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MANUAL DE INQUÉRITO
POLICIAL MILITAR - ANOTADO
2020
Rio de Janeiro, RJ
21 de Junho de 2020.
PÁGINA DE ROSTO
TÍTULO I
O INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
CAPÍTULO 1
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA
MILITAR
Prossegue o autor:
“a polícia administrativa é regida pelos princípios
jurídicos do Direito Administrativo e incide sobre
bens, direitos ou atividades, enquanto que a polícia
judiciária é regida pelas normas de Direito
Processual Penal e incide sobre as pessoas.
A polícia administrativa é preventiva. A polícia
judiciária é repressiva. A primeira desenvolve a sua
atividade, procurando evitar a ocorrência do ilícito
e daí ser denominada preventiva. A segunda é
repressiva, porque atua após a eclosão do ilícito
penal, funcionando como auxiliar do Poder
Judiciário” (Direito Administrativo da Ordem
Pública, 1987, p. 36)
Outros renomados autores como DIOGO DE FIGUEIREDO
MOREIRA NETO, JOSÉ CRETELLA JUNIOR e HELY LOPES
MEIRELLES, classificam o termo polícia de modos diversos, sendo
relevante ao nosso estudo, após a análise das diversas classificações do termo
polícia, seja de segurança ou administrativa e polícia judiciária. Importará
para o nosso estudo a polícia judiciária, pois a mesma a partir da eclosão dos
fatos ilícitos aos quais a polícia preventiva (polícia de segurança, polícia
ostensiva), não teve como evitar ou se quer imaginava poder acontecer.
DO CRIME MILITAR
I - DEFINIÇÃO
Atualmente, em face das leis militares em vigor, não há mais razão para
que haja divergências na conceituação de delitos militares. Pelo Art. 9º do
Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, são considerados crimes
militares, em primeiro lugar, aqueles de que trata o Código Penal Militar,
quando definidos de modo diverso na lei penal comum ou nela previstos,
qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; dentre os primeiros,
podem ser citados os crimes contra a incolumidade pública e certos crimes
contra a administração militar, como os de peculato e de falsidade; e, dentre
os segundos, os de motim e revolta, insubordinação, violência contra superior
ou inferior, deserção, e abandono de posto (critério ratione materiae). Em
segundo lugar, cogitando-se os crimes previstos naquele Código, embora
também o sejam, igual definição na lei penal comum (por exemplo: o
homicídio, as lesões corporais, a calunia, a difamação, a injuria,
constrangimento ilegal), quando praticados:
1) por militar, em situação de atividade ou assemelhado, contra
militar ou assemelhado, na mesma situação (critério ratione personae); ou,
em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva ou
reformado, assemelhado ou civil (critério ratione loci), ou em serviço,
comissão de natureza militar ou em formatura (critério ratione numeris),
ainda que fora de lugar sujeito à administração militar, contra qualquer das
pessoas referidas, ou em período de manobras ou exercícios, contra qualquer
destas pessoas; contra patrimônio sob administração militar ou contra a
ordem da administração militar; ou que, embora não estando de serviço, use
armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico (sob guarda,
fiscalização ou administração militar) para prática de ato ilegal (este último
item é inovação do atual Código);
2) por militar da reserva ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais:
a) contra o patrimônio sob administração militar ou contra
a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar, contra militar
em serviço ou assemelhado contra funcionários de ministério militar ou da
Justiça Militar, no exercício de função inerente ao cargo;
c) contra militar em formatura ou durante o período de
prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, agrupamento,
acantonamento ou manobra;
d) ainda que fora de lugar sujeito à administração militar,
contra militar em função de natureza ou no desempenho de serviço de
vigilância, garantia ou preservação da ordem pública administrativa ou
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim ou em obediência à
determinação legal superior.
Não obstante haver o artigo 9º do Código Penal Militar vigente
acompanhado o critério que inspirou o Art. 6º do Decreto-Lei nº 6.227, de 24
de outubro de 1994, é aquele mais minucioso que este, assim na redação
como nas hipóteses previstas, todas, porém, adstritas ao mandamento
constitucional que estatui a competência do foro militar; para nele serem
processados, sob determinadas condições, militares e civis, torna-se
necessário ter em vista que é restrita a interpretação daquele artigo do Código
em vigor, quer pelos seus próprios termos, quer pela preceituação
constitucional de que deveria?
Referindo-se a “militar” em situação de atividade, na reserva ou
reformado, o legislador considera, como tal, o pertencente às Forças
Armadas, isto é, a Marinha, ao Exército e a Aeronáutica, ou quem a qualquer
dessas Forças for incorporado, por convocação ou mobilização. Pela mesma
ordem de ideias, o foro especial, extensivo aos civis, de que trata o §1º do
Art. 129 da Constituição (Emenda nº 01), é tão-somente, o que resulta da
jurisdição dos órgãos da Justiça constituídos por juízes militares daquela
Corte e magistrados e ela vinculados por lei. Não há outro “foro especial”
para julgamento de civis, em face da Constituição, nem tampouco a lei
ordinária pode cria-lo.
Assemelhado, conforme o Art. 21 do Código, é o servidor, efetivo ou
não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica submetido a
preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento, no que não se
enquadra o funcionário civil que presta serviço à PMERJ.
A distribuição da matéria na parte especial do Código Penal Militar é
diferente da adotada no Código Penal Comum. No Militar, compreende 8
títulos divididos em capítulos, e testes, algumas vezes, em seções na seguinte
sequência.
- dos Crimes contra a Segurança Externa do País;
- dos Crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar;
- dos Crimes contra o Serviço Militar e o Dever Militar;
- dos Crimes contra a Pessoa;
- dos Crimes contra o Patrimônio;
- dos Crimes contra a Incolumidade Pública;
- dos Crimes contra a Administração Militar; e,
- dos Crimes contra a Administração da Justiça Militar.
Dentre esses, há os que são propriamente militares, pela natureza, e os
que são considerados militares, pela sua inclusão no Código Penal Militar.
Todos, porém, atendem aos pressupostos conceitos do Art. 9º do Decreto nº
1.001, de 21 Out 69.
Súmula n.º 47 do STJ – Compete à Justiça Militar processar e Julgar crime comet
contra civil, com emprego de arma pertencente à corporação, mesmo não estando
2) Crimes praticados por militar da reserva, reformado ou
por civil.
Aceita-se, como matéria mais ou menos pacifica, ressalvados alguns
exageros, que o Foro castrense estadual se estende aos civis em duas únicas
hipóteses:
a) nos crimes praticados em lugar sujeito à Administração
militar, contra militar da ativa ou funcionários da Justiça Militar (inciso III,
alínea “b” do CPM);
b) nos crimes contra o patrimônio sob a administração
militar (inciso III, alínea “a” do CPM).
Súmula n.º 53 do STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civ
prática de crime contra instituições militares estaduais.
Examinadas em conjunto essas duas hipóteses, observa-se que se
referem, ambas, a situações que atingem diretamente a Corporação Militar,
seja porque o fato criminoso se desenvolve dentro da restrita área do Quartel,
seja porque o bem lesado é o patrimônio sob a administração militar.
E não resta dúvida de que se acomodam ambas dentro do conceito
genérico de – crime contra as instituições militares – referido no § 1º do Art.
129, da Constituição Federal, ficando assim plenamente respeitada a
limitação do Foro Castrense, consignada no referido dispositivo:
“Art. 129 - §1º: Esse foro especial estender-se-á aos
civis, nos casos expressos em lei, para a repressão
de crimes (contra a Segurança Nacional) ou
instituições militares”.
DA LEGISLAÇÃO
Finalidade do Inquérito
Ao estudar a divisão de polícia, vimos que esta compreende a Polícia
Administrativa (preventiva) e a Polícia Judiciária (repressiva).
A atividade de Polícia Judiciária, segundo FREDERICO MARQUES,
se dá em dois momentos distintos: “o da investigação e o da ação penal”
(Fernando da Costa Tourinho Filho, V. 1. 1993. p.173)
O Inquérito Policial Militar se situa neste primeiro momento na
apuração e coleta de dados que servirão de base para a formação da opinio
delict do membro do Ministério Público para a competente ação penal.
Art. 9º - O inquérito policial-militar é a apuração
sumária de fato, que, nos termos legais, configure
crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de
ministrar elementos necessários à propositura da
ação penal.
Parágrafo único – São, porém, efetivamente
instrutórios da ação penal os exames, pericias e
avaliações realizadas regularmente no curso do
inquérito, por peritos idôneos e com obediência às
formalidades previstas neste Código.
Assim sendo, o Inquérito Policial Militar possui grande importância,
constituído a base de toda uma estrutura destinada a promover a justiça.
Da definição acima e da leitura dos artigos do título III do CPPM, que
trata do inquérito policial militar, conclui-se que o mesmo tem natureza
jurídica de procedimento administrativo, discricionário e sigiloso.
Natureza jurídica
a) Procedimento administrativo: porque é realizado pela polícia, no
caso, Polícia Militar Estadual, órgão integrante do Poder Executivo, não se
admitindo ingerência do Poder Judiciário, salvo no tocante da legalidade da
prisão em flagrante;
b) Procedimento discricionário: porque é presidido pela autoridade de
polícia judiciária ou seu agente delegado que conduzirá sua atuação de forma
discricionária, na tentativa de elucidar o fato criminoso e apontar a sua
autoria, limitando-se, porém, na lei, pois, ultrapassando tal limite, o
conduzirá ao abuso, o quem, além de inquinar o procedimento, Poderá
também sofrer a autoridade ou o encarregado sanção administrativa e/ou
penal;
c) Procedimento inquisitivo: por a autoridade ou encarregado irá
investigar, perquirir, indagar o indivíduo, as testemunhas, o ofendido, poderá
proceder a reprodução simulada dos fatos (artigo 13, parágrafo único do
CPPM), não vigorando o princípio do contraditório, sendo o indiciado o
objeto da investigação e não sujeito de direitos.
Não há que se confundir a inquisitoriedade do IPM com a classificação
dos sistemas processuais, haja vista se tratar de fase pré-processual. Portanto,
o caráter inquisitório que lhe é conferido se deve a alguns fatores tais como a
ausência de contraditório, a discricionariedade da autoridade policial
judiciária militar, a falta de acusação e de defesa e a imposição do sigilo
quando necessário à elucidação dos fatos.
Tourinho Filho leciona que vários fatores imprimem este caráter
inquisitivo ao IPM. Basta apenas uma análise em alguns deles para que se
conclua tratar-se de uma investigação inquisitiva por excelência:
1. O dever jurídico da autoridade policial em relação a sua instauração
que, salvo algumas exceções, deve ser de ofício, independente de
provocação;
2. A discricionariedade com que a autoridade policial dirige as
investigações para a elucidação dos fatos, podendo ou não, de acordo com
seu prudente arbítrio, deferir diligências requeridas pelo indiciado;
3. A não aplicação do contraditório;
4. A não intromissão de pessoas estranhas à investigação no decorrer
das diligências.
Todos estes fatores emprestam o caráter inquisitivo ao inquérito.
Outro fator importante, e que corrobora para o seu caráter inquisitivo, é
o disposto no CPPM, em seu art. 142, o qual prevê que não se poderá opor
suspeição ao encarregado do inquérito. Isto se deve ao fato do IPM ser um
procedimento investigatório e preliminar, onde não há nulidade, e eventuais
suspeições do Encarregado serão consideradas meras irregularidades.
Entretanto, segundo o entendimento de alguns autores, dentre os quais Assis,
o encarregado deverá se declarar suspeito se houver motivos que o
justifiquem, devendo fiel observância à ética e ao bom senso;
d) Procedimento sigiloso: o artigo 16 do CPPM reza o seguinte:
“o inquérito é sigiloso, mais seu encarregado pode
permitir que dele tome conhecimento o advogado do
indiciado.”
INSTAURAÇÃO DO IPM
Situações Não-Flagranciais de IPM (Portaria
I) Crimes de Ação Penal Militar Pública
Incondicionada:
Neste caso, o IPM poderá instaurar-se ex offi
por Requisição do MPM. Como já dito anteri
não pode haver instauração de IPM por requi
judicial no direito militar.
Crimes de Ação Penal Militar Pública Condic
Requisição do Governo Federal (Ministro da
Ministro da Defesa; Presidente da República
art. 31; LOJMU, art. 95, § único):
Para tanto, há a necessidade da prévia requisi
comunicação do fato pelo PGJM ao PGR. No
processual penal militar não há sequer, algum
ação penal militar pública condicionada à
representação do ofendido. Portanto, aqui, só
penal militar pública incondicionada e a cond
à requisição do governo federal.
Todavia, nada impede que ocorra no âmbito d
militar, a famosa ação penal privada supletiv
porque é de preceito fundamental).
2) Situações Flagranciais (APF):
Seja quem for o agente (militar ou civil), e se
for o delito (ressalvados deserção e insubmis
preso em flagrante pela prática de delito mili
instaura IPM, lavra-se o Auto de Prisão em
Flagrante/APF (CPPM, art. 27, c/c Lei 9.099
90-A).
Não existe, portanto, o TCO. Ou seja, se o ag
(militar ou civil) cometer um delito militar, c
até 2 anos, lavra-se o APF.
Notitia Criminis
Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima:
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte
da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em:
Espontânea: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento
do fato delituoso por meios de suas atividades rotineiras (...).
Provocada: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da
infração penal através de um expediente escrito (...).
Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do
fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante.
DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de
Janeiro: Impetus, 2011, p. 143 e 144.
Formação do inquérito
Art. 13 – o encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
a) tomar as medidas previstas no Art. 12, se ainda não o
tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas,
acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de
corpo de delito e a quaisquer outros exames periciais;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída,
desviada, destruída ou danificada, ou da qual houver indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos Art. 172
e 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção das
testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de
coação que lhes tolha a liberdade d depor, ou a independência para a
realização de pericias ou exame.
Do Indiciado no Inquérito Policial Militar
O indiciado será, no Inquérito Policial Militar, o militar ou civil (em
relação a este, somente na esfera dos crimes praticados em desfavor dos
militares federais ou da Administração Militar das Forças Armadas) contra
quem pesam elementos desfavoráveis quanto à prática de uma infração penal.
Tais elementos serão representados pelas provas, ou seja, a materialidade do
delito.
O Dicionário do Aurélio Online assim define a figura do indiciado
como sendo “aquele sobre o qual recaem indícios”
O suspeito é aquele indivíduo a quem não se pode atribuir a prática do
fato criminoso, diante da ausência ou fragilidade das provas em seu prejuízo.
Para o suspeito existe uma possibilidade de se tornar indiciado, contudo
somente após a demonstração da materialidade delitiva.
Segundo o Dicionário Online de Português, investigado é “o indivíduo
acerca do qual uma investigação está sendo feita”. Na verdade, é foco da
investigação, maiormente no que se refere à autoria, seja ela material ou
intelectual. Porém, não será necessariamente indiciado, já que tudo dependerá
das provas produzidas contra o mesmo.
Neste contexto, quando o militar ou civil for ouvido em IPM, no início
das investigações, sendo frágeis os elementos que possam indicar a autoria e
materialidade delitiva, o mais apropriado é que suas declarações sejam
colhidas na qualidade de INVESTIGADO (ou SUSPEITO). Somente no
decorrer da apuração, após a reunião de maiores dados que comprovem o
envolvimento do indivíduo no delito apurado é que se deve reinquiri-lo,
agora na qualidade de INDICIADO. Neste exato momento, estarão presentes
as provas cabais de participação ou autoria delitivas.
Citação. Intimação. Notificação
Citação. Considerações gerais
Citação é o ato judicial destinado ao chamamento do acusado, para que
tome conhecimento de que, contra ele, foi proposta ação penal militar, e
também, do conteúdo da acusação, bem como, do local, dia e hora de seu
comparecimento ao Juízo. Com a citação do réu, completa-se a relação
processual, enquanto a denúncia a precede e dela constitui pressuposto
cronológico (Tornagli, A relação processual penal, 2.ª ed., p. 288).
Notificação e intimação
Ensina Pontes de Miranda que “a notificação é o meio judicial de se dar
conhecimento a alguém de que, se não praticar, ou se praticar certo ato, ou
certos atos, está sujeito à comunicação; intimação é a comunicação de ato
praticado. (...) A intimação supõe que se haja praticado algum ato.
Das oitivas
Segundo o CPPM (art. 13), deve-se ouvir: 1º ofendido; 2º o indiciado; e
3º testemunhas.
Do ofendido
Na alínea b, do artigo 13, vem a oitiva do ofendido, que será, sempre
que possível, qualificado e perguntado a respeito da infração, indagando-se
quem seja ou pressuma ser o autor, indicando provas, reduzindo-se tudo a
termo, consoante o art. 311.
De muita importância para a investigação, tem a oitiva do ofendido,
pois, ninguém melhor que o mesmo para narrar os fatos, dando, assim,
elementos para seu esclarecimento. Há de ser levar em conta que o ofendido é
parte da relação jurídico-material e não presta a compromisso de dizer a
verdade, donde de um valor probatório relativo.
A regra prevista no artigo 301 estabelece que no transcorrer do IPM
serão observadas as mesmas regras que norteiam a instrução levada efeito
pela autoridade judiciária, no que concerne às disposições referentes a
testemunhas e quaisquer outras que tenham pertinência com a apuração do
fato delituoso e sua autoria.
Logo, a falta de comparecimento do ofendido que fica notificado, sem
motivo justo, resultará na possibilidade da condução coercitiva do mesmo,
sem ficar sujeito, entretanto, a qualquer sanção, assim prescreve o parágrafo
único do artigo 311.
Fica bem cristalina a idéia de que o ofendido não está sujeito a sanção
alguma, logo, não responde por desobediência (artigo 301 do CPPM), porém
se o ofendido for militar, a este poderá ser imputado o cometimento de crime
de recusa de obediência(artigo 163 do CPPM).
Para JOSÉ DA SILVA LOUREIRO NETO (Lições de processo penal
militar, 1992,p. 33 e 34).
“sendo oficial encarregado do inquérito integrante
da Forças Armadas, ocorrendo a desobediência do
ofendido civil, este poderá ser indiciado pelo crime
de desobediência (artigo 301), pois a Justiça Militar
Federal é competente para julgar civis nos crimes
militares previstos em lei, como já estudado.”
Da incomunicabilidade do indiciado
“O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado,
que estiver legalmente preso, por três dias no máximo.”
Difere, pois, do Código de Processo Penal comum, onde a
incomunicabilidade do indiciado deverá ser decretada por despacho
fundamentado do juiz (artigo 21 do CPP).
A incomunicabilidade não se estende ao advogado do indiciado, que
por força da Lei 8.906, em seu artigo 7º, III, tem o direito de:
“comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo
sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimento civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis.”
Há na doutrina entendimento de que a incomunicabilidade do indiciado
está revogada por força do artigo 136, parágrafo 3º, inciso IV, da
Constituição Federal, que estabelece o seguinte:
“Omissis,
IV – É vedada a incomunicabilidade do preso.”
Tal posição diz respeito ao capítulo destinado ao Estado de Defesa e
Estado de Sítio, e por isso, ensina FERNANDO DA COSTA TOURINHO:
“Ora se durante o estado de defesa, quando o governo deve tomar
medidas enérgicas para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidos por calamidades
de grandes proporções na natureza, podendo determinar medidas coercitivas,
destacando-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio
das associações, o sigilo da correspondência e o sigilo de comunicação
telegráfico e telefônico, havendo até prisão sem determinação judicial, tal
como disciplinado no artigo 136 da CF, não se pode decretar a
incomunicabilidade do preso (cf. CF, artigo 136, parágrafo 3º, IV),com muito
mais razão não há que se falar em incomunicabilidade na fase do inquérito
policial.” (Processo penal, v. I, 1993. p, 194)
Entendemos que mesmo com o brilhante argumento do renomado
jurista, a incomunicabilidade vigora, pois está na lei - CPPM –
consubstanciado na Lei 8.906/94 – OAB -, que dispõe o direito do advogado
se comunicar com o seu cliente, mesmo no período de incomunicabilidade.
Da declaração do indiciado
O artigo 18 regula tal ato, que tem a natureza de medida cautelar,
dispondo o seguinte:
“Independentemente de flagrante delito, o indiciado
poderá ficar detido, durante as investigações
policias, até trinta dias, comunicando-se a detenção
à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo
comandante da Região, Distrito Naval ou Zona
Aérea, mediante solicitação fundamentada do
encarregado do inquérito e por via hierárquica.”
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL (Med. Liminar) -
444
Origem: DISTRITO FEDERAL
Entrada no STF: 14/03/2017
Relator: MINISTRO GILMAR MENDES
Distribuído: 14/03/2017
Partes: Requerente: CONSELHO FEDERAL
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL -
CFOAB (CF 103, VII)
Requerido :PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Da confissão do indiciado
A confissão não é prova absoluta, uma vez que o juiz, para o seu livre
convencimento, terá de confronta-la com as demais provas obtidas. Segundo
DAMASIO E. DE JESUS (Código de processo penal anotado, comentado ao
artigo 197).
“a confissão policial por si só, nada significa. Se o
juiz, na sentença, leva em conta a confissão
extrajudicial porque 'corrobora por outras provas',
cremos que está considerando ' as outras provas',
pouco tendo em validade, senão nenhuma, a
confissão policial. Esta, obtida sem o contraditório,
acreditamos ser um nada em matéria probatória.
Quando muito serve de elemento de convicção do
acusado para o início da ação penal.”
Logo, tanto pode ser a de visu – viu, quando às de audito, e aqueles que
forem citadas pelo acusado, pelo ofendido ou pela parte, mesmo não vendo
nem ouvindo sobre o fato.
O encarregado do inquérito terá de observar o horário para o
depoimento, que deverá ser no período compreendido entre às sete e dezoito
horas, lavrando-se o termo o escrivão do horário de início e fim do ato,
devendo ainda tal depoimento não ser por mais de quatro consecutivas,
facultado o descanso de meia hora, se tiver de depor além daquele tempo.
Poderá, ainda, prosseguir o depoimento, se o mesmo não for concluído às
dezoito horas, no dia seguinte em horário determinado pelo encarregado,
mesmo não sendo dia útil, em caso de urgência, ou no próximo dia útil
(artigo 19 e 33).
No depoimento o encarregado observará a regra contida no artigo 301
para a confecção do IPM, que é a aplicação no IPM dos dispositivos previstos
no Título XV (Dos atos probatórios).
Assim, o encarregado deverá intimar as testemunhas declarando o seu
fim, designando a data e horário de comparecimento, sendo este obrigatório,
salvo motivo de força maior devidamente justificado, caso contrário, a
testemunha ficará sujeita à condução coercitiva e multa. Havendo recusa ou
resistência da testemunha, poderá está ainda ser presa por período não
superior a quinze dias, sem prejuízo do processo penal por crime de
desobediência (artigo 347) (Entendemos que, no que tange ao civil, tais
sanções serão aplicadas pelo juiz, visto que a Constituição, ao que concerne
aos direitos e garantias fundamentais, aos direitos individuais, limitou tais
garantias à lei e somente por determinação judicial tais garantias podem ser
alteradas. Logo, o mandado de condução é a restrição do direito de ir e vir,
insculpido na Constituição Federal, o que requer por parte do encarregado a
solicitação ao judiciário da expedição de tal mandado).
O artigo 301 do CPPM, que versa sobre a observância no inquérito da
disposições das testemunhas que dizem respeito às testemunhas e sua
acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos periciais e a
documentos previstos no Título (Dos probatórios), bem como qualquer outras
que tenham pertinência com a apuração do fato delituoso e sua autoria, vem a
dar respaldo para a condução coercitiva de testemunha no inquérito (artigo
347), bem como a sujeição da mesma à multa e prisão, no caso de resistência,
bem como a responder criminalmente pelo crime de desobediência.
Daí, valer no IPM, a intimação da testemunha que a mesma poderá
sofrer sanções pelo não cumprimento da ordem ali expedidas.
No inquérito policial comum, visto o Código de Processo Penal não
conter tal dispositivo conferido somente a autoridade policial a observância
no que diz respeito ao indiciado (artigo 6º, V), não se pode notificar visto não
existir na lei obrigatoriedade da testemunha depor no inquérito policial, o que
feriria o disposto no artigo 5º, inciso II da Constituição Federal onde:
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.”
ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que ante
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei 12.850/13,
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7º da Lei 8.906/94, que trata dos dir
quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme disposto em §
que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administrativos, be
relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procuração, não se a
processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art. 7º, § 10 da Lei 8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuraçã
em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante
de qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à a
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se res
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7º, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7º
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7º, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determinado
trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e apree
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, e
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito!
Como muito poderíamos falar em mitigação (mas não me parece plenamente corr
que publicidade/segredo, defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos sat
orbitam em torno do núcleo fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles qu
sistema, pois são elementos secundários que - em tese - podem se unir a um núcle
(destaquei)
ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antec
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
Respeitável doutrina e estudiosos do direito lecionam que o permissivo legal men
às investigações que envolvam organizações criminosas, o que é perfeitamente ac
ser o entendimento majoritário, mas não concordamos, pelas seguintes razões.
A uma, o fato do dispositivo estar previsto na Lei de Organizações Criminosas nã
aplicação para casos semelhantes, mormente quando não houver previsão legal pa
devendo ser feita uma interpretação sistemática, podendo o art. 23 da Lei 12.850/1
analogicamente.
De mais a mais, a própria lei não limitou a aplicação do art. 23 da Lei12.850/13, e
aos casos de organização criminosa.
A duas, deve-se aplicar a máxima de que “onde houver a mesma razão, aplica-se o
Na hipótese em que se tratar de investigação envolvendo organização criminosa, o
legislador, dada a gravidade presumível e necessidade de garantia da celeridade e
diligências investigatórias, impôs à investigação a necessidade de autorização jud
defesa acesse os autos da investigação sob segredo de justiça, o que não impede a
mesma lógica para outros casos, igualmente, graves.
Imagine a hipótese em que uma associação criminosa (e não organização crimino
vários crimes graves, como uma séria de homicídios e tráfico de drogas, sendo fat
sigilo para a investigação torna-se imperioso para o sucesso dessa.
Decretado o segredo de justiça, conforme o caso, somente com autorização judici
que o advogado constituído tenha acesso aos autos, em relação aos atos de diligên
documentados e que não possam trazer prejuízo para futuras diligências.
Caso não fosse necessária autorização judicial para que a defesa acesse os autos so
justiça, não haveria distinção entre o sigilo decretado pela autoridade policial e o s
quanto à fase investigatória, na medida em que o sigilo decretado pela autoridade
é suficiente para assegurar a vedação de acesso por terceiros e pela mídia. Os efei
relação ao acesso aos autos seriam os mesmos.
Observa-se ser possível que o juiz, ao decretar o segredo de justiça, autorize que a
autoridade policial conceda ao advogado constituído, o acesso aos autos da invest
Não se trata de cercear direito do defensor, mas sim de garantir o interesse público
investigações, sem, no entanto, afrontar direitos fundamentais, que serão assegura
competente.
Por fim, é importante frisar que quando o art. 7o da Lei 8.906/94, que trata dos dir
advogado quis se referir ao segredo de justiça, o fez expressamente, conforme dis
que diz que o direito de acesso do advogado aos processos judiciais ou administra
bem como em relação à retirada dos autos de processos findos, mesmo sem procu
aplicam aos processos sob regime de segredo de justiça.
Portanto, o art.7o,§ 10da Lei8.906/94, ao mencionar a necessidade de procuração
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, autos de flagrante e de
qualquer natureza, findos ou em andamento, sob sigilo, ainda que conclusos à aut
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, não se restringiu ao
decorrentes de ordem judicial (segredo de justiça), mas sim aos sigilos decorrente
imposição da autoridade policial ou mediante ordem judicial, uma vez que o próp
“1”, quando quis se referir a segredo de justiça, o fez expressamente.
Das diligências em andamento
O art. 7o, § 11 do Estatuto da OAB dispõe que “a autoridade competente poderá d
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e a
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
eficácia ou da finalidade das diligências.”
A Lei 12.527/11 - Lei Acesso à Informação - assegura o sigilo das informações qu
comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalizaçã
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações (art. 23, VIII).
Um fator essencial para o sucesso das investigações consiste no elemento “surpre
investigações obtém sucesso em razão de seu sigilo e desconhecimento por parte d
Portanto, as diligências em andamento, cujo conhecimento por parte do investigad
advogado, possam comprometer a eficácia das investigações estão sob o manto do
devendo ser de conhecimento exclusivamente das autoridades envolvidas (Juiz, P
de Polícia ou Encarregado do IPM).
Importante frisar que mesmo após a diligência estar concluída, caso dela possa de
diligências, a autoridade policial possui respaldo para não juntar ao inquérito, sob
comprometer futuras diligências.
Assim sendo, o acesso do advogado aos autos de investigação restringem-se às di
juntada aos autos, o que não obsta que o advogado acompanhe diligências em and
essas não puderem sofrer prejuízo, como na hipótese em que a autoridade policial
de ofício ou em razão de pedido do advogado, para apresentar quesitos a serem fe
analisará o computador apreendido ou fará o exame de corpo de delito, p. Ex.
Importante frisar que é direito do advogado requerer diligências à autoridade polic
previsão de que o defensor possui direito de “apresentar razões e quesitos” (art. 7o
8.906/95) no curso da investigação pouco altera a realidade, na medida em que o
art. 14 do CPP assegura ao advogado o direito de requerer "qualquer diligência", c
será decidida pela autoridade policial, o que não impede que a defesa consiga a re
diligência mediante ordem judicial ou requisição ministerial.
Quando a lei se refere a apresentar “razões”, autoriza que o defensor apresente arg
pedidos com o fulcro de convencer a autoridade policial acerca de alguma decisão
ser tomada, p. Ex., inclusive poderá apresentar uma espécie de “defesa” visando q
policial não indicie seu cliente.
Em se tratando de apresentação de “quesitos”, o advogado poderá formular pergu
investigado, às testemunhas, aos peritos que elaborarão o laudo pericial, dentre ou
possível, inclusive, que o advogado apresente quesitos à própria autoridade polici
determinados pontos da investigação.
Do direito do advogado de acompanhar seu cliente durante o interrogatório ou dep
das investigações
O art. 7o, XXI da Lei 13.245/16, com redação dada pela Lei 13.245/16, prevê que
advogado “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, so
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentement
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou in
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesit
Assim, é possível afirmar que o advogado possui direito de acompanhar seu clien
audição em Auto de Prisão em Flagrante, Inquérito Policial Comum ou Militar, de
procedimentos.
Nota-se que a Lei referiu-se à possibilidade do advogado assistir seus clientes inv
interrogatório (audição do investigado pela autoridade policial) ou depoimento (au
testemunhas).
Portanto, caso a defesa pleiteie à autoridade policial que seja notificada das audiçõ
realizadas no bojo do inquérito policial, em regra, deverá o advogado ser notificad
antecedência para que possa acompanhar as audições, inclusive, podendo formula
poderão ser indeferidas pela autoridade policial, de forma fundamentada, além de
de audição.
Observamos que a autoridade policial, mesmo diante do pedido do advogado para
as audições, poderá deixar de notificar o advogado, na hipótese em que determina
puder trazer informações relevantes que possam culminar em mandado de busca e
interceptação telefônica, dentre outros.
A alteração na Lei cominou sanção de “nulidade absoluta”, caso haja descumprim
advogado de assistir seus clientes durante a apuração de infrações.
Ocorre que a jurisprudência do STF é pacífica de que “a demonstração de prejuízo
563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis q
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans g
as nulidades absolutas.”[7] e ainda que “para o reconhecimento de eventual nulida
absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo”[8].
Isto é, seja a nulidade absoluta ou relativa, deve haver prova de prejuízo para que
nulidade, sob pena do legislador criar uma espécie de “nulidade legislativa”, nessa
que deve ser analisado caso a caso, de acordo com a realidade dos fatos e prejuízo
ocorridos.
Na hipótese de descumprimento do direito do advogado de acompanhar seus clien
investigações, em se tratando de Auto de Prisão em Flagrante, esse poderá ser rela
Audiência de Custódia ou quando da análise do APF. Em se tratando de inquérito
será nulo, mas a audição realizada e as provas produzidas em razão da audição po
declaradas nulas, se houver prova de prejuízo.
O inquérito continua sendo inquisitivo?
Com a publicação da Lei 13.245/16, rapidamente, diversos artigos e comentários
inquérito deixou de ser inquisitivo, o que não prospera.
O inquérito policial continua sendo de natureza inquisitiva. Isto é, não há contradi
defesa durante o inquérito.
Aury Lopes[9], de forma didática, ao defender que o inquérito continua possuindo
inquisitório, escreveu que:
E o inquérito? Como sói ocorrer na maior parte dos sistemas de investigação preli
sendo inquisitório, pois incumbe ao delegado (ou MP para os que assim pensam)
procedimento, praticar atos de investigação e também decidir nos limites legais, r
reserva de jurisdição.
Sim, o delegado (ou o MP nos países que adotam esse modelo) toma diversas dec
investigação e ele mesmo realiza os atos de investigação, acumulando papéis. Nad
em se tratando de investigação preliminar.
Portanto, o fato de ampliarmos a presença do advogado, fortalecendo a defesa e o
seu primeiro momento segundo a concepção de Fazzalari, que é o da informação,
ser criticado) não retira o caráter inquisitório do inquérito! Como muito poderíam
mitigação (mas não me parece plenamente correto), considerando que publicidade
defesa/ausência, contraditório ou não, são elementos satelitários que orbitam em t
fundante (gestão/iniciativa da prova). Não são eles que fundam o sistema, pois são
secundários que - em tese - podem se unir a um núcleo ou a outro. (destaquei)
Ordem de Serviço n.º 002 das promotorias de justiça junto à AJMERJ – Art. 1.º -
terminantemente vedada a tramitação, no âmbito das Promotorias de Justiça junto
Militar do estado do Rio de Janeiro, de qualquer pedido, requerimentos ou represe
devidamente juntadas e autuadas aos autos de seus respectivos Inquéritos Policiai
quaisquer documentos não devidamente juntados aos autos ou afixados à capa ou
(BDR da PM n.º 129 – 21Jul14)
Juntada de documentos
Parágrafo único – De cada documento junto, a que precederá despacho
do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respectivo termo,
mencionando a data.
Relatório
Art. 22 – O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o
seu encarregado mencionará as diligencias feitas, as pessoas ouvidas e os
resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato
delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indicio de
crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a
conveniência da prisão do indiciado, nos termos legais.
Solução
§1º - No caso de ter sido delegada atribuição para abertura do inquérito,
o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para
que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido
apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar
necessárias.
Avocação
§2º - Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o
delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.
Remessa do inquérito à autoridade de circunscrição
Art. 23 – Os Autos do inquérito serão remetidos ao Auditor da
Circunscrição Judiciária onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos
instrumentos desta, bem como dos objetos que lhe interessem à sua prova.
Remessa às auditorias especializadas
§1º - Na circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à
especialização de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede,
especializada ou não, a remessa será feita à Primeira Auditoria, para a
respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no curso do inquérito serão
resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por
distribuição.
§2º - Os Autos de inquérito instaurado fora do território nacional são
remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União,
atendida, contudo, à especialização referida no §1º.
Arquivamento do Inquérito. Proibição
Art. 24 – A autoridade militar não poderá mandar arquivar de inquérito,
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do
indiciado.
Instauração de novo inquérito
Art. 25 – O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro,
se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira
pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.
§1º - Verificando-se a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os
autos ao Ministério Público, para os fins do disposto no Art. 10, letra “c”.
§2º - O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos,
se entender inadequada a instauração do inquérito.
Devolução de autos de inquérito
Art. 26 – Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos à autoridade
policial militar, a não ser:
I – mediante requisição do Ministério Público, para diligencias por
ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II – por determinação do juiz, antes da denúncia, para o
preenchimento das formalidades previstas neste Código, ou para
complemento de provas que julgar necessário.
Parágrafo único – Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de vinte dias, para restituição dos autos.
O artigo 26 do CPPM trata das execuções ao princípio de que o
inquérito o mesmo não poderá ser devolvido à autoridade policial militar.
Tais execuções, insculpidas nos incisos I e II do aludido artigo,
possuem o mesmo teor dos artigos 13, 11 e 16 do Código de Processo Penal.
Diante dos princípios previstos na Constituição Federal, artigo 129, I e
VII, que são exercício privativo da ação penal, e o controle externo da
atividade policial, funções institucionais do Ministério Público, suscita-se da
revogação dos artigos 13 e 16 do CPP, e analogicamente, o artigo 26 do
CPPM, fazendo-se necessário mais uma vez, recorrer a lição de
MARCELLUS POLASTRI LIMA.
“................................................................................................
Público detém o controle do inquérito policial podendo requisitar
diligências e até mesmo formar seu próprio procedimento investigatório, o
que conflita, em parte, com os artigos 13, II e 16 do CPP, a uma porque,
detendo o Ministério Público a exclusividade da ação penal pública, não há
que se falar em diligências requisitadas pelo juiz na fase investigatória, e a
duas, porque as requisições de diligências estão asseguradas
constitucionalmente, assim, caberá ao porque mais o exame de sua
pertinência e imprescindibilidade”. (Livro de estudos jurídicos, v. 10, 1995,
p. 184)
Portanto, ninguém melhor que o Ministério Público para dizer da
prescindibilidade ou não de diligências, visto ser o mesmo detentor da opinio
delict e que fará a denúncia com base em tal opinião, ficando o juiz como o
exame da denúncia, recebendo-a ou não, podendo ainda, neste último caso,
remeter ao órgão do Ministério Público para preencher requisitos.
Daí ficar bem cristalina que, antes da denúncia, que é consubstanciada,
que na opinio delict, cabe ao Ministério Público a devolução do IPM à
autoridade policial, visto ser, em essência, o inquérito, um instrumento que dá
subsídios à denúncia e não aos atos judiciais, pois exceção feita aos exames,
perícias e avaliações realizadas no curso do inquérito, que são efetivamente
instrutórios da ação penal, o inquérito é simplesmente instrução provisória,
sendo renovado os seus atos em juízo, bem como poderão ser realizados
outros que não foram feitos durante o inquérito, sendo aí, o juiz o detentor de
tal poder.
Como não cabe ao encarregado o exame da imprescindibilidade ou não
das requisições de diligências feitas pelo Ministério Público (artigo 26, I) ou
do exame da determinação do juiz antes da denúncia, para o preenchimento
de formalidades (artigo 26, II), resta cumprir o que prescreve o artigo 26 do
CPPM.
Suficiência do auto de flagrante delito
Art. 27 – Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua
autoria, o auto de prisão em flagrante delito constituirá o inquérito,
dispensando outras diligencias, salvo o exame de corpo de delito no crime
que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu
valor influir na aplicação da pena. A remessa dos Autos, com breve relatório
da autoridade policial-militar, far-se-á sem demora ao Juiz competente, nos
termos do Art. 20.
Dispensa do inquérito
Art. 28 – O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligencia
requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito
ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos artigos 341 e 349 do Código
Penal Militar.
Outros artigos do CPPM de interesse do encarregado do IPM:
Art. 3.º - Suprimento dos casos omissos
Art. 36 e 41 – Suspeição e Impedimentos
Art. 48 – Preferencia de Peritos
Art. 75 – Direitos do Advogado
Art. 142 – Suspeição do encarregado do inquérito
Art. 156 - Dúvida a respeito da imputabilidade
Arts. 170 a 184 – Espécies de busca
Arts. 185 a 189 – Apreensão de Pessoa e Coisa
Art. 201 – Fases de determinação do sequestro
Art. 215 – Bens Sujeitos a arresto
Arts. 220 a 242 – Prisão Provisória
Art. 254 – Prisão Preventiva
Art. 272 – Medidas de segurança
Arts. 294 a 300 – Das provas, consignação de perguntas e respostas
Art. 301 – Observância do inquérito
Arts. 314 a 346 – Dos exames e perícias
Arts. 347 a 364 – Das testemunhas
Art. 361 – Precatória a Autoridade Militar
Arts. 371 a 381 – Dos documentos
Arts. 382 a 383 – Dos indícios
Art. 391 – Juntada de Fé-de-Ofício ou Antecedentes
Da reunião e ordem das peças do IPM e das formalidades
Na elaboração de um IPM deverão ser observadas certas formalidades,
dentre as quais a de reunir as peças do IPM em sequência cronológica,
devendo der as mesmas datilografadas em espaço dois, recebendo a
numeração e a rubrica do escrivão (artigo 21).
O IPM percorre a “trilha” que leva a descoberta do fato delituoso e sua
autoria, através do impulso dado pelo encarregado, através dos despachos e
pela execução cumprida pelo escrivão.
Portanto, o IPM durante a sua confecção, apresenta as fases de direção
e execução. Direção, quando os autos estão nas mãos do encarregado, que,
examinado-os, dará a trajetória a ser seguida na apuração, exercendo, assim
um trabalho intelectual. A fase se execução se dará quando os autos
estiverem nas mãos do escrivão, para cumprir as determinações contidas no
despacho do encarregado, exercendo, assim, um trabalho físico, braçal,
podemos dizer.
Não queremos aqui enaltecer a figura do encarregado e ridicularizar a
figura do escrivão, pois a análise que fazemos é a do aspecto formal, pois a
prática nos mostra que há uma integração entre a figura do encarregado e a do
escrivão.
Embora o artigo 21 reze a respeito da reunião de peças por ordem
cronológica, tal reunião deverá ser interpretada após a formalidade de início
do IPM, que são: a autuação, a portaria de instauração e ordens ao escrivão, a
nomeação de escrivão, termo de compromisso do escrivão, e a Portaria de
designação do encarregado.
Como se vê, não são tais peças reunidas de ordem cronológica, visto ser
o primeiro documento do IPM, a portaria de nomeação do encarregado, a
Folha nº 5.
Somente após ao primeiro despacho do encarregado, é que será
obedecida a reunião por ordem cronológica.
Em anexo ao presente trabalho, serão apresentadas as peças mais
comumente usadas no inquérito policial militar.
Ordem das peças
Folha 01 – Capa com autuação;
Folha 02 – Portaria do Encarregado. Quando um Oficial recebe um
ofício ou portaria que lhe designou para, como encarregado, proceder à
apuração do fato delituoso, deve, de imediato, baixar a Portaria instaurando o
IPM. É o IPM instaurado pela Portaria do Encarregado e não pelo ofício ou
portaria do Comandante, Chefe ou Diretor.
Folha 03 – Designação do Escrivão.
Folha 04 – Compromisso do Escrivão. (sigilo e fidelidade).
Folha 05 – Portaria da autoridade delegante (Cmt, Ch ou Diretor) à
autoridade delegada (encarregado) Portaria de nomeação do encarregado.
Folha 06 – Documento (s) que deu (eram) origem ao IPM.
A partir daqui a numeração das folhas passa a seguir a ordem de acordo
com a quantidade de folhas de cada documento inserido.
Folha? – Conclusão (Do Escrivão ao Encarregado do IPM)
Toda vez que o Encarregado do IPM determinar uma providência,
ordenará ao Escrivão que remeta os autos conclusões após cumprir o
determinado.
Folha? – Despacho. (Determinação do Encarregado ao Escrivão).
Folhas? – Recebimento. (Toda vez que o Escrivão receber os autos do
encarregado redigirá o termo recebimento).
Folha? – Juntada (Art. 21 do CPPM – De cada documento recebido,
após o despacho do Encarregado, o Escrivão providenciará a juntada. (termo)
em que insere o dito nos autos do IPM.
Folhas? – Documentos expedidos (cópias recebidas e inseridas e nos
autos sem juntada e por ordem cronológica).
A seguir as providências serão aquelas que o Encarregado determinar
seguindo sempre a sequência: despacho: recebimento. Certidão; juntada se
houver e conclusão.
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? - ............
Folha? – Relatório.
Folha? – Termo de remessa dos autos do IPM (Remessa do
Encarregado à autoridade de PJM delegante).
Ofício de remessa.
Solução da APJM delegante.
Auditor de Justiça Militar (ou Central de Denúncia no RJ).
Prescrições diversas
1) Verificar se a Solução do Comando e a nomeação do Escrivão
foram publicadas devidamente;
2) Verificar se todas as folhas foram rubricadas, na margem direita,
pelo encarregado, bem como colocada sua chancela (rubrica grada em sinete
para suprir assinatura).
A rubrica a chancela do Encarregado, na margem direita das folhas do
IPM, não são previstas no CPPM, entretanto devem ser usadas como mais um
medida de segurança, quanto à autenticidade do documento e à possibilidade
de troca ou subtração.
O Escrivão, além de numerar e rubricar as folhas, deve, também, usar a
chancela.
3) Verificar se as testemunhas e ofendido rubricaram os seus
depoimentos em folhas soltas.
4) Verificar se os títulos dos termos de inquirição (para testemunha),
de perguntas (para indiciado e ofendido) estão registrados na forma
regulamentar.
5) Verificar, o encarregado, as datas de nomeação do escrivão (fls.
4), termo de compromisso (fls.3), Portaria do encarregado (fls.2) e Autuação
(fls.1), observando as datas de uma.
6) Verificar a colocação das 5 (cinco) primeiras folhas.
I – Capa
II – Portaria do Encarregado
III – Nomeação do Escrivão
IV – Compromisso do Escrivão
V – Portaria determinando a Instauração do IPM
7) Verificar a juntada dos documentos recebidos, obedecendo a data
em que é fita a “Juntada”.
8) Verificar se houve acareação, existindo divergência nas
declarações dos envolvidos.
9) Verificar se consta a relação de corretivos (praças) e/ ou nota de
culpa (oficiais), sempre que figurarem como indiciados ou mesmo suspeito
do envolvimento.
10) Verificar se o escrivão numerou e rubricou todas as folhas, uma
por uma, a partir da Capa (Autuação, até a que contém o termo final da
“Remessa”.
11) Verificar se concluiu pela inexistência de crime ou transgressão
da disciplina militar, sem que para tal se justifique.
12) Verificar se deixou de fazer juntada aos autos de Laudo Pericial,
Cadavérico e Exame de Corpo de Delito, desde que haja necessidade
(acidente de Trânsito, morte e agressão).
13) Observar o espaço 2 (dois) nos depoimentos, bem como 5 cm à
esquerda e dois cm à direita.
14) Utilizar a mesma máquina de escrever, durante a feitura de todo
inquérito.
15) Verificar para não ultrapassar o prazo do encerramento do IPM,
sem que, para tal, tenha solicitado prazo.
16) Verificar se deixou de datar o Relatório e a Solução do IPM.
17) Verificar se os despachos, “Julgo Procedente” e “Junte-se aos
Autos”, foram postos devidamente nos documentos recebidos.
18) Verificar se os espaços em brancos foram inutilizados por linhas
sinuosas.
19) Quando houver pedaços de papéis pequenos, devem ser presos
(cola, grampos, etc.) em uma folha de papel que será anexada (e devidamente
numerada) aos autos.
20) Verificar o encarregado do IPM se em seu “Relatório” fez constar
o enquadramento do faltoso no RDPM, sempre que concluir pela existência
de transgressão da disciplina militar.
21) Verificar se a autoridade instaurante, discordando do encarregado
do IPM, imputar o cometimento de transgressão da disciplina militar, e ou fez
o devido enquadramento do faltoso no RDPM.
Verificar, em se tratando de “Acidente em Ato de Serviço ou não”, se
foi feito o enquadramento conforme o Dec. 544, de 7 de janeiro de 1976.
Recomendação – Correção – IPM
Visando a disciplinar o modo de se conduzir os Encarregados do
IPM na eventual feitura imperfeita do Processo, deverão ser observados os
seguintes procedimentos quando de retorno do Inquérito ao encarregado para
correção de falhas:
1) O Encarregado do Inquérito, de posse do IPM e do Ofício do Cmt.
Geral ou Cmt. Da Uop, determinando correção de falhas, fará um
“DESPACHO” para o Escrivão, no próprio corpo do IPM, logo após a
remessa;
2) O Escrivão faz recebimento e, cumprida a exigência, certifica e em
seguida faz a “JUNTADA” do Ofício ao Processo;
3) Depois de “JUNTADA”, a “CONCLUSÃO” ao Encarregado do
IPM;
4) O Encarregado, por sua vez, redige o “Relatório-Aditamento”,
mencionando se as exigências influíram ou não no Relatório de “folhas tal”;
5) Devolve, em seguida, ao Escrivão para anexação do “Relatório-
Aditamento”, procedido do “Recebimento”;
6) Em seguida, o Escrivão fará nova “Remessa” à autoridade que
determinou o IPM;
7) O Comandante da OPM, de posse novamente do IPM, dará nova
“Solução”, se for o caso, ou fará menção de que as exigências em nada
influíram na “Solução” de folhas tal.
Observação:
a) Os Cmt. Da Uop devem realizar um exame rigoroso no IPM, antes
de sua remessa à AJMERJ.
O encarregado do IPM deve efetuar um criterioso exame no inquérito,
visando a evitar repetição de falhas (técnicas, ortográficas, incoerência de
datas, etc.), já que provocam atrasos no julgamento dos processos, pelo
retorno para correção, e revelam, sobretudo, ausência de zelo do encarregado
do IPM.
DA JURISPRUDÊNCIA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
O Sr. MINISTRO XAVIER DE ALBUQUERQUE:
Acusados de peculato-furto que teriam
Acusados de peculato-furto que teriam cometido em serviço na
qualidade de soldados da Polícia Militar, os pacientes respondem a processo
perante a Justiça Militar do Estado de São Paulo.
A competência dessa justiça especial foi reconhecida, em grau de
recurso, pelo Tribunal da Justiça Militar do Estado. E o presente habeas
corpus, impetrado contra o acórdão que assim decidiu, visa ao deslocamento
do feito à Justiça comum.
Por se tratar de fato ocorrido a 19 Ago 76, anteriormente, portanto,
à vigência da emenda Constitucional n.º 7/77, a Procuradoria-Geral da
República opina pelo deferimento do pedido.
É o relatório
VOTO
EXTRATO DA ATA
EMENTA – Habeas corpus. Considera-se crime militar, nos termos do artigo 9.º,
do Código Penal Militar, crime de concussão, previsto no artigo 305 do mesmo C
contra civil, por militar em serviço, segundo o artigo 3.º, letra “a”, do Decreto-Lei
julho de 1969, com a redação do decreto-Lei n.º 1.072, de 30 de dezembro de 196
da Justiça Militar. Improcedência das alegações de nulidade da denúncia e de falta
para a ação penal. Recurso não provido.
ACÓRDÃO
Vistos,
Acordam os Ministros do Supremo
RELATÓRIO
O Sr. Ministro ELOY DA ROCHA: - O advogado Tertuliano
Cerqueira Filho impetrou ao Tribunal de Justiça Militar do Estado de São
Paulo habeas-corpus a favor de Jairo Bento da Silva e Alcides da Conceição.
Os pacientes foram denunciados, perante a Primeira Auditoria da
Justiça Militar do Estado como incursos, duas vezes, no artigo 305 do Código
Penal Militar. A denúncia é do seguinte teor (fls. 12/13):
“O promotor da Justiça Militar do Estado, que esta subscreve, no
uso das suas atribuições funcionais, apresenta a Vossa Excelência denúncia
contra o 2.º Sargento PM RE. 62.919-7 Alcides da Conceição e o SD PM RE
46.692-1 Jairo Bento da Silva, ambos pertencentes ao 22.º Batalhão da
Polícia Militar do Estado, pelo fato delituoso seguinte:
Consta do incluso IPM que, no dia 24 de abril de 1975, por volta
das 21:00hs, os denunciados, quando de serviço no Patrulhamento Tático
Móvel, compareceram a uma casa lotérica, sito à Av. Paula Ferreira, n.º
1.664, Vila Bonilha, nesta Capital, e, após constatarem que várias pessoas ali
se encontravam jogando ilegalmente, informaram ao proprietário daquele
estabelecimento (Sr. José Vieira da Silva) que todos seriam detidos e
conduzidos ao Exército. O civil, compreendendo as insinuações dos policiais,
entregou-lhes a importância de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros), ocasião em que o
primeiro denunciado alegou que tal importância era pouca, passando então a
exigir mais Cr$ 100,00 (cem cruzeiros). O proprietário da lotérica, acedendo
a tal exigência, entregou ao primeiro denunciado a referida importância,
perfazendo total de Cr$ 200,00, sendo certo que p segundo denunciado a tudo
presenciou.
Consta ainda que, dois meses após, em horário não determinado, os
denunciados novamente compareceram àquele recinto e exigiram,
claramente, a importância de 150,00 (cento e cinquenta cruzeiros), ocasião
em que o Sr. José entregou-lhes a citada importância.
Com semelhante fato, incorrem os denunciados nas penalidades do
artigo 305 (duas vezes) do Código Penal Militar, em razão do que contra eles
se oferece a presente denúncia.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
É o relatório.
VOTO
ACÓRDÃO
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
RECURSO DE “HABEAS-CORPUS” N.º 57.540 – RS
(Segunda Turma)
DOS FORMULÁRIOS DO
INQUÉRITO POLICIAL-MILTAR
AUTUAÇÃO
OBSERVAÇÃO:
Os documentos foram editados de acordo com o manual de redação ofic
executivo do Estado do Rio de Janeiro, aprovado pelo Decreto n.o 44.970, de 25 S
n.o 178 – 26 Set 14).
. a) As peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só
datilografadas, em espaços dois, com as folhas numeradas e rubricadas pelo escriv
CPPM).
. b) Apor, o encarregado do inquérito, bem como o escrivão, a chancela
documentos rubricados.
. c) A capa constituirá a capa número 1 (um) do processo.
. d) O espaço em branco, o escrivão deverá inutilizá-lo por meio de linha
VERTICAIS.
. e) Devem se usar as duas faces do papel. Quando fizermos referência a
mesma folha diremos, por exemplo: fls 5 e 5V (folhas n.o 5 e 5 verso).
. f) Recomenda-se que, ao atingir o IPM 200 (duzentos) folhas, seja aber
lavrando-se o competente termo. No IPM não há termo de encerramento. O termo
só se usa na fase judicial, por ordem da autoridade competente.
Portaria
PORTARIA
OBSERVAÇÕES:
Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verifi
autoridade a que se refere o § 2o do Art. 10 do CPPM deverá, se possível:
. a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e
coisas, enquanto necessário;
. b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com
. c) efetuar a prisão do infrator, observando o disposto no Art. 244;
. d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e su
. e) a portaria do encarregado constituirá a folha de n.o 2 (dois).
Designação de Escrivão
(DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO)
(PELO ENCARREGADO DO IPM)
(DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO)
(PELA AUTORIDADE INSTAURADORA)
OBSERVAÇÕES:
. a) O Encarregado designará um Subtenente ou Sargento para funcionar
inquérito policial-militar, se o indiciado não for um Oficial, ou um Segundo-Tene
Tenente, se o indiciado for Oficial (Art. 11 do CPPM);
. b) Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importâ
elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar do Procurador Geral a ind
procurador que lhe assistência (Art. Do CPPM);
. c) A designação do escrivão constituirá a folha de número 04 (quatro) (
casos de designação)
Designação em substituição
MODELO DE DESIGNAÇÃO, EM SUBSTITUIÇÃO
(doença, falecimento, etc)
TERMO DE COMPROMISSO
Tendo chegado ao meu conhecimento que no quartel (ou que for – onde
for) o seguinte fato (narra-se resumidamente o fato), determino que seja, com
a possível urgência, instaurado a respeito o devido Inquérito Policial-Militar,
delegando-lhe, para esse fim, as atribuições policiais que me competem.
OBSERVAÇÃO:
. a) Suspeição do encarregado do inquérito (Art. 142 do CPPM). Não se
suspeição ao encarregado do inquérito, mas deverá este declarar-se suspeito quand
legal, que lhe seja aplicável.
. b) Sempre que possível, deverá ser nomeado, para encarregado do IPM
não inferior a Capitão; e, em se tratando de infração penal contra Segurança Nacio
sempre que possível, Oficial Superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se
indicado. (Art. 15 do CPPM).
OBSERVAÇÃO:
Indício é a circunstância ou fato conhecido, de que se induz a existência de outra c
fato, de que não se tem prova.
Para que o indício constitua prova, é necessário:
que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou rem
circunstância ou o fato indicado.
que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros ind
provas diretas colhidas no processo.
A autoridade que instaurar o IPM, após solucioná-lo, fará sua remessa via autorid
determinou.
d) Poderá a autoridade determinante discordar da solução da autoridade instaurant
agravando-a ou determinando novas diligências.
e) Em instancia última, a autoridade determinante poderá avocar a si o IPM.
f) Inexistindo fortes indícios comprovando o fato relatado, o Comandante poderá
Sindicância que permitirá julgar se indispensável ou não a instauração de IPM.
CONCLUSÃO
OBSERVAÇÃO:
a) Autuadas, postas em devida ordem as primeiras peças do Inquérito, numeradas
rubricadas as folhas a partir da capa ou Autuação, que levará o n.o 01, o Escrivão
CONCLUSÃO, conforme modelo acima, ao Encarregado do Inquérito.
b) Essa CONCLUSÃO virá obrigatoriamente após toda a documentação que deu
INQUÉRITO POLICIAL-MILITAR.
c) Toda vez que os autos forem ao Encarregado do Inquérito, o Escrivão lavrará s
na forma de carimbo no verso da última folha dos autos principais, juntando a ela
rubrica.
d) Entre a CONCLUSÃO e o termo de DESPACHO do Encarregado do Inquérito
escreverá.
e) A conclusão, recebimento, certidão e juntada poderão ser feitas por meio de car
exceto quanto aos DESPACHOS, dada a multiplicidade de providências e diligên
elucidação da infração penal.
DESPACHO
OBSERVAÇÃO:
a) De posse dos autos com a Conclusão feita pelo Escrivão do Inquérito, o Oficial
Encarregado dará um despacho determinando quais as diligências que devem ser
designando, para tanto, dia, hora e local.
RECEBIMENTO
OBSERVAÇÃO:
a) O Termo de Recebimento será toda vez lavrado pelo Escrivão, sempre que os a
retornarem as suas mãos.
b) Nada se escreverá entre o Termo de Recebimento e o Despacho.
CERTIDÃO
OBSERVAÇÃO:
Após cumprir o despacho do Encarregado do Inquérito, o Escrivão certificará sob
no verso da folha, juntando a ela seu carimbo e rubrica, como também todas as no
Peritos, testemunhas e tudo que ocorrer no curso do Inquérito e se faça necessário
ser anotado.
JUNTADA
OBSERVAÇÃO:
a) Todos os documentos, ofícios e demais papéis, que forem sendo recebidos, vão
aos autos e onde o Encarregado colocará “junte-se aos autos”, data assinatura e ch
b) Não se anexará à juntada, ofícios, documentos, etc... recebidos com data poster
c) Nada se escreverá entre o termo de “JUNTADA” e os documentos juntados. O
branco, se houver, deve-se inutilizar por meio de linhas sinuosas no sentido vertic
d) Toda vez que findarem as providências iniciais, provenientes do Despacho do
inquérito, após a juntada, será feita uma Conclusão pelo escrivão, onde se observa
crescente de datas; feito novo Despacho pelo Encarregado do Inquérito, seguir-se
procedimento anterior, ou seja: Despacho, Recebimento, Certidão, Juntada e, fina
Conclusão.
NOTIFICAÇÃO
CIENTE: _____________________________________
Exmo. Sr.
Procurador Geral de Justiça.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Av. Mal. Câmara, 370,
Centro, Rio de Janeiro/RJ. Ref.: Registro de Ocorrência no 901-01043/2014.
Senhor,
OBSERVAÇÃO:
a) A requisição de assistência de Procurador da Justiça Militar é uma faculdade do
IPM (Art. 14 do CPPM) quando se tratar de fato delituoso de excepcional importâ
elucidação. No caso da PMERJ o ofício será endereçado à Procuradoria-Geral da
b) A assistência do Ministério Público Militar é sempre recomendável, se não nec
c) Cabendo-lhe a titularidade da ação penal, estabelecerá, com o encarregado do I
mestras mais importantes da infração penal a ser apurada.
OFÍCIO DE NOTIFICAÇÃO
Sr.
Fulano de Tal.
(endereço)
Senhor,
OBSERVAÇÃO:
a) Podem ser feitos ofícios idênticos, com as alterações relacionadas necessárias, p
das testemunhas, indiciados, ofendidos, etc.
b) Os ofícios de requisição devem ser tirados em duas vias: a 1a para o requisitado
e, com este, devolve-la ao escrivão para juntada aos Autos e, a 2a para facilitar a e
requisitado na OPM.
c) Na confecção dos requisitos a serem respondidos pelos peritos, nas respostas a
observado o Capítulo V do Título XV do CPPM.
d) As nomeações de peritos recairão, de preferência, em oficiais da ativa, atendida
nos termos do Art. 48 do CPPM, observando-se a hierarquia (Art. 90 da Constitui
e) Recomenda-se ao Encarregado do IPM o cuidado de consultar, antecipadament
OPM onde servem os Oficiais sobre sua nomeação para peritos.
f) Caso não haja óbice (quer pelo Comandante da OPM, quer pelos escolhidos) ex
com todos os dados necessários à elaboração da perícia.
CERTIDÃO
OBSERVAÇÃO:
a) Após lançar o termo de recebimento, o escrivão certifica do ato sob a forma de
da folha, juntando a ela seu carimbo e rubrica..
b) Quando ocorrer nomeação de peritos pelo encarregado, observar o disposto no
do CPPM.
OBSERVAÇÃO:
a) Após lançar o termo de recebimento, o escrivão certificará da forma supracitad
b) Expedir, o escrivão, neste caso, ofício ao Diretor do HCPM/Rio (ou que for).no
quanto à nomeação dos oficiais médicos, como peritos, os quais servem sob seu C
Art. 314 – A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados
pelo crime ou as pessoas e coisas que, por sua ligação com o crime, possam
servi-lhe de prova.
Art. 315 – A perícia pode ser determinada pela autoridade policial-
militar ou pela judiciária, ou requerida por qualquer das partes.
Parágrafo único – Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá
negar a perícia, se a reputar desnecessária ao esclarecimento da verdade.
Art. 316 – A autoridade que determinar a perícia formulará os quesitos
que entender necessário. Poderão, igualmente, faze-lo: no inquérito, o
indiciado; e, durante a instrução criminal, o Ministério Público e o acusado,
em prazo que lhes for marcado para aquele fim, pelo auditor.
Art. 317 – Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido
inequívoco, não podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.
& 1o - O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peritos, poderá
mandar que as partes especifiquem os quesitos genéricos, dividam os
complexos os esclareçam os duvidosos, devendo indeferir os que não sejam
pertinentes ao objeto da perícia, bem como os que sejam sugestivos ou
contenham implícita a resposta.
& 2o - Ainda que o quesito não permita resposta decisiva do perito,
poderá ser formulado, desde que tenha por fim esclarecimento indispensável
de ordem técnica, a respeito de fato que é objeto da perícia.
Art. 318 – As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos,
especializados no assunto ou com habilitação técnica, observado no disposto
no Art. 48.
Art. 319 – Os peritos descreverão, minuciosamente, o que examinarem e
responderão com clareza e de modo positivo aos quesitos formulados, que
serão transcritos no laudo.
Parágrafo único – As respostas poderão ser fundamentadas em sequência a
cada quesito.
Art. 320 – Os peritos poderão solicitar da autoridade competente a
apresentação de pessoas, instrumentos ou objetos, que tenham relação com o
crime, assim como os esclarecimentos que se tornem necessários à orientação
da perícia.
Art. 321 – A autoridade policial-militar e a judiciária poderão requisitar
dos institutos médico-legais, dos laboratórios oficiais e de quaisquer
repartições técnicas, militares ou civis, as perícias e exames que se tornem
necessários ao processo, bem como, para o mesmo fim, homologar os que
neles tenha sido regularmente realizado.
Art. 322 – Se houver divergência entre os peritos, serão consignados no
auto de exames as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um
redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro. Se
este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame
por outros peritos.
Art. 323 – No caso de inobservância de formalidade ou no caso de
omissão, obscuridade ou contradição, a autoridade policial-militar ou
judiciária mandará suprir a formalidade, ou completar ou esclarecer o laudo.
Poderá, igualmente, sempre que entender necessário, ouvir os peritos para
qualquer esclarecimento.
Parágrafo único – A autoridade poderá, também, ordenar que se proceda a
novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
Art. 324 – Sempre que conveniente e possível, os laudos de perícias ou
exames serão ilustrados com fotografias, microfotografias, desenho ou
esquemas, devidamente rubricados.
Art. 325 – A autoridade policial-militar ou a judiciária, tendo em
atenção a natureza do exame, marcará prazo razoável, que poderá ser
prorrogado, para apresentação dos laudos.
Parágrafo único – Do laudo será dada vista às partes, pelo prazo de três
dias, para requererem quaisquer esclarecimentos dos peritos ou apresentarem
quesitos suplementares para esse fim, que o juiz poderá admitir, desde que
pertinentes e não infrinjam o Art. 317 e seu & 1o.
Art. 326 – O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou
rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 327 – As perícias, exames ou outras diligências que, para fins
probatórios, tenham que ser feitos em quartéis, navios, aeronaves,
estabelecimentos ou repartições, militares ou civis, devem ser precedidos de
comunicações aos respectivos comandantes, diretores ou chefes, pela
autoridade competente.
Art. 328 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
Parágrafo único – Não sendo possível o exame de corpo de delito direto, por
haverem desaparecido os vestígios da infração, supri-lo-á a prova
testemunhal.
Art. 329 – O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia
e a qualquer hora.
Art. 330 – Os exames que tiverem por fim comprovar a existência de
crime contra a pessoa abrangerão:
. a) Exames de lesões corporais;
. b) Exames de sanidade física;
. c) Exames de sanidade mental;
. d) Exames cadavéricos, procedidos ou não de exumação;
. e) Exames de identidade de pessoas;
. f) Exames de laboratório;
. g) Exames de instrumentos que tenham servido à prática do crime.
Art. 331 – Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial
tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar, por
determinação da autoridade policial-militar ou judiciária, de ofício ou a
requerimento do indiciado, do Ministério Público, do ofendido ou do
acusado.
& 1o - No exame complementar, os peritos terão presente o auto de
corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
& 2o - Se o exame complementar tiver por fim verificar a sanidade
física do ofendido, para efeito de classificação do delito, deverá ser feito logo
que decorra o prazo de trinta dias, contado da data do fato delituoso.
& 3o - A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal.
& 4o - O exame complementar pode ser feito pelos mesmos peritos que
procederam ao de corpo de delito.
Art. 332 – Os exames de sanidade mental obedecerão, em cada caso, no
que for aplicável, às normas prescritas no Capítulo II, do Título XII.
Art. 333 – Haverá autópsia:
. a) Quando, por ocasião de ser feito o corpo de delito, os peritos a
julgarem necessária;
. b) Quando existirem fundados indícios de que a morte resultou,
não da ofensa, mas de causas mórbidas anteriores ou posteriores à infração;
. c) Nos casos de envenenamento.
Art. 334 – A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais da morte, julgarem que possa ser
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único – A autópsia não poderá ser feita por médico que haja tratado
o morto em sua última doença.
Art. 335 – Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno, para a verificação de alguma circunstância
relevante.
Art. 336 – O s cadáveres serão, sempre que possível, fotografados na
posição em que forem encontrados.
Art. 337 – Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver, proceder-se-á
ao reconhecimento pelo instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere, pela inquirição de testemunhas ou outro meio de direito,
lavrando-se auto de reconhecimento e identidade, no qual se descreverá o
cadáver, com todos os sinais e identificação.
Parágrafo único – Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados
todos os objetos que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 338 – Haverá exumação, sempre que esta for necessária ao
esclarecimento do processo.
& 1o - A autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
marcados, se realizem a diligência e o exame cadavérico, dos quais se lavrará
auto circunstanciado.
& 2o - O administrador do cemitério ou por ele responsável indicará o
lugar de
sepultura, sob pena de desobediência.
& 3o - No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou o
lugar onde esteja o cadáver, a autoridade mandará proceder às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.
Art. 339 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o
crime, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas, até a chegada dos peritos.
Art. 340 – Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material
suficiente para eventualidade de nova perícia.
Art. 341 - Nos crimes que haja destruição ou violação da coisa, ou
rompimento de obstáculo ou escalada para fim criminoso, os peritos, além de
descrever os vestígios, indicarão com que instrumento, por que meios e em
que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 342 – Proceder-se-á à avaliação de coisas destruídas, deterioradas
ou que constituam produto de crime.
Parágrafo único – Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão a
avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultem de
pesquisas ou diligências.
Art. 343 – No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida e para
o patrimônio alheio, e, especialmente, a extensão do dano e o seu valor,
quando atingido o patrimônio sob administração militar, bem como quaisquer
outras circunstâncias que interessem à elucidação do fato. Será recolhido no
local o material que s peritos julgarem necessário para qualquer exame, por
eles ou outros peritos especializados, que o juiz nomeará, se entender
indispensáveis.
Art. 344 – No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação
de letras, observar-se-á o seguinte:
. a) a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir será intimada
para o ato, se for encontrada;
. b) Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que
ele reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
. c) A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
documentos que existirem em arquivos ou repartições públicas, ou neles
realizará a diligência, se dali não puderem ser retirados;
. d) Quando não houver escritos para a comparação ou forem
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que
lhe for ditado;
. e) Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras a
que será intimada a responder.
Art. 345 – São sujeitos a exame os instrumentos empregados para a
pratica de crime, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência e, sempre
que possível, a origem e propriedade.
Art. 346 – Se a perícia ou exame tiver de ser feito em outra jurisdição,
policial- militar ou judiciária, expedir-se-á precatória, que obedecerá, no que
lhe for aplicável, às prescrições dos artigos 283, 359, 360 e 361.
Parágrafo único - Os quesitos da autoridade deprecante e os das partes
serão transcritos na precatória.
OBSERVAÇÃO:
A autópsia é indispensável em qualquer evento que resulte morte.
Somente através dela definir-se-á a “causa-mortis”, cujo conhecimento é
necessário para evitar-se o chamado crime impossível: matar quem já está morto.
OBSERVAÇÃO:
A autoridade que proceder ao exame de corpo de delito, além de assinar o
respectivo auto, rubricá-lo-á à margem e terá maior cautela nos quesitos que dirig
tomando em consideração não só as circunstâncias essências do fato, mas todas aq
acompanham e possam influir na prova da existência e da natureza do crime, por
elas pareçam ser.
Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar a entre
peritos, para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização poderá ser dada pelo enc
inquérito, no curso deste (& 2o, Art. 156 do CPPM).
Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes foram oferecidos, e dos escl
julgarem necessários, os peritos deverão responder aos seguintes (Art. 159 do CPP
. a) Se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvime
incompleto ou retardado (alínea “a” do Art. 159 do CPPM);
. b) Se, no momento da ação ou omissão, o indiciado ou acusado se acha
estados referidos na alínea anterior (alínea “b” do Art. 159 do CPPM);
. c) Se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes,
indiciado, ou acusado, capacidade de atender o caráter ilícito do fato ou de se dete
com esse entendimento (alínea “c” do Art. 159 do CPPM);
. d) Se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe
diminui-lhe, entretanto. Consideravelmente, a capacidade de entendimento de ilic
de autodeterminação, quando praticou (alínea “d” do Art.159 do CPPM).