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AULA 2 – Legislação

AULA 02
LEGISLAÇÃO

Curso Busca e Apreensão


SENASP
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2

Sumário

APRESENTAÇÃO AULA 2.........................................................................................3

UNIDADE 1 ..................................................................................................................4

ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS PERTINENTES À QUESTÃO.......................4

UNIDADE 2...................................................................................................................6

CONSTITUIÇÃO FEDERAL .......................................................................................6

UNIDADE 3..................................................................................................................13

CÓDIGO DO PROCESSO PENAL.............................................................................13

UNIDADE 4................................................................................................................. 33

OUTRAS NORMAS LEGAIS .................................................................................... 33

FECHAMENTO DA AULA ....................................................................................... 35

ATIVIDADE DE CONCLUSÃO DE AULA............................................................. 36

ANEXO 1
...................................................................................................................................... 37

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Legislação

Olá! Você está na aula 2 do curso Busca e Apreensão.

Nesta segunda aula serão discutidos os conteúdos das seguintes unidades:

• Unidade 1: Análise dos aspectos legais pertinentes à questão.


• Unidade 2: Constituição Federal.
• Unidade 3: Código de Processo Penal.
• Unidade 4: Outras normas legais.

A seguir, conheça os objetivos desta aula.

OBJETIVOS
A partir dos conhecimentos tratados nesta aula você será capaz de:
• Identificar e analisar os aspectos legais pertinentes à questão.
• Examinar a Constituição Federal sobre a questão.
• Examinar o Código de Processo Penal sobre a questão.
• Enumerar outras normas legais.

A seguir, acesse esta aula em PDF para que você possa salvar em sua máquina e até
imprimir se desejar.

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Análise dos Aspectos Legais Pertinentes à Questão

Qualquer policial deve ter a consciência da Conforme já orientado por seus


Importância de seu papel na busca da verdade real. professores nas academias de polícia
que freqüentaram quando da realização
de seu curso de formação profissional.

Aí estão alguns dos atributos essenciais do profissional de segurança pública, aquilo que
o difere do cidadão comum. Nas situações adversas é que se consegue demonstrar o
preparo profissional recebido nas academias de polícia, logicamente aliado à
experiência.

Todos nós sabemos, sendo profissionais de segurança pública, que devemos ter uma
precisão cirúrgica na realização da busca com conseqüente apreensão/constatação ou
não das provas.
Ocorre que no desencadeamento da
Muitas das vezes, as investigações criminais busca, como por exemplo, no
cumprimento de um mandado judicial a
demandam meses e até mesmo anos em
ser realizado em uma residência, por
busca de elementos de convicção que ansiedade e afobação acabamos
estabeleçam o liame materialidade-autoria. apreendendo/constatando provas
materiais de forma incorreta,
prejudicando, assim, a verdade real.
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IMPORTANTE
Por este motivo temos o dever de evitar aquilo que chamamos de “questionamentos
de ordem jurídica” quando executamos a busca.

Fique atento!

Conscientes de que nossa presença incomoda e de que o cidadão na realidade apenas


“nos tolera”, por mero imperativo legal, não podemos olvidar que, por conseqüência,
esse mesmo cidadão e seus defensores/advogados estarão alerta no sentido de
procurarem falhas de ordem legal, objetivando, desta maneira, desconfigurar o que
foi encontrado ou, no mínimo,colocar em dúvida a diligência da forma como foi
realizada

IMPORTANTE

Paciência, perspicácia, transparência e, principalmente obediência às leis,


com certeza garantirão uma adequada e eficaz diligência policial de
busca e apreensão, sem qualquer transtorno ou questionamento.

Você verá a seguir alguns temas legais de relevância na aplicação da busca e apreensão.

Faça aqui suas anotações...

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Constituição Federal

RELEMBRANDO

Na unidade anterior você estudou como se faz a análise dos aspectos legais
pertinentes à questão. Nesta unidade falaremos sobre o que orienta a Constituição
Federal referente à busca e apreensão.

A Constituição Federal é a lei máxima do país que traça linhas gerais a serem
aplicadas na garantia do estado de direito.
Constituição Federal -
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.ht
m

Neste aspecto, entre outros, a Carta Magna garantiu Inciso X art. 5° - são invioláveis
expressamente no Inciso X art. 5° , a a intimidade, a vida privada, a
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, honra e a imagem das pessoas,
assegurando, inclusive, o direito à indenização assegurado o direito à indenização
por dano material ou moral decorrente de sua pelo dano material ou moral
violação. A intimidade e a vida privada estão decorrente de sua violação.
diretamente relacionadas com o tema aqui estudado. (Constituição Federal,1988).

Em decorrência da garantia à privacidade, estabeleceu, expressamente, a inviolabilidade


do domicílio, preceituando que ninguém poderá nele entrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial.

Observa-se que, nos casos de mandado judicial, o dispositivo restringiu o acesso ao


domicílio da pessoa ao período diurno, o que não ocorre nas demais hipóteses, que
podem ser realizados a qualquer hora.

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IMPORTANTE

Então, é importante você sempre lembrar, que a intimidade e a vida privada do


cidadão compreendem fatos que somente sejam de seu interesse, não estando
acessíveis a terceiros, salvo nos casos em que os disponibilize espontaneamente.

REFLEXÃO
Quantas vezes já não lhe veio ao pensamento, no seu cotidiano, principalmente na
execução de buscas domiciliares, o que na realidade significa casa e dia,
mencionados na Constituição Federal?

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As garantias constitucionais da intimidade e da vida privada estão diretamente


relacionadas ao conceito de casa. A inviolabilidade do domicílio também.

IMPORTANTE

Por este motivo, casa deve ser interpretada como sendo o local em que o indivíduo
se liberta para, muitas das vezes, sair das regras sociais de comportamento que lhe
são impostas imperceptivelmente, sem ter o receio de ser incomodado ou observado
por qualquer outro.
É dentro de casa que o cidadão pode gritar livremente, ficar despido, deitar no chão,
“plantar bananeira”, etc., tudo em respeito à sua privacidade. Ou seja, em síntese,
casa é qualquer compartimento habitado, não acessível ao público.

ATIVIDADE DESCRITIVA

Faça neste momento uma análise lógica do que pretendeu o legislador constituinte ao
inserir as palavras “casa” e “dia” no texto constitucional.

Registre sua resposta aqui...

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Você pode compreender o que significa casa e dia, porém, não se pode, dentro das
garantias individuais previstas na Constituição Federal, limitar a interpretação de casa
apenas às referências que já então previstas no Código Penal e de Processo Penal. O
tema é muito mais amplo. Veja...
Art. 150 – Curso de Direito Processual Penal
Convém lembrar a lição de Magalhães Noronha: Guarde-se também
que o referido art. 150 fala em casa alheia ou suas dependências.
Conseqüentemente, domicílio é não apenas a casa onde a pessoa
desenvolve sua atividade, isto é, o edifício propriamente dito, mas
também outros lugares, como o carro do saltimbanco, a cabina de um
carro, o quarto do hotel, o escritório, etc., e dependências são lugares
acessórios ou complementares, como o jardim, o quintal, a garagem,
etc., não franqueadas ao público.

Como muito bem acentuou Magalhães Noronha, as dependências são lugares


interligados à casa, entretanto não franqueadas ao público.

EXEMPLO

O jardim de uma casa localizada em um condomínio fechado, em que não haja


muros ou grades que o separe da via pública, não pode ser considerado dependência
da mesma, pois não há intimidade ou vida privada a ser preservada. Da mesma
forma, os arredores de um imóvel localizado em uma propriedade rural, os
estábulos, os depósitos de suprimentos, também não são dependências da casa-sede
ou da casa de colonos.

Por este motivo você, policial, não pode deixar de correlacionar casa com intimidade.
Faça sempre este raciocínio e não terá dificuldade em definir o que é casa no aspecto
legal constitucional.

E quanto ao significado de dia?

No início da vigência da atual Constituição Federal, muito se discutiu sobre o que


deveria ser entendido como dia. Trata-se de assunto controvertido.

Os juristas não chegaram ainda a um consenso, havendo duas correntes distintas quanto
ao conceito de dia.

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Primeira corrente
A primeira delas entende que dia é o período compreendido entre as 06:00 e às
18:00 horas.
Segunda corrente
Já a segunda corrente defende a idéia de que dia é o período de tempo que medeia
entre o nascer e o pôr-do-sol.

REFLEXÃO

Para você quais das duas correntes estão corretas?

Vamos ver mais sobre isso a seguir.

Homem: A mudança de fusos


Veja, ambas possuem críticos e defensores e, na horários e a decretação do
prática, tanto uma como a outra sofrem injunções chamado “horário de verão”.
ditadas ora pelo homem, ora pela natureza.
Natureza: Os solstícios de
verão e de inverno.
DICA
Importante frisar, que o limite temporal impõe-se
apenas para o início da busca. Iniciada a diligência
durante o dia, poderá estender-se pelo tempo
necessário à sua conclusão.

A profissão de policial exige, na maioria das vezes, decisões rápidas e imediatas, não
permitindo consultas preliminares capazes de definir seus limites de atuação.

O risco é algo permanente no exercício de seu cargo. Não se trata somente do risco de
vida, inerente à atividade. O risco aqui mencionado é aquele que deve ser colocado à
disposição da sociedade na interpretação da norma jurídica, ou seja, você não pode ter o
receio de agir em nome da sociedade ao executar ações de natureza policial.

Por este motivo vale aqui uma definição lógica e não-doutrinária do conceito de dia.

Basta verificar que se o legislador quisesse estabelecer horário fixo para a entrada na
casa com mandado judicial, assim teria explicitado. Dessa forma, dia e noite se
contrapõem.

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Assim, podemos dizer que o dia, de forma geral, se inicia com a claridade natural e se
encerra com sua ausência.

REFLEXÃO
Mas, e naquelas situações de tempo fechado em que, por
exemplo, ao meio-dia, a claridade não persiste?

Bem, diante de tais situações, podemos dizer que quando o legislador autorizou a
realização de busca domiciliar, mediante ordem judicial, somente durante o dia, quis
também estabelecer que a noite é o período em que normalmente o cidadão reserva para
o seu descanso rotineiro e não merece ser incomodado.

Nesta linha, geralmente o trabalhador brasileiro, mesmo aqueles que labutam nas áreas
agrícolas, na pesca, etc., exerce suas atividades entre as 06:00 e às 18:00 horas. Eis a
solução, BOM SENSO, como já dito anteriormente.

Bem, então, mesmo com ausência de claridade, às 16:00 horas você poderá iniciar a
busca.

Para concluirmos esta unidade, para que não pairem dúvidas a respeito do significado de
dia, às vezes você pode ter ouvido de algum outro colega “que o juiz expediu o
mandado e autorizou, inclusive, a entrada no domicílio, mesmo à noite”.

Atenção!
Você, sendo policial, somente poderá atender ordens emanadas
de autoridades competentes e que atendam os preceitos legais.

Neste caso específico, lembre-se de que a ordem judicial, mesmo que documentada, fere
a Constituição Federal, violando princípio fundamental e, portanto, deve ser ignorada,
quanto ao aspecto noite.

Fechamos aqui a segunda unidade da aula 2. A seguir, propomos uma atividade para
sua auto-avaliação.

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Atividade

Analise a situação a seguir, em seguida responda:

Você tem um mandado que autoriza em domícilio, porém já são 17h. De acordo com a
Constituição Federal que atitude você tomaria em tal situação?
Socialize sua resposta com os demais alunos e com seu tutor.
Registre sua resposta aqui...

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CÓDIGO DO PROCESSO PENAL

RELEMBRANDO

Na unidade anterior você estudou o que determina a Constituição Federal sobre


busca e apreensão. Foi destacada principalmente a compreensão dos termos “casa”
e “dia”.
Nesta unidade você vai estudar o que orienta o código de processo penal em
relação à busca e apreensão.

O tema deste curso mereceu destaque especial no Código de Processo Penal, em um


capítulo próprio, que disciplina em que situações são permitidas a busca e apreensão e a
forma de suas execuções, objetivando a busca da verdade real.
Veja a seguir o que diz o texto da lei.

O capítulo XI do Código de Processo Penal trata exclusivamente sobre Busca e


Apreensão. A seguir você pode imprimir o que diz o texto de lei.
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.

Código de Processo Penal.

CAPÍTULO XI
DA BUSCA E DA APREENSÃO

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1 o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,


para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando
haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.

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§ 2 o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém


oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o
nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II – mencionar o motivo e os fins da diligência;
III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

§ 1 o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

§ 2 o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do


acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando


houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso
de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o
mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
em seguida, a abrir a porta.

§ 1 o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o


objeto da diligência.

§ 2 o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.

§ 3 o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas


existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.

§ 4 o Observar-se-á o disposto nos §§ 2 o e 3 o , quando ausentes os moradores,


devendo,neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e
estiver presente.

§ 5 o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será


intimado a mostra-la.

§ 6 o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e


posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

§ 7 o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o


com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4 o .

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Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a
busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em
compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência
serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento
ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição
alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento
de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da
diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1 o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa
ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção,
embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada
direção, forem ao seu encalço.

§ 2 o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade


das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade
dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
modo que não se frustre a diligência.

Vamos a seguir tratar do texto de lei, acrescido de comentários com o objetivo de


auxiliá-lo em sua atividade profissional.

Para facilitar seu estudo e não tornar cansativa a sua leitura em tela organizamos os
artigos e seus comentários abaixo.

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Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.


o
§ 1 Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando
haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.

o
§ 2 Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.

Artigo 240 § 1º - domiciliar

o
§ 1 Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:...

O CPPB estabeleceu duas espécies ou modalidades de busca. A domiciliar é aquela


realizada na casa/domicílio, cujo conceito e aplicação já foram expostos anteriormente.

Artigo 240 § 1º alínea “h” – objeto da busca


h) colher qualquer elemento de convicção.

Embora já citado, você deve lembrar que a busca domiciliar é perfeitamente cabível
para o possível encontro de “qualquer elemento de convicção”, o que lhe garante
liberdade na diligência.

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Artigo 240 § 1º alínea “a”


a) prender criminosos;
c/c art. 243 § 1º – prisão
o
§ 1 Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

Muito discutida no meio policial é a necessidade ou não de haver autorização judicial


específica que autorize a entrada na casa para o cumprimento de um mandado de prisão
em que está expresso o endereço residencial da pessoa contra quem será efetivada a
medida constritiva. O que você acha sobre isso? Vamos conversar a respeito e
esclarecer o assunto?
Pois bem, você se recorda que momentos atrás falamos sobre a necessidade de
você,policial, estar sempre atento a possíveis questionamentos de ordem jurídica sobre a
sua ação? Pois bem, o artigo 240, § 1º, alínea “a” diz que a busca domiciliar será
procedida para “prender criminosos”. Ainda o § 1º do artigo 243 ressalta “Se houver
ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca”.
Estando você de posse de uma ordem judicial de medida restritiva de liberdade de
locomoção, diga-se, um mandado de prisão, deverá empreender esforços no sentido de
localizar a pessoa a ser presa e efetivar a medida. Normalmente, nos mandados de
prisão expedidos pela justiça está expresso o endereço da pessoa em que o juiz assim se
pronuncia: “Determino a autoridade policial ou seus agentes que prenda e recolha à
cadeia pública local fulano de tal, residente na rua/av. tal , ou onde for encontrado”.
Alguns policiais, equivocadamente, interpretam que as palavras “onde for encontrado”
lhe garantem acesso a qualquer lugar, independentemente de ordem específica. Da
leitura dos artigos 240,§ 1º, alínea “a” e 243 § 1º, não resta dúvida de que para se
prender alguém, munido de ordem judicial, o policial para entrar em qualquer
casa/domicílio, ainda que o endereço seja mencionado no mandado de prisão, necessita
respeitar a inviolabilidade do domicílio, expresso na Constituição Federal e, portanto,
necessita de uma ordem judicial específica que o autorize entrar naquela residência para
cumprir o mandado de prisão. E ainda assim somente poderá ser realizado durante o dia,
à exceção do morador consentir a entrada durante à noite, em que recomenda-se
documentar a autorização de entrada e, se possível, na presença de testemunhas.
Tratando-se de diligência (cumprimento de mandado de prisão) levada a efeito durante a
noite, inicialmente o morador também será intimado para apresentar quem se busca e,
se a ordem não for atendida, os executores deverão, então, vigiar e guardar todas as
saídas do imóvel, arrombando-se as portas e efetuando-se a prisão ao amanhecer (art.

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293, CPP).

Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou
se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem
de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.

Cabe frisar que os policiais encarregados do caso terão que se certificar de que
efetivamente o procurado entrou, ou se encontra, na casa investigada e devem estar
munidos do Mandado de Busca e Apreensão de pessoa, além obviamente, do Mandado
de Prisão.

Por este motivo, orientam-se as autoridades policiais no sentido de quando efetuarem


representações para a decretação da prisão de qualquer pessoa, também devem solicitar
ao juiz competente fazer constar no próprio Mandado de Prisão as ressalvas que
autorizam a entrada no imóvel do endereço indicado.

Artigo 240 § 1º alínea “f” – correspondências


f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato.

Importante também observar que, em relação à apreensão de “cartas, abertas ou não,


destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato”, segundo a
redação daquele mesmo artigo, não teria sido recepcionado pela Constituição Federal de
1988, no entender de alguns autores e, portanto, não se admitiria em hipótese alguma a
violação do sigilo da correspondência. Acreditar que este sigilo é absoluto, não podendo
ser acessado nem mesmo com ordem judicial é, no mínimo, extremar a intimidade em
prejuízo da coletividade. O sigilo deve ser garantido, entretanto deve ser interpretado
com relatividade, em que, fundamentadamente, deve ser afastado para atender os
interesses de ordem criminal.

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O tema é polêmico, “havendo quem sustente, com base na relatividade das liberdades
públicas, a aplicação do princípio da proporcionalidade de modo a ser possível, em
casos graves, a violação do sigilo das correspondências”. (CAPEZ, Fernando. Curso
de Processo Penal).

Contudo, a melhor orientação, especialmente para a atividade policial, em caso de


apreensão de correspondências fechadas, quando no cumprimento de mandado de busca
domiciliar, é apreender tais documentos, não procedendo à imediata abertura,
mantendo-os preservados, para que, em seguida, a autoridade requeira ao juízo
competente, autorização para sua abertura, em respeito aos princípios constitucionais
vazados no art. 5º, X e XII, CF.
Tal orientação é aplicável também na hipótese de apreensão de objetos que sejam
utilizados para a recepção e guarda de arquivos magnéticos, tais como disquetes, CDs,
DVDs, Pen Drive, discos rígidos, etc.

Artigo 240 § 2º
o
§ 2 Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.
c/c art. 244 – pessoal
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou
de objetos
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
determinada no curso
de busca domiciliar.

A busca pessoal ou “revista” consiste na inspeção do corpo ou no âmbito de guarda


aderente ao corpo (vestimenta) de alguém que se suspeita esteja ocultando objetos ou
instrumentos de infração penal. Ela também é limitada por garantias constitucionais,
uma vez que importa restrição à liberdade individual, podendo-se cogitar de eventual
violação à intimidade.

A medida pode ser realizada com ou sem mandado, a teor do art. 240, § 2º c/c o art. 244
do CPPB. Via de regra, na atividade policial, ela é efetuada sem mandado, pelo seguinte
permissivo legal, do próprio CPP:

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Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando


houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
determinada no curso de busca domiciliar.

No entanto, da leitura acurada dos dispositivos acima mencionados, entende-se que é


admitida a busca pessoal com expedição de mandado. A diferença dessa
modalidade,para a busca domiciliar com mandado, reside no fato de que para a busca
pessoal, o mandado (em sendo o caso de busca pessoal com mandado) não precisa ser
necessariamente expedido por autoridade judicial, podendo a autoridade policial expedi-
lo. Tal entendimento decorrente da inteligência do dispositivo constitucional que exigiu
ordem judicial somente para a busca domiciliar recepcionando, por exclusão, as normas
do CPP, em matéria de busca pessoal. Nos dias atuais não se tem utilizado a expedição
de mandado de busca pessoal, mesmo porque é difícil saber de antemão a identidade da
pessoa a ser revistada.

Importante salientar que a “revista” é fundamental para a preservação da integridade


física dos policiais e do próprio “revistado”. A busca deve ser minuciosa e cautelosa,
pois as cavidades naturais do corpo se prestam para a ocultação de armas e drogas.

A lei processual exige “fundada suspeita” para autorizar a busca pessoal. Assim, em não
havendo ao menos indícios a legitimar a atividade policial, a busca será considerada
arbitrária e, por conseqüência, ilegal.

O legislador, no tocante à busca pessoal realizada em mulher, determina: “será feita por
outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência” (art. 249 do
CPP).
Assim, poderá um homem, havendo risco de prejuízo relevante e irreparável à diligência
policial, proceder à busca pessoal em mulher. Entretanto, tal medida deve ser adotada
em casos extremos, uma vez que constrangimentos podem surgir na realização da
referida medida.

Assim, como orientação prática, recomenda-se, sempre que for possível, à equipe que
realizará a diligência (busca domiciliar ou pessoal) deverá ser integrada por, pelo
menos, uma policial.

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Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar


pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

Artigo 241 – necessidade do mandado

O texto deste artigo não mais se aplica em razão da promulgação da Constituição


Federal de 1988, excluindo-se, portanto, a autoridade policial como detentora de
poderes para a expedição de mandado de busca e apreensão domiciliar.

Conforme já dito anteriormente, somente a autoridade judiciária poderá expedir referido


mandado. Raras as vezes, em que a autoridade judiciária participa de uma diligência
nesse sentido, cabendo salientar que se estiver presente, o juiz tem o dever de se
identificar ao morador e cumprir todo o rito exigido por lei, e ainda respeitar o horário
de entrada. A sua presença no local dispensa apenas o documento “mandado de busca e
apreensão”.

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes.

Artigo 242 – solicitação do mandado

O pedido de autorização judicial para a realização de busca domiciliar no âmbito


criminal é feito mediante representação fundamentada da autoridade policial ou do
representante do ministério público ao juiz competente. Aquele que representar deve
expor os motivos e os fins que ensejam a solicitação da expedição do mandado, não
esquecendo de indicar, o mais precisamente possível, o local em que será realizada a
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador.

Nada impede que o mandado de busca domiciliar seja expedido pela autoridade
judiciária sem a representação da autoridade policial ou do representante do ministério
público, ou seja, de ofício.

Algumas observações são pertinentes neste momento. Um estado de direito somente


será sedimentado em nosso país, quando, dentre outros fatores, houver espeito
recíproco entre as instituições, em que as limitações constitucionais de atuação devem

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22

ser observadas gerando, com isso, conseqüente fortalecimento das mesmas.

Dessa forma, observamos em algumas oportunidades, instituições que operam


diretamente nos ramos do direito penal e processual penal, querendo de alguma forma
açambarcar as atribuições constitucionais de outras.

No que consiste a busca e apreensão, aqui estudadas, dois pontos fundamentais devem
ser lembrados e que são essenciais na atividade policial-criminal. Primeiro, a busca
pode ter caráter preventivo; segundo, a busca pode ter caráter investigativo.

Quando falamos da busca em seu caráter preventivo, principalmente na busca pessoal,


todos os policiais, de qualquer dos órgãos de segurança pública, previstos na
Constituição Federal, estão autorizados a Requerê-la, independentemente de mandado,
quando houver fundadas suspeitas ou no curso de busca domiciliar. Quando você está
trabalhando em uma barreira/blitz e passa a efetuar buscas nas pessoas e nos veículos,
está realizando-as em seu caráter preventivo, embora em algumas situações resultem em
prisão em flagrante delito.

Por outro lado, quando falamos da busca em seu caráter investigativo, em que se
procuram indícios ou provas da prática de um delito criminal e sua autoria, somente os
integrantes dos quadros das polícias judiciárias (civil ou federal) estão autorizadas
requerê-las, com exceção dos procedimentos de ordem militar, pois a investigação
criminal a elas pertence por força de mandamento constitucional. Obviamente que na
execução da busca investigativa, a autoridade policial poderá contar com o auxílio de
outras forças policiais, entretanto o comando será seu, até mesmo porque a presidência
da investigação está sob sua responsabilidade.

Embora o artigo 242 do CPPB diga que a expedição do mandado poderá ser solicitada a
requerimento de qualquer das partes, torna-se de rara aplicação. Alguns doutrinadores
entendem, por força deste dispositivo, que o investigado, no seu interesse, poderá
requerê-lo. Na prática, quando ainda em fase de investigação, este requerimento é
direcionado a autoridade policial, a qual, sempre em busca da verdade real, analisará a
sua conveniência e, assim entendendo, representará ao juiz competente.

Art. 243. O mandado de busca deverá:


I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência
e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome

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da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;


II – mencionar o motivo e os fins da diligência;
III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1o. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.
§ 2º. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Artigo 243 – requisitos do mandado de busca

Ao representar pela expedição de um mandado de busca domiciliar, a autoridade


policial deverá expor os motivos e fundamentos que permitam aplicação da medida
excepcional e, ainda, indicar o mais precisamente possível a localização do imóvel, seu
proprietário ou morador, assim como o quer encontrar.

Os motivos serão expostos de acordo com os elementos já investigados e comprovados,


não cabendo a solicitação somente baseada em notícias anônimas. Uma vez recebida, a
notícia anônima deve ser esmiuçada para que possa buscar indicativos de sua
procedência e, em sendo necessária, a depender de cada caso, a solicitação do mandado
será efetivada.

Ao indicar o imóvel, devido às particularidades de cada região do nosso país, a


autoridade policial deverá ser detalhista, ou seja, dirá não somente o logradouro,
numeral, bairro e cidade. Deverá, na medida do possível, descrevê-lo, indicando a cor e
outras características capazes de identificá-lo. Atualmente, algumas organizações
policiais melhores equipadas, têm incluído na representação a localização do imóvel
com coordenadas geográficas constatadas por GPS (Global Position System). E mais, a
identificação do proprietário ou morador traz maior credibilidade à representação,
demonstrando que houve uma investigação preliminar de todas as circunstâncias que
envolvem os fatos investigados. Você já se deparou com uma situação em que o número
da residência constante no mandado não é o mesmo do local em que se pretende realizar
a busca? O que fazer neste caso?

Ora, se no mandado judicial constar, por exemplo, o nome do morador ou responsável


ou da pessoa investigada, torna-se irrelevante a divergência do numeral e a busca deve
ser procedida. Nesse mesmo sentido, estando o imóvel vazio, mas havendo outras
características que permitam identificá-lo como sendo aquele em que se pretende
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realizar a busca, a divergência do numeral também se torna insignificante.

Os mais cautelosos, desde que não haja prejuízo para a investigação, observando-se
sempre o princípio da oportunidade, normalmente retornam e solicitam a expedição de
novo mandado, já com os dados corrigidos. Não é a melhor saída, mas se você tiver de
fazer isso, adote as providências para que os indícios e provas não desapareçam. Por
outro lado o equívoco constatado quando da execução da busca demonstra que algo de
errado ocorreu na fase preliminar, a dos levantamentos iniciais, justificando-se apenas
em situações de extrema dificuldade de acesso ao local, até mesmo com risco aos
policiais.

O mandado expedido deve conter o que se busca, ou seja, o que se pretende apreender,
de forma que a autoridade policial deverá expor ao juiz o que pretende obter com a
diligência. Deverá dizer se irá buscar documentos e quais; entorpecentes; armas; etc.
Normalmente orienta-se as autoridades policiais a inserirem em suas representações “e
outros elementos de convicção” relacionados com o crime investigado. Desta forma, o
universo da busca torna-se mais amplo.

Recepção do mandado judicial

Não seria necessário mencionar, eis que notório entre os policiais, mas o sigilo “é a
alma do negócio”.

Ao solicitar o mandado judicial de busca e apreensão, a autoridade policial deve tomar a


precaução necessária para manter o sigilo da investigação, tomando conhecimento
apenas aqueles que estão diretamente relacionados com os fatos investigados. Se
necessário deverá até mesmo estabelecer o grau de sigilo do documento, atendendo seus
limites.

Ao recebê-lo da justiça, também deverá atuar com discrição. Não se pode admitir que
esta ordem judicial seja recebida por um funcionário não integrante da carreira policial,
sob pena de ter o seu conteúdo veiculado, ainda que inconscientemente. Lembre-se de
que você, policial, tem uma doutrina diferente dos demais servidores e está preparado
para manter o sigilo e a compartimentação necessárias para o deslinde satisfatório da
investigação.

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Art. 243 § 2º – Apreensão de documentos em poder do advogado


o
§ 2 Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
salvo quando constituir elemento do corpo de delito.
O elemento de corpo de delito é tudo aquilo que esteja relacionado com o fato
criminoso e que possa, de alguma forma, comprovar sua materialidade, ou seja, a
existência do próprio crime, objetivando a busca da verdade real com o possível
esclarecimento de autoria.

O advogado tem fundamental relevância na efetiva aplicação da justiça, entretanto não


poderia este profissional prevalecer-se de alguma prerrogativa e se tornar insuscetível
das ações policiais, entre elas a de busca e apreensão.

Perceba que não é somente a condição profissional que lhe dá a garantia da não
apreensão do documento em seu poder. O advogado tem que estar na condição de
defensor do investigado/acusado para poder usufruí-la.

Existem situações em que o próprio defensor atua na condição de co-autor ou partícipe


do crime que está sendo investigado. Em outras se torna autor de crimes que decorrem
da ação criminosa de seu cliente, entre eles o de receptação (art. 180 do CPB) do
produto do crime e até mesmo de favorecimento real (art. 349 do CPB) e, nestas
condições não gozará, em nenhuma hipótese, deste preceito legal.

Dúvidas surgirão no momento da execução da busca, para se saber se o documento


encontrado em poder do defensor é ou não resguardado pelo sigilo profissional. A
recomendação, neste caso, é para que se proceda à apreensão de forma a garantir o
sigilo de seu conteúdo, narrando no auto circunstanciado de busca o ocorrido, inclusive
com os protestos do defensor e, aguardar o posicionamento do juiz sobre a possibilidade
do uso do documento apreendido como prova obtida por meios lícitos. Dessa maneira
você, policial, não estará cometendo qualquer abuso ou excesso, ao contrário, estará
sendo zeloso na busca da verdade real, cabendo ao judiciário a decisão final.

Você deve estar se perguntando, é possível a realização de buscas em escritório de


advocacia?

Os ambientes específicos que estão sujeitos à busca e apreensão serão estudados mais

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adiante, entretanto neste momento, tenha certeza que sim.

Art.244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando


houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso
de busca domiciliar.

Artigo 244 – Busca Pessoal (complemento)


Já falamos sobre a “fundada suspeita”, mas o que na realidade seria isso?

Você aprendeu na Academia de Polícia a analisar diuturnamente os ambientes em que


está presente, independentemente de estar ou não em seu horário de trabalho.

A observação do policial é muito mais aguçada que à do cidadão comum. O policial


observa os fatos de uma maneira mais completa e aliando o seu aprendizado com a
experiência é capaz, de muitas vezes, antever o seu acontecimento, suspeitando que
aquela circunstância é no mínimo estranha.

Quando você percebe que alguém possa, de alguma forma, por suas atitudes e condutas
em um ambiente específico, estar na iminência de cometer algum ilícito, não pense duas
vezes, aja com seriedade e rapidez. Neste caso, a sua perspicácia poderá evitar o
cometimento de algum crime, estando presente, sem sombra de dúvidas, a “fundada
suspeita”.

O termo colocado em questão não encontra uma definição jurídica adequada e por
conseqüência, cabe a você defini-lo ao caso concreto, sempre se utilizando do atributo
do BOM SENSO. Não tenha receios, acredite na sua percepção e, em suspeitando,
realize a busca nos moldes legais.

Tema controvertido diz respeito às buscas em veículos. Mais adiante trataremos do


tema, mas neste momento já tenha ciência de que é possível a sua realização sem
mandado judicial, em casos específicos, sendo interpretada como busca pessoal. Por
outro lado, também há momentos em que o veículo está na condição de compartimento
habitado, em que deve ser respeitada a inviolabilidade do domicílio.

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Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão
o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a
porta.
§ 1º. Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto
da diligência.
§ 2º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3º. Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas
existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4º. Observar-se-á o disposto nos §§ 2 e 3 , quando ausentes os moradores, devendo,
neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
presente.
§ 5º. Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a
mostrá-la.
§ 6º. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e
posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7º. Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com
duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º..

Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de


proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação
coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão
ou atividade.

Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da


diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.

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Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição


alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local,
antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1º. Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou
coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção,
embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada
direção, forem ao seu encalço.
§ 2o. Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das
pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos
mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo
que não se frustre a diligência.

Artigos 245 a 250 – execução da busca

Como deve ser realizada a busca domiciliar? Essa indagação compreende dois
significados, ou seja, quais as formalidades legais que devem ser observadas numa
busca e quais as atitudes operacionais a serem adotadas pelos policiais no curso de uma
diligência dessa natureza. Neste momento será abordado apenas o aspecto legal.

Artigo 245 – buscas domiciliares

Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador


consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em
seguida, a abrir a porta.

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Para a validade da busca devem ser cumpridas as regras do art. 245 do CPP, obrigando
a leitura, a apresentação do mandado e a intimação do ocupante do imóvel para abrir a
porta antes do início da busca. Há, contudo, situações em que este procedimento poderá
importar em frustração da diligência ou excessivo risco aos executores. Nestas
situações, conforme será visto mais adiante, a leitura e a apresentação do mandado serão
feitas tão logo a situação esteja sob o controle dos policiais.

o
Artigo 245 § 2 – busca pessoal

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém


oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.

A lei autoriza em caso de desobediência à intimação para a abertura da porta, o seu


arrombamento e a entrada forçada (art. 245, § 2º, CPPB). Discute-se se esta conduta
poderia caracterizar o crime de desobediência previsto no artigo 330 do CPB. Não
podemos ter outra interpretação, pois a ordem da abertura da porta está sendo
determinada por um servidor público e amparada por dispositivo legal. Você não pode
neste momento demonstrar insegurança, tem que fazer prevalecer o imperativo legal,
entretanto, mais uma vez o BOM SENSO deve acompanhá-lo.

Imagine, por exemplo, você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de
São Paulo/SP com uma viatura descaracterizada e os policiais não trajados
ostensivamente?
É possível, em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar
de um roubo e desta forma recusar-se a abrir a porta. Pergunta-se. Haverá
desobediência no aspecto criminal?

Obviamente que não. Por isso, você deve avaliar cada caso e as suas circunstâncias
específicas.

Por outro lado, nesta mesma situação, você poderá arrombar a porta? Sem dúvida, pois
a não abertura espontânea irá trazer prejuízo à diligência. Uma vez dentro do imóvel e
com a situação sob controle, demonstre ao morador que você realmente é um policial e
prossiga lendo e apresentando a ordem judicial. Em seguida pergunte para que apresente
onde se encontra o objeto da busca descrito no mandado (caso especificado).

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Artigo 245, § 5º – determinação

o o o
§ 4 Observar-se-á o disposto nos §§ 2 e 3 , quando ausentes os moradores,
devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.
o
§ 5 Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será
intimado a mostrá-la.

Sendo determinada a pessoa ou coisa que se procura, os executores deverão intimar o


morador a mostrá-la (art. 245, § 5º, CPP). No caso de entrada forçada, em virtude da
ausência dos moradores, o art. 245, § 4º do CPP, determina que a diligência deverá ser
assistida por qualquer vizinho, se houver e estiver presente. Nessa hipótese, a autoridade
adotará medida para que o imóvel seja fechado e lacrado após a realização da busca que,
recomendando-se que seja assistida por duas testemunhas não policiais.

Perceba que a transparência da diligência é fator primordial para uma boa busca com
conseqüente apreensão. Você já deve ter ouvido falar que, infelizmente, alguns
advogados sempre questionam o trabalho realizado pelos policiais, fazendo inclusive
afirmações de que o que foi encontrado no local da busca é produto da ação tendenciosa
da polícia que quer a qualquer custo incriminar seu cliente. Por estas razões é
recomendável, sempre que possível, que as testemunhas convidadas a acompanhar a
diligência não sejam policiais.
Na ausência de pessoas no interior do imóvel, não inicie a busca sem a presença de
vizinhos/testemunhas, sob pena de deixar dúvidas quanto ao que realmente foi
encontrado. Paciência é uma das chaves para o sucesso deste tipo de diligência.
Contudo, haverá situações que você não terá possibilidades de encontrar nenhuma
testemunha, como em áreas rurais e/ou isoladas. Nestes casos, faça a busca assim
mesmo, consignando esta circunstância no auto respectivo.

Artigo 248 – em casa habitada

Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Os policiais executores da busca deverão, por cautela, adotar providências para


resguardar os bens, valores e numerários existentes no local, e evitar constrangimentos

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desnecessários aos moradores (art. 248 do CPP). É aconselhável que o morador ou


pessoa por ele indicada e testemunhas acompanhem os policiais em cada compartimento
da casa onde for realizada a busca, para evitar futuros questionamentos.

Neste particular, você já deve ter participado de alguma busca domiciliar em que o
morador e as testemunhas convidadas permanecem distantes dos policiais, às vezes até
mesmo fora dos limites da residência. Este é um procedimento incorreto, já que devem
acompanhar as buscas passo a passo, para se ter a certeza do local e forma como o
objeto foi encontrado.

Mais uma vez lembre-se:


NINGUÉM GOSTA DE SOFRER AS AÇÕES DA POLÍCIA.

No caso de busca com consentimento do morador é de todo conveniente que se colha


essa autorização por escrito, se possível na presença de testemunhas, para evitar futuras
alegações perante o Poder Judiciário, de que a busca não foi espontaneamente
autorizada.

Artigo 245 § 7º – término a diligência

§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com


duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.

Finalmente, após a realização da busca será lavrado auto circunstanciado, mesmo


quando a diligência resultar negativa (art. 245, § 7º). Esclarecedora é a lição de Galdino
Siqueira:

Finda a diligência farão os executores um auto de tudo quanto tiver sucedido, no qual
também descreverão as coisas, pessoas e lugares onde foram achadas, e assinarão com
duas testemunhas presenciais, que os mesmos oficiais de justiça (agora também a
autoridade policial) devem chamar logo que quiserem principiar a diligência e execução,
dando de tudo cópia às partes, se o pedirem. Se a busca e apreensão forem feitas na
presença do acusado, poderá este rubricar os papéis apreendidos, e se reconhecer os
objetos apreendidos como seus, será declarada no auto essa circunstância. Também neste
auto mencionar-se-ão as respostas que o acusado der quando perguntado sobre a
procedência das coisas apreendidas, a razão da posse, o uso a que se destinava.

Lembra-se da cadeia de custódia?

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Então leia o que diz o artigo 245 do CPP em seu § 6º. “Descoberta a pessoa ou coisa
que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou
de seus agentes.”

Com relação às situações de flagrante delito, são pacíficas a doutrina e a jurisprudência


no entendimento de que a busca domiciliar pode ser realizada sem mandado, mormente
nas situações de crime permanente, como é o caso de manter em depósito ou guardar
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, previsto no
art. 12 da Lei nº 6.368/76.

Lei nº 6.368/76
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
I – importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou oferece,
fornece ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda matéria-
prima destinada a preparação de substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica;
II – semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente ou de
substância que determine dependência física ou psíquica.
§ 2º Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
I – induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine
dependência física ou psíquica;
II – utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico ilícito
de entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica.
III – contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico ilícito
de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.

A esse respeito, assim se manifestou o Tribunal de Justiça de São Paulo: “Tratando-se


de infração de natureza permanente, como é previsto no art. 12 da Lei nº 6.368/76,
ininvocável é a tutela constitucional da inviolabilidade do lar e falta de mandado para
nela ingressar”. (RT 549/314-5).

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Somente nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com
mandado judicial (durante o dia) se pode ingressar em casa sem o consentimento do
morador. Mesmo assim, e no caso de crime permanente, é imprescindível ter a certeza
de que o delito está sendo praticado naquele momento, não se justificando o ingresso no
domicílio para a realização de diligências complementares à prisão em flagrante
ocorrida noutro lugar, nem para averiguação de notitia criminis.

E se o mandado judicial tiver que ser cumprido em outra localidade? O que fazer?

Por dispositivo legal, a autoridade judiciária a quem a investigação está distribuída em


razão da competência, teria que expedir uma Carta Precatória a autoridade judiciária do
local da busca solicitando a expedição do mandado para cumprimento. Na prática, em
raras situações isto é realizado, até mesmo para que a diligência não seja frustrada em
razão da burocracia.

Nos dias atuais, o que se constata é o juiz do feito expedir o mandado a ser cumprido
em outro local fora de sua jurisdição. Quando isso ocorre é de boa cautela que os
policiais executores do mandado procurem a autoridade judiciária do local da busca
antes de efetivar a medida, caso isto não traga prejuízo a diligência ou logo após,
dependendo da urgência. De qualquer forma, o juiz do local da busca deve ser
comunicado, antes ou depois da diligência.

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34

Os procedimentos operacionais para a realização de buscas serão estudados adiante, em


outro capítulo.

SAIBA MAIS
Se você quiser acessar o código
Completo acesse o site a seguir: Código de Processo Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil/DecretoLei/Del3689.htm
Código de Processo Penal

A seguir, realize as atividades relacionadas com esta unidade.

1) Alguns policiais, equivocadamente, interpretam que as palavras “onde for


encontrado” lhe garantem acesso a qualquer lugar, independentemente de ordem
específica. De acordo com o que você estudou o que tem a dizer sobre isso? Socialize
com os demais alunos da turma sua resposta.

ATIVIDADE DESCRITIVA

2) Você já se deparou com uma situação em que o número da residência constante no


mandado não é o mesmo do local em que se pretende realizar a busca? O que fazer
neste caso? Registre sua resposta. Em seguida, confira sua resposta.

Registre sua resposta aqui...

3) Qual o melhor procedimento a ser feito no caso de apreensão de correspondências


fechadas? Registre sua resposta. Em seguida, confira sua resposta.

Registre sua resposta aqui...

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35

4) No que consiste a busca pessoal? Registre sua resposta. Registre sua resposta. Em
seguida, confira sua resposta.

Registre sua resposta aqui...

Você concluiu aqui o estudo do capítulo XI do Código de Processo Penal. Na próxima


unidade, veja outras normas legais relacionadas a realização de buscas.

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36

Outras Normas Legais

RELEMBRANDO
Na unidade anterior você estudou o que determina o Código de Processo Penal em
relação à busca e apreensão. Agora, nesta última unidade da aula 2, você conhecerá
mais algumas normas legais que tratam deste assunto.

A maioria das instituições de segurança pública do nosso país estabelece regras internas
para o desenvolvimento operacional de suas atividades legais, logicamente se
coadunando com os dispositivos existentes na legislação pátria.

No tocante à busca e apreensão, à título exemplificativo, devido a repercussões das


recentes operações da Polícia Federal, em que algumas críticas surgiram quanto ao
cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão, o Ministro da Justiça editou
as Portarias 1.287 e 1.288 de 30 de junho de 2005, disciplinando a matéria,
determinando, entre outros, que o Delegado de Polícia Federal comande a execução dos
mandados de busca e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário.
Você pode acessar as portarias na íntegra, no site a seguir:

Portaria 1.287
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1287-05.html
Portaria 1.288
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1288-05.html

O descumprimento desta previsão poderá acarretar sanções de caráter administrativo,


entretanto sob o prisma processual penal não há que se falar em qualquer nulidade do
ato.

É, no entanto, uma medida recomendável a de que a autoridade policial se faça sempre


presente nestas diligências, fato este que também contribui para eliminar um momento
de transição da cadeia de custódia, qual seja, a transferência de responsabilidade entre o
policial e a autoridade policial, sobre a guarda do bem arrecadado.

Outras sugestões vêm sendo encaminhadas à Secretaria Nacional de Segurança Pública


objetivando a tentativa de se disciplinar, em normativos internos das corporações
policiais estaduais, uma padronização para o cumprimento dos Mandados Judiciais de
Busca e Apreensão.

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Este curso é um dos primeiros passos para atingirmos tal objetivo.

Salientamos que aliada às Portarias 1.287 e 1.288, a Polícia Federal dispõe de uma
Instrução Normativa interna (IN 11/2001-DG/DPF) em que em um dos tópicos, estão
disciplinadas as atividades de busca e apreensão.

Você concluiu a última unidade da aula 2. A seguir vamos ao fechamento da aula


e as atividades de conclusão.

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Fechamento e Atividades de Conclusão da Aula

FECHANDO AULA...

Fechamos aqui o conteúdo da aula 2. A seguir, realize a atividade de auto-avaliação


desta aula, para que você possa sedimentar seus conhecimentos aqui construídos.

Nesta aula você pôde construir conhecimentos sobre as normas legais que
regulamentam as ações de Busca e Apreensão. Certamente agora você terá mais
segurança em seus procedimentos futuros. Conhecer os aspectos legais pertinentes sobre
este tema é fundamental para qualquer pessoa, mas principalmente aos profissionais que
exercem tal função.

Acreditamos que entender as orientações emanadas da Constituição Federal, do Código


de Processo Penal e das outras normas legais será de grande valia para você!

DICA

Lembre-se: Qualquer dúvida retome o conteúdo e tire suas dúvidas com seu tutor.
Não vá em frente se algo não foi compreendido!

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Atividade de Fechamento de Aula

Analise a situação-problema a seguir:

Imagine você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de São Paulo/SP com
uma viatura descaracterizada e com policiais não trajados ostensivamente. É possível,
em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de um roubo e
desta forma recusar-se a abrir a porta.

O que você deve fazer como policial nesta situação? Socialize sua resposta com seus
colegas.

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