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Dedicatória
Capítulo 1
Thirty Seconds To Mars – Hurricane
Capítulo 12
Five For Fighting - Superman (It's Not Easy)
Capítulo 13
Lee Brice – Hard To Love
Capítulo 14
Halestorm – Break In
Capítulo 15
Howie Day – Collide - Original Album Version
Capítulo 17
Erin McCarley – What I Needed
Capítulo 18
Matt Nathanson – Run - feat. Sugarland
Capítulo 19
Megan Nicole – Skyscraper (feat. MeganNicole)
Capítulo 20
Brian Buckley Band – I Am Human
Capítulo 21
Ron Pope – Daylight
Capítulo 22
Michelle Branch – Breathe
Capítulo 24
Dave Matthews Band – Crash Into Me
Capítulo 26
Boyce Avenue – Best Of You
Capítulo 28
Matchbox Twenty – Unwell
Capítulo 29
Snow Patrol – Chasing Cars
Capítulo 30
A Great Big World – Say Something
Capítulo 30/31
Daughtry – Waiting for Superman
Capítulo 31
Noah Gundersen – Day Is Gone - from Sons of Anarchy
Capítulo 32
Sara Bareilles – Gravity
Lifehouse – Broken
Capítulo 33
Seether – Broken
Nick Lachey – What's LeftOf Me
Capítulo 35
Thirty Seconds To Mars – Bright Lights
Capítulo 36
Lifehouse – Everything
Angels and Airwaves – The Adventure
Capítulo 37
Dashboard Confessional – Stolen
Capítulo 38
Secondhand Serenade – Vulnerable
Capítulo 40
Blake Shelton – Mine Would Be You
Capítulo 40/41
Travie McCoy – Rough Water (feat. Jason Mraz)
Capítulo 41
Thirty Seconds To Mars – Do Or Die
Capítulo 42
Luke Bryan – Crash My Party
John Legend – All of Me
Matchbox Twenty – Overjoyed
Capítulo 43
P!nk – Glitter In The Air
Capítulo 44
Katy Perry – Unconditionally
Beyoncé – Halo - Radio Edit
Christina Perri – A Thousand Years
Epílogo 2
The Goo Goo Dolls – Come To Me
SafetySuit – Never Stop
Lifehouse – Between The Raindrops
Toda a série:
Labrinth – Beneath Your Beautiful (feat.Emeli Sandé)
Quando a vida desmorona ao nosso redor, o quão duro
estamos dispostos a lutar por uma coisa com que não se pode viver
sem?
Grandes momentos.
Pequenos momentos.
Cada momento prepara você para que uma instância que define a sua
vida. Você tem que superar todos os seus medos, enfrentar os demônios que o
persegue e limpar o veneno que se apega a sua alma ou corre o risco de ter a
chance de perder tudo.
Alma se estilhaçando.
T hwack.
Thwack. Thwack1.
Por que diabos está tão quente - tão quente que posso ver o calor vindo
em ondas do asfalto - mas tudo o que sinto é frio?
1
Som de algo batendo.
estrangular por foder o carro. Rasgar-me em pedaços assim como está o meu
carro espalhado por toda a pista. Que diabos aconteceu?
Abro os olhos para tentar encontrar aquele som maldito que está
aumentando a pressão da dor...
Então, por que o som está tão alto? Olhos grandes olham para mim
através de cílios grossos, inocência personificada nessa simples graça verde. Seu
dedo vacila no rotor quando seus olhos encontram os meus, inclinando a cabeça
para me estudar atentamente.
Apreensão ressurge.
Confusão sufocante.
— Essa é uma boa regra. Será que sua mãe lhe ensinou isso?
Ele encolhe os ombros com indiferença. Seu olhar corre sobre cada
centímetro meu e, em seguida, volta a encontrar os meus olhos. Eles vacilam
para algo sobre o meu ombro, mas por alguma maldita razão, não consigo
arrastar meus olhos longe dele para olhar. Não é só que ele é o maldito garoto
mais bonito que eu já vi... não, é que ele tem essa atração em mim que não
consigo quebrar.
Uma pequena linha vinca sua testa quando ele olha para baixo e pega
outro Band-Aid de super-herói mal cobrindo o grande arranhão no joelho.
Cale a boca! Eu quero gritar com os demônios na minha cabeça. Eles não
têm o direito de estar aqui... não há razão para enxamear em torno deste
menino de olhar doce e ainda assim eles continuam rodando como um alegre
carrossel. Tal como o meu carro deve estar ao redor da pista neste momento.
Então por que estou dando um passo em direção a este impressionante menino,
em vez de me preparar para o sermão que Becks vai vomitar em mim e pela
aparência do meu carro, obviamente, eu mereço?
Os meninos.
Rylee.
Preciso vê-la.
Eu preciso senti-la.
Ele bufa. É tão malditamente adorável ver este pequeno garoto com um
rosto tão sério, nariz enrugado repleto de sardas, olhando para mim como se eu
estivesse perdendo algo.
E com uma boca espertinha também. Meu tipo de garoto. Eu sufoco uma
risada quando ele olha para trás por cima do meu ombro novamente, pela
terceira vez. Eu começo a virar para ver o que ele está olhando quando sua voz
me para. — Você está bem?
— Bem, você parece quebrado para mim. — ele sussurra quando seu
Band-Aid envolto no dedo vira a hélice de novo. – thwack, thwack, thwack -
antes de apontar para cima e para baixo do meu corpo.
Ansiedade se arrasta até minha coluna até que olho para o meu macacão
de corrida para encontrá-lo intacto, minhas mãos dando tapinhas para cima e
para baixo para acalmar a sensação. — Não. — as palavras saem correndo. — Eu
estou bem, amigo. Vê? Nada está errado. — digo, suspirando uma respiração
rápida de alívio. O filho da puta me assustou por um segundo.
— Não, seu bobo. — diz ele com um rolar de seus olhos e uma bufada de
ar antes de apontar por cima do meu ombro. — Olha. Você está quebrado.
Thwack.
Thwack.
Thwack.
Eu sei o que vejo - o caos diante dos meus olhos - mas como é possível?
Como estou aqui e ali?
Não. Eu não estou lá. Apenas aqui. Eu sei que estou bem, sei que estou
vivo, porque posso sentir meu fôlego agarrar em meu peito quando dou um
passo à frente para obter um olhar mais atento. As pontas dos dedos do pavor
fazem cócegas no meu couro cabeludo, porque o que eu vejo... não pode ser...
simplesmente não é uma merda possível.
Ele só olha para mim - olhos claros, rosto sério, os lábios franzidos,
sardas dançantes - antes que ele aperte meu ombro. — O que você acha?
Eu quero agitar uma porra de resposta para isso, mas sei que não vou.
Não posso. Com ele aqui ao meu lado em meio a este caos girando, nunca me
senti mais em paz e, ao mesmo tempo, mais com medo.
Forço meus olhos a desviar de seu rosto sereno para olhar a cena a minha
frente. Eu sinto que estou em um caleidoscópio de imagens recortadas quando
pego o rosto - a porra do meu rosto - na maca.
Spiderman.
2
Humpty Dumpty é um dos personagens mais conhecidos de Alice Através do Espelho. Ele é
quem, ao seu modo, dá sentido ao nonsense presente no mundo além do espelho no filme.
Pele Cinzenta. Olhos inchados, machucados e fechados. Lábios frouxos e
pálidos.
Batman.
Superman.
— Não! — eu grito a pleno pulmões até que minha voz fica rouca.
Ninguém se vira. Ninguém me ouve. Cada maldita pessoa não está respondendo
- meu corpo e os médicos.
Ironman.
Thwack.
Thwack.
Thwack.
Lágrimas caem. Descrença crepita. Possibilidades desaparecem.
Esperança implode.
Não suporto ver a vida escorrer de mim. Não suporto o medo que se
arrasta em meu coração, o desconhecido que escorre no meu subconsciente e o
frio que começa a se infiltrar em minha alma.
Ele inclina a cabeça para o lado e sorri. — Se isto estiver nas cartas.
O som se torna mais alto agora, abafando todo o ruído a minha volta, e
ainda assim posso ouvir a aspiração de sua respiração. Ainda ouço as batidas do
meu coração nos meus tímpanos. Ainda posso sentir o suspiro de paz que
envolve em torno de meu corpo como um sussurro quando ele coloca a mão no
meu ombro.
Engulo em seco enquanto olho para ele e lhe dou um sutil, aceno de
cabeça. — Sim... — é quase um sussurro, o medo do desconhecido pesado no
meu tom.
E começa.
Vermelho.
Eu me viro para dizer adeus ao menino, mas ele está longe de ser
encontrado. Como diabos ele sabia sobre os super-heróis? Eu olho ao redor para
ele - a necessidade de uma resposta - mas ele se foi.
D ormência
escoa lentamente pelo meu corpo. Não posso me mover, não posso pensar, não
posso suportar puxar os olhos do carro destroçado na pista. Se eu olhar para
qualquer outro lugar, então tudo isso vai ser real. O helicóptero sobrevoando
estará realmente carregando o corpo quebrado do homem que eu amo.
Eu fecho meus olhos e apenas ouço, mas não consigo ouvir nada. A única
coisa em meus ouvidos é o batimento do meu pulso. A única coisa além da
escuridão que meus olhos veem - que meu coração sente - são as imagens
estilhaçadas na minha mente. Max se fundindo em Colton e Colton
desaparecendo de volta para Max. Memórias que fazem a esperança que estou
segurando como uma tábua de salvação, piscar e arder antes de morrer, como a
escuridão sufocando a luz em minha alma.
Corro você, Ryles. Sua voz tão forte e inabalável enche minha cabeça e
depois se dissipa, brilhando em minha mente como papel picado.
Nós nunca fizemos amor. O único pensamento voa pela minha cabeça.
Nós nunca tivemos a chance de correr depois que ele finalmente me disse às
palavras que eu precisava ouvir e que ele finalmente aceitou, admitiu e sentiu
por si mesmo.
— Ry, eu não estou indo tão bem aqui. — são as palavras de Max escoam
em minha mente, mas a voz é de Colton. É Colton me avisando do que está por
vir. O que eu já vivi uma vez na minha vida.
— Olhe para mim! — não, não é Max. Não é Colton. É Becks. Busco
dentro de mim mesma para me focar e encontrar seus olhos - piscinas azuis
cercadas com o súbito aparecimento de linhas em seus cantos. Eu vejo o medo
neles. — Precisamos ir ao hospital agora, está bem? — sua voz é suave, mas
severa. Ele parece pensar que, se ele falar comigo, como uma criança, que não
vai estilhaçar em milhões de pedaços a minha alma já quebrada.
Eu não consigo engolir a areia na minha garganta para falar. Então ele
me dá outra sacudida. Fui roubada de todas as emoções, exceto o medo. Eu
aceno com a cabeça, mas não faço qualquer outro movimento. É totalmente
silencioso. Há dezenas de milhares de pessoas nas arquibancadas ao nosso
redor e mesmo assim ninguém está falando. Seus olhos estão focados na equipe
de limpeza e no resto dos vários carros na pista.
Esforço para ouvir um som. Para sentir um sinal de vida. Nada, exceto
silêncio absoluto.
Superfícies de histeria.
3
Musica de 30 Seconds To Mars feat. Kanye West – Hurricane: Bate, bate, queima...
cima para encontrar os olhos de Beckett focados nos meus. Na minha periferia
noto alguns dos outros tripulantes sentados atrás de nós, mas não sei como eles
chegaram lá.
Isto borbulha.
Isto ferve.
— Rylee. — diz ele de novo e o tom quebrado de sua voz combina com o
sentimento em meu coração levando a luta para fora de mim.
O mundo lá fora desfoca, mas o meu parou. Está deitado em uma maca
em algum lugar.
— Nem eu.
Não. Não. Não. Eu não posso ouvir essas palavras de novo. Eu não posso
ouvir alguém me dizendo que perdi Colton, especialmente quando acabamos de
encontrar um ao outro.
Beckett se desloca ao meu lado. Sua voz é tão cheia de emoção quando ele
começa a falar que cravo meus dedos em minhas coxas. Ele limpa a garganta. —
Ele bateu na cerca de captura4 invertido... eu acho. Estou tentando imaginar a
cena. Espere. — ele deixa cair à cabeça entre as mãos, esfrega os dedos sobre sua
têmpora e suspira enquanto ele tenta reunir seus pensamentos. — Sim. O carro
estava de cabeça para baixo. O spoiler5 atingiu o topo da cerca de captura com o
nariz mais próximo ao solo. O meio contra a barreira de concreto. O carro se
desintegrou ao redor do seu cockpit.
— Existe alguma coisa que você pode nos dizer? — Beckett pede a
enfermeira.
— Não agora. Ele ainda está nos estágios iniciais e estamos tentando
avaliar tudo.
4
Uma cerca projetada para pegar detritos, ou absorver seu impacto. A cerca de proteção ao
redor da pista de corrida.
5
Asa traseira: dispositivo projetado para melhorar a estabilidade do carro.
O cheiro de borracha queimada no asfalto oleoso.
Eu não consigo evitar o pânico que tremula quando percebo que sou a
razão de Colton estar aqui. Eu o pressionei e não acreditei nele - fiz com que
ficasse cansado na noite antes da corrida - e tudo porque fui teimosa e estava
com medo. — Eu fiz isso com ele. — as palavras me matam. Rasgam minha alma
distante.
— Ry...
Superman.
Eu vejo o corpo sem vida de Colton na maca, Max do meu lado em seu
assento. As semelhanças entre a situação me deixam atordoada, dor sem fim.
Memórias colidindo.
Eu me viro para ver os Westins entrar na sala de espera. A mãe de Colton,
régia e dominante, parece pálida e perturbada. Eu engulo o caroço na minha
garganta, incapaz de tirar os olhos da visão deles. Andy a apoia gentilmente, a
orientando a se sentar enquanto Quinlan segura sua outra mão.
— Ele é forte. — é tudo o que Andy diz, a sua mão esfrega para cima e
para baixo em minhas costas para tentar me confortar. Mas isso - abraçar seus
pais, todos nós consolando uns aos outros, as bochechas coradas de lágrimas e
soluços abafados - torna tudo muito real. Minha esperança de que tudo isso é
um sonho muito ruim agora está aniquilada.
Cabelo loiro e pernas longas fluem através da porta e não me importa que
seu rosto pareça tão arrasado e preocupado como me sinto. Toda a minha
mágoa, toda a minha angústia se ergue e é como um estalar elástico.
Ou impressionante raio.
Não consigo encontrar minhas palavras - não acho que sou capaz de
coerência neste momento - então apenas aceno com a cabeça em concordância,
forçando-me a concentrar em uma mancha no chão na minha frente, em vez das
longas pernas à direita.
— Tem certeza? — ele reafirma antes de lentamente me soltar e pisar na
minha frente, me forçando a olhar em seus olhos, para testar se serei fiel à
minha palavra.
— Becks... — ela suspira o nome dele e somente a voz dela irrita os meus
nervos expostos.
Ele está em algum lugar perto, meu bad boy rebelde incapaz de largar o
menino danificado dentro dele. O homem que acaba de começar a cura agora
está quebrado e me mata que não vou ser capaz de consertá-lo. Que as minhas
palavras murmuradas de encorajamento e de natureza paciente não serão
capazes de reparar o corpo imóvel e sem resposta que foi carregado até a maca e
levado às pressas para algum lugar dentro destas paredes - tão perto, mas tão
longe de mim. Que ele tenha que confiar em estranhos para consertá-lo e curá-
lo agora. Estranhos que não têm ideia da cicatriz invisível que ainda permanece
abaixo da superfície.
Seja minha luz, Ry. Eu posso ouvir a sua voz dizer isso, eu posso sentir a
memória de sua suave respiração sobre a minha pele... Mas eu não posso senti-
lo.
— Eu não posso! — eu grito. — Eu não posso ser a sua luz se não posso
sentir a sua. Então não se atreva a queimar em mim. — eu não me importo que
esteja em uma sala cheia de pessoas, sendo virada e cercada pelos braços de
Dorothea, porque o único que eu quero que me ouça, não pode. E sabendo
disso, provoca desespero consumindo cada parte de mim ainda não congelada
de medo. Eu fecho minhas mãos na parte de trás da jaqueta de Dorothea,
agarrando-me a ela, enquanto imploro com seu filho. — Não se atreva a morrer
sem mim, Colton! Eu preciso de você caramba! — eu grito no agora estéril
silêncio da sala de espera. — Eu preciso tanto de você que estou morrendo, aqui
e agora, sem você! — minha voz quebra assim como o meu coração e por mais
que os braços de Dorothea, murmúrios abafados de Quinlan e determinação
tranquila de Andy ajudam, só não consigo lidar com tudo isso.
Chego para frente e abro a porta, ela a empurra aberta e olha para mim
estranhamente, seu rosto corado pelas lágrimas e o rímel borrado só
enfatizando a devastação iminente em seus olhos. Ela franze os lábios e começa
a rir, de uma maneira que é limítrofe com a histeria assim, quando ecoa nas
paredes de azulejos, tudo que ouço em torno de nós é o desespero e medo. Ela
aponta para a minha bermuda empurrada para baixo e calcinha xadrez e
continua rindo, as lágrimas manchando suas bochechas um contraste estranho
com o som vindo de sua boca.
Eu começo a rir com ela. É a única coisa que posso fazer. Lágrimas não
virão. O medo não vai diminuir e a esperança está oscilando quando a primeira
risada cai dos meus lábios. Isso é tão errado. Tudo é tão errado e dentro de um
instante, Quinlan - a mulher que me odiava à primeira vista - alcança e envolve
seus braços em volta de mim enquanto seu riso se transforma em soluços.
Entranhas doendo pelos soluços de medo irrestrito. Seu minúsculo corpo sacode
conforme sua angústia se intensifica.
— Estou tão assustada, Rylee. — é a única coisa que consegue sair entre
os engates de sua respiração, mas é tudo o que ela precisa dizer por que é
exatamente como eu me sinto. A derrota em sua postura, a fortaleza de sua dor,
a força de seu aperto reflete o medo que não sou capaz de expressar, por isso me
agarro a ela com tudo o que tenho - precisando dessa conexão mais do que
qualquer coisa.
— Vamos lá. — ela sussurra, quebrando meu transe quando ela me libera,
mas move sua mão para baixo para envolver em torno da minha cintura. — Eu
não quero perder uma atualização.
Capítulo 2
O tempo tem
esticado. Cada minuto parece uma hora. E cada uma das três horas que
passaram parece uma eternidade. Cada abrir das portas tem todos nós
alarmados e, em seguida, afundando de volta para baixo. Copos de isopor se
espalham pelo lixo. Macacões foram descompactados e amarrados na cintura
enquanto a sala de espera fica cada vez mais abafada. Telefones celulares tocam
incessantemente com pessoas em busca de atualizações. Mas ainda não há
notícias.
Ele sorri suavemente para mim, mas seus olhos são sérios. — Quando
Colton bateu no muro, o carro parou - seu corpo parou - mas seu cérebro
continuou, batendo no crânio em volta dele. Felizmente, ele estava usando um
dispositivo HANS que ajudou a proteger a conexão entre sua coluna e o pescoço,
mas a lesão que ele sofreu, no entanto, é séria.
Eu sinto como se o alicerce da minha alma caiu com essas palavras. Não
me deixe. Por favor, não me deixe. Suplico silenciosamente, desejando que as
palavras lhe atinjam em algum lugar dentro dos limites deste hospital.
Dr. Irons engole e une seus dedos à sua frente enquanto atende os olhos
de Beckett. — Quanto a outras lesões, apenas menores em comparação com o
ferimento na cabeça. Ele não esteve consciente, nem recuperou a consciência
neste momento. Ele estava em estado de coma típico que vemos com estas
lesões - resmungando incoerentemente, lutando contra nós - em ataques muito
esporádicos. Quanto ao resto, vamos saber mais quando entramos em cirurgia e
vir o quão ruim o sangramento no cérebro é.
Beckett exala o ar que ele esteve segurando e posso ver seus ombros
caírem bruscamente com o seu anúncio, embora não tenha certeza se é em alívio
ou resignação. Nenhuma das palavras do médico fez o pavor pesando no fundo
da minha alma diminuir. Quinlan passa à frente e agarra a mão Becks enquanto
ela lança o olhar por cima de seus pais antes de perguntar a única coisa que
todos nós tememos. — Se o inchaço não parar com a cirurgia... — sua voz vacila,
Beckett pressiona um beijo fraternal no topo de sua cabeça em encorajamento —
... o que... que isso significa? O que estou tentando dizer, é que você está falando
de lesão cerebral aqui então qual é o prognóstico? — sua respiração trava com
um soluço engolido. — Quais são as chances de Colton?
O médico suspira alto e olha para Quinlan. — Neste momento, antes de
irmos para a cirurgia e ver se há algum dano, não estou à vontade para dar um.
— o suspiro estrangulado que vem de Andy rompe o silêncio. Dr. Irons avança e
coloca a mão em seu ombro até que Andy olha para cima e encontra seus olhos.
— Estamos fazendo tudo o que podemos. Somos muito experientes neste tipo de
coisa e estamos dando ao seu filho todos os benefícios dessa formação. Por
favor, entenda que não estou dando um percentual, porque é uma causa
perdida, mas sim porque preciso ver mais para saber o que estamos
enfrentando. Uma vez que eu saiba, então podemos estabelecer um plano de
ação e partir daí. — Andy acena sutilmente para ele, esfregando a mão sobre os
olhos, e Dr. Irons olha e examina os rostos de todos na sala. — Ele é forte e
saudável e isso é sempre uma boa coisa para ter do nosso lado. É mais do que
óbvio que Colton é amado por muitas pessoas... por favor, saibam que carrego
esse conhecimento para a sala de cirurgia comigo. — com isso, ele dá um sorriso
tenso, então se vira e sai da sala.
— É verdade que Colton está em seu leito de morte e seus pais estão ao
seu lado?
Mais uma vez, o barulho de portas, mas desta vez não estremeço. A besta
no interior é muito mais palpável, do que a do lado de fora. Minha respiração
começa a nivelar e meu coração desacelera. Sou empurrada para uma cadeira, e
quando olho para cima os olhos de Sammy encontram os meus, procurando por
algo.
— Que diabos você pensa que estava fazendo? Eles poderiam ter comido
você viva. — ele pragueja. É um show tão flagrante de emoção do guarda-costas
de outra forma estoica, que percebo o meu erro em ir lá fora. Eu ainda estou
achando meu equilíbrio no mundo muito público de Colton; e então me sinto
horrível, porque enquanto estive na sala de espera cercada por todos, percebo
que Sammy esteve aqui se certificando de que estivéssemos sozinhos e sem
perturbações.
6
Sala de cirurgia.
— Bem inferno, se há alguém que gostaria que me operassem nesta
circunstância, com certeza seria o Ironman.
Spiderman.
Batman.
Superman.
Ela olha para mim, um leve vinco em sua testa. — Você quer dizer o nosso
apelido para o Dr. Irons?
Ironman.
Tudo que posso fazer é acenar com a cabeça, porque minha garganta
engasga com esperança. — Oh, ele é conhecido por aqui como Ironman, querida.
Você precisa de alguma coisa?
— Estou surpreso que ele disse a você sobre eles. Isso costumava ser um
código secreto que ele cantava como um menino, quando ele tinha um pesadelo
ou estava com medo. Ele nunca elaborava... jamais explicava por que esses
quatro super-heróis eram tão reconfortantes para ele. — ele olha para mim, o
sorriso suave caindo. — Dottie e eu podíamos apenas imaginar do que ele
esperava que esses super-heróis o salvassem a partir de...
As palavras derivam entre nós e se estabelecem em perguntas que nós
dois queremos fazer, mas nem um nem outro diz em voz alta. O que Andy sabe
que eu não e vice-versa? Ele pressiona as costas de sua mão em seus olhos e
exala um suspiro trêmulo.
— Ele é forte, Andy... ele vai sair dessa... ele tem que ficar bem. — eu
finalmente digo quando confio na determinação da minha voz.
Ele apenas acena com a cabeça. Nós vemos um grupo de médicos que
passam correndo por nós e meu coração se aloja na minha garganta preocupada
por causa de Colton. Ele esfrega a mão sobre o rosto e vejo o amor encher seus
olhos. — A primeira vez que eu o vi, ele quebrou meu coração e o roubou. Tudo
com um único olhar. — eu aceno com a cabeça para ele continuar, porque mais
do que qualquer coisa, eu entendo essa declaração, pois seu filho fez a mesma
coisa ao meu.
Eu chego mais perto e pego sua mão na minha, apertando para que ele
saiba que sei sobre os demônios de Colton sem ele nunca os ter revelado. Eu
posso não saber os detalhes, mas já vi o suficiente para obter a essência.
— Eu me sentei no chão ao lado dele e apenas esperei que ele entendesse
que não ia machucá-lo. Eu cantei a única música que conseguia pensar. — ele ri.
— Puff the Magic Dragon. Na segunda vez, ele levantou a cabeça e finalmente
olhou para mim. Doce Cristo, ele roubou meu fôlego. Ele tinha enormes olhos
verdes naquele rostinho pálido e olhava para mim com tanto medo... tanto mau
presságio... que levou tudo o que eu tinha para não envolver meus braços ao seu
redor e consolá-lo.
— Ele não falava comigo no início. Eu tentei de tudo para que me dissesse
seu nome ou o que ele estava fazendo, mas isso não importava. Nada importava
- minha hora para estar no set não atendida, o dinheiro desperdiçado, nada -
porque eu estava fascinado pelo garotinho frágil cujos olhos me diziam que
tinha visto e experimentado coisas demais em sua curta vida. Quinlan tinha seis
anos na época. Colton era menor do que ela, assim pensei, que ele tinha uns
cinco anos. Fiquei chocado mais tarde naquela noite, quando a polícia me disse
que ele tinha oito anos de idade.
Eu sorrio com ele, a conexão não passou despercebida por mim, pois
lembro que Colton come um Snickers antes de cada corrida. Que ele comeu uma
barra de Snickers hoje. Meu peito aperta com o pensamento. Isso foi realmente
apenas algumas horas atrás? Parecem dias.
Andy inclina a cabeça para o lado, olha para cima e me estuda por um
momento. — Eu temo todas as vezes que ele entra no carro. Toda maldita vez...
mas é o único lugar que eu o vejo livre do fardo de seu passado... o vejo correr
mais que os demônios que o assombram. — ele aperta minha mão até que eu o
olhe para ver a sinceridade em seus olhos. — O único momento, isto é, até
recentemente. Até que o vi falar, se preocupar, interagir... com você.
Minha respiração trava. Lágrimas também em um primeiro momento,
mas não caem. Depois de ter a mãe de Max, Claire, me odiando por tanto
tempo, a aprovação tácita do pai de Colton é monumental. Eu soluço uma
respiração, tentando conter o tornado de emoções girando através de mim.
— Obrigado por isso. — ele exala suavemente. — Eu acho que ele está
sempre faltando um pedaço e talvez sabendo sobre ela ajude a preencher isso
para ele. Só o fato de que ele está falando sobre o assunto, perguntando sobre
isso, é um grande passo... — ele estende a mão e coloca o braço em volta do meu
ombro e me puxa para ele, assim, minha cabeça repousa em seu ombro. —...
portanto, obrigado por ajudá-lo a se encontrar em mais de um sentido.
É um dia
perfeito. Céu azul, sol aquecendo meu rosto e nenhum pensamento em minha
mente. As ondas batem na areia com um som calmante, onda após onda. Venho
aqui muitas vezes, o lugar que tivemos nosso primeiro encontro oficial, porque
me sinto perto dele aqui. Uma memória, algo para segurar quando nem posso
segurá-lo novamente.
Eu envolvo meus braços ao redor dos meus joelhos e respiro tudo isso,
aceitando que a tristeza sempre será uma dor constante no meu coração e
desejando que ele estivesse aqui ao meu lado. Mas, ao mesmo tempo, eu sei que
não me sinto tão em paz desde que ele se foi. Eu poderia estar virando a página
na minha tristeza - pelo menos isso é o que o terapeuta acha - uma vez que tem
sido dias sem o pânico cego e estrangulando gritos que consomem os meus
pensamentos e distorcem minha noção da realidade. Eu acho que, talvez, depois
de todo esse tempo, eu seria capaz de seguir em frente - não adiante - mas para
frente.
E embora minha voz seja tão suave, ele inclina a cabeça para o lado com o
som de seu nome, seus olhos cheios de uma tristeza tranquila, travam os meus.
Ele começa a levantar a mão, mas é momentaneamente distraído quando a
porta do passageiro é aberta. Ele olha para o carro e, em seguida, de volta para
mim, renúncia gravando as linhas magníficas de seu rosto. Ele hesitantemente
levanta sua mão novamente, mas dessa vez termina a saudação para mim.
Eu levo meus dedos em meus lábios quando a dor saindo dele finalmente
chega através da distância e colide em mim, golpeia o ar para fora de meus
pulmões. Eu sinto seu desespero absoluto instantaneamente. Rasgando minha
alma como um raio dividindo o céu.
— Colton! Pare! Colton! Lute, caramba! — minha voz rouca cai com as
últimas palavras, soluços ultrapassando e desespero me oprimindo. Eu penduro
minha cabeça em minhas mãos e me permito ser arrastada para baixo e me
afogar, acolhendo a escuridão devastadora, pela segunda vez na minha vida.
— Não! — eu grito.
Mãos invisíveis me agarram e tentam me afastar dele, mas luto com cada
grama que posso reunir contra elas, para que eu possa salvar Colton.
Salvar o homem que eu amo.
Nunca.
Meu coração está acelerado e ofego por ar, mas meu corpo não parece
aceitá-lo. Eu não consigo pegar a minha próxima respiração rápido o suficiente.
Eu levo a mão trêmula e a esfrego sobre o meu rosto para conseguir orientação.
Era tão real. Tão impossível, no entanto, tão real... a menos que... a menos que
Colton está...
Andy desloca os olhos dela para olhar a todos nós, antes de continuar.
Ela assente lentamente para ele, os lábios franzidos. — Meu nome é Dra.
Biggeti e eu me uni na sala de cirurgia com o Dr. Irons no caso do seu filho. —
na minha periferia vejo a maioria dos caras balançando a cabeça, corpo
inclinado para frente para se certificar de que eles ouvem tudo. Dorothea passa
para o lado de seu marido, Quinlan, no lado oposto e pega sua mão como Becks
está segurando a minha. — Colton passou pela cirurgia e atualmente está sendo
movido para a UTI.
Dra. Biggeti coloca as mãos para cima para acalmar a murmuração entre
nós. — Agora ainda há um monte de incógnitas neste momento. O sangramento
e o inchaço foram bastante extensos e tivemos que remover uma pequena parte
do crânio de Colton para aliviar a pressão sobre o cérebro. Neste momento, o
inchaço parece estar sob controle, mas preciso reiterar as palavras, neste
momento. Qualquer coisa pode acontecer nestes casos e as próximas 24 horas
são extremamente cruciais para nos dizer qual caminho o corpo de Colton vai
decidir ir. — eu sinto Beckett oscilar perto de mim e desembaraço nossas mãos e
envolvo meus braços em sua cintura, e me consolo com o fato de que estamos
todos aqui, nos sentindo da mesma maneira. Que desta vez eu não estou sozinha
assistindo o homem que eu amo lutar para sobreviver. — E por mais que eu
tenha esperança de que o resultado será positivo, também preciso prepará-los
para o fato de que pode haver um possível dano periférico que é desconhecido
até que ele acorde.
Todos nós - equipe e família - fomos transferidos para uma sala de espera
diferente, uma vez que estávamos ocupando todo o espaço na área de
emergência. Este é em um andar diferente, mais perto da UTI e de Colton. A
sala tem uma luz azul serena, mas estou longe de estar calma. Colton está perto.
O simples pensamento me faz hiperventilar. Eu não sou família imediata, assim
não poderei vê-lo.
Ela acaba de ver Colton. Quero lhe perguntar como ele está. Como ele se
sente, se ele está tão ruim quanto às imagens que tenho em minha mente. Abro
a boca para falar, mas a fecho, porque não consigo encontrar as palavras para
me expressar.
— Mas eu não sou... — eu não sei por que estou tão chocada que ela está
me dando essa oportunidade. O seguidor de regras em mim eriça, mas minha
alma traumatizada está em atenção.
— Sim, você é. — diz ela, com um sorriso tenso nos lábios e sinceridade
inundando seus olhos. — Você está ajudando a torná-lo inteiro - a única coisa
que eu nunca fui capaz de fazer como mãe e isso me mata, mas ao mesmo tempo
o fato de que ele encontrou isso em você... — ela não consegue terminar a frase e
lágrimas brotam em seus olhos, então ela estende a mão e aperta a minha. — Vá.
Eu a aperto de volta e aceno para ela antes de virar para ir para o homem
que não posso viver sem, o medo misturado com antecipação risca através de
mim como fogos de artifício em uma noite escura como breu.
Capítulo 4
E stou do lado
— Sabe, eu nunca estive tão bravo com ele quanto eu estava ontem à
noite. — a voz de Beckett faz o meu foco se dispersar.
Eu olho para o rosto dele e ele é tudo, menos invencível agora. O soluço
sobe na minha garganta e tento segurar, mas falho miseravelmente.
— Ele está tão acostumado a pensar que não merece qualquer sorte que
venha para ele. Ele nunca me deu detalhes, mas sei que ele acha que não merece
nada melhor do que aquilo que ele era, de onde quer que ele veio. Ele acha que
não é o suficiente para você e...
Nós nos ficamos ali um pouco, cada um lutando contra nossos próprios
pensamentos quando Becks se levanta abruptamente, sua cadeira raspando no
chão e quebrando o silêncio antisséptico na sala. — Isso é uma besteira fodida.
Eu não posso sentar e olhar para ele assim. — sua voz está rouca com emoção
quando ele começa a caminhar para fora.
— Ele vai sair dessa, Becks. Ele tem que sair. — minha voz quebra nas
últimas palavras, traindo a minha confiança.
Ele para e funga antes de se virar para olhar para mim. — Esse filho da
puta é teimoso em tudo que ele faz - tudo - é melhor ele não me decepcionar
agora. — ele muda sua atenção para Colton e avança para o lado da cama, a dor
se transformando em raiva a cada segundo. — Sempre tem que ser sobre você,
não é, Wood? Bastardo egocêntrico. Quando você acordar, vai se foder - e você
vai acordar e se foder, porque eu não vou deixar você sair dessa facilmente - vou
chutar a sua bunda por nos preocupar.
Colton
E u posso sentir
o carro - o estrondo do motor no meu peito que me diz que estou vivo - antes
mesmo de o ver ganhar velocidade no lado posterior da curva. Eu me concentro
em minhas mãos. Elas estão sacudindo, tremendo, porra. Eu não consigo
segurar o volante, os meus pensamentos, porra nenhuma. O volante treme sob
meus malditos dedos. Dedos que não consigo aperto suficiente para controlar o
maldito caos desvendando a minha volta.
A porra do raio de luz contra minhas malditas trevas. O sol que brilha
através desta névoa de fumaça do enlouquecido acidente. A primeira e única
exceção à porra da minha regra. Como posso ouvir seus soluços através do meu
fone de ouvido e ainda vê-la curvada em estado de choque à distância? Algo está
fodido aqui. Como insano fodido.
E mesmo que haja toda essa fumaça, eu ainda posso ver seu rosto claro
como o dia. Olhos violeta me dando algo que não mereço - a filha da puta da
confiança. Implorando-me para deixá-la entrar, para deixá-la ajudar a curar as
minhas partes eternamente danificadas de um passado que nunca poderei fugir
- nunca escapar - mesmo quando bato a cabeça na porra do muro.
Outros danos colaterais para minha maldita pobre alma lidar. Eu já tive
mais do que o suficiente disso. Eu engasgo com a bile, que ameaça - a alma ceifa
o medo que apunhala minha psique - porque mesmo em pleno voo, quando eu
deveria estar livre de tudo, ela ainda está lá. Ele ainda está lá. Sempre um
lembrete constante.
Colty, quando você não ouve, você se machuca. Agora vai ser um bom
menino e esperar por ele. Quando você é impertinente, coisas más acontecem,
bebê.
O maldito veneno vai me comer pedaço por pedaço até que eu seja o nada
que já sei que sou.
Meu último suspiro de resistência - para longe dele, por ela - quando a
luta me deixa.
M inutos
se transformam em horas.
Então, neste ambiente frio e estéril, tento usar letras para trazer calor
para Colton, cantando a música de sua infância: Puff the Magic Dragon.
Eu nem sequer percebo que caí no sono até que sou acordada
sobressaltada quando ouço o barulho de sapatos no chão e olho para cima para
encontrar os olhos amáveis da enfermeira responsável. Eu posso ver a
reprimenda prestes a sair da ponta de sua língua, mas o olhar suplicante em
meus olhos a para.
— Querida, você realmente não deve ficar aí em cima com ele. Corre o
risco de puxar algum fio. — sua voz é suave e ela balança a cabeça quando eu
encontro seus olhos. — Mas se você quiser, enquanto estou fazendo meu turno,
prometo não contar. — ela me dá uma piscadela e sorrio em gratidão a ela.
— Obrigada. Eu só precisava... — minha voz falha, pois como posso
colocar em palavras que precisava me conectar com ele de alguma forma.
— Oi. — é a única palavra que posso gerir quando meus olhos se chocam
com os seus. Calafrios dançam sobre meu corpo e minhas mãos tremem ao vê-lo
acordado, alerta e consciente.
Seus olhos cintilam por cima do meu ombro antes de voltar para
descansar nos meus. — Oi. — ele diz com a voz rouca enquanto minha alegria
aumenta. Ele inclina ligeiramente a cabeça para me observar, e apesar da
confusão tremulando em seu rosto, eu não me importo, porque ele está vivo e
inteiro.
Seus olhos cintilam por cima do meu ombro de novo e agora que me
lembro que havia vozes no quarto - mais de uma pessoa - mas algo sobre o olhar
em seu rosto me deixa com medo de desviar o olhar. — Colton...
— Você me deixou. — a voz dele está quebrada, coração arrancado e cheio
de incredulidade.
Eu ganhei.
Você perdeu.
A cordo com
um susto. Meus pulmões estão ávidos por ar e minha mente tenta se apegar a
qualquer coisa real através de sua neblina grogue. O grito em meus lábios morre
quando percebo que estou no quarto de Colton, sozinha, com ele ao meu lado.
Minha cabeça ainda está em seu peito e meu braço ainda enganchado em sua
cintura.
— Olá. — eu ofereço em um sorriso trêmulo e não sei por que uma parte
de mim está nervosa. Colton lambe os lábios e fecha os olhos
momentaneamente, o que faz com que eu entre em pânico que ele tenha sido
puxado para a inconsciência. Para meu alívio ele os reabre com um estrabismo e
tenta falar, mas não sai nada.
— Não se mova, ok? — minha voz falha quando digo, enquanto meus
olhos viajam pelas linhas de seu rosto, examinando para ver se ele está ferido.
Como se eu saberia se ele tivesse.
Ele assente mais ou menos e sussurra em uma voz quase ausente. — Dói.
— Eu sei que dói. — eu digo a ele quando chego do outro lado da cama e
aperto o botão de chamada para a enfermeira, quando a esperança dentro de
mim se estabelece em possibilidade. — Deixe-me conseguir uma enfermeira
para ajudar com a dor, tudo bem?
Colton entra e sai da consciência mais algumas vezes nos dias seguintes.
Pequenos momentos de lucidez entre uma neblina de confusão. Cada vez que ele
tenta falar, sem sucesso e cada vez que tentamos acalmá-lo - que supomos pela
corrida de seus batimentos cardíacos - são seus medos, nos poucos minutos que
temos com ele.
Eu mordisco minha comida com meu apetite inexistente e meu jeans está
mais folgado do que quando cheguei à Flórida há uma semana. Nada parece
bom - nem mesmo chocolate, que sempre recorro para o estresse.
Meu celular toca e eu luto para pegá-lo, esperando que seja Dorothea me
dizendo que Colton está acordado de novo, mas não é. Minha excitação diminui.
— Ei, Had.
— Bem, ela é uma das melhores, se eu posso dizer por mim mesma...
parece estar recuperando a tolerância fora dessa merda. — ela ri. — E graças a
Deus! Há um pouco da garota que eu amo brilhando. Você está aguentando aí?
— Então isso é o quê, cinco vezes em dois dias de acordo com Becks? Isso
é um bom sinal, certo? Já é alguma coisa?
— Eu acho... Eu não sei. Ele apenas parece tão assustado quando acorda -
a frequência cardíaca nos monitores sobe como foguete e ele não consegue
recuperar o fôlego - e é tão rápido que não temos tempo para explicar que está
tudo bem, que ele vai ficar bem.
— Mas ele vê todos vocês lá, Ry. O fato de vocês todos estarem lá, tem que
dizer a ele que não tem nada a temer. — eu apenas dou um sopro não
comprometedor em resposta, esperando que suas palavras sejam verdadeiras.
Na esperança de que a visão de todos nós o acalme, em vez de assustá-lo
pensando que ele está em seu leito de morte. — O que o Dr. Irons diz?
— Tudo bem. — diz ela, liberando a palavra, de modo que é quase uma
pergunta. Perguntando-me o que eu temo sem pedir. — O que você não está me
dizendo, Ry?
— E você está com medo de que ele não se lembre do que aconteceu, bom
e ruim, certo? — eu não respondo, me sentindo estúpida e validada em meus
medos ao mesmo tempo. Ela toma o meu silencio como resposta. — Bem, ele
obviamente se lembra de você, porque não surtou quando você estava deitada
na cama com ele a primeira vez, certo? Ele agarrou sua mão, acariciou seu
cabelo? Isso tem que lhe dizer que ele sabe quem você é.
Colton
D or bate
como uma maldita britadeira contra minha têmpora. Meus olhos ardem tal
como quando estou acordando após derrubar um quinto do Jack. Bile sobe e
meu estômago se agita.
Dor.
Sofrimento.
Prazer.
Necessidade.
Rylee.
Quem diabos é você? Olhos azuis vívidos olham fixamente para mim.
— Pode ser difícil falar. Estamos trazendo um pouco de água para ajudar.
Você pode apertar a minha mão se você me entende?
Por que diabos eu preciso apertar sua mão? E por que a minha mão não
está se movendo? Como diabos vou dirigir na corrida hoje, se não posso segurar
o volante?
Eu tento o meu lado esquerdo e ele responde. Porra, obrigado Cristo por
isso.
... Parece que os seus super-heróis vieram desta vez depois de tudo...
Minha mente tenta descobrir o que diabos isso significa, mas cresce
vazia.
Rylee se foi.
Max.
Eu.
Eu não acredito que fui egoísta o suficiente para até mesmo pedir por ela.
— Você feriu sua cabeça. — ele sorri para mim, mas estou desconfiado.
Ele pode ter me dado a vida novamente, mas a maldita razão de viver não
está aqui. Ela é inteligente o suficiente para ir embora porque eu simplesmente
não posso lhe dar o que ela precisa: estabilidade, uma vida sem corridas, a
promessa do para sempre.
Rylee.
Eu me viro para olhar para o borrão vago que notei na minha periferia, e
lá está ela.
Me chame de mulherzinha, mas juro por Deus que ela é o único ar que
meu corpo pode respirar. Foda-se se ela não é tudo que preciso e nada do que
mereço.
Suas mãos estão brincando com seu celular, minha camisa da sorte
pendurada em seus ombros e eu posso ver a apreensão em seus olhos enquanto
eles passam rapidamente por toda parte, exceto em mim.
Respire, Donavan. Porra, respire. Ela não foi embora. Ela ainda está aqui.
O neutralizador para o ácido que come a minha alma.
As palavras não ditas, me dizendo que tudo isso está acabando com ela.
Que não é justo que eu a faça passar por isso novamente. Mas a corrida é minha
vida. Algo que preciso tanto quanto o ar que eu respiro - irônico, considerando
que ela é a porra do meu ar - mas é a única maneira que posso sobreviver e
superar os demônios que me perseguem. A gosma negra que se infiltra em cada
fenda da minha alma, se certificando que nunca pode ser erradicada. Eu não
posso ser egoísta e pedir a ela para ficar ao meu lado quando tudo que quero é
ser o bastardo mais egoísta sobre a face da terra.
Mas como posso deixá-la ir, quando ela possui cada parte minha?
Eu vou sufocar com prazer para que ela possa respirar livremente. Sem
preocupação. Sem a porra do medo constante.
Ser altruísta, pela primeira vez, quando tudo o que tenho sido toda a
minha vida é egoísta.
Eu deveria ter dito a ela - superar a porra do medo que consome minha
alma - mas não podia... e agora ela não sabe.
E eu sei que, o que quero e o que é melhor para ela, são duas coisas
completamente diferentes.
Capítulo 9
V indo do
nada soluços rasgam por minha garganta com a visão dele, lúcido e atordoado
em alerta. Meu homem danificado é a mais bela vista que já vi.
Meu coração cai ainda mais se isso é mesmo possível. E nós apenas nos
olhamos enquanto o ruído e a emoção no quarto diminuem, todos dando um
passo para trás e observando em silêncio a nossa troca.
— Bem, você está com sede, não está? — ela brinca antes de acrescentar:
— Eu vou pegar um pouco mais, mas vamos garantir que isso seja eliminado,
antes de alagar você, tudo bem?
Tento acalmar meus soluços puxando uma respiração, mas não consigo
acalmar minha ansiedade. Eu sinto o braço de Quinlan ao redor do meu ombro
enquanto ela funga, mas nem sequer a reconheço. Eu não posso suportar os
meus olhos se concentrando em qualquer coisa, exceto as lágrimas - borrando a
visão na minha frente.
— Bem, tudo parece muito bem. — Dr. Irons diz eventualmente depois de
examiná-lo um pouco mais. — Como está se sentindo, Colton?
Colton olha para seu pai e sutilmente acena com a cabeça para ele antes
de apertar os olhos fechados em concentração. — É como trechos em minha
cabeça. Certas coisas são claras. — ele diz com a voz áspera, antes de engolir e,
em seguida, abre os olhos para olhar para Dr. Irons. — As outras... elas são
vagas. Como se pudesse senti-las lá, mas não me lembro delas.
E se ele já não fosse dono do meu coração - se ele não tivesse tatuado
cada centímetro dele com seu inconfundível selo - ele acabou de fazer.
— Rylee está certa. —Dr. Irons diz, quebrando a conexão entre nós. — É
preciso dar-lhe algum tempo. O que mais você se lembra, Colton? Você acordou
muito vestido e bateu quatro vezes. — ele pergunta, seu rosto mascarando a
mistificação que ele deve sentir por não compreender o significado por trás
dessas declarações. — Então o quê?
Meus olhos estalam para Beckett porque de todas as pessoas ele entende
que esta não é a ordem em que os eventos aconteceram. Dr. Irons observa o
olhar assustado no meu rosto e balança a cabeça para eu ficar quieta.
— Por quanto tempo esses vazios costumam durar? — Andy fala do lado
da cama.
— Bem, às vezes por pouco tempo e, às vezes para sempre... mas a coisa
boa é que Colton parece ter memórias do dia do acidente. Assim, parece que um
pequeno pedaço de tempo foi perdido para ele. Conforme os dias passam, ele
pode perceber que não se lembra de outras coisas... porque realmente, até que
ele se lembre de algo, ele nem sabe que está perdendo. — Dr. Irons olha ao redor
do quarto para todos nós e encolhe os ombros. — Neste momento não parece
que vai demorar para que você recupere tudo, Colton, mas aconselho cautela
porque o cérebro é uma coisa complicada, às vezes. Na verdade...
Todos nós olhamos para Dr. Irons, que acena com a cabeça em
concordância, mas quando olhamos para trás, para Colton, ele caiu no sono.
— Sabemos que ele parece estar - que seu cérebro parece estar -
funcionando bem até agora. — diz Quinlan quando se aproxima da cama. — O
que podemos esperar agora?
— Claro que pode. — ele diz. — Mas não posso garantir como ele vai
responder a isto.
— Como você está? — eu faço a pergunta em voz baixa, mas sei que ele
consegue me ouvir, porque seu corpo para momentaneamente antes que ele
coloque a última embalagem na lata de lixo e empurra para baixo.
Ele se vira e inclina seu quadril contra o balcão atrás dele e apenas dá de
ombros quando nossos olhos se encontram. — Sabe. — ele fala pausadamente
em seu lento tom que vim amar, ressoando. — Nós tínhamos dezesseis anos
quando nos conhecemos, este é o período mais longo que já passamos sem nos
falar. — ele dá de ombros novamente e olha para fora da janela por um
momento, para os caminhões de mídia no estacionamento. — Ele pode ser um
espertinho exigente, mas sinto falta dele. Me chame de mulherzinha, mas meio
que gosto do cara.
Ele exala alto e me dá um olhar relutante. — Tudo bem... mas você vai
ligar?
— É claro.
Ao lado de Colton.
Capítulo 10
A luz da
Completa novamente.
Sério? O céu é azul?7 Se eu pudesse, iria levá-lo para fora desta prisão
estéril e mantê-lo só para mim por um tempo. Para sempre ou mais, se ele me
deixasse. Mas ao invés de deixar o comentário irreverente rolar da minha boca,
7
Resposta a uma pergunta óbvia.
eu só emito um gemido satisfeito e aperto os braços em volta dele. Eu fecho
meus olhos e apenas absorvo tudo sobre este momento. Eu queria
desesperadamente que estivéssemos em outro lugar, em qualquer outro lugar,
para que pudesse estar com ele pele com pele, me conectar com ele dessa
maneira indescritível. Sinto que eu estou fazendo algo para ajudar a curar a sua
memória quebrada e alma danificada.
A pausa momentânea em seu movimento é tão sutil que quase não pego,
mas faço. E isso é o suficiente para me dizer que algo está errado, além do óbvio.
— Estou bem. — é tudo o que ele diz e que solidifica ainda mais o meu
palpite. Dou-lhe um pouco de tempo para reunir seus pensamentos e descobrir
o que ele quer dizer, porque depois das últimas semanas, eu aprendi muitas
coisas, a menos importante delas é a minha incapacidade de ouvir, quando
importa mais.
— Becks entrou sem bater e estava puto com ele por isso. Ele saiu e eu
acredito que seu jeans estava no chão e suas costas estavam contra a parede em
questão de segundos depois que a porta estava fechada. — caímos em silêncio
por um momento, aquela carga inegável crepitava entre nós. — Cristo o que não
daria para estar fazendo isso agora.
— Bem. — ele diz. — Eu vou ter certeza de que é a primeira coisa que vou
perguntar ao Dr. Irons quando vê-lo.
Ele engole em seco, seus olhos se deslocando para observar a sua mão
enquanto ele libera meu braço. Eu sigo o seu olhar para ver seus dedos
tremerem violentamente enquanto ele tenta sem sucesso fazer um punho.
Percebo um brilho de suor aparecer na testa abaixo da bandagem conforme ele
deseja que seus dedos se fechem. Quando não posso suportar vê-lo lutar mais,
me aproximo e pego sua mão na minha e começo a massageá-la, desejando que
ele se mova sozinho.
E a resistência é inútil.
Mas não tenho que fazer isso, porque Colton a entrega para mim em uma
bandeja de prata, quando ele traz a sua mão esquerda para a minha nuca e atrai
a minha boca de volta para a sua novamente. Lábios se abrem, línguas se
fundem e reconhecimento renova conforme nós afundamos em outro beijo
reverente. Nós estamos sem nenhuma pressa para fazer outra coisa, além de
desfrutar de nossa conexão irrefutável. O bip irritante dos monitores é
ultrapassado pelos suspiros e murmúrios satisfeitos sinalizando o carinho entre
nós.
Eu estou tão perdida nele, por ele - quando temia que nunca pudesse
prová-lo de novo - que tudo o que posso pensar agora é como conseguirei
alguma vez o suficiente dele?
Eu sinto o aperto de seus lábios enquanto ele faz uma careta de dor e
culpa imediatamente lança através de mim. Eu estou pressionando demais,
muito rápido para acalmar minha própria necessidade egoísta de reafirmação.
Eu tento me afastar, mas sua mão segura a minha cabeça firme enquanto ele
descansa sua testa contra a minha, narizes tocando, respirações suavizando
sobre os lábios um do outro.
— Essas dores de cabeça vêm tão rápido que parece uma marreta me
atingindo. — diz ele depois de um momento.
— Uh- uh. Ainda não. — diz ele de novo, teimosamente, enquanto ele
esfrega o polegar para trás e para a frente em toda a nuca nua do meu pescoço
tentando me acalmar, quando deveria ser o contrário. — Lembro-me da minha
entrevista com a ESPN. Comendo minha barra de Snickers. — ele me dá um
olhar um pouco estranho e desvia os olhos momentaneamente. — Beijando você
na linha do pit e depois nada por um tempo. — diz ele, tentando me distrair de
querer chamar o médico.
— Você estava ao meu lado durante o hino. A música acabou... — sua voz
desaparece enquanto ele tenta lembrar os próximos eventos, enquanto a minha
trava na minha garganta. — Eu assisti Davis ajudá-la por cima do muro,
querendo me certificar de que você estava a salvo, enquanto Becks começou as
verificações de última hora... e me lembro de sentir a sensação mais estranha de
estar em paz enquanto estava sentado na linha de meta, mas não sei por quê... e
então nada até acordar.
Meu coração despenca. Minha respiração trava. Ele não se lembra. Ele
não se lembra de me dizer a frase que tem me reestruturado. É preciso cada
grama da força que eu tenho para não deixar o tapa inesperado na minha alma
se mostrar no enrijecimento do meu corpo.
Eu tento mascarar as emoções que tenho certeza que estão nadando lá. —
Eu sei o quê? — eu pergunto, forçando minha garganta a engolir em seco pela a
mentira que a obstrui.
Ele inclina sua cabeça enquanto olha para mim e me pergunto se ele sabe
que estou escondendo alguma coisa. — Você sabe por que me senti tão feliz no
início da corrida?
Suas palavras raspam pela minha mente e fazem uma marca que só ele
será capaz de curar. E sei o quanto quero, como me dói suprimir a minha
necessidade de ouvi-las, mas não posso lhe dizer.
E as barragens se rompem.
Porque beijar Colton é uma coisa, mas estar cercada no calor abrangente
de seus braços me faz sentir que estou no lugar mais seguro em todo o mundo. E
quando tudo é dito e feito, o lado físico, a nossa relação é a terra tremendo e
necessidade, sem dúvida, mas ao mesmo tempo este sentimento - braços
musculosos em volta de mim, seu hálito quente murmurando palavras
tranquilizadoras no topo da minha cabeça, seu coração batendo forte e estável
contra o meu - é de longe, o que vai me levar nos momentos difíceis. Momentos,
como agora. Quando o quero tanto - de muitas maneiras - que nunca pensei que
fosse possível. Que nunca sequer passou pela minha cabeça antes.
Nós podemos passar por isso. Podemos nos encontrar novamente. Uma
parte de mim se preocupa profundamente que ele nunca vai se lembrar daquele
momento tão pungente na minha mente, mas ao mesmo tempo, temos tantos
momentos mais à nossa frente, tão prontos para fazermos juntos, que eu não
posso sentir pena de mim por mais tempo.
— Eu sinto muito que você teve que fazer. — ele diz as palavras com tal
honestidade que tudo o que posso fazer é olhar em seus olhos e ver a verdade
abaixo delas. Que o seu pedido de desculpas, sabe o quanto realmente eu estava
com medo.
— Bem, olhe para isto. A Bela Adormecida finalmente acordou sua bunda
feia.
Eu não consigo segurar a risada que borbulha. — Você está certo. Eu não
me arrependo. — eu alcanço e aperto a mão que ele me oferece. — Mas ia
chamá-lo em seguida.
— Não se preocupe. Eu sei que você iria. — ele se vira e olha para Colton,
seu sorriso o mais brilhante que vi desde o dia da corrida. — Você não é um
colírio para os olhos. Bem-vindo à terra dos vivos, homem. — e eu sei que isso
parece rude, mas pego a ruptura em sua voz e os olhos mareados nos cantos
quando ele se concentra em Colton. Ele estende a mão e bate em seu ombro. —
Merda. Esse remendo bizarro raspado em sua cabeça poderia apenas expulsá-lo
do reino das pessoas de boa aparência. Qual é a sensação de sair da terra do eu-
sou-a-porra-de-um-Deus?
— Whoa! — ergo minhas mãos e fujo para fora da cama, não querendo
ouvir onde o resto da conversa está indo. O cheiro fraco do jantar de ontem à
noite no lixo me dá toda a desculpa que preciso para dar-lhes um momento a
sós. — Isso é o suficiente para mim, rapazes. Eu vou pegar um ar, esticar as
pernas e levar esse lixo para fora.
— Oh, Ry! Vamos lá... — diz Becks, estendendo suas mãos para o lado. —
Eu ia dizer banho. Um banho quente e úmido. — ele ri alto e então ouço a risada
de Colton e sinto que o mundo que havia sido deslocado de seu eixo, acaba de
ser corrigido um pouco.
M eu coração
está mais leve conforme ando pelo corredor de volta para o quarto de Colton. Eu
mandei uma mensagem para seus pais e Quinlan, sobre ele estar acordado de
novo e tenho certeza que eles estarão aqui em breve. Sigo para o fim do
corredor, onde os funcionários do hospital tão graciosamente acomodaram
Colton. Seu quarto é mais privado do que a maioria dos outros, para que ele
possa ficar fora da vista dos outros visitantes do hospital. E há menos chance da
mídia obter uma imagem cobiçada dele.
Estou prestes a entrar em seu quarto quando penso que ele pode querer
um pouco de água. Eu me viro, não prestando atenção e quase dou uma
cabeçada na única pessoa que não tenho vontade de ver.
Nunca.
Absolutamente.
Tawny.
Nós duas nos assustamos quando nos vemos. E é claro que eu estou
parecendo esfarrapada do sono intermitente e roupas velhas do dia a dia,
enquanto ela está parecendo perfeitamente elegante e pronta para impressionar.
E tenho que dar-lhe crédito, ela manteve distância desde que Becks a mandou se
afastar na sala de espera. Mas quando ela me oferece um sorriso consolador,
não me importa que não esteja sendo maliciosa como de costume, porque todas
as emoções que reprimi ao longo dos últimos dias entram em erupção.
— Aqui é como isso vai ser, apenas no caso de você não ter chegado a esse
novo relógio e ainda estar vivendo no passado. Colton não está mais no
mercado. Ele é meu e eu sou dele. Isso está claro? — não me importa que ela não
responda, porque estou em um rolo e nada vai me parar. Eu vejo seus olhos se
arregalarem e continuo. — Em segundo lugar, se você já tentar insinuar ou
sugerir a alguém que existe mais entre você e Colton do que uma relação
comercial com os laços familiares, você vai ter que lidar comigo... e garanto que
não vai ser bonito. Você ainda não viu nada, boneca. Eu protejo o que é meu
sem pensar duas vezes nas consequências. — ela tenta encolher os ombros fora
do meu controle e isso só me faz inclinar mais perto e apertar um pouco mais
forte. — Você vai me tratar com respeito e manter o seu bando de amigas
prostitutas afastadas também.
Num piscar de olhos, eu bato suas costas contra a parede, desta vez meu
antebraço empurra contra seu peito e meu rosto está a poucos centímetros dela.
— Sua data de validade expirou, querida. Eu sou tudo o que ele precisa. E se
você tentar lhe mostrar o contrário, esse seu muito prestigiado trabalho pode
apenas dar bye-bye... então eu, definitivamente, pensaria duas vezes antes de
abrir a boca novamente. — eu começo a ir embora, mas volto atrás e olho para
ela, seus olhos refletindo a raiva dos meus. — Ah, e, Tawny? Colton não vai
saber sobre essa conversa. Dessa forma, você pode manter o seu emprego e ele
pode manter a noção de que sua amiga de infância e namorada de faculdade
realmente é a pessoa legal que ele acredita ser e não a cadela dissimulada que
você realmente é.
— Ele nunca acreditaria em você. Eu ainda estou aqui, não estou? — ela
diz as palavras às minhas costas, eu me viro lentamente tentando ganhar
alguma aparência de controle sobre o inferno de raiva fervendo logo abaixo da
superfície.
Colton deve ter visto o olhar no meu rosto, porque ele olha para Beckett
enquanto Dr. Irons examina a incisão e diz: — Está muito ruim?
— É?
— Claro.
Colton olha para mim e tenho certeza que ele vê o desafio em meus olhos,
porque a alegria começa a dançar nos seus. Ele trabalha a língua em sua
bochecha enquanto seu sorriso se alarga e levanta suas sobrancelhas.
— Ainda não, meu jovem. — Dr. Irons ri, divertido quando ele adivinha a
pergunta e lhe dá um tapinha no joelho. Tenho certeza que o constrangimento
mancha minhas bochechas, mas não me importo. — O que eu não daria para
estar em meus trinta e poucos anos de novo. — ele suspira.
— Sim. — Colton diz e não perco o olhar que passa entre ele e Beckett. Ele
puxa os olhos de volta ao médico e diz: — Quando vou estar liberado para correr
de novo?
De todas as perguntas que esperava que ele fizesse, não era isso. E é claro
que sou estúpida por ter esperança na hipótese de que Colton possa não querer
correr novamente, mas ouvi-lo realmente dizer isso, provoca pânico
percorrendo através de mim. Por mais que eu tente esconder o ataque de mini
ansiedade que suas palavras evocaram, meu corpo instintivamente fica tenso,
minhas mãos estremecem apertadas em torno da sua enquanto minha
respiração trava audivelmente na minha garganta.
Dr. Irons apenas suspira novamente, tentando lutar contra o sorriso nos
cantos de sua boca. — Normalmente, eu diria a você que voltar para um carro de
corrida é uma má ideia. Que seu cérebro foi abalado o suficiente e mesmo
quando o crânio estiver totalmente curado, ainda vai ter um ponto fraco onde o
osso foi restabelecido e isso poderia ser perigoso... mas sei que não importa o
que eu diga, você vai estar de volta na pista, não é?
Eu não tenho nenhuma opção a não ser me sentar agora, porque apesar
de como aparento estar calma no exterior, meu interior está simplesmente
sendo rasgado pela suposição correta do Dr. Irons.
Dr. Irons engole e acena com a cabeça. — Ok, bem, fico satisfeito de que
você é um cara sensato... bem, tão sensato quanto uma pessoa que dirige a 320
quilômetros por hora para ganhar a vida pode ser. — Colton sorri para o
comentário. — Eu volto mais tarde para verificar você. — Dr. Irons sai e por um
momento, há um silêncio constrangedor entre nós quatro. Imagino que é
porque todos nós estamos secretamente se perguntando o que vai ser se - não
quando - ele pular de volta no carro de corrida, mas ninguém diz nada.
Pânico pesa sobre mim e não tenho nenhuma ideia de como vou ser
capaz de lidar com isso. Como vou ser capaz de vê-lo entrar em um carro quase
idêntico ao que ele quase morreu.
Estendo a mão e aperto a sua, fazendo com que ele encontre meus olhos.
— Ei, está tudo bem. Vai voltar. É apenas temporário. — eu digo, tentando
tranquilizá-lo da melhor forma que posso.
— Mas... se não me lembro de algo assim, o que mais não lembro que
nem mesmo sei? — seus olhos nadam com confusão e ele faz uma careta
momentaneamente deixando meu coração acelerado de preocupação.
— Não se preocupe com isso, cara. Pense em toda a porcaria que você
pode reivindicar pela amnésia em que normalmente você receberia merda.
Ela estende a mão e aperta seu bíceps, seus olhos vagando sobre sua
ferida antes de retirar a mão quando ele não responde. — Estou tão feliz que
você está bem.
Eu posso ouvir a sinceridade em sua voz - saber que ela quer dizer isso -
mas isso ainda não me faz gostar mais dela.
— Podia ter sido muito pior pelo que me disseram, então eu vou chegar
lá. — Colton toma um gole de água, enquanto sua testa franze em concentração.
— Diga-lhes que estou acordado e por um ou dois dias. Eu estou me
recuperando, vamos voltar para a Califórnia dentro de uma semana, uma vez
que esteja liberado e retornando para a pista em algum momento. Agradeça-
lhes o apoio e orações e em vez de todas as flores ou presentes, prefiro que
façam uma doação para Corporate Cares. Os meninos precisam mais do que eu.
Tawny olha acima de seu telefone, onde ela está digitando tudo isso e
pergunta: — E sobre a sua perda de memória?
Ela inclina sua cabeça e olha para Colton por um momento, confusão
piscando em seu rosto. — Está tudo bem. É melhor se eu ficar aqui e lidar com a
mídia...
— Não. — Colton diz. — Eu acho que você não entendeu o que estou
dizendo. — Tawny lança sua língua e molha o lábio inferior quando o
nervosismo começa a corroê-la. Ela dá um passo em direção à cama, quando ele
começa a explicar. — Nós nos conhecemos, o quê? A maior parte de nossas
vidas? Tempo suficiente para que você saiba que não gosto de ser fodido. —
Colton se inclina para a frente, enquanto os olhos dela se arregalaram e eu
prendo a respiração em descrença pelo gelo em sua voz. — Você fodeu comigo,
T. E mais importante, você fodeu com Rylee. Agora isso? Isso eu
definitivamente me lembro. Game Over. Embale sua merda. Você está demitida.
Eu assisto a sua saída, tentando imaginar o que seria estar no lugar dela.
Em perder o seu emprego e o homem que acreditava ser seu.
E quando ouço Colton respirar um enorme suspiro ao meu lado,
realmente sinto pena dela.
U m som
Abro os olhos assustada com o que vejo. A visão do meu imprudente bad
boy - olhos apertados, os dentes mordendo o lábio inferior e face tingida com a
dor que escorre por suas bochechas - se desfazendo completamente em silêncio
disciplinado. Estou momentaneamente congelada com a incerteza.
Estou incerta, porque senti uma desconexão entre nós nos últimos dias.
Por um lado, eu sentia como se ele estivesse tentando me afastar - me mantendo
a distância - mantendo todas as discussões superficiais. Ao dizer que a cabeça
dói, que ele precisava dormir, no momento em que eu trazia qualquer assunto
sério.
E ainda assim não posso resistir. Nunca posso quando se trata de Colton.
Eu não posso deixá-lo sofrer em silêncio por tudo o que está comendo sua
alma e sombreando seu rosto. Eu tenho que me conectar com ele, confortá-lo da
única maneira que parecia funcionar ao longo das últimas semanas.
—E u não
É a quarta vez que ele diz isso, e é a única coisa que ele me disse desde
que acordou no avião. Eu mordo meu lábio e o vejo lutar enquanto olha para a
enfermeira quando ela empurra a cadeira mais uma vez para a parte de trás dos
seus joelhos, sem dizer uma palavra a seu paciente difícil. Posso vê-lo
começando a se cansar pelo esforço de sair do carro e andar cinco metros ou
mais em direção à porta da frente, antes de parar e descansar a mão no muro de
contenção. A tensão é tão óbvia que não estou surpresa quando ele finalmente
cede e se senta.
Eu estou feliz que mandei uma mensagem para todos antes e disse-lhes
para ficar dentro de casa e não nos cumprimentar na entrada da garagem.
Depois de assistir o esforço que levou para ele sair do avião e ir para o carro, eu
imaginei que ele poderia ficar constrangido se tivesse uma plateia.
E o fato de que não posso identificar o porquê, faz com que meus nervos
dancem no limite.
— Bem abra o cofrinho, porque o que vou lhe dar vale a porra de um
dólar inteiro. — diz ele, enquanto se inclina para mais perto de Colton. — Sua
cabeça dói? Você quer ser um idiota porque você ficou preso em um maldito
hospital? Você não quer a simpatia que você está recebendo? Bem muito
fodidamente ruim. Você quase morreu, Colton - morreu – assim, cale a boca e
pare de ser um idiota para as pessoas que se preocupam com você. — Becks
balança a cabeça para ele, exasperado enquanto Colton só puxa o boné mais
para baixo sobre a testa e se amua.
Quando Becks fala novamente, sua voz é a calma e calculista, que ele
usou comigo quando estávamos no quarto do hotel na noite anterior ao
acidente.
8
Two cents: conselho ou opinião não solicitada.
Quando Colton não fala, mas continua a ser ranzinza e olha Becks por
baixo da aba do boné, eu fortaleço - cansada, irritada e querendo um tempo a
sós com Colton - para tentar corrigir nosso mundo novamente.
Pela primeira vez desde que chegamos ao pátio, Colton levanta os olhos
para encontrar os meus. — Eu acho que é hora de todo mundo sair. — sua voz é
baixa e cheia de rancor.
Eu me aproximo, querendo que ele saiba que ele pode empurrar o quanto
queira, mas não vou recuar. Eu jogo suas próprias palavras de volta em seu
rosto. Palavras que nem tenho certeza de que ele se lembra. — Nós podemos
fazer isso do jeito mais fácil ou do mais difícil, Ace, mas não tenha dúvida, vai
ser do meu jeito.
— Eu não preciso de sua maldita piedade. Você não tem uma casa cheia
de meninos que precisam de você para ajudar a cumprir essa característica
inerente de vocês de pairar e sufocar?
Ele poderia ter me chamado de todo nome horrível de um livro que não
iria doer tanto quanto essas palavras, ele só me deu um tapa com elas. Estou
estupefata, abro e fecho da boca, enquanto olho para ele, o rosto inclinado para
o sol, os olhos ainda fechados. — Desculpe-me? — isso não é páreo para o que
ele acaba de dizer, mas é tudo que tenho.
Eu quero arrancar dele. Quero libertar sobre ele, a fúria que sinto
reverberando através de mim.
E agora é tudo tão transparente, eu me sinto como uma idiota que não as
juntei mais cedo.
Ele apenas dá de ombros com indiferença, mas estou em seu jogo agora.
Eu posso não saber o que é, mas algo está errado e, francamente, essa besteira
já estive lá, já fiz isso9 está ficando velha. — Você não aprendeu porra alguma?
Será que removeram a parte do senso comum do seu cérebro quando abriram?
Seus olhos estalam nos meus agora e sei que tenho sua atenção. Bom. Ele
não fala, mas pelo menos sei que seus olhos estão em mim, sua atenção está
focada. — Eu não preciso de suas besteiras condescendentes, Rylee. — ele puxa a
aba de seu boné sobre os olhos e coloca a cabeça para trás, me dispensando mais
uma vez. — Você sabe onde está a porta.
— Não me afaste ou vou empurrar de volta dez vezes mais forte. — digo a
ele, rogando-lhe para olhar profundamente em seu interior e ser honesto
consigo mesmo. Para ser honesto conosco. — Você me machucou de propósito
antes. Eu sei que você joga sujo, Colton... então do que é que você está tentando
me proteger? — eu me abaixo na espreguiçadeira, nossas coxas roçando uma na
outra, tentando fazer a conexão para que ele possa senti-la, assim ele não pode
negá-la.
9
Expressão usada para expressar uma experiência passada ou familiaridade com alguma coisa.
você me protegendo, Colton. É você me machucando. Nós já passamos por isso
e...
— Eu não vou esquecer, merda. — digo-lhe, meu tom cada vez mais alto
para obter o meu ponto de vista. — Você não consegue...
— Não!
— Você disse que não podia mais fazer isso. — sua voz me chama através
dos sons calmantes do oceano abaixo, apesar das ondas turbulentas batendo em
meu coração. O equilíbrio de seu tom de voz me avisa que ele está sofrendo, mas
são as palavras que ele diz que me faz procurar em minha memória para o que
ele está falando.
— O quê? — eu começo a dizer, mas paro quando ele levanta sua mão,
apertando os olhos fechados quando uma dor de cabeça o atinge
momentaneamente. E, claro, me sinto culpada por pressioná-lo sobre isso, mas
ele está louco se ele acha que vou sair daqui. Quero estender a mão e acalmá-lo,
tentar tirar a dor, mas sei que nada que eu possa fazer vai ajudar, então sento e
esfrego meu polegar distraidamente sobre o dorso de sua mão rígida.
— Quando eu estava fora... eu ouvi você dizer a Becks que você não podia
mais fazer isso... que você se afastaria com prazer... — sua voz deriva enquanto
seus olhos perfuraram os meus, o músculo pulsa em seu maxilar. Seu maxilar
obstinado fazendo a pergunta que suas palavras não fazem.
— Você disse que ia se afastar alegremente. — ele repete com a voz firme,
como se não acreditasse que estou lhe dizendo a verdade. — Sua pena não é
necessária, nem bem-vinda.
— Você está se afastando porque acha que só estou aqui por pena? Que
você se machucou e agora não quero mais você? — e agora eu estou chateada. —
Que bom que você pensa tão bem de mim. Que idiota. — murmuro mais para
mim do que para ele. — Sinta-se livre para fazer suposições, pois, caso você não
tenha notado, elas fizeram maravilhas para o nosso relacionamento até agora,
certo? — eu não consigo evitar o sarcasmo escorrendo em minha voz, mas
depois de tudo que passamos juntos - tudo sempre parece voltar quando tudo é
dito e feito - estou ferida que ele pense, mesmo remotamente, que vou querê-lo
menos, porque não está cem por cento.
— Rylee. — ele sopra um suspiro alto e pega a minha mão, mas a puxo de
volta.
— É malditamente claro que sim e é por isso que eu tenho que deixá-la ir.
— ele grita antes de xingar uma maldição murmurada. Ele entrelaça os dedos na
parte de trás de seu pescoço, e em seguida, puxa os cotovelos para baixo,
tentando estancar um pouco de sua raiva. Meus olhos piscam ao encontro dele,
minha respiração engasgada com confusão. — Eu ouvi você no telefone com
Haddie na outra noite, quando você pensou que eu estava dormindo. Ouvi você
dizer a ela que não tem certeza que você vai ser capaz de me ver voltar a correr
novamente. Eu não posso escolher entre você e as corridas. — diz ele, a angústia
tão palpável que rola dele em ondas e cai no desespero que emana de mim. —
Eu preciso tanto de você, Rylee. — a desolação de sua voz atinge profundamente
dentro de mim, seu medo transparente. — Eu preciso dos dois.
E agora entendo. Não é que ele acha que não o quero mais, porque ele
está machucado, é que não vou querê-lo no futuro, porque vou temer por cada
minuto, por cada segundo que ele estiver no carro, bem como os minutos que
antecedem a isso.
Eu não tinha ideia que ele tinha ouvido minha conversa. Uma conversa
com Haddie que foi tão sincera, me encolho recordando algumas das coisas que
disse, sem suavizar como faria com a maioria das pessoas.
Eu levo a minha mão ao seu rosto, trazendo seu olhar de volta para o
meu. — Fale comigo, Colton. Depois de tudo que passamos, você não pode me
calar ou me afastar. Você tem que falar comigo ou nunca poderemos seguir em
frente.
Posso ver as emoções transparentes em seus olhos e odeio vê-lo lutar com
elas. Odeio saber que algo o tenha corroído durante a semana passada, quando
ele deveria ter se preocupado com sua recuperação. Não sobre nós. Eu odeio que
ele nem tenha me questionado nada.
Ele pega a minha mão que está descansando em sua bochecha, seus
dedos entrelaçados aos meus e ele as repousa em seu colo. Seus olhos mantém o
foco na nossa conexão.
O amor é isso, quero gritar para ele. Sacudi-lo até que ele entenda que
este é o verdadeiro amor. Não a dor irrestrita e abusos de seu passado. Não a
versão distorcida de sua mãe. Isto é amor. Eu e ele, fazendo isso funcionar. Um
sendo forte quando o outro é fraco. Pensando no outro em primeiro lugar
quando sabe que seu parceiro vai sentir dor.
Eu não posso assustá-lo, fazer-lhe lembrar o que ele sentia por mim ou
me disse. E por mais que isso me mutile, que não posso dizer Eu corro você
para ele, posso mostrar-lhe por estar ao seu lado, segurando sua mão, por ser
forte quando ele precisa de mim. Por estar em silêncio quando tudo o que quero
fazer é dizer a ele.
Ele fica olhando para mim, os dentes raspando sobre seu lábio inferior e
completa reverência em seus olhos. Ele funga de volta a emoção e limpa a
garganta quando acena com a cabeça, uma aceitação silenciosa das minhas
palavras. — O que você disse a Haddie é verdade. Vai matá-la toda vez que eu
entrar no carro...
— Eu não vou mentir. Isso vai me matar, mas vou descobrir como lidar
com isso quando chegarmos nesse ponto. — digo a ele, embora já sinta o medo
que mancha a minha psique com o pensamento. — Nós vamos descobrir isso. —
corrijo a mim mesma e o sorriso mais adorável ondula no canto de sua boca,
derretendo meu coração.
Ele apenas acena com a cabeça, seus olhos transmitindo as palavras que
quero ouvir, e, por enquanto, é o suficiente para mim. Porque quando você tem
tudo certo antes de você, vai aceitar qualquer coisa para mantê-lo lá.
— Eu não sou bom nisso. — diz ele e posso ver a preocupação encher seus
olhos, esculpindo em suas feições.
Ele aperta minha mão, mas mantenho meu rosto em direção ao sol,
esperando que o rosado em meu rosto não seja perceptível. Minha mente corre
com as possibilidades para nós, se ele apenas pudesse encontrar dentro de si
mesmo e me deixar ter um lugar permanente. O silêncio está bem agora, porque
o espaço vazio entre nós está flutuando com potencial em vez do mal-entendido.
E neste pátio, banhados pela luz do sol, estamos perdidos em nossos
pensamentos, porque estamos aceitando o fato de que existem amanhãs para
nós experimentarmos juntos e esse é um bom lugar para estar.
— Não. — diz ele com um sorriso diabólico que me tem apoiado nele ao
mesmo tempo em que ele faz, para que nos encontremos no centro.
Nossos lábios delicadamente, se encostam uma vez, duas vezes antes que
ele abra seus lábios e deslize sua língua entre os meus. Nossas línguas dançam,
nossas mãos acariciam e nossos corações incham com a ternura do beijo. Ele
traz a outra mão até o meu rosto, e eu posso senti-lo tremendo, enquanto ele
tenta mantê-la lá. Eu levanto minha mão para agarrar a dele e ajudá-lo a mantê-
la contra a minha bochecha. Profundo desejo cresce na minha barriga e mesmo
sabendo que não posso saciar o anseio do meu corpo por ordens médicas, não
significa que não quero isso desesperadamente.
Um gemido sexy como o inferno vem do fundo de sua garganta que não
ajuda a conter a dor que me queima por ele. Eu coloco a minha mão livre em seu
peito, amando o zumbido da vibração sob meus dedos como resultado de meu
toque. Calafrios pinicam minha pele e não é da brisa do mar, mas sim da onda
de sensações que o meu corpo sente falta desesperadamente.
Acho que não sou o único remédio que ele precisa, afinal.
Capítulo 14
E u vago pelos
Não encontrando consolo, subo as escadas pela enésima vez para vê-lo.
Para me certificar de que ele ainda está nocauteado pelo coquetel de
medicamentos prescritos pelo Dr. Irons pelo telefone mais cedo, quando a dor
de cabeça de Colton não cessou.
Então penso nas revelações de Colton mais cedo, antes do golpe da dor de
cabeça e não posso evitar o sorriso que amolece meu rosto. No entanto, o
conhecimento de que ele estava tentando me afastar para me proteger pode ter
sido equivocado, mas perfeito.
Há definitivamente mais esperança para nós ainda.
Inalo seu cheiro, sinto o calor de sua pele aquecida sob meus lábios e dou
graças a Deus que estou neste momento outra vez com ele. Uma segunda
chance. Fico assim por um momento, em silêncio, agradecimentos correndo
por minha mente, quando Colton choraminga.
— Por favor, não. — diz ele, o tom juvenil no timbre masculino está
assombrado, perturbado e devastador. — Por favor, mamãe, eu vou ser bom. Só
não deixe que ele me machuque.
Ele agita a cabeça em sinal de protesto, enrijece o corpo, braços se
tonificando enquanto os sons que ele está fazendo se tornam mais inflexíveis,
mais perturbador. Tento acordá-lo, segurar seus ombros e sacudi-lo.
— Meu pai costumava cantar isso para mim quando eu tinha pesadelos.
Sua voz rouca assusta me assusta pra caralho. Eu nem sabia que ele tinha
acordado. Ele coloca o braço em volta de mim e me puxa para mais perto dele.
— Eu sei. — eu sussurro através do quarto iluminado pela lua. — E você estava
tendo um.
O silêncio paira entre nós, ele exala uma respiração suave. Posso dizer
que seus sonhos ainda estão em sua mente, então lhe concedo o silêncio para
trabalhar com eles. Ele pressiona um beijo no topo da minha cabeça e mantém a
boca lá.
Eu corro a minha mão sobre seu peito. — Eu também estava com muito
medo.
— Eu sei. — diz ele quando sua mão encontra o caminho sob o cós da
minha calcinha e segura minha bunda, me puxando para cima de seu corpo para
que meus olhos possam encontrar os seus. — Eu sinto muito que você teve que
passar por isso de novo. — eu posso ver o pedido de desculpas em seus olhos,
nas linhas gravadas em sua testa e sou incapaz de falar, as lágrimas entopem
minha garganta em seu reconhecimento dos meus sentimentos, então lhe
mostro da melhor maneira que sei. Eu me inclino e deslizo meus lábios contra
os dele.
Seus lábios abrem quando deslizo minha língua entre eles, um gemido
suave estronda no fundo de sua garganta, me estimulando a provar meu
primeiro e único vício. Minhas mãos passam pelo queixo mal barbeado indo
para a parte de trás de seu pescoço e tomo a mistura inebriante que aprendi a
desejar. Seu gosto, seu toque, sua virilidade.
Colton passa a mão esquerda pelas minhas costas e aperta a meu quadril
enquanto eu balanço sobre o cume de sua ereção coberta apenas por sua boxer.
A sensação cresce por dentro, criando uma dor tão forte, tão intensa que faz
fronteira com a dor. Meu corpo anseia pelo prazer que tudo consome, que sei
que só ele pode evocar.
Eu levo minhas mãos até meus quadris e seguro seus dedos. Eu quebro
nosso beijo e descanso minha testa contra a de Colton. — Nós não podemos.
Não é seguro. — a tensão é evidente em minha voz, expressando o quão difícil é
para eu parar de tomar exatamente o que nós dois queremos. Colton não profere
um som. Ele só aperta as mãos nos meus quadris enquanto nossa forte
respiração preenche o silêncio no quarto. — É muito esforço.
— Você sabe que não quer que eu pare. — diz ele com um sorriso e
quando ele começa a falar novamente, eu coloco um dedo sobre seus lábios para
acalmá-lo.
— Ah, mas você se esquece de que o paciente está sempre certo e este
paciente pensa que esta mulher... — diz ele, quando pega o meu dedo em sua
boca e o chupa fazendo com que o desejo transborde dentro de mim. — Precisa
ser completamente fodida por este homem.
— Ryles, quando você vai saber que é seguro? — ele dá aquele sorriso
diabolicamente belo que sabe que não posso resistir. — Por favor... deixe que eu
faça isso sozinho. — ele pede, mas sei que, sob o tom brincalhão está um homem
limpando o que restou de sua contenção. — Estou morrendo de vontade de
tomar o assento do motorista e definir o ritmo.
Eu não posso evitar a minha risada, porque suas palavras me lembram de
um certo comentário. — Quando nos conhecemos, Haddie queria saber se você
fodia como você dirige.
Ele inclina a cabeça para o lado e seu sorriso arrogante cresce cada vez
mais. — Bem, ela estava certa ou eu preciso levá-la para outra volta ao redor da
pista para refrescar sua memória?
Eu adoro ver o Colton feliz, o Colton que senti falta, tão vibrante que
decido ter um pouco de diversão - interpretá-lo em seu próprio jogo. Ele quer
sexo que não vou dar a ele, mas isso não significa que não posso simular um
bom show para animá-lo. Dar-lhe algo para aliviar a queimadura.
Ou intensificar o desejo.
E por causa desse conhecimento, posso dar-lhe este presente com mãos
firmes e total confiança.
Eu deixei outro gemido cair da minha boca e tanto quanto posso ver o
desejo em seus olhos verdes, eu posso dizer o momento em que ele pega a
minha sugestão. A propagação lenta, desigual de um sorriso transformando um
canto de sua boca deliciosamente bela. Ele apenas sacode a cabeça sutilmente,
alegria dançando sobre sua expressão enquanto ele me mostra que está mais do
que disposto a fazer este jogo.
— Baby, se você está tentando fazer com que eu pare, então não deve
jogar comentários como esse.
Dele.
Quando seus quadris se acalmam, meus dedos cavam nas minhas coxas
para me impedir de tomar o que eu quero - dedos rasgando para baixo em sua
boxer, tendo seu comprimento endurecido em minhas mãos, guiando-o para
dentro de mim, me esticando à sublime satisfação - eu ganho compostura o
suficiente para levantar os olhos e travar nos seus. Para fingir que tenho um
firme e seguro controle que está implorando para ser quebrado.
Ele estende uma mão para cima e desenha uma linha no meio do meu
peito em um ritmo dolorosamente lento. Seu sorriso se espalhando para ambos
os cantos quando meus mamilos endurecem em seu toque, provando que apesar
da minha forte fachada, estou afetada por ele em todos os sentidos possíveis.
— Bem, se você acha que eu fodo como dirijo, deve ver-me soltar o
martelo10 e fazê-la correr até a linha de chegada.
Eu não posso evitar a respiração que trava na minha garganta. Tem que
ser coincidência que ele usa o termo correr - afinal de contas, é sua profissão -
mas cada parte minha espera momentaneamente que eu esteja errada. Que ele
está usando o termo para me dizer que ele se lembra. Mas tão rápido quanto o
pensamento voa com esperança, ele queima, dificulta a respiração em meus
pulmões. Então faço a única coisa que posso para ajudar a fazer-me esquecer e
ajudá-lo a se lembrar.
Quando seus olhos piscam e param entre meus olhos e meus dedos, eu
abro minhas pernas mais distantes e me certifico de que ele pode ver tudo o que
eu estou fazendo. Meus dedos deslizam sob o elástico da minha calcinha e
depois paro, meu corpo ansiando pelo meu toque, tanto quanto posso ver que
ele está, pela intensidade em seus olhos e seus dedos se esfregando, louco para
me tocar. Mas ele ainda está no controle. Ainda muito calmo.
10
Drop the hammer: O ponto próximo ao final de uma corrida onde o piloto pisa com força no
acelerador, surgindo com tudo para a linha de chegada.
Hora de testar essa contenção.
— Todo homem, sim. — ele finalmente disse, com a voz tensa. — Correr
pode ser um esporte perigoso demais, sabe?
— Oh realmente? — eu respondo.
Eu mantenho a minha cabeça para trás sabendo que ele está assistindo
mover meus dedos - absorvo o prazer - porque há algo inesperadamente
libertador sobre ele tirando a minha roupa para que possa ver. Estou solta, sem
vergonha e totalmente sua para ser tomada, tanto física como mentalmente.
Sinto meu pulso acelerar. O calor se espalhar por mim como uma onda de
sensações que de bom grado quero ser afogada. Colton geme na minha frente e
volto para o presente, levanto minha cabeça e abro os olhos para encontrar os
seus fixos no triângulo entre as minhas coxas. Eu assobio um gemido quando
trago a minha mão para ele ver a evidência da minha excitação brilhando nos
meus dedos. Eu me esforço para controlar o fogo ardente se espalhando por
mim, acendendo lugares que eu nem sabia que existiam e tento encontrar a
minha voz.
— Bem, Ace, o perigo pode ser superestimado. Parece que sei como lidar
com uma pista escorregadia perfeitamente bem. — eu ronrono, incapaz de lutar
contra o sorriso que se espalha enquanto seus dedos cavam mais fundo em
meus quadris. Eu mantenho meus olhos fechados e o provoco quando trago
meus dedos até os meus lábios e chupo lentamente antes de retirá-los.
O músculo de seu maxilar vibra. Seu pau pulsa abaixo de mim em reação.
Sua respiração grossa. — Escorregadia e molhada, hein? Perigo nunca foi tão
fodidamente tentador. — ele fala lentamente, antes que sua língua se lance para
fora e molhe seus lábios enquanto acompanha minhas mãos deslizando para
trás no meu torso, sobre os meus seios, meu estômago e de volta entre as
minhas coxas. Desta vez, porém, abro meus joelhos mais amplos enquanto uso
uma mão para separar minha fenda para que ele possa ver a minha outra mão
deslizar para baixo entre a carne rosada, inchada. Eu posso ver o esforço cintilar
através das linhas magníficas de seu rosto, ver o desejo o inundar e o conhecido
sorriso em seus lábios que de alguma forma se encaixa com perfeição absoluta.
Um pouco convencido.
O muito imperfeito.
E completamente meu.
— Você sabe. — ele fala arrastando a ponta do dedo até uma coxa,
propositadamente evitando meu núcleo apertando em antecipação antes de
continuar para baixo na outra perna. — Às vezes, em uma corrida, a fim de
alcançar a linha de chegada, novatos como você tem que se juntar à equipe para
obter o resultado que você quer.
— Ah, então você gosta de correr sujo, hein? Quebrar todas as regras? —
ele provoca, jogando a bola de volta para o meu tribunal.
Eu giro meus quadris por cima dele e posso sentir seus dentes rangerem
na força de vontade. Repito o movimento mais uma vez, um suspiro satisfeito
desliza entre meus lábios enquanto meu corpo implora por mais. — Um grande
e malvado piloto de corridas profissional como você, tem medo de mostrar a
uma novata como dirigir seu pau, hein?
Eu esqueci o quão rápido Colton pode se mover, com mão ruim e tudo.
Dentro de uma batida de coração ele me empurrou, então estou sentada de
volta. Meus pés foram puxados para frente para que eles estejam planos na
cama de cada lado de sua caixa torácica e ele empurra meus joelhos tão longe
quanto eles podem ir.
Bingo.
Pavio aceso.
Graças a Deus!
Ele deve estar confundindo o olhar em meu rosto - de alívio afiado com
desespero - como confusão, porque ele diz: — Eu vou mudar as marchas,
querida, porque sou o único autorizado a dirigir este carro. — eu posso ouvir o
zumbido no fundo de sua garganta enquanto ele desliza as mãos até as minhas
coxas, parando para passar os polegares para cima e para baixo na minha faixa
estreita de cachos. Um toque provocante que envia pequenos tremores
ricocheteando através de mim, insinuando o que está por vir, o nível de prazer
que ele pode me trazer.
Seus dedos se aquietam e ele arrasta seus olhos pelo meu corpo para
encontrar os meus, um sorriso maroto assombra sua boca. Ele segura o meu
olhar - quase como se me desfiasse a olhar para longe - enquanto ele move uma
mão para abrir a minha carne inchada, enquanto a outra enfia os dedos dentro
de mim. Minha cabeça cai para trás quando grito com a sensação, com os dedos
em movimento, manipulando, circulando para acariciar sobre o sensível feixe de
nervos. Ele desliza os dedos dentro e fora, minhas paredes apertando ao redor
dele, segurando em cima dele em necessidade pura, carnal. Ganância.
Eu observo seu rosto. Vejo sua língua deslizar entre seus lábios, o desejo
nubla seus olhos, observo os músculos ondulando em seus braços enquanto ele
trabalha em um ponto febril. Faz-me subir rapidamente, porque estou tão
reprimida - tão confusa com a necessidade - que ao vê-lo, senti-lo, a memória
dele, me empurra sobre o limite.
Minhas unhas marcam seus braços quando todo o meu corpo fica tenso,
minha boceta convulsiona e o grito quebrado de seu nome enche o quarto ao
nosso redor. Eu caio para frente, desmoronando em cima do peito de Colton
quando calor lança através de mim em ondas que liquefaz minhas entranhas.
Faz coerência uma possibilidade distante. Eu quero a sensação da minha pele na
dele. Preciso sentir a firmeza dele contra mim e a segurança de seus braços em
volta de mim conforme eu nado através da sensação que ele me inundou.
Ofego em respirações curtas e afiadas enquanto meu corpo se estabelece,
as pontas de seus dedos traçando linhas para cima e para baixo na minha
coluna. Eu posso sentir sua risada suave contra o meu peito. — Ei, novata?
— Eu sou o único que tem permissão para levá-la para a filha da puta da
bandeira quadriculada.
Eu não consigo evitar a risada que borbulha. Ele pode reivindicar minha
bandeira quadriculada em qualquer dia.
Capítulo 15
— O h, amigo,
eu estou tão orgulhosa de você! — eu revido a onda de culpa que rola sobre mim.
Eu perdi as aulas de estudo de Connor para um teste em sua mais temida
matéria - matemática. — Eu sabia que você poderia fazer isso!
— Eu apenas usei aquele pequeno truque que você falou e deu certo! — o
orgulho em sua voz traz lágrimas de alegria para os meus olhos, e ao mesmo
tempo, de tristeza por não estar lá.
E sim, seus mais hábeis dedos me trouxe uma pequena gota de liberação
que precisava na noite de anteontem, mas não é o mesmo. A conexão foi feita,
mas não cimentada, porque quando Colton está em mim, literalmente me estica
para cada profundidade que se possa imaginar, também estou completamente
cheia figurativamente em todos os sentidos da palavra. Ele me completa, me
possui, me arruinou para qualquer outro homem.
Eu me sinto mais perto dele agora - por passar tanto tempo com ele - e
ainda mais longe. E eu odeio isso.
Por trás dos meus óculos de sol, eu tomo a visão diante de mim e sei que
não há outra mulher no mundo que não gostaria de estar no meu lugar agora.
Ambos os homens estão relaxados, vestidos com calções, bonés e óculos de sol.
Eu deixei meus olhos vaguear preguiçosamente com apreciação mais do que
suficiente para as linhas definidas de seus torsos nus e luto contra o sorriso que
quer puxar os cantos de minha boca.
— Bem, se não é Florence Nightingale11. — Beckett fala pausadamente, a
mesma cadência com que ele traz a garrafa aos lábios.
11
Enfermeira britânica, famosa por ser a pioneira no tratamento aos feridos de guerra, durante
a Guerra da Crimeia (ao sul da atual Ucrânia), que ocorreu entre os anos 1853 e 1856.
Becks apenas bufa uma risada e revira os olhos. — Definitivamente, uma
boa palavra de fato.
Colton quebra o contato de nossos olhos pela primeira vez e vira sua
cabeça para olhar para o seu velho e melhor amigo. — Tenha certeza, irmão,
quando o doutor me liberar, nada - e eu quero dizer nada - virá entre mim e
Rylee por um longo fodido tempo, exceto talvez para uma mudança de lençóis.
12
Party Foul: um incidente em uma festa e/ou reunião social.
— Como ele está?
Eu viro para encarar Becks. — As dores de cabeça estão vindo cada vez
menos, mas ele está frustrado. Ele continua achando pequenas coisas aqui e ali,
que ele não se lembra. E ele está se sentindo confinado. — eu dou de ombros. —
E você sabe como ele fica quando se sente confinado.
— Bem, você diz que ele está se sentindo confinado... a pista é o único
lugar que ele sempre foi livre em tudo. — diz Becks, segurando meu olhar
atordoado. — Além disso, se ele não ficar atrás do volante em breve, vai deixar
esse medo que ele tem comê-lo, incorporar em sua cabeça, e fodidamente
paralisá-lo, por isso, quando ele na verdade achar que pode voltar para o carro,
vai ser um perigo para si mesmo.
Ele apenas ri e mesmo que não seja condescendente, sinto que minhas
costas estão contra a parede aqui e cerro os dentes com o som. — Foda-se, sim,
ele está com medo, Ry. Com medo de ficar malditamente louco. Se não é a mão
que ele usa como desculpa, será outra coisa... E ele precisa superar isso. Se não o
fizer, o medo só vai comê-lo vivo.
Minha mente corre de volta para a semana passada. As coisas que Colton
disse sobre corridas. Ações que contradizem as palavras que ele está dizendo e
começo a perceber que Beckett está certo.
— Mas e sobre o meu medo? — eu não posso evitar o desespero que ata
minha voz.
— Você acha que não estou com medo? Que isso vai ser fácil para mim
também? — a mordida na voz Becks me faz virar para olhá-lo. — Você acha que
não vou reviver aqueles segundos mais e mais em minha mente toda vez que
fechá-lo no carro? Toda vez que ele voar baixo pela rampa? Porra, Ry, quase o
perdi também. Não pense que isso vai ser fácil para mim, porque não vai. Vai
ser fodidamente brutal, mas é o que é melhor para Colton. — ele se levanta de
seu assento e vai até a grade, mãos estendidas apoiando-se enquanto se inclina
para elas. — Até você aparecer, isso era a única coisa que importava. A única
coisa que o mantinha na porra da sanidade. — ele exala um sopro cortante. — É
a única coisa que ele conhece. — ele se vira para me encarar, olhos escondidos
atrás dos óculos aviadores. — Então, sim, ele precisa ter sua bunda na pista e
serei o seu maior líder de torcida de merda, mas não se deixe enganar em pensar
que o meu coração não vai estar acelerado a cada maldito minuto que ele estiver
lá fora.
Meus olhos o seguem quando ele caminha para uma das extremidades do
pátio para deixar sua agitação abater, e em seguida, de volta para mim antes de
pegar a garrafa e virar para cima, engolindo o resto de sua cerveja.
Eu vejo a lógica por trás de seu raciocínio, mas isso não significa que eu
não tenha medo que ele morra.
Eu levanto meu rosto para pegar os últimos raios de sol antes de se
dissipar e afundar no horizonte. Eu cantarolo junto à Collide tocando
suavemente nos alto-falantes ao ar livre, quando a minha mente divaga para
Beckett e nossa conversa, de como vou me sentir assistindo Colton ficar atrás do
volante novamente e se ele vai temer isso tanto quanto eu.
— Ei, o que você está fazendo aqui fora sozinha? — a voz rouca de Colton
me puxa em todos os níveis, abro meus olhos para encontrá-lo me observando
em meu lugar confortável na espreguiçadeira. O calor se espalha através de
mim, quando vejo o vinco do travesseiro no lado de seu rosto e não posso evitar,
mas pergunto como ele era quando menino.
— Você teve um bom cochilo? — eu lhe dou espaço quanto ele se senta ao
meu lado, mas propositadamente não me movo muito longe para que possa
aconchegar-me mais perto dele.
— Eu não consigo imaginar por que você teria algum tipo de dor com a
quantidade de cerveja que vocês dois tomaram.
— Espertinha.
Colton não diz nada, ao contrário, ele faz um som sem compromisso em
resposta. Nós nos acomodamos em um silêncio confortável por um tempo e
congratulo-me com isso, porque esta é a primeira vez nos últimos dias onde não
há essa tensão inexplicável vibrando entre nós. Enquanto o sol afunda e as
ondas do mar suspiram na noite que se aproxima, minha mente começa a vagar
de volta à minha conversa com Becks. E sendo eu, tenho que perguntar, tenho
que saber os pensamentos de Colton sobre as corridas novamente.
Sua mão para momentaneamente o seu trajeto até minha coluna antes de
continuar e sei que estou tocando em algo que ele não está completamente
confortável em falar ou admitir. Ele exala no silêncio que eu lhe dei. — É difícil
de explicar. — diz ele antes de virar de modo que estamos lado a lado, os nossos
olhos se focando. Ele balança a cabeça sutilmente e continua. — É como se eu
temesse isso e precisasse disso, tudo ao mesmo tempo. Essa é a única maneira
que eu posso colocá-lo.
Eu posso sentir sua inquietação, então, eu faço o que sou melhor, tento
acalmá-lo. — Você já descobriu isso comigo.
Ele solta uma respiração quando seus olhos cintilam de emoção. Seus
lábios abrem e fecham momentaneamente. O silêncio misturado com a
intensidade em seus olhos me enerva. Eu posso ouvir o engate da sua
respiração, o som do oceano, o batimento do meu coração nos meus ouvidos e
ainda assim, o silêncio dele. Ele olha para o lado e me preparo, para o quê, eu
não tenho certeza. Mas quando ele olha para mim, um lento e tímido sorriso
levanta um canto de sua boca e ele acena a cabeça em aceitação. — Você está
certa, eu preciso de você.
Ele traz uma mão suavemente para a minha bochecha e esfrega o polegar
sobre meu lábio inferior. Ele se inclina e sussurra seus lábios com ternura antes
de beijar o topo do meu nariz. Quando ele se afasta, eu vejo o sorriso malicioso
em seu rosto. — Agora é a minha vez.
— Sua vez? — pergunto enquanto seus dedos brincam com os botões da
minha camisa.
— Cuidado, querida, porque sou um caso grave de bolas azuis que não
quer nada mais do que estar enterrado na linha de chegada entre suas coxas. —
enquanto fala, ele se inclina para a frente, perto o suficiente para me beijar, mas
não me concede um. Fale sobre doce tortura. Quando ele fala a seguir, sua
respiração sopra sobre meus lábios. — É melhor não testar a minha contenção.
13
Hot seat: palavra de duplo sentido. Assento quente e berlinda.
Mas e se acontecer? E se ele precisar de mim e ninguém estiver aqui e
algo horrível acontecer? — É... eu só. — eu paro, precisando dizer e ao mesmo
tempo não querendo ofendê-lo. — Eu não quero o seu mundo colidindo com o
deles. Eles não precisam de câmeras em seus rostos, dizendo a todos que eles
são órfãos - que ninguém os queria - ou qualquer uma dessas merdas que tenho
certeza que viria com isto.
— Ry, olhe para mim. — diz ele, quando levanta meu queixo para cima
para encontrar seus olhos. — Você e eu? Eu não quero nunca mais isso - eu, a
loucura ao redor da minha vida, a imprensa, o que seja - se colocar entre você e
os meninos. Eles são importantes e eu entendo mais do que a maioria.
— Mmm-hmm.
— Na primeira noite. — faço uma pausa, indecisa sobre como fazer a
pergunta. Eu decido mergulhar de cabeça e espero que esteja no fundo do poço.
— O que você estava fazendo com Bailey na alcova antes que você me
encontrou?
Colton solta uma gargalhada, seguida de uma maldição e acho que ele
está um pouco surpreso com a minha pergunta. — Você realmente quer saber?
Eu quero? Agora não tenho tanta certeza. Eu aceno com a cabeça e fecho
os olhos, em preparação para a explicação que virá.
— Eu fui para os bastidores para atender uma ligação de Becks. — ele ri.
— Merda, assim que desliguei ela estava em mim como uma víbora. Ela tirou o
meu casaco, depois abriu o zíper do vestido e sua boca estava na minha mais
rápido do que... — ele se desvanece quando tento não reagir às palavras, mas sei
que ele sente o meu corpo tenso porque ele pressiona um beijo no topo da
minha cabeça em segurança. — Acredite em mim, Rylee, não era o que parecia.
— Foda-se não. — ele ri. — Você, baby - você é minha boceta vodu.
Bailey? Ela é mais como uma boceta piranha.
— Eu lhe disse naquela noite no festival que eu não faço com bad boys.
Eu nem sequer luto contra a risada que sai, porque o arrogante sorriso
travesso está de volta em seu rosto, iluminando seus olhos e solidificando o
roubo do meu coração. — Tenho certeza que sim, mas você era definitivamente
a exceção à regra. — digo-lhe com um sorriso.
— Desde que você fosse minha. — diz ele, e penso na facilidade com que
parece dizer essas coisas agora, quando há um mês, nunca tinha pensado nessa
possibilidade. Ele se inclina para a frente e desliza os lábios contra os meus, sua
língua se aprofunda entre eles para saborear e atormentar. Eu gemo insatisfeita,
quando ele se afasta. — Agora me dê respostas, mulher. Ace? — diz ele,
levantando suas sobrancelhas.
— Ok, ok. — eu cedo, embora ainda esteja muito distraída com o quão
perto os lábios de Colton estão dos meus e o quanto almejo apenas saborear um
pouco mais, apesar de meus lábios ainda estarem quentes dos seus. — Como eu
disse, Haddie gosta de homens tatuados destinados a quebrar seu coração.
Alguns são bons para ela, a maioria não é. Max e eu costumávamos sempre rir
da porta giratória de rebeldes que a cercavam. Na faculdade ela namorou um
cara chamado Stone. — eu apenas aceno quando Colton balança a cabeça, me
certificando que ele me ouviu corretamente.
— Sim, Stone era na verdade o nome dele. Enfim, o cara era um idiota,
mas Haddie estava louca de luxúria com ele. Uma noite, ele estava fora com seus
amigos e nós nos sentamos com uma garrafa de tequila e um saco de Kisses
Hershey, eu disse a ela que ele era um “verdadeiro ace14 dentre todos”, que ela
tinha escolhido desta vez. Uma coisa levou à outra, e em seguida, outro shot. —
eu rio com a memória de todos aqueles anos atrás. — E quanto mais nós
bebíamos, decidimos fazer ace representar algo... pensávamos que éramos
hilariantes com as nossas suposições e quando decidimos um que era perfeito
para Stone, não conseguíamos parar de rir. Mais tarde, naquela noite, depois
que ele tinha saído na cidade com seus amigos, ele apareceu na porta e quando
Haddie atendeu, ela disse: “Ei, Ace!” E o apelido pegou. Ele pensou que ela
estava dizendo a ele que ele era um mestre na cama quando ela estava
realmente dizendo que ele era, um arrogante, convencido, egocêntrico. — os
olhos de Colton encontram os meus, quando finalmente dei o que ele queria
saber. — E daí em diante, toda vez que ela namorou um cara que era como
Stone, nós o chamávamos de Ace.
Ele fica olhando para mim por um segundo antes assentir com a cabeça
de forma sutil. — Hmpf. — é tudo o que ele diz depois de um instante, sua
expressão estoica e inexpressiva. Eu prendo meu lábio inferior entre os dentes
enquanto espero, e então, um sorriso lento, preguiçoso, enrola um canto de sua
boca. — Ainda é um encontro casual para mim, mas acho que ganhei esse título
na primeira noite que nos conhecemos.
— Não chute um homem ferido, quando ele está no chão. — ele faz
beicinho em tristeza simulada, me inclino e escovo meus lábios contra os dele.
— Coitadinho. — eu cantarolo.
— Sim, e só porque você sente pena de mim, vai me deixar fazer outra
pergunta. Outra memória que estou esquecendo que você não está me dizendo?
14
Uma pessoa que se destaca em determinada atividade.
Juro que meu coração pula e vai parar na minha garganta. Eu tento não
vacilar. Tento não mostrar a pausa em meu caminho figurativo, que
definitivamente iria deixá-lo saber que sei de algo que ele não lembra. — Boa
tentativa, Ace. — eu provoco, engolindo em seco e tento descobrir uma distração
fundamental neste momento.
Ele olha para mim, tumulto em seus olhos e incerteza em sua carranca. —
Ry... — meu nome é uma expiração em seus lábios, enquanto tenta encontrar as
palavras para expressar as emoções em conflito dançando em um ritmo rápido
através de sua íris.
— Por que você as fez? — eu pergunto, pensando que talvez vou trocar as
marchas, qualquer coisa para se livrar do medo cintilando neles.
E eu não sei como lhe mostrar isso, então me movo por instinto, tocando
seu braço para que ele se levante. Eu muito lentamente me inclino para frente e
pressiono meus lábios na mais alta, o símbolo celta que representa as
adversidades. Eu sinto seu peito vibrar debaixo dos meus lábios, enquanto ele
tenta controlar a onda de emoção o inundando, quando me movo bem devagar
até a próxima: aceitação.
Que ele não tem mais que lutar sozinho, corpo e alma manchada de
vergonha em silêncio.
Todos vocês.
As peças quebradas.
As peças curvadas.
As cheias de vergonha.
Que eu aceito.
Eu juro que nenhum de nós respira nesta troca silenciosa, mas posso
sentir as paredes desmoronando ao redor do seu coração que bate logo abaixo
dos meus lábios. Portões, uma vez protegidos, são agora forçados a se romper
pelos raios de esperança, amor e confiança. Paredes desmoronando para deixar
pela primeira vez alguém entrar.
— Eu... — ele começa e depois sua voz enfraquece, baixando os olhos por
um instante antes de voltá-los para os meus. — Eu não estou pronto para falar
sobre isso ainda. É demais e é muito claro na minha cabeça - em minha alma e
meus pesadelos - dizendo em voz alta, quando eu nunca o fiz, é só...
— Shh, está tudo bem, Colton. Você não precisa explicar nada. — eu me
inclino e pressiono um beijo na ponta de seu nariz como ele faz comigo, e em
seguida, descanso minha testa contra a dele. — Só saiba que estou aqui para
você, se você quiser.
E não passa despercebido por mim, que ele me deixa beijar todo o seu
corpo tatuado - expressar amor a todos os símbolos de sua vida - exceto um, o
da vingança.
Capítulo 16
Colton
— P uta que
pariu!
Eu rio alto apenas para ser respondido pelo bater da cauda de Baxter
contra a sua almofada no chão ao meu lado. Eu dou tapinhas na cama para que
ele pule em cima dela, e depois de um pouco de carinho, eu luto com ele para se
deitar, rindo de sua língua descontroladamente me lambendo.
Baxter geme ao meu lado. Abro meus olhos e olho para ele, esperando o
olhar de cachorrinho implorando por atenção. Não. Nem um pouco. Eu não
posso deixar de rir.
Estou assim tão desesperado que eu estou falando com meu cão sobre
sexo? E o médico disse que minha cabeça não está fodida? Merda, eu acho que
ele está me iludindo, me dando uma volta.
Baxter se levanta e salta para fora da cama. — Eu entendi, use-me e em
seguida, deixe-me. — eu digo a ele e as palavras de Rylee para mim, na primeira
noite que nos conhecemos, ressurgem. Fodê-las e descartá-las. Maldita Rylee.
Classe pura, linda pra caralho, com a boca inteligente e atitude mal-humorada.
Como diabos que viemos de lá para cá?
Juro por Deus, a vida é uma porra de uma série de momentos. Alguns
inesperados. A maioria não. E muitos, um pouco inconsequentes. Foda-se, eu
nunca teria esperado que um beijo roubado fosse levar a isso. Rylee e eu.
Eu não me sinto como sendo eu mais. E preciso dessa porra agora, mais
do que tudo. Para ser eu. Para estar no controle. Para estar no topo da porra do
jogo.
Prazer para enterrar a dor, minha bunda. Quando você não pode ter o
prazer, o que diabos você faz com a dor?
E então minha mão treme. Estremece de tal forma, que meus dedos não
podem sequer segurar meu próprio pau mais.
Muito rápido.
Porra!
15
Referência ao carro de Colton que leva o número 13.
16
Um coquetel feito com vodka, gim, tequila e rum.
Mas porra, se eu não preciso dela, especialmente porque eu entendo
agora... a entendo agora. Entendo a claustrofobia que a aleija, porque agora não
posso nem funcionar. Tudo o que posso fazer é deitar na porra do chão com as
bordas da minha visão indefinidas, a sala girando e minha cabeça latejando.
Eu fecho meus olhos para tentar fazer a porra do quarto parar de girar
em um turbilhão.
Thwack!
17
Balls to the wall: termo usado por pilotos. Para pisar fundo no acelerador, empurrar o limite.
E outro flash de memória me atinge. Cinco minutos atrás não conseguia
me lembrar de merda nenhuma e agora não posso esquecer essa porra. Foda-se
sendo quebrado ou curvado, eu sou uma sucata filha da puta de peças agora.
Thwack!
Thwack!
Novamente.
E xpectativa
É apenas por necessidade. Não porque ele quer que eu fique com ele por
um período indeterminado de tempo. Certo?
Meu coração está mais leve depois de passar meu primeiro turno 24
horas em mais de três semanas, com os meninos. Eu não posso deixar de sorrir,
lembrando o auto sacrifício de Colton, para me tirar da casa, para ver os
meninos sem a comitiva de paparazzi. Quando eu estava ao volante do Range
Rover e as janelas fortemente escuras, Colton abriu o portão de sua garagem e
começou a andar diretamente para o frenesi da mídia, atraindo toda a atenção
para si. E, quando os urubus desceram, dirigi para o outro lado e saí sem
ninguém me seguir.
— Dia difícil?
Eu quase salto para fora da minha pele. Colton sai da alcova sombreada e
leva tudo o que tenho para me lembrar de respirar quando ele se inclina contra
a parede atrás dele. Meus olhos correm avidamente sobre cada borda definida -
cada centímetro de pura masculinidade - de seu corpo coberto apenas por uma
bermuda vermelha pendurada em seus quadris. Meu olhar percorre seu peito e
suas tatuagens para tomar o fantasma de um sorriso torto, mas é quando nossos
olhos se bloqueiam que pego a faísca antes da dinamite detonar.
Nós nos movemos em uma série de reações fervorosas, a sua mão segura
meus cachos refém, assim, a minha boca está à mercê de seus lábios hábeis.
Então, sua língua pode mergulhar, atormentar, e provar como um homem
saboreando sua última refeição, como um homem dizendo foda-se para sua
contenção e aceitando a gula como um pecado bem-vindo.
Minhas mãos percorrem suas omoplatas enquanto ele arfa - tão grata por
ter a chance de senti-lo de novo - antes que ele encaminha minha perna para
cima de seu quadril. Gemo, a mudança de posição permitindo que sua ereção
dura esteja perfeitamente encostada contra meu sexo dolorido. Eu lanço minha
cabeça contra a porta, quando o atrito silenciado me inunda e Colton tira
proveito do meu pescoço recém-exposto. Sua boca está sobre a pele macia em
um instante, sua língua deslizando contra os nervos, trazendo-os para a vida, e
em seguida, simultaneamente, chamuscando-os com o desejo.
Meus dedos agarram seus bíceps que flexionam enquanto suas mãos
fazem um trabalho rápido no botão do meu jeans. Eu mexo meus quadris
quando suas mãos deslizam entre o tecido e minha carne que está antecipando.
Saio deles quando seus dedos percorrem, como uma pluma sobre minhas
dobras inchadas para seduzir, mas não tomar. Sua outra mão agarra meu
traseiro, uma barreira entre mim e a porta e me pressiona ainda mais para ele.
Ele diz algo tão baixinho que não posso ouvi-lo debaixo da respiração
pesada enchendo a sala, antes silenciosa. Eu mexo minhas mãos novamente,
desfrutando da sensação dele tremendo contra mim. — Pare. — diz ele
calmamente contra os meus lábios e desta vez eu o ouço. Eu imediatamente
paro e volto a olhar para ele, temendo que sua cabeça esteja doendo. E estou
imediatamente nervosa com a visão de seus olhos fechados apertados.
Ele exala uma respiração aflita e abre os olhos lentamente para encontrar
os meus, enquanto seus dedos amassam delicadamente minha bunda. — Eu
estou desesperado pra caralho, para me enterrar - sentir, me perder, me
encontrar - em você, Ry... — diz ele, a tensão visível em seu pescoço e audível no
seu desespero. — Você merece suave e lento, baby, mas tudo o que vou ser capaz
de lhe dar é duro e rápido, porque tem sido tão maldito tempo desde que tive
você.
Eu viro minha cabeça até ele, me inclino e deslizo meus lábios nos dele.
Eu ouço a sua ingestão aflita quando ele suspira, sinto a tensão em seus lábios
enquanto eu puxo suavemente seu lábio inferior entre meus dentes. Quando me
afasto, encontro seus olhos carregados de luxúria.
— Eu quero você. — eu sussurro para ele, com uma mão em volta de seu
comprimento duro e a outra em um punho apertado no cabelo de sua nuca, para
que ele possa sentir a intensidade do meu desejo. — De qualquer maneira que
eu possa tê-lo. Duro, rápido, suave, lento, de pé, sentado - não importa, desde
que você esteja enterrado em mim.
Ele cresce ainda mais na minha mão, enquanto esfrego meu polegar
sobre a umidade em sua crista e sou recompensada com um gemido do fundo da
sua garganta. Minha outra mão arranha a pele de suas costas enquanto minha
boca marca a sua com muito fervor. Em um instante, Colton tem as mãos em
meus quadris, me levantando e pressionando minhas costas contra a porta.
Minhas pernas tentam envolver sua cintura, mas ele me sustenta, suspensa,
assim, a conexão que eu mais quero, não é feita, de modo que o comprimento
preparado dele contra minhas coxas é uma provocação torturante ao meu ápice
em mendicância.
Ele suga uma respiração quando eu alcanço entre as minhas pernas e o
aperto, querendo controlar o homem que é incontrolável. Precisando dele da
pior maneira. Da melhor maneira. De qualquer maneira.
Seus olhos cintilam com alguma emoção indecifrável, mas estou tão
reprimida, tão preocupada com o que vai acontecer nos próximos momentos,
que nem sequer penso duas vezes no que é.
Seus dedos cavam meus quadris e me levanta um pouco mais alto para
que me alinhe antes que ele me puxe de volta para baixo e em cima dele. Nós
dois gritamos quando a nossa conexão é feita. Quando meu calor úmido estende
passando de seus limites para acomodar sua invasão.
E parece que já faz tanto tempo desde que ele me encheu, que meu corpo
se esqueceu do ardor prazeroso de sua presença. — Meu Deus. — eu respiro
quando meu corpo o leva. — Estou muito apertada. — digo-lhe, salientando para
o fato de que têm sido longas três semanas desde que ficamos íntimos.
— Não, querida. — Colton diz, alegria dançando em seus olhos quando ele
acalma os quadris para que me ajustar. — Eu sou apenas muito grande.
O riso enche minha mente, mas nunca chega aos meus lábios antes de ver
um flash de seu sorriso arrogante, e em seguida, sua boca está na minha
novamente. Mas, desta vez quando seu beijo reivindica o meu, seus quadris
começam a se mover, as mãos começam a guiar e seu pênis começa a acariciar
cada centímetro em sintonia dentro de minhas paredes tensas. Ele está no
controle completo dos nossos movimentos, nossos impulsos, nossa escalada de
sensações.
Eu levanto minha cabeça da posição encostada na porta e aprecio a visão
dele. Seus olhos estão fechados, os lábios entreabertos, o cabelo despenteado em
minhas mãos e os músculos dos ombros ondulando enquanto ele nos move em
um movimento rítmico.
Meu homem quebrado agora está no modo dominante puro e cada nervo
do meu corpo grita para ser tomado. Para ser dele. Para ser a quem ele prova
sua virilidade.
Leva apenas mais alguns segundos antes do prazer criar uma explosão de
branco no abismo da escuridão que me consumiu. E eu estou perdida
instantaneamente para um mundo além da nossa conexão. É só ele e eu – a
sensação esmagadora e o fôlego roubado - enquanto me afogo no calor líquido e
me perco no sentimento, o nome dele repetido aos sussurros em meus lábios.
E eu estou bem com isso, porque acho que nunca vou ser capaz de deixá-
lo ir também.
— Porra, eu precisava disso. — ele suspira com uma leve risada e tudo
que posso dar-lhe é uma resposta evasiva, porque sinceramente, eu ainda estou
montando meu próprio êxtase.
— Eu não posso acreditar que você não me contou. — diz ele, quebrando
o silêncio e balança a cabeça de um lado para o outro antes de se afastar para
que ele possa olhar para o semblante interrogativo em meu rosto.
Um fantasma de um sorriso enfeita sua boca quando ele traz uma mão
até minha bochecha, seu polegar deslizando muito suavemente sobre os meus
lábios ainda inchados por seus beijos. — O que eu disse a você antes de entrar
no carro...
Minha respiração morre e meu coração salta uma batida, as próprias
palavras em seus lábios e a emoção em seus olhos se alojando em minha
garganta. Quero pedir-lhe para dizer, para me dizer as palavras novamente,
porque inferno, sim, eu sei o que ele disse, mas quero ouvir que ele se lembra
dessas palavras e ainda sente o significado por trás delas.
— Ry... você não sabe que eu nunca esqueço um único momento em que
eu corro... dentro ou fora da pista? — é preciso um momento para que as
palavras se registem, para as palavras e o que elas significam se enraízem. Que
ele se lembra e que ainda se sente da mesma maneira. E o engraçado é que
agora que eu sei - agora que toda essa preocupação desaparece e podemos
avançar - estou congelada no lugar.
— Presumo que você foi liberado pelo doutor? — eu pergunto, meu corpo
saciado já vibrando com o desejo recém-descoberto.
— Sim, eu fui, mas depois do meu dia... — diz ele, beijando minha testa e
me puxando de volta para o conforto de seus braços. — Não importa se tenho a
porra da permissão ou não, eu estava tomando o que era meu.
— Sim.
E então registro as palavras que ele disse antes e me afasto para procurar
uma resposta. — O que houve de errado com o seu dia?
Eu vejo algo nublar seus olhos momentaneamente, antes que ele o afaste.
— Não se preocupe comigo. — diz ele e eu estou imediatamente em alerta.
— O que mais aconteceu, Colton? Houve alguma coisa que você lembrou,
algo que...
— Não. — diz ele, com uma pressão de seus lábios contra os meus. — Eu
só me lembrei o que era importante. Alguns espaços vazios ainda estão lá. — já o
mestre de deflexão, ele continua: — Parece que tenho negligenciado você nos
últimos tempos.
Então o que o está incomodando, ele não quer falar. Tudo bem... bem,
então nos saltos dos últimos 20 minutos, vou certamente dar-lhe um espaço e
não pressionar. — Me negligenciando?
— Aposto que você vai. — ele brinca com um rápido aperto de meus
quadris. — Mas como eu estava dizendo, é hora de cuidar de você com uma
noite apropriada, em vez de comida de hospital bruta e me manter ocupado
enquanto deito na cama. — quando eu apenas arqueio uma sobrancelha
sugestiva ao ocupar parte da cama, ele apenas balança a cabeça para mim e
aquele sorriso que eu amo ilumina seu rosto. Ele se inclina e me beija
suavemente, murmurando suas próximas palavras contra os meus lábios. —
Haverá tempo de sobra para que você possa me ocupar na cama mais tarde,
porque agora - esta noite - vou levá-la à première de um filme.
Suas palavras me pegam de surpresa completa. — O - o quê? — eu olho
para ele com incredulidade no meu rosto e os lábios entreabertos em estado de
choque. Ele apenas sorri para mim com um olhar de gato-que-comeu-o-canário
porque ele me surpreendeu.
Seu comentário sarcástico para Becks de dias antes escolhe agora para
bater em meus ouvidos e tomar posse. As palavras estão em minha boca antes
que eu possa filtrá-las. — Eu pensei que uma vez que você fosse liberado, nada
viria entre mim e você, apenas uma mudança de lençóis por um fodido longo
tempo. — repito suas palavras de volta para ele.
— A mídia vai ter um dia de campo com isto. — ele zomba quando eu
esmago a bunda dele, mas ele continua. — Bem veja o lado positivo, você não vai
levar muito tempo para escolher o que vestir.
Minha boca estala aberta e gaguejo uma risada nervosa quando Colton
para e desliza lentamente meu corpo por cada centímetro do seu corpo firme até
que meus pés tocam o chão. O brilho travesso em seus olhos me faz querer saber
se isso é uma coisa que Colton pode estar interessado que nunca passou pela
minha cabeça antes. Estou tão perdida em meus pensamentos momentâneos e o
cálculo tranquilo em seus olhos, que perco fato de que ele me pôs no chão no
terraço privado.
Eu não posso evitar as lágrimas que vêm aos meus olhos, nem me
importa quando uma desliza silenciosamente pelo meu rosto. A reflexão que
entrou com tudo o que está disposto tão belamente em minha frente me deixa
sem palavras. Eu me viro para encará-lo e apenas balanço a cabeça com o que
vejo... porque o que está atrás de mim rouba minhas palavras, a beleza dentro e
fora do homem diante de mim rouba meu coração. Ele está lá nu - barba por
fazer, cabelo despenteado e não incluindo a parte raspada, precisando
desesperadamente de um corte e um olhar em seu semblante que reforça as
palavras que ele disse para mim lá embaixo.
O calor do sol
da manhã aquece minha pele, perseguido pelo golpe fresco da brisa do oceano.
O aparelho de som que nós esquecemos de desligar na noite passada interpreta
a voz de Matt Nathanson quase inaudível acima do barulho das ondas. Eu me
aconchego mais perto de Colton, tão contente com a inesperada transformação
que nossas vidas tomaram quando nós mais ou menos colidimos um com o
outro, e juro que meu coração dói com a enormidade de tudo isso. Com a
segunda chance que nos demos - que ambos estamos lentamente aceitando -
que há um ano atrás, nós nunca poderíamos ter imaginado.
Semicerro meus olhos, grata pela treliça acima, que bloqueia o sol de
onde adormecemos ontem à noite na cama de espreguiçadeiras. Eu nem sequer
me preocupo em suprimir o suspiro de uma mulher mais do que satisfeita
quando relembro do lento e doce amor com ele, sob um manto de estrelas e em
uma cama feita de possibilidades.
— Não, definitivamente não são minhas palavras. — diz ele antes de abrir
um olho e olhar para mim, aquele sorriso lascivo que eu amo exibido com
orgulho. — Eu tenho a magia em espadas, baby, deve ter sido algum outro cara
que a sua vodu sugou a vida.
Eu luto contra a vontade de rir, porque aquela voz rouca da manhã e
aqueles olhos sonolentos são a combinação perfeita de sexy, o que torna
extremamente difícil fingir indiferença. — Sim, você está certo. Lembrei que eu
não saio com bad boys, como você mesmo disse. — eu dou de ombros. — Foi
isso, aquele cara barbeado que vejo ao lado. O único que me dá o que você não
pode. — eu provoco enquanto levanto o lençol sobre nossos quadris e espreito
por baixo dele, meus olhos vagando avidamente sobre sua impressionante
ereção da manhã. Meus músculos um pouco doloridos de ontem à noite,
apertam imediatamente, em antecipação de boas-vindas do que está por vir. Eu
fecho meus olhos para esconder o desejo que tenho certeza que os nublam e faço
um gemido satisfeito.
— Vê algo que você gosta? Algo que ele não pode lhe dar? — eu amo o
tom brincalhão em sua voz.
Tenho certeza de que minha voz está uniforme quando falo, porque tudo
isso de preliminares zombeteiras, está me fazendo desejar o que está ao alcance
de meus dedos.
Tento mexer meus braços, mas seu aperto ainda me detém. — Colton. —
eu arqueio quando meu corpo começa a acelerar, o calor se espalhando, o desejo
enrolando tão apertado que estou esperando por ele saltar livremente. — Deixe-
me tocar você.
— Deus sim! — eu lamento quando ele faz isso de novo, minhas coxas
começando a ficar tensas e minha pele cora com a onda de sensação que surge
em preparação para o seu ataque final sobre o meu corpo.
— Eu sei que eu sou bom, baby, mas Deus pode ficar um pouco com
ciúmes, se você começar a nos comparar.
Eu não consigo evitar o riso despreocupado que cai da minha boca mais
do que eu posso evitar minhas costas de se arquearem e a busca de meus
quadris em seu próximo impulso, em seu ritmo lento, mas forte. — Bem... esteja
preparado para ficar com ciúmes, por sua vez. — eu provoco, o levando a
levantar a cabeça de sua posição no meu pescoço e raspar sua barba
propositalmente em meu mamilo nu, provocando que uma necessidade
irrestrita conduza diretamente para onde ele está manipulando tão habilmente
entre minhas coxas. Ele levanta as sobrancelhas para mim com ar divertido,
tentando descobrir exatamente o que quero dizer quando seus quadris giram
novamente dentro de mim, e estou perdida.
Pelo momento.
Por ele.
Para o: — Oh Deus, oh Deus, oh Deus! — que cai dos meus lábios quando
onda após onda surge através de mim.
E eu sucumbo à névoa do meu desejo, mas o ouço rir quando ele percebe
o porque, que pensei que ele poderia ficar com ciúmes. Meu corpo ainda está
pulsando ao seu redor, ainda gozando, quando ele se inclina para baixo em meu
ouvido, sua voz rouca da manhã adicionando um suave comichão às violentas
sensações reverberando por mim. — Você pode estar chamando seu nome
agora, querida, mas em um minuto você vai estar agradecendo a mim. — diz ele,
enquanto mordisca meu ombro antes de soltar minhas mãos e o calor do seu
corpo deixar o meu.
Estou tão perdida em montar o meu clímax que o calor de sua boca na
minha carne já sensível me faz chamar por seu nome, mãos agarrando seu
cabelo por sua cabeça posicionada entre as minhas pernas, a língua deslizando
por toda a minha fenda. — Colton! — eu choro quando sua língua lambe dentro
de mim, tirando a intensidade do meu orgasmo, prolongando a queda livre de
êxtase. — Colton! — eu digo novamente, começando a contorcer meus quadris
contra sua boca quando o prazer se torna quase insuportável.
Ele lambe para cima novamente e desta vez continua subindo, traçando
uma linha de beijos de boca aberta e lambe a minha barriga, peito, pescoço e
minha boca, assim, quando sua língua empurra entre meus lábios, eu posso
provar a minha própria excitação. Sua boca na minha absorve meu gemido
quando ele entra em mim mais uma vez e começa a perseguir o seu próprio
orgasmo.
— Está ruim? — pergunto sobre a dor de cabeça que eu posso dizer que
ele está tentando esconder.
— Não, não está tão ruim. Elas estão vindo menos e mais espaçadas
agora. — diz ele caindo em silêncio, enquanto desfaz o clipe de papel em sua
mão com concentração feroz.
Maldito Beckett!
Mas sua explicação abortada que ele não concluiu, misturado com seu
comentário de ontem sobre ele ter um dia difícil, colidem juntos não tão
sutilmente em minha mente. Eu me movo e sem pedir, sento em seu colo e me
aninho nele. Ele exala um suspiro resignado, antes de desatar seus dedos e
fechar seus braços em volta de mim.
— Eu assisti o replay.
Ele não precisa dizer mais nada. Sei muito bem que replay ele está se
referindo, porque ainda não consigo vê-lo. — E como você lidou com isso?
Seu corpo vibra com uma energia inquieta e quando ele começa a se
mexer debaixo de mim, posso dizer que ele precisa liberar um pouco disso. Eu
saio de seu colo e quando ele se levanta e caminha até a janela, afundo de volta
no couro, ainda quente do seu corpo.
Colton enfia a mão pelo cabelo, tensão evidente nos músculos nus de suas
costas, enquanto ele olha pela janela para a praia lá embaixo. Ele força uma
risada. — Bem, se você chamar um homem adulto, rastejando nu pela porra do
chão, enquanto vomita em seco por um maldito ataque de pânico, depois que
cada sentimento único de merda, do acidente lhe acerta como um soco... — diz
ele, com voz grossa de sarcasmo. — Então merda, se isso é considerado lidar
com isso? Então, foda-se sim... eu diria que passei nesse maldito teste. — ele
revira os ombros e caminha para fora do escritório sem olhar para trás. Eu exalo
a respiração que estou segurando, quando ouço a porta do pátio abrir e depois
se fechar atrás dele.
Saio para o pátio e ouço o barulho da água antes de ver a sua longa e
esguia figura cortando através da água com fluidez graciosa. Ele cobre a
distância da piscina rapidamente, chega ao fim e faz algum tipo de inversão
subaquática e ressurge antes de ir para o outro lado.
Seu torso se ergue da água quando seus pés tocam o fundo e esfrega suas
mãos sobre o rosto. Quando remove a água, ele olha para cima, surpreso em me
ver ali sentada olhando para ele, e o sorriso mais deslumbrante se espalha por
seus lábios. Ele franze o nariz, lembrando-me do que ele poderia parecer
quando garotinho, e qualquer uma de minhas preocupações com seu estado de
espírito desaparecem.
Ele caminha até onde estou, os olhos presos nos meus. — Eu sinto muito,
Ryles. — ele balança a cabeça com um suspiro. — É difícil para mim admitir que
estou com medo de voltar para o carro.
Ele estende a mão para meus quadris e me puxa para mais perto em
direção a ele, para que possa me beijar. Uma pincelada de seus lábios e o cheiro
de água clorada em sua pele é tudo o que eu preciso para me sentir com ele
novamente. Ele começa a dizer algo e depois para. — O quê? — pergunto
baixinho.
Tudo que posso fazer é ceder meus ombros com a visão. Pernas longas,
cabelos loiros e um sorriso condescendente são tudo que eu pego antes que ela
comece a passar por mim e depois para, virando a cabeça sobre o ombro para
olhar para mim. — Você pode correr agora, menina. Acabou a brincadeira,
porque Colton não precisa mais de você. Ele está em boas mãos agora. Mamãe
está aqui.
Meu queixo cai aberto, sua audácia me deixa sem palavras. Antes que
possa encontrar as minhas palavras, ela caminha pela casa como se fosse a dona
do lugar, deixando-me no rastro de seu perfume avassalador.
— Colton? — eu grito para ele ao mesmo tempo em que ele entra no foyer,
a toalha que ele está usando para secar o cabelo cai no chão.
E com Colton, quando seu rosto está tão frio e desprovido de emoção,
significa que uma tempestade está se formando logo abaixo.
— O que diabos você está fazendo aqui, Tawny? — o gelo em sua voz me
surpreende, mas não faço nada.
— Colt, baby. — diz ela totalmente isenta da mordida em suas palavras. —
Nós precisamos conversar. Eu sei que já faz um tempo e...
Eu recuo pelo veneno em sua voz, mas, ao mesmo tempo, estou chateada.
Chateada que ela só está valsando aqui - na casa, onde eu sou a única mulher
que ele já trouxe - como se ela merecesse estar aqui.
— Eu não dou a mínima sobre sua preocupação! Você tem dois segundos.
Comece a falar ou eu estou jogando a sua bunda para fora. — Colton dá mais um
passo em direção a ela e posso ver seu maxilar cerrar e seu desprezo completo
por ela.
— Só porque você está chateado que sua recuperação está indo tão
devagar - que você não consegue lembrar coisas importantes - não significa que
você vai começar a descontar em mim. — Tawny solta um riso condescendente e
gira um pouco e me olha com descrença em seus olhos como se ela estivesse
dizendo: “Sério? Ele escolheu você ao invés de mim?” Antes que ela diga: — Eu
tenho certeza que isso é divertido para você, ser sua babá e tudo, boneca, mas
você não é mais necessária.
Estou fora da parede em um instante, uma bola de raiva voando para ela,
mas Colton me impede. Raiva emana fora dele em ondas palpáveis, enquanto
ele agarra seu bíceps. — Hora de ir. — ele rosna quando começa a levá-la para a
porta. — Você não vem na minha casa e desrespeita, Ry...
— Estou grávida.
— É seu.
Oh, meu Deus. Oh, meu Deus. É o meu único pensamento coerente,
porque todo o meu corpo treme com toda emoção que se possa imaginar
possível.
Eu tenho que lutar contra a bile que sobe na minha garganta enquanto
minha fé vacila. Tenho que me esforçar para respirar. Para me concentrar. Para
perceber que isso não é sobre mim. Isso é sobre o pior pesadelo de Colton se
tornando realidade, no salto de uma noite verdadeiramente mágica entre nós.
Mas é difícil.
Tudo o que minha mente pode focar são nas datas - dias passados - como
as palavras dela afundam suas garras em mim. Cinco meses, cinco meses, cinco
meses, eu repito mais e mais porque o tempo é muito mais fácil de me
concentrar do que o mundo que acabou de ser tirado sob os meus pés. Quando a
minha mente pode formular pensamentos coerentes novamente, percebo que
faz um pouco menos de cinco meses desde que nos conhecemos. Porra, isso é
possível.
Digo a mim mesma que ela está mentindo. Que ela está tentando cavar
seu anzol em Colton - pegar o prêmio, que quer mais do que qualquer coisa -
puxando o cartão Eu estou grávida. O mais velho golpe. Mas a prova está lá na
sua barriga inchada e o olhar aterrorizado no rosto de Colton dizendo que é uma
possibilidade - que ele está chegando ao fundo do cofre trancado de memórias e
tentando encontrar o que ela está dizendo a ele. Medo cintila em seu rosto,
incorpora-se naqueles olhos dele, que de repente se recusam a olhar para mim.
Sua reação e o pânico irrestrito em seus olhos, fazem com que a realidade
de tudo isso comece a se infiltrar através da minha negação, a possibilidade de
que isso não é um truque apenas para recuperá-lo.
— Colty...
— Você nunca mais me chame assim! — ele grita, sua voz fria como aço
quando ele levanta os olhos para olhar para onde ela não se moveu um
centímetro. — Ninguém me chama assim! Você acha que é especial? Você acha
que pode simplesmente entrar aqui e me dizer que você está com cinco malditos
meses de gravidez? Que me importo? Por que você está me dizendo agora, hein?
Porque é tarde demais para eu poder dizer qualquer coisa, então você pensa que
me prendeu? Encontrou o seu maldito bilhete dourado? — ele começa a andar,
entrelaçando os dedos atrás da cabeça e soprando um suspiro alto. — Eu não
sou a porra do Willy Wonka18, querida. Vai encontrar outro papaizinho.
18
Um dos personagens principais do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ele era o dono da
fábrica que distribuiu os bilhetes dourados, para que as crianças entrassem na fábrica para dentre elas,
ser escolhido o novo dono da mesma.
— Você não tem que me amar! — ele grita a plenos pulmões, punho
batendo para baixo sobre o aparador ao lado dele, vasos chacoalham e o barulho
ressoa na casa antes tranquila. Tawny deixa escapar um soluço e Colton
permanece completamente afetado por sua explosão de emoção. — Você não
tem que me amar. — ele repete novamente tão baixinho que posso ouvir sua dor
por baixo, sentir o desespero rolar dele em ondas.
Ele esfrega as mãos sobre o rosto. Ele olha pela janela por um momento
para a tranquilidade do oceano, enquanto eu assisto a fúria da tempestade
dentro dele. Sou abalada pela turbulência de suas emoções sem uma tábua de
salvação para me segurar. Quando ele olha para trás, para Tawny, posso ver
tantas emoções por trás de sua máscara escorregando que não tenho certeza de
qual ele vai agarrar e segurar.
Colton bufa uma risada com um aceno de cabeça. — Sim, você é uma
fervorosa beata de merda. — ele espreita a porta da frente e se vira para olhar
para ela. —Vá dizer a algum outro filho da puta crédulo que se importa. Meu
advogado entrará em contato.
— Você vai ter que vir para mim com algo de um inferno maior de um
lote, do que me ameaçando com o seu advogado para sair da sua vida. — diz ela,
endireitando sua coluna. — Prepare o seu talão de cheques e tenha seu ego
preparado para alguns danos sérios, querido!
— Você realmente acha que poderia entrar aqui, deixa cair sua bomba de
merda e eu iria aceitar sua palavra? Escrever a você uma bolada em um cheque
ou casar com você e cavalgar até o filho da puta do por do sol? — sua voz troveja.
— Ele. Não. É. Meu!
Tawny caminha até ele, olha, apesar dele se recusar a olhar em seus olhos
e então sai pela porta da frente, que fecha com um estrondo retumbante atrás
dela. Colton imediatamente agarra um dos vasos sobre o aparador e joga contra
a parede. O som de vidro quebrando seguido pelo tilintar quando ele rebate no
chão de azulejos é um grande contraste para o peso do momento. Não
conseguindo a libertação que ele precisava, ele coloca a mão sobre o aparador e
derruba seu peso contra ele.
Eu passo à frente das sombras do foyer, ainda não sei o que fazer quando
ele olha para cima e trava seus olhos nos meus. Tento fazer uma leitura de suas
emoções, mas eu não consigo - sua guarda está de volta e travada no lugar. O
conhecimento da quantidade de trabalho que vai levar para quebrar esse muro
de volta, faz com que um pequeno pedaço de mim morra, morrer e cair para
descansar ao lado da peça que rompeu no dia em que o médico me disse que
seria nada menos do que um milagre para eu engravidar novamente.
— Por quê? — ele se vira para mim e engulo nervosamente. — Então você
pode brincar de casinha? — ele dá um passo na minha direção e o olhar em seus
olhos e me faz encolher. — Você quer tanto um bebê que pode aceitá-lo? Faria
qualquer coisa para ter um? Pegue um que pode ou não ser meu, então você
pode afundar suas garras em mim também? Conseguir o melhor de ambos os
mundos, não é? Uma bolada e um bebê - o sonho de toda maldita mulher. —
suas palavras chicoteiam e me atingem, rasga a parte de mim que sabe que eu
faria qualquer coisa para ter a chance de ter um bebê. — Isso não é verdade! —
sua voz troveja para mim. — Isso não é verdade. — diz ele outra vez com a voz
mais calma.
— Foda-se. — eu digo isso mais para mim do que para ele, uma voz calma
atada com dor. Já chega. Ele pode ficar chateado. Seu passado horrível pode ser
dragado através de sua mente, mas isso não lhe dá o direito de ser um babaca e
descontar a sua merda em mim.
Ele se vira para olhar para mim, uma imagem de fúria contra a
tranquilidade atrás dele. — Exatamente. — ele cospe. — Foda-me.
Q uanto mais
E mais chateada.
Estou nervosa porque além de seu mergulho anterior, Colton não tinha se
exercitado desde que esteve em coma... e ele só foi liberado ontem. Sei que sua
raiva vai empurrá-lo para correr mais forte, mais rápido, mais longe, e isso só
me enerva porque quanto pode os vasos em processo de cura em seu cérebro
suportar? Faz quase uma hora desde que ele saiu, o quanto é demais?
E estou com raiva que depois de tudo o que ele me disse, ainda me
importo.
Eu engulo a bile que quer ressurgir novamente, e desta vez não consigo
segurá-la. Corro para o banheiro e esvazio o conteúdo do meu estômago. Levo
um momento para me recompor, falo para mim, no meu limite, que quero pular
fora porque isso é demais para mim. Tantas coisas estão acontecendo em um
curto espaço de tempo, que minha mente quer desligar.
Mas se for verdade, o que isso significa? Para ele, como pessoa, para nós
como um casal e para mim, como a mulher que não pode nunca dar-lhe isso? E,
especialmente, dado a ele por ela? Meu estômago se revolta com o pensamento
novamente, e tudo que posso fazer é soltar a minha testa na tampa do vaso
sanitário, espremer meus olhos fechados e obstruir as imagens de um adorável
garotinho com o cabelo escuro, olhos de esmeralda e um sorriso travesso. Um
garotinho que eu nunca vou ser capaz de lhe dar.
Mas ela pode. E se esse for o caso, como diabos eu vou ser capaz de lidar
com isso? Amar o homem, mas não o seu bebê, porque não sou a mãe -
simplesmente porque ele é parte de Tawny - agora que tipo de pessoa horrível
que isso faz de mim? E sei que não é verdade, sei que nunca poderia não amar
uma criança por causa das circunstâncias, ele não tem culpa disso, mas ao
mesmo tempo, haveria esse lembrete devastador constante de que alguém pode
dar a ele o que eu não posso.
O presente final.
Eu enxugo as lágrimas que nem percebi que estavam caindo quando ouço
o latido distante de Baxter e faço o meu caminho para a sacada. O animal
inofensivo se limpa no topo das escadas chegando da praia e se estatela exausto
no deck com um gemido. Eu respiro fundo e me preparo para a chegada de
Colton, sem saber qual é a versão dele que vou enfrentar.
Ele olha para cima e vejo o brilho de choque em suas feições quando ele
me vê. Ele está de pé, as mãos apoiadas nos quadris e apenas olha para mim por
um instante. — Por que diabos você ainda está aqui?
Eu pensei que eu tinha me acalmado, esperava que ele tivesse com a sua
corrida, mas obviamente, nós dois ainda estamos ligados com uma bola de
arame farpado de dor. Nós dois ainda estamos teimando em provar nossos
pontos. A questão é como é que ele vai lidar com o que eu tenho a dizer? Será
que ele vai atacar de novo? Rasgar-me pela segunda vez? Ou será que ele vai
perceber que, apesar da bomba de Tawny, nossa corrida figurativa não para?
Que podemos suportar os danos colaterais?
— Você não pode mais fugir, Colton. — espero que minhas palavras - as
palavras que ele usou comigo antes - atinja seu alvo e se enraíze.
Ele para meio passo ao lado da minha cadeira, mas mantém a cabeça
inclinada para baixo para evitar olhar para mim. — Você fodidamente não me
possui, Ry. Você não tem que me dizer o que posso ou não posso fazer mais do
que a Tawny. — sua voz é um sussurro, mas suas palavras de ódio me acertam
em cheio.
Eu preciso de ar.
Eu trago minhas mãos até minha cabeça e apenas as mantendo ali por
um momento, enquanto tento parar de chorar, tento recolher os pensamentos
que preciso dizer. Eu levanto minha cabeça e olho em seus olhos novamente. —
Mas você sabe o quê? Mesmo se eu pudesse, eu nunca iria usar ou manipulá-lo
para obter um. Eu não sou a maldita Tawny e eu não sou a miserável que a sua
mãe era. — lágrimas rolam pelo meu rosto e olho para ele através de minha
visão turva, ali parado, atordoado com o meu desabafo.
Encontrar-nos novamente.
Ele dá um passo em minha direção, então nós estamos perto, mas não
nos tocamos. Eu posso ver a emoção piscando em seu rosto, com seus músculos
tensos, enquanto ele tenta conter tudo o que vejo em seus olhos. Tenho medo de
que se eu tocá-lo, nós dois vamos quebrar e agora um de nós precisa ser forte.
— Olhe para mim, Colton. — digo a ele, à espera de seus olhos para
encontrar os meus novamente. — Sou eu, aquela que corre você. A pessoa que
vai lutar com unhas e dentes por você. A pessoa que vai fazer qualquer coisa -
qualquer coisa - para fazer essa mágoa em seus olhos e a dor em sua alma
desaparecer... fazer a acusação de Tawny ir embora... mas eu não posso. Eu não
posso ser nada para você até que você pare de me empurrar para longe. — eu
dou um passo mais perto, querendo estender a mão, tocá-lo e apagar a dor em
seus olhos. — Porque tudo o que eu quero fazer é ajudar. Eu posso lidar com
você sendo um idiota. Eu posso lidar com você descontando a sua merda em
mim... mas isto não vai consertar as coisas. Não vai fazer Tawny, o bebê ou
qualquer outra coisa ir embora. — eu sufoco com as lágrimas que enchem minha
garganta. — Eu só não sei o que fazer.
Eu mordo meu lábio inferior, não tenho certeza se estou chateada que ele
está me dizendo para ir ou aliviada, e aceno com a cabeça. Ele estende a mão
para me tocar e dou um passo para trás, com medo de que se ele fizer, eu não
vou ser capaz de ir embora. — Tudo bem. — digo-lhe, minha voz quase
inaudível, enquanto dou mais um passo para trás. — Eu vou falar com você em
alguns dias.
E não posso olhar para ele novamente, a nossa dor agora é tão palpável,
por razões diferentes, então me viro e ando em direção à casa.
— Rylee. — ele diz meu nome novamente - ninguém pode dizer como ele
faz - e meu corpo para instantaneamente. Eu sei que ele se sente como eu -
incerto, não resolvido, querendo que eu fique e querendo que eu vá - então
apenas mantenho as costas para ele e aceno com a cabeça.
— Eu sei. — eu sei que ele está arrependido - por me ferir, por me amar e
que eu estou sendo submetida a isto, à Tawny, à incerteza, às minhas próprias
inseguranças quando se trata do que não posso lhe dar... tantas coisas que sei
que ele está arrependido... e a maior delas é que ele está arrependido por me
deixar ir embora agora, porque ele não pode se encontrar, para me pedir para
ficar.
Capítulo 20
—E stou tão
orgulhosa de você, amigo. — eu olho nos olhos de Zander e luto contra minhas
próprias lágrimas. Eu quero que ele veja a profundidade dos sentimentos que
tenho por ele e pelo que ele fez. Por dar ao promotor público tudo o que
precisava ao prestar uma queixa formal contra um homem que desapareceu
como o vento. Por se sentar em uma mesa cheia de adultos assustadores e
explicar, com uma voz que você acaba de encontrar novamente, como o seu pai
matou sua mãe - como ele a atacou por trás, a esfaqueou repetidamente e depois
esperou por ela morrer enquanto você se escondia atrás do sofá porque você
deveria estar na cama. Agora isso, é um garoto corajoso. Eu o aperto com força
em meus braços, mais para mim do que para ele e gostaria de poder tirar a
memória dele.
Quatro dias para ele, para nós chegarmos à nossa merda individual
juntos.
Digo a Zander que vou colocar seu amado cachorro de pelúcia em seu
quarto e digo-lhe para ir brincar com o resto dos meninos. Ser uma criança,
brincar, rir e esquecer as imagens que o assombram - se isso é mesmo possível.
E por alguma razão, a história pintada por Tawny me faz rir. Eu não
acredito nas informações privilegiadas do Page Six que diz que ela e Colton
reacenderam seu caso de amor. Eu estava na casa de Colton. Eu sei o quanto ele
a despreza e tudo o que ela representa. Não é por isso que estou triste.
O engraçado é que, desta vez, não estou preocupada que ele vai se voltar
para qualquer uma. Nós passamos esse obstáculo e, francamente, adicionando
outra mulher na mistura só complicaria ainda mais sua vida. Não, não é ele se
voltando para outra mulher que me preocupa, é por ele não vir a mim.
Foda-se! Eu sabia que o anonimato da The House era bom demais para
ser verdade.
— É tão legal que você vai ficar famosa! — Connor diz quando ele começa
a andar pelo corredor.
— Sem problemas. — diz Haddie enquanto ela acelera quando o sinal fica
verde. — Foi divertido provocar os fotógrafos, embora não ache que nenhum
deles acreditou em mim quando disse que você estava se escondendo dentro de
casa.
Haddie olha para mim e apenas pisca seu sorriso diabólico. — Não, você
não pode, porque nós não estamos pensando nisso... ou Colton... ou eu...
absolutaporramente nada de qualquer significado.
— Nós não estamos? — eu olho para ela e não posso deixar de sorrir, não
posso deixar de estar feliz que ela estava disponível para me pegar no trabalho
para tentar distrair os abutres.
Eu rio com ela, a ideia soa como o paraíso. Um momento para escapar
dos pensamentos constantemente correndo pela minha cabeça e o peso em meu
coração. — O que está acontecendo com você? Que mágoas você está afogando?
— e por um momento estou triste que tenho estado tão ocupada ao longo das
últimas semanas, que não sei a resposta para essa pergunta, quando antes
nunca teria que perguntar.
Eu abaixo o meu copo com um tilintar, percebendo que meus lábios estão
um pouco dormentes. Não, muito dormentes. Eu assisto Haddie sorrir para o
homem do outro lado do bar, e em seguida, virar o foco de volta para mim, seu
sorriso se espalhando em um sorriso completo. — Ele parece um bocado com o
Stone. — ela diz com um encolher de ombros, e estou feliz que o meu copo está
vazio ou então teria cuspido.
Eu não sei por que é tão engraçado, porque realmente não é, mas a minha
cabeça começa a conectar os pontos com memórias. Stone me faz pensar em Ace
e Ace me faz pensar em Colton e o pensamento de Colton só me faz querer... ele.
Tudo nele.
— Você está certa. — eu digo a ela com uma risada, esperando que
acredite em mim, mesmo que eu saiba que não estou sendo muito convincente.
— Perturbação de pênis não é permitida. — o garçom desliza novas bebidas à
nossa frente. — Obrigada. — eu murmuro quando me concentro em mexer o
gelo com o meu canudo em vez de pensar em Colton e querer saber o que ele
está fazendo, onde sua cabeça está. E eu falho miseravelmente. — Eu disse a ele
sobre Stone no outro dia.
Estou surpresa que Haddie pode me ouvir. Minha voz é tão suave, mas
sei que ela faz, porque ela dá um tapa no balcão. — Eu sabia que você não
conseguiria. — ela grita, atraindo a atenção das pessoas ao nosso redor. — Eu
sabia que não importa o quanto você teve que beber que ia acabar aí.
— Então eu vou jogar isso lá fora, porque nós duas sabemos que mesmo
que estejamos aqui sentadas juntas, Colton está figurativamente entre nós. E
por mais que a ideia possa excitá-lo...
— Muito sábia de fato. — ela ri, revirando os olhos e tinindo seu copo ao
meu. — E sendo como eu sou aquela mulher, posso lhe oferecer outro
pedacinho de conselho?
— Sim, uma Haddie - psicóloga. Eu gosto desse termo. — ela acena com a
cabeça em aprovação, enquanto toma mais um gole de sua bebida e sorri
novamente para o cara do outro lado do bar. — Perguntei-lhe uma vez antes, se
você pensou que Colton valia a pena... e agora que você tem mais tempo
investido nisto, você ainda se sente assim? Você vê a possibilidade de um futuro
com ele?
Ela olha para mim um segundo e eu posso dizer que, sob a superfície que
está avaliando minha reação, tentando descobrir toda a imagem e um pouco
surpresa com o meu tudo em resposta. — Você o ama porque ele é o primeiro
cara desde Max ou porque ele é quem você escolheu? Não é porque você quer
consertá-lo, porque nós duas sabemos que você gosta das almas danificadas,
mas porque você escolheu quem ele é agora e quem ele vai ser daqui a cinco
anos?
Eu não respondo a ela, não porque não sei a resposta, mas porque não
posso formar as palavras sobre o nó que as está estrangulando na minha
garganta. E ela pode ver a minha resposta, sabe a pessoa que sou o suficiente
para saber como eu me sinto.
Porque às vezes a bagagem pode ser uma coisa poderosa e amor só não é
o suficiente para superá-la.
— Eu estou chegando lá. — diz ela, empurrando minha bebida para mim.
— Mas isso é importante, porque a minha melhor amiga está sofrendo, então,
tome uma bebida e responda a pergunta.
Tomo um gole e não consigo lutar contra o meu sorriso resignado. — Não
é se o bebê for dele o problema... é a reação dele que me assusta. — e, pela
primeira vez, estou realmente admitindo em voz alta o que mais temo. — E se
ele é o pai e não puder lidar com isso? Como posso amar um homem que não
pode amar o seu próprio filho, independentemente de quem é a mãe? Dando-
lhe um cheque para comprá-la e agir como se uma criança não existisse? E se
essa for a opção que ele escolher? Como eu poderia passar a noite na cama com
um homem que não reconhece o próprio filho, e em seguida, ir para o trabalho
em uma casa cheia de garotos que aconteceu a mesma coisa com eles? Que tipo
de hipócrita isso faria de mim?
Aí está. Coloquei para fora. Meu maior medo, eu estou apaixonada por
um homem que vai renegar seu próprio filho. Que vou ter que me afastar do
homem que amo, porque ele não pode enfrentar seus próprios demônios, não
pode aceitar o fato de que ele pode ser o homem que seu filho precisaria que ele
fosse. Escolhas comprometedoras, preferências e querer estar em um
relacionamento é uma coisa, comprometer quem você é - as coisas enraizadas
em você, suas crenças e sua moral - não são negociáveis.
— Eu sei, mas você não estava lá. Você não viu como ele reagiu quando...
— Sim. — disse ela, torcendo os lábios, lutando contra o sorriso que sei
que está por vir. — Nunca perturbe um homem quando ele está comendo a Y19.
— Eu posso continuar durante toda a noite, irmã! — ela brinda seu copo
com o meu novamente, minhas bochechas doendo de tanto sorrir. — E aqui está
outro. Quando sua melhor amiga está triste? É o seu trabalho levá-la para
encher a cara e sair para dançar.
— Vamos, estamos prontas para ir. Três horas em um bar é muito tempo.
— diz ela, enquanto coloca o braço em volta de mim e me ajuda a caminhar
respeitavelmente para a saída.
19
Gíria para vagina.
— Como você se sente sendo conhecida como destruidora de lares?
— Não é hipocrisia você tentar fazer Colton abandonar seu bebê, quando
isso é o que você faz para viver?
Colton
— V ocê está
Minha mente empurra para fora as imagens que piscam dos últimos dias.
Visitando Jack e Jim20 e ficando tão cansado de olhar para a minha vida
através do fundo de um copo vazio, eu só escolho beber direto da maldita
garrafa.
E depois há Rylee.
Maldita Rylee.
20
Referência a duas marcas de uísque. Jack Daniels e Jim Beam.
Pequenos pedaços dela em toda parte. Lençóis que ainda cheiram a ela.
Um elástico no balcão do banheiro. Latas de sua amada Coca Diet alinhadas
perfeitamente na geladeira. Seu Kindle na mesa de cabeceira. Os fios de seu
cabelo na minha camisa. A prova de que sua perfeição existe. A prova de que
algo tão bom - tão puro - na verdade pode querer alguém como eu -
contaminado e fodido com um F maiúsculo.
Quero, preciso, odeio que eu queira, odeio que eu precise dela pra
caralho, mas não posso tê-la. Eu não posso puxá-la para essa maldita
tempestade de merda que me rodeia, não quero que ela tenha que lidar com a
merda que eu mesmo odeio, até que eu possa resolver tudo. Até que eu possa
controlar as emoções que estão governando minhas ações.
Ouço minha agente suspirar do outro lado da linha. Ela sabe que estou
com raiva, sabe que não importa o que ela diga, não vou estar feliz a menos que
ela me diga para encontrar os bastardos que estão assediando Ry, e soltar a
minha necessidade de destruir. — Colton, levando em consideração as acusações
de Tawny, é melhor você não fazer nada. Se você reagir, sua imagem pública...
Foda-se tudo, se ela não está certa. Mas merda, o que eu não daria para
andar para fora dos portões e dar-lhes a minha opinião. — Um dia desses,
Chase. — eu digo a ela.
— Eu sei, eu sei.
Ele olha para mim um instante mais e eu juro por Deus, eu odeio esse
sentimento. Odeio saber que, juntamente com toda a porra das outras pessoas
na lista longa e distinta, estou deixando ele para baixo também. — Sem
julgamento filho. — diz ele, quando faz o seu caminho para a sala e se senta no
sofá na minha frente.
Eu não posso trazer meus olhos ao encontro dos dele e agradeço a Cristo
por Grace ou este maldito lugar seria um desastre, e ele realmente saberia o
quanto toda essa situação com Tawny me fodeu. Puxo uma respiração profunda
desejando que eu tivesse uma cerveja agora. Poderia muito bem começar a festa,
certo? — Manda ver, pai, porque tenho certeza como a merda que você não está
aqui apenas para dizer oi.
Ele fica em silêncio por um pouco mais e eu não consigo suportar isso. Eu
finalmente olho para ele. Ele encontra meu olhar, olhos cinzentos contemplando
o que dizer enquanto ele torce os lábios em pensamento. — Bem, eu posso dizer
honestamente que parei para ver como você estava no meio de tudo isso. — diz
ele, acenando com a mão no ar com indiferença. — Mas é bastante óbvio, desde
que você está com um humor de merda. — ele se recosta no sofá e coloca os pés
em cima da mesa de centro e apenas me olha. Merda, ele está se fazendo
confortável. — Você vai falar, filho, ou vamos ficar sentados olhando um para o
outro a noite toda? Porque eu tenho todo o tempo do mundo. — ele olha para o
relógio e, em seguida, de volta para mim.
Porra! Eu não quero falar sobre essa merda. Eu não quero falar sobre
bebês e mulheres cavando ouro, meninos ou a falta de uma mulher que eu não
consigo parar de pensar. — Porra, eu não sei.
— Como o quê? Que fodi tudo? É isso que você quer ouvir? — eu o instigo
a reagir. E é bom empurrar alguém para variar. Todo mundo tem me evitado,
me tratando com luvas de pelica na semana passada com medo do meu
temperamento estourar, então é bom mesmo se eu vou me sentir como uma
merda mais tarde por fazê-lo para o meu pai. — Você quer que eu lhe diga que
eu fodi a Tawny e agora estou recebendo o que eu mereço, porque a larguei
como a porra de um carvão quente e agora ela está vindo atrás de mim dizendo
que ela está grávida? Que não quero um filho - não vou ter um filho - com ela ou
qualquer outra pessoa? Nunca. Porque eu me recuso a deixar alguém usar uma
criança como um peão para conseguir o que quer de mim. Porque como diabos
posso ser um pai para uma criança quando estou tão fodido agora quanto eu era
quando você me encontrou?
Saio do sofá e começo a caminhar pela sala. Estou irritado com ele, que
ele não pegou a dica - que não me pressionou e me deu a luta que eu estou
ansioso para ter - e está apenas sentado ali com aquele olhar de completa
aceitação e compreensão. Pacífico. Eu quero que ele me diga que me odeia, que
ele está desapontado comigo, que mereço tudo o que estou recebendo agora,
porque isso é tão malditamente mais fácil para eu segurar do que acreditar no
contrário.
Eu paro e me viro para olhar para ele. O quê? Eu não esperava que isso
saísse de sua boca. — O que você quer dizer?
Ele só olha para mim. — É isso que eu estou fazendo? Segurando sua
merda contra você? Porque parece que você está fazendo um maldito bom
trabalho você mesmo, filho. Então me deixe fazer a pergunta que você deve estar
se perguntando: Por que você não puxou sua cabeça para fora de sua bunda e
ligou para ela?
Eu exalo um suspiro alto. Porra. — Eu não quero falar sobre isso agora,
pai. — Basta ir embora. Deixe-me para baixo com a próxima garrafa de Jack,
enquanto o relógio corre para que os médicos tomem o seu maldito doce tempo
para decidir se eu apenas fodi a vida de uma criança por nascer. Porque se o
filho for meu, porra, ele já começou com uma alma manchada e isso - isso é algo
que não posso ter na minha consciência.
— Bem, eu quero falar sobre isso, então puxe uma cadeira para a sua
própria festa de piedade, Colton, porque não vou embora até que terminemos de
falar. Entendido?
Minha boca fica aberta e sou transportado de volta para quinze anos atrás
e minha noite em custódia por corridas de arrancada. Para aquele momento em
que ele me pegou, me passou os sermões filhos da puta e disse-me como ia ser
dali em diante. Porra. Eu tenho pelos no peito, casas e merda agora, mas ele
ainda pode fazer com que me sinta como um adolescente.
— Então. — diz ele, me puxando de volta para ele em vez de pensar nela.
— Você vai deixá-la ir sem lutar? Deixá-la sair de sua vida por causa de Tawny?
— Ela não está vai embora! — eu grito com ele, chateado que ele pensaria
que ela faria. Será que ela faria?
Ele só levanta uma sobrancelha. — Exatamente. — meus olhos saltam
para encontrar os seus. — Então pare de tratá-la como você fez. Ela não é sua
mãe.
Eu quero gritar para ele que, porra, eu sei que ela não é. Para nem mesmo
colocá-la na mesma frase com a minha mãe, mas ao invés disso eu brinco com a
costura no sofá enquanto procuro a resposta que acho que ele quer ouvir. Que
estou tentando convencer a mim mesmo. — Ela não merece isso... a merda que
vem comigo. Meu passado... agora a porra do meu possível futuro.
Cale a boca, eu quero dizer a ele. Não me lembre o que diabos ela
merece, porque eu já sei. Eu já sei, porra! E sei por que eu não posso dar a ela.
Eu pensei que pudesse... pensei que poderia ser capaz e agora com isso, eu sei
que não posso. Isso reforçou todas as coisas que ela disse... todas as coisas que
nunca vou ser capaz de purificar de minha maldita alma.
— Você diz que ela não vai deixá-lo quando as coisas ficam difíceis, filho,
mas suas ações estão me dizendo algo completamente diferente. E ainda assim
você não a viu lutando por você todos os malditos dias quando você estava
naquela cama de hospital. Todos os malditos dias. Nunca saía. Então isso me
leva a acreditar que este pequeno dilema que tem aqui não é sobre ela.
Cada parte de mim se revolta contra as palavras que ele diz. As palavras
ditas por qualquer outra pessoa teria me preparado para a raiva, mas o respeito
me impede de gritar com o homem que está batendo um pouco perto demais da
verdade.
— É sobre você. — a tranquila determinação em sua voz flutua pela sala e
me dá um tapa na cara. Provoca-me a morder a isca e não consigo segurar mais.
E eu não quero fazer isso mais do que quero passar outra noite sem Rylee
na minha cama. Procurando muito perto provoca fantasmas mortos a flutuar à
superfície maldita e não tenho mais espaço para fantasmas, porque meu
armário já está cheio de malditos esqueletos.
Mas o fósforo está aceso, a gasolina foi lançada. Fogo dentro do caralho
inflamado e toda a frustração, incerteza e solidão da semana passada vem à
tona, explode dentro de mim. Eu provoco um buraco no maldito chão andando
de um lado para o outro enquanto tento lutar contra isso, tento controlar, mas
não adianta.
— Olhe para mim, pai! — eu grito para ele enquanto ele se empoleira no
sofá. Eu estendo minhas mãos para o meu lado, e me odeio pela pausa na minha
voz, me odeio pelo show inesperado de fraqueza. — Olha o que ela fez para mim!
— e eu não tenho que explicar quem é ela, porque o desprezo escorrendo de
minha voz explica o suficiente.
Suas palavras batem o vento fora de minhas veias. Eu grito com ele e ele
volta para mim com isso? Que tipo de jogo que ele está fazendo? Foda a cabeça
de Colton mais do que o normal? Merda, eu ouço as palavras, mas não as deixo
se enraizar. Elas não são verdadeiras. Não podem ser. Incrível e danificados não
andam juntos.
Incrível não pode ser usado para descrever uma pessoa que diz ao
homem lhe molestando que o ama, não importa se as palavras são forçadas ou
não.
— Não, eu não. E, tecnicamente, eu não sou seu pai, então não tenho que
dizer nada. — agora isso, me para morto no meu percurso... me traz de volta a
ser uma criança assustada com medo de ser enviado de volta. Ele nunca disse
nada parecido com isso para mim antes, e agora estou assustado pra caralho
com a direção que essa conversa tomou. Ele se levanta e caminha em minha
direção, os olhos presos nos meus. — Você está errado. Eu não tinha que parar e
sentar com você na porta. Eu não tinha que levá-lo ao hospital, adotar você, te
amar... — ele continua alimentando cada insegurança de infância que eu já tive.
Eu me forço a engolir. Forço-me a manter meus olhos fixos nos dele, porque, de
repente, estou assustado pra caralho de ouvir o que ele tem a dizer. As verdades
que ele vai admitir. — ...mas você sabe o que, Colton? Mesmo com oito anos de
idade, com medo e faminto, eu soube - eu soube então a pessoa incrível que você
era - que você era esse ser humano incrível que eu não pude resistir. Não se
afaste de mim! — sua voz troveja e choca o inferno fora de mim. De calma e
tranquilizadora para irritada em um instante.
Dou um passo para trás e num piscar de olhos. Ele está bem na minha
cara. — Nada? Nada, Colton? — sua voz grita para a sala. — Você me deu tudo,
filho. A esperança, o orgulho e o maldito inesperado. Você me ensinou que não
há problema em ter medo. Que às vezes você tem que deixar aqueles que ama
perseguir o maldito vento por um capricho, porque é a única maneira que eles
podem se libertar de dentro dos pesadelos. Foi você, Colton, que me ensinou o
que era para ser um homem... porque é fácil pra caralho ser um homem quando
o mundo lhe é entregue numa bandeja de prata, mas quando lhe é entregue o
sanduíche de merda pelo qual você foi negociado, e então você se transforma no
homem que está diante de mim? Agora, meu filho, esta é a definição de ser um
homem.
Não, não, não, eu quero gritar com ele para tentar abafar os sons que não
posso acreditar. Eu tento cobrir meus ouvidos como um garotinho de merda,
porque é muita coisa. Tudo isso - as palavras, o medo, a porra da esperança de
que eu só poderia ser de fato um pouco curvado e não completamente quebrado
- é apenas demais. Mas ele não está satisfeito, e é preciso cada grama de
controle que eu tenho para não dar um soco nele quando ele puxa as minhas
mãos dos meus ouvidos.
— Nada de, mas, filho. Nada. — diz ele, virando-me para que ele não
esteja me tocando por trás sabendo que eu não posso lidar com isso mesmo
depois de todos esses anos, para que ele possa olhar nos meus olhos... então eu
não posso me esconder da sua absoluta honestidade. — Nem um único dia
desde que te conheci eu me arrependi da minha escolha por você. Nem quando
se rebelou ou lutou comigo ou correu pela rua ou roubou os trocados do
balcão...
Eu não posso trazer meus olhos para encontrar os dele, não posso
empurrar a vergonha longe o suficiente para falar. Sinto sua mão no meu ombro
enquanto tento me concentrar novamente no borrão entorpecente do meu
passado e escapar das lembranças tatuadas na minha maldita mente – na porra
do meu corpo - mas não posso. Rylee me fez sentir - quebrando a porra da
barreira - e agora eu não posso evitar, exceto fazer nada.
A porra do chão sai debaixo de mim e tento puxar meu ombro fora do seu
controle, mas ele não me deixa, não me deixa virar as costas para ele e esconder
as lágrimas queimando meus olhos como picadores de gelo. Lágrimas que
reforçam o fato de que eu sou uma mulherzinha que não lidou com nada, afinal.
E por mais que quero que ele cale a porra da boca... me deixe em paz... ele
continua. — Você não precisa dizer uma palavra para mim. Você não precisa
cruzar a linha imaginária em sua cabeça que o faz temer que uma admissão faça
todo mundo lhe deixar, vai provar que você seja menos homem, fará de você o
peão que ela queria que você fosse...
Ele faz uma pausa e leva cada grama de tudo dentro de mim para tentar
encontrar seus olhos. E eu faço por uma fração de segundo antes que a porra da
porta para o pátio, a areia debaixo dos meus pés e a queima de oxigênio em
meus pulmões, enquanto meus pés batem na praia me chama como heroína
para um viciado. Escapar. Correr. Fugir. Mas eu estou malditamente congelado
no lugar, segredos e mentiras agitando e colidindo com a verdade. A verdade
que ele sabe, mas eu ainda não consigo pronunciar depois de vinte e quatro anos
de silêncio absoluto.
— Portanto, não fale agora, apenas ouça. Eu sei que ela os deixou fazer
coisas para você que são desprezíveis e repugnantes e me dão nojo. — meu
estômago se agita e torce, minha respiração estremecendo ao ouvir em voz alta.
— ... coisas que ninguém deveria ter de suportar... mas você sabe o quê, Colton?
Isso não significa que seja sua culpa. Isso não significa que você mereceu, que
você deixou isso acontecer.
Eu deslizo na parede atrás de mim até que estou sentado no chão como
um maldito garotinho... mas suas palavras, as palavras do meu pai... levou-me
de volta para lá.
Assustaram-me.
Modificaram-me.
Preciso de Rylee.
Ele está sentado no chão, ao meu lado, como ele costumava fazer quando
eu era pequeno, com a mão no meu joelho, sua paciência me acalmando um
pouco. — Sim, filho? — sua voz é tão suave, tão hesitante, que eu posso dizer que
ele está com medo de que me pressionou demais. Que ele me quebrou mais
quando já era malditamente quebrado e colado com fita adesiva por muito
tempo.
— Tudo bem. — ele diz suavemente. — Mas você está errado. Você pode
nunca ter dito as palavras em voz alta - pode nunca ter me dito que me amava -
mas eu sempre soube, porque você ama. Está em seus olhos, quando o seu
sorriso se ilumina quando você me vê, o fato de que você compartilhava suas
queridas barras Snickers comigo sem questionar. — ele ri com as lembranças. —
Como você me deixava segurar sua mão e me deixava ajudá-lo a entoar os seus
super-heróis quando você deitava na cama para que pudesse dormir. Então
palavras, não, Colton... mas você me disse todos os dias, de uma forma ou de
outra. — ele fica em silêncio por um momento, conforme uma parte minha
permite o fato de que ele sabe se enraizar. Que toda a preocupação que tive ao
longo de todos esses anos que ele não sabia o quanto eu senti não importava. Ele
sabia.
— Tudo bem... eu joguei um monte de merda pra você, mas era hora de
você ouvir. E me desculpe, eu provavelmente fodi com a sua cabeça mais do que
precisava de mim, mas, filho, só você pode consertar isso agora - lidar com isso,
agora que todas as cartas estão na mesa. Mas tenho que lhe dizer, você não é sua
mãe. O DNA não faz de você um monstro como ela... como se você fosse ter um
filho, seus demônios não serão transferidos para essa nova vida.
Ele se levanta lentamente e digo a mim mesmo para olhar para ele. Para
mostrar a ele que o ouvi, mas não consigo fazê-lo. Sinto sua mão no topo da
minha cabeça, como se eu fosse um menino de novo, e sua incerta voz sussurra:
— Eu te amo, Colton.
Só então é que posso ligar para Ry. E Deus, eu quero ligar para ela. Meu
dedo pairando sobre a porra do botão de chamada. Pairando lá por mais de uma
hora.
Chamar.
Terminar chamada.
Chamar.
Terminar chamada.
Porra!
Eu aperto meus olhos fechados, cabeça confusa por mais do que eu já
bebi. E eu começo a rir ao que eu fui reduzido. Eu e o chão estamos nos
tornando melhores malditos amigos. Foda-se.
Não é difícil subir quando você já está no fundo do poço de merda. Hora
de montar a porra do elevador. Eu começo a rir. Eu sei que há uma única
maneira de limpar a minha cabeça - minha única droga maldita além de Rylee -
que vai ajudar a manter os demônios afastados por um tempo. E por mais que
precise de Rylee agora, eu preciso fazer isso primeiro para começar a resolver a
minha merda. Minha mão direita treme pra caralho quando vou fazer a ligação,
e quando a faço, eu estou apavorado pra caralho, mas está na hora.
Então Rylee.
— Ei, idiota. Eu não sabia que você conhecia o meu número de telefone
tem sido um longo maldito tempo desde que me ligou.
Ele ri. — Bem, eu gosto que brinquem com meus mamilos, mas merda,
Wood, eu acho que se você tocá-los me daria um tesão inverso.
Eu não consigo parar a risada que vem. Foda Beckett. Sempre um balde
de risada de merda. — Pare de gozar comigo, você pode me liberar a pista ou
não?
— Você pode tirar o insulto de sua voz e abaixar o Jack, porque isso é
uma denúncia de que sua cabeça ainda está fodida... por isso vou repetir a
minha pergunta novamente. Onde está sua cabeça?
— Foda-se.
— Oh! Então, você vai deixá-la ir? Isso não é uma música ou algo assim?
Bem, inferno, já que você vai deixá-la ir, acho que eu vou lhe dar uma corrida
depois.
Filho da puta. São os meus botões que estão fáceis de empurrar esta
noite? — Se você for esperto, você vai calar a boca. Eu sei que você está me
pressionando... tentando me fazer ligar para ela.
— O quê?
— Foda-se.
— Se você deseja.
Capítulo 22
E u dou um
Olho para cima do meu trajeto e algo do outro lado da rua me chama a
atenção. Estou imediatamente em guarda quando vejo o sedan azul escuro do
outro lado da rua com um homem encostado nele, a câmera na mão com uma
lente objetiva bloqueando seu rosto. Algo sobre ele me parece familiar e eu não
consigo identificar o que é... mas sei que o meu pequeno pedaço de liberdade - a
passagem secreta - foi comprometida.
— Becks?
— Ei, Ry. — isso é tudo o que ele diz e fica em silêncio. Oh merda. Pavor
cai como um peso de chumbo através de mim.
— Eu só queria que você soubesse que Colton está vindo para a pista
agora.
— Eu sei que vocês dois... a coisa toda do bebê e ele não ligou para você.
— ele suspira. — Eu tive que ligar para você, para que você saiba... achei que
gostaria de saber. — eu sei que ele está em conflito sobre quebrar a confiança de
seu melhor amigo e fazer o que ele acha que Colton precisa mais.
O silêncio se estende entre nós e sei que ele está tão preocupado quanto
eu. — Ele está pronto, Becks? Você está pressionando-o? — eu não consigo
segurar o desprezo que ata a minha pergunta.
Eu não ouço o que Beckett diz em seguida, porque estou muito ocupada
lembrando a nossa noite antes da corrida, a nossa conversa e as palavras saem
da minha boca como se estivesse pensando em voz alta. — O borrão.
— O quê?
É quando Beckett fala que percebo que, de fato, o disse em voz alta e a
voz dele me choca dos meus pensamentos. — Nada. — eu digo. — Qual é a
terceira razão?
— Não importa.
Beckett solta uma gargalhada e posso dizer que ele está aliviado. — Deus,
ele não merece você, Rylee. — suas palavras trazem um sorriso ao meu rosto,
apesar da preocupação corroendo minhas entranhas. — Eu só espero que vocês
dois percebam o quanto ele precisa de você.
Lágrimas picam meus olhos. — Obrigada por ligar, Becks. Eu estou indo
para aí.
Eu não sei como vou fazer isso. Como que vou poder assistir Colton, com
cinto de segurança e voando ao redor da pista, quando tudo o que posso ver na
minha cabeça é a fumaça e sentir o medo? Mas prometi a ele que estaria lá no
dia que ele estivesse de volta ao volante. Mal sabia eu que iria receber uma
ligação para cumprir essa promessa quando tudo estava inquieto entre nós.
Mas não posso deixar de estar aqui. Porque cumpro as minhas
promessas. E porque não posso suportar a ideia dele estar lá, sem saber que ele
está bem. Sim, nós não temos nos falado e estou confusa e magoada, mas isso
não significa que posso desligar meus sentimentos.
O ronco do motor muda e não tenho que virar e olhar para saber que ele
está dirigindo lentamente para baixo da linha do pit em direção ao asfalto
inclinado da pista. Eu chego à torre, alguns membros da equipe focados nos
medidores de leitura eletrônica do carro, mas nos poucos segundos que estou lá,
eu posso sentir a energia nervosa, posso sentir que eles estão tão preocupados
com Colton estar no carro, como estou.
Ouço passos na escada atrás de mim e sei que deve ser Becks. Antes
mesmo de ter a chance de dizer algo a ele, o som do motor do carro diminui e
nós dois olhamos para ele no final da linha pit vago. Depois de um momento, o
ronco do motor embala novamente e o carro se move lentamente para a pista.
Apenas aceno para ele, meus olhos dizendo-lhe obrigada, lábios dizendo-
lhe: — Eu acho que é melhor.
— É isso aí, Wood. Devagar e com calma. — Becks diz a ele em voz suave
de incentivo. Tudo o que ouço no microfone aberto é a cadência do motor e a
respiração áspera de Colton, mas nenhuma resposta dele. Eu mordo meu lábio e
olho para Beckett, não gostando do fato de que ele não está falando. Eu só posso
imaginar o que está passando pela cabeça de Colton.
— Besteira! Ele está tremendo como uma puta e vai desmoronar uma vez
que eu abrir a volta. — a vibração que está normalmente em sua voz pela força
do motor não está lá, ele não está indo rápido o suficiente saindo da curva dois
para afetá-la.
— Você não sabe o que diabos você está falando, Beckett! Porra! — ele
grita dentro do carro enquanto vem para uma parada na reta oposta entre as
curvas dois e três, a frustração ressoando através do rádio.
Eu ando até Beckett. — Tire todos do rádio. — ele olha para mim e tenta
descobrir o que estou fazendo. — Tire-os. — eu digo, o desespero tingindo a
urgência do meu pedido.
— Rylee? — é o meu nome - uma única palavra - mas a pausa em sua voz
e a vulnerabilidade na forma como ele diz, faz com que as lágrimas venham nos
meus olhos. Ele parece ser um dos meus meninos agora quando acordam de um
sonho terrível e gostaria de poder correr para a pista, para que eu pudesse
abraçá-lo e tranquilizá-lo. Mas não posso, então faço a coisa mais próxima a
isso.
— Fale comigo. Diga-me o que está passando pela sua cabeça. Ninguém
está no rádio, apenas você e eu. — o silêncio se estende um pouco enquanto as
palmas das minhas mãos se tornam suadas com o nervosismo e me preocupo
que não vou ser capaz de ajudá-lo a passar por isso.
— Você pode fazer isso. — digo com mais determinação do que sinto. —
Esta é a Califórnia, Colton, não a Flórida. Não há tráfego. Não há pilotos novatos
para cometerem erros estúpidos. Sem fumaça da qual você não consegue ver
através. Não há acidente de carro a ultrapassar. É só você e eu, Colton. Você e
eu. — faço uma pausa por um momento e quando ele não responde, eu digo a
única coisa circulando em minha mente. — Nada além de lençóis.
Ouço parte de uma risada e estou aliviada que consegui chegar a ele.
Usando uma boa memória para romper o medo paralisante. Mas quando ele fala
ainda posso ouvir a ansiedade em seu tom. — Eu só... — ele para e suspira, a
vulnerabilidade é uma coisa difícil para um homem aceitar, especialmente em
face de uma equipe que o idolatra e o respeita.
— Você pode fazer isso, Colton. Nós podemos fazer isso juntos, ok? Eu
estou bem aqui. Eu não vou a lugar nenhum. — dou-lhe alguns segundos para
deixar minhas palavras se enraizarem. — Suas mãos estão no volante?
— Pedal. Sim ou não? — eu sei que agora ele precisa de mim para tomar
as rédeas e ser o mais forte, e para ele, vou fazer qualquer coisa.
— Sim...
— Tudo bem, limpe sua cabeça. É só você e a pista, Ace. Você pode fazer
isso. Você precisa disto. É a sua liberdade, lembra? — eu ouço o motor reviver
uma ou duas vezes e vejo alívio misturado com orgulho nos olhos de Beckett,
antes de voltar meu foco em Colton. — Você conhece isso como a palma da sua
mão... acelere. Acione a marcha e pressione para baixo. — o ronco do motor
ronrona um pouco mais alto e continuo. — Tudo bem... está vendo? Você está
conseguindo. Você não tem que ir rápido. É um carro novo, ele vai ser diferente.
Becks vai ficar puto se você queimar o motor de qualquer maneira, então o leve
devagar.
Olho para Becks novamente e vejo o sorriso cintilar em seu rosto e sei
que ele está ouvindo, se certificando de que o seu melhor amigo está bem. —
Está tudo bem... assistindo você na pista? A minha está fodida também... mas
você está pronto, você pode fazer isso.
Meu coração aumenta com a emoção em sua voz. Eu posso ouvir o pedido
de desculpas, sentir a sinceridade absoluta por trás dela. — Eu sei, Colton. Eu
também.
O carro entra
nos boxes e para. Beckett está ao seu lado em um instante, enquanto estou
animada atrás do muro, querendo ver Colton cara a cara para me certificar de
que ele está bem. Ele tira o volante entrega para Becks antes de desafivelar seu
capacete. Becks o ajuda a soltar o dispositivo HANS e quando o puxa de sua
cabeça, removendo a balaclava com ele, a equipe irrompe em um rugido de
aplausos.
E eu sei que ele sente isso também, porque dentro de uma batida Colton
dá passos largos em minha direção com um propósito. Em um instante me
alcança, minhas pernas estão envolvidas ao redor de sua cintura e nossas bocas
estão coladas uma na outra com uma necessidade frenética. Minhas mãos
apertam seus ombros. Uma das suas agarra minha bunda enquanto a outra
aperta meu pescoço, segurando minha boca junto à dele, para que ele possa
tomar tudo o que estou oferecendo e mais um pouco.
— Deus, eu senti sua falta pra caralho. — ele rosna em minha boca entre
beijos. E sem preâmbulos estamos em movimento. Suas pernas poderosas
dando passos largos abaixo de mim e os braços fortes me segurando enquanto
seus lábios me possuem espontaneamente.
Isso é tudo que tenho tempo para notar, porque os lábios de Colton
encontram os meus novamente, sua boca, uma mistura tóxica de necessidade e
desejo. Minhas pernas caem de seus quadris, pés caindo ao chão, à medida que
avançamos em direção ao balcão em uma coreografia de passos desajeitados.
Chegamos à borda do balcão e inclino meus quadris para trás contra ele,
enquanto as mãos de Colton vagueiam pelo meu torso, antes de eu sentir suas
mãos debaixo da minha camisa no meu abdômen.
— Ry. — diz ele entre beijos, uma mão segurando meu cabelo com força,
enquanto a outra testa a minha disponibilidade para a sua entrada. Preliminares
não é uma opção agora. Estamos tão reprimidos, tão desesperados para corrigir
os erros da nossa última conversa, que nem falamos, nós dois sabemos que
precisamos dessa conexão. Falar virá mais tarde. Afago e sutilezas, mais tarde.
Agora, o desejo nos consome, paixão oprime e amor toma conta. — Porra, eu
preciso de você agora.
— Leve-me. — duas simples palavras. Elas estão fora da minha boca sem
pensar duas vezes, mas dentro de um segundo, Colton me vira, as mãos
apoiadas sobre o balcão, as suas segurando meus quadris, seu pau latejante
alinhado na minha entrada por trás. Ele coloca a cabeça de seu pau entre as
minhas dobras e, em seguida, desliza para a frente e para trás fazendo o meu
corpo tenso e um gemido a cair por entre meus lábios.
Ele puxa meu cabelo, inclinando minha cabeça para trás, de modo que
quando ele se inclina para frente seus lábios estão no meu ouvido. — Essa é a
porra do som mais sexy do mundo. — ele rosna antes que seus lábios encontrem
meu ombro nu, a barba por fazer fazendo cócegas na zona erógena geralmente
esquecida das minhas costas. Seus dentes mordiscam meu ombro seguido pela
pressão de seus lábios enquanto seus quadris moem em mim e eu gemo em puro
êxtase quando o raspar de sua barba se move para baixo na minha coluna.
E agora é a minha vez de apreciar os sons que ele faz quando começamos
a nos mover no ritmo do outro. Arrepios aparecem apesar do calor que se
espalha pelo meu corpo. Uma mão agarra o meu quadril, controlando cada
prazer induzido pelo movimento para dentro e a subsequente retirada, tentando
cada nervo único. Meu corpo acelera, ultrapassado pela natureza animalesca de
seu domínio sobre o meu cabelo e meu corpo.
O silêncio
desce ao nosso redor enquanto colocamos nossas roupas. Agora que tivemos o
nosso caminho com o outro fisicamente - agora que nossos corpos estão
conectados - minha mente se preocupa em como vamos nos conectar
verbalmente.
Porque não podemos deixar as coisas como estão. E não podemos ignorá-
las. Espero que o tempo miseravelmente solitário tenha nos ajudado a seguir em
frente.
Roubo um olhar para ele enquanto ele fecha seu macacão antichamas e
olha através da janela que dá para a equipe abaixo, e simplesmente não consigo
fazer uma leitura dele. Eu puxo minha camisa sobre a minha cabeça e lambo
meus lábios enquanto tento descobrir como começar essa conversa.
Mesmo que ele não esteja olhando para mim, sei que ele está ciente de
que ouvi, mas tento esconder visivelmente o choque das palavras que acaba de
me atingir, bem como as que ele não disse.
— Colton? — digo, o seu nome como uma pergunta - uma que pergunta
tantas coisas diferentes. É assim que vamos lidar com isso? Vamos ignorar isso?
Por que você está vendendo a casa?
E por mais que haja o drama não resolvido entre nós, o que ele acabou de
me dizer é realmente um longo curso. Que mesmo com tudo que foi jogado em
nós durante a semana passada que pode virar seu mundo de cabeça para baixo,
ele está vendendo um lugar que eu tinha jurado nunca mais voltar. Isso é o
suficiente para me dizer que ele está disposto a se livrar de um lugar que
significa o seu antigo modo de vida cheio de cláusulas e atenuações.
— Ah... — é tudo o que consigo dizer, porque estou sem palavras, por isso,
só continuamos olhando um para o outro nesta sala que ainda cheira a sexo.
Posso vê-lo pensando, tentando descobrir o que dizer - como prosseguir - então
eu começo. — O que está em sua mente, Colton?
Eu não quero estragar o momento, mas tenho que deixá-lo saber. — Você
me magoou. Eu sei que você estava chateado e atacando a pessoa mais
próxima... mas você me machucou, quando eu já estava dilacerada. Lutamos dia
a dia com o nosso passado, e em seguida, algo como isto acontece e... eu... — não
consigo encontrar as palavras certas para dizer isso, então apenas não termino o
meu pensamento.
Aceno para ele, as palavras me escapam, porque ele está fazendo algo que
ele nunca foi bom: se comunicando. E podem parecer pequenos passos para ele,
mas eles ganham enormes terrenos em nosso relacionamento.
Ele se inclina para a frente e coloca um beijo inesperado nos meus lábios
antes de murmurar: — Vem cá. — ele inclina sua bunda contra a borda atrás
dele ao mesmo tempo em que me puxa para ele, me deixando de frente para ele.
Eu encosto minha cabeça contra o seu peito e me sinto estupidamente bem,
quando ele traz seus braços em volta de mim e me abraça apertado. Ele repousa
o queixo no meu ombro. — Obrigado por hoje. Ninguém nunca fez algo assim
por mim antes.
— Sim, mas eles são família, eles precisam fazer. — ele faz uma pausa e
mesmo que não possa ver seus olhos, posso sentir a sua mente trabalhando
enquanto quero saber como exatamente ele me classifica. — E você? Você é a
minha maldita bandeira quadriculada. — inclino minha cabeça para o lado
apenas o suficiente para que possa eu ver um pequeno sorriso se espalhando em
seus lábios e acendendo o meu imediatamente. — É um pouco difícil de se
acostumar com a ideia, quando eu nunca tinha feito isso antes. Eu tenho que me
acostumar com você estar lá para mim e precisando de você, e porra se isso não
me bate de volta a alguns passos de pedir um pit stop às vezes, porque isso de
alguma-vez-amar assusta a merda fora de mim.
Puta merda! Estou atordoada, em silêncio mais uma vez por sua tentativa
de explicar a ansiedade, que tenho certeza que comicham as bordas externas da
sua psique. Coloco minhas mãos sobre seus braços que estão em torno de mim e
aperto em um reconhecimento silencioso da evolução que ele está tentando
mostrar.
— Eu não vou correr, Colton. — digo, minha voz firme. — Ainda não, mas
você realmente me machucou. Eu sei que você está passando por um monte de
merda, mas inferno, se você não tem muito o que resolver. Eu vou precisar de
um pit stop, algumas vezes também. Quer dizer, entre você, o centro das
atenções, as mulheres ainda querendo você e me odiando, a possibilidade de...
— eu não consigo terminar o pensamento, não consigo forçar a palavra bebê dos
meus lábios ou livrar o súbito gosto acre da minha boca.
21
É uma expressão metafórica Inglês para uma verdade óbvia de que é ou ser ignorado ou ir
sem solução. A expressão idiomática também se aplica a um problema óbvio ou risco que ninguém quer
discutir. Ele é baseado na ideia de que um elefante em uma sala seria impossível de ignorar
— Eu não me importo com o que ela diz sobre o que supostamente fiz ou
deixei de fazer, que não consigo me lembrar dessa porra. Eu sei que não é meu,
Rylee.
A simplicidade de sua declaração e o vigor com que ele entrega, faz com
que a minha esperança aumente. E, em seguida, cai. Se ele recebeu os
resultados, então por que não me ligou? — Você já tem os resultados do teste? —
eu digo com cautela, tentando esconder minha desconfiança.
— Não é. — ele grita. — Porra! Tudo que sei é que não sei de porra
nenhuma! Eu odeio a maldita mídia te seguindo e te assediando, porra. Eu
odeio o olhar no seu rosto agora que diz que você vai perder a porra do controle,
se o bebê for meu, mesmo que você me diga que não vai. Eu odeio a porra da
Tawny e tudo o que ela representa. As mentiras e mais mentiras de merda que
ela está vomitando sobre você e que Chase diz que não posso reagir, porque eles
só vão persegui-la mais. Eu odeio que mais uma vez sou o maldito que está
machucando você... que vou foder com isso, porque o meu passado é o que é... —
ele fecha os olhos e revira os ombros, enquanto tenta controlar sua raiva.
— Colton...
— Eu juro por Deus, sua vida fica de cabeça para baixo por minha causa e
você está mais preocupada comigo e os meninos do que com você mesma. — ele
caminha em minha direção com um aceno de cabeça. Ele aponta para mim e eu
olho para ele em confusão. — Você é definitivamente a porra de uma santa que
eu não mereço.
Quanto mais amor o meu coração pode aguentar por este homem?
Porque aí está novamente, a imprevisibilidade de Colton que faz o que ele diz,
apenas muito mais pungente. Cada parte do meu corpo treme ao ouvir suas
palavras.
Podemos não ter tudo planejado, podemos não saber o que o futuro vai
conter, mas pelo menos eu sei que estamos nesta corrida juntos.
— Vamos lá. — diz ele, puxando minha mão. — Vamos sair daqui.
Minha boca choca aberta e antes que eu possa sequer me recuperar, sua
boca esta na minha. O som estridente de ferramentas nos cerca e ainda tudo o
que ouço é a batida do meu coração. O beijo é apenas uma provocação do que
fizemos antes, mas quando ele se afasta depois de beijar a ponta do meu nariz,
um sorriso ondula até um canto de sua boca.
Meu coração cresce com suas palavras antes que o sarcasmo esteja fora
da minha língua. — Estamos reivindicando um direito?
— Baby, a reivindicação já foi feita. — diz ele, parando para olhar para
mim com um sorriso. — Não há dúvida sobre isso.
Eu sinto sua mão bater na minha bunda. — Você com certeza sabe que eu
consigo acompanhar tudo. — diz ele, envolvendo um braço sobre meus ombros e
se inclinando para baixo, com a boca perto da minha orelha. — Meu pau, que
você apertou contra a porta, a minha resistência e qualquer outra coisa que pode
ser considerado... mas esses são os mais importantes, você não acha? — ele ri
quando balanço a cabeça e faço um som de diversão.
Nós concordamos com o fato de que Sammy vai levar meu carro para
casa para mim e, em seguida, Colton me leva a uma área de estacionamento
coberto, onde Sex está. Eu não posso negar que a visão do carro sexy-como-
pecado traz de volta uma onda de lembranças mais memoráveis que colocam
um sorriso no meu rosto. Do meu olhar fixo no capô, olho para Colton, onde um
sorriso lascivo encontra o meu. Ele levanta as sobrancelhas, malícia dançando
em seus olhos, sua língua se lançando para molhar seu lábio inferior, quando ele
abre a porta para mim.
Passos de bebê.
Eu nem sequer tenho a chance de responder antes que o carro voe para
frente, o motor acelerando, Colton rindo quando o carro voa mais rápido do que
a imprensa que está nos perseguindo pode ir. Sinto uma onda de adrenalina e
por uma fração de segundo posso entender a força de seu vício, mas então olho
para cima enquanto ele tece dentro e fora do tráfego e meu coração aloja em
minha garganta enquanto o mundo vira apenas um borrão.
Capítulo 25
E u coloco os
— Ei, Ry?
— Sim. — olho para cima para ver Jackson apoiando o ombro contra a
parede com preocupação em seus olhos.
— Zander e Scoot ainda estão dormindo. — ele faz uma pausa por um
minuto e, em seguida, continua. — Você estava acordada quando Shane chegou
ontem à noite?
Eu olho para ele, tentando descobrir por que ele está perguntando. —
Sim. Eu estava lendo no meu quarto. Por quê?
— Você o viu fisicamente? Falou com ele?
Agora o alarme soa na minha cabeça e paro o que estou fazendo e me viro
para encará-lo. — Uh-uh. Chamei seu nome, ele disse boa noite e foi para o seu
quarto. Você está me assustando, Jax, o que está acontecendo?
— Bem, parece que Shane tomou todas na noite passada. Ele está
desmaiado em sua cama, o quarto cheira a cerveja e pela aparência do banheiro,
ele estava revivendo a noite lá. — ele tem um meio sorriso no rosto e sei que não
é apropriado, mas tenho que abafar uma risada que Shane fez algo tão normal
para sua idade.
— Não, está tudo bem. — eu digo quando ele pega as garrafas. — Nós
vamos encontrá-lo no campo mais tarde para assistir aos jogos. Eu posso lidar
com Shane.
— Tem certeza?
— Positivo.
Jax diz adeus e quando ele fecha a porta não sinto mais tanta certeza.
Sento-me em uma das banquetas e contemplo exatamente como lidar com uma
ressaca de dezesseis anos. Ele é o mais velho e o primeiro a passar por isso,
então, estou meio perdida. Claro que estava com muito medo de beber na escola
- sempre a consumada boa menina - então eu estou em solo estrangeiro aqui.
— Ei... esta cama é muito solitária sem você nela. — sua voz rouca da
manhã puxa para mim e suas palavras me seduzem quando tenho nenhum
negócio a ser seduzida.
— Então, chegue aqui tão rápido quanto você possa baby, porque é um
desperdício de tempo. Eu tenho uma longa lista de coisas para fazer hoje. — diz
ele, humor afiando o tom sugestivo de sua voz. E eu amo isso sobre ele - sobre
nós - que apenas sua voz pode ajudar a aliviar o stress da minha manhã.
— Shane teve sua primeira experiência com o álcool e conforme Jax disse,
não soa como se fosse uma boa.
Colton solta uma risada. — Ele bebeu todas? É isso aí, Shane!
Sua risada é sedutora ainda que impertinente. — Oh, baby, sujá-la é o que
eu faço melhor, mas estou falando de todos os outros. Eu fiquei bêbado com o
melhor deles na escola e acabou tudo bem.
— Não, não é isso que eu estou dizendo. Eu só acho que é um bom sinal
que ele está sendo um típico garoto de dezesseis anos de idade. Não que seja
22
Escapada sexual, um caso ilícito.
bom ou ruim, apenas típico. E enquanto ele estiver ciente - que ele não está
bebendo para escapar de seu passado – então, bom para ele.
De certa forma, concordo com Colton, mas ao mesmo tempo sei que
preciso enfrentar isso com Shane, preciso dizer-lhe que não está bem e que não
pode acontecer de novo, mesmo sabendo que vai. — Então como, homem-que-
costumava-ser-um-adolescente-imprudente, devo lidar com isso?
— Eu ainda sou imprudente, Ry. — diz ele com diversão em sua voz. —
Isso, minha querida, nunca vai mudar. Jax precisa lidar com ele, porque ele não
vai ouvir você.
— Não use sua calcinha em um grupo, Thomas. — diz ele com uma risada.
— Eu não estou dizendo que você não pode lidar com isso. Eu só estou dizendo
que ele vai ouvir melhor se for tratado por um homem.
Está bem. Então, ele está vindo para lidar com a imprensa, que não fará
nenhum bem e eu ainda tenho que descobrir como lidar com Shane.
Foda-se!
— Você pode jogar por mais uma hora mais ou menos, Scooter, e então
nós temos que ir para o campo, ok?
— Mas - mas eu preciso dela também... — ele funga e não há nada que eu
possa dizer sobre isso. Nada. Então pressiono um beijo em sua cabeça e apenas
o seguro com mais força, tentando deixar meu amor por ele aliviar um pouco o
peso em seu coração, mas sei que nunca será o suficiente.
Sinto seu pequeno corpo em atenção enquanto me olha com seus olhos
avermelhados. — Sério?
Sinto a mão livre de Colton nas minhas costas quando ele passa por mim
e agacha na frente de Scooter. — Está tudo bem? — ele pergunta ao menino,
cujos olhos se tornaram apenas do tamanho de pires. — Quer dizer, não é muito
educado entrar na casa de outro homem e beijar sua menina... mas já que você é
um dos homens da casa, acho que eu poderia beijá-la se você me disser que está
tudo bem.
Colton olha por cima do ombro para se certificar de que Scooter está fora
de vista e quando ele se vira, seus lábios encontram os meus sem um segundo
pensamento. É um beijo breve, mas cara, embala um soco, mais do que reforça
de que ele é a droga que não posso viver sem. — Uau! — eu digo quando ele se
afasta.
Colton puxa as cortinas e luz brilhante inunda o quarto, antes que ele
olhe para a cômoda, um enorme sorriso se espalhando em seu rosto. Em poucos
segundos, ele conecta um par de alto-falantes no iPod de Shane e o som
ensurdecedor ganha à vida com uma batida surrando na base. Shane salta da
cama imediatamente, gritando e tapando os ouvidos e leva um susto quando vê
quem está em pé na frente de sua cama, os braços cruzados sobre o peito e as
sobrancelhas levantadas.
— Uh-uh. — Colton diz a ele quando salta na cama ao lado dele e puxa o
travesseiro das mãos de Shane, que então, usa os braços para cobrir os olhos. —
Pelo cheiro do seu quarto e o olhar em seu rosto, diria que você tomou todas na
noite passada. Estou certo, amigo? — ele dá uma risada sinistra e divertida,
quando Shane não responde. — Sua cabeça está latejando? O quarto está
girando? Seus olhos doem? Sente como se fosse vomitar, mas não há nada em
seu estômago?
— Não. Você quer sair com os meninos grandes - beber como eles fazem -
então é hora de acordar e tomar isso como um homem. — do meu ponto de vista
no corredor, assisto Colton apoiar as costas contra a parede e ficar confortável
antes dele cavar dentro da sacola de papel marrom. Eu ouço o lacre da lata de
cerveja e Shane imediatamente se senta na cama e olha para Colton como se ele
fosse louco.
— Você está louco, porra? — Shane resmunga com uma voz em pânico.
— Sim. — Colton diz enquanto olha para Shane e sorri. Ele toma um gole
de cerveja, e em seguida, oferece para Shane. — Certo como o inferno que estou.
Beba, filho.
— O que...
— Agora você está entendendo! — Colton diz com um sorriso quando ele
chega com a mão livre de volta para a sacola e pega outra cerveja. — Eu tenho
mais cinco aqui pra você quando você terminar esta.
Shane balança a cabeça, um pouco chocado com o ataque verbal que seu
ídolo apenas lhe deu, assim como eu.
Colton olha para ele sério e firme, o que me deixa louca que não estou
perto o suficiente para ver as palavras não ditas passando entre eles. — Para ser
legal? Para impressionar uma garota? Para cobrir a dor de sua mãe? Você não
tem que me dizer, Shane, mas a resposta é muito importante. É algo que você
precisa responder para si mesmo. — eu vejo a cabeça de Shane abaixar e eu
puxo uma respiração com preocupação. Shane se move e se inclina contra a
parede como Colton, pernas cruzadas na frente deles, braços cruzados sobre o
peito e cabeças voltadas para o teto. A visão deles juntos assim, não tem preço, e
eu sei que este é um momento que ficará para sempre gravado na minha
memória.
Colton exala uma respiração e quando ele começa a falar, sua voz é tão
suave que me esforço para ouvi-lo. — Quando eu era pequeno tinha uma merda
ruim acontecendo comigo. Merda muito ruim. E não importa o que eu fiz, ou o
quão bom eu era, ou o quanto eu tentasse... nada importava... nada parava.
Ninguém ajudou. Então, no meu cérebro de sete anos de idade, a culpa era
minha e até mesmo alguns dias agora, eu ainda penso dessa forma. Mas a pior
parte foi viver com a dor e culpa disso. — ele suspira e vira a cabeça do teto e
aguarda Shane fazer o mesmo, então eles estão olhando um para o outro. —
Merda, eu comecei a beber quando era muito mais jovem do que você, Shane... e
eu bebi porque doía pra caralho. E depois de algumas acrobacias estúpidas e
algumas situações que eu tive sorte o suficiente de me livrar, o meu pai se
sentou comigo e me fez essa mesma pergunta. Disse as mesmas coisas que eu
disse a você. Mas então ele perguntou: “Por que beber para encobri-lo, se
doendo é sentir e sentir é viver, e não é bom estar vivo?” — Colton balança a
cabeça. — E você sabe o quê? Alguns dias eu pensei que era besteira, que eu
nunca seria capaz de passar um único dia sem pensar nisso, ou me ferir, ou me
sentir culpado por isso... e foda-se, naqueles dias? Eu queria beber. Aos quinze
anos Shane, eu queria beber para lidar com isso... mas meu pai se sentava e
repetia essas palavras para mim. E você sabe o quê? Ele estava certo. Levou
tempo. Muito tempo. E nunca, nunca vai embora... mas eu estou tão feliz que eu
escolhi sentir do que estar dormente. Tão feliz que eu escolhi viver sobre estar
morto.
Eu não percebo que tenho lágrimas deslizando pelo meu rosto quando
Shane vai até Colton, o alcança e engancha um braço em volta de seu pescoço e
o puxa para perto. Ele lhe dá um rápido, mas rude abraço de homem que faz
com que um soluço agite o corpo de Shane. Colton pressiona um beijo atípico no
topo da sua cabeça e murmura novamente. — Lembre-se, doendo é sentir e
sentir é viver, e não é bom estar vivo?
Colton sai pela porta, para e olha para mim, tantas emoções nadando em
seus olhos quando ele vê as lágrimas manchando meu rosto. Eu digo a única
coisa que posso. — Obrigada. — ele assente, como se ele não confiasse em si
mesmo para falar e caminha pelo corredor.
Capítulo 26
Colton
— V ocê os
Jax ajusta seu boné de beisebol, larga o bastão e caminha até mim. —
Sim, eu os tenho. — ele estende a mão para mim e a aperto. — Obrigado por... —
ele levanta o queixo na direção de Shane.
23
Uma espécie de quiosque de lanches rápidos.
— Obrigado. Será que Ry mudou de ideia? Será que ela não vem?
Eu converso mais um pouco com ele antes de sair para dar aos parasitas
sacos de merda perto do meu carro, o close para as fotos que irão lhes render
algum dinheiro. Que esperemos que os mantenha afastados por mais um
maldito dia.
Enquanto tiram fotos minhas em suas malditas câmeras quando ando até
o carro, leva tudo o que tenho para não dar um soco, porque foda-se, se isso não
seria divertido. Maldita Chase. Suas palavras me param, apenas porque vai
prejudicar Ry se eu der uma de bad boy imprudente enlouquecido pelo qual eles
estão pressionando com suas porras de perguntas de merda sobre ela ser uma
destruidora de lares.
Promessa filha da puta. Fodam-se todos para o inferno. É por isso que
nunca faço isso. Nunca fiz antes de Rylee, de qualquer maneira. Quem teria
pensado que chegaria o dia que me tornaria um pau mandado e estaria
fodidamente bem com isso.
Disse a ela que estava tentando ser a porra de um homem melhor. Bem,
foda-se. Mal sabia que íamos ser jogados nessa tempestade de merda que ia nos
puxar para todos os lados como um cabo de guerra filho da puta.
Eu tenho sido bom até agora. Não peguei meu telefone e rasguei a Tawny
por esta merda que ela está inventando, por jogar Rylee para os malditos lobos
para tentar me machucar. Mas sei que se fizer isso só vai provar que ela está
ficando por cima. E para ela, isto é metade da batalha ganha.
— Será que Tawny sabe que você está com Rylee hoje?
Pelo menos o cara recua para que eu possa abrir a porra da porta do
carro. Agradeço a Deus pela porra do carro caro, porque na hora que fecho a
porta, o som silencia e os vidros escuros tornam difícil para as câmeras
conseguir uma foto minha prestes a ficar insano. Por mais que precise sentar
aqui e me acalmar, não há nenhuma maneira que eu possa com o circo que me
rodeia.
Porra, Cristo.
Pego meu telefone e ligo para o meu advogado, mas o coloco de volta para
baixo enquanto aperto meus olhos fechados e tento conseguir algum controle
sobre o nervosismo de repente disparando por mim. É isso. A resposta do outro
lado da linha vai ser a minha maior maldição ou o meu maior alívio.
A certeza que senti antes que isso não podia ser verdade, não sinto tão
fodidamente certo agora. Eu dou um suspiro, bato um punho sobre o console,
agarro figurativamente minhas bolas e pego o telefone.
Cada toque me destrói. É como a espera da cadeira ser tirada sob os meus
pés com uma corda enrolada inofensivamente no meu pescoço.
— Donavan.
Levo um minuto para responder. — Ei, CJ. — minha voz soa tão
malditamente estranha, como uma criança à espera de sua punição ser decidida.
Não é meu.
E isso me atinge.
Rylee.
— Obrigado novamente CJ, ligo para você depois - eu tenho que ir.
E então percebo que quero terminar isso de uma vez por todas, antes de
falar com Ry. Quero falar pessoalmente para que eu possa lhe dizer que tudo
isso está resolvido entre nós. Bebê, as mentiras de Tawny - tudo está acabado e
resolvido, porra.
Hora do show.
— Tawny. — minha voz é monótona, sem emoção. Eu não digo mais nada.
Eu quero que ela se contorça. Eu quero que ela me pergunte se eu sei ou não.
Ela é corajosa o suficiente para mentir na minha cara, vamos ver se ela vai
manter a porra da mentira ou colocar suas cartas na mesa.
— Oi. — diz ela tão baixinho que realmente não posso descobrir se ela
está sendo tímida ou tentando parecer sedutora.
Bom.
Quando diabos que ela ficou assim? Quando ela foi de minha namorada
da faculdade para a conivente, vadia manipuladora do outro lado da linha? Que
porra que eu perdi?
Prepare-se, querida.
— Sim, por quê? — eu digo. — Por que, você fodidamente mentiu através
desses dentes brancos perfeitos que tem? Usou meu acidente para...
— Você não tentou usar o meu acidente - minha cabeça fodida - como
um meio para conseguir o que queria? Me dizendo que eu fodi você quando eu
não fiz? Uma armadilha para ser o pai de seu filho ilegítimo? Como fodido que é
isso? Que tipo de pedaço merda faz isso, Tawn? Hein? Você pode me responder
por que a mulher que eu conhecia - era minha amiga, uma vez por um fodido
tempo - tem que descer tão malditamente baixo que usou uma criança para
tentar me ter de volta?
Maldição como ela está calma, digo a mim mesmo, quando ela não
responde a uma única coisa que eu disse. Tudo o que ouço são choramingos e
choro do outro lado da linha.
E ela sabe.
— Por favor, ouça. — ela implora e sua voz - a voz que costumava
significar algo - não faz porra nenhuma para mim. Absolutamente. — Não seja
tão frio...
— Frio? — eu grito com ela, meu corpo vibrando com raiva. — Frio? Frio?
Prepare-se para a porra da camada de gelo polar porque nós terminamos. Você
está morta para mim, Tawny. Nada mais a dizer. — eu desligo o celular, apesar
do soluço que ouço vindo do outro lado. Viro-me e coloco minhas mãos na
lateral do meu carro enquanto processo tudo. Enquanto tento compreender
como uma amiga de infância poderia fazer isso comigo.
Puta merda. Estou tão envolvido na minha cabeça e no que eu fiz, que
esqueci a razão pela qual fiz isso.
Rylee.
Esse som. Meu Deus, esse som despreocupado em sua voz agarra o
domínio da porra do meu coração e só o aperta tão firme que sinto que não
posso respirar. É como se, de repente, toda a merda se foi com Tawny e o
acidente, e mesmo que não possa respirar, sinto que posso respirar pela
primeira vez em um longo fodido tempo. É isso que é suposto sentir? Clareza do
caralho e merda?
Meu estômago se agita com a porra do som e seu maldito silêncio. — Ry?
Diga-me o que está acontecendo. Ry?
— Não, não, não, não! — ela diz e há algo em sua voz - medo, descrença e
o choque misturado com desafio - que faz com que arrepios dancem pela minha
coluna e me faz imediatamente ligar o carro e trocar as marchas.
— Você não pode tê-lo! — ela diz com uma voz estranhamente calma, o
que soa muito longe e me faz cortar algum pobre coitado na pista ao meu lado.
— Quem está aí, Ry? Diga-me, baby, por favor. — eu imploro, o medo
como só conheci na minha juventude me faz provar bile na minha boca. O medo
em todos os meus nervos do caralho. Eu me esforço a decidir em desligar e ligar
para o 9-1-1, mas isso significaria que eu teria que desligar a ligação dela - não
ouvi-la, não saber se ela está bem.
— Sua puta de merda! — é tudo o que ouço antes dela gritar de dor e o
telefone ficar mudo.
— Não! — eu grito e esmago a mão no volante. Meus olhos borrando
enquanto tento apertar os números no meu celular, mas meus dedos estão
tremendo para caralho, que eu não posso sequer apertar 9-1-1 até depois da
terceira tentativa.
— Por favor, ajude-os. Eles estão gritando e... eles estão gritando! — rogo
a ela.
Rylee.
Rylee.
—S piderman.
Já o vi antes.
Ele é o homem que me deu arrepios no estacionamento do Target. Ele é o
homem do sedan azul escuro estacionado do lado de fora da The House e da
minha casa, me seguindo. Sem o seu chapéu e óculos de sol, eu posso ver Zander
nele. Sei por que ele parecia tão familiar no estacionamento naquele dia. Ele
tem os olhos da mesma cor, as mesmas características; o seu cabelo é longo e
um pouco mais escuro, mas a semelhança é inconfundível.
Meus olhos passam sobre o fosco metal negro da pistola que ele aponta
para mim e depois para seus olhos - piscinas sombrias de escuridão sem emoção
- que estão oscilando para trás e para a frente entre mim e Zander com seu
incessante cântico de super-heróis em segundo plano.
— O que você fez com ele? — ele grita comigo apontando a arma para
Zander e depois de volta para mim. — Por que ele está fazendo isso? Responda-
me!
— Ele-ele está com medo. — você fez isso com ele, eu quero gritar com
ele. Você fez isso, seu inútil pedaço de assassino saco de merda, mas tudo o que
faço é repetir-me, tentando esconder meu medo e me impedir de gaguejar.
Tento focar nas batidas do meu coração, contando as batidas pulsando em meus
ouvidos para me manter calma. Posso sentir os riachos de suor escorrer entre
meus ombros e seios. Eu posso sentir o cheiro do medo e meu estômago se
revolta, sabendo que é meu cheiro - misturado com o dele.
Ele aproxima a arma e congelo enquanto ele corre a ponta para cima e
para baixo do lado do meu rosto. O frio do aço, a dura realidade do metal em
minha pele e o que ela representa, faz com que o sangue em minhas veias vire
gelo.
— Você é uma coisinha linda não é, Rylee. — o jeito que ele diz meu
nome, como se ele estivesse fodendo com a língua, me faz engasgar. Em um
instante ele aperta minhas bochechas firmemente em suas mãos, seu rosto a
alguns centímetros do meu. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Eu
quero ser forte. Quero dizer a ele para se foder e morrer. Quero gritar para
Zander correr e pedir ajuda. Quero suplicar a Deus, a qualquer pessoa, por
ajuda. Quero dizer a Colton que eu o amo. Mas não posso, porque nada disso é
possível agora. Meus joelhos estão tremendo, meus dentes estão tentando não
bater dentro de seu aperto. Tudo o que sou - meu futuro, minhas possibilidades,
a minha próxima respiração - é capricho deste homem.
Ele chega mais perto para que eu possa sentir sua respiração sobre meus
lábios enquanto seus dedos aprofundam nas laterais do meu rosto, e não
consigo evitar o grito de medo que cai dos meus lábios. — A questão é, Rylee...
exatamente o quão longe você iria para proteger um de seus garotos?
— Está tudo bem, Zand. Ele não vai te machucar. Eu não vou deixar ele te
machucar. — digo-lhe em voz baixa, mas Zander não para de balançar, não para
de cantar e estou tão petrificada agora, que começo a cantar para os super-
heróis com ele enquanto nós nos sentamos em um quintal construído sobre
esperança e que temo que em breve será marcado pela violência.
— Eu vim para levar o meu filho. — se eu achasse que sua voz era fria
antes, seu tom agora coincide com o aço de sua arma.
— Com quem diabos você pensa que está lidando? — ele rosna,
apontando a arma nas minhas costas, sua ponta dura cava fundo entre as
minhas omoplatas. — É hora de se afastar do meu filho.
— Agora. — ele grita para mim, meu corpo pulando enquanto sua voz
atravessa o zumbido constante dos cânticos de Zander.
Eu inclino minha boca para baixo no ouvido de Zander e tento ainda que
ele esteja se balançando, esperando que minhas palavras cheguem a ele - rompa
o mundo que ele é transportado em sua mente - a fim de se salvar do medo e das
memórias de seu pai.
Ele ri de novo e sei que o som vai assombrar meus sonhos pelo resto da
minha vida. — É aí que você se engana. Todos saíram atrás do seu namorado
figurão e o estão seguindo. — ele dá um passo mais perto e levanta a arma em
meu rosto. — É só você, eu e o Z-man ali. Então, o que você tem a dizer sobre
isso, hein?
Juro que todo o sangue do meu corpo drena para os meus pés, porque
tenho que lutar para me manter focada em pé, quando a tontura me assalta.
Depois de um momento, consigo me equilibrar, para ver através da escuridão
nublando a minha visão e tentar descobrir o que fazer a seguir.
Mas como?
Quando?
Nós ficamos ali parados pelo que parece uma eternidade - um impasse
silencioso, onde é mais do que evidente quem detém todo o poder nessa relação
forçada. Conforme o tempo passa, eu vejo suas mãos começarem a tremer, seus
músculos faciais se mexendo e o suor escorrendo, tudo isso enquanto o som dos
cânticos de Zander aumenta e continua a adicionar mais pressão para à situação
instável.
— Cale a porra da boca dele! — ele grita para mim e seus olhos cintilam
por todo o quintal como um animal que não tem certeza de sua próxima jogada.
O som é ensurdecedor.
Meu grito, um som primitivo que ouço, mas nem sequer reconheço como
meu. Em seguida, ele para. O ar é expulso de mim quando nós batemos no chão.
Estou momentaneamente atordoada - meu corpo, minha mente, meu coração -
conforme pouso em cima dele, antes de tentar lutar para fugir. Eu tenho que
pegar a arma, tenho que ter certeza de que Zander correu.
Estou confusa.
Atordoada.
—P or favor,
Colton? Minha cabeça está nebulosa quando ouço a sua voz e sinto o seu
cheiro perto. Eu tento descobrir o que exatamente está acontecendo. Minhas
pálpebras estão tão pesadas, mas não posso abri-las ainda.
— Shh, shh, shh! Está tudo bem, Ry. Está tudo bem.
Colton.
Todo o meu corpo cede momentaneamente. Colton está aqui. Meus olhos
abrem, as lágrimas já brotando neles e a primeira coisa que vejo é ele. Meu Ace.
A luz que brilha em toda esta escuridão. Seus olhos encontram os meus, as
linhas ao redor por sua profunda preocupação e um sorriso forçado sobre seus
lábios devastadores. — Você está bem, baby?
Eu estou perdida. Eu não sei o que fazer para este homem forte se
desfazendo silenciosamente. Eu começo a me mover para que possa mudar e
virar para ele, e ele só me segura muito mais apertado. — Por favor. — ele pede
em voz rouca. — Eu não quero deixar ir ainda, porra. Só mais um minuto.
Então eu deixei.
Colton fecha a porta do carro para mim e sobe no seu lado do Range
Rover antes de ligá-lo. Ele passa pelas barricadas policiais e passa as luzes
piscando da mídia aguardando enquanto saímos da The House. Três longas
horas se passaram. Três horas de perguntas e recontar tudo o que podia lembrar
sobre a troca no quintal. Sobre dizendo a Zander para correr em ‘Batman’. Os
olhares constantes de Colton sentado no canto quando me recusei à assistência
médica ou um check-up no hospital. Sua raiva crescendo quando repassei os
comentários do pai de Zander e os ataques físicos. Assinar declarações e ter
fotografias tiradas dos hematomas no meu corpo como prova. Eu telefonei para
Haddie e meus pais para tranquilizá-los que eu estava bem, que ligaria para eles
mais tarde para explicar mais.
Eu inclino a cabeça para trás no assento e fecho os olhos, mas tenho que
abri-los imediatamente, porque tudo o que vejo são seus olhos, tudo o que sinto
é o aço frio pressionado contra minha bochecha, tudo o que eu ouço é Zander
evocar seu cântico mais e mais.
Quero aliviar a tensão entre Colton e eu, porque agora realmente preciso
dele. Eu não preciso de um Colton fechado eu-estou-puto-desligado-da-terra.
24
Indisposto
Preciso de seus braços em volta de mim, o calor de sua respiração no meu
pescoço, a segurança que sempre sinto quando estou com ele.
— Ele fez o que você lhe disse para fazer. — minha voz é tão suave que
não tenho certeza que ele me ouve dizer-lhe a única coisa que eu não disse para
os policiais. A única coisa que senti que violaria uma parte da confiança que
Colton tinha instilado em mim. Depois de alguns minutos, eu o ouço exalar um
suspiro e o vejo olhar sobre mim. Então continuo. — Quando saí, Zander estava
enrolado em uma bola e tudo o que eu podia ouvir o tempo todo que estávamos
lá era ele chamando seus super-heróis.
Se tivesse pensado em sair do carro, tenho certeza que agora não mais.
Eu posso ver a tensão em seus ombros enquanto sobem e descem com sua
respiração ofegante. Suas mãos estão em punhos como se ele estivesse pronto
para lutar, ele contra o mundo.
Quando ele olha para trás, vejo as lágrimas brilhando em seus olhos
quando olha para mim. — Eu lutei com o oficial na barricada. Eles me
colocaram na parte de trás de um carro para me acalmar porque eu estava
entrando na casa com ou sem eles. Eu ouvi você no telefone, Rylee, ouvi a sua
voz e isso só se manteve repetindo mais e mais na minha cabeça e eu não
conseguia chegar até você. — ele balança a cabeça quando uma única lágrima de
partir o coração desliza por seu rosto. — Eu não consegui chegar até você. — sua
voz falha e começo a sair do carro e ele apenas levanta a mão para me parar,
para deixá-lo terminar.
— A arma disparou. — diz ele e posso vê-lo lutar para conter as emoções
que o dominam. — E eu pensei... eu pensei que era você. E naqueles poucos
momentos esperando e depois ver Zander correr para fora da frente da casa
gritando e esperando para ver você e você não vinha... porra, Cristo, Ry, eu perdi
o controle. Porra, perdi a cabeça. — ele dá um passo mais perto de mim,
limpando uma lágrima com as costas da mão. Eu engulo em seco sobre a
emoção inchada na garganta.
Aceitando que as emoções que estamos sentindo estão ficando cada vez
mais forte com o passar do tempo.
Oro para que esta multidão indisciplinada não seja a gota d’água, porque,
francamente, eu não posso aguentar mais.
Eu abaixo minha cabeça e coloco minha mão para proteger o lado do meu
rosto inchado dos constantes flashes e batidas no carro para que possamos olhar
para cima. Dentro de minutos Colton dirige lentamente para a frente e estamos
nos limites dos portões quando Sammy e os outros dois seguranças de plantão
passam para frente para impedir a imprensa de entrar na propriedade.
Estacionamos e dentro de instantes Colton está abrindo minha porta, o barulho
repentino da mídia sobre os portões me atinge como uma onda gigantesca.
Colton angula o rosto para baixo e coloca a boca perto do meu ouvido, e
mesmo que haja todo esse barulho do lado de fora, eu posso ouvi-lo claro como
o dia. — Isso é algo que eu deveria ter feito quando tudo começou. Desculpe-me.
— ele aperta um casto beijo em minha bochecha. — Eu vou colocar você para
baixo agora, tudo bem?
Eu tento descobrir ao que ele está se referindo, mas apenas aceno com a
cabeça. O que ele está fazendo?
Ele me coloca no chão. — Você está bem? — ele pergunta enquanto olha
em meus olhos como se nós fossemos as duas únicas pessoas aqui. Quando
aceno, ele dá aquele pequeno sorriso, e antes que eu possa ler isso, seus lábios
estão nos meus, em um beijo devorador de alma, de acelerar o coração, de
apertar-as-coxas-juntas, que não deixa dúvidas que o coração e as emoções de
Colton pertencem a mim. Seus lábios me reivindicam, saboreiam como um
homem carente e faminto. E eu estou tão perdida nele, para ele - apenas tão
necessitada dele - que não ouço as pessoas ao nosso redor, os cliques das
câmeras, porque independentemente do mundo exterior, ele sempre volta para
nós.
— Vocês todos conseguiram uma boa foto? — ele grita para a multidão ao
nosso redor e o olho confusa. — Agora, isso é o que vocês podem imprimir com
as suas malditas fotos. Rylee não é a destruidora de lar. Tawny sim. Assim como
Tawny é uma mentirosa. — ele olha para mim enquanto estou lá com minha
boca aberta pelo seu comentário. — Sim. — ele grita. — O teste de paternidade é
negativo. Então, a sua história? Não é realmente uma história mais!
— Chase vai me matar por isso. — ele murmura para si mesmo com um
sorriso no rosto que não entendo muito bem. Antes que possa perguntar, Colton
nos vira e começa a caminhar de volta pelos portões enquanto as perguntas são
gritadas sobre o que aconteceu hoje na The House. Ele os ignora e aguarda os
portões fecharem antes de virar e olhar para mim. — Isso é o que eu estava
ligando para dizer... e depois tudo aconteceu.
Apenas fico lá olhando para ele. Eu posso ver que o peso que havia em
seus olhos se foi - provavelmente o dia todo - mas então, mais uma vez fiquei
um pouco preocupada. Eu aceno com a cabeça, incapaz de falar quando ele pega
a minha mão e a levanta aos lábios. E isso me bate mais forte do que nunca.
Ele olha para mim enquanto lágrimas correm nos meus olhos, e passo
para os seus braços e não o deixo ir, porque eu estou exatamente onde eu quero
estar.
Casa.
Capítulo 29
—V ocê tem
É apenas a centésima vez que ele me pergunta, mas uma parte de mim
sorri em silêncio com o quão bem ele está cuidando de mim. O dia tinha apenas
ficado cada vez mais longo, enquanto eu assegurava a uma Haddie inflexível que
eu estava bem e que não tinha necessidade dela voar para casa de seu trabalho
em São Francisco para ver fisicamente se eu estava bem e que iria ligar para ela
de novo de manhã. Em seguida foram os meus pais e as mesmas garantias, em
seguida, os meninos... chequei Zander, desejando que estivesse lá para falar com
ele cara a cara, bem como falar com o resto dos meninos. Colton me cortou
depois, dizendo às outras pessoas que ligaram - seus pais, Quinlan, Beckett,
Teddy - que eu precisava de descanso e ligaria na parte da manhã.
— Eu estou bem. Eu não estou me sentindo muito bem, mas eu acho que
é porque estou exausta. Meu estômago está dolorido. Eu deveria ter comido
mais comida antes de tomar os analgésicos. E agora eles estão dando um super
sono...
Ele senta na cama. — Você quer que eu vá pegar algo para comer?
— Não. — digo a ele, puxando seu braço para que ele se deite. Olho para
ele. — Me abraça?
Ele imediatamente se desloca e cautelosamente coloca os braços em volta
de mim, me puxando para ele, assim nossos corpos se encaixam um contra o
outro. — Tudo bem? — ele murmura para o topo da minha cabeça.
Cada parte minha suspira com essas palavras, pela admissão que eu sei
que é difícil para ele. Eu pressiono um beijo no meu lugar favorito debaixo de
seu queixo. — Corro você também, Colton.
Eu deito no escuro como breu, uma noite sem lua quando os pequenos e
contínuos golpes de dor, combinados com o suor cobrindo minha pele e a
tontura na minha cabeça, me diz que preciso ir ao banheiro rapidamente antes
de vomitar. Eu deslizo para fora do aperto de Colton em mim, tentando ser
rápida, mas também tentando não perturbá-lo. Ele murmura algo baixinho, e eu
fico imóvel momentaneamente antes que ele role de costas e se acalme.
Minha cabeça começa a deslizar para fora do vaso e eu não sei quanto
tempo passou, mas o movimento de queda me faz acordar. Sou imediatamente
agredida com tal onda de calor pelo meu corpo seguido de um frio absoluto que
me forço a parar um minuto e respirar fundo.
Algo não está certo.
Hmm.
Eu meio que começo a rir quando o delírio assume. Ao olhar para baixo
para ver que não estou sentada na urina.
Não.
— Colton! — eu chamo, mas estou tão fraca que sei que minha voz não é
alta o suficiente.
Tão bonito.
Todo meu.
Eu sinto o sono começar a me puxar - minha mente, meu corpo, minha
alma - e deixo seus dedos letárgicos começarem a ganhar o cabo-de-guerra.
E bem antes que ele me leve, eu entendo o porquê, mas não o como.
Oh, Colton.
Eu te amo.
Spiderman. Batm...
Capítulo 30
Colton
O som do
disparo me assusta e faz com que eu acorde. Eu levanto da cama e tenho que
recuperar o fôlego, enquanto digo a mim mesmo que está tudo acabado. Apenas
um maldito pesadelo. O filho da puta está morto e teve o que mereceu. Zander
está bem. Rylee está bem.
25
Diga alguma coisa, estou desistindo de você. - Trecho da música Say Something - A Great Big
Word
—... I’m sorry that I couldn’t get to you26...
26
Me desculpe por não ter conseguido chegar até você. - Referente à mesma música.
Baxter choraminga novamente na porta do banheiro e quando eu chego
lá, eu bato a junta do meu dedo contra ela. — Você está bem, Ry? — silêncio.
Que porra é essa? — Ry? Você está bem?
Medo.
Minha mente tenta processar o que vejo, mas não consigo compreendê-
lo, porque a única coisa que consigo focar é no sangue. Tanto sangue e sentada
no meio dele, ombros caídos contra a parede, os olhos fechados e o rosto tão
pálido que quase coincide com o mármore por trás dela, está Rylee. Minha
mente gagueja tentando entender a visão, mas não processando tudo isso de
uma vez.
— Não! — eu nem percebo que é a minha voz gritando, nem sequer sinto
o sangue revestir meus joelhos quando caio para agarrá-la. — Rylee! Rylee! — eu
estou gritando seu nome, tentando lhe pressionar a acordar dessa porra, mas
sua cabeça só pende para o lado.
Tudo o que eu quero fazer é enterrar meu rosto em seu pescoço e abraçá-
la, dizer a ela que vai ficar tudo bem, mas sei que a porra dos trinta segundos já
desperdiçados, sentado aqui, foram mais do que muito.
Digo a mim mesmo que preciso pensar, que preciso me concentrar, mas
meus pensamentos estão dispersos pra caralho não consigo me concentrar em
apenas um.
Leve-a lá em baixo.
— 9-1-1.
— Senhor, eu preciso...
— Preciso de ajuda, Sammy. Ligue para o 9-1-1 de volta. Ligue para o meu
pai. Ajude-me! Ajude-a? — eu suplico enquanto afundo meu rosto em seu
pescoço, balançando-a, dizendo-lhe para segurar firme, que ela vai ficar bem,
que ela vai ficar bem.
Eu sei que Sammy está ao telefone, posso ouvi-lo falar, mas meu cérebro
chocado não pode processar qualquer coisa além do fato de que eu preciso
consertá-la. Que ela não pode me deixar. Que ela está quebrada.
Puta merda! O que há de errado comigo? Abro a boca para falar, para lhe
dizer e percebo que estou tão em pânico, que eu não tenho a mínima porra da
ideia.
Eu choro de medo, quando percebo que o sangue ainda está correndo por
suas pernas e não posso nem começar a processar o porquê. — Seu acidente.
Algo de seu acidente. — eu digo a Sammy quando levanto sua camisa até seu
abdômen para mostrar-lhe as cicatrizes que desfiguram sua pele como se isso
fosse explicar. E então a agarro e a puxo para mim de novo - seu corpo frio
contra a minha pele quente - quando Sammy começa a falar de novo para quem
está na outra extremidade do telefone.
Eu a abraço forte e juro que sinto seu movimento. Eu grito o nome dela
para tentar ajudá-la a voltar para mim. — Rylee! Rylee! Por favor, baby, por
favor. — mas não há nada. Porra nenhuma. E enquanto eu choro em desespero
seu corpo estremece de novo e percebo que sou eu a movendo. É o meu corpo
tremendo, suplicando e implorando que a está movendo.
— Oh Deus! — eu grito. — Não ela. Por favor, não ela. Você levou tudo
que era bom de mim. — grito em uma casa vazia para um Deus que eu
realmente não acredito que existe mais agora. — Você não pode tê-la. — eu grito
para ele, agarrando-me a única coisa que posso, porque tudo de mais verdadeiro
que seguro está deslizando pelos meus dedos. Eu enterro meu rosto em seu
pescoço, os soluços me arruinando enquanto minha respiração quente aquece
sua pele gelada sob meus lábios. — Você... não pode... ter... ela.
— Colton! — uma mão sacode meu ombro e pulo fora do meu transe, sem
saber quanto tempo se passou, mas os vejo agora. Os médicos e as luzes
piscando girando em minhas paredes pela porta da frente aberta. E eu sei que
eles precisam levá-la de mim para ajudá-la, mas estou tão assustado agora que
não quero deixá-la ir.
Ela precisa de mim agora, mas sei muito bem que preciso dela mais.
Eu pensei que a perdi hoje só para saber que não perdi, e então, quando
acho que ela está malditamente segura - malditamente protegida em meus
braços quando adormecemos - ela rasgou a porra longe de mim. Eu estou tão
malditamente confuso. Tão fodidamente com raiva. Tão... eu nem sei o que eu
estou mais, porque só quero que alguém saia de trás daquelas porras de portas
automáticas e me diga que ela vai ficar bem. Que todo o sangue parecia cem
vezes pior do que realmente era.
Eu quero gritar, quero socar alguma coisa, quero correr malditos dez
quilômetros - qualquer coisa para me livrar dessa maldita dor em meu peito e
agitação no meu estômago. Eu sinto que estou ficando louco. Quero que o
tempo acelere como um raio ou retarde a porra, o que for melhor para ela,
contanto que possa vê-la em breve, segurá-la em breve.
Eu pego o meu telefone, precisando sentir uma conexão com ela. Alguma
coisa. Qualquer coisa. Eu começo a digitar um texto, expresso a ela da maneira
que ela entenda melhor de como me sinto.
— Colton!
É a voz que sempre foi capaz de consertar as coisas para mim e desta vez
ele não pode. E por causa disso... quando ouço a sua voz me chamar, eu perco a
porra do controle. Eu não levanto para cumprimentá-lo, nem sequer levanto a
cabeça para olhá-lo, porque estou tão sobrecarregado por tudo, que não
funciono. Eu deixo minha cabeça cair em minhas mãos e começo a chorar como
a porra de um bebê.
Eu não me importo que haja pessoas aqui. Eu não me importo que sou
um homem adulto e que os homens não choram. Eu não me importo com nada,
exceto o fato de que não posso consertá-la agora. Que o meu jogo super-herói
não pode consertá-la agora. Meus ombros tremem, meu peito dói e meus olhos
queimam quando sinto seu braço me envolver, me puxar para seu peito da
melhor maneira possível e tentar me confortar quando sei que não vai fazer uma
porra maldita coisa para ela. Não vai apagar as imagens de seu corpo Raggedy
Ann sem vida e lábios pálidos que estão manchando minha mente.
Estou tão chateado que não consigo nem falar. E se pudesse, nem sei se
poderia colocar em palavras os meus pensamentos. E ele me conhece tão bem,
que nem sequer diz uma maldita palavra. Ele só me segura contra ele enquanto
expulso tudo o que não posso expressar de outra forma.
Suas únicas palavras são. — Eu tenho você, filho. Eu tenho você. — ele as
repete mais e mais, a única coisa que ele pode dizer.
Eu fecho meus olhos com força, tentando livrar minha mente de tudo,
mas não está funcionando. Tudo o que consigo pensar é que meus demônios
finalmente ganharam. Eles levaram a coisa mais pura que já tive na minha vida
e estão roubando a porra de sua luz.
Sua faísca.
O que eu fiz?
E eles não vacilam. Eles só olham para mim como quando estava na liga
infantil e tinha medo de ir até a porra da base porque Tommy-eu-sempre-
acerto-a-massa-Williams estava no monte e eu estava com medo de ser atingido
com a bola. Ele olha para mim como ele fez na porra daquela época - os olhos
cinza cheios de encorajamento me dizendo que eu posso fazer isso - eu posso
enfrentar o meu medo.
Meu corpo inteiro irrompe em um suor frio, quando percebo o que o seu
olhar está tentando me dizer, o que ela está tentando me perguntar. Eu engulo
ruidosamente quando o zumbido na minha cabeça de merda me assalta, então
me deixa abalado até o interior, conforme levanto minha cabeça para olhar para
os olhos castanhos paciente da mulher na minha frente.
Fico olhando para ela, incapaz de falar quando toda emoção que pensei
que tinha acabado de colocar para fora enquanto meu pai me segurava vem à
tona como uma maldita vingança. Sinto-me atordoado, sem palavras, com
medo. A mão do meu pai aperta meu ombro, pedindo-me para continuar.
— Rylee? — eu pergunto a ela, porque tenho que estar enganado. Ela tem
que estar enganada.
— Ela está acordada? — minha mente não consegue processar o que ela
acabou de dizer. Ouço bebê, sangue, transfusão. — Eu não ouvi você dizer que
ela vai ficar bem, porque preciso ouvir você dizer que ela vai ficar fodidamente
bem! — eu grito para ela quando tudo na minha vida desaba ao meu redor,
como se eu estivesse de volta no carro de corrida do caralho, mas desta vez não
sei que peças que vou ser capaz de restabelecer... e isso mais do que qualquer
coisa assusta a merda fora de mim.
— Sim. — ela diz baixinho, sua voz suave me faz querer sacudi-la como
uma lousa mágica até eu conseguir um pouco mais de segurança. Até eu apagar
o que está lá e criar a maldita imagem perfeita que eu quero. — Nós lhe demos
alguns remédios para ajudar com a dor da D & C27 e uma vez que ela tenha um
pouco mais de sangue transfundido, ela deve estar em um estado muito melhor,
fisicamente.
Eu não tenho nenhuma porra de ideia do que ela disse, mas me agarro
nas palavras que entendo: ela vai ficar bem. Eu penduro minha cabeça em
27
Dilatação e curetagem.
minhas mãos e empurro a palma em meus olhos para não chorar, porque
qualquer alívio que sinto não é real até que eu possa vê-la, tocá-la, senti-la.
Ela aperta meu joelho novamente e fala. — Eu sinto muito. O bebê não
resistiu.
Eu não sei o que esperava que ela dissesse, porque o meu coração sabia a
verdade, mesmo que a minha cabeça ainda não tivesse compreendido ainda.
Mas suas palavras param o mundo girando debaixo dos meus pés e não consigo
respirar, não consigo puxar qualquer ar. Eu me levanto e cambaleio a poucos
metros de um lado e depois volto para ir para o outro lado, completamente
dominado pelo zumbido em meus ouvidos.
Inocência intocada.
Rylee.
Você está brincando comigo? Eu quero gritar com ele, porque realmente
não sei mais o que fazer com o medo que me consome, exceto descontar na
pessoa mais próxima a mim. Medo diferente de tudo que já senti, mas ainda
tudo a mesma coisa. Então, eu só balanço a cabeça quando olho para a senhora
de olhos castanhos tentando descobrir o que fazer, o que sentir, o que dizer.
— Será que ela sabe? — eu nem mesmo reconheço minha própria voz.
Uma voz quebrada, o tom dela com a completa descrença a possuindo.
— O médico falou com ela, sim. — diz ela com um aceno de cabeça, e eu
percebo que naquele momento Rylee está lidando com tudo isso sozinha,
carregando tudo isso... sozinha. O bebê que ela daria tudo para ter - que foi dito
que ela nunca teria, ela realmente tinha.
E perdeu.
Como é que ela reagiu? O que isto vai fazer com ela?
Rylee.
— Eu preciso vê-la.
— Ela está descansando agora, mas você pode ir se sentar com ela, se
quiser. — ela diz enquanto fica de pé.
Rylee. Ela parece tão fodidamente pequena, tão pálida, como uma
menininha perdida em uma cama de lençóis brancos. Quando ando para o seu
lado, tenho que me lembrar de respirar, porque tudo o que quero fazer é tocá-la,
mas quando chego, estou tão assustado que se fizer isso, ela vai quebrar. Porra,
quebrar. E eu nunca vou recuperá-la.
Eu fico olhando para ela, percorro toda ela - de seus lábios carnudos
pálidos, a pele macia-como-pecado que eu sei que tem cheiro de baunilha,
especialmente no ponto abaixo de sua orelha; e sei que essa mulher mal-
humorada cheia de sua boca inteligente rebelde e não negociáveis, me possui.
Fodidamente me possui.
Cada maldita parte minha. Em nosso pouco tempo juntos, ela está
quebrando as malditas paredes que eu nem sabia que tinha passado uma vida
construindo. E agora, sem essas paredes, estou fodidamente indefeso sem ela,
porque quando você não sente nada por tanto tempo - quando você opta por ser
insensível - e então, aprende a sentir de novo, você não consegue desligar isso.
Você não consegue fazê-lo parar. Tudo o que sei agora, olhando para sua
maldita beleza absoluta por dentro e por fora, é que preciso dela mais do que
qualquer coisa. Eu preciso dela para me ajudar a navegar por essa porra de
território desconhecido antes de me afogar no conhecimento de que eu fiz isso
com ela.
Eu sou a razão pela qual ela vai ter que fazer uma escolha, uma que nem
sei se quero que ela faça mais.
Eu te amo.
A porra da esperança.
M inha
cabeça está confusa e estou muito cansada. Eu só quero afundar de volta neste
calor. Ah, isso é tão bom.
28
Intravenosa.
Mantenho meus olhos fechados, tentando sentir o vazio passado ecoando
dentro de mim, tentando empurrar através da névoa de descrença, a tristeza
sem fim que eu não consigo compreender. Tentando silenciar os gritos
imaginários que ouço agora, mas não consegui ouvir ontem à noite enquanto
meu bebê morria.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Estou tão perdida a tudo o que
sinto, então me concentro em cada sentimento único, enquanto ela faz a descida
lenta, porque sinto a mesma coisa.
— Ela está de volta com a gente agora. — uma voz a minha direita diz, e
olho para uma mulher com olhos bondosos em uma roupa branca - a mesma
senhora que me deu a notícia antes. — Você esteve fora por um tempo.
E eu estou arrasada.
Será que ele sabe sobre a vida que tinha criado? Parte dele e parte minha.
Ele não conseguiu lidar com isso, então ele foi embora? O pânico começa a me
estrangular imediatamente. As lágrimas começam a correr enquanto balanço a
cabeça, incapaz de falar. Como é possível que Deus seja tão cruel para fazer isso
comigo duas vezes na minha vida - perder meu bebê e o homem que eu amo?
Mas eu só balanço minha cabeça para ela, porque não há nada que eu
possa dizer. Concentro-me em minhas mãos entrelaçadas no meu colo e tento
conseguir o domínio de mim mesma, tentar me acostumar com a solidão
novamente, o vazio.
— Ele acabou de sair pela primeira vez desde que você chegou aqui. —
explica ela, sentindo meus medos. — Ele tem ficado fora de si e seu pai
finalmente foi capaz de levá-lo a sair e esticar as pernas por um minuto.
— Primeiro, deixe-me dizer que falei com o seu obstetra e revi seus
arquivos e sim, a chance de você ser capaz de carregar um feto, sequer conceber,
era extremamente pequena. — ela dá de ombros. — Mas às vezes o corpo
humano é resistente... milagres podem acontecer, a natureza prevalece.
Eu sorrio suavemente, embora saiba que não atingiu meus olhos. Como
estava carregando uma vida - meu bebê, um pedaço de Colton - e não sabia
disso? Não senti isso?
— Como que eu não sabia? Quer dizer, com quanto tempo estava? Por
que abortei? Foi minha culpa, algo que fiz ou foi o bebê - meu bebê - que nunca
chegaria a termo29 de qualquer maneira? — as perguntas saem uma após a
outra, correndo juntas, porque estou chorando agora, as lágrimas correndo pelo
meu rosto enquanto uso o colete de culpa sobre o aborto. Ela só me permite
fazer todas as minhas perguntas enquanto fica lá, pacientemente, compaixão
enchendo seus olhos. — Isto foi uma coisa de uma só vez, ou há uma
possibilidade de que isso possa acontecer de novo? Estou tão sobrecarregada. —
eu admito com minha respiração travando. — E eu não sei... eu não sei mais em
que acreditar. A minha cabeça está girando...
— Isso é compreensível, Rylee. Você já passou por muita coisa. — diz ela,
mudando sua posição, e quando o faz, ele está ali encostado no batente da porta,
com as mãos enfiadas nos bolsos, a camisa manchada de sangue - o meu sangue,
o bebê... sangue do nosso bebê - e se eu achava que as comportas tinham
estourado antes, elas se desintegram completamente ao vê-lo.
29
Refere-se ao bebê nascido entre a 38ª e a 41ª semana de gestação.
Lágrimas feias começam agora. Enormes, ásperas, engatando soluços que
acumulam pelo meu corpo enquanto ele se agarra a mim - completamente
aturdido sobre o que fazer para deixar isso melhor - e me deixa chorar. Suas
mãos se movem para cima e para baixo nas minhas costas enquanto ele sussurra
palavras que realmente não rompem minha névoa de tristeza.
E há tantas coisas que sinto de uma vez, que não consigo escolher uma só
para segurar. Estou confusa, assustada, devastada, oca, chocada, segura, e eu
sinto que tantas coisas foram alteradas para sempre.
Para mim.
Entre nós.
A única coisa que sei com certeza é que ele está tão perdido e confuso
como eu, mas no fundo, temo que ele se sinta assim pelo motivo oposto do que
eu faço.
— Ei. — ele diz baixinho enquanto um leve sorriso puxa o canto de sua
boca. Eu posso sentir suas mãos tremerem levemente. — Você me assustou pra
caralho, Ryles.
— Desculpe. Você está bem? — minha voz soa sonolenta, lenta.
E antes que ele possa dizer mais qualquer coisa, há uma batida no
batente da porta. É a Dra. Andrews perguntando se está tudo bem para ela
voltar. Nenhum de nós sequer percebeu que ela tinha deixado o quarto porque
estávamos tão absortos um no outro.
Há tantas perguntas que quero fazer a ela... tantas incógnitas que minha
mente ainda está processando. Olho para Colton e hesito em fazer a pergunta
que tenho medo da resposta, ainda mais por causa de tudo o que passamos com
Tawny. Então opto por outra que tem sido persistente em minha mente.
— De quanto tempo eu estava? — minha voz é suave e Colton segura
firme a minha mão. Até mesmo a ideia de dizer essas palavras, atinge-me no
interior. Eu estava carregando um bebê. Um bebê. Meu queixo treme enquanto
tento desesperadamente não chorar de novo.
Ela continua falando, mas não ouço mais nada e nem Colton, porque ele
está fora da minha cama em um instante, pernas ritmadas, o corpo vibrando
com energia negativa e raiva gravada nas linhas de seu rosto.
Dra. Andrews olha para ele e depois para mim, a preocupação em seus
olhos conforme eu retransmito os eventos do dia. Cada vez que menciono o pai
de Zander me batendo, eu posso ver fisicamente o aumento da agitação de
Colton. Eu não sei o que isso está fazendo para Colton, não sei exatamente onde
sua cabeça está ou quanto mais ele pode suportar e tenho medo de tantas coisas,
porque eu sei como me sinto.
— Isso poderia muito bem ter sido a causa - o gatilho de tudo - que levou
ao aborto. — diz ela depois de alguns segundos.
Lágrimas voltam e eu sei que sou uma bagunça emocional, sei que não
estou pensando claramente quando a noção treme pela minha mente que Colton
está com raiva de mim por estar grávida, não por causa da perda de nosso filho.
Eu afasto imediatamente o pensamento - me odeio por sequer pensar isso - mas
observando as últimas semanas e tudo o que passamos, não consigo evitar. E
depois que o pensamento faz com que muitos mais espirais saiam de controle,
eu tenho que dizer a mim mesma para me controlar. Que Colton se preocupa
comigo, que não iria se afastar de mim por causa de algo assim. Eu me obrigo a
me concentrar em respostas e não no desconhecido.
Ela olha para mim, simpatia piscando sobre seu rosto estoico, um suspiro
em seus lábios e com lágrimas nos olhos. — Possível? — ela repete a palavra de
volta para mim e fecha os olhos por um momento, enquanto balança
suavemente a cabeça de um lado para o outro. Ela estende a mão e pega minhas
mãos nas dela e somente olha para mim por um momento. — Isso não deveria
ser possível, Rylee. — sua voz quebra, a minha dor e descrença, obviamente, a
afetando.
— Eu espero que o destino não seja cruel o suficiente para fazer isso com
você duas vezes e não dar-lhe outra chance. — ela rapidamente limpa uma
lágrima que cai e funga. — Às vezes, a esperança é o remédio mais poderoso de
todos.
Eu posso senti-lo antes mesmo de abrir meus olhos, sei que ele está
sentado ao meu lado. O homem que não espera por ninguém está esperando
pacientemente por mim. Meu corpo suspira suavemente com o pensamento, e
então, o meu coração torce com o pensamento de um menino perdido para
sempre por mim - cabelo escuro, olhos verdes, nariz sardento, sorriso travesso -
e quando abro meus olhos, os mesmos olhos da minha imaginação se
encontram com os meus.
— Oi. — diz ele suavemente, se lançando para a frente até a borda do seu
assento e noto que sua camisa foi substituída por roupas hospitalares. — Como
você está se sentindo? — ele aperta um beijo na minha mão, enquanto minhas
lágrimas vêm novamente. — Não. — ele se levanta, sentando na beira da minha
cama. — Por favor, não chore, baby. — diz ele enquanto me puxa contra seu
peito e envolve seus braços ao meu redor.
— Colton... — acabei de dizer seu nome, mas sei que ele pode ouvir a
minha súplica nele.
— Não, Ry. — ele sai da cama e anda no pequeno espaço ao lado, fazendo-
me pensar nele no lado da rodovia ontem, sobrecarregado pela culpa. Foi
somente ontem? Parece que uma vida inteira se passou desde então. — Você não
entende, não é? — ele grita para mim, me fazendo encolher pela veemência em
sua voz. — Eu encontrei você. — diz ele quando seus olhos fixam o chão, a pausa
em sua voz quase me destruindo. — Havia sangue por toda parte. — ele olha
para cima e encontra meus olhos. — Em todos os lugares... e você... você estava
deitada no meio dele, coberta dele. — ele caminha até a beira da minha cama e
agarra as minhas duas mãos. — Eu achei que tivesse perdido você. Pela segunda
vez na porra de um dia!
Nós ficamos assim por um momento e quando ele se inclina para trás
para dar um beijo na ponta do meu nariz, eu ouço o barulho antes de ver a sua
entrada no quarto. — Cristo em uma muleta, mulher! Você gosta de me dar
ataques cardíacos? — Haddie passa pela porta e está ao meu lado em um
instante. — Tire as mãos de cima dela, Donavan, e deixe-me tê-la. — diz ela, e eu
posso sentir os lábios de Colton formar um sorriso quando ele os pressiona
contra minha bochecha. Em questão de segundos estou envolvida no turbilhão
que é Haddie, a seguro firme quando nós duas começamos a chorar. — Deixe-
me olhar para você! — diz ela, se inclinando para trás, sorrindo através das
lágrimas. — Você parece uma merda, mas ainda está linda como sempre. Você
está bem? — a sinceridade em sua voz faz com que as lágrimas venham
novamente e tenho que morder o lábio para evitar que caiam. Eu aceno e
Haddie olha para cima sobre a minha cama e encontra os olhos de Colton. Eles
detêm o olhar um do outro por alguns momentos, a emoção nadando em ambos
os olhos. — Obrigada. — ela diz a ele suavemente e fecho meus olhos por um
momento quando a enormidade de tudo isso me atinge.
— Sem lágrimas, ok? — espremendo minha mão na sua e eu aceno com a
cabeça antes de abrir meus olhos.
Nós nos sentamos por algum tempo. Cada momento que passa, Colton se
torna mais retraído e posso dizer que Haddie percebe isso também, mas ela
simplesmente continua conversando como se não estivéssemos em um quarto
de hospital e eu não estou de luto pela perda de um bebê. E ainda bem que ela
faz isso, porque como de costume, ela sabe exatamente o que preciso.
Ela está no meio de me dizer que ela falou com meus pais e eles estão a
caminho de San Diego, quando seu telefone recebe uma mensagem. Ela olha
para ele e, em seguida, olha para Colton. — Becks está lá embaixo no
estacionamento e quer que você vá mostrar-lhe para onde ir.
Eu sorrio de volta para ele e vejo quando ele sai pela porta antes de olhar
para Haddie.
— Você quer me dizer o que diabos está acontecendo aqui? — eu rio, sem
esperar nada menos do que a sua franqueza. — Quer dizer, que merda. — ela
sopra um suspiro. — Eu lhe disse para fazer sexo irresponsável com ele, limpar
as teias de aranha e tudo mais. Você não poderia ser mais Jerry Springer30 se
você tentasse. Primeiro o acidente, depois a luta com um homem empunhando
uma arma e abortar um bebê que você nem sabia que você estava carregando.
30
Apresentador do The Jerry Springer Show. Programa de televisão que é conhecido por tratar
de problemas familiares.
As lágrimas vêm agora - são lágrimas de riso - porque se mais alguém
ouvir essa conversa pensaria que Haddie está sendo insensível, mas sei que no
fundo ela lida com sua ansiedade súbita da única forma que sabe - com
sarcasmo e então alguns. E, para mim, é a minha própria terapia pessoal,
porque isso é o que me segurava nos últimos dois anos, nas noites muito difíceis
depois do acidente de Max.
Ela está rindo de mim também, mas o riso é perseguido por lágrimas
quando ela olha para mim e continua. — Quer dizer que sabia que o homem
tinha esperma com super poderes que só poderia atacar, resgatar e reparar um
útero quebrado como um maldito super-herói?
Eu sufoco uma tosse, assustada com o que ela acabou de dizer, porque
nunca disse a ela sobre Colton e seus super-heróis, eu nunca trairia a sua
confiança. E sem perceber, ela simplesmente continua. — De agora em diante,
cada vez que ver um logotipo do Superman, eu vou pensar que ele representa
Colton e seu super esperma. Rompendo ovos e tomando nomes.
— Como ele está? — ela pergunta após seu riso tingido de lágrimas
lentamente diminuir.
Ela acena com a cabeça e olha para mim antes de olhar para nossas mãos
unidas. Eu espero que ela fale, que um de seus Haddie-ditados caiam de sua
boca e me faça rir, mas quando ela olha para cima, lágrimas brotam em seus
olhos. — Você me assustou muito, Ry. Quando ele me ligou... se você pudesse ter
ouvido como ele soava, como... ele não deixou nenhuma dúvida em minha
mente do que sente por você.
E, claro, os meus olhos lacrimejaram por causa dela, então ela se levanta
e se desloca para sentar na cama ao meu lado, me puxando para seus braços e
me segurando com força - mesma posição que passamos horas depois que perdi
Max e o nosso bebê. Pelo menos desta vez, a carga pesando sobre o meu coração
é um pouco mais leve.
Capítulo 32
E u me sinto
Colton está quieto enquanto ele me empurra, mas novamente ele tem
ficado assim na maior parte dos últimos dois dias. Se fosse qualquer outra
pessoa teria se retirado com o encontro inesperado com meus pais. Quer dizer,
conhecer seus sogros é um enorme passo em qualquer relacionamento, ainda
mais para alguém como Colton que tem uma história inexistente com esse tipo
de coisa. Acrescente a isso conhecer os pais da sua namorada depois que ela
abortou um bebê que ela nunca soube que existia.
Mas não Colton - não - isto é algo diferente. E tanto quanto eu amo meus
pais para virem aqui, Haddie e seu humor incessante, Becks com sua sagacidade
inesperada e qualquer outra pessoa que tenha parado para me desejar melhoras,
tudo que quero é ficar sozinha com Colton. Quando estivermos somente nós
dois, ele não será capaz de se esconder de mim e ignorar o que está em sua
mente. O silêncio está lentamente nos sufocando e preciso que sejamos capazes
de respirar. Eu preciso que sejamos capazes de berrar, gritar, chorar e ficar com
raiva - colocar tudo para fora - sem os olhos de nossas famílias assistindo para
se certificar de que não rachemos.
Olho para trás e roubo um rápido olhar para Colton e sua expressão
serena. Eu não consigo evitar, mas pergunto, e se o pai de Zander não tivesse
aparecido? E se eu ainda estivesse grávida? Onde estaríamos então?
Não se concentre nisso, eu digo a mim mesma, apesar de que é tudo que
posso pensar - em estar grávida. Parece uma possibilidade real, tangível mesmo,
que fica constantemente piscando na minha mente. Colton para a cadeira de
rodas quando saímos pelas portas do hospital e dá a volta à minha frente. Seus
olhos encontram os meus, uma suavidade na intensidade que notei lá ao longo
dos últimos dias. Um sorriso se arrasta sobre seus lábios. Como eu poderia me
afastar deste homem, porque eu quero um filho e ele não? Será que eu estaria
disposta a deixar o único homem que sei que não posso viver sem, pela única
coisa que uma vez pensei que faria qualquer coisa para ter?
— Não, isso é uma coisa que eu definitivamente não faço. — eu rio e paro
quando ele inclina a cabeça para o lado e me encara. — O quê?
— É bom ver você sorrir. — diz ele em voz baixa diante de seus olhos
nublados e ele desvia sua atenção para algo sobre o meu ombro. Quando me
olha novamente, seus olhos são claros e sua expressão é mais suave. — Você está
pronta para sair daqui?
Minha mãe envolve seus braços em volta de mim e me segura contra ela
um pouco mais do que o normal. — Se você quiser, podemos ficar na cidade um
dia extra. Para certificar que você está bem e confortável, antes de voltarmos
para casa.
— Ela não está indo para casa. — eu juro que todas as cabeças se voltam
para olhar para Colton, incluindo a minha. Apesar de todos os olhos sobre ele,
suas palavras são apenas para mim. — Você vai ficar comigo. Sem
questionamentos.
— Não. Está tudo bem. — meu pai diz, estendendo a mão para pegar a
mão que Colton oferece. — Estou confiante de que você vai cuidar bem dela.
E é simples assim. O vínculo tácito de pai para o homem que sua filha
ama passa entre os dois. De homem para homem. De protetor para protetor.
Colton mantém firme a mão de meu pai e acena com a cabeça em aceitação da
confiança apenas concedido a ele. Colton é agora o homem responsável -
falando - por mim. Eles mantêm os olhos e as mãos um do outro por mais um
momento. Emoções bloqueiam minha garganta enquanto eu deslizo meus olhos
para a minha mãe que está assistindo a troca, uma lágrima em seu olho
também.
Ela se abaixa e aperta minhas mãos onde elas estão entrelaçadas no meu
colo. — Se um bebê está destinado a ser, Ry, isso vai acontecer. Eu sei que não
faz você se sentir melhor me ouvir dizer isso, mas no meio da noite, quando você
estiver triste, você vai ser capaz de ouvir a minha voz lhe dizendo. Lembre-se, a
vida não é sobre como você sobrevive à tempestade, mas sim como você dança
na chuva. — ela se inclina e pressiona um beijo em minha bochecha. — Eu te
amo.
— Colton, o que...?
— Eu sei que você ainda está dolorida, mas eu queria levá-la em algum
lugar que te faz feliz.
— Você me faz feliz. — eu digo, trancando meus olhos nos dele para
reforçar minhas palavras antes de olhar para a extensão de praia à nossa frente.
Lágrimas vêm aos meus olhos novamente e eu começo a rir. — Sim. Sinto
muito. — eu digo, em referência às lágrimas que eu estou limpando. — Eu sou
uma bagunça emocional. Os hormônios da gravidez e... — minha voz desvanece,
percebendo que toquei no assunto tabu, que ainda temos que discutir. O silêncio
incômodo se instala entre nós. Colton agarra o volante com força e exala um
suspiro alto antes de sair do carro sem dizer uma palavra.
Ele abre a porta de trás, recolhe algumas coisas e depois me ajuda a sair
do Rover. — Devagar. — diz ele, quando deslizo cuidadosamente para fora do
assento.
— Eu estou bem.
— Aqui está bom? — ele pergunta quando solta a minha mão e coloca um
cobertor sobre a areia. Ele coloca um saco de papel marrom para baixo e, em
seguida, coloca as mãos em meus quadris quando começo a me sentar.
— Eu não vou quebrar. — eu digo baixinho para ele, mesmo que adore a
sensação de suas mãos sobre mim - força, conforto e segurança - todas as três
coisas dadas com seu simples toque.
Eu alterno entre suas pernas, por isso estou sentada de lado em seu colo,
minhas pernas descansando sobre a parte superior de uma das suas. Eu preciso
ver o rosto dele, preciso mostrar a ele que estou bem. Eu olho em seus olhos
cheios de confusão e levo uma mão para descansar em sua bochecha com um
leve sorriso nos lábios. — Eu estou bem, Colton. Você me salvou. — eu me
inclino e escovo um beijo carinhoso em seus lábios que nunca me canso. —
Obrigada por me salvar.
— Por quê? — minha voz está sonolenta e satisfeita. Não há outro lugar
que eu preferiria estar agora.
— Oh, Ry. — ele sorri para mim, um olhar lascivo em seu rosto, conforme
se inclina e pressiona um beijo rápido nos meus lábios. — Não se preocupe com
a parte de dar ou receber isso, porque você seria duramente pressionada para
encontrar qualquer homem que possa dar uma foda melhor do que eu.
Antes que eu possa sequer responder, seus lábios estão nos meus, suas
mãos enrolando em minhas costas e nossos corações se entrelaçando de uma
maneira que nunca imaginamos ser possível.
Nós amamos.
Nós perdemos.
31
Jogo de palavras onde no original cocky é arrogante, convencido, etc; e cock é pau, pênis, etc.
E agora nós estamos apenas encontrando o nosso equilíbrio novamente.
Nós novamente. E nunca foi tão bom me perder em alguém, para que eu
pudesse me encontrar novamente.
Eu sinto o peso dele em cima da cama enquanto ele se senta ao meu lado,
sua colônia momentaneamente mascarando o cheiro antisséptico que a equipe
de limpeza deixou para trás. — Mmm-hmm. Eu só estou cansada. — eu digo a
ele enquanto rolo de lado para que eu possa olhar para ele. — Obrigada por esta
tarde. — eu digo, pensando sobre o nosso tempo na praia. A nossa conversa, a
nossa comida de lanchonete, uma reminiscência de nosso primeiro encontro e o
silêncio entre nós que não era tão solitário ou pesaroso mais. — Você está bem?
— eu faço a mesma pergunta para ele.
Ele caminha até a cômoda e o traz para mim, pressionando outro beijo na
minha testa e, em seguida, em meu nariz antes de sair do quarto. Eu o observo
sair, tendo conhecimento que a visão dele nunca vai envelhecer. Nunca tomarei
isto como certo, pois tivemos tanto trabalho para chegar a este ponto.
Eu ligo o meu celular, surpresa que ainda tenha bateria, uma vez que ele
está aqui desde a noite que tudo aconteceu. Ele liga e eu balanço a cabeça para
as mensagens intermináveis de desejos de melhoras. Eu li um pouco sobre a
cerimônia inovadora que está chegando para comemorar o novo projeto
começando. E então minha última mensagem me derruba completamente.
É de Colton e não acho que suas palavras foram alguma vez tão honestas
ou as profundezas do seu desespero tão cru.
Eu estou perdido aqui. Você está em algum lugar neste maldito hospital
e eu preciso falar com você. Porra, tocar em você. Fazer algo para você,
porque eu estou apavorado pra caralho... então vou dizer a você do jeito que
eu sei que você vai me ouvir. Broken por Lifehouse.
E as lágrimas vêm agora. Elas caem livremente pelo meu rosto e eu não
tento impedi-las ou escondê-las, porque ninguém está aqui para vê-las agora. E
porque elas são lágrimas de alegria.
Ele me ama.
Capítulo 33
Colton
— V ocê vai
ficar sentado aqui e afogar suas malditas mágoas durante toda a noite como
uma putinha chorona ou o quê?
A voz que vem do campo negro noturno me assusta pra caralho. — Cristo,
mas que porra, Becks! — eu reclamo quando me viro para vê-lo andando pela
lateral da casa. — Que porra é essa, cara? Você já ouviu falar de porta da frente?
— Sim, bem, você já ouviu falar de atender a porra do seu celular? Além
disso, bater na porta é para os amigos e eu sou família caralho, então pare de
putaria.
— Não seja um idiota. Olha, você tem um monte de merda para lidar e...
— Boa tentativa, mas você está preso a mim. Tipo como herpes, só que
melhor.
Ele dá aquela risada dele que puxa um sorriso no canto da minha boca. O
filho da puta teimoso está me atingindo quando tudo o que eu quero é ser
deixado em paz.
— Bem, pelo menos é bom saber que você vai me deixar entrar de alguma
forma. — diz ele, piscando e olhando para mim, até que eu não aguento. Solto a
gargalhada que tenho segurado.
— A boqueteira? — eu rio, curioso para saber por que ele está trazendo a
rainha do boquete do nosso passado. Aquela que chupou Becks apenas para
chegar até mim. E, normalmente, eu estaria empurrando aquela merda pela
porra da porta a fora com um golpe assim, mas depois que ele se gabou que ela
deu a melhor chupada que ele já tinha recebido, eu aproveitei a oferta mais do
que disposto.
— Não ganha da Rylee, mas sim. — eu dou de ombros. — Ela era decente.
— Decente? — ele esbraveja. — Juro por Deus, a mulher não tinha reflexo
de vômito, porra.
— Talvez seja porque você não é grande o suficiente para chegar ao fundo
da garganta dela. — eu ergo minhas sobrancelhas enquanto termino outra
cerveja. Ele quer vir para minha casa e foder com a minha cabeça, tenho certeza
que vou foder com a sua, merda.
— Foda-se, Wood.
— E...?
— Por que isso? — eu finjo estar interessado, mas ele está me perdendo.
Olho para a janela do quarto atrás de mim onde a luz ainda está apagada, e
mesmo que eu esteja muito além do caminho de bêbado, eu gosto de saber que
Ry está lá em cima. Eu tento me concentrar de volta em Becks, mas por que
diabos eu me importo com a pessoa fácil que nós dois tivemos no passado, com
uma cabeça tão ferrada que rivalizava com a minha?
— Olha, cara, eu sei que há algum tipo de seis graus de Kevin Bacon32 do
caralho acontecendo aqui e agora, mas eu não estou seguindo você, então só
cuspa seu maldito ponto. — em seguida, tudo me atinge. Oh merda! — Eles não
são seus filhos são, Becks?
32
Jogo baseado na suposição de que qualquer pessoa envolvida na indústria cinematográfica
de Hollywood, pode ser ligada através de seus filmes a Kevin Bacon em até seis etapas. Os jogadores
escolhem um ator e criam links nomeando filmes que trabalhou com quem, que por sua vez está
relacionada com outra pessoa e assim por diante, até que a última pessoa esteja ligada a Kevin Bacon.
— Jesus Cristo, Donavan, você está mais bêbado do que eu pensava. — ele
engasga uma tosse antes de levantar a mão no ar e apontar para si mesmo. —
Rei da dupla camisinha antes de enfiar, bem aqui!
— Onde diabos você está indo com isso, Daniels, porque eu estou bêbado,
não tenho nenhuma porra de paciência e acho que você está tentando empurrar
meus botões para me fazer reagir a qualquer maldito ponto que você está
tentando levar a sua maldita bunda. Então, só chegue a ele, caralho.
33
Constelação do hemisfério celeste norte.
Eu não estou gostando de onde esta conversa está indo. Deflexão é o meu
único pensamento. — Eu pensei que você me disse que eu precisava foder uma B
em vez disso. — eu digo, tentando adicionar um pouco de humor a esta conversa
séria, e foda-se se eu posso entender como fomos de Boqueteira Tomlin para
Becks enfiando seu maldito nariz onde ele não é chamado.
Ele ri - tem as bolas para zombar de mim- antes de caminhar até onde
estou e balançar a cabeça. — Você não entende, não é? Foda-se o A ou o B, você
tem todo o maldito alfabeto lá em cima e ela está dormindo na porra da sua
cama agora, mas a única letra que pode foder com isso é U34! — ele grita para
mim.
Que porra é essa? Ele está do lado dela? Juro por Deus, Ry trabalhou sua
magia de boceta vodu nele e ele nunca a teve antes. Fale sobre super poderes
nessa merda.
— Becks? Como é que eu vou foder com isso? Ela está aqui não está? Eu
quero que ela esteja aqui, a trouxe aqui, então o que diabos mais você quer de
mim? E como diabos a porra da questão da Boqueteira tem a ver com essa
merda?
34
You - você.
— Vá. Se. Foder. — o gelo na minha voz rivaliza com o frio da calota polar
do caralho.
— Verdade dói, cara? Você quer dar um soco em mim? Aceitar a verdade
que você não quer encarar em cima de mim, caralho?
E Becks fica parado, com os olhos presos nos meus, com o queixo
levantado na posição de vá se foder me desafiando a arriscar um soco. — Qual é
o seu problema, figurão? Não está tão durão agora, não é?
Meu maldito corpo zumbe, vibra com cada maldito pingo de emoção que
eu contive durante a semana passada, mas tudo o que posso fazer é olhar para
ele, querendo desesperadamente expulsar a culpa filha da puta que está
devorando cada maldito pedaço meu.
A culpa que tudo isso aconteceu por minha causa - não tomando atitude
de um homem, a deixando sozinha com Zander, não chegando à The House
rápido o suficiente, não chegando ao banheiro rápido o suficiente. A culpa se
apega a tantas coisas dentro de mim - o veneno e a esperança - que a única coisa
que eu quero fazer é beber outra porra de cerveja, entorpecer a mim mesmo e
empurrá-la para longe.
— Você quer lutar? Que tal você poupar isso? Que tal você lutar por
questões que realmente importam, porra? Porque ela... — diz ele, apontando
para a janela do quarto e baixando a voz para uma porra de aço tranquila. — Ela
vale a pena lutar, cara. Vale cada maldito medo que está te comendo. Cada
pedaço dele, Colton - do A ao filho da puta do Z. — ele se aproxima de mim e
enfia um dedo no meu peito. — É hora de lidar com o seu passado, por que
Rylee? — ele aponta para o quarto novamente e, em seguida, de volta para mim.
— Ela é o seu maldito futuro. É hora de lutar ou sair fora, cara. Vamos apenas
esperar que você seja o homem que eu sempre pensei que fosse.
Todo o meu corpo fica tenso com as suas palavras e eu estou tão puto
comigo mesmo que eu imediatamente não digo que ele está cheio de besteira.
Estou tão puto de raiva que por um momento - apenas um lampejo de um
momento - medo me consome, então eu penso em sair fora.
Penso em sair, quando ela não fez nada, exceto provar que ela é uma
lutadora - uma linda, desafiante, corajosa pra caralho quando se trata do que é
dela - enquanto eu hesito. Meus dentes estão trincados malditamente tão forte,
que eu juro que meus molares vão quebrar, eu viro as costas para ele e caminho
até o parapeito e xingo a escuridão que rivaliza com o preto que eu sinto em
minha alma agora.
Eu não a mereço, porra. Pecador e santa. Minha garantia para a sua
bandeira quadriculada filha da puta. E tanto quanto eu sei disso - tanto quanto a
porra do meu peito dói a cada respiração por causa disso - ela é a única coisa
que eu vejo. A única que eu quero. Minha maldita Rylee.
— O gato comeu sua língua, Colt? — ele zomba atrás de mim. — Você é o
idiota que vai sair fora, porque ela ficou grávida? Por causa de alguma merda
que acont...
E eu chego ao limite.
Temperamento estalou.
Beckett está na minha cara em cinco passos. — Você está certo! Eu não
tenho a menor ideia! — ele agarra meus ombros, então não posso me afastar
dele e por mais que eu tente, não consigo me livrar dessa merda. — Mas, Colton,
irmão, eu vi você lutar durante anos com o que quer que seja que a maldita
cadela de uma mãe fez com você quando era uma criança, mas isso não é mais
você. Você não é aquele garoto. Nunca mais. E, cara, Rylee aceita isso. Aceita
você. Te ama, caralho. Descubra como aceitar isso e o resto vai se encaixar. —
ele estende a mão e apoia o lado do meu rosto antes de pisar para trás e balançar
a cabeça. — É hora de virar a porra de um homem e perceber que você a ama
também, antes que seja tarde demais e você perca a única pessoa que fez você
inteiro novamente. Descubra como lidar com seu passado, assim você não perde
o seu maldito futuro.
E com isso o filho da puta acena com a cabeça e caminha em direção a
casa, como se ele não tivesse acabado de foder comigo. Ele para quando abre a
porta e se vira para me encarar. — Quando éramos mais jovens, eu não
entendia, mas o seu pai costumava lhe dizer sobre doer é sentir e alguma merda
assim? — eu apenas aceno. — Sim, eu acho que você precisa se lembrar disso
agora.
Doer é sentir e sentir é viver, e não é bom estar vivo? O mantra do meu
pai passa por minha mente enquanto eu ando para meu quarto e vejo Ry
dormindo.
Foda-me.
Ela ainda me tira o fôlego. Ainda me faz querer, precisar e uma faz sentir
dor fodida como ninguém jamais fez. E porra, eu ainda quero corrompê-la - essa
parte nunca vai embora. Eu rio de minha mente fodida, mas eu sei que no fundo
a corrupção não importa mais. Porque ela é o que importa agora.
Eu ando para a cama, sabendo que eu poderia sentar e olhar para ela
durante horas. Cachos escuros se espalham pelo meu travesseiro, sua blusinha
cobrindo os malditos seios perfeitos e subindo em seu abdômen para que a luz
da lua mostre as cicatrizes de seu passado. As cicatrizes que roubaram dela um
futuro que ela achava que era impossível, até três malditos dias atrás.
Eu esfrego minha mão pelo meu lado, enquanto eu a observo, deslizo
sobre minhas cicatrizes de tinta que me fazem lembrar um futuro que eu nunca
imaginei que fosse uma possibilidade - até três malditos dias atrás e meus dedos
permanecem sobre a última - incolor e vazia. A única coisa que resta é que eu
tenho que descobrir antes de saber com certeza se posso fazer o que a minha
cabeça e o coração concordam.
Porque bagagem pode ser uma coisa poderosa. Ela pode conter você.
Impedi-lo de seguir em frente. Matá-lo. E às vezes os sentimentos não são o
suficiente para escapar dela. Para permitir que você siga em frente. Mas certo
como a chuva de merda, estar aqui, olhando seu peito subir e descer, é hora do
meu 747 - com bagagem e tudo - levantar voo.
É tão suave que eu quase não ouvi. Tão tranquilo e lento que eu percebo
que ela ainda está dormindo, mas não importa, minha respiração para. Meu
pulso acelera e meu coração aperta. Eu abro minha boca, mas em seguida, a
fecho para engolir, porque parece que eu acabei de comer um bocado de
algodão. Eu faço a única coisa que eu posso. Eu pressiono um beijo no topo de
sua cabeça.
Quero ter esperança de que o normal pode ser apenas uma possibilidade
para mim. Que esta mulher enrolada ao meu lado é realmente a minha cura.
Então eu me contento com as únicas palavras que virão, as que eu sei que
ela sabe que importa.
— A
cerimônia começa às quatro. Você vai estar lá, certo?
— Sim, Mãe! Nós estaremos lá. — Shane me diz enquanto se dirige para a
porta da frente com um enorme sorriso no rosto, um pouco de arrogância em
seu passo e as chaves do carro chocalhando ao redor em sua mão.
Ele pediu espaço e eu tenho dado a ele, não falando sobre a perda ou
como estou me sentindo, como estou lidando. Eu mesma fui tão longe a ponto
de não contar a ele sobre o meu retorno ao médico de ontem.
Entendo que nós dois estamos lidando com isso com nossas próprias
maneiras. Sua maneira é se trancar, descobrir isso sozinho, enquanto a minha é
segurar um pouco mais firme, precisando dele um pouco mais. A distância
momentânea entre nós eu posso lidar - eu sei que é temporária - mas, ao mesmo
tempo, está me matando saber que ele está sofrendo. Esta me machucando
quando eu preciso dele e não posso pedir mais nada. Precisando da conexão que
sempre foi uma constante entre nós.
Para dar-lhe o espaço que ele pediu, quando tudo que eu quero fazer é
arrumar tudo.
Mas se eu não posso falar com ele, se ele muda de assunto a qualquer
momento que eu tento falar, não posso lhe dizer o contrário.
Mas ele está escondendo alguma coisa, lidando com algo e é sem mim
enquanto eu preciso dele para me ajudar a lidar com isso.
Eu tento dizer a mim mesma que é a falta de nossa conexão física que
está me fazendo ver tudo em excesso. Analisando sobre tudo. Embora eu deite
em seus braços todas as noites, bem apertada contra seu peito, exatamente o
lugar onde eu quero estar, ainda não fizemos amor desde que voltei do hospital.
Nós nos beijamos e quando tento aprofundar, mover minhas mãos pelo seu
corpo e convencê-lo a me querer como eu o quero, ele segura meus pulsos e me
diz para esperar até que eu me sinta melhor, apesar de lhe dizer que não estou
machucada e que estou perfeitamente bem. Que quero senti-lo dentro de mim,
conectado comigo, amando-me novamente.
— Mmm-hmm. — e assim vai a nossa habitual conversa três vezes por dia
- pelo menos. Nossa afirmação de que está tudo bem, apesar de tudo parecer tão
diferente. — Colton... — minha voz desaparece e eu perco a coragem de pedir-
lhe mais.
Ele sente a minha hesitação e estende a mão para acariciar o lado do meu
rosto, o polegar esfregando suavemente sobre minha bochecha. Eu fecho meus
olhos e absorvo a ressonância de seu toque, porque isto é muito mais do que
apenas pele com pele. Isto vibra através de mim e se aprofunda em cada fibra do
meu ser, infiltrando lugares desconhecidos e sempre marcando sua presença,
me arruinando para qualquer outra pessoa com tatuagens invisíveis.
Eu levo as minhas mãos para que meus dedos possam torcer o cabelo
ondulando sobre o colarinho e dizer a minha mente para calar a boca, dizer a ela
para se acalmar para que eu possa desfrutar deste momento, aproveitá-lo. Eu
sinto as lágrimas, assim como a ternura por trás de seu toque me oprimir. Como
se eu fosse frágil e fosse quebrar.
Onde diabos ele está? Ele nunca iria propositalmente perder alguma
coisa dos meninos ou do projeto que ele foi tão fundamental para tornar uma
35
Absent Without Official Leave – ausente sem uma retirada oficial – termo militar usado para
um militar que saiu de seu posto sem permissão.
realidade. Eu olho para o meu telefone enquanto vou em direção a Shane para
lhe perguntar onde está Colton e não há nada. Sem chamada perdida, nenhuma
mensagem, nada.
Jax o cutuca para que ele se levante e caminhe em direção a mim. Eu viro
e começo a caminhar para longe da multidão, supondo que ele está me
seguindo. Viramos uma esquina, então estamos longe da imprensa e eu me
obrigo a respirar.
— Bem. — diz ele, arrastando os pés, antes de olhar para cima até
encontrar meus olhos. — Quando nós estávamos vindo para cá, ele recebeu um
telefonema de alguém chamado Kelly e ele me fez estacionar no lado da estrada,
para que ele pudesse sair e conversar com ela em particular.
— Você está bem? — ele me pergunta com os olhos azuis olhando por
cima do meu rosto e encontrando meus olhos.
— Sim, bem, eu tenho certeza que algo muito importante surgiu para ele
não estar aqui. Ele sabe o quanto isso significa para você e tals. — diz ele,
torcendo os lábios, tentando me consolar dessa maneira desajeitada pré-
adolescente que faz meu coração crescer de orgulho.
Quando eu chego aos portões e entro numa garagem vazia, eu sou uma
maldita confusão. Eu destranco e escancaro a porta da frente, o nome dele em
um grito de meus lábios. Mas antes mesmo de chegar a cozinha, eu sei que ele
não está em casa. Não é só por Baxter freneticamente animado que me diz, mas
também o silêncio assustador da casa.
Abro a porta de correr de vidro para deixar Baxter sair, quando um novo
pensamento me bate. E se alguma coisa aconteceu com sua cabeça? E se ele
estiver ferido em algum lugar e precisa de ajuda e ninguém sabe?
— Ei!
— Rylee!
Ouço Becks dizer à mulher para ficar quieta. — Ele não apareceu? —
apreensão rodeia sua voz enquanto eu ouço o baralhar do outro lado da linha.
— Ry, ele tem um monte de merda que está resolvendo, talvez ele só... —
ele desaparece, não sabe o que dizer a mim. Eu o ouço exalar um suspiro alto
enquanto eu levanto para empurrar a porta para Baxter entrar. O telefone da
casa em cima do balcão começa a tocar e o identificador de chamadas diz
Quinlan. Algo está acontecendo e avistar seu nome me diz que tenho razão em
estar preocupada.
— Chamada de Q. Tenho que ir. — eu digo a ele, desligo o telefone
quando o ouço dizer para chamá-lo de volta.
— O quê? Como é que você sabe que algo está errado? — estou confusa.
Eu pensei que ela soubesse o que estava acontecendo.
Chumbo cai pela minha alma enquanto tento conectar as peças do quebra
cabeça que não estão juntas.
Mas por que ele não levou Baxter? Onde está o seu carro? Eu empurro as
dúvidas para longe, me convenço de que ele está lá apenas contemplando as
coisas, mas a incerteza começa a crescer a cada passo acelerado.
Mas eu sei que quando eu fizer a curva não vou encontrá-lo aqui. E
conforme eu vou para a clareira, eu já tenho o meu telefone discando e
chamando.
— Ele ligou para Quin e disse que sabe que sua cabeça está fodida. — eu
suspiro. — Então eu corri para o seu lugar na praia, mas ele não está aqui. Você
o conhece melhor do que ninguém... aonde ele vai quando precisa limpar sua
cabeça além daqui?
— Você.
— O quê?
— Ele vai para você. — a honestidade em sua voz ressoa através da linha
telefônica.
— A pista.
— É onde que ele tem que estar. — eu começo a correr de volta para a
casa. — Eu estou indo para lá agora.
— Eu tenho que fazer isso, Becks. Tem que ser eu. — eu nunca tinha
falado palavras mais verdadeiras, porque, no fundo, eu sei que ele precisa de
mim. Eu não sei por que, eu só sei que ele precisa.
— Obrigada.
Capítulo 35
P arece que
levou uma eternidade para chegar à estrada por causa do tráfego na rodovia. Eu
saí na saída em Fontana, meu coração alojado na minha garganta e minha
esperança no ar enquanto me pergunto o que vou encontrar quando eu achá-lo.
36
Cambio de carro automático, para estacionar e desligar coloca-se no P - park.
— Ele precisa de você. — isso é tudo o que ele diz - a única coisa que ele
precisa.
E eu o vejo.
Eu tento pensar no que dizer, mas meus pensamentos estão tão confusos
com a preocupação que não consigo me concentrar. Mas assim que sou capaz de
ver seu rosto sombreado, tudo desaparece, exceto a dor no coração, o amor
incondicional.
Sua postura diz tudo. Ele está sentado inclinado, cotovelos nos joelhos,
ombros caídos e rosto manchado de lágrimas. E seus olhos - os que sempre são
tão intensos, dançando com malícia ou alegria - estão cheios de desespero
absoluto. Eles travam nos meus, suplicando, implorando, pedindo muito de
mim, mas eu não sei como responder.
Eu não sei o que dizer, o que pensar, então, eu só digo a primeira coisa
que vem à minha mente. — Você está bem? Você quer falar sobre isso?
Ele afrouxa seu aperto e pressiona as palmas das suas mãos nas minhas
costas, me puxando mais apertado contra ele, se isso fosse possível, enquanto
ele exala um suspiro trêmulo. Ele está me assustando, não de uma forma ruim,
mas no sentido de que algo enorme tem que ter acontecido para tirar esse tipo
de reação dele.
Ele se inclina para trás e fecha os olhos com força antes de eu ter a chance
de olhar para eles, esfregando as mãos sobre o rosto antes de exalar um suspiro
alto. Ele abaixa a cabeça e a agita, e eu odeio que não posso ver seu rosto agora.
— Eu fiz o que você disse e agora... agora minha cabeça está tão fodida
sobre isso. Eu sou uma maldita bagunça.
A dor crua quebrando sua voz me faz sentar ao lado dele e esperar por ele
me olhar nos olhos. — O que você fez?
— Colton... — é tudo que posso dizer, tudo o que posso oferecer além de
levantar as nossas mãos e pressionar um beijo na parte de trás da dele.
— Kelly me ligou quando eu estava... ah porra! Eu perdi a cerimônia. Eu
deixei você esperando. — e eu posso dizer pela descrença absoluta em sua voz
que ele realmente, realmente esqueceu.
— Não, não, não. — eu o acalmo, tentando lhe dizer que isso não importa.
Que enfrentar seus medos é o que importa. — Está tudo bem. — eu aperto
nossas mãos novamente.
— Sinto muito, Ry... eu só... eu não consigo sequer pensar direto agora,
porra. — ele tira os olhos dos meus e os evita em vergonha enquanto usa a outra
mão para enxugar as lágrimas de suas bochechas. — Sabe... — ele balança a
cabeça quando ele olha para a pista às escuras à nossa frente — ... é meio
engraçado que este é o lugar que eu venho para esquecer tudo e hoje foi o
primeiro lugar que pensei ir a fim de chegar a um acordo com tudo isso.
— Eu perguntei ao meu pai alguns meses atrás, se ele sabia o que tinha
acontecido com ela. Ele entrou em contato com o detetive particular - Kelly é o
seu nome - que ele tinha contratado quando eu era mais novo, que manteve o
controle sobre ela por dez anos, para ter certeza que ela não voltaria para mim.
— sua voz é a mesma, monótona, tal contraste com o desespero soluçando de
momentos atrás e ainda assim, eu posso sentir a extremidade da emoção
vibrando logo abaixo da superfície. — Ele me ligou hoje. Ele a encontrou. — ele
olha para mim e a aparência triste em seus olhos - um menino perdido tentando
encontrar o seu caminho - me desfaz, quebra o domínio sobre a emoção que eu
estou tentando segurar para que eu possa ser forte para ele.
— Minha mãe está morta. — ele diz as palavras sem qualquer emoção, e
mesmo que elas flutuem dentro da noite, eu posso senti-las o sufocando. Eu fico
olhando para ele, o seu perfil no luar contra o céu noturno e eu opto por não
dizer nada, por deixá-lo levar esta conversa.
— Eu não entendo por que me importo que ela esteja morta, porra! — ele
grita, sua voz ecoando pelo estádio vazio. — Por que isso me incomoda? Por que
estou malditamente chateado com isso? Por que isso não me faz sentir qualquer
coisa senão alívio? — sua voz racha novamente, suas palavras ricocheteando no
concreto.
37
Provérbio: Aqueles que cometem atos violentos, devem esperar sofrer as mesmas violências.
Meu estômago dá nós por cima do fato de que ele está sofrendo e eu não
posso fazer uma maldita coisa sobre isso. Eu não posso corrigir, emendar ou
resolver, então eu o tranquilizo. — Ela era sua mãe, Colton. É normal ficar
chateado, porque no fundo eu tenho certeza que em sua própria maneira ela
amava você...
— Amor era deixar seu cafetão traficante de drogas estuprar seu filho,
foder seu menino, enquanto ele tinha que repetir em voz alta o quanto ele
amava isso, o amava, para que ela pudesse conseguir a porra da sua próxima
porção de drogas! Tratá-lo pior do que um cão de merda para que ela pudesse
ganhar drogas suficientes para garantir seu próximo delírio! Era sabido que o
filho da puta lhe daria as menores quantidades possíveis de merda, porque ele
não podia esperar para voltar e fazer tudo de novo. Amor era sentar do outro
lado da porta do quarto fechado e ouvir seu menino gritar na pior dor filha da
puta, conforme ele é rasgado física e emocionalmente e não fazer uma maldita
coisa para impedir isso, porque ela é tão malditamente egoísta.
Ele se encolhe com as palavras, seu corpo tão tenso que temo que suas
próximas palavras vão estalar a tensão, aliviar o menino, mas quebrar o homem
de dentro. Eu olho para ele, o meu próprio coração treme, minha própria fé
dissolvida imaginando o horror que seu pequeno corpo suportou e me forço a
conter a repulsa física que suas palavras evocam, porque tenho medo que ele vá
pensar que é para ele, não aos monstros que abusaram dele.
— Amor era partir o braço do seu menino ao meio porque ele mordeu tão
forte o homem que o estuprava, que agora ele não vai desistir de sua próxima
porra de speedball38. Amor era dizer a seu filho que ele queria, merecia e que
ninguém nunca iria amá-lo, se eles souberem. Ah, e para selar o negócio, era
dizer a seu filho que os super-heróis que ele chama enquanto estava sendo
violado - arruinado - sim aqueles, que nem fodendo eles viriam salvá-lo. Nunca!
— ele está gritando dentro da noite, as lágrimas escorrendo de nossos rostos e
seus ombros estão tremendo por ser aliviado do peso que ele está carregando há
mais de 25 anos.
Eu não sei o que dizer. Não sei o que fazer, porque cada parte minha
apenas quebrou e caiu a minha volta. Eu já ouvi tudo isso no meu trabalho, mas
ouvir isso de um homem adulto quebrado, perdido, abandonado,
sobrecarregado com o peso da vergonha por toda uma vida, um homem que eu
daria o meu coração e minha alma se eu soubesse que tiraria a dor e as
memórias, me deixa completamente perdida.
38
Uso simultâneo de heroína e cocaína.
E na fração de segundo que me leva a pensar em tudo isso, tudo atinge
Colton com o que ele acabou de dizer. A adrenalina de sua confissão diminui.
Seus ombros começam a tremer e as pernas amolecem quando ele se desintegra
para o banco atrás dele. Na batida de coração que me leva para chegar a ele, ele
está chorando em suas mãos. Coração dilacerando, limpando a alma com
soluços que atravessam todo o seu corpo conforme: — Oh meu Deus! — sai dos
seus lábios uma e outra vez.
Eu só rezo para que desta vez a paz encontre alguma permanência em sua
alma cheia de cicatrizes.
— Eu nunca... eu nunca disse essas palavras em voz alta antes. — diz ele,
a voz rouca de tanto chorar e os olhos voltados para os dedos remexendo. — Eu
nunca disse a ninguém. — ele sussurra. — Eu acho que pensei que se eu dissesse
isso, então... eu não sei o que achava que iria acontecer.
— Colton. — eu digo o nome dele enquanto tento descobrir o que dizer
em seguida. Preciso ver seus olhos, preciso que ele olhe nos meus. — Colton,
olhe para mim, por favor. — eu digo o mais suavemente possível e ele apenas
balança a cabeça de um lado para o outro como uma criança com medo de ficar
em apuros.
E isso me atinge como uma tonelada de tijolos. O que ele está tentando
me dizer com a afirmação simples, sussurrada. Meu coração cai e minha cabeça
grita. — Não, não, não, não!
— Há tantas coisas que eu quero e preciso dizer para você agora... tantas
coisas. — eu digo, permitindo que a minha voz trema, minhas lágrimas caiam e
arrepios cubram todo meu corpo. — Que eu quero dizer ao menino que você era
e ao homem incrível que você é. — ele força a engolir em seco e seu músculo faz
tiques no maxilar, tentando conter as lágrimas surgindo em seus olhos. Eu vejo
o medo misturado com descrença neles.
— Colton Donavan, isso não é culpa sua. Se você ouvir uma coisa que eu
lhe digo, por favor, que seja esta. Você já carregou isto com você por tanto
tempo e eu preciso de você para me ouvir dizer que nada que você fez quando
era uma criança, ou como um homem, merecia o que aconteceu com você. —
seus olhos se arregalaram e ele vira seu corpo, abre sua postura protetora, e eu
estou esperando que seja um reflexo de como ele se sente comigo. Que ele está
ouvindo, compreendendo, escutando. Porque há tantas coisas que eu queria
dizer a ele por tanto tempo, sobre as coisas que eu tinha assumido e agora eu
sei. Agora eu posso expressá-las.
— Você não tem nada do que se envergonhar, nem agora, nem nunca.
Estou admirada com a sua força. — ele começa a discutir comigo e eu só coloco
um dedo sobre seus lábios para silenciá-lo antes de eu repetir o que eu estava
dizendo. — Estou admirada com a sua força para manter isto engarrafado por
todo esse tempo e não se autodestruir. Você não está danificado ou fodido ou
sem esperanças, mas bastante resistente e corajoso e honrado. — minha voz
rompe com a última palavra e eu posso sentir seu queixo tremer debaixo da
minha mão, porque as minhas palavras são tão difíceis de ouvir depois de
pensar o oposto por tanto tempo, mas ele mantém seus olhos nos meus. E
apenas isso, sinaliza que ele está se abrindo à noção de cura.
Eu não esperava que ele compartilhasse mais, então quando ele começa a
falar, eu me espanto. — Ao crescer eu não sabia como lidar com tudo isso, como
agir. — a vergonha absoluta em sua voz me envolve, minha mente cambaleando
pela solidão que ele deve ter sofrido quando era adolescente. Eu esfrego meu
polegar pra a frente e pra trás sobre seu rosto para que ele saiba que eu estou
aqui, saiba que estou ouvindo. Ele suspira baixinho, sua respiração aquecendo
meus lábios enquanto ele termina sua confissão.
Eu sussurro ao mesmo tempo em que ele. A frase que ele disse para mim
no quarto de hotel da Flórida, que ficou comigo, me corroeu, porque eu queria
entender por que ele se sentia assim. E eu entendo agora. Entendo o dormir ao
acaso. O fodê-las e descartá-las. Tudo isso era uma maneira de provar a si
mesmo que ele não foi marcado por seu passado. Uma maneira de colocar um
Band-Aid temporário sobre as feridas abertas que nunca cicatrizaram.
Eu aperto meus olhos fechados, minha mente e meu coração dolorido por
esse homem, quando sua voz interrompe o silêncio.
— Tudo bem. — eu digo a ele para que saiba que eu o ouvi, saiba que eu
entendo por que ele foi roubado da capacidade de aceitar um toque tão inocente.
Eu tenho certeza que é o olhar no meu rosto que faz seu sorriso ampliar, a
covinha aparecendo e sua cabeça balançando. — Sim, do A ao filho da puta do Z.
— uma faísca de sua personalidade que ele tinha perdido brilha fugazmente e
aquece o meu coração ouvir esse toque de arrogância divertido em sua voz. Ele
ri de novo e diz: — Maldito Becks. — antes de se inclinar para frente e pressionar
seus lábios nos meus sem responder a minha pergunta.
Ele se afasta e olha para mim, seus olhos intensos. — Por que agora, Ry?
Por causa de você. Porque eu tenho empurrado, puxado e machucado você
demais... e apesar de tudo isso, você lutou por mim - para me manter, para me
ajudar, para me curar, para me correr - e pela primeira vez na minha vida, eu
quero alguém para fazer isso por mim. E eu quero ser livre para fazer isso por
alguém. Eu... — ele suspira tentando encontrar as palavras para combinar com a
emoção nadando em seus olhos. Os olhos ainda assombrados à margem, mas
muito menos agora do que antes, e apenas isso alivia a dor em minha alma. —
Eu quero a chance de provar que sou capaz disso. De tudo isso... — diz ele com
uma onda irrelevante de sua mão. — Não me roube isso. Que eu posso ser quem
você precisa e lhe dar o que você quer. — sua voz implora.
Sempre foi.
Sempre será.
Capítulo 36
E u olho para
ele e vejo a luz dos postes iluminar ao longo dos ângulos de seu rosto enquanto
eu canto baixinho Everything do Lifehouse no rádio. É tarde, mas o tempo não
tinha importância enquanto nós nos sentávamos juntos nas arquibancadas e
colocávamos velhas feridas para descansar e trazíamos novos começos para a
vida. Sammy está dirigindo o meu carro para casa, mas quando Colton e eu
saímos da rodovia no Range Rover, eu percebo que não estamos indo para casa
ainda.
Casa.
Que ideia maluca. Que eu estou indo para casa com Colton, porque agora,
depois desta noite, a palavra significa muito mais do que apenas um edifício de
tijolo e argamassa. Isso significa conforto, cura e Colton. Meu ace. Eu suspiro,
meu peito apertando com amor.
Olho para ele novamente e ele deve sentir o peso do meu olhar, porque
ele olha para mim com os olhos ainda um pouco vermelhos de tanto chorar. Eles
travam nos meus momentaneamente conforme ele sorri suavemente e depois
sacode a cabeça sutilmente, como se ele ainda estivesse tentando processar os
acontecimentos das últimas horas antes de olhar para a estrada. Mas eu
mantenho meus olhos sobre ele, porque eu sei que no fundo, é onde eles sempre
caem, não importa onde mais eles olham.
Estou tão profunda em pensamento que eu nem sequer reconheço a
nossa localização quando Colton para no estacionamento e coloca o carro no P.
— Há algo que eu tenho que fazer. Vem comigo?
Eu olho para ele confusa sobre o que estamos fazendo, às onze horas da
noite em algum estacionamento aleatório nos arredores de Hollywood.
Obviamente é importante porque depois de hoje à noite, tudo o que posso
pensar é que ele provavelmente está esgotado e só quer ir para casa. — Claro.
Eu viro minha cabeça para Colton, que está me observando com uma
curiosidade confusa. Ele apenas ri e balança a cabeça para o meu queixo caído e
olhos arregalados.
— Tudo bem, bem, eu vou tentar manter a porra ao mínimo. — diz ele e,
em seguida, fica vermelho novamente. — Quer dizer - não com você, é claro -
bem, a menos que você queria, porque então...
— Nem pense nisso, Sledge. — Colton adverte com uma risada, enquanto
Sledge, eu presumo, balança a cabeça e apenas dá aquela risada única antes de
nos direcionar para o estúdio de tatuagem.
Espero Colton surtar, mas ele só joga a cabeça para trás e solta uma
gargalhada. Sua reação me faz perceber que estes dois se conhecem há muito
tempo.
— Ela te comeria vivo e você sabe disso, cara... você é uma mulherzinha.
— Como se você tivesse que perguntar porra. Opa, lá vou eu de novo com
a porra. — ele levanta as sobrancelhas e olha para mim em um pedido de
desculpas silencioso. — Cara, se eu vou pintar você, vou pesquisar para ter
certeza.
— Sim. — eu chego para a beira do meu assento, ainda curiosa com o que
tem no papel.
Eu me forço a olhar para longe de seus olhos e para baixo para o esboço
de linhas curvas, interligando. Eu sei que o símbolo é um nó celta e é
semelhante, mas diferente dos outros, mas eu não sei o que ele significa.
Eu olho para cima do papel, meus olhos suplicando a Colton uma
explicação. — Novos começos... — diz ele, seus olhos me dizendo que ele está
pronto. —... renascimento.
— Tudo bem, eu entendo que você está todo meloso e toda essa merda do
caralho, mas estou ansioso para lhe causar alguma dor, porra Wood, então traga
a sua bunda de volta. — diz ele, apertando os ombros de Colton para trás e
piscando para mim com um sorriso. — Porque você não vai ter a chance de
renascer, filho da puta, se você se sentar e olhar para ela, a menos que você
morra nesse meio tempo.
Eu rio, meu amor por este homem que acabei de conhecer já é profundo.
Colton está de acordo, mas não sem um retorno. — Cara, você está com inveja!
— Foda-se, sim, estou. Tenho certeza que ela poderia... — ele interrompe,
olhos correndo para mim e depois para baixo, onde ele está ocupado
organizando seus suprimentos. —... preparar uma tigela média de macarrão e
queijo. — ele gargalha novamente.
— Oops, há uma bota na sua bunda, é mais parecido com isto. — Colton
começa a rir, mas para no minuto que Sledge angula a agulha perto de sua
lateral. Eu nunca vi ninguém fazer uma tatuagem antes e estou muito curiosa.
Eu levanto e ando até uma cadeira vazia ao lado de Colton para que eu possa
assistir.
— Deus, não muda nada. — diz Sledge, exasperação em sua voz. — Uma
vez mulherzinha, sempre mulherzinha. — o zumbido para e ele levanta a cabeça
para olhar para Colton. — Sério, cara? Se eu tenho que me preocupar com você
tremendo como uma porra de um chihuahua, então nós vamos ter alguns
problemas sérios de merda e não vou reivindicar este trabalho como meu.
Colton apenas levanta uma mão e lança a Sledge seu dedo médio antes de
passar rapidamente os olhos para mim e, em seguida, fechá-los quando a agulha
começa novamente. Desta vez, o zumbido permanece estável, e depois de Colton
relaxar um pouco, eu me movo para o outro lado de Sledge para testar se eu
posso lidar em observá-lo extrair sangue de Colton. E quando eu junto coragem
de finalmente olhar para baixo, eu estou confusa.
Eu rio. — Ele vai entender. Eu acho que ele tem um fraquinho por você,
Sledge.
Eu não o ouvi ou o vi, mas sei o momento que Colton reentra na sala,
porque eu posso senti-lo. Sua energia, a nossa conexão, sua atração sobre mim
me faz abrir meus olhos e bloquear nos seus instantaneamente.
E u não posso
A mão de Colton aquieta sobre minha coxa quando ele gagueja uma
risada. — O quê? — eu amo o olhar em seu rosto agora. Despreocupado,
descuidado e aliviado dos segredos que não estão mais entre nós.
Eu apenas sorrio para ele deitado de lado perto de mim, enquanto ajusto
o travesseiro atrás de mim e me deito, suspirando, seus olhos divertidos ainda
me encarando. A música tocando sobre nós enquanto dou de ombros para ele,
de repente me sentindo boba pelo meu comentário. É só que eu sinto que tudo
está vindo completar o círculo. Coisas que eu disse que queria fazer, que
precisava fazer, promessas que fiz quando ele estava naquela cama de hospital,
que eu preciso manter.
Nada disso, porque nos trouxe aqui, a este ponto - aqui e agora.
Ele inclina a cabeça sobre a mão, apoiado sobre o cotovelo e seus lábios
se curvando. — Bem, o que a mulher deseja, a mulher recebe.
Foi uma noite tão emocional, mais para ele do que para mim, mas meu
corpo está vibrando por um lançamento físico. Está vibrando com necessidade e
ele é tudo que quero.
— Rylee... — é esse apelo de uma palavra, do meu nome, em seus lábios
que me atinge toda vez.
Quando ele se inclina para me beijar, acho que nunca provei uma vitória
tão doce.
Seus lábios escovam suavemente contra os meus, uma vez, duas vezes, e
então sua língua mergulha entre meus lábios e dança contra a minha. Ele desliza
suas mãos nas minhas costas e me puxa contra ele enquanto nossas línguas
dançam um balé sedutor. Suas mãos deslizam sob a barra da minha camisa e,
em seguida, provocam minha pele nua enquanto ele a tira por minha cabeça.
Ele geme quando eu deslizo minhas mãos entre seus shorts e seguro sua
carne aquecida. E, tão incendiário como suas palavras são, tanto quanto elas
atiçam o fogo furioso já fora de controle, há uma ternura adicionada em seu
toque que é um contraste gritante a sua explicitação.
Eu olho para cima e encontro seus olhos, nublados com desejo e pesados
com emoção enquanto puxo seu short para baixo. Eu beijo meu caminho até a
pequena linha de pelos e, em seguida, movo para baixo e provoco a cabeça de
seu pau com o calor úmido dos meus lábios. Seu pau pulsa contra meus lábios
quando ele chia: — Porra! — a forma que ele diz isso, me encoraja a levá-lo
ainda mais na minha boca e pressionar minha língua na parte inferior enquanto
eu deslizo para baixo e o levo mais profundo.
Suas mãos até então soltas na cama, se fecham com força em punhos e
seus quadris se contorcem quando eu o deslizo de volta até que apenas a sua
ponta está na minha boca. Eu rolo minha língua em torno dela, com especial
atenção aos nervos na parte de baixo, antes de deslizar para baixo até que ele
bate no fundo da minha garganta. Em um instante, suas mãos estão agarrando
meu cabelo quando o prazer o assalta. — Cristo. — ele sussurra entre respirações
instáveis enquanto eu continuo a trabalhar nele com a minha boca. — Bom pra
caralho.
Sua boca está na minha no instante que meus lábios estão ao seu alcance,
um confronto ganancioso de lábios, línguas e dentes, enquanto ele domina o
beijo, tomando o que quer mesmo que eu esteja lhe dando mais do que de bom
grado. Ele muda a nossa posição em um piscar de olhos, por isso estou deitada
de costas, em cima dos travesseiros apoiados atrás de mim. Ele desliza seus
olhos por todo o comprimento do meu torso, um sorriso travesso iluminando
seu rosto quando olha para minha calcinha e depois de volta para mim.
Depois de um momento, seus lábios fazem sua lenta tortura subindo até
minha caixa torácica para o meu seio. Eu posso sentir seu hálito quente, o
deslizar de sua língua, a sucção de sua boca enquanto ela se fecha sobre meu
mamilo e eu grito involuntariamente. As sensações que sua boca evoca, são
como relâmpagos para o meu sexo, minhas inibições chamuscadas e o corpo em
chamas.
O corpo de Colton fica tenso e sua cabeça se levanta de onde ele está
assistindo a nossa conexão. Ele inclina a cabeça e fica olhando para mim, os
únicos sons no quarto é minha ainda estremecida respiração e a melodia suave
de Stolen nos alto-falantes. Mas a forma como ele olha para mim - como se eu
fosse sua próxima respiração - para quaisquer protestos a mais de meus lábios.
— Eu não quero usar um preservativo, Rylee. — suas palavras me
surpreendem, mas mais do que isso, é a maneira como ele as diz, resignando
descrença misturada com irritação.
— Leve seu tempo. — eu sussurro, sabendo que eu lhe daria todo o tempo
do mundo se ele pedisse.
Ele esfrega o polegar para trás e para a frente na minha bochecha, arrepio
dançando sobre a minha pele com a pungência do momento. — Uma parte de
mim... — sua voz quebra e eu posso ver o músculo em seu maxilar pulando
enquanto ele tenta controlar a emoção que vejo nadando em seus olhos. —...
uma parte de nós morreu naquele dia. Mas foi a parte minha que eu estive
segurando.
Quando ele se refere ao bebê como nosso, minha respiração trava no meu
peito e estendo minhas mãos para segurar seu bíceps.
Ele olha para as suas mãos por um instante, emoção piscando em seu
rosto enquanto ele se lembra de como se sentia antes de olhar de volta para
mim. — O sangue de um bebê que eu nunca vou conhecer, mas foi algo que
criamos juntos... — a desorientação em sua voz quebra em suas últimas
palavras, mas seus olhos permanecem fixos nos meus, se certificando de que eu
veja tudo nos seus - dor, descrença e perda.
— Todas as emoções... tudo o que estava acontecendo... tentando
processar tudo isso, me fez sentir como tomar um gole de água de uma porra de
mangueira de incêndio. — ele exala outra respiração, fechando os olhos
momentaneamente quando se torna sobrecarregado com a memória e a melhor
forma de explicar isso. — E eu ainda não sei se vou ser capaz de processar isso,
Ry. Mas a única coisa que eu sei... — diz ele, as pontas dos dedos apertando meu
rosto para reforçar a certeza de suas palavras. —... é que quando eu me sentei na
sala de espera e o médico me disse... sobre o bebê... sentimentos que eu nunca
pensei possível me preencheram. — diz ele com os olhos inabaláveis e a
completa reverência em sua voz, que faz meu coração crescer com esperança por
coisas que eu nunca pensei que poderia imaginar.
Seu polegar enxuga uma lágrima que escorre pelo meu rosto que eu nem
sabia que tinha derramado e ele continua. — E sentado ali, naquele maldito
quarto de hospital, esperando você acordar... percebi o que você significa para
mim, o que havíamos criado juntos - as melhores partes de nós juntos. E então
eu entendi. — diz ele com tanta ternura em seus olhos que quando abro a boca
para dizer alguma coisa não sai nada. Ele sorri suavemente para mim, correndo
a língua para molhar seu lábio inferior. — Eu percebi que o que ela fez para mim
não tem que acontecer de novo. Que eu posso dar a alguém a vida que nunca
tive, Rylee. A vida que você me mostrou é uma possibilidade.
Sua voz quebra e uma lágrima cai enquanto nos ficamos nesta cama
enorme, corpos nus, passados não mais escondidos, corações expostos e
completamente vulneráveis, e ainda assim, nunca me senti mais segura sobre
qualquer outra pessoa na minha vida.
Ele inclina minha cabeça para trás para que eu olhe para ele. — Então,
você está bem com isso?
Eu olho para ele não tendo certeza do que ele está pedindo, mas
esperando que minhas suposições sejam verdadeiras.
Capítulo 38
Colton
— D eus,
eu preciso saber, você está bem com isso, Ry? — eu procuro em seu rosto por
qualquer indício de que ela está comigo nessa, porque agora, a porra do meu
coração está martelando e meu peito está se contraindo a cada maldita
respiração.
Aqueles olhos violeta dela - os únicos que já foram capazes de ver dentro
da minha alma e ver tudo o que eu tinha escondido - piscam para conter as
lágrimas e tentar processar que, o que eu tenho dito a ela que eu nunca quis,
agora eu quero com ela.
Amanhãs.
Possibilidades.
Um maldito futuro.
Eu olho para as minhas mãos trêmulas em suas bochechas e sei que este
tremor não tem nada a ver com a porra do acidente e tudo a ver com a
cicatrização das feridas tão antigas e cicatrizes que nunca pensei que poderiam
ser consertadas. Eu levanto meus olhos para encontrar os dela novamente,
porque quando eu lhe disser, preciso que ela saiba que pode ter havido muitas
antes dela, mas ela é a única maldita que ouvirá alguma vez isto.
E le me
ama.
— Deixe-me fazer amor com você, Ry. — ele diz, a rouquidão de sua voz
cheia de carinho.
Quantas vezes mais ele vai me deixar sem fôlego essa noite? Quantas
vezes mais ele vai me dar os pedaços quebrados dele para que eu possa segurar e
curá-lo para deixá-lo inteiro novamente?
Ele solta uma gargalhada, aquele sorriso aprofundando enquanto ele nos
deita sobre os travesseiros atrás de mim. Seu rosto está a centímetros do meu,
seu corpo apoiado em seus cotovelos e joelhos entre as minhas coxas.
— Bem, dessa vez, nós dois vamos saber. — ele fala, inalando uma
respiração instável enquanto sua ereção pressiona a minha abertura.
Eu fecho meus olhos quando meu corpo treme sob o seu, precisando e
querendo o bombardeio da sensação que me consome e sei que está vindo. —
Olhe para mim, Ry. — meus olhos se abrem e olho para cima para me perder na
beleza de seu rosto. — Eu quero ver você enquanto a levo. Eu quero ver você
enquanto você me deixa te amar. — ele inclina a cabeça para baixo e provoca
meus lábios com o sussurro de um beijo antes de encontrar meus olhos
novamente. — Eu te amo.
No momento em que ele diz as três palavras ele empurra dentro de mim e
eu juro que faíscas acendem com a nossa união, porque dessa vez é mais do que
apenas a conexão física. É a união de nossos corações, almas e tudo mais. Eu
vejo seus olhos nublarem com o desejo e escurecerem com a emoção quando ele
se estabelece totalmente dentro de mim.
Meu corpo vibra com a sexualidade elevada - uma colisão de tudo com o
momento mais perfeito que eu não poderia escapar mesmo se quisesse.
E depois nada.
Colton para todo o movimento roubando meu orgasmo com a sua súbita
falta de movimento. Levanto minha cabeça para olhar para ele, frustrada, para
encontrar seus olhos verdes dançando com alegria e cheios de controle.
Ele mordisca meu lábio inferior e rompe o beijo enquanto começa a pegar
ritmo, se lançando a mim com um desespero apaixonado enquanto ele deixa
cair sua testa no meu ombro. Meu corpo começa a tremer com a intensa atração
no meu núcleo, enquanto ele continua seu ritmo punitivo. O quarto está cheio
com os meus gemidos suaves, seus grunhidos inarticulados e o som de pele
contra pele conforme ele me leva mais e mais ao limite.
Eu esqueço tudo - ele me fez esquecer de tudo - exceto de seu cheiro, seus
sons, seu gosto, seu toque. Meu corpo se choca contra a onda de sensações, seu
nome em meus lábios, nossos corpos unidos como um.
— Porra, Ry, isso é bom pra caralho! — ele geme e seus quadris começam
a empurrar, meu próprio orgasmo começando a ordenhar o dele. E dentro de
um momento Colton, de novo ajoelhado, as mãos empurrando minhas coxas e
seus quadris estão batendo em mim enquanto persegue o seu próprio clímax.
— Vamos lá, baby. — eu ofego enquanto tento lhe encontrar, impulso por
impulso, entregando-me completamente às suas necessidades.
Seu gemido gutural enche o quarto quando ele atinge seu clímax, o seu
corpo tremula e enrijece enquanto ele monta seu próprio orgasmo. Depois de
um momento, ele nos rola, nossos quadris permanecem conectados do jeito
mais primitivo, assim, estou deitada sobre ele, meu rosto em seu peito, onde eu
posso ouvir os batimentos cardíacos trovejando.
39
Transtorno obsessivo compulsivo.
mentalmente o que seus dedos estão escrevendo, eu levanto minha cabeça
apoiando meu queixo em minhas mãos cobrindo seu peito.
— É. Eu estou vendo o alfabeto com uma nova luz esses dias. — diz ele,
abandonando o rasto das letras e arrastando o dedo para a parte de cima da
minha bunda.
Meu riso é ultrapassado por um suspiro quando sua mão espalma minha
bunda. Eu posso sentir aquela dor que ele sempre tem em fogo baixo, começar a
ferver outra vez. Ele começa a endurecer dentro de mim novamente e a umidade
começa a aumentar, enquanto o desejo é agravado pela conexão completa de
nossos corpos.
Ele emite uma risada encorpada, seu corpo tremendo, reverberando por
todo o caminho até seu pau, agora alerta e totalmente enterrado dentro de mim.
— Oh, baby, eu sou do tipo parcial ao seu V. Esse é o único lugar que eu quero
B40.
Eu não posso nem rir de sua linha brega porque ele escolhe este
momento para empurrar seus quadris para cima, meu corpo se movendo com
ele, sua pele esfregando meus mamilos e persuadindo um gemido de prazer da
40
Faz referência ao verbo to be - estar
minha garganta. Meus olhos se fecham e o corpo amolece enquanto seus
movimentos arrancam respostas elevadas de sua carne já inchada.
Colton
O sol é
apenas tão bom quanto a cerveja gelada deslizando pela minha garganta e a
visão da Rylee se curvando à minha frente. Porra é o meu único pensamento
enquanto me ajusto e penso em coisas que eu não deveria estar pensando com
os meninos aqui.
Será que isso vai acabar? Querê-la perto? Querer vê-la dormir e acordar
ao lado dela? Minha necessidade de estar enterrado nela? Faz apenas três
malditas horas desde que deixamos minha cama e foda-se tudo, eu adoraria
arrastá-la lá para cima agora e tê-la novamente.
— Por favor, não me diga que você vai ficar todo domesticado e toda essa
merda para cima de mim agora.
— Domesticado? Porra nenhuma. — eu rio. — Embora a mulher seja
quente pra caralho em seus saltos empurrando o carrinho de supermercado na
minha frente. — eu posso visualizá-la agora, e caramba, se o pensamento não
está me fazendo doer para levá-la.
Eu não consigo evitar agora. Eu amo foder com ele. É tão malditamente
fácil. — Não, não é mais um requisito quando você possui um cartão de
passageiro frequente para o clube nu em pelo.
Eu bufo uma risada, grato por seu sarcasmo para evitar falar de
sentimentos profundos e toda essa merda que eu realmente não fico à vontade
para discutir. Eu estou começando a me acostumar a dizer esse tipo de merda
para Ry, tenho certeza como o inferno que não vou começar com essas coisas
melosas com Becks.
— Ei. — ele diz e eu volto a olhar para ele. — Eu tenho que te dar uma
merda, porque é assim que fazemos... mas estou muito feliz por você, Wood.
Agora, não estrague tudo.
Eu sorrio para ele. Filho da puta. — Obrigado pelo voto de confiança,
cara.
— Porra, é isso aí. — ele diz, enquanto olha para o telefone, que recebeu
uma mensagem e meus olhos voltam para Rylee e pensamentos de um
determinado par de calcinhas quadriculadas que eu nunca consegui reivindicar.
Tenho certeza como a porra que preciso corrigir isso.
Eu balanço minha cabeça, fingindo que não quero isso, mas foda-se eu
não consigo afastar o olhar dela por um maldito segundo, antes que meus olhos
a encontrem novamente.
41
Jogo onde uma pessoa é escolhida para ser “Marco”. Fecha os olhos e fica em uma das
extremidades da piscina, conta até 10 e grita: “Marco” e todos os outros na piscina gritam
“Polo”. Aquele que grita “Marco” tem que tentar pegar uma das pessoas que grita “Polo”. Quando ele
pega alguém, essa pessoa passa a ser Marco e assim por diante.
foi pego como um peixe fora d'água e Rylee joga a cabeça para trás numa
gargalhada com algo que Scooter disse para ele.
E há algo sobre ela agora - cabelo realçado pelo sol, o som despreocupado
do seu riso, e obviamente, o amor por todos ao seu redor. Algo sobre ela estar
com os meninos, tornando a vida normal para eles em um lugar que nunca foi
realmente um lar até agora - até ela - me bate mais forte do que aquele maldito
novato do Jameson fez na Flórida. Me faz pensar sobre o para sempre e toda
essa merda que há seis meses jamais teria passado pela minha cabeça.
Nunca.
— Veremos. — ele diz com aquele sorriso que eu quero tirar do seu rosto.
— Cara, você sente isso? — eu pergunto, levantando os braços e meu
rosto para o sol antes de olhar de volta para ele.
— Hein?
Porra.
D éjà vu me
Por Colton.
Sei que ele está nervoso, posso sentir isso no aperto de seus dedos
entrelaçados aos meus, mas a sua aparência externa reflete nada mais que um
homem se preparando para fazer o seu trabalho. As pessoas ao nosso redor
tagarelam incessantemente, mas Colton, Becks e eu andamos para a parte
interna como uma unidade, completamente focados.
As pessoas lutam ao nosso redor, mas com seus olhos nos meus, ele bate
os dedos mais duas vezes no capô antes de virar e caminhar em minha direção.
— Vai ficar tudo bem, Ry. Nada vai acontecer comigo. — eu me obrigo a
ouvir a certeza absoluta em sua voz, para que eu possa relaxar um pouco e ser
forte para ele.
Ele se inclina e traz a boca para o meu ouvido. — Preso em você é mais o
que eu estou pensando. — ele murmura, seu hálito quente em meu ouvido
provocando arrepios na espinha. — Então, por favor, por favor, me diga que
você está usando algum tipo de bandeira quadriculada que eu possa reivindicar
mais tarde, porque foda-se se não quero jogá-la por cima do meu ombro e dar
uma volta de teste agora.
Cada parte do meu corpo aperta com suas palavras. E talvez seja minha
adrenalina elevada e emoção excessiva por estar de volta ao momento tão
precioso ainda roubado tão brutalmente de nós meses atrás, mas foda-se se eu
não quero que ele faça exatamente isso.
— Você não tem ideia das coisas que estou disposto a implorar quando se
trata de você, querida. — ele me desarma com aquele sorriso maroto, fazendo
com que suas palavras prendam a minha respiração na garganta. — Além disso,
minha mendicância deixa você gemendo e foda-se se esse não é o som mais
quente que existe.
A superstição me diz para fazer essa corrida diferente. Para passar por
cima do muro, sem a ajuda de Davis. Para fazer qualquer coisa para não deixar
que os momentos se repitam. E, em seguida, sua voz me chama. Quebrando
toda a minha determinação com os cacos de nostalgia.
— Rylee?
Ele estende a mão, a curta barreira de um muro entre nós e puxa meu
corpo, assim nossos corações vibram um contra o outro. — Você realmente acha
que eu ia deixar você ir embora desta vez, sem lhe dizer?
42
A Bandeira Estrelada - hino nacional dos Estados Unidos.
O sorriso no meu rosto deve ter espalhado em um quilômetro e meio de
largura, porque meu rosto dói. Lágrimas enchem meus olhos e desta vez não são
de medo.
Mas de amor.
Suas palavras envolvem o meu coração, tecem através de suas fibras e nos
amarra juntos. Eu exalo um suspiro trêmulo e sorrio para ele. — Eu também te
amo, Ace.
Ele sorri antes de pressionar um beijo de tremer nos meus lábios e diz: —
Hora da bandeira quadriculada, baby.
— Vejo você na linha de chegada. — ele diz com uma piscadela antes de
virar e caminhar em direção a uma equipe de pé imóvel, à espera de seu piloto.
— O alfabeto?
Dez.
Eu olho para baixo, onde Becks está falando furtivamente com outro
membro da equipe, suas cabeças tão perto que eles estão quase se tocando
enquanto rabiscam num pedaço de papel. E eu não sei muito sobre corridas,
mas eu sei o suficiente para ver que eles estão preocupados se os cálculos de
combustível estão tão na margem que Colton pode literalmente correr com o
cheiro dele na última volta.
Vejo Beckett puxar a aba de seu boné de beisebol, enquanto seus olhos se
fixam na pista. Ansiedade rola sobre o meu corpo agora, e ainda assim, eu sinto
aquelas sementes de certeza plantadas por Colton, com sua confiança anterior,
prontas para enraizar e abrir caminho. E eu não consigo imaginar o que está
acontecendo em sua cabeça - a mistura de emoções e memórias em colisão -
mas ele não desistiu. O carro não abrandou nem um pouco.
— Traga-o para casa, baby! — Becks grita com ele enquanto anda abaixo
de nós e solta um suspiro alto, tirando o fone de ouvido e o boné, por um
momento para recuperar a compostura antes de colocá-los de volta.
Eu sinto que posso respirar de novo, meus dedos torcendo, meus nervos
dançando e minhas esperanças subindo a novas alturas. Vamos lá, baby. Você
pode fazer isso, digo-lhe em silêncio, esperando que ele possa sentir a minha
energia com os milhares nas arquibancadas empurrando para que ele
reivindique esta vitória.
Três voltas para o final. Eu não aguento mais. Meu corpo vibra mais do
que o ronco dos motores, enquanto os carros passam um após o outro em uma
sequência interminável. Eu saio do balcão e dou de ombros para Quinlam,
quando ela me dá um olhar interrogativo sobre onde eu vou. Eu quero estar o
mais próxima possível dele, então eu faço o meu caminho para a escada e
começo a descer correndo.
Alguém roça no meu ombro e olho para ver Andy ao meu lado com o
sorriso cauteloso pronto para iluminar seu rosto, quando a bandeira
quadriculada fizer o voo. Eu volto a olhar para cima, mas a minha visão do stand
da bandeira é obstruída pela fileira de uniforme vermelho que estão na parte
superior do muro da linha do pit, observando, esperando e antecipando.
E então eu ouço.
E então, como se pudesse sentir meu olhar sobre ele, ele fixa seu olhar no
meu, o maior sorriso de parar o coração cobrindo seu rosto. Meu coração para e
bate enquanto eu o absorvo. Eu juro que o ar zumbe com as faíscas da nossa
conexão. Ele não diz uma palavra sequer para Beckett, mas o deixa para trás e
começa a empurrar através da multidão, a massa se movendo com ele, seus
olhos nunca deixando o meus, até que ele está na minha frente.
— Você conseguiu!
— Não. — ele discorda, afastando sua cabeça para olhar nos meus olhos.
— Nós conseguimos, Ry. Fomos nós dois juntos, porque eu não poderia ter
vencido sem você.
Meu coração despenca no meu peito e bate em meu estômago que sacode
como se estivesse em queda livre. E num certo sentido eu estou. Porque o meu
amor por ele é infinito, sem fundo, eterno.
Ele me aperta mais uma vez e me abaixa no chão com outro sorriso de
parar o coração quando o mundo que nos rodeia se infiltra de volta. Eu me
afasto, dando a todos os outros seus cinco segundos com ele e ainda tudo o que
posso pensar são as suas palavras, nós conseguimos.
Ele olha por cima, no meio de uma pergunta da entrevista e pisca para
mim com um sorriso. Orgulho, amor e alívio fluem através de mim como uma
onda.
Puta merda.
E u sento e
assisto Zander e seu conselheiro trabalharem juntos e meu coração oscila ao vê-
lo tão ativamente envolvido. Ele está falando muito agora e começando a se
curar. Eu permito que o orgulho que eu sinto infle e as lágrimas embacem a
minha visão, porque ele está conseguindo.
Eu saio de seu quarto, onde eles estão tendo a sua sessão e vou em
direção à cozinha, ouvindo a música no quarto de Shane e as conversas do resto
dos meninos construindo uma cidade de Lego no quintal. Dane está esvaziando
o último dos pratos da máquina de lavar louça quando eu entro na cozinha e
sento em um banquinho com um suspiro exausto.
Reviro meus olhos. — Você bem que queria que ele fosse um Adônis
derrete boxer. — eu bufo.
— Vamos lá, o homem tem que ter algo que é horrível nele. — ele provoca.
— Eu não acredito nisso. — diz ele, batendo o punho no balcão. — Ele tem
que enfiar o dedo no nariz, roncar horrivelmente ou peidar como um
rinoceronte.
— Você tem que estar mentindo, Ry, porque nenhum homem pode ser
malditamente perfeito. — ele dá de ombros. — Bem, a não ser claro, que seja eu.
— Bem, é claro. — eu digo, rindo e balançando a cabeça. — Deixe-me
ver... — eu sorrio, pensando em algo para satisfazê-lo. — Ele se recusou a me
comprar uma caixa de absorvente interno no caminho do trabalho para casa no
outro dia.
A água na minha boca quase sai pelo nariz, eu estou rindo tanto. — Dane!
— Bem, é verdade. — ele dá de ombros. — Fico feliz em ver que elas ainda
estão firmemente presas.
E o meu próximo gole de água não é tão afortunado como o meu último.
Eu cuspo, quando o riso provoca um spray, nos fazendo rir ainda mais. Demora
alguns minutos para nos acalmarmos, porque cada vez que um de nós olha para
o outro, começamos a rir novamente.
Estou preso no escritório novamente. Haddie vai te buscar por mim. Te ligo no
caminho de casa. Crash my Party, Luke Bryan. - Xx C
Meu coração se eleva e minha alma aquece com a música que ele mandou
na mensagem. Meu sentimental macho alfa é cheio de contínuas contradições.
Eu suspiro para afastar a minha decepção, porque senti falta dele terrivelmente
hoje, mas eu estou em êxtase sobre passar um pouco de tempo com Haddie. Eu
não a tenho visto muito ultimamente.
Estou com saudades. Apresse-se para chegar em casa. All of Me, John
Legend. - XXX
Quando eu saio da casa ela está sentada em seu carro do lado de fora.
Abro a porta do lado do passageiro para seu grito de prazer. — Bem, foda-se é
tão bom te ver!
Eu jogo minha cabeça para trás em uma risada que corresponde à dela e
fecho meus olhos por um minuto, deixando o vento da janela bater no meu
rosto. O vento se dissipa quando ela fecha a janela e eu viro para ver seus olhos
desviarem da estrada à sua frente para mim.
— Sim, com certeza sei. Então é por isso que vamos beber algumas para
você relaxar, ficar despreocupada e falar comigo.
— O quê? — eu digo surpresa, mas ao mesmo tempo não tão surpresa que
vai ser do jeito dela.
— Oi! — eu digo conforme enfio tudo de volta para a sacola a meus pés no
chão.
— Ei, querida.
E apenas o som de sua voz faz com que uma onda de amor passe por
mim. — Já terminou no trabalho?
— Colton... o que... por quê? — tento perguntar quando espanto passa por
mim, sua risada divertida ressoando através da linha.
43
Área de jogos de azar, habilidades ou outras diversões do parque.
que você não lida bem com o desconhecido, mas me prometa passar por isso.
Por mim.
— Os homens têm pênis? — ela ri com horror fingido. — Claro que estou
nessa!
Ryles -
eu pensei que era hora de trocar de lugar e deixá-la ser a única a frente e
tesouro para você. Para chegar ao prêmio, você tem que seguir e responder
a todas as pistas.
Boa sorte.
Esta é a sua primeira pista: O festival foi o lugar que eu soube que
você era muito mais do que eu sequer esperava. Eu soube quando estava no
topo da roda gigante com você que não importava o quão duro lutasse
contra isso, eu não poderia ser casual com você e que você merecia muito
mais do que isso de mim. Assim, o primeiro item está esperando por você
Amor,
Colton
— Tire o seu traseiro desse carro e vá encontrar o seu homem antes que
eu tenha um ataque cardíaco com a antecipação. — ela diz enquanto empurra
meu ombro em direção à porta do carro aberta.
— Colton disse que não iríamos ficar em apuros por mentir para você
também. — acrescenta Connor, balançando a cabeça.
Mas eu estou ouvindo agora. Ele não f0i o único que aprendeu durante o
nosso tempo juntos.
excitada, tanto quanto a tinta das minhas tatuagens. E você estava sexy pra
Eles reviram os olhos. — Nós não estamos aqui sozinhos. — diz Shane. —
Agora vai descobrir as pistas!
Eu abaixo a caixa e a abro para encontrar uma placa de leilão que diz:
Volte para onde tudo começou. Onde eu aprendi que desafio pode ser
muito sexy.
— Ry, ele me disse que tinha um encontro legal planejado para você e
perguntou se eu seria sua motorista em parte dele. Então, estou aqui, portanto,
eu mal posso esperar para ver o que mais ele tem guardado para você! — ela
fala, passando as mãos sobre as palavras da placa do leilão. Ele está sobre a
minha coxa e eu não consigo parar de olhar para ela.
— Oi, pessoal!
minha alma. E isso assustou a merda do jamais amar fora de mim. Onde
isso aconteceu? Se você precisar de uma pista, está na caixa de cima. (Abra
Algo sobre a visão do brinco e o fato de que ele o manteve por todo esse
tempo quando eu o abandonei, traz tantas emoções à tona, que eu mal posso
falar quando agradeço Aiden e Austin, antes de pegar a outra caixa e correr de
volta para Haddie e o nosso próximo destino.
— Nossa, mulher! Você não estava brincando quando disse que o homem
fez um buraco em suas gavetas. — ela brinca, enquanto acena com a cabeça,
pedindo-me para abrir o envelope.
vejo a minha necessidade de tê-la quando, onde e como eu quero, parar tão
cedo.
A sensualidade flagrante de suas palavras faz com que uma dor de desejo
enrole e ganhe vida entre as minhas coxas que eu nem sequer me preocupo em
ignorar.
— Muito bem! — ela diz, batendo na minha coxa. — Essa é a minha garota
falando!
Nós rimos juntas e tentamos descobrir qual será a próxima pista no hotel
até que ela entra na área do manobrista. — Eu estou supondo que eu já volto. —
eu digo e saio correndo para o lobby antes de parar de repente. Eu não posso
apenas ir até a cobertura e bater na porta.
— Oi, pessoal! Deixe-me adivinhar, você tem uma pista para mim?
— Ei, Rylee.
— Oi!
— Tudo bem, nossa pista é: qual a primeira palavra que vem à sua mente
quando você vê o que Zander tem nas mãos?
Eu olho para baixo quando Zander tira uma pequena caixa preta de trás
das costas e entrega para mim. Eu olho para ela, tão perplexa quanto o olhar no
rosto de Avery, até Zander a virar.
E então eu rio.
— Tem certeza?
Ry- Eu sempre soube que você era diferente das outras... mas esta é a
noite que se tornou a minha bandeira quadriculada. Sem dúvida. Essa aqui é
à noite em que eu soube que a única coisa que eu nunca quis, eu lutaria
como o inferno para manter. Vá para o lugar onde você se familiarizou com
o objeto na caixa. - C
— Você não tem ideia. — eu exalo, então assobio e coro quando deslizo
para fora e caminho a curta distância até a sua vaga isolada na garagem.
Quando eu chego mais perto eu vejo uma figura por trás de uma das colunas, ao
lado do carro e meu coração pula na garganta. Espero que seja Colton. Eu tive o
suficiente de caminho pela memória, e tanto quanto amo isso, agora eu só o
quero. Desesperadamente.
— Bem, eu não sei o que você fez com o meu homem. — diz ele me dando
um abraço rápido. — Já que as bolas parecem ter retraído, a julgar por esta
exibição ostensiva, mas foda-se, se eu não amo isso!
— Tenho certeza de que você está lhe dando toneladas de merda. — digo,
e ele apenas inclina a cabeça e olha para mim por um segundo, uma suavidade
cobrindo suas feições.
Ele apenas dá aquela risada contida dele e segura uma sacola de plástico
branca, com humor em seus olhos. Eu pego a sacola e olho para ele. Leva um
momento para que a minha mente descubra o que estou olhando. — Porque eu
sou o alfabeto inteiro. — eu sussurro, enquanto olho as letras pré-escolares de
plástico.
— Algumas coisas valem a pena ser sigilosas. — ele fala com um encolher
de ombros e um sorriso, antes de tirar do balcão uma sacola para entregar para
Scooter.
Eu balanço minha cabeça para ele com uma falsa encarada que o faz rir.
Eu não digo mais nada porque Scooter está basicamente saltando fora de seus
sapatos de excitação. — Está bem, Scoot... você vai me ajudar a descobrir isso?
— Sim! — ele grita, pulando para cima e para baixo antes de me abraçar
com força enquanto Dane e eu rimos.
não estou mais com medo. Meu conforto de infância não é necessário,
porque tenho você, Ry. É o seu nome que eu canto agora, não deles. A pista
— Sim, acho que sim. — ela diz com uma risada. — Mas, novamente, o
amor faz isso com você. — seus olhos molhados com lágrimas quando
encontram os meus e eu vejo uma suavidade lá, uma aceitação, um
agradecimento.
Ry- eu sabia mais do que nunca quando não podia tê-la, o quanto eu
não podia viver sem você. Eu posso não ter dito isso com palavras, mas
pensei sobre isso muitas vezes. Onde estávamos quando falamos sobre —
— Broadbeach Road!
E nquanto nos
— Oi, Sammy! — eu digo quase sem fôlego, enquanto espero que ele se
afaste da porta.
— Você não quer sua próxima pista? — sua voz profunda ressoa e eu acho
que a minha boca abre e meus ombros se curvam, porque pensei que não
houvesse mais pistas. Eu pensei que estivesse na reta final e no caminho para
ver o Colton.
Desfaz-me, me abre e me completa com uma única caneca rosa feia, cheia
de cubos de açúcar.
44
Música da Pink - Brilho no ar.
vazio, exceto por centenas de velas acesas espalhadas sobre cada superfície
imaginável.
E Deus, como eu quero correr para os seus braços e beijá-lo sem sentido,
meu corpo vibra com uma necessidade emocional e física tão forte, que eu
aperto minhas mãos em torno da caneca de café para impedir de me entregar. —
Eu fui a um tipo de caça sendo conduzida em círculos, mas tenho certeza que eu
estou bem no lugar ao qual pertenço agora.
Ele deixa seu sorriso propagar e estende a mão para brincar com um
cacho do meu cabelo que está no meu ombro. Eu vejo como os seus olhos
seguem seus dedos. O fato de que ele parece nervoso com o meu elogio, o torna
muito mais doce e toda essa noite muito mais significativa.
Lágrimas caem dos meus olhos pela centésima vez hoje e eu engulo o
caroço na minha garganta enquanto olho para esse homem tão bonito por
dentro e por fora. Um homem, que uma vez eu pensei que fosse arrogante, que
só se preocupava com si mesmo. Um homem que me provou o contrário em
spades45.
Ele se inclina e desliza o mais doce dos beijos contra meus lábios. Eu
tento aprofundar o beijo, voraz pelo resto dele, o som de seu suspiro, o calor do
seu toque, mas ele recua, beija a ponta do meu nariz e depois descansa sua testa
contra a minha. Ele traz sua mão até alcançar a outra, dedos entrelaçados no
meu cabelo enquanto as palmas embalam meu maxilar.
— Então uma espécie de primeira vez. — ele diz, o calor de sua respiração
aquecendo meus lábios.
— Bom, porque, Ry, eu quero ser o seu primeiro, seu último e cada
maldita coisa no meio. — ele enfatiza cada palavra como se doesse dizê-las.
45
spades - declaração que é feita enfaticamente; sem sombra de dúvida.
46
Jogo de palavras, devido ao apelido Ace. Aqui, faz referência à melhor maneira.
Eu levanto minha cabeça e olho para ele, tantas coisas passam pela
minha mente que não consigo expressar, então eu só rio. Ele olha para mim
estranhamente e eu aproveito a pausa para pegá-lo desprevenido e agarrar a
parte de trás de seu pescoço e puxá-lo para mim.
Meus lábios estão nos seus num piscar de olhos, minha língua deslizando
entre seus lábios entreabertos e fundindo com a sua. Eu posso sentir a sua
surpresa na tensão de seus lábios, mas se dissipa em segundos enquanto suas
mãos imitam as minhas e se enrolam nos cachos do meu cabelo conforme nós
mergulhamos na ternura suave do beijo. Eu mostro porque eu o amo com a
carícia da minha língua, no gemido satisfeito em minha garganta, minha
necessidade não correspondida de ter sempre mais dele.
E apesar disso ainda não é o suficiente para mim, eu me afasto com o seu
gosto na minha língua e olho em seus olhos. — Eu te amo, Colton Donavan, por
muitos motivos. — eu tenho que parar porque a emoção me domina e eu quero
que ele veja os meus olhos enquanto eu digo isso a ele, para que ele saiba com
certeza por que eu me sinto assim.
— Eu te amo por quem você é, por tudo o que não é, de onde você veio e
para onde você quer ir. — eu deixo um sorriso suave tocar meus lábios e olho
para ele, o homem que eu amo tanto e me permite sentir tudo o que estou
dizendo a ele. — Eu amo o seu sorriso de menino, escondido sob seu sorriso de
escárnio de bad boy. Eu te amo porque você me deixou entrar, me entregou seu
coração, confiou a mim os seus segredos e me deixou ver um lado seu que
ninguém mais conseguiu chegar... que você tenha me deixado ser a primeira. —
minha voz falha nas últimas palavras e lágrimas enchem meus olhos enquanto
olho para ele, tomada pela emoção.
— Eu amo que você tenha afeição por algodão doce e carros sexys. Eu
amo essa covinha aqui... — eu me inclino e dou um beijo onde ela está escondida
—... e eu amo isso aqui. — eu digo, correndo a mão sobre a barba em seu rosto.
— E eu amo estes aqui, quando você está pairando sobre mim, prestes a fazer
amor comigo. — eu digo, apertando seus bíceps, que ele flexiona e abre um
sorriso. — Mas, mais do que tudo, eu amo o que está aqui. — eu me inclino para
frente e pressiono um beijo em seu peito, onde seu coração troveja sob meus
lábios. Eu os mantenho pressionados lá, momentaneamente, antes de olhar
para ele sob meus cílios e terminar, com a razão mais importante de todas. —
Porque o que está aqui, Colton, é puro, bom, intocado e tão incrivelmente lindo
que me deixa sem palavras, como foi hoje... como é agora.
Ele olha para mim, músculo pulsando em seu maxilar, enquanto ele tenta
aceitar tudo o que acabei de dizer a ele. Nossos olhos estão bloqueados, as
nossas almas estão à mostra e nossos corações estão aceitando tudo o que o
outro é, que estamos perdidos em nossas palavras não ditas.
Dentro de um piscar de olhos, ele me puxa para ele, envolve seus braços
em volta de mim e me segura firme. — Porra, eu te amo. — diz ele com seu rosto
enterrado na curva do meu pescoço e eu posso sentir o desnível de seu hálito
quente, enquanto ele tenta se recompor.
A dura realidade de suas palavras faz com que arrepios dancem sobre a
minha pele e eu estou sem palavras. Seus olhos brilham com a umidade
enquanto ele morde o lábio inferior, antes de encontrar as palavras que ele
precisa para concluir e se expressar.
— Eu... — ele suspira. — Ry, você tem me dado tão malditamente tanto e
hoje eu só queria que você soubesse que entendi. Que eu o aceito agora e sinto
de volta. — ele enfia a mão pelo cabelo e fecha os olhos por um instante, seguido
por aquele sorriso tímido que eu amo, retornando aos seus lábios.
— Ry, perguntei por que você me ama, mas o que eu realmente queria era
dizer todas as razões pelas quais eu amo você. Para mim é importante saber que
você não duvida dos meus sentimentos por você... porque, porra, Ry, você
nocauteou minha bunda. Você era a única coisa que eu nunca quis - nunca,
jamais esperei na minha vida - e foda-se se posso viver sem você agora. — ele ri
de sua admissão, enquanto o meu sorriso se alarga. — Você me testa e me
desafia a olhar para as verdades que eu não quero encarar e é teimosa como o
inferno, mas Deus, baby, eu não iria querer você de outra maneira. Não iria nos
querer de outra maneira. — ele coloca as mãos sobre meus ombros, os polegares
acariciando o côncavo entre a minhas clavículas, enquanto ele balança a cabeça
e continua.
— Eu acho que eu sempre soube que você era muito mais... mas eu soube
que eu estava apaixonado por você na noite do evento das crianças... você estava
naquele jardim e me empurrou para dar uma chance... me desafiou a te amar. —
sua voz rompe com a emoção das lembranças daquela noite.
— Porra, Ry, entre escadas, capôs de carro e algodão doce, eu nunca vou
ser capaz de escapar de pensar em você. — ele fala arrastado.
— Veja. — ele sussurra — É por isso que eu te amo. Não são as grandes
coisas que você faz, mas a porra das milhões de pequenas coisas que você nem
sequer sabe que está fazendo. Você está me fazendo rir, porque sabe que fico
desconfortável falando sobre esse tipo de merda e está bem com isso. É por me
fazer ver o mundo sob uma forma diferente, como sorvete no café da manhã e
panquecas para um jantar. — ele balança a cabeça e olha para baixo
momentaneamente.
— Eu estou tão longe de ser perfeito, Ry. — ele fala com uma risada
autodepreciativa.
Estendo a mão e o toco, passo a mão sobre a linha de seu maxilar. — Você
é o meu tipo de perfeito, Colton.
Ele sorri suavemente para mim, seus olhos de repente se tornam tão
intensos e graves. — Não, eu acho que você não entendeu, Ry, e não sei mais
como dizer isso... — ele estende a mão e pega meu rosto de novo, segurando
minha cabeça com as mãos trêmulas para que meus olhos travem com os seus.
— Eu quero ser sua bandeira quadriculada filha da puta, Rylee. Seu safety car
para guiá-la em tempos difíceis, seu pit stop quando você precisar de uma
pausa, sua linha de partida, sua linha de chegada, sua maldita plataforma da
vitória.
— Não. — ele sussurra, se inclina para a frente e pressiona seus lábios nos
meus. — Você é muito mais do que um troféu, Rylee. Troféus são irrelevantes
quando tudo está dito e feito... mas você? Você nunca poderia ser irrelevante.
— eu posso sentir seus lábios se curvarem em um sorriso.
— Torne isso oficial comigo, Rylee. — ele fala, com a voz segura, mas as
mãos instáveis . Eu amo o fato de que ele está nervoso, que eu significo tanto,
que ele está preocupado que eu diga não.
— Eu disse a você uma vez que, se eu não podia dizer as palavras, eu faria
qualquer coisa para provar o que eu sinto por você. Bem, eu posso dizer as
palavras agora, baby. Você me mostrou como. Eu te amo. — seus olhos seguram
os meus, mas não posso deixar de olhar para aquele sorriso tímido dele, que é
dono do meu coração. — Eu amo quem você é e o que você me faz. Eu amo que
sua faísca tenha parado o borrão. Que você quis correr comigo. Que eu não
preciso mais dos super-heróis, porque, em vez disso, eu preciso de você. — ele
balança a cabeça um pouco e ri nervosamente antes de começar de novo.
— Você está me matando aqui, Ry... — sua voz oscila, uma mistura de
exasperação e ansiedade. Seus olhos seguram os meus - pedindo, suplicando,
implorando - e eu percebo que sem dúvida eu sei a resposta, mas nunca lhe
disse.
— Eu te amo. — eu sussurro.
— Eu também te amo. — ele diz e pressiona um beijo nos meus lábios e,
em seguida, joga a cabeça para trás e ri antes de gritar a plenos pulmões: — Ela
disse sim!
Eu fico assustada com seu grito, mas depois eu entendo quando ouço um
rugido de aplausos e uma correria para a beira do terraço. Quando eu olho para
baixo, fico chocada ao ver todo mundo olhando para nós, do pátio abaixo. Todo
mundo de hoje, incluindo os nossos pais.
— Ei, Ryles. — ele diz me puxando. — Se eles vão olhar... — ele levanta
uma sobrancelha e sorri quando vê o anel na minha mão esquerda, descansando
em seu bíceps.
Eu jogo minha cabeça para trás e rio antes de completar a fala dele. —
Podemos dar-lhes um bom show.
O mundo além.
Porque eu tenho, tudo que preciso, bem aqui nos meus braços.
A única coisa que nenhum de nós jamais queria, acabou por ser a única
coisa sem a qual não queremos mais viver sem.
Um ao outro.
Capítulo 44
V ocê está
É tudo o que o texto diz e eu rio e tento digitar uma reposta, mas não
consigo porque minhas mãos estão tremendo. Eu não consigo firmá-las ainda
que eu precise. Se minha mãe entrar, vai pensar que eu estou nervosa. Vai achar
que tenho dúvidas e que estou perdendo a coragem.
Porque eu estou tão pronta para mergulhar de cabeça. Tão animada para
vê-lo, beijá-lo, para me tornar oficialmente sua, estou saltando para cima e para
baixo de entusiasmo. Meu estômago se agita, porque mal posso esperar para ver
seu rosto - a melhor parte de um casamento eu acho - quando ele vai me ver
pela primeira vez.
Eu rio, meu corpo já tão tenso com a necessidade que eu sei que seu
simples toque me fará detonar. Eu sorrio, pensando no tema da bandeira
quadriculada que é transferido para minha roupa íntima e o gemido que vou
ouvir quando Colton descobrir isso mais tarde. E estou tão desesperada por essa
parte, considerando que eu não o deixei me tocar durante o mês passado,
independentemente do quanto ele implorou e suplicou. Mas quando eu decidi
quebrar minhas próprias regras - ceder ao meu próprio desejo de querê-lo, fazer
amor com ele - ele me rejeitou. — Bem-vinda às grandes ligas. — sua escolha
preferida de comentário.
Ace, você já domina minha mente, coração e alma... no quarto é
apenas um bônus adicional. Além disso, desde quando você segue as regras?
O que Colton está pensando e sentindo agora? Ele está tenso? Nervoso?
Será que ele tem tanta certeza quanto eu?
Acostume-se a ser mimada. Não vai demorar muito agora. Você sabe o
quanto eu te amo, porque estou entregando as minhas bolas
momentaneamente para digitar o título próxima música, mas foda-se, se isso
não é verdade - Halo, Beyoncé. Ufa. Bolas de volta no lugar agora. Ei, há um
monte de mulheres de vestido aqui, como vou saber qual é você?
Eu pego meu telefone, uma última vez, um leve sorriso no meu rosto e
digito
Eu serei aquela de branco.
A voz da minha mãe puxa todas as emoções rolando por mim, e eu tenho
que lutar contra a queimadura na parte de trás da minha garganta. Eu continuo
dizendo a mim mesma para não chorar - que vou estragar minha maquiagem -
mas eu sei que é inútil. Eu derramei uma vida inteira de lágrimas ao longo dos
últimos três anos e meio; eu tenho o direito de estragar a maquiagem com
lágrimas de alegria agora.
Nada como selo de aprovação de minha mãe para fazer o meu momento
muito mais doce.
Estou prestes a dizer algo quando Haddie vem passando pela porta. —
Hora de balançar a bandeira, baby, porque é hora do altar! — ela fala com um
silvo. — Caramba, mulher!
Quinlan nos dá o sinal verde no andar de baixo que sinaliza que Colton
está na posição e não pode me ver. Minha mãe e Haddie me ajudam com a
cauda ao descer as escadas, para que eu não tropece e quebre o tornozelo.
Chegamos ao piso inferior e minha mãe me puxa para um abraço apertado antes
de se afastar, sorrindo para mim com tantas emoções nadando em seus olhos.
Eu sinto uma mão no meu braço e viro para encontrar o sorriso suave do
meu irmão parecendo tão bonito em seu smoking. Tanner bloqueia os olhos
comigo e balança a cabeça. — Isso definitivamente não é se fantasiar na casa da
Vovó. — ele brinca, amor refletido em seus olhos quando ele alcança e agarra
minhas mãos. — Você está pronta para fazer isso, Amiguinha?
47
Bala de goma.
— Você está deslumbrante. — ele balança a cabeça em descrença mais
uma vez, antes de dar um beijo suave na minha bochecha.
— Tentando se recompor. — diz ele com uma piscadela. — Não é todo dia
que você entrega sua garotinha. Ele estará aqui em um segundo. — eu aceno
para ele e, em seguida, ele se vira para ir ficar ao lado de Quinlan, que já está
uma bagunça chorando. Ela encontra meus olhos e balança a cabeça, um
reconhecimento silencioso de que se falar agora vamos ambas estar chorando
tanto que não vamos nos recuperar.
— Becks. — é tudo o que posso dizer, mas a admiração no meu tom diz
tudo o que ele precisa saber. Eu o adoro de tantas maneiras, no mínimo por
empurrar Colton e eu juntos, quando tudo o que queríamos era separar.
— Ei, linda. — ele diz. — Você tem tempo para pular fora, se quiser. Seu
ego só vai ficar maior depois que ele pegar o prêmio final de hoje.
— Não, ele pode realmente chutar a minha bunda por isso. — ele ri
baixinho enquanto me puxa para um abraço. — Ele está esperando por você. —
ele sussurra em meu ouvido antes de sair acenando para mim.
Haddie chega mais perto, minha amiga durona tem lágrimas nos olhos, e
começa a corrigir a minha cauda ao meu redor. Ela termina e olha para mim
com um sorriso. — Basta lembrar, o casamento vai ser difícil às vezes. Quando
for, use um vestido com um zíper nas costas.
— Ele vai ter que tocar em você para ajudá-la a se despir e o que estiver
por baixo vai fazê-lo esquecer o que quer que seja que estiver chateando-o. — ela
levanta as sobrancelhas. — Então virá a melhor parte, sexo de reconciliação. —
ela ri me fazendo revirar os olhos.
— Você fez bem, Ry. — ele acena com a cabeça, queixo forte tremendo de
emoção.
E a minha primeira lágrima desliza pela minha bochecha depois de ouvir
o que cada garotinha quer de seu pai, aprovação - especialmente sobre a pessoa
que eu escolhi para passar o resto da minha vida.
Meu futuro.
— Nunca vi você mais linda. — ele sussurra para mim enquanto entramos
pela porta e meus olhos borram com lágrimas não derramadas. — Seu marido
está esperando.
E, acima de tudo isso, eu ouço Colton inalar quando caminho para ser
vista e eu não posso esperar mais. Cada parte do meu corpo está vibrando em
antecipação.
— Baby, eu saberia onde você está, mesmo que fosse cego. — e aquele
sorriso, aquele que ilumina seus olhos e aquece minha alma, se espalha por seus
lábios. Eu fico tão perdida em seu olhar e as palavras não ditas que estão
expressando que eu nem sequer percebo que a nossa juíza começou a cerimônia
até Colton olhar para ela e depois para mim. O verde de seus olhos brilhando
com emoção e seu sorriso suaviza quando ele olha para mim.
— Você me deu uma vida que eu nem sabia que queria, Ry. E por isso?
Comprometo-me a me entregar a você - o quebrado, o curvado e cada pedaço no
meio - de todo o coração, sem engano, sem influências externas. Eu prometo
enviar mensagens para você com canções para fazer você me ouvir quando
simplesmente não for ouvir. Comprometo-me a incentivar a sua compaixão,
porque isso é o que faz de você, você. Comprometo-me a pressioná-la para ser
espontânea, porque quebrar as regras é o que eu faço melhor. — ele diz com um
sorriso, enquanto uma lágrima solitária desliza pelo seu rosto. — Prometo jogar
muito e muito beisebol, certificando-me de tocarmos cada base. Home run! —
ele diz as últimas palavras em voz baixa para que só eu possa ouvir e eu dou
risada através das minhas lágrimas.
— E essa aí... essa risada? Prometo te fazer rir assim todos os dias. E
suspirar. Eu gosto de ouvir seus suspiros também. — ele pisca para mim. — Eu
prometo que nada será mais valioso na minha vida do que você. Que você nunca
será irrelevante. Que aqueles que você ama, vou amar também. — ele fala e, em
seguida, olha para a fila onde todos os meninos estão sentados. — Enquanto
estou aqui prometendo ser seu, para lhe dar tudo de mim, eu já sei que a vida
nunca será longa o suficiente para amá-la. Apenas não é possível. — ele dá de
ombros, meu coração incha quando a voz oscila ligeiramente. — Mas, baby, eu
tenho o para sempre para tentar, se você me aceitar.
— Você me mostrou que as cicatrizes - por dentro e por fora - são lindas
de possuir, sem medo. Você me mostrou o verdadeiro você - você me deixou
entrar - quando você sempre excluiu os outros. Você me mostrou tanta firmeza
e bravura que eu não tive escolha, a não ser te amar. E mesmo que você nunca
soubesse, você me mostrou o seu coração uma e outra vez. Cada pedaço curvado
dele. — eu respiro, minhas mãos trêmulas segurando as suas.
— Você diz que eu trouxe luz para sua escuridão, mas eu discordo. Sua luz
esteve sempre lá, eu só mostrei como deixá-la brilhar. Você está me dando a
vida que eu sempre quis. E por isso? Comprometo-me a me entregar a você - o
desafio, o altruísmo, todo o maldito alfabeto - de todo o coração, sem engano,
sem influências externas.
— Você é o próximo, filho da puta. — Colton murmura para ele sob sua
respiração, o fazendo engasgar mais e a mim, rir mais alto. Demora um minuto
para o riso diminuir e para que todos possam se acalmar de modo que o foco
volte para nós.
— Sim, Colton. — ela ri, sabendo exatamente o que ele quer. — Você pode
beijar a noiva!
E então seus lábios estão nos meus, nossa conexão irrefutável, enquanto
eu ouço a juíza anunciar: — Amigos e família, apresento a vocês, o Sr. e a Sra.
Colton Donavan
Epilogo
Epilogo 1
10 Anos Depois
A vibração do
motor retumba no meu peito muito antes dos carros se lançarem na curva
quatro. Eu rastreio o carro, meus estão olhos colados nele, enquanto ele luta
contra o tráfego em sua penúltima volta, e eu me pergunto se vai ser sempre
assim. Se eu vou estar sempre uma pilha de nervos quando ele está lá fora.
— Donavan está voando para a curva três. Mais uma e ele reivindica a
bandeira quadriculada aqui hoje, fãs de corrida, bem como assume a liderança
dos pontos. O tráfego fica de lado quando ele entra na curva quatro e agora
Donavan entra na reta final com ninguém sequer o desafiando. — seu
entusiasmo é contagiante quando olho para cima da tela para ver o carro voar
em direção à linha de chegada.
E mesmo que o resultado esteja se desenrolando diante de mim, a minha
ansiedade crescente não será aliviada até que eu possa envolver meus braços em
torno dele novamente.
O box em torno de mim vibra com emoção, mas eu nem sequer paro para
conversar, porque tiro o meu fone de ouvido e corro pelas escadas. Todo mundo
sabe o que fazer por agora, então eu não estou preocupada com quem está com
quem ou onde vamos nos encontrar de novo. Eu luto por entre a multidão,
apenas a tempo de ver o carro entrar lentamente na área preta e branca
quadriculada na plataforma da vitória.
Meu corpo vibra com emoção e meu coração está na minha garganta
enquanto eu vejo a equipe o cercar, alcançando com as mãos o cockpit aberto do
carro e apertando os ombros ou um tapinha no topo de seu capacete o
parabenizando. Eu recuo para deixá-los ter o seu momento da equipe, ansiosa
para parabenizá-lo eu mesma.
Eu vejo o volante ser tirado, e então, como ele se desdobra para sair do
carro. Mãos o ajudam a se firmar, até que estabilize as pernas, depois de ficar
sentado durante as últimas cinco horas.
— Zander foi bem hoje, hein? — o ruído de sua voz me faz fechar os olhos
momentaneamente, me perguntando como mais de dez anos depois esse som
ainda me comove. Ainda causa cada sentimento que me inundam, como na
primeira noite que nos conhecemos.
Eu viro minha cabeça para o lado, sua barba por fazer faz cócegas na
minha pele e eu movo minha boca para perto de seu ouvido para que ele possa
me ouvir acima dos locutores e loucura em torno de nós. — Ele fica melhor a
cada corrida. — eu digo a ele e pressiono um beijo no lado de seu maxilar e o
mantenho lá por um momento. — Ele tem um grande professor. — eu digo,
meus lábios pressionados contra a sua pele. — É a sua vez de ter a bandeira
quadriculada agora. — eu levanto minha cabeça a tempo de vê-lo levantar uma
sobrancelha e piscar um sorriso maroto, e eu sei que ele não está,
definitivamente, pensando em sua corrida na próxima semana. Eu não consigo
evitar a risada que cai dos meus lábios. — Na pista, Ace! Você já reivindicou
esta!
— Com certeza. — ele ri, antes de pressionar outro beijo casto no lado da
minha cabeça, deixando seus lábios lá, momentaneamente, antes de murmurar:
— Eu tenho que voltar para a equipe. Te vejo daqui a pouco?
Ele se inclina para frente e pressiona um beijo nos meus lábios, e leva
tudo o que tenho para não afundar nele, para ele. Porque mesmo depois de todo
esse tempo, eu simplesmente não consigo ter o suficiente dele.
Como todo o resto, ele sente a minha necessidade por ele e eu posso
sentir o sorriso em seus lábios antes de escovar um último beijo nos meus. Ele
se inclina para frente e sussurra em meu ouvido. — Vai ter muito disso mais
tarde.
Eu amo o som despreocupado que cai de seus lábios quando ele joga a
cabeça para trás numa risada encorpada. Ele balança a cabeça e fica olhando
para mim, os olhos correndo ao longo de uma sala de reunião sobre o meu
ombro. — Acredito que já provei essa teoria mais cedo essa manhã, Sra.
Donavan. — suas palavras causam a dor que ele tinha saciado mais cedo sobre a
mesa na sala, como uma vingança. Ele arrasta um dedo na minha bochecha. —
Eu vou ficar mais do que feliz em provar esse ponto para você, porém, mais
tarde hoje à noite.
E tudo que eu posso fazer é assistir as suas costas, quando ele se afasta -
ombros fortes, cabeça erguida e ainda sexy como o inferno. Eu balanço minha
cabeça, lembrando de anos atrás quando ele se afastou de mim em um traje de
corrida. Quando ele chamou meu nome, encontrou a coragem de me dizer que
me corria e mudou mais do que apenas nossas vidas, para sempre.
Epilogo 2
Colton
A casa está
Do jeito que Ry gosta. Embora, foda-se, se eu sei por que, porque ela está
cheia de testosterona em alta potência, ultrapassando seu pouquinho de
estrogênio.
Eu olho para fora no pátio, enquanto desço as escadas para ver Shane
conversando com Connor sobre o seu novo trabalho, com o braço em torno de
sua esposa e uma garrafa de cerveja nos lábios.
Todos os meninos estão aqui para o nosso jantar de família de uma vez
por mês como Ry chama, apesar de alguns dos meninos - merda, homens agora
- estarem começando suas próprias famílias.
Todo mundo está aqui, exceto Kyle e Ricky. Sinto pena da porra das
meninas calouras da Universidade de Stanford, aqueles dois estão liberando
seus encantos. Ou talvez seja o seu próprio tipo de vodu. As mulheres não têm
chance contra eles. Corações se quebrarão.
Fodê-las e descartá-las.
Pensando nesses dois, o velho termo me bate com uma tonelada de tijolos
das lembranças daquela primeira noite em flashback. Eu nem sequer luto com o
meu sorriso quando me lembro dos corações que costumava quebrar... caramba,
eu era bom - até uma certa megera, de cabelos ondulados bater em minha
maldita vida, agarrou e nunca deixou ir. Desafio e curvas e meu mundo ficou
virado de cabeça para baixo quando eu abri aquele maldito armário de
armazenamento.
E então eu ouço sua voz na cozinha e vou em direção a ela, sem pensar
duas vezes. Eu abro a porta e cada grama de amor que eu nunca pensei que eu
poderia ter, nunca pensei que fosse uma possibilidade, me nocauteia cada
maldita vez que os vejo assim.
Os risos param quando um par de olhos verdes olham para mim debaixo
de cílios escuros, sardas espalhadas no nariz, polvilhado com farinha e um
sorriso torto nos lábios. Ele fica olhando para mim, avaliando se eu vou ficar
chateado com a bagunça que ele obviamente participou.
Então olhos violeta olham para mim, aquele sorriso suave, naqueles
lábios que eu amo, dirigido diretamente para mim. E eu silenciosamente me
maravilho, com a forma que aquele simples sorriso me pega toda maldita vez,
não importa quantos anos se passaram. Ela faz com que eu queira puxá-la em
meus braços, compartilhar todos os meus segredos e fodê-la sem sentido
simultaneamente.
Vou até eles, farinha revestindo as solas dos meus pés descalços e me
agacho ao lado deles. Meu olhar se lança para trás e para frente sobre eles antes
de eu chegar e colocar um ponto de farinha no nariz dele com o dedo. — Parece
que vocês fizeram uma grande bagunça. — digo, tentando fazer o papel de
disciplinador, mas falhando miseravelmente.
Eu olho para ele, procuro no seu rosto mais e mais, o estudando como um
roteiro de merda para ver se ele tem alguma pista, alguma maldita ideia do que
ele acabou de dizer para mim, mas não há nada, exceto olhos verdes travessos e
um sorriso de partir o coração. Minha imagem cuspida.
— Ei?
— Você está bem? — ela estende a mão, toca o meu rosto e me olha.
E então ele começa a rir, interrompendo os pensamentos me segurando
como refém. Ele aponta para a farinha que agora está transferida para o meu
próprio rosto. — O quê? — eu rosno em voz de monstro, fazendo com que os
quase seis anos de idade grite como uma garotinha, quando meus dedos o
alcançam para fazer cócegas.
Ele me salvou.
Sinto a mão dela nas minhas costas, seus lábios pressionando meu ombro
e abro os olhos para fitá-la - todo o meu maldito alfabeto - e sorrir.
— Eu acho que o nosso monstro farinha aqui precisa tomar um banho
rápido antes do jantar. — diz ela.
Ele grita um: — Woohoo! — e bate sua palma na minha antes de correr
para fora da cozinha em plena velocidade. Eu o vejo correr e pular na piscina,
Zander ganindo quando respinga nele.
— Ele tem você em volta de seu dedo mindinho. — ela fala, enquanto vai
até a pia para lavar a farinha de suas mãos.
E foda-me, ainda temos um tempo de vida para que ela mande no que ela
quiser, porque minhas bolas ainda estão exatamente onde deveriam, bem em
suas mãos.
— Que mulher não ficaria quando você agiu com tanta arrogância? — ela
bufa uma risada e depois suspira suavemente.
E eu começo a rir. Deus, eu amo essa mulher. Dez anos depois e ainda
mal-humorada pra caralho.
Minha kryptonita.