Você está na página 1de 28
necr@ Nutricio de Plantas Ciéncia e Tecnologia Namero 3 Setembro 2019 | Te) APCs 0 YA) AGRONOMICAS ISSN 2341-5904 ATUALIZACOES SOBRE EXIGENCIAS NUTRICIONAIS DA CANA-DE-ACUICAR PARA FINS DE MANEJO DA ADUBACAO 1. INTRODUCAO Basi €o mar produtr mundi deena Qin enn mins de betas ous epscota 22% da ea cxnadanomonde FAO, 2019), Parner demons Seenolede peu a 203, ints pot esr ccs produ de O43 miles denna eae Se arc por saa (PE, 2018) um amet ea de Sorcomenyaryo 63} lis dtl pss natin saa CONAB, 2018), Rafael Otto" Lucas Miguel Altarugio' Guilherme Martineli Sanches! ara aumentar a produgio de cana-de-agticar existem dduas alternativas: aumento da érca cultivada ou aumento da produtividade. Do ponto de vista econdmico e ambiental, 0 aumento da produtividade é a melhor ope. No entanto, nos “ltimos anos, a produtividade da cultura esti estagnada, prin- cipalmente devido as perdas provocadas pela intensificagao das operagdies mecanizadas que promovem o trifego descon- trolado das maiquinas sobre as linhas de cana ea compactagio do solo, especialmente nas operagies de plantio e colheita dos canaviais (FRANCO etal, 2018), Outros fatores também podem contribuir para a estagnagao da produtividade média ‘Abreviagbes: 8 = boro; Ca = cali; Cu = cobre; DAC = dias apts 0 core; Fe = feo; K = possio; Mg = magnésio; Mn = manganés; N= nirogénio; P= fstoo; $ = encore; Zn =znco, " Engenhsiro agrénomo, Departamento de Ciéncia do Solo, Escola Superior de Agricuitura "Luiz de Queiroz, Universidade de Séo Paulo, Pracieata, SP * Email do autor correspondente: otto@usp br INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBROZO19 = 7 ogo nel ds NCT_Nai Ps Cine © pel pt rs ab en der FERTCROSS mula sinc mao e lear sano frediet © mango esponsvel dos niente dhs plans, leverag costo a Cares Fortgreen cat Gerente de Distibuigo ‘Evandro Lis Lavornt eon INOVE ee See ee ee — @Jacto CONTEUDO meransiertmsmene | Migsaic para fins de manejo da adubacio rag eilizantes fel Oto, Lucas Miguel Altaruglo,Guiherme Marinel Sanches. Intensificagio ecoldgiea no milho segunda safra Eros Francisco " LABORATORIO AGROPECUARIO Plante Certo Influgncia do manejo da pas pitas de calagem e adubagio do solo em pastejo ‘Aion de Paula Almeida Agu Is 1 Cortez de Plantio Cert Divulgando a Pesquisa 2 Painel Agrondmic 24 Cursos, Simpisis ¢ outros Eventos 25 Pablicagies Recentes 26 Publicagio do IPNUNPCT. an Ponte de Vit, x Stoller [ee VITTIN As opnies ea conclstes express pelos autores nos artigos mio ‘elleem nocesarlamente as mesmas dos edores deste orn INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 brasileira, como a menor renovago dos eanaviais, que resulta 1o envelhecimento das plantagbes, e a redugdo de investi« ‘mentos em melhores priticas agricolas e novas tecnologia — aspectos ligados & crise econémica evidenciada pelo setor sueroenergético na iltima década. Entre 0s principais fatores que afetam a produtividade dos canaviais brasiletos estioa disponibilidade de nutrientes ea presenga de agua no solo. Considerando a crescente necessidade de maximizar 1 produtividade, os programas de melhoramento genético da cana-de-agiicar desenvolvem variedades cada vez mais pro- dutivas eadaptadas is condigBes edafoclimiticas das regides produtoras do pais. Espera-se, com sso, atingir maiores pro- 15mg dmv’ na camada 20-40 em) antese durante a condugao da lavoura, Atualmente, fontes de $ menos soliveis, como os fertlizantes a base de enxofie elementar, tem sido estudadas ‘com o propésito de mantero solo com niveis adequados de S ‘durante todo o ciclo da planta, Entretanto, deve-se aguardar 0s resultados de pesquisas que comprovem a efetividade dessas fontes de S para cultura da cana-de-apicar, Nao €raroeviden- iar, em situagBes de cultivo em larga escala, que produtores ‘ou usineiros nfo se preocupam em solicitar, com frequéncia, a anise quimica do solo para diagnose da disponibilidade de S, Calo (Ca, kg ha) B88 8 Dias 2s planto (DAP) 0 MAMTA Enso (S, kgha) ‘Dias aps 0 plantio (OA) Figura 3, Marcha de absorgao de cilcio, magnésio e enxofte na cana-planta, Média de ts reas plantadas no periodo de fevereiro a abril, no estado de Sto Paulo. Para aelaborago do prifico foram considerados o plamio em I° de margo e o corte em I° de Julho. A set indica o dia € 0 més em que houve taxa mixima de acimulo Fonte: Adapiada de Oliveira (2011). 7 2a z e so 120 180 240 300 360 Oo 120 te) 240.” 300 300. eesseacene oat eon 1m) 100 20 300 Dias pbs 0 corte (OAC) Figura 4, Marcha de absorg0 de clio, magnésio cenxofre na can-soca, Média de rs reas plantadas no peviodo de feveriro a abril, no estado de Sao Paulo, Para a claborago do grfico foram considerada 0 inicio do ciclo em 1° de julho eo im do cielo em 30 de agosto. A seta indica o dia eo més em que houve taxa maxima de actu. Fonte: Adapiada de Oliveira (2011), INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 trabalho de Oliveira(2011) tambémapresentaascurvas de aciimulo de mieronutrientes para cana-plantae cana-soca, Porém, esses dados nio sero discutidos aqui. Resumidamente, pode-se informar que os acimulos de zinco (Zn) e de cobre (Cu) praticamente cessam apés 300 dias do plantio para cana- planta, enquanto a demanda de boro (boro) é praticamente continua durante todo o ciclo, tanto na cana-planta quanto 3. EXIGENCIA NUTRICIONAL DA CANA-DE-ACUCAR Para suprir as necessidades nutricionais da cana-de- agitear de maneira adequada é fundamental conhecet as cexigéneias nutricionais das variedades modemas, cultivadas no sistema de manejo atual, com colheita de cana erua. Os dados sobre exigéneia nutricional que nortearam as itimas recomendagdes ofciais deadubago, como aquelas que cons- tam nos boletins do Estado de Sto Paulo, de Minas Gerais e da regido dos Cerrados, foram obtidos, em sua maioria, na ddécada de 1980, quando os sistemas de produgio ainda cram fundamentados na queima da palha e com variedades que no sio mais uilizadas atualmente (Tabelas | 2). Tabela 1. Exigéncia de macronutrientes pela cana-de-agiicar variedade CB41-76. Se (ke 100. eo ro Colmes 8 2 4 47 33 26 Residuos vegesis 6018115401618, rr Oa Fonte: Orlando Filho (1978), Tubela 2, Exigéncia de micronutrientes pela cana-de-agticar vatiedade CB41-76. ET (g 100 ¢})-= 5 Colmes 149234 1.393 1.082369 Residuos veges 861055525 1.420 223 im Fonte: Orlando Filho (1978), Os estudos mais recentes sobre o tema so, em grande parte, anteriores a 2010. O tltimo esforgo para a compilagdo dos dados de exportagio de nutrientes pela cana-de-agicar foram realizados em 2007 pelo Instituto Agronémico de Cam- pinas ~ IAC (ROSSETO et al., 2008), Os dados utilizados pelos pesquisadores foram coletados no periodo de 1970 a 2007, e apresentam os seguintes valores médios: 93 kg N; 24 kg P.O; 150 kg K,O; 28 ky CaO; 33 kg MgO © 54 kg SS para cada 100 toncladas de colmos. Observa-se que 0 aciimulo de K ¢ de S nos calms so muito superiores 20s apresentados na Tabela I INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBROZO19 Coma finalidade de atuaizar os dados sobre exigéncia, nutricional da cana-de-agiicar com base em trabalhos mais recentes, ou seja, a partir de 2000, fizemos uma extensa revi- sio de literatura, buscando atualizar os resultados obtidos por (Orlando Fillo (1978), 0s quais sio muito utilizados até hoje por téenicos do setor sueroenergético. Foram encontradas 24 publicagées (Tabela 3), eujos dados foram organizados em planilhas para fins de comparagio e sintese, Com o intuit de ppemmitir a comparagao de todos 0s trabalhos, 0s resultados foram expressos em kg por 100 toneladas de colmos, con- siderando que a produtividade média dos diversos estudos cera varidvel, Além disso, também registramos os resultados das anilise de solo de cada estudo, visando excluir os dados ‘btidos em teas experimentais que apresentavam resultados discrepantes, como, por exemplo, nas dreas de aplicagio de vinhaga, cujos teores de K no solo so muito altos, resultando| ‘em valores de extragio de K muito elevadas, ‘Tabela 3. Relacdo dos tabalhos compilados para atualizagio das exigéncias nutricionais da cana-de-agicar fo 1 Barbosaetal.@002) 14 Oliveira etal, @011) 2 Benettetal. 2013) 15 Oliveira etal. 2016) 3 Boschiero (2017) 16 Pancelli 2011) 4 Calheiros (2008) 17 Pinvo (2008) 5 Coletictal. (2006) 18 Sehultzetal. 2010) 6 Franeoetal.(2008) 19 Silva(2007) 7 Gomes 2003) 20 Silvaetal, 2015) 8 Leite Gor) 21 Silva@ot) 9 Mendes 2006) 22 Tasso Jinioe 2007) M1 Megda (2013) 23. Teixeira Filho (2011) 12 Nascimento 2012) 24 _-Vaseoncelos 2013) 13 Oliveima 2011) Combasenamédia dos resultados ds estdos origins apresentads na Tabla 3, eximarse que aexigbcia nuscic- nal (xtra) da cann-d-acaré de 146 ke N, $3 ke P20, 236 kg KO, 74 hs CaO, 54 kg MgO e 36 hy parm cada 100 toneladas de calms abel. Jparacs microutetes, cs valores sio de 433 g B, 87 ¢ Ca, 3297 p Fe, 2497 g Mn 582 Zn para 100 toneiadas de colmos (Tabela 5). Desse total, a quantidade alocada nos colmos (exportagiio) foi de Sig N35 kg P.O,, 148 ke KO, 36 ky CaO, 41 he MgO € 2 kg (Tabela dl pare os micromatrints, quantidade loca nos calms foi de 200 g B,43-g Cu, 3178 g Fe 1 424g Mine 3464 Zn para 10 toneladas decolos (Tabela 5). ‘Comparando-se os resultados antigos (Tabelas | ¢ 2) com os atualizados (Tablas 4e 5), observa-se aumento nas txigncis de P,K (et, principalmente nos clmos) e B em de reduso signicativa na exigencia de Cu, Para 0s demais elementos (N, Ca, Mg. $e outos micronutrients) praticamente no houve varies signifcativas. No estudo ‘Tubela 4. Exigéncia de macronuitente pela cana-de-agicat. Média de 24 estdos ciemificos publicados a pari de 2002, a OM ee) =(kg 100°) - Colmos a ae Restos veges 6218 eee) ii TET a 8% consideram os trabalhos que apresentam reads de alse de sok cj eo de K fo infor 3,0 mo, dt (0-20 en. Tabel - Exipéncia de micronutientes pela cana-de-apdcar Média de 24 estudoscieiticos publicados a pani de 2002. a Colmes m0 4331781424346 Restos vegetais 23344119 1.073236 ri) EY OS) {de Orlando Filho (1978), a alocagdo de K nos colmos era de 94 kg 100 t*, enquanto nos estudos atualizados (Tabela 4) 0 valor atingiw 148 ky 100 ¢'. Ou seja, considerando o resultado atualizado, hi necessidade de se aplicar quantidades maiores de K para compensar a remopio pelos colmos. A quantidade de K alocada nos residuos vegeta foi praticamente a mesma ‘nos resultados comparados. No caso do P, os resultados tam bbém indicama necessidade de se aplicar quantidades maiores do elemento, Talvez essa seja uma das razdes pelas quais os teores de P nos solos cultivados com eana-de-agiiear rara- ‘mente ultrapassam o nivel eritico de 1S mg dm”, indicando ue a quantidade exportada pelos colmos durante o ciclo de cultivo pode nao estar sendo reposta adequadamente via aplicagdo de ferilizantes minerais. ‘A amplitude de vatiagdo da exiuéneia nutricional deN ‘no conjunto de dads foi pequena, variando pouco em relagio Amédia de 0,83 kg" de colmos. Jao K apresentou média de 16 kg t!, com variagio de 1,1 a 2,4 kg ¢! de K,O alocados 19 colmo, indicando que fatores ambientais ou genéticos podem influenciar na quantidade acumulada do elemento (Figura 5). Categorizando os valores de exigéncia de K de acordo com o teor de K das solos estudados nos trabalhios {que constam no conjunto de dados, foi possivel observar que quando o teor de K no solo ¢ mais alto, hé maior actimulo de K nos compartimentos da planta (Tabela 6), ou sea, ha uma relagdo direta entre exigéncia nutricional da planta ¢ teores de K no solo. Esse comportamento era espetado, considerando que em solos com altos teores de K ocorre consumo de luxo, ‘como é observado nas areas que reecbem aplicages continuas de vinhaga, E importante observar que o aumento no acimulo de K ocorreu nos residuos vegetais © no nos colmos, que ‘mantiveram valores préximos media de 140 kg de K,O por 100 toneladas de colmos, apresentada na Tabela 4, 200 200 200 20 160 ‘uo 120] 0 20 | kg 1000" w KO Figura 5. Variabilidade no actimulo de N e K,O nos eolmos de cana-de-agicar entre 05 diversos trabalos listados na Tabola 3 ‘Tubela 6, Variagdo na exigéncia de possio pela cana-de-agicar de acordo com o seu ter no solo no conjunto de dados dos estudos listados na Tabela 3, pu =15 nmr vol, dm) P15 CTD) 0 teor de fésforo (P,0,) nos colmos variou de 0,15 20,35 kg ¢*, com média de 0,28 kg t de P,O, (Figura 6). A varibilidade na exigéncia nutricional de P também parece estar relacionada aos teores de Pinicialmente presentes nos salos. A ‘Tabela 7 apresenta a variablidade na exigéneia de P quando foram considerados os solos com diferentes teores inicais de P. Tal como ocorre com o K, hié uma relagio direta entre os teores de P no solo ea exigéncia nuticional da cultura Foi possivel observar que a exportago de MgO foi maior (0,41 kg") que a exportagao de CaO (0.36 ke"), dados muito semelhantes aos encontrados na média dos trabalhos apresentados por Rosseto et al. (2008). Esse fato pode trazer ‘complicagses no manejo, visto que, na pritica, atinica fonte ‘de Mg utilizada pelos agricultores ¢ o ealcario, que apresenta maior eoncentragio de CaO em relagio a MgO. A longo prazo, se no for uilizada uma fonte altemativa de Mg, a tendéncia £ de aumento nos teores de Ca ¢ redugo nos teores de Mg. no solo, especialmente se considerada a aplicago conjunta de sesso agricola, que ¢ fonte de Ca e de S mas ndo de Mg. De fato, na pritica € comum observar que os teores de Mg nos solos cultivados com cana-de-agticarraramenteultrapassam o nivel critico de 8 mmol, drm? na camada 0-20 em. Quanto a0 S, a quantidade exportada foi de 0,23 kg", resultado semelhante ao encontrado por Orland Filho (1978), INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 Pie M90 = Figura 6, Vaibilidade no acimulo de P.0,, C40, MgO e S nos a0 ‘Tabela 7. Variagao na exigéncia de fsfro pela cana-de-agicar de ordo com o seu e0r no soo, nr <1s > 15) PRM a Colmes ia 343) Restos vegeais 136 Embora ocorra um aumento da exigéncia nutricional de alguns nutrientes na nova realidade de produgao de cana- de-agicar, tal como demonstrado nesse trabalho, a adog0 intensiva da mecanizagao da colheita, a qual vem propor- cionando a manutengio de grande quantidade de palha nas lavouras, justifica a menor necessidade de adigio de rutrientes em varios campos de produgio dessa cultura, ‘Segundo Menandro etal. (2017), apalha da cana-de-agiicar composta por 60% de folhas secas ¢ 40% de folhas verdes, estas tltimas concentram 70% do N, Pe K na palha. De acordo com os autores, 5,6 t ha de folhas verdes apresen- tam potencial de reciclar 48, 15 e 80 ky ha" de N, P,O, © K,O, respectivamente. Dessa forma, a possibilidade de deixar parte da palha no campo, visando a reciclagem de nutrients, pode levar a redugdies significativas na utlizagao de fertlizantes minerais exteros, especialmente de N ¢ K, para atender as exigéneias mutricionais da planta, Otto et al. (2016) também atribuiram as menores exigéncias rnutricionais de N a preservagdo da palha na superficie, a reaproveitamento de residuos industriais (torta de filtro, cinzas ¢ vinhaca) ao plantio de leguminosas em rotagao, Em média, péde-se abservar que, do conteido total da parte aérea, $7,4%, 50,6% € 56,3% de N, P,O, ¢ K,O, respecti- vamente, permaneceram nos colmos. INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N 3 - SETEMBROM2019 4, CONSIDERACOES FINAIS A cana-de-agiicar apresenta trés fases distintas de desenvolvimento: uma fase iniial de creseimento lento, una fase secundiria de erescimento intenso e uma tereeira fase de estabilizagdo da biomassa, que coincide com a época de ‘maturagdo. Tanto para cana-planta quanto para cana-soca, a fase de maximo aciimulo de nutrientes ocorre antes da fase «de maximo acirmulo de biomass, indicando anecessidade de definir corretamente 0 momento da aplicagio de nutrientes Considerando a média de 24 estudos recentes, a quan- tidade de macronutrientes alocada nos colmos da cana-de- agicar foi de 84 kg N, 35 kg P,O., 148 kg K,O, 36 kg de Ca0, 41 kg de MgO ¢ 23 ky de S para cada 100 toncladas de colmas. Para os micronutrientes, a quantidade alocada nos colmas foi de 200 g B, 43 g Cu, 3.178 g Fe, 1.424 g Mn e 346 g Zn para 100 toneladas de colmos, Comparando esses valores a0s encontrados no estudo classic de Orlando Filho (1978), observa-se aumento na exigéncia de fosforo, potissio, ‘magnésio, boro e ferro, Para os demais elementos, a quanti- dade de nutrientes alocada nos colmos manteve-se inferior ou similar entre as duas Fontes de comparago, Esse estudo demonstra a importincia de se conhecer a ‘marcha de absorgo de nutrients da cana-de-agicarvisandoo ‘manejo otimizado da adubago. Ele também mostra a neces- sidade de se conhecer a exigneia nutricional das variedades mais modemas de cana-de-agiicar para fins de mancjo da adubagdo, de forma a otimizar a produgdo € manter © solo com niveis adequados de nutrientes, REFERENCIAS BARBOSA, M. H. P; OLIVEIRA, M. W; SILVEIRA, L. C. L: DAMASCENO, C. M.; MENDES, L. C. Acimulo ¢alocagio de nutrients pla RB724S4 no cielo da cana-planta. In: CONGRESO NACIONAL DA SOCIEDADE DOS TECNICOS ACUCAREI- ROS F ALCOOLEIROS DO BRASIL, 8., Recife, 2002. Anais. Recife: Sociedade dos Técnicos AgucateroseAlcooleiros do Brasil, 2002. p. 264-267. BENET, C.G. S; BUZETTI, BENET, K.S.S.; TEIXEIRA FILHO, M.C. M: COSTA, N.R: MAEDA, A.S; ANDREOTTI, (M. Aci de nutrients no elmo de cana-de-agicar em fungao de fontes e doses de manganés. Ciéneias Agrarias, Londrina, v. 34,1. 3,p, 1077-1088, 2013, [BOSCHIFIRO, BN. Adubagdo nitrogenada em soqueiras de cans de-agvar:influéncia do so em longo prazo de fonteseou doses enitrogénio, 2017. 234. Tese (Dontorado) ~Fscola Superior de Aaricultura “Liz de Queiroz" (ESALQUSP), Piracicaba, SP.2017, CALHEIROS, A. 8, Actimulo de biomassa, de nutrientes e de sacarose por duas variedades de cana-de-agicar,influenciados por doses de fosforo, 2008. 75 p. Disserago (Mestrado em Agro- ‘nomia)~ Universidade Federal de Alagoas, AL, 2008, COLETI,1.T;CASAGRANDE, J.C; STUPIFLLO, JJ; RIBEIRO, LD. OLIVEIRA GR de. Remogio de micronutrients peta cam planta cana-soca, em Argissolos, variedades RBS35486 e ‘SPS1-8290. STAB: Agiicar, Aleool e Subproduts, Piracicaba,v. 24, 5, 2006 CCONAB. Companhia Nacional de Abastecimento, Acompanha- mento da satra brasileira: Cana-de-agticar, Safa 2017/18 — Primeiro Levantamento Abril2019. Brasilia, DF, 2018. 62 p. EPE. Empresa de Pesquisa Energdtica. Cenavios de oferta de ctanol e demanda de Ciclo Otto: 2018-2030, Rio de Jansiro: Ministrio de Minas e Enerwa, 2018, 4p, FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations FAOSTAT - Statistics Division. Disponivel em: hip:/Taosta3, fan org/homelE, Acesso em: 25 de Ago. 2019, FRANCO, H, C. J; CANTARELLA, H. TRIVELIN, P. C. O.; VITTI, AC. OTTO, R; SARTORI, R. H.; TRIVELIN, M. 0. ‘Acismulo de nutientes pela cana-plania, STAB: Agicar, Alcool © Subprodutos,Praciaba, v.26, n. 5, 2008, PRANCO,H.C.J; CASTRO, .G.Q;SANCHES, G.M; KOLLN, 0.T:BORDONAL, RO: BORGES, BM. M.N. BORGES.C.D. Alternatives to inerease the sustainability of sugarcane prodetion in Brazil under high intensive mechanization In: SINGH, P; TIWARI, ALK. (Ed), Sustainable sugarcane production, Palm Bay: Apple ‘Academic Press, 2018. 426 p GOMES, J. FF Produsio de colmos e exportagio de macronu= trientes primirios por cultivares de cana-de-agicar Saccharum spp). 2008. 74 p. Disseragio (Mestrado) ~ Escola Superior de ‘Acricultura Luiz de Queitoz”(ESALQUSP), Piracicaba, SP. 2008, LEITE, J. M, Actimulo de fitomassa e de macronutrientes da cana-de-agicar relacionadas a0 uso de fontes de nitrogen 2011.90 p. Dissertagio (Mestrado) Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz” (ESALQUSP),Piracicaba, SP, 2011 MEGDA,M. X. \. Transformasio do N derivado do fertiizante no solo € a eficincia de utilizagio pela cultura da cana-de- -asicar cultivada em solo coberto por palha. 2013. 156 p. Tese (Doutorado) ~ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiraz™ (ESALQUSP), Piracicaba, SP, 2013. MENANDRO, L. M. 8; CANTARELLA, H.; FRANCO, H.C. J; PIMENTA, M. T. B.: RABELO, S.C: SANCHES, G. M: CARVALHO. J. L_N. Comprehensive assessment of sugareane straw implications for biomass and bioenery production. Biofucls Bioproduets & Biorefining, v.11, 1.3, p. 488-S04, 2017, MENDES, L. C. Eficigncia nutricional de cultuvares de eana- dde-agicar. 2006, 61 p. Dissertagao (Mestrado) ~ Universidade Federal de Vigosa, Vigosa, MG, 2006, NASCIMENTO, C.A. C. Ureia recoberta com S%; Cue Bem soca de cana-de-aciiearcolhida sem queima. 2012.71 p. Disseragdo (Mestrado) ~ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queira7" (ESALQVUSP),Piracicaba, SP, 2012 OLIVEIRA, F.C, A. Balango nutricional da cana-de-agicar relacionado & adubagio nitrogenada. 2011. 214 p. Tese (Douto- ado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) USP), Piracicaba, SP, 2011 OLIVEIRA.E.C.A; FREIRE,F J; OLIVEIRA,R.L:OLIVEIRA,A, Cs FREIRE, M.B.G.S. Actinic alocagto de nutientes em cama- de-agicar Revista Ciéneia Agrondmica,v-42,n.3,p, 579-588, 2011 OLIVEIRA, R. L: MEDEIROS. M. R. F. A. FREIRE, C.S. FREIRE, FJ; SIMOES NETO, D. E; OLIVEIRA, E, C. A Nateiet paritioning and nutritional requirement in sugarcane, Australian Journal of Crop Science, v.10, p. 69-75, 2016, ORLANDO FILHO, J. Absorgio dos macronutrientes pela canavde-agicar (Saccharum spp.) variedade CB41-76, em tris grandes grupos de solos no Estado de Sio Paulo 1978, 154, Tese (Doutorada)— Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz’ (ESALQUSP),Piacicaba, SP, 1978 ORLANDO FILHO, J, (Coord). Nutrigio e adubagio de cana- dde-agsicar no Brasil, Piucicaba: Instituto do Agar e do Alcool, 1983. 868 p. (Colegio PLANALSUCAR, 2) OTTO, R: FRANCO, H. J. F; FARONI C. E.; VITTI, A. Cs TRIVELIN, PC. O. Fitomuassa de raizese da parte area da cana Acesso cm: 1 se. 2019. FRANCISCO, E. A. B.; CAMARA, G. M. S.; CASARIN, V PROCHNOW, 1 Increasing soybean yields: Brazl’schallenges Better Crops, v.98, 1.2, p 20-23, 2014 INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 TAGEM NA RECAO E MADE PASTEJO I. INTRODUCAO_ 'm sistema agricola pode ser compreendido | ‘como a combinagio integrada entre os com- pponentes clima, solo, planta e ser humano; este iltimo, responsavel pelo manejo do sistema. Por outro lado, um sistema pastoril & a combinagao integrada destes Componentes mais o componente animal, Em um sistema agricola, quando a produso vegctal aleanga o seu ponto de colheita, 0 produto é colhido direta- ‘mente pelo ser humano, por exemplo, de forma manual, ou indiretamente por meio de uma colhedora,¢ 0 produto colhido uase sempre ¢ 0 produto diretamente comercializado. ‘Hi em um sistema pastoril, quando a produgo vegetal aleanga o seu pont de colheita,o produto, neste caso particu lar, a forragem, ¢ colhido pelo animal herbivoro, eo produto colhido quase nunca é diretamente comercializado, ano ser em sistemas nos quais a forragem é colhida mecanicamentee conservada na forma de silagem, feno ou pré-secado. Entio, 1 produgio vegetal colhida deverd ser convertida no produto ue de fat sera comercializado, que, neste caso, é 0 produto animal, na forma do prdprio animal ou de sua produsio, como came, leite ou 1d. Em linguagem figurada,o animal herbivoro assume a fungao da “colhedora”, sé que uma colhedora viva, que para eolher forragem e converté-Ia com eficiéncia no produto animal precisa ter suas necessidades atendidas, e estas so bastante especificas. Além das suas necessidades especifias, o animal tem © seu comportamento ¢ as suas atividades didrias (pastejo, ruminagdo, écio e interagdes sociais) adquiridas por meio de selegdo natura, a qual vem se desdobrando ao longo de milhes de anos. ‘Abreviagées: Ca = cio; K = potisso; Mg = magnésio; MS = PC = peso corporal, UA= unidade anima. Para implantagio ¢ condugio de um sistema pastoril recomenda-se adotar a seguinte sequéneia de procedimentos: inventirio dos recursos disponiveis, diagnéstico da situagio tual e do potencial do sistema, plano de metas, planejamento, tucinamento de equipe, execusao do planejado e controle da produgio e do resultado econdmico, Na etapa de execusio em sequencia, faz-se a escolha das espécies forrageiras; o estabelecimento da pastayem; a ‘mplantagao da infraestrutura; © manejo para o conforto ani- ‘mal; 0 manejo do pastejo; 0 manejo ¢ o controle de plantas infestantes, pragas ¢ doengas; a suplementago dos animais; a coregio, adubagao ¢ irrigagio do solo. objetivo deste artigo ¢ deserever como © manejo da pastagem, em cada etapa deste programa, influencia a ‘maximizagdo da resposta da pastagem as priticas corretivas de adubagdo do solo e a mutrigdo equilibrada da planta forrageira, 2. ESPECIE FORRAGEIRA A literatura especializada nas reas de nurigdo de plan- tas de fertlidade de solo ¢ farta em trabalhos de pesquisa comparando respostas de plantas forrageiras as praticas de corregdo eadubagii, como também a adaptaglo destas plantas solos de baixa fetiidade natural, sem corresio e adubagio, estes, a maioria ¢conduzida em vasos, ouem canteiros, com planta submetida a corts, Por exemplo,linhas de pesquisas avaliando niveis erticos de nutientesinternos (anise foliar) © extemos (andlise de solo). Estudando os resultados destes ttabalhos, observa-se que os autores encontraram diferengas significaivas entre as plantas forrageiras (Tabela I). ‘matéria seca; N = nitogénio; P = f6sforo; PB = protina bruta; * Zootecrsta, Professor de Forragicuitura © Nuti¢ao Animal na FAZU ~ Faculdades Assocades de Uberaba, e ConsitorAssociado da CCONSUPEC-— Consutoria © Planejamento Pecusra ida, Uberaba, MG; email: adison@consulpec.com INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N 3 - SETEMBROM2019 Tabela 1. Niveis eitcos (NC) externos de fsforo em gramineas forrageirss topics. ‘Brachiaria humidiola 37 ‘Martinez (1980) Gordura soai7o ‘emer e Haag (1972), Martinez (1980) Jagué 44 100 ‘Martinez (1980); Werner ¢ Haag (1972) Brachiaria decumbens 10621694 ——_Comreae Haag (1993), Martinez (1980) Pangola, Transvala 190 Martinez (1980) Panicun maximum (Colonido, Massai, Mombaca, 1602260 ‘Comeae Haag (1993), Martinez (1980); Werner e Haag ‘Tanzania, Tobia) (1972), Coma etal. (1996); Mesquita etal, 2003) Brachiaria bricantha 2181290 ‘Correa © Haag (1993), Mesquita etal (2003) Pennisetum purpurewm (Elefante) 1902250 ‘Martinez (1980), Werner e Haag (1972) * Nive citco extema é 0 valor da concentragao do mutrente no solo, que correspande & disponiilidade necessiria para se abter produgo de mxima eficiéncia econdmica, Fonte: Aguiar 2012), Por outro lado, ao estudar outro conjunto de trabalhos de pesquisa em reas submetidas ao pastejo, principalmente de campo, em fazendas comerciais, € possivel concluir que quando a pastagem & cultivada com espécies forrageitas adaptadas as condigSes climaticas (volume ¢ distribuigao dde chuvas, temperatura) ¢ de solos (particularmente relevo, profundidade e drenagem) da regio, ¢ uma vez havendo interago gendtipo:ambiente, no se observam diferengas significativas em produgdo de forragem (Tabela 2) ¢ valor nutritive (Tabela 3) entre as diferentes especies forragciras, principalmente no desempenho individual e produtividade da pastagem, em resposta as prticas corretivas e de adubaea0 do solo (Tabela 4) Isso ocorre porque a herdabilidade das varidveis produgdo e qualidade de forragem é baixa. Assim, produgio e qualidade de forragem sio, em grande medida, estabelecidas por meio do eorreto manejo da pastagem, Quando da escolha das forrageiras, o importante & Aiversificar ao maximo com aquelas espécies ecultivares que se adaptam melhor as condigdes edafoclimatieas da regido, Esta medida minimiza o impacto dos estresses abiéticos ‘Taubela 2, Resultados médios da producto e caract (extremos de temperatura ¢ de umidade) € bidticos (ataque de pragas e doengas de plantas). Nesta etapa, o potencial de resposta ds priticas de corre¢ao adubagao nao deve ser a prioridade, principalmente em ambientes instiveis, que sto aqueles com pouca previsibilidade do comportamento cli- Imatico ¢ de drenagem do solo por causa de cheias de cursos dégua e consequentes inundagdes, 3. ESTABELECIMENTO DA PASTAGEM Para maximizara resposta da pastagem is prticas de ccomreeo e adubagao do solo, ela devera ser bem estabelecida, ‘com estancle de plantas uniforme ¢ denso, jé que a produgio de forragem é resultante da interago entre nimero de plantas ppor rca, nimero e peso de perfilhos por planta e niimero © peso de folhas por perflho (UEBELE, 2002; SBRISSIA, 2004; ZEFERINO, 2007). Em fazendas de pecusria cujas ‘pastagens i estio estabelecidas, recomenda-se que o produtor inicie as priticas de corregdo ¢ adubagao do solo pelas pas- tagens estabelecidas com forrageiras adaptadas as condigdes dda regio e com estande de plantas uniforme, steas do relvado dos caps Tanzania, Mombagae Tiffon 85 nos anos pastors de 1998199 a 2002/2003, nas diferentes estagdes do ano, em pastagens nio irrigadas* ‘MFPREP (tha! MS)" Doan es -MFPOP (tha MS)" 0 eas eee) "TAF (kg ha! dix MS" may 81 FA/ano (tha ano MS) 29 Cees onan 3 Es 2S OEE 9 asec ae cae) 106 4 % 1028 85 29 3 entre minima e maxima), * Estas produtividades foram alcangadas em ambiente com temperatura meédia anual de 23 °C 20 a 25, 1.670 man de presipitagio anual (1-261 a 2.033 mam entre minima e maxima) com aplicagio de 387 ky bi de N, 80 kg ha de P.O, 184 kg har de K,O 43 kg hr de enxofte na média dos quatro anos. IV: estagdes de Primavera ¢ Verio; Or estagdes de Outono ¢ Inverno; Média anual! MFPREP (tha! MS): massa de forragem no ré-pasteo: ‘ MFPOP (car MS): massa de forragem no pos-pasejo; “TAF (ke Ta dia MS): taxa de aedmulo de forragem: "FA/ano (ha* MS): forrazem acumulada por ano Fonte: Resende (2004), INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 ‘Tabela 3. Composigao quimica média das forrageiras durante o experiment Gin PBC) 16,00 1513 EE (*%) 280 259 FBC) 247 2932 MM) 979 9.08 MS (%) 2359 26,16 NDT (%), ona 66.77 cae) 038 052 Pew 028 025 FDN(%) 5984 438 FDA) 3065 3367 HEM (0) 3119 3301 Bad 1437 143 275 284 267 2947 2857 28.71 1026 9.00 967 2694 2415 2536 a0 66,42 66,03 037 053 035 028 028 027 a9 61.0 a2 33,02 31,40 32,33 3091 32.39 3187 PE = proteina bruta; EE totsis;Ca Fonte: Costa 2015), extrato etéreo; FB ‘Tabela 4 Indicadores de produtividade’aleangados bra rata; MM = matéria mineral; MS = cilcio; P= fesforo: FDN = fibra em deterzente neuro; FDA = fibra em detergent dcido; HEM = hemicelulose. atria seca; NDT nutrientes digestveis n pstagens intensivas de Brachiaria hibrida Convert ev, HD364 (BH) e seus progentores, Brachiaria decumbens (BD), Brachiaria brizantha ev. Marandu (BB) ¢ Brachiaria ruiziensis (BR), manjadas em pastoreio de Tota alternada UA? kwleabiia “Taxa de lotagio Ganho médio dirio Forrage Ne BD. BB BR 40 383 3.00 398 070 0.66 074 072 Produtvidides alcangades con 4, INFRAESTRUTURA DA PASTAGEM (© processo de colheita da forragem tem que ser efi= ciente para que grande parte dos fatores de produgdo que entram no sistema (luz, temperatura, gua de chuva ou de imrigagao, herbicidas, inseticidas, nutrientes e outros) sejam convertidos em produto animal, Para tal, & importante 0 pla- ‘nejamento ¢ a implantago da infraestrutura da pastagem, E fundamental planejara modulagdo das pastagens em piquetes, 1 localizagio © o dimensionamento da fonte de agua, dos cochos para suplementagao, do sombreamento, para que processo de colheita da forragem pelos animais em pastejo sejafaciltada e ficient planejamento da infraestrutura ainda & importante para possibilitara apartago do rebanho em lotes de animais Ihomogéneos quanto a idade, sexo, peso ¢ tamanho corporal, exigineias de manejo (reprodutivo, nutricional e santirio), para evitardisputas pela hierarquia (dominaneia, lideranga, ete.) que causam estresse de alta intensidade e provocam queda no desempenho animal INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBROZO19 50 mam de chuvas ¢ 5,0 ha de calerio + 1,26 tha de gesso + 209 ky ha de P.O, + 130 ky ha 5. MANEJO PARA 0 CONFORTO ANIMAL Por ocasito do planejamento ¢ implantagio da intia- cstrutura da pastagem, ¢ importante plancjar condigdes de ‘conforto para os animais, jd que sto estes que itdo converter a forragem consumida em produto. ‘Vacas em lactagio submetidas a estresse ealorico apre- sentam menor absorgo ¢ assimilagio de minerais, menor volume de leite (entre 10 ¢ 20%), com menor concentragio de proteina e gordura, tém taxa de concepedo 30 a 40% mais baixa, comparadas as vacas que tém acesso a sombra ‘ou slo resfrindas (SANTOS et a, 2008), Animais machos da raga Nelore, nas fases de recria © ‘engorda, que tiveram acesso a sombra durante 15 meses de avaliago apresentaram um ganho médio dirio 11% maior, e ‘no abate produziram carcagas com uma espessura de gordura subeutinea 84% maior, comparados aos animais que no tiveram acesso a sombra (Tabela 5). Assim, mesmo em solos de pastagens corrigidos ¢ ‘adubados, mas com animais submetidos a estresses pela Tubela S, Ganho médio dfrio (GMD), peso de carcaga quentee espessura de gordura subcutinea (EGS) de careagas fis de bovinos ‘Nelore submits ao sombreamento Tdade cM eran or (dentes) kg) kg) EGS (mm) ‘Ti: menos sombra 25 ost6a 2638 12a ‘72: mals sombra 20 0.5740 11%) 2718 220 ‘Médias sequidas da mesma letra no diferem entre si pelo Teste Tukey (5%). Fonte: izinot0 (2005), dominancia provocada pela heterogeneidade de apartagao do ote; pela disputa pelos recursos de sua, suplemento « sombra; pelo calor e pela presenga de lama, entre outros fatores, os nutrientes aplicados ao solo no serio convertidos com eficiéncia em produto animal 6. MANEJO DO PASTEJO (© manejo da pastagem consiste em um conjunto de agdes sobre os fatores solo-planta-animal-meio ambiente que visam o bem-estar ca produtividade da comunidade de plan {as meio ambiente, enquanto © manejo do pastejo consiste no monitoramento ¢ condugio do processo de colheita da {orragem produzica pelos animais em pastejo (SILVA, 2009), ‘Segundo Cunha et al. (2010), uma das formas de se avaliar a eficiéneia no uso dos fertlizantes é por meio da relagdo entre quantidade de nutrientes aplicada e quantidade de nutrientes exportada pelascolhita, extraindo-se balango do consumo de nutrientes de uma determinadsa area ou regio, ‘Aceficigneia de pastejo raduz.a proporgae de forragem acumulada que é consumida pelo animal, e é afetada pelos fatores planta, animal ¢ manejo do pastejo. Ja a eficiéncia bioeconémica da adubagdo ¢ determinada pela eficiéneia de conversio da forragem consumida em produto animal (ke MS/kg de panho de peso corporal ou ka MS/kg de lite), Essa fase depende da qualidade da forragem e das caracte- risticas do animal, (© produto das eficiéncias parciais nas ts etapas do proceso de producio animal em pasto, que sia: (1) eres- cimento ¢ aetimulo de forragem, cujo produto é dado em kg MSikg de nutrienteaplicado; (2) eficiénein de pastejo ou de utilizagdo da forragem acumulada e disponivel, cujo produto dado em porcentagem de forragem disponive! ou acumulada ‘que € consumida, ¢ (3) conversdo da forragem consumida em ‘produto animal, cujo produto € dado em ke MSikg de produto animal, define a eficiéncia de uso do nutriente do fetilizante 1a produgio animal A Tabela 6apresenta o impacto da eficiéncia do manejo «da pastagem sobre a conversio do ntrogénio (N) em sistemas de produgio de came ¢ leite em pasto, nas ts etapas do processo de produgdo animal. Considerando o manejo da fertilidade do solo ¢ a nutrigio de plantas forrageiras, prineipalmente gramineas, ‘a conversio de N em produto animal é o parimetro mais avaliado, por causa das suas caracteristicas peculiares,tais ‘como: & 0 nutriente que se perde mais facilmente, tem menor feito residual, é 0 mais caro, como também é 0 modulador dda produgdo em sistemas em pasto. Em linguagem figu- rada, cle €“o freio ¢ 0 acelerador” da produgio, Contudo, ‘outros fatores de crescimento e produgio, tais como luz solar, gua e outros mutrientes, podem ser avaliados sob cesta perspectiva. Segundo Martha Junior etal. (2007), para a amplitude ‘mais comum na eficigncia de uso do N-fertilizante ¢ na cfi- cigneia do pastejo, verifica-se que a quantidade necessétia ppara elevar I unidade animal (I UA corresponde a 450 kg de peso corporal) na fazenda, em um periodo de 220 dias de ‘chuva, varia de 40 kg de N/UA a 200 kg N/UA. Em fazendas ‘comerciais, a amplitude mais provavel de ser encontrada seria de 60 kg a 170 kg de NIUA para as condigdes de mangjo ‘excelente € muito ruim, respectivamente, ‘Tabela 6 Intervals de variago mais comuns das eficigncias pacias dos componentesdeterminantes da produo animal em pastagens adubadas com nitrogénio e metas a serem buscadas no sistema de produce, kg de MSikg de N aplicado 15045 Eficigncia de pastejo(%) 4oass kg de MSikg de produto 1450180 kg de produto/kg de N aplicado osa1y Mais de 45 15.045 Mais de 45 Mais de 55 4oass Mais de $5 1202160 12582, Menos de 1.25 Mais do 2.2 24a 198 Mais de 19,8 Fontes: 'Marta Junior et al, (2004), >Aguiar (2007) INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019 Gimenes etal. 2011) avaliaram as metas de manejo para o capim-marandu (Urvekioa brizantha ev. Marandu) submetido pastejorotativo ea doses deN, de janeiro de 2009 abril de 2010. Os tratamentos consistiram em combinagio de duas frequéncias de pastejo, com alturas pré-pastejo de 25 ¢ 35 em, ¢ duas doses de fertilizante nitrogenado, 50 ¢ 200 ky ha"! ano" de N. A altura de pés-pastejo estipulada foi de 15 cm em todos os tratamentos. Nesse experimento, '9 manejo correto do pastejo, com 25 em de altura pré- pastejo, possibilitou a produtividade de 680 kg ha de peso corporal (PC), enquanto com 35 em a produtividade foi de apenas 500 kg ha"! de PC, Por outro lado, o aumento da dose de N de 50 kg ha! ano" para 200 kg ha" ano" possibilitou um aumento na produtividade de 530 kg ha! de PC para 650 kg ha de PC. Observa-se que 0 correto ‘manejo do pastejo proporcionou um aumento de 34% na produtividade de carne, enquanto o aumento na dose de N em quatro vezes, ou 300%, proporeionou um aumento de apenas 22%, ‘Assim, recomenda-se que o investimento em priti= «as cotretivas © de adubagio do solo da pastazem deve ser adotado apenas por produtores cujos funcionsrios de eampo saibam manejar o pastejo corretamente. 7. PRESENCA DE PLANTAS INFESTANTES Souza Fitho et al, (2000) analisaram os efeitos da variagdo do pH do solo sobre o desenvolvimento e 0s teo~ res dos nutrientes fosforo (P), potissio (K), eileio (Ca) ‘magnésio (Mg) acumulados na parte aérea © nas raizes do capim-marandu (Brachiaria brizantha) ¢ da planta daninha ‘malva (Urena lobata). Para isso, foram preparadas solugdes nutritvas com os seguintes valores de pH: 3,5:4,5:5,5€6,5, ‘A graminea forrageira ¢ a planta daninha responderam di rentemente& variagdo do pH. O capim-marandu apresentou maior sensibilidade as variages do pH, com produgdo de MS da parte aérea e das raizes sempre crescente em fungo do aumento do pH. Por sua vez, a produgo de matéria seca das duas fragdes da planta daninha ndo foi influenciada pela variagdo do pH. Comparativamente, o capim-marandu apresentou maior habilidade para absorver nutrientes em pH 6,5, enquanto a malva apresentou maior habilidade em condigdes de pH extremo (3,5 ¢ 6,5). Independentemente do pH da solugio nutritiva e da parte da planta analisada, os teores de P, K, Ca e Mg foram quase sempre mais elevados 1a planta daninha do que no capim-marandu, demonstrando que a malva apresenta maior habilidade para extrair esses nutrientes do solo, ‘A maior habilidade da planta infestante em extrait nutrientes do solo, associada a competigo com a planta for- rageira por outros fatores de crescimento (luz solar, diéxido de earbono, espago, égua, pode ser constatada no trabalho dde Dobashi etal (2001), Estes autores avaliaram o efeito da taxa de infestagio de camboata (Cupania vernalis Camb.) no processo de recuperagdo de pastagens de Brachiaria INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N* 3 - SETEMBRO2019 decumbens no municipio de Ribas do Rio Pardo, MS, em bioma Cerrado. Foram classificadas como alta, média ¢ baixa infestagio as densidades de plantas de camboati de 6 plantas'm’ e 49% de area de cobertura, 2 plantasim? & 36% de rea de cobertura ¢ 0,5 planta/m e 13,5% de irea de ‘cobertura,respectivamente (Tabela 7) Observa-se que a resposta & adubago foi maxi ‘mizada na auséneia da planta infestante (Testemunha) Mesma no nivel baixo de infestago a produgio de for- ragem no tratamento adubado nio foi maximizada. Por ‘outro lado, apenas o procedimento de controlar as plantas infestantes para o nivel zero (Testemunha) possibilitou o ‘aumento na produgao de forragem, que quase alcangou a pprodusdo do tratamento adubado, mas com alta taxa de Infestago de camboatd, com valores de 3.246 € 3,680 kg ha! de MS, respectivamente, Comparando-se 0s custos de investimento para con- ‘wole de plantas infestantes com os custos de investimento para a corregio € adubagio do solo, conclui-se que o controle de plantas infestantes ¢ bem mais barato e, portanto, deve ser ‘executado antes. &. ATAQUE DE PRAGAS E DOENCAS. Aspastagens, como outras culturascultivadas, sofrem ‘ataques de pragas e sfo acometidas por doengas. As pragas ‘que atacam as pastagens sAo classificadas como ocasionais, gerais e especificas. Como ocasionais so encontradas as ‘cochonilhas, as lagartas © 0 percevejo-das-gramineas: como sgerais so encontrados os cupins, as formigas, os gafanho- tos, as Iarvas de besouros escarabeideos € 0 percevejo- ccastanho-das-raizes; e como especificas, as cigarrinhas- das-pastagens. Considerando-se que ¢ possivel aumentaratolerincia| das plantas forrageiras is pragas ¢ és doengas por meio da ccorrego eda adubagio do solo, deve-se manter seu controle para que resposta da planta 20 manejo da fertilidade do solo soja maximizada As pragas cortadoras (formigas, gafanhotos, lagartas, ‘cupins subterrineos) reduzem o indice de rea foliar da planta forrageira, reduzindo a fotossintese e, consequentemente, 0 actimulo de forrazem. As que sugam a seiva e sio toxicosé- nicas (cigatrinha-das-pastagens, cochonilha, percevejo-das- ‘eramineas, percevejo-castanho-das-raizes) desorganizam ‘© metabolismo da planta; por exemplo, as cigarrinhas-das- pastagens injetam nas plantas dois grupos de substancias toxicogénicas: um grupo se coagula no interior do tecido das folhas, possivelmente desorganizando o transporte da seiva, e outro grupo, composto por substincias solves, se transloca para o apice das folhas, provocando a morte dos tecidos. Em consequéncia do efeito dessas substincias, corre ‘redugo na produ de forragem, com consequente redugdo «da capacidade de suporte da pastagem: ‘Tubela 7, Produgio den Gra sea total (MS) Fangio da taxa deinfestagao de camboati eda adubagio do solo. Adubado 3.680 Ca 3.884 Ca Nao adubado 2.405 B> 2.867 Ab (kg ha* MS) - 5.066 Ba 3.509 Ab A ‘Médias seguidas da mesma letra, miniscua na coluna e maiiscua na linha, nfo diferem entre si pelo Teste Tukey (5%), Fonte: Dobashi etl. (2001). Assim, para a maxima resposta aos cortetivos eadubos aplicados 20 solo, ¢ importante garantir a auséneia de pragas «© doengas ou pelo menos manté-las em niveis populacionais abaixo do nivel de dano econdmico. 9, IRRIGACAO DO SOLO DA PASTAGEM Aimrigagio do solo da pastagem possibilta 0 controle de sua umidade ~ eondi¢do que potencializa a resposta is adubagSes, particularmente com N e prineipalmente quando 1 fonte de N é a ureia convencional (Tabela 8). Observa-se {ue aitrigagao do solo da pastagem possibilitou inerementos ras respostas ao N, que variou de mais 25%, para a dose de 100 kg ha, a 52%, para a dose de 600 kg ha 10. SUPLEMENTACAO ANIMAL No manejo da fertilidade de um solo de pastagem, parte dos nutrientes que compéem os suplementos para os ‘animais em pastejo € considerada como uma “importagio" de nutrientes para o sistema de produgio. Dependendo da {quantidade ¢ da concentrago dos suplementos fornecidos ‘0s animais, as quantidades que slo incorporadas aos solos da pastagem por meio da ciclagem de nutrientes podem ser signifcativas Em uma fazenda de pecusria de corte, 120 machos foram alocados durante 183 dias em um piquete com area dde 37,5 ha, com uma taxa de lotagio de 3,2 animais/ha, O solo da pastagem nunca tinha sido corrigido e adubado, Os animais comeyaram a receber suplementagio quando pesa- vam 420 kg e sairam desse piquete pata o frigorifico com 545 kg. Durante esse periodo, foram suplementados em ‘média com 8,7 kg de concentrado/cabega/dia com 16% de proteina bruta (PB), ou 2,6% de N e 0,42% de fosforo (P), {otalizando 5.086 kg de concentrado/ha no periodo. Por meio dde um modelo de balango de massa (AGUIAR; CASETA, 2012), foi possivel predizer que, através da ciclagem, a jimportag2o de nutrientes via concentrado poderia estar contribuindo com 66 kg de N ¢ 11 kg ha ano* de P.O, Pecuaristas que tém suplementado por muitos anos animais na fase de engorda com altas quantidades de concentrado, ‘em uma mesma drea, ém observado que no perioda chuvoso a rebrota da pastagem é mais vigorosa, que a coloragio da planta tem mudado ¢ que a capacidade de suporte tem aumentado, mesmo sem nunca terem cortigido e adubado 108 solos daquelas areas. E as anilises de solos feitas em diferentes anos tm suportado a conclusfo de que a ciclagem de nutrientes ¢ significativa Por outro lado, em um sistema muito intensivo de produgio de leite em pastagem cujo solo é corrigido, adubado e irrigado ja por mais de 15 anos, com taxa de lotago média anual de 10 UA‘ha, com vacas em lactagao (10 vacastha) consumindo 15.000 kg de concentradavha/ano com 11,5% de PB (1,8% de N), 0,38 de P, 0,47 de potissio () € 0,11 de enxofte (S), a importagdo de mutrientes via concentrado poderia estar contribuindo, através da cicla- gem, com 259 kg de N, 18 kg de P,O,, 24 ke de KO € 3 kg ha! ano" de S, Assim, em pastagens com animais suplementados com altos niveis de concentrados, as respostas is adubagDes ppodem estar abaixo das expectativas, a que um aporte sig- nifcativo de nutrientes & importado do sistema por meio da ‘Tabela 8, Resposta da pastagem de capim-marand 20 nitrogénio em fung0 das dases de nitrogen e do regime hidtico, m Pa cn ea iad a i A Fonte: Oliveira et al. 2004) INFORMAGOES AGRONOMICAS NPCT N° 3 - SETEMBRO019

Você também pode gostar