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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS HUMANISMO E TEC LOGIA RESUMO DOS LIVROS “PESADELO ATOMICO” E “GAIA - O PLANETA VIVO”, AMBOS DE JOSE A. LUTZEMBERGER SAO LEOPOLDO-RS, 26 DE SETEMBRO DE 1999 10 PORTO BREIER RESUMO DO LIVRO COM OS MAIS IMPORTANTES FATOS, PERSONAGENS, DADOS Vivemos num planeta com condigdes raras que permitem a existéncia de vida, Existéncia esta de extrema fragilidade, A contemplagao deste fragil organismo por parte dos astronautas que foram 4 Lua deve ter causado enorme impacto psicologico aos mesmos, de forma que alguns se voltaram a religido ou a0 misticismo. Mesmo aqui da Terra, se nos imaginarmos na superficie lunar, olhando para a Terra azul cercada pela imensidio negra do universo, ja nos sentimos pequenos ¢ frigeis. A vida necesita de diversas condigdes para existir, do contrario nao se mantém. Sao necessérios diversos gases na atmosfera, uma temperatura constante, gravidade ¢ luz solar em quantidades corretas. Até mesmo o ar que respiramos tem dose certa. Se a concentragio de oxigénio fosse mais baixa os animais morreriam. Se fosse mais alta e tivéssemos entre 25% e 30% de oxigénio, ao invés de 20%, também morreriamos. Uma concentragdo assim permitiria que uma arvore queimasse em dia de chuva. Parece que a Terra esta numa posigao privilegiada no Sistema Solar, divinamente colocada no local certo para que o Homem surgisse depois de milhdes de anos de evolugao Apés a formagao do universo, 0 conhecido BIG BANG, passaram-se mais de dez bilhdes de anos até que surgisse nosso Sol. Outro bilhio de anos até que a Terra comegasse a se formar e mais um bilhdo de anos para surgir a primeira forma de vida. Estima-se que os primeiros organismos surgiram por volta de 3,8 bilhdes de anos. Mas o planeta s6 estaria povoado por diversas espécies diferentes por volta de 600 milhdes de anos atrés, ou seja, 3,2 bilhes de anos depois de surgir a primeira forma de vida. © Homem, em sua forma mais primitiva, surgiu por volta de 2 milhdes de anos atris (3 bilhdes e 798 milhdes de anos depois da primeira bactéria). Surgimos ha poucos segundos na histéria da Terra. O reinado dos humanos & extremamente curto se compararmos com os dinossauros, por exemplo. Eles dominaram a Terra por mais de 100 milhdes de anos. Os trilobitas, outra criatura que viveu na Terra, existiu por mais de 300 milhdes de anos. Somos criangas com pouco mais de 2 milhdes de anos O homem, na sua ganéncia eterna, luta ja para ter mais ¢ ser mais. Nesta luta, esta poluindo o planeta de forma irresponsavel e inconseqiiente. Para a poluigdo do ar, das Aguas, dos alimentos, temos os sentidos que nos permitem identificar cheiros e sabores diferentes e, assim, evitarmos algo estragado ou contaminado. Entretanto, alguns “novos” tipos de poluentes no nos permitem esta identificagio. Somos contaminados diariamente por produtos quimicos existentes nos alimentos e, nos tltimos anos, somos alvo das radiagdes ionizantes emanadas pelos metais radioativos usados nas usinas nucleares, aparelhos de raios-x ¢ outros “avangos tecnolégicos”. Por providéncia Divina ou sabedoria da Mie-Natureza, alguns minerais radioativos tiveram suas quantidades reduzidas significativamente antes que a vida surgisse. Talvez os primeiros organismos vivos s6 tenham conseguido sobreviver apés a redugao destes compostos. Restaram apenas os elementos de maior meia-vida, como 0 Uranio 238 (4,5 bilhdes de anos), 0 Uranio 235 (710 milhdes de anos) ou 0 Potassio 40 (1,3 bilhao de anos) Mas 0 Homem, vido por dinheiro ¢ poder, esta recriando elementos radioativos nas usinas nucleares. O Urdnio utilizado nas usinas se decompde no momento da gerago de energia e di origem a outros elementos, como o Estréncio 90, com meia vida de 27 anos, ou 0 lodo 129, com meia vida de 15 milhdes de anos. Além destes, também ha os clementos que se tornam radioativos pela proximidade com outros elementos, como € 0 caso dos metais existentes dentro dos reatores nucleares. Nos grandes reatores, depois de um ano de funcionamento, o bojo contém radioatividade equivalente a mais de mil bombas de Hiroshima. Estas usinas produzem grandes quantidades de residuos que so de dificil e perigosa reciclagem. Nas usinas de reprocessamento, criadas para separar 0 Uranio ainda nfo queimado do restante dos residuos, ha grande vulnerabilidade a vazamentos de residuos para 0 meio-ambiente. Além disso, quando deixarem de funcionar, daqui ha 20 ou 30 anos, estas usinas € reatores constituirio grave problema para a Humanidade, uma vez que a quantidade de residuos acumulados sera imensa e de dificil tratamento. Teremos imensas Areas isoladas e mortas, sem a menor possibilidade de utilizagao para habitagdo, agricultura ou pecuaria, © organismo humano € extremamente suscetivel a estas radiagdes emanadas pelos elementos radioativos, As complexas estruturas do cédigo genético pode ser facilmente alterada pelas particulas radioativas, causando diversos males ao ser humano. Ha probabilidades infimas de que uma radiagao ionizante cause uma mutago benéfica no cédigo genético. Praticamente a totalidade das mutagSes sao destrutivas, ou seja, prejudicam os organismos vivos. Como conseqiiéncia temos organismos cancerosos ou defeituosos. Se as radiagées interferirem no codigo genético de uma célula germinal, podemos ter danos irreversiveis a espécie atingida, prejudicando geragdes futuras. Os atuais poluentes jé tornam mais dificil a vida em nosso planeta, causando problemas respiratérios, doengas de pele ¢ outros males aos que aqui vivem. Mas 0 problema da contaminagio radioativa € muito maior. Nao so apenas os que vivem hoje que sentem seus efeitos. Os que ainda nao nasceram, as proximas geragdes, sentiraéo muito mais os efeitos maléficos dos compostos radioativos usados hoje pelo homem. Com meia-vida de alguns milhares ou milhdes de anos, nossos descendentes esto herdando um inferno sobre a Terra. Alguns termos técnicos relacionados com os poluentes quimicos ¢ radioativos foram criados, na maioria das vezes para resguardar os tecnocratas que criam ou administram as empresas poluidoras. Assim sendo, eriaram 0 que chamam de “dose admissivel” para diversos poluentes, entre cles os compostos radioativos. Hoje se diz que 0 homem pode “suportar” determinadas doses de radiagéio sem sofrer danos as células. $6 que estes danos ocorrem mas niio sao percebidos. O homem é sensivel aos poluentes, e 0 bolso dos tecnocratas também. Por isso se usa esta falsa desculpa de que 0 corpo humano suporta doses de radiagao sem sofrer danos. Assim o homem sofre de males causados pela radiago, como cdncer, incapacidade imunolégica, insuficiéncia renal hepatica, mas pde a culpa em outras coisas, livrando os tecnocratas nucleares, verdadeiros culpados, de sua responsabilidade. ‘As usinas nucleares e de processamento de compostos radioativos expelem para a atmosfera grande quantidade de poluentes. Estas quantidades, mais uma vez, sio chamadas de “toleraveis” pelos governos. Sabem eles, mas no dizem, que os poluentes se acumulam em altas doses nas nuvens, causando chuva Acida e radioativa, ou sobre o solo, onde sao absorvidos pelas plantas. Estas servirdo de alimento aos animais que, por sua vez, servirao de alimento aos homens. Ou seja, 0 homem come “por tabela” os compostos radioativos. No rio Colimbia, junto ao reator de Hanford, a radioatividade da agua era minima. No plancton foi constatada concentragao até 2 mil vezes maior, nos peixes ja era 15 mil vezes maior e, nos marrecos, a dose chegava a 40 mil vezes. Sera que ainda estava dentro das doses tolerdveis aos marrecos?? E a que nivel chegaria a contaminacio no homem que se alimentasse destes marrecos? “O dia em que nossa descuidada sociedade de consumo, por descuido, ineonsciéncia ou irresponsabilidade, conseguir realmente pestear o planeta com radiagao intensa, a Terra estara imprestavel para as formas superiores de vida, € sobrarao apenas bactérias e virus. Teremos retrocedido uns dois bilhées de anos na historia evolutiva.” Em 1980, quando José Lutzemberger escreveu o livro “Pesadelo Atémico”, foi transmitido um programa pela TV Guatba onde participaram 0 proprio Lutzemberger, 0 Prof. Alfredo Aveline, fisico da UFRGS, o Sr. Rene Rech, da CIENTEC, ¢ 0 Sr. Ronaldo Fabricio, da NUCLEN. Este iiltimo, um perfeito representante da tecnocracia nuclear, argumentava em favor do Tratado Nuclear Brasil-Repiblica Federal Alemé, alegando que a demanda de energia no Brasil aumentava em cerca de 10% ao ano, duplicando a cada sete anos. Isso significava que, até o ano 2001 a demanda energética nacional duplicaria trés vezes. Até 0 ano 2008 precisariamos de algo em torno de 160 usinas iguais a Angra se néo quiséssemos ficar as escuras. Teriamos reatores convencionais ou novas tecnologias, com reatores regeneradores, muito mais perigosos. Talvez utopicamente, Lutzemberger fala que “no dia em que ocorrer em algum lugar do mundo o primeiro acidente total em uma usina nuclear, serio imediatamente fechadas todas as demais usinas. Nenhuma populagao continuara a aceitar viver junto a um engenho destes (...)”. PESQUISA NA ATUALIDADE 0 texto abaixo foi retirado do livro “Bonecos de Neve e Chemobyl”, publicado no Brasil pela Academia de Ciéncias do Estado de Sto Paulo ¢ composto pelo depoimento de criangas ¢ adolescentes vitimadas pela radioatividade da explosio da usina nuclear de Chernobyl. “Em 28 de abril de 1986 a Unido Soviética distribuiu a0 mundo um comunicado em que dizia que, a 01 hora ¢ 23 minutos do dia 26 de abril de 1986, havia ocorrido um acidente no reator 4 da usina nuclear de Chernobyl. Segundo os cientistas soviéticos, foram langados na atmosfera 100% dos radionuclideos de gases nobres presentes no reator (principalmente o cripténio 85, emissor beta e gama com meia-vida de 10.7 anos, ¢ 0 xendnio 133, emissor beta e gama com meia-vida de 5,3 dias), além de 50 milhdes de ciries de radionuclideos condensaveis. Outras estimativas elaboradas pelo Lawrence Livermore Laboratory, dos Estados Unidos, indicaram que foram liberados 40 milhdes de curies de iodo 131 ¢ 3 milhdes de ciiries de eésio 137 Os habitantes que moravam numa zona de 30 quilémetros ao redor de Chernobyl foram forgados a se mudar apds 0 acidente nuclear. mesmo locais fora desse raio com nivel de contaminagao superior a 40 curies/km2 foram considerados locais de migragdo compulsoria. Calcula-se que 75 milhées de pessoas receberam doses consideriveis de radiagdo, somente na Ucrania, Bielorissia e Russia. Atualmente, cerca de 7 milhdes de pessoas ainda vivem nas regides afetadas. A Republica da Bielorissia, situada ao norte da usina acidentada, foi o primeiro local a ser atingido pela radioatividade, envolvendo cerca de 70% de seu territério. Dados apresentados pelo Jomnal do Brasil em matéria do dia 27 de abril de 1994, indicam que 2,3 milhdes de pessoas (incluindo 500 mil criangas) sofrem hoje as seqielas da contaminagao tadioativa. Nos iiltimos anos foi registrada na zona de 30 km total modificagao na ecologia dos rios e lagos. Nao se sabe quanto tempo levara para a terra se recuperar. Tem sido observado aumento de mais de 500% no nascimento de animais ¢ plantas com defeitos genéticos jamais antes observados. Comecaram a aparecer Arvores com folhas gigantes animais, como ourigos, de habitos noturnos, passaram a ser vistos correndo enlouquecidos a luz do dia. Logo apés o acidente, algumas medidas precisaram ser tomadas, como reparos em equipamentos e contengao de incéndios. A radiagao na usina era tanta que os robés nao funcionavam por muito tempo, sendo seus circuitos danificados. Mas alguém precisava fazer 0 servigo! Vari trabalhadores foram convocados ¢ ficaram conhecidos como “liquidadores”. Apés a remogao dos habitantes da zona de 30 km ao redor da usina, cles foram os responsaveis pela limpeza do local. Calcula-se que cerca de 600 mil liquidadores vieram de varias partes da URSS para trabalhar em Chernobyl, recebendo altas doses de radiagdo ¢ voltando contaminados para casa. Até hoje no se sabe ao certo quantos liquidadores morreram. Entidades ecologicas calculam em 16 mil mortos e 30 mil invalidos. Quando morrem, a causa nunca € Chemobyl, mas Ieucemia, anemia, ataque cardiaco ou outras doengas. Os liquidadores sto enterrados nos cemitérios de suas cidades, discretamente. A maioria dos liquidadores eram jovens de 18 a 30 anos que cumpriam servigo militar obrigatorio.” PRINCIPAIS ASPECTOS DE DESUMANIZACAO E HUMANIZACAO ENCONTRADOS NAS LEITURAS FEITAS Mais uma vez os tecnocratas mostram seu poder, desviando a atengaio de todos. Os liquidadores morrem de anemia, nao de contaminagao radioativa. Mesmo depois deste acidente, noticiado no mundo todo, nao se soube de ninguém abandonando suas casas proximas a usinas nucleares. Se todos se mudassem de Angra, 0 que 0 Governo do Rio de Janeiro faria? Aquele € um local super-valorizado, mas assim 0 86 por causa do turismo. E sé existe turismo onde ha infra-estrutura. E s6 existe infra-estrutura onde ha gente morando, vivendo, trabalhando, Algumas noticias nfo sio convenientes, nao devem ser dadas. Sao os tecnocratas da midia trabalhando em conjunto com os tecnocratas nucleares, sempre prontos a divulgar a verdade, desde que ela néo traga prejuizos para eles. E claro que argumentos nao faltam para justificar a construgao de usinas cada vez maiores ¢ proximas as grandes cidades. Ninguém gosta de tomar banho frio ou ficar as escuras durante aquele filme fantastico que passa na TV. ‘A construgdo destas usinas ¢ amparada pelo desejo de crescimento da sociedade, iludida pela idéia passada pela midia de que crescimento s6 acontece quando destruimos a natureza. A idéia que se tem é de que, sem consumo de energia, nao ha progresso. Em termos ecoldgicos, esta corrida pelo progresso significa devastagio, destruicao, poluigdo. Além destes males, ha 0 problema econémico na construgao de usinas como Angra. O custo de um reator cra de 2 bilhdes de délares em 1980, mas, se tiver que passar pelo Congresso, certamente este valor ficaré na casa das dezenas de bilhdes. Como se tudo isso nao bastasse, ainda ha o perigo de um acidente igual ao de Chernobyl. Como 0 Brasil procederia caso ocorresse um acidente como aquele? Como retirar toda a populagao do Rio de Janeiro? Para onde mandar? Com um sistema de satide mediocre, como socorrer 200 ou 300 mil vitimas de radiagao, se mal socorremos vitimas do transito? A defesa civil ja ficou como “baratas tontas” quando ocorreu o acidente com o Césio-137 em Goiénia, em 1988 ou 1989. Como agiriam no caso de um vazamento radioativo de proporgGes infinitamente maiores? QUESTIONAMENTOS Perguntas sem resposta existem infinitas. © que fazer em caso de um acidente em Angra? “Por sorte 0 Rio Grande do Sul esta longe do Rio de Janeiro”, poderiamos pensar. Mas é bom lembrar que a Argentina também tem usinas nucleares. Nao estamos livres. Sera que a defesa civil do RS esta preparada para um eventual acidente nuclear? FORMAS ALTERNATIVAS DE ENERGIA Mas sera que a energia nuclear é realmente um mal necessario a0 Brasil? Vivemos num local privilegiado no globo. Nosso pais recebe uma alta quantidade de luz solar durante 0 ano inteiro, além de possuirmos desniveis hidricos que poderiam ser usados para construgaio de pequenas hidrelétricas ou ainda utilizar energia eélica ou biodigestores. A energia ndo seria captada em um tinico local e distribuida a populagao, mas cada um poderia ter um painel solar sobre a casa, ou as cidades terem cada uma um conjunto de geradores eélicos. A energia elétrica seria uma segunda alternativa para ser usada em dias nublados ou sem vento. E claro que este tipo de fornecimento de energia traria prejuizos imensos para os poderosos que detém 0 poder. O abastecimento de energia elétrica hoje esta nas maos da iniciativa privada, Todo centralizado numa cidade do interior de Sao Paulo, precisa meia diizia de operadores para fornecer energia para mais da metade do pais. Basta lembrar do grande blecaute ocorrido meses atrés por falha técnica ou queda de um raio, tanto faz © que importa é saber que o sistema centralizado nao da certo. Durante a iiltima guerra, na Alemanha, apesar dos imensos estragos dos bombardcios das batalhas, foram raras as vezes em que chegou a faltar eletricidade nas cidades ¢ aldeias alemas. Naquela época havia rede descentralizada de usinas pequenas. Com um sistema centralizado, nosso pais fica nas mios de especuladores e chantagistas, além de ser alvo facil no caso de terrorismo ou mesmo uma guerra, Se tivéssemos sistemas descentralizados de fornecimento de energia, 0 desperdicio seria muitas vezes menor. Atualmente, gasta-se parte da produgao de eletricidade apenas para leva-la da usina até as cidades. Com geradores altemnativos proximos as grandes metrépoles, este desperdicio seria menor. As indastrias poderiam ter sistemas alternativos para gerar energia nos periodos de pico. Um exemplo desta possivel economia sao as siderurgicas. O calor gerado nos processos siderirgicos poderia ser utilizado para gerar eletricidade suficiente para abastecer a propria fabrica ou até mesmo algumas casas préximas a usina, escolas ou hospitais. O forno de uma siderirgica naio pode Ser desligado nunca, 0 que garantiria um permanente abastecimento. Nossas residéncias também poderiam ser abastecidas pela energia produzida de forma extremamente econdmica. Através de painéis solares, facilmente construidos por funileiros, podemos aquecer a gua para o banho. Podemos até mesmo criar aquecedores para os dias mais frios do invemo. Basta consciéncia coologica da populagao, mas isso a midia néo tem interesse em despertar, pois acionista das companhias de energia elétrica. Basta economizarmos no horario de pico e estara tudo bem. Outra forma de economizar energia é 0 uso racional dos equipamentos disponiveis. Quanta porcaria existe para vender nas lojas. Facas elétricas, escovas de dentes elétricas, abridores de latas clétricos, “etc” elétricos, tudo. Parece que o homem perdeu a capacidade de usar as maos ¢ precisa de equipamentos sofisticados para as tarefas mais simples. Muito significativa a interjeigdo de Khruchev na feira industrial americana em Moscou, quando Nixon demonstrava, orgulhoso, um espremedor meciinico de limao: “Nos aqui ainda nascemos com cinco dedos nas maos”’. Nas comunidades alternativas, consideradas por muitos como um “pando de loucos e desocupados”, jé existe uma infinita variedade de geradores de energia barata, A luz elétrica € produzida por geradores edlicos ou painéis solares, Aquece-se a agua fazendo-a passar por uma mangueira preta que fica a0 sol durante todo o dia. Os restos de alimentos servem de adubo. As fezes dos animais servem de composto orginico que alimenta biodigestores. Enfim, uma pequena cidade sobrevive facilmente com tecnologias mais do que baratas: gratuitas. E claro que ainda precisaremos das grandes cidades ¢ mega-indistrias, afinal o ser humano se reproduz e, um dia, precisaremos colonizar outros planetas. Ainda precisamos de tecnologia, S6 nao precisamos destruir o planeta inteiro para produzir energia. Ao que parece, os grandes © poderosos industriérios ndo conseguem ver nada além de destruigdo para gerar lucros. Dias atrés assisti a um desenho dos Simpsons que achei_muito interessante ¢ demonstra exatamente isso. Na cidade onde a familia Simpson mora, ha uma usina nuclear. O dono desta usina, Sr. Burns, por uma série de motivos, perdeu a posse da usina e ficou na miséria. Lisa Simpson, filha do casal, estava engajada numa campanha de reciclagem de lixo, ¢ este Sr. Bums viu no lixo uma possibilidade de refazer sua vida: Montou uma usina de reciclagem e chamou Lisa para administrar com ele a usina. Em dado momento, Bums chama Lisa para mostrar seu mais novo “invento”: Uma grande rede que € jogada ao mar e captura todo tipo de peixes. Estes animais sao triturados e convertidos em leo. A explicagio de Burns é fantistica: “Todas as pessoas precisam de leo para acender as lareiras, ou lubrificar 0 motor dos carros. Além disso 0 custo para produzir 0 leo € muito barato”. Este personagem mostra exatamente como o Capitalismo pensa. Apenas interessa o lucro imediato, produzido da forma mais econémica possivel. Eles fazem a populagdo acreditar que aquilo est correto e € necessério, nao havendo problema de espécie alguma. POSICIONAMENTO PESSOAL SOBRE O ASSUNTO Possibilidades existem muitas, mas 0 que falta nao sio possibilidades. Falta apenas vontade politica, coisa rara no Brasil. F claro que, se for oferecida uma participagdo nos lucros, 0 assunto ganha prioridade talvez seja até votado como de “urgéncia urgentissima”, se € que existe urgéncia pouco urgente, Precisamos de politicos voltados para as questdes sociais ¢ ecol6gicas. © povo precisa estar consciente de que apenas através de um manejo correto da energia poderemos nos tornar independentes da tecnocracia mundial, escravizadora e manipuladora da verdade, Precisamos mostrar que ¢ possivel produzir energia em casa, de forma simples ¢ barata. Assim que alguns aquecedores solares forem construidos ¢ divulgados para a populagao, certamente muitos passarao a utiliza-los. ‘Aqui surge a Universidade ¢ sua fungdo social. Por que nao existem departamentos de pesquisas nas universidades? Por que nao ha cientistas no Brasil? Ha meia dizia de “gatos pingados”, a maioria em universidades como USP ou UNICAMP. Por que nao se faz. concursos para projetos cientificos nas universidades? Poderiamos ter concursos para criar aquecedores solares, energias ndo-poluentes, reciclagem de residuos ou outras tecnologias. O aluno premiado receberia uma bolsa de estudos, incentivando pesquisador a estudar mais a respeito do assunto. Mais uma vez esbarramos no problema da vontade. Parece que as universidades néo querem este tipo de trabalho, pois deve diminuir os lucros, uma vez que ser preciso montar laboratdrios € novos prédios. E uma pena. Poderiamos dar um grande salto tecnol6gico se seguissemos este raciocinio.

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