porra da pontada de ciúme que eu
costumava sentir quando via os meninos agindo conforme a sua idade, como
nunca fui capaz. Porque mesmo depois de ter sido adotado, o medo ainda estava
lá, ainda cru como o inferno.

Rylee me chama a atenção através do deck e aqueles malditos lábios


sexys como pecado, se abrem largamente. Fode-me correndo. Minhas bolas
apertam e o peito contrai com a noção de que eu coloquei aquele sorriso em seus
lábios. A mulher é a porra da minha kryptonita.
Quem mais eu permitiria que convidasse sete meninos à minha casa para
uma festa na piscina para comemorar a chegada do verão? Que outra mulher eu
poderia compartilhar todos os meus demônios e em vez de correr como uma
maldita alma penada, ela me olharia nos olhos e diria que eu sou corajoso?
Quem mais poderia marcar sua pele para me provar que ela está nisso a longo
prazo?

Bandeiras quadriculadas filhas da puta, alfabetos e lençóis. Quando


diabos tudo isso ficou bem para mim?

Eu balanço minha cabeça, fingindo que não quero isso, mas foda-se eu
não consigo afastar o olhar dela por um maldito segundo, antes que meus olhos
a encontrem novamente.

Eu levanto a cerveja nova que Becks me deu e começo a tomar um gole no


momento em que o olho e ele balança a cabeça rindo de mim. — O quê?

— Você está assim, porra, indo se casar com ela.

É a minha vez de engasgar com a cerveja. Eu dobro em um ataque de


tosse e Becks me bate um pouco forte demais nas costas. — Ele está bem! — eu o
ouço dizer, enquanto tento controlar a asfixia misturada com riso queimando
seu caminho até minha garganta. — Ele está bem. — diz ele de novo e eu posso
ouvir a diversão em sua voz.

— Foda-se, Becks! — eu finalmente consigo falar. — Não vai acontecer!


Sem anéis, sem correntes. — eu digo nosso velho lema com uma risada. E então
procuro por Ry. Ela está no outro lado do pátio, sentada na beira da piscina,
Coca Diet na mão e está de árbitra do jogo de Marco Polo41 dos meninos. Ricky

41
Jogo onde uma pessoa é escolhida para ser “Marco”. Fecha os olhos e fica em uma das
extremidades da piscina, conta até 10 e grita: “Marco” e todos os outros na piscina gritam
“Polo”. Aquele que grita “Marco” tem que tentar pegar uma das pessoas que grita “Polo”. Quando ele
pega alguém, essa pessoa passa a ser Marco e assim por diante.
foi pego como um peixe fora d'água e Rylee joga a cabeça para trás numa
gargalhada com algo que Scooter disse para ele.

E há algo sobre ela agora - cabelo realçado pelo sol, o som despreocupado
do seu riso, e obviamente, o amor por todos ao seu redor. Algo sobre ela estar
com os meninos, tornando a vida normal para eles em um lugar que nunca foi
realmente um lar até agora - até ela - me bate mais forte do que aquele maldito
novato do Jameson fez na Flórida. Me faz pensar sobre o para sempre e toda
essa merda que há seis meses jamais teria passado pela minha cabeça.

Tinha que ser Becks entrando na minha cabeça. Fodendo tudo. O


bastardo precisa parar de falar sobre uma merda que não vai acontecer.

Nunca.

Então, por que diabos eu estou querendo saber como Ry pareceria


vestida de branco? Por que eu estou querendo saber como Rylee Donavan soa
em voz alta?

Nunca. Eu tento sacudir os pensamentos da minha cabeça, mas eles


persistem, assustando a merda fora de mim.

— Não vai acontecer. — eu rio, não tendo certeza se estou repetindo as


palavras para convencer Becks ou a mim mesmo. Eu olho procurando por Ry
por um segundo. Fale sobre começar a caçada, quando eu ainda nem encontrei
as balas para carregar a arma ainda. Maldito Beckett. — Domesticado é uma
coisa, filho da puta. Bolas e acorrentado? — eu assobio. — Isso é todo outro jogo
que eu não tenho interesse em jogar. — eu balanço minha cabeça novamente e
aquele sorriso de merda aparece em seu rosto quando me levanto da cadeira. —
Nunca.

— Veremos. — ele diz com aquele sorriso que eu quero tirar do seu rosto.
— Cara, você sente isso? — eu pergunto, levantando os braços e meu
rosto para o sol antes de olhar de volta para ele.

— Hein?

— Isso se chama calor, Daniels. O inferno não pode congelar se ainda


estiver quente aqui fora. — eu atiro por cima do ombro antes de andar até a
borda da piscina. Conversa acabada. Não há mais discussão sobre casamento e
essas merdas.

Ele está tentando me dar um ataque cardíaco?

Porra.

— Bola de canhão! — eu grito antes de saltar, na esperança de criar mais


turbulência na porra da piscina, do que Becks está tentando criar na minha
cabeça.
Capítulo 41

D éjà vu me

atinge como um trem desgovernado quando eu passo pelo carro, antes de


Colton. O calor úmido de Fort Worth me atinge de imediato, mas o suor
escorrendo em uma linha nas minhas costas não tem nada a ver com o clima e
tudo a ver com a ansiedade correndo por todos os nervos.

Por Colton.

E pelo carro, na direção do qual estamos caminhando.

Sei que ele está nervoso, posso sentir isso no aperto de seus dedos
entrelaçados aos meus, mas a sua aparência externa reflete nada mais que um
homem se preparando para fazer o seu trabalho. As pessoas ao nosso redor
tagarelam incessantemente, mas Colton, Becks e eu andamos para a parte
interna como uma unidade, completamente focados.

Tento afastar as lembranças bombardeando minha mente, para parecer


calma, embora cada fibra do meu ser esteja vibrando com apreensão absoluta.

— Você está bem? — sua rouquidão me inunda, a preocupação nela puxa


a minha culpa, uma vez que deveria ser eu a tranquilizá-lo.
Eu não posso mentir para ele. Ele vai saber se eu estiver e isso só vai fazer
com que ele se preocupe mais. A última coisa que eu quero é que ele esteja
pensando em mim. Eu o quero focado e confiante quando afivelar dentro do
carro e levar a bandeira verde todo o caminho até a quadriculada.

— Eu estou chegando lá. — eu respiro e aperto sua mão quando chegamos


ao pit e a massa de fotógrafos está à espera para gravar a primeira corrida de
Colton após o acidente. Os cliques dos disparadores e gritos de perguntas
abafam a resposta que ele me dá. E enquanto fico mais tensa, Colton parece
relaxar um pouco, confortável nesse ambiente como se fosse sua segunda pele.

E eu percebo que, apesar de tudo isso ser desconfortável e estranho para


mim, isso é parte do borrão que Colton acostumava residir permanentemente.
Rodeado pelos gritos e os flashes de luz, ele está cem por cento de volta em seu
elemento. O caos absoluto é o que lhe permite esquecer a preocupação que eu
sei que assola os seus pensamentos e por isso estou muito grata.

Eu passo para o lado e o vejo responder a perguntas com um flash de seu


sorriso irresistível, que me desarma toda vez. E por mais que eu veja o bad boy
arrogante, brilhando com cada resposta, também vejo um homem em
reverência absoluta pelo esporte que ele ama e o papel que ele desempenha nele.
Um homem recuperando pedaços de confiança que ele deixou na pista em St.
Petersburg a cada resposta.

Por mais que eu esteja temendo o apelo familiar de ‘cavalheiros liguem


seus motores’, uma parte no fundo, dentro de mim, cede em alívio por ele estar
de volta. Meu imprudente, impertinente e rebelde acabou de encontrar o
equilíbrio e está de volta ao seu lugar.
O silêncio aterrissa ao nosso redor - o barulho constante desaparecendo
em um zumbido branco, enquanto os minutos passam, nos levando cada vez
mais perto do início da corrida. Eu posso sentir a inquietação de Colton
subindo, posso vê-la em seu movimento constante e gostaria de poder amenizá-
la de alguma forma, de alguma maneira, mas temo que ele sinta meu medo e só
piore a situação.

Eu o vejo jogar a embalagem vazia de Snickers no lixo ao lado dele


enquanto passa pela programação do pit stop com Becks e alguns dos outros
membros da equipe, seu rosto intenso, mas sua linguagem corporal fluída. Eu o
vejo se afastar e olhar para o seu carro, sua cabeça inclinando para o lado
enquanto olha para ele por um segundo - uma conversa silenciosa entre homem
e máquina. Caminha até ela lentamente; a equipe, ainda fazendo ajustes de
última hora, dá um passo para trás. Ele estende a mão e a desliza do nariz do
carro ao cockpit do piloto, quase uma espécie de carícia. Então ele bate os nós
dos dedos na lateral, suas habituais quatro vezes. Por último, ele mantém a mão
ali, descansando contra o metal por um segundo antes de balançar a cabeça.

E mesmo com o caos de todos os preparativos de última hora


acontecendo ao meu redor, não consigo tirar os olhos dele. Eu percebo o quão
errada eu estava por esperar que ele desistisse de tudo isso, enquanto estava
sentada ao lado de sua cama de hospital. Como se pedindo para ele desistir da
corrida fosse como pedir para que respirasse sem ar. Amar sem ser aquele que
está amando. Correr está em seu sangue - uma necessidade absoluta - e que
nunca foi mais evidente do que agora.

Eu me pergunto o quão diferente esta corrida será para ele, sem a


constante pressão dos demônios sobre seus calcanhares, da necessidade de
dirigir mais rápido, para empurrar com mais força para ultrapassá-los. Será
mais fácil ou mais difícil sem a ameaça que ele teve toda a sua vida?

Sistema de som cantarola para a vida quebrando os meus pensamentos e


o momento de reflexão do Colton. Quando ele olha por cima do ombro, seus
olhos fixam imediatamente aos meus. Um sorriso tímido se espalha sobre seus
lábios, reconhecendo que a nossa ligação é tão profunda que não precisamos de
palavras. E esse sentimento não tem preço.

As pessoas lutam ao nosso redor, mas com seus olhos nos meus, ele bate
os dedos mais duas vezes no capô antes de virar e caminhar em minha direção.

— Iniciando uma nova tradição? — pergunto com um gracejo de


sobrancelha, um sorriso de um quilômetro e meio de largura e um coração
repleto de amor. — Dois a mais para dar sorte extra ou algo assim?

— Não. — ele sorri, enrugando o nariz do jeito mais bonitinho - tal


contraste com as fortes linhas de seu rosto - que meu coração se derrete. — Toda
a sorte extra que eu preciso está aqui. — ele diz enquanto se inclina e pressiona
o mais terno dos beijos nos meus lábios e apenas mantém sua boca contra a
minha por um momento.

Emoções ameaçam – verdadeiramente guerreiam - dentro de mim


enquanto eu tento dizer a mim mesma que sua afeição repentina não é porque o
destino acima está me dando uma última memória com ele, porque algo ruim
vai acontecer novamente. Eu tento desesperadamente combater as lágrimas que
queimam e aproveitar o momento, mas eu sei que ele sabe, sei que ele sente a
minha inquietação, porque ele levanta as mãos para segurar meu rosto
enquanto recua e fita meus olhos.

— Vai ficar tudo bem, Ry. Nada vai acontecer comigo. — eu me obrigo a
ouvir a certeza absoluta em sua voz, para que eu possa relaxar um pouco e ser
forte para ele.

Eu aceno com a cabeça de forma sutil. — Eu sei...

— Baby, o céu não me quer ainda e foda-se se o inferno pode me segurar,


então você está meio presa comigo. — ele me dá um lampejo de um sorriso
rápido que grita tudo o que eu nunca pensei que fosse sexy - imprevisível,
aventureiro, arrogante - e agora não consigo evitar a dor que ele cria.

— Presa com você, hein?

Ele se inclina e traz a boca para o meu ouvido. — Preso em você é mais o
que eu estou pensando. — ele murmura, seu hálito quente em meu ouvido
provocando arrepios na espinha. — Então, por favor, por favor, me diga que
você está usando algum tipo de bandeira quadriculada que eu possa reivindicar
mais tarde, porque foda-se se não quero jogá-la por cima do meu ombro e dar
uma volta de teste agora.

Cada parte do meu corpo aperta com suas palavras. E talvez seja minha
adrenalina elevada e emoção excessiva por estar de volta ao momento tão
precioso ainda roubado tão brutalmente de nós meses atrás, mas foda-se se eu
não quero que ele faça exatamente isso.

— Eu amo um homem disposto a implorar. — eu provoco com meus


dedos brincando com o cabelo ondulado sobre a gola de seu macacão
antichamas.

— Você não tem ideia das coisas que estou disposto a implorar quando se
trata de você, querida. — ele me desarma com aquele sorriso maroto, fazendo
com que suas palavras prendam a minha respiração na garganta. — Além disso,
minha mendicância deixa você gemendo e foda-se se esse não é o som mais
quente que existe.

Eu exalo um pequeno gemido de frustração, precisando e querendo-o


desesperadamente, quando não posso tê-lo... e eu sei que é exatamente por isso
que a dor é tão intensa. Eu começo a falar, mas sou cortada pelos acordes de
abertura da Star Spangled Banner42. Colton aperta os lados do meu rosto e me
olha por mais um momento antes de pressionar mais um beijo em meus lábios,
e então nariz, antes de virar em direção à bandeira, tirando seu boné da sorte e
colocando a mão sobre seu coração.

Enquanto a música toca, suas últimas notas soando, eu respiro fundo


para me preparar para os próximos momentos - para ser forte, para não mostrar
a ele que meu medo ainda existe, independentemente do quão confiante ele se
sinta. E então o caos desce ao nosso redor no minuto que a multidão aplaude.

Colton está pronto, fitas ajustadas, zíperes fechados, luvas colocadas.


Motores começam a acelerar na linha mais distante e o estrondo vibra no meu
peito. Ele está na zona, ouvindo Becks e se preparando para a tarefa em mãos.

A superstição me diz para fazer essa corrida diferente. Para passar por
cima do muro, sem a ajuda de Davis. Para fazer qualquer coisa para não deixar
que os momentos se repitam. E, em seguida, sua voz me chama. Quebrando
toda a minha determinação com os cacos de nostalgia.

— Rylee?

Meus olhos piscam imediatamente, a respiração bate claramente no meu


peito com as suas palavras e as memórias agridoces que elas evocam e travam
nele no momento em que ele caminha em minha direção, descartando um
gemido de Beckett por causa da falta de tempo.

Minha boca se abre e as sobrancelhas enrugam. — Sim?

Ele estende a mão, a curta barreira de um muro entre nós e puxa meu
corpo, assim nossos corações vibram um contra o outro. — Você realmente acha
que eu ia deixar você ir embora desta vez, sem lhe dizer?

42
A Bandeira Estrelada - hino nacional dos Estados Unidos.
O sorriso no meu rosto deve ter espalhado em um quilômetro e meio de
largura, porque meu rosto dói. Lágrimas enchem meus olhos e desta vez não são
de medo.

Mas de amor.

Adoração incondicional por este homem me segurando firme.

— Eu te amo, Ryles. — ele diz as quatro palavras tão suavemente naquela


rouquidão e mesmo com tudo ao nosso redor - aceleração dos motores,
arquibancadas lotadas, o crepitar no sistema de som - eu posso ouvi-lo claro
como o dia.

Suas palavras envolvem o meu coração, tecem através de suas fibras e nos
amarra juntos. Eu exalo um suspiro trêmulo e sorrio para ele. — Eu também te
amo, Ace.

Ele sorri antes de pressionar um beijo de tremer nos meus lábios e diz: —
Hora da bandeira quadriculada, baby.

— Hora da bandeira quadriculada. — repito.

— Vejo você na linha de chegada. — ele diz com uma piscadela antes de
virar e caminhar em direção a uma equipe de pé imóvel, à espera de seu piloto.

Eu os assisto ajudá-lo a colocar seu capacete, hipnotizada com tanto


amor e medo e então permito que Davis me leve até as escadas para o box para
que eu possa assistir de um nível mais elevado. Coloco o fone de ouvido e olho
para baixo sobre o peitoril, enquanto os vejo colocar o dispositivo HANS em
Colton, ajustam seu cinto e encaixam o volante.

— Cheque de rádio, Wood. — a voz desencarnada do spotter de Colton


enche meus ouvidos, me assustando. — Teste um, dois. Teste um, dois.
Há silêncio por um momento e eu olho para baixo, como se fosse capaz
de realmente vê-lo através de seu capacete e da tripulação que o cerca.

O spotter tenta novamente. — Teste um, dois.

— Teste, A, B, C. — a voz de Colton vem alta e clara.

— Wood? — o spotter chama de volta, a confusão em sua voz. — Você está


bem?

— Nunca estive melhor. — ele ri. — Só dando um grito para o alfabeto.

E o nervosismo me corroendo se dissipa imediatamente.

— O alfabeto?

— Sim. Do A ao filho da puta do Z.

Quinlan aperta minha mão quando eu olho para o relógio na parte


superior da tela contando as voltas que faltam.

Dez.

Dez voltas para atravessar a gama de emoções - nervosa, excitada,


frenética, esperançosa, apaixonada - exatamente como fiquei nas últimas
duzentos e trinta e oito voltas. Fiquei de pé, sentei, andei, gritei, orei e tive que
me lembrar de respirar.
— Ele vai conseguir. — Quinlan murmura ao meu lado e aperta a minha
mão um pouco mais, enquanto eu concordo com ela - que Colton vai ganhar a
sua corrida de retorno em uma onda de glória - mas não vou dizer isso em voz
alta, muito medo de azarar o resultado.

Eu olho para baixo, onde Becks está falando furtivamente com outro
membro da equipe, suas cabeças tão perto que eles estão quase se tocando
enquanto rabiscam num pedaço de papel. E eu não sei muito sobre corridas,
mas eu sei o suficiente para ver que eles estão preocupados se os cálculos de
combustível estão tão na margem que Colton pode literalmente correr com o
cheiro dele na última volta.

Eu vejo quando o número de voltas diminui, meu pulso acelera e o


coração esperando quando atinge cinco. — Você tem Mason chegando forte e
rápido no lado externo. — diz o spotter com a ansiedade em sua voz
normalmente estoica.

— Entendido. — é tudo o que Colton diz em resposta, a concentração


ressoando em sua voz.

— Ele vai para isso! — o spotter grita.

Eu olho para o monitor à minha frente para ver um close da versão do


que estou vendo na pista e meu corpo fica tenso em antecipação conforme eles
voam para a curva três, massas de metais competindo em velocidades ímpias.
Eu juro que todo mundo se inclina para a frente de sua posição na cabine para
observar mais atentamente. Eu fecho minhas mãos em punhos e fico na ponta
dos pés, como se isso fosse me ajudar a ver mais, rapidamente empurrando
minhas orações para Colton, enquanto Mason o desafia pela liderança.

Ouço a multidão ao mesmo tempo em que meus olhos desviam de volta


ao monitor, bem a tempo de ver os pneus traseiros se tocando, Mason
corrigindo e batendo na parede à sua direita, enquanto o carro de Colton desvia
de forma irregular na margem do asfalto da força de sua conexão.

Todos no box estão de pé instantaneamente, o mesmo som, pista


diferente, causa estragos em nossos nervos. Minhas mãos estão cobrindo minha
boca e me inclino para fora da cabine, através das janelas abertas, para ver a
pista.

— Colton! — Becks grita e eu suspiro, um brilho de carro vermelho


deslizando fora de controle na área de escape. Colton normalmente responde
imediatamente, mas há um silêncio absoluto no rádio. E eu acho que uma
pequena parte minha morre naquele instante. Uma pequena parte perdida para
sempre com a noção de que sempre haverá esse fio de mal-estar e de flashback
das emoções desenfreadas do acidente de Colton, cada vez que vejo fumaça ou a
ondulação da bandeira amarela.

Vejo Beckett puxar a aba de seu boné de beisebol, enquanto seus olhos se
fixam na pista. Ansiedade rola sobre o meu corpo agora, e ainda assim, eu sinto
aquelas sementes de certeza plantadas por Colton, com sua confiança anterior,
prontas para enraizar e abrir caminho. E eu não consigo imaginar o que está
acontecendo em sua cabeça - a mistura de emoções e memórias em colisão -
mas ele não desistiu. O carro não abrandou nem um pouco.

E, no entanto, ele ainda não falou.

— Vamos, filho. — Andy murmura para ninguém em particular abaixo da


minha fileira, com as mãos segurando a borda da mesa que ele está por trás, as
juntas ficando brancas.

Apenas segundos se passam, mas parece uma eternidade, enquanto eu


assisto o carro de Colton apontar erraticamente em direção à grama no campo
interno, indo direto para a barreira, antes de milagrosamente se endireitar.
E, em seguida, toda a cabine solta um grito coletivo quando o revelador
nariz vermelho e azul elétrico do carro voa de volta até a área de escape e para o
asfalto sob controle. E ainda na liderança. A voz de Colton vem através do alto-
falante. — Caralho! Em linha reta! — ele esbraveja, o transbordamento de
emoção rompendo tanto a sua voz quanto o rádio, seguido por um: — Woohoo!
— a adrenalina o atingindo com força total.

— Traga-o para casa, baby! — Becks grita com ele enquanto anda abaixo
de nós e solta um suspiro alto, tirando o fone de ouvido e o boné, por um
momento para recuperar a compostura antes de colocá-los de volta.

Quatro voltas para acabar.

Eu sinto que posso respirar de novo, meus dedos torcendo, meus nervos
dançando e minhas esperanças subindo a novas alturas. Vamos lá, baby. Você
pode fazer isso, digo-lhe em silêncio, esperando que ele possa sentir a minha
energia com os milhares nas arquibancadas empurrando para que ele
reivindique esta vitória.

Três voltas para o final. Eu não aguento mais. Meu corpo vibra mais do
que o ronco dos motores, enquanto os carros passam um após o outro em uma
sequência interminável. Eu saio do balcão e dou de ombros para Quinlam,
quando ela me dá um olhar interrogativo sobre onde eu vou. Eu quero estar o
mais próxima possível dele, então eu faço o meu caminho para a escada e
começo a descer correndo.

— Faltam duas, baby! — Becks grita no microfone no momento em que


chego ao último degrau e permaneço próxima ao muro abaixo no canto interno
da linha do pit. Eu não consigo ver a pista muito bem daqui, mas eu sorrio,
enquanto assisto Becks olhar para o monitor e balançar a cabeça de um lado
para o outro, corpo em movimento, inquieto, energia palpável.
Eu olho para a classificação e vejo que Colton ainda está na liderança
antes dos meus olhos serem atraídos para onde o bandeirinha está recebendo a
bandeira branca indicando que última volta está começando. E, então, ele a
tremula e meu coração pula na garganta. Becks lança um punho no ar e estende
para apertar o ombro do membro da equipe que está ao seu lado.

Alguém roça no meu ombro e olho para ver Andy ao meu lado com o
sorriso cauteloso pronto para iluminar seu rosto, quando a bandeira
quadriculada fizer o voo. Eu volto a olhar para cima, mas a minha visão do stand
da bandeira é obstruída pela fileira de uniforme vermelho que estão na parte
superior do muro da linha do pit, observando, esperando e antecipando.

E então eu ouço.

O esmagador rugido da multidão e os gritos de júbilo da equipe enquanto


eles saltam a mureta, gritando a vitória. Estou tão emocionada que nem me
lembro de quem agarrou quem, mas tudo o que eu sei é que Andy e eu estamos
nos abraçando de pura emoção. Ele conseguiu. Ele realmente fez isso.

Os minutos seguintes passam em um borrão conforme abraços e toques


de mãos são dados por todos os lados, fones de ouvido são removidos e todos
nós nos movemos rapidamente em uma grande massa em direção à linha de
chegada. O motor acelera enquanto Colton puxa para o local pela vitória.

E eu não sei qual é o protocolo para os não membros da equipe, mas eu


estou bem no meio dela, lutando em meu caminho para vê-lo. Cavalos selvagens
não poderiam me manter longe dele agora.

Minha visão é bloqueada temporariamente pelas equipes de filmagem e


estou tão ansiosa - coração acelerado, bochechas doendo de tanto sorrir
largamente, o coração transbordando de amor - que eu quero empurrá-los para
fora do caminho para chegar até ele.
Quando eles se deslocam para conseguir uma melhor sequência de fotos,
eu o vejo ali, aceitando as felicitações de Becks, uma garrafa de Gatorade em
seus lábios, mãos correndo por seu cabelo encharcado de suor e em total
desordem e a expressão mais incrível no rosto - exaustão misturada com alívio e
orgulho.

E então, como se pudesse sentir meu olhar sobre ele, ele fixa seu olhar no
meu, o maior sorriso de parar o coração cobrindo seu rosto. Meu coração para e
bate enquanto eu o absorvo. Eu juro que o ar zumbe com as faíscas da nossa
conexão. Ele não diz uma palavra sequer para Beckett, mas o deixa para trás e
começa a empurrar através da multidão, a massa se movendo com ele, seus
olhos nunca deixando o meus, até que ele está na minha frente.

Eu estou contra ele em um instante, seus braços se fechando em mim e


levantando os meus pés do chão enquanto ele joga a cabeça para trás e dá a
risada mais despreocupada que eu já ouvi, antes de esmagar sua boca na minha.
E há tanta coisa acontecendo ao nosso redor - caos absoluto - mas não é nada
em comparação com a forma que ele está me fazendo sentir agora.

Todos e tudo desaparecem porque estou bem aonde eu pertenço - em


seus braços. Eu sinto o calor do seu corpo pressionado contra o meu, ao invés da
imprensa nos acotovelando para lá e para cá para conseguir a foto perfeita. Eu
inalo seu cheiro, sabonete e desodorante misturado com um árduo dia de
trabalho - e isto faz que meus feromônios crepitem por atenção, faz com que
eles silenciosamente peçam para ele me levar, me dominar, me possuir, então
estou marcada por aquele cheiro. Eu saboreio o Gatorade em seus lábios e é
longe de ser suficiente para saciar o desejo correndo por mim, porque com
Colton, um sabor nunca será o suficiente. Eu ouço sua risada de novo quando
ele quebra nosso beijo e pressiona sua testa na minha por um momento, seu
peito retumbando do som eufórico.

— Você conseguiu!
— Não. — ele discorda, afastando sua cabeça para olhar nos meus olhos.
— Nós conseguimos, Ry. Fomos nós dois juntos, porque eu não poderia ter
vencido sem você.

Meu coração despenca no meu peito e bate em meu estômago que sacode
como se estivesse em queda livre. E num certo sentido eu estou. Porque o meu
amor por ele é infinito, sem fundo, eterno.

Eu sorrio para ele, lágrimas embaçando a minha visão quando eu


pressiono o mais casto dos beijos em seus lábios. — Você está certo. —
murmuro. — Nós conseguimos.

Ele me aperta mais uma vez e me abaixa no chão com outro sorriso de
parar o coração quando o mundo que nos rodeia se infiltra de volta. Eu me
afasto, dando a todos os outros seus cinco segundos com ele e ainda tudo o que
posso pensar são as suas palavras, nós conseguimos.

E eu o observo - o homem que eu amo - e sei que suas palavras nunca


foram mais verdadeiras. Nós realmente fizemos isso. Nós enfrentamos nossos
demônios juntos.

Seu passado, seus medos, sua vergonha.

Meu passado, meus medos, minha dor.

Ele olha por cima, no meio de uma pergunta da entrevista e pisca para
mim com um sorriso. Orgulho, amor e alívio fluem através de mim como uma
onda.

Puta merda.

Nós realmente conseguimos.


Capítulo 42

E u sento e

assisto Zander e seu conselheiro trabalharem juntos e meu coração oscila ao vê-
lo tão ativamente envolvido. Ele está falando muito agora e começando a se
curar. Eu permito que o orgulho que eu sinto infle e as lágrimas embacem a
minha visão, porque ele está conseguindo.

Ele está realmente conseguindo.

Eu saio de seu quarto, onde eles estão tendo a sua sessão e vou em
direção à cozinha, ouvindo a música no quarto de Shane e as conversas do resto
dos meninos construindo uma cidade de Lego no quintal. Dane está esvaziando
o último dos pratos da máquina de lavar louça quando eu entro na cozinha e
sento em um banquinho com um suspiro exausto.

— Eu concordo! — ele diz, fechando uma gaveta e sentando ao meu lado.


— Então. — ele fala, quando eu não digo nada. — Como vão as coisas com o
Adônis derrete calcinha?

Reviro meus olhos. — Você bem que queria que ele fosse um Adônis
derrete boxer. — eu bufo.

— O inferno que sim, mas já perdi a esperança de mudá-lo para o lado


melhor. Só um cego não perceberia a forma como ele olha para você.
— Oh, Dane. — eu suspiro com um sorriso se espalhando em meus lábios
com apenas o pensamento de Colton e como as coisas têm sido maravilhosas ao
longo das últimas semanas. O ritmo reconfortante que nós entramos, mesmo
sem falar sobre isso. As coisas apenas parecem naturais. Como elas foram feitas
para ser. Não há mais drama, não há mais falta de comunicação e não há mais
segredos escondidos. — As coisas estão ótimas. Não podia ser mais perfeito.

E quando digo isso, eu realmente acredito. Eu não estou esperando


complicações surgirem como antes. Eu não estou esperando mais nada, porque
se ficar com Colton me ensinou alguma coisa, é que o nosso amor não é
paciente, nem é gentil, é apenas exclusivamente nosso.

— Então, morar junto não tem sido um desastre horrível?

— Não. — eu digo com suavidade quando penso que tem sido


completamente o oposto. — Tem sido bastante incrível na verdade.

— Vamos lá, o homem tem que ter algo que é horrível nele. — ele provoca.

— Não, ele é muito, malditamente perfeito. — eu respondo, amando a


chance de dizer mais uma vez perfeito quando se trata de Colton e eu.

— Eu não acredito nisso. — diz ele, batendo o punho no balcão. — Ele tem
que enfiar o dedo no nariz, roncar horrivelmente ou peidar como um
rinoceronte.

— Não! — risos me sacodem e ele se esforça muito para não abrir um


sorriso, mas sua determinação é de curta duração.

— Você tem que estar mentindo, Ry, porque nenhum homem pode ser
malditamente perfeito. — ele dá de ombros. — Bem, a não ser claro, que seja eu.
— Bem, é claro. — eu digo, rindo e balançando a cabeça. — Deixe-me
ver... — eu sorrio, pensando em algo para satisfazê-lo. — Ele se recusou a me
comprar uma caixa de absorvente interno no caminho do trabalho para casa no
outro dia.

O olhar em seu rosto é impagável, lábios relaxados e os olhos arregalados.


— O porra! — ele cospe em desgosto simulado antes de balançar a cabeça. —
Merda, ele acabou de subir vinte pontos no meu livro. Querida, você não pode
pedir a um alfa Adônis como ele, para comprar sua merda feminina. Isso é o
equivalente a lhe pedir para entregar suas bolas em uma bandeja.

A água na minha boca quase sai pelo nariz, eu estou rindo tanto. — Dane!

— Bem, é verdade. — ele dá de ombros. — Fico feliz em ver que elas ainda
estão firmemente presas.

— Sim. — eu bufo. — Só porque você as quer.

— Bem. — ele destaca. — Faríamos um belo casal e foda-se se eu não


gosto de bolas firmemente presas às pessoas que eu encontro.

E o meu próximo gole de água não é tão afortunado como o meu último.
Eu cuspo, quando o riso provoca um spray, nos fazendo rir ainda mais. Demora
alguns minutos para nos acalmarmos, porque cada vez que um de nós olha para
o outro, começamos a rir novamente.

Estou preso no escritório novamente. Haddie vai te buscar por mim. Te ligo no
caminho de casa. Crash my Party, Luke Bryan. - Xx C
Meu coração se eleva e minha alma aquece com a música que ele mandou
na mensagem. Meu sentimental macho alfa é cheio de contínuas contradições.
Eu suspiro para afastar a minha decepção, porque senti falta dele terrivelmente
hoje, mas eu estou em êxtase sobre passar um pouco de tempo com Haddie. Eu
não a tenho visto muito ultimamente.

Eu pego meu celular e respondo.

Estou com saudades. Apresse-se para chegar em casa. All of Me, John
Legend. - XXX

Eu verifico o relógio e percebo que o tempo está fugindo de mim, assim


eu começo a juntar minhas coisas e me despedir dos meninos.

Quando eu saio da casa ela está sentada em seu carro do lado de fora.
Abro a porta do lado do passageiro para seu grito de prazer. — Bem, foda-se é
tão bom te ver!

— Eu sei! — eu digo a ela quando ela me puxa para um abraço através do


console, antes de ligar o motor e sair com uma risada.

Eu jogo minha cabeça para trás em uma risada que corresponde à dela e
fecho meus olhos por um minuto, deixando o vento da janela bater no meu
rosto. O vento se dissipa quando ela fecha a janela e eu viro para ver seus olhos
desviarem da estrada à sua frente para mim.

— Obrigada por me pegar. Se eu soubesse que Colton ia trabalhar até


tarde, eu não o teria deixado me dar carona. Sinto muito.

— Eu sei, você é um pé no saco! — ela fala, enquanto aciona o pisca-alerta


e faz uma curva para a esquerda. — Então, já que o Sr. Fodão a despejou por
agora, o que acha de algumas bebidas para colocar a conversa em dia? Como,
por que apesar de todas as suas coisas estarem na nossa casa, você nunca está...
apesar de você negar veementemente que tenha, oficialmente, ido morar com
ele.

Eu rio e balanço a cabeça. — Eu não quero azarar as coisas. — dou de


ombros. — Você sabe como eu sou.

— Sim, com certeza sei. Então é por isso que vamos beber algumas para
você relaxar, ficar despreocupada e falar comigo.

Por mais que eu queira acompanhá-la, estou morta de cansaço. — Por


que não vamos para a casa dele e nós podemos sentar no deck, olhar para a água
e tomar um pouco de vinho. Além disso. — eu digo, olhando para a minha
camiseta e jeans. — Eu não estou vestida para um bar.

— Exatamente o que eu pensei que você ia dizer. — ela fala, pegando


alguma coisa atrás do meu banco. Ela coloca uma sacola no meu colo. Quando
eu olho, ela apenas sorri. — Boa tentativa, Ry, mas vamos sair para beber. — ela
acena com a cabeça para a sacola. — Uma camisa, sapatos sexy e maquiagem.

— O quê? — eu digo surpresa, mas ao mesmo tempo não tão surpresa que
vai ser do jeito dela.

— Apresse-se baby! Eu estou dirigindo e o tempo está passando. — eu rio


e balanço a cabeça para ela. — Você vai me agradecer antes que a noite acabe. —
nós diminuímos até parar em um semáforo e ela pega o telefone e envia uma
mensagem rápida, antes de abaixá-lo e olhar para mim. — Você não vai sair
dessa, Thomas. Eu sinto falta da minha amiga, eu quero uma bebida, fim da
história.

O sinal muda e ela decola enquanto um sorriso se espalha em meus


lábios. Deus, eu a amo.
Eu realmente não presto atenção para onde estamos indo, porque estou
olhando no espelho arrumando a minha maquiagem e ajeitando o cabelo.
Haddie apenas comentou: — Deixe-o solto. — quando tento prendê-lo em uma
presilha. Nós conversamos sobre isso e aquilo, para colocarmos a conversa em
dia. Estou fechando a minha bolsa de maquiagem quando meu telefone toca.

Eu o pego desajeitadamente quando vejo que é Colton. Meu pensamento


imediato é que ele já saiu do trabalho e pode nos encontrar para uma bebida.

— Oi! — eu digo conforme enfio tudo de volta para a sacola a meus pés no
chão.

— Ei, querida.

E apenas o som de sua voz faz com que uma onda de amor passe por
mim. — Já terminou no trabalho?

— Eu menti. — ele fala e eu fico confusa imediatamente. — Eu não estou


trabalhando, porque estou ocupado planejando um encontro perfeito para você,
então olhe para cima, porque esse encontro começa agora.

Eu levanto minha cabeça e não consigo conter o soluço que trava na


minha garganta quando eu vejo o campo de cascalho e o festival tranquilo à
minha frente. A roda-gigante imóvel, a Midway43 vazia, as catracas bloqueadas.

— Colton... o que... por quê? — tento perguntar quando espanto passa por
mim, sua risada divertida ressoando através da linha.

— Nós não fomos a um encontro real, desde a nossa noite no festival,


então eu pensei que esta seria a forma mais adequada para começar este. Eu sei

43
Área de jogos de azar, habilidades ou outras diversões do parque.
que você não lida bem com o desconhecido, mas me prometa passar por isso.
Por mim.

O quê? Santo inferno! — Sim... claro. — eu gaguejo.

— Vejo você em breve. — ele diz e a linha fica muda.

Eu imediatamente olho para Haddie, que tem um sorriso enorme no


rosto. — Você! — eu digo a ela, minha voz quebrando com tantas emoções
esmagadoras. — Você sabia?

— Os homens têm pênis? — ela ri com horror fingido. — Claro que estou
nessa!

Só fico sentada no carro com a minha boca aberta, enquanto eu olho em


volta e minha mente tenta processar isso. Tenta processar como o homem que
jura que não é romântico, é um romântico incurável no coração. — Como... o
quê? — eu tento cuspir as perguntas se formando na minha cabeça, mas elas não
estão saindo.

— Colton achou que você merecia um encontro de verdade - uma noite


fora para te agradecer por ter passado por tudo com ele, então ele pediu um
pouco de ajuda. — ela dá de ombros. — Eu concordei com ele, então aqui
estamos.

Lágrimas enchem meus olhos e eu respiro profundamente, ainda


tentando compreender que estou parada no mesmo festival, sete meses depois.
Enquanto estou sentada e atordoada, Haddie chega por trás do meu assento e
exibe uma caixa maior do que uma caixa de sapatos.

Eu rio. — Você tem uma loja inteira lá atrás?


— Não... essa é a última. — ela coloca a caixa na minha mão e eu solto
uma risada nervosa, não porque estou realmente nervosa, mas por causa da
minha aversão pelo desconhecido e minha necessidade de controle.

Colton me conhece tão bem.

Eu fico lá e olho para a caixa cinza retangular e não consigo evitar o


sorriso suave que enfeita meus lábios quando me lembro de algo que Colton me
disse há muito tempo - às vezes não estar no controle pode ser extremamente
libertador.

— Jesus, mulher, abra a droga de caixa já, não é? O suspense está me


matando! — Haddie diz ao meu lado, seu corpo vibrando em antecipação.

Eu solto um suspiro profundo e abro a parte superior como se algo fosse


saltar sobre mim. E quando eu levanto a parte de cima, um envelope está no
topo de um papel de padrão xadrez preto e branco, o meu nome escrito nele. Eu
o levanto e deslizo o papel dele.

Ryles -

Eu sei que você provavelmente está se perguntando o que diabos está

acontecendo, então me deixe tentar explicar. Você sempre coloca todos os

outros em primeiro lugar - eu, os meninos, o cão de rua na esquina - então

eu pensei que era hora de trocar de lugar e deixá-la ser a única a frente e

no centro. Assim, com a ajuda de outras pessoas, eu montei uma caça ao

tesouro para você. Para chegar ao prêmio, você tem que seguir e responder

a todas as pistas.
Boa sorte.

Esta é a sua primeira pista: O festival foi o lugar que eu soube que

você era muito mais do que eu sequer esperava. Eu soube quando estava no

topo da roda gigante com você que não importava o quão duro lutasse

contra isso, eu não poderia ser casual com você e que você merecia muito

mais do que isso de mim. Assim, o primeiro item está esperando por você

no primeiro passeio em que fomos.

Amor,

Colton

Eu enxugo as lágrimas que deslizam pelo meu rosto, sem estragar a


maquiagem que eu tinha acabado de colocar, mas é quase impossível. Haddie
aperta meu braço para ajudar a firmar minhas mãos trêmulas. Eu olho para ela
tentando compreender o que levou Colton a organizar tudo isso, bem como
colocar as palavras que ele tem dificuldade em expressar verbalmente no papel.

— Tire o seu traseiro desse carro e vá encontrar o seu homem antes que
eu tenha um ataque cardíaco com a antecipação. — ela diz enquanto empurra
meu ombro em direção à porta do carro aberta.

Eu deslizo para fora do carro, meu coração martelando e cabeça tentando


entender que ele se importa o suficiente comigo para fazer isso. Caminho até a
entrada bloqueada para encontrar uma única catraca desbloqueada. Passo por
ela e pelo festival estranhamente deserto, meu ritmo começando a acelerar a
cada passo quando as memórias me inundam. Cães de pelúcia, beijos roubados
e algodão doce. Desafiada por um bad boy que já tinha capturado meu coração,
mesmo que eu não quisesse admitir isso ainda. Medos, primeiras vezes e um
tímido sorriso torto em seu rosto magnífico.

Chego à seção do passeio da xícara maluca. Deixo escapar um suspiro


quando Shane e Connor saem da cabine do bilhete sombreada, com enormes
sorrisos em seus rostos e uma caixa em suas mãos.

Minha mão aperta o meu peito em choque total e absoluta adoração a


Colton por incluir meus meninos em sua caça ao tesouro. Por permitir que eles
o ajudassem a fazer algo de bom para mim. — Vocês! — eu exclamo, corro até
onde eles estão e absorvo seus olhares travessos. — Vocês esconderam isso de
mim? — eu avanço e abraço os dois firmemente enquanto todos nós rimos.

— Nos fizeram jurar segredo. — diz Shane, corando.

— Colton disse que não iríamos ficar em apuros por mentir para você
também. — acrescenta Connor, balançando a cabeça.

— Não. — eu rio, completamente dominada por tudo. — Vocês nunca


teriam problemas por algo assim.

Shane pigarreia e eu olho para ele. — Temos a sua próxima pista.

— Oh, tudo bem. — eu digo com uma risada, meu nervosismo


retornando.

— Você tem que responder a essa pergunta corretamente para conseguir


a próxima pista, tudo bem? — eu aceno. — Quando você vir este item, que Con
vai levantar, qual a única palavra que vem à sua mente?

Connor tem um patinho amarelo de borracha e eu explodo em um ataque


de risos, lágrimas frescas aparecem nos cantos dos meus olhos. Eu balanço
minha cabeça tentando estancar o meu riso, mas não consigo, quando eu digo:
— Quack!

E mais recordações golpeiam de gritos e feridas cortando o frio da manhã


no gramado da frente da casa Palisades até um quarto de hotel na Flórida e a
coleção de animais que eu joguei em Colton ao tentar preservar o meu coração
de verdades mal concebidas. Por ser tão teimosa eu realmente não ouvi, não
ouvi o que ele estava me dizendo.

Mas eu estou ouvindo agora. Ele não f0i o único que aprendeu durante o
nosso tempo juntos.

Connor e Shane deixam escapar uma comemoração e me entregam outro


envelope, que eu apressadamente rasgo. Ele diz:

As memórias dessa próxima pista me lembram a minha mente

excitada, tanto quanto a tinta das minhas tatuagens. E você estava sexy pra

caralho. Porra! — No caso de você precisar de um pouco de doce depois que

eu sujar você. — Onde exatamente você compraria isso?

Tudo abaixo da cintura aperta com a lembrança de Colton e algodão


doce, eu sorrio ao pensar e me sinto estranha por ter esses pensamentos perto
dos meninos. — Vocês vão ficar bem? — pergunto imediatamente.

Eles reviram os olhos. — Nós não estamos aqui sozinhos. — diz Shane. —
Agora vai descobrir as pistas!

— Tudo bem. — eu digo e minha excitação aumenta. Eu beijo os meninos


no topo de suas cabeças e corro pelo festival procurando por toda parte por um
carrinho de vendedor que tenha algodão doce nele. E a cada passo, eu procuro e
espero encontrar Colton e seu sorriso travesso esperando para me surpreender.
Mas não há nada.

Eu começo a ficar em pânico com a calma tranquila do lugar. Depois de


vagar um pouco, eu viro uma esquina e olho para cima para ver um funil
solitário de algodão doce pendurado em uma barraca. Quando chego mais perto
eu grito quando vejo Ricky e Jackson de pé em aventais e sorrisos.

— Eu não posso esperar mais tempo! — Ricky diz, se mexendo atrás do


balcão e me entregando outra caixa, enquanto Jax e eu rimos de sua excitação
em fazer parte disso.

Eu abaixo a caixa e a abro para encontrar uma placa de leilão que diz:

Volte para onde tudo começou. Onde eu aprendi que desafio pode ser

muito sexy.

Eu balanço minha cabeça novamente, sentindo como se estivesse tendo


uma experiência fora do corpo e digo adeus a eles. Eu ando o mais rápido que
posso pelo estacionamento, para onde Haddie está sentada atrás do volante, as
sobrancelhas levantadas e os dedos tamborilando em antecipação.

Eu deslizo para dentro do carro com ela repetindo — Diga-me, diga-me.


— mais e mais. Eu digo a ela para dirigir para onde o leilão de caridade de gala
aconteceu e, em seguida, a preencho com as duas pistas que recebi no festival.
Ela está saltando em seu assento com entusiasmo enquanto eu sento aqui com
os olhos arregalados e chocados com a doce surpresa de Colton.

— Bem merda, aquela porrada na cabeça na corrida na Flórida, com


certeza o ajudou no departamento de romance. — ela ri. — Eu acho que poderia
se tornar uma coisa obrigatória para gênero pênis cutucando!
Eu rio com ela. — Você realmente não sabia sobre essa parte? — pergunto
a Haddie várias vezes.

— Ry, ele me disse que tinha um encontro legal planejado para você e
perguntou se eu seria sua motorista em parte dele. Então, estou aqui, portanto,
eu mal posso esperar para ver o que mais ele tem guardado para você! — ela
fala, passando as mãos sobre as palavras da placa do leilão. Ele está sobre a
minha coxa e eu não consigo parar de olhar para ela.

As estrelas devem estar alinhadas, porque evitamos o tráfego de Los


Angeles e chegamos ao antigo teatro em tempo recorde. — Eu vou esperar bem
aqui. — ela grita enquanto eu saio do carro com a placa na mão e corro para as
portas grandes da frente do antigo teatro para encontrar uma delas entreaberta.

Eu entro no foyer familiar e olho ao redor enquanto ando em direção à


porta à direita do palco, como fiz naquela noite a tantos meses atrás. Eu começo
a cantarolar por hábito a Overjoyed do Matchbox Twenty tocando suavemente
nos alto-falantes. Tem que ser uma completa coincidência, porque mesmo
Colton não poderia cronometrar minha chegada perfeitamente, mas me faz
sorrir com o quão perfeito que o meu grupo esteja brincando. Eu pisco as
lágrimas enquanto o significado deste momento toma conta - Colton me
trazendo de volta aqui depois de todo esse tempo, onde algo que eu nunca quis
que acontecesse, realmente começou.

E olhe para nós agora.

Eu engulo as lágrimas queimando em minha garganta enquanto eu


empurro a porta para o corredor iluminado dos bastidores. E de repente minhas
lágrimas são substituídas por um ajuste incontrolável de riso quando vejo fita
isolante sobre a pequena alcova onde Bailey tentou seduzi-lo. E mais hilariante
do que a fita é a plaquinha que diz: — Cuidado, piranhas à espreita.
Eu ainda estou rindo quando viro a esquina para ver a porta do armário
de armazenamento apoiada aberta e uma luz em seu interior. Minhas botas de
salto alto, clicam no linóleo enquanto eu tento descobrir quem vai me encontrar
desta vez. Uma parte de mim quer que seja Colton, para que eu possa beijá-lo e
abraçá-lo e agradecer por tudo isso, mas ao mesmo tempo eu acho que ainda
não estou pronta para terminar esse passeio pela estrada da memória.

E volto a rir quando vejo Aiden e meu conselheiro Austin sentados em


cadeiras dentro do armário jogando Uno. Aiden pula com um grito quando ele
me vê e Austin e eu rimos de sua reação entusiástica.

— Oi, pessoal!

— Rylee. — ele grita empolgado. — Aqui! Isso é para você!

Ele se atrapalha quando entrega um envelope e duas caixas para mim.


Uma muito pequena em cima de uma maior. Eu olho para ambos, Aiden e
Austin, seus sorrisos de antecipação combinando com o meu, enquanto eu deixo
as caixas sobre a mesa e rasgo o envelope. A caligrafia familiar de Colton me
cumprimenta:

Você foi a primeira pessoa a olhar para mim e realmente ver em

minha alma. E isso assustou a merda do jamais amar fora de mim. Onde

isso aconteceu? Se você precisar de uma pista, está na caixa de cima. (Abra

a caixa maior, depois que sair do teatro.) - C.

Meu coração está acelerado e minhas mãos estão tremendo de emoção.


Eu sei a resposta. Ele está se referindo a cobertura, onde fizemos sexo pela
primeira vez depois da festa do Merit Rum, mas nada me prepara para o que
está dentro da primeira caixa.
Minha respiração trava e instintivamente levanto a mão para cobrir a
boca antes de pegar e levantar o brinco solitário dentro dela. O brinco que eu
não consegui encontrar naquela noite enquanto eu tentava reunir a minha
dignidade e deixar o quarto de hotel. O brinco que eu deixei, nunca me
importando se o veria de novo ou o homem que agora está me devolvendo.

Algo sobre a visão do brinco e o fato de que ele o manteve por todo esse
tempo quando eu o abandonei, traz tantas emoções à tona, que eu mal posso
falar quando agradeço Aiden e Austin, antes de pegar a outra caixa e correr de
volta para Haddie e o nosso próximo destino.

Eu subo no carro, atordoada e confusa, enquanto digo a Haddie sobre o


significado do brinco. Ela começa a se dirigir para o hotel e eu abro a caixa
maior. E falta ar nos meus pulmões com o riso quando eu olho para uma caixa
cheia com todas as calcinhas que foram roubadas de mim. Incluído na caixa está
outro envelope que me leva um minuto para abrir, porque eu estou rindo tanto
das memórias que elas evocam e o fato de que ele realmente ficou com todas
elas.

— Nossa, mulher! Você não estava brincando quando disse que o homem
fez um buraco em suas gavetas. — ela brinca, enquanto acena com a cabeça,
pedindo-me para abrir o envelope.

Eu o rasgo e um cartão de presente da La Perla cai com uma quantidade


ridícula de dinheiro. Embora, a nota enrolada em torno do cartão de presente
valha dez vezes mais. Ela diz:

É melhor você comprar um grande suprimento, Ry, porque eu não

vejo a minha necessidade de tê-la quando, onde e como eu quero, parar tão

cedo.
A sensualidade flagrante de suas palavras faz com que uma dor de desejo
enrole e ganhe vida entre as minhas coxas que eu nem sequer me preocupo em
ignorar.

— Uau!— Haddie fala arrastado, quebrando os meus pensamentos menos


puros enquanto ela olha e lê o cartão, enquanto estamos em um semáforo. — O
homem é quente daquele jeito e tem uma boca suja, dominante assim? — ela
toma uma respiração instável. — Merda, Ry... eu diria a ele para me algemar à
cama e me deixar ser sua escrava sexual pelo resto da vida. — ela ri.

Estou um pouco surpreendida que este homem é mais do que


definitivamente meu. — Quem disse que eu não fiz isso? — eu digo com um
sorriso nos lábios e levantando as sobrancelhas.

— Muito bem! — ela diz, batendo na minha coxa. — Essa é a minha garota
falando!

Nós rimos juntas e tentamos descobrir qual será a próxima pista no hotel
até que ela entra na área do manobrista. — Eu estou supondo que eu já volto. —
eu digo e saio correndo para o lobby antes de parar de repente. Eu não posso
apenas ir até a cobertura e bater na porta.

Eu me dirijo à recepção e quando me aproximo, uma mulher me olha de


cima abaixo. — Srta. Thomas, eu presumo?

— Sim... — eu respondo um pouco espantada que ela saiba quem eu sou.

— Por aqui, por favor. — ela diz, me levando a um elevador privativo ao


lado do lobby. Ela pega um cartão-chave e o pressiona no leitor fazendo com
que a porta se abra. — Aqui está. — ela fala, seu estoicismo quebrando enquanto
ela sorri largamente para mim antes de caminhar de volta para sua mesa.
— Obrigada. — eu digo antes de entrar. A decoração familiar dentro do
elevador faz com que memórias inundem de nossa primeira vez, meu
nervosismo aumenta pela promessa sombria das palavras que Colton disse para
mim enquanto fazíamos a mesma ascensão em um elevador diferente. O
elevador sinaliza quando chego ao último andar e saio, incapaz de lutar contra
meu sorriso com a nossa saída desastrada e cheia de desespero que fizemos
naquela noite.

Eu bato na porta da cobertura e ouço uma risadinha atrás dela, quando a


maçaneta começa a virar. Zander abre a porta com Avery de pé atrás dele,
ambos irradiando sorrisos quando olham para mim. E a risada despreocupada
que sai da boca do Zander aquece o meu coração transbordante ainda mais.

— Oi, pessoal! Deixe-me adivinhar, você tem uma pista para mim?

Zander acena com a cabeça freneticamente enquanto olha para Avery,


para ver se está tudo bem me dar o que está em suas mãos.

— Ei, Rylee.

— Oi!

— Tudo bem, nossa pista é: qual a primeira palavra que vem à sua mente
quando você vê o que Zander tem nas mãos?

Eu olho para baixo quando Zander tira uma pequena caixa preta de trás
das costas e entrega para mim. Eu olho para ela, tão perplexa quanto o olhar no
rosto de Avery, até Zander a virar.

E então eu rio.

A caixa contém um lenço vermelho fogo, de bolso para um smoking.


Meus sentidos são subitamente assaltados com cada sensação que Colton
evocou em mim na limusine, naquela noite, quando estávamos vestidos demais
e mal vestidos. Mas isso não pode ser a resposta, porque isso são duas palavras.
— Antecipação! — eu quase grito quando a palavra me atinge como um raio, as
imagens de uma noite mais que memorável piscando na minha mente.

— Bingo! — Avery grita e Zander pula para cima e para baixo.

— Bom trabalho, Ry. — ele diz, enquanto estende a outra caixa e o


envelope para mim. Eu olho para ele com a testa franzida, que o faz rir de novo
antes de eu pegar dele.

— Isso é para mim? — pergunto.

— Uh-huh! — ele diz assentindo.

— Tem certeza?

— Sim! Apenas abra! — ele diz com exasperação divertida.

Eu deslizo meu dedo no envelope e sorrio antes mesmo de saber o que


diz, porque eu sei que as palavras de Colton vão me tocar.

Ry- Eu sempre soube que você era diferente das outras... mas esta é a

noite que se tornou a minha bandeira quadriculada. Sem dúvida. Essa aqui é

à noite em que eu soube que a única coisa que eu nunca quis, eu lutaria

como o inferno para manter. Vá para o lugar onde você se familiarizou com

o objeto na caixa. - C

Eu a abro com cautela, reviro os olhos e balanço a cabeça quando vejo um


modelo em miniatura de uma Ferrari F12 vermelho. Eu sei exatamente para
onde vou a seguir, porque essa noite é definitivamente mais uma que eu nunca
vou esquecer.

Eu me despeço e vibro com antecipação quando pego o elevador até o


lobby e passo apressada por uma hostess sorridente na recepção em direção ao
carro. Eu entro e digo a Haddie sobre a pista e rio quando ela balança a cabeça
enquanto dirige as poucas quadras até o hotel onde foi a outra gala que eu
participei com Colton.

Eu a direciono para o último andar da garagem e, instintivamente,


prendo a respiração quando Sex aparece. Imagens e emoções me enchem e eu
nem sequer tento sufocar o suspiro que elas evocam em mim.

— Maldição, esse carro é como a porra de um orgasmo visual. — ela diz


com um zumbido de apreciação.

— Você não tem ideia. — eu exalo, então assobio e coro quando deslizo
para fora e caminho a curta distância até a sua vaga isolada na garagem.
Quando eu chego mais perto eu vejo uma figura por trás de uma das colunas, ao
lado do carro e meu coração pula na garganta. Espero que seja Colton. Eu tive o
suficiente de caminho pela memória, e tanto quanto amo isso, agora eu só o
quero. Desesperadamente.

Eu rio quando Beckett aparece, com um sorriso de merda bem aberto em


seu rosto bonito. Ele olha por cima do meu ombro para Haddie e acena com a
cabeça sutilmente para ela, seu sorriso suavizando a queimadura que despertou
a minha curiosidade, mas a minha atenção é desviada rapidamente quando
Becks fala.

— Bem, eu não sei o que você fez com o meu homem. — diz ele me dando
um abraço rápido. — Já que as bolas parecem ter retraído, a julgar por esta
exibição ostensiva, mas foda-se, se eu não amo isso!
— Tenho certeza de que você está lhe dando toneladas de merda. — digo,
e ele apenas inclina a cabeça e olha para mim por um segundo, uma suavidade
cobrindo suas feições.

— Está o mais feliz que eu já o vi. — diz ele com um aceno.

E antes mesmo de eu pensar no que estou dizendo, as palavras estão fora


da minha boca. — Mas por que você acha que é? — pergunto.

Ele apenas dá aquela risada contida dele e segura uma sacola de plástico
branca, com humor em seus olhos. Eu pego a sacola e olho para ele. Leva um
momento para que a minha mente descubra o que estou olhando. — Porque eu
sou o alfabeto inteiro. — eu sussurro, enquanto olho as letras pré-escolares de
plástico.

— Do A ao filho da puta do Z, Ry. — diz ele, me fazendo levantar a minha


cabeça, assim que eu pego a piscadela que ele me dá, misturada com um
preguiçoso e torto sorriso. Eu fico olhando para ele, com um sorriso idiota no
rosto. — Então, estou no comando para levá-la ao seu próximo destino. — ele
diz.

Eu olho imediatamente sobre meu ombro e me surpreendo ao ver que o


carro de Haddie desapareceu. Eu estava tão envolvida com Becks que nem
sequer a ouvi ir embora. Ele faz um gesto para eu entrar e eu me forço. No
minuto em que os nossos cintos de segurança estão presos e o motor ruge para a
vida, Becks olha para mim. — Qual foi o lugar que você provou a Colton que
novatos podem dirigir para a vitória?

Eu rio de imediato, pensando em nossa troca íntima sobre novatos e


corridas antes de perceber que Colton está se referindo a uma época mais
inocente com os meninos. — Pista de kart! — eu grito e nós saímos da garagem
para as ruas laterais.
— Sim, senhora. — ele me diz enquanto vamos para a autoestrada e
deixamos o tráfego atrás de nós. Falamos sobre isso e aquilo, mas
independentemente do quanto eu tentasse, não consegui que Becks me contasse
sobre o que o resto das pistas são ou se é o fim do jogo para esta noite. Ele
apenas sorri para mim e balança a cabeça.

Em algum momento, chegamos ao parque industrial onde Colton levou


os meninos e eu para correr de kart. — Eu vou ficar bem aqui. — Becks diz
enquanto eu pulo para fora e entro pela porta de vidro.

Meu sorriso se alarga quando eu vejo Dane e Scooter encostados ao


balcão. — Rylee! — Scooter grita e corre para me abraçar.

Eu o aperto e beijo o topo de sua cabeça antes de arquear uma


sobrancelha para Dane. — Você sabia e não disse nada para mim! — eu digo a
Dane, provocando uma risada no meu doce Scooter.

— Algumas coisas valem a pena ser sigilosas. — ele fala com um encolher
de ombros e um sorriso, antes de tirar do balcão uma sacola para entregar para
Scooter.

Eu balanço minha cabeça para ele com uma falsa encarada que o faz rir.
Eu não digo mais nada porque Scooter está basicamente saltando fora de seus
sapatos de excitação. — Está bem, Scoot... você vai me ajudar a descobrir isso?

— Posso? — ele pergunta.

— É claro! — eu digo a ele e pego na sacola uma figura de ação de plástico


do Spiderman. Lágrimas surgem imediatamente nos meus olhos, apesar do
sorriso suave formando em meus lábios.

— Qual é a resposta? O que o Spiderman faz você pensar?


E eu penso nisso por um segundo, porque há duas respostas possíveis,
mas dado que o caminho de Scooter dizer eu te amo foi o catalisador que
começou tudo isso, eu digo: — Eu Spiderman você! — e eu sei, imediatamente,
quando seu rosto entristece que errei a resposta, mas não me importo, porque
ainda tenho que lhe dizer que eu o amo. Então tento o meu outro palpite. —
Spiderman. Batman. Superman. Ironman.

— Sim! — ele grita, pulando para cima e para baixo antes de me abraçar
com força enquanto Dane e eu rimos.

Dane olha para cima e encontra meus olhos enquanto segura um


envelope. — Eu acho que as coisas são tão perfeitas quanto parecem.

— Imperfeitamente perfeitas. — digo-lhe com um sorriso tranquilo


enquanto abro o envelope.

Por que os super-heróis? Porque depois daquela noite na pista, eu

não estou mais com medo. Meu conforto de infância não é necessário,

porque tenho você, Ry. É o seu nome que eu canto agora, não deles. A pista

para o seu próximo local: — Bem-vindo às grandes ligas, Ace.

Eu rio com a lembrança dele me dizendo isso, de transformar a minha


tentativa idiota de sedução de volta para mim, o tempo todo cambaleando com
as outras palavras que ele escreveu. Que ele me mantém tão alto na relação
como ele faz com seus amados super-heróis. Meu coração está tão inchado com
o amor, que está prestes a arrebentar pelas suturas. Quando eu olho para cima
para encontrar os olhos de Dane com a visão turva pelas lágrimas, ele não diz
nada, mas seus olhos dizem tudo. Ele é único.
Eu me despeço apressada e corro para fora para o ronronar sexy do F12.
Eu deslizo para o banco e olho para um Beckett sorrindo. — Onde é a próxima,
Ry?

— O Surf Shack. — digo com um aceno de cabeça quando acabamos de


olhar um para o outro por um momento.

— O quê? — ele pergunta enquanto vira a cabeça para mim.

Eu respiro profundamente e olho pelo para-brisa, por um momento,


absorvendo tudo. — Nada, eu só estou tentando processar tudo isso... é apenas
esmagador.

— Sim, bem. — diz ele, parando o motor no semáforo. — Parece que a


porra do inferno com certeza congelou. — ele ri e eu me junto, colocando a
cabeça para trás no encosto de cabeça. Eu sou grata que Becks me permite o
silêncio para organizar meus pensamentos e refletir sobre tudo o que Colton me
disse hoje, até agora.

Paramos no estacionamento e minha mente imediatamente se lembra de


trazer Tanner aqui e Colton perto de brigar com ele. Do excesso de testosterona
e do olhar chocado em seu rosto quando o deixei sozinho aqui fora com a
rejeição. Olho para Becks e a expressão de seu rosto parece dizer — Bem, vá em
frente, então.

Eu saio e entro no restaurante para encontrar Rachel de pé na posição de


hostess. Seu sorriso é enorme e ela imediatamente diz: — Sua mesa está
esperando por você.

— Obrigada, Rachel. — eu falo enquanto me apresso por ela para ver o


que é a minha próxima surpresa. Eu suponho que seja Kyle, já que ele é o único
menino que não vi ainda. Eu saio para o pátio e me lembro de conhecer Colton
durante a nossa primeira vez aqui, aprendendo sobre o seu passado, a sua
família e como ele gosta de mim descontraída.

Quando eu olho através da nuvem de memórias, eu vejo Quinlan e Kyle


sentados à mesa - nossa mesa - com sorrisos tão amplos quanto o oceano em
volta. — Oi, pessoal!

— Ei, Ry. — Quinlan diz ao mesmo tempo que Kyle me cumprimenta. —


Então... temos mais uma pista para você.

— Seu irmão é uma coisa. — eu falo com carinho.

— Sim, acho que sim. — ela diz com uma risada. — Mas, novamente, o
amor faz isso com você. — seus olhos molhados com lágrimas quando
encontram os meus e eu vejo uma suavidade lá, uma aceitação, um
agradecimento.

Kyle interrompe nossa troca silenciosa empurrando outra caixa na minha


direção. — Abre, abre! — ele diz. — Você tem que dar a resposta certa para
ganhar a próxima pista!

Eu deslizo a tampa da caixa e começo a rir quando vejo um conjunto de


lençóis, lençóis com o alfabeto sobre eles. Quin me olha estranho e diz: —
Espero que haja uma boa explicação para isso aí, porque parece um pouco
estranho para nós, pessoas de fora.

— Oh, há definitivamente uma boa explicação. — eu rio, impressionada


que ele não se esqueceu de nada nessa caça ao tesouro. Olho para Kyle. — Nada
entre nós, exceto lençóis.

— Woohoo! — ele fala, pulando para cima e quase derrubando a mesa.


Quinlan estabiliza a mesa e envolve um braço sobre seus ombros com uma
risada. — Ela acertou. — ele diz a Quin. Ela responde com um aceno de cabeça e
ele entrega um envelope para mim.

— Devo abrir isso? — eu pergunto, embora meus dedos já estejam


coçando para destruí-lo.

— Sim. — ele grita, assustando outros clientes no restaurante.

Eu rasgo, abro e leio a nota que tem dentro:

Ry- eu sabia mais do que nunca quando não podia tê-la, o quanto eu

não podia viver sem você. Eu posso não ter dito isso com palavras, mas

pensei sobre isso muitas vezes. Onde estávamos quando falamos sobre —

Nada entre nós nunca mais, exceto lençóis?

Eu sinto que eu tenho um sorriso permanente colado no meu rosto


enquanto me despeço e faço o caminho de volta para Beckett, no carro
esperando. — E então? — ele pergunta com uma inclinação de cabeça.

— Broadbeach Road!

Nós dirigimos até a costa e à medida que nos aproximamos, minha


excitação aumenta. Estou certa que Colton está esperando por mim.
Capítulo 43

E nquanto nos

dirigimos pela Broadbeach, estou animada, nervosa e todas as emoções em


conjunto. Os portões se abrem antes de chegarmos a eles e eu nem sequer dou a
Beckett a chance de parar completamente antes de sair correndo do carro para a
porta da frente, onde Sammy está.

— Oi, Sammy! — eu digo quase sem fôlego, enquanto espero que ele se
afaste da porta.

— Você não quer sua próxima pista? — sua voz profunda ressoa e eu acho
que a minha boca abre e meus ombros se curvam, porque pensei que não
houvesse mais pistas. Eu pensei que estivesse na reta final e no caminho para
ver o Colton.

— Claro. — eu arranco. Sem pensar, de repente cubro o meu rosto para


bloquear o que Sammy está jogando para o ar. Por um minuto eu não registro.
Os pequenos brilhos de prata refletindo contra os raios do sol e então me atinge.
Cada parte do meu corpo fica atenta e arrepios cobrem meu corpo. E parece tão
engraçado, realmente, que este homem forte e intimidante está parado em meio
a uma chuva cintilante. É inestimável em mais de um sentido, porque é glitter
in the air44.

Um soluço sufoca a minha garganta conforme um sorriso se espalha pelo


rosto de Sammy enquanto ele segura uma caixa para mim. Eu pego dele, as
palavras roubadas e meu coração caindo sem medo. Quando eu abro a caixa, as
lágrimas que eu estava segurando não param, porque no interior há uma caneca
de café cheia de cubos de açúcar.

E pode parecer muito melodramático, mas o pensamento de que Colton


me ouviu naquela noite, me ouviu dizer o significado da conexão na canção da
Pink e está dizendo de volta para mim agora, junto com todos os outros gestos
que ele fez hoje à noite e isso me destrói.

Desfaz-me, me abre e me completa com uma única caneca rosa feia, cheia
de cubos de açúcar.

— Então? — Sammy pergunta, tentando suprimir o sorriso em seu rosto


por causa da minha reação super emocional para essa pista brega.

— Você me chamou de docinho. — eu digo com uma voz hesitante e um


sorriso no meu rosto.

— É isso aí! — ele ri e dá um passo ao lado, abrindo a porta atrás de si. —


Última pista. — meus olhos piscam para os seus. — Vá até o lugar em que ouviu
isso pela primeira vez com Wood.

— Obrigada, Sammy! — eu grito por cima do meu ombro enquanto corro


como uma louca pela casa e subo as escadas. Meu coração está acelerado,
minhas mãos estão tremendo e minha mente está cambaleando, desesperada
para vê-lo, tocá-lo, beijá-lo, agradecê-lo, mas quando eu chego ao pátio está

44
Música da Pink - Brilho no ar.
vazio, exceto por centenas de velas acesas espalhadas sobre cada superfície
imaginável.

Eu suspiro com a beleza das luzes suaves brilhando em meio ao céu


escurecendo, eu subo as escadas para o terraço. Passo meus dedos sobre a parte
superior de uma espreguiçadeira e ouço Glitter in the Air flutuando suavemente
nos alto-falantes e rio.

— Pink do caralho. — é sua voz divertida, que me atropela, me faz uma


refém disposta, e por mais que isso me assuste, me faz sentir em casa.

— Pink do caralho. — repito enquanto me viro para encarar Colton - o


homem que eu amo com todo o meu coração - parado à minha frente com o pôr
do sol às suas costas formando uma auréola em suas feições escuras em sua luz
suave. Tantas emoções passam por mim enquanto ele está lá, mãos enfiadas nos
bolsos de seus jeans desgastados, sua camiseta favorita, os ombros apoiados
casualmente contra o batente da porta e aquele sorriso meio tímido que derrete
meu coração enfeitando seus lábios.

— Você teve um bom dia? — ele pergunta casualmente enquanto seus


olhos varrem o comprimento do meu corpo acima e abaixo, sua língua se
lançando para molhar os lábios, que ele está lutando para não transformar em
um sorriso aberto.

E Deus, como eu quero correr para os seus braços e beijá-lo sem sentido,
meu corpo vibra com uma necessidade emocional e física tão forte, que eu
aperto minhas mãos em torno da caneca de café para impedir de me entregar. —
Eu fui a um tipo de caça sendo conduzida em círculos, mas tenho certeza que eu
estou bem no lugar ao qual pertenço agora.

— Hmm... — ele desencosta da parede e passeia lentamente em minha


direção, sexo personificado e mais alguma coisa. — E onde seria isso? — ele
pergunta, arqueando sua sobrancelha.
Sua indiferença está me matando, queimando um buraco através do fogo
que arde em mim. Tudo o que eu quero fazer é devorar este homem. Este
homem que colocou pensamentos, palavras e lembranças de nosso tempo juntos
e os envolveu em um embrulho nítido para que eu desvendasse peça por peça,
me permitindo lembrar o significado de cada um. E mais importante, ele se
lembrou de todos e de cada um. Que todos eles são tão importantes para ele
tanto quanto são para mim.

— Exatamente aqui. — eu respiro. — Eu pertenço a esse lugar, com você,


Colton. — eu vou em direção a ele - a minha necessidade, minha fixação, meu
vício eterno - e o alcanço para colocar minha mão em seu rosto quando tudo o
que eu realmente quero é puxá-lo para mim e segurar para sempre. — Obrigada.
— eu digo a ele, nossos corpos a meros centímetros de distância, mas nossos
corações inegavelmente ligados. — Estou sem palavras.

Ele deixa seu sorriso propagar e estende a mão para brincar com um
cacho do meu cabelo que está no meu ombro. Eu vejo como os seus olhos
seguem seus dedos. O fato de que ele parece nervoso com o meu elogio, o torna
muito mais doce e toda essa noite muito mais significativa.

Depois de um momento, seus olhos se movem lentamente de volta aos


meus, verde cristal nadando com emoção, um leve encolher de ombros. — Você
é a pessoa mais altruísta que eu conheço. Eu só queria fazer algo para te mostrar
o quanto isso significa para mim. Eu queria que os meninos também fizessem
parte de tudo isso, para que eles pudessem te mostrar o quanto você significa
para eles também.

Lágrimas caem dos meus olhos pela centésima vez hoje e eu engulo o
caroço na minha garganta enquanto olho para esse homem tão bonito por
dentro e por fora. Um homem, que uma vez eu pensei que fosse arrogante, que
só se preocupava com si mesmo. Um homem que me provou o contrário em
spades45.

Ou eu acho que eu deveria dizer em aces46.

Eu esfrego meu polegar em seu rosto e sorrio para ele. — Estou


perplexa... realmente impressionada... com o tanto que se dedicou para isso. —
eu olho para baixo por um momento para tentar estabilizar a oscilação na
minha voz. — Ninguém nunca fez algo assim por mim antes.

Ele se inclina e desliza o mais doce dos beijos contra meus lábios. Eu
tento aprofundar o beijo, voraz pelo resto dele, o som de seu suspiro, o calor do
seu toque, mas ele recua, beija a ponta do meu nariz e depois descansa sua testa
contra a minha. Ele traz sua mão até alcançar a outra, dedos entrelaçados no
meu cabelo enquanto as palmas embalam meu maxilar.

— Então uma espécie de primeira vez. — ele diz, o calor de sua respiração
aquecendo meus lábios.

— Sim. — eu exalo uma respiração instável, meu coração retumbando.

— Bom, porque, Ry, eu quero ser o seu primeiro, seu último e cada
maldita coisa no meio. — ele enfatiza cada palavra como se doesse dizê-las.

Meu coração aperta porque as esperanças e sonhos que eu desejava para


nós são agora uma possibilidade, mas antes que eu possa realmente
compreender a realidade disso, ele se inclina para trás e olha nos meus olhos.
Ele olha para mim com tanta intensidade, que é como se ele estivesse me vendo
pela primeira vez e então ele me faz uma pergunta que eu não estava esperando.
— Por que você me ama, Rylee?

45
spades - declaração que é feita enfaticamente; sem sombra de dúvida.
46
Jogo de palavras, devido ao apelido Ace. Aqui, faz referência à melhor maneira.
Eu levanto minha cabeça e olho para ele, tantas coisas passam pela
minha mente que não consigo expressar, então eu só rio. Ele olha para mim
estranhamente e eu aproveito a pausa para pegá-lo desprevenido e agarrar a
parte de trás de seu pescoço e puxá-lo para mim.

Meus lábios estão nos seus num piscar de olhos, minha língua deslizando
entre seus lábios entreabertos e fundindo com a sua. Eu posso sentir a sua
surpresa na tensão de seus lábios, mas se dissipa em segundos enquanto suas
mãos imitam as minhas e se enrolam nos cachos do meu cabelo conforme nós
mergulhamos na ternura suave do beijo. Eu mostro porque eu o amo com a
carícia da minha língua, no gemido satisfeito em minha garganta, minha
necessidade não correspondida de ter sempre mais dele.

E apesar disso ainda não é o suficiente para mim, eu me afasto com o seu
gosto na minha língua e olho em seus olhos. — Eu te amo, Colton Donavan, por
muitos motivos. — eu tenho que parar porque a emoção me domina e eu quero
que ele veja os meus olhos enquanto eu digo isso a ele, para que ele saiba com
certeza por que eu me sinto assim.

— Eu te amo por quem você é, por tudo o que não é, de onde você veio e
para onde você quer ir. — eu deixo um sorriso suave tocar meus lábios e olho
para ele, o homem que eu amo tanto e me permite sentir tudo o que estou
dizendo a ele. — Eu amo o seu sorriso de menino, escondido sob seu sorriso de
escárnio de bad boy. Eu te amo porque você me deixou entrar, me entregou seu
coração, confiou a mim os seus segredos e me deixou ver um lado seu que
ninguém mais conseguiu chegar... que você tenha me deixado ser a primeira. —
minha voz falha nas últimas palavras e lágrimas enchem meus olhos enquanto
olho para ele, tomada pela emoção.

— Eu amo que você tenha afeição por algodão doce e carros sexys. Eu
amo essa covinha aqui... — eu me inclino e dou um beijo onde ela está escondida
—... e eu amo isso aqui. — eu digo, correndo a mão sobre a barba em seu rosto.
— E eu amo estes aqui, quando você está pairando sobre mim, prestes a fazer
amor comigo. — eu digo, apertando seus bíceps, que ele flexiona e abre um
sorriso. — Mas, mais do que tudo, eu amo o que está aqui. — eu me inclino para
frente e pressiono um beijo em seu peito, onde seu coração troveja sob meus
lábios. Eu os mantenho pressionados lá, momentaneamente, antes de olhar
para ele sob meus cílios e terminar, com a razão mais importante de todas. —
Porque o que está aqui, Colton, é puro, bom, intocado e tão incrivelmente lindo
que me deixa sem palavras, como foi hoje... como é agora.

Ele olha para mim, músculo pulsando em seu maxilar, enquanto ele tenta
aceitar tudo o que acabei de dizer a ele. Nossos olhos estão bloqueados, as
nossas almas estão à mostra e nossos corações estão aceitando tudo o que o
outro é, que estamos perdidos em nossas palavras não ditas.

Dentro de um piscar de olhos, ele me puxa para ele, envolve seus braços
em volta de mim e me segura firme. — Porra, eu te amo. — diz ele com seu rosto
enterrado na curva do meu pescoço e eu posso sentir o desnível de seu hálito
quente, enquanto ele tenta se recompor.

O desespero em seu toque e em suas palavras cimenta tudo entre nós,


enquanto nos agarramos um ao outro.

— É disso que estou falando. — ele murmura, pressionando um beijo na


lateral do meu pescoço, sua boca sussurra em meu ouvido. — Esta noite era para
ser sobre você - completamente sobre você - e ainda assim, você me deu tanto,
que eu mal posso respirar agora, porra.

Ele se inclina para trás e a emoção em seus olhos é avassaladora.


Garotinho, homem adulto e rebelde perigoso estão todos olhando para mim
agora, todos dizendo que me amam. Ele respira fundo e engole em seco.

— É impossível ficar perto de você, Ry, e não ser movido de alguma


forma, de alguma maneira. Você me deixa com a língua presa e faz o meu
maldito estômago revirar metade do tempo. — ele balança a cabeça e eu sorrio
para ele, tão tocada por seus elogios. Ele estende a mão e tira uma mecha de
cabelo do meu rosto. — Você me amou pelo meu lado mais escuro. — ele
sussurra e rouba meu fôlego.

A dura realidade de suas palavras faz com que arrepios dancem sobre a
minha pele e eu estou sem palavras. Seus olhos brilham com a umidade
enquanto ele morde o lábio inferior, antes de encontrar as palavras que ele
precisa para concluir e se expressar.

— Você me amou quando eu me odiava. Quando eu te afastei e tentei te


ferir de modo que você não pudesse ver... tudo do meu passado. Você aceitou o
meu medo e me amou por causa disso. — ele balança a cabeça. — E então você
me agarrou pelas bolas e me disse não negociável. — nós dois rimos com as suas
palavras, a leveza do comentário nos permitiu expulsar um pouco da energia
reprimida dessa conversa inesperadamente intensa.

— E continua assim. — eu digo para ele com um sorriso e ele se inclina


para a frente e desliza seus lábios contra os meus.

— Eu... — ele suspira. — Ry, você tem me dado tão malditamente tanto e
hoje eu só queria que você soubesse que entendi. Que eu o aceito agora e sinto
de volta. — ele enfia a mão pelo cabelo e fecha os olhos por um instante, seguido
por aquele sorriso tímido que eu amo, retornando aos seus lábios.

Ele começa a falar e depois cessa para limpar a emoção estrangulando


suas palavras antes que ele volte e encontre meus olhos. — Você me deu
esperança quando pensei que eu fosse um caso perdido. Você me ensinou que o
desafio é sexy pra caralho, que as curvas são definitivamente a minha kryptonita
e fodam-se as loiras, porque as morenas são muito mais divertidas. — eu rio,
aproveitando o retorno do meu bad boy arrogante enquanto ele esfrega as mãos
sobre o rosto, o som dele esfregando a barba chiando pelo ar. — Eu estou
divagando pra caralho aqui... não fazendo muito sentido, então tenha paciência
comigo.
— Não há nenhum outro lugar que eu preferiria estar, Colton. — eu digo,
enquanto ele me leva a uma espreguiçadeira. Sento e ele se inclina e se ajoelha,
no chão à minha frente, seu corpo na junção das minhas coxas, suas mãos
segurando minha cintura.

— Ry, perguntei por que você me ama, mas o que eu realmente queria era
dizer todas as razões pelas quais eu amo você. Para mim é importante saber que
você não duvida dos meus sentimentos por você... porque, porra, Ry, você
nocauteou minha bunda. Você era a única coisa que eu nunca quis - nunca,
jamais esperei na minha vida - e foda-se se posso viver sem você agora. — ele ri
de sua admissão, enquanto o meu sorriso se alarga. — Você me testa e me
desafia a olhar para as verdades que eu não quero encarar e é teimosa como o
inferno, mas Deus, baby, eu não iria querer você de outra maneira. Não iria nos
querer de outra maneira. — ele coloca as mãos sobre meus ombros, os polegares
acariciando o côncavo entre a minhas clavículas, enquanto ele balança a cabeça
e continua.

— Eu acho que eu sempre soube que você era muito mais... mas eu soube
que eu estava apaixonado por você na noite do evento das crianças... você estava
naquele jardim e me empurrou para dar uma chance... me desafiou a te amar. —
sua voz rompe com a emoção das lembranças daquela noite.

— E então fizemos sexo no Sex. — eu acrescento com uma risada que é


recompensada com um gemido sexy como o inferno do fundo de sua garganta.

— Porra, Ry, entre escadas, capôs de carro e algodão doce, eu nunca vou
ser capaz de escapar de pensar em você. — ele fala arrastado.

— Esse foi o meu plano o tempo todo. — eu brinco com um sorriso.

— Ah, é mesmo? Você tem jogado comigo esse tempo todo?


— Uh-huh. — eu digo. — Odeie o jogo e não o jogador, certo? — eu rio. —
Bem-vindo às grandes ligas, Ace. — o comentário sai da minha boca em um
flash e meu sarcasmo é recompensado pelo sorriso que eu amo se espalhando
por seus lábios. Ele balança a cabeça, se inclina para provocar meus lábios com
os dele e me surpreende, aprofundando o beijo. Sua língua tenta e me
atormenta, desejo enrolando e necessidade apertando todos os músculos ao sul
da minha cintura antes que ele se afaste.

— Veja. — ele sussurra — É por isso que eu te amo. Não são as grandes
coisas que você faz, mas a porra das milhões de pequenas coisas que você nem
sequer sabe que está fazendo. Você está me fazendo rir, porque sabe que fico
desconfortável falando sobre esse tipo de merda e está bem com isso. É por me
fazer ver o mundo sob uma forma diferente, como sorvete no café da manhã e
panquecas para um jantar. — ele balança a cabeça e olha para baixo
momentaneamente.

— E é por isso que eu te amo. — eu digo a ele. — Porque não importa o


quão desconfortável você fica se expressando, você sabe que eu preciso ouvir e
está tentando... inferno, você me impressionou no parque hoje. Isto foi - você é -
perfeito.

— Eu estou tão longe de ser perfeito, Ry. — ele fala com uma risada
autodepreciativa.

Estendo a mão e o toco, passo a mão sobre a linha de seu maxilar. — Você
é o meu tipo de perfeito, Colton.

Ele sorri suavemente para mim, seus olhos de repente se tornam tão
intensos e graves. — Não, eu acho que você não entendeu, Ry, e não sei mais
como dizer isso... — ele estende a mão e pega meu rosto de novo, segurando
minha cabeça com as mãos trêmulas para que meus olhos travem com os seus.
— Eu quero ser sua bandeira quadriculada filha da puta, Rylee. Seu safety car
para guiá-la em tempos difíceis, seu pit stop quando você precisar de uma
pausa, sua linha de partida, sua linha de chegada, sua maldita plataforma da
vitória.

Suas palavras roubam as minhas e alimentam a necessidade que eu sinto


desde o nosso primeiro encontro. Por mais que eu tivesse tentado lutar contra o
sentimento naquela noite fatídica, eu queria ser dele. Queria muito mais do que
uma sessão de amassos em um corredor nos bastidores. Eu queria toda a
maldita corrida com ele.

— Seu troféu. — reflito com um sorriso suave, lembrando nossa conversa


pela manhã após a nossa primeira vez juntos e eu sei que ele se lembra, porque
ele devolve o mesmo sorriso para mim.

— Não. — ele sussurra, se inclina para a frente e pressiona seus lábios nos
meus. — Você é muito mais do que um troféu, Rylee. Troféus são irrelevantes
quando tudo está dito e feito... mas você? Você nunca poderia ser irrelevante.
— eu posso sentir seus lábios se curvarem em um sorriso.

— Não, você e eu juntos... isso faria de você meu. — eu digo com um


sorriso, enquanto contribuo com um momento memorável do nosso passado.

— Essa é boa. — ele admite, se inclinando para trás com um sorriso


diabólico no rosto bonito. — Minha vez. — ele diz, lambendo os lábios antes de
seu sorriso irônico voltar. — Há alguém, cuja bunda tenho que chutar antes que
possa tornar isso oficial? — ele fala, com uma risada, me desafiando a lembrar
de suas palavras.

Eu balanço a minha cabeça, sorrindo enquanto seus dedos trilham até


meus braços e seus olhos me provocam a recordar. Seu toque é uma distração,
mas eu me lembro. Eu pisco para ele. — Tornar o que oficial, Sr. Donavan? — eu
pergunto e quando eu olho em seus olhos, fico surpresa com seu olhar intenso.

— Isso, Rylee. — ele respira. — Tornar isso oficial. — ele diz.


Eu ofego, minha mão voando para cobrir minha boca quando eu olho
para o anel de noivado brilhante. Estou tão agradecida por estar sentada,
porque o mundo está se movendo em torno de mim em um borrão. Tudo o que
posso me concentrar é nesse homem magnífico diante de mim, me pedindo para
fazer o meu mundo completo. Um mundo que eu nunca pensei que existiria
para mim.

Lembro-me de respirar, mesmo que ainda não possa confiar em mim


para formar palavras apropriadas, então só olho para ele, meu corpo coberto de
arrepios, apesar do calor do seu amor pulsando em mim. Eu fico olhando para
ele através dos olhos turvo de lágrimas e aceno sutilmente em estado de choque.
Eu não desvio meus olhos dos dele, porque posso ver que este momento
significa tanto para ele quanto para mim.

— Torne isso oficial comigo, Rylee. — ele fala, com a voz segura, mas as
mãos instáveis . Eu amo o fato de que ele está nervoso, que eu significo tanto,
que ele está preocupado que eu diga não.

— Eu disse a você uma vez que, se eu não podia dizer as palavras, eu faria
qualquer coisa para provar o que eu sinto por você. Bem, eu posso dizer as
palavras agora, baby. Você me mostrou como. Eu te amo. — seus olhos seguram
os meus, mas não posso deixar de olhar para aquele sorriso tímido dele, que é
dono do meu coração. — Eu amo quem você é e o que você me faz. Eu amo que
sua faísca tenha parado o borrão. Que você quis correr comigo. Que eu não
preciso mais dos super-heróis, porque, em vez disso, eu preciso de você. — ele
balança a cabeça um pouco e ri nervosamente antes de começar de novo.

— Merda, já fizemos a parte para o melhor ou pior e na saúde e na


doença, então vamos fazer o até que a morte nos separe também. Construa uma
vida comigo, Ryles. Comece comigo. Termine comigo. Complete-me. Seja a
minha primeira e única. Seja a minha maldita linha de chegada e a porra da
minha bandeira quadriculada, porque Deus sabe que vou ser seu se você me
deixar. Case comigo, Ry?
Lágrimas estão escorrendo por nossos rostos e eu estou tão
sobrecarregada com a beleza de suas palavras e com o derramamento de sua
alma que não consigo falar, então, em vez disso, eu mostro. Eu me inclino para a
frente e pressiono meus lábios nos dele, o sabor de sal, misturando em nossos
lábios enquanto me entrego neste beijo.

E então eu começo a rir com os meus lábios pressionados contra os dele,


e as emoções correm desenfreadas por mim. Eu não consigo evitar. Eu me
inclino para trás e irrompo em lágrimas, enquanto ele olha para mim.

— Você está me matando aqui, Ry... — sua voz oscila, uma mistura de
exasperação e ansiedade. Seus olhos seguram os meus - pedindo, suplicando,
implorando - e eu percebo que sem dúvida eu sei a resposta, mas nunca lhe
disse.

— Sim, Colton. — eu digo, minha voz escalada com emoção conforme


mais lágrimas se formam. — Sim, eu vou me casar com você.

— Obrigado Cristo! — ele suspira e balança a cabeça, adoração total em


seu olhar para mim. Meus olhos ainda estão fixos nos dele, mas sua mão se
estende para pegar a minha. Ele quebra a nossa conexão e olha para baixo,
levando meu olhar para vê-lo deslizar o diamante amarelo, emoldurado por
diamantes menores, no meu dedo anelar.

Ficamos em silêncio enquanto olhamos para ele, a enormidade do


momento nos atingindo. O anel é lindo e enorme, mas uma aliança de ouro
simples teria feito o mesmo efeito, porque quando eu olho para cima, lá está o
meu verdadeiro prêmio. Cabelo escuro, olhos verdes, maxilar com barba por
fazer e um coração que me possui: mente, corpo e alma.

— Eu te amo. — eu sussurro.
— Eu também te amo. — ele diz e pressiona um beijo nos meus lábios e,
em seguida, joga a cabeça para trás e ri antes de gritar a plenos pulmões: — Ela
disse sim!

Eu fico assustada com seu grito, mas depois eu entendo quando ouço um
rugido de aplausos e uma correria para a beira do terraço. Quando eu olho para
baixo, fico chocada ao ver todo mundo olhando para nós, do pátio abaixo. Todo
mundo de hoje, incluindo os nossos pais.

Eles estão todos aplaudindo e assobiando e tudo que eu posso fazer é


balançar a cabeça e aceitar a felicidade deles. Eu aceno para todos eles,
segurando a minha mão para mostrar o meu anel e comemorar com eles.

Olho para Colton e as emoções me engolem inteira. Eu o amo com todo


meu coração. Sem questionamentos. Sem hesitações. Sem medos.

— Ei, Ryles. — ele diz me puxando. — Se eles vão olhar... — ele levanta
uma sobrancelha e sorri quando vê o anel na minha mão esquerda, descansando
em seu bíceps.

Eu jogo minha cabeça para trás e rio antes de completar a fala dele. —
Podemos dar-lhes um bom show.

Ele levanta uma sobrancelha para mim. — Porra, eu te amo, brevemente-


Sra. Donavan. — ele diz vagarosamente, calafrios dançam na minha coluna e um
sorriso se espalha nos meus lábios, quando ele se inclina e me beija.

Os aplausos sobem para um nível desenfreado abaixo, mas tudo que eu


ouço é o suave gemido de Colton. Tudo o que sinto são todos os lugares em que
os nossos corpos estão se tocando. Tudo o que conheço é esse calor se
espalhando dentro de mim, tomando conta, é encontrando permanência.

Tudo o resto desaparece.


A multidão abaixo.

O mundo além.

Porque eu tenho, tudo que preciso, bem aqui nos meus braços.

A única coisa que nenhum de nós jamais queria, acabou por ser a única
coisa sem a qual não queremos mais viver sem.

Um ao outro.
Capítulo 44

Um ano mais tarde

V ocê está

atrasada. Quem você pensa que é, a noiva ou algo assim?

É tudo o que o texto diz e eu rio e tento digitar uma reposta, mas não
consigo porque minhas mãos estão tremendo. Eu não consigo firmá-las ainda
que eu precise. Se minha mãe entrar, vai pensar que eu estou nervosa. Vai achar
que tenho dúvidas e que estou perdendo a coragem.

E essa é a coisa mais distante da verdade.

Porque eu estou tão pronta para mergulhar de cabeça. Tão animada para
vê-lo, beijá-lo, para me tornar oficialmente sua, estou saltando para cima e para
baixo de entusiasmo. Meu estômago se agita, porque mal posso esperar para ver
seu rosto - a melhor parte de um casamento eu acho - quando ele vai me ver
pela primeira vez.

Eu olho para o meu telefone e respondo.

Eu posso me atrasar, se eu quiser. É o meu casamento. Regra número


um. A noiva - esposa - sempre tem razão. Não negociável.
Eu olho para fora da janela do nosso quarto para o deck abaixo e percebo
que o terraço foi transformado em um paraíso tropical. Nossos familiares mais
próximos e amigos se movendo, os meninos estão todos vestidos com seus
smokings correspondentes, se conduzindo aos seus lugares.

Aproveito esse momento tranquilo, longe do frenesi que governou a


minha manhã e o caos que eu sei que vai acontecer em breve. Meus últimos
momentos como Rylee Thomas. Vestida de branco - cada grama minha
enfeitada e guarnecida à perfeição de princesa - com uma simples exceção que
eu me recusei a ceder.

Eu olho no espelho para faixa quadriculada em preto e branco que


envolve a minha cintura e cai na parte de trás do meu vestido. Minha pequena
ode à Colton e nossa piada particular.

Meu telefone toca.

Já estabelecendo regras e não estamos nem casados ainda? Uma certa


mulher pode precisar ser fodida à submissão mais tarde. Minha regra número
um: Você pode estipular qualquer regra que quiser, baby, mas no quarto eu
sou o único que faz as regras.

Eu rio, meu corpo já tão tenso com a necessidade que eu sei que seu
simples toque me fará detonar. Eu sorrio, pensando no tema da bandeira
quadriculada que é transferido para minha roupa íntima e o gemido que vou
ouvir quando Colton descobrir isso mais tarde. E estou tão desesperada por essa
parte, considerando que eu não o deixei me tocar durante o mês passado,
independentemente do quanto ele implorou e suplicou. Mas quando eu decidi
quebrar minhas próprias regras - ceder ao meu próprio desejo de querê-lo, fazer
amor com ele - ele me rejeitou. — Bem-vinda às grandes ligas. — sua escolha
preferida de comentário.
Ace, você já domina minha mente, coração e alma... no quarto é
apenas um bônus adicional. Além disso, desde quando você segue as regras?

Eu aperto enviar e inspiro profundamente e sorrio para o meu reflexo.


Cabelo preso com cachos soltos caindo desordenadamente, olhos brilhantes e
sem dúvida, tão pronta para caminhar até o altar, para o homem com que eu
quero passar o resto da minha vida. O meu olhar captura o brilho das tradições
de casamento que estou usando. Pego meu celular de volta.

Eu amei meu presente. Não precisava. Obrigada. Mal posso esperar


para vê-lo.

Eu vou apertar para enviar e, em seguida, paro, precisando dizer a ele do


nosso jeito. Então, adiciono ao texto,

Unconditionally, Katy Perry.

Lágrimas embaçam a minha visão enquanto penso nele e corro meus


dedos sobre a pulseira em torno do meu pulso. O presente que ele deixou para
mim em minha cômoda. Quando eu abri, a testa da minha mãe franziu, mas eu
ri das letras do alfabeto unidas com alternância de diamantes e safiras.

Meu algo azul e algo novo.

Meus olhos se concentram nos brincos de diamante que a minha mãe


usou quando se casou com o meu pai e eu espero que nós possamos ter um
casamento tão bem sucedido e amoroso como o deles.

Meu algo velho.

Meu coração dói ao lembrar do olhar no rosto de Had a noite passada,


quando ela ofereceu a simples tiara para eu usar. — Você é a única irmã que me
resta agora. Eu gostaria que você a usasse.
Meu algo emprestado.

Eu fecho meus olhos por um momento, as emoções ameaçando me


dominar enquanto absorvo tudo isso. Enquanto gravo no meu cérebro o que isso
significa - mudança de vida e ao mesmo tempo tão cheia de emoção, tudo junto.
E então minha mente voa em direção ao homem que mal posso esperar para
passar a minha vida com ele. O homem que me pegou naquele primeiro dia e
apesar de alguns solavancos, nunca me deixou cair - exceto mais apaixonada por
ele. Todos os dias.

O que Colton está pensando e sentindo agora? Ele está tenso? Nervoso?
Será que ele tem tanta certeza quanto eu?

Meu telefone toca de novo.

Acostume-se a ser mimada. Não vai demorar muito agora. Você sabe o
quanto eu te amo, porque estou entregando as minhas bolas
momentaneamente para digitar o título próxima música, mas foda-se, se isso
não é verdade - Halo, Beyoncé. Ufa. Bolas de volta no lugar agora. Ei, há um
monte de mulheres de vestido aqui, como vou saber qual é você?

As palavras da canção me batem ao mesmo tempo que o seu sarcasmo e


eu emito uma risada chorosa, meu corpo não tem certeza qual emoção deve
comandar. E eu decido deixar todas rolarem - cada uma delas - porque esse é
aquele tipo de dia único na vida.

E porque eu me permito sentir tudo agora, tudo que eu quero é ele,


desesperadamente. Eu aprecio todos os convidados estarem aqui, mas eu não
poderia me importar menos sobre toda a pompa e circunstância, porque o que
mais importa é o homem que estará esperando por mim no final do corredor.

Eu pego meu telefone, uma última vez, um leve sorriso no meu rosto e
digito
Eu serei aquela de branco.

A batida na porta me tira dos meus pensamentos. — Entre.

— Você está pronta, querida?

A voz da minha mãe puxa todas as emoções rolando por mim, e eu tenho
que lutar contra a queimadura na parte de trás da minha garganta. Eu continuo
dizendo a mim mesma para não chorar - que vou estragar minha maquiagem -
mas eu sei que é inútil. Eu derramei uma vida inteira de lágrimas ao longo dos
últimos três anos e meio; eu tenho o direito de estragar a maquiagem com
lágrimas de alegria agora.

— Sim, eu estou. — eu olho para a minha mãe e meus lábios se curvam


em um sorriso suave que reflete o dela. Ela me encara fixamente, o orgulho,
juntamente com uma pontinha de tristeza por estar me deixando ir, está
evidente em seus olhos azuis. — Não comece. — eu advirto, porque eu sei que se
ela começar a chorar, também vou.

— Eu sei. — ela funga e então ri quando coloca as mãos em ambos os


lados do meu rosto e olha nos meus olhos. — Ele é único, Ry. Mãe sabe dessas
coisas. — ela balança a cabeça, um sorriso suave em seu rosto antes de
responder à pergunta em meus olhos. — Ele dança na chuva com você. É assim
que eu sei.

Eu engulo as lágrimas novamente quando me lembro de seu conselho no


dia em que nós deixamos o hospital. Sobre como a vida não é como você
sobrevive à tempestade, mas como você dança na chuva. E se eu tivesse
qualquer dúvida sobre o que eu estava prestes a fazer, teria desaparecido em um
instante com seu simples comentário.

Nada como selo de aprovação de minha mãe para fazer o meu momento
muito mais doce.
Estou prestes a dizer algo quando Haddie vem passando pela porta. —
Hora de balançar a bandeira, baby, porque é hora do altar! — ela fala com um
silvo. — Caramba, mulher!

— Obrigada. — eu rio quando ela e minha mãe começam a levantar o meu


vestido e nós nos movemos em direção à escada, as notas suaves de A Thousand
Years estão sendo tocadas em um violão abaixo. As palavras revelam tudo o que
eu sinto sobre o homem esperando por mim.

Quinlan nos dá o sinal verde no andar de baixo que sinaliza que Colton
está na posição e não pode me ver. Minha mãe e Haddie me ajudam com a
cauda ao descer as escadas, para que eu não tropece e quebre o tornozelo.
Chegamos ao piso inferior e minha mãe me puxa para um abraço apertado antes
de se afastar, sorrindo para mim com tantas emoções nadando em seus olhos.

— Eu sei. — eu sussurro para ela com um aceno de cabeça, enquanto


Shane vem para acompanhá-la ao seu lugar.

Eu sinto uma mão no meu braço e viro para encontrar o sorriso suave do
meu irmão parecendo tão bonito em seu smoking. Tanner bloqueia os olhos
comigo e balança a cabeça. — Isso definitivamente não é se fantasiar na casa da
Vovó. — ele brinca, amor refletido em seus olhos quando ele alcança e agarra
minhas mãos. — Você está pronta para fazer isso, Amiguinha?

Eu aceno com a cabeça vigorosamente, emoção obstruindo minha


garganta, enquanto me lembro de quando éramos pequenos e costumávamos
brincar de casamento na casa de nossa avó. Gummy lifesavers47 como anéis de
casamento e bichos de pelúcia como convidados. — Nunca estive mais pronta. —
eu digo a ele, o beijando no rosto, enquanto os olhos do meu irmão
normalmente estoicos, se enchem de lágrimas.

47
Bala de goma.
— Você está deslumbrante. — ele balança a cabeça em descrença mais
uma vez, antes de dar um beijo suave na minha bochecha.

— Pai? — eu pergunto, procurando por cima do ombro pelo nosso pai.

— Tentando se recompor. — diz ele com uma piscadela. — Não é todo dia
que você entrega sua garotinha. Ele estará aqui em um segundo. — eu aceno
para ele e, em seguida, ele se vira para ir ficar ao lado de Quinlan, que já está
uma bagunça chorando. Ela encontra meus olhos e balança a cabeça, um
reconhecimento silencioso de que se falar agora vamos ambas estar chorando
tanto que não vamos nos recuperar.

— E aí está a mulher que é responsável por centenas de mulheres


chorando em seu café hoje. — eu viro a cabeça para encontrar o homem que eu
aprendi a amar ao longo do ano passado.

— Becks. — é tudo o que posso dizer, mas a admiração no meu tom diz
tudo o que ele precisa saber. Eu o adoro de tantas maneiras, no mínimo por
empurrar Colton e eu juntos, quando tudo o que queríamos era separar.

— Ei, linda. — ele diz. — Você tem tempo para pular fora, se quiser. Seu
ego só vai ficar maior depois que ele pegar o prêmio final de hoje.

Meu coração aperta com suas palavras. — Só se você estiver dirigindo. —


eu brinco e tomo uma respiração profunda para domar minhas emoções.

— Não, ele pode realmente chutar a minha bunda por isso. — ele ri
baixinho enquanto me puxa para um abraço. — Ele está esperando por você. —
ele sussurra em meu ouvido antes de sair acenando para mim.

Suas palavras atingem o alvo e tudo ao meu redor entra em foco


cristalino. A música. Haddie e Quinlan em seus vestidos pretos clássicos e
buquês vibrantes. Tanner balançando em seus calcanhares, tentando ser
paciente, mas esperando ansiosamente a recepção para que ele possa tirar a
gravata borboleta. Os acordes do violão. O zumbido de tudo girando à minha
volta. Meu coração trovejando em antecipação, para além das palavras.

Estou tão pronta para isso.

Haddie chega mais perto, minha amiga durona tem lágrimas nos olhos, e
começa a corrigir a minha cauda ao meu redor. Ela termina e olha para mim
com um sorriso. — Basta lembrar, o casamento vai ser difícil às vezes. Quando
for, use um vestido com um zíper nas costas.

Eu rio e olho para ela como se fosse louca.

— Ele vai ter que tocar em você para ajudá-la a se despir e o que estiver
por baixo vai fazê-lo esquecer o que quer que seja que estiver chateando-o. — ela
levanta as sobrancelhas. — Então virá a melhor parte, sexo de reconciliação. —
ela ri me fazendo revirar os olhos.

— Obrigada, Had. — eu digo a ela com um aceno de cabeça, porque


mesmo que eu tenha certeza sobre o que estou prestes a fazer, meu estômago
simplesmente despencou para os meus pés.

— Eu te amo, Ry. — ela pressiona um beijo em minha bochecha enquanto


eu mordo meu lábio e aceno com a cabeça. — Um para sorte. — ela sussurra
para mim.

— E um para coragem. — eu sussurro de volta e beijo seu rosto, não


necessitando de tequila dessa vez porque já estou alta o suficiente com a
emoção.

Ela começa a caminhar em direção a Beckett, enquanto Quinlan e Tanner


iniciam a caminhada pelo corredor, mas para e vira. — Ei, Ry?
— Sim?

— Hoje vai passar incrivelmente rápido. Tudo vai te atingir a cem


quilômetros por hora. Certifique-se de parar e absorver tudo, para que você
possa realmente se lembrar do primeiro dia do resto de suas vidas juntos.

Eu não posso sequer respirar, estou tentando duramente não chorar


agora. Concordo com a cabeça e exalo um suspiro alto, tentando me recompor.
Nossos olhos se fixam, palavras não ditas passando entre nós, antes dela se
virar, enroscar seus braços aos de Beck e começar a sua caminhada.

Eu espreito em volta da cortina, querendo ver tudo, absorver tudo, mas


tudo o que meus olhos fazem é procurar por ele. E de onde estou, eu não consigo
vê-lo. Então eu olho para a nossa família e amigos. A equipe de Colton, os meus
conselheiros, nossas famílias preenchem as cadeiras e assistem quando nossos
melhores amigos caminham até o altar juntos. Eu pego o olhar de Dorothea, seu
sorriso alargando e movimentado com a boca ‘maravilhosa’ para mim antes de
cutucar Andy. Ele vira a cabeça imediatamente e nossos olhares travam antes
que ele acene com a cabeça sutilmente, a expressão em seu rosto cheia de
admiração e gratidão.

— Você está pronta, garota?

A voz do homem que eu costumava comparar todos os homens está atrás


de mim, e eu sei que vou perder isso. Eu me viro e olho para o meu pai, tão
incrivelmente bonito, e todo o meu corpo treme com o pensamento de que eu
vou deixar de ser sua garotinha depois de hoje. Eu respiro um suspiro trêmulo e
ele olha para mim, incapaz de esconder as lágrimas enchendo os cantos de seus
olhos.

— Você fez bem, Ry. — ele acena com a cabeça, queixo forte tremendo de
emoção.
E a minha primeira lágrima desliza pela minha bochecha depois de ouvir
o que cada garotinha quer de seu pai, aprovação - especialmente sobre a pessoa
que eu escolhi para passar o resto da minha vida.

— Obrigada, pai. — eu não consigo administrar muito mais sem que as


comportas se abram e eu sei que ele se sente da mesma maneira, porque nós
desviamos o olhar.

Canon de Pachelbel começa e calafrios cobrem meu corpo. É a minha


deixa. Meu pai oferece o cotovelo para mim e eu coloco a minha mão através
dele, o segurando uma última vez. Ele sempre será meu herói e aquele que vou
procurar por conselho, mas é hora de avançar em direção ao homem com quem
vou construir novas memórias.

Meu futuro.

Meu era uma vez.

Meu felizes para sempre.

— Nunca vi você mais linda. — ele sussurra para mim enquanto entramos
pela porta e meus olhos borram com lágrimas não derramadas. — Seu marido
está esperando.

Essas palavras agridoces - um pai deixando sua garotinha ir - quase me


quebram e eu forço o caroço na minha garganta para manter a distribuição de
água afastada.

Puxo uma respiração profunda e olho para as pétalas de rosas coloridas


espalhadas pelo corredor de tecido branco à minha frente. Eu pisco a umidade
dos meus olhos, porque quando eu levantá-los para ver Colton, pela primeira
vez, eu quero que esse momento seja bem claro. Sem impedimentos. Perfeito.
Assim como o amor que sinto por ele.

Damos o primeiro passo. Eu ouço o farfalhar de nossos convidados


enquanto eles se esforçam para me ver e murmúrios abafados quando o fazem.
Eu ouço os acordes do violino e o clique das câmeras. Eu sinto meu pulso
trovejar em minhas veias e sinto o tremor no braço do meu pai quando fazemos
o mais importante dos passeios juntos. Sinto o cheiro das flores que enchem o
terraço, misturado com a brisa suave do oceano. Tento absorver tudo, seguir o
conselho de Haddie e memorizar todos os detalhes.

E, acima de tudo isso, eu ouço Colton inalar quando caminho para ser
vista e eu não posso esperar mais. Cada parte do meu corpo está vibrando em
antecipação.

Eu olho para cima.

E os meus pés se movem.

Mas o meu coração para. E bate novamente.

Minha respiração perfura meus pulmões quando eu fixo com os olhos de


Colton e absorvo o olhar atordoado em seu rosto. O homem que é sempre tão
seguro de si mesmo parece como se o mundo tivesse parado, inclinado e girado
para fora do eixo.

E o engraçado é que... parou, a partir do momento em que ele me pegou


em seus braços.

Nossos olhos permaneceram bloqueados. Mesmo quando eu beijo o meu


pai na bochecha e ele aperta a mão de Colton antes de ir se sentar com a minha
mãe. Mesmo quando Colton pega minhas mãos e balança a cabeça com uma
pequena risada e diz: — Bela bandeira quadriculada.
— Eu estava com medo que você não saberia quem eu era. — eu brinco e
sinto que posso respirar pela primeira vez durante todo o dia. Meu coração está
martelando e minhas mãos estão tremendo, mas ele me pegou agora.

— Baby, eu saberia onde você está, mesmo que fosse cego. — e aquele
sorriso, aquele que ilumina seus olhos e aquece minha alma, se espalha por seus
lábios. Eu fico tão perdida em seu olhar e as palavras não ditas que estão
expressando que eu nem sequer percebo que a nossa juíza começou a cerimônia
até Colton olhar para ela e depois para mim. O verde de seus olhos brilhando
com emoção e seu sorriso suaviza quando ele olha para mim.

— Rylee. — ele diz, balançando a cabeça sutilmente enquanto olha para


nossas mãos e, em seguida, para mim. — Eu era um homem correndo pela vida,
a ideia do amor nunca cruzou o meu radar. Isto apenas não era para mim. E
então você bateu em minha vida. Você viu o bom em mim, quando eu não vi.
Você viu possibilidade, quando eu vi nada. Quando eu te afastei, você voltou dez
vezes mais persistente. — ele ri baixinho. — Você me mostrou o seu coração,
uma e outra vez. Você me ensinou que a bandeirada final é muito mais valiosa
fora da pista do que nela. Você trouxe luz à minha escuridão com o seu
altruísmo, sua audácia... — ele estende a mão e esfrega o polegar sobre meu
rosto para enxugar as lágrimas que estão silenciosamente correndo pelo meu
rosto agora.

Seus votos pessoais significam a profundidade do seu amor por mim - o


homem que jurou que não podia amar, faz de todo coração.

— Você me deu uma vida que eu nem sabia que queria, Ry. E por isso?
Comprometo-me a me entregar a você - o quebrado, o curvado e cada pedaço no
meio - de todo o coração, sem engano, sem influências externas. Eu prometo
enviar mensagens para você com canções para fazer você me ouvir quando
simplesmente não for ouvir. Comprometo-me a incentivar a sua compaixão,
porque isso é o que faz de você, você. Comprometo-me a pressioná-la para ser
espontânea, porque quebrar as regras é o que eu faço melhor. — ele diz com um
sorriso, enquanto uma lágrima solitária desliza pelo seu rosto. — Prometo jogar
muito e muito beisebol, certificando-me de tocarmos cada base. Home run! —
ele diz as últimas palavras em voz baixa para que só eu possa ouvir e eu dou
risada através das minhas lágrimas.

E eu não posso segurar mais, então eu o alcanço e esfrego minha mão


sobre seu maxilar, não me importando nem um pouco sobre as suposições que
as pessoas podem estar fazendo sobre esse voto.

— E essa aí... essa risada? Prometo te fazer rir assim todos os dias. E
suspirar. Eu gosto de ouvir seus suspiros também. — ele pisca para mim. — Eu
prometo que nada será mais valioso na minha vida do que você. Que você nunca
será irrelevante. Que aqueles que você ama, vou amar também. — ele fala e, em
seguida, olha para a fila onde todos os meninos estão sentados. — Enquanto
estou aqui prometendo ser seu, para lhe dar tudo de mim, eu já sei que a vida
nunca será longa o suficiente para amá-la. Apenas não é possível. — ele dá de
ombros, meu coração incha quando a voz oscila ligeiramente. — Mas, baby, eu
tenho o para sempre para tentar, se você me aceitar.

— Sim! — eu engasgo e Colton desliza o anel no meu dedo, meu corpo


tremendo, meu coração sereno, a cabeça completamente clara.

— Eu te amo. — ele sussurra.

Minhas lágrimas caem e eu nem sequer tento detê-las. Ele parece em


conflito, querendo me pegar em seus braços e me confortar. Ele olha para a
nossa juíza, em silêncio, pedindo permissão para me tocar. E é tão bonito que o
meu homem que sempre despreza regras, tem medo de quebrá-las agora.

Eu seco meus olhos com um lenço de papel, que Haddie me entrega e


inspiro uma respiração profunda para me preparar para passar por meus votos.
— Colton, tanto quanto tentei lutar contra isso, eu acho que me apaixonei por
você desde que caí para fora do armário em seus braços. Um encontro casual.
Você viu uma faísca em mim quando tudo o que eu senti durante tanto tempo
foi tristeza. Você me mostrou o romance quando você jurou que não era real.
Você me ensinou que eu mereço sentir quando tudo o que eu tinha sido por
muito tempo era dormente. — eu balanço minha cabeça e olho para baixo em
nossas mãos, antes de voltar a olhar em seus olhos.

— Você me mostrou que as cicatrizes - por dentro e por fora - são lindas
de possuir, sem medo. Você me mostrou o verdadeiro você - você me deixou
entrar - quando você sempre excluiu os outros. Você me mostrou tanta firmeza
e bravura que eu não tive escolha, a não ser te amar. E mesmo que você nunca
soubesse, você me mostrou o seu coração uma e outra vez. Cada pedaço curvado
dele. — eu respiro, minhas mãos trêmulas segurando as suas.

E o seu olhar - cheio de aceitação, adoração, reverência - é um que eu


nunca vou esquecer. Lágrimas deslizam silenciosamente por suas bochechas,
em tal contraste com a intensidade em seu rosto, mas eu vejo a sua
vulnerabilidade. Eu sinto o amor.

— Você diz que eu trouxe luz para sua escuridão, mas eu discordo. Sua luz
esteve sempre lá, eu só mostrei como deixá-la brilhar. Você está me dando a
vida que eu sempre quis. E por isso? Comprometo-me a me entregar a você - o
desafio, o altruísmo, todo o maldito alfabeto - de todo o coração, sem engano,
sem influências externas.

E eu não consigo evitar, mesmo sabendo que é contra as regras, eu me


inclino para a frente e pressiono um beijo suave em seus lábios e quando eu me
inclino para trás, o olhar e o sorriso torto em seu rosto é um que vou me lembrar
para o resto de nossas vidas.

— Quebradora de regras. — ele brinca com um levantar de sobrancelha,


enquanto me preparo para terminar os meus votos.
— Aprendi com o melhor. — eu balanço minha cabeça e olho para ele com
clareza. — Eu prometo incentivar o seu espírito livre e quebrador de regras,
porque isso é o que faz de você, você. Eu prometo desafiá-lo e pressioná-lo para
que possamos continuar a crescer em melhores versões de nós mesmos.
Comprometo-me a ser paciente e segurar sua mão quando você quiser, porque é
o que eu faço melhor. Eu prometo enviar mensagens para você com canções
também, para que possamos manter as linhas de comunicação abertas entre
nós. E eu prometo usar vestidos com zíperes atrás. — eu adiciono em um
capricho, levando Colton a olhar para Haddie que está rindo atrás de mim. Ele
balança a cabeça, antes de se concentrar de volta em mim.

— Eu prometo uma vida de riso, sorvete para o café da manhã e jantares


de panqueca. E por mais que eu ame agitar essa bandeira quadriculada? Batter-
up, baby48. — meu sorriso se iguala ao dele enquanto o meu amor por ele
aumenta e se eleva a novas alturas. — Eu prometo que nada será mais valioso na
minha vida do que você - porque todo o resto é irrelevante - e você, Colton,
definitivamente, não é. Lembro-me de estar sentada na Starbucks observando-o
e imaginando como seria ter a chance de te amar, e agora tenho uma vida inteira
para descobrir. E eu ainda acho que não haverá tempo suficiente. — eu pego o
seu anel com Haddie, o lado gravado com um design quadriculado e o deslizo
em seu dedo.

Becks começa a zombar e todos os convidados riem. Por mais que eu


queira esganá-lo, eu nunca poderia. Essa é a minha vida agora e ele é uma parte
dela.

— Você é o próximo, filho da puta. — Colton murmura para ele sob sua
respiração, o fazendo engasgar mais e a mim, rir mais alto. Demora um minuto
para o riso diminuir e para que todos possam se acalmar de modo que o foco
volte para nós.

— Colton, nós temos o para sempre para tentar, se você me aceitar?


48
Referência ao beisebol, quando o jogador tenta um home run.
— Você sabe que isso é permanente, não é? — ele fala em voz baixa,
lembrando-me do símbolo para sempre marcando meu quadril. Eu aceno com a
cabeça sutilmente, enquanto ele olha para mim, cabeça inclinada, os olhos
dançando, lábios sorrindo, e diz: — Eu não poderia ter você de nenhuma outra
maneira. — ele olha para sua mão, o novo anel em seu dedo anelar e balança a
cabeça por um momento enquanto aceita o que acabou de acontecer. O seu
olhar é impagável. E com impaciência que rivaliza com a de um dos meus
meninos, seus olhos se lançam até a juíza.

— Sim, Colton. — ela ri, sabendo exatamente o que ele quer. — Você pode
beijar a noiva!

Admiração e amor fluem através de mim.

— Obrigado Cristo! — ele exala, enquanto se aproxima de mim e


emoldura meu rosto com as mãos. — Esta é a única bandeira quadriculada que
estou reivindicando para sempre.

E então seus lábios estão nos meus, nossa conexão irrefutável, enquanto
eu ouço a juíza anunciar: — Amigos e família, apresento a vocês, o Sr. e a Sra.
Colton Donavan
Epilogo
Epilogo 1

10 Anos Depois

A vibração do

motor retumba no meu peito muito antes dos carros se lançarem na curva
quatro. Eu rastreio o carro, meus estão olhos colados nele, enquanto ele luta
contra o tráfego em sua penúltima volta, e eu me pergunto se vai ser sempre
assim. Se eu vou estar sempre uma pilha de nervos quando ele está lá fora.

Definitivamente. Sem dúvida.

Eu o ouço mudar de marcha quando ele entra na curva dois, a única


curva que não posso ver do meu lugar no box, então me viro para olhar para o
monitor na minha frente. Eu ouço o aumento de entusiasmo frenético do
locutor à medida que o final da corrida se aproxima, e não luto contra o meu
orgulho ou sorriso.

— Donavan está voando para a curva três. Mais uma e ele reivindica a
bandeira quadriculada aqui hoje, fãs de corrida, bem como assume a liderança
dos pontos. O tráfego fica de lado quando ele entra na curva quatro e agora
Donavan entra na reta final com ninguém sequer o desafiando. — seu
entusiasmo é contagiante quando olho para cima da tela para ver o carro voar
em direção à linha de chegada.
E mesmo que o resultado esteja se desenrolando diante de mim, a minha
ansiedade crescente não será aliviada até que eu possa envolver meus braços em
torno dele novamente.

— E é Donavan que atravessa primeiro! Donavan leva a bandeira


quadriculada hoje, aqui no Grande Prêmio da Indy Lights, senhoras e senhores!
Mais uma para a coleção deste talentoso piloto, que sei que nós veremos muito
mais na plataforma da vitória.

O box em torno de mim vibra com emoção, mas eu nem sequer paro para
conversar, porque tiro o meu fone de ouvido e corro pelas escadas. Todo mundo
sabe o que fazer por agora, então eu não estou preocupada com quem está com
quem ou onde vamos nos encontrar de novo. Eu luto por entre a multidão,
apenas a tempo de ver o carro entrar lentamente na área preta e branca
quadriculada na plataforma da vitória.

Meu corpo vibra com emoção e meu coração está na minha garganta
enquanto eu vejo a equipe o cercar, alcançando com as mãos o cockpit aberto do
carro e apertando os ombros ou um tapinha no topo de seu capacete o
parabenizando. Eu recuo para deixá-los ter o seu momento da equipe, ansiosa
para parabenizá-lo eu mesma.

Eu vejo o volante ser tirado, e então, como ele se desdobra para sair do
carro. Mãos o ajudam a se firmar, até que estabilize as pernas, depois de ficar
sentado durante as últimas cinco horas.

A equipe se afasta quando um homem se aproxima. Essa tem sido a


rotina de boa sorte no último ano. Amor incha enquanto eu assisto o homem
pelo qual me apaixono mais e mais a cada dia que passa, dar um passo à frente e
começar a ajudar a desatar seu capacete.
A imprensa empurra o seu caminho em torno de mim para chegar mais
perto, mas eu permaneço enraizada para assistir o momento que me sufoca cada
vez que eu vejo. Um momento que nunca vai perder o impacto.

O capacete e a balaclava branca saem suavemente, me permitindo ver o


brilho nos olhos de Zander, com o mesmo orgulho e emoção que eu sinto sobre
sua vitória. Colton leva o capacete dele e agarra o nosso filho em um rápido
abraço cheio de tantas emoções. E eu sei o que Colton está dizendo a ele. A
mesma coisa que ele disse inúmeras vezes ao longo dos anos. — Eu estou
orgulhoso de você, filho. Eu te amo. — estas são as palavras que ele quer que ele
nunca esqueça, nem nunca tenha vergonha de dizer. Eu engulo o caroço na
minha garganta enquanto Colton agita o cabelo encharcado de suor de Zander e
depois recua para deixá-lo ter seu momento ao sol.

Colton se perde na multidão e Becks dá um passo à frente e enlaça um


braço ao redor Zander para elogiá-lo perante a imprensa, que os cerca.

Eu estou no meio da multidão e espero, sabendo que ele vai me


encontrar. Leva apenas alguns minutos antes de eu sentir suas mãos deslizarem
em torno da minha cintura e me puxar para trás contra ele, minha suavidade
contra sua dureza, ao mesmo tempo que eu sinto sua boca contra a minha
orelha.

— Zander foi bem hoje, hein? — o ruído de sua voz me faz fechar os olhos
momentaneamente, me perguntando como mais de dez anos depois esse som
ainda me comove. Ainda causa cada sentimento que me inundam, como na
primeira noite que nos conhecemos.

Eu viro minha cabeça para o lado, sua barba por fazer faz cócegas na
minha pele e eu movo minha boca para perto de seu ouvido para que ele possa
me ouvir acima dos locutores e loucura em torno de nós. — Ele fica melhor a
cada corrida. — eu digo a ele e pressiono um beijo no lado de seu maxilar e o
mantenho lá por um momento. — Ele tem um grande professor. — eu digo,
meus lábios pressionados contra a sua pele. — É a sua vez de ter a bandeira
quadriculada agora. — eu levanto minha cabeça a tempo de vê-lo levantar uma
sobrancelha e piscar um sorriso maroto, e eu sei que ele não está,
definitivamente, pensando em sua corrida na próxima semana. Eu não consigo
evitar a risada que cai dos meus lábios. — Na pista, Ace! Você já reivindicou
esta!

— Com certeza. — ele ri, antes de pressionar outro beijo casto no lado da
minha cabeça, deixando seus lábios lá, momentaneamente, antes de murmurar:
— Eu tenho que voltar para a equipe. Te vejo daqui a pouco?

— Mmm-hmm. Diga a todos que o jantar é amanhã às seis e meia em


ponto, tudo bem?

— Sim. — ele diz, enquanto me vira em seus braços para encará-lo e, em


seguida, olha para mim por um instante com aquele sorriso suave que eu amo.
Os anos têm sido gentis com ele, mais algumas linhas ao redor dos olhos, talvez,
mas ele ainda tem o mesmo olhar de Adônis de parar meu coração.

Ele se inclina para frente e pressiona um beijo nos meus lábios, e leva
tudo o que tenho para não afundar nele, para ele. Porque mesmo depois de todo
esse tempo, eu simplesmente não consigo ter o suficiente dele.

Como todo o resto, ele sente a minha necessidade por ele e eu posso
sentir o sorriso em seus lábios antes de escovar um último beijo nos meus. Ele
se inclina para frente e sussurra em meu ouvido. — Vai ter muito disso mais
tarde.

— O que aconteceu com o quando eu quero, onde quero, hein, Ace? — eu


o desafio.

Eu amo o som despreocupado que cai de seus lábios quando ele joga a
cabeça para trás numa risada encorpada. Ele balança a cabeça e fica olhando
para mim, os olhos correndo ao longo de uma sala de reunião sobre o meu
ombro. — Acredito que já provei essa teoria mais cedo essa manhã, Sra.
Donavan. — suas palavras causam a dor que ele tinha saciado mais cedo sobre a
mesa na sala, como uma vingança. Ele arrasta um dedo na minha bochecha. —
Eu vou ficar mais do que feliz em provar esse ponto para você, porém, mais
tarde hoje à noite.

— Oh não se preocupe. — eu sorrio. — Seu ponto foi mais do que provado.

— Baby, este ponto foi definitivamente mais do que provado. — ele


murmura sugestivamente e coloca a mão em minhas costas e me puxa com força
contra ele para que eu possa sentir cada centímetro daquele ponto pressionado
contra minha barriga. Tudo que posso fazer é exalar, enquanto cada parte do
meu corpo anseia por ele novamente. — Porra, eu te amo. — ele diz, dando um
beijo casto em meus lábios antes de piscar para mim e voltar para Zander e a
equipe de corrida.

E tudo que eu posso fazer é assistir as suas costas, quando ele se afasta -
ombros fortes, cabeça erguida e ainda sexy como o inferno. Eu balanço minha
cabeça, lembrando de anos atrás quando ele se afastou de mim em um traje de
corrida. Quando ele chamou meu nome, encontrou a coragem de me dizer que
me corria e mudou mais do que apenas nossas vidas, para sempre.
Epilogo 2

Colton

A casa está

cheia de ruído como uma maldita colmeia.

Do jeito que Ry gosta. Embora, foda-se, se eu sei por que, porque ela está
cheia de testosterona em alta potência, ultrapassando seu pouquinho de
estrogênio.

Eu olho para fora no pátio, enquanto desço as escadas para ver Shane
conversando com Connor sobre o seu novo trabalho, com o braço em torno de
sua esposa e uma garrafa de cerveja nos lábios.

Todos os meninos estão aqui para o nosso jantar de família de uma vez
por mês como Ry chama, apesar de alguns dos meninos - merda, homens agora
- estarem começando suas próprias famílias.

— Ei, Shane. — eu o chamo através das portas abertas. — Eu tenho mais


algumas cervejas aqui, se quiser. — eu brinco, e ele bufa e revira os olhos em
resposta.
— Não, obrigado. Eu estou bem com apenas uma. — ele fala, segurando a
garrafa até a mim num brinde simulado e um grande sorriso. Eu rio, a memória
dele verde e de ressaca me fazendo sorrir.

Eu ando pelo corredor e absorvo tudo. Aiden em seu suéter da UCLA de


basebol, recém-chegado do treino de lançamento de merda com Zander, em
seus calções e boné de baseball para trás, com um sorriso descontraído no rosto.
Scooter sentado no deck brincando com o boneco do Homem-Aranha com o
filho de dois anos de Shane. Merda.

A visão me faz sentir como se eu fosse mais velho do que a sujeira.

Todo mundo está aqui, exceto Kyle e Ricky. Sinto pena da porra das
meninas calouras da Universidade de Stanford, aqueles dois estão liberando
seus encantos. Ou talvez seja o seu próprio tipo de vodu. As mulheres não têm
chance contra eles. Corações se quebrarão.

Fodê-las e descartá-las.

Pensando nesses dois, o velho termo me bate com uma tonelada de tijolos
das lembranças daquela primeira noite em flashback. Eu nem sequer luto com o
meu sorriso quando me lembro dos corações que costumava quebrar... caramba,
eu era bom - até uma certa megera, de cabelos ondulados bater em minha
maldita vida, agarrou e nunca deixou ir. Desafio e curvas e meu mundo ficou
virado de cabeça para baixo quando eu abri aquele maldito armário de
armazenamento.

E obrigado Cristo por isso.

Minha maldita Rylee.

E então eu ouço sua voz na cozinha e vou em direção a ela, sem pensar
duas vezes. Eu abro a porta e cada grama de amor que eu nunca pensei que eu
poderia ter, nunca pensei que fosse uma possibilidade, me nocauteia cada
maldita vez que os vejo assim.

Panelas estão fervendo no fogão, o micro-ondas está apitando e Goo Goo


Dolls está tocando alto, mas eu não percebo nada disso porque meus olhos estão
fixos na visão diante de mim, meu coração batendo como um maldito trem de
carga. Eles estão sentados de pernas cruzadas no chão, joelhos se tocando, rindo
incontrolavelmente sobre algum segredo compartilhado, farinha revestindo seus
cabelos e rostos, e completa adoração refletida em cada um.

Eu fico lá e os observo, a minha alma doendo da melhor forma possível


do caralho, de como eu sou o filho da puta mais sortudo da face da terra. Eu fui
ao inferno e voltei, mas valeu a pena cada maldito segundo para me sentir como
estou agora... sentimentos que não são mais malditamente estranhos.

Aqueles sem os quais não posso imaginar viver a vida.

Os risos param quando um par de olhos verdes olham para mim debaixo
de cílios escuros, sardas espalhadas no nariz, polvilhado com farinha e um
sorriso torto nos lábios. Ele fica olhando para mim, avaliando se eu vou ficar
chateado com a bagunça que ele obviamente participou.

Então olhos violeta olham para mim, aquele sorriso suave, naqueles
lábios que eu amo, dirigido diretamente para mim. E eu silenciosamente me
maravilho, com a forma que aquele simples sorriso me pega toda maldita vez,
não importa quantos anos se passaram. Ela faz com que eu queira puxá-la em
meus braços, compartilhar todos os meus segredos e fodê-la sem sentido
simultaneamente.

A porra dos seus poderes de vodu ainda em pleno vigor.

E, foda-se, se eu iria querer isso de alguma outra maneira.


Eu luto contra o sorriso rastejando em meus lábios, porque eu sou o
maior merda mole quando se trata dele - um fato que eu nego regularmente - e
tento ser durão. — O que está acontecendo aqui? — eu pergunto, entrando no
cômodo, enquanto Rylee bate suas mãos e uma nuvem de farinha voa no ar
como uma nuvem de poeira ao seu redor, levando-os a entrar em erupção em
outro ataque de risos.

Vou até eles, farinha revestindo as solas dos meus pés descalços e me
agacho ao lado deles. Meu olhar se lança para trás e para frente sobre eles antes
de eu chegar e colocar um ponto de farinha no nariz dele com o dedo. — Parece
que vocês fizeram uma grande bagunça. — digo, tentando fazer o papel de
disciplinador, mas falhando miseravelmente.

— Bem, obrigado, Capitão Óbvio! — ele ri de mim, sarcasmo em pleno


vigor.

— Ace Thomas! — Ry repreende nosso filho, mas suas palavras já


bateram na minha bunda.

Eu olho para ele, procuro no seu rosto mais e mais, o estudando como um
roteiro de merda para ver se ele tem alguma pista, alguma maldita ideia do que
ele acabou de dizer para mim, mas não há nada, exceto olhos verdes travessos e
um sorriso de partir o coração. Minha imagem cuspida.

— Ei?

A voz de tele sexo me traz de volta, de flashes de helicópteros de


brinquedo, Band-Aids de super-herói cobrindo o dedo indicador e o som de algo
batendo. Pensamentos que eu realmente não me lembro, mas que parecem
claros como a merda do dia, de alguma forma. Balanço a cabeça e tento limpar a
confusão antes de olhar para ela. — Sim?

— Você está bem? — ela estende a mão, toca o meu rosto e me olha.
E então ele começa a rir, interrompendo os pensamentos me segurando
como refém. Ele aponta para a farinha que agora está transferida para o meu
próprio rosto. — O quê? — eu rosno em voz de monstro, fazendo com que os
quase seis anos de idade grite como uma garotinha, quando meus dedos o
alcançam para fazer cócegas.

— Você é um monstro de farinha também agora! — ele fala entre


respirações ofegantes, enquanto tenta se esquivar de mim.

Nossa festa de cócegas dura mais alguns segundos e eu o deixo escapar,


para persegui-lo e, em seguida, abraçá-lo. E ele mexe um pouco mais antes de
eu sentir seus braços deslizando em volta do meu pescoço e segurando firme.

Esses minúsculos braços embalam o maior soco de todos, porque eles


mantêm tudo o que sou na porra de suas mãos. Eu levo um momento para
respirá-lo - garotinho, farinha e um pouco de baunilha de Ry, tudo misturado
em um - e fecho os olhos.

Eu acho que estava nas cartas, afinal.

Puta que pariu.

Ele me salvou.

Naquela época. E agora.

Assim como sua mãe fez.

Sinto a mão dela nas minhas costas, seus lábios pressionando meu ombro
e abro os olhos para fitá-la - todo o meu maldito alfabeto - e sorrir.
— Eu acho que o nosso monstro farinha aqui precisa tomar um banho
rápido antes do jantar. — diz ela.

— Não. — eu estendo a mão e bagunço seu cabelo, farinha voando


novamente. — Nada que uma bala de canhão na piscina não lave, certo, Ace?

Ele grita um: — Woohoo! — e bate sua palma na minha antes de correr
para fora da cozinha em plena velocidade. Eu o vejo correr e pular na piscina,
Zander ganindo quando respinga nele.

— Ele tem você em volta de seu dedo mindinho. — ela fala, enquanto vai
até a pia para lavar a farinha de suas mãos.

— E você não? — pergunto balançando minha cabeça, enquanto deslizo


os braços ao redor da sua cintura, puxando-a para mim. E foda-se se essa bunda
dela pressionada contra o meu pau não me faz doer para levá-la, jogá-la por
cima do meu ombro e carregá-la lá para cima agora.

Eu pressiono um beijo naquele local sob seu pescoço e mesmo depois de


todo esse tempo, seu corpo responde instantaneamente para mim. Arrepios
aparecem em sua pele exposta, a respiração trava, a porra do suspiro que me
excita, como se suas mãos estivessem enrolando em volta do meu pau, caindo
nos seus lábios. E se seu belo corpo não me deixa duro como a porra do aço, sua
capacidade de resposta faz sem a porra de uma hesitação.

Isso e o quanto eu sei que ela me ama, com falhas e tudo.

Como diabos eu tive tanta sorte?

Eu balanço minha cabeça, enquanto toda a merda que aconteceu na


minha vida passa pela minha mente. Eu rio, as coisas que me atingiram mais
duro - que significam a maioria - começaram com um maldito armário de
armazenamento e essa mulher desafiadora pra caralho nos meus braços, que me
repreendeu, me agarrou pelas bolas e me disse que nosso resultado era não
negociável.

E foda-me, ainda temos um tempo de vida para que ela mande no que ela
quiser, porque minhas bolas ainda estão exatamente onde deveriam, bem em
suas mãos.

— Do que você está rindo? — ela pergunta.

— Só lembrando do olhar em seu rosto quando descobriu que eu tinha


ganhado o leilão. — eu digo a ela, a memória clara como o dia de merda. — Você
estava tão chateada.

— Que mulher não ficaria quando você agiu com tanta arrogância? — ela
bufa uma risada e depois suspira suavemente.

E só o suspiro faz meu pau começar a ficar duro.

— Arrogante? Eu? Nunca. — digo a ela.

— Que seja! Eu sei que você ajustou aquele leilão, Ace.

E eu começo a rir. Deus, eu amo essa mulher. Dez anos depois e ainda
mal-humorada pra caralho.

— Baby, essa resposta eu vou guardar para sempre. — eu digo a ela,


dando um beijo na parte de trás de sua cabeça.

— Não é possível. — ela sussurra, olhando para cima para pressionar um


beijo para a parte inferior do meu maxilar. — Porque você vai estar ocupado me
guardando.
Porra. Com certeza estarei.

Eu a aperto um pouco mais, não querendo deixá-la ir ainda, porque,


porra, que piloto não quer segurar a sua bandeira quadriculada um pouco mais?

Pelo menos eu sei que a minha tremula só para mim.

Minha kryptonita.

Meu alfabeto, do A ao filho da puta do Z.

Minha maldita Rylee.

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