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AULA 5

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – GESTÃO DE PROCESSOS DA SEGURANÇA PRIVADA

Gestão de processos é uma estrutura gerencial orientada a processos, em


que gestor, time e executores do processo pensam e projetam o seu trabalho,
inspecionam os resultados, e redesenham o sistema de trabalho para alcançar
melhores resultados.
Aplicando o conceito ao tema estudado, temos que a gestão de processos
da segurança privada se caracteriza: pelo planejamento; pelo monitoramento;
pela avaliação; e pela revisão dos processos de segurança. O foco é sempre a
melhoria contínua e o alcance de objetivos e metas estabelecidos no plano de
segurança.
Ou seja, busca-se o melhoramento contínuo dos processos da segurança,
como ação fundamental dos profissionais da área.
Segundo o consultor de segurança privada José Sérgio Marcondes
(2017a), os objetivos da gestão de processos devem ser bem definidos. Entre
eles, temos:

1. Conhecer e mapear os processos de segurança;


2. Disponibilizar as informações sobre os processos em manuais de
gestão de segurança;
3. Promover a uniformização dos processos da segurança;
4. Identificar, desenvolver e difundir internamente metodologias e
melhores práticas no que se refere a segurança dos envolvidos;
5. Promover o monitoramento e a avaliação de desempenho dos
processos de segurança; e,
6. Implantar melhorias contínuas na segurança, visando alcançar maior
eficiência e eficácia.

Em relação ao mapeamento dos processos da segurança privada, é


necessário, inicialmente, identificar cada um dos processos, com o objetivo de
auxiliar o profissional e/ou gestor da segurança na melhoria de sua execução,
posto que é no mapeamento que se deve identificar e tratar os pontos críticos de
vulnerabilidade da segurança.
Ainda segundo Marcondes (2017a), podemos considerar processos da
segurança como um conjunto de atividades similares e inter-relacionadas,
envolvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e informações, de forma que
a gestão de processos organizacionais transforma entradas em saídas, com vistas
a atender à necessidade de um cliente interno ou externo, agregando valor e
produzindo resultados para a organização.
Os processos de entrada podem ser considerados como as causas.
Incluímos aí os recursos que dão origem a um serviço prestado pela segurança.
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Por exemplo: o recebimento de um visitante ou a liberação da entrada ou da saída
de um material é um processo de entrada.
Já a saída é o resultado do serviço prestado propriamente dito, como o
processo de liberação de acesso de um visitante à organização, tomando como
fundamento normas e procedimentos da organização em que o serviço é
prestado, que variam de acordo com a cultura organizacional da empresa, com o
tamanho ou a necessidade de um estabelecimento (por exemplo: agência
bancária), ou ainda de acordo com a disponibilidade da empresa em investir na
segurança privada.
Veja no quadro um mapeamento do processo de segurança de entrada de
uma pessoa ou de materiais em um determinado local.

Quadro 1 – Processo de segurança

Entrada Processo Saída


Liberação do acesso do
visitante e/ou do material, de
Visitante
Controle do acesso acordo com o procedimento
Entrega de material
do local (utilizando crachá,
acompanhamento etc.)
Seguindo o mesmo raciocínio do mapeamento e da gestão do tema
estudado, é imperioso estabelecer uma hierarquia dos processos de segurança,
os quais, em síntese, podem ser categorizados em cinco níveis:

 Macroprocesso: é o principal processo e objetivo da segurança privada, e


sua operação reflete no funcionamento de todos os processos de
segurança estabelecidos;
 Processo: é o conjunto de procedimentos que serão adotados com vistas
a cumprir o objetivo almejado pela segurança privada;
 Subprocesso: é o conjunto de procedimentos adotados para
complementar e apoiar o processo principal;
 Atividades: são as operações necessárias para o cumprimento do
procedimento desenhado para o processo ou subprocesso de apoio;
 Tarefas: é o conjunto de trabalhos a serem executados, envolvendo a
rotina específica a ser tomada, suas dificuldades, o esforço e os insumos
necessários, além do prazo para o cumprimento.

Para facilitar a visualização da hierarquia de um processo de segurança


privada, desenhamos no Quadro 2 o mapeamento de entrada de um visitante em
um condomínio residencial.
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Quadro 2 – Entrada de visitante

Macroprocesso Segurança do condomínio e dos condôminos


Processo Controle de acesso de visitantes
Subprocesso Serviço de portaria e/ou controlador de acesso e/ou vigilante
Atividade Identificação documental do visitante
Recepcionar o visitante, identificá-lo, cadastrá-lo (dependendo da
Tarefa estrutura), checar autorização de acesso, fornecer crachá/prisma
(dependendo da estrutura)

Dessa forma, para mapear e gerir os processos de segurança, recomenda-


se a utilização de fluxogramas, cujo desenho permite o devido conhecimento de
cada um dos procedimentos que deve ser tomado em cada ocorrência.
Em especial, o aspecto mais fundamental de todo e qualquer processo, em
especial os relacionados à segurança privada das pessoas, seus patrimônios e
organizações em geral, é a avaliação do desempenho de cada processo, cujo
resultado permitirá a otimização das etapas desenhadas, podendo haver ação
preventiva ou corretiva em diferentes cenários, sempre em tempo hábil, a fim de
se evitar prejuízos.

TEMA 2 – CASO CONCRETO: SEGURANÇA DE CONDOMÍNIO

Conforme estudamos anteriormente, com a crescente violência que assola


o país, a segurança de seus familiares, seu patrimônio, de si próprio e de sua
organização ocupa o topo da pirâmide das necessidades do ser humano.
Por essa razão, atualmente é cada vez mais comum a busca por
condomínios residenciais, sejam eles horizontais (como um condomínio de casas
e sobrados), ou verticais (como um edifício).
Na mesma linha, é cada vez mais comum a existência de sistemas de
segurança eletrônicos e pessoais, sempre mais intensos, como câmeras,
vigilantes, porteiros 24 horas, controles de acesso rígidos, entre outros pontos.
E é justamente essa uma das principais preocupações dos moradores:
segurança e privacidade.
Nesse momento, é fundamental mapear a segurança privada do
condomínio, com a gestão de seus processos, o desenho de fluxogramas e o
acompanhamento dos desempenhos obtidos, conforme já estudamos
anteriormente.
Assim, conhecer os potenciais riscos e ameaças à segurança do
condomínio e de seus condôminos é fundamental para se obter a segurança

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almejada. Riscos e ameaças à segurança de condomínio residencial se
apresentam em todas as condições e/ou situações com a possibilidade de causar
danos ou perdas, não só aos moradores, mas também aos frequentadores desse
local.
Dessa forma, passamos a seguir aos itens básicos que devem estar
presentes no Plano de Segurança para Condomínio Residencial:

 Identificar as vulnerabilidades do condomínio, buscando qualquer


deficiência e/ou brecha de segurança que possa ser explorada por uma
ameaça e gerar riscos de segurança;
 Identificar as ameaças que possam ser causadas por agentes,
circunstâncias ou por qualquer evento com potencial para causar danos ao
condomínio, aos condôminos ou a seus frequentadores;
 Identificar toda condição e/ou situação que possa causar danos ou perdas
à segurança do condomínio;
 Analisar e identificar os fatores de risco que podem gerar mais de um risco;
ou seja, é preciso identificar as condições e/ou situações que possam
originar a um risco;
 Avaliar sistematicamente as ameaças e as vulnerabilidades existentes,
tratando-as com os responsáveis, de modo a determinar e recomendar
ações a serem tomadas para minorar os riscos.

Basicamente, os riscos à segurança privada decorrem de dois atrativos:


financeiro ou humano. O atrativo financeiro se refere a um bem material, como
carros, joias, dinheiro, quadros etc., enquanto o atrativo humano se relaciona à
presença de um morador e/ou um visitante que tenha algum tipo de destaque ou
importância na sociedade, como um político, um artista, uma celebridade etc.
Para facilitar a visualização, exemplificamos os fatores de risco que devem
ser analisados antes da elaboração do Plano de Segurança, com o objetivo de
serem corrigidos ou controlados, na medida do possível:

 Localização do condomínio (como bairro perigoso e algum ponto de


atenção próximo);
 Violência urbana local e na região (como condomínio dentro de uma grande
megalópole);
 Deficiência na segurança pública (como a ausência de policiamento
ostensivo, ou de patrulhamento no local);

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 Ausências ou falhas no plano de segurança elaborado;
 Falhas nos sistemas de segurança (como portões eletrônicos com defeito
e sistema de segurança ou monitoramento sem gerador/bateria);
 Falhas de engenharia e arquitetura do condomínio (como ausência de
muros e/ou barreiras em determinados pontos de acesso);
 Falta de capacitação e treinamento da equipe de segurança;
 Desmotivação da equipe de segurança;
 Descumprimento de regras e procedimentos pelos moradores e/ou
visitantes.

Na mesma linha, passamos agora a analisar exemplos dos riscos mais


frequentes e comuns à segurança condominial:

 Furto (subtrair bem de outrem sem emprego de grave ameaça e/ ou lesão);


 Roubo (subtrair algo de outrem com emprego de grave ameaça e/ou lesão);
 Sequestro (privação de liberdade);
 Agressão física (com danos temporários ou permanentes);
 Homicídio;
 Vandalismo (destruição ou dano à propriedade de outrem);
 Quebra de privacidade.

Por fim, passamos agora a analisar exemplos das ameaças mais comuns
à segurança condominial:

 Assaltantes;
 Sequestradores;
 Vândalos;
 Oportunistas;
 Empregados do condomínio insatisfeitos e com falta de caráter.

Por tudo que estudamos até aqui, fica evidente a importância da


identificação, da análise e da avaliação dos riscos a que o condomínio está sujeito,
de forma que a segurança do local deve, prioritariamente, ser realizada por
profissional da área devidamente qualificado.
Ainda, é absolutamente fundamental que o síndico, os moradores e os
visitantes do local adotem hábitos de segurança adequados, contribuindo para a
redução da vulnerabilidade e para sua minoração, com vistas à extinção de
ameaças e riscos.

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TEMA 3 – PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Na prática, o planejamento da segurança patrimonial depende da


interpretação da segurança privada de cada organização e, em especial, dos itens
que se pretende proteger.
Inicialmente, para realizar o planejamento, é necessário determinar todos
os recursos e atividades necessários para garantir a incolumidade física das
pessoas e a integridade de seu patrimônio.
Além disso, é imperioso definir as metas e os objetivos do plano, de forma
que neste planejamento sejam realizadas atividades estratégicas de distribuição
de recursos, sempre de maneira eficiente.
Segundo o consultor em segurança privada José Sérgio Marcondes
(2017b), o planejamento da segurança patrimonial “é um processo que consiste
em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para
se obter o nível necessário de segurança patrimonial para uma organização atingir
seus objetivos.”
Dessa forma, tem-se que o planejamento deve ser realizado
preferencialmente através de um documento chamado Plano de Segurança
Patrimonial.
O referido documento deve registrar o resultado das ações tomadas,
descrevendo todas as decisões na sua elaboração, de maneira que se apresenta
como o resultado do planejamento da segurança patrimonial. Segundo Marcondes
(2017b), deve contemplar três elementos essenciais:

1. Definição dos Objetivos e das Metas do Planejamento de Segurança


Patrimonial Privada;
2. Os meios necessários para realização do planejamento, tais como:
material humano necessário, dispêndios financeiros, materiais e
outros insumos a serem utilizados, informações necessárias e
tecnologia a ser empregada;
3. Os mecanismos de controle dos indicadores de desempenho para se
ater aos objetivos e metas, para se evitar desvios em relação ao
planejado, com objetivo de monitorar os passos durante sua
execução.

Entendidos os conceitos de planejamento e plano de segurança, passamos


agora a estudar os objetivos deste tema. Segundo o consultor em segurança
privada José Sérgio Marcondes (2017b), há objetivos principais do planejamento
da segurança patrimonial:

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1. Identificar a necessidade de segurança da organização;
2. Identificar e estabelecer objetivos e metas para a segurança da
organização;
3. Organizar e estruturar a segurança da organização;
4. Identificar e quantificar os meios necessários para segurança atingir
os seus objetivos;
5. Possibilitar a utilização dos recursos de forma eficiente (com a
economia que se espera -> melhor serviço pelo menor valor);
6. Definir as responsabilidades e estimular o comprometimento dos
envolvidos;
7. Determinar tarefas e prazos, viabilizando o controle e os ajustes que
forem necessários;
8. Implementar os mecanismos de medição e indicadores de
desempenho nos processos da segurança patrimonial; e,
9. Dar suporte aos setores para conseguir credibilidade e apoio
financeiro, material e humano.

Entendidos os objetivos do planejamento da segurança patrimonial,


passamos agora a estudar os tipos de planejamento comumente utilizados na
gestão da segurança privada.
Em síntese, existem dois tipos de planejamento da segurança patrimonial:
o planejamento tático e o planejamento operacional. Ambos devem estar
alinhados com o planejamento da organização, devendo ser elaborados de forma
a contribuir para que a organização atinja os objetivos previstos no seu
planejamento estratégico.
O planejamento tático tem como objetivo organizar a segurança da
organização e estabelecer os objetivos e metas para a segurança patrimonial, de
acordo com suas necessidades e interesses.
Segundo Marcondes (2017b):

Através do planejamento tático se possibilita a realização do plano


estratégico da organização, com base nas ações e atividades realizadas
pela segurança patrimonial.
Já o planejamento operacional busca definir as atividades e os recursos
necessários para realização dos objetivos e metas estabelecidos no
plano tático da segurança patrimonial.
O planejamento operacional da segurança patrimonial deve ser focado
nas equipes e indivíduos da organização e estabelecer objetivos e metas
para as equipes e os profissionais individuais da segurança patrimonial.
Ou seja, é o plano que tem a função de disciplinar e controlar as rotinas
relacionadas à segurança patrimonial da organização.

Entendido o planejamento da segurança patrimonial, estudaremos, no


próximo tema, alguns modelos deste planejamento.

TEMA 4 – MODELO DE PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Conforme já estudamos, o planejamento da segurança patrimonial


depende da interpretação da segurança privada de cada organização e, em

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especial, dos itens que se pretende proteger, levando-se em consideração a
cultura organizacional da empresa.
Para estudar na prática como se realiza um planejamento de segurança
patrimonial para o atendimento das necessidades básicas de um bom plano,
podemos dividir a elaboração do plano em oito etapas (Marcondes, 2017).

4.1 Comunicação e consulta

Trata-se de processo contínuo que o gestor da segurança patrimonial irá


conduzir, de modo a obter, fornecer e compartilhar as informações necessárias
para a elaboração do planejamento da segurança patrimonial. A comunicação e a
consulta com as áreas e pessoas envolvidas, quando elaboradas de forma eficaz,
resulta no sucesso do planejamento da segurança patrimonial da organização.

4.2 Estabelecimento de contexto

Trata-se de processo cujo objetivo é definir os parâmetros básicos para a


realização do planejamento estudado, incorrendo em uma interrelação de
circunstâncias e fatores que podem interferir e influenciar os requisitos e as
atividades do planejamento.
Sua aplicação inclui considerar os parâmetros dos contextos internos e
externos relevantes para a organização como um todo, e especificamente para a
segurança patrimonial da organização.
Em relação ao contexto externo, é necessário estudar fatores culturais,
geográficos, políticos, legais, regulatórios, criminais, financeiros, econômicos e
sociais, todos em nível nacional, internacional, regional ou local, a depender do
lugar em que a organização se encontra.
Ainda, o contexto externo envolve a familiarização com todos os fatores-
chave que impactam os objetivos da organização, incluindo as percepções de
valores das partes externas envolvidas.
Já em relação ao contexto interno, é necessário o entendimento das
capacidades da organização em termos de recursos e conhecimentos e de ativos
relevantes para a organização atingir seus objetivos.
Ainda, o contexto interno envolve familiarização com as partes internas
envolvidas; além de análise dos objetivos e estratégias vigentes na organização,

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considerando a cultura organizacional e suas políticas, processos, atividades,
normas e modelos, além da estrutura governamental.

4.3 Diagnóstico situacional da segurança patrimonial

Trata-se de processo que tem por objetivo definir a situação atual da


segurança patrimonial da organização. Ou seja, identificação de forças,
oportunidades, fraquezas e ameaças da organização, que devem ser
consideradas em todo o processo de planejamento.

4.4 Processo de identificação, análise e avaliação de riscos

Conforme já estudamos em diversas oportunidades, a identificação, a


análise e a avaliação de riscos são processos absolutamente intrínsecos e
indispensáveis à gestão de riscos, com a finalidade de analisar as ameaças e
vulnerabilidades da organização.
O propósito desse processo é estimar as possibilidades de causar danos
ou perdas à organização, para que se confirme a presença ou a ausência de riscos
para a segurança patrimonial da organização – e, quando presentes, mensurar o
seu impacto.

4.5 Definição de tratamento para os riscos

Sem dúvida, o principal objetivo do planejamento da segurança patrimonial


é analisar e entender os riscos a que a organização está sujeita, ou de que já
padece. Após tal definição, é imprescindível que os riscos identificados (presentes
ou possíveis) sejam tratados de forma eficaz, através da seleção de uma ou mais
medidas de segurança, com a finalidade de eliminação, controle ou evitação.

4.6 Planejamento tático da segurança patrimonial

Trata-se de processo que tem como escopo estabelecer os objetivos e


metas para a segurança patrimonial da organização, definindo quais serão os
meios e recursos necessários para que sejam atingidos.
Portanto, entender e alinhar qual estrutura será necessária, quais os
métodos serão aplicados, quais as tecnologias e quais os espaços serão
utilizados, dentre outros meios, é fundamental neste momento.

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Em especial, é preciso definir a gestão dos recursos humanos neste ponto
do planejamento, por meio de recrutamento, seleção, treinamentos,
especializações e definições de cargos e formação de equipes.
Portanto, são partes indispensáveis na análise e na elaboração do
planejamento tático as seguintes definições: os objetivos e metas; política de
segurança patrimonial; a estrutura da segurança patrimonial; formas de emprego
das equipes de segurança (por exemplo, orgânica própria e/ou terceirizada); e
ainda política de gestão dos recursos humanos necessários/utilizados.

4.7 Planejamento operacional da segurança patrimonial

Após as análises descritas anteriores, este é o processo mais importante


do planejamento da segurança privada, posto que é o processo responsável pela
definição das atividades e dos recursos necessários para a realização de objetivos
e metas definidos no plano tático da segurança.
Portanto, o plano operacional deve focar nas equipes e indivíduos da
organização, estabelecendo seus próprios objetivos e metas, através da disciplina
e do controle de rotinas de todos os processos.
Por outro lado, o planejamento operacional depende de outros fatores,
como:

 Planejamento orçamentário: são os planos relacionados às necessidades


dos recursos financeiros versus disponibilidade da organização;
 Procedimentos internos: são os planos relacionados com os métodos e
fluxogramas de execução de atividades da segurança privada;
 Normas e regulamentos internos: todos os planejamentos, planos e
atividades devem seguir as normas e regulamentos internos da
organização.

Para facilitar a visualização, são exemplos de planejamentos operacionais


básicos:

 Orçamento anual da segurança privada;


 Procedimento interno para controle de acesso de pessoas, veículos e
materiais;
 Procedimento interno para controle de acesso de documentos e mídias de
armazenamentos de dados;

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 Normas de condutas para empregados, prestadores de serviços,
entregadores e visitantes;
 Normas para uso de celulares no interior da organização;
 Normas para uso de impressoras, copiadoras e, principalmente nos dias de
hoje, para utilização da internet; entre outras.

4.8 Monitoramento e análise crítica do planejamento

Monitoramento é o processo de verificação, supervisão e observação


contínuo dos indicadores de desempenho que foram estabelecidos para o
acompanhamento da evolução do planejamento da segurança patrimonial, tendo
como finalidade analisar se o trabalho é desenvolvido de acordo com a
programação do planejamento.
Já a análise crítica se mostra primordial no processo, e tem como objetivo
atualizar o planejamento da segurança quanto às necessidades do momento,
devendo ser realizada sempre antes de qualquer investimento, ou quando
existirem alterações relevantes nos ambientes internos da organização ou no seu
ambiente externo de atuação.

TEMA 5 – RISCOS DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Quaisquer situações que possam afetar a sensação de segurança podem


ser consideradas um risco, em especial se a segurança pretendida for aplicada
ao patrimônio de uma pessoa e/ou organização.
Em ambientes empresariais, os riscos à segurança patrimonial podem ser
verificados, não só nos negócios atuais, mas também nos futuros, de forma que
os riscos da segurança patrimonial sempre estão diretamente relacionados às
características operacionais, comerciais e físicas da organização.
Para evitar riscos à segurança patrimonial de uma organização, é
fundamental identificar qual o tipo de risco a que se pode estar exposto, para que,
somente então, seja possível tratá-lo.
Nesse trabalho, devem ser bem definidos os riscos e suas respectivas
origens. Vejamos: já estudamos que os riscos da segurança patrimonial são
materializados através de eventos que podem causar perdas ou danos a um ativo
da organização.

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Os ativos da organização podem ser quaisquer pessoas, sua infraestrutura,
seus equipamentos, seus materiais, as atividades que nela se desenvolvem ou,
ainda, informações que tenham valor para a instituição.
Após a definição do risco, é necessário identificar as suas origens, posto
que, no que tange à segurança patrimonial de uma organização, o risco pode ter
origem interna – possivelmente adequados com medidas de controle internos – e
origem externa, quando o controle foge da alçada da organização.
Normalmente, os riscos internos se evidenciam quando não são
observados os processos de forma adequada, resultando em ineficiência ou falta
de controles internos, ou ainda quando estamos diante de falhas ou má conduta
de colaboradores.
Dessa forma, definidos os riscos e compreendida a sua origem para o
tratamento, é necessário realizar a sua avaliação, para entender como serão
tratados e corrigidos, objetivando finalmente a sua anulação.
Entendidos os passos iniciais e burocráticos, passamos agora a estudar na
prática como os riscos se apresentam (Global Seg, 2017).

5.1 Riscos institucionais

Nesse tipo de risco, podemos incluir as possibilidades de:

 Prejuízos à imagem da organização;


 Prejuízos à credibilidade e reputação da organização;
 Perda de clientes ou contratos;
 perdas financeiras;
 Paralisação das atividades (falência, fechamento etc.).

5.2 Riscos de crimes contra o patrimônio

De todos os riscos a que uma empresa poderá estar exposta, os que têm
relação direta com a segurança patrimonial são os riscos de crimes contra o
patrimônio. Tais infrações são aquelas que atentam contra o patrimônio de uma
pessoa ou organização, sendo equivalentes a ameaças direcionadas tanto para
os bens materiais quanto para os recursos humanos e intelectuais do local,
havendo a intenção premeditada.
Nesse tipo de risco, podemos incluir as possibilidades de:

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 Apropriação indébita;
 Danos à propriedade;
 Espionagem industrial;
 Estelionato;
 Extorsão mediante sequestro;
 Fraude;
 Furto simples ou qualificado;
 Homicídio;
 Latrocínio;
 roubo, assalto;
 Sabotagem;
 Terrorismo (global ou doméstico).

5.3 Riscos operacionais

Ocorrem pelas incertezas decorrentes da própria estrutura empresarial.


Estão relacionados com falhas humanas, problemas com infraestrutura,
alterações em algumas práticas no ambiente de negócios, e quaisquer outras
situações adversas no dia a dia da organização.
Dentre eles, destacam-se:

 Acessos físicos indevidos;


 Acidentes ambientais;
 Acidentes com veículos da empresa;
 Acidentes evolvendo colaboradores, prestadores de serviço e visitantes;
 Afastamento de pessoas;
 Comprometimento da informação empresarial sensível;
 Contaminações do solo, ar, água, equipamentos e pessoas;
 Descumprimento de procedimentos e normas internas;
 Explosão;
 Incêndio;
 Interrupção no abastecimento de energia;
 Interrupção nos sistemas de comunicação;
 Danos ou extravios de correspondências da organização.

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5.4 Riscos sociais

São ameaças envolvendo as relações entre pessoas versus pessoas e


pessoas versus organização; nesses tipos de risco podemos incluir as
possibilidades de:

 Agressão e violência no local de trabalho;


 Assédio moral;
 Assédio sexual;
 Chantagem;
 Engenharia social;
 Greves em clientes;
 Greves de fornecedores e prestadores de serviço;
 Greves na organização;
 Insatisfação profissional;
 Tráfico e consumo de drogas.

5.5 Riscos naturais

A ameaça natural é aquela que resulta de desastres naturais, e que não


pode ser controlada pelo ser humano, podendo ocasionar a interrupção da
atividade da organização e a perda de vidas e bens.
Nesses tipos de riscos, podemos incluir as possibilidades de:

 Alagamentos;
 Deslizamentos;
 Queda de granizo;
 Queda de raio;
 Tempestades;
 Tremor de terra.

5.6 Riscos de conformidade

São aqueles derivados do não atendimento de requisitos legais e/ou


contratuais, estabelecidos em leis, normas, decretos, portarias, resoluções,
contratos etc., estando associados com a habilidade da organização em cumprir
as regulamentações previstas em leis e acordos firmados.

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Concluindo o tema, os riscos da Segurança Patrimonial são bem amplos e
muito abrangentes, motivo pelo qual o planejamento e a execução do plano de
segurança privada são de grande valia às pessoas que compõem as
organizações.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. ABIN – Agência Brasileira de Inteligência. Inteligência e


contrainteligência. Disponível em: <http://www.abin.gov.br/atividadeinteligencia
/inteligenciaecontrainteligencia/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

MARCONDES, J. S. Gestão de processos da segurança patrimonial: segurança


privada. Gestão da Segurança Privada, 2017a. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/processos-da-seguranca-
patrimonial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

_____. Riscos e ameaças para segurança de condomínio residencial. Gestão da


Segurança Privada, 2017b. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/riscos-e-ameacas-para-seguranca-
de-condominio-residencial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

OLIVEIRA, W. Gestão de processos de negócios BPM. Venki, 6 nov. 2014.


Disponível em: <https://www.venki.com.br/blog/gestao-de-processos-de-
negocios-bpm/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

QUAIS são os riscos da segurança patrimonial? Globalseg, 15 mar. 2017.


disponível em: <http://www.globalsegmg.com.br/quais-sao-os-riscos-da-
seguranca-patrimonial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

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