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AULA 02
LEGISLAÇÃO
Sumário
UNIDADE 1 ..................................................................................................................4
UNIDADE 2...................................................................................................................6
UNIDADE 3..................................................................................................................13
UNIDADE 4................................................................................................................. 33
ANEXO 1
...................................................................................................................................... 37
Legislação
OBJETIVOS
A partir dos conhecimentos tratados nesta aula você será capaz de:
• Identificar e analisar os aspectos legais pertinentes à questão.
• Examinar a Constituição Federal sobre a questão.
• Examinar o Código de Processo Penal sobre a questão.
• Enumerar outras normas legais.
A seguir, acesse esta aula em PDF para que você possa salvar em sua máquina e até
imprimir se desejar.
Aí estão alguns dos atributos essenciais do profissional de segurança pública, aquilo que
o difere do cidadão comum. Nas situações adversas é que se consegue demonstrar o
preparo profissional recebido nas academias de polícia, logicamente aliado à
experiência.
Todos nós sabemos, sendo profissionais de segurança pública, que devemos ter uma
precisão cirúrgica na realização da busca com conseqüente apreensão/constatação ou
não das provas.
Ocorre que no desencadeamento da
Muitas das vezes, as investigações criminais busca, como por exemplo, no
cumprimento de um mandado judicial a
demandam meses e até mesmo anos em
ser realizado em uma residência, por
busca de elementos de convicção que ansiedade e afobação acabamos
estabeleçam o liame materialidade-autoria. apreendendo/constatando provas
materiais de forma incorreta,
prejudicando, assim, a verdade real.
Curso Busca e Apreensão
SENASP
AULA 2 – Legislação
5
IMPORTANTE
Por este motivo temos o dever de evitar aquilo que chamamos de “questionamentos
de ordem jurídica” quando executamos a busca.
Fique atento!
IMPORTANTE
Você verá a seguir alguns temas legais de relevância na aplicação da busca e apreensão.
Constituição Federal
RELEMBRANDO
Na unidade anterior você estudou como se faz a análise dos aspectos legais
pertinentes à questão. Nesta unidade falaremos sobre o que orienta a Constituição
Federal referente à busca e apreensão.
A Constituição Federal é a lei máxima do país que traça linhas gerais a serem
aplicadas na garantia do estado de direito.
Constituição Federal -
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.ht
m
Neste aspecto, entre outros, a Carta Magna garantiu Inciso X art. 5° - são invioláveis
expressamente no Inciso X art. 5° , a a intimidade, a vida privada, a
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, honra e a imagem das pessoas,
assegurando, inclusive, o direito à indenização assegurado o direito à indenização
por dano material ou moral decorrente de sua pelo dano material ou moral
violação. A intimidade e a vida privada estão decorrente de sua violação.
diretamente relacionadas com o tema aqui estudado. (Constituição Federal,1988).
IMPORTANTE
REFLEXÃO
Quantas vezes já não lhe veio ao pensamento, no seu cotidiano, principalmente na
execução de buscas domiciliares, o que na realidade significa casa e dia,
mencionados na Constituição Federal?
IMPORTANTE
Por este motivo, casa deve ser interpretada como sendo o local em que o indivíduo
se liberta para, muitas das vezes, sair das regras sociais de comportamento que lhe
são impostas imperceptivelmente, sem ter o receio de ser incomodado ou observado
por qualquer outro.
É dentro de casa que o cidadão pode gritar livremente, ficar despido, deitar no chão,
“plantar bananeira”, etc., tudo em respeito à sua privacidade. Ou seja, em síntese,
casa é qualquer compartimento habitado, não acessível ao público.
ATIVIDADE DESCRITIVA
Faça neste momento uma análise lógica do que pretendeu o legislador constituinte ao
inserir as palavras “casa” e “dia” no texto constitucional.
Você pode compreender o que significa casa e dia, porém, não se pode, dentro das
garantias individuais previstas na Constituição Federal, limitar a interpretação de casa
apenas às referências que já então previstas no Código Penal e de Processo Penal. O
tema é muito mais amplo. Veja...
Art. 150 – Curso de Direito Processual Penal
Convém lembrar a lição de Magalhães Noronha: Guarde-se também
que o referido art. 150 fala em casa alheia ou suas dependências.
Conseqüentemente, domicílio é não apenas a casa onde a pessoa
desenvolve sua atividade, isto é, o edifício propriamente dito, mas
também outros lugares, como o carro do saltimbanco, a cabina de um
carro, o quarto do hotel, o escritório, etc., e dependências são lugares
acessórios ou complementares, como o jardim, o quintal, a garagem,
etc., não franqueadas ao público.
EXEMPLO
Por este motivo você, policial, não pode deixar de correlacionar casa com intimidade.
Faça sempre este raciocínio e não terá dificuldade em definir o que é casa no aspecto
legal constitucional.
Os juristas não chegaram ainda a um consenso, havendo duas correntes distintas quanto
ao conceito de dia.
Primeira corrente
A primeira delas entende que dia é o período compreendido entre as 06:00 e às
18:00 horas.
Segunda corrente
Já a segunda corrente defende a idéia de que dia é o período de tempo que medeia
entre o nascer e o pôr-do-sol.
REFLEXÃO
A profissão de policial exige, na maioria das vezes, decisões rápidas e imediatas, não
permitindo consultas preliminares capazes de definir seus limites de atuação.
O risco é algo permanente no exercício de seu cargo. Não se trata somente do risco de
vida, inerente à atividade. O risco aqui mencionado é aquele que deve ser colocado à
disposição da sociedade na interpretação da norma jurídica, ou seja, você não pode ter o
receio de agir em nome da sociedade ao executar ações de natureza policial.
Por este motivo vale aqui uma definição lógica e não-doutrinária do conceito de dia.
Basta verificar que se o legislador quisesse estabelecer horário fixo para a entrada na
casa com mandado judicial, assim teria explicitado. Dessa forma, dia e noite se
contrapõem.
REFLEXÃO
Mas, e naquelas situações de tempo fechado em que, por
exemplo, ao meio-dia, a claridade não persiste?
Bem, diante de tais situações, podemos dizer que quando o legislador autorizou a
realização de busca domiciliar, mediante ordem judicial, somente durante o dia, quis
também estabelecer que a noite é o período em que normalmente o cidadão reserva para
o seu descanso rotineiro e não merece ser incomodado.
Nesta linha, geralmente o trabalhador brasileiro, mesmo aqueles que labutam nas áreas
agrícolas, na pesca, etc., exerce suas atividades entre as 06:00 e às 18:00 horas. Eis a
solução, BOM SENSO, como já dito anteriormente.
Bem, então, mesmo com ausência de claridade, às 16:00 horas você poderá iniciar a
busca.
Para concluirmos esta unidade, para que não pairem dúvidas a respeito do significado de
dia, às vezes você pode ter ouvido de algum outro colega “que o juiz expediu o
mandado e autorizou, inclusive, a entrada no domicílio, mesmo à noite”.
Atenção!
Você, sendo policial, somente poderá atender ordens emanadas
de autoridades competentes e que atendam os preceitos legais.
Neste caso específico, lembre-se de que a ordem judicial, mesmo que documentada, fere
a Constituição Federal, violando princípio fundamental e, portanto, deve ser ignorada,
quanto ao aspecto noite.
Fechamos aqui a segunda unidade da aula 2. A seguir, propomos uma atividade para
sua auto-avaliação.
Atividade
Você tem um mandado que autoriza em domícilio, porém já são 17h. De acordo com a
Constituição Federal que atitude você tomaria em tal situação?
Socialize sua resposta com os demais alunos e com seu tutor.
Registre sua resposta aqui...
RELEMBRANDO
CAPÍTULO XI
DA BUSCA E DA APREENSÃO
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a
busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em
compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência
serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento
ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição
alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento
de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da
diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1 o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa
ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção,
embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada
direção, forem ao seu encalço.
Para facilitar seu estudo e não tornar cansativa a sua leitura em tela organizamos os
artigos e seus comentários abaixo.
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando
haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
o
§ 2 Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.
o
§ 1 Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:...
Embora já citado, você deve lembrar que a busca domiciliar é perfeitamente cabível
para o possível encontro de “qualquer elemento de convicção”, o que lhe garante
liberdade na diligência.
293, CPP).
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou
se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem
de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
Cabe frisar que os policiais encarregados do caso terão que se certificar de que
efetivamente o procurado entrou, ou se encontra, na casa investigada e devem estar
munidos do Mandado de Busca e Apreensão de pessoa, além obviamente, do Mandado
de Prisão.
O tema é polêmico, “havendo quem sustente, com base na relatividade das liberdades
públicas, a aplicação do princípio da proporcionalidade de modo a ser possível, em
casos graves, a violação do sigilo das correspondências”. (CAPEZ, Fernando. Curso
de Processo Penal).
Artigo 240 § 2º
o
§ 2 Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do
parágrafo anterior.
c/c art. 244 – pessoal
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou
de objetos
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
determinada no curso
de busca domiciliar.
A medida pode ser realizada com ou sem mandado, a teor do art. 240, § 2º c/c o art. 244
do CPPB. Via de regra, na atividade policial, ela é efetuada sem mandado, pelo seguinte
permissivo legal, do próprio CPP:
A lei processual exige “fundada suspeita” para autorizar a busca pessoal. Assim, em não
havendo ao menos indícios a legitimar a atividade policial, a busca será considerada
arbitrária e, por conseqüência, ilegal.
O legislador, no tocante à busca pessoal realizada em mulher, determina: “será feita por
outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência” (art. 249 do
CPP).
Assim, poderá um homem, havendo risco de prejuízo relevante e irreparável à diligência
policial, proceder à busca pessoal em mulher. Entretanto, tal medida deve ser adotada
em casos extremos, uma vez que constrangimentos podem surgir na realização da
referida medida.
Assim, como orientação prática, recomenda-se, sempre que for possível, à equipe que
realizará a diligência (busca domiciliar ou pessoal) deverá ser integrada por, pelo
menos, uma policial.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes.
Nada impede que o mandado de busca domiciliar seja expedido pela autoridade
judiciária sem a representação da autoridade policial ou do representante do ministério
público, ou seja, de ofício.
No que consiste a busca e apreensão, aqui estudadas, dois pontos fundamentais devem
ser lembrados e que são essenciais na atividade policial-criminal. Primeiro, a busca
pode ter caráter preventivo; segundo, a busca pode ter caráter investigativo.
Por outro lado, quando falamos da busca em seu caráter investigativo, em que se
procuram indícios ou provas da prática de um delito criminal e sua autoria, somente os
integrantes dos quadros das polícias judiciárias (civil ou federal) estão autorizadas
requerê-las, com exceção dos procedimentos de ordem militar, pois a investigação
criminal a elas pertence por força de mandamento constitucional. Obviamente que na
execução da busca investigativa, a autoridade policial poderá contar com o auxílio de
outras forças policiais, entretanto o comando será seu, até mesmo porque a presidência
da investigação está sob sua responsabilidade.
Embora o artigo 242 do CPPB diga que a expedição do mandado poderá ser solicitada a
requerimento de qualquer das partes, torna-se de rara aplicação. Alguns doutrinadores
entendem, por força deste dispositivo, que o investigado, no seu interesse, poderá
requerê-lo. Na prática, quando ainda em fase de investigação, este requerimento é
direcionado a autoridade policial, a qual, sempre em busca da verdade real, analisará a
sua conveniência e, assim entendendo, representará ao juiz competente.
Os mais cautelosos, desde que não haja prejuízo para a investigação, observando-se
sempre o princípio da oportunidade, normalmente retornam e solicitam a expedição de
novo mandado, já com os dados corrigidos. Não é a melhor saída, mas se você tiver de
fazer isso, adote as providências para que os indícios e provas não desapareçam. Por
outro lado o equívoco constatado quando da execução da busca demonstra que algo de
errado ocorreu na fase preliminar, a dos levantamentos iniciais, justificando-se apenas
em situações de extrema dificuldade de acesso ao local, até mesmo com risco aos
policiais.
O mandado expedido deve conter o que se busca, ou seja, o que se pretende apreender,
de forma que a autoridade policial deverá expor ao juiz o que pretende obter com a
diligência. Deverá dizer se irá buscar documentos e quais; entorpecentes; armas; etc.
Normalmente orienta-se as autoridades policiais a inserirem em suas representações “e
outros elementos de convicção” relacionados com o crime investigado. Desta forma, o
universo da busca torna-se mais amplo.
Não seria necessário mencionar, eis que notório entre os policiais, mas o sigilo “é a
alma do negócio”.
Ao recebê-lo da justiça, também deverá atuar com discrição. Não se pode admitir que
esta ordem judicial seja recebida por um funcionário não integrante da carreira policial,
sob pena de ter o seu conteúdo veiculado, ainda que inconscientemente. Lembre-se de
que você, policial, tem uma doutrina diferente dos demais servidores e está preparado
para manter o sigilo e a compartimentação necessárias para o deslinde satisfatório da
investigação.
Perceba que não é somente a condição profissional que lhe dá a garantia da não
apreensão do documento em seu poder. O advogado tem que estar na condição de
defensor do investigado/acusado para poder usufruí-la.
Os ambientes específicos que estão sujeitos à busca e apreensão serão estudados mais
Quando você percebe que alguém possa, de alguma forma, por suas atitudes e condutas
em um ambiente específico, estar na iminência de cometer algum ilícito, não pense duas
vezes, aja com seriedade e rapidez. Neste caso, a sua perspicácia poderá evitar o
cometimento de algum crime, estando presente, sem sombra de dúvidas, a “fundada
suspeita”.
O termo colocado em questão não encontra uma definição jurídica adequada e por
conseqüência, cabe a você defini-lo ao caso concreto, sempre se utilizando do atributo
do BOM SENSO. Não tenha receios, acredite na sua percepção e, em suspeitando,
realize a busca nos moldes legais.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão
o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a
porta.
§ 1º. Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto
da diligência.
§ 2º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3º. Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas
existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4º. Observar-se-á o disposto nos §§ 2 e 3 , quando ausentes os moradores, devendo,
neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
presente.
§ 5º. Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a
mostrá-la.
§ 6º. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e
posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7º. Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com
duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º..
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Como deve ser realizada a busca domiciliar? Essa indagação compreende dois
significados, ou seja, quais as formalidades legais que devem ser observadas numa
busca e quais as atitudes operacionais a serem adotadas pelos policiais no curso de uma
diligência dessa natureza. Neste momento será abordado apenas o aspecto legal.
Para a validade da busca devem ser cumpridas as regras do art. 245 do CPP, obrigando
a leitura, a apresentação do mandado e a intimação do ocupante do imóvel para abrir a
porta antes do início da busca. Há, contudo, situações em que este procedimento poderá
importar em frustração da diligência ou excessivo risco aos executores. Nestas
situações, conforme será visto mais adiante, a leitura e a apresentação do mandado serão
feitas tão logo a situação esteja sob o controle dos policiais.
o
Artigo 245 § 2 – busca pessoal
Imagine, por exemplo, você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de
São Paulo/SP com uma viatura descaracterizada e os policiais não trajados
ostensivamente?
É possível, em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar
de um roubo e desta forma recusar-se a abrir a porta. Pergunta-se. Haverá
desobediência no aspecto criminal?
Obviamente que não. Por isso, você deve avaliar cada caso e as suas circunstâncias
específicas.
Por outro lado, nesta mesma situação, você poderá arrombar a porta? Sem dúvida, pois
a não abertura espontânea irá trazer prejuízo à diligência. Uma vez dentro do imóvel e
com a situação sob controle, demonstre ao morador que você realmente é um policial e
prossiga lendo e apresentando a ordem judicial. Em seguida pergunte para que apresente
onde se encontra o objeto da busca descrito no mandado (caso especificado).
o o o
§ 4 Observar-se-á o disposto nos §§ 2 e 3 , quando ausentes os moradores,
devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.
o
§ 5 Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será
intimado a mostrá-la.
Perceba que a transparência da diligência é fator primordial para uma boa busca com
conseqüente apreensão. Você já deve ter ouvido falar que, infelizmente, alguns
advogados sempre questionam o trabalho realizado pelos policiais, fazendo inclusive
afirmações de que o que foi encontrado no local da busca é produto da ação tendenciosa
da polícia que quer a qualquer custo incriminar seu cliente. Por estas razões é
recomendável, sempre que possível, que as testemunhas convidadas a acompanhar a
diligência não sejam policiais.
Na ausência de pessoas no interior do imóvel, não inicie a busca sem a presença de
vizinhos/testemunhas, sob pena de deixar dúvidas quanto ao que realmente foi
encontrado. Paciência é uma das chaves para o sucesso deste tipo de diligência.
Contudo, haverá situações que você não terá possibilidades de encontrar nenhuma
testemunha, como em áreas rurais e/ou isoladas. Nestes casos, faça a busca assim
mesmo, consignando esta circunstância no auto respectivo.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Neste particular, você já deve ter participado de alguma busca domiciliar em que o
morador e as testemunhas convidadas permanecem distantes dos policiais, às vezes até
mesmo fora dos limites da residência. Este é um procedimento incorreto, já que devem
acompanhar as buscas passo a passo, para se ter a certeza do local e forma como o
objeto foi encontrado.
Finda a diligência farão os executores um auto de tudo quanto tiver sucedido, no qual
também descreverão as coisas, pessoas e lugares onde foram achadas, e assinarão com
duas testemunhas presenciais, que os mesmos oficiais de justiça (agora também a
autoridade policial) devem chamar logo que quiserem principiar a diligência e execução,
dando de tudo cópia às partes, se o pedirem. Se a busca e apreensão forem feitas na
presença do acusado, poderá este rubricar os papéis apreendidos, e se reconhecer os
objetos apreendidos como seus, será declarada no auto essa circunstância. Também neste
auto mencionar-se-ão as respostas que o acusado der quando perguntado sobre a
procedência das coisas apreendidas, a razão da posse, o uso a que se destinava.
Então leia o que diz o artigo 245 do CPP em seu § 6º. “Descoberta a pessoa ou coisa
que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou
de seus agentes.”
Lei nº 6.368/76
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
I – importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou oferece,
fornece ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda matéria-
prima destinada a preparação de substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica;
II – semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente ou de
substância que determine dependência física ou psíquica.
§ 2º Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
I – induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine
dependência física ou psíquica;
II – utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico ilícito
de entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica.
III – contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico ilícito
de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Somente nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com
mandado judicial (durante o dia) se pode ingressar em casa sem o consentimento do
morador. Mesmo assim, e no caso de crime permanente, é imprescindível ter a certeza
de que o delito está sendo praticado naquele momento, não se justificando o ingresso no
domicílio para a realização de diligências complementares à prisão em flagrante
ocorrida noutro lugar, nem para averiguação de notitia criminis.
E se o mandado judicial tiver que ser cumprido em outra localidade? O que fazer?
Nos dias atuais, o que se constata é o juiz do feito expedir o mandado a ser cumprido
em outro local fora de sua jurisdição. Quando isso ocorre é de boa cautela que os
policiais executores do mandado procurem a autoridade judiciária do local da busca
antes de efetivar a medida, caso isto não traga prejuízo a diligência ou logo após,
dependendo da urgência. De qualquer forma, o juiz do local da busca deve ser
comunicado, antes ou depois da diligência.
SAIBA MAIS
Se você quiser acessar o código
Completo acesse o site a seguir: Código de Processo Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil/DecretoLei/Del3689.htm
Código de Processo Penal
ATIVIDADE DESCRITIVA
4) No que consiste a busca pessoal? Registre sua resposta. Registre sua resposta. Em
seguida, confira sua resposta.
RELEMBRANDO
Na unidade anterior você estudou o que determina o Código de Processo Penal em
relação à busca e apreensão. Agora, nesta última unidade da aula 2, você conhecerá
mais algumas normas legais que tratam deste assunto.
A maioria das instituições de segurança pública do nosso país estabelece regras internas
para o desenvolvimento operacional de suas atividades legais, logicamente se
coadunando com os dispositivos existentes na legislação pátria.
Portaria 1.287
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1287-05.html
Portaria 1.288
http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/Min_Div/MJ_Port1288-05.html
Salientamos que aliada às Portarias 1.287 e 1.288, a Polícia Federal dispõe de uma
Instrução Normativa interna (IN 11/2001-DG/DPF) em que em um dos tópicos, estão
disciplinadas as atividades de busca e apreensão.
FECHANDO AULA...
Nesta aula você pôde construir conhecimentos sobre as normas legais que
regulamentam as ações de Busca e Apreensão. Certamente agora você terá mais
segurança em seus procedimentos futuros. Conhecer os aspectos legais pertinentes sobre
este tema é fundamental para qualquer pessoa, mas principalmente aos profissionais que
exercem tal função.
DICA
Lembre-se: Qualquer dúvida retome o conteúdo e tire suas dúvidas com seu tutor.
Não vá em frente se algo não foi compreendido!
Imagine você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de São Paulo/SP com
uma viatura descaracterizada e com policiais não trajados ostensivamente. É possível,
em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de um roubo e
desta forma recusar-se a abrir a porta.
O que você deve fazer como policial nesta situação? Socialize sua resposta com seus
colegas.