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FRONTISPÍCIO

MANUAL DE INQUÉRITO
POLICIAL MILITAR - ANOTADO

Evandro dos Santos da Costa

2020

Evandro dos Santos da Costa -


2.o Sgt PM RG 63.353
email: esc63353@gmail.com

Rio de Janeiro, RJ
21 de Junho de 2020.
PÁGINA DE ROSTO
TÍTULO I
O INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
CAPÍTULO 1

DA POLÍCIA JUDICIÁRIA
MILITAR

I – POLÍCIA: DEFINIÇÃO, CONCEITO E DIVISÃO


1) DEFINIÇÃO:
POLÍCIA – é o órgão da administração pública responsável pela
segurança da comunidade cujo objetivo é o desenvolvimento de ações que
visem impedir a prática de atos que firam os dispostos legais. A mesma
atividade numa sequência lógica tem por escopo reprimir tais atos quando
emergem, apesar da vigência preventiva.
2) CONCEITO
O termo Polícia vem do grego – polis, que significa o ordenamento
jurídico do Estado e a arte de governar. Para os romanos, o termo política,
tinha o sentido de ser o próprio órgão estatal incumbido de zelar sobre a
segurança dos cidadãos.
Modernamente, segundo JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, polícia é
“o conjunto de poderes coercitivos exercidos pelo
Estado sobre atividades do cidadão mediante
restrições legais impostos a essas atividades,
quando abusivas, a fim de assegurar-se a ordem
pública.”(Direito Administrativo da Ordem Pública,
1987, p. 165).

Como se observa, o termo polícia está diretamente ligado à proteção do


cidadão, seja preventivamente, evitando que o mesmo sofra ato que ponha em
risco a perda de seus direitos e garantias, seja repressivamente, agindo de
forma a identificar a autoria e posterior punição daquele que violou a lei.
As Polícias Militares têm como principal missão o policiamento
ostensivo e a preservação da ordem pública, conforme dispõe a Magna Carta
de 1988, em seu artigo 144, parágrafo 5º, o que se depreende de estarem tais
instruções voltadas à preservação de atos que possam pôr em risco as
garantias e os direitos do cidadão. Porém, embora a Constituição não
estabeleça explicitamente, as polícias militares exercerão a função repressiva,
quando tiverem de apurar fato que configure crime militar, por este receber
tratamento especial na legislação, que visa garantir a sustentação dos pilares
básicos da Instituição Militar, que são a hierarquia e a disciplina.
3) DIVISÃO: Do exposto acima, extraímos a divisão clássica:
- Polícia Preventiva ou Administrativa
- Polícia Repressiva ou Judiciária
Teoricamente, ocorrido o delito, deveria cessar a ação policial,
pois a repressão compete à Justiça. Contudo, a organização judiciária não
dispõe de instrumentos para desenvolver uma ação repressiva rápida. O
interesse social impõe, pois, que, a partir da eclosão do delito, a polícia
assuma uma postura de auxiliar da Justiça: - rastreando e descobrindo os
crimes que não puderam ser evitados, colhendo e transmitindo indícios e
provas e identificando autores e cúmplices. Temos então a chamada
POLÍCIA JUDICIÁRIA que, no dizer de Amintas Vidal Gomes, “destina-se
a investigar crimes que não puderam ser prevenidos, descobrir-lhes os autores
e reunir provas ou indícios contra estes, no sentido de leva-los a juízo e,
consequentemente, a julgamento; a prender em flagrante os infratores da lei
penal; a executar os mandados de prisão expedidos por autoridades judiciais e
a entender às requisições destas”.
Conforme veremos a seguir, o termo polícia comporta uma série de
divisões, consoante a visão de renomados autores.
Segundo LEONARDO DA COSTA TOURINHO, a atividade de
polícia pode se dar de diversos modos (terrestre, marítima ou aérea),
distinguindo-se em polícia administrativa, judiciária e de segurança (Processo
Penal, v. 1. 1993. p.174).
JOSÉ AFONSO DA SILVA, ao tratar a respeito de polícia e segurança
pública, distingue polícia administrativa e polícia de segurança, tendo a
primeira “por objeto as limitações impostas a bens jurídicos individuais”. A
polícia ostensiva que tem por objeto “as medidas preventivas que em sua
prudência julga necessárias para evitar o dano ou o perigo às pessoas”, sendo
de natureza preventiva. A polícia judiciária que “tem por objetivo
precisamente aquelas atividades de investigação, de apuração das infrações
penais e de indicação de sua autoria, a fim de fornecer os elementos
necessários ao Ministério Público em sua função repressiva das condutas
criminosas, por via de ação penal pública” (Curso de Direito Constitucional
Positivo, 1993, p. 658).
Na lição de ÁLVARO LAZZARINI, o termo polícia descortina-se em
polícia administrativa (preventiva) e polícia judiciária (repressiva),
acrescentando que
“as Polícias Militares brasileiras têm plena
formação para o regular exercício das atividades de
polícia administrativa e de polícia judiciária”.

Prossegue o autor:
“a polícia administrativa é regida pelos princípios
jurídicos do Direito Administrativo e incide sobre
bens, direitos ou atividades, enquanto que a polícia
judiciária é regida pelas normas de Direito
Processual Penal e incide sobre as pessoas.
A polícia administrativa é preventiva. A polícia
judiciária é repressiva. A primeira desenvolve a sua
atividade, procurando evitar a ocorrência do ilícito
e daí ser denominada preventiva. A segunda é
repressiva, porque atua após a eclosão do ilícito
penal, funcionando como auxiliar do Poder
Judiciário” (Direito Administrativo da Ordem
Pública, 1987, p. 36)
Outros renomados autores como DIOGO DE FIGUEIREDO
MOREIRA NETO, JOSÉ CRETELLA JUNIOR e HELY LOPES
MEIRELLES, classificam o termo polícia de modos diversos, sendo
relevante ao nosso estudo, após a análise das diversas classificações do termo
polícia, seja de segurança ou administrativa e polícia judiciária. Importará
para o nosso estudo a polícia judiciária, pois a mesma a partir da eclosão dos
fatos ilícitos aos quais a polícia preventiva (polícia de segurança, polícia
ostensiva), não teve como evitar ou se quer imaginava poder acontecer.

II – POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR


1) CONCEITO
Como vimos anteriormente, a polícia judiciária das divisões da polícia e
vem a ser aquela que age repressivamente, procurando auxiliar o Poder
Judiciário no processo de provas e respectivos autores, fornecendo elementos
para promoção da justiça.
Na Polícia Militar, temos a ação repressora da polícia na apuração de
fato que configure crime militar, apontando o seu autor, dando elementos
para promoção de justiça. Como se observa a adição do adjetivo militar
comporta a mesma definição de Polícia Judiciária, porém concernentes, tão
somente, a crimes militares, estes compreendidos no Código Penal Militar
(Decreto-Lei nº 1001, de 21 de outubro de 1969), sendo o exercício da
Polícia Militar regulada pelo Código de Processo Penal Militar (Decreto Lei
nº 1.002 de 21 de outubro de 1969).
A organização militar, embora seja um seguimento da sociedade, vive,
face às peculiaridades próprias da função “militar” e às características de
estrutura onde configuram fortes matizes da hierarquia e disciplina, sob a
égide de regras e normas particulares.
Assim é que no âmbito estadual temos uma legislação penal militar que
define os crimes de competência da Justiça Militar, cujo funcionamento se
regula pela Organização Judiciária do Estado.
Ao lado do Código Penal Militar, dispomos da Lei Penal Adjetiva –
Código Penal Militar – que disciplina e regula o desenvolvimento da ação
penal militar. E é no âmago desse diploma legal que vamos encontrar a
definição e competência da “Polícia Judiciária Militar”.
Em essência, o conceito de Polícia Judiciária, comum, se aplica à
Polícia Judiciária Militar, só que, no caso desta última, a adjetivação
“Militar” define precisamente o seu campo de função: é uma atividade de
polícia repressiva, auxiliar da justiça castrense, que se desenvolve na
jurisdição militar, buscando, principalmente, apurar as infrações penais
militares.
2) COMPETÊNCIA
O artigo 8º do Código de Processo Penal Militar define a competência
da Polícia Judiciária Milita:
a) apurar os crimes militares, bem como os que por lei especial, estão
sujeitos à jurisdição militar e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do
Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamentos dos
processos, bem como realizar as diligências que por eles forem requisitadas;
c) cumprir os mandatos de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão
preventiva e da insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob
sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste
Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar
úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas
e exames necessários ao complemento e subsídio de Inquérito Policial
Militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de
apresentação de militar ou funcionário de partição militar à autoridade civil
competente, desde que legal e fundamentado o pedido.”
Em nossa Corporação somente o Comandante Geral, os Comandantes de Bat
Diretores e Chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos e serviços, previstos n
Organização Básica poderão instaurar IPM no âmbito de suas circunscrições.
A Polícia Judiciária Militar (PJM) é o órgão ou autoridade militar incumbida
de desenvolver toda a atividade necessária para o fornecimento ao Ministério Púb
funcionamento na Justiça Militar, dos elementos necessários ao conhecimento jud
em tese configure crime militar.

3) EXERCÍCIO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR


A competência definida pelo Art. 8º, do CPPM é exercida pelas
autoridades das Forças Armadas, conforme as suas respectivas jurisdições,
pelo que se depreende das alíneas “a” e “h” do Art. 7º do mencionado
diploma legal.
Não se fala em autoridades das Polícias-Militares.
Ocorre, no entanto, que essas Corporações, instituições para a
manutenção da ordem pública, possuem estrutura militar e dispõem também
de Justiça Militar prevista na própria Constituição Federal. Outrossim, os Art.
19 e 20 do Dec-Lei nº 667 são bastante explícitos a respeito.
Dentro desse aspecto e considerando a conjunção do dispositivo
constitucional (Art. 144, §1º, alínea “d” da Constituição Federal, com os Art.
2º e 6º do CPPM, subentende-se, face à alínea “h” do Art. 7º do mesmo
diploma, como força, a Organização Policial-Militar estadual).
Assim, em vista do que preceitua o Art. 7º do CPPM, conclui-se que a
Polícia Judiciária Militar, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, é exercida:
a) pelo Secretário de Estado da Polícia Militar – em todo o território
do Estado;
b) pelo chefe do Estado-Maior – nas mesmas condições do
Comandante-Geral, secundando-o;
c) pelos Comandantes de CPA, Diretores e Ajudantes-Gerais, na
esfera de suas atribuições, nos crimes militares cometidos por policiais-
militares diretamente subordinados a essas autoridades;
d) pelo Comandantes de OPM, nos limites de suas atribuições, nos
crimes militares cometidos por policiais-militares subordinados.
As autoridades acima nomeadas são as detentoras do “Poder de Polícia
Judiciária Militar”, nas suas respectivas áreas de jurisdição.
Todavia, o exercício desse poder poderá ser delegado, de acordo com o
previsto no Art. 7º do CPPM. Exemplo: O Cmt de OPM, ao expedir portaria
determinando instauração de IPM, delega as atribuições que lhe competem a
um determinado oficial, que, por força de tal delegação, investe-se, no caso
especifico, no poder de “Polícia Judiciária Militar”. Do mesmo modo, o
Oficial-de-Dia está investido desse poder no caso de lavratura de “Auto de
Prisão em Flagrante”, bem como os Oficiais em serviço, coordenadores de
Policiamento e comandantes de Cias e Pelotões destacados.
Investidos da autoridade decorrente da competência que lhe foi
delegada, o Oficial Encarregado de IPM estará apto a executar todos os atos
inerentes ao exercício da Polícia Judiciária Militar.
O exercício da Polícia Judiciária Militar pode se dar em duas esferas: a
Federal e a Estadual. No que concerne à Polícia Judiciária Militar Federal, a
mesma está ligada aos crimes militares cometidos por membros das Forças
Armadas ou contra estes, assim definidos nos artigos 9º e 10º do Código
Penal Militar. Na esfera Estadual, o exercício da Polícia Judiciária Militar
está ligado aos crimes militares praticados por integrantes das Polícias
Militares e Bombeiros Militares dos Estados.
Anteriormente a promulgação da Constituição Federal de 1998,
discutia-se a respeito do caráter militar dos integrantes das Polícias Militares
e Corpo de Bombeiros Militares, pois recebiam os mesmos, a denominação
de Servidores Públicos Estaduais.
Mesmo com tal discussão a respeito do caráter militar dos integrantes
das forças auxiliares do Exército, o Código de Processo Penal Militar, desde
1969, prevê em seu artigo 6º a aplicação do mesmo aos processos da Justiça
Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar, o Decreto Lei nº
667 de 2 de julho de 1969 (reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de
Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal), em
seus artigos 19 e 20 e a Lei nº 443 (Dispõe sobre o estatuto dos Policiais
Militares do Rio de Janeiro), de 10 de julho de 1981, em seu artigo 44, sendo
mencionado, ainda, em seu parágrafo único a competência do Tribunal
Estadual competente para julgar tais servidores.
Atualmente tal discussão não existe, tendo em vista a Constituição
Federal ter dirimido a controvérsia na dicção do seu artigo 42 ao definir os
Servidores Federais e Servidores Militares dos Estados, in verbis:
“São servidores Militares Federais os integrantes
das Forças Armadas e Servidores Militares dos
Estados, Territórios e Distrito Federal os
integrantes de suas Polícias Militares e de seus
Corpos de Bombeiros Militares.”

Reforça ainda mais o exercício da Polícia Militar Estadual a


competência da Justiça Militar Estadual de processar e julgar os policiais
militares e bombeiros militares, como se observa na dicção do parágrafo 4º,
artigo 125 da Constituição Federal, verbis:
“omissis.
§4º. Compete a justiça estadual processar e julgar
os policiais militares e bombeiros militares nos
crimes militares definidos lei, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação dos praças.”

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro, promulgada em 1989,


ratifica a condição de militar aos integrantes das forças auxiliares (artigo 91),
bem como estabelece a competência dos Conselhos de Justiça Militar (artigo
163), de forma que segue:
“A os Conselhos de Justiça Militar, constituídos na
forma da lei de Organização e Divisão Judiciária,
compete, em primeiro grau, processar e julgar os
integrantes da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros Militar, nos crimes assim definidos em
lei. Parágrafo único – Como órgão de segundo
grau, funcionará o Tribunal de Justiça, cabendo-lhe
decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação dos praças.”

Assim, o Inquérito Policial Militar, no âmbito das forças auxiliares, é a


expressão do exercício da Polícia Judiciária Militar Estadual, na apuração dos
fatos que configurem crime militar, dando elementos para promoção de
justiça, na esfera militar no Estado e que será objeto de nosso estudo.
O Código de Processo Penal Militar em seu artigo 7º elenca as
autoridades que poderão exercer a Polícia Judiciária Militar. Tal enumeração
diz respeito ao exercício da Polícia Militar em âmbito federal.
No âmbito estadual, pela analogia, e usando por base o M-5 (Manual de
Inquérito Policial Militar e Auto de Prisão em Flagrante Delito), em vigor na
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, elencaremos as autoridades
estaduais que poderão exercer a Polícia Judiciária Militar Estadual:
a) Pelo Secretário de Segurança Pública do Estado, em todo o
território do Estado;
b) Pelo Comandante Geral, em todo território do Estado;
c) Pelo Chefe do Estado Maior;
d) Pelo Corregedor Geral da Polícia Militar em todo o território
Estadual, em caso de envolvimento de policiais militares de OPM distintos
e/ou inativos (Pelo M-5 tal atividade era exercida pelo Diretor Geral de
Pessoal, porém, atualmente, temos a figura do Corregedor Geral de Polícia
Militar, devido ao grande número de procedimentos administrativos na orla
disciplinar na Corporação, retirando assim do Diretor Geral de Pessoal tal
atribuição);
e) Pelos Comandantes do CPC, CPI, Diretores e Ajudante Geral, na
esfera de suas atribuições, nos crimes militares cometidos por policiais
militares diretamente subordinados a essas autoridades;
f) Pelos Comandantes de OPM, nos limites de suas atribuições, nos
crimes militares cometidos por policiais militares subordinados.
As atribuições acima poderão se delegadas, como no caso do Inquérito
Policial Militar, em que a confecção do mesmo recairá em oficial, devendo
este ser de posto superior ao do indiciado, conforme o parágrafo 2º do artigo
7º do CPPM.
CAPÍTULO 2

DO CRIME MILITAR

I - DEFINIÇÃO
Atualmente, em face das leis militares em vigor, não há mais razão para
que haja divergências na conceituação de delitos militares. Pelo Art. 9º do
Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, são considerados crimes
militares, em primeiro lugar, aqueles de que trata o Código Penal Militar,
quando definidos de modo diverso na lei penal comum ou nela previstos,
qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; dentre os primeiros,
podem ser citados os crimes contra a incolumidade pública e certos crimes
contra a administração militar, como os de peculato e de falsidade; e, dentre
os segundos, os de motim e revolta, insubordinação, violência contra superior
ou inferior, deserção, e abandono de posto (critério ratione materiae). Em
segundo lugar, cogitando-se os crimes previstos naquele Código, embora
também o sejam, igual definição na lei penal comum (por exemplo: o
homicídio, as lesões corporais, a calunia, a difamação, a injuria,
constrangimento ilegal), quando praticados:
1) por militar, em situação de atividade ou assemelhado, contra
militar ou assemelhado, na mesma situação (critério ratione personae); ou,
em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva ou
reformado, assemelhado ou civil (critério ratione loci), ou em serviço,
comissão de natureza militar ou em formatura (critério ratione numeris),
ainda que fora de lugar sujeito à administração militar, contra qualquer das
pessoas referidas, ou em período de manobras ou exercícios, contra qualquer
destas pessoas; contra patrimônio sob administração militar ou contra a
ordem da administração militar; ou que, embora não estando de serviço, use
armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico (sob guarda,
fiscalização ou administração militar) para prática de ato ilegal (este último
item é inovação do atual Código);
2) por militar da reserva ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais:
a) contra o patrimônio sob administração militar ou contra
a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar, contra militar
em serviço ou assemelhado contra funcionários de ministério militar ou da
Justiça Militar, no exercício de função inerente ao cargo;
c) contra militar em formatura ou durante o período de
prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, agrupamento,
acantonamento ou manobra;
d) ainda que fora de lugar sujeito à administração militar,
contra militar em função de natureza ou no desempenho de serviço de
vigilância, garantia ou preservação da ordem pública administrativa ou
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim ou em obediência à
determinação legal superior.
Não obstante haver o artigo 9º do Código Penal Militar vigente
acompanhado o critério que inspirou o Art. 6º do Decreto-Lei nº 6.227, de 24
de outubro de 1994, é aquele mais minucioso que este, assim na redação
como nas hipóteses previstas, todas, porém, adstritas ao mandamento
constitucional que estatui a competência do foro militar; para nele serem
processados, sob determinadas condições, militares e civis, torna-se
necessário ter em vista que é restrita a interpretação daquele artigo do Código
em vigor, quer pelos seus próprios termos, quer pela preceituação
constitucional de que deveria?
Referindo-se a “militar” em situação de atividade, na reserva ou
reformado, o legislador considera, como tal, o pertencente às Forças
Armadas, isto é, a Marinha, ao Exército e a Aeronáutica, ou quem a qualquer
dessas Forças for incorporado, por convocação ou mobilização. Pela mesma
ordem de ideias, o foro especial, extensivo aos civis, de que trata o §1º do
Art. 129 da Constituição (Emenda nº 01), é tão-somente, o que resulta da
jurisdição dos órgãos da Justiça constituídos por juízes militares daquela
Corte e magistrados e ela vinculados por lei. Não há outro “foro especial”
para julgamento de civis, em face da Constituição, nem tampouco a lei
ordinária pode cria-lo.
Assemelhado, conforme o Art. 21 do Código, é o servidor, efetivo ou
não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica submetido a
preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento, no que não se
enquadra o funcionário civil que presta serviço à PMERJ.
A distribuição da matéria na parte especial do Código Penal Militar é
diferente da adotada no Código Penal Comum. No Militar, compreende 8
títulos divididos em capítulos, e testes, algumas vezes, em seções na seguinte
sequência.
- dos Crimes contra a Segurança Externa do País;
- dos Crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar;
- dos Crimes contra o Serviço Militar e o Dever Militar;
- dos Crimes contra a Pessoa;
- dos Crimes contra o Patrimônio;
- dos Crimes contra a Incolumidade Pública;
- dos Crimes contra a Administração Militar; e,
- dos Crimes contra a Administração da Justiça Militar.
Dentre esses, há os que são propriamente militares, pela natureza, e os
que são considerados militares, pela sua inclusão no Código Penal Militar.
Todos, porém, atendem aos pressupostos conceitos do Art. 9º do Decreto nº
1.001, de 21 Out 69.

A identificação do delito militar se materializa por uma tríplice operação, sendo im


responder a três indagações e, somente com resposta afirmativa a todas elas, terem
militar nas mãos. Primeiramente, para que o fato seja crime militar é preciso que e
Parte Especial do Código Penal Castrense. Vencida essa pergunta, passa-se à anál
verificando se o art. 9.º, por seus incisos, subsume o fato, o adjetivando como crim
Finalmente, busca-se verificar se o sujeito ativo pode cometer o delito militar na e
aplica o CPM, questão que excluirá o crime praticado por adolescente, malgrado a
50 e 51 do referido Codex, e, somente no âmbito estadual, o delito praticado por c
II – O CARÁTER MILITAR DAS MILÍCIAS ESTADUAIS
O Decreto-Lei nº 667, de 02 de Jul 69, com fulcro no Ato Institucional
nº 5, assim dispõe:
Art. 1º - As Polícias Militares consideradas Forças Auxiliares, reserva
do Exército, serão organizadas na conformidade deste Decreto-Lei.
Parágrafo único – O Ministério do Exército exerce o controle e a
coordenação das Polícias Militares, sucessivamente através dos seguintes
órgãos, conforme dispuser em regulamento:
1) Estado-Maior do Exército em todo o Território
Nacional;
2) Exército e Comandos Militares de Área nas respectivas
jurisdições;
3) Regiões Militares nos Territórios Regionais.
Posteriormente, o Decreto 66.862, de 08 Jul 70, regulamentou o
referido Decreto-Lei, definindo os Institutos afetos às Polícias, sob as luzes
das novas funções a elas reservadas, de Forças Auxiliares, efetivas e
centralizadas do Exército Nacional.
Realmente, no Art. 3º do Dec-Lei 667, com a nova redação que lhe foi
dada pelo Dec-Lei 1.072, de 20 Dez 69, ressalta patente a intenção do
legislador de deslocar para as Polícias Militares, restruturadas, sob o
Comando Central do Exército, a cruciante missão de substituir, na rua, as
Forças Armadas, já aquarteladas.
Estabelece o Art. 3º:
“Instituidas para a manutenção da ordem pública e segurança interna
nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias
Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições:
a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões
peculiares às Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado
pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a
manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos;
b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão
em locais ou áreas especificas, onde se presume ser possível a perturbação da
ordem;
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da
ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas;
d) atender inclusive mobilização à convocação do Governo
Federal, em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave
perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à força
terrestre para emprego em atribuições especificas de Polícia Militar e como
participante da defesa territorial”.
E, por seu turno, o R-200, aprovado pelo Dec. nº 66.862, de 08 Jul 70,
como que a não deixar dúvida quanto à função especifica das Polícias
Militares, Forças Auxiliares efetivas que realmente são do Exército, o qual
substituem em caráter permanente, define e conceitua o que seja a
“Perturbação da Ordem”, cuja repressão, em primeiro plano e em caráter
preventivo, compete às Milícias Estaduais:
Art. 2º item 14: Perturbação da Ordem – Abrange todos os tipos de
ação, inclusive os decorrentes de calamidade pública que, por sua natureza,
origem, amplitude e potencial possam vir a comprometer, na esfera estadual,
o exercício dos poderes constituídos, o cumprimento das leis e a manutenção
da Ordem Pública, ameaçando a população e propriedades públicas e
privadas:
a) entre tais ações, destacam-se atividade subversivas,
agitações, tumultos, distúrbios de toda ordem, devastações, saques, assaltos,
roubos, sequestros, incêndios, depredações, destruições, sabotagem,
terrorismo e ações de bandos armados nas guerrilhas rurais e urbanas”.
E diz mais, o referido R-200, em seu Art. 4º:
“As Polícias Militares, para emprego em suas atribuições especificas ou
como participantes da defesa interna ou da defesa territorial, ficarão
diretamente subordinadas aos Comandantes de Exércitos ou Comandantes
Militares de Aéreas, que poderão delegar essa competência aos Comandantes
de Regiões Militares e outros Grandes Comandos com jurisdição nas áreas
dos Estados, Territórios e Distrito Federal, nas seguintes hipóteses:
1) em caso de guerra externa, mediante ato de convocação
total ou parcial da Corporação, baixado pelo Governo Federal;
2) para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem ou
ameaça de sua irrupção, nos casos de calamidade pública declarada pelo
Governo Federal e nos casos de emergência, de acordo com diretrizes
especiais baixadas pelo Presidente da República.”

III – O FORO MILITAR NA ESFERA ESTADUAL


A fonte imediata do Direito no sistema jurídico vigente é a lei, que está
acima de todas as injunções jurisprudenciais e doutrinárias.
Com efeito, no Art. 6º do Dec-Lei 1.002, de 21 Out 69, atual Código de
Processo Penal Militar, se acha estatuído o seguinte:
“. . . obedecerão às normas processuais previstas
neste Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto
à organização de Justiça, os recursos e à execução
de sentença, os processos da Justiça Militar
Estadual, nos crimes previstos na lei Penal Militar a
que responderem os Oficias e Praças das Polícias e
dos Corpos de Bombeiros, Militares”.

Como se nota, independentemente de qualquer polemica quanto à sua


efetiva condição de “Militar”, ou de “Militar no sentido legal”, os Oficiais e
Praças das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares tem direito (previsto na
Lei), de serem processados e julgados no Foro Castrense, nos crimes
previstos na Lei Penal Militar.
O disposto legal acima transcrito é claríssimo e dispensa qualquer
interpretação, ressalvando evidente, através dele, que os componentes das
Polícias Militares estaduais gozam do privilégio do Foro Especial, devendo,
por conseguinte, serem julgados perante a Justiça Militar Estadual nos crimes
previstos na lei Penal Militar.
E é bom lembrar que o Dec-Lei 1.002 foi calcado no Art. 3º do Ato
Institucional n] 16, de 14 Out 69, Art. combinado com § 1º do Art. 2º do Ato
Institucional nº 5, de 13 Dez 68.

IV – A COMPETÊNCIA RATIONE LEGIS


Deixando de lado as múltiplas conceituações doutrinárias e
jurisprudenciais e atendo-nos com exclusividade à interpretação que decorrer
naturalmente dos próprios textos de lei, podemos esquematizar o problema da
competência da Justiça Militar estadual de maneira bem simples, através de
dois agrupamentos:
1) crimes praticados por Oficiais e Praças das Polícias
Militares e Corpo de Bombeiros Militares.
No que se segue à classe de militares em situação de atividade, a
competência do Foro Castrense se firma de modo absoluto, nas seguintes
hipóteses:
a) crime praticado por militar da ativa contra militar da
ativa (critério ratione personal, conforme estabelece o Art. 9º, inciso II,
alínea “a” do Código Penal Militar – Dec-Lei 1.001, de 21 Out 69);
b) crime praticado por militar da ativa em lugar sujeito à
Administração Militar (critério ratione loci, conforme Art. 9º, inciso II,
alínea “b” do CPM);
c) crime praticado por militar da ativa contra o patrimônio
sob a Administração Militar (critério ratione materiale, conforme Art. 9º,
inciso II, alínea “e” do CPM).
Por outro lado, em três outras hipóteses, também, expressamente
constantes do CPM, a competência da Justiça Castrense para processar e
julgar militares em situação de atividade se mostra relativa; admitindo-se as
controvérsias, que se irão amainando pouco a pouco, à proporção que o ardor
do hermeneuta se arrefecer ante a singela clareza dos textos legais:
a) crime praticado por militar da ativa em serviço, contra
civil, fora do lugar sujeito à Administração Militar (Art. 9º, inciso II, alínea
“c” do CPM);
b) crime praticado por militar da ativa durante período de
manobras ou exercício, contra civil (Art. 9º, inciso II, alínea “d” do CPM);
c) crime praticado por militar da ativa, que, embora não
estando em serviço, use armamento de propriedade militar (Art. 9º, inciso II,
alínea “f” do CPM) – alínea “f” revogada. Lei 9.299, de 7.8.1996.

Súmula n.º 47 do STJ – Compete à Justiça Militar processar e Julgar crime comet
contra civil, com emprego de arma pertencente à corporação, mesmo não estando
2) Crimes praticados por militar da reserva, reformado ou
por civil.
Aceita-se, como matéria mais ou menos pacifica, ressalvados alguns
exageros, que o Foro castrense estadual se estende aos civis em duas únicas
hipóteses:
a) nos crimes praticados em lugar sujeito à Administração
militar, contra militar da ativa ou funcionários da Justiça Militar (inciso III,
alínea “b” do CPM);
b) nos crimes contra o patrimônio sob a administração
militar (inciso III, alínea “a” do CPM).

Súmula n.º 53 do STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civ
prática de crime contra instituições militares estaduais.
Examinadas em conjunto essas duas hipóteses, observa-se que se
referem, ambas, a situações que atingem diretamente a Corporação Militar,
seja porque o fato criminoso se desenvolve dentro da restrita área do Quartel,
seja porque o bem lesado é o patrimônio sob a administração militar.
E não resta dúvida de que se acomodam ambas dentro do conceito
genérico de – crime contra as instituições militares – referido no § 1º do Art.
129, da Constituição Federal, ficando assim plenamente respeitada a
limitação do Foro Castrense, consignada no referido dispositivo:
“Art. 129 - §1º: Esse foro especial estender-se-á aos
civis, nos casos expressos em lei, para a repressão
de crimes (contra a Segurança Nacional) ou
instituições militares”.

E o Código de Processo Penal Militar, em seu Art. 82, §1º, também se


amolda ao modelo constitucional:
“Art. 82, §1º: O Foro Militar se estenderá aos
militares da reserva, aos reformados e aos civis no s
crimes contra a Segurança Nacional ou as
instituições militares, como tais definidos em Lei”.

O Foro Militar estadual existente como imposição da Lei (Const.


Federal, Art 192; Const. Est. RJ Art. 104) é competente para processar e
julgar os Oficiais e Praças das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares (Art.
6º do Código Proc. Penal Militar, Art. 72, Parágrafo único).
Por outro lado, o Decreto-Lei nº 92, de 06 Mai 75 (Lei Básica da
PMERJ), estabelece que:
“Art. 44 – O pessoal Policial-Militar da PMERJ
está sujeito ao Código Penal Militar, aplicando-se-
lhe, na parte processual, no que couber, o Código
de Processo Penal Militar.
Parágrafo único – A Justiça estadual é constituída
pelos Conselhos de Justiça previstos em legislação
específica”.

Há ainda que se considerar o entendimento dado pelo STF, depois da


Emenda Constitucional nº 7/77, que alterou o Art. 144, §1º, alínea “d” da
Constituição Federal.
No s crimes militares praticados por policiais-militares dos Estados,
ainda que no exercício de função policial civil, a competência para o processo
é das Justiças Militares estaduais e o estabelecido pela Súmula 298. O
legislador ordinário só pode sujeitar civis à Justiça Militar em tempo de PAZ,
nos crimes contra a segurança externa do País ou contra as instituições
militares.
CAPÍTULO 3

DA LEGISLAÇÃO

(CPPM – DECRETO-LEI N.º 1.002, DE 21 OUT 1969)


DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA
APLICAÇÃO

Finalidade do Inquérito
Ao estudar a divisão de polícia, vimos que esta compreende a Polícia
Administrativa (preventiva) e a Polícia Judiciária (repressiva).
A atividade de Polícia Judiciária, segundo FREDERICO MARQUES,
se dá em dois momentos distintos: “o da investigação e o da ação penal”
(Fernando da Costa Tourinho Filho, V. 1. 1993. p.173)
O Inquérito Policial Militar se situa neste primeiro momento na
apuração e coleta de dados que servirão de base para a formação da opinio
delict do membro do Ministério Público para a competente ação penal.
Art. 9º - O inquérito policial-militar é a apuração
sumária de fato, que, nos termos legais, configure
crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de
ministrar elementos necessários à propositura da
ação penal.
Parágrafo único – São, porém, efetivamente
instrutórios da ação penal os exames, pericias e
avaliações realizadas regularmente no curso do
inquérito, por peritos idôneos e com obediência às
formalidades previstas neste Código.
Assim sendo, o Inquérito Policial Militar possui grande importância,
constituído a base de toda uma estrutura destinada a promover a justiça.
Da definição acima e da leitura dos artigos do título III do CPPM, que
trata do inquérito policial militar, conclui-se que o mesmo tem natureza
jurídica de procedimento administrativo, discricionário e sigiloso.
Natureza jurídica
a) Procedimento administrativo: porque é realizado pela polícia, no
caso, Polícia Militar Estadual, órgão integrante do Poder Executivo, não se
admitindo ingerência do Poder Judiciário, salvo no tocante da legalidade da
prisão em flagrante;
b) Procedimento discricionário: porque é presidido pela autoridade de
polícia judiciária ou seu agente delegado que conduzirá sua atuação de forma
discricionária, na tentativa de elucidar o fato criminoso e apontar a sua
autoria, limitando-se, porém, na lei, pois, ultrapassando tal limite, o
conduzirá ao abuso, o quem, além de inquinar o procedimento, Poderá
também sofrer a autoridade ou o encarregado sanção administrativa e/ou
penal;
c) Procedimento inquisitivo: por a autoridade ou encarregado irá
investigar, perquirir, indagar o indivíduo, as testemunhas, o ofendido, poderá
proceder a reprodução simulada dos fatos (artigo 13, parágrafo único do
CPPM), não vigorando o princípio do contraditório, sendo o indiciado o
objeto da investigação e não sujeito de direitos.
Não há que se confundir a inquisitoriedade do IPM com a classificação
dos sistemas processuais, haja vista se tratar de fase pré-processual. Portanto,
o caráter inquisitório que lhe é conferido se deve a alguns fatores tais como a
ausência de contraditório, a discricionariedade da autoridade policial
judiciária militar, a falta de acusação e de defesa e a imposição do sigilo
quando necessário à elucidação dos fatos.
Tourinho Filho leciona que vários fatores imprimem este caráter
inquisitivo ao IPM. Basta apenas uma análise em alguns deles para que se
conclua tratar-se de uma investigação inquisitiva por excelência:
1. O dever jurídico da autoridade policial em relação a sua instauração
que, salvo algumas exceções, deve ser de ofício, independente de
provocação;
2. A discricionariedade com que a autoridade policial dirige as
investigações para a elucidação dos fatos, podendo ou não, de acordo com
seu prudente arbítrio, deferir diligências requeridas pelo indiciado;
3. A não aplicação do contraditório;
4. A não intromissão de pessoas estranhas à investigação no decorrer
das diligências.
Todos estes fatores emprestam o caráter inquisitivo ao inquérito.
Outro fator importante, e que corrobora para o seu caráter inquisitivo, é
o disposto no CPPM, em seu art. 142, o qual prevê que não se poderá opor
suspeição ao encarregado do inquérito. Isto se deve ao fato do IPM ser um
procedimento investigatório e preliminar, onde não há nulidade, e eventuais
suspeições do Encarregado serão consideradas meras irregularidades.
Entretanto, segundo o entendimento de alguns autores, dentre os quais Assis,
o encarregado deverá se declarar suspeito se houver motivos que o
justifiquem, devendo fiel observância à ética e ao bom senso;
d) Procedimento sigiloso: o artigo 16 do CPPM reza o seguinte:
“o inquérito é sigiloso, mais seu encarregado pode
permitir que dele tome conhecimento o advogado do
indiciado.”

A Lei n.º 13.245, de 12 Janeiro de 2016, alterou os


incisos XIV, XXI e §§ 10, 11 e 12, do art. 7º da Lei
no8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil)

Diversamente do processo onde há o princípio da publicidade, o


inquérito, por ser uma apuração sumária de um fato, onde visa buscar
elementos para a propositura da ação, tem a natureza sigilosa (relativa), pois a
divulgação de certas diligências, apreensões, exames, etc... podem influir na
apuração e respectiva autoria do fato delituoso. Posteriormente, ao fazermos a
análise do artigo 16 do CPPM, teceremos maiores comentários, à luz do
Estatuto da OAB, Lei nº 8.906/94.
Considerações acerca do inquérito policial militar
O IPM serve de base para a formação da opinio delict representante do
Ministério Público para propositura da ação penal. Ou seja, no que foi
apurado, conclui-se que o fato estava revestido de indícios de cometimento
de crime militar, praticado possivelmente por alguém. Porém, o juiz na
instrução criminal renovará as provas a fim de decidir sobre o fato, dando ao
acusado, a oportunidade de se defender, requerer diligências, alegar provas,
etc.
O juiz então apreciará o conjunto de provas colhidas em juízo e formará
a sua convicção, conforme a regra do artigo 297 do CPPM. Porém, não serão
renovados os exames, periciais e avaliações realizadas regularmente (pois se
for irregular, dará azo à renovação em Juízo) no curso do inquérito, por
peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas no CPPM,
conforme alude o parágrafo único do artigo 9º. Daí extrai-se um fato de
grande importância na confecção do IPM, de lado prático, no que concerne à
requisição de exames, laudos, boletins de atendimento médico, etc..., que
falaremos quando comentarmos o artigo 13.
Modo por que pode ser iniciado:
Art. 10 – o inquérito é iniciado mediante Portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de
jurisdição ou Comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia
do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar
superior que , em caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou
radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
d) por decisão do Superior Tribunal, nos termos do Art. 25;
e) a requerimento da parte ofendida ou quem a represente,
ou em virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha
conhecimento da infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar;
quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte
indicio da existência de infração penal militar.

INSTAURAÇÃO DO IPM
Situações Não-Flagranciais de IPM (Portaria
I) Crimes de Ação Penal Militar Pública
Incondicionada:
Neste caso, o IPM poderá instaurar-se ex offi
por Requisição do MPM. Como já dito anteri
não pode haver instauração de IPM por requi
judicial no direito militar.
Crimes de Ação Penal Militar Pública Condic
Requisição do Governo Federal (Ministro da
Ministro da Defesa; Presidente da República
art. 31; LOJMU, art. 95, § único):
Para tanto, há a necessidade da prévia requisi
comunicação do fato pelo PGJM ao PGR. No
processual penal militar não há sequer, algum
ação penal militar pública condicionada à
representação do ofendido. Portanto, aqui, só
penal militar pública incondicionada e a cond
à requisição do governo federal.
Todavia, nada impede que ocorra no âmbito d
militar, a famosa ação penal privada supletiv
porque é de preceito fundamental).
2) Situações Flagranciais (APF):
Seja quem for o agente (militar ou civil), e se
for o delito (ressalvados deserção e insubmis
preso em flagrante pela prática de delito mili
instaura IPM, lavra-se o Auto de Prisão em
Flagrante/APF (CPPM, art. 27, c/c Lei 9.099
90-A).
Não existe, portanto, o TCO. Ou seja, se o ag
(militar ou civil) cometer um delito militar, c
até 2 anos, lavra-se o APF.

Superioridade ou igualdade de posto do infrator


§1º - tendo o infrator posto superior ou igual ao do Comandante,
diretor ou chefe de órgão ou serviço, em cujo âmbito de jurisdição militar
haja ocorrido a infração penal, será feita a comunicação do fato à autoridade
superior competente, para que esta torne efetiva a delegação, nos termos do
§2º do Art. 7º.
CÉLIO LOBÃO (Direito Processual Penal Militar, 2009, p. 56) ...sendo
o indiciado coronel da ativa, mais antigo da corporação, a presidência do
inquérito poderá ser exercida pelo próprio Comandante da Corporação. Outra
solução é afastar o indiciado do cargo que exerce e o coronel mais moderno,
chefe da repartição militar para a qual o autor do delito foi designado,
presidirá o inquérito por delegação do Comandante, em razão da
superioridade hierárquica decorrente da função. A solução encontra suporte
no citado art. 24, do CPM: “O militar que, em virtude de função, exerce
autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior,
para efeito da aplicação da lei penal militar”. Nesse sentido, a lição de
Manzini: “Sotto la denominazione di superiore s`intende il militari
dell`esercito o della marina piú elevato in grado, o quello che,
independentemente dal grado, è investito del comando. Il requisiti di codesta
nozione sono pertanto; qualità militare del superiore; superiorità in grado, o
in comando” (Dirito penale militare, pág. 154).
Além do mais, o coronel da ativa, mais moderno, ao receber a
delegação do Comandante da Corporação para instaurar inquérito, encontra-
se legitimado para presidir o IPM. É a orientação que se extrai da decisão da
4.ª Turma, do TRF1, que voltaremos a citar: “O delegado de polícia, ao
presidir inquérito para apuração de ilícito penal, atua como órgão de polícia
judiciária, estando, portanto, infenso às normas administrativas que regulam a
disciplina e hierarquia da Polícia Federal” (PtRHC 16.164-2, julg.
12.11.1990. A Constituição na visão dos Tribunais, vol. 2., pág. 971).
Providencias antes do inquérito
§2º - o aguardamento da delegação não obsta que o Oficial
responsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou
seja em dia, de serviço ou quarto, tome ou determine que sejam tomadas
imediatamente as providencias cabíveis, previstas no Art. 12, uma vez que
tenha conhecimento de infração penal que lhe incumba reprimir ou evitar.
Infração de natureza não militar
§3º - se a infração penal não for, evidentemente, de natureza
militar, comunicará o fato à autoridade policial competente, a quem fará
apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a
apresentação será feita ao Juiz de Menores.
Oficial-General como infrator
§4º - se o infrator for Oficial-General, será sempre comunicado o fato
ao Ministro e ao Chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os tramites
regulamentares.
Coronel PM na inatividade. Antiguidade
CÉLIO LOBÃO (Direito Processual Penal Militar, 2009, págs.58 e 59),
no caso de crime militar cometido por coronel da reserva ou reformado, que
era o mais antigo da corporação ao passar para a inatividade, causa
perplexidade a dúvida que conduz à solução equivocada. A lei é
meridianamente clara: “Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não
prevalece, para delegação, a antiguidade de posto” (art. 7º, §4º, do CPPM),
delegação essa para instauração de IPM.
Como afirmamos acima, a existência de que o encarregado do IPM
preencha o requisito de maior antiguidade do que o indiciado, coronel da
reserva ou reformado, resulta na impossibilidade de se proceder à
investigação preparatória da ação penal. Com efeito, se todos os coronéis do
serviço ativo são mais modernos do que o indiciado, inclusive o Comandante
da Corporação, nenhum deles terá atribuição de polícia judiciária militar para
apurar o fato delituoso praticado pelo coronel indiciado. Como consequência,
não há quem delegue atribuição de polícia judiciária ao coronel da reserva
que, por sua vez, não se encontra relacionado, no CPPM, como autoridade da
polícia judiciária militar. Então, quem delegará, ao coronel da reserva, as
atribuições de polícia judiciária para instauração de IPM? Como não se inclui
dentre os militares investidos na função de polícia judiciária militar, sem
delegação, o coronel na inatividade não poderá presidir IPM.
O coronel em atividade, ao receber delegação do Comandante da
Corporação, encontra-se legalmente investido na função de encarregado do
inquérito, cujo indiciado é coronel da reserva, sem se cogitar de pretensa
superioridade hierárquica decorrente da antiguidade do militar inativo, em
relação ao coronel na atividade.
Indícios contra Oficial de posto superior ou mais antigo no curso do
inquérito
§5º - se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a
existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo,
tomará as providencias necessárias para que as suas funções sejam delegadas
a outro oficial, nos termos do § 2º do Art. 7º.
Como vimos acima, ao analisarmos o artigo 10 do CPPM e seus
parágrafos, o IPM é baseado na informatio delict ou informatio criminis que
divide-se em notitia criminis que divide-se em notitia criminis e delictio
criminis.
A notitia criminis e a notícia de um fato que por si só faz-se presumir a
existência de um delito. Segundo FERNANDO DA COSTA TOURINO
FILHO (Processo penal, v. 1, 1993. p.195), pode ser tal notícia de “cognição
imediata”, de “cognição mediata” e “cognição coercitiva”. A primeira ocorre
quando a autoridade toma conhecimento através de seus serviços rotineiros,
por meio de órgãos de comunicação, por conhecimento adquirido através de
seus agentes. A notitia criminis por cognição mediata se dá quando a
autoridade tem conhecimento do fato através de determinação de autoridade
superior, requisição do Ministério Público, por decisão do Tribunal Superior
Militar, nos termos do artigo 25º do CPPM. A cognição coercitiva se dá
quando, junto de notitia criminis é apresentado à autoridade o autor do fato, é
o caso da prisão em flagrante e até de sindicância feita em âmbito de
jurisdição militar, que evidência indícios de crimes e de sua autoria.
A delatio criminis, outra espécie de informatio criminis, está ligada a
denúncia, revelação da vítima ou seu representante legal (alínea “e” do artigo
10m do CPPM), onde são apontados ou revelados o crime s seu(s) autor(es).
Há neste caso um autor, revelado pela vítima, o que difere na notitia criminis,
que se limitará a comunicação do fato conhecido como crime.
O Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de
1969) prevê os crimes ligados a informatio criminis, onde estão previstas
penas às pessoas que dão causa à instauração de IPM ou processo judicial
militar, imputando crime contra alguém que sabe inocente, bem como pena a
comunicação falsa de crime, provocando a ação da autoridade e a própria
auto-acusação falsa de crime inexistente ou provocado por outrem.
Um aspecto importante a ser analisado é o da denúncia anônima: se é
causa de IPM ou não.
FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO (Processo penal,v.1,
1993, p. 205), condena tal tipo de informatio delict tendo em vista a
impossibilidade de imputar responsabilidade àquele que prefidiosamente
acusa alguém de ser autor de um crime.
Na prática, no exercício da função policial militar, inumeras vezes
vimos prevalecer tal modalidade espúria de informatio delict, onde vários
policiais militares foram privados de suas liberdades e até mesmo demitidos
do Serviço Policial Militar.
A Constituição Federal em seu artigo 5º, IV, prevê a manifestação do
pensamento, vedando o anonimato. Assim, como o CPPM não prevê as
verificações de procedência de informação (IVP), como no artigo 5º,
parágrafo 3º do Código de Processo Penal, urge que a autoridade tenha o bom
senso de apurar a veracidade dos fatos através de um procedimento
apuratório (averiguação ou sindicância) a fim de dar subsídios para a
instauração de um Inquérito Policial Militar
Escrivão do inquérito
Art. 11 – a designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo
encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação
para aquele fim, recaindo em Segundo ou Primeiro-Tenente, se o indiciado
for oficial, e em Sargento, Subtenente ou Suboficial, nos demais casos.
Adentrando na seara do direito administrativo, veremos que a autoridade delegant
encarregado do IPM não pode nomear um oficial subalterno para o munus
indiciado não for um oficial, pois agindo assim, estará atuando com excesso de po
ilegalidade o ato administrativo da designação, e expondo-o à nulidade.
Conforme ensina MEIRELLES, in verbis:
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para o ato, va
permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto,
legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da Administ
a lei permite. O excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo.
E continua:
Essa conduta abusiva, através do excesso de poder, tanto se caracteriza pelo descu
frontal da lei, quando a autoridade age claramente além de sua competência, como
ela contorna dissimuladamente as limitações da lei, para arrogar-se poderes que n
atribuídos legalmente. Em qualquer dos casos há excesso de poder, exercido com
mas sempre com violação da regra de competência, o que é o bastante para invalid
praticado. (MEIRELLES, 2001. p. 104) (Grifo nosso)
O ato de nomeação de escrivão de IPM é vinculado, pois se condiciona ao fato ap
inquérito; se envolver oficial, deve recair em segundo ou primeiro–tenente, e em s
subtenente ou suboficial, nos demais casos, conforme preceitua o art.11, caput, CP
Valendo ressaltar, mais uma vez, MEIRELLES, in verbis:
Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisito
sua realização. Nessa categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase que
liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos pressupostos e
norma legal para a validade da atividade administrativa. Desatendido qualquer req
compromete-se a eficácia do ato praticado, tornando-se passível de anulação pela
Administração, ou pelo Judiciário, se assim requere o interessado. MEIRELLES (
)(Grifo nosso)
Compromisso legal
Parágrafo único – o escrivão prestará compromisso de manter
sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações deste Código, no
exercício da função.
Violação de segredo profissional
Art. 230. revelar, sem justa causa, segredo de que tem ciência, em razão de
função ou profissão, exercida em local sob administração militar, desde que
da revelação possa resultar dano a outrem.
Proibição de depor
Art. 355. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Medidas preliminares ao inquérito


Art. 12 – logo que tiver conhecimento da pratica de infração penal
militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o §2º do Art. 10
deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não
alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham
relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observando o disposto no
Art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento
do fato e suas circunstancias.
Diferença entre Notícia- crime, Queixa-crime e Denúncia
Quando um crime ocorre, é preciso que as autoridades competentes
sejam notificadas para dar início à investigação contra seu autor ou autores.
Para tanto, é preciso fazer a exposição do fato criminoso à polícia ou ao
Ministério Público. A essa comunicação dá-se o nome de “notícia-crime”.
A queixa-crime é a petição inicial para dar origem à ação penal privada,
perante o juízo criminal, com o pedido de que o autor ou os autores do crime
sejam processados e condenados. Pelo fato de o interesse ser privado, é
necessário que o ofendido contrate um advogado ou procure a Defensoria
Pública para que o procedimento seja iniciado.
Já a denúncia é a petição inicial da ação penal pública. Por ser de
interesse público, a denúncia é promovida necessariamente pelo Ministério
Público, sem a necessidade de que o ofendido esteja acompanhado de
advogado ou defensor público.
Tanto na queixa-crime como na denúncia, é necessário que seja
realizada a exposição do fato criminoso – quais foram suas circunstâncias,
qual o tipo de crime e quais serão as provas, como, por exemplo, documentos
e testemunhas (se houver). Estando presentes os requisitos, a denúncia ou a
queixa-crime são recebidas. Do contrário, podem ser rejeitadas pelo juiz.
Na maior parte das vezes, na esfera criminal, o interesse é público,
como na investigação de crimes de homicídio, roubo e lesão corporal no
âmbito de violência doméstica.
No entanto, em alguns casos, o interesse é privado, a exemplo dos
crimes de injúria, difamação e calúnia.
Quando o interesse for privado, o ofendido precisa ser rápido, pois terá
até seis meses, a partir do dia em que o autor do crime foi identi"cado para
apresentar a queixa-crime. Após tal período, o direito de oferecer a queixa-
crime deixa de existir diante da decadência. O ofendido pode ainda perdoar o
autor ou autores do crime. Trata-se da manifestação do ofendido de não
prosseguir com a ação penal privada. O suposto autor ou autores do crime
devem manifestar se aceitam o perdão. O perdão, no entanto, não é possível
quando o interesse é público.
Fonte: Agência CNJ de Notícias

Notitia Criminis
Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima:
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte
da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em:
Espontânea: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento
do fato delituoso por meios de suas atividades rotineiras (...).
Provocada: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da
infração penal através de um expediente escrito (...).
Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do
fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante.
DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de
Janeiro: Impetus, 2011, p. 143 e 144.

Elementos de Informação e Prova


Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima:
(...) a palavra prova só pode ser usada para se referir aos elementos de
convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial, e, por
conseguinte, com a necessária participação dialética das partes, sob o manto
do contraditório (ainda que diferido) e da ampla defesa.
Por outro lado, elementos de informação são aqueles colhidos na fase
investigatória, sem a necessária participação dialética das partes (...)
DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de
Janeiro: Impetus, 2011, p. 116.

Formação do inquérito
Art. 13 – o encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
a) tomar as medidas previstas no Art. 12, se ainda não o
tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas,
acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de
corpo de delito e a quaisquer outros exames periciais;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída,
desviada, destruída ou danificada, ou da qual houver indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos Art. 172
e 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção das
testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de
coação que lhes tolha a liberdade d depor, ou a independência para a
realização de pericias ou exame.
Do Indiciado no Inquérito Policial Militar
O indiciado será, no Inquérito Policial Militar, o militar ou civil (em
relação a este, somente na esfera dos crimes praticados em desfavor dos
militares federais ou da Administração Militar das Forças Armadas) contra
quem pesam elementos desfavoráveis quanto à prática de uma infração penal.
Tais elementos serão representados pelas provas, ou seja, a materialidade do
delito.
O Dicionário do Aurélio Online assim define a figura do indiciado
como sendo “aquele sobre o qual recaem indícios”
O suspeito é aquele indivíduo a quem não se pode atribuir a prática do
fato criminoso, diante da ausência ou fragilidade das provas em seu prejuízo.
Para o suspeito existe uma possibilidade de se tornar indiciado, contudo
somente após a demonstração da materialidade delitiva.
Segundo o Dicionário Online de Português, investigado é “o indivíduo
acerca do qual uma investigação está sendo feita”. Na verdade, é foco da
investigação, maiormente no que se refere à autoria, seja ela material ou
intelectual. Porém, não será necessariamente indiciado, já que tudo dependerá
das provas produzidas contra o mesmo.
Neste contexto, quando o militar ou civil for ouvido em IPM, no início
das investigações, sendo frágeis os elementos que possam indicar a autoria e
materialidade delitiva, o mais apropriado é que suas declarações sejam
colhidas na qualidade de INVESTIGADO (ou SUSPEITO). Somente no
decorrer da apuração, após a reunião de maiores dados que comprovem o
envolvimento do indivíduo no delito apurado é que se deve reinquiri-lo,
agora na qualidade de INDICIADO. Neste exato momento, estarão presentes
as provas cabais de participação ou autoria delitivas.
Citação. Intimação. Notificação
Citação. Considerações gerais
Citação é o ato judicial destinado ao chamamento do acusado, para que
tome conhecimento de que, contra ele, foi proposta ação penal militar, e
também, do conteúdo da acusação, bem como, do local, dia e hora de seu
comparecimento ao Juízo. Com a citação do réu, completa-se a relação
processual, enquanto a denúncia a precede e dela constitui pressuposto
cronológico (Tornagli, A relação processual penal, 2.ª ed., p. 288).
Notificação e intimação
Ensina Pontes de Miranda que “a notificação é o meio judicial de se dar
conhecimento a alguém de que, se não praticar, ou se praticar certo ato, ou
certos atos, está sujeito à comunicação; intimação é a comunicação de ato
praticado. (...) A intimação supõe que se haja praticado algum ato.
Das oitivas
Segundo o CPPM (art. 13), deve-se ouvir: 1º ofendido; 2º o indiciado; e
3º testemunhas.
Do ofendido
Na alínea b, do artigo 13, vem a oitiva do ofendido, que será, sempre
que possível, qualificado e perguntado a respeito da infração, indagando-se
quem seja ou pressuma ser o autor, indicando provas, reduzindo-se tudo a
termo, consoante o art. 311.
De muita importância para a investigação, tem a oitiva do ofendido,
pois, ninguém melhor que o mesmo para narrar os fatos, dando, assim,
elementos para seu esclarecimento. Há de ser levar em conta que o ofendido é
parte da relação jurídico-material e não presta a compromisso de dizer a
verdade, donde de um valor probatório relativo.
A regra prevista no artigo 301 estabelece que no transcorrer do IPM
serão observadas as mesmas regras que norteiam a instrução levada efeito
pela autoridade judiciária, no que concerne às disposições referentes a
testemunhas e quaisquer outras que tenham pertinência com a apuração do
fato delituoso e sua autoria.
Logo, a falta de comparecimento do ofendido que fica notificado, sem
motivo justo, resultará na possibilidade da condução coercitiva do mesmo,
sem ficar sujeito, entretanto, a qualquer sanção, assim prescreve o parágrafo
único do artigo 311.
Fica bem cristalina a idéia de que o ofendido não está sujeito a sanção
alguma, logo, não responde por desobediência (artigo 301 do CPPM), porém
se o ofendido for militar, a este poderá ser imputado o cometimento de crime
de recusa de obediência(artigo 163 do CPPM).
Para JOSÉ DA SILVA LOUREIRO NETO (Lições de processo penal
militar, 1992,p. 33 e 34).
“sendo oficial encarregado do inquérito integrante
da Forças Armadas, ocorrendo a desobediência do
ofendido civil, este poderá ser indiciado pelo crime
de desobediência (artigo 301), pois a Justiça Militar
Federal é competente para julgar civis nos crimes
militares previstos em lei, como já estudado.”

Contudo, tratando-se de oficial integrante das Policias Policias


Militares, o mesmo não ocorre, em face do que dispõe o artigo 125, parágrafo
4º da Constituição Federal in verbis:
“Compete à Justiça Militar Estadual processar e
julgar os policiais militares e bombeiros militares
definidos em lei, cabendo ao tribunal de compete
decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação dos praças.”

Diz ainda o autor:


“no que se refere a condição coercitiva do ofendido,
prevalecem as mesmas considerações Como a
Justiça Militar Estadual não tem competência para
processar civis, em face do preceito constitucional
aludido, o oficial encarregado do inquérito,
integrante da Polícia Militar, está impossibilitado
de efetuar a sua condução coercitiva.”

Em que pese a orientação do renomado autor, discordamos do mesmo


no que tange a sujeição do ofendido ao cometimento de crime de
desobediência, pela falta de comparecimento sem motivo justo, pois, como se
observa da regra do parágrafo único do artigo 311, o ofendido está sujeito tão
somente à condução coercitiva, sem ficar sujeito a qualquer sanção.
Um outro aspecto de discordância é de que o civil, simplesmente pelo
fato de não ser julgado pelas auditorias militares estaduais, não quer dizer que
não comente crime contra o militar integrante de força auxiliar, nem contra
juiz auditor da justiça militar. Não comete crime militar pelo fato da natureza
do serviço policial militar não ser civil, ou no caso do juiz auditor de não ser
militar (no disposto do artigo 9º), mas comete crime de competência da
justiça comum, pois o dispositivo constitucional não quis dar “imunidade”
aquele que age contrário à lei, mas sim estabelece a competência para
apreciação de crimes praticados por policiais militares e bombeiros militares.
Assim, aplicar-se-á Código Penal comum no que concerne aos atos
contrários à lei praticados por civis contra os integrantes das forças auxiliares
e o juiz auditor da justiça estadual.
Um outro aspecto a ser considerado na oitiva do ofendido é que o
mesmo não está obrigado a responder pergunta que possa incrimina-lo, ou
seja, estranha ao processo (artigo 313) e se mentir, não estará sujeito a sanção
alguma, visto que o ofendido não presta compromisso, conforme já
mencionado supra.
Da oitiva do indiciado
A alínea “c” do artigo 13 prevê a oitiva do indiciado, sendo este o
suspeito da prática do ato ilícito objeto da apuração.
Como já foi visto ao comentarmos o artigo 9º, feita a denúncia, será
renovada em juízo, a ouvida, em caráter provisório, do agora acusado, sendo
instrutórios somente os exames, perícias e avaliações realizadas regularmente
no curso do inquérito por peritos idôneos e com obediência às formalidades
do CPPM (parágrafo único do artigo 9º).
A inquirição (a termologia é “declarações” do ofendido, “depoimento”
da testemunha, “inquirição” do indiciado (acusado)), exceto em caso de
urgência inadiável, deve ser feita durante o dia, entre o período de sete às
dezoito horas, sendo verificado pelo escrivão no termo de inquirição, a ora do
início e término do mesmo (artigo 19).
Na inquirição, será consignado o nome, a idade, filiação, estado civil,
naturalidade, posto ou graduação (militar), função, a que OPM está servindo,
profissão (civil) e residência. Em seguida, será lido o documento que deu
origem ao procedimento apuratório (Portaria, parte, etc...), para logo após, o
indiciado narrar os fatos, culminado com as perguntas feitas pelo encarregado
(a respeito do tema há os Cadernos de Polícia de nº 3 e 4 editados pela
PMERJ em 1994).

Bol da PM nº. 138 – 26Ago2008 – pág. 33


INSTRUÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR – TRANSCRIÇÃO D
AJMERJ.
ORIGEM: Ofício nº 032/2008/GAB - AJMERJ.
Pelo presente, faço saber a Briosa Corporação, através do Ilustríssimo Corregedor
AJMERJ, como casa de Justiça, visando atender melhor a necessidade dos valoro
Militares que se encontram, por algum motivo, respondendo a algum processo ou
necessidade de usar esta casa para obter algum benefício como, por exemplo, cer
mesmo, ser agraciado com benefícios que lhe são garantidos por lei, bem como
que preconceitua o Art. 9º, do CPPM, que diz, que o Inquérito Policial Militar
sumária do fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua auto
caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar ele
necessários à propositura da ação penal, é que DETERMINO que todos os Inq
Militares, a partir desta data, venham instruídos da Ficha Disciplinar do Militar
bem como, que seja o referido investigado qualificado, constando em sua qua
do Pai, nome da Mãe, Data de Nascimento, e o número do IFP do militar
informações são imprescindíveis para a melhor instrução dos procedimentos nest
DETERMINO, ainda, que os Autos de Prisões em Flagrantes, sejam também
qualificações referidas acima, Nome do Pai, Nome da Mãe, Data de Nascimen
IFP do militar preso.
ANA PAULA MONTE FIGUEIREDO PENA BARROS
Juíza Auditora
Em consequência, este Comandante Geral determina aos Comandantes, Chefes e
que procedam nos termos da presente promoção judicial, sob pena de ficar prejud
do procedimento investigatório.
(Nota nº 4337– 26/Ago/08 – CIntPM)
Caso o indiciado seja menor de vinte e um anos, deverá ser nomeado
um curador para assisti-lo durante a inquirição ou outros atos que tenha de
participar.
A lei não diz da necessidade de haver testemunhas para ato de
inquirição, como o faz no Código de Processo Penal (artigo 6º, V), porém, a
mesma não proíbe, sendo relevante a presença de testemunhas, a fim de ilidir
possíveis especulações posteriores a respeito de coação ou violência durante
o ato, devendo-se observar que as mesmas não podem ser de posto ou
graduação inferior ao acusado, visto não coadunar tal situação com os
princípios militares (hierarquia e disciplina).

Da incomunicabilidade do indiciado
“O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado,
que estiver legalmente preso, por três dias no máximo.”
Difere, pois, do Código de Processo Penal comum, onde a
incomunicabilidade do indiciado deverá ser decretada por despacho
fundamentado do juiz (artigo 21 do CPP).
A incomunicabilidade não se estende ao advogado do indiciado, que
por força da Lei 8.906, em seu artigo 7º, III, tem o direito de:
“comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo
sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimento civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis.”
Há na doutrina entendimento de que a incomunicabilidade do indiciado
está revogada por força do artigo 136, parágrafo 3º, inciso IV, da
Constituição Federal, que estabelece o seguinte:
“Omissis,
IV – É vedada a incomunicabilidade do preso.”
Tal posição diz respeito ao capítulo destinado ao Estado de Defesa e
Estado de Sítio, e por isso, ensina FERNANDO DA COSTA TOURINHO:
“Ora se durante o estado de defesa, quando o governo deve tomar
medidas enérgicas para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidos por calamidades
de grandes proporções na natureza, podendo determinar medidas coercitivas,
destacando-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio
das associações, o sigilo da correspondência e o sigilo de comunicação
telegráfico e telefônico, havendo até prisão sem determinação judicial, tal
como disciplinado no artigo 136 da CF, não se pode decretar a
incomunicabilidade do preso (cf. CF, artigo 136, parágrafo 3º, IV),com muito
mais razão não há que se falar em incomunicabilidade na fase do inquérito
policial.” (Processo penal, v. I, 1993. p, 194)
Entendemos que mesmo com o brilhante argumento do renomado
jurista, a incomunicabilidade vigora, pois está na lei - CPPM –
consubstanciado na Lei 8.906/94 – OAB -, que dispõe o direito do advogado
se comunicar com o seu cliente, mesmo no período de incomunicabilidade.
Da declaração do indiciado
O artigo 18 regula tal ato, que tem a natureza de medida cautelar,
dispondo o seguinte:
“Independentemente de flagrante delito, o indiciado
poderá ficar detido, durante as investigações
policias, até trinta dias, comunicando-se a detenção
à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo
comandante da Região, Distrito Naval ou Zona
Aérea, mediante solicitação fundamentada do
encarregado do inquérito e por via hierárquica.”

A Constituição Federal em seu inciso LXI, do artigo 5º, que JOSÉ


AFONSO DA SILVA chama de garantia jurisdicional penal, mas
precisamente, de garantia do juiz competente (Curso de direito constitucional
positivo, 9ª ed., 1993, pp. 383 e 384), prevê o seguinte, in verbis:
“Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar definidos em lei.”
A lição que temos ao ler o artigo 18 do CPPM e o inciso LXI do artigo
5º da CF, e que a prisão cautelar precisa, para sua realização de que o
indiciado tenha cometido crime propriamente militar e que o juiz competente
seja comunicado de tal fato.
A Constituição menciona em “crime propriamente militar”, mas sim,
crimes militares, seja em tempo de paz (artigo 9º), e em tempo de guerra
(artigo 10). Logo, a doutrina se encarrega de fazer a divisão de crime militar
em crime propriamente militar e crime impropriamente militar, sendo o
primeiro diretamente ligado aos crimes que ofendam a disciplina e o dever
militar, tais como a insubordinação, o abandono de posto etc. (JOSÉ DA
SILVA LOUREIRO NETO, Direito penal militar, 1992, p. 32)
O parágrafo único prevê, ainda, a solicitação, pelo encarregado, à
autoridade judiciária competente de prisão preventiva ou menagem, durante a
prisão cautelar do indiciado.
A prisão preventiva está regulada nos artigos 254 a 261 do CPPM e, ao
ser requisitada, deve se valer dos seguintes elementos: prova do fato
delituoso, criminal, periculosidade do indiciado; segurança da aplicação da
lei penal militar e na exigência da manutenção das normas ou princípios de
hierarquia e disciplina militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com
a liberdade do indiciado (artigo 254 e 255 do CPPM).
A mensagem, que está regulada nos artigos 263 a269 do CPPM
consiste numa:
“prisão fora do caráter, concedida a militares assemelhados ou civis
sujeitos à justiça militar que se obrigam, sob palavra, a permanecer no lugar
indicado pela autoridade competente que a concede, seja a própria habitação,
ou uma vila, cidade, navio ou fortaleza, onde eles podem transitar
livremente.” (Manual de inquérito policial militar e auto de prisão em
flagrante delito, M-5, 1985, p.90).
Condução coercitiva
Quando à falta do indiciado para ser inquirido, segundo FERNANDO
DA COSTA TOURINHO FILHO, da margem à conduta coercitiva, dentro
do princípio “inquisitio sine coercitione nula est...(Processo Penal, v 1, 1993,
p. 222).
Na verdade, não há na lei, regra que estabeleça tal sanção, visto ser o
interrogatório “um ato bivalente, pois é ao mesmo tempo meio de prova e
meio de defesa”, segundo JOSÉ DA SILVA LOUREIRO NETO (Lições de
processo penal militar, 1992, p. 27), constituído, portanto, a falta do
indiciado, elemento para a formação do convencimento do juiz, conforme a
regra do artigo 308.
No caso de ser o indiciado militar, não há de ser falar em falta, a não ser
por motivo justo, pois estará infringido a regra do artigo 163, do CPPM, de
recusa de obediência.
Entretanto que não há base legal a condução coercitiva do indiciado,
prevalecendo o inciso II do artigo 5º da Constituição Federal, de que ninguém
é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada, sendo senão em virtude de lei,
observando, ainda que o acusado pode até recusar-se a comparecer à
instrução criminal (artigo 411).
STF-HC 107644 -Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
ADPF 444, Relator: Min. GILMAR MENDES

HABEAS CORPUS 107.644 SÃO PAULO


RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI
PACTE.(S):ALESSANDRO RODRIGUES
IMPTE.(S):RENEÉ FERNANDO GONÇALVES
MOITAS
COATOR(A/S)(ES):SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA
EMENTA: HABEAS CORPUS.
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL.
CONDUÇÃO DO INVESTIGADO À
AUTORIDADE POLICIAL PARA
ESCLARECIMENTOS. POSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4o, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART. 6o DO
CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE
PRISÃO OU DE ESTADO DE FLAGRÂNCIA.
DESNECESSIDADE DE INVOCAÇÃO DA
TEORIA OU DOUTRINA DOS PODERES
IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR
DECRETADA POR DECISÃO JUDICIAL,
APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O
INTERROGATÓRIO DO INDICIADO.
LEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DA
CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA
RESERVA DE JURISDIÇÃO. USO DE
ALGEMAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADO.
CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS
IDÔNEAS E SUFICIENTES. NULIDADE
PROCESSUAIS NÃO VERIFICADAS.
LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS DA
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA
INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM
DENEGADA.
I – A própria Constituição Federal assegura, em
seu art. 144, § 4o, às polícias civis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira, as funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações
penais.
II – O art. 6o do Código de Processo Penal, por
sua vez, estabelece as providências que devem ser
tomadas pela autoridade policial quando tiver
conhecimento da ocorrência de um delito, todas
dispostas nos incisos II a VI.
III – Legitimidade dos agentes policiais, sob o
comando da autoridade policial competente (art.
4o do CPP), para tomar todas as providências
necessárias à elucidação de um delito, incluindo-
se aí a condução de pessoas para prestar
esclarecimentos, resguardadas as garantias legais
e constitucionais dos conduzidos.
IV – Desnecessidade de invocação da chamada
teoria ou doutrina
dos poderes implícitos, construída pela Suprema
Corte norte-americana e e incorporada ao nosso
ordenamento jurídico, uma vez que há previsão
expressa, na Constituição e no Código de
Processo Penal, que dá poderes à polícia civil
para investigar a prática de eventuais infrações
penais, bem como para exercer as funções de
polícia judiciária.
V – A custódia do paciente ocorreu por decisão
judicial fundamentada, depois de ele confessar o
crime e de ser interrogado pela autoridade
policial, não havendo, assim, qualquer ofensa à
clausula constitucional da reserva de jurisdição
que deve estar presente nas hipóteses dos incisos
LXI e LXII do art. 5o da Constituição Federal.
VI – O uso de algemas foi devidamente
justificado pelas circunstâncias que envolveram o
caso, diante da possibilidade de o paciente
atentar contra a própria integridade física ou de
terceiros.
VII – Não restou constatada a confissão mediante
tortura, nem a violação do art. 5o, LXII e LXIII,
da Carta Magna, nem tampouco as formalidade
previstas no art. 6o, V, do Código de Processo
Penal.
VIII – Inexistência de cerceamento de defesa
decorrente do indeferimento da oitiva das
testemunhas arroladas pelo paciente e do pedido
de diligências, aliás requeridas a destempo, haja
vista a inércia da defesa e a consequente
preclusão dos pleitos.
IX – A jurisprudência desta Corte, ademais,
firmou-se no sentido de que não há falar em
cerceamento ao direito de defesa quando o
magistrado, de forma fundamentada, lastreado
nos elementos de convicção existentes nos autos,
indefere pedido de diligência probatória que
repute impertinente, desnecessária ou
protelatória, sendo certo que a defesa do paciente
não se desincumbiu de indicar, oportunamente,
quais os elementos de provas pretendia produzir
para levar à absolvição do paciente.
X – É desprovido de fundamento jurídico o
argumento de que houve inversão na ordem de
apresentação das alegação finais, haja vista que,
diante da juntada de outros documentos pela
defesa nas alegações, a magistrada processante
determinou nova vista dos autos ao Ministério
Público e ao assistente de acusação, não havendo,
nesse ato, qualquer irregularidade processual.
Pelo contrário, o que se deu na espécie foi a
estrita observância aos princípios do devido
processo legal e do contraditório.
XI – A prisão cautelar se mostra suficientemente
motivada para a garantia da instrução criminal e
preservação da ordem pública, ante a
periculosidade do paciente, verificada pela
gravidade in concreto do crime, bem como pelo
modus operandi mediante o qual foi praticado o
delito. Ademais, o paciente evadiu-se do distrito
da culpa após a condenação.
XII – Ordem denegada.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos,
acordam os Ministros da Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência da
Senhora Ministra Cármen Lúcia, na
conformidade da ata de julgamentos e das notas
taquigráficas, por maioria de votos, denegar a
ordem de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator, vencido o Senhor Ministro Marco
Aurélio.
Brasília, 6 de setembro de 2011.
RICARDO LEWANDOWSKI – RELATOR

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL (Med. Liminar) -
444
Origem: DISTRITO FEDERAL
Entrada no STF: 14/03/2017
Relator: MINISTRO GILMAR MENDES
Distribuído: 14/03/2017
Partes: Requerente: CONSELHO FEDERAL
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL -
CFOAB (CF 103, VII)
Requerido :PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Dispositivo Legal Questionado


Art. 260 do Decreto-Lei n° 3689, de 03 de
outubro de 1941, do Código do
Processo Penal (CPP).

Decreto-Lei n° 3689, de 03 de outubro de 1941

Código de Processo Penal.


Art. 260 - Se o acusado não atender à
intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem
ele, não possa ser realizado, a autoridade
poderá mandar conduzí-lo à sua presença.
Parágrafo único - O mandado conterá, além
da ordem de condução, os requisitos
mencionados no art. 352, no que lhe for aplicável.
Fundamentação Constitucional
- Art. 005°, LXIII, LIV e 0LV, § 002°
Resultado da Liminar
Decisão Monocrática - Liminar Deferida
Resultado Final
Procedente
Decisão Final
Após o voto do Ministro Gilmar Mendes
(Relator), não conhecendo do agravo interposto
pela Procuradoria-Geral da República contra a
liminar e julgando procedente a arguição de
descumprimento para pronunciar a não
recepção da expressão
“para o interrogatório”, constante do art. 260 do
Código de Processo Penal, e declarar a
incompatibilidade com a Constituição Federal
da condução coercitiva de investigados ou de
réus para interrogatório , sob pena de
responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado, o
julgamento foi suspenso. Falaram: pelo
requerente, o Dr. Juliano José Breda; pela
Procuradoria-Geral da
República, o Dr. Luciano Mariz Maia, Vice
Procurador-Geral da República; pelo amicus
curiae Associação dos Advogados de São Paulo
- AASP, o Dr. Leonardo Sica; e, pelo amicus
curiae Instituto dos Advogados Brasileiros -
IAB, o Dr. Técio Lins e
Silva . Presidência da Ministra Cármen Lúcia.
- Plenário, 7.6.2018.
Após o voto do Ministro Alexandre de
Moraes , que julgava parcialmente procedente
o pedido, nos termos de seu voto, e os votos dos
Ministros Edson Fachin, que julgava
parcialmente procedente o pedido, nos termos de
seu voto, no que foi
acompanhado pelos Ministros Roberto Barroso e
Luiz Fux , e o voto da Ministra Rosa Weber,
que acompanhava o voto do Ministro Gilmar
Mendes (Relator), o julgamento foi suspenso.
Presidência da Ministra Cármen Lúcia.
- Plenário, 13.6.2018.
O Tribunal, por maioria e nos termos do voto
do Relator, não conheceu do agravo interposto
pela Procuradoria - Geral da República contra
a liminar concedida e julgou procedente a
arquição de descumprimento de preceito
fundamental , para pronunciar a não recepção
da expressão “ para o interrogatório”,
constante do art. 260 do CPP, e declarar a
incompatibilidade com a Constituição Federal da
condução coercitiva de investigados ou de réus
para interrogatório, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de ilicitude das provas
obtidas , sem prejuízo da responsabilidade civil
do Estado. O Tribunal destacou, ainda, que esta
decisão não desconstitui interrogatórios
realizados até a data do presente julgamento,
mesmo que os interrogados tenham sido
coercitivamente conduzidos para tal ato.
Vencidos, parcialmente, o Ministro Alexandre de
Moraes, nos termos de seu voto, o Ministro
Edson Fachin, nos termos de seu voto, no que foi
acompanhado pelos Ministros Roberto Barroso,
Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente).
- Plenário, 14.6.2018.
- Acórdão, DJ 22.05.2019.

Da confissão do indiciado
A confissão não é prova absoluta, uma vez que o juiz, para o seu livre
convencimento, terá de confronta-la com as demais provas obtidas. Segundo
DAMASIO E. DE JESUS (Código de processo penal anotado, comentado ao
artigo 197).
“a confissão policial por si só, nada significa. Se o
juiz, na sentença, leva em conta a confissão
extrajudicial porque 'corrobora por outras provas',
cremos que está considerando ' as outras provas',
pouco tendo em validade, senão nenhuma, a
confissão policial. Esta, obtida sem o contraditório,
acreditamos ser um nada em matéria probatória.
Quando muito serve de elemento de convicção do
acusado para o início da ação penal.”

Assim, se durante o inquérito houver confissão do indiciado, o


encarregado deverá, mesmo assim, procurar prova para ratificar ou não tal
ato, prosseguindo o inquérito normalmente.
Da oitiva de testemunhas
Testemunha é a:
“pessoa chamada a depor no inquérito, por ser
conhecedora do fato de uma forma qualquer
(Manual do Inquérito Policial Militar de Minas
Gerais).”

Logo, tanto pode ser a de visu – viu, quando às de audito, e aqueles que
forem citadas pelo acusado, pelo ofendido ou pela parte, mesmo não vendo
nem ouvindo sobre o fato.
O encarregado do inquérito terá de observar o horário para o
depoimento, que deverá ser no período compreendido entre às sete e dezoito
horas, lavrando-se o termo o escrivão do horário de início e fim do ato,
devendo ainda tal depoimento não ser por mais de quatro consecutivas,
facultado o descanso de meia hora, se tiver de depor além daquele tempo.
Poderá, ainda, prosseguir o depoimento, se o mesmo não for concluído às
dezoito horas, no dia seguinte em horário determinado pelo encarregado,
mesmo não sendo dia útil, em caso de urgência, ou no próximo dia útil
(artigo 19 e 33).
No depoimento o encarregado observará a regra contida no artigo 301
para a confecção do IPM, que é a aplicação no IPM dos dispositivos previstos
no Título XV (Dos atos probatórios).
Assim, o encarregado deverá intimar as testemunhas declarando o seu
fim, designando a data e horário de comparecimento, sendo este obrigatório,
salvo motivo de força maior devidamente justificado, caso contrário, a
testemunha ficará sujeita à condução coercitiva e multa. Havendo recusa ou
resistência da testemunha, poderá está ainda ser presa por período não
superior a quinze dias, sem prejuízo do processo penal por crime de
desobediência (artigo 347) (Entendemos que, no que tange ao civil, tais
sanções serão aplicadas pelo juiz, visto que a Constituição, ao que concerne
aos direitos e garantias fundamentais, aos direitos individuais, limitou tais
garantias à lei e somente por determinação judicial tais garantias podem ser
alteradas. Logo, o mandado de condução é a restrição do direito de ir e vir,
insculpido na Constituição Federal, o que requer por parte do encarregado a
solicitação ao judiciário da expedição de tal mandado).
O artigo 301 do CPPM, que versa sobre a observância no inquérito da
disposições das testemunhas que dizem respeito às testemunhas e sua
acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos periciais e a
documentos previstos no Título (Dos probatórios), bem como qualquer outras
que tenham pertinência com a apuração do fato delituoso e sua autoria, vem a
dar respaldo para a condução coercitiva de testemunha no inquérito (artigo
347), bem como a sujeição da mesma à multa e prisão, no caso de resistência,
bem como a responder criminalmente pelo crime de desobediência.
Daí, valer no IPM, a intimação da testemunha que a mesma poderá
sofrer sanções pelo não cumprimento da ordem ali expedidas.
No inquérito policial comum, visto o Código de Processo Penal não
conter tal dispositivo conferido somente a autoridade policial a observância
no que diz respeito ao indiciado (artigo 6º, V), não se pode notificar visto não
existir na lei obrigatoriedade da testemunha depor no inquérito policial, o que
feriria o disposto no artigo 5º, inciso II da Constituição Federal onde:
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.”

A requisição de militar ou funcionário público para depor far-se-á ao


respectivo chefe encarregado, devendo o chefe, se o encarregado for inferior
hierárquico, fazer a ressalva das penas do parágrafo 2º do artigo 347 (artigo
349).
No termo de depoimento, a testemunha deverá declarar o nome, idade,
naturalidade, filiação, estado civil, profissão (posto ou graduação, se militar),
residência (onde serve, se militar), se é parente e em que grau do acusado e
do ofendido (a expressão que versa sobre tal indagação é: “aos costumes nada
disse 'ou' aos costumes disse que é primo do acusado”), declarando o que
sabe a respeito do fato que originou a apuração, prestando o compromisso de
dizer a verdade sobre o que lhe for perguntado (artigo 352), ressalvado os
casos em que as testemunhas for doente, deficiente mental, aos menores de
quatorze anos, o ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
ainda que divorciado, o irmão do iniciado, bem como pessoa que com ele
tenha vínculo de colocação (parágrafo 2º do artigo 352).
Quaisquer pessoas poderão ser testemunhas (artigo 351), e deverão ser
inquiridas separadamente de modo que não possa ouvir o depoimento da
outra (artigo 353).
Não estão obrigadas a depor o ascendente, o descendente, o afim em
linha reta, o cônjuge, ainda que divorciado, o irmão do acusado, bem como
pessoa que, com ele, tenha vínculo de adoção, salvo quando não for possível,
por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova ao fato e de suas
circunstâncias (artigo 354).
Pode a testemunha residir em local distante ou outro estado, cabendo ao
encarregado expedir carta precatória que será dirigida à autoridade militar
superior do local onde a testemunha sirva ou resida, designando a autoridade
oficial para tomar tal depoimento. Na expedição de carta precatória, este
deverá instrui-la com cópia da parte que deu origem a apuração do fato e os
quesitos formulados a fim de serem respondidos pela testemunha, além de
ouros dados que julgar necessários (artigo 361), levando-se em consideração
os requisitos da precatória (artigo 283).
Do reconhecimento de pessoas e coisas e acareações
O encarregado do IPM, visando a apuração escorreita do fato e d sua
autoria e tendo testemunhas oculares e ofendido que afirma reconhecer o
autor do fato delituoso, poderá proceder ao reconhecimento de pessoas e
coisa, conforme prevê o artigo 368, in verbis:
“Quando houve necessidade de se fazer o
reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela
seguinte forma:
a) a pessoa que tiver de fazer o
reconhecimento deverá convidada a descrever a
pessoa que deva ser reconhecida;
b) a pessoa cujo reconhecimento se
pretender, será colocada, se possível, ao lado de
outra que com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se a apontá-la quem houver de fazer o
reconhecimento;
c) se houver razão para recear que a
pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito
de intimação ou outra influência, não diga a
verdade em face da pessoa que deve ser
reconhecida, a autoridade providenciará para que
não seja vista por aquela.
§ 1º – o disposto na alínea e só terá
aplicação no curso do inquérito.
§ 2º – do ato de reconhecimento lavrar-se-
á termo pormenorizado, subscrito pela autoridade,
pela pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais.”
O artigo seguinte (artigo 369) prescreve a aplicação das cautelas
estabelecidas no artigo 368, no que diz respeito ao reconhecimento de coisa.
Quando houver variedade de pessoas para efetuar reconhecimento de
pessoas ou coisa, será feito individualmente, evitando-se o concurso entre as
mesmas (artigo 370).
Da acareação
A acareação é o ato que visa esclarecer as divergências observadas nas
declarações, depoimentos e inquirições. Segundo MAXIMILIANO
CLAUDIO AMÉRICO FÜHRER (Resumo de processo penal, v. 6, 1995,
p.36).
“... ás vezes, uma acareação bem conduzida muda
completamente o rumo do inquérito ou do
processo,”

ressaltando, ainda, que


“A acareação deve ser feita de modo que os
acareados expliquem, frente a frente, os pontos de
divergência, devendo a autoridade consignar as
palavras, bem como a autoridade de cada um.”

A admissão da acareação é prevista no artigo 365, in verbis:


“A acareação é admitida, assim na instauração
criminal como no inquérito, sempre que houver
divergência em declarações sobre fatos ou
circunstâncias relevantes:
a) entre relevantes;
b) entre acusados;
c) entre acusado e testemunhas;
d) entre acusado ou testemunhas e a pessoa
ofendida;
e) entre as pessoas ofendidas.”

Será explicado pelo encarregado os pontos de divergência, reinquirindo


em seguida cada um por si e, em seguida, na presença do outro, sendo
lavrado à termo (artigo 366).
No caso de ausência de uma das testemunhas, que apresente
divergência, prevalecerá os pontos da testemunha presente (artigo 367).
Determinação de exames perícias
Como já foi dito anteriormente, os exames perícias e avaliações
realizados no curso do inquérito, são efetivamente, ou seja, não serão
renovados em juízo.
O Capítulo V, que compreende os artigos 314 a 346, trata do assunto,
sendo necessário maiores comentários dado o caráter auto explicativo dos
referidos artigos.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro possui um núcleo de
criminalística (NU/CCPMERJ), onde são realizados exames e perícias mais
afetos aos crimes militares.
A nota de instrução nº 011/93 da PMERJ, trata da solicitação de tais
exames, trazendo, ainda, os modelos de solicitação de indicação de peritos e
exames, e o termo de compromisso de perito, conforme transcrição do
mesmo na parte da presente monografia (anexo).
Na formulação de quesitos, o encarregado poderá solicitar aqueles que
achar necessários, devendo ser específicos, simples e se sentido inequívoco,
não podendo ser sugestivo, nem conter implícita a resposta (artigo 317).
Formularemos alguns quesitos, conforme o tipo de delito, baseados no
Decreto nº 5.141, de 25 de outubro de 1996 (do Estado de Minas Gerais), que
aprova o formulário de quesitos para exames periciais, e no Manual de
Inquérito Policia Militar da PMERJ (M-5).
Sanidade mental
1º – O paciente submetido a exame era, ao tempo da ação ou omissão,
por motivo de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento?
2º – O paciente submetido a exame não possui, ao tempo da ação ou
omissão, em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, a plena capacidade de entender o caráter
criminoso do ato ou determinar-se de acordo com esse entendimento?
3º – Qual essa doença mental ou de que natureza era essa perturbação
mental?
4º – Que grau de desenvolvimento mental apresenta o paciente
submetido ao exame?
Menores de dezoito anos
1º O paciente submetido a exame é menor ou maior de dezoito anos de
idade?
Embriaguez
1º - O paciente está embriagado pelo álcool ou por substância de efeitos
análogos?
2º – essa embriaguez é completa ou incompleta?
3º – O paciente em virtude da embriaguez, era ao tempo da ação ou
omissão, inteiramente incapaz de atender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento?
4º – O paciente, em virtude da embriaguez não possuía ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?
Homicídio
1º - Houve a morte?
2º - Qual a causa da morte?
3º – Qual o instrumento ou meio que produziu a morte?
4º – A morte foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar
perigo comum?
Homicídio culposo
1º - Houve a morte?
2º - Qual a causa da morte?
3º – Qual o instrumento ou meio que produziu a morte?
4º – A morte foi inobservância de regra de profissão, arte ou oficio?
Lesões corporais
1º – Houve ofensa a integridade corporal ou à saúde do paciente?
2º – qual instrumento ou meio que produziu a ofensa?
3º - A ofensa foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar
perigo comum?
4º – Da ofensa resultou perigo de vida?
5º – Da ofensa resultou incapacidade para as ocupações habituais por
mais de trinta dias?
6º - Da ofensa resultou debilidade permanente de membro, sentido ou
função; incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável;
perda ou inutilização de membro, sentido ou função ou deformidade
permanente?
Constrangimento ilegal
1º – Há lesão corporal ou outro vestígio, indicando ter havido emprego
de violência contra o paciente?
2º – Há vestígio indicando ter havido emprego de qualquer outro meio
para realizar a capacidade de resistência do paciente?
3º – Qual o meio empregado?
Sequestro ou cárcere privado
1º – O paciente apresenta sinal ou vestígios de grave sofrimento físico
ou moral?
2º – Esse sofrimento resultou ou pode ter resultado de maus tratos em
sequestro ou cárcere privado?
3º – Esse sofrimento resultou ou pode ter resultado de natureza de
detenção em sequestro ou cárcere privado?
Furto qualificado
1º – Houve destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa?
2º – Qual foi esse obstáculo?
3º – Houve escalada?
4º – Houve destreza?
5º – Qual o meio ou instrumento empregado?
6º – Houve emprego de chave falsa?
7º – E que época ocorreu o fato?
8º – Qual o valor do bem subtraído?
Para exame do instrumento
1º – Qual o instrumento apresentado a exame?
2º – Esse instrumento é empregado usualmente para prática de furto?
Roubo
1º – Há lesão corporal, ou outro vestígio, indicando ter havido emprego
de violência contra o paciente?
2º – Há vestígios indicando ter havido emprego de qualquer outro meio
para reduzir o paciente à impossibilidade de resistência?
3º – Qual o meio ou instrumento empregado?
4º – Da violência resultou morte?
5º – Da violência resultou morte?
Extorsão
1º – Há lesão corporal ou outro vestígio, indicando ter havido emprego
violência contra o paciente?
2º – Qual meio ou instrumento empregado?
3º – Da violência resultou lesão corporal de natureza grave?
4º – Da violência resultou morte?
Dano
1º – Houve destruição, inutilização ou detonação da coisa submetida a
exame?
2º – Qual o meio ou instrumento empregado?
3º – Houve emprego de substância inflamável ou explosiva?
4º – Qual o valor do dano causado?
Conjunção carnal
1º – Houve conjunção carnal?
2º - houve ruptura do hímen?
2º – Qual a data provável dessa ruptura?
4º – Há lesão corporal, ou outro vestígio, indicando ter havido emprego
de violência e, no caso afirmativo, qual o meio empregado?
5º – Da violência resultou lesão corporal de natureza grave?
6º – Da violência resultou a morte da paciente?
7º – A paciente é maior de quatorze anos; ou ainda é maior ou menor de
dezoito anos?
8º – A paciente é alienada ou doente mental?
9º – Houve qualquer outra causa que tivesse impossibilitado a paciente
oferecer resistência?
Atentado ao pudor
1º – Houve a prática de ato libidinoso?
2º – Em que consistiu?
3º - Há lesão corporal ou outro vestígio, indicando ter havido emprego
de violência e, no caso afirmativo, qual o meio empregado?
4º – Da violência resultou lesão corporal de natureza grave?
5º – Da violência resultou a morte do paciente?
6º – O paciente é maior ou menor de quatorze anos; ou é maior ou
menor de dezoito anos?
7º – O paciente é alienado mental?
8º – Houve qualquer outra causa que impossibilitou o paciente de
oferecer resistência?
9º – (Caso tenha sido contra mulher), se resultou aceleração de parto ou
aborto?
Incêndio
1º – Houve incêndio?
2º – Qual a natureza, finalidade e utilização da coisa incendiada?
3º – Onde se originou o incêndio?
4º – Qual a causa determinante?
5º – Foi acidental, proposital ou resultou de imprudência, negligência
ou imperícia?
6º – O incêndio expôs a perigo a integridade física, a vida ou o
patrimônio de outrem?
7º – Houve dano?
8º – Qual a sua extensão?
9º – Qual o seu valor?
Envenenamento
1º – Houve propinação de veneno ou por outro modo foi aplicado?
2º – Qual a espécie do veneno?
3º – A qualidade o a quantidade empregada poderia causar a morte?
4º – Não podendo causar a morte, produziu ou poderia produzir
alteração profunda da saúde, pondo em risco a vida da pessoa?
5º – Em que consiste essa alteração?
Exame de armas
(armas brancas)
1º - Qual a espécie submetida a exame?
2º – Quais suas características?
3º – No estado em que se apresentam, poderiam ter sido utilizadas
eficazmente para a prática de crime?
4º – Apresenta alguma mancha?
5º – Qual a natureza da mancha?
(armas de fogo)
1º – Qual a natureza da arma submetida a exame e suas características
principais?
2º – A arma tem capacidade para produzir disparo?
3º – A arma submetida a exame está ou não carregada?
4º – Em caso afirmativo, qual a natureza da carga?
5º – Pelos elementos coligidos no exame, podem os Senhores Peritos
concluir tenha a mesma produzido disparos recentes?
6º – Quais a natureza e características do projétil submetido a exame?
7º – O projétil em causa foi expedido pela arma ora examinado?
8º – Qual a natureza e características do estojo submetido a exame?
9º – Pelos elementos coligidos no exame, podem os Senhores Peritos
afirmar ter sido o estojo em causa utilizado em disparo com a arma ora
examinada?
Objetos de arrombamento
1º – Qual a natureza do objeto apresentado a exame e sua
característica?
2º – O objeto ora examinado é próprio para arrombamento ou pode ser
utilizado com eficiência para tal fim?
3º – Queiram os Senhores Peritos fornecer outros elementos que
julgarem necessários.
Um exame importante que não foi completamente mencionado é o
exame de confronto balístico que visa a identificar um projétil arrecadado,
seja na coisa ou na pessoa, com a arma de fogo usada pelo indiciado.
Às vezes, passa desapercebida tal arrecadação, visto constar no laudo
cadavérico, que chegou já no final do IPM ou até mesmo não chegou até seu
término. É de tal exame que irá se afirmar a autoria ou não do indiciado.
No Estado do Rio de Janeiro há o Instituto Médico Legal Afrânio
Peixoto, que realiza exames concernentes à pessoa – lesão corporal, estupro,
homicídio, etc... - e o Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que realiza
periciais sobre objetos – arma de fogo, arma branca, arrombamento, etc...
Normalmente, o IPM é instaurado pela autoridade militar, tendo sido os
fatos registrados em delegacia policial, onde a própria unidade de polícia
judiciária fez requisições de exames e periciais aos órgãos acima
mencionados. Neste caso, o encarregado do IPM, solicitara a cópia do
Registro de Ocorrência (RO), ou a cópia do Auto de Prisão em Flagrante,
onde de posse do número do memorando de requisição de exames e periciais
feitas pela delegacia, mencionará em sua solicitação o referido número. Tal
menção se dá devido ao controle de tais órgãos estarem ligados aos mesmos
números dos memorandos.
No caso de ter sido feito a perícia pelo Centro de Criminalística da
Polícia Militar (CCrim/PMERJ) onde só são realizadas periciais em objetos,
não faz necessidade de tal alusão.
Da avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída
ou danificada ou da qual houve indébita apropriação (alínea g, artigo 13)
É importante tal ato pelo encarregado tendo em vista que o objeto
jurídico protegido pela norma é a propriedade, a posse e a detenção de um
bem móvel, e a avaliação e identificação do bem dá a amplitude do mesmo e
determina a sua existência, caracterizando-se assim uma perda patrimonial,
uma lesão ao direito do ofendido.
Tal avaliação é importante, também, para a dosagem da pena, onde,
segundo a regra do parágrafo 1º do artigo 240 do CPPM, poderá ser a pena
diminuída ou desclassificada, em virtude do pequeno valor do bem, sendo
requisito, porém, que o réu seja primário, verbis:
“omissis,
parágrafo 1º: se o agente é primário e é de pequeno
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão, pela detenção, diminui-la de um a dois
terços, ou considerar a infração como disciplinar.
Entende-se pequeno valor que não exceda a um
décimo da quantia mensal do mais alto salário
mínimo do pais.”

O mesmo ocorre com o crime de dano, previsto no artigo 260 do com.


Das buscas e apreensões
A busca e apreensão de instrumentos e objetos do crime pode se dar no
próprio locus delict, no domicílio ou na própria pessoa. No que tange a busca
e apreensão no locus delict, não traz tal ato dificuldade para o encarregado.
Quando a busca e apreensão no domicilio e na pessoa, discorreremos a
seguir.
Da busca domiciliar
Pode haver, no transcorrer do inquérito, necessidade de ser realizar uma
busca em determinado domicilio, que durante as investigações, tenha sido
citado como o local que abriga criminosos ou objetos que tenham a ver com o
delito apurado.
Antes da Constituição de 1988, a autoridade policial podia realizar tais
buscas sem mandado judicial. Atualmente, visto o artigo 5º, XI da Carta
Magna, que traz o princípio da inviolabilidade do domicílio, somente se
procede a busca domiciliar por determinação judicial.
A respeito do assunto leciona JOÃO BOSCO R. MONTEIRO:
“Durante muito tempo a sociedade brasileira sofreu as consequências
danosas para sua segurança com a invasão de lares a pretexto de busca e
apreensão, sem mandados ou expedidos pela autoridade policial. Às vezes
disfarçado em média de mera política, outras vezes à procura de um
criminoso o certo e que se invadia com frequência o lar das pessoas com o
propósito de efetuar prisões. Era fácil imaginar a insegurança em que vivia o
cidadão, sabedor que a qualquer hora, inclusive a noite, sua casa poderia
ser invadida pelas autoridades. Sua pessoa e a de sua família não
desfrutavam, portanto, de qualquer segurança. Essa arbitrariedade e
autoritarismo marcaram profundamente a nossa sociedade, deixando um
saldo negativo e, até mesmo, estarrecedor, com a morte e desaparecimento
de milhares de pessoas inocentes.”
e prossegue:
“Todavia atualmente se a autoridade policial desejar empreender uma
busca domiciliar, mesmo que pretenda fazê-lo pessoalmente, haverá
indeclinável necessidade de ordem judicial. Se o juiz não autorizar, não será
possível, e, se mesmo assim vier a acontecer, responderá a autoridade
criminalmente, pois a entrada se deu sem formalidades legais.” (Da busca
domiciliar, in Revista da Escola de Magistratura do Estado do Mato Grosso
do Sul – ESMAGIS -nº 6, janeiro de 1994, pp. 11 e 12)
A busca domiciliar está regulada no Capítulo 1, do Título XIII do
CPPM, onde se verifica a necessidade das seguintes observações: a finalidade
da busca (artigo 172), onde o juiz, após analisar as razões contidas na
solicitação do encarregado, com a lei, expedirá o mandado, que será prender
criminosos; apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardados
ilicitamente, apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
apreender armas ou instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados
a fim delituoso; descobrir objetos necessários a prova da infração ou à defesa
do acusado; apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu
poder, quando haja fundada suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
possa ser útil à elucidação do fato; apreender pessoas vítimas de crime e
colher elemento de convicção.
O encarregado na solicitação ao juiz deverá também ter a noção do
termo casa que, segundo o artigo 173 é qualquer compartimento habilitado,
aposento ocupado de habitação coletiva e compartimento não aberto ao
público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Não procede a solicitação ao juiz de mandado de busca pelo
encarregado, no caso de hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação
coletiva, enquanto abertos, salvo o aposento ocupado, taverna, boate, casa de
jogo e outros do mesmo gênero e a habitação usada como local para a prática
de infrações penais (artigo 174). Neste último caso, o encarregado deve ter
certeza absoluta, sendo recomendável, mesmo assim, a solicitação de
mandado para o juiz competente.
A busca domiciliar só poderá ocorrer durante o dia. Não diz a lei o
horário que compreende o termo dia, porém é feita analogia com o artigo 172
do CPC, que menciona o horário compreendido entre às seis e dezoito horas.
1) Procedimento
No cumprimento do mandado de busca se levará em conta a presença
do morador. Sendo este presente, o executor lerá o mandado, identificar-se-á,
e dirá o que pretende, em seguida, convidará o morador a franquear a entrada,
sob pena de a forçar se não for atendido, no interior da casa convidará o
morador a apresentar a coisa ou pessoa procurada e, se não for atendido, ou
se tratar a apresentar a coisa ou pessoa procurada e, se não for atendido, ou
ser tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à busca; no caso de resistência
do morador ou outra pessoa que tente prejudicar a busca, o executor poderá
usar a força necessária para vencer tal resistência, podendo, ainda, arrombar
móveis ou compartimentos que, presumidamente, possam abrigar objeto
procurado (artigo 179).
Estando o morador ausente ou a casa estiver desabitada, o executor
tentará localizá-lo, a fim de dar ciência da diligência e, aguardará sua
chegada, se ser imediata; não se encontrando o morador, o executor
convidará a capaz, que deverá ser identificada para constar do respectivo
auto, como testemunha da diligência, em seguida, o executor entrará na casa,
arrombando-lhe, se necessário, efetuando a busca, rompendo, se preciso,
todos os obstáculos ou compartimentos onde, presumidamente, possam estar
as coisas ou pessoas procuradas, observando ainda, que tais rompimentos
devem ser feitos com o menor dano possível (artigo 179, incisos I e II).
Da busca pessoal
Consiste a busca pessoal, na procura material, feita nas vestes, pastas,
malas e outros objetos que se encontrem com a pessoa revistada e, quando
necessário, no próprio corpo, conforme a dicção do artigo 180.
Normalmente, devido a oportunidade e, levando-se em conta que a
expedição de um mandado judicial acarretará num possível prejuízo à
diligência, a revista é realizada independentemente de mandado, quando feita
no ato da captura da pessoa que deve ser presa; quando determinada no curso
de busca domiciliar; quando ocorrer fundada suspeita de que alguém oculte
consigo instrumento ou produto do crime; quando houver fundada suspeita de
que revistando traz consigo objeto ou papéis que constituam corpo de delito
e, quando feita na presença de autoridade judiciária (artigo 182).
A busca em mulher, a princípio, só pode ser realizada por outra mulher.
Se importar em retardamento ou prejuízo da diligência, nada impede a
dispensa da formalidade, sendo a revista efetuada por homem (artigo 183).
Do auto de busca e apreensão
O artigo 189 prescreve os requisitos do auto, que será lavrado quando
finda a diligência, devendo ser o mesmo assinado por duas testemunhas, com
declaração do lugar, dia e hora em que se realizou, com a citação das pessoas
que a sofreram e das que nela tomaram parte ou as que tenham assistido, com
as respectivas identidades, bem como, de todos os incidentes ocorridos
durante sua execução.
Constando do auto, ainda, ou fazendo parte em anexo devidamente
rubricado pelo executor da diligência, a relação e a descrição das coisas
apreendidas, com a especificação de marca, tipo, origem, se possível a data
de fabricação de máquinas, veículos, instrumentos ou armas; título e o nome
do autor no caso de livros e, a natureza, na hipótese de documentos (artigo
189).
Da proteção de testemunhas e do ofendido
Tal medida visa impedir que os depoimentos e declarações sejam
eivados pela ameaça do indiciado ou de terceiro.
Nos Batalhões de Polícia Militar, em sua maioria existem salas
preparadas para o reconhecimento, são as chamadas “salas de manjamento”,
em que a testemunha ou o ofendido não são vistos pelo indiciado, devido ao
uso de um vidro espelhado que se permite a visão pela sala onde a
testemunha ou o ofendido são instalados.
O encarregado deve tomar certas medidas, a fim de evitar o possível
constrangimento entre as pessoas envolvidas na apuração, não marcando para
o mesmo dia as oitivas de ofendido e indiciado, ou da testemunha e indiciado.
Há outras medidas que o encarregado, num caso mais extremo, poderá
adotar, tais como a prisão cautelar do indiciado, com base no artigo 18 ou o
requerimento, junto ao juiz auditor, da decretação da prisão preventiva, com
base no artigo 255, b do CPPM.
No Brasil, no que diz respeito ás testemunhas e ofendidos que
colaborem na apuração de crimes, não há, salvo as medidas paliativas acima
adotadas, uma política para sua proteção, tendo que mais tarde, por conta
própria, a pessoa sair do local onde reside.
No congresso Nacional, há um projeto de lei que trata do assunto,
estabelecendo medidas a serem adotadas na proteção de pessoas expostas a
grave perigo, devido a colaboração em inquérito policial ou em processo
penal. Tais medidas podem abranger os familiares, incluindo segurança na
moradia com controle das telecomunicações, escolta de segurança – quando
se trata de pessoa presa – transferência para aqueles que estão em liberdade,
modalidades especiais de prisão, troca de identificação civil e assistência
econômica.
A Itália e os Estados Unidos têm uma política de proteção àquelas que
ajudam a justiça nas investigações, sendo que, atualmente, só na Itália há
cerca de 1.412 pessoas protegidas, entre delatores, familiares e amigos. Nos
Estados Unidos são cerca de 15.000 pessoas incluindo as famílias que
recebem proteção estadual, sendo o custo de uma família de quatro pessoas
de US$ 109.000 por ano, ao governo, sendo escolhido pelo programa, o lugar
onde vão viver a testemunha e seus familiares, permitindo a troca de
identidade (Folha de São Paulo, 14 de maio de 1995).
Reconstituição dos fatos
Parágrafo único – para verificar a possibilidade de haver sido a infração
praticada de determinado modo, o Encarregado do Inquérito poderá proceder
à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade
ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.
Assistência do procurador
Art. 14 – em se tratando da apuração de fato de excepcional
importância ou de difícil elucidação, o encarregado do inquérito poderá
solicitar do Procurador-Geral indicação de Procurador que lhe dê assistência.
Encarregado do Inquérito. Requisitos
Art. 15 – Será encarregado, sempre que possível, Oficial de posto
não inferior ao de Capitão; e, em se tratando de infração penal contra a
segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, Oficial Superior, atendida,
em cada caso, e sua hierarquia, se Oficial o indiciado.
Sigilo do Inquérito
Art. 16 – O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode
permitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado.

LEI Nº 13.245, DE 12 DE JANEIRO DE 2016.


Altera o art. 7o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem dos Ad
Brasil).
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decret
seguinte Lei:
Art. 1o O art. 7o da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem dos A
Brasil), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 7o .........................................................................
.............................................................................................
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, m
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
digital;
.............................................................................................
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pe
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todo
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamen
inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
b) (VETADO).
............................................................................................
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o e
direitos de que trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e aind
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
finalidade das diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento in
autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no
investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autori
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exer
sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao jui
(NR).
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 12 de janeiro de 2016; 195o da Independência e 128o da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.1.2016

A Súmula Vinculante n. 14 do STF prevê que


“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elemen
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com compe
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

A LEI 13.245/16 E SUAS REPERCUSSÕES JURÍDICAS E PRÁTICAS NAS IN


(Jusbrasil)

Da inobservância do direito de amplo acesso aos autos de investigação


A Lei 13.245/16 incluiu o § 12 no art. 7º da Lei 8.906/94, prevendo que “A inobse
direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o for
autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsáv
acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa
subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.” (destaqu
Da necessidade (ou não) de procuração para acessar os autos da investigação
O § 10 do art. 7º da Lei 8.906/94 prevê que “Nos autos sujeitos a sigilo, deve o ad
procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.” (destaquei)
Inicialmente, é importante especificar quando haverá sigilo nos procedimentos inv
O sigilo subdivide-se em externo e interno.
O sigilo externo é a regra do inquérito policial e consiste no sigilo que a autoridad
manter da investigação em relação a terceiros, inclusive a imprensa.
Referido sigilo externo decorre da necessidade de preservar a imagem do investig
da CRFB/88) e da própria natureza da investigação, que muitas vezes tem seu suc
à manutenção de seu sigilo, em razão do elemento “surpresa”.
O sigilo interno refere-se aos que possuem interesse na investigação, sendo aplicá
ao investigado.
Nenhum dos dois sigilos são oponíveis à autoridade policial, ao juiz e ao promoto
caso.
Um exemplo de “sigilo interno” é a hipótese em que a autoridade policial esteja p
elementos probatórios para realizar pedido de busca e apreensão ou pedido de inte
telefônica.
Portanto, em se tratando de diligências que ainda não foram realizadas ou que estã
a defesa não possui direito ao acesso, sob pena da investigação restar infrutífera.
Feito os apontamentos sobre o “sigilo”, é importante analisar quando é necessária
procuração.
Não está claro se o § 10 do art. 7º da Lei 8.906/94 abrange os sigilos em razão da
pela autoridade policial ou em razão de ordem judicial.
O art. 16 do Código de Processo Penal Militar prevê que o inquérito é sigiloso.
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome
advogado do indiciado. (destaquei)
Portanto, o sigilo nos inquéritos policiais militares decorre de lei, sendo que a auto
militar, denominado Encarregado, deve assegurar o sigilo do IPM, facultando ace
do investigado mediante procuração.
Outro exemplo de sigilo que decorre de lei encontra previsão no art. 234-B do Có
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão
justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) (destaquei)
Portanto, nos crimes contra a dignidade sexual, por imposição legal, os autos deve
segredo de justiça, sendo necessário advogado constituído para que tenha acesso a
Em relação ao inquérito policial, o art. 20 do Código de Processo Penal determina
policial assegure o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do f
pelo interesse da sociedade.
Pela redação do citado artigo é possível dizer que a autoridade policial possui cert
discricionariedade ao avaliar o caso concreto e impor o sigilo necessário para o bo
investigação.
Assim sendo, é possível afirmar que nos inquéritos policiais os advogados terão a
sem necessidade de procuração, salvo se o Delegado houver decretado sigilo, oca
necessária a procuração.
Nessa toada, Renato Brasileiro de Lima[5] ensina que “Se a autoridade policial ve
publicidade das investigações pode causar prejuízo à elucidação do fato delituoso
sigilo do inquérito policial com base no art. 20 doCPP, sigilo este que não atinge
judiciária e nem o Ministério Público”. (destaquei)
No tocante ao sigilo decorrente de ordem judicial (segredo de justiça), entendemo
advogado com procuração, conforme o caso, deve ser concedido pelo juiz compet
A Lei 12.850/13, que trata da organização criminosa, assevera o seguinte:
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial com
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respei
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados o
diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá ass
vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (trê
antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei12.850/13, e
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7o da Lei 8.906/94, que trata dos dir
advogado quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme dis
que diz que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administra
bem como em relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procu
aplicam aos processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art.7o,§ 10da Lei8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuração
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante e de
qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à aut
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se restringiu ao
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7o, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
eficácia ou da finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7o
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7o, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
as audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determina
puder trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis q
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito! Como muito poderíam
mitigação (mas não me parece plenamente correto), considerando que publicidade
defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos satelitários que orbitam em t
fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles que fundam o sistema, pois são
secundários que - em tese - podem se unir a um núcleo ou a outro. (destaquei)
ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antec
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei12.850/13, e
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7o da Lei 8.906/94, que trata dos dir
advogado quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme dis
que diz que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administra
bem como em relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procu
aplicam aos processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art.7o,§ 10da Lei8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuração
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante e de
qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à aut
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se restringiu ao
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7o, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
eficácia ou da finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7o
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7o, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
as audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determina
puder trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis q
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito! Como muito poderíam
mitigação (mas não me parece plenamente correto), considerando que publicidade
defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos satelitários que orbitam em t
fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles que fundam o sistema, pois são
secundários que - em tese - podem se unir a um núcleo ou a outro. (destaquei)

ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que ante
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei 12.850/13,
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7º da Lei 8.906/94, que trata dos dir
quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme disposto em §
que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administrativos, be
relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procuração, não se a
processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art. 7º, § 10 da Lei 8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuraçã
em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante
de qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à a
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se res
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7º, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7º
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7º, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determinado
trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e apree
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, e
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito!
Como muito poderíamos falar em mitigação (mas não me parece plenamente corr
que publicidade/segredo, defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos sat
orbitam em torno do núcleo fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles qu
sistema, pois são elementos secundários que - em tese - podem se unir a um núcle
(destaquei)

ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antec
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei12.850/13, e
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7o da Lei 8.906/94, que trata dos dir
advogado quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme dis
que diz que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administra
bem como em relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procu
aplicam aos processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art.7o,§ 10da Lei8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuração
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante e de
qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à aut
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se restringiu ao
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7o, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
eficácia ou da finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7o
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7o, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
as audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determina
puder trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis q
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito! Como muito poderíam
mitigação (mas não me parece plenamente correto), considerando que publicidade
defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos satelitários que orbitam em t
fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles que fundam o sistema, pois são
secundários que - em tese - podem se unir a um núcleo ou a outro. (destaquei)

exame de corpo de delito, p. Ex.


Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7o
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório o
curso das investigações
O art. 7o, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
as audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determina
puder trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação pre
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais,
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Na
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e
(no seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informa
antes de ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito! Como muito
em mitigação (mas não me parece plenamente correto), considerando que publicid
defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos satelitários que orbitam em t
fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles que fundam o sistema, pois são
secundários que - em tese - podem se unir a um núcleo ou a outro. (destaquei)
Como muito poderíamos falar em mitigação (mas não me parece plenamente corr
considerando que publicidade/segredo, defesa/ausência, contraditório ou não, sã
satelitários que orbitam em torno do núcleo fundante (gestão/iniciativa da prova)
fundam o sistema, pois são elementos secundários que - em tese - podem se unir a
outro. (destaquei)
Incomunicabilidade do Indiciado. Prazo.
Art. 17 – O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o
indiciado, que tiver legalmente preso, por três dias no máximo.
CÉLIO LOBÃO (Direito Processual Penal Militar, 2009, p. 63) a
incomunicabilidade do indiciado preso, autorizada pelo srt. 17 do CPPM e
prevista, igualmente, no art. 21 do CPP, não foi recepcionada pela
Constituição (conf. Despacho do Min. Nilson Naves, no RHC 11.124,
ratificado pela 6.ª T. do STJ, acórdão de 19.06.2001), tanto mais que é
assegurado o contato do preso com sua família e com o advogado, podendo a
autoridade policial restringir ou vedar visitas de quem não é da família, no
interesse da investigação. Oportuno lembrar que o Estatuto da Advocacia faz
referencia a presos “considerados incomunicáveis” (art. 5.º, LXIII, da CF, e
7.º, III, da Lei 8.906/1994).
Detenção de Indiciado
Art. 18 – Independentemente de flagrante delito, o indiciado
poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias,
comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias pelo Comandante da Região,
Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação do encarregado do
inquérito e por via hierárquica.

A CF/88 condicionou a perda da liberdade a determinados pressupostos, reveland


seriam, a partir de então, verdadeira exceção. As denominadas prisões para averig
se insubsistentes e passaram a ser passíveis de responsabilização civil (indenizaçã
morais), criminal (abuso de autoridade – Lei n. 4.898/65) e por ato de improbidad
(Lei n. 8.429/92 – art. 11, caput e inciso II). No caso específico das transgressões
crimes propriamente militares, definidos em lei, a Constituição Federal excetuou a
flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária compete
ocorrência da prisão. O militar somente poderá ser detido na forma do artigo 18 d
crimes próprios, em atendimento ao art. 5º, inciso LXI, da Constituição Federal.
Prisão preventiva e de menagem-Solicitação
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do
inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo, ou sua prorrogação, justificando-
a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem do indiciado.

“Menagem é instituo legal previsto no Código de Processo Penal Militar (CPPM)


exclusiva à Justiça Castrense.
Segundo o conceito dado pelo Dicionário Jurídico de Christovão Piragibe Tostes
Magalhães é o benefício concedido a militares, assemelhados e civis sujeitos à jur
ainda não condenados, os quais assumem o compromisso de permanecer no local
autoridade competente. É cumprida em uma cidade, quartel, ou mesmo na própria
rigor carcerário.
Dessa forma, a menagem pode ser considerada uma espécie de prisão provisória,
fica restrito a permanecer no local para o qual ela foi concedida. Ressalte-se que,
cerceamento da liberdade de locomoção e o fato do período de menagem não ser c
pena (art. 268, CPPM), ela poderá ser considerada um benefício, pois não é cump
de uma prisão.
Para o preso ter direito a esse instituto deve preencher os seguintes requisitos:
a) a pena privativa do crime de que é acusado não pode exceder a quatro anos;
b) a natureza do crime não pode ter, por exemplo, requintes de crueldade, motivo
c) o acusado deve ter bons antecedentes;
d) não pode ser reincidente.
Vejamos os dispositivos do CPPM sobre o tema:
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da
liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção ànatureza do cri
antecedentes do acusado (grifos nossos)
Art. 269. Ao reincidente não se concederá menagem. (grifos nossos)
Por fim, a menagem poderá ser cassada e cessada nos seguintes casos:
Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi el
faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha sido intimado
comparecer independentemente de intimação especial.(grifos nossos)
Art. 267. A menagem cessa com a sentença condenatória, ainda que não tenha pas
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz poderá ordenar a cessação
qualquer tempo, com a liberação das obrigações dela decorrentes, desde que não a
necessária ao interêsse da Justiça.(grifos nossos)”
Inquirição durante o dia
Art. 19 – As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência
inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o
dia, em período que mede das sete às dezoito horas.
Inquirição assentada de início, interrupção e encerramento
§1º - O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das instruções
ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções,
no final daquele período.
Inquirição. Limite do tempo
§2º - A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas
consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver
de prestar declarações além daquele tempo. O depoimento que não ficar
concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte,
em hora determinada pelo encarregado do inquérito.
§3º - não sendo dia útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada
para o primeiro dia que for salvo, caso de urgência.
Prazos para terminação do inquérito
Art. 20 – O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o
indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar
a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver
solto, contados da data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de Prazo
§1º - Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela
autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou
pericias já iniciadas, ou haja necessidade de diligencias, indispensáveis à
elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo
oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.
Diligencias não concluídas até o inquérito
§2º - Não haverá mais prorrogação, além da prevista no §1º, salvo
dificuldade insuperável, a juízo do Ministro de Estado competente. Os laudos
de pericias ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os
documentos colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz,
para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do
inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as
testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§3º - São deduzidos dos prazos referidos neste artigo as interrupções
motivadas no §5º do Art. 10.
Reunião e Ordem das Peças do inquérito
Art. 21 – Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica,
reunidas num só processo, e datilografadas, em espaço dois, com as folhas
numeradas e rubricadas pelo escrivão.

Ordem de Serviço n.º 002 das promotorias de justiça junto à AJMERJ – Art. 1.º -
terminantemente vedada a tramitação, no âmbito das Promotorias de Justiça junto
Militar do estado do Rio de Janeiro, de qualquer pedido, requerimentos ou represe
devidamente juntadas e autuadas aos autos de seus respectivos Inquéritos Policiai
quaisquer documentos não devidamente juntados aos autos ou afixados à capa ou
(BDR da PM n.º 129 – 21Jul14)
Juntada de documentos
Parágrafo único – De cada documento junto, a que precederá despacho
do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respectivo termo,
mencionando a data.
Relatório
Art. 22 – O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o
seu encarregado mencionará as diligencias feitas, as pessoas ouvidas e os
resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato
delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indicio de
crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a
conveniência da prisão do indiciado, nos termos legais.
Solução
§1º - No caso de ter sido delegada atribuição para abertura do inquérito,
o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para
que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido
apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar
necessárias.
Avocação
§2º - Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o
delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.
Remessa do inquérito à autoridade de circunscrição
Art. 23 – Os Autos do inquérito serão remetidos ao Auditor da
Circunscrição Judiciária onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos
instrumentos desta, bem como dos objetos que lhe interessem à sua prova.
Remessa às auditorias especializadas
§1º - Na circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à
especialização de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede,
especializada ou não, a remessa será feita à Primeira Auditoria, para a
respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no curso do inquérito serão
resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por
distribuição.
§2º - Os Autos de inquérito instaurado fora do território nacional são
remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União,
atendida, contudo, à especialização referida no §1º.
Arquivamento do Inquérito. Proibição
Art. 24 – A autoridade militar não poderá mandar arquivar de inquérito,
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do
indiciado.
Instauração de novo inquérito
Art. 25 – O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro,
se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira
pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.
§1º - Verificando-se a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os
autos ao Ministério Público, para os fins do disposto no Art. 10, letra “c”.
§2º - O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos,
se entender inadequada a instauração do inquérito.
Devolução de autos de inquérito
Art. 26 – Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos à autoridade
policial militar, a não ser:
I – mediante requisição do Ministério Público, para diligencias por
ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II – por determinação do juiz, antes da denúncia, para o
preenchimento das formalidades previstas neste Código, ou para
complemento de provas que julgar necessário.
Parágrafo único – Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de vinte dias, para restituição dos autos.
O artigo 26 do CPPM trata das execuções ao princípio de que o
inquérito o mesmo não poderá ser devolvido à autoridade policial militar.
Tais execuções, insculpidas nos incisos I e II do aludido artigo,
possuem o mesmo teor dos artigos 13, 11 e 16 do Código de Processo Penal.
Diante dos princípios previstos na Constituição Federal, artigo 129, I e
VII, que são exercício privativo da ação penal, e o controle externo da
atividade policial, funções institucionais do Ministério Público, suscita-se da
revogação dos artigos 13 e 16 do CPP, e analogicamente, o artigo 26 do
CPPM, fazendo-se necessário mais uma vez, recorrer a lição de
MARCELLUS POLASTRI LIMA.
“................................................................................................
Público detém o controle do inquérito policial podendo requisitar
diligências e até mesmo formar seu próprio procedimento investigatório, o
que conflita, em parte, com os artigos 13, II e 16 do CPP, a uma porque,
detendo o Ministério Público a exclusividade da ação penal pública, não há
que se falar em diligências requisitadas pelo juiz na fase investigatória, e a
duas, porque as requisições de diligências estão asseguradas
constitucionalmente, assim, caberá ao porque mais o exame de sua
pertinência e imprescindibilidade”. (Livro de estudos jurídicos, v. 10, 1995,
p. 184)
Portanto, ninguém melhor que o Ministério Público para dizer da
prescindibilidade ou não de diligências, visto ser o mesmo detentor da opinio
delict e que fará a denúncia com base em tal opinião, ficando o juiz como o
exame da denúncia, recebendo-a ou não, podendo ainda, neste último caso,
remeter ao órgão do Ministério Público para preencher requisitos.
Daí ficar bem cristalina que, antes da denúncia, que é consubstanciada,
que na opinio delict, cabe ao Ministério Público a devolução do IPM à
autoridade policial, visto ser, em essência, o inquérito, um instrumento que dá
subsídios à denúncia e não aos atos judiciais, pois exceção feita aos exames,
perícias e avaliações realizadas no curso do inquérito, que são efetivamente
instrutórios da ação penal, o inquérito é simplesmente instrução provisória,
sendo renovado os seus atos em juízo, bem como poderão ser realizados
outros que não foram feitos durante o inquérito, sendo aí, o juiz o detentor de
tal poder.
Como não cabe ao encarregado o exame da imprescindibilidade ou não
das requisições de diligências feitas pelo Ministério Público (artigo 26, I) ou
do exame da determinação do juiz antes da denúncia, para o preenchimento
de formalidades (artigo 26, II), resta cumprir o que prescreve o artigo 26 do
CPPM.
Suficiência do auto de flagrante delito
Art. 27 – Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua
autoria, o auto de prisão em flagrante delito constituirá o inquérito,
dispensando outras diligencias, salvo o exame de corpo de delito no crime
que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu
valor influir na aplicação da pena. A remessa dos Autos, com breve relatório
da autoridade policial-militar, far-se-á sem demora ao Juiz competente, nos
termos do Art. 20.
Dispensa do inquérito
Art. 28 – O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligencia
requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito
ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos artigos 341 e 349 do Código
Penal Militar.
Outros artigos do CPPM de interesse do encarregado do IPM:
Art. 3.º - Suprimento dos casos omissos
Art. 36 e 41 – Suspeição e Impedimentos
Art. 48 – Preferencia de Peritos
Art. 75 – Direitos do Advogado
Art. 142 – Suspeição do encarregado do inquérito
Art. 156 - Dúvida a respeito da imputabilidade
Arts. 170 a 184 – Espécies de busca
Arts. 185 a 189 – Apreensão de Pessoa e Coisa
Art. 201 – Fases de determinação do sequestro
Art. 215 – Bens Sujeitos a arresto
Arts. 220 a 242 – Prisão Provisória
Art. 254 – Prisão Preventiva
Art. 272 – Medidas de segurança
Arts. 294 a 300 – Das provas, consignação de perguntas e respostas
Art. 301 – Observância do inquérito
Arts. 314 a 346 – Dos exames e perícias
Arts. 347 a 364 – Das testemunhas
Art. 361 – Precatória a Autoridade Militar
Arts. 371 a 381 – Dos documentos
Arts. 382 a 383 – Dos indícios
Art. 391 – Juntada de Fé-de-Ofício ou Antecedentes
Da reunião e ordem das peças do IPM e das formalidades
Na elaboração de um IPM deverão ser observadas certas formalidades,
dentre as quais a de reunir as peças do IPM em sequência cronológica,
devendo der as mesmas datilografadas em espaço dois, recebendo a
numeração e a rubrica do escrivão (artigo 21).
O IPM percorre a “trilha” que leva a descoberta do fato delituoso e sua
autoria, através do impulso dado pelo encarregado, através dos despachos e
pela execução cumprida pelo escrivão.
Portanto, o IPM durante a sua confecção, apresenta as fases de direção
e execução. Direção, quando os autos estão nas mãos do encarregado, que,
examinado-os, dará a trajetória a ser seguida na apuração, exercendo, assim
um trabalho intelectual. A fase se execução se dará quando os autos
estiverem nas mãos do escrivão, para cumprir as determinações contidas no
despacho do encarregado, exercendo, assim, um trabalho físico, braçal,
podemos dizer.
Não queremos aqui enaltecer a figura do encarregado e ridicularizar a
figura do escrivão, pois a análise que fazemos é a do aspecto formal, pois a
prática nos mostra que há uma integração entre a figura do encarregado e a do
escrivão.
Embora o artigo 21 reze a respeito da reunião de peças por ordem
cronológica, tal reunião deverá ser interpretada após a formalidade de início
do IPM, que são: a autuação, a portaria de instauração e ordens ao escrivão, a
nomeação de escrivão, termo de compromisso do escrivão, e a Portaria de
designação do encarregado.
Como se vê, não são tais peças reunidas de ordem cronológica, visto ser
o primeiro documento do IPM, a portaria de nomeação do encarregado, a
Folha nº 5.
Somente após ao primeiro despacho do encarregado, é que será
obedecida a reunião por ordem cronológica.
Em anexo ao presente trabalho, serão apresentadas as peças mais
comumente usadas no inquérito policial militar.
Ordem das peças
Folha 01 – Capa com autuação;
Folha 02 – Portaria do Encarregado. Quando um Oficial recebe um
ofício ou portaria que lhe designou para, como encarregado, proceder à
apuração do fato delituoso, deve, de imediato, baixar a Portaria instaurando o
IPM. É o IPM instaurado pela Portaria do Encarregado e não pelo ofício ou
portaria do Comandante, Chefe ou Diretor.
Folha 03 – Designação do Escrivão.
Folha 04 – Compromisso do Escrivão. (sigilo e fidelidade).
Folha 05 – Portaria da autoridade delegante (Cmt, Ch ou Diretor) à
autoridade delegada (encarregado) Portaria de nomeação do encarregado.
Folha 06 – Documento (s) que deu (eram) origem ao IPM.
A partir daqui a numeração das folhas passa a seguir a ordem de acordo
com a quantidade de folhas de cada documento inserido.
Folha? – Conclusão (Do Escrivão ao Encarregado do IPM)
Toda vez que o Encarregado do IPM determinar uma providência,
ordenará ao Escrivão que remeta os autos conclusões após cumprir o
determinado.
Folha? – Despacho. (Determinação do Encarregado ao Escrivão).
Folhas? – Recebimento. (Toda vez que o Escrivão receber os autos do
encarregado redigirá o termo recebimento).
Folha? – Juntada (Art. 21 do CPPM – De cada documento recebido,
após o despacho do Encarregado, o Escrivão providenciará a juntada. (termo)
em que insere o dito nos autos do IPM.
Folhas? – Documentos expedidos (cópias recebidas e inseridas e nos
autos sem juntada e por ordem cronológica).
A seguir as providências serão aquelas que o Encarregado determinar
seguindo sempre a sequência: despacho: recebimento. Certidão; juntada se
houver e conclusão.
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? – Relatório.
Folha? – Termo de remessa dos autos do IPM (Remessa do
Encarregado à autoridade de PJM delegante).
Ofício de remessa.
Solução da APJM delegante.
Auditor de Justiça Militar (ou Central de Denúncia no RJ).
Prescrições diversas
1) Verificar se a Solução do Comando e a nomeação do Escrivão
foram publicadas devidamente;
2) Verificar se todas as folhas foram rubricadas, na margem direita,
pelo encarregado, bem como colocada sua chancela (rubrica grada em sinete
para suprir assinatura).
A rubrica a chancela do Encarregado, na margem direita das folhas do
IPM, não são previstas no CPPM, entretanto devem ser usadas como mais um
medida de segurança, quanto à autenticidade do documento e à possibilidade
de troca ou subtração.
O Escrivão, além de numerar e rubricar as folhas, deve, também, usar a
chancela.
3) Verificar se as testemunhas e ofendido rubricaram os seus
depoimentos em folhas soltas.
4) Verificar se os títulos dos termos de inquirição (para testemunha),
de perguntas (para indiciado e ofendido) estão registrados na forma
regulamentar.
5) Verificar, o encarregado, as datas de nomeação do escrivão (fls.
4), termo de compromisso (fls.3), Portaria do encarregado (fls.2) e Autuação
(fls.1), observando as datas de uma.
6) Verificar a colocação das 5 (cinco) primeiras folhas.
I – Capa
II – Portaria do Encarregado
III – Nomeação do Escrivão
IV – Compromisso do Escrivão
V – Portaria determinando a Instauração do IPM
7) Verificar a juntada dos documentos recebidos, obedecendo a data
em que é fita a “Juntada”.
8) Verificar se houve acareação, existindo divergência nas
declarações dos envolvidos.
9) Verificar se consta a relação de corretivos (praças) e/ ou nota de
culpa (oficiais), sempre que figurarem como indiciados ou mesmo suspeito
do envolvimento.
10) Verificar se o escrivão numerou e rubricou todas as folhas, uma
por uma, a partir da Capa (Autuação, até a que contém o termo final da
“Remessa”.
11) Verificar se concluiu pela inexistência de crime ou transgressão
da disciplina militar, sem que para tal se justifique.
12) Verificar se deixou de fazer juntada aos autos de Laudo Pericial,
Cadavérico e Exame de Corpo de Delito, desde que haja necessidade
(acidente de Trânsito, morte e agressão).
13) Observar o espaço 2 (dois) nos depoimentos, bem como 5 cm à
esquerda e dois cm à direita.
14) Utilizar a mesma máquina de escrever, durante a feitura de todo
inquérito.
15) Verificar para não ultrapassar o prazo do encerramento do IPM,
sem que, para tal, tenha solicitado prazo.
16) Verificar se deixou de datar o Relatório e a Solução do IPM.
17) Verificar se os despachos, “Julgo Procedente” e “Junte-se aos
Autos”, foram postos devidamente nos documentos recebidos.
18) Verificar se os espaços em brancos foram inutilizados por linhas
sinuosas.
19) Quando houver pedaços de papéis pequenos, devem ser presos
(cola, grampos, etc.) em uma folha de papel que será anexada (e devidamente
numerada) aos autos.
20) Verificar o encarregado do IPM se em seu “Relatório” fez constar
o enquadramento do faltoso no RDPM, sempre que concluir pela existência
de transgressão da disciplina militar.
21) Verificar se a autoridade instaurante, discordando do encarregado
do IPM, imputar o cometimento de transgressão da disciplina militar, e ou fez
o devido enquadramento do faltoso no RDPM.
Verificar, em se tratando de “Acidente em Ato de Serviço ou não”, se
foi feito o enquadramento conforme o Dec. 544, de 7 de janeiro de 1976.
Recomendação – Correção – IPM
Visando a disciplinar o modo de se conduzir os Encarregados do
IPM na eventual feitura imperfeita do Processo, deverão ser observados os
seguintes procedimentos quando de retorno do Inquérito ao encarregado para
correção de falhas:
1) O Encarregado do Inquérito, de posse do IPM e do Ofício do Cmt.
Geral ou Cmt. Da Uop, determinando correção de falhas, fará um
“DESPACHO” para o Escrivão, no próprio corpo do IPM, logo após a
remessa;
2) O Escrivão faz recebimento e, cumprida a exigência, certifica e em
seguida faz a “JUNTADA” do Ofício ao Processo;
3) Depois de “JUNTADA”, a “CONCLUSÃO” ao Encarregado do
IPM;
4) O Encarregado, por sua vez, redige o “Relatório-Aditamento”,
mencionando se as exigências influíram ou não no Relatório de “folhas tal”;
5) Devolve, em seguida, ao Escrivão para anexação do “Relatório-
Aditamento”, procedido do “Recebimento”;
6) Em seguida, o Escrivão fará nova “Remessa” à autoridade que
determinou o IPM;
7) O Comandante da OPM, de posse novamente do IPM, dará nova
“Solução”, se for o caso, ou fará menção de que as exigências em nada
influíram na “Solução” de folhas tal.

Observação:
a) Os Cmt. Da Uop devem realizar um exame rigoroso no IPM, antes
de sua remessa à AJMERJ.
O encarregado do IPM deve efetuar um criterioso exame no inquérito,
visando a evitar repetição de falhas (técnicas, ortográficas, incoerência de
datas, etc.), já que provocam atrasos no julgamento dos processos, pelo
retorno para correção, e revelam, sobretudo, ausência de zelo do encarregado
do IPM.

Aj G – Bol da PM n.º 080 - 05 JUN 2008 – PÁG 38


INQUÉRITO POLICIAL MILITAR – CONFECÇÃO –
DETERMINAÇÃO AOS ENCARREGADOS
Considerando o excessivo número de formalidades e procedimentos
não observados pelos encarregados de IPM;
Considerando que as principais fontes legais para a confecção de um
IPM são a CRF/88B, CPPM, COM e o M-5 (Manual de Inquérito Policial
Militar e Auto de Prisão em Flagrante de Delito);
Considerando que o Comandante Geral da PMERJ é a maior autoridade
no exercício da competência originária dentre as autoridades de polícia
judiciária militar, que delega aos encarregados de IPM a atribuição de polícia
judiciária militar (CPPM, art. 7º);
Considerando que os encarregados de IPM também podem ser
responsabilizados administrativamente e/ou criminalmente por erros
cometidos durante a apuração;
Considerando que o IPM é procedimento administrativo inquisitorial,
onde não incidem as garantias constitucionais da ampla defesa e
contraditório, sendo ele um instrumento de suma importância para a
Administração da justiça e para a Corporação;
Face o exposto, o Comandante Geral, no uso de suas atribuições, elenca
as falhas mais comuns na confecção de IPM, e determina aos encarregados
que doravante não cometam tais erros durante a confecção do procedimento,
sob o risco de serem penalizados administrativamente e/ou criminalmente.

1.Falta de autuação nas peças exordiais (“autue-se” com a respectiva


data, rubrica e carimbo do encarregado) nos autos do IPM (CPPM, art. 21);
2.Termos - conclusão, recebimento, certidão e juntada, usados de forma
incorreta;
3.Utilização indevida do Termo de Juntada para documentos expedidos
pelo Encarregado de IPM, quando somente é utilizado o Termo em comento
por ocasião de documentos recebidos, ou seja, os documentos que “vem de
fora” (inclusive ofícios de apresentação de policiais militares), assim como
do despacho de “julgo procedente junte-se aos autos”, no documento ou
documentos a serem juntados, no qual deverá ser feito pelo encarregado do
IPM;
4.Termo de inquirição superficial, deixando de aprofundar questões
relevantes como, por exemplo, procedência de veículo, armamento, telefone
celular, além da não utilização do termo de acareação por ocasião de
depoimentos contraditórios;
5.Falta de auditoria via GPS, quando necessário;
6.Falta de ficha disciplinar do indiciados e ofícios de apresentação;
7.Utilização do termo ‘convite’ ao invés de ‘notificação’ (CPPM, art.
347);
8.Relatório bastante sucinto, não descrevendo de forma detalhada o que
foi apurado, conforme prevê o M-5 (OBJETIVO DO IPM, DILIGÊNCIAS
REALIZADAS e RESULTADOS OBTIDOS e CONCLUSÃO). Em síntese,
cumprir rigorosamente o disposto no artigo 22, do CPPM, principalmente
quanto a necessidade do Pedido de Prisão Preventiva – PP do indiciado;
9.Falta de comunicação à CIntPM quando concedida prorrogação de
prazo pela promotoria em exercício junto à AJMERJ;
10. Quando da confecção do relatório não mencionar se houve
transgressão da disciplina (e qual) por parte dos envolvidos no procedimento,
além de infração penal militar;
11. Falta de perícia nos crimes que deixam vestígios, tais como: lesão
corporal, homicídio etc (CPPM, art. 328);
12. Amarração incorreta e capa imprópria para os autos;
13. Não observância das medidas preliminares a serem adotadas
(CPPM, art. 12);
14. Denominação incorreta das pessoas ouvidas no procedimento, tais
como: declarante, envolvido, depoente. No IPM o sujeito é ouvido como
INDICIADO, TESTEMUNHA ou OFENDIDO, dependendo de cada
situação;
15. Termo de Encerramento de Volume (O termo de encerramento só
se usa na fase judicial, por ordem da autoridade judiciária competente); e, 16.
Atraso na remessa dos autos à CIntPM para posterior solução do Comandante
Geral. Tal fato acarreta prejuízos tanto para a administração como para a
justiça.
(Nota nº 2315 – 05Jun08 – CIntPM/RUP)
CAPÍTULO 4

DA JURISPRUDÊNCIA

PECULATO CULPOSO – CONFRATERNIZAÇÃO


APELAÇÃO N.º 1.209 – TJM – MG
APELADO: 1.º Ten PM Albertino Pereira da Silva
RELATOR: Juiz Cel PM Laurentino de Andrade Filocre
RELATOR PARA O ACÓRDÃO: Juiz Fausto Nunes Vieira

EMENTA: PECULATO CULPOSO – É o crime do agente que,


por negligencia, concorre para que outrem subtraia dinheiro sob sua guarda e
responsabilidade.

TJM 01-09-1978 – N.º do acórdão 20

LEGÍTIMA DEFESA – O POLICIAL QUE REPELE COM


MODERAÇÃO
AGRESSÃO INJUSTA
APELAÇÃO N.º 1.212
APELANTE: A Justiça Militar
APELADO: Sd PM João Elias (2.º)
RELATOR: Juiz Cel PM Laurentino de Andrade Filocre
REVISOR: Juiz Cel PM Afonso Barsante dos Santos
EMENTA: Age em legitima defesa própria e de terceiro o policial-
militar que repele agressão injusta a atual contra pessoa, depois de procurar
socorrer seu colega de serviço, baleado injustamente pelo atacante.

TJM 11-08-1978 – N.º do acórdão 15ª

HABEAS CORPUS – NULIDADE DO FLAGRANTE –


LAVRATURA DO AUTO
HABEAS CORPUS N.º 699
PACIENTE: Sd PM João Evangelista Borges Barbosa
IMPETRANTE: Dr Paulo Carneiro
AUTORIDADE DETENTORA: MM. Juiz Auditor da 2.ª Auditoria
Judiciária Militar Estadual
RELATOR: Juiz Cel PM Laurentino de Andrade Filocre

EMENTA – Habeas corpus – Nulidade do Flagrante – Lavratura


do Auto – A Lavratura do auto de prisão em flagrante, horas após o
cometimento do crime, ainda que no dia posterior, não infringe a norma legal,
máxime se não era possível fazê-lo antes.
TJM 05-10-1978 – N.º do acórdão 27
HABEAS CORPUS N.º 55.962-0 – SÃO PAULO

PACIENTES: Moacir dos Santos e Outro

EMENTA: Policiais-Militares dos Estados – pelos crimes militares


que praticarem no exercício de função policial civil, seus integrantes
respondem, agora, perante as justiças militares estaduais, nos termos da nova
redação dada ao Art. 144, §1º, letra “d”, da Constituição, pela Emenda
Constitucional n.º 7, de 1997, que prejudicou, em parte o enunciado da
Súmula 297 (RHC´s 56.059 e 56.068)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, de conformidade com a ata de
julgamento e notas taquigráficas de votos, negar a ordem.

Antônio Neder – Presidente


Xavier de Albuquerque – Presidente
HEBEAS CORPUS N.º 55.962-0 – SÃO PAULO
RELATOR: O Sr. Ministro Xavier de Albuquerque
PACIENTES: Moacir dos Santos e Outro

RELATÓRIO
O Sr. MINISTRO XAVIER DE ALBUQUERQUE:
Acusados de peculato-furto que teriam
Acusados de peculato-furto que teriam cometido em serviço na
qualidade de soldados da Polícia Militar, os pacientes respondem a processo
perante a Justiça Militar do Estado de São Paulo.
A competência dessa justiça especial foi reconhecida, em grau de
recurso, pelo Tribunal da Justiça Militar do Estado. E o presente habeas
corpus, impetrado contra o acórdão que assim decidiu, visa ao deslocamento
do feito à Justiça comum.
Por se tratar de fato ocorrido a 19 Ago 76, anteriormente, portanto,
à vigência da emenda Constitucional n.º 7/77, a Procuradoria-Geral da
República opina pelo deferimento do pedido.
É o relatório

VOTO

O SR. MINISTRO XAVIER DE ALBUQUERQUE (Relator):


julgando na Sessão de ontem os RHC8s 56.049 e 56.068, de que foram
relatores os eminentes Ministros Rodrigues Alkmim e Antônio Neder, o
Plenário decidiu que em razão da nova redação dada ao Art. 144, §1.º, letra
“D” da Constituição, pela Emenda n.º 7, de 1977, já não pode prevalecer
relativamente aos crimes praticados por integrantes das Polícias Militares
estaduais, o enunciado da Súmula 297. Por isso, foi recomendada a
reformulação da dita Súmula, a ser proposta pela comissão competente.
Esse entendimento alcança os feitos relativos a crimes praticados
antes de entrar em vigor a referida Emenda n.º 7, pois a nova regra de
competência nela estabelecida tem incidência imediata. Diversa poderia ser a
conclusão se, instaurada a ação penal perante a Justiça comum, então
competente, já houvesse sido definitivamente julgada em primeira instância.
Isto posto, indefiro o pedido.

EXTRATO DA ATA

RHC 55.962.0 - SP – Rel. Min. Xavier de Albuquerque.


Ptes: Moacir dos Santos e outro. Imptes.: Alice Soares Ferreira e outro.
Autoridade Coatora: Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo.
Decisão: Indeferido o pedido, à unanimidade de votos. – 1ª – T.,
02-06-78.
Presidência do Sr. Ministro Antônio Neder. Presentes à sessão os
Srs. Ministros Xavier de Albuquerque e Soares Munõz. Ausentes,
justificadamente, os Srs. Ministros Rodrigues Alckmim e Cunha Peixoto.

4º Subprocurador-Geral da República, o Dr. Francisco de Assis


Toledo.
Antônio Carlos de Azevedo Braga, Secretário

RECURSO DE HABEAS-CORPUS N. 54.550 – SP


(Primeira Turma)

Relator: O Sr. Ministro Eloy da Rocha


Recorrentes: Alcides da Conceição e outro
Recorrido: Tribunal de Justiça Militar do Estado

EMENTA – Habeas corpus. Considera-se crime militar, nos termos do artigo 9.º,
do Código Penal Militar, crime de concussão, previsto no artigo 305 do mesmo C
contra civil, por militar em serviço, segundo o artigo 3.º, letra “a”, do Decreto-Lei
julho de 1969, com a redação do decreto-Lei n.º 1.072, de 30 de dezembro de 196
da Justiça Militar. Improcedência das alegações de nulidade da denúncia e de falta
para a ação penal. Recurso não provido.

ACÓRDÃO

Vistos,
Acordam os Ministros do Supremo

Tribunal Federal, em Primeira Turma, por unanimidade de votos, negar


provimento ao recurso, na conformidade das notas taquigráficas.
Brasília, 1.º de Junho de 1976.
ELOY DA ROCHA, Presidente e relator.

RELATÓRIO
O Sr. Ministro ELOY DA ROCHA: - O advogado Tertuliano
Cerqueira Filho impetrou ao Tribunal de Justiça Militar do Estado de São
Paulo habeas-corpus a favor de Jairo Bento da Silva e Alcides da Conceição.
Os pacientes foram denunciados, perante a Primeira Auditoria da
Justiça Militar do Estado como incursos, duas vezes, no artigo 305 do Código
Penal Militar. A denúncia é do seguinte teor (fls. 12/13):
“O promotor da Justiça Militar do Estado, que esta subscreve, no
uso das suas atribuições funcionais, apresenta a Vossa Excelência denúncia
contra o 2.º Sargento PM RE. 62.919-7 Alcides da Conceição e o SD PM RE
46.692-1 Jairo Bento da Silva, ambos pertencentes ao 22.º Batalhão da
Polícia Militar do Estado, pelo fato delituoso seguinte:
Consta do incluso IPM que, no dia 24 de abril de 1975, por volta
das 21:00hs, os denunciados, quando de serviço no Patrulhamento Tático
Móvel, compareceram a uma casa lotérica, sito à Av. Paula Ferreira, n.º
1.664, Vila Bonilha, nesta Capital, e, após constatarem que várias pessoas ali
se encontravam jogando ilegalmente, informaram ao proprietário daquele
estabelecimento (Sr. José Vieira da Silva) que todos seriam detidos e
conduzidos ao Exército. O civil, compreendendo as insinuações dos policiais,
entregou-lhes a importância de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros), ocasião em que o
primeiro denunciado alegou que tal importância era pouca, passando então a
exigir mais Cr$ 100,00 (cem cruzeiros). O proprietário da lotérica, acedendo
a tal exigência, entregou ao primeiro denunciado a referida importância,
perfazendo total de Cr$ 200,00, sendo certo que p segundo denunciado a tudo
presenciou.
Consta ainda que, dois meses após, em horário não determinado, os
denunciados novamente compareceram àquele recinto e exigiram,
claramente, a importância de 150,00 (cento e cinquenta cruzeiros), ocasião
em que o Sr. José entregou-lhes a citada importância.
Com semelhante fato, incorrem os denunciados nas penalidades do
artigo 305 (duas vezes) do Código Penal Militar, em razão do que contra eles
se oferece a presente denúncia.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos autos, acordam os Ministros da Primeira


Turma do Supremo Tribunal Federal, de conformidade com a ata de
julgamento e notas taquigráficas, à unanimidade de votos, conceder a ordem,
nos termos de voto do Ministro Relator.

Brasília, 8 de abril de 1980.


THOMPSON FLORES, Presidente.
XAVIER DE ALBUQUERQUE, Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Xavier de Albuquerque – O paciente foi denunciado,


perante a Justiça comum, por homicídio que praticou com emprego de arma
pertencente à Polícia Militar do Estado de São Paulo, da qual era integrante.
O juiz declinou da competência e remeteu os autos a uma das Auditorias da
Justiça Militar estadual, mas a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça, provendo recurso do Ministério Público, reformou a decisão e
mandou que prosseguisse a ação penal no Juízo de ordem.
Daí o presente “habeas corpus”, fundado na incompetência da Justiça
comum.
A Procuradoria-Geral da República opina pelo deferimento da ordem e
invoca precedente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, o RHC
n.º 57.276, a cujo acórdão o eminente Ministro Decio Miranda apôs esta
ementa fls. 43:
“Penal Militar. Tentativa de homicídio praticada por militar da Polícia
Militar Estadual, contra civil, em momento que não se achava a serviço, mas
usando arma de propriedade da Corporação a ele confiada.
É crime militar, de competência da Justiça Militar do Estado (Código
Penal Militar, artigo 9.º, II, “f”)”.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Xavier do Albuquerque (Relator): - O paciente era,


ao tempo do fato delituoso, policial-militar em situação de atividade –pois
não havia passado à reserva nem sido reformado ou demitido – e não estava
em serviço, mas se utilizou, como reconhecido pelo próprio acórdão
impugnado, de arma pertencente à corporação que integrava. Praticou,
portanto, crime militar, e não crime comum, pelo que não deve ser
processado e julgado senão pela Justiça Militar estadual.

No julgamento do RECr n.º 90.449, que aqui concluímos a 11 de


março passado, votei neste mesmo sentido. E assim também decidiu a
Segunda Turma do precedente lembrado pela Procuradoria Geral.

Isto posto, concedo a ordem de “habeas-corpus” para,


reconhecendo a incompetência da Justiça comum, restabelece a decisão do
Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de Santo André.
EXTRATO DA ATA

HC n.º 57.663 – Rel. Ministro Xavier de Albuquerque. Pacte. José


Camilo de Oliveira. Impte. Carlos Garcia Requena. Coator: Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo.

Decisão: Concedida a ordem, nos termos do voto do Ministro


Relator. Decisão unânime. 1.ª T., 8.4.1980.

Presidência do Sr. Ministro Thompson Flores, presentes à sessão


os Sr. Ministros Xavier de Albuquerque, Cunha Peixoto, Soares Munõz e
Rafael Mayer.
Subprocurador-Geral da República, o Dr. Francisco de Assis
Toledo.
Aberto Veronese Aguiar, Secretário.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata do
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso.
Brasília, 11 de abril de 1978.
DJACI FALCÃO, Presidente e Relator.
RELATÓRIO

O Sr. Ministro DJACI FALCÃO: - O acórdão objeto do presente


recurso ordinário guarda o seguinte teor:
“Vistos, relatados e discutidos estes autos de “Habeas-Corpus” n.º
730, em que é impetrante o Sr. Advogado Benedito Luiz Pimentel Grecco,
sendo indiciado no processo o soldado PM Osni Rodrigues – RE n.º 49.670-
7: Acordam os Juízes do Tribunal de Justiça Militar do Estado, por
unanimidade de votos, negar provimento ao pedido por entender competente
à Justiça Militar para julgar o crime praticado pelo Militar.
Consoante consta da petição – fls. “Increpa-se ao paciente a
pratica do delito capitulado no artigo 305 do Código Penal Militar, pois teria
exigido de um civil, quando em serviço de policiamento rodoviário,
determinada importância, a fim de não tomar providências cabíveis na
espécie”.
O Batalhão Rodoviário integra a Polícia Militar e, como função
precípua, atribuise-lhe o policiamento fardado e ostensivo das rodovias
estaduais, dirigidas suas operações por Comando Militar próprio,
subordinado ao Comando Militar Geral. À Justiça Militar compete julgar os
integrantes das Polícias Militares, consequentemente, contido nesse conceito
se enquadra o paciente quando da pratica de ato lesivo referido.
No tocante ao relaxamento da prisão do soldado Osni Rodrigues,
também pleiteado, ainda não se esgotou o prazo do artigo 399 do Código de
Processo Penal Militar, pois a denúncia é de 12.9.1977, e, quanto às
alegações de flagrante preparado e atipicidade da denúncia, pelos elementos
dos autos e aparência dos atos impugnados, como bem diz o parecer do Sr.
Procurador, devem ser melhor apreciados nos autos da ação em andamento,
como for direito.
São Paulo, 27 de outubro de 1977.
(Ass.) Juiz Cel PM MILTON MARQUES DE OLIVEIRA,
Presidente.
(Ass.) Juiz MOZART ANDREUCCI, Relator”. (fls. 38/39).

RECURSO DE “HABEAS-CORPUS” N.º 56.049 – SP


(Tribunal Pleno)

Relator: O Sr. Ministro Rodrigues Alckmim


Recorrente: Luiz José Altino e outro
Impetrante: Claudio de Luna
Recorrido: Tribunal de Justiça Militar de São Paulo

EMENTA – “Habeas-corpus”. Competência. Polícia Militar do


Estado.
Nos termos do artigo 144, §1.º “d”, da Constituição, dada pela
Emenda Constitucional n.º 7, de 13 de abril de 1977, a Justiça Militar
estadual é competente para processar e julgar os integrantes das polícias
militares, nos crimes militares definidos em lei.
Crime cometido por policiais-militares no policiamento ostensivo
do trânsito.
Competência da Justiça Militar.
Proposta de reformulação da Súmula n.º 297 acolhida.
Recurso de “habea-corpus” não provido.

ACÓRDÃO
RELATÓRIO
RECURSO DE “HABEAS-CORPUS” N.º 57.540 – RS
(Segunda Turma)

Relator: O Sr. Ministro Decio Miranda


Recorrentes: Antônio de Pádua Lemos Riolfi e outro
Advogado. Dilemando de Jesus dos Santos Motta
Recorrido: Corte de Apelação da Justiça Militar do Estado do Rio
Grande do Sul

EMENTA – Competência. Justiça Militar. Civis que, em co-


autoria com Oficial da Força Pública Militar estadual, cometem crime militar.
Impossibilidade de cisão do fato. Continência que acarreta a fixação da
competência da Justiça Militar, nos termos dos artigos 78, IV do Código de
Processo Penal, e 9º “a” do Código Penal Militar.

“HABEAS-CORPUS” N.º 55.903 – PR


(Segunda Turma)

Relator: Sr. Ministro Moreira Alves


Paciente: Laercio Silva do Amaral
Autoridade coatora: Auditoria de Polícia Militar do Paraná

EMENTA – “Habeas-Corpus”. Competência. Crime previsto no


Artigo 171 do Código Penal Militar. Se o crime de que é acusado o policial-
militar é de natureza militar, é competente para processá-lo e julgá-lo a
Justiça Militar do Estado a que pertence sua corporação, não obstante o delito
tenha sido praticado no território de outro Estado.
“Habeas-Corpus” indeferido.
LEX – Jurisprudência do STF – N.º 4 – págs. 192/193

RECURSO DE “HABEAS-CORPUS” N.º 57.293 – PA

Relator: O Sr. Ministro Moreira Alves


Recorrente: Gonçalo Mateus de Oliveira
Recorrido: Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

EMENTA – “HABEAS-CORPUS” – É meio idôneo para


determinar o trancamento de ação penal proposta perante a Justiça Penal
Comum quando, pelo mesmo fato, capitulado como crime militar, está sendo
processado o paciente pela Justiça estadual, ambos os Juízes de primeiro grau
subordinados ao Tribunal de Justiça do Estado.

Nos termos do artigo 144, §1.º, “d”, da Constituição Federal, com a


redação dada pela Emenda Constitucional n.º 7, de 13 de abril de 1977, a
Justiça Militar estadual é competente para processar e julgar os integrantes
das Polícias Militares, quando no exercício da função de policiamento, nos
crimes militares definidos em lei.
Recurso ordinário a que se dá provimento.
LEX – Jurisprudência do STF – N.º 14 – pag. 323.
CAPÍTULO 5

DOS FORMULÁRIOS DO
INQUÉRITO POLICIAL-MILTAR

Capa do Inquérito Policial-Militar na PMERJ

INQUÉRITO POLICIAL MILITAR Nº _________________

FATO: Art. 209 do CPM - Lesão Corporal


INVESTIGADOS: Policiais Militares do XXº BPM
OFENDIDO: Túlio Inocêncio Júnior
ENCARREGADO: Posto, RG e nome
ESCRIVÃO: Posto/graduação, RG e nome

AUTUAÇÃO

Aos ______ dias do mês de __________ do ano de ______________, nesta


Cidade do Rio de Janeiro, no XXº Batalhão de Polícia Militar, autuo os
documentos de folhas 02 a _____, que a este junto, após terem sido entregues
pelo encarregado do presente Inquérito Policial Militar. Eu, (GRADUAÇÃO
E NOME DO ESCRIVÃO), servindo de escrivão, escrevi e subscrevo.

Nome completo - Grau hierárquico


Escrivão
Id.

OBSERVAÇÃO:
Os documentos foram editados de acordo com o manual de redação ofic
executivo do Estado do Rio de Janeiro, aprovado pelo Decreto n.o 44.970, de 25 S
n.o 178 – 26 Set 14).
. a) As peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só
datilografadas, em espaços dois, com as folhas numeradas e rubricadas pelo escriv
CPPM).
. b) Apor, o encarregado do inquérito, bem como o escrivão, a chancela
documentos rubricados.
. c) A capa constituirá a capa número 1 (um) do processo.
. d) O espaço em branco, o escrivão deverá inutilizá-lo por meio de linha
VERTICAIS.
. e) Devem se usar as duas faces do papel. Quando fizermos referência a
mesma folha diremos, por exemplo: fls 5 e 5V (folhas n.o 5 e 5 verso).
. f) Recomenda-se que, ao atingir o IPM 200 (duzentos) folhas, seja aber
lavrando-se o competente termo. No IPM não há termo de encerramento. O termo
só se usa na fase judicial, por ordem da autoridade competente.

Termo de Abertura do ............Volume

TERMO DE ABERTURA DO ............VOLUME


Aos .........dias do mês............do ano .........nesta cidade de (o)
.................... Estado do ............., no .............(OPM ou Repartição
competente) inicia às fls. ........... este ..............volume do inquérito policial-
militar em que é (ou são) indiciado (s) ................ (e outros, se for o caso)
............., nos termos da Portaria n.o ......., de ....... de ...........de .............., do
Sr. (autoridade delegante) ............, Juntando as peças que se seguem; do que,
para constar, lavrei o presente termo.
Eu .........(rubrica)........, nome, posto ou graduação, servindo de Escrivão
que o escrevi e subscrevo.
Nome completo - Grau hierárquico
Escrivão
Id.

Portaria
PORTARIA

Tendo-me sido delegadas pelo Sr. ............(designa-se a autoridade


nomeante) as atribuições que lhe competem, para apurar o fato (ou fato
criminoso atribuído ao nome, posto ou o que for) a que se refere a portaria
inclusa e mais papéis anexo (parte, queixa, requisição, documento ou o que
for), determino que se proceda aos necessários exames e diligências para
esclarecimento do mesmo fato.
Determino ao Sr. Escrivão que autue a presente com os documentos
inclusos (se houver), juntando, sucessivamente, as demais peças que forem
acrescendo, e intime as pessoas que tiverem conhecimento do aludido fato a
comparecer para prestarem declarações sobre o mesmo e suas circunstâncias,
em dia e hora que forem designados.
Local, ........... de ..........de 20....
Nome completo – posto
Encarregado do IPM
Id.
(omisso na 2ª Edição)

OBSERVAÇÕES:
Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verifi
autoridade a que se refere o § 2o do Art. 10 do CPPM deverá, se possível:
. a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e
coisas, enquanto necessário;
. b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com
. c) efetuar a prisão do infrator, observando o disposto no Art. 244;
. d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e su
. e) a portaria do encarregado constituirá a folha de n.o 2 (dois).

Designação de Escrivão
(DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO)
(PELO ENCARREGADO DO IPM)

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (CMT da OPM).


De: (Encarregado do IPM).
Assunto: Designação de Escrivão do IPM.
Usando da atribuição que me confere o Art. 11 do CPPM em vigor,
nomeio o ...............(Posto ou graduação e nome)..............., para funcionar
como Escrivão do Inquérito Policial-Militar do qual sou encarregado.

Nome completo - Posto


Encarregado do IPM
Id.

Bol da PM n.o 070 – 17 Abr 13 – p.22


Processos Administrativos Disciplinares – Orientações – determinações.
(...) Os procedimentos Apuratórios não devem ser autuados no sistema de Process
Integrado (UPO), devendo as instruções dos mesmos seguirem as normas vigente

(DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO)
(PELA AUTORIDADE INSTAURADORA)

CI. PMERJ/OPM/ SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Encarregado do IPM).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria nomeando Escrivão de IPM.

Usando da atribuição que me confere o Art. 11 do CPPM em vigor,


nomeio o ...............(Posto ou graduação e nome)............... para funcionar
como Escrivão do Inquérito Policial-Militar que mandei instaurar pela
Portaria n.o ...... de .......... de ................. de 20.... .
Nome completo - Posto
Cargo
Id.

OBSERVAÇÕES:
. a) O Encarregado designará um Subtenente ou Sargento para funcionar
inquérito policial-militar, se o indiciado não for um Oficial, ou um Segundo-Tene
Tenente, se o indiciado for Oficial (Art. 11 do CPPM);
. b) Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importâ
elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar do Procurador Geral a ind
procurador que lhe assistência (Art. Do CPPM);
. c) A designação do escrivão constituirá a folha de número 04 (quatro) (
casos de designação)

Designação em substituição
MODELO DE DESIGNAÇÃO, EM SUBSTITUIÇÃO
(doença, falecimento, etc)

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (CMT da OPM).


De: (Encarregado do IPM).
Assunto: Portaria nomeando Escrivão de IPM - Substituição
Designo o ...............(nome e posto, ou graduação)............... em
substituição ao...............(nome e posto, ou graduação)............... por...............
(declinar o motivo, se for possível)...............para servir de Escrivão do
Inquérito Policial-Militar do qual sou Encarregado, lavrando-se o competente
Termo de Compromisso. .

Nome completo - Posto


Encarregado do IPM
Id.

Termo de compromisso do Escrivão

TERMO DE COMPROMISSO

Aos ..........dias do mês de .........do ano de ....................... eu, ...........


(posto ou graduação, RG, nome) ................., tendo sido designado escrivão
de IPM, instaurado pela Portaria de n.o ............... de ............(data).................,
do ..............(cargo da autoridade instaurante) ..................., presto o
compromisso de manter sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as
determinações legais, de conformidade com o Art. 11, parágrafo do Código
de Processo Penal Militar.
Local, ............de ...............de 20.....

Nome completo – Grau hierárquico


Escrivão
Id.
(omisso na 2ª Edição)
OBSERVAÇÃO:
. a) O Termo de Compromisso constituirá a folha de n.o três (3);
. b) O espaço pontilhado será preenchido sempre por extenso.

Inquérito Instaurado “EX-OFFICIO”, Conforme o disposto no Art. 10


Alínea “a” do CPPM

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Tendo chegado ao meu conhecimento que no quartel (ou que for – onde
for) o seguinte fato (narra-se resumidamente o fato), determino que seja, com
a possível urgência, instaurado a respeito o devido Inquérito Policial-Militar,
delegando-lhe, para esse fim, as atribuições policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do..............................................

OBSERVAÇÃO:
. a) Suspeição do encarregado do inquérito (Art. 142 do CPPM). Não se
suspeição ao encarregado do inquérito, mas deverá este declarar-se suspeito quand
legal, que lhe seja aplicável.
. b) Sempre que possível, deverá ser nomeado, para encarregado do IPM
não inferior a Capitão; e, em se tratando de infração penal contra Segurança Nacio
sempre que possível, Oficial Superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se
indicado. (Art. 15 do CPPM).

Inquérito Instaurado por Determinação ou delegação da Autoridade


Superior, conforme o disposto no Art. 10 Alínea “b” do CPPM

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.
Para: (Cap PM....).
De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Tendo o Exmo. Sr. Secretário Extraordinário da Polícia Militar (ou a


autoridade que for), determinado pelo ............ (Ofício, aviso ou que for)
............... junto, a instauração .................. do inquérito Policial-Militar sobre
o fato de .................., determino, face ao que preceitua o Art. 10 alínea “b” do
CPPM, ao ........(posto, RG, nome)................. a instauração do mesmo para,
no prazo legal, apurar o referido fato, delegando-lhe, para isso, as atribuições
policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do..............................................

Inquérito Instaurado em virtude da Requisição do Ministério Público,


conforme o disposto no Art. 10 Alínea “c” do CPPM

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Tendo em vista a requisição do Ministério Público Militar, nos termos


da alínea C, do Art. 10 do Código de Processo Penal Militar, encaminhada
pelo ofício n.o ........ do Dr. Juiz Auditor da AJMERJ, acompanhado das
inclusas cópias, determino seja, com a possível urgência, instaurado a
respeito o devido Inquérito Policial-Militar, delegando-lhe, para esse fim, as
atribuições policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do..............................................

Inquérito Instaurado por decisão do Superior Tribunal Militar,


conforme o Disposto no Art. 10 Alínea “d” do CPPM
CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de
2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Tendo em vista a decisão proferida pelo Egrégio Superior Tribunal


Militar, nos termos da alínea d, do Art. 10 do Código de Processo Penal
Militar, que através do ofício número ............(ou acórdão n.o ...............)
............ acompanhado dos documentos constantes do anexo, denúncia
................., determino seja, com a possível urgência, instaurado a respeito o
devido Inquérito Policial-Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuições
policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do..............................................

Inquérito Instaurado a Requerimento da Parte Ofendida ou de quem


Legalmente a Representante
CI. PMERJ/CPP/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de
2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Tendo o Sr. ..............(constar o nome do requerente ou seu


representante)............, requerido pelo ..........(Ofício, requerimento, carta ou
que for) ......., junto, a instauração do Inquérito Policial-Militar sobre o fato
de ............(narrar resumidamente o fato) ............., de término, face ao que
preceitua o Art. 10 alínea “e” do CPPM, ...........(POSTO, RG, nome) ......... a
instauração do mesmo para, no prazo legal, apurar o referido fato, delegando-
lhe, para isso, as atribuições policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do..............................................

OBSERVAÇÃO:
Indício é a circunstância ou fato conhecido, de que se induz a existência de outra c
fato, de que não se tem prova.
Para que o indício constitua prova, é necessário:
que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou rem
circunstância ou o fato indicado.
que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros ind
provas diretas colhidas no processo.
A autoridade que instaurar o IPM, após solucioná-lo, fará sua remessa via autorid
determinou.
d) Poderá a autoridade determinante discordar da solução da autoridade instaurant
agravando-a ou determinando novas diligências.
e) Em instancia última, a autoridade determinante poderá avocar a si o IPM.
f) Inexistindo fortes indícios comprovando o fato relatado, o Comandante poderá
Sindicância que permitirá julgar se indispensável ou não a instauração de IPM.

Inquérito Instaurado conforme o disposto no Art. 10 Alínea “f” do


CPPM

CI. PMERJ/CPP/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Portaria determinando abertura de IPM.

Usando da atribuição que me confere o Art. 10 alínea “f” do CPPM,


determino ao ..............(posto, RG, nome) ..............., a instauração do devido
Inquérito Policial-Militar para, no prazo legal, apurar o fato .........(narrar
resumidamente o fato) ............, conforme solução da Sindicância instaurada
pela Portaria n.o .......... de ........... de 20...., delegando-lhe, para isso, as
atribuições policiais que me competem.

Assinatura da autoridade instauradora


Cmt. do.....
OBSERVAÇÕES:
a) No curso do IPM, o encarregado pode-se deparar com dois problemas:
1o) a existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo
ser transferido para a reserva ou de local (com emergência), etc.
b) Em ambos, compete-lhe oficiar à autoridade para que suas funções sejam atribu
oficial.
c) Na primeira hipótese, prevista no Art. 10 & 5o, do CPPM, o prazo para a concl
é interrompido, voltando a fluir da designação do novo encarregado (Art. 20, & 3o
Segunda, não se interrompe.
d) Da mesma forma, quer no momento de designação, quer no curso do IPM, o en
considerar impedido ou suspeito.

Modelo de substituição do encarregado


(Art. 10, § 5o, do CPPM)

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Cap PM....).


De: (CMT da OPM).
Assunto: Designação para prosseguir nas investigações omo Encarregado do
IPM. Anexo: Autos ....................................................

Tendo tomado conhecimento do constante no ........(dizer do que se trata:


se de ofício, apurado ou outro qualquer documento do IPM) ............. face aos
termos do §5o, do Art. 10 combinado com o §2o, do Art. 7o, todos do CPPM,
designo-vos para como Encarregado, prosseguir nas investigações e demais
diligências que se fizeram necessárias á completa apuração dos fatos ......
(descrever os fatos que ensejaram instauração do IPM, referindo-se, se for o
caso, ao documento) ............, delegando-lhe, para esse fim as atribuições
policiais que me competem.

Nome completo - Posto


(autoridade delegante)

CI. PMERJ/OPM/SEI n.o 001/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Para: (Cap PM....). De: (CMT da OPM).


Assunto: Designação para prosseguir nas investigações como Encarregado do
IPM.
Anexo: Autos ....................................................

Designo-vos, em substituição ao Sr. ...............(nome e posto do Oficial


substituído) ........... por ..........(declinar, se for possível ou conveniente:
doença, falecimento, transferência para reserva ou local) .............. para, como
Encarregado, prosseguir nas investigações e demais diligências que se
fizeram necessárias à completa apuração dos fatos ..............(descreve-los e, se
for o caso, mencionar documento) .............., delegando-lhe, para esse fim as
atribuições policiais que me competem.
Nome completo - Posto
(autoridade delegante)

(*) Art. 36 a 41 do CPPM. Dando-se por impedido ou suspeito, o Encarregado ofi


delegante, declinando os motivos, para designação de novo oficial para assumir su
IPM.

CONCLUSÃO

OBSERVAÇÃO:
a) Autuadas, postas em devida ordem as primeiras peças do Inquérito, numeradas
rubricadas as folhas a partir da capa ou Autuação, que levará o n.o 01, o Escrivão
CONCLUSÃO, conforme modelo acima, ao Encarregado do Inquérito.
b) Essa CONCLUSÃO virá obrigatoriamente após toda a documentação que deu
INQUÉRITO POLICIAL-MILITAR.
c) Toda vez que os autos forem ao Encarregado do Inquérito, o Escrivão lavrará s
na forma de carimbo no verso da última folha dos autos principais, juntando a ela
rubrica.
d) Entre a CONCLUSÃO e o termo de DESPACHO do Encarregado do Inquérito
escreverá.
e) A conclusão, recebimento, certidão e juntada poderão ser feitas por meio de car
exceto quanto aos DESPACHOS, dada a multiplicidade de providências e diligên
elucidação da infração penal.

DESPACHO

Sejam ouvidos o indiciado.................o ofendido ............. e as


testemunhas............... no dia (ou dias)..............do mês em curso, às
...........horas.
Providencie o Sr. Escrivão.
Quartel à rua..............., em......de...............20.....

Nome completo - Posto


Encarregado do IPM
Id.

OBSERVAÇÃO:
a) De posse dos autos com a Conclusão feita pelo Escrivão do Inquérito, o Oficial
Encarregado dará um despacho determinando quais as diligências que devem ser
designando, para tanto, dia, hora e local.
RECEBIMENTO

Aos ..........dias do mês de .........do ano de .............(por extenso)....., nesta


cidade do Rio de Janeiro (ou o local onde for) no quartel do.........(ou no local
onde for)......, recebi os presentes autos ao Senhor....(posto, RG e nome)......,
Encarregado do presente Inquérito Policial-Militar, do que, para constar,
lavro este termo. Eu....(posto ou graduação, RG nome).....servindo de
Escrivão, o subscrevi.

Nome completo - Grau hierárquico


Escrivão
Id.
(retirado na 2ª Edição)

OBSERVAÇÃO:
a) O Termo de Recebimento será toda vez lavrado pelo Escrivão, sempre que os a
retornarem as suas mãos.
b) Nada se escreverá entre o Termo de Recebimento e o Despacho.

CERTIDÃO
OBSERVAÇÃO:
Após cumprir o despacho do Encarregado do Inquérito, o Escrivão certificará sob
no verso da folha, juntando a ela seu carimbo e rubrica, como também todas as no
Peritos, testemunhas e tudo que ocorrer no curso do Inquérito e se faça necessário
ser anotado.

JUNTADA

Aos ..........dias do mês de .........do ano de .............(por extenso).....,


nesta cidade do Rio de Janeiro (ou o local onde for) no quartel do.........(ou no
local onde for)......, faço juntada a estes autos dos documentos que adiante se
vêem de fls...... do que, para constar, lavro este termo. Eu....(posto ou
graduação, RG nome).....servindo de Escrivão, o subscrevi.

Nome completo - Grau hierárquico


Escrivão
Id.

OBSERVAÇÃO:
a) Todos os documentos, ofícios e demais papéis, que forem sendo recebidos, vão
aos autos e onde o Encarregado colocará “junte-se aos autos”, data assinatura e ch
b) Não se anexará à juntada, ofícios, documentos, etc... recebidos com data poster
c) Nada se escreverá entre o termo de “JUNTADA” e os documentos juntados. O
branco, se houver, deve-se inutilizar por meio de linhas sinuosas no sentido vertic
d) Toda vez que findarem as providências iniciais, provenientes do Despacho do
inquérito, após a juntada, será feita uma Conclusão pelo escrivão, onde se observa
crescente de datas; feito novo Despacho pelo Encarregado do Inquérito, seguir-se
procedimento anterior, ou seja: Despacho, Recebimento, Certidão, Juntada e, fina
Conclusão.

NOTIFICAÇÃO

(nome, posto e RG) ...................., Encarregado de um Inquérito Policial-


Militar, NOTIFICA ao Sr. ..................., residente ...................., n.o
.................., que compareça, sob as penas da Lei, no dia .................. às ........
horas, no quartel ..............(ou onde for), na rua ........., n.o ..........., a fim de
prestar declarações sobre o fato que deu origem ao presente processo.
A não apresentação da testemunha, sem motivo justo, incorrerá nas sanções
do p.ú do art. 349 do CPPM c/c §2o do art.347 do CPPM.
Local, .................... de ......................de 20..........
Nome completo - Posto
Encarregado do IPM
Id.

CIENTE: _____________________________________

Of. PMERJ/OPM/SEI n.o 002/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Exmo. Sr.
Procurador Geral de Justiça.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Av. Mal. Câmara, 370,
Centro, Rio de Janeiro/RJ. Ref.: Registro de Ocorrência no 901-01043/2014.

Senhor,

Solicito a V. Exa providenciais no sentido de ser designado, nos termos


do Art. 14 do Código de Processo Penal Militar, um Procurador para prestar
assistência aos Autos do IPM do qual sou Encarregado, em virtude de se
tratar de apuração de delituoso de excepcional importância (ou de difícil
elucidação).
Ao ensejo, apresento protestos de alta consideração e respeito.

Nome completo - Posto


Encarregado do IPM
Id.

OBSERVAÇÃO:
a) A requisição de assistência de Procurador da Justiça Militar é uma faculdade do
IPM (Art. 14 do CPPM) quando se tratar de fato delituoso de excepcional importâ
elucidação. No caso da PMERJ o ofício será endereçado à Procuradoria-Geral da
b) A assistência do Ministério Público Militar é sempre recomendável, se não nec
c) Cabendo-lhe a titularidade da ação penal, estabelecerá, com o encarregado do I
mestras mais importantes da infração penal a ser apurada.

OFÍCIO DE NOTIFICAÇÃO

Of. PMERJ/OPM/SEI n.o 002/2015 Rio de Janeiro, 29 de outubro de


2015.

Sr.
Fulano de Tal.
(endereço)
Senhor,

Levo ao vosso conhecimento que fostes designado para proceder a um


Exame de Corpo de Delito (ou Perícia) na pessoa de .......(ou na quilo que
for), juntamente com .......(posto, RG e nome de outro perito) ....... no dia
.........às ..... horas, no .................(lugar onde for) ............ devendo prestar o
compromisso e responder os quesitos que forem apresentados nos termos do
Art. 13, alínea “f”, do CPPM.
Nome completo - Posto
Encarregado do IPM
Id.

OBSERVAÇÃO:
a) Podem ser feitos ofícios idênticos, com as alterações relacionadas necessárias, p
das testemunhas, indiciados, ofendidos, etc.
b) Os ofícios de requisição devem ser tirados em duas vias: a 1a para o requisitado
e, com este, devolve-la ao escrivão para juntada aos Autos e, a 2a para facilitar a e
requisitado na OPM.
c) Na confecção dos requisitos a serem respondidos pelos peritos, nas respostas a
observado o Capítulo V do Título XV do CPPM.
d) As nomeações de peritos recairão, de preferência, em oficiais da ativa, atendida
nos termos do Art. 48 do CPPM, observando-se a hierarquia (Art. 90 da Constitui
e) Recomenda-se ao Encarregado do IPM o cuidado de consultar, antecipadament
OPM onde servem os Oficiais sobre sua nomeação para peritos.
f) Caso não haja óbice (quer pelo Comandante da OPM, quer pelos escolhidos) ex
com todos os dados necessários à elaboração da perícia.

NOTIFICAÇÃO DE PERITOS AVALIADORES

CERTIDÃO
OBSERVAÇÃO:
a) Após lançar o termo de recebimento, o escrivão certifica do ato sob a forma de
da folha, juntando a ela seu carimbo e rubrica..
b) Quando ocorrer nomeação de peritos pelo encarregado, observar o disposto no
do CPPM.

CERTIDÃO DE NOTIFICAÇÃO DE PERITOS

Certifico que notifiquei por ofícios os peritos .................. e....................


para comparecerem a ................. no dia ........ do mês de ................ do ano
.........(por extenso).................. às ........ horas, em ...............(designar o local)
a fim de procederem a exame de Corpo de Delito na pessoa de ............... (ou
naquilo que for), do que, para constar, lavrei a presente Certidão. Eu .............
(posto ou graduação, RG, e nome)............... servindo de Escrivão, o
subscrevi.
Local, ............de...............de 20.......

Nome completo - Grau hierárquico


Escrivão
Id.

OBSERVAÇÃO:
a) Após lançar o termo de recebimento, o escrivão certificará da forma supracitad
b) Expedir, o escrivão, neste caso, ofício ao Diretor do HCPM/Rio (ou que for).no
quanto à nomeação dos oficiais médicos, como peritos, os quais servem sob seu C

DAS PERÍCIAS E EXAMES

Art. 314 – A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados
pelo crime ou as pessoas e coisas que, por sua ligação com o crime, possam
servi-lhe de prova.
Art. 315 – A perícia pode ser determinada pela autoridade policial-
militar ou pela judiciária, ou requerida por qualquer das partes.
Parágrafo único – Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá
negar a perícia, se a reputar desnecessária ao esclarecimento da verdade.
Art. 316 – A autoridade que determinar a perícia formulará os quesitos
que entender necessário. Poderão, igualmente, faze-lo: no inquérito, o
indiciado; e, durante a instrução criminal, o Ministério Público e o acusado,
em prazo que lhes for marcado para aquele fim, pelo auditor.
Art. 317 – Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido
inequívoco, não podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.
& 1o - O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peritos, poderá
mandar que as partes especifiquem os quesitos genéricos, dividam os
complexos os esclareçam os duvidosos, devendo indeferir os que não sejam
pertinentes ao objeto da perícia, bem como os que sejam sugestivos ou
contenham implícita a resposta.
& 2o - Ainda que o quesito não permita resposta decisiva do perito,
poderá ser formulado, desde que tenha por fim esclarecimento indispensável
de ordem técnica, a respeito de fato que é objeto da perícia.
Art. 318 – As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos,
especializados no assunto ou com habilitação técnica, observado no disposto
no Art. 48.
Art. 319 – Os peritos descreverão, minuciosamente, o que examinarem e
responderão com clareza e de modo positivo aos quesitos formulados, que
serão transcritos no laudo.
Parágrafo único – As respostas poderão ser fundamentadas em sequência a
cada quesito.
Art. 320 – Os peritos poderão solicitar da autoridade competente a
apresentação de pessoas, instrumentos ou objetos, que tenham relação com o
crime, assim como os esclarecimentos que se tornem necessários à orientação
da perícia.
Art. 321 – A autoridade policial-militar e a judiciária poderão requisitar
dos institutos médico-legais, dos laboratórios oficiais e de quaisquer
repartições técnicas, militares ou civis, as perícias e exames que se tornem
necessários ao processo, bem como, para o mesmo fim, homologar os que
neles tenha sido regularmente realizado.
Art. 322 – Se houver divergência entre os peritos, serão consignados no
auto de exames as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um
redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro. Se
este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame
por outros peritos.
Art. 323 – No caso de inobservância de formalidade ou no caso de
omissão, obscuridade ou contradição, a autoridade policial-militar ou
judiciária mandará suprir a formalidade, ou completar ou esclarecer o laudo.
Poderá, igualmente, sempre que entender necessário, ouvir os peritos para
qualquer esclarecimento.
Parágrafo único – A autoridade poderá, também, ordenar que se proceda a
novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
Art. 324 – Sempre que conveniente e possível, os laudos de perícias ou
exames serão ilustrados com fotografias, microfotografias, desenho ou
esquemas, devidamente rubricados.
Art. 325 – A autoridade policial-militar ou a judiciária, tendo em
atenção a natureza do exame, marcará prazo razoável, que poderá ser
prorrogado, para apresentação dos laudos.
Parágrafo único – Do laudo será dada vista às partes, pelo prazo de três
dias, para requererem quaisquer esclarecimentos dos peritos ou apresentarem
quesitos suplementares para esse fim, que o juiz poderá admitir, desde que
pertinentes e não infrinjam o Art. 317 e seu & 1o.
Art. 326 – O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou
rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 327 – As perícias, exames ou outras diligências que, para fins
probatórios, tenham que ser feitos em quartéis, navios, aeronaves,
estabelecimentos ou repartições, militares ou civis, devem ser precedidos de
comunicações aos respectivos comandantes, diretores ou chefes, pela
autoridade competente.
Art. 328 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
Parágrafo único – Não sendo possível o exame de corpo de delito direto, por
haverem desaparecido os vestígios da infração, supri-lo-á a prova
testemunhal.
Art. 329 – O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia
e a qualquer hora.
Art. 330 – Os exames que tiverem por fim comprovar a existência de
crime contra a pessoa abrangerão:
. a) Exames de lesões corporais;
. b) Exames de sanidade física;
. c) Exames de sanidade mental;
. d) Exames cadavéricos, procedidos ou não de exumação;
. e) Exames de identidade de pessoas;
. f) Exames de laboratório;
. g) Exames de instrumentos que tenham servido à prática do crime.
Art. 331 – Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial
tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar, por
determinação da autoridade policial-militar ou judiciária, de ofício ou a
requerimento do indiciado, do Ministério Público, do ofendido ou do
acusado.
& 1o - No exame complementar, os peritos terão presente o auto de
corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
& 2o - Se o exame complementar tiver por fim verificar a sanidade
física do ofendido, para efeito de classificação do delito, deverá ser feito logo
que decorra o prazo de trinta dias, contado da data do fato delituoso.
& 3o - A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal.
& 4o - O exame complementar pode ser feito pelos mesmos peritos que
procederam ao de corpo de delito.
Art. 332 – Os exames de sanidade mental obedecerão, em cada caso, no
que for aplicável, às normas prescritas no Capítulo II, do Título XII.
Art. 333 – Haverá autópsia:
. a) Quando, por ocasião de ser feito o corpo de delito, os peritos a
julgarem necessária;
. b) Quando existirem fundados indícios de que a morte resultou,
não da ofensa, mas de causas mórbidas anteriores ou posteriores à infração;
. c) Nos casos de envenenamento.
Art. 334 – A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais da morte, julgarem que possa ser
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único – A autópsia não poderá ser feita por médico que haja tratado
o morto em sua última doença.
Art. 335 – Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno, para a verificação de alguma circunstância
relevante.
Art. 336 – O s cadáveres serão, sempre que possível, fotografados na
posição em que forem encontrados.
Art. 337 – Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver, proceder-se-á
ao reconhecimento pelo instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere, pela inquirição de testemunhas ou outro meio de direito,
lavrando-se auto de reconhecimento e identidade, no qual se descreverá o
cadáver, com todos os sinais e identificação.
Parágrafo único – Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados
todos os objetos que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 338 – Haverá exumação, sempre que esta for necessária ao
esclarecimento do processo.
& 1o - A autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
marcados, se realizem a diligência e o exame cadavérico, dos quais se lavrará
auto circunstanciado.
& 2o - O administrador do cemitério ou por ele responsável indicará o
lugar de
sepultura, sob pena de desobediência.
& 3o - No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou o
lugar onde esteja o cadáver, a autoridade mandará proceder às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.
Art. 339 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o
crime, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas, até a chegada dos peritos.
Art. 340 – Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material
suficiente para eventualidade de nova perícia.
Art. 341 - Nos crimes que haja destruição ou violação da coisa, ou
rompimento de obstáculo ou escalada para fim criminoso, os peritos, além de
descrever os vestígios, indicarão com que instrumento, por que meios e em
que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 342 – Proceder-se-á à avaliação de coisas destruídas, deterioradas
ou que constituam produto de crime.
Parágrafo único – Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão a
avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultem de
pesquisas ou diligências.
Art. 343 – No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida e para
o patrimônio alheio, e, especialmente, a extensão do dano e o seu valor,
quando atingido o patrimônio sob administração militar, bem como quaisquer
outras circunstâncias que interessem à elucidação do fato. Será recolhido no
local o material que s peritos julgarem necessário para qualquer exame, por
eles ou outros peritos especializados, que o juiz nomeará, se entender
indispensáveis.
Art. 344 – No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação
de letras, observar-se-á o seguinte:
. a) a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir será intimada
para o ato, se for encontrada;
. b) Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que
ele reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
. c) A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
documentos que existirem em arquivos ou repartições públicas, ou neles
realizará a diligência, se dali não puderem ser retirados;
. d) Quando não houver escritos para a comparação ou forem
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que
lhe for ditado;
. e) Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras a
que será intimada a responder.
Art. 345 – São sujeitos a exame os instrumentos empregados para a
pratica de crime, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência e, sempre
que possível, a origem e propriedade.
Art. 346 – Se a perícia ou exame tiver de ser feito em outra jurisdição,
policial- militar ou judiciária, expedir-se-á precatória, que obedecerá, no que
lhe for aplicável, às prescrições dos artigos 283, 359, 360 e 361.
Parágrafo único - Os quesitos da autoridade deprecante e os das partes
serão transcritos na precatória.

OBSERVAÇÃO:
A autópsia é indispensável em qualquer evento que resulte morte.
Somente através dela definir-se-á a “causa-mortis”, cujo conhecimento é
necessário para evitar-se o chamado crime impossível: matar quem já está morto.

REGRAS PARA O CORPO DE DELITO


O exame parcial, nos casos de lesão corporal, compreende o ferimento e
o ofendido. Devem ser minuciosamente examinadas as lesões existentes,
indicando o número, precisando a sede, referindo-se a determinadas regiões
do corpo, descrevendo a forma, extensão e profundidade, quando possível.
Deste exame, o perito concluirá a causa provável do traumatismo,
apontando o instrumento causador, a direção em que atuou, as condições de
violência e a intenção com que parece Ter sido praticado. Tais deduções não
devem ser o resultado de uma afirmação desacompanhada, embora
categórica, mas sucederá uma descrição minuciosa, em termo, para que possa
ajuizar do seu acerto, diante de lesão observada. Quanto ao ferido, recolhidos
todos os dados objetivos e subjetivos, deve indagar-se sua qualidade, laços
naturais ou sociais; fazer a dedução possíveis das intenções do culpado
(ferimentos involuntários, escusáveis, premeditados, perversos, cambiais);
anamnese (data; da ferida), diagnóstico (classificação motivada – leves,
graves ou mortais), prognóstico legal ( complicações, influência de
tratamento, cural), influência modificadora dos ferimentos: - Estatuto das
concausas penais, dano material para o serviço ativo, por 30 (trinta) dias ou
mais, mutilação – deformidade, privação permanente de uso de um órgão ou
membro, enfermidade incurável e que prive, pra sempre, o ofendido de poder
exercer o seu trabalho, etc.
No ajuizar e classificar o dano causado, os peritos devem valer-se da
hipótese de que o ofendido se sujeita a um tratamento regular que auxilie ou
promova a cura, justificando, sempre que for necessário.
Sob pretexto algum, o procedimento pericial deve ser nocivo ao
ofendido: - ficam impedidas práticas de semiótica, como sondagens ou
manobras outras capazes de retardar a cura ou complicar a lesão.
Conforme o fato delituoso e examinar, diversas são as regras que
nortearão a perícia. Assim, em caso de roubo, é mister examinar o lugar em
que foi cometido, para se verificar onde estavam as coisas subtraídas, o modo
que foi realizado o crime, se houve arrombamento interno ou externo,
perfuração de paredes, introdução na casa por conduto subterrâneo, por cima
dos telhados, etc... . Em caso de incêndio há de indagar, primeiramente, da
sua origem, se adveio de causas naturais ou da ação humana, e, neste caso, se
culposa (negligência, imprudência, imperícia na arte ou profissão,
inobservância de disposições regulamentares) ou se doloso, pesquisando o
foco, as matérias empregadas, etc...

OBSERVAÇÃO:
A autoridade que proceder ao exame de corpo de delito, além de assinar o
respectivo auto, rubricá-lo-á à margem e terá maior cautela nos quesitos que dirig
tomando em consideração não só as circunstâncias essências do fato, mas todas aq
acompanham e possam influir na prova da existência e da natureza do crime, por
elas pareçam ser.
Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar a entre
peritos, para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização poderá ser dada pelo enc
inquérito, no curso deste (& 2o, Art. 156 do CPPM).
Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes foram oferecidos, e dos escl
julgarem necessários, os peritos deverão responder aos seguintes (Art. 159 do CPP
. a) Se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvime
incompleto ou retardado (alínea “a” do Art. 159 do CPPM);
. b) Se, no momento da ação ou omissão, o indiciado ou acusado se acha
estados referidos na alínea anterior (alínea “b” do Art. 159 do CPPM);
. c) Se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes,
indiciado, ou acusado, capacidade de atender o caráter ilícito do fato ou de se dete
com esse entendimento (alínea “c” do Art. 159 do CPPM);
. d) Se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe
diminui-lhe, entretanto. Consideravelmente, a capacidade de entendimento de ilic
de autodeterminação, quando praticou (alínea “d” do Art.159 do CPPM).

QUESITOS PARA O CORPO DE DELITO


HOMICÍDIO
1o ) Se houver a morte;
2o ) Qual a sua causa;
3o ) Qual o meio que a ocasionou;
4o ) Se foi ocasionada por veneno, fogo, explosivo, tortura, asfixia ou
por meio
insidioso ou cruel;
5o ) Se a lesão observada, por sua natureza e sede, foi causa eficiente da
morte;
6o ) Se a constituição ou estado mórbido anterior do ofendido ocorreu
para tornar a lesão irremediavelmente morte;
7o ) Se a morte resultou das condições personalíssimas do ofendido;
8o ) Se a morte sobreveio, não porque o golpe fosse mortal, e sim por ter
o ofendido deixado de observar o regime médico e higiênico reclamado por
seu estado; e
9o ) Se a morte foi ocasionada por imprudência, negligência ou
imperícia na arte ou profissão do acusado.

FERIMENTO OU OFENSA FÍSICA


1o ) Se houver lesão corporal;
2o ) Qual a espécie de instrumento ou meio que a ocasionou;
3o ) Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
por meio insidioso ou cruel;
4o ) Se é de natureza a lesão a produzir incômodo de saúde que
impossibilite o paciente para o serviço ativo por mais de trinta dias, mas não
para sempre;
5o ) Se resultou perigo de vida;
6o ) Se a lesão resultou ou pode resultar inutilização, deformidade ou
privação de algum órgão ou membro que impossibilite para sempre o
ofendido de exercer o seu trabalho;
7o ) Se a lesão resultou ou pode resultar enfermidade incurável que
prive para sempre o ofendido de exercer o seu trabalho;
8o ) Se a lesão, por sua natureza ou sede, é causa eficiente da morte; e,
9o ) Se foi ocasionada por imprudência, negligência ou imperícia na arte