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SUMÁRIO
Serviço Social
- Processo de construção do conhecimento........................................................................................... 3
- O método em Ciências Humanas e a Pesquisa Social....................................................................... 15
- Métodos e técnicas de Pesquisa Social.............................................................................................. 23
- O funcionamento e o estruturalismo no Serviço Social....................................................................... 39
- Métodos qualitativos e O Serviço Social e suas implicações.............................................................. 51
- Abordagem Compreensiva, Interacionista e Fenomenológica............................................................ 63
- Dialética, Complexidade e Reconstrução do objeto no Serviço Social............................................... 75
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SUMÁRIO
Arquivo disponível gratuitamente no site: www.servicosocialparaconcursos.com
A vida é melhor para aqueles que fazem o possível para ter o melhor.
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
Processo de construção
do conhecimento
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
A realidade, por sua vez, consiste em um conceito que envolve várias discus-
sões. A questão que se coloca é: o que é realidade? Para saber o que é reali-
dade, é preciso se voltar ao sentido e ao pensamento, elementos já indicados
como indispensáveis para o conhecimento.
Reflita
Você sabe de fato o que é realidade? Por exemplo, quando você afirma
que é real o que viu ou o que defende em algum momento, o que o leva a
crer que é algo real?
Você não precisa, é claro, inventar para você mesmo que fez o que disse,
mas pode precisar provar para o seu patrão, o seu namorado, enfim para
alguma pessoa. Mas é claro que o que existe ou acontece pode não ser conhe-
cido por alguém, no entanto não deixa de ser real. Todavia, no que se refere à
demonstração do que existe, isso sim precisa dos elementos essenciais para que
outras pessoas possam saber de fato que existe ou que existiu o que você afirma.
Veja, portanto, que está posta a necessidade de saber o que é real e o que é
realidade. Não é por acaso que a realidade é uma categoria ou um objeto de
estudo das ciências sociais.
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
dicionário afirma que é “aquilo que tem existência palpável, concreta, que
existe de fato, de verdade” (2004, p. 624).
Saiba mais
Para uma compreensão mais ampla acerca do que seja realidade e conhe-
cimento, leia o livro A construção social da realidade, dos autores Peter
Berger e Thomas Luckmann. A sua primeira edição é de 1966, mas ainda é
bastante atual. Há também uma publicação mais recente (2002) feita pela
editora Vozes. Veja também As novas Sociologias – construções da realida-
de social, de Philippe Corcuff, publicado pela editora Edusc, em 2001.
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Reflita
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pelo assistente social deve levar em conta tudo o que observou, procurar perceber
o sentido dado aos problemas encontrados por parte das pessoas da comunidade
para, em seguida, tirar suas possíveis conclusões. Sobre métodos e técnicas de
pesquisa no Serviço Social, você vai estudar de forma mais detalhada adiante.
Observar a realidade não é tarefa simples, como se pode imaginar. Cabe aos
cientistas sociais encontrarem o caminho mais adequado para estudar a sociedade,
de maneira que se encontrem as respostas necessárias. Com isso, é possível agir
de forma que proporcione às pessoas uma melhor qualidade de vida e, evidente-
mente, respostas para enfrentar os seus problemas e suas especificidades. Existem
duas formas de estudar a sociedade: pelo objetivismo ou pelo subjetivismo. Assim
vemos que é necessária cautela suficiente para buscar estudar e compreender a
sociedade com os seus respectivos problemas e situações diversas.
Você viu até aqui como se observa a realidade, a partir das ciências sociais. Viu
também que o estudo da realidade social demanda acuidade para evitar precipita-
ções e interpretações ou conclusões apressadas que não levam a nada. Assim, no
intuito de garantir segurança e precisão nos estudos da sociedade, surgiram duas
formas de abordagem da realidade: o objetivismo e o subjetivismo. Aquele prioriza
o que é mensurável ou quantificável, enquanto que o segundo dá prioridade ao não
quantificável, isto é, aos aspectos subjetivos presentes nos processos e nas relações
existentes na sociedade. Cabe ao positivismo a perspectiva objetivista e, por outro
lado, a abordagem compreensiva, o subjetivo. Assim temos as correntes de estudos
e análises da sociedade como o positivismo, a fenomenologia, o marxismo, que se
destacam no que tange aos estudos ou observação da realidade social.
A questão da observação da realidade é uma constante preocupação das
ciências sociais e, a partir da observação científica, são realizadas as investi-
gações e se produzem novos conhecimentos. Vejamos, a seguir, a relação entre
investigação, trabalho e produção do conhecimento.
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Para uma determinada ação, temos uma intenção e, no Serviço Social, não
é diferente. As palavras de Baptista nos remetem também à necessidade da
instrumentação de um determinado tipo de ação. É importante refletir sobre
essa questão, até mesmo para que não se pense em uma concepção de instru-
mentação pautada no objetivismo e no tecnicismo, o que pode levar a ações e
conclusões equivocadas sobre o trabalho do assistente social.
Baptista (1993, p. 2) ainda acrescenta que,
No exercício de sua prática, o profissional pode ter diferentes
motivos para investigar, os quais muitas vezes estão imbricados
em uma mesma pesquisa. É o motivo “dominante”, o motivo
“central” que, de certa forma, vai definir a natureza da investi-
gação encetada.
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Anotações
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
Introdução
Na disciplina de Metodologia Científica, você teve oportunidade de
estudar os conceitos e os aspectos metodológicos básicos para o estudo cientí-
fico. No capítulo anterior, aprendeu sobre realidade e investigação no Serviço
Social. Esses assuntos servirão para você fundamentar a questão dos métodos
nas ciências sociais e, agora, conceituar metodologia de pesquisa e conhecer
os métodos e os aspectos centrais da pesquisa social em ciências humanas e
suas particularidades.
Você viu, no capítulo anterior, que, para se conhecer o que chamamos de
realidade, a partir da capacidade de pensar e de sentir, é preciso pesquisar.
Para tanto, é necessário sabermos o que queremos com a pesquisa e de que
forma será realizada. Para isso, precisamos de metodologias. Nas ciências
sociais, é indispensável que o pesquisador esteja munido de uma metodologia
que favoreça o caminho mais seguro para atingir os seus objetivos. A fim de
assentarmos no tema proposto, um ótimo passo é, primeiramente, saber o que
significa pesquisar. Como devemos pesquisar? Para que se pesquisa? Questões
como essas são fundamentais para ajudar a compreender o conceito de meto-
dologia da pesquisa, objeto de estudo deste capítulo. Aqui você terá a oportu-
nidade de saber o que é metodologia da pesquisa e conhecer a metodologia
qualitativa e a quantitativa, utilizadas no Serviço Social.
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A base teórica que orientou por muito tempo a pesquisa no Serviço Social
era de caráter positivista, portanto mais voltado para o objetivismo, com o uso
acentuado de técnicas e instrumentos de mensuração da realidade social. A partir
da década de 80, com o Movimento de Reconceituação, a pesquisa ganha um
novo enfoque, agora com uma preocupação com o homem e sua totalidade.
O que reclamava o Movimento de Reconceituação era uma maior articu-
lação da teoria com a prática. Almeida (2001, p. 1) ensina que “a pesquisa
é resgatada como condição básica para a construção teórico-metodológica do
projeto profissional de ruptura”. Nesse sentido, buscava-se a superação do prag-
matismo tradicional na profissão, conforme acentua o autor.
A partir de então, a pesquisa no Serviço Social passou a utilizar uma
metodologia do tipo qualitativa, com o uso de técnicas e instrumentos voltados
para os aspectos subjetivos e comportamentais, antes ignorados na metodo-
logia tradicional.
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Com essa ideia, Augusto Comte funda o positivismo que, mais tarde, influen-
ciaria significativamente os estudos da sociedade. As ciências sociais fundam-se
sob égide positivista. A sociologia, a antropologia, a economia, o direito, a
psicologia social, a história passam a adotar, a partir de seus pesquisadores,
toda uma metodologia que auxiliasse nas pesquisas e nos estudos da sociedade
de modo claro, objetivo, mensurável e sem rodeios.
A partir de então, os pesquisadores buscam compreender as diferentes
culturas, a política e as diversas realidades sociais por meio do paradigma positi-
vista, cuja metodologia se coloca a serviço da sociedade industrial e capitalista.
O modelo positivista é adotado como o único considerado científico pelo
fato de trabalhar com a mesma lógica e metodologia das ciências naturais. Para
se saber as causas de determinados fenômenos sociais, acreditava-se que, de
posse de instrumentos e de técnicas de mensuração, tudo seria esclarecido.
A ideia central do modelo positivista de pesquisa e análise da sociedade
defende a neutralidade científica, de modo que buscou nas ciências naturais a
metodologia da mensuração e da experimentação.
Observe que essa forma de abordagem você viu também em Teorias Socio-
lógicas, especialmente sobre o positivismo e o funcionalismo em Comte e
Durkheim, respectivamente.
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Reflita
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
significa que agora o pesquisador deve se apoiar apenas nessa nova metodo-
logia para atender a todas as necessidades de análise social. É para isso que
Baptista (1994) chama a atenção.
Para atuar com base no objetivismo, o assistente social se utiliza de instru-
mentos e técnicas de mensuração dos dados. Assim faz uso de questionários, esta-
tísticas, escalas de experimentação. Em vários casos, é evidente que é necessário
esse tipo de abordagem da realidade. Mas, por outro lado, não se deve ter o
objetivismo como único e perfeito para a análise e a compreensão dos fenômenos
sociais: pobreza, violência, prostituição, corrupção, desemprego, entre outros.
No caso da adesão à análise interpretativa, o assistente social prioriza as
formas de inserção da realidade que permitam compreender os fatores subje-
tivos, os motivos das ações sociais, os comportamentos, entre outros.
As pesquisas qualitativas fazem uso de instrumentos e técnicas como a
observação participante, a história de vida, o estudo de caso, a história oral,
a análise de conteúdo, as entrevistas, a pesquisa-ação e os estudos etnográ-
ficos, como aponta Baptista (1994). Esses métodos e técnicas de pesquisas serão
trabalhados no capítulo subsequente.
Saiba mais
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
Anotações
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Introdução
No primeiro capítulo, tratamos do conhecimento e da realidade e, no
segundo, dos métodos em ciências humanas e da pesquisa social. A releitura
dos temas abordados até então servirão de suporte para você articular a questão
da prática do Serviço Social com seus métodos e suas técnicas, como também,
as implicações das metodologias utilizadas nessa área.
O Serviço Social, assim como qualquer outra área, necessita de métodos e
técnicas para a pesquisa e a ação. O assistente social tem diante de si o desafio de
trabalhar com o que é por demais complexo, ou seja, o ser humano e a sociedade.
Isso envolve valores, interesses, poder, ideologia, entre outras necessidades na
relação do indivíduo com a sociedade. Nesse sentido, para a prática do Serviço
Social, o assistente social necessita saber quais as principais formas de ação
profissional junto às diferentes realidades que se apresentam no seu cotidiano. Isso
significa pensar em questões como as seguintes: o que fazer, como, por quê, para
quê, com quem e quais os possíveis resultados que serão alcançados. Essas são
algumas perguntas que se fazem presentes toda vez que se precisa trabalhar com
as questões sociais. Com isso, o assistente social precisa de uma metodologia que
lhe dê suporte para atingir os objetivos do seu trabalho.
Neste capítulo, você vai estudar sobre os métodos e as técnicas de pesquisa e
de ação utilizadas no Serviço Social. Serão trabalhados os principais aspectos da
pesquisa quantitativa e qualitativa e suas implicações quanto ao Serviço Social.
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Reflita
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de realidade que não pode ser quantificado [...] trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes”, afirmam Minayo
e outros (2000, p. 22).
Esse tipo de metodologia se opõe à objetividade e à rigidez adotada na
quantitativa. Qualitativo significa se preocupar com a qualidade e não com a
quantidade. Aspectos comportamentais, significados, valores, costumes, entre
outros aspectos, são estudados a partir da abordagem qualitativa. Você vai
estudar mais detalhadamente esse assunto nos capítulos 5, 6 e 7.
Para alguns autores, como é o caso de Minayo e outros (2000, p. 15), o
“objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é
o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda riqueza de signifi-
cados dela transbordante”. Veja, portanto, como as ciências sociais apresentam
fortes discussões, como esta que você pode perceber: será que devemos utilizar
somente uma dessas metodologias e ignorar a outra? Evidentemente que não,
pois ambas têm sua importância no estudo dos fenômenos sociais.
Para atender à necessidade de compreensão dos fenômenos sociais, as
ciências sociais, entre elas a Sociologia, nasceram com base positivista, de
modo a priorizar uma metodologia quantitativa para o estudo da sociedade.
Foi com o processo de industrialização que a pesquisa social se desenvolveu.
A dinâmica social protagonizada pelo surgimento das indústrias, pela urbani-
zação e pelo mercado demandou estudos diversos com vistas à formação de
uma sociedade organizada.
Reflita
Você já pensou sobre as diversas necessidades que uma cidade tem para
atender à sua população? Se você parar para pensar sobre a estrutura de
uma cidade, como residências, comércio, indústrias, áreas de lazer, entre
outros espaços, perceberá que tudo demanda um mínimo de organização
e, consequentemente, conhecimento.
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Saiba mais
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3 .3 .1 Amostragem
Lakatos e Marconi (1991, p. 30) ensinam que “a amostra é uma parcela conve-
nientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
As amostras podem ser: a) simples, b) sistemáticas, c) aleatórias de múltiplo
estágio, d) estratificada proporcional e estratificada não proporcional, e) por
conglomerado, f) por tipicidade, g) por quotas.
As autoras descrevem cada tipo de amostra e apresentam as suas vantagens
e desvantagens. Observe o quadro a seguir.
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Lembre-se de que uma amostra tem sua relevância quando de fato ela repre-
senta algo, isto é, se oferece condições para que se tenha um perfil ou noção do
universo (população) estudado.
Laville e Dione (1999, p. 169) afirmam que
O caráter representativo de uma amostra depende evidentemente
da maneira pela qual ela é estabelecida. Diversas técnicas foram
elaboradas para assegurar tanto quanto possível tal representati-
vidade; mas apesar de seu requinte, que permite diminuir muitas
vezes os erros de amostragem, isto é, as diferenças entre as
características da amostra e as da população de que foi tirada,
tais erros continuam sempre possíveis, incitando os pesquisadores
a exercer vigilância e seu senso crítico.
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Observe que esse tipo de questão obriga o respondente a escolher uma das
opções apontadas, isto é, trata-se de um tipo de questionário que não apresenta
liberdade para o indivíduo pesquisado. Assim é possível uma maior manipu-
lação. Em outros termos, significa que as respostas poderão não revelar de fato
aquilo que se apresenta.
Quanto ao misto, inclui os dois tipos de questões, abertas e fechadas. Veja
o exemplo seguir.
3.3.3 Formulário
O formulário é um tipo de questionário que, em geral, apresenta um nível de
questões que exige a presença do pesquisador para preencher.
Em geral, o assistente social que trabalha em algum órgão público ou privado
lança mão desses instrumentos de pesquisa. No caso dos órgãos públicos, tem
sido muito comum a sua utilização.
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• Facilidade na aquisição de
um número representativo de
informantes, em determinado
grupo.
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3.3.4 Escala
Conforme destaca Lakatos e Marconi (1991, p. 114), a escala “é um instru-
mento científico de observação e mensuração dos fenômenos sociais. Foi ideali-
zada com a finalidade de medir a intensidade das atitudes e opiniões na forma
mais objetiva possível”.
Podem ser utilizadas escalas em pesquisas de opinião referente a precon-
ceito, patriotismo, preferências, entre outras.
3 .3 .5 Os testes
Lakatos e Marconi (1991) ensinam que os testes são instrumentos utilizados
com a finalidade de obter dados que permitem medir o rendimento, a compe-
tência, a capacidade ou a conduta dos indivíduos, em forma quantitativa.
Essa técnica é bastante utilizada na Psicologia e no Serviço Social e pode
ser importante em determinadas situações. Entre os testes, temos a sociometria,
cuja finalidade é medir as relações entre o indivíduo e um grupo, no caso para
verificar sua influência ou sua liderança.
Os instrumentos e as técnicas quantitativas apresentados são comuns na
pesquisa social e apresentam sua relevância. É importante que o pesquisador
tenha uma conduta crítica para o uso deste ou daquele tipo de instrumento ou
técnica. Assim seu trabalho pode ter maior credibilidade. Cada tipo de técnica
apresenta também suas vantagens e suas desvantagens, o que exige muito
cuidado por parte do pesquisador social.
A utilização de métodos e técnicas quantitativas no Serviço Social pode
ocorrer, por exemplo, quando o assistente social é convocado para realizar uma
pesquisa cujo objetivo é diagnosticar o perfil socioeconômico das famílias de
um determinado setor ou bairro da cidade nesse caso, o profissional visita as
famílias munido de um questionário, cujos itens centrais podem ser a renda fami-
liar, as condições de moradia, de saúde, de educação, número de filhos, entre
outros. Esse tipo de diagnóstico geralmente é realizado pelos órgãos públicos
para que, de posse dos dados, se faça um plano de ação visando a atender as
principais necessidades da população carente. Esse tipo de pesquisa é também
feita por escolas que destinam vagas para as pessoas de baixa renda.
Note que esse tipo de pesquisa quantitativa é importante para atender a
algumas necessidades e exigências dos setores públicos e privados no que
diz respeito à ação junto à população. O que gerou várias críticas ao modelo
quantitativo adotado por instituições é o fato de se priorizar sempre esse tipo de
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Anotações
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O Funcionalismo e CAPÍTULO 4 • PesqUisA sOCiAL i
o Estruturalismo no
Serviço Social
Introdução
Para continuação dos estudos, você pode rever a disciplina Teorias Sociológicas,
do primeiro período, especificamente sobre o positivismo, o pensamento de Durkheim
e sua importância na análise da sociedade. Os conceitos e ideias desenvolvidas
nessa temática servirão para você relacionar ao Serviço Social. Igualmente, você
poderá identificar o método funcionalista no processo de prática do Serviço Social.
Reveja também os capítulos anteriores (2 e 3), os quais se referem aos métodos e
às técnicas de pesquisa nas ciências sociais e destaca suas implicações no Serviço
Social, além de tratar sobre positivismo e suas implicações. A compreensão de
métodos e técnicas positivistas dará suporte para você conhecer o Funcionalismo e
o Estruturalismo, suas características centrais e identificar os principais instrumentos
e técnicas utilizados no método funcionalista e no estruturalista.
A partir do que você já estudou quanto aos conteúdos apontados, já é
possível perceber a estreita relação entre as ideias positivistas e a preocupação
com a objetividade científica.
O Positivismo foi um grande passo para a organização e a sistematização de
conhecimentos que permitiram o estudo dos fenômenos sociais, ou seja, estudar
cientificamente a sociedade. A partir de então, os cientistas sociais procuraram,
cada vez mais, encontrar uma forma viável e segura para compreender os dife-
rentes fenômenos da sociedade e seus problemas. Assim surgem as abordagens
funcionalistas e estruturalistas, com base nas ideias iniciadas por Auguste Comte.
Neste capítulo, serão desenvolvidos os aspectos teórico-metodológicos das pers-
pectivas funcionalistas e estruturalistas e seus usos e implicações no âmbito do
Serviço Social. Começaremos com alguns conceitos.
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Malinowiski citado por Triviños (1994, p. 84) afirma que “cada instituição
desempenha pelo menos uma função social, o que corresponde a dizer que
ela satisfaz uma necessidade social estabelecida”.
Para que você tenha uma melhor compreensão dessa relação entre institui-
ções, sociedade e organismos vivos, pense na família, no Estado, na religião, na
educação e em como são estruturadas, quais suas funções e o que representam
para a sociedade. Assim possivelmente você fará uma leitura funcionalista da
sociedade, especialmente quando vê nas instituições a função de trabalhar no
sentido de possibilitar o equilíbrio social.
A perspectiva funcionalista no Serviço Social se apresenta de forma predomi-
nante, devido ao modelo institucionalizado da sociedade. Assim as instituições e
as organizações se revelam totalmente voltadas aos padrões e às normas esta-
belecidas em conformidade com a ordem política, social e econômica existente.
Em outros termos, a prática do assistente social é cobrada pelas respectivas insti-
tuições nas quais estejam vinculados a partir do modelo industrial e capitalista
dominante no mundo.
Reflita
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como se trabalha em uma instituição social pode ser uma prática funcio-
nalista? Quais as implicações do funcionalismo na prática do assistente
social? Pense sobre isso.
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Saiba mais
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Métodos qualitativos e o CAPÍTULO 5 • PesqUisA sOCiAL i
Introdução
Você estudou com atenção os capítulos 3 e 4? Eles trataram dos métodos em
ciências sociais, dos instrumentos e das técnicas do funcionalismo e do estrutu-
ralismo. Tais assuntos são indispensáveis para o que será desenvolvido a partir
de agora, até mesmo porque, para falar em metodologia qualitativa e em sua
relação com o Serviço Social, trabalhamos com teorias, instrumentos e técnicas
já vistos anteriormente. Assim você estará apto a conceituar métodos qualita-
tivos, observar seu uso no Serviço Social e destacar os instrumentos e técnicas
de pesquisa qualitativa.
A metodologia em Serviço Social, como você já sabe, iniciou com uma abor-
dagem quantitativa e passou, ao longo do tempo, a se utilizar de instrumentos
e técnicas qualitativas. Neste capítulo, você estudará mais sobre esse assunto.
Apresentarei os principais métodos e técnicas qualitativas e ainda destacarei
a importância dessa forma de pesquisa e de análise da realidade no Serviço
Social e na sociedade.
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CAPÍTULO 5 • PesqUisA sOCiAL i
outras definições de qualidade, todavia, para o que nos interessa, essa defi-
nição já nos coloca diante da importância desse termo, especialmente quando
se refere à pesquisa ou à prática profissional no Serviço Social.
A opção pelo qualitativo se contrapõe ao uso demasiado do quantitativo
na pesquisa e na prática social. Foi por causa do quantitativismo, isto é, do uso
demasiado de métodos e de técnicas quantitativas, como escalas, amostras e
estatísticas para explicar tudo, que os pesquisadores perceberam a necessidade
de buscar outro caminho. Ou seja, cientistas sociais perceberam que esse método
somente não era suficiente para responder às necessidades de compreensão dos
fenômenos sociais. A adoção exagerada do uso de instrumentos e de técnicas
quantitativistas, portanto positivista e objetivista, não permitiam a análise e a
compreensão da realidade complexa que envolve os diversos grupos, indivíduos
e instituições da sociedade.
As palavras de Martinelli são importantes para nos ajudar a perceber a dife-
rença no que se refere aos dois modelos – quantitativo e qualitativo – na prática
do Serviço Social. Martinelli (1994, p. 12) explica que,
À medida que fui vivendo minha vida profissional, realizando
minhas atividades docentes, trabalhando com famílias, com
crianças, a cada momento via mais claramente que a pesquisa
quantitativa era importante para dimensionar os problemas com
os quais trabalhamos, para nos trazer grandes retratos da reali-
dade, mas era insuficiente para trazer as concepções dos sujeitos:
como pensam sua problemática? Que significados atribuem às
suas experiências? Como vivem sua vida. É algo que me trazia
muito questionamento, muitas vezes tínhamos muitas pesquisas
produzidas e as possibilidades efetivas que traziam no sentido
de instrumentalizar o objetivo de transformar aquela realidade
estavam muito aquém do esforço realizado.
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CAPÍTULO 5 • PesqUisA sOCiAL i
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CAPÍTULO 5 • PesqUisA sOCiAL i
Saiba mais
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A questão que não pode ser ignorada por pesquisadores, cientistas sociais
e assistentes sociais é a necessidade da realização de um estudo sobre qualquer
questão social com base na credibilidade. Para isso, os métodos, os instrumentos
e as técnicas utilizados devem ser suficientes para a explicação de determinados
fenômenos sociais.
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Reflita
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Anotações
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interacionista e
fenomenológica
Introdução
As disciplinas Teorias Sociológicas e Fundamentos Históricos, Teóricos e
Metodológicos do Serviço Social ajudaram você a identificar o método com-
preensivo de Weber no processo de prática do Serviço Social. Os conceitos e as
ideias desenvolvidas nas referidas disciplinas, como as teorias compreensiva e
fenomenológica, servirão para o aprofundamento dos temas desenvolvidos neste
capítulo. Dessa forma, você terá facilidade em distinguir o método compreensivo
e o fenomenológico, além de caracterizar o interacionismo simbólico e suas
principais formas de utilização no Serviço Social.
Neste capítulo, você vai saber o que significa essa abordagem, além do
método fenomenológico e do interacionismo simbólico. Começaremos então
com a metodologia compreensiva.
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A forma com que o pesquisador vai tratar seus dados e seus informantes
para a análise da realidade é o ponto fundamental que se diferencia do que
é feito na metodologia funcionalista. É que o pesquisador analisa, compara e
interpreta os dados com base nos significados ou nos motivos da ação. Não se
trata de um estudo isolado, mas de uma busca de compreensão do fenômeno
de maneira subjetiva, em vez de objetiva. A subjetividade dá liberdade no trata-
mento dos dados, uma vez que o pesquisador não se prende a regras e normas
e não trata os dados nem seus informantes como meros objetos.
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CAPÍTULO 6 • PesqUisA sOCiAL i
Saiba mais
O filme Terra Fria é uma importante dica para você assistir e, em seguida,
tentar fazer uma relação com a fenomenologia. Trata-se da história real de
uma americana que sofre assédio sexual e trava uma verdadeira batalha
para superar o preconceito e a apatia da sociedade quanto ao problema.
O filme foi produzido em 2005 e a direção é de Niki Caro. É uma adapta-
ção romantizada do livro que mostra o primeiro caso de processo judicial
por conta de assédio sexual nos EUA.
O centro da ação é Josey (Charlize Theron) que, em 1994, tornou-se marco
nos direitos femininos ao levar à Justiça reclamações em relação ao assédio
sexual que sofreu quando trabalhava em uma mina. A análise fenomenológi-
ca permite um olhar profundo e atento sobre problemas como os relaciona-
dos ao assédio sexual, tendo em vista que, nessa perspectiva, o observador
se desprende de suas pré-noções e da ousadia objetivista e, assim, poderá
compreender o drama dos que foram vítimas desse tipo de assédio.
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que, mesmo não podendo ser diretamente associadas a ela, não deixam de
apresentar certa influência de sua abordagem metodológica, como a fenomeno-
logia sociológica e a etnometodologia” lembra Goldenberg (1999, p. 31).
A forma como os estudiosos da Escola de Chicago realizaram suas pesquisas
e as analisaram à luz de uma perspectiva qualitativa contribuiu sensivelmente
para o desenvolvimento de novas pesquisas dessa natureza. É importante saber
que os interacionistas não descartaram o uso de técnicas quantitativas em suas
pesquisas, mas adotaram uma leitura interpretativa a partir de técnicas e instru-
mentos de mensuração. Por exemplo, para realizar um estudo sobre os imigrantes
e os delinquentes na cidade de Chicago, evidentemente que foi necessário
também traçar um perfil socioeconômico dos indivíduos, além, evidentemente,
de realizarem entrevistas, observação, pesquisa documental e história de vida.
Goldenberg (1999, p. 30) destaca que um dos teóricos da Escola de
Chicago, E. Burgess, considerado um dos mais representativos desse grupo,
[...] apontava, em 1927, que os métodos da estatística e dos
estudos de caso não são conflitivos, mas mutuamente comple-
mentares e que a interação dos dois métodos poderia ser muito
fecunda [...] as comparações estatísticas poderiam sugerir pistas
para a pesquisa feita com estudos de caso, e que estes poderiam,
trazendo à luz os processos sociais, conduzir a indicadores esta-
tísticos mais adequados.
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Anotações
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Dialética, complexidade CAPÍTULO 7 • PesqUisA sOCiAL i
e reconstrução do objeto
no Serviço Social
Introdução
Alguns conteúdos são necessários para a continuidade de seus estudos.
Retome, na disciplina Teorias Sociológicas, vista no primeiro período do curso,
o tema referente aos clássicos da Sociologia e os relacionados à globalização
e à pós-modernidade. Nessa disciplina, você teve a oportunidade de conhecer
a metodologia dialética do teórico Karl Marx, agora é importante que você
retome os conceitos utilizados por ele para que possa saber utilizá-los na prática
do Serviço Social. Esses assuntos lhe ajudarão a conceituar o método dialético,
suas características centrais e sua influência no Serviço Social e a conhecer a
teoria da complexidade.
O método dialético surge em contraposição ao modelo positivista. Sua
atenção está voltada para elementos como o movimento, a dinâmica, a contra-
dição, o conflito e a totalidade. Quanto à abordagem da complexidade, surge
com a dinâmica da sociedade atual, mais especificamente com as mudanças
ocorridas em função do avanço das tecnologias e com a globalização. Tais
fatores apresentam uma forte influência no comportamento dos indivíduos e das
coletividades, de modo que há uma constante mudança de atitudes e o surgi-
mento de uma atmosfera imprecisa, em mutação, o que se caracteriza nas rela-
ções sociais fragmentadas.
Neste capítulo, você saberá como essas abordagens se apresentam diante
das demandas de explicação das realidades e quais suas implicações no Serviço
Social. Começaremos pelo método dialético.
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partem de dois teóricos: Hegel e Karl Marx. A diferença fundamental entre esses
teóricos é que, enquanto o primeiro defende uma dialética idealista, Marx se
contrapõe a essa perspectiva e faz a análise da sociedade a partir das condi-
ções históricas e materiais estabelecidas pelos homens. Isto é, Marx defende
uma dialética materialista.
Politzer citado por Marconi e Lakatos (2000, p. 83) diz que, para Engels,
parceiro teórico de Marx, a dialética é
A grande ideia fundamental segundo a qual o mundo não deve
ser considerado como um complexo de coisas acabadas, mas
como um complexo de processos em que seus reflexos intelectuais
em nosso cérebro, as ideias, passam por uma mudança ininter-
rupta de devir e decadência, em que, finalmente, apesar de todos
os insucessos aparentes e retrocessos momentâneos, um desenvol-
vimento progressivo acaba por se fazer hoje.
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passagem para a qualidade. Isso não significa que sempre que há quantidade
há qualidade, mas sim em algumas situações. Um exemplo disso é quanto à
água que, ao alcançar 100 graus Celsius, evapora e, no caso contrário, abaixo
de zero grau, tem-se a passagem para o estado sólido, o que implica uma
mudança qualitativa.
Já quanto à interpenetração dos contrários, segundo Marconi e Lakatos
(2000), considerando que toda realidade é movimento, e que o movimento,
sendo universal, assume as formas quantitativas e qualitativas, necessariamente
ligadas entre si e que se transformam uma na outra, a pergunta que surge é:
qual o motor da mudança e, em particular, da transformação da quantidade em
qualidade ou de uma qualidade para outra?
Conforme Marconi e Lakatos (2000), as principais características da contra-
dição como princípio de desenvolvimento são: contradição interna, contradição
é inovadora, aula dos contrários.
O método dialético materialista no Serviço Social tem sua relevância por
fornecer uma visão questionadora em torno da realidade e, consequentemente,
das questões sociais. A partir do final da década de 1970 no Brasil, essa abor-
dagem tem exercido forte influência na prática do assistente social, tendo em
vista o contexto da ditadura e das demandas sociais.
Preocupados com a necessidade de responder de maneira incisiva às neces-
sidades sociais, os assistentes sociais passam a tecer críticas à prática assis-
tencialista, que perdurou por longos anos no Serviço Social. Nesse contexto,
o materialismo dialético se tornou fundamental como suporte teórico para o
processo de reconceituação da profissão.
A dialética se configura como um dos métodos fundamentais para a prática
do Serviço Social. Uma das características centrais da dialética diz respeito à
dinâmica, às contradições, ao conflito e à totalidade. Com o pensamento de Karl
Marx, a realidade é analisada a partir das condições sociais e históricas estabe-
lecidas pelos homens. Nessa perspectiva, tem-se a realidade como um processo.
No próximo item, trabalharemos os instrumentos e as técnicas de investi-
gação dialética. Leia atentamente e compare com outras metodologias qualita-
tivas. Você perceberá que os instrumentos e as técnicas não se diferenciam dos
demais, apenas a forma como se trabalham os dados e se percebe a realidade
é que constitui a diferença fundamental.
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Conforme nos aponta Morin citado por Almeida e outros (s/d, s/p), a ideia
de complexidade leva à quebra das certezas absolutas, o que dá margem para
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Saiba mais
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