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(*) UZIEL SANTANA

FAMÍLIA:
Projeto de Deus, a base, o núcleo natural e fundamental da sociedade. (Parte II)

"Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os
abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeita-a; dominai (...). Viu Deus tudo
quanto fizera, e eis que era muito bom."
(Bíblia Sagrada, Livro do Gênesis, 1:27-28, cerca de 1.500 a.C.)

“Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o
direito de contrair matrimônio e fundar uma família. (...) A família é o núcleo natural e fundamental da
sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.”
(Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU – 1.948, art. XVI, “1” e “3”)

“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”


(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, art. 226)

“O casamento estabelece comunhão plena de vida (...). O casamento se realiza no momento em que o
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal e o juiz os
declara casados.”
(Código Civil Brasileiro, 2002, arts. 1.511 e 1.514)

No texto de ontem, estávamos a falar sobre a atestação contundente e peremptória da


Ciência, do Direito e da Religião de que a instituição “Família” se constitui no elemento essencial,
basilar e fundamental da formação e desenvolvimento da Sociedade. Aliás, não precisa ser
cientista, jurista ou religioso para se aferir que a Sociedade é aquilo que nós somos,
primeiramente, em Família. Inobstante isso, conforme assentimos também, apesar de todo esse
reconhecimento científico, jurídico e religioso de que a “Família” é a base e o núcleo natural e
fundamental de uma sociedade, infelizmente, temos vivido sob a égide de um momento cultural
onde os princípios, valores e virtudes da “Família” estão sendo relativizados e destruídos. A
Sociedade está ruindo na sua base: a Família. E a pergunta que nos fazemos é: onde chegaremos
com tudo isso?
Em verdade, para nós, é por demais perceptível e clarividente que a crescente
dessacralização do conceito e dos princípios institucionais da “Família” tem levado ao estado de
degradação moral em que nos encontramos. Vivemos uma “crise da família”, porque,
infelizmente, temos negociado valores que são essenciais para a constituição e desenvolvimento
de um lar. E tudo isso tem como conseqüente imediato e lógico o aumento de toda a sorte de
mazelas no seio da sociedade (pedofilia, pornografia, prostituição, adultério, corrupção,
dissimulação, falsidade, desonestidade, maledicência, falta de sinceridade, hipocrisia, arrogância,
rebelião comportamental e etc.). O normal virou anormal e o anormal virou o normal. O
relativismo cultural é tão intenso e somos tão bombardeados por ele, quando assistimos às
programações da mídia, em geral, e em especial das TV's, que já não sabemos distinguir entre o
bem e o mal, o belo e o feio, a verdade e a mentira, porque, como dizem esses valores
desconstrucionistas e relativistas, “tudo depende do prisma de quem observa e interpreta”.
Ademais, infelizmente, o discurso oficial e manifesto que se coloca para a mudança de
paradigmas na instituição “Família” tem sido mais compreensível e até mesmo mais aceito. Mas
tudo isso porque a sociedade não tem sido meticulosa e inteligente o suficiente para entender que
certas situações jurídicas colocadas como evolução do Direito e do Sistema Jurídico, na verdade,
latentemente, tem contribuído para a degradação dos valores morais da “Família” e, por
conseguinte, da sociedade. Por exemplo, será que a instituição da possibilidade de dissolução do
vínculo matrimonial, em 1977, no nosso ordenamento jurídico, de modo rápido e fácil, foi uma
medida de eficácia positiva para a sociedade brasileira? Ou ainda: será que a instituição da “União
Estável”, com o mesmo status e prerrogativas da “Família” não acarretou num incentivo ao
estabelecimento de relações conjugais sem compromisso legal e oficial? Será que a equiparação
da filiação legítima à ilegítima não levou, também, as pessoas a pensarem que o matrimônio não é
a via correta para o estabelecimento de um consortim omne vitae, pois que, do ponto de vista da
filiação, não há implicação distintiva alguma? Será que o estabelecimento e reconhecimento da
chamada “família” monoparental – formada por pai e filho ou mãe e filho – como entidade
familiar nos moldes tradicionais, não traz sérios transtornos no desenvolvimento da criança e do
adolescente? E o que dizer da derrocada do Pátrio Poder, de modo que o Pai não é mais o chefe
da família? O que a Bíblia nos diz sobre tudo isso?
Todas essas são questões complexas e que envolvem elementos materiais e espirituais.
Mas, seja como for, o que sabemos é que, há muito, no seio das nossas famílias e, por
conseguinte, da nossa sociedade, Deus deixou de ser o cerne de todas as coisas. Em vez disso, o
homem passou a ser a medida de todas as coisas, como se ele pudesse ser o criador do que é e do
que não é. O resultado dessa equação nós já sabemos: famílias destruídas, sociedade em via de
destruição.
E os valores se invertem ainda mais. Essa antinomia semântica da instituição “Família” não
para por aí, infelizmente. A “onda” agora é considerar que pessoas do mesmo sexo também
formam entidades familiares. Imaginemos, nós, uma sociedade formada por “famílias” onde os
casais são do mesmo sexo; onde isso iria dar? Simples: na extinção da sociedade, porque não
haveria mais possibilidade de reprodução humana. E mesmo que houvesse alguma solução
tecnológica, a extinção se daria pela deturpação moral dos costumes familiares.
Tempos ainda mais difíceis estamos por viver! Cuidemos das nossas crianças e
adolescentes, enquanto o Sistema Jurídico nos permite. Dizemos isso porque outra idéia que se
vê, ao longe, no horizonte sombrio da história da humanidade, é que devemos mudar as leis
protetivas da Criança e do Adolescente (como o nosso Estatuto da Criança e do Adolescente) a fim
de que esses tenham mais poder de decisão frente aos pais, sendo-lhes possível, inclusive,
confrontá-los quanto aos conceitos basilares da “Família”. Como se uma criança ou adolescente
tivesse o discernimento necessário para assim proceder. Precisamos ficar atentos a todo tipo de
falácia semântica como essa, para não cairmos nas armadilhas do discurso aparente e
politicamente correto.
Resta a nós, como cidadãos e cidadãs que reconhecem a importância basilar da Família,
como homens e mulheres que não negociam valores e que não têm medo de se expressar e que
se sentem responsáveis pela atual situação em que vivemos, mudarmos essa história que começa
a se desenhar no horizonte.
Cabe a nós, os que não se acovardam em dizer a Verdade, levantarmos a bandeira da
“Família” e reinvidicarmos às autoridades constituídas da República Federativa do Brasil que
cumpram aquilo que estabelecemos, principiológica e preceitualmente, na nossa Constituição
Federal e na nossa legislação infraconstitucional, especialmente, no Código Civil.
A Família é sim a base da sociedade e é formada pela união de homens e mulheres! Foi assim que
decidimos em Assembléia Nacional Constituinte em 1988. Foi assim, também, que a República
Federativa do Brasil subscreveu e pactou na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
E, principalmente, foi assim que Deus nos ordenou como mandamento, desde a fundação do
mundo: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeita-
a; dominai (...). Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom."
A Família Natural é um Projeto de Deus. A Família Natural é um antecedente biológico,
psicológico e cultural necessário e sine qua non para a Sociedade. A Família Natural é uma
imposição do Povo que assim a expressou na Magna Carta do nosso país. Enfim, a Família Natural
é um imperativo categórico da existência humana.
Destarte, pelo que vimos nesses dois ensaios em defesa da Família, e tomando em
consideração, sobretudo, o que diz cada um dos documentos jurídicos escritos em epígrafe,
conclamamos, porque nos é de direito:

Estado Brasileiro, protegei as nossas famílias! ONU, protegei as nossas famílias!


Sociedade Brasileira, protegei as nossas famílias! Senhor Nosso Deus, proteja as nossas
famílias!

(*) Cristão, Advogado e Professor da UFS (http://www.uzielsantana.pro.br/)

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