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BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Luana Aguiar Moreira
Orientador: Prof. Dr. Allison Leão
Fontes primárias: Obras literárias de Elisabeth Azize, Verenilde Santos Pereira e Regina Melo
que serão analisadas na dissertação.
1. AZIZE, Elisabeth. E Deus chorou sobre o rio. Manaus: Imprensa Oficial, 1984.
________. E Deus chorou sobre o rio. 2. ed. Manaus: Editora Valer, 2006.
________. E Deus chorou sobre o rio. 3. ed. Manaus: Editora Valer, 2019.
Fontes teóricas:
8. ABDEL-HADY, Zakaryya Mohamed Ahmed. Muslim Women and Gender: Culture
Vs. Divine Text. European Scientific Journal, v. 13, n. 5, 2017, p. 155-164. Disponível
em: <https://doi.org/10.19044/esj.2017.v13n5p155>. Acessado em: 18 de março de
2021.
O autor discorre como como o Islã é visto como uma religião que dá preferência a um
gênero em relação ao outro. Isso foi particularmente percebido ao lidar com questões que são
de preocupação com as mulheres, tais como: deveres e responsabilidades do marido e esposa e
herança. Este artigo tenta examinar se isso é um simples equívoco, ou a existência de qualquer
evidência dentro da Doutrina muçulmana e/ou interpretação de estudiosos muçulmanos que
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apoiam essa perspectiva. Assim, a fim de identificar e esclarecer a postura do Islã sobre a
questão da gênero, o autor revisita as fontes islâmicas e mantem uma comparação com eventos
sociais e históricos que ocorreram no início da Sociedade muçulmana. Este artigo destaca essa
questão e tenta identificar se alguma validação para tal prática foi feita dentro da abordagem
religiosa ou através de conceitos tradicionalmente adquiridos que viveram e cresceu dentro das
culturas muçulmanas ao longo dos tempos.
9. BONATTI, Nícia Adan. Alcorão: uma questão de tradução e leitura. Tradução &
Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores, n. 22, 2011, p. 149-165.
Nesse artigo, a autora analisa o Livro Negro da condição das mulheres que concerne aos
eventos de apedrejamento, escorados pelas leis islâmicas, e que ocorrem em especial no Irã. A
autora apresenta a complexidade da tradução do texto sagrado islâmico, no qual se adiciona a
interpretação autorizada dos ulemás, os intérpretes outorgados do livro-guia em sua cultura.
Esta obra de Regina Dalcastagnè, uma das principais críticas literárias do Brasil, é um o
resultado de uma extensa pesquisa que realizou sobre o cenário da literatura brasileira
contemporânea. Ao realizar um levantamento e análise de obras publicadas nas principais
editoras brasileiras, a autora revela um campo assimétrico, marcado pelo domínio do
patriarcado que confere às obras literárias não apenas menor valor, mas também dificulta o
acesso de escritores marginalizados de serem inseridos no cânone.
12. DEL PRIORI, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto,
2004.
Trata-se de uma organização, realizada pela renomada historiadora Mary Del Priori, de
artigos de diversas pesquisadoras brasileiras sobre a história da mulher no Brasil, desde o
período colonial até a contemporaneidade. A obra traça um panorama da história da mulher
brasileira, sendo importante para compreendermos as diversas culturas e realidades que
formaram esta e, consequentemente, influenciaram na produção literária, como as mulheres
escravas, operárias, burguesas etc. Em especial, aproveitaremos o artigo “Escritoras, escritas,
escrituras”, de Norma Telles.
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13. DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Trad. Cláudia de
Moraes Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
Neste livro, a partir da obra e da noção de pulsão de morte, de Freud, Derrida analisa o mal
de arquivo, que estaria ligado à pulsão de morte, ao apagamento da memória, cujas
consequências podem ser psíquicas, sociais e políticas. Com esse entendimento, identificamos
a ideia de arquivo como um procedimento central nas práticas artísticas contemporâneas.
Trata-se de uma pesquisa de mestrado sobre a história das mulheres na Academia Brasileira
de Letras (ABL), assim como os percalços enfrentados pelas escritoras brasileiras para
ingressarem na instituição, frente a uma sociedade patriarcal que dominava os espaços
literários. Na dissertação, Michelle Fanini discorre a respeito da hegemonia masculina na
Academia e como esta tentou, a todo custo, impedir a posse de mulheres na instituição, seja a
partir de regimentos internos implicitamente misóginos, seja pelo bloqueio explícito e
reverberado das candidaturas femininas. Esta pesquisa, baseada nas relações entre os gêneros
no campo literário – mais no sentido político do que estético – nos mostra as dissonâncias nesse
espaço dominado pelo patriarcado.
17. FUNCK, Susana Bornéo. Crítica literária feminista: uma trajetória. Florianópolis:
Insular, 2016. (Série Estudos Culturais).
Trata-se de uma coleção de artigos e ensaios de Susana Bornéo Funck publicados ao longo
de sua carreira acadêmica, onde a autora dá enfoque às representações femininas na literatura
de autoria feminina, sobretudo em textos de autoras de língua inglesa. Nos textos, Funck
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observa os pontos de resistência e de subversão de uma tradição literária que relegou a mulher
à condição de o outro da cultura e da literatura.
18. GINZBURG, Jaime. Cânone e valor estético em uma teoria autoritária da literatura.
Revista de Letras. São Paulo, v. 44, p. 97-111, 2004.
Neste artigo, Jaime Ginzburg analisa as ideias de Harold Bloom sobre a sua teoria da
construção do cânone literário em sua obra O Cânone Ocidental. Segundo o autor, a teoria de
Bloom se baseia numa perspectiva elitista e autoritária de literatura e até mesmo de formação
do leitor, excluindo tudo aquilo que é produzido à margem dos padrões estéticos americanos,
minorias como mulheres, negros, indígenas etc. A defesa de Ginzburg tem relevância para o
estudo que por ora pretendo realizar, pois busca desconstruir as ideias difundidas e estabelecidas
sobre a Literatura, quem pode escrevê-la e lê-la.
19. HAJJAMI, Aïcha El. A condição das mulheres no Islã: a questão da igualdade.
Cadernos Pagu, n. 30, jan-jun, 2008, p. 107-120.
Esta obra traz uma série de traduções de artigos escritos por importantes críticas feministas
norte-americanas e europeias, que fundaram as bases da crítica literária feminista mundial e,
consequentemente, também moldaram os estudos de gênero no Brasil. Nela, estão inseridos
artigos de Elaine Showalter, Toril Moi, Ria Lemaire, Teresa de Lauretis, entre outras estudiosas
feministas, que contribuem imensamente para a pesquisa aqui empreendida. O termo “território
selvagem”, o qual está presente na dissertação, refere-se ao conceito criado por Elaine
Showalter no artigo que abre a obra – A crítica feminista no território selvagem – sobre a
literatura como um território selvagem dominado pela figura masculina.
Esta obra reúne contribuições seminais que emergiram entre os anos 1970 e 1990, e seus
reflexos ainda no começo do século XXI, e que possibilitaram a existência de um pensamento
feminista no Brasil, consolidado a partir do empenho e do trânsito dessas mulheres entre a
universidade, a militância e a política, abarcando textos como os de Constância Lima Duarte,
Heleith Saffioti, Lélia Gonzales, Rita Terezinha Schmidt e Sueli Carneiro.
Obra em que se narra o surgimento do mundo, contado por Firmiano Lana e seu filho Luiz
Lana, com a introdução da antropóloga Berta Ribeiro. Trata-se da história/cosmogonia da
etnia Dessana, as quais muitas histórias aparecem tanto no romance de Verenilde quanto no
romance de Regina Melo, e que trarão esclarecimentos para realizarmos uma análise
comparativa.
24. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. 1. ed. São
Paulo: Ática, 2011.
Obra fundamental para se compreender a história e desenvolvimento da leitura no Brasil.
As autoras realizam uma análise minuciosa a respeito da relação narrador-leitor na literatura
brasileira, do livro enquanto objeto/mercadoria, além de traçarem uma abordagem social da
leitura, quando, por exemplo, exploram no capítulo “A leitora no banco dos réus” a respeito do
papel e da importância da leitora mulher para a construção de uma identidade de leitores/as no
país. Ao que cabe a este trabalho, será dada ênfase ao capítulo citado.
Esta é uma tese de doutorado que tem como objetivo analisar a literatura de autoria
feminina contemporânea brasileira sob uma perspectiva de gênero. A autora seleciona cinco
escritoras que possuem uma produção literária considerável e de prestígio, publicadas em
editoras de grande alcance (Companhia das Letras, Record e Rocco), para que se possa traçar
o perfil da escritora brasileira contemporânea: Elvira Vigna, Cíntia Moscovich, Stella Florence,
Lívia Garcia-Roza e Adriana Lisboa. O estudo procura analisar de que forma as obras
apresentam questões ligadas à condição feminina, à representação de gênero, ao feminismo etc.,
de modo a perceber se estas apresentam ou não uma construção de pensamento crítico
feminista. Esta pesquisa se apresenta como um estudo similar ao que pretendo realizar na minha
dissertação, salvo alguns aspectos, e contribui de forma contundente para a elaboração de minha
pesquisa.
Trata-se de um livro de arte sobre as artes plásticas desenvolvidas pelos membros do Clube
da Madrugada, movimento de vanguarda surgido em Manaus em 1954. Embora minha pesquisa
de mestrado não esteja voltada às artes no Amazonas, a autora apresenta um panorama do
contexto histórico e social de formação do grupo literário na cidade, assim como o desejo do
grupo de romper com estéticas artísticas estabelecidas – desejo imergido após a Semana de Arte
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Moderna, em 1922. Essa contextualização do Clube da Madrugada é importante para que, na
minha pesquisa, eu possa analisar o campo das letras e artes no Amazonas e, assim, traçar a
minha interpretação a respeito das relações de gênero entre eles.
28. PEREIRA, Verenilde Santos. Uma etno-experiência na comunicação: Era uma vez...
Rosa Maria. 1995. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília, Faculdade de
Comunicação. 180 p.
30. PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. Tradução de Ângela M. S. Corrêa.
São Paulo: Contexto, 2007.
Esta é uma obra de Perrot que nasceu de um programa de rádio francês que tinha como
objetivo apresentar o resultado de mais de 30 anos enquanto pesquisadora da história das
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mulheres. A obra é dividida em cinco partes que mostram o processo de evolução e visibilidade
das mulheres como sujeitos atuantes na sociedade, desde a dificuldade de se encontrar arquivos
sobre mulheres (visto que, por muito tempo, foram excluídas da história oficial, contada pelos
homens) até as conquistas destas pelo Movimento Feminista.
31. SANTOS, Eunice Ferreira dos. Eneida de Moraes: militância e memória. 2004. Tese
(Doutorado em Literatura Comparada), Belo Horizonte, Faculdade de Letras,
Universidade Federal de Minas Gerais.
34. VIANA, Maria José Motta. Do sótão à vitrine: memória de mulheres. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1995.
Valendo-se de elementos de teoria memorialística, da antropologia e da psicanálise, Maria
José Motta Viana procura fazer entender e sentir a realidade da mulher enquanto produto e
produtor de determinada cultura. São analisados livros de memórias de mulheres publicados
nos diversos estados brasileiros, desde o século passado até os nossos dias. Ao final, tem-se
uma bibliografia comentada de mais de oitenta títulos, que acompanha a trajetória de uma
parcela significativa do que as mulheres do Brasil têm escrito.
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35. WOOLF, Virgínia. Um teto todo seu. 1. ed. Tradução de Bia Nunes de Sousa. São Paulo:
Tordesilhas, 2014.
Esta obra é resultado de duas palestras proferidas por Virgínia Woolf em universidades
inglesas para mulheres, nas quais fora solicitado à autora que falasse sobre o tema “mulheres e
ficção”. Neste longo ensaio, Virgínia Woolf discorre a respeito das condições que as mulheres
necessitam para escreverem literatura, sendo seu principal argumento: espaço e independência
financeira (por isso o título da obra) – condições que lhes são negadas ao longo da História,
culminando no pouco preparo e protagonismo das mulheres quanto à escrita literária.
36. WOOLF, Virgínia. A arte do romance. Trad. Denise Bottmann. Porto Alegre, RS:
L&PM Pocket, 2018.
Uma coletânea de nove ensaios de Virgínia Woolf sobre o gênero romance. A autora versa
sobre a escrita ficcional, o prazer da leitura, o papel da mulher na literatura. Destaca-se, para
meu trabalho, o artigo “As mulheres e a literatura”.
37. WOOLF, Virgínia. Profissões para mulheres e outros artigos feministas. Porto Alegre,
RS: L&PM Pocket, 2019.
Este livro reúne sete ensaios de Virginia Woolf nos quais ela questiona a visão tradicional
da mulher como “anjo do lar” e expõe as dificuldades da inserção feminina no mundo
profissional e intelectual da época.
38. YOUNG, Iris Marion. Gender as Seriality: Thinking about Women as a Social
Collective. Journal of Women in Cultural and Society. University of Chicago, 1994,
vol. 19, n. 3, p. 713-738.
A partir da ideia de “serialidade” proposta por Sartre em Crítica da Razão Dialética, Iris
Marion Young realizar uma análise do termo “mulher” como uma serialidade, um coletivo
social. Essa concepção é importante para se pensar a minha pesquisa, pois analiso três obras
que falam de e foram produzidas em contextos sociais diferentes – 1984, 1998, 2004. Ao
observar as romancistas do meu corpus, apesar de não terem feito parte de um grupo social
específico, se constituem como uma serialidade “mulher”, inconscientemente.