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PROCESSO DE TERCEIRIZAR BASEADO NO CUSTEIO

POR ATIVIDADE - (ABC)

Marisol Parra Alvarez


UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
POSMEC Pós-graduação Engenharia Mecânica
Gestão por Atividades
maridark@hotmail.com

RESUMO

A prática de utilizar serviços terceirizados não é nova no meio empresarial;


empresas de todo o mundo utilizam a compra de serviços especializados de empresas em
atividades especifica. Embora a terceirização, como técnica de gestão, foi mais
intensificada após a apertura da economia brasileira na década de 90, as empresas aqui
instaladas sentiram a entrada de fortes concorrentes e tiveram que reagir buscando
habilidade e competitividade em tecnologias e modernização de suas instalações, melhores
processos de desenvolvimento, melhores relacionamentos com fornecedores e clientes.
O Custeio Baseado por Atividades (ABC) é utilizado como uma abordagem
completa para a determinação dos custos da empresa descompondo em processos
elementares (atividades) sendo os resultados das atividades compreensivos e gerenciáveis.
Uma análise de atividade é uma auditoria de como a empresa funciona no presente,
conduzindo ao planejamento de atividade para determinar os recursos necessários para
apoiar determinado processo, neste caso o processo de terceirização.
Palavras chave: custeio baseado na atividade, terceirização, gerencia.

ABSTRACT

The practical to use outsourcing services, is not new in the enterprise way; the whole world
companies use purchasing of specialized jobs of companies in activities specify. Although
the outsorcing, as management technique, was more intensified after the opening of the
Brazilian economy in the decade of 90, with the economic opening, the companies
installed here had felt the entrance of competing forts and had that to react searching
abilities and competitiveness in technologies, modernization of its installations, better
processes of development, innovation and production of products; better relationships with
suppliers and customers. The Activity Based Costing (ABC) is used as a complete
boarding for determination of company´s cost discomposing in elementary processes
(activities) being the results of the comprehensive activities and managed. An activity
analysis is an auditorship for a company in the present, leading to the planning of activity
to determine the resources necessary to support definitive process, in this case outsourcing
process.

Key Words: ativity based costing, outcourcing, managment


PROCESSO DE TERCEIRIZAR BASEADO NO CUSTEIO
POR ATIVIDADE - (ABC)

INTRODUÇÃO

O ambiente industrial está transbordado de mudanças. Nos últimos anos, o mundo dos
negócios passou por grande transformação, até recentemente, os elementos principais da
vida diária, como o computador portátil, o fax, não existia; as empresas manufatureiras
utilizavam os estoques como proteção contra as incertezas; os robôs eram mitos. De
repente que tudo mudou e tudo isso começou a ser parte do dia a dia da vida dos negócios.

Os clientes esperam produtos de alta qualidade, maior funcionalidade e preço baixo. Por
isso devemos inovar e investir em novas estratégias de mercado que nos permita competir
com nosso concorrente dentro de um mercado globalizado. O ABC é uma ferramenta
muito importante dentro da administração de uma empresa já que ajuda a identificar os
objetivos de negocio, os processos individuais de trabalho (Atividades) e os recursos
alocados para alcançar seus objetivos. Esta ferramenta é de muita importância, essencial
para a tomada de decisão na hora de terceirizar um produto ou serviço. No momento de
terceirizar os gerentes necessitam de informações precisas, claras e detalhadas das
atividades para ajudá-los a tomar uma boa decisão e alcançar a excelência empresarial

A custeio por atividades gera uma serie de informações de custo e de produção de uma
forma tal que conduz à melhoria continua e à qualidade total, então desta forma podemos
confiar na decisão de terceirizar um produto ou fabricar. Ademais identifica a maneira
como a empresa utiliza seus recursos para alcançar seus objetivos de negócios.

Segundo BOISVERT, (1999. p 32) a contabilidade por atividades permite ultrapassar o


quadro conceitual da contabilidade financeira e concretizar a missão própria da
contabilidade de gestão, ou seja, produzir informação útil para a tomada de decisão tanto
estratégica quanto operacional.

Existem inúmeros benefícios derivados do conceito de contabilidade por atividade entre


eles temos, a melhoria nas decisões de comprar, fabricar ou terceirizar, melhoria continua
no processo entre outros. O declínio da manufatura e da contabilidade tradicional marca
um ponto de partida histórico. Também propiciam oportunidades significativas para a
criatividade e inovação em investimentos e novas decisões empresariais.

O ABC tem sido foco de vários estudos, os quais objetivam discutir seus conceitos e
contribuir na melhoria dos resultados de sua implementação. O estudo acerca dos
processos terceirizados e as atividades poderá facilitar a identificação do nível de
detalhamento que se busca na implantação do ABC numa empresa e no processo de
terceirizar.
1. DECISÕES DE FAZER OU TERCEIRIZAR

A decisão de fazer ou terceirizar tem sido uma interrogação que tem levado a muitos
gerentes a criar estratégia para tentar reduzir custos e aumentar a competitividade de seus
produtos, eles decidem se suas empresas devem fabricar algumas peças e componentes de
seus produtos, em sua própria fábrica, ou se devem subcontratar outra empresa para
fornecer essas peças e componentes. Tais decisões, entre fazer ou terceirizar, ilustram
como identificar custos e receitas relevantes.

È parte da responsabilidade da função de compras investigar se a empresa estará mais bem


servida comprando produtos e serviços de fornecedores externos ou produzindo-os em
casa. Regularmente o principal critério utilizado para uma decisão de fazer ou comprar é
financeiro (SLACK, 1997, p.419).Uma lógica que está tornando-se popular para justificar
a terceirização de serviços, por exemplo, é que esses serviços não são fundamentais para a
atividade principal da empresa.

1.2 FORNECEDORES INTERNOS E EXTERNOS

A decisão de uma empresa sobre se deve fabricar uma peça ou compra-la leva ao processo
de aquisição de bens e serviços de vendedores externos, em vez de produzi-los ou executa-
los na organização, o que bem poderia ser chamado de fornecimento interno e externo. Por
exemplo, a Maderit, prefere fabricar sua própria cola e resina, (fornecedor interno).

A Toyota, por exemplo, compra a fornecedores algumas peças e componentes, mas opta
por produzir outras internamente. As decisões de um produtor de bens ou serviços sobre o
fornecimento interno ou externo, também são chamadas de decisões de fazer ou comprar.
Algumas vezes as empresas tomam decisões em base a fatores qualitativos, por exemplo, a
Dell Computers, precisa adquirir da Intel o chip Pentium dos seus computadores portáteis,
porque não dispõe do know-how e de tecnologia sofisticada para manter o controle do
produto e da tecnologia.

Outro exemplo de fornecedores interno aqui no Brasil tem, a Weg Motores, executa
internamente a maioria dos processos que compõem o seu produto. A Weg controla todas
as etapas de sua produção, desde a fundição e a estamparia de metal, até a esmaltação do
fio dos enrolamentos dos motores e a embalagem de seus produtos.

Decidir entre fabricar internamente uma peça ou item de produção qualquer, ou adquiri-la
de um fornecedor externo, é decidir sobre o grau de dependência em relação a outras
empresas, no que se refere ao suprimento de produtos ou de serviços a serem utilizados nos
seus processos produtivos. Essas são as decisões estratégicas mais criticas com que as
empresas se deparam, pois implicam também em decidir sobre seu posicionamento no
mercado.
Hayes e Wheelwringht (1984, p.275) referem que esse posicionamento estratégico pode se
dar tanto em relação à função marketing como em relação à função manufatura do negócio.
Sob o ponto de vista da função marketing, as alternativas de posicionamento estratégico,
de acordo com estes autores, são expressas normalmente em termos de posição do produto,
tais como: as características do produto, o seu preço, os arranjos de distribuição e as
abordagens promocionais que diferenciam o produto da empresa dos ofertados pelos
competidores.
Do ponto de vista da função manufatura, as alternativas de posicionamento estratégico são
expressas em termos de posicionamento do processo. O termo “posicionamento do
processo” engloba uma variedade de questões importantes, sobre: as fronteiras que a
empresa deveria estabelecer sobre suas atividades; o modo como deveria estabelecer suas
relações com outras empresas.

3.- TERCERIZAÇÃO

O termo Outsorcing (Out=fora; Source=fonte, fonte externa), conhecido no Brasil pela


palavra terceirização que se refere também a uma situação alternativa em que a empresa
identifica a necessidade de uma atividade nova, no entanto, decide pelo desenvolvimento
desta atividade por um fornecedor, ao invés de desenvolve-la e incorpora-la ao seu
processo.
Podemos chamá-la como a aquisição sistemática, total o parcial, mediante provedores
externos, de certos bens ou serviços necessários para o funcionamento operativo de uma
empresa, sempre que tenham sido previamente produzidos pela própria empresa ou esteja
em condições de faze-lo e, além disso, que sejam bens ou serviços vinculados a sua
atividade.
A terceirização é um processo que pode abranger praticamente todos os processos de
retaguarda, obrigatórios e compulsórios. Na terceirização, uma empresa procura sair de
determinados processos ou atividades que, para ela, não são essenciais ou prioritárias
transferindo sua realização a empresas para as quais tais processos são essenciais.

3.1-O PROCESSO DE TERCERIZAÇÃO

Segundo o Hammer, (2002, p251) “A terceirização começou com a transferência de


atividades que não passavam de elementos de dispersão para as empresas", ou seja, a
empresa delega a terceiros a responsabilidade de realização de determinadas atividades
relacionadas ao seu processo produtivo, para concentrar-se naquelas atividades em que
mais tem competência. Essa delegação se dá através de um contrato de natureza comercial,
normalmente de prestação de serviços. Em última análise, pois, não deixa de ser uma
compra desses serviços. Mas não são todas as compras que podem ser enquadradas na
categoria de terceirização. Na compra de matérias primas e de máquinas, por exemplo, não
há terceirização de atividades.

Recentemente, contudo, a terceirização adquiriu uma nova dimensão, ao entrelaçar-se com


a noção de competência essencial. Onde na década de 1990 foi introduzida esta
terminologia no vocábulo gerencial e referia-se ao número relativamente pequeno de
atividades nas quais o desempenho da empresa deve ser excelente, como condição para o
sucesso.
As convergências dos conceitos de competências essencial e terceirização significa que as
empresas fazem cada vez mais aquilo em que são melhores e cada vez menos todo o resto.
Quando uma empresa entende que não é boa em uma atividade especifica, outras absorvem
essas tarefas e provavelmente também passam a terceiros algumas atividades que não são
excelentes. O porque desta situação é que as empresas já não são organizações completas,
pois, se dedicam apenas às atividades essenciais em que podem ser sucedidas .

O processo de terceirização normalmente é muito traumático. No período dessa transição a


produtividade cai, pois muitos funcionários, antevendo demissões, começam a procurar
novo emprego fora da organização. A sensação de rejeição é grande por parte de
funcionários, que reagem de forma contrária a este processo. Embora muitos deles
percebem reais oportunidades de promoção. Afinal, eles agora pertencem a uma empresa
cuja atividade-fim é a sua especialidade.

4. CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC)

A abordagem de custeio por atividade para gerenciamento de custos divide uma empresa
em atividades. Segundo o BRIMSON (1996,27), “Uma atividade descreve o que uma
empresa faz a forma como o tempo é gasto e os produtos do processo”.
A contabilidade por atividade tem sido implantada por várias empresas de diversas
maneiras para solucionar os problemas mais importantes. Por exemplo, podemos citar
algumas empresas: Hewlett-Packard, Roseville Network Division; Forth Worth Division; e
a Siemens.
O custeio por atividade é uma ferramenta que ajuda a tomar decisão para a utilização de
um novo processo, ou para alcançar a excelência empresarial, identifica o que a
empresa faz, melhora a rastreabilidade, e, em ultima analise, aumenta a
responsabilidade. Neste sentido o Ching (1997, p.41) define o ABC como um método de
rastrear custos de um negócio ou departamento para as atividades e de verificar como essas
atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumo dos recursos.

O ABC ajuda uma empresa a alcançar a excelência por:

• Melhora as decisões de comprar ou fabricar, estimar e definir preços, baseadas no


custo de produto que reflita o processo de produção.
• Facilita a eliminação de desperdícios
• Desenvolve a melhoria continua
• Assegura o cumprimento dos planos de investimento
• Soluciona os problemas em vez de tratar os sintomas

A informação sobre o sistema ABC, nos permite identificar as formas e ferramentas que
ajudam na implementação da terceirização na empresa, como um alicerce que brinda um
amplio analise sobre as atividades de produção, e os custos envolvido em cada atividade.
Utilizando a metodologia deste sistema, a empresa poderá identificar os processos
operacionais e as atividades ligadas a cada processo, permitindo assim o melhor
aproveitamento da terceirização de aqueles produtos que não são de seu ramo principal.
5. RAZÕES PARA TERCEIRIZAR UTILIZANDO O ABC.

É necessário definir quais são os produtos a terceirizar baseado no ABC, é recomendável


escolher um primeiro fornecedor para verificar as vantagens e desvantagens, isto servirá
para identificar possíveis problemas no sistema a resolver. Segundo BRIMSON,
(1996,220) um custo de produto baseado em atividades é obtido pelo rastreamento do
consumo de todas as atividades necessárias para sua fabricação. O custo de um produto
torna-se a soma dos custos de todas as atividades identificáveis para projetar, adquirir
materiais, fabricar e terceirizar o produto.

Existem varias razões pelas qual uma empresa utilizaria o processo de terceirização com
base no ABC como mostradas abaixo:

 Minimizar custos
 Detalhe preciso das atividades
 Aumenta agilidade nas decisões
 Melhor qualidade
 Controle do produto manufaturado
 Melhor controle do fornecedor

Como uma primeira justificativa para a terceirização tem-se a redução de custos. Muitas
empresas fizeram corte de custos sem reorganizar a fábrica, o que demonstrou ser uma
forma equivocada de enfrentar a economia atual.

Por isto, precisa-se de uma verdadeira justificativa para a terceirização, que venha a ser
algo como: eliminar problemas secundários transferindo-os à terceiros, e, assim, poder
dedicar-se mais livremente ao negócio central da empresa, tornando-a mais eficaz e
eficiente, portanto, mais competitiva frente a todos na economia globalizada.

Reconhecer o problema é um bom começo, agora a pressão necessária é por soluções. As


empresas estão lutando com a questão de como alinhar seu sistema de gerenciamento de
custos com o ambiente operacional, enquanto instalam uma filosofia de melhoria continua.
O desafio é executar todas as atividades corretamente na primeira vez.

Oliveira (1994, p.111) refere três propósitos básicos que devem ser considerados por quem
decide terceirizar atividades de uma empresa:
• A diluição dos custos diretos e indiretos, através do repasse das atividades a
terceiros.
• A elevação do nível de eficiência dessa atividade, pela sua execução terceirizada,
por fornecedores especializados.
• A manutenção de um nível mínimo aceitável de lealdade à empresa, por parte dos
novos executores das atividades terceirizadas, ainda que não mais se trate de
funcionários da empresa.
CONCLUSÂO

O cenário global insta a utilizar novas formas de gerenciamento, de melhoria contínua dos
processos. A implementação do ABC, contribui para diversos métodos que objetivam a
melhoria dos processos, entre os quais consta o processo de terceirização de bens e
serviços.

Utilizando a metodologia do sistema ABC a empresa pode identificar os processos


operacionais e as atividades ligadas a cada processo. Também as premissas deste sistema,
poderão ser úteis, mas análises sobre as fases de operação, manutenção e descarte
(descontinuidade).

Deve ser feito um estudo para avaliar as fases importantes dentro do processo de
terceirizar, também é muito importante saber quando a empresa é usuária de um bem
tangível, no sentido de que na decisão de terceirizar um produto, tenha que se desfazer de
um equipamento de alto valor por exemplo, nesse caso deverão considerar-se os recursos
consumidos, quando desativar o equipamento, o custo que este acarreta.

O sistema ABC ajuda a contribuir na identificação de forma pormenorizada de problemas


existentes na própria empresa e/ou na empresa a terceirizar, como são (estrutura defasada,
mão de obra mal treinada, gastos sem vigilâncias, má qualidade, premissas de gestão
desatualizada, etc.)
Podemos concluir que o sistema ABC é um grande apoio para a tomada de decisão de
qualquer processo, neste caso a o processo de terceirizar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HAMMER, Michael. A Agenda. O que as empresas devem fazer para dominar esta
década.Rio de Janeiro, Campus, 2002.
BOISVERT, Hugues. Contabilidade por atividades: contabilidade de gestão: práticas
avançadas. Trad. Antônio Diomário de Queiroz. São Paulo: Atlas, 1999.
BRIMSON, James A. Contabilidade por atividades: uma abordagem de custeio baseado
em atividades. Trad. Antonio T. G. Carneiro. São Paulo: Atlas, 1996.
CHING, Hong Yuh. Gestão baseada em custeio por atividades: ABM - Activity Based
Management. São Paulo: Atlas, 1995.
NAKAGAWA, Masayuki. ABC - Custeio baseado em atividades. São Paulo: Atlas, 1995.
SLACK, Nigel, Chambers, Stuart, Administração da produção. 1 ed. São Paulo:
Atlas,1997.
OLIVEIRA, Marco A. Terceirização, estruturas e processos em xeque nas empresas. 2da
ed. São Paulo: Nobel, 1994.
HAYES, Robert H., WHEELWRIGHT,Steven C. Restoring our competitive edge:
Competing through manufacturing. New York: John Wiley & Sons, 1984.

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