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ATENDIMENTO

ESPIRITUAL
NA
CASA ESPÍRITA
2009

1
ÍNDICE
1 – APRESENTAÇÃO............................................................................................................... 3
2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA .................................................................................... 8
2.1 – Introdução .................................................................................................................... 8
2.2 – A Casa Espírita ............................................................................................................ 9
2.3 – Perfil do Trabalhador ............................................................................................... 14
2.4 – Palavras Finais ........................................................................................................... 16
2.5 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 18
3 – ATENDIMENTO FRATERNO ......................................................................................... 20
3.1 – Introdução .................................................................................................................. 20
3.2 – Atendimento Fraterno: Definição ............................................................................ 21
3.3 – Condições necessárias para o Atendimento Fraterno ............................................ 24
3.4 – Preparação para o Atendimento Fraterno .............................................................. 26
3.5 – Estágios do Atendimento Fraterno .......................................................................... 33
3.6 – Atendimento iniciado pelo Atendido ....................................................................... 35
3.7 – Atendimento iniciado pelo Atendente ...................................................................... 36
3.8 – Dinâmica do Atendimento ........................................................................................ 36
3.9 – Palavras Finais ........................................................................................................... 38
3.10 – Referências Bibliográficas ...................................................................................... 40
4 – EVANGELHO NO LAR .................................................................................................... 43
4.1 – Introdução .................................................................................................................. 43
4.2 – Implantação do Evangelho no Lar ........................................................................... 45
4.3 – Dinâmica do Estudo .................................................................................................. 47
4.4 – Palavras Finais ........................................................................................................... 49
4.5 – Referências bibliográficas ......................................................................................... 51
5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS ............................................................................ 53
5.1 – Introdução .................................................................................................................. 53
5.2 – A Visita ....................................................................................................................... 53
5.3 – Preparando a Visita Fraterna .................................................................................. 57
5.4 – A Tarefa ...................................................................................................................... 59
5.5 – Observações Gerais ................................................................................................... 64
5.6 – Palavras Finais ........................................................................................................... 65
5.7 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 66
6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO .......................................................................................... 68
6.1 – Introdução .................................................................................................................. 68
6.2 – Reunião de Irradiação ............................................................................................... 69
6.3 – A Equipe ..................................................................................................................... 73
6.4 – Reunião: Condições de Realização ........................................................................... 79
6.5 – Palavras Finais ........................................................................................................... 84
6.6 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 86
7 – PASSE ESPÍRITA.............................................................................................................. 89
7.1 – Introdução .................................................................................................................. 89
7.2 – O Passe ........................................................................................................................ 90
7.3 – O Passista ................................................................................................................... 97
7.4 – Como Aplicar o Passe .............................................................................................. 100
7.5 – Por que Aplicar o Passe........................................................................................... 102
7.6 – Porque Receber o Passe .......................................................................................... 105
7.7 – Conclusão ................................................................................................................. 107
7.8 – Referências Bibliográficas ...................................................................................... 111

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1 – APRESENTAÇÃO

“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não
houvermos desfalecido”. Paulo (Gálatas, 6:9).

A União Espírita Mineira – UEM, por meio de seu Setor de Atendimento Espiritual –
SATES, promove ações junto aos Conselhos Regionais Espíritas – CRE, com o propósito de
oferecer subsídios para o atendimento espiritual exercitado nos Centros Espiritistas.
Desde a Codificação da Doutrina dos Espíritos pelo nobre Allan Kardec a expansão de
seus ensinamentos e a dinamização de seus conteúdos força-nos a efetuar, periódica e
conjuntamente com nossos confrades, o exercício de avaliação dos trabalhos, sopesar as
prioridades, investir na qualificação das ações, dinamizar conhecimentos e informações
trazidos do Plano Espiritual, para que possamos melhor compreender as tarefas para as quais
nos candidatamos nos Centros Espíritas.
O SATES, nesse processo, tem a humílima função de dar suporte e compilar as
informações vindas das experiências das diversas Casas Espíritas do estado e do país, com o
propósito de promover o intercâmbio entre os trabalhadores da Seara de Jesus. Estamos
falando de uma tarefa intermediária, interativa e, principalmente, comprometida com a causa
da Doutrina e do Evangelho de Jesus.
No propósito sincero de intermediar e promover o atendimento eficaz aos que
necessitam e procuram o auxílio na fraternidade, o SATES, de modo singelo, procurou
desenvolver uma metodologia de ação para os trabalhadores dos Centros Espíritas: uma
metodologia fundada nos ensinamentos de Jesus, que denominamos Metodologia Crística.
A Metodologia, por si só, é conhecida como um conjunto de métodos racionais,
viáveis e executáveis para se alcançar um fim específico. Palavra de origem grega
“methodos”, é o caminho utilizado para chegar a um fim.
Em nossa tarefa fazemos uso da Metodologia Crística como um conjunto de
procedimentos, reiterados, integrados e sucessivos que busca educar aos que adentram as
Casas Espíritas, por meio do consolo, da assistência espiritual e da inserção em um processo
educativo esclarecedor.
A Metodologia Cristica, proposta pelo SATES, utiliza-se da “terapêutica” educativa
desenvolvida pelo acolhimento do irmão, por saber ouvi-lo em seus infortúnios, pela
oportunidade de consolá-lo em sua dor, pela orientação segura no Evangelho de Jesus e na
Doutrina dos Espíritos, pelo encaminhamento correto nas Casas Espíritas e pelo
acompanhamento fraterno e libertador.

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Em consonância com os ideais pedagógicos de Pestalozzi, a Metodologia Cristica,
com sua proposta educativa e libertadora opera no desenvolvimento da inteligência, ao educar
a mente; no desenvolvimento da saúde, da harmonia íntima e da agilidade, ao educar as
nossas obras; e, por fim, no desenvolvimento do amor a Deus e ao próximo, ao educar os
corações.
Entendemos que a Evolução é uma Lei Divina irrevogável, da qual ninguém poderá
fugir. Acreditamos, ainda, que o Espiritismo é uma doutrina educativa. Educativa, pois com
ele temos acesso ao conhecimento que desvela nosso próprio ser. Um tipo de conhecimento
diferente daquele que é veiculado pelos Institutos educacionais terrenos, já que seu objeto não
é tangível e se processa principalmente nos escaninhos de nossas almas.
Em muitos momentos, quando estamos obrando nas Casas Espíritas, ocorrem-nos
dúvidas sobre como procedermos diante de uma determinada circunstância inusitada. Esses
momentos de dificuldades são extremamente produtivos, por nos revelar nossa necessidade de
interagir com irmãos de luta doutrinária, acolhendo conselhos, compreendendo orientações e
aceitando críticas.
A finalidade deste conjunto de apostilas, ou como preferimos chamar, da Metodologia
Cristica de educação terapêutica desenvolvida pelo SATES é tentar suprir as carências no
trato diário das Casas Espíritas e prover-nos, na necessidade, com subsídios calcados em
bases evangélicas e doutrinárias para as tarefas. Trata-se de um material didático elaborado
pela contribuição direta e/ou indireta de muitos amigos encarnados e desencarnados, que, pela
impossibilidade de aqui nomeá-los, queremos agradecer, cada um, a grandiosa e
imprescindível contribuição.
A União Espírita Mineira, através do SATES, como setor de apoio educativo, pretende
promover grupos de qualificação de frentes de trabalhos, tendo em mente novos campos de
atuação e a qualificação das frentes já existentes, mantendo, contudo, suas bases cada vez
mais ajustadas ao Evangelho de Jesus e à Doutrina dos Espíritos.
A proposta de implantação da Metodologia Cristica, em momento algum, como tem
sido repetido reiteradas vezes, pretende esgotar os temas aqui apresentados e, muitos menos,
determinar e limitar a atuação dos trabalhadores das Casas Espíritas, que há anos
desenvolvem suas tarefas sob as bênçãos do Alto. Ao contrário, a proposta é de educar
interagindo saberes, qualificando ações, respeitando diferenças e, acima de tudo, promovendo
a evolução de todos os filhos de Deus.
Assim, o SATES lança uma proposta de unificação e integração com os trabalhadores
espíritas, no sentido de incentivá-los a ler os módulos e auxiliar-nos a implementar melhorias

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nos textos, que em momento algum pretendem determinar regras a ser cumpridas ou, ainda,
modificar procedimentos eficientes hauridos pela luta de muitos anos.
Entendemos que o Atendimento Espiritual deve se revestir de ações fraternas e
contínuas para os que freqüentam a Casa Espírita e os que nela obram diariamente.
Em que pese o esforço despendido para reunir os 05 (cinco) módulos, que tratam de
algumas tarefas, que consideramos de grande importância, afirmamos que o trabalho maior é
o que é feito pelo Mestre Jesus, pois só ele é capaz de escrever nas páginas de nossa alma as
regras divinas fundamentais à elevação de nosso espírito, à sublimação de nossos sentimentos
e à nossa transformação em seres de Bem.
No mundo moderno, é notável a necessidade de nos capacitarmos constantemente,
pois são inegáveis os grandes progressos alcançados pela Humanidade, em todos os setores.
Nesses diversos espaços, devemos tentar viver o Cristianismo Redivivo pautado no amor
dedicado ao próximo e na construção de um ambiente fraterno. Essas experiências com o
Outro são exercitadas nas diversas frentes de trabalhos voluntários oferecidos pelas Casas
Espíritas. Foram essas vivências, ao longo de muitos anos, que nos proporcionou este material
de reflexão e estudo que destaca temas como:
 Recepção: momento de acolhida aos irmãos que solicitam ajuda e orientação, muitas
vezes, em estado de desequilíbrio físico, emocional e espiritual. Nessa tarefa é preciso carinho
e paciência, na sincera disposição de servir e orientar.
 Atendimento Fraterno pelo diálogo: oferecido aos que procuram e/ou freqüentam a
Casa Espírita em busca de esclarecimento e consolo para seus sofrimentos;
 Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita: orientação de caráter moral e
consolador, que leva aos ouvintes a palavra do Mestre.
 Passe e Magnetização da Água: recursos espirituais diretamente aplicados às
necessidades individuais daqueles que buscam ajuda no Espiritismo;
 Visita aos Lares e hospitais: momento em que equipes de visitação aos lares e/ou
hospitais procuram levar conforto por meio da palavra evangélica e do passe magnético;
 Evangelho no Lar: procura incentivar e esclarecer sobre os benefícios hauridos na
intimidade dos lares, quando este hábito é efetivado. O Culto do Evangelho no Lar, que
propicia a reunião da família em torno da palavra do Mestre, traz a oportunidade de reunião
da família, aproximando uns aos outros;
 Irradiação Mental: reuniões em que são efetuados estudos e preces por todos os que
procuram a Casa Espírita em busca de socorro.

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É importante destacar que, o SATES, neste momento em que apresenta, por meio
deste material didático, uma Metodologia Cristica de bases educativas, tem como meta
oferecer orientação às Casas Espíritas na implantação, manutenção e qualificação de suas
atividades e, concomitantemente, receber auxílio de todos para aprimorar ainda mais esta
proposta de ação. Nosso objetivo é, portanto, oferecer apoio aos órgãos unificadores,
estimulando os que buscam o Espiritismo e os que já trabalham nas Casas Espíritas ao
progresso individual e coletivo.
O Espiritismo é uma doutrina que tem por ponto fulcral a fé raciocinada e incentiva a
busca do estudo edificante. Educar é para nós Espíritas um dos pontos relevantes para a
iluminação e a conquista do discernimento, tão necessários no momento em que
vislumbramos o Mundo de Regeneração. Para isso, esperamos poder continuar servindo a
Jesus e contar com o apoio de toda comunidade espírita para divulgar, implantar, transformar,
opinar e criticar este trabalho.

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RECEPÇÃO NA
CASA ESPÍRITA

“- De onde vens, irmão?’


‘O rapaz admirou-se de tanta afabilidade e delicadeza, num homem a quem via pela primeira
vez. Por que lhe dava o título familiar, reservado ao círculo mais íntimo dos que nasciam sob
o mesmo teto?’
‘- Por que me chamais irmão, se não me conheceis? – interrogou comovido.’
‘Mas o interpelado, renovando o sorriso generoso, acrescentava: ’
‘- Somos todos uma grande família em Cristo Jesus.”
Emmanuel (10 – p.58)

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2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA

2.1 – Introdução
“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e
achará pastagens”. Jesus (Jo, 10:9).

“No turbilhão dos conflitos que asfixiam as melhores aspirações do povo, é


necessário sejamos o apoio fraterno e providencial de quantos se colocam em
busca de um roteiro para as esferas mais altas”. Emmanuel (11).

Em breves linhas a proposta desta apostila é refletir e, a partir daí, rever a prática da
RECEPÇÃO no Centro Espírita, que para muitos, pela constância com que são exercidas,
tornam-se repetições de movimentos automáticos, que não demandam cuidados especiais por
serem considerados preliminares.
A RECEPÇÃO Espírita deve seguir algumas diretrizes procedimentais, tendo em vista
a necessidade dos grupos dinamizarem seus setores de tarefas, a fim de atender a demanda
que surge no dia-a-dia.
Inúmeros são os irmãos infelizes, desiludidos, desinformados, curiosos que vão
buscar, nos Centros Espíritas, as mais variadas respostas para suas dúvidas, soluções para seus
problemas, fenômenos de curas, contato com espíritos, familiares ou mentores, etc. Enfim, um
bom percentual de pessoas chegam aos ambientes espiritistas com idéias equivocadas sobre o
que irão encontrar.
Assim, é valioso o esclarecimento para o iniciante. É preciso que, logo nos primeiros
contatos, de modo adequado e fraterno, o RECEPCIONADO fique ciente de que um Centro
Espírita comprometido com a Doutrina Espírita e com o Evangelho de Jesus, é um lugar em
que ele poderá obter consolo e orientação para as suas necessidades, desde que desenvolva a
fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seguir as orientações do
Evangelho de Jesus.
Por isso, os trabalhadores e divulgadores da Doutrina Espírita, na intenção de ajudar
os que sofrem, ao incentivarem o neófito ou o necessitado a procurar o Centro Espírita,
precisam compreender a importância do convite e observarem a forma adequada para
promovê-lo.
É um erro apresentar o Centro Espírita como o remédio para todas as doenças, criando
no irmão fragilizado falsas esperanças e promessas infundadas de soluções instantâneas. Há
aqueles que chegam a indicar nomes de pessoas, tarefeiros da casa, como os únicos capazes
de “resolver o caso”; um equívoco grave que gera complicações no ambiente e obstáculos no
atendimento ao irmão necessitado.
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A Doutrina Espírita ensina que a dor de hoje, o sofrimento da alma que assola tantas
pessoas e as mazelas convertidas em doenças somatizadas no corpo físico só poderão ser
curados se as causas forem trabalhadas e, que a alma que sangra hoje, ontem derramou
sofrimento; o corpo carcomido pelas deformações e doenças físicas, em muitos casos, serviu
de vaso para os exageros desnecessários; os desregramentos viciosos que desviam valores e
levam a excessos materiais, podem ser reflexos de carências em tempos pretéritos.
Adentrar o ambiente de uma Casa Espírita é atitude séria e requer cuidados especiais
do trabalhador consigo e com o semelhante, dedicação e fidelidade com a Doutrina dos
Espíritos e o Evangelho de Jesus, humildade para aceitar os óbices da vida e perseverança
para modificar situações e hábitos que envenenam as almas.
Quando Jesus esteve entre nós, foi visitado por uma multidão de necessitados que o
procuravam em busca de conforto e conhecimento espiritual. A todos recepcionava o Mestre
com carinho e respeito para com as suas dificuldades. Hoje, 2000 anos depois, a multidão de
sofredores, dentre os quais nos incluímos, busca o Senhor desejosa de encontrar o alívio para
o sofrimento moral, vezes sem conta, exteriorizado no sofrimento físico.
A Casa Espírita, com suas várias portas de entrada, quais sejam, a mediunidade, a
exposição doutrinário-evangélica, a evangelização infantil, o estudo sistematizado da
doutrina, entre outras, representa o Cristo e sua mensagem através dos princípios que
fundamentam a Doutrina dos Espíritos. Assim, recepcionar os que buscam estas Casas de Luz
é tarefa de suma importância, que exige do trabalhador disposição íntima para servir como
digno instrumento da providência divina em favor de todos.
A recepção aos que aportam nas Casas Espíritas deve, portanto, basear-se nas ações do
Cristo, documentadas na Boa Nova. Como exemplo, observemos a rogativa de Jesus em favor
de seus discípulos:
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam
comigo...” (Jo, 17:24)

Portanto, os primeiros a terem consciência disso deverão ser aqueles que se postam a
frente da Casa, nas tarefas que exigem contato direto com o público, para orientar com
sabedoria e auxiliar com amor os primeiros passos dos sedentos de consolo, luz e amor.

2.2 – A Casa Espírita

“Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; E
ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se
assentou...” (Mt, 13:1-2).

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O centro que essa organização criará não será uma individualidade, mas um foco
de atividade coletiva, atuando no interesse geral e onde se apaga toda autoridade
pessoal. (12 - p. 362)

O próprio codificador da Doutrina dos Espíritos já nos aponta a seriedade e o


compromisso que deveremos assumir frente à Casa Espírita e sua estruturação. Kardec
chamou-nos ao trabalho em uma organização que tem como atividade o atendimento à
coletividade.
Em outras palavras, é o ingresso em um educandário moral e espiritual que propicia
condições, através do estudo, do trabalho, da oração e da fraternidade, para operar junto aos
que baterem à porta. Destarte, não podemos olvidar que o templo espírita é refúgio de almas
acometidas pelas necessidades, lar em que a solidariedade, a caridade e o amor devem
constituir-se em metas a serem atingidas por todos.
Ao RECEPCIONISTA da Casa Espírita cabe a nobre tarefa de acolher pessoas,
elucidando de maneira simples, mas convicta, a missão abençoada e evangelizadora da
Doutrina Espírita e as tarefa-amor desenvolvidas em seu templo. Esse tarefeiro deverá utilizar
uma linguagem clara, com definição exata dos termos utilizados pela nomenclatura espírita.

Quem procura a Casa Espírita:

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos
outros.”Jesus (Jo, 13:35).

O Evangelho dá-nos a senha divina através da qual o discípulo é reconhecido: pelo


amor dedicado ao próximo. O RECEPCIONISTA é o primeiro com quem o recém-chegado à
Casa Espírita tem contato, daí advirem alguns cuidados que devem ser observados.
Com algumas exceções, a maioria das pessoas que procura uma Casa Espírita traz em
sua intimidade muitas indagações acerca do que poderá encontrar. Não obstante, é comum
que o visitante se apresente com diversos estados emocionais, razão pela qual o
RECEPCIONISTA necessita estar preparado para acolher fraternalmente o
RECEPCIONADO.
A seguir, discorreremos, com base no material didático fornecido pela UEM – União
Espírita Mineira, intitulado PREPARAÇÃO DE TRABALHADORES PARA ATIVIDADES
ESPÍRITAS (01), sobre alguns desses estados emocionais dos visitantes, com o intuito de
facilitar a tarefa do RECEPCIONISTA, preparando-o para as diversas possibilidades
oferecidas pelo trabalho:

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Caso apresente estados de ANGÚSTIA, cabe ao RECEPCIONISTA a utilização da
habilidade fraternal, própria do homem de boa vontade que se consagra ao serviço do Senhor
e não à especulação curiosa e destrutiva, encaminhando-o para o ATENDIMENTO
FRATERNO. Este irmão, recém-chegado, traz seu sofrimento sufocado na garganta, sem
conseguir, em muitas circunstâncias, expressar-se, solicitando do RECEPCIONISTA
habilidade no trato para que abra seu coração.
Quando foi movido pela CURIOSIDADE, sede inesgotável da alma que não se sacia
com facilidade, característica comum de espíritos vigorosos, deve o RECEPCIONISTA,
munido de genuína fraternidade, explicar-lhe que a leitura e o estudo das obras de Allan
Kardec, concomitantes à freqüência às Reuniões de Explanação da Doutrina e do Evangelho,
esclarecerão suas dúvidas.
Ao que se apresenta DESANIMADO, deve o RECEPCIONISTA, confiante da tutela
de Jesus, saber elevar o ânimo e a auto-estima do irmão enfermo, acolhendo-o de coração
aberto. “O desânimo é veneno que corrói lenta, surdamente, a vida” (02), “... é um verme
destruidor nas melhores realizações de nossas vidas.” (03).
Ao DESCONFIADO, deve o RECEPCIONISTA mostrar-se seguro e sincero em suas
intenções de auxiliar o irmão. A atmosfera de desconfiança poderá ser convertida em
serenidade por meio de uma atitude sincera, respaldada pela Doutrina dos Espíritos e pelo
Evangelho de Jesus, capaz de transmitir segurança. “Servir é criar simpatia, fraternidade e
luz” (03).
Se o visitante mostra-se EQUILIBRADO, o RECEPCIONISTA deverá dialogar com
naturalidade e cortesia, atento, porém; pois o aparente estado de equilíbrio do visitante pode
ocultar uma condição adversa. “O equilíbrio nasce da união fraternal e a união fraternal não
aparece fora do respeito que devemos uns aos outros...” (04). Lembremo-nos: a educação “é
a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as
chagas do espírito eterno.” (03).
O FALANTE é um enfermo que, muita vez, não se deu conta de sua situação e quase
sempre não ouve ninguém. Por falar excessivamente pode ter-se perdido nas teias da
irreflexão. O RECEPCIONISTA, sabedor desse possível sofrimento do irmão, deve procurar
dar-lhe atenção, sem excessos, de modo breve e com gentileza. “A gentileza é filha dileta da
renúncia e guarda consigo o dom de tudo transformar em favor do infinito bem”. (03).
“Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste nos
processos da evolução.” (05).

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O INIBIDO pode estar, na verdade, sinalizando comportamentos que foram motivos
de quedas no passado. Portanto, deve-se compreender essa postura como um esforço
reeducativo. O RECEPCIONISTA, em respeito sincero ao irmão recém-chegado, deverá ser
discreto ao estimulá-lo à conversação. Há pessoas que não pretendem ser reconhecidas ou
abordadas; para com estas a prudência apresenta-se necessária. “Eu, a sabedoria, habito com
a prudência; eu possuo conhecimento e discrição.” (Provérbios, 8:12).
Por outro lado, quando o recepcionado se apresenta ZANGADO, pode estar sofrendo
constantes incômodos com seus próprios pensamentos e atos. Deve o RECEPCIONIOSTA
acatar com mansidão seu desabafo e ajudá-lo. A mansidão é adquirida apenas por aqueles que
conseguiram superar seus instintos agressivos, e, em razão disso, por estar em estágio
evolutivo diferente, tem o dever de demonstrar compreensão e amor ao próximo.
Estando o irmão recém-chegado AGITADO, e, por desconhecer as causas de tal
aflição, é necessário que o RECEPCIONISTA mantenha-se sereno e brando. A serenidade
fornece suprimento de paz para os óbices e a “brandura é apanágio das almas que (...)
adquiriram fortaleza moral que ninguém pode atingir, nem perturbar...” (06).
Muitos outros perfis poderiam ser aqui, descritos, contudo o mais importante é que,
independente da situação, TODOS, sem distinção, devem ser acolhidos fraternalmente na
Casa Espírita. Ao RECEPCIONISTA abnegado cabe a tarefa de orientar os visitantes sobre os
horários de funcionamento das tarefas promovidas pela Casa; sobre a conduta, quando
perguntados, que deverão adotar na intimidade do sagrado lar espírita e, por fim, informá-los
sobre cursos e tratamentos que a Casa dispõe.
As dúvidas apresentadas pelos visitantes (por mais banais que possam parecer) são
merecedoras de respostas claras, objetivas, diretas, naturais, seguras e, sobretudo, afetuosas.
Nunca de modo ríspido, sem olhar para o questionador. O RECEPCIONISTA deve falar
olhando para seu interlocutor, a fim de lhe transmitir confiança. “Os olhos são a luz do corpo.
É por meio deles que o homem se orienta e se guia, não só em seus passos como no juízo que
faz das coisas” (03).
É compreensível que algumas pessoas tenham pelo RECEPCIONISTA, aquele que o
orientou no ambiente espírita, uma simpatia especial e, agradecidos, queiram estender as
conversações de despedidas. Contudo, o RECEPCIONISTA esclarecido e sabedor de que
apenas serviu de instrumento para as realizações do mais Alto, deve conduzir os momentos
finais de permanência no recinto espírita em oração, tornando as despedidas simples e gentis,
sem excessos ou alterações de tons vocais.

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A conclusão do trabalho de recepção poderá representar um importante momento de
troca de vibrações fraternais a serem dinamizadas no tempo, fixando na mente do acolhido
vibrações impregnadas de sinceridade, de amizade e de consolação.

Quem recepciona na Casa Espírita:

“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente pura, depois, pacífica,


moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos...” (Tiago, 3:17).

“O Mestre fortifica-se nos cooperadores que não cogitam de prerrogativas e


remuneração, que servem onde, como e quando determina a Sua Vontade sábia e
soberana. São os Obreiros da Boa Vontade.” (03 – André Luiz, “Nosso Livro”).

O RECEPCIONISTA é um trabalhador tão importante para o funcionamento da Casa


como qualquer outro. Ao contrário do que muitos acreditam, o tarefeiro da Casa Espírita é
quem mais necessita do auxílio da Espiritualidade. Faz-se mister entender a
indispensabilidade do trabalho para a transformação do ambiente e o aprimoramento do ser no
progresso individual.
Conforme preceitua o Espírito do venerável Emmanuel: “Nos círculos mais elevados
do espírito o trabalho não é imposto. A criatura consciente da verdade compreende que a
ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade” (05).
Podem ocorrer, nos círculos terrenos, muitas vezes, interferências que prejudicam,
através do desânimo, entre outras situações, o trabalhador. Urge, nesses momentos de
fragilidade, que o RECEPCIONISTA busque auxílio na associação fraterna do templo
espírita; deve confiar no poder da oração, que o eleva ao cimo da divindade; deve
compreender com humildade, que ele, obreiro da Seara do Mestre Jesus, encontra-se num
estágio de evolução anterior aos dos espíritos elevados que trabalham sem imposição, e, em
razão disso, dever ser vigilante, primar pela disciplina e perseverar em seus propósitos.
Apenas para fins didáticos, vamos dividir a tarefa de amor ao próximo do
RECEPCIONISTA em dois momentos, quais sejam:
a) recepção:
“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo,
hospedaram anjos.”(Hebreus, 13:2).

“Ato ou efeito de receber; em dias determinados, visitas” (07). Na Casa Espírita, a recepção
consiste na valorização integral de quem chega, eliminando distâncias e falsas posições
hierárquicas. Para tanto, é necessário que o RECEPCIONISTA acolha fraternalmente,

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procurando conhecer o motivo da vinda e oferecer os recursos de que a Casa Espírita dispõe
para atender o recepcionado na sua necessidade.

“O afeto, a confiança e a ternura devem ser tão espontâneos quanto as águas


cristalinas de um manancial.” (13)

b) encaminhamento:
“Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para
fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo...”.(Atos, 5:19-20).

O RECEPCIONISTA deve acompanhar o visitante, caso haja necessidade de fazê-lo, até o


local de sua destinação, direcionando-o sempre que necessário.

“A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a


dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.” (14)

2.3 – Perfil do Trabalhador

“Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino
dos céus.”(Mt, 18:4).

“(...) o aspecto principal de sua tarefa [trabalhador] é o de ouvir e orientar,


carinhosamente, as pessoas que procuram o Centro Espírita em busca de lenitivos
para as suas dores e necessidades (...)” (08).

Como foi mencionado anteriormente, o trabalhador espírita é um necessitado das


bênçãos de Deus. Não é, em hipótese alguma, alguém que desfruta de condição melhor do que
aquele que adentra o ambiente espírita pela primeira vez. Sabedor dessa verdade é que o
RECEPCIONISTA deve esforçar-se, assim como Jesus, “para aproveitar o mínimo para
produzir o máximo” (09), diligenciando-se para obter (01):
a) Conhecimento doutrinário-evangélico sólido;
b) Conduta moral segura;
c) Envolvimento e comprometimento com as tarefas da Casa Espírita;
d) Treinamento adequado para a tarefa que vai executar, e recapitulação periódica;
e) Participação ativa nos grupos de estudo da Casa Espírita;
f) Conhecimento das normas do Centro Espírita e das atividades do Movimento Espírita.

Dinâmica da Tarefa:

“Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E,


apressando-se, desceu, e recebeu-o gostoso.”Jesus (Lc, 19:5-6).

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O RECEPCIONISTA deverá estar atento para diversas situações. A título de reflexão,
sem o intuito de criar sistemas fechados, apontaremos alguns procedimentos que a
experiência, fraternalmente, outorga. Assim na realização de sua tarefa deve o
RECEPCIONISTA:
a) Procurar ser fiel à tarefa por ele exercida com a simplicidade de um coração sincero e
estar disposto a doar-se.
b) Nunca prometer soluções imediatistas, lembrando-se que a maioria dos problemas
atuais, e, por conseguinte de nossos irmãos, são efeitos de ações infelizes no passado.
c) Tratar com honestidade as questões propostas pelo visitante e não ter receio em
solicitar ajuda de outro irmão de doutrina nos casos mais complexos.
d) Evitar comentários sobre quaisquer grupos ou crenças religiosas, recordando-se que a
base do Espiritismo é o Amor ensinado pelo Mestre Jesus e que quem ama o próximo
não lhe atira impropérios.
e) Procurar administrar o tempo de atendimento, de modo que ninguém seja privilegiado
em detrimento de outro. É imprescindível lembrar-se que nos ambientes espíritas
todos somos seres necessitados e não existe ninguém que deva receber tratamento
diferenciado.
f) Ser amável e cortês. Aprender a sorrir para o próximo. As pessoas que sorriem com
sinceridade e amor pela Obra Divina e pela vida tendem a transmitir confiança e
credibilidade.
g) Evitar o excesso de intimidade, sem, contudo, ser ríspido ou indiferente. Buscar na
fraternidade de Jesus para com os necessitados, o modelo a ser seguido.
h) Comunicar-se de forma clara e objetiva, lembrando-se que o visitante, em muitos
casos, não conhece termos utilizados no cotidiano da prática do espiritismo cristão.
Falar pausadamente, perguntar se há dúvidas quanto ao que foi explicado, ter
paciência para repetir as informações dadas de maneira serena e amável.
i) Não permitir que o local da Recepção torne-se um ambiente barulhento; se necessário
pedir com carinho para os amigos, conhecidos ou desconhecidos, manterem-se em
prece ou procurarem local adequado para conversações.
j) Observar, como qualquer outro trabalhador de Casas Espíritas, o modo correto de
vestir-se para as tarefas. A higiene corporal é notada por todos. Além disso, o obreiro
de Jesus deve procurar vestir-se bem, sem exageros. Decotes, perfumes fortes,
maquiagem excessiva, roupas transparentes, etc. são totalmente dispensáveis para a
prática do Amor e da Caridade.

15
k) Aprender a lidar com as críticas. Ter em mente que somos todos enfermos e quando
somos criticados devemos tentar responder com cortesia. O Mestre Jesus, Governador
Espiritual de nosso planeta, ensinou-nos amorosamente que as críticas devem ser
combatidas pela força do Amor.
l) Ter disciplina no cumprimento dos horários; procurar chegar pelo menos 15 (quinze)
minutos antes do início da tarefa, a fim de poder preparar-se com tranqüilidade. Não
sendo possível, chegar silenciosamente e assumir seu posto de trabalho, mantendo a
mente em prece constante.
m) Avaliar diariamente o modo como a tarefa foi executada. Verificar com lucidez e
humildade as possíveis falhas, a fim de que elas possam ser superadas.

O Trabalhador Espírita:

O trabalhador espírita, em sua grande maioria:


a) chega à Casa Espírita como Espírito necessitado de orientação e socorro; “Vinde a
mim todos vós que estai oprimidos...” (Mateus, 11:28).
b) passa por período de tratamento para aliviar os problemas que o afligem;
c) percebe, esclarecido pelo estudo, que vícios e imperfeições morais indicam
desarmonias enraizadas em si e que estes podem acarretar vínculos com espíritos
oportunistas, também, nas mesmas faixas de desarmonias;
d) recebe o Atendimento Espiritual e, concomitantemente, a “laborterapia”, isto é, o
trabalho-amor a serviço do próximo.
e) transforma esse serviço fraterno em um grande esforço de auto-iluminação. (01)

“Tomai a vossa cruz e segui-me”.(Mateus, 16:24).

2.4 – Palavras Finais

“Avança hoje na estrada pedregosa das obrigações retamente cumpridas e,


amanhã, em te despedindo do corpo escuro da carne, teu coração, convertido em
estrela de amor, será com Jesus um marco celeste, orientando as almas perdidas,
no vale das sombras para que atinjam contigo a glória do Eterno Bem.” (15)

O Atendimento Espiritual, em sendo o conjunto de ações fraternas, contínuas,


dirigidas aos freqüentadores da Casa Espírita, contempla atividades planejadas e organizadas
no sentido de atender necessidades específicas dos que buscam amparo no Espiritismo.

16
Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção aos que chegam à Casa Espírita,
acolhendo-os e orientando-os de acordo com os princípios doutrinários e evangélicos. Dentre
as atividades do Atendimento Espiritual encontram-se, pois, a RECEPÇÃO NA CASA
ESPÍRITA que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a receber, acolher e
orientar os que buscam consolo para suas dores e necessidades; o ATENDIMENTO
FRATERNO; a implantação do EVANGELHO NO LAR; as VISITAS AO LARES E
HOSPITAIS e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO.
Esse conjunto de atividades tem como função aprimorar os envolvidos nos trabalhos,
por meio do exercício perseverante da caridade. Que em nossa tarefa-amor, possamos sempre
ter em mente que o trabalho é do Cristo, e que só a Ele devem ser reportados os êxitos e só
Ele pode nos sustentar nos momentos de provação.

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2.5 – Referências Bibliográficas

(01) Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Preparação
de Trabalhadores para as Atividades Espíritas. – Evangelho, Espiritismo e Educação.

(02) BOURDIN, Antoinette. Entre Dois Mundos. Tradução de M. Quintão. 4ª. Ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1980. 216p.

(03) XAVIER, Francisco Cândido. Dicionário da Alma. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2004.

(04) ______________________. Contos desta e doutra Vida. Pelo Espírito Irmão X


[Humberto de Campos]. 9ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993.

(05) ______________________. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed.


Rio de Janeiro: FEB. 2005.

(06) CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas do Espiritismo Cristão. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB.
1993.

(07) Dicionário Aurélio. Org. Aurélio Buarque de Hollanda.

(08) O espiritismo de A a Z: glossário. Geraldo Campetti Sobrinho (coordenador...et al.) 3ª.


Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999.

(09) XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB.
2002.

(10) XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estevão: episódios históricos do Cristianismo


primitivo. Romance ditado pelo Espírito de Emmanuel. 26ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1992.

(11) XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 6ª Ed. Rio de
Janeiro: FEB. 1982.

(12) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.

(13) XAVIER, Francisco Cândido. Ave, Cristo! Episódios da História do Cristianismo no


século III. Romance ditado pelo Espírito de Emmanuel. 13ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(14) XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 20ª
ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(15) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Ditado pelo Espírito de Emmanuel.
13ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

18
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL

ATENDIMENTO
FRATERNO

“Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava


assentado junto ao mar; e ajuntou-se muita gente ao
pé dele, de sorte que, entrando, num barco, se
assentou; e toda a multidão estava em pé na praia”.

(Mateus, 13:1-2)

19
3 – ATENDIMENTO FRATERNO

3.1 – Introdução
“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou.” ( João, 13:13)

“(...) A missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus, para que todos


mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da vida.”Emmanuel (08)

“A missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus...”, esse trecho, extraído do livro


O Consolador, descortina para aqueles que desejam servir na Seara de Jesus preceitos
relevantes no concerto atual do Planeta em vias de Regeneração. Em face disso, refletiremos,
nesta oportunidade, sobre um tema que não pode tratado na Casa Espírita desvinculado de
bases evangélicas: o ATENDIMENTO FRATERNO. Seguir o Evangelho é exercitar a
fraternidade e o amor ao próximo, acolhendo e orientando os necessitados que procuram
alívio para seus problemas. Para Allan Kardec:

A fraternidade, na rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres dos


homens relativamente uns aos outros; ela significa: devotamento, abnegação,
tolerância, benevolência, indulgência; é a caridade evangélica por excelência e a
aplicação da máxima: ‘Agir para com os outros como gostaríamos que os outros
agissem conosco’ (...) A fraternidade diz: “Cada um por todos e todos por um”
(02)

Com base nas palavras do Codificador, iniciamos o estudo deste tema tão essencial
para as Casas Espíritas: o ATENDIMENTO FRATERNO, promovendo reflexões que possam
ser somadas às diversas experiências diariamente auferidas na Obra de Jesus. Vale lembrar
que não há neste trabalho a pretensão de prescrever fórmulas ou metodologias a serem
aplicadas nessa tarefa; ao contrário, a proposta é simplesmente apontar diretrizes que possam
ser adequadas e aplicadas à terapêutica de AMOR sintetizada no ATENDIMENTO fraternal.
O ATENDIMENTO FRATERNO é um trabalho estruturado para receber irmãos em
sofrimento, que procuram na Doutrina Espírita a solução ou o alívio para problemas de toda
ordem. Eles, na maioria das vezes, já vêm de outras experiências no campo do auxílio e
procuram o Centro Espírita, como "último recurso" para seus males. Muitas vezes, cépticos,
esses indivíduos necessitam de boa dose de estímulo para permanecerem firmes na decisão de
encontrar respostas para suas perguntas.
O ATENDIMENTO FRATERNO não deve ser comparado às diversas terapias
existentes, pois o seu objetivo principal é incentivar os que procuram viver os postulados
cristãos, a partir do labor na Seara do Mestre que as diversas frentes de trabalho podem
oferecer. A terapêutica espírita é a do AMOR de Jesus, que envolve os irmãos enfermos em
confiança e ternura, ao mesmo tempo em que os ampara e procura esclarecê-los sobre os

20
sofrimentos e vicissitudes necessários ao burilamento moral e, por conseguinte, ao progresso
espiritual dos seres.
Apoiado nos postulados espíritas e evangélicos, o ATENDIMENTO FRATERNO
desempenha o papel de receber, esclarecer, amparar, reajustar e redirecionar idéias. Não
propõe a extirpação das dores, das doenças e/ou dos sofrimentos, no entanto, abre novas
possibilidades de entendimento para que o ATENDIDO encontre equilíbrio, através de
esforços próprios, para, posteriormente, buscar os recursos convenientes à renovação de
energias, harmonização, autoconhecimento e auto-iluminação.
Trata-se, portanto, de uma prática que complementa o conjunto das atividades
fraternas da Casa Espírita: a RECEPÇÃO, a VISITA AOS LARES E HOSPITAIS, a
implantação do EVANGELHO NO LAR e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO através do
recurso da prece.
Dessa maneira, este trabalho deve ser feito com seriedade, disciplina, amor e preparo.
O ATENDENTE FRATERNO da Casa Espírita deve saber que sua tarefa é, na maioria das
vezes, o primeiro contato que o assistido tem com o Espiritismo e ter consciência da
relevância desse momento primevo.
Torna-se, pois, necessário, que os Centros Espíritas, que se propõem a esse
atendimento, tenham ciência da importância e gravidade da tarefa que estão a empreender, a
fim de aprimorar permanentemente as atividades. (03)

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus
amigos.” (João, 16:13).

3.2 – Atendimento Fraterno: Definição

“E Jesus, porém, (...) disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os
doentes”.Jesus (Mt, 9:12 ).

A acepção da palavra atender, extraída do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa


(04), é “dar atenção a, ouvir; estar disponível para ouvir; receber em audiência...”. Sem
maiores especulações, podemos inferir que o verbo, no mundo dos homens, está ligado à idéia
de doação, atenção, etc.
Posto desse modo cabe aos trabalhadores espíritas uma definição que reúna os
significados conhecidos pela ciência da linguagem humana com a ciência do mundo
espiritual. Sabemos que ATENDIMENTO FRATERNO é um auxílio individual e
estruturado, oferecido àquele que procura ou ao que freqüenta a Casa Espírita em busca de

21
esclarecimentos referentes a dúvidas específicas, ou de consolo para o seu sofrimento físico,
social, psíquico e moral. “Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a
paisagem da aflição” (05).
O ATENDENTE FRATERNO tem por missão procurar a todo custo atuar com “mãos
do amor” prontas a ajudar o irmão que o procura a mudar a paisagem do sofrimento, da
aflição e da dor. A fim de explorar um pouco mais essa reflexão, subdividimos este item,
apenas para tornar-se mais didático. Nas subdivisões, apresentaremos sucintamente os
objetivos almejados pelos que fazem parte do processo de ATENDIMENTO FRATERNO na
Casa Espírita.

Finalidade da Casa Espírita:

“Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, que Eu vos
aliviarei.” Jesus. (Mateus, 11: 28)

Não é novidade para ninguém as intensas e variadas crises morais, religiosas, sociais,
econômicas, identitárias, etc., que mergulham os seres e marcam profundamente os tempos
atuais.
Em razão disso, assistimos ao crescimento espantoso de tragédias, doenças graves,
escândalos, fenômenos naturais de grandes proporções, vilipêndio de valores morais; enfim, a
humanidade parece estar mergulhada no caos. Um caos que certamente foi produzido por nós
mesmos, em vivências anteriores, quando negligenciamos as instruções deixadas pelos
Espíritos Amigos.
Neste mar de sofrimento, dores, aflições, provas e expiações, a Misericórdia de Deus,
sempre atuante em nosso favor, oferece-nos os espaços espirituais, ou Casas Espíritas, como
lenitivos para nossos sofrimentos e educandário para nossa ascensão moral e espiritual. Assim
esclarece o Espírito de Emmanuel:
“Levantam-se educandários em toda a Terra. Estabelecimentos para a instrução
primária, universidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das instituições
que visam à especialização profissional e científica, na atualidade, encontramos no
templo espírita a escola da alma, ensinando a viver” (07)

Como podemos depreender dessas palavras, aos Centros Espíritas foi outorgada a
missão de receber e esclarecer aqueles que chegam sobrecarregados pelas preocupações e
doenças terrenas.
Em face disso, não podemos olvidar a finalidade de socorrer os que sofrem, aqui já
mencionada. Apenas para ratificar, as Casas Espíritas, espalhadas pelo Orbe Terreno são

22
verdadeiros pronto-socorros para os enfermos que nelas adentram. Estes são acolhidos e
tratados com as terapêuticas do amor e do Evangelho de Jesus.
Consoante as palavras do Mestre, procura-se nesses templos de tratamento explicar
que “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de
Deus seja glorificado por ele” (Jô, 11:4), além de exortar os colaboradores a cumprirem os
desígnios do Governador Espiritual de nosso planeta, que é “Curai os enfermos, limpai os
leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí.”
(Mt 10:8).

Finalidade dos Envolvidos na tarefa:

a) A Equipe
Aprender como fazer o ATENDIMENTO FRATERNO é desenvolver uma atividade
de doação, que rejeita o império do “eu” e promove a união pelas vias da unificação. André
Luiz nos traz valorosa instrução sobre o tema:
“O cascalho do personalismo excessivo ainda é o grande impedimento da jornada.
(...) Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em seus altares
não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. (...) E o nosso grupo não se
constituiu ao acaso” (01)

Em outras palavras, o dedicado Espírito de André Luiz exorta os espíritas para a


importância do trabalho em equipe, a fim de que nos lembremos que quem conduz o barco, ou
seja, o chefe da missão, é Jesus. Portanto, a tarefa deve ser pautada pela confiança coletiva
entre os trabalhadores e o labor individual, que modifica hábitos e burila espíritos devedores.

b) O atendente
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles; porque esta é a lei, e os profetas”. Jesus (Mt, 7:12)

O versículo de Mateus sintetiza a finalidade do papel exercido pelo ATENDENTE


FRATERNO: fazer pelo outro aquilo que deseja que o outro faça consigo. Pois bem, a partir
dessas palavras pode-se concluir que o MAIOR NECESSITADO, nesse encontro de
conversação fraterna, é aquele que se posiciona como ATENDENTE. O enfermo é o obreiro
da Casa Espírita, por ser ele quem necessita ajustar-se a partir do trabalho humilde, auxiliando
irmãos sofredores.
A tarefa do ATENDIMENTO FRATERNO solicita alguém com condições morais
para ouvir o sofrimento alheio, base doutrinário-evangélica para lidar com as situações

23
inusitadas e maturidade para não ser induzido e encantado por influências menos dignas.
Posteriormente, falaremos um pouco mais sobre as características desse trabalhador.

c) O Atendido
O ATENDIDO que procura este auxílio oferecido pelas Casas Espíritas, na maioria
das situações, tem como meta buscar orientações e esclarecimentos que possam consolar e
minorar seus conflitos internos e externos.
Auxiliar o ATENDIDO a conscientizar-se, reconhecer, sentir, conhecer-se, decidir,
escolher e transformar-se, em certas situações, traduz-se em árdua tarefa para o
ATENDENTE FRATERNO, visto que seu papel de ajudar não pode ser confundido com um
suposto direito de julgar e impor condutas ao ATENDIDO.
Deve o ATENDENTE FRATERNO amparar, sem personalismos, mas com amor
fraternal, a fim de que possa orientar o ATENDIDO quanto à melhor maneira de conhecer a
Doutrina Espírita, um modo seguro para compreender suas provações e certificar-se da
promessa do Consolador de que nenhuma de suas ovelhas se perderia.
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco”. Jesus. (Jo, 14:16).

3.3 – Condições necessárias para o Atendimento Fraterno

“E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um
pouco da terra; e assentando-se, ensinava do barco a multidão.” Jesus (Lc, 5:3)

Para iniciar a tarefa é preciso começar por algum lugar, as condições favoráveis
indicam o ponto de partida conveniente, para facilitar o diálogo sério e intencional, no qual o
ATENDIDO será envolvido logo que adentre o recinto nas vibrações fraternas.
O ATENDENTE FRATERNO deve estar atento e, principalmente, manter uma
conduta criteriosa na verificação do espaço principal que é a intimidade do Atendido, para
jamais invadi-lo. Cada um possui sua subjetividade, que o faz singular aos olhos de Deus e,
por isso, deve ser merecedor de todo respeito, conforme alerta Jesus no Evangelho de Mateus:
“E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa
paz....” (Mt, 10:12).
Todavia, outros espaços, além da intimidade do ATENDIDO, devem ser observados e,
assim, entendemos ser prudente tratar de alguns deles.
Iniciaremos falando da atmosfera física que envolve o ATENDIMENTO
FRATERNO, ou seja, o local em que acontecerá a entrevista, o modo como esta será

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conduzida, a postura de ambos e o preparo anterior, que deve ser considerado de grande
relevância para o momento do atendimento.
Todo ATENDIMENTO FRATERNO deverá ser analisado pelo Atendente como o
primeiro e, talvez o único, pois, muitas vezes, ele não terá acesso à história do ATENDIDO.
Por isso, é natural certa dose de ansiedade que a prece sincera e a preparação minimizarão.
Vejamos, mesmo assim, os fatores que condicionam ou influenciam na tarefa do
ATENDIMENTO FRATERNO:

a) O Ambiente Físico
O ATENDIMENTO FRATERNO pode ser realizado em quase todos os lugares, mas
sendo uma atividade espírita, a Casa Espírita é o local mais indicado. Os Benfeitores
Espirituais, em várias obras, ressaltam a proteção magnético-espiritual das Casas Espíritas
como viga imprescindível para sustentar as diversas terapêuticas espirituais, de caráter
doutrinário.
A Casa Espírita deve oferecer condições possíveis, ou seja, favorecimento para que o
Atendimento tenha um caráter velado. A atividade pode ser realizada em um ambiente com
músicas suaves e previamente selecionadas, com cadeiras, mesa e livros doutrinários.
É de bom alvitre que o ATENDIMENTO FRATERNO, seja realizado livre de
barulhos e/ou quaisquer objetos que ofereçam oportunidade para distrações ou conversações
fúteis. O objetivo maior é proporcionar uma atmosfera espiritualmente favorável para um bom
diálogo, pautado pela serenidade, fé, confiança e respeito mútuos.
Quanto às roupas usadas pelo Atendente, a sugestão é que sejam confortáveis e
adequadas ao trabalho, de cores sóbrias e discretas. Quanto à disposição dos móveis, a
indicativa é que o ATENDENTE FRATERNO utilize aquela que propicie maior conforto e
equilíbrio. Alguns Atendentes optam por uma mesa que defina a distância: duas cadeiras em
posição de 90 graus. O motivo é simples, o ATENDIDO fica mais à vontade para olhar para o
Atendente quando quiser, e em outros momentos pode olhar para frente, sem ter obstáculos
em seu caminho. Essa posição oferece conforto, evitando constrangimentos.
“E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele
os seus discípulos; e abrindo a sua boca, os ensinava...” (Mt, 5:1-2). Nesta passagem,
observamos que o Mestre transpunha os obstáculos materiais, convidando a multidão e os
discípulos para segui-Lo, monte acima da consciência espiritual para a abertura dos pórticos
do próprio coração.

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b) Interrupções Externas
As circunstâncias externas que podem e devem ser evitadas incluem interferências e
interrupções. A concentração do ATENDENTE FRATERNO no trabalho e do ATENDIDO
na exposição merece respeito. Em virtude disso, devemos instituir um ambiente de
tranqüilidade e confiança. Por alguns instantes convidamos o ATENDIDO a desligar-se do
mundo exterior e mergulhar em seu mundo interior.
As condições para que não haja interrupções ou interferências devem ser previamente
ajustadas entre a equipe de trabalho e, ainda, entre o ATENDIDO e o ATENDENTE. À
equipe deve ser solicitado o mínimo de intervenções durante o ATENDIMENTO
FRATERNO e ao ATENDIDO que ele se esqueça, pelo menos por alguns segundos, do
mundo externo (uma boa dica é desligar os celulares antes do início da conversa). Caso haja
necessidade, pode a equipe indicar com placas nas portas os locais em que estão acontecendo
os atendimentos. “Não há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do coração”.(10)

c) Fatores Internos
Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a paisagem da aflição. (11)
Os chamados fatores internos envolvem o ATENDENTE, o ATENDIDO e as circunstâncias
do encontro. Entendemos, por essa razão, tratar-se de tema extremamente complexo e
importante para a manutenção dos trabalhos da Casa Espírita. Sob esse ponto de vista,
devemos trazer para uma reflexão criteriosa alguns itens que, de alguma sorte, fazem parte
dos sujeitos envolvidos no ATENDIMENTO FRATERNO. Posto assim acredita-se ser mais
didático pensar o perfil dos irmãos que ajudam e são ajudados, em tópicos específicos, como
os que se seguem, já que: “Auxiliar espontaneamente é refletir a Vida Divina por intermédio
da vida de nosso ‘eu’ que se dilata e engrandece, à proporção que nos desdobramos no
impulso de auxiliar”.(12)

3.4 – Preparação para o Atendimento Fraterno

A preparação para todas as tarefas na Casa Espírita é de muita importância e o


ATENDIMENTO FRATERNO requer cuidados especiais para que possa ser executado
conforme o planejamento dos Espíritos Mentores da Casa. O ATENDENTE chama para si o
jugo, mas deve aprender com Jesus, que é manso e humilde de coração.
A preparação do ATENDENTE antecede ao momento da entrevista. O preparo, em
muitos casos, demanda tempo. O Atendente não deve ser escolhido pelo seu verniz exterior,

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mas por sua vontade, consciência, necessidade de auxiliar na Seara do Mestre e pelo amor que
irradia. Na condição de pequenino e insignificante colaborador, não pode o ATENDENTE
esquecer-se de que a Obra é de Jesus e que nela ele é apenas um partícipe menor.
O ATENDENTE FRATERNO deve ser uma pessoa com condições morais acima da
média; deve ser um estudioso do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, além de conhecer
autores e obras edificantes escritas por espíritas de notório reconhecimento. A maturidade é
outra característica importante, pois, sem ela, ele pode aventurar-se por caminhos
complicados e prejudiciais à tarefa.
“(...) a aceitação e a vivência dos princípios morais do Evangelho de Jesus são
condições fundamentais a serem cumpridas, a fim de que as Inteligências
Superiores outorguem ao Homem Terrestre o diploma de maioridade espiritual que
lhe permitirá o ingresso efetivo no mundo de relações com a Comunidade Cósmica
a que pertence”. (15)

Não cabe ao ATENDENTE propor diagnósticos precoces, antecipar circunstâncias


(mesmo que ele seja um médium ostensivo); não é tarefa sua fazer julgamentos de valores
sobre as atitudes do ATENDIDO e infundir no irmão necessitado a pseudo-idéia de
importância ou superioridade de sua função naquele momento e na Casa Espírita. Conforme
os ensinamentos do Mestre Jesus:
“... não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua
crença (ou hábitos) a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensam
como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranqüilos os que vos
repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com
violência; hoje o é pela brandura.” (09)

Assim, o ATENDENTE FRATERNO não necessita identificar sua posição na Casa


Espírita, o que faz na vida profissional ou social. Em caso de ser questionado, deve explicar
sem pretender estender-se o que lhe compete fazer na tarefa ou até onde pode facilitar o
ingresso do ATENDIDO nas terapêuticas espirituais.

Características do Atendente:

No Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, o significado para a palavra característica


é: função; e valor; aquilo que caracteriza; distintivo, particularidade do sujeito. No caso do
ATENDENTE FRATERNO, o que caracteriza sua atividade é estar sempre pronto para
receber aqueles que procurarem a Casa Espírita, em busca de consolo e orientação. Daí a
importância de estar preparado para as situações mais diversas. Algumas das características
que serão apontadas a seguir podem ser desenvolvidas, sem perda de identidade, para um bom
desempenho da tarefa.

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Vejamos, a seguir, algumas diferentes características do ATENDENTE destacadas pela
Apostila de Atendimento Fraterno, do Grupo Espírita Bezerra de Menezes (03): a EMPATIA
é requisito básico para o ATENDENTE FRATERNO; é um estado de identificação que
promove a compreensão entre as pessoas envolvidas num processo relacional, é uma espécie
de tendência que faz com que um indivíduo se coloque na situação do outro e se solidarize
com ele.
Além da empatia destacamos outros traços essenciais aos Atendentes: a princípio,
pode ocorrer que o ATENDENTE FRATERNO ingresse na tarefa pelo DESEJO DE
AJUDAR os irmãos sofredores. Com o tempo, entretanto, após estudar e conhecer os
meandros da doutrina e da tarefa-amor, por si mesmo irá perceber que ele é o maior
beneficiado no processo. O desejo transformar-se-á em NECESSIDADE DE AJUDAR. O
Apóstolo Paulo, no Evangelho Segundo o Espiritismo é decisivo ao afirmar que:

“Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os


destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse
estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado
acharão graças diante do Senhor.” (09)

Compreendendo o ATENDENTE que no exercício de sua tarefa ele é o maior


recebedor das bênçãos divinas, oportunizadas e acrescidas a cada entrevista, este a
desempenhará com a RESPONSABILIDADE própria daqueles que trazem consigo o desejo
sincero de ajudar, evitando tudo o que possa bloquear o ATENDIMENTO FRATERNO. O
ATENDENTE deve responsabilizar-se por seus atos perante os Atendidos, evitando a
qualquer custo linguajar vulgar, críticas ou maledicências.
Segue-se, logicamente, outra condição interna: HONESTIDADE consigo mesmo, para
ser honesto com o ATENDIDO. Quando o ATENDENTE FRATERNO não consegue
assimilar o que o ATENDIDO expôs, é muito mais lúcido dizer: “Desculpe-me, não
compreendi, pode explicar novamente?”; do que se fazer de entendido. A maioria dos
Atendidos sente-se mais à vontade com Atendentes que lhes pareçam seres humanos falíveis.
Em vista disso, pode o ATENDENTE FRATERNO solicitar detalhes, se necessário, para
melhor compreender o relato do Atendido. Quando os motivos que o levaram a procurar pelo
auxílio da Casa Espírita não ficarem muito claros, deve pedir, com tranqüilidade
esclarecimentos.
A honestidade recíproca desta natureza pode incluir, às vezes, dizer ao ATENDIDO
que ele não tem uma solução pronta. Os problemas que surgem no ATENDIMENTO
FRATERNO são os mais diversos e o ATENDENTE não deve propor diagnósticos precoces,

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fazer promessas de curas ou confundir problemas de ordem orgânico-psíquico com
influências espirituais.
A CONFIANÇA é resultante de um relacionamento honesto. No ATENDIMENTO
FRATERNO, a confiança é um dos fatores mais importantes para o bom andamento das
atividades. Quanto mais o ATENDENTE FRATERNO investe no autoconhecimento, mais
qualificadas serão suas ações, por ter descortinado suas próprias limitações.
Sabedor do amparo dos Benfeitores Espirituais, que suprem as limitações humanas, a
conduta do ATENDENTE volta-se para a apresentação da Doutrina Espírita e do Evangelho
de Jesus, despersonalizando o atendimento.
O CARINHO empreendido na entrevista de atendimento aproxima as almas
envolvidas na tarefa. Quando o ATENDIDO percebe que o ATENDENTE está fazendo o
melhor, a reciprocidade tende a criar condições internas que poderão incentivá-lo a seguir as
orientações dadas pelo Atendente. Frases tipo: “Confiemos em Jesus”, “Estamos amparados
pelos Espíritos Amigos”, podem auxiliar, mas não bastam. É imprescindível que o
ATENDIDO seja envolvido pelo clima do amor, da fraternidade, do respeito e do carinho no
Atendimento.
O ATENDENTE FRATERNO, como qualquer ser humano, comunica-se de muitas
formas sutis, pelas quais o ATENDIDO pode perceber seu ânimo. Assim, é imprescindível ter
em mente que a expressão facial revela muito. Movimentos e gestos completam o quadro,
apoiando, negando, confirmando, rejeitando ou embaraçando. O tom de voz é ouvido pelo
ATENDIDO e o faz decidir se existe confirmação das palavras, ou se essas não passam de
máscaras. Para o melhor ou para o pior, o ATENDENTE FRATERNO está exposto ao
ATENDIDO, e quase tudo que faz ou deixa de fazer é anotado e pesado pela mente do
observador. Daí ser necessário ao ATENDENTE FRATERNO a sintonia constante com o
Mais Alto, a fim de que não lhe falte amparo antes, durante e depois da tarefa.
OUVIR com amor e DISCERNIR com sabedoria são pressupostos para um
Atendimento favorável. Muitas vezes os Atendentes principiantes ficam tão preocupados com
o que irão dizer em seguida que criam dificuldades em ouvir e absorver o que está sendo
narrado pelo ATENDIDO. Lembremo-nos: “...o silêncio é o melhor remédio onde não
podemos auxiliar” (11).
Talvez leve algum tempo descobrir que, em geral, o que dizemos é muito menos
importante do que nos parece. A prudência e o silêncio interior, no momento do Atendimento,
livram o ATENDENTE da ansiedade e do entusiasmo e, com isso, ampliam-lhe a capacidade
de auscultar a problemática do irmão.

29
É inegável a necessidade do ATENDIDO de falar sobre seus padecimentos, contudo, o
ATENDENTE deve lembrar-se do ensinamento de Jesus: “Dá a quem te pedir.” (Mt, 5:42).
Não podemos avançar os limites impostos pelo outro; o servidor espírita aguarda pronto para
servir, todavia é necessário que lhe seja solicitado o auxílio.

Características do Atendido:

O ATENDIDO tem como característica o fato de necessitar de algum tipo de ajuda.


Marcado por circunstâncias desafiadoras, ele pode apresentar-se de diversas maneiras. Ao
ATENDENTE cabe a tarefa de recebê-lo com carinho e vigilância. Daí a importância de estar
preparado para as situações mais diversas. Vejamos, a seguir, algumas diferentes
personalidades destacadas na Apostila de Atendimento Fraterno, do Grupo Espírita Bezerra
de Menezes (03):
O DESESPERADO que procura a Casa Espírita deve contar com a tolerância do
ATENDENTE FRATERNO. Geralmente, a pessoa se desespera por não confiar na
Providência Divina, por potencializar seu problema além do necessário e por estar
desequilibrado. Nesses casos o tratamento deve ser objetivo, por exemplo, encaminhamento
para a terapêutica do Passe e Reuniões Públicas. Para Allan Kardec, “O desespero é uma
rebeldia à vontade do Onipotente, sempre punido com o prolongamento da causa que o
produziu, até que haja completa submissão” (13). Apenas através da docilidade e do
entendimento poderá o ATENDENTE FRATERNO conduzir o enfermo para o
esclarecimento.
O Educador lionês ensina-nos, com respeito ao DESANIMADO, que “O desânimo é
uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio
para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade.” (09).
Para esse perfil de enfermidade deverá o ATENDENTE ser cauteloso com as palavras, em
alguns casos o desânimo pode indicar problemas de ordem psicológica que requerem
tratamentos com os médicos terrenos.
O DESCRENTE traz consigo o discurso da arrogância, pois não admite suas falhas,
mas ao mesmo tempo espera que outros o convençam de que está errado. Deve o
ATENDENTE, convicto de sua tarefa-amor, deixar claro que o papel da Casa Espírita se
restringe a ajudar apenas aqueles que desejam receber esse auxílio. Com carinho e os recursos
da espiritualidade deverá elucidá-lo de que não há, em toda a Comunidade Espírita
comprometida com os desígnios do Mestre, o desejo de promover pregações proselitistas.

30
O “Fanatismo religioso é sectarismo que encarcera a liberdade de consciência,
pretendendo uma liberdade dirigida na esfera do pensamento, que torna o homem escravo de
postulados que lhe proíbem a expansão da alma pela idéia e pela razão.” (14). O
FANÁTICO existente em qualquer grupo religioso tende a assumir posturas radicais, não
aceitando outro tratamento além do espiritual. Nestas circunstâncias, deve o ATENDENTE
FRATERNO tentar orientá-lo acerca da verdadeira proposta divina, que coloca as terapêuticas
terrenas para nos auxiliarem.
O ESPIRITUALISTA, pela própria confusão feita com o termo ESPÍRITA, é aquele
que em algum momento de sua jornada terrena experienciou atividades em outros núcleos
religiosos. Muitos desses irmãos, mesmo admitindo o descontrole de suas vidas, chegam
afirmando desejar trabalhar na Casa Espírita, pedindo mensagens, dizendo-se médiuns, etc. O
ATENDENTE deve avaliar o caso com serenidade e vigilância e procurar esclarecer os
caminhos percorridos (TRAJETÓRIA EDUCATIVA1) até chegar ao exercício de uma tarefa.
Com honestidade e fraternidade pode o ATENDENTE indicar obras doutrinárias básicas para
que o ATENDIDO receba informações e convidá-lo a participar das Reuniões Públicas da
Casa.
Muito parecido com o caso anterior, o MÉDIUM já chega com o diagnóstico pronto
de sua mediunidade. Alguns afirmam ser a mediunidade ostensiva a razão de suas
perturbações e doenças. O ATENDENTE FRATERNO pode encaminhá-lo para outro
tarefeiro mais experiente no assunto ou, então, procurar tecer esclarecimentos elucidativos,
visando a despertar no ATENDIDO o hábito da prece e do estudo doutrinário-evangélico.
QUEM PERDEU ENTES QUERIDOS, comumente, chega aos templos espíritas
desejoso de contatos com o mundo espiritual, objetivando recados ou cartas desses entes que
partiram. Deve-se tentar confortar essa pessoa, não prometendo mensagens, mas preces pela
família que ficou e pelo irmão que partiu para a Pátria Espiritual. Francisco Candido Xavier,
médium e lídimo instrumento da Espiritualidade Maior, afirmava que o telefone (na legítima
comunicação espiritual) toca do Mundo Espiritual, para os planos terrenos. Destarte, se for
oportuno pode o atendente oferecer livros espíritas que possam esclarecer sobre as
vicissitudes terrenas.
QUEM DESEJA RESOLVER PROBLEMA ALHEIO, freqüentemente parente e/ou
amigo de pessoas desequilibradas, procura a Casa Espírita suplicante por lenitivos e curas
para aqueles irmãos. Trata-se de pessoas que sofrem pelo outro e estão desejosos para retirá-
los do contexto em que se encontram. O ATENDENTE FRATERNO deve esclarecer como se

1
APOSTILA DE PREPARAÇÃO DE TRABALHADORES PARA ATIVIDADES ESPÍRITAS - UEM

31
dá o auxílio espírita nesses casos; pode indicar que o nome do intercedido seja inserido no
livro de irradiações espirituais e solicitar do intercessor que estude obras doutrinárias para
melhor compreender o contexto e não deixar de fazer preces por ele.

“A prece intercessória é aquela que se faz em favor de alguém. Podemos orar por
nós e por nosso semelhante. O atendimento aos pedidos feitos na prece está
condicionado às necessidades e ao mérito daquele por quem se ora. Também serão
levados em conta os méritos do intercessor.” (17)

O SÁBIO é aquele que procura a Casa Espírita em busca de ajuda, porém sente
necessidade de mostrar que é muito inteligente e conhecedor de tudo, por ter cursado várias
escolas e porque ocupa posições de “status” no plano terreno. Se o ATENDENTE
FRATERNO não for experiente, este ATENDIDO monopolizará a conversa, transformando o
ATENDIMENTO FRATERNO em palestra ou monólogo pessoal. O “sábio” sente-se no
dever de evidenciar ao atendente sua superioridade intelectual, ignorando que esses atributos
terrenos nada significam na Pátria Espiritual. Deve o ATENDENTE, nessas circunstâncias,
buscar inspiração através da prece e procurar agir com cautela, desviando-se de disputas
cognitivas. Com humildade, mas firmeza, esclarecer a função educadora da Casa Espírita e
convidá-lo a conhecer as obras Doutrinárias. A indicação de O Livro dos Espíritos, para esse
perfil de pessoa pode ser adequada. Reflitamos: “(...) O verdadeiro sábio é muito humilde,
sabe que ignora um infinito em comparação ao pouco que aprendeu”.(18)
O PORTADOR DE DOENÇA ORGÂNICA procura a Casa Espírita convicto de ali
encontrar a cura milagrosa e instantânea para seu mal. Em muitos casos já tentou tratamentos
da medicina humana e não obteve resultado. Assim, vem sozinho ou acompanhado de amigos
e familiares “cegos” de esperança. É tarefa de o ATENDENTE FRATERNO acolhê-lo com
carinho e atenção, informando-o que a etiologia da doença pode ser de ordem interna ou
externa. Não é correto prometer curas, mas ajudar que o ATENDIDO compreenda o processo
evolutivo em que está inserido. Conforme orientações espirituais que seguem:

“A doença é um dos recursos naturais para processar renovação da vida através


da morte do corpo físico e não um castigo que põe em dúvida a natureza amorosa
de Deus.” (19)

“Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de


retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje,
diante dela.” (20)

Apesar de tudo, o ATENDENTE deve lembrar-se sempre que a Doutrina Espírita é


Consoladora e jamais sufocar no ATENDIDO o desejo de obter algum benefício. Ao
ATENDENTE FRATERNO cabe, em todas as circunstâncias, incentivar a fé raciocinada.

32
“Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus” Paulo. (Romanos, 14:22)

3.5 – Estágios do Atendimento Fraterno

As divisões ou estágios do ATENDIMENTO FRATERNO fundem-se de forma tal


que é difícil isolá-los. Eles apresentam-se como movimentos rápidos. No entanto, para uma
organização didática, faz-se importante indicá-los ao ATENDENTE:
a) Abertura ou exposição do problema
b) Desenvolvimento
c) Encerramento

a) Abertura:
No estágio da abertura é situado o assunto ou problema que motivou o
ATENDIMENTO FRATERNO. Essa fase em geral termina quando ambos, Atendido e
Atendente, compreendem o que deve ser discutido e concordam que o será. (Caso haja
alguma dissidência é prudente que o Atendimento seja encerrado ou agendado para outro
momento).
Na realidade, o ATENDIMENTO FRATERNO, poderá não se ocupar exclusiva, ou
mesmo principalmente, de um único assunto. Outros pontos podem ser levantados e o que
parecia tão central no início pode ter sua importância diminuída e ser substituído por outro
tópico. Pode ocorrer que, na medida em que o ATENDIDO se sinta à vontade durante a
entrevista, ele se permita discutir qual é o assunto principal, alterando desse modo, em parte
ou integralmente, o foco do Atendimento.

b) Desenvolvimento:
Uma vez que o assunto foi exteriorizado, passa então a ser examinado, desenvolvido.
O objetivo principal do atendimento foi alcançado e a maior parte do tempo será dinamizado
no exame mútuo do assunto, tentando-se verificar todos os aspectos e tirando-se algumas
conclusões. Esse é o momento que a experiência na tarefa e o conteúdo doutrinário-
evangélico têm um papel importantíssimo na anamnese das causas do problema.
A leitura de trechos de uma das obras da Codificação, ou de alguma obra
complementar (como as ditadas pelos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Bezerra de
Menezes e tantos outros legitimados pela autoridade divina a proferirem ensinamentos
edificantes) poderá fortalecer o ATENDIDO, ajudando-o, de forma mais didática, a
compreender as orientações recebidas.

33
c) Encerramento
O estágio três – encerramento – sob muitos aspectos se assemelha ao estágio um – o
contato inicial – embora se efetue de maneira inversa. Nem sempre o encerramento é fácil. O
ATENDENTE FRATERNO iniciante, em particular, talvez não compreenda como deixar o
ATENDIDO perceber que o tempo está se esgotando. Talvez receie fazê-lo sentir-se
"mandado embora”. O próprio Atendente talvez não esteja preparado para encerrar a
entrevista. Ambos podem encontrar dificuldade em se separarem.
Muitas coisas podem ser ditas sobre a fase de encerramento do ATENDIMENTO
FRATERNO, mas há dois fatores básicos:
 Os dois participantes do ATENDIMENTO FRATERNO devem ter consciência de que
o encerramento está ocorrendo, e aceitar esse fato, em particular o ATENDENTE.
 Durante a fase de encerramento, nenhum assunto novo deverá ser introduzido ou
discutido; caso exista material novo, deve-se marcar outro ATENDIMENTO
FRATERNO para discuti-lo.
É responsabilidade de o ATENDENTE lidar com esses dois fatores do modo mais
eficaz. A tarefa se torna mais fácil à medida que o atendente avalia progressivamente sua
importância e se sente à vontade diante dela. A menos que o ATENDIDO seja
particularmente experiente ou sensível, nem sempre saberá quanto tempo resta à sua
disposição e o ATENDENTE pode ajudá-lo indicando que o encerramento está próximo.
Há muitos estilos de encerramento, e a escolha de um deles dependerá do próprio
ATENDIMENTO FRATERNO, do Atendente e do Atendido. Às vezes, as cortesias habituais
serão suficientes para levar a entrevista ao seu final. O importante é o fato de que as
afirmações de encerramento devem ser curtas e diretas. Quando não há o que acrescentar,
quanto mais falar, menos significativo será, e mais longo e difícil o encerramento. No
ambiente da Casa Espírita o estímulo fraterno e a doçura na fala já bastam ao ATENDIDO.
Ocasionalmente, um resumo final mais explícito é necessário para verificar se o
ATENDENTE FRATERNO e o ATENDIDO se entenderam. Uma abordagem um pouco
diferente é pedir ao ATENDIDO que coloque como compreendeu o que houve durante o
Atendimento. Essa dica é para auxiliá-lo na fixação das possíveis orientações ou garantia de
possíveis soluções que ele encontrou.
O encerramento é especialmente importante porque o que ocorre durante esse último
estágio tende a determinar a impressão do Atendido sobre o ATENDIMENTO FRATERNO
como um todo. O ATENDENTE precisa estar certo de que deu a ele total oportunidade de se

34
expressar, e nessa fase final não deve haver atropelos, para evitar a impressão de que o
ATENDIDO está sendo rejeitado.
O que quer que fique para o fim – passos de revisão, ou resumo das questões – deverá
ser analisado sem pressa, com paciência, prática, atenção, reflexão e fraternidade. Cada
ATENDENTE FRATERNO pode desenvolver um estilo que o satisfaça e facilite sua tarefa.
O ATENDIMENTO FRATERNO é mais uma arte e uma habilidade do que uma
ciência. Cada Atendente descobrirá com a experiência, a fé e a reflexão seu próprio estilo e os
meios para trabalhar melhor. Em seguida, apenas para reflexão, serão apontadas fases
distintas no Atendimento que facilitam o encaminhamento das idéias.

3.6 – Atendimento iniciado pelo Atendido

Após uma breve e fraterna saudação é indicado ao ATENDENTE FRATERNO deixar


o ATENDIDO expor exatamente o que o trouxe, o que há de especial para contar. O melhor a
fazer é ajudá-lo a iniciar a narrativa, se necessitar de ajuda (o que acontece normalmente) e
ouvir o mais atentamente possível o que ele tem a dizer. Se o Atendente acreditar que algo
deve ser dito, deve fazê-lo de forma rápida e neutra, para não interferir no encaminhamento
do relato.
Algumas frases precisam ser evitadas, como, por exemplo, “Qual o seu problema?” ou
“O que veio fazer aqui?”, pois, por melhor que seja a intenção, elas podem soar mal, criando
barreiras no início do Atendimento. O Servidor da Casa Espírita, através de sua experiência,
já é capaz de entender as dificuldades vividas pelo recém-chegado. Assim, antes de enchê-lo
de perguntas procure criar um clima de acolhimento para deixá-lo confortável.
O ATENDENTE FRATERNO deve confiar no Amparo Espiritual, que interfere em
alguns momentos no campo mental do ATENDIDO e o beneficia, aclarando suas idéias e
direcionando o diálogo fraterno. É comum o Atendido preparar o início da exposição e o
assunto seguir por outra direção.
Neste estágio, pode ser gerado um obstáculo: em razão da ansiedade do ATENDIDO
para expor seu drama, ele inicia a narrativa de uma maneira descontrolada. Nesses casos, o
ATENDENTE FRATERNO poderá fazer uma introdução do Atendimento, falando dos
objetivos da Doutrina, gerando, assim, vibrações tranqüilizantes e balsâmicas.
Em alguns casos, a prudência indica a interferência do ATENDENTE FRATERNO
sem deixar claro que ele está intercedendo, pois há pessoas que não gostam do simples fato de
se sentirem auxiliadas.

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Observação: O Atendente deve estar atento, para as interferências negativas, que
visam tumultuar a mente do Atendido, trazendo idéias difíceis, sem sentido ou, ainda, que
levam o Atendido a sentir mal-estar durante o encontro. Caso isso aconteça, é imperioso
manter a calma, a vigilância e a oração.
“É necessário que Ele (o Cristo) cresça e que eu diminua.” (Jô, 3:30)

3.7 – Atendimento iniciado pelo Atendente

Partindo do pressuposto que o ATENDIMENTO FRATERNO acontece na Casa


Espírita, entre amigos ou companheiros de tarefas, entre dirigentes e trabalhadores, é comum
nesta modalidade de Atendimento que o ATENDENTE inicie o diálogo, preambulando com
assuntos corriqueiros.
Nestes casos o ATENDENTE FRATERNO deve ser cuidadoso ao solicitar o diálogo.
O ATENDENTE deve mostrar interessado pelos motivos que provocou o
ATENDIMENTO FRATERNO, para evitar ansiedade e promover a confiança por parte do
ATENDIDO. Em seguida, o ATENDENTE FRATERNO deve se colocar na condição de
ouvinte prestimoso e amigo, sem nenhuma idéia preconcebida.

3.8 – Dinâmica do Atendimento

No dicionário Aurélio a palavra dinâmica significa “parte da mecânica que estuda o


movimento dos corpos, relacionando-os às forças que o produzem”. Adequando a significação
ao contexto do ATENDIMENTO FRATERNO, a dinâmica é importantíssima para não
estancar os procedimentos. Mas, para o ATENDENTE FRATERNO, a tarefa deve ser
assumida como extensão do Atendimento Espiritual, por isso ela é apenas um dos meios e não
o fim.
Assim, os fatores tempo e disciplina devem anteceder ações precipitadas e
personalistas. “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.”
Jesus. (Jo, 4:35). Vejamos, pois, os tópicos que se seguem:

a) Objetividade:
O tempo é um fator importantíssimo para o ATENDIMENTO FRATERNO, a fim de
que a tarefa não se torne uma sessão de análise ou um ambiente de confissão. O tempo deve
ser dimensionado para que a conversa seja produtiva e objetiva. Além disso, a tarefa necessita
de uma dinâmica que ofereça oportunidades para que outras pessoas sejam atendidas.

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Percebendo que o tempo está esvaindo-se, o ATENDENTE pode afirmar: “desculpe,
mas temos só mais 10 minutos”. Na situação em que o tempo foi insuficiente, educadamente o
ATENDENTE solicita desculpas e interrompe. É preferível, em alguns casos, deixar o assunto
em aberto do que discursar, pretensiosamente, em segundos. Em conformidade com o
ATENDIDO poderá o ATENDENTE agendar um novo momento ou um encaminhamento
que possa auxiliá-lo.
Havendo vários atendimentos, o ATENDENTE, se possível, pode fazer uma pequena
pausa entre um e outro, para apaziguar-se, concentrando-se para o novo Atendimento.
Quando o ATENDIMENTO FRATERNO for único, esse tipo de estruturação de
tempo não é muito importante, mas a parte integrante da atmosfera geral do trabalho não deve
ser olvidada e os limites devem ser colocados com clareza. Às vezes, as pessoas continuam
falando, sem perceberem que estão se repetindo. Talvez não saibam como finalizar, levantar e
sair.

b) Tempo do Atendimento:
Partindo do princípio que o ATENDIMENTO é FRATERNO o Atendente deve
estipular o tempo de duração, apenas para direcionar a conversa. Em geral, um bom diálogo
pode ser realizado entre 30 a 45 minutos, havendo necessidade de estender, é melhor não
fazê-lo por muito tempo. Se o assunto for encerrado antes do prazo estipulado, o Atendimento
pode ser encerrado sem constrangimentos.

c) Disciplina:
Para que o ATENDENTE tenha autoridade no tempo, ele deve ser o próprio exemplo
de disciplina. Jamais atrasar o início do ATENDIMENTO FRATERNO. Todo atraso gera
desconforto, angústia e desconfiança.
Em caso de impedimentos plausíveis, o ATENDENTE deve se justificar, para evitar
críticas ou embaraços no transcorrer do Atendimento. Humildade e simplicidade respaldam
nossas ações.

Recomendações Importantes:

O ATENDENTE FRATERNO desenvolverá, ao longo do tempo e experiência,


estratégias e técnicas próprias para auxiliar com amor os que buscam as Casas Espíritas. As
orientações e comentários desta Apostila em momento algum pretendem por termo às

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questões relativas ao tema. Ao contrário, deseja-se que estes apontamentos possam ser
aprimorados e dinamizados pelos tarefeiros. Apenas para finalizar, enumeraremos alguns
pontos, já comentados, que podem dinamizar o trabalho:
a) Evitar apontar erros. “Os erros são obras de nossa inexperiência, redundando em
maturidade espiritual” (12), no entanto, precisamos ter serenidade e humildade para
aceitá-los e endireitar as veredas através do perdão e do autoperdão.
b) Aprender a ouvir. Manter a mente em prece para ouvir e selecionar com discernimento
o conteúdo informado pelo visitante. Prestar atenção no que ele diz, como se
comporta, o que prioriza em sua exposição, etc. Expressar interesse e dar atenção ao
que ele relata.
c) Avaliar diariamente os atendimentos. Verificar com lucidez as possíveis falhas e
delinear estratégias inteligentes de superá-las. Nunca se esqueça que você deve pedir
auxílio aos irmãos mais experientes.
d) Não permitir que o ATENDIMENTO torne-se uma mini-sessão mediúnica. Podem
ocorrer situações em que o enfermo, perturbado por influências espirituais, dê
passividade diante do ATENDENTE. Cabe a este interromper com a autoridade
sincera daqueles que obram com Jesus. Posteriormente, deve relatar ao Coordenador
da tarefa o ocorrido e, se necessário, encaminhar o irmão para terapêuticas
apropriadas.
e) No dia da tarefa, bem como no anterior e no posterior, o ATENDENTE FRATERNO
deve evitar excessos de toda ordem, mantendo-se em prece e atitudes positivas, a fim
de atrair a proteção de Benfeitores Espirituais.
f) Quando indagado sobre temas doutrinários que não domina, seja sincero e admita sua
deficiência; nunca, porém, queira inventar respostas vazias e mentirosas, como nos
ensina o Espírito de Emmanuel: “Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem
fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindível ao êxito, nem
desdenhará a cooperação, que é companheira dileta do amor.” (21)

3.9 – Palavras Finais

“Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste


aos processos da evolução”.(22) O Atendimento Espiritual, como o conjunto de ações
fraternas, contínuas, dirigidas aos freqüentadores da Casa Espírita, contempla atividades
planejadas e organizadas no sentido de atender necessidades específicas aos que buscam

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amparo no Espiritismo. Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção às pessoas que
chegam à Casa Espírita, acolhendo-as e orientando-as de acordo com os princípios
Doutrinários e Evangélicos.
Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, o ATENDIMENTO
FRATERNO que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe levar lenitivo e luz
evangélica aos que buscam conforto nas dificuldades, explicações para as dúvidas,
encaminhamento para compreensão dos problemas e consolo nos momentos de dores.

39
3.10 – Referências Bibliográficas

(01) XAVIER, Francisco Cândido. Autores Diversos. Relicário de Luz. 4ª Edição. Rio de
Janeiro: FEB. 1962.

(02) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.

(03) Material Didático fornecido pelo Grupo Espírita Bezerra de Menezes - Atendimento
Fraterno na Casa Espírita.

(04) HOUAISS, Antonio (1915-1999). VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da


Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001.

(05) FRANCO, Divaldo Pereira. Lampadário Espírita. Pelo Espírito de Joanna de Ângelis. 5ª
Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1991.

(06) FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Conselho Federativo Nacional. Orientação ao


Centro Espírita. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1988.

(07) XAVIER, Francisco Cândido. Estude e Viva. Rio de Janeiro: FEB.

(08) EMMANUEL, (Espírito). O Consolador. 23ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

(09) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 16ª
Edição de bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2004.

(10) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Rio de Janeiro: FEB. 2004.

(11) ______________________. Correio Fraterno. Por Diversos Espíritos. 4ª Edição. Rio de


Janeiro: FEB. 1991.

(12) JACINTHO, Roque. Intimidade. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(13) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução Manuel Justiniano Quintão. 55ª Edição.
Rio de Janeiro: FEB. 2005.

(14) Ó, Fernando do. Uma Luz no meu Caminho. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1984.

(15) SANT´ANNA. Hernani T. Universo e Vida. Pelo Espírito Áureo. 4ª Edição. Rio de
Janeiro: FEB, 1994.

(16) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003.

(17) FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Departamento de Infância e Juventude.


Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-juvenil. Rio de Janeiro: FEB,
1982.(18) BRAGA, Ismael Gomes. Elos Doutrinários. 3ª Edição. Revisada. Rio de Janeiro:
FEB, 1978.

(18) BRAGA, Ismael Gomes. Elos Doutrinários. 3ª ed. ver. Rio de Janeiro:FEB, 1978.
40
(19) MIRANDA. Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB,
Cap. 23. 1991.

(20) XAVIER, Francisco Cândido. Instruções Psicofônicas. Recebidas de vários Espíritos, no


“Grupo Meimei”, Org. Arnaldo Rocha. 6ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. 20.

(21) XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito de Emmanuel. 23ª. Ed. Rio de
Janeiro: FEB. 2005.

(22) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 9ª. Ed.
Rio de Janeiro: FEB. Cap. 3. 1991.

BENJAMIN. Alfred. A Entrevista de Ajuda. Trad. Urias Corrêa Arantes. 3ª Edição. São
Paulo: Martins Fontes. 1985.

FRANCO. Divaldo Pereira. Atendimento Fraterno (Apostila). Pelo Espírito de Manoel


Philomeno de Miranda. Salvador. Bahia, 1997.

Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Recepção e
Atendimento Fraterno na Casa Espírita. Projeto 1868 – Evangelho, Espiritismo e Educação.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002.

XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio
de Janeiro: FEB. 2005.

41
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL

EVANGELHO
NO LAR

“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a


minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com
ele cearei, e ele, comigo”.

(Apocalipse, 3:20)

42
4 – EVANGELHO NO LAR

4.1 – Introdução

“... e se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir...”.
(Mc, 3:25)

“De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do


ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida”. (01, capítulo 17). O convívio no lar,
com Jesus, através do estudo em família do seu Evangelho de Amor, é uma necessidade de
todos.
Nós, Espíritos encarnados em luta na escola bendita do Planeta Terra, precisamos
encontrar forças para enfrentar com fé e perseverança óbices do caminho evolutivo. Desse
modo, encontramos na prática do EVANGELHO NO LAR os recursos a nos facilitarem a
iniciativa.
O EVANGELHO NO LAR, como integrante do conjunto de atividades das Casas
Espíritas que visam ao apoio, ao conforto e à orientação daqueles que as freqüentam, deve ser
o veículo de conexão desta com os lares, ao incentivar o estudo em conjunto do Evangelho de
Jesus.
A prática do EVANGELHO NO LAR integra, na Casa Espírita, o conjunto de
atividades que compõem o ATENDIMENTO ESPIRITUAL juntamente com a RECEPÇÃO e
o ATENDIMENTO FRATERNOS, as VISITAS AOS LARES E HOSPITAIS e a REUNIÃO
DE IRRADIAÇÃO.
A prática do EVANGELHO NO LAR não pretende ser a cura de todos os males, mas
pode oferecer harmonização necessária para o reequilíbrio familiar, trazendo a paz e a
serenidade de espírito a todos. Desse modo, esta prática é luz a irradiar aquele que, no
agrupamento doméstico, decidiu seguir os passos dos cristãos comprometidos com o Mestre
de nossas vidas.
Lembremo-nos, sempre, de que o EVANGELHO NO LAR conscientiza a família da
necessidade de renovação dos valores morais e espirituais tendo os ensinamentos de Jesus
como diretriz: “625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe
servir de guia e modelo?” - “Jesus.” (02)
Portanto, o objetivo desta apostila é facultar ao trabalhador espírita subsídios para a
implantação do EVANGELHO NO LAR, não só como mais uma atividade de estudo, mas,
primordialmente, como fonte de sustentação, de reflexão sobre a vida e de oportunidade para
a vivência da fraternidade em família.
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Objetivos:

Tendo em vista a importância do núcleo familiar nesse momento de transição,


conforme elucida André Luiz: “A família consangüínea é uma reunião de almas em processo
de evolução, reajuste, aperfeiçoamento ou santificação. O homem e a mulher, abraçando o
matrimônio por escola de amor e trabalho, honrando o vínculo dos compromissos que
assumem perante a Harmonia Universal, nele se transformam em médiuns da própria vida,
responsabilizando-se pela materialização, a longo prazo, dos amigos e dos adversários de
ontem, convertidos no santuário doméstico em filhos e irmãos. (...)
- A família física pode ser comparada a uma reunião de serviço espiritual no espaço e no
tempo, cinzelando corações para a imortalidade.” (03 – Cap. 30)
Assim, cabe a nós, nos reencontros da oportunidade reencarnatória, buscar sintonia de
sentimentos na vida doméstica, através de trabalho, paciência e humildade, renúncia e boa-
vontade.
Portanto, a família consangüínea representa a realização imediata de confraternização
e harmonização, quando somos defrontados com nossos reflexos, que no dizer de Emmanuel
são devolvidos pelo pretérito: “A família consangüínea, entre os homens, pode ser apreciada
como o centro essencial de nossos reflexos.” (04)

“Disse-lhes pois Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo
sempre está pronto.” (João, 7:6)

“A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada
dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação
e no pensamento?” (05 – Cap. 01). O EVANGELHO NO LAR traz à família sustentação
moral nas adversidades, apoio no trato com membros do grupo doméstico, bem como é o
sustentáculo seguro para as dificuldades espirituais.
Além disso, o estudo do EVANGELHO NO LAR convida a família a buscar os
elementos necessários para uma vivência nos moldes da conceituação evangélico-moral
trazida por Jesus. Entretanto, outras finalidades podem ser apontadas, tais como:
a) Estudar o Evangelho de Jesus, através da Codificação Kardequiana e das obras
subsidiárias, em especial as ditadas por Emmanuel.
b) Estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo de maneira seqüencial para compreender
as lições de Jesus em espírito e verdade.
c) Criar o hábito do estudo e da oração em família, fortalecendo a amizade e o
sentimento de fraternidade.

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d) Criar no ambiente doméstico momentos de paz, saneando os pensamentos, elevando
os sentimentos, o que facilita o amparo dos Mensageiros do Bem.
e) Fortalecer nos integrantes do Lar a coragem, a esperança, a alegria e a boa-vontade
para com todos.
“Quando o Evangelho penetra o lar, o coração abre mais facilmente a porta ao
Mestre Divino” (05 – p. 12)

“(...) Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados


tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza.
Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.”
Allan Kardec (02- Questão 774)

4.2 – Implantação do Evangelho no Lar

Quando se trata do estudo do EVANGELHO NO LAR, todos os familiares deverão


ser convidados, estimulados e motivados a participar, inclusive as crianças. Se os membros da
família não puderem ou não quiserem participar do estudo, uma só pessoa poderá realizá-lo,
ainda que sozinha, na certeza de que o Lar e os outros familiares serão beneficiados.
Não há obrigatoriedade em relação à implantação do estudo do EVANGELHO NO
LAR. Entretanto, uma vez iniciada a prática, uma equipe Espiritual será designada, pela
Misericórdia Divina, para acompanhar aquele esforço de iluminação da família, sustentando o
estudo, fluidificando a água, dispersando fluidos deletérios formados por pensamentos e
palavras em desajustes e aplicando passes nos mais necessitados (passes espirituais). Em
virtude disto, necessário se faz o comprometimento com este estudo, especialmente no que se
refere ao dia e à hora previamente escolhidos. Disciplina e pontualidade, boa-vontade e
participação são exigências que se fazem com relação ao EVANGELHO NO LAR.
A reunião será semanal e deverá ter a duração aproximada de 30 (trinta) minutos, mas
não deve exceder 1 (uma) hora. Se houver a participação de crianças, deve-se optar pelo
tempo mínimo. Além disso, os pais devem incentivá-las a participar do estudo. Nestes casos,
podem utilizar livros apropriados ao seu entendimento, liberando as crianças, em
aproximadamente 10 (dez) minutos, para que fiquem no mesmo ambiente realizando
atividades tranqüilas, como colorir ou ler, sempre utilizando material de valor pedagógico e
evangélico.
Em seguida, os adultos poderão realizar, normalmente, o estudo de O Evangelho
Segundo o Espiritismo (ou outra obra apropriada), convidando as crianças, ao final, para as
vibrações e a prece de encerramento. A pontualidade no início da reunião, a disciplina, a
perseverança e a constância no estudo são imprescindíveis. É recomendado o estudo

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seqüencial de O Evangelho Segundo o Espiritismo, além de outras páginas evangélicas, com a
participação ativa de todos. Ninguém deverá ser obrigado a falar, mas sugere-se que o convite
para comentar a passagem lida seja feito a todos os participantes.
A série formada pelos livros Fonte Viva, Vinha de Luz, Pão Nosso e Caminho,
Verdade e Vida, todos ditados por Emmanuel a Chico Xavier, forma uma opção de alto teor
evangélico e doutrinário. Poesias, histórias, cantos ou narrativas espíritas poderão enriquecer
a reunião.
O Lar onde o Evangelho é estudado, com perseverança e boa-vontade, torna-se, ainda,
foco irradiador para os lares vizinhos nos quais, por vezes, o Mestre ainda não foi convidado a
entrar.
Durante o EVANGELHO NO LAR desaconselha-se qualquer tipo de manifestação
mediúnica. O local apropriado para as comunicações de Espíritos desencarnados é, sem
sombra de dúvida, as reuniões mediúnicas das Casas Espíritas. Assim, deve-se evitar a
passividade mediúnica. Em se manifestando algum Espírito, o responsável pela reunião de
estudo, ou alguém mais experiente, deve solicitar ao irmão desencarnado que se apresente
para comunicação na Casa Espírita, a fim de receber as devidas orientações. Em caso de
inexperiência dos participantes e sendo a manifestação francamente hostil, deve-se trazer a
pessoa à consciência, chamando-a pelo seu nome insistentemente e solicitando que os demais
permaneçam em prece.
Pode-se colocar uma garrafa d’água ou um copo para cada pessoa presente, conforme
a escolha da família, a fim de ser fluidificada. Caso a família opte por uma jarra d’água e haja
algum dos presentes com necessidades especiais, pode-se separar apenas a água destinada a
esta pessoa. Sempre que necessário, poderão ser aplicados passes magnéticos (humanos),
desde que haja pessoas com experiência nesse trabalho entre os membros do grupo ali
reunido.
Além dos familiares, vizinhos e amigos, poderão ser convidados a participar dos
estudos visitantes que estiverem no lar na hora habitual da reunião. Se a visita não se sentir
confortável para participar, a família deverá encaminhá-la a um local separado, onde
aguardará o término da reunião para a confraternização amigável. A família não deverá, sob o
pretexto de que a visita pertence a outra religião, deixar de se reunir no horário habitual.
Também não deverão servir de empecilho à realização do estudo, os passeios ou viagens
adiáveis, festas, reuniões ou outros acontecimentos, que possam vir a desvincular a família de
seus propósitos.

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É aconselhável escolher um lugar da casa que ofereça privacidade, para evitar
interferências inconvenientes. Sugere-se que os celulares sejam desligados e que seja
abaixada a campainha do telefone fixo da residência. A cada reunião o responsável poderá
designar algum membro para responder ao interfone ou à campainha, a fim de esclarecer
sobre aquele momento de preces e recolhimento em que a família se encontra.
Em especial, no dia da Reunião de Estudo do Evangelho no Lar, o ambiente doméstico
deverá ser preservado, por meio de atitudes e pensamentos de paz e cordialidade, bem como
de conversações dignas e edificantes. A música de boa qualidade poderá fazer parte desta
preparação durante o estudo do EVANGELHO NO LAR.
Conversações menos dignas e atitudes inconvenientes antes, durante ou depois do
estudo devem ser evitadas, para que sejam preservados os fluidos espirituais dispersados no
ar, pela Equipe responsável pelo culto.

4.3 – Dinâmica do Estudo

Antes de se iniciar a reunião, serão distribuídas as tarefas do estudo, escolhendo-se os


participantes que farão as preces e as leituras. A coordenação do estudo deverá ficar a cargo
do membro da família que maiores condições apresentar para a tarefa. Caso todos tenham o
mesmo nível de conhecimento evangélico-doutrinário, pode-se fazer um rodízio à escolha da
família, ficando a coordenação delegada a cada membro em um determinado dia do mês (ex.:
primeira semana, segunda semana, etc.). A dinâmica de estudo do EVANGELHO NO LAR é
composta de prece inicial, leituras e comentários, vibrações e prece de encerramento.
Vejamos:

a) Prece Inicial:
Proferida pelo dirigente ou por quem ele escolher; deverá ser concisa, simples e
objetiva, pedindo-se a Deus e a Jesus, bênçãos de paz e alegria. (aproximadamente 2
minutos). Há famílias que fazem rodízio entre os filhos, na coordenação das atividades,
incentivando-os nas responsabilidades espirituais.

b) Leituras e Comentários:
Conforme dito anteriormente, a leitura principal poderá ser de um trecho de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, feita de forma seqüencial ou aleatória, e, em seguida, de
página evangélico-doutrinária. Poderão ser usados os livros da Codificação, o Novo

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Testamento, Vinha de Luz, Fonte Viva, Caminho, Verdade e Vida e Pão Nosso, de
Emmanuel, psicografados por Chico Xavier.
É possível aproveitar o EVANGELHO NO LAR para o estudo de livros doutrinários,
tais como O Livro dos Espíritos, o Que é o Espiritismo (duas ou três perguntas por vez) e
outros.
É importante que todos participem ativamente dos comentários, contribuindo para
esclarecer o assunto e enriquecer o aprendizado. (aproximadamente 20 a 50 minutos,
dependendo do tempo total escolhido pela família).
Devem-se evitar comparações ou críticas que possam desmerecer pessoas ou religiões.
Os comentários não deverão ser feitos de forma pessoal, nem utilizados para sanar quaisquer
contendas ou indisposições entre os membros da família. Pode-se, contudo, reservar alguns
instantes após o EVANGELHO NO LAR para discutir questões familiares, uma vez que a
disposição de todos estará renovada pelos bálsamos espiritualizantes deixados no ambiente
doméstico pela equipe responsável pelo estudo. Nessa oportunidade, assuntos do dia-a-dia
podem ser apresentados à discussão, com o objetivo de serem analisados sob a ótica de seu
conteúdo moral, por exemplo, relacionamento familiar, boletim escolar das crianças, etc.
De todos os assuntos discutidos, deve o dirigente retirar o aspecto moral e a lição
educativa que possa contribuir para a reflexão e a mudança de comportamento dos
participantes.
Se a família optar por uma leitura complementar, ela poderá ser feita a partir das obras
anteriormente citadas. Neste caso, apenas a pessoa que fizer a leitura deverá comentar,
trazendo as orientações para o dia-a-dia da família e procurando a ligação que, certamente
haverá, com o estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. (aproximadamente 10 a 15
minutos).

c) Vibrações:
Durante a oração pode-se vibrar pelo lar, pelos familiares e amigos, pelos enfermos e
necessitados, encarnados e desencarnados e, principalmente, pelos desafetos. Pode-se pedir
pelos governantes e, finalmente, vibrar em benefício dos participantes e da fluidificação das
águas. (3 min.)

d) Prece de encerramento:
Simples, clara e concisa, em agradecimento a Deus, a Jesus e aos Amigos Espirituais,
pelas bênçãos do estudo e aprendizado, e pela alegria da convivência fraternal. (2 min.)

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Observações Importantes:

É comum, na implantação do EVANGELHO NO LAR, o surgimento de diversos


empecilhos na hora de sua realização, como se se quisessem por à prova a intenção e a
persistência dos interessados. Os mais recorrentes são:
Visitas inesperadas: a presença de visitas não deverá impedir a realização do estudo,
convidando-se os visitantes a dele participarem, se isso lhes aprouver, explicando-lhes antes o
assunto, com franqueza e humildade.
Campainhas da porta ou telefones: um dos participantes deverá ser escalado para
atender ambos os casos. Recomenda-se não deixar o telefone fora do gancho, mas os celulares
podem ser desligados.
Sonolência: tanto as crianças quanto os adultos sonolentos devem ser orientados para
que respirem fundo, tomem água, lavem o rosto, façam uma prece, a fim de evitar sugestões
hipnóticas.
Inquietação das crianças: é normal que, de início, as crianças chorem, façam birra,
fiquem inquietas, puxem e mexam em tudo; talvez, a melhor solução, seja ignorar tais
procedimentos, motivando-as com livros e revistas apropriadas, ou dando-lhes algum tipo de
responsabilidade na preparação ou na realização do estudo (trazer água, apanhar livros, fazer
uma prece, etc.).

4.4 – Palavras Finais

“O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda


parte, onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa
Nova surgiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de
Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou,
primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por
nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com
os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo. Quando o
ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os
pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum”.Emmanuel - Revista Reformador
- julho de 1952 - p. 165

Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, a implantação do


EVANGELHO NO LAR que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a orientar,
ensinar e esclarecer aqueles que buscam a Casa Espírita e têm interesse sério no estudo do
Evangelho de Jesus, para auferir, através dele, consolo para suas dores, necessidades,
espirituais e físicas.

49
Que em nossa tarefa-amor de implantação do EVANGELHO NO LAR, possamos
sempre ter em mente que o trabalho é do Cristo, só a Ele devem ser reportados os êxitos e só
Ele pode nos sustentar nos momentos de provação.

O Evangelho no Lar
Bezerra de Menezes

“Trabalhemos pela implantação do Evangelho no lar, quando estiver ao alcance de nossas


possibilidades. A seara depende da sementeira.
Se a gleba sofre o descuido de quem lavra e prepara, se o arado jaz inerte e se o cultivador teme o
serviço, a colheita será sempre desengano e necessidade, acentuando o desânimo e a inquietação.
É importante nos unamos todos no lançamento dos princípios cristãos no santuário doméstico.
Trazer as claridades da Boa Nova ao templo da família é aprimorar todos os valores que a
experiência terrestre nos pode oferecer.
Não bastará entronizar as relíquias materiais que se reportem ao Divino Mestre, entre os adornos
da edificação de pedra e cal, onde as almas se reúnem sob os laços da consangüinidade ou da
atração afetiva. É necessário plasmar o ensinamento de Jesus na própria vida, adaptando-se lhe o
sentimento à beleza excelsa.
Evangelho no Lar é Cristo falando ao coração. Sustentando semelhante luz nas igrejas vivas do lar,
teremos a existência transformada na direção do Infinito Bem.
O Céu, naturalmente, não nos reclama a sublimação de um dia para outro nem exige de nós, de
imediato, as atitudes espetaculares dos heróis.
O trabalho da evangelização é gradativo, paciente e perseverante. Quem recebe na inteligência a
gota de luz da Revelação Cristã, cada dia ou cada semana transforma-se no entendimento e na
ação, de maneira imperceptível.
Apaga-se nas almas felicitadas por essa bênção o fogo das paixões, e delas desaparecem os
pruridos da irritação inútil que lhe situa o pensamento nos escuros resvaladouros do tempo
perdido.
Enquanto isso ocorre, as criaturas despertam para a edificação espiritual com o serviço por norma
constante de fé e caridade, nas devoluções a que se afeiçoam, de vez que compreendem, por fim,
no Senhor, não apenas o Amigo Sublime que ampara e eleva, mas também o orientador que
corrige e educa para a felicidade real e para o bem verdadeiro.
Auxiliemos a plantação do cristianismo no santuário familiar, à luz da Doutrina Espírita, se
desejamos efetivamente a sociedade aperfeiçoada no amanhã.
Em verdade, no campo vasto do mundo as estradas se bifurcam, mas é no lar que começam os fios
dos destinos e nós sabemos que o homem na essência é o legislador da própria existência e o
dispensador da paz ou da desesperação, da alegria ou da dor a si mesmo.
Apoiar semelhante realização, estendendo-se no círculo das nossas amizades, oferecendo-lhes o
nosso concurso ativo, na obra de regeneração dos espíritos na época atormentada que
atravessamos, é obrigação que nos reaproximará do Mentor Divino, que começou o seu apostolado
na Terra, não somente entre os doutores de Jerusalém, mas também nos júbilos caseiros da festa de
Caná, quando, simbolicamente, transformou a água em vinho na consagração da paz familiar.
Que a Providência Divina nos fortaleça para prosseguirmos na tarefa de reconstrução do lar sobre
os alicerces do Cristo, nosso Mestre e Senhor, dentro da qual cumpre-nos colaborar com as nossas
melhores forças”.

Do livro "Temas da Vida". Edição CEU – Evangelho no Lar

“E Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra: serão renovos por mim
plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado”.
(Isaías, 60:21)

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4.5 – Referências bibliográficas

(01) XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Pelo Espírito de Emmanuel. 24. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2003.

(02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003

(03) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito de André
Luiz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(04) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(05) XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 33ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005.

APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Estudo Sistematizado da


Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração).

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000.

KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.

KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª


Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB.
2005.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002

EMMANUEL, (Espírito). O Consolador. 23ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido


Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

51
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL

VISITAÇÃO A
LARES E HOSPITAIS

“(...) estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitastes-me;


estive na prisão, e fostes ver-me. E, quando te vimos
enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo
o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim
o fizestes”.
(Mateus, 25:6, 39-40)

52
5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS

5.1 – Introdução

“Um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto,
foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as
pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. - No dia
seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem
e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar”. Jesus. (Lc, 10:33- 35).

O objetivo deste trabalho é esclarecer sobre a atuação da EQUIPE DE VISITAÇÃO


em lares e hospitais e, ainda, destacar a responsabilidade exigida para a execução desta tarefa.
Imperioso lembrar que, cada tarefeiro em visita aos lares e hospitais necessita exercitar
atenção redobrada, visto que estará diante de situações, às vezes, inusitadas e de pessoas com
necessidades diversas. Estas circunstâncias exigem da equipe boa orientação, equilíbrio,
segurança, boa vontade e disponibilidade íntima para estar realmente a serviço do Cristo.
A Doutrina Espírita, como o Consolador Prometido, oferece aos seres humanos todas
as possibilidades de entendimento dos conceitos acima citados, bem como elucida os motivos
pelos quais nos encontramos envolvidos.
O trabalhador da EQUIPE DE VISITA é aquele que, adentrando lares e hospitais, em
nome do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, leva aos enfermos da alma a consolação e
o amparo para que tenham forças e esperanças, a fim de que possam lidar com a doença com a
necessária harmonia interior.

5.2 – A Visita

“E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe; e


dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e violentamente
atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde”. Jesus (Mt, 8:5-7).

Vejamos, agora, aspectos importantes para uma EQUIPE DE VISITAÇÃO, que atua
nos lares e hospitais. Conforme está registrado no Dicionário da Língua Portuguesa, de
Francisco da Silveira Bueno, a palavra Visita, s.f., refere-se ao “ato ou efeito de visitar; ato de
ir ver alguém por dever, afeição, interesse ou caridade”.
“Chamo-me Caridade; sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me,
pois conheço a meta a que deveis todos visar. Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o
coração amargurado, venho dizer-vos: Oh! meus amigos, que de misérias, que de lágrimas,
quanto tendes de fazer para secá-las todas! (...). Acompanhai-me, pois, meus amigos a fim de

53
que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha bandeira. Nada temais; eu vos
conduzirei pelo caminho da salvação, porque sou - a Caridade.” (01 – XIII - 13)
A caridade é, pois, um dos objetivos da VISITA FRATERNA, e ela se concretiza no
ato de levar lenitivo a enfermos que se encontram com dificuldade de locomoção, aos
acamados e aos necessitados da terapia do Evangelho, que propicia equilíbrio e harmonia,
através dos passes e da prece.
Outro objetivo é colaborar com a família que deseja implantar o Evangelho no Lar,
exemplificando, na prática, como se deve proceder. Embora não haja rituais a serem
considerados quando se reúne a família para a leitura e comentários do Evangelho, o apoio e o
incentivo da EQUIPE DE VISITA levam aos lares o estímulo necessário para perseverarem
neste encontro semanal.
Entretanto, a EQUIPE DE VISITA, via de regra, é convidada aos lares e hospitais
quando ocorrem situações de enfermidades físicas e espirituais. O pedido para receber uma
EQUIPE DE VISITA no lar pode originar-se:
a) de solicitação do paciente;
b) de solicitação de alguém que o represente (familiar, amigo, etc.);
c) por encaminhamento do ATENDIMENTO FRATERNO;
d) por orientação da própria EQUIPE DE VISITA.
É importante ressaltar que, não se deve negar a visita em situações em que não haja, a
princípio, uma orientação do ATENDIMENTO ESPIRITUAL. Quando o pedido parte do
paciente, este deverá ser analisado com atenção e amor. Dependendo da gravidade, a
solicitação deve ser atendida, como solução temporária, até que seja possível receber a
orientação dos trabalhadores da EQUIPE do ATENDIMENTO ESPIRITUAL.
Já nas solicitações por terceiros, deverá haver discernimento e cautela, pois o visitado
pode não desejar receber a equipe. Por isso, são imprescindíveis a ciência e a autorização do
paciente para que o atendimento seja realizado, exceto em casos de pessoas que se encontrem
impossibilitadas de tomar decisões próprias.
Nas demandas oriundas de pedidos da equipe do ATENDIMENTO FRATERNO,
podem ocorrer situações em que seja oportuno às equipes comunicarem-se, a fim de trocarem
impressões e definirem o melhor atendimento ao solicitante. Entretanto, as decisões deverão
ser sempre pautadas no bom senso, na confiança, na vontade de servir e no amparo
imprescindível da prece. “Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador
e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-

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lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos
da Vida Vitoriosa.” (02 – cap. 26)

Na Prática Cristã:

“Meus filhos, na sentença: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os


destinos dos homens, na Terra e no céu; (...) Essa divisa é o facho celeste, a
luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a
Terra da Promissão (...)”. (01 – cap. XV, item 10)

As narrativas evangélicas asseguram-nos as inúmeras intervenções de Jesus junto aos


necessitados. Estes fatos são registros de legítimo ATENDIMENTO ESPIRITUAL,
diferentemente de ações meramente materiais. Ele, o MESTRE, atende, orientando; supre,
libertando; socorre, ensinando; e ilumina, para a Vida Eterna. “Depois Jesus encontrou-o no
Templo e disse-lhe: eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma
coisa pior”.Jesus (Jo, 5:14).
Sua misericórdia e seu amor sustentam, ainda hoje, a saúde da humanidade. Suas
ações sempre foram por amor, independente da raça, credo ou condição social. Em
superioridade moral, o Mestre conhecia (e conhece) as necessidades de cada um. Assim, ao
longo do tempo, beneficia os homens individualmente, considerando a necessidade e o
merecimento de cada um.
Devemos compreender que, o atendimento em lares e hospitais feito pelas EQUIPES
DE VISITA objetivam a uma terapêutica complementar, iniciada na Casa Espírita. A meta do
trabalho cristão será sempre levar ao VISITADO palavras de bom ânimo, de confiança e de
fé, extraídas do Evangelho do Senhor, além dos recursos da prece e do passe.
Como servidores do Cristo, os tarefeiros devem estar cientes de que só JESUS – O
TERAPEUTA POR EXCELÊNCIA – é quem PROMOVE a libertação definitiva do
necessitado. Por isso, a despersonalização das ações é um dos pilares de sustentação da tarefa.

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e


vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos
ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciando o evangelho. E
bem aventurado é aquele que se não escandalizar em mim.” Jesus. (Mt, 11: 4- 6).

A Equipe Espírita deve ter consciência da seriedade do trabalho. Através das terapias
da prece e do passe, de leituras e de palavras que edificam, os sofrimentos poderão ser
minimizados, abrindo espaço para reflexões, que conduzem os indivíduos, envolvidos naquele
campo de ação, a reverem conceitos e (pré) conceitos e, sobretudo, a retomarem princípios
morais, que devem nortear a vida de todos nós.

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A tarefa de VISITA contribui para a conquista do equilíbrio e da harmonia no lar,
visto que, também, estarão envolvidos os irmãos desencarnados ligados àquele ambiente. A
terapêutica através do passe e da prece revitaliza e revigora o VISITADO para que ele, no
momento oportuno e se for de seu desejo, seja encaminhado à Casa Espírita para receber
orientações doutrinário-evangélicas pertinentes. Amparados pelo Evangelho, os tarefeiros,
imbuídos da fé e da vontade de servir, exercitam a caridade habilitando-se ao serviço com
Jesus.

Trabalho em Equipe:

“E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os
fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase
iam a pique”.Jesus. (Lc, 5:7).

A tarefa de visita é um trabalho feito essencialmente em equipe. Deve-se evitar fazer a


visita sozinho, mesmo quando nos achamos treinados o suficiente para a tarefa. Trabalhar em
conjunto garante boas condições para a visita ao paciente, e, em caso de manifestação
espiritual por parte do VISITADO, a ação em conjunto adquire feições producentes e
previdentes.
A EQUIPE DE VISITA deve mostrar ao VISITADO que o local ideal para realização
de atividades mediúnicas é a Casa Espírita. Para isso, ele deverá estudar a Doutrina e educar
suas faculdades psíquicas em ambiente propício. No caso dos médiuns integrantes da
EQUIPE DE VISITA, apesar de serem intermediários da Espiritualidade no sublime exercício
do bem, devem abster-se da prática mediúnica ostensiva.
O trabalho em equipe possibilita, sobretudo, a continuidade das visitas, visto que as
orientações da EQUIPE definem os tratamentos que devem ser respeitados, quanto à
seqüência e ao número de visitas, como um médico terreno que prescreve a dosagem do
medicamento.
A impossibilidade de comparecimento de algum membro da equipe deverá ser suprida
pelos demais, garantindo a eficácia do tratamento. Vale ressaltar que, a aplicação de passes no
lar, merece atenção redobrada da EQUIPE DE VISITA, que deve estar investida de
simplicidade e discrição, para transmitir ao VISITADO tranqüilidade, fator importantíssimo
para assimilação dos recursos magnético-espirituais.

“E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante de


sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.”
Jesus. (Lc, 10:1)

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5.3 – Preparando a Visita Fraterna

“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a
couraça da justiça, e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz”.
Paulo. (Efésios, 6:14-15)

A visita fraterna é uma atividade que requer, como todas as demais, uma preparação
adequada e constante. Pelo fato de ser uma engrenagem do ATENDIMENTO ESPIRITUAL,
todo o cuidado no conjunto da obra será pouco. Por se tratar de um trabalho essencialmente
espiritual, as mais variadas dificuldades podem surgir, seja por influência espiritual ou por
descuido da própria Equipe.
Por isso, a responsabilidade, o equilíbrio e a vigilância no trabalho são alguns aspectos
imprescindíveis para o bom andamento da atividade. Desde o recebimento da solicitação, o
contato para agendamento, a confirmação, o trajeto, a chegada no local, o transcorrer da
visita, o encerramento, a saída do ambiente, até a conclusão das visitas – nos casos de mais de
uma visita –, o trabalhador deve estar em prece e respaldado pelos bons pensamentos.

Primeiro Contato:

“E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e se a casa for digna, desça sobre ela a
vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz”.Jesus. (Mt, 10:12-13) Por
telefone ou pessoalmente, quando ciente da orientação espiritual, o tarefeiro fala ao visitado
(ou responsável) sobre a preparação do “ambiente espiritual” no dia da visita. Por exemplo, o
trabalhador visitante deve orientá-lo a evitar contendas, excessos na alimentação e uso de
bebida alcoólica. A tranqüilidade é essencial.
Por outro lado, a equipe deverá estar vigilante quanto as posturas e expressões antes,
durante e depois da tarefa, tendo sempre em mente que a EQUIPE DE VISITA apenas oferece
orientações doutrinárias e carinho aos visitados.

Encontro da Equipe:

“E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus
irmãos”.Jesus. (Mt, 12:49) O local de encontro dos visitantes é escolhido pelo grupo. A maior
parte das EQUIPES DE VISITA se encontra na Casa Espírita, ambiente propício para
harmonização, mas isso não é obrigatório. Cumprimentos sem exageros, telefones celulares
desligados, prece, leitura e comentário de uma mensagem doutrinário-evangélica são

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preliminares da tarefa, a partir deste momento, cada visitante coloca sua mente a serviço do
Cristo.

Trajeto:

De ônibus, a pé ou de carro – o importante é manter a sintonia elevada. Reclamações


(mesmo do trânsito), lamentações, piadas, assuntos polêmicos e desnecessários,
desarmonizam a vibração mental. Música suave, hinos, leitura de mensagens edificantes,
prece ou silêncio facilitam a concentração na tarefa. “E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali
num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as
cidades.” Jesus. (Mt, 14:13)

A Chegada:

“Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntou-
se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a
multidão estava em pé na praia.” Jesus. (Mt, 13:1-2).

Humildade e respeito – todos os lares são um templo sagrado de Deus. A orientação


do ATENDIMENTO ESPIRITUAL dará encaminhamento à visita. Nela estarão descritas as
necessidades dos visitados. A equipe deve abster-se de tecer comentários, principalmente do
tipo: “Os Espíritos prescreveram vários passes porque a situação aqui é muito ruim... ou
muito difícil... ou complicada... etc.”
Carinho e atenção são de real importância. Se necessário, uma breve explicação sobre
os fundamentos da Doutrina, bem como sobre os benefícios obtidos através dos passes e da
água fluidificada. A primeira reunião comumente consome um tempo maior para que sejam
feitos os esclarecimentos.
IMPORTANTE: No caso de famílias não espíritas, a equipe deve lembrar que a
Doutrina Espírita não é proselitista. Ao chegar para visitas subseqüentes, a pergunta: – “você
está melhor?” deve ser evitada. Causa constrangimento e pode dar a entender que a equipe
tem algum mérito na terapêutica.
Sabemos que o mérito vem de Deus. “...vou preparar-vos lugar.” Jesus. (João, 14:2).
“Quando aplicar passes e demais métodos da terapêutica espiritual, fugir à indagação sobre
resultados e jamais temer a exaustão das forças magnéticas. O bem ajuda sem perguntar.”
(03 – cap. 28). Se o ambiente do lar ou do hospital se apresentar triste e doloroso para

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VISITADO e familiares, confiemos nos poderes do Alto. A melhora se dará de acordo com o
empenho e merecimento dos Espíritos envolvidos, encarnados ou desencarnados.

5.4 – A Tarefa

Prece Inicial:

“Os Espíritos hão dito sempre: A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois,
cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale
mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração”.(01 - Cap.
XXVIII. Preâmbulo). A prece inicial deve ser proferida em bom tom de voz, suficiente para
que todos possam ouvir e compreender e acompanhada mentalmente pelos presentes.
Ela deve representar nosso sentimento mais puro, com simplicidade, objetividade,
sinceridade e amor, a fim de colaborar com os trabalhos do Plano Superior através da sintonia.
Por isso, todos nós somos capazes de proferir uma prece, independente da capacidade
intelectual de cada um. Através da prece conversamos com Deus pela linguagem do Amor.
Lembremos que a mais bela oração, registrada pela História de Humanidade, foi ensinada
pelo Mestre Jesus e é o legítimo roteiro para orarmos a Deus.

Leituras e Comentários:

Logo depois da prece dá-se a leitura de uma mensagem cristã, seguida de comentários.
Tal procedimento harmoniza a todos, encarnados e desencarnados, trazendo equilíbrio,
conduzindo os pensamentos em uma só sintonia, buscando a reflexão sobre a conduta íntima
individual diante dos Desígnios Superiores. É como uma medicação eficaz, que abre o campo
mental para receber a intervenção da Espiritualidade.
A leitura atende as necessidades dos enfermos, familiares, tarefeiros e desencarnados;
conforme ensina Paulo: Toda escritura inspirada por Deus, É proveitosa ( ...) para instrução
na justiça. (II Carta a Timóteo, 3:16).
Os visitantes devem ter atenção ao uso das palavras, a EQUIPE DE VISITA deve
sempre se colocar na posição daqueles que estão em busca do aprendizado; para tal deve se
comentar os ensinamentos sempre utilizando “nós”, ao invés de“você(s)” ou “eu”, e, é
prudente, também, evitar relatos pessoais. Quando for necessário, para o entendimento e o
crescimento do grupo, deverá a equipe expor um fato sem identificação dos personagens.

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Além de ser um comportamento pautado pela boa educação, tal atitude leva o orador a
posicionar-se com humildade perante os temas abordados, já que todos somos aprendizes. A
palavra deverá ser utilizada para fortalecer o paciente. Assim, é desnecessário destacar os
problemas do VISITADO. Relevante é auxiliá-lo, revigorando energias através da
autoconfiança, sem desenvolver a fragilidade ou a autopiedade.
Após a leitura e comentários, se alguém (familiar ou paciente) quiser falar, devemos
ouvi-lo com atenção e interesse. Muitos enfermos aguardam uma oportunidade como esta
para “desabafar” e um dos melhores lenitivos que podemos levar a alguém é justamente
SABER OUVIR.

Observações:

a) Há situações em que a EQUIPE DE VISITA pode suprimir as leituras por motivos como:
i. A visita tem que ser breve, por solicitação do visitado/enfermo ou familiares.
ii. O paciente não apresenta equilíbrio para uma VISITA mais demorada.
iii. Quando a visita ocorrer em hospitais, havendo tempo definido para cada visitante.
Nessas e noutras possíveis situações o bom senso deve prevalecer.

b) Os visitantes que são médiuns videntes e sensitivos devem manter discrição e silêncio
sobre entidades desencarnadas e percepções durante a visita. Comentários sobre tais situações
podem ser feitos com a equipe, de forma equilibrada, após o encerramento, desde que sejam
para o aprendizado do Grupo e nunca por simples curiosidade ou para exibição de potenciais
mediúnicos.

c) Devemos lembrar que o sofrimento tem sempre uma causa justa pela Lei de Deus, mas
podemos superá-lo através da perseverança e confiança no Poder do Alto, pois somente o Pai
conhece verdadeiramente nossas necessidades.

d) Apoiados na assertiva que diz: “a cada um segundo suas obras”, é bom evitar frases ou
sugestões do tipo: “você tem que fazer...”; “você não pode...”; etc.. Deve-se evitar, ainda:
i. fugir do tema central da leitura;
ii. ser moralista, proibindo ou acusando; afinal, temos nossos próprios vícios;
iii. desestimular – “é muito difícil...”
iv. bocejar durante a leitura (pode sugerir cansaço ou indiferença);

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v. perguntar sobre doenças ou particularidades por mera curiosidade;
vi. chorar ou descontrolar-se;
vii. discutir, debater, criando clima de tensão;
viii. falar “não concordo”: a expressão poderá ser recebida de forma agressiva;
ix. tomar partido de um ou de outro quando houver desacordo;
x. fazer afirmações inverossímeis: “Você está me ouvindo, sei que está!” – dito a um
surdo ou a uma pessoa com dificuldades mentais;
xi. dizer que o sofrimento é necessidade cármica (quando a circunstância favorecer, pode-
se explicar, à luz da Doutrina Espírita, a necessidade do aprendizado. Essa postura é
diferente de afirmações como: “pagamento de dívida”, “castigo”, etc.).
xii. indicar ou desaprovar terapias alternativas;
xiii. interferir em orientações médicas;
xiv. colocar o Espiritismo acima de outras religiões.

O Passe:

– Nos processos de cura, como devemos compreender o passe? Assim como a


transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão
de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um
reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças
espirituais. (04 – Questão 98)
O ambiente e o local devem ser acordados entre EQUIPE DE VISITA e os
VISITADOS, desde que não se torne condição imprescindível para a aplicação do passe, ou
que dê a impressão de que ele não poderá ser ministrado sem tais preparações:
a) paciente sentado;
b) paciente deitado;
c) luz forte ou fraca; etc.
Todo excesso prejudica. O ambiente ideal é calmo e silencioso. O mais relevante nessa
terapêutica é sintonizar as mentes:
a) na doação de amor;
b) na vontade de auxiliar;
c) na confiança e na serenidade.

“E Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou


purificado da lepra.” Jesus. (Mt, 8:3)

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O Atendimento a crianças:

Para lidar com crianças e adolescentes são necessários cuidados e compreensão


redobrados. Além de visões ou percepções mediúnicas comuns em crianças até os 7 (sete)
anos de idade, a EQUIPE DE VISITA deve estar preparada para encontrar atitudes adversas,
tais como, agressividade, revolta, hiperatividade, medo, traumas, processos obsessivos, etc.
Necessário se faz que a equipe esteja preparada para enfrentar essas situações com
calma e serenidade. Propor música adequada à percepção da criança ou do adolescente, com
temas enfocados na Evangelização Infantil ou na Juventude Espírita; fazer leitura de livros
apropriados à faixa etária do VISITADO; designar que o membro da equipe cujo perfil mais
se adapte à atuação junto à criança ou ao jovem conduza a tarefa. Essas são algumas das ações
que poderão ser tomadas a fim de minimizar as dificuldades que poderão surgir.
“ ...Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova
existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita
entre ele e a matéria orgânica...” (04 – Questão 109) Brincadeiras e curiosidades podem
alterar o comportamento das crianças e jovens. É necessário cativar-lhes a confiança para o
bom desempenho da tarefa.
Caso eles perguntem sobre gestos e falas durante o passe ou comentários feitos sobre
as leituras, estas devem ser respondidas com atenção e incentivo a novos conhecimentos de
acordo com a capacidade de percepção (faixa etária) de quem questiona. A equipe deve
utilizar livros apropriados à compreensão de crianças a partir de 5 (cinco) anos, por exemplo:
o livro Pai Nosso – Ditado pelo Espírito Meimei, a Francisco Cândido Xavier, editora da
FEB, entre outros da Doutrina Espírita, podem ser úteis.

Música:

“A harmonia, a ciência e a virtude são as três grandes concepções do Espírito: a


primeira o arrebata, a segunda o esclarece, a terceira o eleva. Possuídas em toda a
plenitude, elas se confundem e constituem a pureza.” (05 – cap. Música Espírita). A música
pode ser utilizada para elevação vibracional em favor do VISITADO e do lar. Ela age como
tranqüilizante, trazendo equilíbrio e harmonia às pessoas e ao ambiente. Se o VISITADO, por
vontade própria, pedir para colocar alguma música de fundo ou solicitar ao grupo que cante,
não há contra-indicações, desde que seja realizado de maneira discreta, sem criar
dependências nas pessoas.

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Nos Hospitais:

“E aconteceu que, quando voltou Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o estavam
esperando”. Jesus. (Lc, 8:40). Quando solicitada a ir ao Hospital, para realizar a VISITA
FRATERNA, A EQUIPE DE VISITA deverá seguir em primeiro lugar as determinações do
hospital quanto a horário, dia de visita, número de visitantes, uso de crachá de identificação.
Devemos ressaltar que, surgem ocasiões em que a visita é apenas de apoio ao enfermo e aos
familiares sem haver a necessidade do passe ou de leituras.
A EQUIPE DE VISITA deve entrar no ambiente com cautela e amor, para não levar a
falsa impressão de “curadores” ou portadores de esperanças de curas vãs. Humildade e
caridade para consigo e para com o próximo devem ser constantes nesses momentos.
Enfermos do corpo e da alma, os VISITADOS, quando hospitalizados, e seus
familiares, apresentam, com freqüência, irritação, pessimismo, tristeza, nervosismo, revolta.
Deve a EQUIPE DE VISITA entender esses casos como características próprias de quem se
sente castigado ou esquecido. Na maioria dos casos, a família do VISITADO também é
necessitada do carinho e da atenção da EQUIPE DE VISITA.
Diante desta condição, a EQUIPE DE VISITA deve se apresentar serena e
emocionalmente controlada, bem preparada para lidar com esses quadros caracterizadores da
enfermidade do corpo e da alma. Caso contrário, melhor não colocar em risco o
ATENDIMENTO ESPIRITUAL.
Colocar-se diante do paciente, já tão debilitado e angustiado, apresentando qualquer
repugnância por sua condição física, além de falta de caridade anula o objetivo da visita, que é
levar alegria, esperança e, sobretudo, amor, como nos ensina o Mestre. Devemos estar atentos
para:
a) não atrapalhar a atuação dos médicos e enfermeiros;
b) não interferir no tratamento, mesmo quando se tem conhecimento técnico específico;
c) lembrar que a visita dos familiares é mais importante para o enfermo que a presença
da EQUIPE DE VISITA;
d) manter precaução quanto à higiene, evitando contaminações para si e para o
VISITADO.
“A caridade não dispensa a prudência”. (03 – cap. 3)
Prece Final:

“Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim
como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado
63
aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a
Escritura se cumprisse”.Jesus. (Jo, 17:11-12). A prece final marca o encerramento da visita e
pode ser proferida por qualquer um dos presentes, familiares ou visitantes. É o agradecimento
por tudo que foi oferecido ao VISITADO: fluidos regeneradores (passes), a terapia do
Evangelho e a oportunidade de trabalho oferecida aos visitantes; pelo amparo e misericórdia
de Deus, pelo amor de Jesus por todos e pelo auxílio dos Amigos Espirituais.
Quando o objetivo da EQUIPE DE VISITA for a Implantação do Evangelho no Lar, o
roteiro a ser seguido será o do próprio culto que se realiza em casa, orientando a família sobre
os procedimentos e esclarecendo quanto à não utilização de quaisquer ritos, símbolos, etc.,
tratando o momento como um encontro da família, que deve ser feito com simplicidade, amor
e união.

Fim da Tarefa:

Devemos estar cientes de que somos meros intermediários. O verdadeiro interventor é


Jesus, a quem devemos agradecer sinceramente, e os Benfeitores Espirituais que viabilizam os
recursos necessários em nosso favor: todo o bem vem de Deus.
Tarefa cumprida, agora é o momento da oração na intimidade dos tarefeiros. Eles
podem pedir ao Pai que os VISITADOS consigam obter a saúde espiritual necessária e que a
harmonia seja estabelecida nos lares.
Desfeito o grupo, cada um segue em paz, tendo como companheira inseparável a
vigilância. Pensamentos ou comentários infelizes atraem entidades na mesma sintonia.

5.5 – Observações Gerais

“Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu
me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais,
para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja”.Jesus. (Jô,
17: 25- 26).

a) O tempo de uma visita no lar varia de 20 a 40 minutos.


b) O tempo destinado a leitura seguida de comentários varia de acordo com a
participação, interesse e a disponibilidade da equipe em função de outros
compromissos, como outra visita na seqüência, por exemplo. Considerando tais
circunstâncias, esta etapa pode ser cumprida entre 10 a 15 minutos.

64
c) O bom senso e a atenção definem o tempo dos comentários a fim de evitar correria ou
causar cansaço pela excessiva demora; deve ser lembrado que essa atividade é uma
visita e não uma conferência pública;
d) Importante lembrar que a tarefa tem acompanhamento de uma Equipe Espiritual, com
compromissos e afazeres e que não é uma visita social;
e) Os tarefeiros espíritas devem cultivar o hábito da leitura, não só das obras básicas, mas
também de obras complementares de conteúdo evangélico-doutrinário que os
sustentarão, mantendo a vibração, a sintonia elevada e servindo de base fundamental
para a visita.
“E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos
homens”.Paulo. (Colossenses, 3:23)

5.6 – Palavras Finais

“Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se à assistência, em
favor dos irmãos menos felizes, visitando e distribuindo auxílios a enfermos e lares menos
aquinhoados. Quem ajuda hoje, amanhã será ajudado”. (01 - cap. VI, item 4). Dentre as
atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, a VISITA A LARES E HOSPITAIS
que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a levar lenitivo aos que necessitam e,
em contrapartida, oportunizar os trabalhadores da Casa Espírita a exercerem a caridade, o
amor, a disciplina e outros atributos edificantes que nos levam ao caminho do Bem.

“E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. E
tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviou-os.” Jesus. (Mt,
8:14-15).

65
5.7 – Referências Bibliográficas

(01) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª


Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(02) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(03) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

(04) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito de Emmanuel. 27ª ed. Rio de
Janeiro: FEB.2007.

(05) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.

ORSINI, Marcelo de Oliveira. Visita aos Lares e Hospitais. 1ª. Ed. Belo Horizonte: FEIG,
2001. 248 p.

APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA: Estudo Sistematizado da


Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005.

APOSTILAS DA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA: Atendimento Espiritual. (no prelo)

66
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL

REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO

“E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam


reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e
anunciavam com intrepidez a palavra de Deus”.

(Atos, 4: 31)

67
6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO

6.1 – Introdução
“(...) o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo
dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor não é
apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o
mais poderoso influxo magnético que conhecemos”.André Luiz (06 – Cap. “Os
efeitos da prece”)

Esta Apostila tem como meta traçar singelas orientações e sugestões acerca das
REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, destacando, conforme a epígrafe nos elucida, a importância
da prece em grupo e da comunhão com Deus. Objetiva, ainda, contextualizar a REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO no conjunto de tarefas desenvolvidas no Centro Espírita, ressaltando a
importância de sua interligação com estas atividades.
Muitos casos recepcionados na Casa Espírita e encaminhados à equipe de
ATENDIMENTO FRATERNO e/ou de VISITA NO LAR, podem necessitar de apoio
adicional auferido nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. A conexão entre estas frentes de
trabalho é imprescindível para que possamos obter os recursos disponibilizados pela
Misericórdia Divina.
Desse modo, as tarefas-amor desenvolvidas desde a RECEPÇÃO da Casa Espírita,
passando pelo ATENDIMENTO FRATERNO, a VISITA NO LAR, a implantação do
EVANGELHO NO LAR, as reuniões de TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO, entre outras,
são recursos que sustentam o conjunto de atividades fraternas levadas a efeito pelos seareiros
do Cristo.
Neste módulo de estudo, em que abordaremos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO em
seu desenvolvimento, serão analisados tópicos que acreditamos serem relevantes para a
obtenção do concurso divino e do lenitivo para os sofrimentos terrenos. Assim, destacamos,
por exemplo, a função e a responsabilidade dos integrantes; o ambiente físico e espiritual; os
requisitos preparatórios necessários; a finalidade da comunhão com o mundo espiritual
propiciada pela prece; os auxílios auferidos nos momentos de sintonia mental edificante; e a
importância do Evangelho de Jesus e dos preceitos doutrinários dos Espíritos, codificados por
Allan Kardec, como base para a tarefa de tratamento e irradiação; dentre outros assuntos
afins.
Sabemos que a Doutrina Espírita, Terceira Revelação de Deus à humanidade, através
do Consolador Prometido, tem suas raízes no plano espiritual e cumpre manter-se ligada a ele
para que haja um proveitoso intercâmbio entre os mundos. Desse modo, nós, espíritas
encarnados devemos aproveitar os momentos de interação com o mundo espiritual, no firme
68
propósito de angariar ensinamentos e experiências de amigos abalizados que, mesmo sem a
roupagem da carne, conhecem o mundo terreno e apresentam-se prontos a auxiliar-nos em
nosso crescimento evolucional rumo ao Bem.
Nesse contexto, a oração - recurso poderoso na dinamização dos vínculos entre a
diversidade de mundos habitados e na promoção do socorro aos irmãos em sofrimento –
associada ao conjunto de atividades desenvolvidas na Casa Espírita, forma ambiente fecundo
para o cultivo do amor, da compreensão e da experimentação daqueles que abraçam a tarefa.
Por esta razão, aos estudos evangélico-doutrinários devem entremear-se a prece, a
perseverança, o amor, a disciplina e o trabalho nas ações promovidas pelos grupos em prol do
Mundo Regenerado.
No que se refere às REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, o objetivo principal é o exercício
da prece irradiada em conjunto, voltada às necessidades espirituais e físicas dos irmãos
enfermos que estão em processos terapêuticos na Casa Espírita, em seus lares ou hospitais.
Vale ressaltar, ainda, que, nessas atividades podem ocorrer, orientações, encaminhamentos e
informações conforme a dedicação do grupo, a vontade dos pacientes e o merecimento dos
envolvidos.
Enfim, o objetivo deste trabalho é dizer aos irmãos de ideal - com simplicidade e
fidelidade à Doutrina Espírita - que a terapêutica da prece sincera é “divino movimento do
espelho de nossa alma rumo à Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza”.(06).
Destarte, contamos com o apoio do Mestre Jesus e dos Benfeitores Espirituais, a fim
de que não nos desviemos dos objetivos previamente traçados pelo Altíssimo e que possamos
auxiliar, de algum modo, a propagação do Amor fraternal entre os irmãos de jornada. A
seguir, iniciamos um roteiro aos voluntários da Divina Obra, coordenada pelo Mestre Jesus e
seus assistentes espirituais encarnados e desencarnados.
Que a serenidade e o discernimento possam acompanhar-nos neste percurso!

6.2 – Reunião de Irradiação

“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles”. Jesus (Mt, 18:20).

Definição:

O que é uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO e a que fim ela se destina? Comecemos


por partes. O que é uma reunião? Conforme o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a
palavra significa “...ato, processo ou efeito de reunir; junção de uma coisa a outra;

69
agrupamento de coisas geralmente similares ou de mesma natureza...” Entendendo que o
primeiro termo está claro a todos, analisemos o significado de irradiação: para melhor
exposição de nossos objetivos, devemos informar aos irmãos de fé que o tratamento de
enfermidades da alma e do corpo, nas Casas Espíritas, é obtido pela irradiação da oração e da
fé dinamizada nas diversas frentes. Jesus, no Evangelho de Mateus, prometeu-nos que, se nos
reuníssemos em Seu nome, Ele viria estar entre nós.
Verifica-se, assim, que a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO pode ser compreendida como
um momento em que pessoas afins se agrupam para um trabalho intercessório que pode
alternar a orientação, o pedido, o agradecimento e o louvor.

“A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se
associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo,
porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas, que importa
seja grande o número de pessoas reunidas para orar, se cada uma atua
isoladamente e por conta própria?! Cem pessoas juntas podem orar como egoístas,
enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão quais
verdadeiros irmãos em Deus, e mais força terá a prece que lhe dirijam do que a
das cem outras.” (04 - cap. XXVII, item 15)

Com base nessas informações, tentaremos traçar uma linha de raciocínio para melhor
entendermos a prática do concurso fraternal da prece, uma atividade simples e perfeitamente
acessível aos trabalhadores das Casas Espíritas.
Em O Livro dos Médiuns - no capítulo XXIX, item 331 - Allan Kardec afirma que
“uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus
membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe, tanto mais força terá, quanto mais
homogêneo for”, a fim de que os seus “participantes possam haurir o verdadeiro ensinamento
ofertado pelos Espíritos de Luz”.(05).
O Codificador, ao definir a REUNIÃO, não muda sua acepção, mas, acrescenta-lhe
uma importante análise sobre as vantagens que dela podem auferir seus participantes, através
da evidente oportunidade de instrução e esclarecimento; da obtenção de vibrações de paz,
equilíbrio e saúde; do despertamento íntimo, do soerguimento no Bem e da libertação
consciente por meio de questões, experiências e situações que ali são trazidas.
O Espírito de André Luiz nos dá uma importante informação sobre a tarefa de equipe,
na obra Relicário de Luz: Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em
seus altares não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. “Muito se pedirá àquele que
muito recebeu”. E o nosso grupo não se constituiu ao acaso. (07)
Posto assim pode-se inferir que, para participar de uma REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, o grupo deverá estar imbuído não só de espírito de serviço e seriedade, mas

70
de sincero desejo de modificar os hábitos, através do exercício disciplinar do silêncio, do
recolhimento, da comunhão fraternal de idéias, do sentimento genuíno de desprendimento, da
afabilidade verdadeira e do desejo de instruir-se, tendo como base os ensinos dos Espíritos,
codificados pelo Apóstolo lionês.
Sabedores que a autêntica beneficência provém dos Espíritos Superiores, como
registra o Espírito de Emmanuel, em Religião dos Espíritos, deve-se realizar o melhor “(...)
conforme os ditames do coração, mas não te esqueças de que, no fundo da consciência,
ajudar com desinteresse e instruir sem afetação, é a única maneira – a mais justa e a mais
alta – de servirmos ao Nosso Pai”.(08).

Finalidade da Reunião de Irradiação:

A finalidade da reunião é cooperar com os irmãos enfermos, através de tratamento


espiritual solicitado pelo eflúvio da oração e dispensado pela espiritualidade. A equipe de
trabalho deverá ser formada por tarefeiros comprometidos com suas funções fraternais e com
a auto-educação evangélico-doutrinária.

Oração: Recurso Primordial

Para implementar a auto-educação, contamos com o poder da prece em grupo:


vibração e comunhão universal que nos aproxima do Criador. Léon Denis, em O Grande
Enigma, afirma que a prece:

...é a expressão mais alta [de] comunhão das Almas. (...) é um transporte do
coração, um ato de vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da
Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder
infinito e a ele submeter-se em todas as coisas: “Pedi e recebereis!” Tomada neste
sentido, a prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser
humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura, pelo menos por um
instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna.
É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas
alturas celestes onde aumenta as suas forças, onde se impregna das irradiações da
luz e do amor divinos. (20)

Vale esclarecer que, a prece não é prática exclusiva de religiosos ou de homens


dotados de aptidões especiais, ao contrário, nossa proposta para esse estudo é aquilatar a prece
nos momentos mais simples de nossas vidas, como, por exemplo, no cumprimento de nossas
obrigações cotidianas. (...) Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou
pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de

71
suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém
ora a outros seres que não a Deus, fá-lo-á recorrendo a intermediários, a intercessores,
porquanto nada sucede sem a vontade de Deus. (01)
Pela força da prece em grupo os participantes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO
recolhem em silêncio, sob a forma de socorro íntimo, para si e para os demais, emanações de
fluidos sutis, que irão impregnar de amor e, ao mesmo tempo, balsamizar os sofrimentos
daqueles que padecem. A comunhão das Almas em prece é lenitivo divino para milhares de
espíritos, daí, a importância de que o trabalho seja realizado com sinceridade e dedicação e,
acima de tudo, que possa cumprir os objetivos traçados pelos servidores do Mestre Jesus.
A prece sincera é o mais eficiente sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu de que
dispomos. Por isso, ela deverá expressar sentimentos profundos e NUNCA REPETIÇÕES
automatizadas de palavras e/ou mantras. O Espírito de Emmanuel certifica-nos que: Orar é
identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e
retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida. (09)
Apesar de ser, na maioria das vezes, uma reunião privada, a REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO poderá contar com a presença dos irmãos que serão assistidos nos trabalhos
do dia, desde que o local ofereça acomodações adequadas a eles. Recomenda-se manter o
ambiente propício à concentração, ao recolhimento e à oração sem, contudo, estimular a
dispersão ou o sono nos participantes. Além dos presentes, poderão ser anotados nomes de
enfermos no Livro (ou Caderno) de Preces para Irradiação a distância.

Ideoplastia: Recurso de Harmonização dos Fluidos

Antes de prosseguir, é necessário que todos compreendamos o que vem a ser e o


significado de ideoplastia.
Ideoplastia [do grego idéa = idéia, aparência + plásso ou plátto = modelar + -ia] – 1.
Modelagem da matéria pelo pensamento. 2. A materialização do pensamento, criando formas
que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se
expressam. (10). Ela é uma faculdade que tem o pensamento de plasmar uma idéia e exercer
ação direta sobre a matéria. Observemos o que nos assevera o insigne Codificador Allan
Kardec: Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som
sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se, pois dizer, sem
receio de errar, que há, nesses fluídos, ondas e raios de pensamentos, que cruzam sem se
confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros. Há mais: criando imagens fluídicas, o

72
pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de
certo modo se fotografa. (11)
O dirigente estimula os médiuns e demais integrantes a plasmarem imagens que
podem variar desde uma paisagem completa a apenas uma flor. Essa materialização do
pensamento através de fluidos servirá como substância energética e de sustentação para que
os bons espíritos possam atuar manipulando as energias necessárias aos trabalhos.
Recomenda-se que as sugestões ideoplásticas sejam acessíveis a todos, para garantir a sintonia
e sincronia dos trabalhos.
O pensamento é força criadora capaz de produzir energias boas ou más. Na verdade, o
pensamento é como uma usina geradora de energia que será manipulada criando condições
para contribuir nas diversas terapêuticas, orientações espirituais e materiais.

6.3 – A Equipe
Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer
coisa que pedirem, isso lhe será feito por meu Pai, que está nos céus. Jesus (Mt,
18:19).

A integração fraterna da equipe de trabalho da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO


propicia, dentre outras coisas, conforme nos elucida Allan Kardec, a simpatia dos Bons
Espíritos e o afastamento dos maus. Para tanto, a equipe deve objetivar os seguintes pontos:
a) Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos;
b) Cordialidade recíproca entre os membros;
c) Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
d) Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos dos Espíritos
e do aproveitamento de seus conselhos; (...)
e) Exclusão de tudo o que, nas comunicações pedidas aos espíritos, apenas exprima o
desejo de satisfação da curiosidade;
f) Recolhimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos;
g) União de todos (...) pelo pensamento (...);
h) (...) médiuns isentos de orgulho, de amor-próprio e de supremacia; e com um só
desejo de serem úteis... (05 - item 341)
A equipe de tarefeiros da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é normalmente formada por
um grupo que pouco se altera. Salvo exceções, os integrantes dessa reunião, com o tempo,
fortalecem seus laços de fraternidade e união. Quando a equipe se forma sob os auspícios do
Trabalho, do Amor e da Esperança, observamos uma agregação dos seres, que em muitos
casos, inicia-se em outros planos de existência e se efetiva como verdadeiro compromisso na

73
atualidade. Para analisarmos a importância da integração do grupo, podemos recorrer ao
Evangelho de Jesus no seguinte registro: “...e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações. (...) E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum.” (Atos, 2:42-44). Nesse trecho temos a exemplificação genuína da
idéia de conjunto que, ligado pela oração e pela fé, persevera na Obra de Jesus.
Podemos depreender do versículo citado que a idéia de comunhão - integração pelo
pensamento e sentimento de amor fraternal – é condição necessária na REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, pois a ação dos Espíritos Elevados se enfraquece e se aniquila, quando reina
a antipatia entre os membros de um grupo.
Segundo Léon Denis, para se obter a intervenção assídua da Esfera Superior, “...é
preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica, se estabeleça nos corações, e que
todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum,
ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade"(12).
O venerável Espírito de Emmanuel destaca a importância do conjunto quando analisa
o trabalho em equipe, em uma Casa Espírita, ressaltando que é razoável notar que todo
trabalho é ação de conjunto. “Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual
assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja cooperação os
mecanismos do bem não funcionam em harmonia”.(13)
Essa orientação de Emmanuel vai ao encontro das citadas anteriormente, em que há
alusão à perseverança, associada ao estar junto, em comunhão. Nesse conjunto, cada
companheiro é indicado à tarefa precisa e todos se sentem vinculados ao compromisso da
conjunção de esforços, visando a um objetivo comum, e ligados por um sentimento de sincera
e benévola cordialidade.
No capítulo XXX, intitulado Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, de O Livro dos Médiuns, artigo 17, encontramos uma prescrição de Allan Kardec
acerca dos critérios relacionados aos participantes das reuniões da Sociedade Parisiense.
Segundo o Codificador, “as sessões serão particulares ou gerais; nunca serão públicas”.
Kardec pretende assinalar que as reuniões particulares possibilitam a abordagem de assuntos
de estudo que requeiram mais tranqüilidade e concentração; ou, ainda, a abordagem de temas
nos quais seja conveniente o aprofundamento, antes de tratá-lo em reuniões gerais; não sendo
possível, por isso, a presença de qualquer pessoa que possa promover o desconforto ou
desequilíbrio do ambiente.
Diante de tais orientações, podemos concluir que a reunião mediúnica de irradiação é
uma prática, cuja realização demanda delimitação de participantes e de suas respectivas

74
funções. Conforme nos esclarece o Espírito de Emmanuel, no livro Instruções Psicofônicas, o
êxito da reunião mediúnica de irradiação, como corpo de serviço no plano terrestre, exige três
elementos essenciais: o orientador, o médium, o assistente “(...) O primeiro é o cérebro que
dirige, o segundo é o coração que sente, o terceiro é o braço que ajuda”.(14).
Tendo em vista os elementos essenciais que integram uma REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, é importante ressaltar a necessidade de seleção criteriosa dos participantes,
antes que o trabalho seja iniciado, a fim de não termos, mais tarde, inadequação no
desempenho dos papéis específicos. Falemos, então, um pouco sobre os participantes das
REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO:
a) Dirigentes;
b) Vibracionais;
c) Passistas;
d) Enfermos e acompanhantes.
É importante frisar que, na REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO bem orientada, não haverá
participantes além dos integrantes acima apresentados. E quanto aos companheiros cujo
desejo é o de visitar uma reunião com o intuito de fazer observação construtiva, André Luiz,
no livro Desobsessão, esclarece-nos que “essas visitas (...) devem ser recebidas apenas de
raro em raro, e em circunstâncias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos (...),
principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres” (15).
Assim, nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, cada integrante atenderá uma função
específica, assumindo importante papel para seu desenrolar. Para tanto, espera-se dos
integrantes “(...) uma atitude de confiança, atenção, meditação, concentração no bem,
paciência e compreensão, durante o desenrolar dos trabalhos”. (01)
A seguir, objetivando oferecer mais esclarecimentos sobre o tema, apresentamos
brevemente cada participante distintamente.

Dirigente:

No dicionário O Espiritismo de A a Z, publicado pela FEB, encontramos como


definição para a palavra dirigente a seguinte consideração: O dirigente da reunião é aquele
que preside os trabalhos, encaminhando todo o seu desenrolar. É o responsável, no plano
terrestre, pela reunião. (...) Deve ser uma pessoa que conheça profundamente a Doutrina
Espírita e, mais que isto, que viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral
imprescindível aos labores dessa ordem. Esta autoridade é fator primacial, pois uma reunião

75
dirigida por quem não a possui será, evidentemente, ambiente propício aos Espíritos
perturbadores. O dirigente precisa ser, pois, alguém em quem o grupo confie, uma pessoa
que represente para os encarnados a diretriz espiritual, aquela que na realidade sustenta e
orienta tudo o que ocorre. Ele é o representante da direção existente na Espiritualidade, o
pólo catalisador da confiança e da boa-vontade de todos.
Posto dessa forma verifica-se que esse componente da REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, entre seus encargos, deve gerir os acontecimentos, dirigir o grupo e ser o
diretor espiritual. Ou seja, além da experiência em lidar com pessoas diferentes, o dirigente
deve possuir profundo conhecimento evangélico-doutrinário, que o habilite a dirimir possíveis
conflitos nos diferentes planos: físico e espiritual.
O dirigente é o mediador entre os Coordenadores Espirituais da tarefa e seus
participantes encarnados e desencarnados. Em algumas ocasiões corre o risco de ser mal
compreendido, por ser “obrigado” em várias circunstâncias a remanejar funções, promover
alterações de procedimentos e, até mesmo, solicitar dos participantes algumas mudanças de
posturas.
Em razão disso, a firmeza e a doçura nas decisões, a retidão moral e a certeza de estar
cumprindo fielmente as determinações do Alto são caracteres desse componente, porque ele
(ou ela) deve contar com o respeito de todos os presentes no ambiente e com a proteção dos
Mentores da Casa Espírita. Suas decisões traduzem os interesses da coletividade, NUNCA
suas vaidades pessoais. Entre outros requisitos e deveres, André Luiz, no livro Conduta
Espírita, capítulo 3, recomenda ao dirigente:

Ser atencioso, sereno e compreensivo no trato com os enfermos encarnados e


desencarnados, aliando humildade e energia, tanto quanto respeito e disciplina na
consecução das próprias tarefas. (...) Impedir, sem alarde, a presença de pessoas
(...) agitadas. (....) Desaprovar o emprego de rituais, imagens, símbolos,
assegurando a pureza e simplicidade (...) Fugir de julgar-se superior somente por
estar na cabine de comando. Não é a posição que exalta o trabalhador, mas sim o
comportamento moral com que se conduz dentro dela. (16)

Em suma, o dirigente ou coordenador da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é alguém


que, como qualquer ser de boa vontade, apresenta-se para a tarefa e dedica-se com carinho à
Doutrina. O que novamente ratifica a fundamental importância de seu preparo, sendo
imprescindível que ele procure estudar; exercitar a democracia com autoridade, sem
autoritarismo; ser líder e amigo de todos e ter muito amor no coração.

Médium Vibracional: Sustentação

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E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai,
pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. Jesus. (Lc, 10:2).

Quem são os médiuns vibracionais ou os chamados médiuns de sustentação? São


pessoas de boa vontade e compromisso, que se apresentam para a tarefa da Casa Espírita,
pois, em virtude de serem conhecedores da oportunidade oferecida para o trabalho, procuram
fazer o melhor para os outros: servindo com humildade, benevolência, desinteresse, bondade,
otimismo, caridade e amor. Pensemos sobre o texto a seguir, do Espírito de Batuíra, extraído
do livro Vozes do Grande Além: Clareemos o cérebro no estudo renovador e limpemos o
coração com o esmeril do trabalho, e, então, compreenderemos que o Senhor nos emprestou
os preciosos dons que nos valorizam a existência, não para rendermos culto às facilidades
sem substância, engrossando a larga fileira dos pedinchões e preguiçosos inveterados, mas
sim para que sejamos dignos companheiros da luz, caminhando ao encontro de seu amor e de
sua sabedoria, com os nossos próprios pés. Saibamos, assim, aprender a servir para merecer.
(17)
Todos aqueles que se colocam à disposição da Espiritualidade para a tarefa-amor e
intercedem por outrem pelo recurso primoroso da oração, compreenderam a proposta da
REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO. Por isso, para compor a reunião basta estar imbuído da
vontade de “servir para merecer”, iluminando a mente com o estudo edificante e o trabalho
sincero.
Diferentemente do que alguns acreditam, os participantes das REUNIÕES DE
IRRADIAÇÃO são seres que receberam o convite e souberam aproveitar a oportunidade,
desenvolvendo a capacidade de servir. Através do recurso da oração eles se tornam pilares das
reuniões e têm grande valor, podendo, inclusive, influenciar positiva ou negativamente nos
resultados auferidos, conforme o equilíbrio e a concentração desprendidos durante a tarefa.

“Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?”


(I Coríntios, 5:6)

Passistas e Orientadores:

Como os médiuns vibracionais, que atuam sustentando através da oração e da mente


os trabalhos de intercâmbio entre os planos espiritual e material, as presenças de passistas e
orientadores são de grande relevância nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO.
A tarefa do orientador, de acordo com o número de participantes da reunião, pode ser
exercida pelo dirigente ou coordenador (como já havíamos dito anteriormente). Esclarecer,
sob a ótica espírita é:
77
...clarear o raciocínio; é levar (...) [a entidade atendida], (...) através de uma
série de reflexões, a entender determinado problema que ela traz consigo e que não
consegue resolver; ou fazê-la compreender que as suas atitudes representam um
problema para terceiros, com agravantes para ela mesma. É levá-la a modificar
conceitos errôneos, distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara,
concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor. (18) .

O esclarecimento justo e sincero somado ao amadurecimento e desejo de mudança


promove grandes transformações e libertações de almas em profundo sofrimento. Educar não
é impor de modo rude formas de procedimentos adequados, mas, ao contrário, é um exercício
de boa vontade, paciência e persistência, que acomoda o conteúdo no coração do aprendiz.
Não cabe ao tarefeiro julgar comportamentos ou ajuizar valores, mesmo que eles
pareçam vergonhosos aos olhos humanos. O esclarecedor, nas REUNIÕES DE
IRRADIAÇÃO deve, humildemente, com carinho, paciência e Evangelho Vivo auxiliar aos
necessitados, iluminando-os através do conhecimento e do estudo doutrinário-evangélicos.
Não havendo manifestações mediúnicas ostensivas nas REUNIÕES DE
IRRADIAÇÃO, o esclarecimento será baseado apenas nos estudos realizados e nas
orientações dadas aos pacientes, pertinentes às respectivas terapêuticas.
O passista é um médium que doa seus melhores fluidos aos sofredores. O passe é uma
doação, e só se pode dar quando se possui; portanto, é fundamental que o passista goze de boa
saúde, tanto do corpo físico quanto da mente O passe harmoniza o espírito e equilibra as
energias do ambiente redistribuindo-as conforme a necessidade e o merecimento de cada
participante.
O concurso geral, prestado pelo conjunto dos companheiros encarnados nas
REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO - sejam eles dirigentes, vibracionais, esclarecedores ou
passistas-, pode ser exemplificado pelas observações do Espírito de André Luiz, relatadas na
obra Missionários da Luz:
Vários ajudantes de serviço recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos
presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico. (...)
Esse material - explicou-me ele, bondosamente - representa vigorosos recursos
plásticos para que os benfeitores de nossa esfera se façam visíveis aos irmãos
perturbados e aflitos ou para que materializem provisoriamente certas imagens ou
quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas
infelizes. Com os raios e energias, de variada expressão, emitidos pelo homem
encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que
se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum, não obstante
permanecerem distantes do corpo físico. (...) Alexandre chamava a si um dos
diversos cooperadores que manipulavam os fluidos e forças recolhidas na sala. (...)
Em todos os serviços, o material plástico recolhido das emanações dos
colaboradores encarnados satisfez eficientemente. Não era mobilizado apenas
pelos amigos de mais nobre condição, que necessitavam fazerem-se visíveis aos
comunicantes; era empregado também na fabricação momentânea de quadros
transitórios e de idéias-formas, que agiam beneficamente sobre o ânimo dos
infelizes, em luta consigo mesmos. (...) (19)

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As considerações do Espírito de André Luiz são extremamente esclarecedoras, pois
nos informam que todo participante de REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO desempenha função
relevante, para que o TODO do serviço funcione tão harmoniosamente quanto seja possível.

Pacientes e Visitantes:

Cada grupo, com o passar do tempo e as experiências hauridas, vai formando um perfil
específico e próprio de trabalho. É importante lembrar o valor dessa comunhão, quando estes
estão sintonizados nas vibrações do Bem. No entanto, cada participante possui uma
individualidade própria que deve ser respeitada e que pode interferir nos padrões vibratórios
da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO.
Diante dessa certeza, entendemos não existir uma “fórmula” unificada e universal para
a realização desses encontros nos templos espíritas, salvo a fidelidade que cada componente
deve ter com a prática do Bem com Jesus.
Através das irradiações da prece coletiva, muitos irmãos são atendidos, sofrimentos
são amenizados, espíritos esclarecidos, etc., e, nem sempre é necessária a divulgação desses
resultados. Desse modo, devemos tentar preservar o ambiente da reunião, com o propósito de
que ele não seja “contaminado” por energias que possam enfraquecer ou desviar os nossos
ideais evangélico-doutrinários.
De conformidade com o exposto, cabe ao coordenador da REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, tutelado pelos Mentores da tarefa, optar em manter os pacientes encarnados
presentes ou, ainda, permitir que visitantes assistam aos trabalhos. Imbuído de autoridade
moral e proteção espiritual, o dirigente está apto a deliberar em nome do grupo o melhor
procedimento a ser seguido. Por outro lado, os participantes devem aceitar com resignação e
amor sua decisão, para que os trabalhos sejam conduzidos harmoniosamente.

6.4 – Reunião: Condições de Realização

Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que
basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão
de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam se
encontrarão na assembléia. (...) O que atrai (a proteção de Jesus) não é o maior ou menor
número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez
ou vinte (...) (04 – Cap. XXVIII, item 5).

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Em termos práticos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é dividida em duas partes: a
primeira destina-se a breves leituras doutrinárias e exposição sucinta dos casos a serem
atendidos, assim como aplicação da terapêutica do passe aos irmãos em tratamento. No
segundo momento, os tarefeiros incumbidos do trabalho deverão colocar-se em colóquio com
Deus e em sintonia com o grupo.
As rogativas, os agradecimentos e os louvores devem ser discretos e sinceros,
descrevendo, caso a reunião comporte, as recomendações sugeridas pela Espiritualidade.
Entendemos não existirem fórmulas herméticas para a realização de um encontro de
TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO com fulcro na oração, pois, conforme o próprio Mestre
Jesus nos ensinou: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles”.

Ambiente Físico e Espiritual:

Não pretendendo o Espiritismo criar rituais e roteiros a serem praticados durante os


encontros de seus seguidores e, muito menos, recriar templos em que haja ostentações
hierárquicas de postos e riquezas, sugerimos que a simplicidade que marcou o verdadeiro
exemplo que temos para seguir: Jesus (questão 625, de O Livro dos Espíritos) permaneça
entre os componentes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO.
Dessa forma, sobre o ambiente físico e espiritual, o que podemos orientar é que ele
seja saneado e respeitosamente preparado para promover auxílios em nível espiritual e físico.
O ambiente físico (a sala ou local em que ocorrerão as reuniões) deve ser limpo e simples, se
possível reservado apenas para as tarefas de tratamentos espirituais e atividades evangélico-
doutrinárias, ou seja, reuniões de caráter administrativo-financeiro devem ocorrer em outros
espaços da Casa Espírita, a secretaria ou a biblioteca, por exemplo.
A sala de REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, por receber muitos irmãos sofredores, deve
ser mantida e resguardada como um santuário sagrado, em que apenas conversas edificantes
possam ocorrer, evitando-se assim celebrações, falatórios desnecessários, maledicências,
intrigas, etc. Enfim, como em um hospital, em sua ala mais sensível (blocos cirúrgicos e
UTIs), o ambiente deve ser preservado para manter-se calmo e equilibrado.
Concomitantemente ao preparo físico ocorre o saneamento espiritual. Quando nos
empenhamos na tarefa, com toda certeza contamos com os bons espíritos para a proteção de
todos. Por essa razão, muito antes de ter início o trabalho no plano físico, os Mentores e
Trabalhadores espirituais já iniciam o preparo do ambiente e o equilíbrio das energias

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vibratórias salutares que ali serão manipuladas. Dessa maneira, justifica-se o ISOLAMENTO
COM O MUNDO EXTERIOR através de atitudes como:

a) evitar ornamentos e objetos estranhos à reunião, que possam sugerir pensamentos


descontextualizados com a tarefa;
b) abolir o uso de velas, defumadores, incensos, vestimentas especiais, amuletos,
símbolos, ídolos, ou quaisquer outros objetos que sugiram a implantação de rituais;
c) manter um comportamento respeitoso. O silêncio é uma prece, quando não podemos
trazer mensagens edificantes. As gargalhadas, os encontros efusivos e escandalosos, o
falatório desnecessário e os gritos não são condizentes com este ambiente, altamente
espiritualizado.
d) desligar aparelhos celulares e/ou quaisquer outros eletrônicos. Não basta deixá-los no
modo “silencioso” ou “vibratório”. Lembremo-nos: as atitudes e as interferências são
físicas e espirituais.
e) Antes de iniciar a reunião, os componentes devem procurar atender suas necessidades
de ordem física, tais como sede e desejo de ir ao banheiro, para que a concentração,
durante os trabalhos, não seja comprometida.
f) concentrar-se nas preces, hinos e orientações, buscando sinceramente o desligamento
com os barulhos advindos de outros ambientes externos;
g) NEUTRALIZAR PERTURBAÇÕES INTERNAS, pela concentração em
pensamentos positivos e edificantes. Procurar fixar a mente em imagens naturais, que
suscitem a beleza e a grandeza da criação Divina. Ter em mente que, durante a
REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, os problemas de ordem pessoal deverão ficar em
segundo plano, a fim de privilegiar os enfermos que buscam atendimento.
h) nunca fixar o pensamento em questões particulares ou evocar, mentalmente, por
espíritos já desencarnados. Como já nos dizia o médium Chico Xavier “o telefone
deve tocar do plano espiritual para a dimensão dos encarnados”. Por desconhecermos
as condições de parentes e amigos desencarnados no plano espiritual devemos nos
recolher em preces por eles, sem exigir manifestações que não sejam possíveis ou que
causariam dificuldades e sofrimentos.

Estas e outras sugestões (que certamente surgirão ao longo da jornada) devem ser
observadas por todos e, quando necessário, o dirigente deverá solicitar a mudança de postura
daqueles que não cooperarem.

81
Partes da Reunião:

Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que
constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância
com o espírito de caridade que ele personifica. Tal o caráter de que se devem revestir-se as
reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons
Espíritos. (04 – XXVIII, item 5)
A REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO deve ter INÍCIO sempre com uma Prece Inicial
invocando a Deus ou a Jesus a proteção do ambiente, pedindo o amparo dos bons espíritos
para os componentes da tarefa e discernimento a todos para a compreensão das orientações e
dos objetivos programados para o encontro. Não há fórmulas ou preces prontas, a melhor
oração é aquela que brota na simplicidade de um coração sincero.
Inicia-se a primeira parte da reunião, em que é feito um estudo evangélico-doutrinário
coordenado pelo dirigente e auxiliado por um dos integrantes. O estudo tem por objetivo o
norteamento da reunião. Em muitas ocasiões, ele antecipa os atendimentos e os rumos
subseqüentes da tarefa. Nesse momento pode surgir uma dúvida:
O que estudar antes das REUNIÔES MEDIÚNICAS?
Normalmente, sugere-se que o grupo estude trechos das obras básicas da Codificação
do Espiritismo, o Pentateuco codificado por Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese.
O Evangelho de Jesus, escrito pelos evangelistas e apóstolos do cristianismo, também
é recomendado, bem como as obras de outros autores espíritas, como os Espíritos de Bezerra
de Menezes, Emmanuel, Joanna de Angelis, André Luiz, entre outros recomendados pelas
Federativas Espíritas.
O estudo, no entanto, não pode tornar-se muito extenso e cansativo. O objetivo não é
encharcar os participantes de intelectualismo, mas simplesmente preparar o curso dos
trabalhos, equilibrando as vibrações ambientes.
Encerrada a primeira fase, com os estudos e comentários, inicia-se a segunda parte da
reunião. Novamente o dirigente convida os participantes a manterem-se confiantes no
trabalho e propõe uma ideoplastia (ver item 6.2), que possa sustentar a concentração dos
participantes.
No curso normal de uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO a condução flui conforme o
planejado pelos Protetores Espirituais. Cabe, nesses momentos, confiar na ação e proteção
divina e entregar-se aos trabalhos. Mesmo assim, não se dispensa a vigilância e a prece

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constantes. Pode o dirigente, no meio dos trabalhos, solicitar que alguém faça uma prece pelo
grupo, a fim de garantir o ambiente vibracional.
Os participantes, através de intuições ou “quadros mentais”, poderão receber
orientações individuais, generalizadas e/ou coletivas, mensagens de consolo, auxílios às
entidades enfermiças e sofredoras. Para tanto, deve-se manter o ambiente de oração no mais
alto grau de respeito, até que os Mentores indiquem ao dirigente o momento de encerrar os
trabalhos.
O encerramento deve ser feito com uma prece a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos
pelo amparo e proteção. Agradecer sempre, aos Benfeitores espirituais, as bênçãos hauridas,
os atendimentos ocorridos e a oportunidade do trabalho.
Os assuntos trabalhados durante a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO devem ser
registrados em pequenas atas ou, quando permitido, em gravações. O objetivo desses
registros, que devem ser mantidos reservados, é avaliar o andamento das reuniões. Sem
estabelecer julgamentos. Cabe ao dirigente observar e comparar os acontecimentos durante a
tarefa, a receptividade dos pacientes ao tratamento, sua própria postura na coordenação e a
condução da equipe.
Após o término da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, quando o ambiente favorecer, é
importante ouvir os participantes e as impressões vividas por cada um. O coordenador deve
ser gentil ao ouvir, mas disciplinado e firme para interromper e evitar que o que deveria ser
apenas um breve comentário torne-se uma palestra individualista.
Por fim, deve o dirigente lembrar aos participantes que apesar de encerrada no plano
físico, a tarefa e o tratamento poderão estender-se durante o sono, aproveitando para
relembrar a importância da prece e vigilância no retorno aos lares.

Requisitos para Integrar uma Reunião de Irradiação:

Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos. (Mt, 22:14)

“Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Esta instrução está associada à


responsabilidade daquele que recebe o conhecimento. Muitos são convidados ao banquete,
mas nem todos dele poderão servir-se. Meditemos com o coração sobre a mensagem de Jesus.
Pensando a educação como precioso instrumento de modificação moral, Allan Kardec
nos esclarece, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVII, item 4, que
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que
emprega para domar suas inclinações más.” É preciso esforço individual, a ser empregado na
83
reforma íntima, para que o trabalho do grupo seja eficaz. Portanto, vale relembrar a
importância de cultivarmos virtudes e hábitos como:
a) confiança;
b) perseverança;
c) fé;
d) caridade;
e) concentração;
f) harmonia;
g) disciplina;
h) retidão moral;
i) vontade de servir;
j) amor;
k) estudo constante;
l) humildade;
m) vontade de ajudar;
n) simplicidade;
o) responsabilidade;
p) assiduidade;
q) pontualidade.
Essas e muitas outras características enumeradas aqui poderiam ser desenvolvidas em
reflexões filosóficas de profunda sabedoria. Porém, não nos cabe promovê-las. É preciso que
aquele que tem o interesse despertado e estimulado ao trabalho, pela conscientização de suas
responsabilidades, coopere espontaneamente, seguindo apenas os impositivos de seu coração
e mente. Os requisitos são diversos e variáveis, todavia os citados até aqui, associados ao
poder da oração garantem a realização dos desígnios da Providência Divina.

6.5 – Palavras Finais


Se andarmos na luz como Ele está, temos comunhão uns com os outros... (I João, 1:7)

As orientações propostas neste estudo não podem resumir-se num corpo fechado e
estanque de regras a serem cegamente cumpridas. Pelo contrário, o desafio do Movimento
Espírita, no século XXI, é caminhar com Jesus, dinamizando suas palavras; descerrar novos
valores enfeixados na codificação kardequiana e cumprir com fidelidade o compromisso
assumido na arregimentação de aquisições positivas para o Mundo de Regeneração.

84
Doar-se como o Apóstolo Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te
dou”.(Atos, 3:6), é o nosso desafio para o AGORA. Devemos assim, perseverar e sermos
coerentes em nossas realizações, lembrando-nos de que não é a posição que exalta o homem
de bem, mas seu o comportamento moral e a retidão com que este se conduz dentro dela.
Os méritos ou sucessos obtidos nas tarefas executadas através dos Centros Espíritas,
pelas frentes de trabalho, que envolvem, dentre outros, a RECEPÇÃO, o ATENDIMENTO
FRATERNO, o incentivo e a implantação do EVANGELHO NO LAR, as VISITAS AOS
LARES e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO pertencem ao Senhor da Vida.
Desse modo, tenhamos a certeza que, para o trabalhador devotado do Cristo, nunca
faltarão auxílios de sustentação. Os Amigos Espirituais, quando encontram disposição íntima
de melhoramento e serviço, procuram investir recursos que beneficiam o trabalho que
realizamos e nos auxiliam na superação das dificuldades. É o que nos esclarece o instrutor
Alexandre, em Missionários da luz:

“Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que
auxiliam, podemos ministrar o benefício espiritual com relativa eficiência. Todos
os enfermos podem procurar a saúde; todos os desviados, quando desejam,
retornam ao equilíbrio. Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos
completamente bons, seria impossível a redenção humana. Qualquer cota de boa
vontade e espírito de serviço recebe de nossa parte a melhor atenção. (...) Quando
nos referimos às qualidades necessárias aos servidores desse campo de auxílio, a
ninguém desejamos desencorajar, mas orientar as aspirações do trabalhador para
que sua tarefa cresça em valores positivos e eternos”. (19)

85
6.6 – Referências Bibliográficas

(01) APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA: Estudo Sistematizado da


Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005.

(02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003

(03) KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.

(04) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª


Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(05) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002

(06) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração).

(07) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973.

(08) EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(09) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(10) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

(11) KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB.
2005.

(12) DENIS, Leon. No Invisível. 19ª edição. Tradução Leopoldo Cirne. Brasília: FEB. 1987.

(13) EMMANUEL, (Espírito). Livro da Esperança. 4ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1983.

(14) EMMANUEL, (Espírito). Instruções Psicofônicas. 7ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1995.

(15) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Desobsessão. 9ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Brasília: FEB, 1987.

(16) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

(17) XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além. Diversos Espíritos. 5ª ed. Rio de
Janeiro: FEB.2003.

(18) SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão. 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994.

86
(19) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000.

(20) DENIS, Leon. O grande enigma. 10ª edição. Rio de Janeiro: FEB. 1992.

87
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL

PASSE
ESPÍRITA

“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que


tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, levanta-te”.

(Atos, 3:6)

88
7 – PASSE ESPÍRITA

7.1 – Introdução

A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santa e religiosamente. Se há um


gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a
mediunidade curadora. (01 – Cap. 26, item 10)
O PASSE compõe as terapêuticas utilizadas na Casa Espírita e visa a auxiliar o irmão
necessitado na busca do equilíbrio de suas energias vitais e na harmonização mental.
Conforme postulado pela Doutrina dos Espíritos, “o passe é um dos veículos de que se
utilizam os Bons Espíritos para atender aos necessitados, de acordo com a vontade de Deus,
e não para atender aos homens...” (02, p. 32).
Em rápidas reflexões, a proposta desta apostila é, além de complementar as outras
apostilas como, por exemplo, a RECEPÇÃO, o ATENDIMENTO FRATERNO, as VISITAS
aos LARES e HOSPITAIS, a implantação do EVANGELHO NO LAR e as reuniões de
PRECES E IRRADIAÇÕES, refletir e, a partir daí, rever a prática do PASSE no Centro
Espírita, que para muitos, pela constância com que ocorre, acaba por torna-se uma seqüência
de repetições automáticas carentes de sentimento fraterno.
O PASSE utilizado como manipulação de fluídos magnéticos é uma prática muito
antiga, tendo sido registrada em textos do Velho Testamento “Josué, filho de Num, ficou
cheio do Espírito de Sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto suas mãos. Os israelitas
obedeceram-lhe, assim, como o Senhor tinha ordenado a Moisés” (Deu, 34:9-12).
Na Antiguidade não cristã os magos da Caldéia e os brâmanes da Índia curavam pela
aplicação do olhar, e, no Egito, “as multidões acorriam ao templo da deusa Isis, procurando
o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos.”
(06).
No Novo Testamento, temos registros de curas obtidas pelo intermédio dos
evangelistas e cristãos, nele muitos são os relatos sobre os feitos de Jesus que pela imposição
da mão, pelo toque ou pelo sopro limpava os enfermos e aliviava os sofredores.
Na atualidade, inúmeros são os irmãos infelizes, desiludidos, doentes do corpo e da
alma que buscam, nos Centros Espíritas, lenitivos para suas aflições. Por isso, é valioso o
esclarecimento para o recém-chegado. É preciso que, logo nos primeiros contatos, de modo
adequado e fraterno, ele fique ciente de que um Centro Espírita, comprometido com a
Doutrina Espírita e com o Evangelho de Jesus, é um lugar em que ele poderá obter a

89
terapêutica do PASSE, conjugado com orientações para as suas necessidades, desde que
desenvolva a fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seu desejo de
curar-se.
A Doutrina Espírita permitiu-nos entender que vivemos imersos num gigantesco
mundo fluídico, que nossos pensamentos utilizam esses fluídos como veículo e, ainda, que
através de técnicas e estudos podemos empregar essas energias magnéticas em benefício
próprio e de outrem.
Pela dedicação à vivência evangélica e à prática do Bem aprimoramos nossos hábitos
e transformamos nossos impulsos inferiores em energias positivas a serem canalizadas no
exercício do amor fraternal. O labor na Casa Espírita, principalmente na tarefa do PASSE, é
atitude séria e requer cuidados especiais do trabalhador, além de dedicação e fidelidade à
Doutrina dos Espíritos e ao Evangelho de Jesus.
A Casa Espírita, com suas várias frentes de auxílio ao próximo, necessita capacitar e
qualificar seus trabalhadores para as tarefas do dia-a-dia, pois são eles os que primeiro devem
ter consciência da importância da missão que têm a cumprir. Posto isso, passaremos a
desenvolver algumas reflexões necessárias ao uso da terapêutica do PASSE, considerando que
por promover contato direto com o público, exige esta tarefa muita dedicação e amor por
parte de quem se dispõe a exercê-la.

“A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada


pelo Espírito uma palavra da sabedoria; a outro, uma palavra de ciência por esse
mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as
doenças, no mesmo Espírito”. (I Cor, 12:7-9)

7.2 – O Passe

Numa consulta ao Dicionário da Língua Portuguesa, organizado pelo Professor


Aurélio Buarque de Hollanda, verificamos que a palavra “Passe”, S. m. é o “Ato de passar as
mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte
doente de uma pessoa para curá-la.” Para a Doutrina dos Espíritos o PASSE é:

“ (...) uma transfusão de energias, alterando o campo celular. (...) Na assistência


magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção,
ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. (...) O passe, como
reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo, com o
respeito e a confiança que o valorizam”. (07)

Para o passista, o PASSE é sublime oportunidade de trabalho de doação fluídica em


que o cooperador dedicado a auxiliar o irmão, por extensão, é ajudado e amparado pelos
assistentes do Bem.

90
A compreensão da importância do PASSE passa pelo entendimento de alguns
conceitos, tais como:
a) DEUS – “inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas” (03 – q.1)
b) ESPÍRITO – “O princípio inteligente do Universo” (03 – q. 23)
c) FLUÍDO CÓSMICO – “é a matéria elementar primitiva, cujas modificações
constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar
do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade,
que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de
ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o
de transformação do fluído em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição
brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo
médio entre os dois estados. (04 – Cap. IV e X)
d) FLUÍDOS MAGNÉTICOS – “ligam todos os mundos entre si no Universo, como
todos os Espíritos, encarnados ou não. É um laço universal pelo qual Deus nos ligou a
todos, como que para formamos um único ser e para nos facilitar a ascensão ao seu
seio, conjugando-nos as forças. Os fluídos se reúnem pela ação magnética. Tudo em a
natureza é magnetismo. Tudo é atração produzida por esse agente universal.” (05)

A seguir tentaremos compreender o mecanismo do passe aplicado nas Casas Espíritas.

Mecanismo do Passe:

Ao contrário do que podem pensar algumas pessoas, nós, espíritos vinculados ao orbe
terrestre, estamos constantemente irradiando e recebendo fluidos do meio em que habitamos,
dos encarnados ou não, numa transmissão tão natural e automática que, na maioria das vezes,
escapa à nossa percepção. Sempre que pensamos e sentimos, estamos movimentando fluidos
ou energias.
Cada estado de alma, cada pensamento, cada emoção vivida, cada sensação
corresponde à emissão e/ou à absorção de um tipo de energia, que entra pelos centros de força
espiritual, mediante a sua natureza, incorporando-se à tessitura do perispírito (corpo
espiritual) e trazendo-nos estados de mal-estar ou de bem-estar.
André Luiz narra, em Mecanismos da Mediunidade, o processo de assimilação e de
retenção das energias pelo paciente durante o PASSE magnético: Estabelecido o clima de
confiança, qual acontece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o

91
necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo,
verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro. Ao toque da
energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados o próprio
enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emite ondas mentais
características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição
fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue. (08 – p. 160-161)
Neste ponto, vale destacar que, tanto quem recebe como quem doa (atendido e
passista), ambos, de acordo com o merecimento assimilarão os recursos vitais emanados pela
movimentação de energia.
Aqui, cabe-nos um parêntese para detalharmos, sob a orientação de André Luiz, o
processo de assimilação de correntes mentais, promovido pela prece sincera que facilita o
recebimento de recursos vitais:
“Vimos aqui o fenômeno da perfeita assimilação das correntes mentais que preside
habitualmente a quase todos os fatos mediúnicos. (...) A emissão mental de
Clementino, condensando-lhe o pensamento e a vontade, envolve Raul Silva em
profusão de raios que lhe alcançam o interior, primeiramente pelos poros, que são
miríades de antenas sobre as quais essa emissão adquire o aspecto de impressões
fracas e indecisas. Essas impressões apoiam-se nos centros do corpo espiritual,
que funcionam à guisa de condensadores, atingem, de imediato, os cabos do
sistema nervoso, a desempenharem o papel de preciosas bobinas de indução,
acumulando-se aí num átimo e reconstituindo-se, automaticamente, no cérebro,
onde possuímos centenas de centros motores, semelhantes a milagroso teclado de
eletroímãs ligados uns aos outros e em cujos fulcros dinâmicos se processam as
ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas, através do
pensamento ou da palavra”. (07 – Cap. 5)

Não menos importante, é o papel do passe magnético, que em forma de energias


circulantes percorre a estrutura física e espiritual do paciente e do(s) passista(s), promovendo
curas e dispersões de fluidos, processo aqui narrado por André Luiz:
Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino
manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade
enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança
magnetize naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serviço, a fim
de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência, se recomponha para o
equilíbrio indispensável. (09 – Cap. XV, 2ª Parte)

Tipos de Passe:

A tipologia apresentada a seguir deve ser entendida apenas como sugestão quanto à
aplicação do PASSE NA CASA ESPÍRITA. Em momento algum deverá o passista ficar preso
à rigidez das regras. Consideramos que o tarefeiro comprometido com a Doutrina e com o
Evangelho nunca estará desamparado em sua lide diária. No entanto, devido aos excessos de
gesticulações, movimentos improvisados e falatórios desnecessários ocorridos durante a

92
aplicação do passe, nos próximos tópicos, trataremos de métodos e técnicas que podem ser
utilizados, para facilitar o trabalho do PASSE. Assim, o PASSE foi dividido em sete tipos
distintos, quais sejam:
a) Passe Magnético;
b) Passe Espiritual;
c) Passe Humano-Espiritual;
d) Passe Mediúnico;
e) Passe Coletivo;
f) Autopasse;
g) Passe à Distância.

a) PASSE MAGNÉTICO: é aquele ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio


passista. Normalmente, trata-se de pessoa portadora de abundante força magnética, que a
transfere ao doente. O magnetizador mantém sua força mediante alimentação, ginástica,
repouso, controle sexual e mente positiva. O magnetizador pode exercer algum tipo de
atividade profissional científica, e negar a existência de Deus e a colaboração dos espíritos.
Informa-nos Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que “...O magnetizador
dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde.” (01 – Cap. 26, 10)

b) PASSE ESPIRITUAL: é aquele ministrado pelos próprios espíritos sem o concurso de


intermediários. Amplamente utilizados pelas entidades superiores que, desse modo,
encaminham recursos curadores para o necessitado, muitas vezes, sem que ele próprio
perceba. Observada a sintonia e considerado o mérito ou a necessidade do paciente, os
Espíritos agem com a maior eficiência. O PASSE espiritual deve ser divulgado como sendo
um recurso acessível a todos, a fim de que um número maior de pessoas possam se valer dele,
fixando seus recursos curativos, para tanto, basta a oração sincera, que coloca o paciente em
estado receptivo. O passe espiritual oferece ainda, a vantagem de evitar que o interessado
fique na dependência da presença do passista. O passe espiritual é o que se verifica pela
doação fluídica direta dos Espíritos ao paciente, sem interferência de médiuns. Na prática dos
encarnados, contudo, a presença do médium, nesse caso, serve apenas como “canal” dos
fluidos espirituais. (02)

c) PASSE HUMANO-ESPIRITUAL: é aquele no qual os Espíritos combinam seus fluidos


com os do passista. O encarnado, rogando o auxílio dos benfeitores, é ajudado por sua

93
vontade sincera, por seu sentimento puro e por seu pensamento conectado ao dos bons
Espíritos, que lhe aumenta, valoriza e sutiliza os fluídos, associando-os aos seus próprios,
mais leves e eficazes e os dirigem aos centros de energias do paciente, que convergem os
benefícios para os órgãos necessitados. Não podemos nos esquecer de que o concurso dos
espíritos poderá ser espontâneo ou provocado por uma prece sincera do passista e do paciente.
A prece é recurso valoroso, pois o fluido humano está, na maioria das vezes, sempre
impregnado de impurezas físicas e morais; já os fluidos dos bons espíritos são mais puros e,
em razão disso, suas propriedades são mais ativas. Neste contexto, a prece funciona como um
elo fluídico entre encarnados e desencarnados.

d) PASSE MEDIÚNICO: é aquele no qual os Espíritos atuam através de um encarnado


mediunizado, utilizando-se das faculdades medianímicas deste. Em virtude das sutilezas do
processo mediúnico e da necessidade dos Centros Espíritas de atenderem um número elevado
de pacientes, desaconselhamos essa modalidade de passe, posto que, durante sua aplicação,
algumas situações impróprias poderiam surgir, desestabilizando o trabalho do passista e/ou do
grupo. Entre esses inconvenientes, podemos citar:
i. possibilidade de perguntas que fogem, pela sua natureza, aos objetivos da Doutrina
Espírita e, por conseqüência, da tarefa do passe;
ii. tendência a atribuir aos espíritos comunicantes superioridade que eles podem ou não
possuir;
iii. despreparo do assistido para presenciar manifestações mediúnicas, fato que poderá
impressioná-lo negativamente, atrapalhando o objetivo da tarefa;
iv. e, por fim, possibilidade de diferenciação entre os passistas, o que é indesejável no
ambiente da Casa Espírita.

e) PASSE COLETIVO: “O passe coletivo é o passe aplicado por um ou mais passistas a um


grupo de pessoas. É comum nas casas espíritas o uso do passe coletivo no início ou ao final
das reuniões públicas, procurando-se levar o benefício a todos os freqüentadores. Ele
também pode ser executado dividindo-se os pacientes em pequenos grupos, sendo o passe
aplicado a cada um desses grupos sucessivamente.(...) Deve-se ter muito cuidado para não
passar uma imagem de uma apresentação teatral. Os resultados do passe coletivo podem ser
tão bons quanto os do passe individual, desde que aplicado com método e após conveniente
preparação dos pacientes. Deve-se recorrer ao passe coletivo sempre que o número de
passistas for insuficiente para atender individualmente a todos os necessitados”. (10)

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f) AUTOPASSE – trata-se da oração, da prece sincera proferida com o fito de obter bons
fluidos e auto-harmonia. Assim, o autopasse é um cuidado necessário de que o passista deve
se utilizar antes e após a tarefa, pois ele purifica os pensamentos, otimizando as energias. Ao
iniciar e ao concluir a aplicação de passes, é importantíssimo que o passista proceda à limpeza
do seu próprio envoltório fluídico, através do que se costuma chamar autopasse. O autopasse
inicial tem o objetivo de retirar componentes fluídicos inadequados que se tenham agregado
ao organismo do passista, em virtude de suas atividades anteriores. No final, o autopasse visa
a libertar o passista de fluidos que tenha, inadvertidamente, captado dos pacientes. (...) Para
concluir o autopasse, deve o passista estabelecer uma ligação mental com as regiões
vibratórias superiores e imaginar que está sendo banhado por uma luminosidade suave que vai
envolvendo-o lentamente, primeiro a cabeça, depois o tronco e os braços, e assim
progressivamente, até atingir os pés. O passista deve manter assim por alguns momentos,
deixando que as vibrações superiores restabeleçam seu equilíbrio e harmonia. (10 – cap. 2)

g) PASSE A DISTÂNCIA: Muito difundido no meio espírita através da irradiação, em que o


médium sintoniza-se com o paciente a distância e por ele canaliza fluidos salutares e
benéficos. Para sua concretização operam Espíritos especializados, tendo na prece o veículo
indispensável dos recursos curadores. Sua eficiência está na dependência exclusivamente de
fatores mentais, pelo que são dispensáveis a anotação, a leitura de cada nome ou as preces
individuais. Importante, contudo, é que o interessado, no momento do passe, esteja em prece
ou numa tarefa edificante e, de outro lado, que o médium, também em comunhão com
benfeitores espirituais, mentalize o enfermo para o qual deseja ajuda espiritual.

Modalidades de Aplicação de Passes:

No exercício do PASSE, verificam-se geralmente dois aspectos principais:


a) Dispersão: retirada de fluidos doentios, chamada limpeza fluídica e a redistribuição
das cargas fluídicas recebidas ou doadas;
b) Concentração: canalização de fluídos curadores em áreas que necessitem de
tratamento e harmonia energética.

PASSE DE DISPERSÃO: Este passe tem a propriedade de espargir e suprimir fluidos


negativos, porém ele não se limita apenas a este único objetivo, ele também “exerce o papel

95
de reordenar as camadas fluídicas do paciente, dando a elas a estabilidade devida”;
comporta-se como um redistribuidor de cargas energéticas, evitando a concentração destas em
locais isolados. Geralmente executado com as mãos espalmadas e estendidas na linha mediana
do corpo, de onde próximo aos membros inferiores, se abrem os braços em sentido inclinado e
com movimento rápido. Ao fim de cada movimento, fechar e abrir as mãos para trás,
mentalizando a dispersão dos fluídos agregados nas mãos. Atentemos, todavia, para a posição
mental do médium, pois não é o simples arcar de dedos que fará com que os fluidos
dispersem, suas disposições e seu comando mental nesse sentido são indispensáveis. (02)

PASSE LONGITUDINAL: Amplamente adotado, são aqueles ministrados ao longo do corpo,


da cabeça aos pés e de cima para baixo, com as mãos abertas e os braços estendidos. Inicia-se
na altura da cabeça, descendo lentamente e com flexibilidade até os membros inferiores.
Destina-se à dispersão dos fluídos ou a sua distribuição eqüitativa por todo o corpo. Não
ocorrendo ao passista intuição sobre a conveniência de aplicação de outra modalidade de
passe, o passe longitudinal atenderá a todas as necessidades.

PASSE CIRCULAR: Este passe é executado com a palma das mãos ou com os dedos em
movimentos rotatórios. Enquanto uma das mãos permanece espalmada, de preferência à altura
da região frontal, a outra se movimenta em círculos sobre a região afetada. Ele é muito
benéfico em áreas com maior concentração e movimentação de fluídos. Se aplicado sobre o
cérebro o passe circular pode favorecer o transe mediúnico; quando demorado, pode torna-se
desconfortável tanto para o passista quanto para o paciente.

PASSE TRANSVERSAL: Este passe tem grande poder dispersivo, mas pode apresentar
alguns inconvenientes quanto ao seu uso na Casa Espírita. Vejamos o motivo: são executados
com os braços distendidos à frente e as mãos, inicialmente, posicionadas a uma distância do
paciente entre 30 e 50cm; (...) O operador, colocado de pé e defronte do magnetizado, estende
os dois braços diante, as mãos abertas, com a palma e os polegares para baixo; nessa posição,
ele abre rapidamente e com muita energia os braços no sentido horizontal e depois volta com
vivacidade à posição primitiva para recomeçar logo a seguir da mesma maneira. (02)

PASSE PERPENDICULAR: Como os passes transversais, esta modalidade de passe é


extremamente dispersiva. Ele é aplicado a uma distância de 5cm do corpo do paciente, com as
mãos estendidas sobre a cabeça e descendo-se rapidamente, sendo uma pela frente e a outra

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por trás do corpo do paciente. Conforme podemos deduzir, por uma questão de praticidade e
economia espacial, este passe é impróprio para a Casa Espírita, porque tanto o passista quanto
o paciente devem se movimentar durante sua aplicação e ambos deverão permanecer de pé.

SOPRO CURATIVO (ou INSUFLAÇÃO): Esta modalidade terapêutica apresenta-se de dois


modos distintos, tanto quanto ao método como ao objetivo, vejamos:
a) Insuflação ou sopro frio: executado a uma distância de 30cm do paciente, é uma
seqüência de sopros rápidos e vigorosos sobre a área que se deseja atuar. O efeito
desse método é refrigerante e calmante e funciona como precioso processo de
dispersão.
b) Insuflação ou sofro quente: ao contrário da modalidade anterior, esta é executada na
forma de contato físico: coloca-se um lenço sobre a parte que se deseja magnetizar;
após uma longa inspiração o passista deverá colocar sua boca sobre o lenço e começar
a soprar uma expiração muito forte e mais prolongada possível. O procedimento
poderá ser repetido se necessário por aproximadamente 06 (seis) vezes. O efeito
favorece a concentração de fluídos.
Esta técnica, mesmo sendo eficiente, apresenta inconvenientes ao ser aplicada na Casa
Espírita. Contudo poderá ser utilizada com êxito por passistas que observem determinados
fatores de ordem educativa, moral e alimentar. Somados a esses, é necessário que ele goze de
boa saúde física, principalmente, no que se refere aos órgãos ligados aos aparelhos
respiratório e digestivo, além do bom funcionamento do aparelho coronário.

7.3 – O Passista
O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a
termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige
muita colaboração de nossa parte. (11 – Calderaro, Espírito)

Quem pode aplicar o passe? Em princípio, toda pessoa saudável, de boa vontade e
disposição sincera para auxiliar o próximo pode aplicar passe. Pela fidelidade e disciplina no
desempenho de suas obrigações, o tarefeiro melhora a si mesmo e aproxima-se de benfeitores
dispostos a auxiliá-lo nas tarefas do Centro Espírita. Assim, para que o trabalhador possa
servir com adequação é necessário que cultive alguns hábitos, que lhe assegurarão tutela de
qualidade. São requisitos indispensáveis ao desempenho da tarefa do PASSE:
a) REQUISITOS FÍSICOS
b) REQUISITOS INTELECTUAIS
c) REQUISITOS MORAIS

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Requisitos Físicos:
Deve o passista observar os seguintes itens:
a) Buscar a limpeza de seu corpo, como condição mínima de higiene, que assegure a
própria saúde e a do assistido;
b) Procurar alimentar-se em quantidades proporcionais à sua condição orgânica. A
deficiência acarreta desgaste; o excesso compromete o equilíbrio celular;
c) Observar a qualidade dos alimentos ingeridos, sempre disciplinado pelo bom senso;
certos alimentos oferecem maior concentração energética;
d) Abster-se do álcool, fumo e outras substâncias tóxicas que prejudicam as funções
psíquicas e orgânicas, comprometendo os fluídos transmitidos na tarefa, o que pode
prejudicar a saúde do paciente, cujas condições físicas ou psíquicas devem merecer o
máximo de atenção e cuidado;
e) Esforçar-se para controlar e/ou suprimir o uso da carne, pelo menos no dia da tarefa
deve ser feita a abstinência, pois a digestão desse alimento é mais demorada e exige
maior desgaste de energias do tarefeiro;
f) Primar pelo equilíbrio mental, psíquico e orgânico. Quando enfermo ou em
desequilíbrio, deve o passista abster-se da tarefa;
g) Observar e controlar a conduta sexual. Sexo desregrado é responsável por sérios danos
à estrutura psíquica, orgânica e espiritual;
h) Superar a atração pelo jogo de azar e outros vícios, os quais nos ligam psiquicamente a
entidades em desequilíbrio, estabelecendo um processo de simbiose prejudicial a
todos;
i) Evitar atividades que exijam excessos e esgotamentos desnecessários, a fim de manter
as reservas de energia vital em condições de servir.

Requisitos Intelectuais:
a) Ter conhecimentos específicos sobre o passe, seus efeitos, aplicações; a fim de que
comentários e/ou práticas não doutrinários sejam evitados;
b) Buscar conhecimento sobre os mecanismos que envolvem a tarefa com irmãos mais
experientes, para melhor se preparar quando imprevistos surgirem e poder orientar
outros irmãos espíritas se solicitado;
c) Participar de grupos de estudos relacionados ao passe, às curas, às irradiações, aos
tratamentos e aos centros de força humanos. A ausência de estudo significa estagnação
e pode emperrar a dinamização da tarefa.

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Requisitos Morais:
a) Cultivar as virtudes e manter a conduta cristã, através da perseverança e da
assiduidade no trabalho com os amigos espirituais;
b) Ter disposição sincera de ajudar o próximo, encarando-o como irmão e filho de Deus;
c) Conhecer e aceitar a posição de simples intermediário de recursos do mais Alto, não
alimentando orgulho ou vaidade;
d) Interessar-se constantemente pelo esclarecimento doutrinário; pelo aprimoramento da
fé raciocinada de quem trabalha alicerçado nos ensinamentos de Jesus;
e) Buscar a reforma íntima com base no Evangelho de Jesus e na procura constante do
aperfeiçoamento moral;
f) Tentar sublimar os impulsos negativos que geram desequilíbrios, buscando domínio
sobre si mesmo;
g) Controlar os sentimentos e emoções, mantendo uma atitude cristã e decidida em todas
as circunstâncias;
h) Fazer uso de palavras, gestos e ações positivas e edificantes.

Quando um candidato ao trabalho de PASSE revela sincera disposição de servir, a


Espiritualidade passa a prestar-lhe a mais efetiva assistência, a fim de que sua boa vontade
seja utilizada e suas possibilidades ampliadas.
Desde que possua disposição o trabalhador poderá ser utilizado, cabendo-lhe, no
entanto, empenhar-se constantemente no esforço auto-educativo para estar à disposição de
entidades especializadas, nas circunstâncias de emergência.
Havendo possibilidade e oportunidade, deve o passista procurar conhecer pelo menos
algumas noções de anatomia e fisiologia. A anatomia trata das partes do corpo humano, a
fisiologia das funções de seus órgãos. Sempre que possível é de bom alvitre estudar os
assuntos relacionados aos princípios fundamentais da Doutrina Espírita:
a) Deus
b) Jesus
c) Espírito/ Perispírito
d) Evolução/Livre Arbítrio/Causa e efeito
e) Reencarnação/Pluralidade dos mundos habitados
f) Imortalidade da alma/Vida futura/Plano Espiritual
g) Mediunidade/Influência dos Espíritos em nossa vida/Influência dos Espíritos na
natureza.

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7.4 – Como Aplicar o Passe

Para obter melhor resposta da emissão e recepção dos fluidos manipulados durante o
Passe, o passista deve preparar-se convenientemente, a seguir alguns pontos a serem
observados:

Atitude íntima do Passista:


a) Prece, suplicando o amparo do Alto e colocando-se a serviço do bem, com Jesus. Pela
oração o passista pode sorver do plano espiritual as energias renovadoras e,
posteriormente, aplicá-las em favor do irmão assistido;
b) Concentração apenas na tarefa a ser desempenhada;
c) Confiança e desejo de ajudar, condicionado à vontade de Deus;
d) Serenidade para registrar intuitivamente orientações durante a aplicação do passe;
e) Mentalização positiva para a recuperação do enfermo.

Postura do Passista:
O passe deve ser sempre silencioso e ministrado com simplicidade e naturalidade.
Lembre-se de que para receber, transmitir e fixar energias basta utilizar exclusivamente a
mente O passista deve manter-se sereno e gentil com os pacientes, sem propiciar
conversações. DEVE EVITAR:
a) Gestos bruscos, que possam machucar alguém;
b) Gesticulações excessivas, que beiram à teatralização;
c) Suspiros, bocejos, murmúrios, gritos, falas, cantigas e respiração ofegante. Alguns
passistas acentuam a respiração durante o passe, deve-se procurar evitar a emissão de
ruídos;
d) Esfregar as mãos e estalar de dedos;
e) Tocar o atendido ou passar a mão pelo seu corpo, sob qualquer pretexto.

Observações Importantes:
a) Se o passista tiver conhecimento sobre a matéria que relaciona os centros de força, os
plexos correspondentes e suas localizações, poderá atuar mais livremente sobre as
zonas afetadas do organismo do paciente, se para tanto for intuído.

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b) As mãos espalmadas com naturalidade devem guardar uma distância de mais ou
menos 20 centímetros do paciente. NUNCA TOQUE O PACIENTE durante a
aplicação do passe.
c) O passe em equipe pode ser ministrado por dois ou até quatro passistas, quando
evidenciada a sua necessidade ou por orientação espiritual.
d) Não há tempo estipulado para a duração do passe. Cabe ao passista usar o bom senso e
obedecer à inspiração do momento, normalmente ele dura o tempo equivalente a uma
prece sincera.
e) O passe prolongado acumula mais fluídos o que pode torna-se irritante, especialmente
no organismo de crianças, idosos e enfermos.
f) O número de pessoas a serem atendidas não deve influenciar na duração do passe. O
passista deve manter-se sereno e empenhado no atendimento com o máximo de
interesse e espírito de caridade, para que o trabalho não resulte em mero automatismo.
g) Desde que haja imperiosa necessidade, o passista poderá dar tantos passes quantos
forem solicitados, confiante no inesgotável manancial da misericórdia de Deus.
h) Quanto ao esgotamento gerado pela tarefa, cabe ao passista, mesmo reconhecendo sua
qualidade de simples intermediário, buscar não só poupar suas reservas energéticas,
evitando excessos, como encontrar meios naturais que o auxilie na recuperação.

Reflexos:

“Na execução da tarefa, o passista pode, algumas vezes, experimentar sensações


relacionadas com o problema do paciente. Como está imbuído do desejo de ajudar o
semelhante, é compreensível que sintonize com ele a ponto de experimentar reflexos de seu
padecimento. Toda tarefa de assistência pede abnegação. Mas o passista dispõe de recursos
para eliminar reflexos e poderá abreviar tal providência, tendo a mente voltada para a prece
e a perseverança no bem. Nos passes aplicados em pessoas sob a atuação de espíritos em
desequilíbrio, o passista poderá registrar reflexos negativos desde a hora em que se propõe a
ajudar, podendo perdurar ainda depois do passe. É compreensível que os espíritos envolvidos
na trama obsessiva, conhecendo-lhe a predisposição de colaborar pretendam arrefecer-lhe o
ânimo, afastando-o do caminho do enfermo. Fé, perseverança no trabalho são a melhor
medida para superação desses obstáculos”.(06)

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7.5 – Por que Aplicar o Passe

“Como o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, todos nós


podemos impor as mãos e curar, se temos amor aos nossos semelhantes e o desejo
ardente de os aliviar”. (12 – cap. 15)

Parece-nos justo procurarmos saber o motivo pelo qual o PASSE é tão utilizado nos
meios espíritas e, inclusive, no plano espiritual. A reposta mais adequada a esta pergunta pode
estar ligada aos efeitos benéficos que ele gera, cominados com a vantagem de não ter
qualquer contra-indicação, podendo, assim, ser ministrado em todas as pessoas, em qualquer
idade, com qualquer tipo de enfermidade.
Os resultados do passe sempre serão positivos, podendo variar conforme a disposição
mental, a confiança, a fé e a resignação de quem o recebe. Pois, apenas para relembrarmos,
num sentido amplo e respeitadas as peculiaridades, os efeitos do passe independem de quem o
aplica, principalmente se levarmos em conta que o médium é um aparelho utilizado pelos
espíritos que tutelam a tarefa.
O passe é recurso da Providência Divina e deve ser valorizado tanto pelo passista
como pelo paciente. Jesus com freqüência, em sua jornada pela Terra, aplicava passes:
Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim. Porque
dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos partiu dali.
(Mt, 13:14-15)

E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E
tocou-lhe na mão e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. (Mt, 8:14-15)

E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe:


Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo.
(Mc, 1:41-42)

E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e,
pondo as mãos sobre cada um deles, os curava. (Lc, 4:40)

Com base nos versículos apresentados, é natural, portanto, que, na condição de


candidatos a aprendizes do Mestre, procuremos imitá-lo. Porque assim fizeram os apóstolos,
obtendo resultados magníficos e da mesma forma, também, agiram e agem muitos outros, que
em nome do amor de Jesus procuram atender o semelhante no anonimato. André Luiz, na
obra Missionários da Luz, esclarece: Todos, com maior ou menor intensidade, poderão
prestar concurso fraterno, (...) porquanto, revelada a disposição fiel de cooperador a serviço
do próximo, (...) as autoridades de nosso meio designam entidades sábias e benevolentes que
orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio
valor. (13)

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Quando Aplicar o Passe:

Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam, porque esta é a Lei e os
profetas. (MT, 7:12)

Numa menção fiel ao livro de Jacob Melo (02), deduzimos que se pode aplicar o passe
quando:
a) O paciente demonstrar sincero desejo em obter tal benefício, salvo nos casos em que o
paciente, em crise, não tiver condições de manifestar sua vontade.
b) Servir de recurso terapêutico total, complementar, reparatório ou preparatório.
c) O paciente se encontrar sob influência obsessiva, hipnotizado ou em estado
sonambúlico, o passe é altamente significativo como “EVANGELHOTERAPIA”.
d) O paciente atender indicações do receituário da Casa Espírita.
e) O médium for solicitado em casos sérios ou urgentes;
f) Existirem condições ambientais e fluídicas propícias, como, por exemplo, nas reuniões
com esta finalidade.
g) Solicitado para atender pessoas impedidas de sair de casa ou hospitalizadas.
h) Após reuniões doutrinárias, para pessoas que precisem ou queiram recebê-lo.
i) Nas reuniões mediúnicas, de tratamentos e irradiações, como auxílio aos médiuns,
durante atendimento aos espíritos em sofrimento.

Deve-se evitar aplicar o passe quando:


a) O paciente é refratário por decisão própria, provocando o desgaste fluídico do
médium.
b) O paciente simplesmente não quer tomar o passe.
c) O paciente procura o passe apenas por curiosidade, com zombaria, desrespeito,
cinismo e descrença.
d) O paciente se recusa a seguir o tratamento recomendado, no sentido de assistir às
reuniões doutrinárias, evitar os vícios e buscar a reforma íntima.
e) O médium não se sentir confiante ou estiver imerso na dúvida.
f) O médium estiver nutrido de sentimentos negativos e não puder superá-los.
g) O passista possuir vícios como fumo, álcool, tóxicos; e/ou alimentar-se
desregradamente; e/ou praticar atividades excessivamente desgastantes.
h) Estiver fazendo uso de remédios controlados, que afetem suas percepções.
i) Encontrar-se em idade muito avançada, com visível esgotamento fluídico ou na
infância ou na adolescência.

103
j) Estiver doente ou estafado física ou mentalmente.
k) Antes não tiver sido feita uma prece ou pequena reflexão evangélico-doutrinária.
l) Não existir passista preparado para a tarefa.

No entanto, devemos observar as condições e a necessidade da tarefa, pois como


afirmou Chico Xavier ao ser perguntado sobre “Como deveríamos agir com pessoas que nos
procuram em horários impróprios?”, este esclarece: (...) Todo trabalho para expressar-se em
eficiência e segurança reclama disciplina. Aprendamos a controlar os horários de ação
espiritual, a fim de que a perturbação não venha aparecer, em nossas tarefas, sob o nome de
caridade. Peçamos a Jesus nos inspire e abençoe para isso. A ordem preside o progresso e,
por isto mesmo, não podemos perder a ordem de vista, sob pena de desequilibrar, embora
sem querer, o nosso próprio trabalho. (02)

Onde Aplicar o Passe:

No Centro Espírita: O local mais conveniente para aplicar passe é o Centro Espírita,
que, pela natureza de suas atividades, constitui-se como núcleo mais importante de assistência
a encarnados e desencarnados. Quando for possível, o Centro deverá ter uma sala previamente
destinada à aplicação de passes, com funcionamento em dias e horários pré-estabelecidos. É,
ainda, conveniente que, antes de se iniciar o serviço de PASSE, seja feita uma rápida
explicação sobre ele, pois sempre há pessoas que ali comparecem pela primeira vez, e o irmão
orientado, ainda que superficialmente sobre o assunto, pode oferecer condições para melhor
receber e fixar os benefícios da terapêutica. É indispensável iniciar e interromper (quando
necessário) a tarefa do passe com uma prece. Nos dias em que for grande o número de
candidatos ao passe, é recomendável realizar o trabalho por turmas (veja o item IV – Passe
Coletivo), repetindo-se os esclarecimentos e as preces quantas vezes forem necessárias.
Esclarecer aos atendidos que:
a) não se deve conversar com o passista durante a aplicação do passe;
b) basta receber um passe de um passista;
c) evitar a preferência por este ou aquele passista;
d) durante o recebimento da terapêutica deve o paciente permanecer em prece;
e) o passe, conforme o merecimento de cada um, facilita ou proporciona a cura, alivia o
sofrimento ou fortalece o enfermo.

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A redução da luz durante o passe favorece a manipulação, pelos Espíritos, de certos
fluídos, porque promove a serenidade íntima dos encarnados e facilita a meditação no bem.
Todavia, nos casos em que não haja possibilidade de reduzir a luminosidade, deve-se optar
pela claridade. Para sua tranqüilidade e para evitar mal-entendidos, o passista procurará não
ficar só com o necessitado, principalmente quando se tratar de pessoas de sexo diferente. Em
todo trabalho coletivo deve haver prudência por parte dos responsáveis, evitando-se o contato
de portadores de moléstias contagiosas com os demais presentes.
Nos lares: sempre que houver impossibilidade de o doente se locomover, é justo que
se dê passe na residência. Isso, porém, só enquanto durar o impedimento. A equipe VISITA
OS LARES E HOSPITAL deve lembrar-se da prece inicial e da prece de encerramento da
atividade de assistência espiritual. O grupo deve limitar-se ao trabalho fraterno, evitando que
a sua visita assuma caráter social.
Outros lugares: as circunstâncias podem nos levar a dar passes em outros lugares,
como hospitais, locais de trabalho, entre outros. Nesses casos, como já foi dito anteriormente
deverá o médium passista utilizar seu bom senso, sopesando a necessidade e a circunstância
que envolve a tarefa.

7.6 – Porque Receber o Passe

Quando doentes da alma ou do corpo, é natural que desejemos nos restabelecer. Para
tanto, muitas vezes, recorremos às medicações terrenas, que são extremamente úteis, e,
também, ao passe, como apoio, complemento e refrigerante de nossas dores. O passe é
fluidoterapia de grande eficácia e devemos utilizar seus benefícios durante o tempo em que
nos encontramos necessitados, porém, devemos evitar o hábito de tomar passes, sem motivos
que o justifiquem, lembremos da exortação contida no livro Missionários da Luz, a nos
informar que:
Na espiritualidade, existem limites. (...) Há pessoas que procuram o sofrimento, a
perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas conseqüências de seus
próprios atos. Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos
deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título
de benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os
interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria obra, a fim de que
aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los. (13)

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Como Receber o Passe:

a) Observando o merecimento diante da Justiça Divina, a ação mais ou menos intensa


dos recursos magnéticos, depende do grau de aceitação por parte do paciente.
b) Durante o passe o paciente deve conserva-se sereno, sentado, de pé ou deitado, na
posição que mais lhe convier.
c) Recomenda-se não cruzar braços e pernas por causa da polaridade do nosso corpo e
para não acumular energias, pois os fluídos como o sangue, devem percorrer
livremente por todo o corpo.
d) Sensações de calor, frio, formigamento, transpiração excessiva e tonteira podem
verificar-se durante o passe. Trata-se de estados passageiros, que terminam com o
passe.
e) Não há necessidade de tirar os sapatos, relógios, aliança, níqueis ou outros objetos de
metal para receber o passe.
f) Tanto o paciente quanto o passista devem buscar a conexão com o Plano Divino. Não
são os objetos que portamos que causam inconvenientes, mas nossa atitude com
relação à vida.

Quando Receber o Passe:

a) Quando temos evidente necessidade e enquanto essa perdurar. Tal qual se dá com o
remédio, que se toma pelo tempo em que persistir a enfermidade. O passista deve
orientar o paciente a não desprezar a medicação terrena, reservando o passe para o
momento mais indicado. Em certos casos, o uso de ambos é a medida mais
aconselhável.
b) O passe deve ser utilizado com critério e responsabilidade. Quando exercido sob a
vibração da prece com vistas ao bem legítimo o passe pode ser utilizado por qualquer
pessoa espírita ou não que abrigue a fé em seu coração. A incredulidade é uma
barreira a atuação dos Espíritos em nosso favor. A necessidade do passe deve ser
positivada pelo próprio doente, pelo passista ou pela Espiritualidade quando se
manifesta a respeito.
c) No caso de obsessão, o passe pode promover o afastamento temporário do obsessor
para que o encarnado receba auxílio mais eficiente. Lembremos, no entanto, que a

106
solução definitiva do processo reside no esclarecimento evangélico-doutrinário dos
envolvidos.

7.7 – Conclusão

Para concluir este trabalho, gostaríamos de frisar que o passista deve, sempre que
houver oportunidade, oferecer ao paciente meios para que ele encontre o caminho de sua
recuperação, com Jesus. Como recurso da Casa Espírita o PASSE pode ser utilizado sem
restrições e como complemento para as outras frentes ligadas ao ATENDIMENTO
ESPIRITUAL.
A seguir oferecemos um quadro ilustrativo sobre os Centros Vitais e, ao final,
transcrevemos as mensagens “O PASSE” e “CURA PRÓPRIA” de Emmanuel, como um
ósculo divino a orientar nossos propósitos.

CENTROS VITAIS:
Ponto de integração entre as forças do espírito e
1º CORONÁRIO as forças fisiopssicossomáticas. Assimila os
estímulos do Plano Superior. Dele parte a
corrente de energia vital com ação sobre a
matéria mental e transmite aos demais centros
os reflexos de nossos sentimentos, idéias e
ações.
2º CEREBRAL Influência decisiva sobre os demais.
 Sustenta os sentidos;
 Marca a atividade das glândulas
endócrinas
 Administra o sistema nervoso
3º LARÍNGEO  Respiração;
 Fonação;
4º CARDÍACO  Emotividade;
 Circulação
5º ESPLÊNICO Atividade do sistema hemático dentro das
variações do meio e volume sanguíneo.
6º GÁSTRICO Digestão e absorção dos alimentos densos ou
menos densos.
7º GENÉSICO Modelagem de novas formas entre os homens.
Estímulos criadores com vistas ao trabalho, à
associação e à realização entre as almas.

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O Passe

“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”.


(Mateus, 8:17)

Meu amigo, o passe é transfusão de energias físio-psíquicas, operação de boa


vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu
benefício.
Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescentes de nossas imperfeições,
enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras
resultam da troca de elementos vivos e atuantes.
Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos
reconfortantes.
No clima da prova e da angústia és portador da necessidade e do sofrimento.
Na esfera da prece e do amor um amigo se converte no instrumento da Infinita
Bondade para que recebas remédio e assistência.
Ajuda o trabalho de socorro aqui mesmo com esforço da limpeza interna.
Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não
compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento
para com todos os que te cercam.
O mal é sempre a ignorância, e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se
desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade.
Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato
sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o
cérebro.
Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro.
Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro
necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.
O passe exprime, também, gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de
energias do Alto com infantilidade e ninharias.
Se necessitas de semelhante intervenção recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua
expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te conservando a
receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e,
recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu
caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos,
porque, de conformidade com as letras sagradas, “Ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e levou as nossas doenças”.

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A CURA PRÓPRIA

“Pregando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades”.


(Mateus, 9:35)

Cura a catarata e a conjuntivite, mas corrige a visão espiritual de teus olhos.


Defende-te contra a surdez, entretanto, retifica o teu modo de registrar as vozes e
solicitações variadas que te procuram.
Medica a arritmia e a dispnéia, contudo, não entregues o coração à impulsividade
arrasadora.
Combate a neurastenia e o esgotamento, no entanto, cuida de reajustar as emoções
e tendências.
Persegue a gastralgia, mas educa teus apetites a mesa.
Melhora as condições do sangue, todavia, não o sobrecarregues com os resíduos
de prazeres inferiores.
Guerreia a hepatite, entretanto, livra o fígado dos excessos em que te comprazes.
Remove os perigos da uremia, contudo, não sufoques os rins com venenos de
taças brilhantes.
Desloca o reumatismo dos membros, reparando, porém, o que fazes com teus pés,
braços e mãos.
Sana os desacertos cerebrais que te ameaçam, todavia, aprende a guardar a mente
no idealismo superior e nos atos nobres.
Consagra-te à própria cura, mas não esqueças a pregação do Reino Divino aos
teus órgãos, eles são vivos e educáveis. Sem que teu pensamento purifique e sem
que a tua vontade comande o barco do organismo para o bem, a intervenção dos
remédios humanos não passará de medida em trânsito para a inutilidade. (14)

Emmanuel

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7.8 – Referências Bibliográficas

(01) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª


Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(02) MELO, Jacob. O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática. 15ª ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira - FEB, 2004.

(03) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Evandro Noleto Bezerra. Edição
Especial. Rio de Janeiro: FEB. 2006

(04) KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução


Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 35ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1992.

(05) CAMPETTI SOBRINHO. Geraldo (Coordenador)... et al.. O Espiritismo de A a Z:


glossário. 3ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999.

(06) Material Didático do Grupo Espírita Maria Dolores, São Paulo, consulta efetuada no site
www.mariadolores.org.br/passes.htm - dia 16/06/2008.

(07) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Ditado pelo Espírito de
André Luiz. 22ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(08) XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Ditado


pelo Espírito de André Luiz. 20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 2001.

(09) XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Ditado pelo
Espírito de André Luiz. 21ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 2003.

(10) GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Espírita. Rio de Janeiro: FEB. 1994.

(11) XAVIER, Francisco Cândido. No Mundo Maior. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 18ª
ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993.

(12) DENIS, Leon. No Invisível. 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1981

(13) XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Ditado pelo Espírito de André Luiz.
20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1987.

(14) XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me. Pelo Espírito de Emmanuel. 8ª. Ed. Matão São
Paulo: O Clarim. 1996. pág. 51 e 131.

KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002

XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio
de Janeiro: FEB. 2005.

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