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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ESCOLA POLITÉCNICA

MYPLV COMO UMA ALTERNATIVA PARA AVALIAR A PER-


FORMANCE DE CHILLERS DE CONDENSAÇÃO À ÁGUA.
Aluno: Rafael Ramanzini
Professor: Prof. Msc. Bruno de Rosso Ribeiro
Curso: Engenharia Mecânica

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo comparar as formas de como o desempenho


de máquinas térmicas, neste caso os chillers, é avaliado. Hoje essa avaliação é realizada
conforme as normas previstas pela ASHRAE (AHRI STANDARD 551/591, 2011) através dos
índices IPLV/NPLV e, a partir deles, pretende-se fazer uma comparação com o índice MyPLV
que, de forma diversa à norma, considera os tempos reais em que as cargas atuam no equi-
pamento. Para a análise utilizaram-se dados reais obtidos de um chiller em funcionamento e,
a partir deles, foram calculados os fatores de carga, o COP, o consumo e as temperaturas de
entrada e saída da água de refrigeração. Os resultados obtidos pelo índice MyPLV em com-
paração aos índices IPLV/NPLV formam bastante significativos, indicando uma diferença de
até 24% no equipamento de maior capacidade e 20% no de menor capacidade. Outra infor-
mação pertinente é que pôde-se verificar que os equipamentos estiveram, em sua maior parte
do tempo, trabalhando aquém da sua melhor performance evidenciando um superdimensio-
namento do sistema. Portanto é possível utilizarmos o índice MyPLV como “o estado da arte”
no desenvolvimento e dimensionamento de equipamentos de climatização de grande capaci-
dade.

Palavras-chave: HVAC; IPLV; NPLV; CHILLERS; EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.

MYPLV AS AN ALTERNATIVE TO EVALUATE THE PER-


FORMANCE OF CHILLERS WATER CONDENSATION.

Aluno: Rafael Ramanzini


Professor: Prof. Msc. Bruno de Rosso Ribeiro

Abstract

The present work aims to compare the ways in which the performance of thermal ma-
chines, in this case the chillers, is evaluated. Today, this evaluation is carried out according to
the norms foreseen by ASHRAE (AHRI STANDARD 551/591, 2011) through the IPLV / NPLV
indices and, from them, it is intended to make a comparison with the MyPLV index that, unlike
the norm, considers the actual times in which the loads act on the equipment. For the analysis,
we used real data obtained from a chiller in operation and from them the load factors, the COP,
the consumption and the inlet and outlet temperatures of the refrigeration water were calcu-
lated. The results obtained by the MyPLV index compared to the IPLV / NPLV indices are quite
significant, indicating a difference of up to 24% in the higher capacity equipment and 20% in
the lower capacity equipment. Another pertinent information is that it could be verified that the
equipment was, at most part of the time, working below its better performance evidencing an
oversizing of the system. Therefore, it is possible to use the MyPLV index as "the state of the
art" in the development and design of large capacity air conditioning equipment.

Key-words: HVAC; IPLV; NPLV; CHILLERS; ENERGETIC EFFICIENCY.

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1. INTRODUÇÃO
Segundo a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) o PIB brasileiro de-
verá crescer em torno de 2,8% em 2018, e isso demonstra, segundo sua análise, um cenário de
recuperação consistente da economia. Indicadores de desempenho apresentados por setores como
o da indústria automotiva e do comércio varejista no ano passado, corroboram essas boas expec-
tativas de retomada do crescimento econômico e consequentemente geram novas perspectivas de
bons negócios para outros setores (REVISTA DO FRIO & AR CONDICIONADO, 2018).
No entanto, apesar de cenário promissor, devemos levar em conta que a nossa matriz ener-
gética está deficitária e que sofre anualmente com problemas de geração devido à sazonalidade
forçando o sistema a utilizar geração de energia à custos mais elevados como as termoelétricas.
Em virtude disso é necessário, para que possamos contornar essa situação, sem perder o poder de
investimento, elaborar projetos que contemplem uma melhor eficiência energética de seus equipa-
mentos e assim consumir melhor, com menos custos operacionais e sem gerar impactos também
no meio ambiente. Segundo um artigo da revista da ABRAVA, equipamentos de ar condicionado
participam com 33,9% do total do consumo de energia das instalações dentro do setor comercial e,
dentro desse percentual, aproximadamente 43% os motores elétricos são os maiores contribuintes
(ABRAVA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REFRIGERAÇÃO, AR-CONDICIONADO,
VENTILAÇÃO E AQUECIMENTO, 2017).
Portanto modelos de gestão de eficiência energética e, principalmente os projetos de siste-
mas de refrigeração que levem em conta coeficientes de performance (COP) e índices de eficiência
energética (IEE), devem ser utilizados de forma estratégica para um correto dimensionamento e
seleção de equipamentos. Nesse último caso os índices IPLV (Integrated Part Load Value) e NPLV
(Non-Integrated Part Load Value) são os mais empregados para avaliar o melhor desempenho dos
equipamentos e sistemas perante diversas situações de carga durante um certo tempo de funcio-
namento, e com isso obter a melhor solução de projeto. Por outro lado há uma forma mais específica
de se avaliar esses desempenhos utilizando outros valores de carga e temperatura. Conhecido no
mercado como MY-PLV, que em português significa: “Meu Part Load Value”, ele utiliza dados reais
de carga e seus respectivos tempos de funcionamento, visto que normalmente esses dados não
estão de acordo com aqueles estipulados pela norma devido a vários fatores tais como: o clima, a
região, quantidade de equipamentos e a sazonalidade em que se está avaliando.
Em suma, o objetivo desse trabalho é confrontar essa visão genérica de estabelecer um
índice de desempenho dada pela norma, e uma forma mais particular de se obter esse mesmo
índice.

2. REFERENCIAL TEÓRICO:
O desenvolvimento e analise dos sistemas HVAC, no seu estado da arte, requer o domínio
de fenômenos físicos. Dessa forma, uma breve revisão dos referenciais teóricos se faz necessária
para que, finalmente, direcionem o trabalho para conclusões coerentes e que contribuam para um
melhor entendimento dos sistemas avaliados.

2.1. Introdução aos Sistemas HVAC:

Os sistemas HVAC são amplamente utilizados em todos os tipos de ambientes em que se


deseja controlar e condicionar o conforto térmico de é necessário que o engenheiro siga as reco-
mendações das normas propostas pela ASHRAE e AHRI para que se mantenha dentro da boa
prática de projeto. Para tanto abordaremos algumas noções básicas sobre as classificações, funci-
onamento e escolha do melhor sistema a ser considerado para cada caso.

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2.2. Sistemas de Expansão Direta e Indireta:

Os sistemas HVAC são classificados quanto ao tipo de expansão nos seus evaporadores:

• Sistemas de expansão direta: são aqueles em que a serpentina, que contém o fluido refri-
gerante, faz a troca térmica diretamente com o ar de retorno, externo e de mistura (fazendo
a interface apenas com as paredes da tubulação de cobre ou alumínio do evaporador) con-
forme pode ser visto na Figura 1. São empregados em instalações de pequeno e médio
porte e baixo custo de manutenção e instalação.
VENTILADORES
CONDENSADOR

SAÍDA DE AR
DE ALÍVIO

SERPENTINAS
CONDENSADOR

ENTRADA DE
AR EXTERNO

AR REFRIGERADO
AR DE
RETORNO

Figura 1 – Diagrama de um sistema de expansão direta, adaptado de (MCDOWALL, 2007)

Na Figura 2 estão os equipamentos do tipo Compactos ou Self-contained, sua característica


principal é abrigar no mesmo gabinete o evaporador e o condensador e sua capacidade de refrige-
ração está na faixa de 5TR a 40TR. Sua desvantagem é o alto nível de ruído.

Figura 2 - Sistema Self-Contained (TRANE, 2016)

Na Figura 3 está o exemplo de equipamentos do tipo Rooftops. Estes equipamentos são


instalados na área externa fora do ambiente climatizado, dispensam casa de máquinas e utilizam

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rede de dutos menores e sua capacidade de refrigeração está na faixa de 180TR a 330TR. Sua
desvantagem são as baixas potencias de refrigeração, impedindo sua instalação em grandes am-
bientes.

Figura 3 - Sistema Rooftop (TRANE, 2012)

Na Figura 4 estão os exemplos de Splits e Splitões. Os splitões ou Split-systems, tem como


característica a robustez do equipamento composto por uma unidade condensadora externa, e duas
ou mais unidades evaporadoras internas, com distribuição por dutos ou colocados diretamente no
ambiente. Os splits tem duas unidades separadas (interna e externa) e apesar de seus modelos
mais difundidos serem os hi-wall, eles tem também as opções de: piso-teto, cassete, multisplit e
window split. Todos os exemplos mencionados são as opões mais empregadas no mercado, e
nessa categoria também estão incluídos os ar condicionado de parede ou de janelas (ACJ) e suas
capacidades de refrigeração estão na faixa de 1TR a 50TR dependendo do modelo.

Figura 4 - Sistema Split (TRANE, 2016)

• Sistemas de expansão indireta: são sistemas em que a serpentina faz a troca térmica com
um meio intermediário normalmente água e este, através de tubulações, é levado às unida-
des fan-coils remotas que fazem a troca térmica desta com o meio conforme mostra a Figura
5.

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VÁLVULA DE
EXPANSÃO

Figura 5 –Sistema de expansão indireta, adaptado de (Thermos Refrigeração e Ar Condicionado)

Os chillers são máquinas térmicas que operam no ciclo de refrigeração são utilizadas para
resfriar um fluido intermediário água ou brine (mistura de água e líquido anticongelante) (ASHRAE,
2012). Por serem equipamentos de grande complexidade e de altos custos, eles são empregados
em grandes instalações como: hospitais, grandes edifícios, lojas de departamentos, industrias e
centros de compras (shopping centers). Os chillers de condensação a ar conforme a Figura 6, po-
dem ser configurados com compressores scroll ou de parafuso, tem um rendimento mais elevado
em comparação aos compressores alternativos e principalmente seus níveis de ruído também são
mais baixos.

Figura 6 - Chiller de condensação a ar (TRANE, 2014)

Os chillers de condensação à água conforme a Figura 7, apresentam configurações com


compressores centrífugos e parafuso. Sua vantagem frente aos de condensação a ar é a alta efici-
ência energética, um controle melhor das temperaturas e melhor desempenho em cargas parciais
e experimentam altas capacidades (20TR a 4000TR).

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Figura 7 - Chiller de condensação à água e compressor parafuso (CARRIER, 2017)

2.3. Princípio de Funcionamento dos Chillers e Componentes:

Os chillers que utilizam o sistema de expansão indireta tem o princípio de funcionamento


conforme a Figura 8 abaixo:
ÁGUA DE
CONDENSAÇÃO

CONDENSADOR

VÁLVULA DE EXPANSÃO

LINHA DE ALTA PRESSÃO


MOTOR
LINHA DE BAIXA PRESSÃO

COMPRESSOR

EVAPORADOR

ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Figura 8 - HVAC Systems: Diagrama de Funcionamento do Chiller a água, adaptado de (ASHRAE, 2012)

O princípio básico de funcionamento desse sistema consiste em: o fluido refrigerante é com-
primido no compressor e passa pelo condensador, onde faz a troca térmica com o fluido de con-
densação (em muitos projetos entra a 30°C e sai a 35°C, mas pode variar conforme a aplicação).
Após ele sofre um processo de expansão na válvula de expansão e passa para o evaporador onde
faz a troca térmica com o fluido de refrigeração (em muitos projetos entra a 12°C e sai a 7°C, mas
pode variar conforme a aplicação). Cada um dos componentes desse equipamento estão represen-
tados na Figura 9.

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Figura 9 - Diagrama detalhado de um Chiller, adaptado de (THERMONICS)

2.4. Circuito de Refrigeração:


O circuito de refrigeração é composto por dispositivos que atuam no ciclo termodinâmico de
um fluido refrigerante. São eles:
• Compressor;
• Condensador;
• Evaporador;
• Válvula de expansão;

a. O Trocador de Calor:
O trocador de calor normalmente está na configuração casco/tubo, e tem a função de fazer
a troca de calor entre o fluido refrigerante e a água do sistema de refrigeração do ambiente. Na
parte dos tubos está a serpentina do evaporador do circuito de refrigeração e na parte do casco
está a água resfriada que será fornecida aos trocadores de calor do ambiente a ser climatizado.

b. O Circuito da Água Refrigerada:


O circuito da água refrigerante é composto por:
• Tubulações que abastecem de água refrigerada os fan-coils nos ambientes;
• Fan-coils;
• Bomba hidráulica;
• Reservatório de abastecimento;

c. O Circuito de Controle:
Também existe um circuito eletrônico de controle do sistema, o qual monitora as condições
de funcionamento do sistema e a potência de refrigeração conforme as necessidades de projeto e
condições de carga térmica.

2.5. Ciclo de Refrigeração:


No projeto e escolha de equipamentos de refrigeração é necessário o uso das seguintes
considerações:

a. Segunda Lei para o Ciclo de Refrigeração:


A 2° Lei da Termodinâmica leva em consideração três enunciados: de Clausius, de Kelvin-
Planck e a Lei de Entropia. Sendo que os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck são as bases
tradicionais da 2° lei (MORAN e SHAPIRO, 2006). Dessa forma:

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• Segundo Clausius:” É impossível para qualquer sistema operar de tal maneira que o único
resultado seja a transferência de energia sob a forma de calor de um corpo mais frio para
um corpo mais quente”. Ou seja o calor não flui de forma espontânea de um corpo de tem-
peratura menor para outro de temperatura maior.
• Segundo Kelvin-Planck:” É impossível para qualquer sistema operar em um ciclo termodinâ-
mico e fornecer uma quantidade líquida de trabalho para a sua vizinhança enquanto recebe
energia por transferência de calor de um único reservatório térmico”. Ou seja é impossível
num ciclo termodinâmico converter toda a quantidade de calor recebida em trabalho.
• Segundo a Lei de Entropia:” É impossível para qualquer sistema operar de uma maneira que
a entropia seja destruída.”
A partir dessas afirmações podemos concluir que conforme a Equação 1:
Equação 1
𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝑄𝑄𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
Onde:
• 𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = Trabalho no ciclo [kW];
• 𝑄𝑄𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = Calor no ciclo [kW];
• De Clausius e Kelvin-Planck, que são afirmações equivalentes, a violação do enunciado de
um acarreta na violação do enunciado do outro. Portanto um sistema que transfere calor do
reservatório frio para um reservatório quente, não deve ter 100% de rendimento.
• A Lei Zero da Termodinâmica, que trata da irreversibilidade dos sistemas nos diz que: a
entropia de um sistema é sempre maior que zero. Ou seja, conforme a Equação 2:
Equação 2
𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≤ 0
A partir dessas definições e aplicando a 2ª Lei da termodinâmica para um ciclo de refrigera-
ção Figura 10, e a eficiência térmica desse sistema:

RESERVATÓRIO
QUENTE
Ciclo

FRONTEIRA
Ciclo

RESERVATÓRIO
FRIO

Figura 10 - Ciclo de Refrigeração, adaptado de (MORAN e SHAPIRO, 2006)

b. Diagrama de Mollier:

Considerando agora um fluido refrigerante que opera dentro desse sistema, o seu compor-
tamento termodinâmico é representado pelo diagrama de Mollier. Nesse diagrama temos nos seus
eixos de coordenadas representadas, para um determinado fluido, a pressão em suas ordenadas e
a entalpia nas suas abscissas, como pode ser visto na Figura 11, e adicionalmente as suas linhas
auxiliares de temperatura, título, volume específico e entropia para um fluido refrigerante R22
(freon).

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Figura 11 - Diagrama de Mollier (Pxh) para refrigerante R22 (FRANÇA)

c. Diagrama de Mollier x Ciclo de Refrigeração:


O ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor é representado diretamente sobre o
diagrama de Mollier conforme a Figura 12:

Figura 12 - Ciclo de compressão ideal no diagrama de Mollier, adaptado de (ASHRAE, 2013)

Nesse ciclo representado na Figura 12, são identificadas as principais etapas do pro-
cesso em que o fluido refrigerante sofre durante o ciclo:
• 1-2: Compressão isentrópica no compressor;
• 2-3: Condensação e perda de calor no trocador;
• 3-4: Expansão isoentalpica na válvula de expansão;
• 4-1: Evaporação e absorção de calor no trocador;

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d. Ciclo Real x Ciclo Ideal:

Conforme está representado na Figura 13, existe uma grande diferença entre o ciclo ideal,
que considera um sistema isolado e sem perdas (processo reversível), e o ciclo real no qual
existem perdas de energia em cada etapa do ciclo e que devem ser compensadas por trabalho
adicional no compressor diminuindo a eficiência do ciclo.
PRESSÃO, p [kPa]

ENTALPIA, h [kJ/kg]

Figura 13 - Ciclo Ideal x Ciclo Real (FRANÇA)

Portanto de acordo com a Segunda Lei:


• O coeficiente de desempenho de um ciclo de refrigeração irreversível é sempre menor do
que o desempenho de um ciclo de refrigeração reversível quando cada um opera entre os
mesmos reservatórios térmicos.
• Todos os ciclos de refrigeração reversíveis operando entre os mesmos reservatórios térmi-
cos tem o mesmo coeficiente de desempenho.

Figura 14 - Diagrama Pressão x Entalpia Real, adaptado de (ASHRAE, 2013)

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Na Tabela 1 a seguir, e de acordo com a Figura 14 anterior, são listadas algumas irreversi-
bilidades presentes no ciclo de refrigeração real:
Tabela 1 - Perdas internas no ciclo de refrigeração real

Processo Estado
Perda de pressão no evaporador 7-1
Superaquecimento do vapor no evaporador 1-2
Perda de pressão na válvula de sucção 2-a
Superaquecimento da linha de sucção a-b
Compressão não isentrópica b-c
Perda de pressão na válvula de descarga d-3
Perda de pressão na linha de descarga d-3
Perda de calor do vapor na linha de descarga 3-4
Perdas de pressão no condensador 4-5
Perdas por sub resfriamento na saída do condensador 5-6
Sub resfriamento do refrigerante na saída do condensador 5-6

2.6. Superaquecimento e Sub-resfriamento:

Da necessidade de se aumentar o coeficiente de performance do ciclo de refrigeração, para


prevenirmos a entrada fluido refrigerante no estado liquido no compressor e também evitarmos que
ele entre no estado de vapor na válvula de expansão, recorremos a dois recursos importantes: o
superaquecimento e o sub-resfriamento do fluido refrigerante.

2.6.1. Superaquecimento:

O superaquecimento consiste em prolongar a permanência do fluido refrigerante dentro do


evaporador, para que ele absorva o máximo de calor possível do ambiente e assim garantir que, ao
entrar no compressor, ele esteja o máximo possível no estado de vapor evitando um trabalho me-
cânico desnecessário no compressor. Esse efeito normalmente é conseguido aumentando-se o
comprimento da serpentina do trocador de calor e no Diagrama de Mollier conforme Figura 15, é
representado pela passagem do estado 1 para o estado 1’ (MORAN e SHAPIRO, 2006).

3 2 2’

4 1 1’

Figura 15 - Representação do processo de superaquecimento (1-1’)

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2.6.2. Sub-Resfriamento:

De forma análoga ao superaquecimento, o sub-resfriamento consiste em prolongar a per-


manência do fluido refrigerante dentro do condensador, para que ele perca o máximo de calor com
o ambiente, garantindo assim que ao entrar na válvula de expansão ele esteja o máximo possível
no estado liquido. Esse efeito é conseguido ao aumentarmos o comprimento da serpentina do tro-
cador de calor e no Diagrama de Mollier conforme Figura 16, é representado pela passagem do
estado 3 para o estado 3’ (MORAN e SHAPIRO, 2006).

3’ 3 2

4’ 4 1

Figura 16 - Representação do processo de sub-resfriamento (3-3’)

Nota-se que os efeitos de superaquecimento e sub resfriamento acontecem de forma com-


binada dentro do ciclo de refrigeração. Ao aumentar a temperatura de saída do fluido refrigerante
no evaporador, aumenta o trabalho mecânico no compressor e consequentemente se obtém uma
temperatura ainda maior na entrada do condensador. Dessa forma necessita se de um condensador
que tenha uma serpentina superdimensionada para que o fluido, ao entrar na válvula de expansão,
esteja totalmente no estado liquido evitando assim uma perda de carga que vá prejudicar o desem-
penho do equipamento. Normalmente os fabricantes recomendam temperaturas de superaqueci-
mento no intervalo de 5°C a 10°C e para sub-resfriamento valores que variam de 8°C a 12°C.

2.7. COP-Coeficiente de Performance:

O coeficiente de performance de um ciclo de refrigeração é a razão do calor retirado do


ambiente pelo trabalho de compressão executado, ou seja a potência útil no evaporador pela po-
tência gasta no compressor, como mostra a Equação 3:

𝑄𝑄𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑃𝑃𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑄𝑄𝑒𝑒𝑒𝑒 Equação 3


𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = = =
𝑄𝑄𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑃𝑃𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

Em se tratando de chillers o que nos interessa é a performance de refrigeração desse equi-


pamento, e ela é dada pela Equação 4:

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𝑞𝑞𝑒𝑒𝑒𝑒
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑅𝑅 = Equação 4
𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
Onde:
• 𝑞𝑞𝑒𝑒𝑒𝑒 = capacidade de refrigeração [kW];
• 𝑊𝑊𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = trabalho total realizado pelo compressor [kW];
E a capacidade de refrigeração do evaporador [kW], que leva em consideração a tempera-
tura, vazão e propriedades da água nas condições de entrada e saída do trocador de calor é dada
pela Equação 5:

𝑞𝑞𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑚𝑚̇𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 ∙ 𝑐𝑐𝑝𝑝 ∙ (𝑇𝑇𝑠𝑠 − 𝑇𝑇𝑒𝑒 ) Equação 5

Onde:
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐶𝐶𝑝𝑝 = calor especifico � �;
𝑘𝑘𝑘𝑘∙°𝐶𝐶
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑚𝑚̇𝑝𝑝 = vazão da água � �;
𝑠𝑠

• 𝑇𝑇𝑒𝑒 = temperatura da água na entrada [°C];


• 𝑇𝑇𝑠𝑠 = temperatura da água na saída [°C];

Na análise energética do ciclo alguns parâmetros exercem influência significativa sobre o


COP, como mostra a Tabela 2 a seguir:

Tabela 2 - Parâmetros que influenciam o COP

Parâmetro Alterado Efeito


Diminuir a temperatura de evaporação Reduz o COP
Aumentar a temperatura de condensação Reduz o COP
Aumentar o Sub-resfriamento Aumenta o COP
Aumentar o Superaquecimento Diminui o COP

Esses valores serão muito importantes para determinar posteriormente os índices de IPLV
e NPLV que darão subsídios para a seleção de equipamentos devido a sua performance energética
frente as várias situações de carga e tempo de uso do equipamento.

2.8. IPLV e NPLV-Definições:

A norma que trata da performance dos chillers a serem fabricados pela indústria é a AHRI
standard 551-591 para aqueles que seguem o sistema internacional de medidas. E nela, para fins
de seleção, existem dois índices que determinam um valor que correlaciona a capacidade de carga
do equipamento e a sua eficiência.

2.8.1. IPLV (Integrated Part Load Value):

Em resumo o IPLV é um modo de análise compreensiva que reflete, de um modo real, dados
climáticos, características de cargas em construções, horas de operação, capacidade de economia,
energia consumida por dispositivos auxiliares. Ele avalia a performance de tecnologias similares,
colocando-as lado-a-lado, criando um novo ponto de avaliação confiável referenciado em termos de
energia (AHRI STANDARD 551/591, 2011). O IPLV leva em consideração três conceitos:

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• COPR :Coeficiente de performance de refrigeração;
• A razão entre a capacidade do equipamento (em kW) e a sua capacidade de refrigeração
(em TR);
• Temperaturas de entrada e saída da água devem ser de 6,8°C e 12,5°C, respectivamente.
Assim o Integrated Part Load Value é calculado conforme a Equação 6 a seguir e é expresso
em termos de potência total de entrada por capacidade de refrigeração:

1 Equação 6
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 =
0,01 0,42 0,45 0,12
+ + +
𝐴𝐴 𝐵𝐵 𝐶𝐶 𝐷𝐷
Onde:
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 = ;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐴𝐴 = @100% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐵𝐵 = @75% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐶𝐶 = @50% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐷𝐷 = @25% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇

2.8.2. NPLV(Non-Integrated Part Load Value):

O Non-Integrated Part Value é calculado de maneira semelhante ao IPLV, mas nesse caso,
o que os diferenciam é a temperatura de saída da água que não é necessariamente aquela estipu-
lada pela norma. A Equação 7 abaixo nos mostra como é calculado esse índice:
1 Equação 7
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 =
0,01 0,42 0,45 0,12
+ + +
𝐴𝐴 𝐵𝐵 𝐶𝐶 𝐷𝐷
Onde:
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = ;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐴𝐴 = @100% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐵𝐵 = @75% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐶𝐶 = @50% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝐷𝐷 = @25% da capacidade;
𝑇𝑇𝑇𝑇

3. MATERIAIS E MÉTODOS:
A coleta dos dados foram realizadas num chiller de 380TR de capacidade nominal e está
instalado num hospital de Porto Alegre. Foram realizadas medições das temperaturas de entrada e
saída da água de refrigeração, e a temperatura externa no intervalo de uma hora durante um ano.
No total foram 8760 pontos de leitura para cada temperatura. A partir desses dados foram calcula-
dos numa tabela do Excel: a carga de refrigeração, o COP, o consumo, o TR, o percentual de carga
e o fator de carga.

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3.1. ESPECIFICAÇÕES DOS CHILLERS:

As especificações do chiller no qual foram realizadas as leituras podem ser observadas na


Tabela 3 a seguir:
Tabela 3 – Especificações técnicas do chiller monitorado

Marca/Modelo Carrier 19DG6968CQ


Capacidade nominal 380TR
Compressor Centrifugo
Vazão de água gelada 3,5431m3/min (936gpm)
Vazão da água de condensação 4,2811m3/min (1131gpm)
Temp. saída da água 6,1°C (43°F)
Temp. entrada da água 11,6°C (53°F)
ARI IPLV [kW/TR] ND

As especificações técnicas (SPRINGER CARRIER, 2007) dos modelos de chillers sobre os


quais foram simuladas as cargas de refrigeração podem ser observados na Tabela 4 a seguir:

Tabela 4 – Especificações técnicas dos chillers simulados

Marca/Modelo Carrier 23XRV-40 Carrier 23XRV-50


Capacidade nominal 400TR 500TR
Compressor Parafuso Parafuso
Vazão de água gelada 3,72 m3/min (989gpm) 4,98 m3/min (1316gpm)
Vazão da água de condensação 4,14 m3/min (1096gpm) 5,70 m3/min (1507gpm)
Temp. saída da água ND ND
Temp. entrada da água ND ND
ARI IPLV [kW/TR] 0,330 0,330

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3.2. ANÁLISE DOS DADOS:

Na Figura 17 a seguir estão os valores de temperatura e o fator de carga coletados durante


07 dias, 24 horas por dia, no intervalo de 1 minuto, durante 1 ano, para o chiller de 380TR.

FATOR DE CARGA x TEMP. EXTERNA - CHILLER 380TR


120%

100%
Fator de Carga %

80%

60%

40%

20%

0%
15,00 17,00 19,00 21,00 23,00 25,00 27,00 29,00 31,00 33,00 35,00
Temperatura Externa °C

Figura 17 - Dados coletados no chiller Carrier/19DG6968CQ

De acordo com a Figura 17 pode-se verificar que há uma maior frequência para os um fator
de carga entre 40% e 50% no intervalo de 27°C a 30°C. Na Figura 18 a seguir pode-se verificar a
relação entre o fator de carga e o seu tempo de operação em relação ao tempo total.

Percentual da Carga x % do Tempo Total - Chiller 380TR


%CARGA
26,87%
20%
30%

31,18% 40%
50%
12,08%
60%

1,32% 70%
80%
0,02%
90%

0,18% 100%
15,46%
7,64% 110%
0,37% 1,18% 3,71%

Figura 18 - Fator de Carga x Tempo de operação da carga para chiller de 380TR

De acordo com a Figura 18 o chiller de 380TR operou em sua maior parte do tempo com
carga entre 40% e 50%. Na Tabela 5 abaixo estão os resumos dos dados obtidos com as medições:

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Tabela 5 - Resumo dos dados Chiller 380TR

Capacidade Refrigeração 380TR (1336,5kW)


Potência 151,8 kWh
Potência Máxima 274,8 kWh
Relação kW/TR 0,79
COP 3,72
Fator de Carga 50,53%
Tempo de Operação 24h/dia

Para o chiller de 400TR os dados coletados estão apresentados conforme a Figura 19


abaixo. Nele observamos a distribuição do fator de carga em relação a temperatura externa durante
o ano.
FATOR DE CARGA X TEMPERATURA EXTERNA - CHILLER 400TR
110,0%
100,0%
90,0%
FATOR DE CARGA FC %

80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 33,0 35,0
TEMPERATURA °C
Figura 19 - Fator de carga x Temperatura Externa para chiller de 400TR

De acordo com a Figura 19 pode-se verificar que há uma maior frequência para os fatores
de carga entre 40% e 50% no intervalo de 27°C a 30°C. O percentual da carga do chiller de 400TR
e o seu respectivo tempo de funcionamento em relação ao tempo total operação do equipamento
pode ser observado na Figura 20, é importante salientar que os tempos em que as cargas operaram
são bem diferentes daqueles previstos pela norma (AHRI STANDARD 551/591, 2011).

17
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Percentual da Carga x % do Tempo Total - Chiller 400TR

30,37% %CARGA

20,00%
30,00%
40,00%
15,95%
50,00%
29,51% 60,00%
1,83% 70,00%
80,00%
0,09% 90,00%
100,00%
0,34%
110,00%
12,69%
2,35% 6,04%
0,83%

Figura 20 – Fator de Carga x Tempo de operação da carga para chiller de 400TR

Na Figura 19 observa-se que o chiller de 400TR operou em sua maior parte do tempo com
carga entre 40% e 50%.
Para o chiller de 500TR os dados coletados estão apresentados conforme a Figura 21
abaixo. Nele temos a distribuição do fator de carga em relação a temperatura da água na entrada
do condensador.
FATOR DE CARGA X TEMP. EXTERNA - CHILLER 500TR
100%
90%
80%
FATOR DE CARGA FC %

70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
TEMPERATURA °C

Figura 21 - Fator de carga x Temperatura Externa para chiller de 500TR

De acordo com a Figura 19 pode-se verificar que há uma maior frequência para os fatores
de carga entre 40% e 50% no intervalo de 27°C a 30°C. Da mesma forma que o caso anterior,
percentual da carga do chiller de 500TR, e o seu respectivo tempo de funcionamento em relação
ao tempo total operação do equipamento é visto na Figura 22, é importante salientar que os tempos

18
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em que as cargas operaram são bem diferentes daqueles previstos pela norma (AHRI STANDARD
551/591, 2011).

Percentual da Carga x % do Tempo Total - Chiller 500TR

37,99% %CARGA
20%
30%
40%
13,25%
50%

0,15% 60%

31,16% 70%
0,06% 80%
0,24% 90%

1,07% 100%
4,22% 11,85%

Figura 22 - Fator de Carga x Tempo de operação da carga para chiller de 500TR

De acordo com a Figura 22 observa-se que o chiller de 500TR operou em sua maior parte
do tempo com carga entre 40% e 50%.
De posse desses dados, foram realizados os cálculos de NPLV conforme as Equações 6 e
7. Para o cálculo do MyPLV utilizou-se uma outra técnica, na qual se considera o tempo real em
que a carga parcial foi utilizada, e pode-se observar na Equação 8 a seguir:
1
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = Equação 8
%𝑡𝑡
∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝑖𝑖
𝑋𝑋𝑖𝑖
Onde:
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = í𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒ê𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 � �;
𝑇𝑇𝑇𝑇
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑋𝑋𝑖𝑖 = iésima carga parcial � �;
𝑇𝑇𝑇𝑇
• %𝑡𝑡𝑖𝑖 = 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢çã𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝;

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Os índices obtidos para os chillers de 380TR, 400TR e 500TR podem ser observados na
Tabela 6 a seguir, sendo que os valores de IPLV para as máquinas de 400TR e 500TR são divul-
gados pelo fabricante (SPRINGER CARRIER, 2007):

Tabela 6 - Índices IPLV, NPLV e MyPLV

380TR 400TR 500TR


𝒌𝒌𝒌𝒌
IPLV � � ND 0,330 0,330
𝑻𝑻𝑻𝑻
𝒌𝒌𝒌𝒌
NPLV � � 0,302 0,252 0,275
𝑻𝑻𝑻𝑻
𝒌𝒌𝒌𝒌
MyPLV � � 0,243 0,234 0,209
𝑻𝑻𝑻𝑻

19
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Na Figura 23 observamos um comparativo do desempenho entre os três equipamentos e
seus respectivos índices IPLV, NPLV e MyPLV, conforme a Tabela 6:

IPLV x NPLV x MyPLV


0,35
Índice de Eficiência [kW/TR]

0,3

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
380TR 400TR 500TR

IPLV NPLV MyPLV

Figura 23 - Comparativo IPLV NPLV e MyPLV

Os resultados obtidos nos índices IPLV, NPLV e MyPLV têm influência direta, por exemplo
nos valores de estimativas de alguns custos. Na Tabela 7 foram utilizados os dados contidos na
Tabela 6, e efetuou-se o cálculo do custo estimado de consumo anual de energia elétrica conforme
a Equação 9 abaixo:

Equação 9
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝜂𝜂 ∙ 𝑃𝑃 ∙ 𝑡𝑡 ∙ 𝑣𝑣𝐸𝐸𝐸𝐸
Onde:
𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝜂𝜂 = eficiência da máquina segundo IPLV, NPLV ou MyPLV � �;
𝑇𝑇𝑇𝑇

• 𝑃𝑃 = potência nominal da máquina [𝑇𝑇𝑇𝑇];


• 𝑡𝑡= tempo de funcionamento da máquina [ℎ];
𝑅𝑅$
• 𝑣𝑣𝐸𝐸𝐸𝐸 = valor da energia elétrica segundo distribuidora � �;
𝑘𝑘𝑘𝑘ℎ

Tabela 7 – Cálculo de estimativa de custo anual de Energia Elétrica

R$/kW
Horas/ano 2 380TR 400TR 500TR
PONTA HSA A4 1
IPLV ND R$ 104.533,79 R$ 130.667,23
NPLV R$ 0,7232 1095 R$ 91.086,14 R$ 80.093,67 R$ 109.003,50
MyPLV R$ 73.182,62 R$ 74.350,14 R$ 82.963,44
Diferença IPLVxMyPLV ND R$ 30.183,64 R$ 47.703,79
Diferença NPLVxMyPLV R$ 17.903,52 R$ 5.743,53 R$ 26.040,06

1
Valor referente ao mês de abril de 2018.
2
Horas referentes ao horário de ponta das17:30 às 20:30.

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De acordo com a Tabela 7 verifica-se que existe uma grande diferença de valores entre
aqueles obtidos pela norma (AHRI STANDARD 551/591, 2011) e aqueles propostos pelo MyPLV.
Podemos associar essa diferença a maneira como foram utilizados os dados, na proposta pela
AHRI as constantes A, B, C e D das Equações 6 e 7 estão relacionadas com os tempos de carga
previamente estipulados de 1%, 42%, 45% e 12% respectivamente. No caso do MyPLV essas
constantes estão relacionadas diretamente com os tempos reais de utilização de cada carga par-
cial como podem ser verificadas nas Figuras 18, 20 e 22.
Por outro lado, ao avaliarmos as performances dos chillers pelo COP, observando a Figura
24, os melhores índices de COP de cada equipamento não correspondem aos percentuais de carga
de maior tempo de utilização.

COP x Percentual de Carga


7,50
7,00
6,50
COP [kW/kW]

6,00
5,50 380TR
5,00
400TR
4,50
4,00 500TR
3,50
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110% 120%
Percentual da Carga

Figura 24 - Relação COP x Percentual de Carga

Podemos ver, em detalhes, nas Figuras 25, 26 e 27 abaixo, um comparativo entre os valo-
res de COP, percentual de carga e o percentual do tempo de carga em que cada um dos equipa-
mentos individualmente desenvolveu.

Comparativo COP x %Carga x %Tempo - 380TR


6,39 6,39 6,27 6,09
35% 5,79 6,22 5,88 5,66 5,46 7,0
30% 5,05 6,0
25% 4,06 5,0
%TEMPO

20% 4,0
COP

15% 3,0
10% 2,0
5% 1,0
0% 0,0
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110% 120%
%CARGA

Contagem de Hora Média de COP [kW/kW]

Figura 25 – Comparativo COP x %Carga x %tempo chiller 380TR

21
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Comparativo COP x %Carga x %Tempo - 400TR


40% 6,22 6,39 6,38 6,27 6,12 8,0
5,81 5,91 5,67
30% 5,05 6,0
4,01
%TEMPO

COP
20% 4,0
10% 2,0
0% 0,0
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110%
%CARGA

Contagem de Hora Média de COP [kW/kW]

Figura 26 - Comparativo COP x %Carga x %tempo chiller 400TR

Comparativo COP x %Carga x %Tempo - 500TR


40% 6,78 6,97 6,96 6,78 6,50 8,0
5,89 6,41 6,24
5,34
30% 6,0
%TEMPO

COP
20% 4,0
10% 2,0
0% 0,0
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
%CARGA

Contagem de Hora Média de COP [kW/kW]

Figura 27 - Comparativo COP x %Carga x %tempo chiller 500TR

De acordo com as Figuras 25, 26 e 27, os melhores coeficientes de performance para cada
chiller podem ser resumidas na Tabela 8 a seguir:

Tabela 8 - Comparativo COP x %Carga x %Tempo

380TR 400TR 500TR


COP MÁXIMO 6,39 6,39 6,97
% da CARGA 60% 60% 60%
% do TEMPO 15,46% 12,69% 11,85%

Desta forma, de acordo com a Tabela 8, pode-se concluir que os chillers estão superdimen-
sionados para as condições de carga, pois estão trabalhando fora do seu melhor desempenho,
atingindo sua melhor performance durante muito pouco tempo de funcionamento e, mesmo assim,
gerando os mesmos custos de energia elétrica, sobretudo com um investimento muito maior devido
aos equipamentos de maior capacidade.

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5. CONCLUSÃO
Conforme foi discutido anteriormente, os valores obtidos pelo índice MyPLV, em compara-
ção aos IPLV e NPLV, eles nos levam a entender que: ao utilizarmos o índice IPLV proposto pela
norma, na qual estipula-se a avaliação com valores percentuais fixos para os tempos de carga,
acaba-se por estimar valores muito superiores do que realmente está acontecendo naquele equi-
pamento naquela determinada condição. O mesmo acontece para o NPLV, mas seus valores são
menores porque ele retrata com mais precisão, apesar de utilizar o mesmo método de cálculo do
IPLV, ao considerar que os dados de carga e temperatura são mais realísticos em comparação ao
anterior.
No caso ao avaliarmos através do MyPLV, os dados também são realísticos conforme o
NPLV, os valores percentuais de tempo em que cada carga atuou são correspondentes, ou seja o
equipamento realmente trabalhou sob aquela condição naquele determinado tempo e isso nos traz
uma visão mais detalhada e conservadora sobre o fenômeno.
Também durante o processo de análise constatou-se que os três equipamentos trabalharam
por muito mais tempo fora do seu melhor coeficiente de performance COP, ou seja eles estão su-
perdimensionados para a sua necessidade de carga no pior dos cenários e consumindo mais ener-
gia elétrica para o mesmo trabalho. Portanto uma avaliação quanto à utilização de chillers de menor
capacidade trabalhando em conjunto seria uma boa saída, fazendo com que o sistema opere na
sua melhor performance com o mesmo consumo de energia elétrica.
Em suma, entende-se que o uso do MyPLV pode ser uma ferramenta de grande utilidade
para dimensionarmos um sistema de climatização de grande porte, ao avaliarmos as condições
reais de operação do equipamento quando levamos em consideração as condições de carga e
principalmente o local em que ele for instalado.

6. AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos ao Eng. Felipe da Silva Ribeiro pela parceria e por disponi-
bilizar seus dados de medições dos chillers, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento
e estudo deste trabalho.
Agradeço ao meu orientador Prof. Msc. Bruno de Rosso Ribeiro por depositar em mim a
confiança da execução desse trabalho, pelos conselhos, pelo incentivo, pela parceria e principal-
mente por ter me mostrado uma nova visão sobre como fazer engenharia.
Agradeço também a minha família e aos meus amigos pelo apoio e presença em todos os
momentos bons e difíceis da minha jornada.

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7. Referências

ABRAVA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REFRIGERAÇÃO, AR-CONDICIONADO, VENTILAÇÃO E


AQUECIMENTO. Modelos de Gestão como Ferramentas para a Otimização. ABRAVA + Climatização
Refrigeração, São Paulo, n. 40, p. 52, julho 2017.
AHRI STANDARD 551/591. Standard for Performance Rating Of Water-Chilling and Heat Pump Water-
Heating Packages Using the Vapor Compression Cycle. AHRI Standard 551/591, Arlington, 2011. 69.
ASHRAE. ASHRAE Handbook - HVAC , Systems and Equipments. In: ASHRAE ASHRAE Handbook - HVAC
, Systems and Equipments. Atlanta: American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning
Engineers, 2012. Cap. 1, p. 1-1081.
ASHRAE. ASHRAE Handbook - Fundamentals. Atlanta: American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers, 2013.
CARRIER. Aquaforce - Resfriador de Liquidos (chiller). Catálogo Técnico Carrier, v. CTAquaforce 30XW-F-
03/17, p. 36, Março 2017.
FRANÇA, F. Controle Térmico de Ambientes. DE-FEM Unicamp. [S.l.].
MCDOWALL, R. Fundamentals of HVAC Systems SI Edition. In: MCDOWALL, R. Fundamentals of HVAC
Systems SI Edition. London: Elsevier, v. 1, 2007. Cap. 6, p. 241.
MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Fundamentals of Engineering Thermodynamics. 5ª Ed. ed. West Sussex:
John Wiley & Sons, 2006. ISBN 978-0-470-03037-0.
REVISTA DO FRIO & AR CONDICIONADO. Revista do Frio & Ar Condicionado. Revista do Frio & Ar
Condicionado, 2018. Disponivel em: <http://revistadofrio.com.br/2018/01/economia-industria-preve-
expansao/>. Acesso em: 01 abril 2018.
SPRINGER CARRIER. Catálogo Técnico CT 23XRV Chiller Parafuso de Alta Eficiência e Velocidade
Variavel 300 a 550 Tons. [S.l.]: [s.n.], 2007.
THERMONICS. Thermonics TS. http: //www.thermonics-chillers.com. Disponivel em:
<http://www.thermonics-chillers.com/images/documents/standard-chillers/Principles_of_Fluid_Chillers.pdf >.
Acesso em: 08 Fevereiro 2018.
THERMOS Refrigeração e Ar Condicionado. Thermos Refrigeração e Ar Condicionado. Disponivel em:
<http://www.thermosrefrigeracao.com.br/expansao_indireta.php>. Acesso em: 11 abril 2018.
TRANE. Unidades ROOFTOP para Resfriamento. Catálogo de Produtos TRANE, v. RT-PRC0004A-PT, p.
49, Agosto 2012.
TRANE. CGAD Resfriadores de Líquido. Catálogo de Produtos TRANE, v. CG-PRC000-2H-PB, p. 36, Abril
2014.
TRANE. DIAMOND Self Contained AC. Catálogo de Produtos TRANE, v. PKG-PRC0002F-PT, p. 44, Janeiro
2016.
TRANE. Onix Split System. Catalogo de Produtos TRANE, v. SS-PRC018H-PT, p. 71, Novembro 2016.

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