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Aula 2 - O mercado de bens

Macro I 2021.2
Danilo Freitas Ramalho da Silva
Estrutura da aula
• 1) A composição do PIB
• 2) Demanda por bens
• 3) Determinação do produto de equilíbrio
• 4) Poupança e Investimento
• 5) Governo
1) A composição do PIB
• Decomposição do PIB do ponto de vista da demanda, ou seja:
• a) quem compra os bens e serviços;
• b) que tipo de bens e serviços
• Y=C+I+G+X-M

• a) Quem compra:
i) agentes privados: famílias e empresas (C + I)
ii) governo (G)
iii) exterior (X – M)

• b) Tipo:
i) Bens de consumo: consumido com um fim em si mesmo (C e G)
ii) Bens de investimento: usado para a produção (I)
1) A composição do PIB
• Consumo: bens e serviços adquiridos pelos consumidores privados
(famílias) para uso final.
• Investimento: bens adquiridos com o intuito de se obter renda
futura: a) Formação bruta de capital físico: bens de produção
(máquinas, equipamentos e instalações) pelas empresas privadas e
bens residenciais pelas famílias. b) Variação de estoques das
empresas.
• Gastos do governo: bens e serviços adquiridos pelo governo,
inclusive o serviço dos funcionários públicos. Transferências e
pagamentos de juros não contam.
• Exportações: bens e serviços do país comprados por estrangeiros
• Importações: bens e serviços estrangeiros comprados pelos
consumidores, empresas e governo
1) A composição do PIB
2) Demanda por bens
• Z: demanda total por bens (exclui variação de estoques)
• Z ≡ C + I + G + X – M (identidade, ao incluirmos a variação de
estoques em I)

• Modelando:
• i) Todas as empresas produzem o mesmo bem (Y), que pode ser
utilizado para consumo ou investimento
• ii) As empresas estão dispostas a ofertar qualquer quantidade de Y
ao preço P. Curto prazo. Preço não varia. Foco na demanda.
• iii) Economia fechada, ou seja, X – M = 0

• Z ≡ C + I + G (identidade, ao incluirmos a variação de estoques em I)


2) Demanda por bens
• Consumo (C)

• Do que dependem as decisões de consumo?

• Renda disponível dos consumidores, ou seja, a renda recebida pela


produção mais as transferências do governo e menos os impostos

• Seja C (consumo) e Yd (renda disponível):

• C = C (Yd); função consumo é positiva (equação comportamental)

• C = c0 + c1Yd; consumo é função linear da renda disponível


2) Demanda por bens
• C = c0 + c1Yd

• c1: propensão (marginal) a consumir. Positivo e menor do que um.


c0: parte do consumo independente da renda disponível, ou seja,
dado que a renda disponível é igual a zero. Positivo. Provém da
renda de ativos (riqueza) ou de empréstimos.

• Renda disponível (Yd): renda recebida (Y) mais as transferências do


governo e menos os impostos (T)
• Yd ≡ Y - T

• C = c0 + c1Yd

• C = c0 + c1(Y – T)
2) Demanda por bens
2) Demanda por bens
• Investimento (I)

• Em um primeiro momento, trataremos o investimento como dado,


ou seja, como uma variável exógena em nosso modelo

• Ou seja, o nível do investimento não é afetado por variáveis tais


como renda disponível, consumo, produção etc.

• Não é uma boa descrição da realidade, mas simplifica o modelo


2) Demanda por bens
• Gastos do governo (G)
• Tanto os gastos do governo (G) como os impostos (T), que
compõem a política fiscal do governo, serão tratados como varáveis
exógenas no modelo
• Ou seja, eles são determinados fora do modelo. Não para tornar o
modelo mais simples, como no caso do investimento, mas por duas
razões:
• i) os governos não se comportam com a mesma regularidade de
que consumidores ou empresas, o que dificulta o estabelecimento
de uma função matemática que explique seu comportamento
• ii) são variáveis de escolha que os economistas/governantes têm
para justamente influenciar as variáveis do modelo
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Z ≡ C + I + G + X – M (identidade)
• Z ≡ C + I + G (identidade)
• Z = c0 + c1(Y – T) + I + G (equação comportamental, pois estamos
assumindo um comportamento dos agentes em relação ao
consumo. No entanto, a equação é derivada de uma identidade)

• Equilíbrio no mercado de bens requer que a produção Y seja igual à


demanda por bens Z (não há variação de estoques, ou a variação de
estoques compensa a diferença entre a produção Y e a demanda Z):
• Y = Z (condição de equilíbrio)
• Y = c0 + c1(Y – T) + I + G
• Em equilíbrio, a produção Y é igual à demanda Z, que depende da
renda Y gerada pela venda da produção Y
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Y = c0 + c1(Y – T) + I + G

• Passando c1Y para o lado esquerdo da equação:


• (1 - c1 )Y = c0 – c1T + I + G

• Dividindo por (1 - c1 ):
• Y = [1/ (1 - c1 )].[c0 + I + G – c1T]

• c0 + I + G – c1T: gasto autônomo. Parte da demanda por bens que


não depende do produto/renda

• 1/ (1 - c1 ): multiplicador
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Gasto autônomo c0 + I + G – c1T: geralmente é positivo.
• c0 e I são positivos
• G – c1T: se considerarmos que o governo tem um orçamento
equilibrado, G = T e, dado que c1 < 0, [G – c1T] > 0

• Multiplicador 1/ (1 - c1 ): é positivo.
• 0 < c1 < 1, o que implica que 1/ (1 - c1 ) > 0
• Quanto maior c1 , maior 1/ (1 - c1 )
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Efeito do multiplicador
• Y = [1/ (1 - c1 )].[c0 + I + G – c1T]
• Dado c1 = 0,6
• 1/ (1 - c1) = 1/0,4 = 2,5
• Um aumento de R$ 1 milhão nos gastos do governo (G) implica um
aumento de 2,5 x R$ 1 milhão no produto.
• Um aumento nos gastos do governo (G) leva a um aumento na
demanda. O aumento da demanda (Z) leva a um aumento do
produto (Y) e da renda (Y). O aumento da renda (Y) aumenta o
consumo (C), que por sua vez aumenta a demanda (Z) e assim por
diante
• Y = c0 + c1(Y – T) + I + G
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Equilíbrio gráfico
• Demanda: Z = (c0 + I + G – c1T) + c1Y; curva ZZ
• Oferta: Y
• Equilíbrio: Y = Z = (c0 + I + G – c1T) + c1Y; ponto A

• Efeito do aumento de G em Y:
• Deslocamento paralelo da curva ZZ para ZZ’ no valor do aumento de
G para G’
• Equilíbrio muda de A para A’
• Nível de renda/ produto muda de Y para Y’
• Aumento de Y para Y’ é maior do que o de G para G’
3) Determinação do produto de
equilíbrio
3) Determinação do produto de
equilíbrio
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Ajuste para o equilíbrio:
• Aumento de R$ 1 milhão em G leva a um aumento de R$ 1 milhão
no produto/renda (Y), representado pelas distâncias AB e BC
• Aumento da renda em R$ 1 milhão leva a um aumento do
produto/renda de c1 x R$ 1 milhão, representado pelas distâncias
CD e DE
• Aumento da renda de c1 x R$ 1 milhão leva a um aumento do
produto/renda de c1 x c1 x R$ 1 milhão e assim por diante
• Após n rodadas o aumento é de R$ 1 milhão vezes a soma:
• 1 + c1 + c12 +...+ c1n
• No limite, essa soma é igual a 1/(1 – c1) = multiplicador
3) Determinação do produto de
equilíbrio
• Quanto tempo demora o ajuste para o equilíbrio?

• Depende de como as empresas respondem às mudanças na


demanda

• Depende de como as pessoas decidem gastar sua renda


4) Poupança e Investimento
• Condições de equilíbrio no mercado de bens
• 1) oferta e demanda por bens
• 2) investimento e poupança

• Poupança = poupança privada (S) + poupança pública (Sg)

• Poupança privada (S): poupança dos consumidores; é idêntica à sua


renda disponível menos seu consumo

• S ≡ Yd – C

• S≡Y–T–C
4) Poupança e Investimento
• Poupança pública (Sg): poupança do governo; impostos (líquidos de
transferências) menos gastos do governo
• Sg ≡ T - G
• Se T > G, Sg > 0 e o governo tem superávit orçamentário
• Se T < G, Sg < 0 e o governo tem déficit orçamentário

• Equilíbrio no mercado de bens: produção = demanda


• Y = C + I + G (condição de equilíbrio e identidade contábil)
• Y – T – C (poupança privada) = I + G – T = S
• S=I+G-T
• I = S + (T – G)
• I = S + Sg (condição de equilíbrio e identidade contábil)
4) Poupança e Investimento
• Equilíbrio mercado de bens (investimento e poupança): relação IS
• I = S + (T – G) (condição de equilíbrio)
• Intuição:
• C + I + G => Y = T + Yd; T – G = Sg e Yd – C = S

• S = Y – T – C (poupança privada)
• C = c0 + c1 (Y – T)
• S = Y – T – c0 – c1 (Y – T)
• S = -c0 + (1 – c1)(Y – T)
• c1: propensão a consumir está entre 0 e 1
• 1 – c1: propensão a poupar está entre 0 e 1
4) Poupança e Investimento
• No equilíbrio do mercado de bens (investimento e poupança):

• I = S + Sg

• I = -c0 + (1 – c1)(Y – T) + (T – G)

• Isolando o produto (Y):

• Y = [1/(1 – c1)].[c0 + I + G – c1T]

• Mesma condição de equilíbrio da ótica produção e demanda


4) Poupança e Investimento
• Paradoxo da poupança: poupar faz a economia crescer? Poupar
aumenta a poupança?

• 1) Aumento da poupança: diminuição de c0 leva à diminuição do


produto e da renda no curto prazo!

• Y = [1/(1 – c1)].[c0 + I + G – c1T]

• 2) O que está acontecendo com a poupança privada?


4) Poupança e Investimento
• Poupança privada (S):
• S = -c0 + (1 – c1)(Y – T)
• c0 diminui e, portanto, aumenta a poupança privada
• Y diminui e, portanto, diminui a poupança privada
• Dadas as hipótese do modelo (I, G e T exógenos):
• I = S + (T – G)
• S fica constante!
• Diminuição do consumo autônomo (c0) leva a uma diminuição da
renda (Y) e, consequentemente, da poupança que depende da
renda disponível (1 – c1)(Y – T) que compensa exatamente a
diminuição do consumo autônomo (c0)
5) Governo
• O governo pode escolher o nível de produto que deseja?

• Y = [1/(1 – c1)].[c0 + I + G – c1T]


• Para aumentar o produto (Y) em R$1milhão, basta aumentar o
gasto (G) em R$(1 – c1)milhão
• Mudança de gastos/impostos tem que passar pelo Congresso
• Investimento continuará o mesmo?
• Parte dos gastos pode ser importada
• Corte de impostos é permanente ou temporário?
• Pode causar inflação
• Aumenta a dívida pública?

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