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A Feminização da Pobreza: um processo em curso no Brasil

Maria Sandra Pereira de Marrocos1

Introdução

O presente artigo tem como essência apontar questões que nos façam refletir sobre
a feminilização da pobreza no Brasil enquanto um processo em curso no país. Tem por
objetivo contribuir com reflexões acerca da temática apontada, bem como apontar
caminhos de enfrentamento a tal fenômeno.

Tem-se a ideia conceitual de “feminização da pobreza” o fato de que ao longo do


tempo, as mulheres vêm se tornando mais pobres de que os homens. Segundo Novellino
(2004), dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 1995, “A pobreza tem o rosto
da mulher, de 1.3 bilhões de pessoa na pobreza 70% são mulheres”.

Ainda de acordo com a autora, o relatório de Desenvolvimento Humano de 1995


do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, aponta que as
mulheres compõem 70% dos/das mais pobres do mundo (IPEA,2005).

Conforme Souza, Penteado, Nascimento e Raiher (2020), o levantamento


realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), apontou que o índice
de pobreza no Brasil aumentou 11,2% de 2016 para 2017. Correspondendo na prática um
aumento de 1,49% milhões de pessoas que passaram a viver (e conviver) com renda até
R$136 reais mensais. Fator que corresponde a 53% de brasileiras(os) vivendo na extrema
pobreza, se comparados a 2014, o ano em que a crise econômica começou no país.

Em consonância com dados apresentado pelo sítio ChildFund (2019), depois de


anos de retratação, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1% e a inflação
fechou 2017 em 2,95%, dados que correspondem a menor taxa desde 1998. Mas mesmo
diante desse crescimento a pobreza aumentou no país, fato que demostra claramente que
o Brasil é um país desigual, no qual a grande maioria da população vive com menos de
um salário-mínimo mensal.

1
Maria Sandra Pereira de Marrocos, mulher negra feminista, Assistente Social e mestranda em Serviço
Social.

1
Ressalta-se que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
IBGE (2019), todas as regiões tiveram piora no índice de pobreza. O Nordeste foi a que
apresentou situação mais grave, sendo 55% da população considerada extremamente
pobre, representado ainda um aumento de 10,8% de 2016 para 2017. A região Sudeste
mesmo sendo considerada a mais rica do Brasil, sofreu um acréscimo de 13,8% de
aumento na pobreza.

Portanto os referidos dados captam que a pobreza se faz presente em todas as


regiões do país, mas que as diferenças regionais precisam ser consideradas e avaliadas.

Destaca-se que segundo Souza, Penteado, Nascimento e Raiher (2020) dados da


PNAD (2001-2015), apontam que o percentual da população brasileira que estava em
condições de pobreza decaiu entre os anos de 2001 à 2015.

De acordo com o sítio ChildFund (2021), atualmente um quarto da população


brasileira, que corresponde a 52,7 milhões de pessoas, vivem em situação de pobreza ou
de extrema pobreza. Subdividindo-se entre 39 milhões em pobreza e 13 milhões em
extrema pobreza.

Busca-se ao longo do artigo trazer relatos, citações, indagações, dados e


impressões sobre a pobreza e a feminização desta como um processo em curso no Brasil.

Quadro atual da pobreza no Brasil

Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE


(2019), atualmente quase 52 milhões de brasileiros(as) vivem em situação de pobreza,
com renda de até R$ 436 mensal. Destaca-se que que de acordo com o Banco Mundial,
famílias em extrema pobreza são aquelas que vivem com até R$ 151 por mês.

Segundo o Índice de Gini2 2020, um dos mais conhecidos indicadores de


desigualdade é o índice de Gini no qual a variação vai de zero, que representa a perfeita
igualdade, até, 1, a desigualdade máxima. No Brasil o índice ficou em 0,543, que
corresponde no ranking internacional da desigualdade a 156ª posição, ficando abaixo de
países como Botsuana na África, Colômbia e México.

2
Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de
concentração de renda em determinado grupo.

2
Em conformidade com informações do sítio ChildFund (2021) o índice de pobreza
no Brasil aumentou 11%, enfatizando que depois de anos de retratação, o PIB brasileiro
cresceu e a inflação fechou 2017 em 2,95%, a menor taxa desde 1998, mas, mesmo assim
o índice de pobreza aumentou.

De acordo com IBGE (2019), a pobreza aumentou em todas as regiões brasileiras.


No entanto no Nordeste a situação é mais grave, com 55% da população sendo
considerada extremamente pobre, um aumento de 10,8% de 2016 para 2017. Salienta-se
que até a região sudeste, considerada a região mais rica do país, sofreu com avanços da
pobreza, com um acréscimo de 13,8%.

Ressalta-se que as diferenças regionais precisam e devem ser avaliadas na


elaboração de Políticas Públicas de enfrentamento a pobreza, afirmativa evidenciada
pelos referidos dados já apresentados.

Um outro dado relevante trazido pela pesquisa se refere ao rendimento médio


do(a) brasileiro(a) que teve queda, passando de R$49 em 2016 para R$40 em 2017, no
entanto na população mais rica esse índice variou em apenas 1%.

De acordo com o IBGE (2019), a extrema pobreza se reflete também na condição


de vida das pessoas. Em sincronia, frisa-se que entre brasileiras(os) que vivem em
extrema pobreza, apenas 40,4% dos domicílios possuem acesso simultâneo aos serviços
básicos3. Pois, quando comparados a média nacional de 62%, percebe-se nitidamente a
discrepância.

Acentua-se que as pessoas em extrema pobreza sofrem restrições e ausência de


direitos básicos, que garantam a vida com dignidade. Como por exemplo, a falta de
banheiro exclusivo de moradores(as), paredes externas construídas com materiais não
duráveis, número de moradores(as) superior ao adequado, entre outros.

Em corroboração a esta afirmativa, a média nacional de brasileiras(os) que vivem


em domicílios que apresentam esses pontos é de 12%, no entanto entre os mais pobres,
esse número cresce para 26,2%.

Destaca-se que as pessoas que vivem em extrema pobreza também encontram


dificuldades de acesso a outros serviços básicos a sua existência com qualidade, como

3
Serviços básicos, tratamento e abastecimento de água, esgoto, produção e distribuição de energia elétrica.

3
saúde, educação e assistência social, fator que torna a qualidade de vida desses(as)
indivíduos(as) extremamente fragilizada.

Um outro fator trazido pela pesquisa do IBGE (2019), são dados que revelam e
demostram o grau de desigualdade no Brasil. Em perspectiva, 1% das residências com
rendimento mais altos têm renda 3,84 vezes maior que 50% das residências com menores
rendimentos; 20% das residências com rendimentos mais altos têm renda 18,3 vezes
maior que os 20% com rendimentos mais baixos; e 10% das residências com rendimentos
mais altos têm renda 16,3 vezes maior que os 40% com rendimentos mais baixos.

Diante do exposto faz-se a seguinte indagação: afinal o que impulsionou o


aumento da pobreza no Brasil?

Dados já revelados anteriormente enfatizam que a economia dar sinais de melhora,


no entanto “para especialista, um aumento do PIB não indica, necessariamente, que a
situação social no país é a adequada, pois esse número pode representar a realidade das
classes mais ricas, pois a disparidade de classes no Brasil é enorme” ChildFund (2021).

Ainda de acordo com o site ChildFund (2021), um dos fatores fundamentais que
contribuíram para o aumento da pobreza no país foi o decréscimo dos postos de trabalho,
com redução de vagas no emprego formal com careira de trabalho e consequentemente a
aumento do trabalho informal, resultando em uma renda menor e com o aumento da
pobreza no país.

Em conformidade com dados apresentados, atualmente, o Brasil apresenta um


quadro de aumento da pobreza e consequentemente o alargamento da questão social.

A Feminização da Pobreza

De acordo com Novellino (2004), o conceito “feminilização da pobreza” foi


inserido por Diane Pearce em 1978 (Buvinic e Gupta, 1994:24), em artigo publicado na
Urban and Social Change Review, que tinha por título principal Feminização da pobreza,
subsequente pelo título mulher, trabalho e assistência social. Sua hipótese era o de que “a
pobreza está rapidamente se tornando um problema feminino” (1978:28).

Conforme Observatório da Desigualdade, em 2020, a pobreza tem gênero


feminino. Fenômeno conhecido como feminização da pobreza, que aponta justamente
para o referido entendimento. Sublinha-se que esse termo foi amoedado em fins dos anos

4
70, com o intuito de apontar para a presença cada vez maior de mulheres entre as pessoas
em situação de pobreza.

Ressalta-se que segundo o Observatório da Desigualdade, em 2020, diversos


estudos atestam que a omissão após separação por parte de ex-companheiros no sustento
das(os) filhas(os), está diretamente ligado ao fenômeno. Que acarreta a materialização da
feminização da pobreza mais frequentemente em lares chefiados por mulheres, em outras
palavras, “o processo de feminização da pobreza tem início quando a mulher, sozinha tem
que prover o seu sustento e o de seus filhos” (Novellino, 2004). Fato ocorre em
decorrência da omissão dos homens para com o sustento da família após a separação do
casal.

Enfatiza-se que tão fenômeno não exclui a existência de mulheres em situação de


pobreza em famílias não monoparentais4.

Evidencia-se que presença maior das mulheres entre as pessoas em situação de


pobreza e de extrema pobreza pode ter várias explicações, mas uma das mais consensuais
é no tocante a divisão sexual e social do trabalho, onde papeis são definidos, distribuídos
dentro de uma sociedade machista e patriarcal, de forma hierarquizada e desigual a partir
da diferença de gênero. Sustentados e legitimados historicamente a partir a do ser homem
e ser mulher dentro desta sociedade.

Mulher e Mercado de Trabalho

Segundo o Observatório da Desigualdade, em 2020, a análise das condições de


inclusão das mulheres no mercado de trabalho aponta que em sua grande maioria estão
inseridas em empregos precários, mal remunerados e na informalidade. “As mulheres
estão menos presentes que os homens no mercado de trabalho, especialmente o formal,
recebem salários menores e ocupam menos os cargos de liderança ou de maior
rendimento” (Observatório da Desigualdade, 2020). Fator que demonstra um padrão
desigualdade permanente que se mantém ao longo dos anos.

Em conformidade com Siqueira, Samparo (2017), dados de recente pesquisa


realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontam que atualmente,
considerando a média mundial, as mulheres recebem o equivalente a 77% dos salários

4
Monoparentais, entidade familiar composta pela mãe ou pelo pai.

5
dos homens, ressalta-se que se nenhuma medida de equidade for tomada, a igualdade
salarial entre os gêneros só será alcançada daqui a 71 anos, ou seja em 2086.

Evidencia-se que a divisão estrutural, histórica social e sexual do trabalho,


limitaram a participação das mulheres nos espaços de produção e ampliaram as
dificuldades para inserção destas no mercado de trabalho, tal condição se deu e permanece
de forma desigual. Ressalta-se ainda a necessidade cada vez mais pertinente de políticas
públicas de equidade e fortalecimento da cidadania das mulheres como fator crucial para
a equiparação salarial entre os gêneros.

Mulher, Mercado de Trabalho e Pandemia

A humanidade vivencia o desafio diante da pandemia da Covid-19, que exigiu da


sociedade o isolamento social como essencial para o combate a proliferação de um vírus
letal, mortal e mutante. Consequentemente, modificou-se a rotina cotidiana das pessoas
nas diversas esferas da vida humana e no mundo do trabalho, que já apresentava mutação
com a diminuição do emprego formal e a ampliação do emprego informal.

De acordo com Fonseca, Sutto (2021), atualmente a participação da mulher no


mercado de trabalho é a menor dos últimos trinta anos, enfatizando que a pandemia é a
parte do problema. “Mulheres trabalham em setores mais afetados e se responsabilizam
mais pelos filhos e pela casa” (Fonseca, Sutto 2021). Fator que evidência o desafio maior
para as mulheres em permanecer nos empregos.

Enfatiza-se que a desigualdade de gênero é estrutural, reforçada pela construção


histórica dos papeis socias definidos para cada gênero dentro da sociedade machista e
patriarcal, inclusive bem anterior a pandemia, no entanto agravou-se diante do cenário
produzido pela pandemia do Covid-19.

Em conformidade com Fonseca, Sutto (2021), o quadro econômico de 2020 gerou


uma piora no mercado de trabalho brasileiro, enfatizando que mesmo sendo uma questão
histórica a situação da participação das mulheres no mercado de trabalho piorou
consideravelmente em 2020.

Segundo dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea),


em 2021, o percentual de mulheres que estavam trabalhando ficou em 45,8% no terceiro
trimestre de 2020, o nível mais baixo desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%. Quando
comparados ao mesmo período de 2019, a queda na parcela de mulheres que estavam no

6
mercado de trabalho foi de 7,5 pontos percentuais - 53,3% para 45,8%. Acentua-se ainda
que o retrocesso foi menor entre os homens, ficando estes em 6,1 pontos percentuais (de
71,8% para 65,7%).

Frisa-se que a desigualdade entre os gêneros já era uma realidade antes, mas com
advento da pandemia essa se evidência, visto que com o isolamento social as mulheres
tiveram que conciliar o trabalho doméstico e reprodutivo com as atividades produtivas.
Algumas indagações que precisam ser colocadas é a de que como ser possível conciliar
todas essas funções dentro de um único espaço? Será que muitas mulheres não saíram do
mercado de trabalho diante desse cenário?

Feminização da Pobreza e Pandemia no Brasil

O processo de feminização da pobreza tem raízes estruturais e histórica, pois esta


está intrinsicamente ligado a divisão social e sexual do trabalho bem como os papeis
estabelecidos para cada gênero em nossa sociedade, aponta-se que este é um processo
contínuo e em curso.

Como já abordado, dentro da divisão social e sexual do trabalho, coube sempre a


mulher o espaço doméstico, a ocupação do espaço público, e consequentemente dos
espaços produtivos foi fruto de luta, reinvindicações e conquistas do movimento de
mulheres, em especial os feministas.

Com o advento da Pandemia da Covid-19, a vida em sociedade passa por


profundas mudanças, se exige o isolamento social como única forma de prevenção, visto
ser um vírus novo, com o qual a ciência precisa de tempo para lidar, conhecer e encontrar
respostas.

Segundo Pitanguy (2018), a trajetória de conquista de direitos para a mulheres não


é linear em direção ao progresso visto que tais direitos são conquistas históricas sujeitas
a retrocesso. Enfatiza que no Brasil é possível distinguir dois grandes momentos de luta
por direitos para as mulheres: a ditadura e a democracia, tais períodos determinaram
limites e possibilidades para no exercício de advocacy5 feminista. Assim sendo registra-

5
Processo de reivindicação de direitos que tem por objetivo influir na formulação de políticas públicas que
atenda às necessidades da população.

7
se que as conquista e direitos das mulheres sempre foram frutos de resistência e luta, que
se precisa ficarem atentas a cada momento histórica para não permitir retrocessos.

Aponta-se que com a advento do isolamento social, todas as tarefas das famílias
passaram a ser realizadas dentro do espaço privado, inclusive as atividades produtivas,
acarretando para as mulheres uma sobrecarga de trabalho muito maior e em muitos casos
o desemprego, conforme dados já colocados anteriormente.

Pontua-se que de acordo com relatório do Ipea de 2021, o percentual de mulheres


que estavam trabalhando ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020, o nível mais baixo
desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%, se comparados ao mesmo período de 2019, a
queda na parcela de mulheres que estavam no mercado de trabalho foi de 7,5 pontos
percentuais de 53,3% para 45,8%.

De acordo com Albuquerque e Mendes (2021), debates e reflexões recentes no


Brasil e no mundo sobre a posição relativa a mulheres e homens tem se modificado
intensamente, em alguns locais perpassadas por lutas e reinvindicações. Na realidade
brasileira vivenciamos um retrocesso em pautas já conquistadas no tocante aos direitos
das mulheres.

No Brasil não só a pandemia da Covid-19, mas a existência de um governo


negacionista, elitista e conservador, representado pelo Jair Bolsonaro, com implantação
de um projeto político que preconiza o Estado mínimo 6, ataques aos direitos humanos e
as pautas afirmativas das minorias, entres essas a das mulheres, que vem sofrendo
retrocessos.

Conclusão

O presente artigo teve como proposta discorrer sobre a feminização da pobreza


enquanto um processo em curso no Brasil, buscando através relatos, citações, indagações,
dados e impressões refletir sobre tal fenômeno.

Ressalta-se que diante dos expostos, verificou-se que a atual quadro conjuntural
aumenta a pobreza e aprofunda as desigualdades, verifica-se que está se apresenta de
forma diferenciada entre as regiões do país, inclusive sendo a região Nordeste uma das

6
Entendimento que o papel do estado na sociedade deve ser o mínimo possível para que o Estado consiga
entregar serviços públicos de qualidade para a sociedade, com maior eficiência, deixando apenas nas mãos
de iniciativas privadas funções consideradas não essenciais.

8
mais atingidas, o que nos leva a concluir, que diferenças regionais devem ser consideradas
na formulação de políticas públicas de enfrentamento a pobreza.

No tocante a feminização da pobreza, chega-se à conclusão de que esta é um


problema de ordem estrutural e histórica, associado a divisão social e sexual do trabalho,
em uma sociedade machista e patriarcal, onde papeis são definidos a partir do ser homem
e ser mulher, ou seja de forma diferenciada e desigual entre os gêneros, cabendo sempre
as mulheres um papel secundário.

Evidencia-se que as conquistas das mulheres foram e são frutos de luta e


reivindicação dos movimentos de mulheres e feministas, que essas não são lineares e que
vivem em constante ataques, fator que faz refletir sobre a necessidade de reafirmação
contínua da pauta das mulheres.

Ressalta-se o desafio vivenciado diante a pandemia da Covid-19, que exigiu da


sociedade o isolamento social como essencial para o combate a proliferação de um vírus
letal e mutante, modificando a rotina cotidiana das pessoas nas diversas esferas da vida
humana, inclusive a de atividades produtivas no mundo do trabalho.

Deduz-se que com o advento do isolamento social, todas as tarefas das famílias
passaram a ser realizadas dentro do espaço privado, inclusive as atividades produtivas,
acarretando para as mulheres uma sobrecarga de trabalho muito maior e em muitos casos
o desemprego, fator que aumenta e intensifica a feminização da pobreza no país

Por conseguinte, a feminização da pobreza é um processo estrutural, histórico e


em curso permanente, decorrente da divisão social e sexual do trabalho. Portanto um
processo em curso no país, agravado com o advento da pandemia da Covid-19.

Portanto precisa-se através da luta e da resistência garantir Políticas Públicas de


enfrentamento a tal fenômeno.

Ressalta-se a necessidade após a pandemia de algumas medidas e políticas de


enfrentamento, a exemplo da instituição de auxílio social permanente e justo, instituição
de moedas sociais, trabalhos terrorizados, serviços públicos (limpeza urbana,
cuidadoras(es) de idosas(os), entre outros) realizados no território através da mão de obra
local, bem como a instituição de cotas que garantam a participação efetiva das mulheres
e consequentemente o enfrentamento real a feminização da pobreza.

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