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A era da liderança

resiliente
2019 Global CEO Outlook
Resultados Brasil

KPMG no Brasil

kpmg.com.br/CEOoutlook

#CEOoutlook
CEO Outlook 2019 1
Sumário
4
Introdução

6
Resultados Brasil 2019 e comparativo com 2018

16
Brasil versus global

28
Brasil versus América Latina

40
Brasil versus América do Sul

48
Com a palavra, os CEOs
A era da liderança
resiliente
Quando observamos os É fato que o levantamento na presidência da república um
resultados do mais recente denota, de imediato, uma subida candidato de perfil, acima de
levantamento CEO Outlook, vertiginosa dos índices de tudo, liberal. A promessa de
elaborado anualmente pela otimismo – fato registrado não adentrarmos um novo cenário
KPMG, a primeira impressão é apenas do Brasil, como também de injeção de investimentos na
que paira sobre as lideranças de nos países vizinhos da América economia induziu à confiança
todos os 63 países – um total de do Sul e, igualmente, em de reverter um longo período de
2.535 entrevistados – um clima âmbito mundial, por parte dos baixos índices de crescimento do
de extrema bonança, e que principais países consultados Produto Interno Bruto (PIB).
todas as tempestades passíveis pela pesquisa. Cabe notar que o
de afetar o bom andamento dos levantamento CEO Outlook 2019 A concretização de tal
negócios do mundo corporativo entrevistou um total de 50 CEOs expectativa, no entanto, está
globalizado ficaram no passado. brasileiros. O bloco da América atrelada a uma série de fatores,
do Sul forma um grupo de oito dentre os quais se destaca
É claro e natural que, a despeito nações: Argentina, Bolívia, Chile, a reforma da previdência
de um forte clima de otimismo Colômbia, Equador, Peru, Uruguai social. Por isso mesmo, pelo
que permeia as respostas e Venezuela (235 entrevistados). tempo necessário para que
da maioria dos executivos Por suas vez, as nações do grupo este processo seja realizado,
consultados, as instabilidades global, são onze: Austrália, China, a esperança segue como
econômicas, os riscos, as França, Alemanha, Índia, Itália, sentimento que impera no
ameaças e os desafios da Japão, Holanda, Espanha, Reino horizonte dos líderes brasileiros.
inovação continuam a afetar os Unido e Estados Unidos (1.300 Se, no Brasil, a conclusão natural
negócios em maior ou menor grau. entrevistados). se volta para este tema, não é
tão simples tecer conjecturas
O que há de diferente no cenário Trazendo as luzes para o nosso sobre os países da América do
de 2019 é a forte consciência país, não é difícil compreender Sul, que fazem parte de um dos
das lideranças que é necessário a mudança drástica nas comparativos que apresentamos
adotar nova postura perante perspectivas dos CEOs nas páginas a seguir – afinal,
uma pressão cada vez mais entrevistados pela pesquisa. trata-se de realidades bastante
impositiva por respostas que O ano de 2019 começou sob distintas. De mesmo modo, não
atendam às atuais demandas. positivos auspícios, estimulados é possível fazer uma análise caso
A resposta está na resiliência. pela crença na mudança de a caso dos países que integram o
É com este recurso que os rumo da economia. A esperança, grupo “global”.
CEOs se tornam cada vez mais pautada pelo resultado das
capacitados às adaptações que o eleições gerais, em outubro O que une todos esses em
mundo corporativo exige. do ano anterior, que colocaram torno do clima de otimismo,

4 CEO Outlook 2019       


então? A resposta mais correta fracasso. Os CEOs entenderam
pode ser a forte consciência que é necessário acompanhar
estratégica que possuem em o ritmo, navegar os mares da
suas experiências de liderança. disrupção com o jogo de cintura
Todos, independentemente de necessário para não apenas
sua localização geográfica ou sobreviver às mais devastadoras
do contexto socioeconômico, ondas, mas, principalmente,
estão antenados com as antecipá-las e mudar o curso
demandas corporativas da antes de serem atingidos.
atualidade, e, para enfrentar as
adversidades, os riscos e as Flexibilizar tem a ver com os
mudanças tecnológicas que se rumos geográficos que devem
apresentam de modo cada vez tomar os investimentos. Se, há
mais rápido, entendem que é alguns poucos anos, o BREXIT
necessário, sobretudo, valorizar provocava certo pânico nos
o capital humano, investir em executivos, hoje este movimento
educação continuada, promover – cujo desfecho ainda está
a disrupção e manterem-se em imerso em incertezas – não
sintonia com as necessidades dos causa mais comoção. Novas
consumidores ao redor do planeta. opções de destinos do capital
surgem, como na Iniciativa
Quando falamos nas Belt and Road, além de serem
características comuns a todos reavaliadas outras localidades
os CEOs, sem importar em que, antes fora do mapa de
qual país do globo sua empresa intenções, são agora vistas
esteja sediada, estamos sob uma lente mais otimista a
necessariamente mencionando respeito do que a expansão para
um conjunto de tendências que lá pode trazer como retorno.
parece permear as lideranças há
algum tempo. Neste “pacote” Ser resiliente também tem a ver
está presente um nível muito com repensar as estratégias de
alto de capacidade de flexibilizar crescimento, revendo posturas
sobre decisões e rumos a tomar sobre as opções de parcerias
– a mencionada resiliência, e o quanto elas podem ser
palavra-chave do CEO Outlook vantajosas, cada uma a seu
deste ano. modo. Nenhuma delas parece
ser mais viável que outra. Esta
E o que torna esses executivos é a questão. Essa nova postura
tão resilientes? Ou, talvez, seja adotada pelos CEOs remete,
melhor questionar: por que ainda, a capacidade ampliada de
estão adotando esta postura? lidar com os desafios impostos
A resposta é bastante simples: pelos riscos. A tecnologia segue
em tempos de drásticas como um dos fatores de maior
mudanças, que ocorrem em receio para todos eles, mas,
velocidade cada vez maior, agora, parece haver uma certeza
manter uma posição “fechada” implícita que existe um preparo
sobre qualquer aspecto que – humano e material – para
envolva o futuro das companhias superar quaisquer ameaças que Charles Krieck
conduz, naturalmente, ao surjam no horizonte. Presidente da KPMG no Brasil

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Resultados Brasil 2019 e
comparativo com 2018
BRASIL: OTIMISMO EM ALTA
Os resultados do CEO Outlook revelam que as lideranças estão mergulhadas
em um clima de grande confiança nas perspectivas de crescimento do País,
a partir deste ano. Ainda que as expectativas não venham a se confirmar, a
pesquisa denota que existe uma forte consciência estratégica sobre as demandas
corporativas do mundo atual – e preparo, flexibilidade e resiliência para enfrentar
adversidades e alcançar objetivos não faltam aos brasileiros.

O levantamento CEO Outlook bilhões no último ano fiscal. Na e, por fim, com 20% do total,
2019 da KPMG entrevistou um segunda posição, com 24% do aquelas que faturaram de US$
total de 50 CEOs, que lideram total de entrevistados, estão as 10 bilhões ou mais no período
empresas de diferentes setores, companhias que registraram mencionado. Em relação aos
todas elas com sede no Brasil. faturamento entre de US$ 500 setores das empresas, temos o
Trata-se de um grupo formado milhões a US$ 999 milhões; seguinte quadro:
majoritariamente por executivos
do gênero masculino (98%),
sendo que 38% estão no cargo Bancos 12%
entre 6 e 9 anos; outros 26% Consumo e varejo 12%
ocupam tal posição entre 4
e 5 anos; 18% são CEOs há Manufatura 12%
2 ou 3 anos; 16% lideram a Energia 10%
companhia entre 10 e 14 anos;
e apenas 2% estão nessa Infraestrutura 10%
posição há um ano ou menos. Seguros 10%

Mais da metade (60%) das Telecomunicações 10%


empresas consultadas pelo Automotivo 8%
levantamento da KPMG são
companhias de capital fechado. Tecnologia 8%
A maioria das empresas Life Sciences 6 6%
brasileiras (56%) faturaram
entre US$ 1 bilhão e US$ 9,9 Gestão de recursos 2%

6 CEO Outlook 2019       


PERSPECTIVAS anterior, 4% dos consultados maioria dos CEOs brasileiros
ECONÔMICAS E escolheram esta opção. afirmou que tinha expectativas
CONFIANÇA NOS de um crescimento mínimo de
NEGÓCIOS Cresceu bastante também receitas nos próximo triênio,
o número de pessoas que de 0,01% e 1,99% ao ano.
confiam, de um modo geral, Pensavam desta maneira 87%
Em alguns tópicos do CEO no crescimento da economia dos entrevistados em 2018. No
Outlook foi possível cruzar os global nos próximos três anos: último levantamento apenas
dados relativos aos anos de 2018 e de 53% em 2018 para 74% em 64% disseram o mesmo. Há,
de 2019. As questões relacionadas 2019. Cabe ressaltar que, também no entanto, um aspecto curioso:
às perspectivas econômicas e neste caso, houve vertiginosa subiu bastante o percentual de
confiança nos negócios é um subida no número de “muito CEOs que acreditam em um
desses aspectos, o que permite confiantes” de um ano para outro, crescimento que varie entre 2%
ampliar o entendimento do saindo de 4% para 20%. a 4,99% ao ano: eram apenas
relatório atual, ao apontar muitas 8% e agora são 30%. Para 74%,
mudanças marcantes de um ano Nesse ritmo, é natural que tenha a receita de sua organização
para outro. As últimas eleições dobrado o número de pessoas aumentou na comparação do
presidenciais no Brasil, que que se dizem “muito confiantes” último exercício com o anterior;
colocaram no mais alto cargo do no crescimento do setor em 24% disseram que ficou igual e
poder Executivo um candidato que suas empresas estão 2% afirmaram ter diminuído.
com perfil liberal, parecem inseridas, também no próximo
ter influenciado em muito os triênio: de 11% para 22%. Porém, Parece que a confiança cai
resultados mais recentes. É no somatório de confiantes de também quando a questão se
muito provável que a perspectiva modo geral, não houve grande volta para o crescimento no
de mudança radical no modo de alteração, sendo 85% em 2018 e quadro de funcionários. Em
conduzir a política e a economia 82% em 2019. 2018, para 87% dos consultados
nacionais tenham lançado reflexos pela pesquisa, a previsão era
sobre as respostas dadas no Curiosamente, caiu o número de geraram menos de cinco
levantamento deste ano. de CEOs que se mostram novas vagas no triênio. Em 2019,
muito confiantes em relação o percentual que acredita no
Para começar a confirmar tais ao crescimento de sua mesmo número de contratações
afirmações basta perceber a empresa, nesse mesmo caiu para 74%. No entanto, nos
gritante diferença entre o número intervalo de tempo: eram 57% dois levantamentos ninguém
de CEOs brasileiros que se no exercício anterior e agora são mencionou possíveis demissões.
diziam “muito confiantes” no 44%. Analisando a respostas
crescimento econômico do “confiança” de um modo geral, Expansão geográfica
País nos próximos três anos. também houve queda, de 100%
Em 2018, o percentual era de para 88%. A única inferência que A comparação entre os
9%, mas em 2019 registrou uma se pode fazer neste caso é que, levantamentos realizados em
surpreendente subida para 42% embora os brasileiros tenham 2018 e 2019 também permite
dos entrevistados. É bem verdade, se mostrado mais confiantes analisar as tendências dos CEOs
no entanto, que a soma dos no crescimento da economia no que tange às prioridades
“muito confiantes” e “confiantes”, global e do próprio país, e até de expansão geográfica nos
nos dois anos, resulta em mesmo de seu setor, talvez próximos três anos. A primeira
percentuais muito próximos; entendam que sua empresa conclusão é que reduziu-se o
76% em 2019 e 79% em 2018. precise enfrentar, primeiro, um número de entrevistados que
Além disso, na última pesquisa período de estabilidade para, consideram investir em mercados
não houve registro de “não muito depois, voltar a crescer. De emergentes, ou seja, localidades
confiantes”, enquanto que, na fato, em ambos exercícios, a que apresentem economia

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caracterizada por mercados de capitais menos Particularidades mercadológicas
desenvolvidos, porém com regulação e infraestrutura
que permitem sua evolução. Em 2018, eram 89% Como acréscimo neste ano, o levantamento
dos brasileiros era fariam esta escolha; em 2019, este trouxe algumas questões sobre a Iniciativa
percentual caiu para 62%. Neste caso, as diferenças Belt and Road (em síntese, o conceito pode
percebidas de um ano para outro são as seguintes: ser resumido em uma nova “rota da seda”, que
pretende construir uma rede de comércio e
Mercados emergentes infraestrutura conectando a Ásia com a Europa
49% e a África ao longo das antigas rotas comerciais
por terra e por mar). Aos CEOs brasileiros que
35% pretendem expandir para mercados emergentes,
26% 23% foi solicitado informar se estariam priorizando
localidades que fazem parte da mencionada
15% 17% 13%
11% 8%
iniciativa chinesa. A resposta foi “sim” para
66% dos entrevistados. Como se trata de
3% uma questão do tipo Top 2 box, outros 60%
América Oriente Leste África Ásia disseram que a intenção é construir presença
Central Médio Europeu Pacífico nesses mercados, a fim de “nos tornarmos mais
e do Sul (excluindo Japão,
resilientes como um negócio”.
Hong Kong e
Singapura)
2018 2019
Também no âmbito de mercados “específicos”,
É claro que, no outro lado da moeda, nas entramos na seara do Brexit, cenário ainda
localidades com mercados desenvolvidos, houve indefinido devido aos impasses que as
uma inversão de um ano para outro: eram apenas autoridades britânicas enfrentam para definir
9% dos CEOs que escolheriam esta opção e agora qual a melhor estratégia para efetivar a saída do
são expressivos 38%. Isso pode significar que, antes, Reino Unido da União Europeia. O mais recente
quando o nível de confiança dos brasileiros era menor, levantamento da KPMG revelou que quase
o investimento em mercados emergentes era um a metade das empresas (ou 48% do total) já
caminho a ser considerado. Agora, no entanto, diante operam no Reino Unido. Questionados sobre
da crença de que o Brasil irá assistir sua economia se irão investir na região depois do Brexit, 70%
decolar, os CEOs acreditem que é viável e factível dos CEOs disseram que é “mais provável” que
investir em localidades que tenham economia o façam. Cabe notar que, em 2018, esta era a
madura e mercados de capitais abertos à propriedade opção de 58% dos brasileiros enquanto que
estrangeira. Neste caso, as diferenças percebidas de outros 25% pretendiam reduzir operações por
um ano para outro são as seguintes: lá – aqui também é possível aplicar a hipótese
de que os previstos impactos negativos que
Mercados desenvolvidos o Reino Unido sofrerá com o Brexit, podem
tornar a localidade mais “acessível” para
40% 37% 40% investimentos.

26%
21% 20% AMBIENTE DE NEGÓCIOS
16% E POLÍTICA

Qual será a estratégia mais viável para as


0% empresas que desejam buscar sua expansão
Ásia América do Australia Europa nos próximos três anos? De acordo com
Pacífico Norte
(excluindo Japão, Hong o levantamento da KPMG deste ano parece
Kong e Singapura) 2018 2019 haver um equilíbrio de modelos que os CEOS

8 CEO Outlook 2019       


adotariam como primeira opção,
algo que não ocorria no ano
anterior. Na comparação temos o
seguinte quadro: Riscos ao crescimento
das empresas
Tipos de estratégias 2018 2019
Nos dias de hoje, os ataques
Alianças estratégicas com cibernéticos são, sem dúvida,
32% 26%
terceiros o principal motivo de temor das
organizações, uma vez que as
M&A (fusão & aquisição) 21% 26% falhas na segurança podem expor
dados sigilosos, o que implica
Joint venture 19% 26% não apenas na perda da confiança
por parte dos clientes, como
Crescimento orgânico também na fragilidade perante
(inovação, P&D, injeção de 17% 18% a concorrência, entre outros
capital e recrutamento) fatores negativos. Questionados
pelo levantamento da KPMG,
Terceirização (outsourcing) 11% 4% os CEOs brasileiros concordam
com esta informação, com 22%
dos entrevistados apontando os
Há que se considerar, estratégia de M&A no próximo riscos de segurança cibernética
porém, que embora 26% triênio, os CEOs disseram o como a maior ameaça ao
dos entrevistados tenham seguinte: crescimento de suas companhias.
apontado a estratégia de
M&A como a de mais provável Motivos para impulsionar uma
adoção, quase a metade dos 2018 2019
estratégia de M&A
CEOs (46%) afirmaram que o
“apetite” para dar andamento Para aumentar o market share 44% 48%
a tal operação é moderado,
ou seja, farão aquisições, mas Reduzir custos através de
com impacto moderado em 35% 48%
sinergias/economias de escala
toda a organização. É quase o
mesmo índice demonstrado em
2018, quando 51% afirmaram
Para incorporar nova tecnologia
38% 45%
o mesmo. Quando a questão digital/inovação
se volta para o “apetite
alto”, capaz de provocar um Para eliminar um concorrente direto 44% 40%
impacto significativo em toda
a organização, cabe o registro Para aproveitar as avaliações favoráveis 32% 38%
de que houve uma alteração
marcante de um ano para outro. Para utilizar o financiamento barato antes
Antes era 13%, agora são 38% 44% 33%
do aumento das taxas de juros
que admitiram esta intenção.
Para transformar nosso modelo
Em um questão que permitiu
de negócios mais rápido do que o 35% 26%
múltiplas respostas sobre
crescimento orgânico
os motivos para impulsionar
o apetite para adotar uma Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher mais de uma opção.

CEO Outlook 2019 9


O resultado difere em muito da pesquisa anterior, quando 45% dos
entrevistados apontaram este risco como sua maior preocupação.

45%

Tipos de riscos

24%
22%

16% 16% 16%

10%
9%
8% 8%
6%
4% 4% 4%
2% 2% 2% 2%
0% 0%

Segurança Tecnologia Regulatório Operacional Retorno ao Reputação/ Ambiental/ Taxa de juros Cadeia de Talento
cibernética emergente/ territorialismo marca mudança suprimentos
disruptiva climática

2018 2019

Cabe notar alguns aspectos


revelados pelo mais recente
levantamento da KPMG que
demonstram a extensão de relativos aos possíveis
alguns destes riscos. Para impedimentos ao crescimento
88% dos entrevistados, o risco das organizações, chegando ao 68% afirmam que estão lutando
de tecnologia emergente/ seguinte panorama. para vincular a estratégia de
disruptiva é considerado de crescimento a um objetivo social
moderada extensão – no ano mais amplo para a organização.
anterior eram 56% que afirmavam 70% defendem que é
o mesmo. No tocante ao “retorno necessário melhorar os
ao territorialismo”, o que mais processos de inovação e 66% acreditam que é
preocupa 60% dos CEOs são execução nos próximos três um desafio encontrar os
as negociações comerciais anos. trabalhadores que precisam.
entre Estados Unidos e China.
O restante do grupo tem como
maior receio, neste viés, o Brexit. 68% avaliam que o crescimento 60% pensam que atuar com
depende da capacidade de a agilidade é a nova moeda dos
A pesquisa de 2019 também organização desafiar e romper negócios: se formos muito
questionou aspectos gerais qualquer norma de negócios. lentos, estaremos falidos

10 CEO Outlook 2019       


Negócios e sustentabilidade O LÍDER RESILIENTE
E A TECNOLOGIA
As medidas de sustentabilidade são uma realidade
em qualquer companhia que pretenda se A capacidade de adaptação aos atuais e futuros
estabelecer no mercado atendendo o mínimo das desafios é uma das principais marcas da liderança
demandas que a sociedade exige nos dias de hoje. resiliente – um aspecto relevante nas organizações
O CEO Outlook 2019 detectou que 62% dos líderes da atualidade. O levantamento da KPMG investigou
brasileiros acreditam que o crescimento de suas a opinião dos CEOs sobre o que torna um negócio
organizações será determinado pela capacidade de verdadeiramente resiliente em um cenário
antecipar e navegar na mudança global para uma de incertezas. Para 32% é a companha que
economia de tecnologia limpa e com baixo teor de adapta-se rapidamente ao ambiente de negócios
carbono. Outros 42% afirmaram que é necessário em mudança. A capacidade de salvaguardar o
olhar para além do crescimento puramente core business e o conhecimento de estratégias
financeiro, se quiserem que suas companhias disruptivas ficaram com 24% das respostas cada
alcancem um sucesso sustentável a longo prazo. um. Para 20% dos entrevistados, no entanto, a
respostas correta é: todas as alternativas juntas.
Questões fiscais
Ainda que defendam a inovação tecnológica, 82%
Os riscos fiscais e tributários também estão no das lideranças afirmaram que, diante de decisões
centro das preocupações dos CEOs. Embora críticas que precisaram tomar nos últimos três
uma série de medidas seja importante, entre anos, preferiram deixar de lado insights fornecidos
as métricas de desempenho consideradas mais por modelos de análise de dados, por serem
significativas para a função fiscal da organização contrários à sua própria experiência. Esses CEOs
estão os seguintes pontos: entendem que as regras do jogo mudaram e que
hoje é necessário dominar uma gama muito maior
26% defendem que a função tributária deve estar de habilidades e expertises. Questionados sobre
alinhada para suportar a estratégia corporativa. sua supervisão em diferentes áreas funcionais,
72% dos entrevistados afirmam que como CEOs,
18% opinam que a função tributária gerencia com são responsáveis por garantir a conexão entre
eficiência os recursos do departamento. o front, middle e back office de uma maneira que
seus antecessores não eram. Indo além, outros
12% afirmam que os resultados das auditorias de 76% avaliam que garantir que o front office
jurisdição fiscal são os esperados. esteja perfeitamente conectado ao middle e
back office é a chave para criar uma experiência
10% avaliam que os riscos fiscais são gerenciados de marca e de cliente mais forte. Confiantes, 80%
adequadamente de acordo com os valores e deles acredita estar ativamente transformando
objetivos organizacionais. suas equipes de liderança para fortalecer a
resiliência da companhia como um todo.
10% declaram que os prazos para cumprimento de
impostos estão dentro do cronograma.

10% avaliam que a função fiscal gera economia de


caixa para organização.

8% garantem que há precisão dos retornos e


esquiva de penalidades.

6% afirmam que as unidades de negócios estão


satisfeitas com os serviços fiscais fornecidos.

CEO Outlook 2019 11


Com o avanço cada mais de negócios e garantir que Em alguns aspectos deste
consolidado da tecnologia de permaneça competitivo diante tópico é possível fazer um
nuvem, as lideranças também da disruptura. Embora declarem comparativo com a pesquisa
precisam estar atentas e, se que estão buscando caminhos anterior: em 2018, nada
possível, diretamente envolvidas que levem à disruptura no menos que 89% dos CEOs
nas estratégias que convergem segmento em que atuam, sem afirmaram estar pessoalmente
para esta tendência. E, de fato, esperar que a concorrência preparados para liderar suas
esta é uma realidade para 76% tome esta atitude primeiro organizações através de uma
dos entrevistados, que afirmaram – declaração dada por 76% transformação radical de
estar liderando pessoalmente dos entrevistados –, os CEOs seu modelo operacional para
esta inovação. Para 82% dos brasileiros, em igual percentual, manter a competitividade.
CEOs consultados, hoje há mais avaliam que os tempos de Também naquele ano 83% dos
confiança em aumentar o uso espera para alcançar um CEOs se diziam confiantes no
de tecnologias de nuvem do que progresso significativo na preparo de suas equipes de
em qualquer outro momento transformação muitas vezes liderança para supervisionar
nos últimos três anos. Existe, no parecem esmagadores. uma transformação radical
entanto, uma preocupação com pela qual a organização
a migração dos dados comerciais Seja como for, parcela tivesse que passar.
para a nuvem, o que foi registrado significativa dos entrevistados
por 54% dos entrevistados. acredita que poderá ver os De todo modo, os dois
resultados dos investimentos levantamentos, de 2018 e
em mudanças no prazo 2019, mostram que os CEOs
A PRESSÃO CONTÍNUA máximo de três anos. Para continuam encarando a
PELA DISRUPTURA 48%, o programa geral de disruptura tecnológica muito
transformação digital de suas mais como uma oportunidade
Não é de hoje que inovar é a empresas deverá apresentar do que uma ameaça – assim
palavra-chave para as empresas retorno em até 12 meses; 38% afirmaram 94% dos consultados
saírem na frente diante da estimam um prazo de até três pela pesquisa em 2019 e
concorrência. O que aumentou anos para conseguir resultados 100% deles na edição anterior.
foi a exigência para que isso nos sistemas de inteligência Vale mencionar, ainda que
ocorra mais rápido e com maior artificial – mas 36% apostam nem toda disruptura tem,
frequência. A regra máxima na em até 12 meses. Três anos, necessariamente, a ver com
atualidade é “disruptura acima no máximo, também é o prazo evoluções tecnológicas – e,
de tudo”. Oitenta por cento estimado para a plenitude da hoje, 62% dos CEOs estão
dos entrevistados afirmam automação do processo robótico, conscientes que esta não é a
que contam com estruturas de acordo com 54% dos única fonte de impacto em seus
para revisar seus modelos entrevistados. negócios.

12 CEO Outlook 2019       


No que tange à Inteligência Artificial, 98%
Especialistas em segurança
dos CEOs já estão implementando, em algum 30%
nível, este tipo de tecnologia. A pesquisa avaliou
cibernética
também o impacto desta mudança na força de
Cientistas de dados 52%
trabalho, nos próximos três anos. Para 78% deles
a IA ajudará a criar mais empregos, e não o
Especialistas em
contrário. É também expressivo o número de 48%
entrevistados – 74% – que desejam que seus
tecnologias emergentes
funcionários se sintam capacitados a inovar, Gestores de
sem se preocupar com consequências negativas 56%
transformação digital
que venham a decorrer dessa iniciativa.
Especialistas em
52%
sustentabilidade
A ORGANIZAÇÃO RESILIENTE
Especialistas em
48%
Vencer as adversidades do mundo corporativo nos
mercados emergentes
dias de hoje também implica ter flexibilidade para Especialistas em
lidar com os riscos que a tecnologia pode acarretar. 50%
governança/ética
Mais do que isso, para 50% dos consultados pelo
levantamento, contar com uma forte estratégia Especialistas em modelagem
cibernética é fundamental para gerar confiança em 50%
de cenários e riscos
seu público de interesse. Outros 68% estão bastante
preocupados com a segurança da informação,
Especialistas em recursos
entendendo-a como uma garantia estratégica e fonte 44%
humanos
de potencial vantagem competitiva.
Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher
Apesar disso, 78% dos CEOs acreditam que tornar-se mais de uma opção.
vítima de um ataque cibernético é agora um caso de
“quando”, e não “se”, para a organização. Porém, 68%
afirmam estar bem preparados para isso. Se depender
do preparo do capital humano, 56% dos CEOs têm
planos de capacitar entre 41% e 60% do quadro de
funcionários no sentido de promover o aprimoramento
de suas capacidades digitais ao longo dos próximos
três anos. E mais da metade dos entrevistados (54%)
já fazem contratações que levam em conta essas
novas habilidades, independentemente das futuras
metas de crescimento.

O levantamento também consultou os


entrevistados sobre o nível de qualificação do
capital humano em diferentes áreas, resultando no
seguinte quadro, que demonstra a média dos que
responderam como “bastante eficaz”:

CEO Outlook 2019 13


O CEO Outlook 2019 investigou, ainda, em quais
ações as organizações pretendem investir para
atingir seus objetivos de crescimento nos próximos
três anos. Confira a comparação entre os dados
obtidos em 2018 e no atual levantamento:

Ação 2018 2019

Fazer parceria com provedores de dados terceirizados 32% 68%

Colaborar com startups inovadoras (FinTech, InsurTech, HealthTech etc.) 38% 64%

Firmar parceria com provedores de tecnologia de nuvem terceirizados 32% 62%

Aumentar o investimento em processos de detecção de disruptura


42% 60%
e inovação

Configurar programas de aceleração ou incubadora para


40% 60%
empresas iniciantes

Unir-se a consórcios da indústria com foco no desenvolvimento de


54% 34%
tecnologias inovadoras

Disponibilizar produtos e serviços por meio de um provedor de


38% 52%
plataforma on-line (por exemplo, plataformas de mídia social)

Corporate venturing 42% 44%


Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher mais de uma opção.

Vale salientar que, na média, 60% dos Para 40%, o que têm mais peso estratégico para
entrevistados defendem os seguintes postulados garantir que sua organização esteja preparada
à respeito das experiências de sua organização para o futuro ainda é a modernização do
em parceria com empresas terceirizadas: 1) quadro de trabalhadores, por exemplo, com a
acreditamos que aumentar o uso de parcerias adoção de automação enxuta e inteligente; e
externas é a única maneira de a organização a contratação de funcionários que possuam as
atingir a agilidade que necessita; 2) estamos habilidades mais necessárias àquele determinado
procurando qualidade sobre quantidade em empreendimento. Apesar disso, pensando
nossas novas parcerias (como ter menos especificamente em melhorar a resiliência da
relacionamentos, porém mais profundos); 3) no organização, 62% preferem investir capital na
passado, reconsideramos uma parceria que teria compra de novas tecnologias, enquanto que
ajudado no crescimento porque a organização apenas 38% direciona esses recursos para o
externa não se encaixava bem com a cultura e o desenvolvimento das habilidades e capacidades
objetivo de nossa empresa. dos empregados.

14 CEO Outlook 2019       


O PAPEL DO CEO NA MUDANÇA

As motivações dos CEOS para seguir liderando suas companhias no


rumo do crescimento são muitas, conforme demonstra o gráfico:

MOTIVAÇÃO DOS CEOs

Dar retorno para Manter os valores


meus acionistas 16% 10% de nossos clientes

Criar riqueza para Produzir impacto ambiental


os funcionários 12% 10% e socioeconômico

Entregar crescimento
Inovar o modelo
de negócios 4% 20% de curto prazo

Tornar o negócio Possibilitar sucesso aos


“à prova de choque” 10% 18% negócios a longo prazo

O levantamento também mensurou as opiniões que Um indicativo importante obtido pelo levantamento
os CEOs têm a respeito do desempenho de suas diz respeito ao relacionamento entre a organização e
funções: o cliente. Para 78% dos entrevistados, proteger os
dados dos clientes é uma de suas responsabilidades
82% Eu dei um passo em falso significativo na mais importantes como CEO para permitir que
minha carreira (como assumir um papel ou lançar a organização aumente sua base de clientes no
um empreendimento que não teve sucesso), mas futuro. Idêntico percentual defende que é possível
consegui superar. – e necessário – buscar melhoria significativa na
compreensão dos clientes da organização. Outro
80% Eu estou colocando em prática medidas para ponto que é muito relevante para os líderes (70%
garantir que minha visão pessoal seja percebida assim pensam) é sua responsabilidade pessoal de
depois que eu deixar meu cargo atual. garantir que as políticas ambientais, sociais e de
governança (ESG) da organização reflitam os valores
76% O mandato médio de um CEO hoje é de cerca de seus clientes.
de cinco anos, o que é mais curto do que era no
início da minha carreira.

74% Em cinco anos, o mandato médio de um CEO


aumenta a necessidade de atuar com agilidade.

58% Diferentes tipos de CEO são necessários para


vários estágios do ciclo de vida de uma empresa
(crescimento, reestruturação, transformação etc.)

CEO Outlook 2019 15


Brasil versus
global
Realidades distintas, opiniões sortidas
Os desafios representados pela disrupção tecnológica e pelas
instabilidades de mercados em constante mudança são parecidos em
todo o globo. Porém, a maneira como os CEOs brasileiros e estrangeiros
reagem a estas adversidades diverge em vários aspectos.

O CEO Outlook 2019 ouviu Holanda, Espanha, Reino


2.535 CEOs de 63 países Unido e Estados Unidos. Ao
dos cinco continentes. Esse todo, são 1.300 entrevistados,
universo heterogêneo abarca cujas opiniões são confrontadas
desde grandes economias, com as de 50 CEOs brasileiros.
como Estados Unidos, China e Em que medida os dois grupos
países da Europa ocidental, até se encontram ou se afastam,
nações em desenvolvimento quando o tema são suas
da África e da Ásia, compondo visões e percepções sobre
um panorama internacional o futuro de seus respectivos
diversificado e passível de uma mercados, relacionamento com
série de recortes geográficos e clientes, tecnologia e conjuntura
econômicos. econômica? Os números
revelados pela pesquisa ajudam
Nesta análise, iremos destacar a compreender como esses
um conjunto representativo de fatores contribuem para a
nações, cuja análise comparativa construção da resiliência das
com o Brasil nos interessa. O empresa – isto é, sua capacidade
grupo aqui chamado global é de, após um choque, conservar
composto por 11 localidades: seu perfil orginal, não se
Austrália, China, França, deformando ou diminuindo em
Alemanha, Índia, Itália, Japão, razão da influência externa.

16 CEO Outlook 2019       


Perspectiva Econômica brasileiros que estão “muito As posições invertem-
e Confiança: olhos no confiantes” ou “confiantes” em se quando o assunto é a
exterior versus foco relação ao crescimento do País economia global. Nesse
doméstico nos próximos três anos somam quesito, os brasileiros mais
76%. No global, o grupo dos otimistas formam um grupo
O CEO brasileiro encara mais otimistas perfaz um total estatisticamente maior entre
as realidades nacional e de 83%, ligeiramente acima do que seus pares: 74% estão
internacional sob perspectivas resultado brasileiro. Os neutros muito confiantes ou confiantes
distintas. Na comparação com também têm mais peso por aqui, em relação aos próximos anos
seus pares internacionais, é com 24% da amostra – no resto da economia global, e 20%
maior o número de brasileiros do mundo eles são 16%, onde veem esse futuro de modo
otimistas quando o assunto há também 1% que afirmaram neutro. No restante do mundo,
são negócios externos ou a não estar confiantes. pouco mais da metade (63%)
conjuntura econômica na escala está confiante sobre a conjuntura
macro, e mais comedidos eles Também é relativamente menor internacional, e 32% a veem
são quando se trata de sua a proporção de brasileiros mais com neutralidade. Quando
própria empresa. Embora os dois otimistas em relação às suas perguntados sobre o futuro dos
grupos compartilhem muitas empresas. Embora 82% dos setores em que atuam, os dois
opiniões, iremos enfatizar os CEOs nacionais apresentem grupos têm posições parecidas.
pontos em que as unanimidades confiança intensa ou moderada No Brasil, 82% são confiantes,
tornam-se mais tênues e abre-se quanto ao crescimento dos e no exterior esse grupo é
espaço para as diferenças sutis seus negócios nos próximos apenas 2% menor, com 80%
entre o tamanho proporcional anos, no mundo esse universo de entrevistados apresentando
dos mais ou dos menos de maior otimismo abarca 94% a mesma visão. O grupo de
otimistas. dos entrevistados. Além disso, neutros, no entanto, é maior no
os brasileiros que veem o futuro global, onde são 20% – contra
Neste ano que marca o início de das empresas de maneira 16% no Brasil.
novos mandatos dos poderes neutra, nem positiva e nem
Executivo e Legislativo, em negativa, é de 12%, o dobro do
âmbito federal e estadual, os apurado no outro grupo.

CEO Outlook 2019 17


O descompasso entre os Entre aqueles que estão mirando
A pesquisa mediu o relativos otimismo do países desenvolvidos, existe
apetite dos CEOs quanto estrangeiro e cautela do alguma diferença de interesse
à expansão geográfica brasileiro em relação aos seus por distintos continentes.
dos seus negócios nos próprios quintais mostra-se Enquanto os brasileiros preferem
também nas perspectivas de a porção oriental do globo,
próximos três anos,
receita e tamanho da mão de com destaque para a Ásia-
além de determinar obra. Enquanto a maioria dos Pacífico (prioridade de 37%)
qual papel este tipo de brasileiros (64%) vê sua receita e Australásia (opção de 26%
movimento tem para a oscilando entre 0,1% e 1,99% dos entrevistados), os demais
resiliência da empresa. para cima – o menor estrato CEOs miram América do Norte
entre as perspectivas positivas (32%) e Europa (22%). Neste
–, entre os CEOs do restante do grupo, 27% se interessam pelo
globo, 53% têm a mesma visão grupo de países formado por
sobre seus negócios. Lá fora, os Japão, Hong Kong e Cingapura,
que projetam aumento maior, e apenas 19% pela Austrália e
entre 2% e 4,99%, são 41%; Nova Zelândia. As preferências
sendo 30% no Brasil. O mesmo entre os que pensam em se
padrão repete-se em relação expandir para mercados em
ao aumento da mão de obra desenvolvimento também
empregada. Entre os brasileiros, são distintas, e a maior
74% veem o quadro de divergência se dá em relação
funcionários crescendo menos ao Oriente Médio e Leste
de 5%, proporção que entre os Asiático. Os brasileiros preferem
demais CEOs é de 57%. Já os investir na primeira região –
que projetam um incremento opção de 26%, contra 16%
maior, entre 6% e 10%, são 34% entre os estrangeiros –, porém,
no mundo e apenas 18% no no global, a Ásia desperta maior
Brasil. interesse. Enquanto 11% dos
CEOs globais se interessam por
A pesquisa também mediu países asiáticos, apenas 3%
o apetite dos CEOs quanto à dos brasileiros têm o mesmo
expansão geográfica dos seus pendor. Essas, no entanto, são
negócios nos próximos três as exceções. As preferências
anos, além de determinar qual são América Latina (citada por
papel este tipo de movimento 35% dos brasileiros e 38% dos
tem para a resiliência da demais) e Europa oriental (com
empresa. A distribuição 23% e 24% dos dois grupos,
geral dos destinos é respectivamente). A África foi
bastante semelhante, com citada por 13% e 11% dos dois
62% dos brasileiros e 63% grupos.
dos estrangeiros mirando
países com economia em Dois mercados, um desenvolvido
desenvolvimento, e 38% e outro em desenvolvimento,
e 36%, respectivamente, foram tomados à parte para
priorizando mercados análise. Quando perguntados
desenvolvidos – 1% dos CEOs sobre seu interesse em investir
estrangeiros não pretendem no Reino Unido após o Brexit, os
entrar em novos mercados. brasileiros se mostraram mais

18 CEO Outlook 2019       


empolgados: enquanto 70% deles estão mais Ambiente de Negócios e Política:
inclinados a aplicar, entre os demais CEOs essa crescer para onde e para quê?
proporção é de 54%. E se 22% dos estrangeiros
sentem-se pouco inclinados, entre os brasileiros Somar para crescer ou crescer para somar? Os
esse grupo é de apenas 6%. Já a proporção de CEOs do Brasil encaram o crescimento de suas
CEOs entusiasmados com a China é semelhante: organizações de maneira diferente dos seus
no Brasil, são 66% interessados na região, e colegas do restante do mundo. Eles prezam três
65% no outro grupo. A diferença é que, entre os alternativas em igual medida – fusões e aquisições,
brasileiros, há mais neutros e menos avessos à joint ventures e alianças estratégicas com firmas
ideia: no global, são 22% neutros (contra 28% no de third-parties, todas citadas por 26% dos
Brasil), e 12% não têm a região como prioridade entrevistados. Nos demais países o cenário é
(no Brasil, apenas 6% encontram-se no grupo). diferente, e CEOs privilegiam as parcerias com
third-parties e o crescimento orgânico, que
Mas para quê expandir e, especificamente, para caracteriza táticas como inovação, investimento
mercados em desenvolvimento? Para 87% dos em pesquisa, lançamento de novos produtos e
CEOs globais, a expansão para os emergentes é injeção de capital. É acentuada a diferença entre
uma estratégia na construção da resiliência das o apetite dos dois grupos por fusões e aquisições
empresas. Outros 11% são neutros sobre esse – a preferida dos brasileiros – e por terceirização.
tema, e 2% discordam. Os brasileiros, por sua Enquanto 26% dos brasileiros preferem a primeira,
vez, são mais céticos quanto a esse efeito: 40% no restante do mundo essa taxa é de 17%. Já a
não concordam nem discordam que a expansão os terceirização foi citada por 10% do grupo global, e
torna resilientes, e 60% creem neste efeito. por apenas 4% do Brasil.

CEO Outlook 2019 19


As razões que levam à decisão de absorver a Entre os que enxergam na disrupção
estrutura de outra empresa também diferem. tecnológica um possível obstáculo, os
Enquanto os maiores propósitos no Brasil são brasileiros preocupam-se menos com a cyber
aumentar o market share, reduzir custos com segurança enquanto um fator subjacente. No
economias de escala e embarcar em inovações Brasil, a minoria (13%) vê a cyber segurança
tecnológicas, os CEOs globais manifestaram como um componente significativo desse risco,
menor preocupação com esses pontos. Para contra 38% no grupo global, e 88% o vê como
eles, as fusões e aquisições vêm sobretudo um fator de significância moderada, contra 38%
para transformar os modelos de negócios em no global. E ainda mais: 5% dos entrevistados
uma velocidade que o crescimento orgânico não internacionais enxergam problemas de cyber
permitiria, reduzir custos com economia de escala segurança como um fator disruptivo bastante
e transformar os negócios. O aumento do market ameaçador. Quando perguntados sobre as
share, preocupação de 48% dos brasileiros, maiores ameaças territorialistas, o grupo global
foi citado por 35% dos CEOs globais. Já a apontou, em primeiro lugar, o Brexit (44%);
diversificação do negócio, tema caro a 36% dos em segundo, o contexto de comércio entre
estrangeiros, preocupa 21% dos brasileiros. Estados Unidos e China (32%); e, em terceiro,
a ascensão de partidos políticos que defendem
A percepção dos CEOs sobre quais são os pautas protecionistas (24%). Esta última
obstáculos ao crescimento de suas companhias preocupação simplesmente não pontuou entre
também varia. De modo geral, no exterior, os os brasileiros, para quem as principais ameaças
entrevistados mostraram-se mais preocupados são o comércio EUA-China (60%) e, em menor
com mudanças climáticas e protecionismo, medida, o Brexit (40%).
temas que afligem proporcionalmente menos
brasileiros. Enquanto 21% dos CEOs globais A importância da agilidade para
temem os riscos representados por mudanças implementar mudanças também é
climáticas, apenas 4% dos brasileiros têm percebida de maneiras ligeiramente
a mesma percepção. Já o retorno a práticas distintas. “Agir com rapidez é a nova moeda de
territorialistas inquieta 16% e 10% dos dois troca no mundo dos negócios; se formos lentos
grupos, respectivamente. Os brasileiros, por sua demais, falimos”: 67% dos CEOs globais
vez, preocupam-se com riscos ligados a cyber concordam em alguma medida com essa
segurança (citado por 22%), e têm os riscos de afirmação, contra 60% dos brasileiros. E os que
disrupção tecnológica, de operação e regulatórios discordam estão em maioria no Brasil, onde
empatados, com 16% cada. Desses três, disrupção somam 26%, contra 20% dos estrangeiros que
e riscos operacionais também preocupam os divergem em alguma medida com a frase.
estrangeiros, mas o tema da regulação enquanto
ameaça ao crescimento é mais lembrado no Além de dar menos importância que seus pares à
Brasil: apenas 7% dos CEOs globais veem essa rapidez, os CEOs brasileiros são mais tímidos
ameaça. ao afirmar suas habilidades de disrupção – e
ao apontá-las como um fator de sustentação
ao crescimento das suas empresas. Enquanto
39% e 32% dos líderes globais, respectivamente,
acreditam fortemente ou não que o
desenvolvimento se apoia na habilidade de desafiar
e causar disrupção em normas de mercado, no
Brasil, essas proporções são de 26% e 42%,
respectivamente, perfazendo um total de 68%,
contra 71% no global. Também é interessante
notar que os brasileiros que discordam dessa ideia
são maioria: 16%, contra 12% no global.

20 CEO Outlook 2019       


Embora em alguns aspectos o CEO brasileiro seja
mais modesto que seus pares internacionais, ele
está mais atento à implementação de mudanças
no curto prazo e ao impacto do seu negócio na
sociedade. Enquanto 70% dos brasileiros acreditam
que, nos próximos três anos, precisarão melhorar
seus processos de inovação, no global esse grupo
é menor, somando 62%. Apenas 10% dos líderes
nacionais não vem essa necessidade, proporção
que, entre os estrangeiros, é de 20%. Além de
enxergar a inovação com mais urgência, o CEO
brasileiro está muito mais preocupado com o impacto
social dos seus negócios. No mundo, menos da
metade (47%) dos pesquisados afirmou que está
direcionando esforços para ligar o crescimento
das suas empresas a um maior propósito social.
No Brasil, a maioria (68%) tem essa percepção. E
mais: os que não veem essa necessidade são 28%
entre os globais, e apenas 8% no Brasil.

As diferenças voltam a aparecer quando os


tópicos são mão de obra e novas demandas por
tecnologias limpas. Entre os CEOs brasileiros, 66%
consideram um desafio encontrar os funcionários
de que precisam, proporção que no restante do
mundo é ligeiramente menor (59%). Os que não
encontram essa dificuldade são minoria nos dois
grupos, mas estão em maior proporção no grupo
global, onde são 24%, contra apenas 6% no
Brasil. Os estrangeiros também acreditam que,
se suas empresas querem crescer, precisam
antecipar ou ao menos acompanhar novas
demandas por tecnologias limpas. Entre eles,
76% possuem esta crença, contra 66% no Brasil.
A menor importância deste tema entre os
brasileiros também é vista entre os que não
acreditam que acompanhar essa demanda seja
uma necessidade, parcela que por aqui fazem
26%, e no outro grupo apenas 7%.

CEO Outlook 2019 21


O líder resiliente: táticas e os intuitivos aparecem em Ainda falando em força de
responsabilidades do CEO proporção maior, de 82%, trabalho, também foi sondado
contra 71% no global. Os que em que medida as demais
Os CEOs estão bem declararam que nos últimos lideranças estão sendo
conscientes do seu papel na três anos nunca “passaram por treinadas para aumentar a
construção da resiliência das cima” de dados em favor de resiliência das empresas.
empresas que comandam. A experiência pessoal são 18% no Enquanto 43% dos CEOs
pesquisa investigou quais são Brasil, e 29% no global. globais estão trabalhando nisso
as características e visões de com ênfase, apenas 20% dos
negócios que constituem o líder Outra opinião em comum é que, brasileiros estão no mesmo
capaz de construir estruturas cada vez mais, os líderes devem grau de engajamento. Os que
e uma cultura que ensejem a ter uma visão abrangente dos estão cuidando nisso, porém
resistência em tempos difíceis. escritórios que comandam, com menos ênfase, são maioria
Quais habilidades os dias de hoje garantindo a integração entre no Brasil (60%), e menos da
demandam? diferentes setores. Para 62% metade (41%) no global. Os que
dos CEOs brasileiros e 79% ainda não têm certeza sobre
Para os CEOs globais, o dos estrangeiros, eles são a necessidade de adotar essa
negócio mais resiliente é responsáveis por garantir essa medida são 18% e 13%; e os
aquele que, em momentos conexão em um nível que seus que não estão lançando mão
de incerteza econômica, antecessores não eram. Os da medida somam 2% e 3%,
consegue proteger o seu core neutros sobre o tema são 28% respectivamente.
business. Essa foi a opção de e 9% dos dois grupos, e os que
36% dos entrevistados, grupo discordam dessa tese são 12%
que no Brasil é ligeiramente dos globais, e inexistentes no
menor (24%). A maior parte Brasil. Quando perguntados se
dos brasileiros (32%) dá mais a conexão entre front, middle e
importância à habilidade de back office é a chave para que o
adaptar-se rapidamente às cliente tenha boas experiências
mudanças, tema que, no e a marca seja fortalecida, os
outro grupo, foi considerado brasileiros e estrangeiros que
secundário (prioridade de 23%). concordaram em alguma medida
Causar disrupção no mercado são maioria, e em proporções
como resposta à incerteza semelhantes (76% e 77%,
não é uma opção popular em respectivamente). No entanto,
ambos os grupos: no Brasil, mais uma vez, apenas os
somaram 24%, e no outro grupo, estrangeiros discordam dessa
17%. Os que acreditam que as necessidade (10%). O fato de
três estratégias são igualmente nenhum dos CEOs brasileiros ter
importantes somaram 20% se oposto à ideia de integração
(Brasil) e 24% (global). pode indicar que, de modo
geral, o brasileiro esteja bem
Como os líderes costumam atento à maior necessidade de
decidir em situações entrosamento entre diferentes
delicadas? De modo geral, divisões de uma empresa.
todos os CEOs apoiam-se mais
em suas experiências pessoais
e intuição, mesmo que para
isso precisem deixar de lado
dados objetivos. Mas, no Brasil,

22 CEO Outlook 2019       


Estratégias de inovação digital A empresa resiliente: No quesito tecnologia, é consenso
também são percebidas como crescer e ter que a cyber segurança é
como um ingrediente que cria resistência a choques? fundamental para ganhar
resistência às intempéries e conservar a confiança de
do mercado. Nesse aspecto, Neste estudo, a anatomia de um clientes e fornecedores, mas
os CEOs brasileiros estão corpo resiliente passa por alguns os brasileiros ainda têm menos
ligeiramente menos engajados. pontos chave: cyber segurança, certeza disso. Aqui, 50%
Aqui, 76% disseram estar inovação e novas habilidades concordam em alguma medida
liderando pessoalmente as dos funcionários, todas elas que este é um fator chave, contra
estratégias de tecnologia das ligadas ao uso de tecnologia. O 68% nos demais países. Já
empresas, grupo que no global que é prioridade? Brasileiros e os neutros, que são 28% dos
é de 85%. Os neutros são estrangeiros concordam que, se brasileiros, somam 11% no outro
16% e 11%, respectivamente. o objetivo é criar uma empresa grupo. Os que discordam ficam
Os que não estão na linha resiliente, a maior parte próximos, sendo 22% e 20% nos
de frente formam um grupo dos investimentos deve ser dois blocos, respectivamente.
maior no Brasil, com 8%, direcionada à compra de novas A maior neutralidade brasileira
sendo 4% do global. Apesar tecnologias. Os que acreditam aparece também na percepção
disso, os brasileiros estão nisso são 62% no Brasil e 68% no sobre cyber segurança enquanto
mais confiantes em relação global. Os que estão direcionando um fator de competitividade. Aqui,
ao aumento do uso do a maior parte do capital para 22% dos CEOs não concordam
armazenamento em nuvem. melhorar as habilidades dos nem discordam desta tese, 68%
Aqui, 82% estão mais confiantes funcionários são 38% e 32%, concordam e 10% discordam. No
do que jamais estiveram nos respectivamente. Embora o CEO exterior, as opiniões dos extremos
últimos três anos, grupo que no brasileiro esteja bem alinhado aos são mais acentuadas: 71%
global é um pouco menor, com seus colegas estrangeiros, por concordam, e 17% discordam.
78%. Os que não estão mais aqui a tendência a investir mais
confiantes em absoluto são 4% nos recursos humanos é pouco Ao lado disso, os CEOs brasileiros
no Brasil, e 10% no global. Eles maior. também são mais temerosos
têm medo de migrar seus quanto à ocorrência de um cyber
dados para a nuvem? Nesse A modernização da força de ataque. Enquanto 62% dos
aspecto, as opiniões estão trabalho é, de fato, a estratégia estrangeiros dizem que pensam
bem distribuídas em ambos os na qual 40% dos CEOs “quando” serão vítimas de um, e
grupos. Os neutros são 26% no brasileiros irão se apoiar para não “se” serão, no Brasil o índice
Brasil e 11% no global. Os mais garantir que suas empresas sobe para 78%. As proporções
confiantes somam 20% no Brasil estejam prontas para o futuro de neutros (28%, contra 16%)
e são um grupo pouco maior nos – no global, essa é a opção de e de descrentes (19%, contra
demais países, com 28%. Já os 37%. Também é um pouco mais 6%) também são maiores lá
temerosos são cerca de metade acentuada a tendência brasileira fora. Entre os dois grupos, no
dos dois blocos – 54% no Brasil a repensar funções internas entanto, a maioria (68% Brasil
e 61% no global. como serviços – 22% do nacional e 69% global) afirma estar
e 17% do global. Lá fora, é bem preparada para um cyber
proporcionalmente maior o ataque. Os que se consideram
interesse em aumentar o despreparados são apenas 4%
engajamento do cliente – 28%, no Brasil, e 18% lá fora.
sendo 22% no Brasil. Nos próximos três anos, os
funcionários devem receber
novos treinamentos e

CEO Outlook 2019 23


ser exigidos em novas habilidades, ligadas Lidando com a contínua
sobretudo ao domínio da tecnologia. Para 48% pressão para mudar
dos brasileiros, cerca de metade (41% a 50%) da
força de trabalho receberá aulas de visualização de Esperar pela mudança ou mudar antes de todos?
dados e programação, por exemplo. Os que desejam Não existe uma forma de se eximir desse dilema,
treinar uma fatia maior, de até 70%, são 20%. O e comparado aos CEOs globais o brasileiro não
entusiasmo dos CEOs globais é ligeiramente deixa nada a dever quando o assunto é iniciativa.
maior. Lá fora, 45% desejam dar treinamento a Nos dois grupos, a maioria está trazendo a
mais da metade dos recursos humanos, e 36% disrupção ao mercado, em vez de esperar que
a cerca da metade. Ou seja: no Brasil, 68% irão a concorrência tome a dianteira da mudança.
treinar pelo menos 40% dos funcionários, e nos Os brasileiros se mostraram mais ousados, com
outros países 81% o farão. Apesar disso, os CEOs 76% dos CEOs concordando em grau alto ou
brasileiros estão se mexendo mais para contratar moderado com essa tese, enquanto no global
funcionários que já possuem essas novas 63% têm a mesma opinião. Os que não realizam
habilidades: 54% estão absorvendo este tipo de a disrupção por conta própria são 10% no Brasil
empregado, contra 45% no global. Os que estão e 16% no global, e os neutros somam 14%
esperando crescer mais antes de tomar essa decisão e 20%, respectivamente. Mas o entusiasmo
são 46% e 55% dos dois grupos. As habilidades não é, necessariamente, um processo vivido
mencionadas incluem especialistas em cyber de maneira tranquila. O tempo de espera
segurança, inteligência artificial, transformação digital, entre a concepção de uma inovação e seu
modelagem de riscos e especialistas em mercados lançamento é experimentado pela maioria
emergentes. como algo desgastante – no Brasil, por 76%
e no global por 68%. Embora a proporção de
Quais tipos de iniciativa serão mais importantes CEOs muito angustiados com esse gap seja
nessa caminhada de crescimento e construção de maior no global (35%, contra 24% no Brasil), os
resiliência? Para os CEOs estrangeiros, os níveis de estrangeiros também têm maior representação
interesse em cada uma das alternativas vieram em na ponta oposta, naqueles para quem esse
linha, cada um mencionado por cerca de 50% dos aspecto não representa uma angústia: lá eles
entrevistados, sem nenhuma opção recebendo atenção são 19%, e no Brasil, apenas 4%. Além disso, a
fora do comum. No Brasil as diferenças são mais rapidez das mudanças tecnológicas não é a única
acentuadas. Embora a média dos 50% também tenha disrupção significativa para 62% dos brasileiros e
sido respeitada, aqui a opção de fazer parcerias de third 70% dos globais.
party no setor digital foi citada por 68%, contra 49%
dos estrangeiros – esta, inclusive, foi a saída menos Esses dados justificam o horizonte de tempo
popular entre eles. A opção de trabalhar ao lado de em que os CEOs esperam ter o retorno dos
startups também é mais popular no Brasil. Já a investimentos feitos em transformação
criação de novos produtos e serviços em plataformas digital. No global, 31% esperam ter o retorno
digitais é estimada entre os globais e menos no Brasil, em 12 meses, índice que no Brasil é 48%.
citada por 61% e 52% dos entrevistados. No mundo, 61% esperam retorno entre 1 e 3
anos, e no Brasil são 22%. O universo dos que
Todos concordam que as parcerias, sejam quais trabalham com horizonte de até três anos é,
forem, devem ser profundas e significativas. Entre portanto, 70% no Brasil e 92% no global. Entre
os brasileiros, 64% e com os estrangeiros, 70% os brasileiros, 28% esperam ter retorno entre
afirmam estar na busca por mais qualidade, e não 3 e 5 anos, e 1% em 5 a 10 anos. No mundo,
quantidade, na hora de estabelecer novas parcerias. apenas 8% trabalham com horizontes mais
60% dos brasileiros e 57% dos globais afirmam já largos. Já os projetos de inteligência artificial
ter dispensado uma parceria que os ajudariam a esperam-se que dê resultados em um horizonte
crescer porque a outra empresa possuía cultura mais curto, e a automatização em horizontes
e propósitos diferentes das suas – os que nunca maiores. Nos dois cenários, a inteligência
passaram por isso são 12% e 21%, respectivamente. artificial ainda é algo incipiente, com 16% dos

24 CEO Outlook 2019       


CEOs globais já as tendo implementado (contra Nos dois cenários, acredita-se que a robótica
18% no Brasil), e 53% as utilizando em processos e a inteligência artificial irão contribuir mais
específicos, grupo que no Brasil é 60%. para a criação de empregos e menos para
a sua eliminação. O brasileiro, inclusive, está
As empresas estão se estruturando para garantir mais otimista, com 78% apresentando essa
suas posições em um mercado disruptivo, e crença, contra 65% no mundo. Os funcionários
mais CEOs brasileiros estão entre os melhor também são encorajados a inovar no campo
preparados. Enquanto 69% dos globais declararam tecnológico, sem se preocuparem com prováveis
possuir estruturas para revisar modelos de negócios consequências pessoais, caso o projeto falhe.
e garantir sua competitividade, no Brasil esse grupo No global, 84% dos CEOs desejam que seus
soma 80% dos entrevistados. A quantidade de funcionários tenham essa liberdade, número
neutros é parecida (18% e 13%, respectivamente), que no Brasil é algo menor – 74%. Aliás, para a
mas a proporção de CEOs que declararam não maioria é melhor que a falha em um processo
possuir essas estruturas é bastante diferente – inovador posto à prova surja o quanto antes,
18% no global e apenas 2% no Brasil. Quando e o brasileiro parece incentivar mais essa
perguntados se a disrupção tecnológica é uma cultura. Aqui, 70% dos CEOs declararam que
ameaça ou oportunidade, a opinião dos dois suas empresas mantêm esse pensamento,
grupos é parecida, e positiva. No Brasil, 94% contra 56% no mundo. Os neutros são 22% no
acreditam que a ela é uma oportunidade, índice que Brasil e 15% no global. Os que discordam dessa
no global vai a 96%. Os indecisos no Brasil são 6%, regra são, respectivamente, 8% e 28%, o que
e no global 3%. Apenas 2% dos globais acreditam indica uma significativa diferença cultural quando
que a disrupção tecnológica é mais ameaçadora. o assunto é a possibilidade de falhar durante
processos de inovação.

CEO Outlook 2019 25


O papel do CEO: transformações e Os CEOs desejam deixar sua visão como
responsabilidades herança para as empresas que comandam?
Para a maioria, sim. Entre os brasileiros, 80%
O que motiva o CEO, em tempos de mudanças declararam que estão tomando medidas para
e processos de construção da resiliência de garantir que, após deixarem sua posição atual, sua
negócios? Na comparação com seus pares visão pessoal seja realizada, e 79% dos globais
globais, os CEOs brasileiros mostram maior sentem-se da mesma maneira. A diferença é
preocupação em fortalecer a estrutura dos que, enquanto 18% dos brasileiros são neutros
seus negócios no longo prazo. Embora a no tema e 2% declaram não estar agindo nesse
motivação de maior representação nos dois grupos sentido, entre os globais esse último grupo é
seja o crescimento no curto prazo – resposta ligeiramente maior, perfazendo 6% do total. Em
de 20% dos brasileiros e 22% dos globais –, a média, os CEOs ficam no cargo por cinco anos.
segunda principal resposta dos brasileiros não Para a maioria (76% Brasil e 75% global), esse
é compartilhada com os demais. Para 18% dos período é menor do que o praticado quando eles
brasileiros, sua motivação é possibilitar o sucesso começaram a trabalhar. Apenas os estrangeiros
dos negócios no longo prazo. Já no global, (12%) afirmaram que, quando iniciaram suas
11% deram essa mesma resposta. Tornar o carreiras, os CEOs não ficavam mais de cinco
negócio “à prova de choque” também é uma anos no posto. Suas estradas profissionais
preocupação proporcionalmente menor no mostram também que os fracassos fazem parte
restante do mundo, em comparação com o da história de quem está no topo, desde que
Brasil. Aqui, 15% têm essa como sua principal sejam superados. Entre os brasileiros, 82%, e
motivação, contra 5% no global. Outra diferença entre os estrangeiros, 74% declararam que no
mais acentuada se dá em relação à inovação passado já deram um passo em falso de tamanho
enquanto fator de incentivo: enquanto 14% significativo, como assumir uma responsabilidade
são movidos pela inovação do modelo de negócio para a qual não estavam prontos, ou lançar um
com que trabalham, apenas 4% dos brasileiros se produto que fracassou. Os neutros são 14% e 17%
sentem da mesma maneira. Já respostas como dos dois grupos, e os que nunca passaram por
“manter os valores dos nossos clientes”, “criar essa situação somam 4% e 9%, respectivamente.
impacto ambiental e socioeconômico”, “criar
riqueza para os funcionários” e “dar retorno aos A janela de tempo de cinco anos em que os
acionistas” pontuaram de maneira semelhante CEOs permanecem em seus cargos pode ser
entre os dois grupos, na linha dos 10% a 15%. O compreendida como um mecanismo garantidor de
retorno aos acionistas é o mais popular, com 16% que, a cada fase, a empresa tenha uma liderança
dos CEOs brasileiros e 14% dos globais. diferente, mais adequada ao momento que

26 CEO Outlook 2019       


estiver vivendo. Assim, diferentes tipos de CEOs
são necessários em diferentes momentos – Os brasileiros são mais
expansão, crescimento, reestruturação e assim otimistas quanto à melhoria
por diante. Essa tese é menos popular no Brasil.
na compreensão dos
Embora a maioria dos dois grupos (58% no Brasil e
71% do global) compartilhe dessa opinião, no Brasil, clientes, e de modo geral
22% discordam dela, contra 11% do global. mostram-se mais afinados
a eles do que seus pares
Na avaliação dos seus trabalhos, os brasileiros internacionais.
são mais otimistas quanto à melhoria na
compreensão dos clientes, e de modo geral
mostram-se mais afinados a eles do que seus
pares internacionais. No Brasil, 78% consideram
que hoje suas empresas conhecem melhor seus
clientes, contra 67% no global. Além disso,
enquanto 17% do outro grupo afirmou que não viu
essa melhora, no Brasil nenhum dos pesquisados
teve a mesma impressão. Em linha com isso, os
CEOs nacionais também estão mais satisfeitos
com os retornos de investimentos na
personalização da experiência do consumidor.
Enquanto 47% dos CEOs globais acham que esses
investimentos não deram o resultado esperado até
o momento, no Brasil esse nível é sensivelmente
menor – 28%. Por aqui, 60% viram resultado,
contra 41% no exterior. A proteção de dados
é vista como um fator chave no crescimento
da base de clientes das empresas. No Brasil,
78% dos pesquisados acreditam nisso, número
que no outro grupo é de 71%. Os neutros são,
respectivamente, 16% e 11%, o que faz com
que os descrentes dessa necessidade sejam
17% no exterior e apenas 6% no Brasil. Além
disso, os CEOs acreditam ser necessário que
as empresas reflitam os valores dos clientes –
em aspectos sociais, ambientais e éticos. Isso
é verdade para 70% dos brasileiros e 68% dos
globais. Os neutros, no Brasil, somam 28%, e não
há quem discorde dessa ideia. Os globais, por sua
vez, somam 14% indecisos e 15% descrentes da
necessidade desse alinhamento de ideais entre
empresas e clientes.

CEO Outlook 2019 27


Brasil versus
América Latina
Novos ventos sobre a América Latina
Otimistas com o futuro da economia mundial e atentos aos desafios
tecnológicos e transformações do mercado, CEOs brasileiros tomam a
dianteira da nova jornada de desenvolvimento latino-americana.

O Brasil sempre figurou como como um todo parecia, salvo


elemento peculiar da geografia exceções, em descompasso
física e econômica da América com seu maior integrante,
Latina. Na década passada, ao cujo Produto Interno Bruto
alcançar patamares elevados (PIB) cresceu 5,2% em 2008 e
de crescimento econômico 6,1% no ano anterior, segundo
e ostentar baixos índices de dados do Instituto Brasileiro de
inflação e desemprego, o País foi Geografia e Estatística (IBGE).
alçado à “elite” das nações em
desenvolvimento, na companhia A recente recessão brasileira,
de Índia, China, África do Sul e iniciada em 2015, trouxe o
Rússia – que também possuem aumento da inflação e da taxa
dimensões continentais e de desemprego, fazendo ruir
população na casa dos milhões. dois dos pilares da bonança
A diversificação da economia anterior. Mesmo assim, o
brasileira, fruto da combinação Brasil permanece firme no
entre indústria, agronegócio, posto de maior economia
exploração de recursos naturais latino-americana. Em 2017, seu
e um crescente setor de PIB foi de US$ 2,056 trilhões,
serviços, dá fundamento à ao passo que a economia
distinção feita entre Brasil e seus mexicana produziu US$ 1,15
companheiros de continente. trilhão, a chilena US$ 277,1
Acostumada a episódios de bilhão e a argentina US$ 637,6
instabilidade na política e na bilhões no mesmo período, de
economia, a América Latina acordo com o Banco Mundial.

28 CEO Outlook 2019       


Neste estudo, comparamos os Perspectivas para de otimistas (74%) quanto de
resultados obtidos no Brasil com economia e negócios na pessimistas (6%).
as respostas de 330 CEOs de América Latina
16 nações latino-americanas, Os brasileiros, por outro
de diferentes dimensões e Em geral, os níveis de lado, estão um pouco menos
perfis produtivos: Argentina, confiança são compartilhados confiantes em relação ao
Bolívia, Chile, Colômbia, Costa entre Brasil e seus futuro dos setores em que
Rica, Equador, El Salvador, companheiros de bloco. atuam. Enquanto 82% dos
Guatemala, Honduras, Quando perguntados CEOs nacionais vê os próximos
México, Nicarágua, Panamá, sobre as perspectivas de três anos com confiança, nos
Peru, República Dominicana, crescimento econômico para demais países essa proporção
Uruguai e Venezuela. seus respectivos países, 76% sobe e atinge os 89% –
dos brasileiros e 77% dos deixando espaço para 10% de
latino-americanos declararam neutros e 1% de pessimistas.
estar “muito confiantes” ou Dois grupos que no Brasil são
“confiantes”. No entanto, o proporcionalmente maiores,
grupo América Latina mostra com 16% e 2% do total. No
menos confiança em relação à tocante aos próximos anos das
economia mundial: 63% deles empresas que comandam, as
tem algum nível de confiança taxas de otimistas e de neutros
para os próximos três anos, 24% alinham-se novamente: 88% no
são neutros e 4% têm pouca Brasil estão “muito confiantes”
confiança. No Brasil, a fatia de ou “confiantes”, sendo 90% no
indecisos é menor (20%), como outro grupo. Os neutros são 10%
reflexo da maior proporção tanto e 12%, respectivamente.

CEO Outlook 2019 29


Quando essa confiança é desenvolvimento, os latinos Quando se trata do Oriente
decomposta em perguntas pendem mais para esse perfil Médio e do extremo da Ásia, no
relativas ao incremento na econômico: 68% irão privilegiar entanto, cada grupo adota uma
receita e no tamanho da mão o bloco, contra 31% que miram posição diferente. Enquanto
de obra empregada, o CEO países em desenvolvimento 26% dos brasileiros declaram
brasileiro fica um pouco à – outros 1% não desejam que sua prioridade é o mundo
frente dos seus companheiros. expandir-se para outros países. árabe, 20% dos demais têm
No Brasil, os que veem No Brasil, a porcentagem dos a mesma posição. E se 11%
crescimento na receita entre que buscam o primeiro grupo dos latinos olham para a Ásia,
2% e 9,9% são 32%. Os que é ligeiramente menor (62%), apenas 3% dos brasileiros os
esperam um crescimento mais e 38% preferem países mais acompanham.
modesto, entre 0,01% e 1,99%, ricos. Também diferem quais
são 64%. No estrato mais países são os preferidos dos Os latino-americanos também se
superior, que espera crescer CEOs. Observando o mundo mostram mais seguros quanto
mais de 10%, ficaram 2%, a desenvolvido, a maioria (37%) aos frutos que essa imersão
mesma quantidade dos que dos brasileiros mira na Ásia- nos países em desenvolvimento
esperam crescimento nulo. Já na Pacífico (Japão, Hong Kong e lhes renderá em termos de
América Latina como um todo, Cingapura), enquanto entre os resiliência. Enquanto 60%
30% esperam um aumento latinos apenas 13% sentem- dos brasileiros acreditam que
entre 2% e 9,9%, e 70% se atraídos pela região. Para esse movimento tornará suas
esperam crescer até 1,99%. Ou eles, o bloco econômico mais empresas mais resilientes, entre
seja: uma maior proporção de interessante é a América os demais essa taxa vai a 74%.
brasileiros vê um crescimento do Norte, preferida de 39% Os brasileiros neutros somam
mais expressivo para suas - enquanto isso, a região 40%, ante 24% do mencionado
empresas. seduz 21% dos brasileiros. bloco de países.
Também é maior a simpatia dos
No Brasil, 18% dos pesquisados latinos pela Europa (26%), na
consideram que o número comparação com os brasileiros
de empregados das suas (16%). A propensão a investir
empresas irá aumentar entre no Reino Unido pós-Brexit é
6% e 10% nos próximos três menor entre os latinos (60%
anos, proporção que na América pretendem aplicar recursos
Latina em geral é pouco menor, naquela localidade, ante 70%
de 12%. Os que veem um dos brasileiros).
crescimento abaixo de 5%
somam 74% dos brasileiros e As opiniões sobre mercados
83% entre os latino-americanos. emergentes também se
No entanto, enquanto no distinguem em alguns pontos.
Brasil 8% acreditam que esse A parcela mais expressiva dos
número permanecerá igual, no entrevistados dos dois grupos
outro grupo os menos concorda que seus mercados
otimistas são 5%. prioritários são as porções
central e sul do continente
Quanto aos planos de americano (37% no bloco latino
expansão dos negócios, e 35% dos brasileiros). Também
os CEOs dos dois grupos são semelhantes os apetites
não irão competir por pela África (14% e 13% dos
território. Embora a maioria grupos, respectivamente) e pelo
deseje investir em países em leste europeu (18% e 23%).

30 CEO Outlook 2019       


Avaliação regional dos se o fato de que, enquanto 48%
As joint ventures estão
negócios e da política dos brasileiros apontaram o
nos planos de 26% dos
objetivo de aumentar o market
Nos próximos três anos, os share, entre os latinos esse latino-americanos e nos
CEOs latino-americanos devem percentual foi de 39%. Além de 16% das lideranças
conduzir seus negócios de disso, 36% dos integrantes do nacionais. Já as ações de
maneira diferente. Ao contrário grupo latino-americano desejam fomento ao crescimento
dos brasileiros, o grupo não provocar uma transformação que orgânico, por sua vez,
tem grande apetite por ações não poderia surgir de maneira
atraem 29% dos latinos
de crescimento estruturadas orgânica; algo que, entre os
e apenas 18% dos
na relação com outras brasileiros, representa uma
companhias, a exemplos parcela de 26%. Nos demais brasileiros.
de joint ventures e fusões aspectos – como embarcar em
e aquisições (F&A), dando uma tendência de inovação
preferência ao crescimento digital, eliminar competidores e
orgânico – isto é, investindo reduzir custos – os dois grupos
em inovações, pesquisa e andam juntos, apresentando
desenvolvimento, capital e novos percentuais muito semelhantes.
produtos. Enquanto 26% dos
brasileiros pensam em F&A, no Os dois alvos desta análise
outro grupo 18% têm o mesmo podem divergir sobre como
interesse. As joint ventures se dará sua expansão, mas
estão nos planos de 26% dos concordam à respeito das
latino-americanos e nos de principais ameaças que rondam
16% das lideranças nacionais. seus negócios. Questionados
Já as ações de fomento ao sobre os maiores riscos ao
crescimento orgânico, por sua crescimento, brasileiros e
vez, atraem 29% dos latinos e demais latino-americanos
apenas 18% dos brasileiros. apontaram a cyber segurança,
E, de fato, enquanto 28% dos tecnologias disruptivas, riscos
latinos declaram que têm pouco operacionais e a adoção de
apetite por realizar fusões e práticas territorialistas. Apesar
aquisições nos próximos três disso, existem algumas nuances
anos, e 48% possuem apetite distintas. Em relação à cyber
moderado – totalizando 76% segurança, 13% dos brasileiros
de CEOs pouco interessados se declararam preocupados de
– no Brasil os desinteressados modo “significativo”, taxa que
são 14%, e os que indicaram no bloco latino salta para 40% –
“apetite moderado” são 46%. destes, 11% sentem-se afetados
Os brasileiros muito interessados de maneira “muito significativa”.
somam 38%, ante 23% do outro Os que estão “moderadamente
bloco. Uma pequena fatia, de 2% preocupados” são 39% no bloco
e 1%, respectivamente, revelou latino e 88% no Brasil. Os que se
o desejo de serem adquiridos declararam “pouco preocupados”,
pela concorrência. Na América no entanto, encontram-se
Latina, ao contrário do Brasil, apenas fora do País, somando
os motivos que levariam a uma 21%. Em relação às ameaças
F&A são mais ligados à estrutura territorialistas, 16% dos latino-
da empresa e menos à sua americanos preocupam-se mais
posição no mercado. Destaque- com a ascensão de partidos

CEO Outlook 2019 31


políticos que adotam bandeiras a disrupção irá impulsionar
68% dos CEOs brasileiros protecionistas (nenhum suas empresas, taxa que entre
declararam que estão brasileiro apontou esse risco). os demais latinos é de 64%.
empenhados na construção As proporções de preocupados E embora os descrentes dos
de uma estratégia com o futuro do Reino Unido dois lados somem os mesmos
de crescimento que pós-Brexit são idênticas nas 16%, os indecisos estão em
duas partes analisadas (42%), menor proporção no Brasil (16%
contemple um propósito
porém o número de brasileiros ante 21%). Com percentual de
social mais amplo
de olho nos negócios entre 70% cada um, os dois grupos
China e Estados Unidos é alinham-se na percepção
maior em comparação com a quanto à necessidade de
AL: 60%, ante 42%. Os que inovar processos e sua
veem aspectos regulatórios execução: eles avaliam que nos
como ameaça estão em maior próximos três anos o ritmo de
proporção no Brasil (16% renovação de suas empresas
ante 11%). Por fim, os riscos precisa melhorar. Entre os latino-
ambientais foram apontados por americanos, 11% não veem essa
ínfima parcela de 9% dos latinos necessidade, parcela que no
e de 4% dos brasileiros. Brasil é de 20%.

A pesquisa também investigou A necessidade de alinhar o


a posição dos CEOs em relação crescimento dos negócios a
ao que eles consideram mais ou um maior propósito social
menos necessário para garantir é menor na América Latina
a sobrevivência e o crescimento como um todo. Enquanto 68%
das suas empresas. A agilidade dos CEOs brasileiros declararam
em implementar mudanças que estão empenhados na
é a nova moeda de troca construção de uma estratégia de
do mundo dos negócios? crescimento que contemple um
A maioria dos dois grupos propósito social mais amplo, no
(60% dos brasileiros e 55% outro grupo 56% tem a mesma
dos latino-americanos) acredita posição. E se no Brasil 8% não
que sim. Os neutros estão em defendem essa posição, no
menor proporção no Brasil: exterior eles são 22%. Apesar
são 14% e, no outro grupo, disso, o princípio de olhar além
24%. Os que discordam da do crescimento puramente
necessidade de ser veloz a fim financeiro a fim de assegurar
de evitar a falência são 26% no o sucesso de longo prazo não
Brasil, e 40% no bloco latino. configura unanimidade em
As visões dos CEOs à respeito nenhum dos cenários. Enquanto
da rapidez para mudar também no Brasil 42% apontam que essa
é exposta quando o tema é a é uma abordagem válida, 36%
habilidade de causar disrupção dos latinos pensam da mesma
enquanto um propulsor do forma. Os que discordam formam
crescimento. Nesse aspecto, 32% e 34%, respectivamente.
os brasileiros também indicam Os neutros são 26% e 31%, na
maior inclinação à inovação: mesma perspectiva de análise.
68% acreditam que provocar

32 CEO Outlook 2019       


No assunto da mão de obra qualificada, por
sua vez, as diferenças são pequenas: 66% dos
brasileiros disseram ser desafiante encontrar
os funcionários de que precisam – apenas 6%
declararam não ter esse problema. Entre os latinos,
os mais insatisfeitos são 62% e os satisfeitos,
15%. Como vimos, os brasileiros se mostram
mais empolgados que seus vizinhos quando
a ideia é promover disrupção, mas em relação
ao meio ambiente a proporção de CEOs ainda
hesitantes à respeito da urgência de mudanças
é maior no Brasil. Embora sejam parecidas as
proporções de entrevistados que concordam que o
crescimento de suas empresas será determinado
pela capacidade de acompanhar ou mesmo
antecipar tendências de tecnologia limpa (59%
na América Latina e 62% no Brasil), os brasileiros
que declararam que não estão apostando nessa
habilidade têm mais peso: são 26%, contra 19%
no outro grupo. A fatia de neutros também é
sensivelmente menor no grupo nacional – 12%,
contra 23%.

Já as respostas a respeito de qual a métrica


de desempenho mais importante para a
função fiscal das empresas estão relativamente
harmonizadas, com cada uma das oito alternativas
apontadas angariando cerca de 12% da preferência
dos pesquisados. As diferenças mais significativas
surgiram quando os assuntos foram: o alinhamento
da função fiscal à estratégia corporativa geral
(considerada por 26% dos brasileiros e por 16% do
grupo latino-americano) e a satisfação das unidades
de negócios com os serviços fiscais existentes
(citada por 12% entre os latinos e 6% entre os
brasileiros).

CEO Outlook 2019 33


Visões e estratégias dados objetivos em favor do nessa transformação são
do CEO resiliente próprio discernimento, no outro 2% e 3%, na mesma ordem.
grupo esse índice vai a 61%. Foi medido, ainda, o nível
Quais habilidades e visões Essa abordagem “holística” de engajamento pessoal
de negócios determinam a dos negócios estende-se a dos CEOs na estratégia de
personalidade de um líder capaz fatores como a integração de inovação tecnológica das suas
de fomentar o engajamento e diferentes partes das unidades empresas. Também aqui, a
criar estratégias de resiliência de trabalho, aqui chamadas de maioria dos dois grupos – 76%
dentro das empresas? De front, middle e back offices. dos brasileiros e 67% dos latinos
modo geral, brasileiros e latino- EEntre os brasileiros, 72% – mostrou-se empenhada. A
americanos compartilham as acreditam ser mais responsáveis neutralidade foi demonstrada
mesmas concepções e hábitos por essa aproximação do que por 28% de CEOs da AL e
enquanto CEOs. Apesar dessa seus antecessores; entre os por 16% do Brasil. Os que
tendência geral, existem alguns latinos, o grupo é pouco maior, afirmaram não estar atuando
aspectos em que os dois grupos somando 79%. Os neutros na como propulsores foram 8% no
mostram divergências. É o caso, questão também são maioria Brasil e 6% na outra amostra.
por exemplo, da principal tarefa no Brasil – 28%, ante 17%. Os Também aumentou o nível de
do líder empresarial em um que discordam desse preceito confiança em relação ao uso
cenário de incertezas. Entre os são 3% no grupo latino. Essa de tecnologia de nuvem. Entre
brasileiros, a alternativa mais estratégia de integração os brasileiros, 82% estão mais
popular foi a rápida adaptação dos escritórios pode ter confiantes sobre este aspecto
a mudanças no ambiente de efeitos sobre o produto do que estavam há três anos,
negócios (resposta de 32% final, resultando em uma proporção que no outro grupo é
dos entrevistados, mas citada experiência do consumidor de 77%. Aqueles cuja confiança
por 25% dos latinos). No grupo e estabelecimento da marca não aumentou representam 4%
de países da AL, a capacidade mais intensos. É o que das duas amostras. No entanto,
de proteger o core business acreditam 76% dos brasileiros a possibilidade de migrar
é vista como a principal e 72% dos respondentes do todas as bases de dados para
responsabilidade do líder para outro grupo. Os indecisos sobre a nuvem ainda depende da
35% dos pesquisados – entre os a questão representam 24% nas conquista da confiança dos
brasileiros, 24% optaram pela duas partes analisadas, mas os executivos. No Brasil, 54%
mesma alternativa. Por sua vez, a descrentes existem apenas no declararam estar preocupados
capacidade de causar disrupção universo latino-americano, onde com tal possibilidade, grupo que
em tempos de incerteza foi a são 4%. entre os latinos soma 58%. O
opção de 25% dos entrevistados time dos confiantes representa
de ambos os grupos. É semelhante entre os dois 20% e 18% dos dois universos,
grupos o posicionamento respectivamente. Cerca de 25%
O levantamento também dos CEOs enquanto dos entrevistados de ambos os
abordou o peso que a intuição impulsionadores de uma grupos declararam neutralidade
e as experiências pessoais cultura de resiliência entre sobre o tema.
têm na tomada de decisões. os líderes que comandam.
O conjunto de CEOs latino- Na amostra brasileira, 80%
americanos mostrou-se mais dos entrevistados disseram
apegado a dados objetivos estar pessoalmente envolvidos
e menos propenso a utilizar nesse trabalho, proporção que
o instinto. Enquanto 82% dos é de 75% entre os latinos. Os
brasileiros declararam que, indecisos são 18% e 21%,
nesse aspecto, nos últimos respectivamente, e os que
três anos, deixaram de lado afirmaram não estar trabalhando

34 CEO Outlook 2019       


Criando empresas à Os brasileiros são mais
prova de choques temerosos quanto à segurança
digital, se comparados a seus
A maneira pela qual as empresas vizinhos da América Latina.
se preparam para enfrentar Por aqui, 78% acreditam que
mudanças na conjuntura suas empresas serão alvo de
econômica e em seus mercados um cyber ataque em algum
é um fator determinante para momento – ou seja, a questão
sua capacidade de ser resiliente é “quando” isso ocorrerá,
às intempéries. Nesse cenário, e não “se”. Entre os demais
qual caminho seguir? A pesquisa países, esse índice é de 62%.
ofereceu aos entrevistados Os ainda indecisos sobre o
algumas alternativas, e os tema são maioria lá fora, onde
resultados revelaram diferentes somam 32%, ante 16% no
níveis de aderência de cada Brasil. Os mais confiantes, que
grupo a essas sugestões. não creem que virá um cyber
ataque, são 6% nos dois grupos.
A ideia de que uma cyber Em razão disso, é levemente
estratégia forte tem efeito maior a proporção de CEOs
positivo junto aos stakeholders, brasileiros que declararam
por exemplo, ainda não logra estar bem preparados para
da mais vasta aceitação. um futuro cyber ataque: 68%,
Sobretudo no Brasil, onde 50% ante 61% no outro grupo. Já
dos entrevistados acreditam os que disseram estar pouco
que esse seja um fator crítico preparados também estão em
para criar confiança, e outros menor proporção no grupo
22% não acreditam que essa brasileiro: 4%, contra 12% nos
seja uma necessidade. Entre os demais países.
latinos, a parcela é um pouco
maior: 61% creem neste poder Neste contexto, os líderes
da cyber estratégia, mas 17% devem promover o treinamento
não. Os CEOs do continente de funcionários para fazer
também parecem estar em frente aos desafios de
processo de convencimento à segurança e informação digital,
respeito do papel da segurança capacitando-os em habilidades
da informação como fonte de como visualização de dados
vantagens competitivas. Entre e programação. A pesquisa
os brasileiros, 68% acreditam perguntou qual fatia da força de
que esse tipo de cuidado lhes trabalho os CEOs planejam treinar,
confere diferenciais ante a e os brasileiros mostraram-
concorrência, proporção que, se inclinados a engajar um
entre os demais latinos, é pouco maior número de pessoas
menor (64%). Os que discordam nessa atualização. Aqui, 20%
dessa ideia são 10% e 12%, pretendem treinar entre 51% e
respectivamente, enquanto que 70% dos seus funcionários, e
22% e 20%, na mesma ordem 48%, a maior fatia, deve oferecer
de análise, a veem de treinamentos a 41% a 50% do
maneira neutra. pessoal nos próximos três anos.

CEO Outlook 2019 35


Apesar disso, os CEOs brasileiros populares entre os brasileiros
A opção mais popular
estão menos satisfeitos que a colaboração com startups
entre os líderes do os seus pares em relação como fintechs e healthtechs,
bloco latino foi o a especialistas de algumas (opção de 64% dos brasileiros
estabelecimento de áreas estratégicas. Enquanto e 58% dos demais) e parcerias
aceleradoras no Brasil 32% deram uma com provedores de tecnologia
e incubadoras nota igual ou menor do que 2 em geral (62% e 45%,
de startups para os especialistas em cyber respectivamente). A distribuição
segurança, na América Latina das escolhas dos CEOs
22% os avaliaram da mesma estrangeiros foi mais uniforme,
forma. E se, em nosso país, 30% com cada uma das alternativas
concedem notas acima de 6, entre recebendo entre 45% e 60% dos
os latinos essa proporção vai a votos. A opção mais popular
51%. O mesmo fenômeno se entre os líderes do bloco
repete quanto aos especialistas latino foi o estabelecimento
em tecnologias emergentes, de aceleradoras e incubadoras
como Inteligência Artificial (IA): de startups, citadas por 60%
58% dos brasileiros classificam deles – no Brasil, os mesmos
seus experts com as notas mais 60% apontaram essa alternativa.
altas (acima de 6), mas entre os A maioria, nos dois grupos
latinos essa proporção é de 69%. (64% dos brasileiros e 68%
Os entrevistados que deram as dos demais latino-americanos)
notas mais baixas, por sua vez, acredita que as parcerias estilo
são 26% e 12% dos dois grupos, third-party são a única maneira
respectivamente. Em categorias de criar a agilidade que suas
como gerente de transformação empresas precisam. Mas os que
digital, cientistas de dados, não acreditam que essa seja
especialistas em mercados sua principal ferramenta estão
No grupo latino-americano, a emergentes e especialistas em maior proporção no Brasil:
maior porção de respondentes em ética e governança, os dois aqui, eles são 20%, e no outro
(48%) deve treinar entre 31% grupos distribuíram-se de maneira grupo 13%. Nessas e em outras
e 40% do pessoal. Outros homogênea, com a nota 5 sendo parceiras, qualidade é melhor
26% irão treinar de 41% a opção para algo em torno de 20% do que quantidade, de acordo
50%, e 9% acima da metade. e 30% dos entrevistados. com os entrevistados: para
Além disso, o Brasil também 64% dos brasileiros e 67% dos
sai na frente em relação ao Os brasileiros voltam a se latinos, é mais interessante ter
andamento da contratação de destacar em relação às ações a relações comerciais profundas,
funcionários com esse know- serem tomadas nos próximos ainda que sejam poucas.
how digital. Se aqui 54% dos três anos para alavancar No Brasil, é maior a fatia de
CEOs já estão admitindo esse o crescimento. Enquanto CEOs que não acreditam que
pessoal, independentemente a alternativa mais citada no “menos é mais”: enquanto
de estratégias de crescimento, Brasil foi o estabelecimento 18% deles disseram que não
no outro grupo 41% têm a de parcerias third-party com estão buscando qualidade no
mesma posição. Na AL, de um fornecedores de tecnologia lugar de quantidade, entre os
modo geral, a maioria (59%) dos de nuvem, citada por 68% demais apenas 9% adotaram a
executivos está aguardando atingir dos entrevistados, entre os mesma posição. Apesar disso,
certas metas de crescimento demais latino-americanos essa é semelhante a proporção de
antes de empregar esse tipo de alternativa foi mencionada CEOs que já deixaram de firmar
funcionário. por 47%. Também são mais uma parceria porque a outra

36 CEO Outlook 2019       


empresa não estava alinhada A pressão disruptiva na do grupo latino e 62% dos
aos valores praticados na casa. América Latina brasileiros. Já para 21% e 18%,
No Brasil, 61% dos líderes respectivamente, a disrupção
já passaram por isso, sendo Como os CEOs latinos sentem não se dá apenas pela via
60% na América Latina. Os as transformações do mercado tecnológica.
que nunca reconsideraram e a pressão para que suas
um negócio por falta de empresas também mudem? Sendo a tecnologia um fator
alinhamento ideológico Os números mostram que é central (ainda que não o único)
formam um grupo levemente maior a proporção de brasileiros nas mudanças que diversos
maior no conjunto latino: 17%, que se sentem pressionados mercados enfrentam, os CEOs
ante 12% no Brasil. para inovar e estão alertas à avaliaram em qual horizonte
dinâmica disruptiva de seus de tempo eles esperam o
Qual será a principal estratégia mercados. Enquanto 68% retorno dos investimentos
dos entrevistados para dos latino-americanos estão feitos em seus programas de
garantir que suas empresas provocando a disrupção em transformação digital, com
estejam prontas para o futuro? suas áreas de atuação, em vez ênfase nos projetos de IA e
Nesse campo, os dois grupos de esperar que a concorrência automação por robótica. Em
alinharam-se. Modernizar o o faça, no Brasil essa proporção relação ao programa geral
conjunto de funcionários nas é maior: 76%. Também de inovação tecnológica das
suas habilidades é a opção mais representam 76% do total a empresas, 73% dos latinos
popular para ambos: 40% dos parcela de brasileiros que se trabalham com um horizonte
brasileiros e 37% dos latinos. sentem sobrecarregados pela de tempo de entre 12 meses
Em seguida, vêm os esforços cobrança para inovar, grupo que e três anos, percentual que
para aumentar o engajamento entre os demais CEOs soma entre os brasileiros é de 70%.
do cliente – citado por 22% 63% da amostra. A fatia dos que pensam em ter
e 23%, respectivamente. Na retorno daqui a três e até 10
mesma ordem de análise, A maioria dos brasileiros e dos anos é 29% no Brasil e de 26%
terceirizar funções executadas demais latinos dizem possuir nos demais. Já em relação aos
internamente é a prioridade estruturas para revisar e investimentos em sistemas de
de 22% e 19% dos CEOs, e adaptar seus modelos de IA e robótica, o brasileiro tem
redefinir a precificação dos seus negócios em uma conjuntura mais pressa que os vizinhos.
bens será a estratégia de 16% e de disrupção, garantindo Aqui, 74% esperam ter retorno
21% deles, respectivamente. A que a empresa permaneça entre 12 meses e três anos
maior parte dos investimentos competitiva. No Brasil, 80% dos recursos aplicados em IA,
que visam aumentar a dos CEOs as possuem, ante índice que nos demais países
resiliência das empresas será 75% no outro grupo. Também mal ultrapassa a metade da
direcionada à compra de novas é levemente maior o peso, amostra (55%). No campo da
tecnologias, segundo 62% dos entre os brasileiros, dos robótica, a diferença é mais
brasileiros e 61% dos latinos – o que consideram a disrupção sensível: 60% dos brasileiros
restante dos recursos prioritários tecnológica antes uma aguardam um menor horizonte
irá para o desenvolvimento de oportunidade, e não uma temporal, enquanto entre os
funcionários. ameaça: por aqui, 94% pensam demais latinos 32% adotam
dessa maneira – entre os a mesma posição. Tal desejo
latino-americanos, a taxa é de um retorno rápido entre os
de 88%. Para pouco mais da brasileiros tem fundamento:
metade, em ambos os grupos, a nossas empresas estão
tecnologia não é o único desafio implementando processos de
disruptivo que suas empresas IA em um ritmo mais intenso
enfrentam. É o que pensa 58% que o geral da América Latina.

CEO Outlook 2019 37


Dentre os CEOs brasileiros, assim, descartá-las? O sistema Responsabilidades dos
60% estão implementando apelidado de “fail fast” (“falhe CEOs hoje a amanhã
IA em processos específicos, rápido”) é celebrado pela
e 18% implementaram em maioria dos CEOs dos dois Foi pedido aos entrevistados
parte dos processos. Lá fora, grupos: 70% dos brasileiros e que apontassem sua principal
os respectivos índices são de 68% dos latinos afirmam que motivação como líderes. Alguns
41% e 12%. A visão sobre as suas empresas o adotam. Os desses estímulos encontram
consequências da adoção de que não apreciam esse modo eco entre Brasil e o restante do
tecnologia sobre os empregos de trabalhar são 8% e 9% dos continente. Caso, por exemplo,
é compartilhada entre os dois dois grupos, respectivamente, do aumento do crescimento de
grupos: 78% dos brasileiros e e o restante não têm opinião curto prazo (resposta de 20%
79% dos latinos acredita que formada. Por isso, é igualmente dos dois grupos), da criação de
a tecnologia irá criar mais popular o objetivo de dar riqueza para os funcionários
empregos, em vez de aos funcionários confiança e (citado por 12% dos brasileiros
eliminá-los. tranquilidade para inovar, sem e 11% dos latinos) e da geração
pressioná-los com eventuais de impacto socioambiental
Na trajetória da inovação, represálias por errarem no positivo (prioridade de 10%
ideias são criadas e testadas processo. Entre os latinos, 77% e 11%, respectivamente).
diariamente. Nem todas trarão declararam adotar essa visão em Oferecer um bom retorno para
o resultado esperado. Qual é o suas empresas, índice próximo investidores, por sua vez, é mais
melhor momento para descobrir ao brasileiro (74%). popular no Brasil, onde esta foi a
falhas em novas soluções e, terceira principal motivação em
termos de representatividade:
16% têm essa meta, ante 11% do
outro grupo.

38 CEO Outlook 2019       


Deixar suas visões de negócios colegas de continente. Enquanto
como herança para os próximos aqui 82% dos CEOs declararam Para alguns dos
CEOs é outra preocupação que já deram um passo em falso entrevistados, os processos
corrente, sobretudo no Brasil. do qual se recuperaram, no grupo que levam a um melhor
Aqui, 80% estão colocando em da América Latina 62% passaram relacionamento com os
prática medidas que visam à pela mesma situação. Os que
clientes ainda precisam de
permanência de suas concepções declararam que nunca cometeram
de gestão, ante 63% no restante um erro significativo são 4% no mais tempo de maturação –
do continente. Os que não têm Brasil e 11% na outra parte de sobretudo no Brasil.
essa meta somam 12% do entrevistados.
grupo latino, e apenas 2% do
brasileiro. Vale lembrar que, em Se a autocrítica brasileira é
média, um CEO passa cinco anos mais rigorosa nesse aspecto,
no cargo – para 78% do grupo se tratando da capacidade de
latino e 76% do brasileiro, esse compreender os clientes, o
é um horizonte de tempo inferior grupo é mais otimista do que
ao que era praticado quando seus vizinhos no que tange às
os entrevistados iniciaram suas suas habilidades. Enquanto na
carreiras. Para 78% e 74% dos América Latina 69% declararam
dois grupos, respectivamente, a que conseguiram melhorar o
gestão de cinco anos aumenta a conhecimento das empresas
necessidade de agir de maneira à respeito dos clientes, e 9%
rápida – os que discordam dessa admitiram que não foram
afirmação formam 8% e 4% capazes disso, no Brasil os
dos dois grupos. Esse tema abre otimistas somam 78%, sobrando
uma nova frente de avaliação: o 22% de neutros e nenhum
que os CEOs pensam a respeito pessimista. Ainda assim, para
da função que ocupam e como alguns dos entrevistados, os aspecto, há consenso. Para
a enxergam na estratégia processos que levam a um 78% dos brasileiros e 76%
das empresas. Para cerca de melhor relacionamento com dos latino-americanos, zelar
metade dos dois grupos (65% da os clientes ainda precisam de pela confidencialidade de
América Latina e 58% do Brasil), mais tempo de maturação – informações é uma das
o perfil do CEO deve estar em sobretudo no Brasil. Quando suas principais atribuições
harmonia com o momento que perguntados se até o momento como CEO, cuidado que irá
a companhia está vivendo. Isto os investimentos feitos para possibilitar o crescimento da
é, diferentes tipos de líderes personalizar a experiência do base de clientes. Também é
são necessários em diferentes consumidor refletiram-se no significativo o apreço que os CEOs
estágios corporativos, como crescimento da empresa, 60% têm pelos valores dos clientes, e
crescimento ou reestruturação. dos brasileiros e 59% dos latinos aqui o Brasil também se destaca.
A fatia dos que acreditam que responderam que sim. Os que Para 70% dos brasileiros e
não é necessário que exista ainda não viram esse tipo de 66% do outro grupo, o CEO é o
essa confluência entre o perfil resultado formam um grupo responsável por garantir que as
do CEO e a empresa também proporcionalmente maior no políticas ambientais, sociais e de
é numerosa, somando 22% Brasil: 28%, ante 16%. governança das empresas reflitam
da amostra brasileira e 20% da as convicções dos clientes. E se
latino-americana. Na avaliação da A proteção de dados dos clientes no grupo latino-americano 10%
incidência de erros cometidos é outro ingrediente para o discordam dessa ideia, no Brasil
durante a carreira, os brasileiros crescimento cuja importância apenas 2% dos entrevistados
tomaram a dianteira frente aos estratégica foi avaliada. Nesse manifestaram-se contrários.

CEO Outlook 2019 39


Brasil versus
América do Sul
Brasil e América do Sul:
as similaridades de um continente
Apesar das diferenças socioeconômicas entre o nosso país e
as demais nações do continente sul-americano, as respostas
dadas pelos CEOs dos dois grupos refletem uma harmonia de
pensamento das lideranças consultadas.

O cenário econômico brasileiro mensurar no médio prazo. de vista dos CEOs do Brasil (50
no primeiro semestre de 2019 entrevistados) e dos demais
ainda não é dos melhores. O país Em breve análise conjuntural da países da região que integraram
luta para sair de uma crise que economia dos demais países o levantamento são, em maioria,
tem como principal expoente da América do Sul, é possível muito semelhantes – até porque
o alto índice de desemprego dizer que todos eles vivenciam considerou-se uma distribuição
cravado em 12,4%, ou 13,1 a mesma situação. Alguns equânime dos setores
milhões de pessoas, segundo com uma quadro agravado de produtivos representados. Cabe
o último levantamento do dificuldades, outros em situação ressaltar, ainda, no que tange ao
Instituto Brasileiro de Geografia mais estável. No estrato da perfil desses grupos, que 40%
e Estatística (IBGE). Por pesquisa CEO Outlook 2019 das empresas brasileiras têm
outro lado, o mês de janeiro da KPMG, que ora analisamos, capital aberto, um percentual
foi inspirador no sentido de foram consideradas as médias parecido com o das companhias
promover a expectativa de das respostas dadas pelos que integram o segundo grupo,
melhoras – graças a ascensão executivos de oito nações: de 51%.
ao cargo máximo do Executivo Argentina, Bolívia, Chile,
de um presidente com perfil Colômbia, Equador, Peru, Uruguai Deste modo, vale observar com
liberal, que foi eleito com base e Venezuela (perfazendo um total mais atenção, ao longo desta
em sua proposta de promover de 235 entrevistados). Embora análise, as poucas divergências
o crescimento econômico do seja necessário considerar as percebidas. Uma das principais
País. No entanto, esta confiança particularidades de cada um está na faixa de receita acusada
tende a oscilar conforme as deles, de um modo geral o pelos entrevistados. Enquanto
decisões do atual governo comparativo entre as respostas 56% dos brasileiros afirmam
sejam colocadas em prática e dadas pelos executivos de ter faturado entre US$ 1 bilhão
efetivamente concretizadas – companhias dos dois grupos e US$ 9,9 bilhões no ano fiscal
algo que somente será possível deixa perceber que os pontos mais recente, apenas 34% dos

40 CEO Outlook 2019       


sul-americanos disseram o mesmo, ficando a É um pouco maior a parcela de sul-americanos
maior parcela, de 50%, com aqueles que registram que apresentou a mesma expectativa: 74%.
a metade disso, ou seja, uma receita que gira em Crescimento maior que este, entre 2% e 4,99%, é
torno de US$ 500 milhões e US$ 999 milhões. esperado por 30% dos CEOs brasileiros, ante 22%
Na faixa de faturamento acima de US$ 10 bilhões, dos que integram o segundo grupo.
no entanto, os dois grupos estão praticamente
equiparados, com 20% dos brasileiros, ante 16% Em relação ao quadro de funcionários, 74% dos
dos demais. Por outro lado, a receita dos dois brasileiros esperam ampliação máxima de 5% – o
blocos aumentou, na comparação entre o último mesmo que foi declarado por 82% do segundo
exercício e o imediatamente anterior, para 74% grupo. Embora 8% dos CEOs do Brasil e 10% dos
das companhias brasileiras e 70% das demais. sul-americanos tenham afirmado que não farão
Exatamente a mesma parcela, de 24% de ambos contratações, ninguém disse que pretende demitir
os grupos consultados, afirmou que o faturamento funcionários.
se manteve igual.
EXPANSÃO INTERNACIONAL
A CONFIANÇA É A MARCA DE BRASIL E
DEMAIS PAÍSES Pensando na possibilidade de atuar em outros
países nos próximos três anos, 62% dos
Apesar das particularidades que enfrentam brasileiros afirmaram que apostariam em
cada uma das nações que integram a pesquisa, mercados emergentes. É a mesma opção do
a maioria dos brasileiros (76%) e dos latino- segundo grupo, porém em maior porção, de 72%.
americanos (80%) estão de algum modo Na outra ponta, a dos mercados desenvolvidos,
confiantes no crescimento de seu país nos estão as expectativas de 38% das lideranças
próximos três anos – mantiveram-se neutros, 24% nacionais e de 28% dos países vizinhos. Para
e 19%, respectivamente. 66% dos brasileiros e 70% dos sul-americanos,
ao visar este bloco para possíveis expansões,
No que se refere à confiança no crescimento da busca-se priorizar países e regiões que fazem
economia global no próximo triênio, os brasileiros parte da iniciativa “Belt and Road” da China.
seguem como uma maioria de confiantes, com Ainda, 60% dos CEOs do Brasil e 67% dos demais
74% do total. Os sul-americanos representam uma países, afirmam estar construindo presença nos
parcela um pouco menor, de 66%, porém, neste mercados emergentes para tornar suas respectivas
último grupo, o número de entrevistados que se companhias mais resilientes como um negócio. No
mantiveram neutros subiu para 32%. É igual nos caso dos emergentes, o quadro abaixo mostra as
dois blocos analisados o percentual de “não muito preferências dos dois grupos analisados:
confiantes”: 6%.
América
Em relação ao crescimento do setor em que Localidade Brasil
do Sul
atuam, no mesmo período de tempo, 82% os
CEOs brasileiros estão confiantes, enquanto que África 13% 8%
92% dos que integram o outro grupo disseram o América Central/Sul 35% 36%
mesmo. Por fim, em relação às suas empresas,
Leste Europeu 23% 19%
88% os líderes no Brasil se disseram confiantes,
mesma resposta dada por 90% dos sul- Oriente Médio 26% 23%
americanos.
Ásia-Pacífico
(excluindo Japão,
A perspectiva de expansão das receitas das 3% 14%
Hong Kong e
companhias é parecida nos dois grupos: 64% dos
Singapura)
brasileiros acreditam em um crescimento que varie
entre 0,01% e 1,99% ao ano, no próximo triênio.

CEO Outlook 2019 41


América
Por outro lado, no que se refere aos mercados Estratégia para expansão Brasil do Sul
desenvolvidos, Brasil e demais países da América
do sul, desenham as seguintes perspectivas: Fusões & Aquisições 26% 16%
Crescimento orgânico (ou
América seja, inovação,
Localidades Brasil P & D, investimentos de 18% 33%
do Sul
capital, novos produtos e
Australásia 26% 21% recrutamento)
Europa 16% 28% Joint Venture 26% 14%
América do norte 21% 41% Alianças estratégicas com 26% 26%
terceiros
Ásia-Pacífico (ou seja,
Japão, Hong Kong e 37% 10% Terceirização 4% 11%
Singapura)
De todo modo, nos próximos três anos, no que
A particularidade aqui, no caso dos mercados tange às fusões e aquisições (F&A), 46% dos
desenvolvidos, tem a ver com o Brexit. Uma brasileiros afirmaram ter um apetite moderado,
vez concretizada a saída do Reino Unido da o que significa fazer aquisições com impacto
Comunidade Europeia, 70% dos brasileiros e moderado em toda a organização. Esta também
52% dos sul-americanos avaliam ser muito mais foi a resposta da maioria dos sul-americanos,
provável fazerem investimentos naquela localidade. com 54% do total de entrevistados. Declararam
Diferença marcante entre os dois grupos que têm apetite baixo (dificilmente farão qualquer
analisados surge quando sabemos que 6% dos aquisição) 38% dos brasileiros e 28% dos sul-
brasileiros afirmaram ser menos provável que isso americanos. No que se refere aos motivos
aconteça. Entre os sul-americanos este percentual que impulsionam a busca por expansão das
sobe para significativos 24%. Cabe notar que companhias por meio de F&A, temos o seguinte
o levantamento identificou um parcela de 48% quadro que mostra um equilíbrio entre os dois
de empresas brasileiras que já operam no Reino grupos analisados:
Unido, ante 53% entre os sul-americanos.
Motivação para buscar América
Brasil
OS CAMINHOS PARA A EXPANSÃO F&A do Sul
Para aumentar a quota de
48% 41%
Buscando a expansão dentro de seu próprio país mercado
ou fora dele, os CEOs dos dois grupos analisados Para transformar nosso
validaram as mais diferentes opções estratégicas modelo de negócios mais
26% 38%
para alcançar tais objetivos nos próximos três rápido do que o crescimento
orgânico
anos. Porém, enquanto que no Brasil parece haver
uma distribuição equânime entre as diferentes Para incorporar nova
45% 34%
tecnologia digital/inovação
modalidades, entre os países da América do Sul, o
crescimento orgânico desponta com uma parcela Para eliminar um concorrente
40% 37%
direto
ligeiramente maior que as demais.
Para aproveitar as avaliações
38% 46%
favoráveis
Para utilizar o financiamento
barato antes do aumento das 33% 32%
taxas de juros
Reduzir custos através de
sinergias/economias de 48% 46%
escala
Para diversificar o negócio 21% 30%
Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher mais de
uma opção.

42 CEO Outlook 2019       


As principais ameaças e as atitudes crescimento puramente financeiro, se quiserem
que visam ao crescimento alcançar um sucesso sustentável de longo prazo,
apenas 29% dos sul-americanos pensam da
Entre os fatores que podem ameaçar o mesma maneira. Por outro lado, equilibram-se as
crescimento de suas empresas, 22% dos CEOs parcelas de CEOs dos dois grupos que declararam
do Brasil apontaram como o principal deles a que o crescimento de suas organizações será
segurança cibernética, preocupação indicada por determinado por sua capacidade de antecipar e
17% dos sul-americanos. O risco operacional é navegar na mudança global para uma economia
um ponto de inquietação para 16% dos CEOs do de tecnologia limpa e com baixo teor de carbono
Brasil, mas o percentual sobe para 21% nos países (62% e 51%, respectivamente).
vizinhos. Nos dois grupos, as seguintes ameaças
apresentaram percentuais de 10% ou mais: risco O levantamento da KPMG também dedicou
de tecnologia emergente/disruptiva (16% no um espaço importante para saber as opiniões
Brasil e 17% na América do Sul); risco regulatório dos CEOs sobre as métricas de desempenho
(16% e 10%, respectivamente); e retorno ao mais significativas para a função fiscal da
territorialismo (10% e 15%, na mesma ordem). suas organizações. O quadro abaixo mostra
um equilíbrio entre as respostas dadas pelos
Além das ameaças, os CEOs preocupam-se brasileiros e pelos sul-americanos.
com as atitudes que eventualmente podem vir a
“travar” o crescimento de suas empresas. Estão Métrica de desempenho América
relativamente equilibradas as opiniões dos líderes Brasil
para a função fiscal do Sul
dos dois grupos em relação a isso. Para 60%
Os riscos fiscais são
dos brasileiros e 49% dos sul-americanos atuar
gerenciados adequadamente
com agilidade é a nova moeda dos negócios: 10% 13%
de acordo com os valores e
para eles, a lentidão na tomada de decisões pode objetivos organizacionais
representar a falência. Para 68% das lideranças
Precisão dos retornos e
nacionais e 62% das que atuam em países vizinhos 8% 10%
esquiva de penalidades
do continente o crescimento da companhia
depende de sua capacidade de desafiar e Os prazos para cumprimento
romper qualquer norma de negócios. Além de impostos estão dentro do 10% 10%
cronograma
disso, nos próximos três anos, 70% dos brasileiros
e 69% dos demais estarão empenhados em Função tributária está alinhada
melhorar os processos de inovação e execução para suportar a estratégia 26% 21%
de suas empresas. corporativa
Os resultados das auditorias
Muitos CEOs estão interessados em vincular de jurisdição fiscal são os 12% 12%
a estratégia de crescimento a um objetivo esperados
social mais amplo para a organização, pois As unidades de negócios
assim pensam 68% dos brasileiros e 50% dos estão satisfeitas com os 6% 12%
sul-americanos. Por fim, outra questão parece ser serviços fiscais fornecidos
primordial para os CEOs dos dois grupos: superar
Função tributária gerencia
os desafios de encontrar os trabalhadores de com eficiência os recursos do 18% 14%
que necessitam (66% e 58%, respectivamente). departamento
Função fiscal gera economia
Vale acrescentar que há, ainda, uma preocupação 10% 8%
de caixa para organização
em atender as questões de sustentabilidade, tão
presentes no universo corporativo dos dias de
hoje. Apesar disso, enquanto 42% dos brasileiros
acreditam que devem olhar para além do

CEO Outlook 2019 43


Lideranças preparadas para a
transformação tecnológica
OS CEOs também opinaram sobre o seu
Em um mundo marcado por mudanças frequentes envolvimento na estratégia de tecnologia da
e cada vez mais rápidas, os CEOS precisam suas organizações. A maioria dos brasileiros
aprimorar a resiliência, ou seja, tornar-se capazes (76%) afirmaram estar liderando, pessoalmente,
de se adaptar com agilidade às transformações. a estratégia de tecnologia de nuvem para sua
Avaliando suas empresas, os entrevistados pelo organização – mesma resposta foi dada por 65%
CEO Outlook opinaram sobre o que consideram dos sul-americanos. Também em parcela mais
um negócio verdadeiramente resiliente. Para 24% expressiva, 82% dos CEOs do Brasil disseram
dos brasileiros e 37% dos sul-americanos, este que estão mais confiantes em aumentar o
status pertence às empresas que são capazes uso de tecnologias de nuvem hoje do que em
de proteger seu core business. Adaptar-se qualquer outro momento nos últimos três anos –
rapidamente ao ambiente de negócios em afirmaram o mesmo 72% do líderes do segundo
mudança foi a opção indicada por 32% e 25%, grupo. Apesar dessa tranquilidade em relação à
respectivamente. A capacidade de ser disruptivo estratégia em si, 54% dos brasileiros e 55% dos
perante o mercado é a característica apontada sul-americanos admitiram estar preocupados com
por 24% e 25%, na mesma ordem de avaliação. a migração de todos os dados comerciais de suas
Porém, 20% dos brasileiros e 13% dos sul- companhias para a nuvem – obviamente, pelos
americanos acreditam que é preciso ter todas riscos da segurança cibernética implicados nesse
essas capacidades juntas para ser plenamente processo.
resiliente.
Mais do que nunca, a disrupção
Seja como for, as lideranças estão confiantes em
suas próprias decisões, pois 82% dos brasileiros O levantamento constatou que 76% dos CEOs do
e 63% do sul-americanos afirmaram que, no Brasil – e 59% dos que atuam em países vizinhos
momento de tomar decisões críticas nos últimos – declararam estar tomando a frente no que
três anos, deixaram de lado os insights fornecidos se refere a buscar a disrupção no mercado,
pelos modelos de análise de dados ou mediados em vez de esperar que seus concorrentes façam
por computador por serem contrários à sua própria isso. Entre os brasileiros, 80% garantem que
experiência. Em relação à sua supervisão em suas organizações dispõem de estruturas para
diferentes áreas funcionais, temos o seguinte revisar o modelo de negócios e garantir que
quadro comparativo das opiniões dadas pelos dois ele permaneça competitivo diante da disrupção
grupos analisados: – 70% do entrevistados do segundo grupo
Posicionamento enquanto América disseram o mesmo. Ainda assim, 76% e 58%,
Brasil respectivamente, afirmam que os tempos de
supervisor do Sul
espera para alcançar um progresso significativo
Como CEO, sou responsável na transformação muitas vezes parecem
por garantir a conexão entre
o front, middle e back office 72% 78% esmagadores.
de uma maneira que meus
antecessores não eram É praticamente maioria absoluta (94%) o número
Garantir que o front office de brasileiros que vê a disrupção tecnológica mais
esteja perfeitamente como uma oportunidade do que como ameaça –
conectado ao middle e back os sul-americanos, com uma parcela de 81%, não
76% 73%
office é a chave para criar uma ficam muito atrás. Tanto é que 78% dos brasileiros
experiência de marca e de
cliente mais forte e 80% dos demais acreditam que as tecnologias
de inteligência artificial e robótica criarão mais
Eu estou ativamente empregos do que o contrário.
transformando nossa equipe 80% 72%
de liderança para fortalecer
nossa resiliência Além disso, 74% e 69%, respectivamente,
Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher afirmaram que desejam que seus funcionários
mais de uma opção

44 CEO Outlook 2019       


se sintam capacitados para inovar, sem se digitais de seus funcionários nos próximos três
preocupar com consequências negativas anos:
no caso de a iniciativa falhar. No entanto, as
lideranças sabem que a tecnologia de avanço Percentual de
rápido não é a única disrupção significativa que aprimoramento digital
América
o seus negócios enfrentam. Assim pensam dos funcionários a Brasil
do Sul
62% e 55%, respectivamente. O quadro abaixo ser promovido pela
mostra as expectativas em relação ao período organização
de tempo em que esperam ver, no programa 1%-10% 2% 0%
geral de transformação digital de suas empresas,
11% - 20% 2% 1%
um retorno significativo do investimento em
transformação digital, em inteligência artificial e em 21% - 30% 12% 17%
automação de processos robóticos. 31% - 40% 16% 52%
41% - 50% 48% 22%
Período de retorno
América 51% - 60% 8% 6%
dos investimentos em Brasil
do Sul
transformação digital
61% - 70% 12% 2%
Dentro de 12 meses 48% 23%
Em 1-3 anos 22% 54%
Em 3-5 anos 28% 20% Ainda no que se refere ao quadro de funcionários,
54% dos brasileiros e 35% dos sul-americanos
Em 5-10 anos 2% 2%
afirmaram que já estão contratando pessoal que
Nós já alcançamos um possua novas habilidades, independentemente das
retorno significativo sobre - 1%
o investimento futuras metas de crescimento. Não farão o mesmo
46% e 65% respectivamente, preferindo esperar
atingir determinadas metas de crescimento. Os
Lideranças resilientes, organizações idem CEOs também classificaram a eficácia de seus
funcionários na atualidade em diferentes aspectos:
Não são apenas os CEOS que afirmam estar
preparados para a inovação e, portanto, são mais
resilientes. A aposta na inovação para promover
o crescimento está de tal modo enraizada nas
companhias que 50% dos brasileiros e 64%
dos sul-americanos defendem que uma forte
estratégia cibernética é fundamental para gerar
confiança nos principais interessados. Também
68% e 65%, na mesma ordem, entendem que
a segurança da informação é uma função
estratégica e uma fonte potencial de vantagem
competitiva. Ainda assim, estão cientes que
tornar-se vítima de um ataque cibernético é algo
que fatalmente ocorrerá – 78% dos brasileiros, e
52% dos demais pensam assim. Para 68% dos
brasileiros isso não é um problema, uma vez que
afirmam que sua organização está preparada para
esse futuro ataque cibernético – entre os sul-
americanos, o percentual ficou em 64%. O quadro
abaixo mostra a intenção das empresas no que
se refere ao aprimoramento das capacidades

CEO Outlook 2019 45


que está no horizonte de 52% e 60%. Aumentar
América o investimento em processos de detecção de
Áreas de atuação Brasil
do Sul disrupção e inovação será a medida adotada por
Especialistas em 60% e 47%. Adotar a estratégia de corporate
30% 50% venturing é uma escolha de 44% e 54%. A parceria
segurança cibernética
com provedores de dados de terceiros pode ser
Cientistas de dados 52% 59%
viável para 68% e 54%. Por fim, a cooperação com
Especialistas emergentes provedores terceirizados de tecnologia de nuvem
em tecnologia (por terceirizados é considerada por 62% e 39%.
48% 70%
exemplo, especialistas em
inteligência artificial)
Sobre a experiência de suas organizações na parceria
Gestores de com empresas terceirizadas, 64% dos brasileiros
56% 51%
transformação digital afirmaram que a única maneira de a organização
Especialistas em atingir a agilidade que necessita é aumentar o
sustentabilidade (ou seja, uso de parcerias externas – assim responderam
liderar a integração do 52% 49% 71% dos sul-americanos. Também 64% dos CEOs
pensamento sustentável
brasileiros afirmaram estar priorizando qualidade
na estratégia de negócios)
e não quantidade nas novas parcerias (68% dos
Especialistas em demais países concordaram). Além disso, 60%
48% 44%
mercados emergentes dos brasileiros já reconsideraram, no passado, uma
Especialistas em parceria que teria ajudado no crescimento porque
50% 54%
governança/ética a organização externa não se encaixava bem com
Especialistas em a cultura e o objetivo da empresa (59% dos sul-
modelagem de cenários americanos fizeram o mesmo).
e riscos (ou seja, para 50% 48%
prever e mitigar riscos de Questionados sobre qual estratégia os deixa mais
negócios futuros) confiantes para garantir que suas organizações
Especialistas em recursos estejam preparadas para o futuro, 40% dos CEOs
44% 48% brasileiros e 33% dos sul-americanos avalia que
humanos
a mais garantida é a modernização do quadro
Obs.: nesta questão coube aos entrevistados escolher de trabalhadores, com a adoção de automação
mais de uma opção enxuta e inteligente e da contratação de força de
trabalho baseado no conceito de “habilidades sob
Além de capacitar funcionários, os CEOs demanda”. Percentual um pouco menor, de 22%
indicaram outras medidas que a organização corresponde às opções de melhorar o engajamento
pretende empreender nos próximos três anos do cliente e de reimaginar funções internas
no âmbito tecnológico, com objetivo de buscar como serviços – os demais países apontaram
seu crescimento – e aqui valem uma ou mais percentuais de 23% e de 18%, respectivamente.
das opções. Colaborar com startups inovadoras Por fim, os líderes escolheram a opção “redefinir
(FinTechs, InsurTechs, HealthTechs etc.) é a como valorizamos ativos, incluindo dados”, como
opção de 64% dos brasileiros e de 58% dos outra opção, sendo 16% de brasileiros e 26% de
sul-americanos. Juntar-se a consórcios da sul-americanos.
indústria com foco no desenvolvimento de
tecnologias inovadoras foi indicação de 64% e Pensando especificamente em melhorar a
58%, respectivamente, na mesma ordem acima. resiliência da organização, 62% dos CEOs dos dois
Configurar programas de aceleração ou incubadora grupos analisados afirmaram que estão colocando
para empresas iniciantes é algo a ser considerado mais investimento de capital na compra de nova
por 60% e 61%. Disponibilizar produtos e serviços tecnologia. Os demais disseram que o foco dos
por meio de um provedor de plataforma online investimentos está no desenvolvimento das
(como as plataformas de mídia social) é um recurso habilidades e capacidades dos empregados.

46 CEO Outlook 2019       


Qual é o verdadeiro papel do líder?

Para encerrar, o CEO Outlook da KPMG quis saber


qual é o papel dos executivos na transformação, a
partir do questionamento de suas motivações para
estar à frente dessas organizações. Os resultados
mostram um equilíbrio entre os dois grupos
analisados:

Motivações para liderar a América


Brasil
organização do Sul
Entregar crescimento de
20% 19%
curto prazo
Possibilitar sucesso aos
18% 12%
negócios a longo prazo

Dar retorno para meus


16% 12%
acionistas

Criar riqueza para os


12% 10%
funcionários
Produzir impacto ambiental
10% 12%
e socioeconômico considera que o atual mandato médio de um CEO
Manter os valores de nossos aumenta a necessidade de agir com agilidade.
10% 12% Por fim, para 58% dos brasileiros e 62% dos
clientes
demais, os cenários organizacionais da atualidade
Tornar o negócio “à prova de exigem diferentes tipos de CEO para lidar com os
10% 11%
choque”
vários estágios do ciclo de vida de uma empresa
Inovar o modelo de negócios 4% 12% (crescimento, reestruturação, transformação etc.).
Coube aos entrevistados um último
questionamento sobre suas opiniões à respeito
da maneira que poderiam contribuir ainda mais
Os executivos também apontaram várias opções para otimizar o desempenho de suas empresas.
sobre a maneira como entendem a liderança, Melhorar significativamente a compreensão dos
sobre sua função e sobre aspectos que qualquer clientes foi a escolha de 78% dos brasileiros e de
CEO pode enfrentar ao longo de sua carreira. 70% dos sul-americanos. Igualmente, 78% dos
A maioria (82%) dos brasileiros e 66% dos sul- CEOs do Brasil – e 69% dos demais – acreditam
americanos, admitiram que já deram um passo que proteger os dados dos clientes é uma de suas
em falso significativo na carreira (como assumir responsabilidades mais importantes para permitir
um papel ou lançar um empreendimento que não que a organização aumente sua base de clientes
teve sucesso), mas que conseguiram superar. no futuro. Outros 70% de brasileiros sentem
Colocar em prática medidas para garantir que sua que é sua responsabilidade pessoal garantir que
visão pessoal seja percebida depois que deixarem as políticas ambientais, sociais e de governança
o cargo é uma preferência de 80% dos brasileiros (ESG) da organização reflitam os valores de seus
e de 63% dos demais entrevistados. A maioria clientes – 66% dos sul-americanos pensam da
dos brasileiros e dos sul-americanos, 76% e 74%, mesma forma. Finalmente, 28% do primeiro grupo
respectivamente, avalia que o mandato médio de e 17% do segundo declararam que, até hoje, os
um CEO hoje é de cerca de cinco anos, portanto investimentos feitos na tentativa de personalizar a
mais curto do que era no início de suas carreiras. experiência do cliente não geraram os benefícios
Por isso mesmo, 74% e 78%, na mesma ordem, de crescimento esperado.

CEO Outlook 2019 47


Com a palavra,
os CEOs
Andre Clark Juliano, presidente &
CEO da Siemens no Brasil

De que maneira uma pesquisa de quatro CEOs no comando


reflete a realidade concreta e o de empresas brasileiras, ou de
estado de espírito das pessoas filiais de multinacionais no Brasil.
Elizabeth de Carvalhaes,
que a compõem? Transformar Andre Clark Juliano, Elizabeth presidente executiva da Interfarma
dados em informação requer não de Carvalhaes, Mario Ghio e
só a aproximação com o outro e Pablo Di Si atuam em diferentes
a habilidade de traduzir questões segmentos de mercado.
muitas vezes subjetivas em Aqui, eles refletem sobre os
dados objetivos, mas também principais temas abordados
a contínua substituição de no levantamento – confiança,
formatos e linguagens. Opiniões disrupção, inovação e resiliência.
são transpostas em perguntas Seus negócios são impactados
e respostas, cujos resultados de maneiras distintas pela
transformam-se em planilhas conjuntura econômica e pela
– que, por sua vez, são tecnologia, mas eles formam Mario Ghio, presidente da
reorganizadas no formato de um consenso quando o assunto SOMOS Educação
texto. Como resultado, aumenta é a postura adotada ante os
a distância entre a forma final do desafios colocados no Brasil e no
que foi analisado e seu formato mundo. Entre suas competências,
original e orgânico. No caso do estão a habilidade de aceitar a
CEO Outlook 2019, este sujeito incerteza e antecipar riscos e a
é o executivo no seu cotidiano capacidade de criar uma cultura
de trabalho. corporativa aberta à inovação. O
Para reforçar o protagonismo resultado é um estado de espírito
dessas figuras e humanizar entusiasmado – e não temeroso
os dados explorados neste ou hesitante – com o futuro que Pablo Di Si, presidente & CEO da
estudo, buscamos os insights nos espera. Volkswagen América Latina

48 CEO Outlook 2019       


SOBRE CONFIANÇA NA ECONOMIA
E O OTIMISMO DOS CEOs

Andre Clark Juliano, presidente & CEO Mario Ghio, presidente da


da Siemens no Brasil SOMOS Educação
Nós continuamos bastante otimistas, inclusive por Creio que todos os CEOs são otimistas e
questões circunstanciais do mercado em que a empreendedores por definição e acreditam que
Siemens atua. O crescimento dos nossos negócios o futuro será sempre melhor que o passado.
no Brasil é bastante acelerado em quase todas os São pessoas que acharam caminhos ao longo da
setores em que atuamos, porque a área de energia vida, mesmo quando o ambiente era adverso.
– petróleo e gás, por exemplo – continua bastante No entanto, quando falam de suas empresas,
aquecida, e acreditamos que continuará assim nos que estão inseridas em contextos específicos da
próximos dois, três anos. Isso acontece em virtude dinâmica econômica, é realmente diferente, já
de um fenômeno chamado transição energética. que tanto a economia mundial, quanto a brasileira
O Brasil está no meio da sua transição, algo são complexas e diversificadas e podem crescer,
estrutural e que continuará trazendo boas notícias mesmo quando setores específicos não crescem.
nesse campo. Seja pela questão conjuntural, de Quero dizer que os CEOs também são como pais
uma equipe econômica e técnica nas áreas de de família e assumem uma postura mais cautelosa,
infraestrutura e energia de excelente qualidade, procurando mitigar os riscos que se apresentam
seja por questões estruturais, como a exploração em uma perspectiva de tempo mais previsível.
do pré-sal e de energias renováveis, vemos o Assim, no médio e longo prazo são mais otimistas,
futuro com otimismo. e no curto, são sempre mais cautelosos.

Elizabeth de Carvalhaes, presidente


Pablo Di Si, presidente & CEO da
executiva da Interfarma
Volkswagen América Latina
Desde o resultado das últimas eleições Temos planos muito agressivos para o país, com
presidenciais, a perspectiva aparentemente objetivos de crescimento bem definidos para este
conflitante sobre o futuro do Brasil tem sido uma ano e para o próximo ano. Nossa meta é uma
constante. De um lado, a indicação de lideranças ampliação de 25% em relação a 2018 na produção
técnicas aos postos mais estratégicos do governo, e na exportação, principalmente para o Chile e para
com uma visão mais liberal e de promoção do a Colômbia. Mas disso depende a aprovação da
mercado, tem entusiasmado gestores e empresas. reforma da previdência. Acredito que assim que isso
De outro, a necessidade de reformas estruturantes acontecer o Brasil irá decolar. Do contrário, teremos
no País é fundamental para que qualquer plano problemas. Porém, acredito que vai acontecer
de crescimento econômico seja viável, mas essas mesmo. A fome positiva que os investidores têm
reformas são complexas e requerem habilidade pelo Brasil é grande. Eles estão apenas esperando.
política para serem aprovadas. Portanto, é
perfeitamente justificável esse clima de otimismo
e cautela.

CEO Outlook 2019 49


SOBRE RESILIÊNCIA DAS COMPANHIAS E DOS CEOs

Andre Clark Juliano, presidente & CEO Elizabeth de Carvalhaes, presidente


da Siemens no Brasil executiva da Interfarma
Para nós, resiliência é negócio. Por exemplo, A resiliência se tornou uma necessidade para
à medida que o Brasil por ventura cresça, a todas as lideranças e para as empresas, dos mais
infraestrutura existente pode não seguir o mesmo diversos setores da econômica global. Os desafios
compasso. Começa então a surgir, por parte das se tornaram significativamente maiores desde
empresas, o interesse em investir nessa área 2007, quando a Europa, EUA e outras importantes
de forma a garantir suas operações em caso, regiões do mundo passaram a enfrentar sucessivas
de, por exemplo, quedas de energia. Isso é a transformações econômicas, crises e dificuldades
construção da resiliência. Mais e mais clientes para retomar o crescimento globalmente. A
nossos começam a olhar para os riscos em seus crise que afetou praticamente todo o mundo em
negócios, e a energia é um deles. Outro exemplo é 2008, por exemplo, foi uma verdadeira prova de
o que aconteceu após a greve dos caminhoneiros fogo e reforçou a resiliência como característica
de 2018. Com o risco de que aconteça outro prioritária das grandes corporações e de empresas
evento do tipo, muitos clientes começaram a se menores. Mas os benefícios dessa habilidade
interessar por outras soluções de mobilidade, para não se sobressaem apenas em tempos difíceis,
tornar suas empresas mais resistentes a riscos de eles também cumprem papéis importantes nos
transporte. momentos mais decisivos de uma empresa.
O CEO resiliente é aquele que abraça a incerteza. Hoje, com o ritmo das inovações e dos avanços
Ele passa a olhar os riscos e a incerteza sob da tecnologia, a resiliência se faz necessária
uma ótica especial, que constrói um modelo de porque o ciclo de vida de determinados produtos e
operação ao redor dessa realidade. O mundo serviços, e até de segmentos inteiros de atividade
de hoje não é estável, e sim incerto. E todos os econômica, surgem e desaparecem com um
negócios têm seus riscos, inclusive os grandes, dinamismo inédito.
cuja possibilidade de acontecer é pequena, mas
de altíssimo impacto. Os CEOs mais do que nunca
começam a olhar riscos como parte do negócio.

Mario Ghio, presidente da Pablo Di Si, presidente & CEO da


SOMOS Educação Volkswagen América Latina
Penso que todos temos como missão criar Para trabalhar no Brasil, na América Latina,
empresas ‘feitas para durar’. Não acredito que seja você precisa ser muito resiliente. Você chega
possível criar empresas imunes ao cenário externo, ao escritório todos os dias e precisa matar dez
mas sim empresas dinâmicas, leves, meritocráticas leões ou eles te devoram. Poderia citar inúmeros
e inteligentes, que sempre terão condições de se exemplos de decisões complexas que tomamos e
reinventar caso a necessidade exista. Resiliência de problemas que não temos nos Estados Unidos
vem da engenharia de materiais e significa a ou na Europa. É preciso ter vontade de trabalhar,
capacidade de retornar à forma original, mesmo competência emocional e intelectual, além de
quando submetido a uma força externa. Quando pensamento analítico para identificar a melhor
aplicamos esse conceito a pessoas, queremos que estratégia. Em resumo, o Brasil não é um país para
elas sejam capazes de se adaptar ao inesperado e amadores. Alcançar o equilíbrio aqui é uma arte. Se
recobrar seu foco na perpetuação da empresa e na você faz sucesso aqui consegue ser bem-sucedido
satisfação dos clientes. Creio que essa seja uma em qualquer outro lugar. Um ano de Brasil equivale
característica indelegável dos CEOs. a oito em qualquer outro país.

50 CEO Outlook 2019       


SOBRE DISRUPÇÃO DOS MERCADOS

Andre Clark Juliano, presidente & CEO Mario Ghio, presidente da


da Siemens no Brasil SOMOS Educação
Nós estamos em uma indústria de alta tecnologia, Não creio que exista nenhuma atividade,
e vivemos a disrupção todo santo dia. Duas atualmente, que não seja profundamente
questões nos ajudam nessa realidade. A impactada pela tecnologia. No entanto, acredito
primeira é estar perto do cliente. A proximidade mais em uma evolução contínua dos negócios,
é fundamental para identificar os riscos de e penso que toda inovação, para ser adotada,
disrupção, o que te dá a opção de provoca- precisa ter um papel bem definido na melhoria
la você mesmo. A segunda é manter uma progressiva de uma empresa e de suas entregas
organização aberta à inovação, com uma cultura à sociedade. Curiosamente, lendo a história das
aberta, respeitosa e plural. Nós defendemos a empresas mais reconhecidas como inovadoras
diversidade do nosso grupo de profissionais, mundialmente, vemos como todas melhoram
seja com através da paridade de gênero ou da continuamente há décadas, adaptando-se
diversidade de cor e orientação sexual. Quanto aos imprevistos e buscando incansavelmente
mais diversidade existir, mais riqueza de pontos satisfazer os seus clientes e ser melhores que
de vista temos. Conseguir enxergar a origem seus concorrentes. Enfim, disrupção se planta e
das mudanças e desafios do mercado fica mais cultiva todo dia, com o nome de evolução.
fácil conforme sua capacidade de enxergar o
mundo for mais plural. Para nós isso é essencial,
e a resiliência de uma empresa passa por esse
ambiente saudável, que escuta todos igualmente
e fomenta novos ecossistemas de inovação.

CEO Outlook 2019 51


Elizabeth de Carvalhaes, presidente
executiva da Interfarma
O setor farmacêutico possui um dos mais
desafiadores contextos de inovação. Para uma
terapia ser criada, cerca de 10 mil moléculas são
pesquisadas durante dez anos, com investimentos
que chegam a ultrapassar a casa de US$ 1 bilhão.
As investigações científicas precisam estar no
limite das ciências médicas, o que implica em
cientistas altamente qualificados trabalhando
conjuntamente em diversos países. Diante disso,
o suporte das mais avançadas tecnologias se faz
necessário. O uso de big data, a automação de
processos industriais, a criação de softwares e
hardwares sob medida às necessidades de cada
projeto de pesquisa são alguns dos pontos que
contribuem para que as descobertas sejam mais
rápidas e mais precisas. As salas totalmente
automatizadas deixaram de ser uma exclusividade
das linhas de produção para otimizar também
processos de pesquisa e desenvolvimento de novas
tecnologias no mercado farmacêutico. Assim, o Pablo Di Si, presidente & CEO
ritmo das descobertas no setor farmacêutico tem da Volkswagen América Latina
avançado, ciente da urgência dos pacientes, que Somos privilegiados de estar vivendo esse
aguardam novos tratamentos para doenças sem momento de transição do mundo físico para o
cura e sintomas difíceis de controlar. Hoje, o setor digital. Duas semanas atrás estive na área de
caminha rumo às terapias biológicas, usadas contra manufatura da fábrica e, embora não entenda
doenças como câncer, problemas neurológicos e de tecnologia, percebo e aprovo o fato de os
degenerativos, doenças raras e ultrarraras, entre profissionais terem a iniciativa e o senso de
outras enfermidades das mais complexas. Criar ownership para criar soluções, mesmo que isso
um medicamento biológico implica em manipular não seja uma decisão da diretoria. Eles estão
organismos vivos como forma de terapia, o que mudando a empresa de baixo para cima. Tem
requer a mais avançada precisão nos processos pessoas com 20 anos de Volkswagen, às quais eu
de produção, tanto que se diz que o processo pergunto sobre o que estudaram, se fizeram MBA
é o produto. Portanto, a indústria farmacêutica ou algo assim. Eles dizem que não, que têm, no
inovadora, que cria terapias, sempre estará máximo, um curso noturno; eles apenas chegam e
incorporando as mais avançadas tecnologias, pois encontram soluções. Eles correram atrás, e essa é a
somente assim é possível avançar com descobertas mensagem: você não pode ficar parado esperando
eficientes e seguras neste setor. as coisas caírem do céu.

52 CEO Outlook 2019       


Contato
Charles Krieck
Presidente da KPMG no Brasil
ckrieck@kpmg.com.br
(11) 3940-3311

André Coutinho
Sócio-líder de Clientes & Mercados da
KPMG no Brasil
acoutinho@kpmg.com.br
(11) 3940-3337

Para mais informações sobre este estudo e como


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