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Nazismo no Brasil

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O Nazismo no Brasil caracteriza-se pela disseminação de propagandas políticas e a influência política


direta do Partido Nazista Alemão no período entre 1920 e o fim da Alemanha Nazista, em 1945, e o
surgimento, na história recente, de grupos e ideologias neonazistas no Brasil. Os primeiros sinais de
influência nazista apareceram ainda antes da Segunda Guerra Mundial, quando a Organização do Partido
Nazista no Exterior, sediada em Berlim, organizou uma série de instalações internacionais a fim de
propagandear os ideais nazi-fascistas pelo globo.[1]
Nas décadas de 1920 e 1930 milhares de alemães imigraram para o Brasil, sobretudo movidos pelos
problemas socioeconômicos enfrentados pela Alemanha de Weimar e a recessão em que ela mergulhou
após a Primeira Guerra Mundial. Essa nova onda de imigração alemã viria a formar os primeiros grupos
nazistas no Brasil. Os imigrantes em questão mantinham laços mais fortes com a Alemanha do que os
imigrantes que chegaram ao país no século XIX, sobretudo pelo nacionalismo que emergia na Alemanha
de Hitler.[2]

Embora nunca tenha havido um Partido Nazista organizado no Brasil, legal ou clandestinamente, vários
membros da comunidade teuto-brasileira foram membros da Seção Brasileira do Partido Nazista da
Alemanha. A organização obteve sucesso, constituindo a segunda maior célula de adeptos fora da
Alemanha, com 2822 integrantes superada nesse contexto apenas pelo Bund germano-americano.[3]
Alguns deles eram também membros da comunidade alemã brasileira, mas diversos grupos não
relacionados também se associaram.[2][4] Como era uma organização estrangeira, somente alemães
natos podiam filiar-se. Brasileiros descendentes podiam atuar somente como simpatizantes.

Essa organização funcionou no Brasil de 1928 a 1938, sem ser incomodada pelo governo brasileiro, então
liderado por Getúlio Vargas.[5] Nesse último ano, após a implantação da ditadura do Estado Novo, o
partido nazista e todas as outras agremiações políticas estrangeiras foram colocadas na ilegalidade.

Índice

1 História

1.1 Antecedentes

1.2 Desenvolvimento

1.3 Fluxos migratórios e distribuição no território nacional

1.4 Incidência do nazismo na sociedade

2 A adesão ao nazismo

2.1 Ideologia

3 O partido sob o governo Vargas

3.1 A equidistância pragmática


3.2 A proibição e as consequências

3.3 Planos da Alemanha Nazista para o Brasil

4 Estado Novo de Vargas e o nazismo

4.1 Consequências do nacionalismo do Estado Novo

5 Nazistas no Brasil após a guerra

6 Neonazismo no Brasil

7 Ver também

8 Notas

9 Referências

História

Antecedentes

Desde o século XIX existiam instituições, como associações esportivas, culturais e econômicas, que
veiculavam a ideias de uma identidade teuto- brasileira. Essas instituições, que se viam pouco
prestigiadas pela Alemanha da República de Weimar, começaram a sentir novo alento com o nazismo no
poder e isso rendia simpatias ao regime dentro do Brasil.[6]

Desenvolvimento

Em 1928, foi fundado em Timbó, Santa Catarina, a seção brasileira do Partido Nazista. Naquela época,
viviam no Brasil cerca de 100 mil alemães natos e cerca de um milhão de descendentes.[7] A maior parte
deles vivia em comunidades isoladas no sul do Brasil que preservavam a língua e a cultura alemã. Com a
ascensão de Adolf Hitler ao cargo de chanceler, na Alemanha, os teuto-brasileiros passaram a ser
assediados pela propaganda feita pelo nazismo para atrair seguidores no exterior.

Aparentemente, não era do interesse do III Reich participar das eleições brasileiras, e o partido nunca foi
registrado na Justiça Eleitoral.[8] Segundo o então embaixador da Alemanha no Brasil, Karl Ritter, havia
orientações expressas de que o partido não deveria se intrometer em assuntos internos do Brasil.[2]

Fluxos migratórios e distribuição no território nacional


Crianças fazem a saudação nazista em Presidente Bernardes, São Paulo (c. 1935)

Até 1930, já na chamada terceira fase da imigração, houve dois fluxos de imigração alemã notáveis no
Brasil. O primeiro fluxo, no século XIX, deu origem a diversas colônias espalhadas pelo país, mais
concentradas na Região Sul. Na época da ascensão do nazismo, a comunidade tradicional germano-
brasileira já estava na sua terceira geração em território nacional, mantendo diversos hábitos culturais
alemães; contudo, a distância geográfica e o lapso temporal (a imigração alemã no Brasil remonta desde
1818) trouxeram mudanças culturais notáveis. Por sua vez, o segundo fluxo deu-se durante a República
de Weimar e, devido às consequências da I Guerra Mundial, a Alemanha encontrava-se numa crise
econômica; concomitantemente, o Brasil passava por um desenvolvimento industrial, sobretudo em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Devido à demanda por mão de obra qualificada e técnica, muitos alemães
migraram para o país nessa época. Evidentemente, esses novos imigrantes tinham um vínculo maior com
a Alemanha do que os que chegaram no século XIX.[2] Aqueles recém-chegados da Alemanha
diferenciavam-se dos teuto-brasileiros, sobretudo nas identificações culturais; os primeiros
denominavam-se Reichsdeutsche (alemães do Reich), ao passo que os segundos eram os Volksdeutsche
(alemães do povo).

Em meados da década de 1930, havia mais de um milhão de alemães e descendentes no Brasil, a maior
parte em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.[9] Em 1940, alemães e descendentes perfaziam 22,34% da
população de Santa Catarina e 19,3% no Rio Grande do Sul.[10] A comunidade alemã no país preservava
sua cultura e a sua língua, compreendidos como uma manifestação do germanismo, o que era possível
por meio da existência de sociedades, de uma imprensa em língua alemã e, principalmente, de escolas.
O censo de 1940 mostrou que 640 mil pessoas usavam o alemão como língua principal do lar no Brasil.
Com base na elevada proporção de membros da comunidade germânica que usava o alemão em casa
(mais de 70%), conclui-se que havia um fraco nível de assimilação cultural dessa comunidade.[11]

Em 1939, viviam no Brasil 87.024 imigrantes alemães desse segundo fluxo migratório, dos quais 33.397
estavam em São Paulo, 15.279 no Rio Grande do Sul, 12.343 no Paraná e 11.293 em Santa Catarina.
Embora os membros do partido nazista brasileiro fossem menos de 5% da comunidade alemã do país,
seus 2.822 filiados o tornavam o segundo maior do mundo, depois do partido nazista da Alemanha.[12]
Os nazistas estavam espalhados por 17 estados brasileiros, de norte a sul do país. O maior número de
nazistas "filiados" estava em São Paulo (785), seguido de Santa Catarina (528) e do Rio de Janeiro (447).
O estado de São Paulo foi o destino preferencial dessa nova onda de imigração alemã, sobretudo pela
oportunidade de empregos e a concentração de nascidos alemães.[10] Naquela altura, também havia
900 mil brasileiros descendentes de alemães, mas estes não podiam se filiar ao partido, que era
reservado aos alemães natos.[2]

Incidência do nazismo na sociedade


Calcula-se que cerca de 5% dos imigrantes alemães então residentes no Brasil estiveram, em alguma
altura, associados ao Partido Nazista alemão.[7] A título de comparação, na Alemanha, ao menos 10% da
população era filiada ao Partido Nazista na mesma época.[13]

Os membros se distribuíam em pelo menos 17 estados brasileiros, a maior parte deles também em São
Paulo, principalmente em Santo André.[4][14] Em Minas Gerais houve um agrupamento nazi-fascista que
teve curta duração, chamado Legião de Outubro. O mesmo visava dar um apoio inicial ao governo
Vargas, sendo que muitos de seus integrantes eram ex-filiados ao Partido Republicano Mineiro.[15][16]

Entretanto, não se pode afirmar que a maioria dos imigrantes alemães no Brasil tenham aderido, em
geral, à ideologia nazista; apesar de importantes segmentos dessa comunidade terem sido influenciados.
[2] Os nazistas no Brasil concentraram-se sobretudo entre as classes empresariais urbanas da
comunidade alemã, muito mais que nas colônias germânicas rurais,[17] se distribuindo primeiramente
na região Sudeste e secundariamente na Região Sul do país.[18] Nem todos os associados aos primeiros
grupos nazistas no Brasil engajaram-se por uma questão ideológica, na verdade, muitos o fizeram tendo
em busca benefícios econômicos que essa organização poderia proporcionar.[5][6]

A adesão ao nazismo

Na opinião de diferentes historiadores, apenas uma parcela dos alemães e descendentes no Brasil
aderiram à ideologia nazista. Para o historiador René Gertz, havia "uma considerável simpatia pelo fato
de que o regime teria consertado os erros imputados ao regime da República de Weimar", mas não
havia um "entusiasmo irrestrito".[6] Na perspectiva de Eliane Bisan Alves, "além da adesão por parte da
elite, não se pode dizer que a maioria dos alemães no Brasil tenha se identificado com o nazismo do
ponto de vista ideológico". Porém, a autora enfatiza que, por meio da imprensa da época e pelas
correspondências confiscadas pela DEOPS, verifica-se que "havia forte simpatia por Hitler, pelo Terceiro
Reich e, sobretudo, pela "nação" alemã, que passou a desfrutar de prestígio no plano internacional".[10]
Segundo Cláudia Mauch e Naira Vasconcellos, muitos dos alemães que aderiram ao nazismo no Brasil
"não o fizeram [não] por messianismo, mas por um cálculo racional de ganhos". O ingresso no partido
poderia garantir benefícios materiais no Brasil ou uma repatriação à Alemanha como compensação pela
dedicação à causa.[5] À mesma conclusão chegou o historiador René Gertz, ao afirmar que "entre os que
ingressaram no partido provavelmente se encontrava um número significativo que estava numa
dependência econômica direta em relação a empresas alemãs (da Alemanha) em atividade no Brasil,
para os quais a adesão ao partido era quase uma obrigatoriedade".[6]

Segundo uma outra fonte, "apesar da população de Santa Catarina ter preservado por longos anos a
língua e as tradições germânicas, a propaganda hitlerista nunca conseguiu muito sucesso, sendo as
simpatias pelo nazismo muito menos intensas do que se poderia julgar".[19] Segundo Simon
Schwartzmann, "se foi verdade que muitos teuto-brasileiros se deixaram influenciar e empolgar pelos
ensinamentos nazistas, a maior parte da população mostrava-se avessa a aceitação da tutela de um
partido político estrangeiro – o partido nazista era encarado como tal".[20] Segundo Giralda Seyferth, as
ideias nazistas no Brasil não prosperaram nas colônias rurais, mas apenas nos meios urbanos, como em
Porto Alegre, Curitiba, ou Blumenau. Elas atingiram sobretudo a "classe empresarial e partes das
camadas médias teuto-brasileiras". De fato, parte da comunidade teuto-brasileira se opôs ao nazismo,
pois criticava sua proposta de "regermanização", preferindo priorizar uma identidade teuto-brasileira e
privilegiar o Brasil como pátria.[17]

De acordo com Stefan Rinke, ao contrário do que projetavam os entusiastas nacionalistas da Alemanha,
os "alemães" do Brasil não formavam um "sindicato de teutônicos orgulhosos nos trópicos". Formavam
um grupo heterogêneo, com rivalidades entre protestantes e católicos, entre conservadores e liberais e
entre diferentes grupos regionais.[21]

De fato, houve atividade partidária nazista no Brasil e um "certo alvoroço germanista" dentro da
comunidade alemã.[10] Embora os filiados ao partido nazista não chegassem nem a 5% dos alemães
natos vivendo no Brasil, é salientável que o partido tinha boa representatividade na comunidade alemã
do país. Eles faziam-se presentes em clubes, igrejas, escolas, hospitais etc. Não se pode, contudo,
acreditar que todos os alemães no Brasil eram pró-nazismo, mas apenas que os nazistas se encontravam
infiltrados em importantes segmentos dessa comunidade.[2]

As escolas alemãs no Brasil apareciam como um alvo para a propagação da ideologia nazista. O sistema
educacional público brasileiro era incipiente, portanto o governo não poderia se opôr à construção de
escolas comunitárias da comunidade alemã. Desde o século XIX, a comunidade alemã promovia a
construção de escolas comunitárias, onde o aprendizado era feito em alemão. Quando o nazismo
ascendeu ao poder na Alemanha, havia no Brasil 1.260 escolas alemãs, com mais de 50 mil alunos. O
governo alemão destinava grande quantia de dinheiro para subsidiar essas escolas. Em 1937, o Terceiro
Reich previu um orçamento de 4 milhões de marcos para escolas alemãs na América Latina. A partir de
1933, era possível encontrar, em algumas dessas escolas, o estandarte nazista, bem como uma grande
fotografia de Hitler.[11] Em algumas dessas escolas, professores vinham diretamente do Terceiro Reich
para doutrinar as crianças alemãs do Brasil.[22]

Filiados ao partido nazista no Brasil, entre alemães natos (1930/1940)[2]

Estado Filiados População nascida na Alemanha


São Paulo 785 33.397

Santa Catarina 528 11.291

Rio de Janeiro 447 11.519

Rio Grande do Sul 439 15.279

Paraná 185 12.343

Minas Gerais 66 2.000

Pernambuco 43 672

Espírito Santo 41 623

Bahia 39 542

Outros/sem informação 249 1.405

Total 2.822 89.071

Percebe-se na tabela acima que de fato o maior grupo de nazistas estava no estado de São Paulo, que
recebeu a maior parte dos imigrantes alemães chegados nas décadas de 1920 e 1930. Por essa razão,
São Paulo foi escolhida como sede do partido, em 1934.[23] Verifica-se também que o Rio de Janeiro
tinha mais nazistas do que o Rio Grande do Sul, embora a comunidade nascida na Alemanha fosse maior
nesse último estado. Segundo Taís Campelo Lucas, "o fracasso no Rio Grande do Sul foi latente. Apesar
da visibilidade ganha através de manifestações públicas e da propaganda, a adesão ao nazismo no
estado foi baixíssima".[24]

O Brasil figurava como o país com o maior número de membros do Partido Nazista fora da Alemanha,
com cerca de três mil filiados. Esse número era pequeno, quando se compara, por exemplo, aos dezenas
de milhares de integrantes da Internacional Comunista que moravam no Brasil, naquela época.[25]

Ideologia

Segundo a historiadora Ana Maria Dietrich, o próprio Adolf Hitler determinou que o partido nazista no
exterior não deveria se intrometer na política local, embora essa determinação muitas vezes não fosse
seguida à risca. De qualquer maneira, o público-alvo dos nazistas eram somente os alemães natos, e não
os brasileiros descendentes de alemães.[nota 1] Isso explica porque 92,8% dos filiados ao nazismo no
Brasil eram alemães de nascimento. De fato, havia uma hierarquia clara que dividia os alemães natos dos
brasileiros descendentes de alemães: apenas os primeiros podiam filiar-se ao partido. Por essa razão,
alguns autores defendem que muitos brasileiros de origem alemã que queriam se engajar politicamente
buscaram refúgio na Ação Integralista Brasileira, devido à sua alegada identidade próxima ao nazismo ou
ao fascismo.[5] Isso não era bem visto pelo governo de Berlim, uma vez que os integralistas eram
brasileiros nacionalistas, o que ameaçava o germanismo.[2] Outros autores defendem, contudo, que foi
justamente o espaço para o pluralismo que permitiu ao Integralismo conseguir angarir adesão entre os
teuto-brasileiros.[5]

Segundo Giralda Seyferth, "embora se considerassem legítimos representantes de uma nação alemã
etnicamente concebida, os teuto-brasileiros foram vistos pelos nazistas como excessivamente
brasileiros".[26] Para Ana Maria Dietrich, os teuto-brasileiros eram vistos pelos nazistas como "inferiores
aos alemães natos". Inferiores, porém ainda interessantes, pois os descendentes de alemães no Brasil
somavam 900 mil pessoas.[2]

Como a comunidade judaica no Brasil era relativamente pequena, o contato entre alemães e judeus era
raro. Já com os negros, mestiços, brasileiros e outros povos, o contato era constante. Por isso, os alvos
principais dos nazistas eram os negros e mestiços, que compunham 45% da população brasileira. Não há
registro de confrontos abertos entre as etnias, porém escritos mostram que os nazistas olhavam com
desprezo parcela da população brasileira.[nota 2] A diversidade racial brasileira ia de encontro às ideias
de raça pura difundidas pelo III Reich. Os nazistas residentes no Brasil consideravam os brasileiros um
povo inferior devido ao seu caráter mestiço. Por outro lado, os brasileiros também olhavam os alemães
como o outro, o "alienígena",[nota 3] portador de concepções exóticas, como o nazismo, e o seu
sentimento de superioridade era motivo de escárnio da população brasileira.[2] Deve-se salientar que o
racismo no Brasil não era algo exclusivo dos alemães ou nazistas residentes no país, uma vez que ideias
racistas existem na sociedade brasileira desde os tempos coloniais.[28]

O partido sob o governo Vargas

O partido nazista funcionou no Brasil durante dez anos, sem ser incomodado pelo governo brasileiro, de
1928 a 1938.[nota 4] O governo de Getúlio Vargas manteve, durante toda a década de 1930, relações de
amizade e de cordialidade com o III Reich.[nota 5][2] A ascensão do nazismo na Alemanha não gerou
preocupação no governo brasileiro.[nota 6] Naquela altura, o governo varguista estava mais preocupado
com outros assuntos, como na contenção do comunismo, o chamado "perigo vermelho". Além das
intensas trocas comerciais, o Brasil de Vargas e a Alemanha de Hitler mantiveram, veladamente, acordos
políticos com foco na caça a comunistas e na troca de informações entre as polícias secretas de ambos os
países, incluindo-se a expulsão de alguns judeus comunistas, como ocorreu com Olga Benário.[nota 7]
Desfile nazista em Porto Alegre no Dia do Trabalho de 1937.

Em documento de 1936, um representante do III Reich referiu-se às relações Brasil-Alemanha como


satisfatórias, apesar da "ameaça judaico-comunista".[2] Membros do governo brasileiro tinham relações
cordiais com o partido nazista no país. Em 1937, o governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha,
compareceu a uma festividade nazista em Porto Alegre, e disse que os alemães eram "um componente
racial do muito valoroso povo brasileiro".[2][nota 8] O filho do presidente Getúlio Vargas, Lutero Vargas,
casou-se com uma alemã, o que foi motivo de trocas de correspondências entre os dois países e tornou-
se símbolo das "cordiais relações" entre os dois povos. Em novembro de 1937, por ocasião da troca de
embaixadores alemães no Brasil, Getúlio Vargas e Adolf Hitler trocaram correspondência, na qual Vargas
chamava Hitler de "grande e bom amigo". Na carta, Vargas escreveu que desejava "sempre manter, e
estreitar, cada vez mais, as relações de boa amizade, felizmente existentes entre os dois países". Essa
declaração ocorreu poucos meses antes da proibição do partido nazista no Brasil, o que demonstra que
as boas relações entre os dois regimes só foram rompidas de última hora.[nota 9]

A equidistância pragmática

O historiador Gerson Moura denominou a política externa de Getúlio Vargas de "equidistância


pragmática", uma vez que o Brasil procurava manter relações cordiais e benéficas tanto com os Estados
Unidos, quanto com a Alemanha nazista. Esse "jogo" era interessante para o Brasil, uma vez que os EUA
e a Alemanha eram grandes compradores de matérias-primas brasileiras, ao passo que o Brasil
importava produtos manufaturados de ambos os países. Com a Alemanha, em 1934 e em 1935, o Brasil
assinou Acordos de Compensação, nos quais se garantia a exportação de produtos brasileiros, como
algodão, café, laranja, couro, tabaco e carne, ao passo que importava produtos manufaturados alemães.
Com os Estados Unidos, o Brasil assinou o Tratado Comercial de 1935, no qual oferecia concessões
tarifárias a certos produtos norte-americanos, e os EUA reduziam os tributos dos principais produtos de
exportação brasileiros. Inicialmente, tanto Washington quanto Berlim foram tolerantes com esse "jogo"
brasileiro, pois ambas as potências procuravam constituir seus respectivos sistemas de poder.[31]

O período da "equidistância pragmática" pode ser dividido em três fases: equidistância pragmática
possível (1935-37), difícil (1938-39) e rompida (1939-41). Com o início da guerra na Europa e com a
iminente entrada dos Estados Unidos no conflito, esse país percebeu a necessidade de garantir que os
países latino-americanos e, em especial, o Brasil, estivessem ao seu lado no conflito. Esse fato aumentou
o poder de barganha do Brasil frente aos EUA. Ao mesmo tempo, comercializar com a Alemanha estava
cada vez mais difícil, devido às dificuldades de navegação decorrentes da Guerra. Nesse contexto, o
Brasil voltou-se para o Estados Unidos e conseguiu os recursos necessários para reequipar suas Forças
Armadas e para construir a Companhia Siderúrgica Nacional. A aliança com os Estados Unidos, portanto,
mostrou-se a opção natural do governo brasileiro.[32]
Porém, do ponto de vista ideológico, havia uma grande diferença entre os Estados Unidos e a Alemanha.
Os EUA eram uma democracia liberal, que apostava nos ideais pan-americanistas para se aproximar dos
países latino-americanos (política da boa vizinhança), enquanto que a Alemanha era uma ditadura
antiliberal.[31] Dentro do próprio governo Vargas, havia o grupo simpatizante dos EUA, como Oswaldo
Aranha, e o grupo pró-Alemanha, como Eurico Dutra e Góis Monteiro. Ao entrar na guerra ao lado dos
aliados, Vargas viu-se numa situação embaraçosa: o seu governo, que era uma ditadura que, em muitos
aspectos, se assemelhava às potências do Eixo, lutava junto às potências democráticas liberais. Após o
fim da Guerra, essa ambiguidade seria um dos motivos que colocaram fim à ditadura de Vargas.[32]

A proibição e as consequências

O decreto n.º 383, de 18 de abril de 1938, colocou o partido nazista e todas as outras agremiações
políticas estrangeiras na clandestinidade.[33] Poucos meses antes, o embaixador alemão no Brasil, Karl
Ritter, teve um encontro com o presidente Vargas, no qual se queixou da situação e afirmou que as
medidas iriam comprometer as relações políticas e comerciais entre os dois países, pois, segundo Ritter,
todos os países que haviam proibido o partido nazista haviam-se tornado inimigos da Alemanha.[2] O
embaixador alemão argumentou que só alemães natos poderiam ser filiados ao partido e que eles eram
instruídos a não se intrometerem em assuntos locais.[nota 10]

Segundo Ritter, Vargas deu-lhe uma "resposta bem brasileira", e argumentou que só proibiu o partido
nazista para não abrir uma exceção, pois todos os outros partidos, brasileiros e estrangeiros, haviam sido
proibidos. Para amenizar a situação, Vargas ofereceu sacas de café ao Auxílio Alemão de Inverno, o que
foi motivo de piada dos alemães devido ao baixo preço do café, mas acabaram aceitando a oferta.[34]
Ritter tentou persuadir o Ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, a reverter a situação, mas
sem sucesso.[2][11]

A consequência da proibição do partido nazista no Brasil foi o rompimento das relações cordiais
mantidas até o momento entre os dois países.[23] Embora interessasse a Vargas manter boas relações
com a Alemanha nazista, o Estado Novo instituiu que todos os partidos deveriam ser abolidos no Brasil,
quer nacionais, quer estrangeiros. Ritter justificou a medida brasileira devido às pressões dos "Estados
Unidos", dos "imigrantes judeus" e da "Igreja Católica" e ainda creditou o fato ao "nativismo brasileiro",
"corrente de inveja dos alemães desenvolvidos".[2]

Uma outra razão para a mudança de rumos da política varguista foi a suspeita da participação nazista na
tentativa de golpe do Integralismo liderado por Plínio Salgado, em maio de 1938, o que foi negado pelas
representações consulares e pelo líder do partido no Brasil, Hans Henning von Cossel.[2] O chanceler
Oswaldo Aranha, em correspondência de 17 de maio de 1938, ao embaixador alemão Karl Ritter,
mencionou a alegada participação de nazistas nessa tentativa de golpe como uma das razões para o
banimento do partido no Brasil. O chanceler brasileiro, contudo, enfatizou que, mesmo com a proibição
do nazismo no Brasil, a Alemanha era "um país com o qual desejamos continuar mantendo as melhores
relações de amizade".[11]

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o Brasil manteve-se neutro, entre 1939 e 1941. A partir de
1942, o Brasil engajou-se ao lado dos Estados Unidos e dos aliados e rompeu a sua neutralidade,
passando a ser um país inimigo da Alemanha.[11] Foi o fim definitivo da denominada "diplomacia
pendular" ou da "equidistância pragmática", por meio da qual Vargas tentava obter benefícios de uma
relação concomitante com a Alemanha e com os Estados Unidos.[35] Os alemães residentes no Brasil
passaram a ser perseguidos:[36] empresas alemãs foram colocadas na lista negra, lojas saqueadas e
alguns alemães foram confinados em campos de internamento.[2][37][38] Muitas foram as intervenções
na vida cotidiana, como a proibição de falar alemão em público, ouvir rádio, viajar para locais
considerados estratégicos. Em 1942, alemães, italianos e japoneses foram proibidos de participar do
carnaval por uma circular da polícia. Alemães comuns, considerados prisioneiros de guerra, foram
confinados em campos de internamento, de norte a sul do país, ou detidos e presos em presídios.[39]
[40] O governo alemão creditava essa mudança de postura do governo brasileiro à influência dos
"americanos e judeus".[2] Embora um número reduzido de alemães e descendentes estivessem
envolvidos com o nazismo no Brasil, o Estado Novo passou a associar qualquer manifestação cultural da
comunidade germânica como uma ameça. Segundo René Gertz, "qualquer traço cultural podia ser
aproveitado na tentativa de comprovar nazismo entre os teutos".[41]

Planos da Alemanha Nazista para o Brasil

Segundo escritos do diplomata Sérgio Corrêa da Costa, o nazismo alemão planejou desmembrar o Sul do
Brasil e nele construir uma nova Alemanha.[42] O projeto não seria novo, porém, já existindo
anteriormente. No seu "Gross Deutschland, die Arbeit des 20. Jahrhunderts ("A Grande Alemanha, obra
do século XX), publicado em Leipzig, 1911, Tannenberg estabelece o princípio da repartição das Américas
Central e do Sul entre as grandes potências imperialistas, reservando para a Alemanha a zona subtropical
banhada pelo Atlântico:

“ A América meridional alemã nos proporcionará, na zona temperada, um espaço de colonização


onde nossos emigrantes conservarão sua língua e autonomia. Exigiremos, porém, que o alemão seja
ensinado nas escolas como segunda língua. O Sul do Brasil, o Paraguai e o Uruguai são países de cultura
alemã. O alemão passará a ser a língua nacional ”

Da Costa atribui a seguinte frase a Adolf Hitler: "Criaremos no Brasil uma nova Alemanha.
Encontraremos lá tudo de que necessitamos".[44]
Alguns historiadores, contudo, refutam a ideia de que os nazistas tivessem planos concretos de se
instalar no Brasil. Segundo eles, isso não passa de uma falácia, pois tais intenções jamais foram
documentadas.[8] Algumas fontes citam uma suposta expedição patrocinada por nazistas na Floresta
Amazônica. Segundo a historiadora Ana Maria Dietrich, expedições de reconhecimento do território
eram comuns na época. Porém, o fato de um expedicionário alemão ter morrido durante o caminho e
ter sido enterrado com uma cruz contendo uma suástica no Amapá, passou a ser explorada como
atração turística. Para o historiador Rafael Athaides, os boatos de que os nazistas agiam sorrateiramente
para conquistar o Sul do Brasil não passam de invenções criadas durante a Segunda Guerra Mundial. O
mito do "perigo alemão" servia como subterfúgio para o Estado Novo (1937–1945) implementar
livremente sua política da nacionalização dos imigrantes. Ademais, visando interesses econômicos,
Getúlio Vargas se aproximara dos Estados Unidos e para isso foi necessário um rompimento com a
Alemanha nazista,[8] que até então era a maior parceira comercial do Brasil.[45] O próprio Vargas era
admirador de Adolf Hitler[46] e sua ditadura foi de clara inspiração fascista.[47]

De fato, o Partido Nazista nunca representou uma ameaça séria ao Brasil. Seus membros não tinham
interesse em participar das eleições nem de registrar o partido na Justiça Eleitoral do Brasil. Em
decorrência, o presidente Getúlio Vargas e os governadores locais nem se importaram com a sua
fundação, pelo contrário, eram inclusive simpatizantes e até participavam de festividades nazistas.[8]

Estado Novo de Vargas e o nazismo

Várias pessoas importantes do governo de Getúlio Vargas de 1930 a 1945 nutriram admiração pelo
governo da Alemanha Nazista. Entre estas, estavam comandantes militares que apoiaram Getúlio Vargas
na implantação da ditadura do Estado Novo como o general Eurico Gaspar Dutra (ministro da guerra de
1936 a 1945, e futuro presidente da República), o general Góis Monteiro[48] (ministro da guerra em
1934) e Filinto Müller (chefe de polícia do Distrito Federal, futuro senador e líder do partido ARENA).

Por outro lado, o governo de Getúlio Vargas era extremamente nacionalista. Com a decretação da
ditadura do Estado Novo em 1937, todos os partidos políticos brasileiros tornaram-se ilegais. Além disso,
foi proibida a prática de qualquer atividade de natureza política dos estrangeiros residentes no país, que
não mais podiam organizar, criar ou manter sociedades, fundações, companhias, clubes e quaisquer
estabelecimentos de caráter político, ainda que tivessem por fim exclusivo a propaganda ou a difusão,
entre os seus compatriotas, de ideais, programas ou normas de ação de partidos políticos do país de
origem. A partir de então, as atividades do Partido Nazista no Brasil foram duramente reprimidas, assim
como a de todos os outros partidos políticos brasileiros ou não.
Apesar de ter vários simpatizantes da Alemanha Nazista, o governo do Estado Novo preferiu manter uma
política de apoio aos Estados Unidos em troca de benefícios econômicos.[49] Quando navios mercantes
brasileiros foram afundados por submarinos alemães, o Brasil declarou guerra às potências do Eixo.

Consequências do nacionalismo do Estado Novo

O governo do Estado Novo promoveu a integração forçada dos alemães e de seus descendentes que
viviam em colônias isoladas no Sul do Brasil. Em muitas ocasiões agiu com brutalidade contra imigrantes
humildes que não mantinham quaisquer relações com a Alemanha nazista.[50]

Em 1940, durante uma visita a Blumenau, cidade de colonização alemã no estado de Santa Catarina,
Vargas declarou: "O Brasil não é inglês nem alemão. É um país soberano, que faz respeitar as suas leis e
defende os seus interesses. O Brasil é brasileiro. (...) Porém, ser brasileiro, não é somente respeitar as leis
do Brasil e acatar as autoridades. Ser brasileiro é amar o Brasil. É possuir o sentimento que permite
dizer: o Brasil nos deu pão; nós lhe daremos o sangue".[51]

Os imigrantes japoneses e italianos também foram perseguidos e forçados a se "abrasileirar". O caso dos
teuto-brasileiros é peculiar porque formavam comunidades isoladas que mantinham as tradições e
utilizavam quase que exclusivamente o idioma alemão.

Nazistas no Brasil após a guerra

Após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, muitos nazistas condenados como criminosos
de guerra fugiram para o Brasil e se esconderam entre as comunidades teuto-brasileiras. O caso mais
famoso foi de Josef Mengele, médico que ficou conhecido como "Anjo da Morte" no campo de
concentração de Auschwitz. Mengele realizava experiências médicas com seres humanos vivos, sempre
sem anestesia, com o propósito de pesquisar o aperfeiçoamento da raça ariana. Uma boa parte das
vítimas de suas "experiências científicas" foram anões e irmãos gêmeos.[52] Viveu escondido no interior
de São Paulo de 1970 a 1979, quando morreu afogado em Bertioga, no litoral paulista, sem nunca ter
sido reconhecido.

Neonazismo no Brasil

Ver artigo principal: Neonazismo no Brasil


Estados brasileiros por número de simpatizantes do neonazismo. São considerados simpatizantes os
internautas que já fizeram o download de mais de 100 arquivos em sites neonazistas.[53]

Em 2019 haviam no Brasil cerca de três centenas de células neonazistas,[54] número esse que resulta de
um crescimento de cerca de duzentos porcento em menos de quinze anos.[55]

Muitas vezes faz-se uma associação entre esses grupos e os descendentes de alemães do Sul. O
historiador Rafael Athaides assevera que não há justificativa em se fazer essa conexão. Athaides acha
pouco provável que haja qualquer ligação, pois um levantamento do perfil dos indivíduos presos por
neonazismo mostra que nenhum deles é descendente de nazistas históricos. Trata-se de jovens
desajustados, "desprovidos de referencial identitário e que manipulam os signos do nazismo no mundo".
Responsabilizar os descendentes de alemães do Sul pela sustentação de grupos separatistas e
neonazistas acontece mesmo quando práticas qualificadas como "neonazistas" são praticadas por
caboclos do interior do Pará.[8] Embora não haja uma correlação com etnias específicas, ao menos um
estudo aponta que os estados com maior prevalência de grupos neonazistas no Brasil são São Paulo,
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.[54]

Alguns crimes cometidos por neonazistas chamaram a atenção da mídia brasileira. Em 2003, por
exemplo, um grupo de skinheads neonazistas obrigou dois jovens punks a pular de um trem em
movimento em Mogi das Cruzes.[56] Um deles morreu e o outro perdeu um braço.[56] Em São Paulo, o
ressurgimento do movimento nazista tem suas origens na década de 1980, quando surgiram os "Carecas
do ABC", grupo de extrema-direita que se opunha ao movimento sindical liderado por Luiz Inácio Lula da
Silva, surgido na mesma região.[56] Desde então, a possibilidade de comunicação pela internet ampliou
as fronteiras do movimento.[56] O site Valhala88, desativado em 2007, chegou a receber 200 mil visitas
diárias por usuários do país.[56] O fascismo brasileiro tem como característica seu internacionalismo,
segundo Jason Stanley, filósofo norte-americano e professor da Universidade Yale.[57]

Segundo a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, estudiosa da questão do neonazismo no Brasil, o


acalorado debate na eleição presidencial de 2010, deu fôlego ao movimento.[56] Para ela, "a questão do
preconceito aos nordestinos (...) vem desde as eleições do Lula. Na eleição de Dilma, isso se radicalizou
muitíssimo porque foi levantada a questão do aborto, do casamento gay".[56] Segundo Adriana, há dois
grandes grupos etários de neonazistas no Brasil.[56] O primeiro tem entre 18 e 25 anos e o segundo tem
entre 35 e 45 anos, e seria o líder do primeiro.[necessário esclarecer][56] Segundo ela, a leitura dos
neonazistas é composta por William Patch, Thomas Haden e Miguel Serrano.[56]

Em 2019 o governo brasileiro, por meio do Ministério da Defesa, homenageou o oficial do exército
alemão Otto Maximilian, que serviu nas forças armadas nazistas e transferiu-se para o Brasil em 1964,
por conta da Operação Paperclip.[58][59] No início de 2020 o Secretário da Cultura, Roberto Alvim,
reproduziu um discurso do nazista Joseph Goebbels na propaganda veiculada do ministério do turismo.
[60]

Ver também

Deutscher Morgen

Imigração alemã no Brasil

Neonazismo no Brasil

Notas

"(...) apesar de que essas ideias difundidas através da propaganda nazista somente eram dirigidas aos
eleitos da desejada "raça pura", isto é, os alemães natos". Página 350.[23]

"Registram-se diversas queixas dos partidários pelo fato de o Brasil tropical ser habitado por negros e
mestiços, e eles eram sempre tratados com desprezo, sendo até denominados como "macacos". Página
55.[2]

"A categoria "alienígena" - preponderante no jargão oficial - englobava imigrantes e descendentes de


imigrantes classificados como "não-assimilados", portadores de culturas incompatíveis com os princípios
da brasilidade".[27]

(...)ingressando no partido nazista, cuja atividade no Brasil até 1938 não era proibida nem reprimida (..)
Página 34.[5]

"E quando pôde, manteve relações cordiais com a Alemanha nazista, polarizando forças e jogando
duplamente com os EUA (...)"[29]

"O Novo Mundo, distante da efervescência europeia, não avalia o quanto poderá ser atingindo pelas
iniciativas de Hitler. O próprio Brasil, que preenche todos os requisitos para temer o futuro, demonstra
despreocupação. Seus agentes diplomáticos tratam em prioridade uma agenda bilateral positiva: o
incremento comercial e a luta anticomunista". Página 49.[11]

"O primeiro embaixador brasileiro em Berlim é José Joaquim de Lima e Silva Moniz de Aragão. A ele
caberá a direção de colaboração anticomunista entre os dois países, inclusive com a aproximação entre a
Gestapo e a polícia política brasileira (Departamento Especial De Segurança Política e Social - DOPS)" (...)
"O primeiro sucesso da cooperação anticomunista é a expulsão de Erna Krüger, aliás, Olga Benário" (...)
Página 46[11]

"(...) nesse sentido, volto a chamar a atenção para o fato de que a famigerada festa nazista de 1.º de
maio de 1937, no campo do Renner, em Porto Alegre (cujas fotos estão amplamente difundidas), contou
com a presença de representantes do governador Flores da Cunha, do presidente da Assembleia
Legislativa, do comandante da 3.ª Região Militar, do comandante da Brigada Militar". Página 7.[30]

A íntegra da carta de Vargas a Hitler, de 1937: "A sua Excelência e Senhor Adolf Hitler, Grande e Bom
amigo, Recebi a carta pela qual Vossa Excelência houve por bem participar-me que, tendo resolvido
chamar o Senhor Doutor Schmidt-Elskop, deu por finda a Missão que ele desempenhava no Brasil, na
qualidade de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Alemanha. Posso assegurar a Vossa
Excelência que o Senhor Doutor Arthur Schmidt Elskop, durante a permanência aqui soube, pelas suas
distintas qualidades, grandecer a estima, e sympatia do governo e do Povo brasileiro, processando
sempre manter e estreitar, cada vez mais, as relações de boa amizade, felizmente existente entre os dois
países". Páginas 174-175.[2]

Afirmou Ritter: "Eu deixei claro para ele (Getúlio Vargas), o que significa o partido nazista na Alemanha e
para a Alemanha. Acrescentei que os integrantes do partido no Brasil são somente cidadãos alemães e
têm a rigorosa instrução da alta cúpula de se abster de se interferir nos assuntos internos brasileiros".
[34]

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Trump e Bolsonaro têm ideal fascista e contagiarão mundo, diz autor dos EUA
TRIBUTO AO MAJOR EDUARD ERNEST THILO OTTO MAXIMILIAN VON WESTERNHAGEN, OFICIAL
ALEMÃO ASSASSINADO NO BRASIL POR UM ATO TERRORISTA EM 1968

Exército brasileiro homenageia major alemão que lutou no exército nazista

«Plágio de nazismo não é caso isolado: Roberto Alvim é fruto do bolsonarismo». noticias.uol.com.br.
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Esta página foi editada pela última vez às 15h38min de 22 de julho de 2021.

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