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De modo suscinto, a fonologia corresponde ao estudo dos fonemas de uma determinada

língua; trata-se, pois, do estudo da "unidade acústica que desempenha função


linguística distintiva de unidades linguísticas superiores dotadas de significado"
(BECHARA, 2015: 55). Diferentemente da fonética, que estuda os aspectos
fisiológicos dos sons de uma língua, a fonologia ocupa-se desses sons apenas na
medida em que geram diferenças na formação de palavras ou sentenças. Desse modo, a
pronuncia do e em escola como /e/ (comum no Sudeste do Brasil) ou /i/ (comum no
Nordeste do Brasil ou em Portugal), embora represente distinção fonética, é
indiferente para o estudo da fonologia, porquanto não causam distinção de
significado entre os vocábulos pronunciados. Em contrapartida, a pronuncia do o em
olho gera diferenças, podendo designar verbo, quando enunciado como /ɔ/, ou
substantivo, quando /o/; há, portanto, distinção fonética e fonológica.
O conhecimento a respeito de fonologia, assim como de sua distinção em relação à
fonética, apresenta efeitos diretos no ensino de Língua Portuguesa, especialmente
por estabelecer um limite para os critérios de correção de pronúncia. Considerando
a diversidade do idioma no Brasil e os atuais fluxos migratórios, a coexistência de
diferenças linguísticas em uma mesma região é fenômeno presente na
contemporaneidade. Nesse contexto, a correção de pronúncias distintas, caso não
gerem distorções de significado, torna-se desnecessária. Efetivamente, como
demonstra Bagno (2007: 40-41), a censura de pronúncias que não geram diferenças de
interpretação, ainda que fora do padrão, a exemplo de /prɔbrema/ em vez de
/prɔblema/, pode caracterizar-se preconceito linguístico. Consequentemente, os
estudos sobre fonologia oferecem ao docente instrumentos básicos sobre variações de
pronúncia, necessários para a não se incorrer em desrespeito às diferenças
linguísticas, desestimulando os discentes a conhecerem o próprio idioma.

Referências bibliográficas
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2015.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz?. 49 ed. São Paulo:
Loyola, 2007.

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